You are on page 1of 187

Universidade Estadual Paulista – UNESP

Campus de Ilha Solteira


Departamento de Engenharia Elétrica
Cuurrssoo ddee G
C m EEnnggeennhhaarriiaa EEllééttrriiccaa
Grraadduuaaççããoo eem

Disciplina:
Análise de

apostila
Sistemas de Energia
Elétrica
Carlos Roberto Minussi

Ilha Solteira-SP, Março-2012.


Universidade Estadual Paulista – UNESP
Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Estrutura do Sistema de Energia


Elétrica e Modelos

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 1 Ilha Solteira – SP, Março-2012.


DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

1. ESTRUTURA DO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA E MODELOS

1.1. Rudimentos

Os regimes operacionais de circuitos encontram-se ilustrados na Figura 1.1.1. Os


principais regimes são: (1) permanente, (2) transitório e (3) regime subtransitório.

Figura 1.1.1. Regimes elétricos.

 Regime Permanente : Equações algébricas não-lineares (que são casos particulares das
equações diferenciais).

 Regime Transitório : Equações diferenciais não-lineares (para modelagem contínua) ou


de diferenças (para modelagem discreta) e equações algébricas não-
lineares.

 Regime Subtransitório : Equações diferenciais não-lineares (para modelagem contínua) ou


de diferenças (para modelagem discreta) e equações algébricas não-
lineares. Diferencia-se do regime transitório pelo tempo de
abrangência (correspondente ao tempo inicial do sistema sob
perturbação).

2
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

1.2. Sistemas de Energia Elétrica

  
 Hídrica  Atendimento
 Térmica - Demanda autônoma
- carvão (residencial e comercial)
- gás - Demanda contratada
- óleo combustível (industrial)
- nuclear
- etc. - Demanda com “controle”:
(corte de energia / incenti-
vos / penalização)
Operação
 estática   estática  estática
 dinâmica tênue  dinâmica tênue
 dinâmica acentuada

Figura 1.2.1. Estrutura de um sistema de energia elétrica.

 Objetivo dos sistemas elétricos de potência interligados:


Fornecer energia aos consumidores, com qualidade desejada:
 confiabilidade
 grandezas elétricas adequadas (tensão e frequência constantes, forma de onda
senoidal).
 O consumidor não será atendido quando houver:
1. insuficiência das fontes mecânicas
2. deficiência do sistema de transmissão
3. deficiência do sistema de distribuição
 4. violação dos limites físicos e operacionais das unidades geradoras
5. ocorrência de falhas: curto-circuito, saída de operação de equipamentos elétricos,
manobras mal sucedidas, etc.

3
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

1.3. Modelagem de Máquinas Síncronas

O modelo da máquina síncrona (modelo de Park) mostrado na Figura 1.3.1,


representa as grandezas elétricas considerando-se o eixo direto e o eixo em quadratura. Neste
modelo, constam os enrolamentos d e q (fictícios) que representam as correntes do estator vistas
no rotor. Os enrolamentos amortecedores (kd e kq para a máquina síncrona de polos salientes e,
kd, kq1 e kq2, para a máquina síncrona de rotor liso. Tais amortecedores são também fictícios e
simulam o efeito amortecedor da máquina síncrona (via circulação de correntes na massa da
máquina) toda vez que houver mudança de velocidade em relação à velocidade síncrona (377
radianos elétricos/s para uma frequência de 60 Hz). Estas correntes produzem torques frenantes.
A máquina síncrona de polos salientes é representada por um enrolamento amortecedor no eixo
direto e um enrolamento amortecedor no eixo em quadratura. Enquanto que a máquina síncrona
de rotor liso é representada por um enrolamento amortecedor no eixo direto e dois enrolamentos
amortecedores no eixo em quadratura. Esta idealização foi concebida via exaustivos ensaios em
laboratório pelos fabricantes. As indutâncias mútuas Lad e Laq, associadas ao eixo direto e ao
eixo em quadratura, respectivamente, foram estabelecidas como sendo únicas em cada eixo a
partir da adoção de potências bases do estator e do rotor iguais. As indutâncias Lad e Laq
(reação da armadura) são escolhidas de forma arbitrária, ou seja:
Ld = Lad + Lld
Lf = Lad + Llf
LD = Lad + Llkd
LQ = Laq + Llkq
LQ2 = Laq + Llkq2
sendo:
Ld : indutância do enrolamento do eixo direto;
Lq : indutância do enrolamento do eixo em quadratura;
Lf : indutância do enrolamento do campo;
LD : indutância do enrolamento amortecedor do eixo direto;
LQ : indutância do enrolamento amortecedor do eixo em quadratura;
LQ2 : indutância do segundo enrolamento amortecedor do eixo em quadratura (para máquina
síncrona de rotor liso);
Lad : indutância referente à reação da armadura do eixo d;
Laq : indutância referente à reação da armadura do eixo q;
Lld : indutância de dispersão do enrolamento d;
Llf : indutância de dispersão do enrolamento do campo;
Llkd : indutância de dispersão do enrolamento kd;
Llkq : indutância de dispersão do enrolamento kq;
Llkq2 : indutância de dispersão do enrolamento kq2.

4
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Máquinas síncronas
Polos salientes Rotor liso
 geração hídrica  geração térmica
 baixa rotação  alta rotação

sendo: sendo:
d (eixo direto), f (campo), Lad (reação da d (eixo direto), f (campo), Lad (reação da
armadura/eixo direto), q (enrolamento do eixo em armadura/eixo direto), q (enrolamento do eixo em
quadratura), Laq (reação da armadura/eixo q); kd quadratura), Laq (reação da armadura/eixo q); kd
(enrolamento amortecedor de eixo direto), kq (enrolamento amortecedor de eixo direto), kq1 e
(enrolamento amortecedor de eixo em quadratura). kq2 (enrolamentos amortecedores de eixo em
quadratura).

Figura 1.3.1. Modelos da máquina síncrona.

As equações que definem a dinâmica das máquinas síncronas são as seguintes:


a) Máquina Síncrona de Polos Salientes
dd
vd = r Id  w q +
dt
dq
vq = r Iq + w d +
dt
d0
v0 = r I0 +
dt
df
vf = rf If +
dt
dkd
vkd = rkd Ikd + =0
dt
dkq
vkq = rkq Ikq + =0
dt

d = Ld Id + Lad If + Lad Ikd


q = Lq Iq + Laq Ikq
0 = L0 I0
f = Lad Id + Lf If + Lad Ikd

5
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

D = Lad Id + Lad If + LD Ikd


Q = Laq Iq + LQ Ikq (1.3.1)

b) Máquina Síncrona de Rotor Liso

dd
vd = r Id  w q +
dt
dq
vq = r Iq + w d +
dt
d0
v0 = r I0 +
dt
df
vf = rf If +
dt
dkd
vkd = rkd Ikd + =0
dt
dkq
vkq = rkq Ikq + =0
dt
dkq 2
vkq2 = rkq2 Ikq2 + = 0.
dt

d = Ld Id + Lad If + Lad Ikd


q = Lq Iq + Laq Ikq
0 = L0 I0
f = Lad Id + Lf If + Lad Ikd
D = Lad Id + Lad If + LD Ikd
Q = Laq Iq + LQ Ikq + Laq Ikq2
Q2 = Laq Iq + Laq Ikq + LQ2 Ikq2. (1.3.2)

Na Figura 1.3.2 apresentam-se os circuitos equivalentes dos eixos d e q para cada


uma das máquinas síncronas: máquina síncrona de polos salientes e máquina síncrona de rotor
liso. Ressalta-se que os termos (w q) e (+w q) são conhecidos como tensões de velocidade
do eixo direto e do eixo em quadratura, respectivamente.

NB. Por vezes usam-se as letras D e Q (letras maiúsculas) para indicar as grandezas
referentes aos enrolamentos amortecedores do eixo direto e do eixo em
quadratura, respectivamente.

6
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Máquina Síncrona de Polos Salientes Máquina Síncrona de Rotor Liso

Figura 1.3.2. Circuitos equivalentes referentes ao eixo d e ao eixo q.

As demais equações que completam o modelo de Park que descrevem a dinâmica


das máquinas síncronas são as seguintes:
d
= w (1.3.3)
dt
dw
M = Pm – Pe (1.3.4)
dt

sendo:
Pm : potência mecânica de entrada à máquina síncrona;
Pe : potência elétrica entregue pela máquina síncrona;
2H
M =
2f

H : constante de inércia (segundo)


f : frequência do sistema;
w : velocidade angular da máquina síncrona (rad.elét./s);
 : posição angular da máquina síncrona medida em relação a uma referência que gira à
velocidade síncrona (377 rad.elét./s considerando a frequência nominal de 60 Hz).

Finalmente, as equações de tensão referentes ao enrolamento de campo e ao


enrolamento amortecedor do eixo direto, são comumente normalizadas como forma torná-las

7
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

com valores por unidades próximos das grandezas do estator. Assim, tomando-se a equação da
tensão do campo:
df
vf = rf If + . (1.3.5)
dt

Multiplicando-se a equação (1.3.5) por (Xad/rf), obtém-se:

Xad Xad Xad df


( ) vf = ( ) rf If + ( ) . (1.3.6)
rf rf rf dt

sendo:
Xad = w Lad.

A equação (1.3.6) pode ser reescrita como:

d Xad Lf
Efd = Eq + { f} (1.3.7)
dt rf Lf
sendo:
Xad
Efd = vf
rf
Eq = Xad if.

A equação (1.3.7) pode ser posta na seguinte forma:


dE ' q
Efd = ’do + Eq (1.3.8)
dt
em que:
Lf
’do =
rf
Xad
E’q = f .
rf

Analogamente, tomando-se a equação da tensão do enrolamento amortecedor do


eixo direto:
dkd
vkd = rkd Ikd + =0 (1.3.9)
dt
obtém-se a seguinte equação diferencial de primeira ordem:

8
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

dE ' d
0 = ’qo + Ed (1.3.10)
dt

As equações (1.3.8) e (13.10) representam o decaimento da tensão do eixo em


quadratura e do eixo direto, respectivamente. Ressalta-se que nos equacionamentos aqui
apresentados, as variáveis / parâmetros são grandezas por unidades, exceto aquelas
explicitamente designadas por outras unidades.

As indutâncias Ld e Lq, no domínio da frequência (funções de transferência),


podem ser expressas por:

1 + s (' d + ' ' d) + s 2 ' d ' ' d


Ld(s) = Ld (1.3.3)
1 + s (' do + ' ' do) + s 2 ' do ' ' do

1 + s ' ' q
Lq(s) = Lq (para máquina síncrona de polos salientes) (1.3.4)
1 + s ' ' qo

ou

1 + s (' q + ' ' q) + s 2 ' q ' ' q


Lq(s) = Lq (para máquina de rotor liso) (1.3.5)
1 + s (' qo + ' ' qo) + s 2 ' qo ' ' qo

sendo:
’do : constante de tempo transitória do eixo direto a vazio (estator aberto);

’’do : constante de tempo subtransitória do eixo direto a vazio;

’d : constante de tempo transitória do eixo direto de curto-circuito (estator curto-


circuitado);
’’d : constante de tempo subtransitória do eixo direto de curto-circuito (estator curto-
circuitado);
’qo : constante de tempo transitória do eixo em quadratura a vazio;

’’qo : constante de tempo subtransitória do eixo em quadratura a vazio;

’q : constante de tempo transitória do em quadratura de curto-circuito;

’’q : constante de tempo subtransitória do eixo em quadratura de curto-circuito.

Observa-se que as constantes de tempo ’qo e ’’qo não fazem parte do modelo da
máquina síncrona de polos salientes, apenas da máquina síncrona de rotor liso.

9
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Deste modo, as respostas em frequência de Ld(s) e Lq(s) são ilustradas na


Figura 1.3.3.

Figura 1.3.3. Respostas em frequência de Ld e Lq das máquinas síncronas de rotor liso e de


polos salientes.

Na Figura 1.3.4 apresenta-se o procedimento de cálculo das indutâncias Ld, L’d,


L’’d., Lq, L’q e L”q.

10
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 1.3.4. Indutâncias referentes ao eixo direto e ao eixo em quadratura.

Como se pode observar na Figura 1.3.4., as indutâncias do eixo direto e do eixo em


quadratura são:
Ld = Lld + Lad
L’d = Lld + Lad Llf Para as máquinas síncronas de rotor liso e de polos salientes

L’’d = Lld + Lad LlfLlD

Lq = Llq + Laq
L’q = Llq + LaqLlq1 Para a máquina síncrona de rotor liso
L’’q = Llq + LaqLlq1Llq2

Lq = Llq + Laq
Para a máquina síncrona de polos salientes.
L’’q = Llq + LaqLq1

sendo:
 : simbologia de paralelismo de componentes elétricos.

As constantes de tempo do eixo podem ser calculadas, a partir do esquema


ilustrado na Figura 1.3.5. Nota-se que este procedimento é válido tanto para máquina síncrona
de rotor liso, como também para a máquina síncrona de polos salientes.

11
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 1.3.5. Constantes de tempo referentes ao eixo direto das máquinas síncronas de rotor
liso e de polos salientes.

Finalmente, nas Figuras 1.3.6. e 1.3.7. mostra-se o processo de obtenção das


constantes de tempo do eixo em quadratura, respectivamente, para a máquina síncrona de rotor
liso e para a máquina síncrona de polos salientes.

Figura 1.3.6. Constantes de tempo referentes ao eixo em quadratura da máquina síncrona de


rotor liso.

12
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 1.3.7. Constantes de tempo referentes ao eixo em quadratura da máquina síncrona de


polos salientes.

Na Figura 1.3.8 apresentam-se os modelos das máquinas síncronas representados


por fonte de tensão atrás de uma impedância constante.

Máquina síncrona de polos salientes. Máquina síncrona de rotor liso.

Figura 1.3.8. Modelo da máquina síncrona: representação por fonte de tensão.


sendo:

(xd – xq) : saliência síncrona.

1.4. Modelos de Linhas de Transmissão e Transformadores Para o Cálculo do


Fluxo de Potência

1.4.1. Linha de Transmissão

Figura 1.4.1.1. Modelo .

13
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

sendo:

Zkm : impedância série do elemento k-m;


Rkm : resistência do elemento k-m;
Xkm : reatância do elemento k-m;
bkmsh : admitância (susceptância) shunt do elemento k-m;
Ykm (admitância) = gkm + j bkm = (Zkm)1
= Rkm / (Rkm2 + Xkm2)  j Xkm / (Rkm2 + Xkm2) (1.4.1.1)

Modelo : (Rkm, Xkm(indutivo)) positivos  gkm > 0


bkm < 0

NB. bkmsh > 0  shunt capacitivo.

então:

Ikm = Ykm ( Ek  Em) + j bkmsh Ek (1.4.1.2)

sendo:
jk
Ek = Vk e
jm
E m = Vm e
Imk = Ykm ( Em Ek ) + j bkmsh Em . (1.4.1.3)

1.4.2. Transformadores em Fase e Defasadores

 Representação Geral de Transformadores (Em fase e Defasadores)

Figura 1.4.2.1. Representação do transformador.

O transformador é representado por uma admitância série Ykm (com susceptância


shunt nula ou considerada nula (muito pequena), em série com um autotransformador ideal, com
uma relação de transformação (1: t).

14
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Transformador Em fase : t é um número real


t = a (número real).
 Transformador Defasador : t é um número complexo
t = a ej.

 Representação de Transformador em Fase

Figura 1.4.2.2. Transformador em fase.

Neste caso, no nó p há alteração somente do módulo de tensão. Assim, tem-se:

Ep Vp
= =a (1.4.2.1)
Ek Vk

sendo:

A = a Ykm
B = a (a  1) Ykm
C = (1  a) Ykm

 se a = 1  (B, C) = 0
 se a < 1  B < 0 (capacitivo), C > 0 (indutivo)
Vk  (aumenta) , Vm (diminui)
 se a > 1  B > 0 (indutivo), C < 0 (capacitivo)
Vk  , Vm.

15
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 1.4.2.3. Circuito equivalente (modelo ) do transformador em fase.

 Representação de Transformador Defasador

Figura 1.4.2.4. Transformador defasador puro.

NB.
 Este tipo de transformador permite que se controle o fluxo de potência ativa no ramo no
qual está inserido;

 não é possível determinar os parâmetros A, B e C do circuito equivalente, como


representado na Figura 1.2.3.4;

 defasador com t = a ej afeta os fluxos de potência ativa e reativa do ramo onde está
inserido.

1.5. Referências Bibliográficas

[1] Anderson P.M. and Fouad, A. A. Power System Control and Stability, Iowa State
University Press. AMES-USA, 1977.

[2] Monticelli, A.J. “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, Edgard Blücher Ltda.,
São Paulo, 1983.

16
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Operação de Sistemas de Energia


Elétrica

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 2 Ilha Solteira – SP, Março-2012.

17
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

2.1. Característica da Carga

 Em geral, o termo carga refere-se a um equipamento ou conjunto de equipamentos que retira


(absorve) energia do sistema.

 Na prática, a carga pode variar desde uma lâmpada de poucos watts até uma máquina
assíncrona (máquina de indução) de muitos MW’s ou um forno elétrico em siderurgia.

 Um sistema de energia elétrica, bem projetado, deve ser capaz de fornecer energia a todas as
cargas com boas condições de tensão, frequência, continuidade, etc.;
 É possível dividir as cargas nas seguintes categorias:
1) motores (incluindo os motores estacionários, na indústria, e os móveis, em
equipamentos de transporte, i.e., trens, etc.;
2) equipamentos de aquecimento;
3) diversos equipamentos eletrônicos;
4) equipamentos de iluminação;
5) etc.

 Do ponto de vista elétrico, os diversos equipamentos são caracterizados por grandes


diferenças no que diz respeito a:
1) tamanho;
2) simetria (monofásico ou trifásico);
3) constância da carga (em relação a tempo, frequência e tensão);
4) ciclo de funcionamento (uso regular ou aleatório).

 As cargas industriais possuem, em geral, poucas semelhanças com as cargas domésticas


(residenciais):
 carga industrial pode ser constituída, em torno de 95%, de grandes motores de indução
trifásicos, com considerável constância de carga e a um ciclo de funcionamento bem
determinado;
 uma carga residencial típica, ao contrário, consiste, principalmente de aparelhos
monofásicos operando aleatoriamente.

 Muito embora as cargas individuais possam ser de caráter inteiramente aleatório, uma certa
configuração média é “vista” pelo sistema. Este comportamento pode ser perfeitamente
identificado, através de sistemas previsores de cargas elétricas.

18
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 De maneira resumida, apresentam-se as seguintes regras que caracterizam as cargas típicas


dos sistemas:
1) embora individualmente do tipo aleatório, as cargas concentradas ou compostas,
encontradas nos níveis de subtransmissão e de transmissão, são de caráter altamente
previsíveis;
2) essas cargas variam com o tempo de maneira previsível. Para fins de ilustração, mostra-
se, na Figura 2.1.1, o comportamento típico diário da carga elétrica e o resultado da
previsão, por exemplo, usando-se redes neurais [2].

3800

Fuzzy BP
3600 BP
Actual
3400

3200
Load (MVA)

3000

2800

2600

2400

2200
0 5 10 15 20 25
Hour

Figura 2.1.1. Comportamento típico da carga diária x previsão.

3) em geral, há variação considerável, não apenas durante as horas do dia, mas também
entre os dias da semana e aos domingos e feriados e, ainda, entre as diferentes estações
do ano;
4) muito embora as cargas sejam variáveis no tempo, tais variações são relativamente
lentas. De minuto a minuto tem-se uma carga quase constante:

19
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 um minuto é um período de tempo longo, se comparado com as constantes de tempo


elétricas dos sistemas de energia elétrica. Isto permite considerar o sistema
funcionando em regime permanente,
5) a carga típica sempre consome potência reativa;
6) a carga típica é sempre simétrica (ou muito próxima da simetria)
 nos casos de motores grandes visto que eles são sempre projetados para o
funcionamento equilibrado;
 nos casos de equipamentos monofásicos, a simetria provém da distribuição
intencional entre as fases que, conjuntamente, considerando os vários consumidores,
o funcionamento aproxima-se muito de um sistema equilibrado.

2.2. Dependência da Carga Com a tensão e a Frequência

 Em certos estudos de SEE (Sistemas de Energia Elétrica) é necessário saber como as


diversas cargas das barras variam com a tensão e com a frequência.

 As referidas cargas podem ser expressas por:

P = P(f, V) (carga ativa) (2.2.1)

Q = Q(f, V) (carga reativa) (2.2.2)

sendo:
f = frequência
V = módulo de tensão.

 Na maioria dos casos práticos, está-se interessado nas variações P e Q nas cargas ativas e
reativas, causadas por variações pequenas, f e V, na frequência e na tensão. Das
equações (2.2.1) e (2.2.2), obtém-se (modelo linearizado):

P P
P  f + V (2.2.3)
f V

Q Q
Q  f + V (2.2.4)
f V

20
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Nestas expressões, as quatro derivadas parciais não podem ser determinadas analiticamente
para cargas compostas. Elas devem ser encontradas empiricamente.
Exemplo:
(composição)

Considerando-se : (1) motores de indução = 60%
(2) motores síncronos = 20%
(3) outros tipos = 20%, tem-se:
P
 1,00
V

P
 1,00
f
Q
(desprezível)
f
Q
 1,30.
V
NB. 1) Uma carga composta é caracterizada por uma dependência com a tensão muito
menor do que à relativa a uma carga tipo impedância;
2) enquanto que uma carga constituída pela impedância RL decresce com o aumento da
frequência, uma carga composta aumentará.

2.3. Balanço da Potência Ativa e Seus Efeitos Sobre a Frequência do Sistema

 Razões para se manter as flutuações da frequência de um sistema dentro de limites rigorosos:


1) a maioria dos tipos de motores de corrente alternada gira com velocidades diretamente
relacionadas com a frequência;
2) o funcionamento global de um sistema de potência pode ser mais efetivamente
controlado, se mantido o erro de frequência dentro de limites rigorosos.

NB. 1) A maioria das cargas acionadas por motores de corrente alternada, provavelmente,
são sensíveis a flutuações de ordem de (60 + 2 Hz);
2) em sistemas reais a frequência é mantida nos limites (60 + 0,05 Hz).

21
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

2.4. Balanço da Potência Reativa e Seus Efeitos Sobre a Tensão

 O balanço da potência ativa e seus efeitos sobre a frequência do sistema (Seção 2.3), assim
como o balanço da potência reativa sobre a tensão (Seção 2.4) serão ilustrados, aqui, através
de um exemplo bastante simples, porém que serve perfeitamente para estabelecer a
compreensão destes fenômenos.

Exemplo:
 Considere a rede elétrica composta por duas barras (vide Figura 2.4.1):

Figura 2.4.1. Sistemas de duas barras.

 A tensão na barra 1 é mantida constante, em módulo, via controle de campo do gerador;

 Escolhe-se a tensão V1 como referência, ou seja: V10o;

 A impedância da linha de transmissão é considerada puramente indutiva, i.e.,

Z = j X (R/X muito pequena  0).

 A potência na linha é igual a (P + j Q);

 A tensão na barra 2 é dada por:

V2 = V1 – i Z (2.4.1)

 A corrente de linha (i) satisfaz a seguinte relação:

V1 i* = P + j Q, portanto:

22
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

I = (P  j Q) / V1 (2.4.2)

 Tem-se, então:

V2 = V1  (P  j Q)/V1 (j X)

= V1  (X/V1) Q  j (X/V1) (2.4.3)

Figura 2.4.2. Diagrama fasorial.

 Diagrama fasorial considerando-se variações em P e Q:

 Variação na potência reativa

 Potência ativa constante

Figura 2.4.3. Diagrama fasorial: (1) variação na potência reativa; (2) potência ativa constante.

 Potência reativa constante

 Variação na Potência ativa

23
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 2.4.4. Diagrama fasorial: (1) potência reativa constante; (2) variação na potência ativa.

NB. (1) Uma variação na potência ativa P afeta o fasor da queda de tensão que é
perpendicular a V1. Portanto, não ocorrerá nenhuma variação apreciável no
módulo de V2;

(2) Uma variação na potência reativa Q afeta o fasor correspondente à queda de


tensão que está em fase com V1. A variação no módulo de tensão de V2 é,
portanto, essencialmente proporcional a Q.

 Deste modo, a partir das Figuras 2.4.3 e 2.4.4, pode-se concluir que:

 uma mudança na potência reativa proporciona uma grande mudança no módulo da tensão
e uma pequena alteração no ângulo;

 uma mudança na potência ativa proporciona uma grande mudança no ângulo e uma
pequena alteração no módulo de tensão.

 Este fenômeno é observado na grande maioria dos sistemas de energia elétrica. Deste modo,
costuma-se abordar os problemas, considerando-se os acoplamentos P- ou P-f (frequência)
e Q-V (vide ilustração na Figura 2.4.5). Por exemplo: (1) controle carga (P) – frequência (f).
(2) fluxo de potência desacoplado (assunto a ser abordado mais adiante): modelos P- e Q-
V, etc.

24
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 2.4.5. Acoplamentos entre as variáveis P, Q, f,  e V.

2.5. Condições de Operação e Restrições

O sistema de energia elétrica, para atender a demanda (energia aos consumidores),


deve funcionar de tal modo que sejam satisfeitas as seguintes equações (equações de balanço):

ng nl
 PGi -  PLj - Perda total de potência ativa =0 (2.5.1)
i 1 j 1

ng nl
 QGi -  QLj - Perda total de potência reativa =0 (2.5.2)
i 1 j 1

sendo:
PGi : potência ativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
QGi : potência reativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
PLj : potência ativa consumida na j-ésima barra do sistema;
QLj : potência reativa consumida na j-ésima barra do sistema;
ng : número de barras de geração;
nl : número de barras de carga.
Ou seja, a capacidade de geração deve ser suficiente para atender a carga total do
sistema e as perdas em consequência do fluxo de corrente em circulação principalmente no
sistema de transmissão.
A operação do sistema elétrico de potência, definida pelas equações (2.5.1) e
(2.5.2), deve atender o seguinte conjunto de restrições:

 Pmini < Pi < Pmaxi (referentes à geração) (2.5.3)

25
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Qmini < Qi < Qmaxi (referentes à geração) (2.5.4)

 Vmini < Vi < Vmaxi (2.5.5)


 Fluxos nas linhas de transmissão < Limite máximo (2.5.6)
 Aquecimento dos condutores na transmissão < Limite térmico (2.5.7)
 Etc.

sendo:
Pmini : limite inferior de potência ativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
Pmaxi : limite superior de potência ativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
Qmini : limite inferior de potência reativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
max
Q i : limite superior de potência reativa gerada pela i-ésima unidade geradora;
Vmini : limite inferior da tensão da i-ésima barra de carga;
Vmaxi : limite superior da tensão da i-ésima barra de carga.

2.6. Capacidade de Transmissão

 Um fator crítico no projeto e no funcionamento de um sistema de transmissão é a


capacidade de linha de transmissão específica.
 Quando se deseja conduzir energia elétrica por meio de uma linha de transmissão, deve-se
considerar que existe um limite para a quantidade de energia a ser transmitida.

2.6.1. Capacidade Estática de Transmissão

 Hipótese: Aumentar lentamente a carga, forçando-se um aumento lento da energia que está
sendo transmitida pela linha de transmissão.

Figura 2.6.1.1. Representação por fase de um sistema trifásico de transmissão (LT entre os
nós i e j).

26
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Toma-se uma linha de transmissão entre os nós i e j. Considerando-se a resistência da linha


Rij = 0, a potência ativa transmitida vale:

Pij = - Pji = Pmáx sen  (2.6.1.1)

sendo:

Vi Vj
Pmáx  (2.6.1.2)
Xij

 : ângulo de fase entra Vi e Vj.

 Se as tensões Vi e Vj forem mantidas constantes (através da manipulação da potência


reativa), então:

Pmáx : constante.

 Assim, a única maneira pela qual se pode afetar o valor da potência elétrica transmitida é,
obviamente, mudando o ângulo de fase .

Figura 2.6.1.2. Potência elétrica transmitida na linha de transmissão entre os nós i e j.

27
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Note que a potência muda de sinal com a mudança de sinal de ;

 Quando a potência transmitida atinge o valor Pmáx, o ângulo  atinge 90o e qualquer
incremento à carga não resultará num aumento da potência transmitida. Quando um incremento
na carga força  para além de 90o, a potência transmitida começa a decrescer. Neste ponto,
chamado de limite de estabilidade estática, perde-se o sincronismo entre as barras i e j.

 Notam-se duas importantes características com relação à Pmáx:

(1) cresce com o quadrado da tensão de transmissão;

(2) é inversamente proporcional à reatância da linha de transmissão.

 Tem-se, portanto, uma boa razão para trabalhar-se com alta tensão de transmissão e uma
baixa reatância em série (podendo ser obtida com o uso de linhas em paralelo, ou inserindo
capacitores em série, ou, ainda, o emprego de dispositivos FACTS (Flexible AC
Transmission Systems)).

2.7. Coeficiente de Potência Sincronizante

 Define-se Coeficiente de Potência Sincronizante como sendo:

Pij Pij
Kij  =
 
= Pmáx cos  (2.7.1)

Figura 2.7.1. Coeficiente de potência sincronizante.

28
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Limite de estabilidade estática (associada à linha de transmissão):

/2 <  < /2  Kij > 0 (2.7.2)

 Quando  se aproxima de + 90o o coeficiente Kij aproxima-se de zero.

 Por esta razão, em situações práticas, as LT’s devem funcionar com ângulos razoavelmente
pequenos.
 Situação análoga pode ser verificada, quando se consideram as resistências das LT’s.

2.8. Análise de Contingência

Perturbação: Qualquer ação que venha provocar a alteração do funcionamento do


sistema:

 variação da carga;

 saída ou entrada em operação de equipamentos elétricos (linhas de


transmissão, geradores, etc.);

 descargas atmosféricas;

 defeitos por ação da natureza (neve, vento, etc.);

 ação do homem (voluntária ou involuntária);

 etc.

Contingências: São perturbações causadas por defeitos:

 saída de operação de equipamentos elétricos;

 curto-circuito causado por descargas atmosféricas, ação mecânica, etc.;

 etc.

NB. Contingências ou defeitos são de natureza endêmica.

Crucialidade:

em consequência, principalmente, das máquinas síncronas  necessidade de manter o


sincronismo.

29
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Modelos:

Para a realização da análise de contingências, deve-se considerar que é necessário


dispor de um conjunto de informações e modelos. Nem todo evento ou dado pode se modelado.
Por exemplo, não há um modelo disponível para a estimação da carga futura do sistema. Neste
caso, deve-se empregar técnicas previsionais (regressão linear simples ou múltipla, alisamento
exponencial, estimação de estado, filtro de Kalman, ARIMA (AutoRegressive Integrated
Moving Average) de Box & Jenkins, entre outras), ou seja, a partir de um conjunto de
informações históricas pode-se, com certo nível de precisão, prever o seu comportamento
futuro.
Deve-se lembrar que a análise de contingência deve ser realizada considerando um
tempo futuro: minutos, horas ou dias à frente. Não faz sentido pensar em analisar, para fins de
operação, uma contingência que ocorreu ou está ocorrendo, a menos que se deseja buscar
explicações sobre os efeitos de falhas ocorridas. Como exemplo, destaca-se o suposto caso do
“parafuso” de Ilha Solteira, defeito ocorrido recentemente, em que a sociedade, agências do
setor elétrico, bem como outros interessados, por razões diversas, cobram explicações sobre o
ocorrido.
Deste modo, encontram-se relacionados no quadro a seguir, os principais eventos
que devem ser abordados, no ambiente de sistemas de energia elétrica, considerando-se a
disponibilidade ou não de modelos.

Tabela 2.8.1. Dados sobre os modelos previsionais.

Dados sem modelos Modelos disponíveis


 Previsão de carga  Análise de segurança
 Modelos equivalentes  Ajuste de controlador
 Comportamento do consumidor  Planejamento
 Análise de mercado  Regras de operação
 Previsão de mercado  Esquemas de proteção
 Identificação de sistemas  Etc.
 Etc.

Especificação de Cenários:

 Ponto de operação inicial

 Perturbação externa

Faltas, tendência da carga, etc.

30
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Hipótese sobre o modelo dinâmico

Dinâmica dos equipamentos elétricos

Geradores : dinâmica acentuada

Linhas de transmissão : dinâmica quase que inexistente / para fins de análise


consideram-se como de caráter estático

Transformadores : idem

Cargas : dinâmica acentuada / dinâmica discreta.

2.9. Cenários da Análise de Contingências

Caráter:  estático

 dinâmico (moderado ou acentuado).

1) Estática

No estático, a preocupação refere-se à análise do ponto de equilíbrio


(natureza), o trafego dos fluxos de potência no sistema de transmissão e o
suprimento das restrições operativas.

Neste caso, a análise corresponde em verificar se a matriz jacobiana do fluxo


de potência é definida positiva como indicado na seguinte ilustração, de forma
análoga como foi visto para o caso de sistema composto por máquinas
síncronas x barra infinita, ou seja:

k  Pe/ > 0.

O ponto a refere-se ao ponto de equilíbrio antes do defeito e p ao ponto de


equilíbrio do sistema, considerando-se, por exemplo, a saída de operação de
uma linha de transmissão, o que provoca a redução da capacidade de

31
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

transmissão do sistema. Se em tais pontos, as matrizes jacobianas forem


definidas positivas, pode-se concluir que os pontos de equilíbrio
correspondentes são estáveis. Do contrário, são instáveis.

Figura 2.91. Diagrama de potências.

Da mesma forma, a exigência com relação à definibilidade da matriz


jacobiana estende-se ao método de Newton-Raphson (processo iterativo por
aproximações baseadas na matriz jacobiana da potência elétrica) utilizado para
a obtenção de soluções do fluxo de potência (estado do sistema). Na Figura
A.2.2, ilustra-se o mecanismo de busca da solução (estado / ponto de
equilíbrio) de um sistema de energia elétrica composto por máquina síncrona
x barra infinita via método de Newton (Newton-Rapson), através de
sucessivas aproximações, iniciando em (0) e atingida a convergência : (h) -
(h-1)  < tolerância preestabelecida. Esta convergência, dar-se-á somente
porque as inclinações k, calculadas nos diversos pontos durante o processo
iterativo, são valores positivos.

32
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura 2.9.2. Ilustração do processo iterativo do método de Newton-Raphson no cálculo do


fluxo de potência.

2) Dinâmica Discreta

Nos casos em que há pequenas flutuações, em consequência de pequenas


perturbações, a análise pode ser realizada usando-se técnicas apropriadas, por
exemplo, a análise de sensibilidade, resolução de sistemas de equações
diferenciais de parâmetros constantes ou de parâmetros variantes no tempo,
abordagem via autoproblemas (autovalores / autovetores), perturbação singular,
etc. Ou seja, pode-se inferir sobre o comportamento do sistema, através da
observação das variações em torno do ponto de equilíbrio.

Figura 2.9.3. Diagrama de potência / pequenas variações.

33
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Nota-se que, através da análise de sensibilidade, pode-se estimar um novo ponto


de equilíbrio, em função, por exemplo, da saída ou entrada em operação de uma
linha de transmissão. Este cálculo é direto. Contudo, o erro é proporcional à
perturbação e em função do carregamento do sistema. Quanto maior for o nível
de carregamento do sistema, maior será o erro. Há, portanto, um limite, ainda que
não estabelecido explicitamente. A partir de determinado nível de carregamento,
não se pode empregar a análise de sensibilidade como forma de estimar um novo
ponto de equilíbrio. Por exemplo, supondo-se que na Figura A.2.3 o ponto de
equilíbrio, antes da saída da LT (Linha de Transmissão) de operação (a), for
muito próximo de 90o, o ponto de equilíbrio (p), após a retirada da LT, poderá
ser maior do que 90o, correspondendo a um ponto de equilíbrio instável, que na
verdade, é estável, como mostra a Figura A.2.4.

Figura A.2.4. Cálculo de um ponto de equilíbrio, via análise de sensibilidade, (modelo linear).

3) Dinâmica Acentuada

No dinâmico, além das preocupações do ponto de equilíbrio e suas


consequências do ponto de vista estático, há preocupação com as oscilações
dos ângulos das máquinas síncronas, flutuações de tensões nodais, etc,
procedentes de grandes perturbações, e.g., curto-circuito, saída de operação de
equipamentos elétricos (linha de transmissão, transformador, máquina
síncrona, etc.).

34
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

2.10. Técnicas empregadas


 Estática / Dinâmica discreta

 Resolução de sistemas lineares: A X = b;


 Análise de sensibilidade;
 Autoproblema;
 Perturbação singular;
 Método direto de Liapunov;
 etc.

 Dinâmico

 Resolução de sistemas de equações algébricas / diferenciais não-lineares altamente


acopladas;

 Método Direto de Liapunov;

 Autoproblema;

 etc.

Enfim, pode-se empregar técnicas determinísticas, estocásticas, assim como


técnicas inseridas no contexto de ALIFE (artificial life (vida artificial)) e computação quântica.

ALIFE :  redes neurais;

 Programação evolutiva;

 inteligência coletiva (swarm intelligence);

 sistemas imunológicos artificiais;

 computação molecular;

 etc.

2.11. Análise da Estabilidade de pequenas Perturbações de Sistemas Elétricos


de Grande Porte

As equações (1.3.3) e (1.3.4) descrevem a dinâmica das máquinas síncronas. Estas


equações foram obtidas a partir da seguinte equação diferencial ordinária não-linear de segunda
ordem:

35
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

d 2 i di
Mi 2
+ Di  Pmi + Pei = 0, para i = 1, 2, . . ., ng (2.11.1)
dt dt

As equações (2.11.1) podem ser escritas na forma de vetorial / matricial:

.. .
M θ + D θ  Pm + Pe = 0 (2.11.2)

sendo:

M : matriz de inércia

= diag{Mi > 0, i = 1, 2, . . ., ng};

D : matriz de amortecimento
= diag{ Di > 0, i = 1, 2, . . ., ng};
.. d2
θ = 2
[ 1 2 . . .  ng ]T;
dt
. d
θ = [ 1 2 . . .  ng ]T;
dt
Pm = [Pm1 Pm2 . . . Pmng ]T;

Pe = [Pe1 Pe2 . . . Peng ]T.


NB.: Considera-se que a matriz D semidefinida positiva, tendo que em vista que em alguns
casos despreza-se o efeito dos amortecimentos, ou seja, Di = 0, para i = 1, 2, . . ., ng.

A equação (2.9.2) descreve a evolução das máquinas síncronas quando sujeitas a


perturbações. Para analisar tal evolução, pode-se tomar dois procedimentos:

a) análise da estabilidade transitória (ou dinâmica) considerando-se grandes perturbações


(curto-circuito, incidência de descargas atmosféricas, saída / entrada em operação de
equipamentos elétricos);

b) análise da estabilidade para pequenas perturbações (pequena mudança do perfil de carga do


sistema, etc.).

Neste Capítulo, tratar-se-á do problema da análise da estabilidade considerando-se


pequenas perturbações. A análise de estabilidade transitória será abordada no Capítulo 7.

Deste modo, para fins da análise de pequenas perturbações, pode-se usar um


modelo linearizado a partir do sistema (2.9.2) ficando com a seguinte estrutura:

.. .
M x +D x +Kx=0 (2.11.3)

sendo:
x = [( 1 1o ) ( 2 2 o ) . . . (  NG  NG o )]T;

36
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

i o : posição angular da i-ésima unidade geradora referente à condição de equilíbrio;


K : matriz de rigidez.

Ressalta-se que a matriz K é a matriz jacobiana do sistema.

O sistema (2.9.3) é estável para pequenas perturbações, se e somente se a matriz K


for definida positiva, visto que as matrizes M > 0 (definida Positiva) e D  0 (semidefinida
positiva).

A matriz K (matriz jacobiana) é não-simétrica, porém é simetrizável, ou seja, pode-


se encontrar uma matriz de transformação que promova a sua simetrização. Deste modo, pode-
se concluir que a matriz K possui autovalores reais (característica de toda matriz simétrica).
Neste caso, para que a matriz K seja definida positiva é necessário e suficiente que todos os
autovalores de K sejam positivos (e reais).

No Capítulo 4 abordar-se-á, entre outros temas, o cálculo da matriz jacobiana.


Portanto, ter-se-á a oportunidade de melhor compreender a sua estrutura e detalhamento de
cálculo.

2.12. Referência Bibliográfica

[1] Elgerd, O. I. “Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica”, Editora McGraw-Hill


do Brasil, 1976.
[2] Lopes, M.L.M., Minussi, C. R. and Lotufo, A.D.P. “A Fast Electric Load Forecasting
Using Neural Networks”, Proceedings of 43rd Midwest Symposium on Circuits and
Systems, 2000. vol. 1, pp.1 – 4.
[3] Monticelli, A.J. “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, Edgard Blucher Ltda.,
São Paulo, 1983.

37
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Resolução de Sistemas de Equações Algébricas


Não-Lineares

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 3
Ilha Solteira – SP, Março-2012.

38
3.1. Resolução de Sistemas de Equações Algébricas Não-Lineares

As equações do fluxo de potência podem ser expressas na seguinte forma:

G(X) = 0, (3.1.1)
sendo:
G(X) : função vetorial não-linear de dimensão n;
X = [X1 X2 X3 . . . Xn]T
 solução do problema.

NB. Variáveis / parâmetros em negrito são representações vetoriais ou matriciais.

Tendo em vista que o sistema de equações (3.1.1) é não-linear, a sua


solução, normalmente, é determinada por processo iterativo, ou seja, dada uma condição
inicial, a solução do problema é determinada por sucessivas aproximações.
Basicamente, na literatura especializada, encontram-se três tipos de métodos para a
resolução de sistemas descritos por equações na forma (3.1.1):

 método de Gauss;
 método de Gauss-Seidel;
 método de Newton-Raphson.

As equações (3.1.1) são da forma:

f1(X1, X2, X3, . . ., Xn) = 0


f2(X1, X2, X3, . . ., Xn) = 0
f3(X1, X2, X3, . . ., Xn) = 0 (3.1.2)
...
fn(X1, X2, X3, . . ., Xn) = 0.

O problema, então, consiste na determinação do vetor X (variáveis


complexas desconhecidas).

39
Método Iterativo de Gauss

Para ilustrar esta metodologia, utiliza-se um exemplo de uma função não-


linear unidimensional:

f(X) = X2 – 5X + 4

Deve-se, portanto, encontrar a solução X* tal que:

f(X*) = 0. (3.1.3)

A solução exata é:

X1 = {5  (25  4. 2)1/2 }/2

X2 = {5 + (25  4. 2)1/2 }/2

ou seja:

X1 = 1

X2 = 4.

A solução pelo método de Gauss é a seguinte:

 a equação (3.1.3) pode ser reescrita por:

X = 1/5 X2 + 4/5 (3.1.4)


 
reta função qualquer.

 gráfico das funções mostradas na equação (3.1.4):

40
Figura 3.1.1. Gráfico da função f(X), X e (1/5X2 + 4/5).

A equação (3.1.5) pode ser expressa por:

X = F(X) (3.1.5)

sendo:

F(X) = 1/5 X2 + 4/5.

NB. É sempre possível encontrar uma função F(X) para qualquer f(X).

Na equação (3.1.5), deve-se determinar valores para X tais que produzem o


mesmo valor em ambos os lados. No gráfico mostrado na Figura (3.1.1), os pontos são
X1 =1 e X2 = 4.

Considerando-se a equação (3.1.5), escolhendo-se o seguinte algoritmo para


o processo iterativo:

X(k+1)  F(X(k)) (3.1.6)

sendo:

41
k = índice de iteração ou ciclo de iteração.

Assim, arbitrada uma condição inicial X(0), as aproximações da solução são


regidas pela equação (3.1.6). Este processo pode ser ilustrado através das seguintes
iterações:

Iteração 0. Faça uma estimativa inicial (arbitrária) para a solução procurada.

Figura 3.1.2. Ilustração do método de Gauss.

Iteração 1.

X(1) = F(3) = 1/5 32 + 4/5

X(1) = 2,6.

Iteração 2.

X(2) = F(2,6) =1/5 2,62 + 4/5

X(2) = 2,15.

42
Iteração 3.

X(3) = F(2,15) =1/5 2,252 + 4/5

X(3) = 1,7245.

Iteração 4.

X(4) = F(1,7245)

X(4) = 1,3948.

Iteração 5.

X(5) = F(1,3948)

X(5) = 1,1891.

...

X(6) = F(1,1891) = 1,0828

X(7) = F(1,0828) = 1,0345

...

X = 1,00.

Regra de Parada:

X(k+1)  X(k) < tolerância preestabelecida.

Desvantagem do Método:

43
 convergência lenta;

 convergência não é garantida (depende da condição inicial). Começando-se


com X(0) = 5 não há convergência.

Este método pode ser facilmente estendido à equação (3.1.1) n-dimensional:


inicialmente escreve-se esta equação da seguinte forma:

X = F(X) (3.1.7)

sendo:

X = [X1 X2 X3 . . . Xn]T
F(X) = F1(X1, X2, X3 , . . ., Xn)
F2(X1, X2, X3 , . . ., Xn)
F3(X1, X2, X3 , . . ., Xn)
...
Fn(X1, X2, X3 , . . ., Xn)

O processo iterativo é dado, então, por:

X(k+1) = F(X(k)). (3.1.8)

Método Iterativo de Gauss-Seidel

O método de Gauss-Seidel é semelhante ao método de Gauss, com a


diferença, apenas, na utilização de componentes do vetor X que estão atualizados para a
obtenção dos demais componentes não-atualizados. Por exemplo, supondo-se que se
deseja resolver o seguinte sistema de equações:

44
2 X1 + X1 X2  1 = 0
2 X2  X1 X2 + 1 = 0.

Este sistema de equações pode ser reescrito por:

X1 = ½ (X1 X2 + 1)
X2 = ½ (+X1 X2  1).

ou, ainda, recursivamente, por (método de Gauss-Seidel):

X1(k+1) = ½ (X1(k [valor atualizado disponível)] X2(k [valor atualizado disponível)] + 1)


X2(k+1) = ½ (+X1(k [valor atualizado disponível)] X2(k [valor atualizado disponível)]  1).

Supondo-se que se arbitre a seguinte condição inicial:

X(0)  [X1(0) X2(0)]T,


= [2 1]T ,

então, a partir das equações recursivas para a variável X1, obtém-se:

X1(1) = ½ ( 2 . 1 + 1) =  0,5.
Pelo método de Gauss e Gauss-Seidel, X2(1) vale, respectivamente:

X2(1) = ½ (2 . 1  1) = 0,5 (Gauss)


X2(1) = ½ ( 0,5 . 1  1) =  0,75 (Gauss-Seidel).

Assim, o processo deverá ser repetido até que ocorra a convergência


requerida, conforme é mostrado na Tabela 3.1.1.

45
Tabela 3.1.1. Resultados da resolução pelos métodos de Gauss e Gauss-Seidel.

Iteração Método de Gauss Método de Gauss-Seidel


X1 X2 X1 X2
0 2 1 2 1
1 -0,5 -0,5 -0,5 -0,75
2 0,625 -0,625 0,3125 -0,6172
3 0,6953 -0,6953 0,5964 -0,6841
4 0,7417 -0,7417 0,7040 -0,7408
5 0,7751 -0,7751 0,7608 -0,7818
... ... ... ... ...
p 1 -1 1 -1

Método de Newton-Raphson

 Trata-se de um método iterativo mais sofisticado;


 não oferece riscos de divergência;
 normalmente converge em 3 a 5 iterações, independente do tamanho do sistema.

O problema é resolver um sistema de equações algébricas não-lineares da


forma:

f(X) = b (3.1.9)

sendo:

X = [X1 X2 X3 . . . Xn]T
f(X)  [f1(X) f3(X) f3(X) . . . fn(X)]T
: função não-linear (vetor);

46
b : termo independente (vetor).

Do problema (3.1.9), necessita-se determinar Xp, tal que:

f(Xp) = 0 (3.1.10)

 Solução Via Método de Newton

A equação (3.1.10) pode ser expressa por séries de Taylor da seguinte


forma:

f(Xp)  f(X(0) + X)

= f(X(0)) + f’(X(0)) X + ½ f’’(X(0)) X2 + h(X) (3.1.11)

sendo:

X(0) : condição inicial;

X : variação de X em torno de X(0)


f’(X(0)) : primeira derivada de f(X) com relação a X calculada em X(0);
f’’(X(0)) : segunda derivada de f(X) com relação a X calculada em X(0);
h(X) : termos de ordem superior da série de Taylor.

A equação (3.1.11), desconsiderando-se os termos não-lineares, pode ser


expressa por:

f(Xp)  f(X(0)) + f’(X(0)) X (3.1.12)

Da equação (3.1.12), pode-se estimar X, por:

X = {f’(X(0)}1[ f(X(0) + X)  f(X(0))] (3.1.13)

NB.: f(X(0) + X)  f(Xp) = 0 (da equação (3.1.10)).

47
Então, X pode ser estimado por:

X = {f’(X(0)}1[f(X(0))]. (3.1.14)

Nota-se que na Figura 7.1.3, usando-se a aproximação (3.1.14), obtém-se


uma solução Xp aproximada, cujo erro é {erro(X(0))}. Deste modo, o objetivo é obter
uma solução Xp, através de várias iterações, de tal modo que o erro tenda para zero ou
muito próximo a um valor preestabelecido (tolerância), ou seja, proceder repetições de
estimativas do tipo:

X(k) = {f’(X(k)}1[f(X(k))] (3.1.15)

X(k+1) = X(k) + X(k)

até que:

X(k+1)  X(k) < tolerância predefinida

sendo:
k : índice de iteração
f’(X )  J(X(k))
(k)

= matriz jacobiana de f(X) calculada em X(k).


 f1 f1 f1 
 X 
X 2 Xn 
 1 
(k)
 f 2 f 2

f 2 
J(X ) =  X X 2 Xn  (3.1.16)
1
      (k)
 f f n f n  X
 n  
 X1 X 2 X n 

sendo:

f i
: derivada parcial de fi(X) com relação a Xj.
X j

NB. A simbologia adotada na matriz definida pela equação (3.1.16) ( X(k)) indica que
esta matriz é calculada nas condições estabelecidas na iteração k.

48
Figura 3.1.3. Ilustração do método de Newton-Raphson.
Exemplo:

2 X1 + X1 X2  1 = 0
2 X2  X1 X2 + 1 = 0
assim:
f1(X) = 2 X1 + X1 X2  1
f2(X) = 2 X2  X1 X2 + 1
Iteração 0.
Estimativa inicial:
X1(0) = 0
X2(0) = 0.

Iteração 1.
Matriz jacobiana:

49
( 2  X 2 ) X1 
= 
(2  X1 )
J
  X2
2 0
J(0) =  
0 2
1 0 
(J(0))1 = ½  
0 1 
  1
f(X(0)) =  
 1
1 0 .   1  0,5
X(0) =  ½     =  
0 1  1   0,5
0  0,5
X(1) =   +  
0   0,5
 0,5
=  
  0,5

Iteração 2.
1,5 0,5
J(1) =  
0,5 1,5 
 0,75  0,2
(J(1))1 =  
 0,25 0,75 
 0,25
f(X(1)) =  
 0,25
 0,75  0,2 .   0,25  0,25
X(1) =     0,25 =   0,25
 0,25 0,75     
 0,5  0,25
X(2) =   +  
  0,5   0,25
 0,75
=  
  0,75

X 
X(p) =  1
X 2 

50
 1
=   (solução exata).
  1

3.2. Referência Bibliográfica

[1] ELGERD, O. I. “Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica”, Editora


McGraw-Hill do Brasil, 1976.

51
Universidade Estadual Paulista – UNESP
Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Fluxo de Potência

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 4 Ilha Solteira – SP, Março-2012.

52
4.1. Fluxo de Potência

 Aspectos Gerais:

 o cálculo do fluxo de potência em SEE (Sistemas de Energia Elétrica) consiste,


essencialmente, na determinação do estado da rede, da distribuição de fluxos
no sistema de transmissão / distribuição e de outras grandezas de interesse;

 neste tipo de problema, a modelagem do sistema é elaborada considerando-se o


comportamento estático da rede elétrica. Portanto, o modelo é representado por
um conjunto de equações e inequações algébricas;

 esta representação é usada em situações nas quais as variações, com o tempo,


são suficientemente lentas para que se possa desconsiderar os efeitos
transitórios;

 Os componentes de um SEE podem ser classificados em dois grupos:

1) os que estão ligados entre um nó qualquer e o nó referente à terra:

 gerador;

 carga;

 reator;

 capacitor;

 etc.

2) os que estão ligados entre dois nós quaisquer da rede:

 linha de transmissão;

 transformador;

 transformador defasador;

 etc.

53
 Partes do Sistema:

1. Parte Externa : Geradores e cargas, os quais são modelados através de


injeções de potência nos nós da rede;

2. Parte Interna : Constituída pelos demais componentes da rede, ou seja,


linhas de transmissão, transformadores, etc.

 Resolução de Circuito: (Cálculo do Fluxo de Potência)

1. Primeira Lei de Kirchhoff:

Conservação das potências ativa e reativa em cada nó da rede, i.e., a


potência líquida injetada deve ser igual à soma das potências que fluem
pelos componentes internos que possuem este nó como um de seus
terminais;

2. Segunda Lei de Kirchhoff:

É utilizada para expressar os fluxos de potência nos componentes internos


como funções das tensões (estado) de seus nós terminais.

4.2. Formulação Básica

 Na formulação mais simples do problema (formulação básica), a cada barra da rede


são associadas quatro variáveis, sendo que duas delas entram no problema como
dados e duas como incógnitas (vide Figura (4.2.1)):

Vk : magnitude da tensão da barra k

k : ângulo da tensão da barra k

Pk : geração líquida (geração menos carga) de potência ativa na barra k

 PGk - PLk

Qk : geração líquida (geração menos carga) de potência reativa na barra k

54
 QGk - QLk

PG : potência ativa gerada;

PL : potência ativa da carga;

QG : potência reativa gerada;

QL : potência reativa da carga.

Figura 4.2.1. Representação da k-ésima barra do sistema.

 Dependendo de quais variáveis nodais entram como dados e quais são consideradas
como incógnitas, definem-se três tipos de barras:

PQ : são dados Pk e Qk e calculador Vk e k

PV : são dados Pk e Vk e calculador Qk e k

V : são dados Vk e k e calculador Pk e Qk.



(Barra de referência).

55
NB. As especificações dos dados e respectivas variáveis (a serem determinadas) são
estabelecidas considerando-se os acoplamentos (P) e (QV), conforme pode-se
observar na figura 4.2.2.

Figura 4.2.2. Acoplamento entre as variáveis P, Q, V e .

 1. Barras PQ são barras de carga;


2. Barras PV são barras de geração (incluindo-se os compensadores síncronos);
3. Barra V (referência) possui dupla função:
 fornece a referência do sistema;
 é utilizada para fechar o balanço de potência do sistema, levando-se em conta as
perdas de transmissão não conhecidas antes de se ter a solução final do
problema (daí a necessidade de se dispor de uma barra do sistema na qual não é
especificada a potência ativa).

 Estes três tipos de barras que aparecem na formulação básica são os mais frequentes,
e também mais importantes;

 Entretanto, existem algumas situações particulares como, por exemplo, o controle de


intercâmbio de uma área e o controle da magnitude da tensão de uma barra (PQV,
por exemplo). Estes tipos de barras não são considerados na formulação básica, mas

56
podem ser incluídos no processo de resolução, quando se utilizam dispositivos de
controle no sistema de transmissão;

 Uma outra situação, não representada na formulação básica, refere-se à modelagem


das cargas. Deve-se observar que as barras de carga são modeladas como tipo PQ,
em que Pk e Qk são considerados constantes. Entretanto, as cargas variam em função
da magnitude da tensão nodal.

4.3. Cálculo da Potência Elétrica

4.3.1. Expressões Gerais dos Fluxos

 Os fluxos de potência ativa e reativa em linhas de transmissão, transformadores, etc.


obedecem às expressões gerais [vide Figura (4.3.1.1)]:

Pkm = +(akm Vk)2 Gkm – (akmVk) Vm Gkm cos(km + km) +


– (akm Vk) Vm Bkm sen (km + km) (4.3.1.1)

Qkm = – (akm Vk)2 (Bkm +bkmsh) + (akmVk) Vm Bkm cos(km + km) +


– (akm Vk) Vm Gkm sen (km + km). (4.3.1.2)

 Para Linhas de Transmissão :

akm = 1 e km = 0

 Transformadores em fase :

bkmsh = 0 e km = 0

 Para Transformadores defasadores Puros :

bkmsh = 0 e akm = 1

57
 Para Transformadores defasadores :

bkmsh = 0.

Figura 4.3.1.1. Fluxos de potência associados à barra k.

4.3.2. Injeções de Potência

 A injeção de potência ativa e a injeção de potência reativa são as seguintes:

Pk = Vk  Vm (Gkm cos km + Bkm sen km) (4.3.2.1)


mK

Qk = Vk  Vm (Gkm sen km  Bkm cos km). (4.3.2.2)


mK

em que:
Ybarra  [Ypq] = Gpq + j Bpq

esta matriz será:  simétrica, se for formada considerando-se linhas de transmissão e
transformadores em fase;
 assimétrica, se houver transformadores defasadores.

Ykm =  akm e{jkm} ykm

Ykk = j bksh +  ( j bkmsh + akm2 ykm)


m  k
K : conjunto de todas as barras m adjacentes à barra k incluindo a própria barra k;
 {k, k)
Em = Vm ejm .

58
4.4. Fluxo de Potência Não-linear

 Formulação do Problema Básico:

Métodos computacionais para a solução de (4.3.2.1) e (4.3.2.2) são constituídos por


duas partes:
1) Algoritmo básico : trata da solução por método iterativo de um sistema de
equações algébricas não-lineares [equações (4.3.2.1) e
(4.3.2.2)];
2) Processo de resolução do problema em que é considerada a atuação dos
dispositivos de controle e da representação dos limites de operação do sistema.

 Estas duas partes podem ser resolvidas alternadamente, intercalando-se a solução das
equações básicas com a representação dos controles e limites de operação. Outra
possibilidade consiste em se alterar as equações (4.3.2.1) e (4.3.2.2) para incluir a
representação dos dispositivos de controle. Neste caso, as duas partes do problema
são resolvidas simultaneamente.

 Considere inicialmente um problema no qual são dados:


1) Pk e Qk para as barras PQ
2) Pk e Vk para as barras PV
3) Vk e k para as barras V (referência angular),
Pede-se calcular:
1) Vk e k nas barras PQ;
2) k e Qk nas barras PV;
3) Pk e Qk na barra de referência.

 Uma vez resolvido este problema, será conhecido o estado do sistema (Vk, k) para
todas as barras da rede (k =1, 2, ..., NB), o que torna possível o cálculo de outras
variáveis de interesse como, por exemplo, os fluxos de potência nas linhas de
transmissão, transformadores, etc;

sendo:
NB : número de barras do sistema.

59
 O problema formulado anteriormente pode ser decomposto em três subsistemas de
equações algébricas não-lineares:

Subsistema 1 (dimensão: 2 NPQ + NPV)


Dados :  Pk e Qk nas barras PQ
 Pk e Vk nas barras PV
Calcular :  Vk e k nas barras PQ
 k nas barras PV

ou seja, resolver o seguinte sistema:

Pkesp – Pk = 0 (4.4.1)
para barras PQ e PV
Qkesp – Qk = 0 (4.4.2)
para barras PQ

sendo:
NPV : número de barras PV
NPQ : número de barras PQ
Pkesp : potência elétrica ativa especificada na barra k
Qkesp : potência elétrica reativa especificada na barra k.

NB. Os valores de Pk e Qk são calculados, respectivamente, usando-se as equações


(4.3.2.1) e (4.3.2.2).

Subsistema 2 (dimensão: NPV +2)

 Após a resolução do Subsistema 1 e, portanto, já conhecidos Vk e k de todas as


barras do sistema, deseja-se calcular Pk e Qk na barras de referência e Qk nas
barras PV.
 Trata-se de um sistema com (NPV + 2) equações algébricas não-lineares com o
mesmo número de incógnitas.

60
 Todas as incógnitas aparecem de forma explícita o que torna trivial o processo de
resolução.

Subsistema 3

 Consiste no cálculo dos fluxos de potência nas linhas de transmissão e


transformadores.

NB. No subsistema 1 as incógnitas são implícitas, o que exige um processo iterativo


de resolução.

 As incógnitas do subsistema 1 podem ser agrupadas no vetor X dado por:

   ( NPV  NPQ)
X=   (4.4.3)
 V  ( NPQ)

em que:
 : vetor de ângulos das barras PV e PQ;
V : vetor das magnitudes das tensões das barras PQ.

 As equações (4.4.1) e (4.4.2) podem ser reescrita do seguinte modo:

Pk  Pkesp – Pk(V, ) = 0 (4.4.4)


para barras PQ e PV

Qk  Qkesp – Qk(V, ) = 0 (4.4.5)


para barras PQ.

 As funções Pk e Qk podem ser colocadas na forma vetorial:

P = Pesp – P(V, ) = 0 (4.4.6)

61
Q = Qesp – Q(V, ) = 0 (4.4.7)

sendo:
P : vetor de injeções de potências ativas nas barras PQ e PV;
Q : vetor de injeções de potências reativas nas barras PQ.

 Considere o vetor g(X) definido por:

 P  ( NPQ  NPQ)
g(X)    (4.4.8)
Q  ( NPQ)

 Considerando-se esta função, o subsistema 1 definido pelas equações (4.4.6) e (4.4.7)


pode ser colocado na seguinte forma:

g(X) = 0 (4.4.9)

 Este sistema de equações algébricas não-lineares pode ser resolvido por um grande
número de métodos, sendo que os mais eficientes são os métodos de Newton e o
Desacoplado Rápido (ambos serão estudados na sequência).

4.5. Fluxo de Potência Pelo Método de Newton

 Nesta Seção será aplicado o método de Newton (Newton-Raphson) para a resolução


do subsistema 1: (g(X) = 0).

 O ponto central do processo de resolução consiste em determinar o vetor de correção


X, o que exige a resolução do seguinte sistema linear:

g(X(r)) = J(X(r)) X(r) (4.5.1)

e a atualização do vetor X:

62
X(r+1) = X(r) + X(r) (4.5.2)
sendo:
r : índice que indica a iteração do processo de resolução.
J : matriz jacobiana de g(X).

 As equações (4.5.1) e (4.5.2) devem ser repetidas até que:


X(r+1) – X(r) <  (teste de convergência);
sendo:
 : tolerância preestabelecida (preespecificada).

 O teste de Convergência pode ser efetuado da seguinte forma (forma alternativa):

máx Pk(r)  < P


e
máx Qk(r)  < P

sendo:
P : tolerância de potência ativa preestabelecida
Q : tolerância de potência reativa preestabelecida.

 Os vetores g(X), X e a matriz J(X) são assim definidos:

 P ( r ) 
g(X(r)) =  ( r )  (4.5.3)
Q 

  ( r ) 
X(r) =  ( r )  (4.5.4)
V 

  (P)  (P) 
 V 
(r)
J(X(r)) =  
 (Q) 
(4.5.5)
 (Q)
 
  V 

63
 Considerando-se que as expressões dos vetores P e Q, dadas pelas equações
(4.4.6) e (4.4.7), e lembrando que Pesp e Qesp são constantes, a matriz jacobiana J(X)
(equação (4.5.5)) pode ser reescrita da seguinte maneira:
 P P 
 V 
(r)
J(X(r)) =     (4.5.6)
Q Q
 
  V 

 As submatrizes que compõem a matriz jacobiana J, dada pela equação (4.5.6), são
geralmente representadas por:
P
H (4.5.7)

P
N  (4.5.8)
V
P
M (4.5.9)

P
L  . (4.5.10)
V

 Usando-se estas expressões pode-se, finalmente, colocar o sistema (4.5.1) na


seguinte forma matricial:
 P ( r )   H N  ( r )   ( r ) 
 (r )  =    (r )  (4.5.11)
Q  M L  V 
  ( r 1)    (r )    ( r ) 
 ( r 1)  =  ( r )  +  (r)  (4.5.12)
V  V  V 

 Os componentes das submatrizes H, N, M e L são expressos por:


H  Hkm  Pk/m = Vk Vm (Gkm senkm – Bkm coskm) (4.5.13)
Hkk  Pk/k = Vk2 BkkVk  Vm (Gkmsen km–Bkm cos km) (4.5.14)
mK

N Nkm  Pk/Vm = Vk (Gkm cos km + Bkm sen km) (4.5.15)


Nkk  Pk/Vk = Vk Gkk +  Vm (Gkm cos km + Bkm sen km) (4.5.16)
mK

M Mkm  Qk/m = Vk Vm (Gkm cos km + Bkm sen km) (4.5.17)

64
Mkk  Qk/k = Vk2 Gkk + Vk  Vm (Gkm cos km + Bkm sen km)
mK

(4.5.18)
L Lkm  Qk/Vm = Vk (Gkm sen km  Bkm cos km) (4.5.19)
Lkk  Qk/Vk = Vk Bkk +  Vm (Gkm sen km Bkm cos km) (4.5.20)
mK

 Os elementos Hkk, Nkk, Mkk e Lkk podem ser colocados em função das injeções de
potência ativa e reativa da barra k:

Hkk = Qk  Vk2 Bkk (4.5.21)


Nkk = Vk1 (Pk + Vk2 Gkk) (4.5.22)
Mkk = Pk  Vk2 Gkk (4.5.23)
Lkk = Vk1 (Qk  VkBkk) (4.5.24)

 A partir das expressões (4.5.15)  (4.5.20) pode-se concluir que, se Ykm = Gkm + j
Bkm for nulo (não há uma linha entre os nós k e m), então, os elementos Hkm, Nkm,
Mkm e Lkm são, também, nulos. Isto significa que as matrizes H, N, M e L possuem
as mesmas características de esparsidade associada à matriz Ybarra.

4.6. Métodos Desacoplados

 Os métodos desacoplados baseiam-se no desacoplamento PQV, ou seja, são


obtidos considerando-se o fato de que as sensibilidades P/ e Q/V serem mais
intensas se comparadas a P/V e Q/.

 O desacoplamento possibilita a adoção de um esquema de resolução segundo o qual


o subproblema P e QV são resolvidos alternadamente:

 Na resolução do subproblema P são usados os valores atualizados de V

 Na resolução do subproblema QV são usados os valores atualizados de .

65
 Versões Desacopladas:
1) Método de Newton Desacoplado : As matrizes M e N são consideradas nulas;
2) Método Desacoplado Rápido : As matrizes M e N são consideradas nulas e
as matrizes H e L são mantidas constantes
durante o processo iterativo.

NB. Nota-se que em ambas as formulações somente são introduzidas aproximações na


matriz jacobiana. Os vetores dos resíduos P e Q são calculados da mesma forma
como adotada no método de Newton. Estas aproximações alteram o processo de
convergência, ou seja, muda o caminho percorrido entre o ponto inicial e a solução,
mas não altera a solução final.

4.7. Método de Newton Desacoplado

 O algoritmo básico do método de Newton pode ser colocado na forma:

P(V(r),(r)) = H(V(r),(r)) (r) + N(V(r),(r)) V(r) (4.7.1)

Q(V(r),(r)) = M(V(r),(r)) (r) + L(V(r),(r)) V(r) (4.7.2)

 A dedução do método de Newton desacoplado é feita em duas etapas:


1) Desacoplamento;
2) Aplicação do esquema alternado de resolução.

 Forma simultânea:

P(V(r),(r)) = H(V(r),(r)) (r) (4.7.3)


Q(V(r),(r)) = L(V(r),(r)) V(r) (4.7.4)
(r+1) = (r) +  (r) (4.7.5)

66
V(r+1) = V(r) + V(r) (4.7.6)

 Esquema de resolução Alternado:

P(V(r),(r)) = H(V(r),(r)) (r) (4.7.7)


(r+1) = (r) +  (r) (4.7.8)
Q(V(r),(r)) = L(V(r),(r)) V(r) (4.7.9)
V(r+1) = V(r) + V(r) (4.7.10)

 A resolução de  (subproblema P) e V (subproblema QV) podem ter velocidades de


convergência distintas. Deste modo, pode-se adotar o procedimento em que após a
convergência de um dos subproblemas, atualiza-se somente o subproblema não-
convergido, até que o processo seja concluído. Normalmente, o subproblema P
possui convergência mais rápida, se comparada ao subproblema QV.

4.8. Método de Newton Desacoplado (versão Alternativa)

 O MND (Método de Newton Desacoplado) abordado anteriormente pode, também,


ser aplicado em uma versão ligeiramente diferente. Esta versão pode apresentar, para
alguns sistemas, uma convergência um pouco mais rápida, se comparada à
formulação original.

 Considere V uma matriz diagonal, cuja diagonal é formada pelas magnitudes das
tensões das barras PQ do sistema. Utilizando-se esta matriz, as submatrizes H e L
podem ser expressas por:

H = V H’ (4.8.1)

L = V L’ (4.8.2)

67
sendo que os componentes das submatrizes H’ e L’ são dados por:

H’km = Vm ( Gkm sen km – Bkm cos km) (4.8.3)


H’kk = –Qk / Vk– Vk Bkk (4.8.4)
L’km = Gkm sen km – Bkm cos km (4.8.5)
L’kk = Qk / Vk2 – Bkk (4.8.6)

 As matrizes do MND podem, finalmente, ser colocadas na forma:

P/ V = H‘  (4.8.7)

Q/ V = L‘ V (4.8.8)

4.9. Método Desacoplado Rápido

 O método desacoplado rápido possui o mesmo algoritmo do método de Newton


Desacoplado que foi apresentado anteriormente;

 A diferença é que são feitas as seguintes simplificações:


a) cos km é muito próximo de 1 (km é considerado pequeno);
b) Bkm é, em magnitude, muito maior do que Gkm sen km;
c) Bkk Vk2 é, em magnitude, maior do que Qk.

 As aproximações (a) e (b) são, em geral, válidas para sistemas de transmissão, em


particular para EAT e UAT. Portanto, dificilmente aplicadas a sistemas de
distribuição.

 Para tensões de transmissão acima de 230 kV, a relação Bkm/Gkm é maior que 5,
podendo chegar a 20 para linhas de transmissão acima de 500kV.

68
 Introduzindo-se estas aproximações, as expressões (4.8.3) – (4.8.4) podem ser
colocadas na seguinte forma:

H’km  – Vm Bkm (4.9.1)


H’kk  – Vk Bkk (4.9.2)
L’km  – Bkm (4.9.3)
L’kk  – Bkk . (4.9.4)

 Considerando-se, ainda, que Vm e Vk são aproximadamente unitárias, as submatrizes


H’ e L’podem ser aproximadas por:

H’ = B’ (4.9.5)

L’ = B’’ (4.9.6)

sendo:

as matrizes B’ e B’’ só dependem dos parâmetros da rede, não dependendo, portanto,


das variáveis de estado do sistema (ângulo e magnitude das tensões nodais)

 Estas matrizes são semelhantes à matriz de susceptância B de barra (Ybarra = G + j B)


com a diferença de que:
1) em B’ não aparecem as linhas e colunas correspondentes às barras V;
2) em B’’ não aparecem as linhas e colunas correspondentes às barras PV e às barras
V;

 ou seja, as matrizes B’e B’’ mantêm as estruturas das submatrizes H e L.

 As equações do método desacoplado rápido ficam da seguinte forma:

P / V = B’  (4.9.7)

69
Q / V = B’’ V (4.9.8)

4.10. Condições Iniciais

 As condições iniciais, para o processo iterativo, comumente adotadas na literatura,


são:

k(0) = 0,
(0)
Vk = 1 pu
para k =1, 2, ... , NB.

4.11. Resumo

4.11.1. Fluxo de Potência (FP): Formulação

 O cálculo do FP em SEE consiste, essencialmente, na determinação do estado da


rede, da distribuição dos fluxos nas LT’s.
 Resolução : Conjunto de equações e inequações não-lineares.
 Partes do Sistema :
1. Parte Externa : Geradores e cargas
2. Parte Interna : Constituída pelos demais componentes da rede, ou seja, LT’s,
transformadores, etc.
 Formulação :
 Na formulação mais simples do problema (formulação básica), para cada barra da
rede são associadas quatro variáveis, sendo que duas delas entram no problema
como dados e duas como incógnitas:
Vk : magnitude da tensão nodal
k : ângulo da tensão nodal
Pk : potência ativa líquida (geração menos carga)
Qk : potência reativa líquida (geração menos carga)
K : índice da barra.
 Dependendo de quais variáveis nodais entram como dados e quais são
consideradas como incógnitas, definem-se três tipos de barras:

70
PQ – são dadas Pk e Qk e calculadas Vk e k
PV – são dadas Pk e Vk e calculadas Qk e k
V – são dadas Vk e k e calculadas Pk e Qk.

(referência)

 Dada a topologia da rede elétrica mais as cargas, geração e algumas tensões, etc.,
obter o estado do sistema e os fluxos de potência ativa e reativa em todas as
ligações:

Tabela 4.11.1.1 Divisão do sistema de energia elétrica em subsistema para fins do


cálculo do fluxo de potência.

Subsistema Barras Obter Sequência


Subsistema I PQ V 1 (processo
PV e PQ  iterativo)
Subsistema II Referência P 2 (cálculo direto)
Referência e PV Q
Subsistema III Em todas as ligações Pkm 3 (cálculo direto)
Em todas as ligações Qkm

Subsistema 1(Dimensão: 2 NPQ + NPV)

Pkesp – Pk = 0 para barras PQ e PV

Qkesp – Qk = 0 para barras PQ

sendo:
NPQ : Número de barras PQ
NPV : Número de barras PV
Pkesp : Potência ativa especificada na barra k
esp
Qk : Potência reativa especificada na barra k.

71
Subsistema 2 (Dimensão: NPV + 2)
 Após a resolução do Subsistema 1 e, portanto, já conhecidos Vk e k para todas as
barras, deseja-se calcular Pk e Qk na barra de referência e Qk nas barras PV.

Subsistema 3
 Cálculo dos fluxos ativos e reativos nas LT’s (todos os elementos do sistema):
Pkm e Qkm em todas as TL’s e transformadores.

4.11.2. Perdas

 Ativa
Pkm + Pmk = gkm Vk - Vm2

 Reativa
Qkm + Qmk = - bkmsh (Vk2 + Vm2) - bkm Vk - Vm2

4.11.3. Fluxo de Potência: Métodos de Resolução

 Consiste na resolução de um circuito elétrico


 Sistema de equações e inequações algébricas não-lineares  Resolução por
processo interativo:

 Método de Gauss

 Método de Gauss-Seidel

 Método de Newton

 Desacoplado rápido

 Etc.

72
4.11.4. Fluxo de Potência: Exemplo

Considerando o sistema mostrado abaixo, indicar, em cada barra, o tipo, as


variáveis que devem ser fornecidas (dadas) e as variáveis que devem ser determinadas
(incógnitas).

Figura 4.11.4.1. Sistema-exemplo.

 Este problema apresenta 4 variáveis por barra;


 2 delas devem ser conhecidas e as outras duas são incógnitas;
 os barramentos são:
- PV
- PQ e
- oscilante ou swing (V).

Tabela 4.11.4.1. Tipo de barras e especificação de variáveis.

Barra Tipo da P Q V 
Barra (potência ativa) (potência reativa) (tensão) (ângulo)
0 terra    
1 referência ? ? X X
2 PQ X X ? ?
3 PQ X X ? ?
4 PV X ? X ?
5 PQ X X ? ?
6 PQ X X ? ?
7 PQ X X ? ?
NB.: X = parâmetro fornecido
? = incógnita.

73
4.12. Referência Bibliográfica

[1] MONTICELLI, A.J. “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, Edgard


Blücher Ltda., São Paulo, 1983.

74
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Fluxo de Potência: Exemplos

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 5 Ilha Solteira – SP, Março-2012.

75
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

5.1. Exemplo : Sistema de Três Barras

 Calcular o fluxo de potência da seguinte rede elétrica, via método desacoplado


rápido:

Figura 5.1.1. Diagrama unifilar.

Tabela 5.1.1. Dados do sistema.

Barra Potência Tensão


Número Tipo P Q V 
1 PV 1 ? 1 ?
2 PQ -2 -1 ? ?
3 V (referência) ? ? 1 0
Subsistema 2 Subsistema 1

NB.: Adotar  (tolerância de ângulo e de tensão) igual a 0,01.

5.2. Resolução

1) Cálculo da matriz Ybarra:

 j 0,2 0 
= 
j 0,25
Zprimitiva
 0
 j 5 0 
Yprimitiva = {Zprimitiva}1 = 
 0  j 4

 1 1 0
 =  
 0 1  1

76
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Ybarra = ( Â )T Yprimitiva Â
 j5 j5 0 
Ybarra 
=  j5  j9 j4   G + j B
 0 j4  j4

Neste caso, G = 0 = real(Ybarra) (parte real de Ybarra)

Matriz B (susceptância) = imag(Ybarra) (parte imaginária de Ybarra):

 5 5 0
B =  5  9 4 
 0 4  4

2) Expressões da potência elétrica:

Pk = Vk  Vm (Gkm cos km + Bkm sen km) (5.2.1)


mK
Qk = Vk  Vm (Gkm sen km  Bkm cos km). (5.2.2)
mK

3) Potências nodais:

P1 = +V1 V2 B12 sen12


P2 = +V2 V1 B21 sen21 + V2 V3 B23 sen23
P3 = +V3 V2 B32 sen32
Q1 = V12 B11 V1 V2 B12 cos12
Q2 = V22 B22 V2 V1 B21 cos21 V2 V3 B23 cos23
Q3 = V32 B33 V3 V2 B32 cos32

Considerando-se os dados da rede:

P1 = 5 V2 sen12
P2 = 5 V2 sen21 + 4 V2 sen23
P3 = 4 V2 sen32
Q1 = 5  5 V2 cos12
Q2 = 9 V22  5 V2 cos21 4 V2 cos23
Q3 = 4  4 V2 cos32 .

77
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

4) Condições iniciais:

1(0) = 0 rd. elét. (0o)


2(0) = 0 rd. elét. (0o)
V2(0) = 1 pu.

Subsistema 1

5) Processo iterativo (Método Desacoplado Rápido):

g(X(p)) =  J (X(0)) X (p)


X(p) =  {J (X(0))}1 g(X(p))
X(p+1) = X(p) + X(p)
 5 5 0
J (X ) =  5  9 0 
(0) 
 0 0  9

 0,45  0,25 0 
J (X(0))1 =  0,25  0,25 0 
 0 0  0,1111

  ( p)  0,45 0,25 0   P1( p) 


 1 (p)  0,25 0,25  .  P ( p) 
  2    0   2  (5.2.3)
V ( p)   0 0 0,1111 Q 2 ( p) 
 2   
ou:
 1( p )  0,45 0,25  P1( p ) 
 (p) 
 0,25 0,25 .  (p) 
(5.2.4)
  2    P 2 
V2(p) = 0,1111 Q2(p)

P1esp = 1 Q1esp = ?
P2esp = 2 Q2esp = 1
P3esp = ? Q3esp = ?
P1(p) = P1esp – P1cal (p)
P2(p) = P2esp – P2cal (p)
Q2(p) = Q2esp – Q2cal (p)

78
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

P1 = +1 – 5 V2 sen12
P2 = 2 – 5 V2 sen21  4 V2 sen23
Q2 = 1 – 9 V22 + 5 V2 cos21 + 4 V2 cos23 .

Iteração 1:

  (1)  0,45 0,25 0  1 


 1 (1)  
  2   0,25 0,25 0  .  2
V (1)   0 0 0,1111   1
 2  

1(2) = 0 + (-0,05) = 0,050 rd. elét.


2(2) = 0 + (-0,25) = 0,250 rd. elét.
V2(2) = 1 + (-0,1111) = +0,8889 pu.

Iteração 2:

 Δθ (2) 
 1  0,45 0,25 0   0,1170 
 Δθ (2)   0,25 0,25 0  . - 0,2373
 2  
ΔV (2)   0 0 0,1111 - 0,3103
 2 

1(3) = -0,0567 rd. elét.


2(3) = 0,2801 rd. elét.
V2(3) = +0.8544 pu.

Iteração 3:
 1(3)  0,45 0,25 0    0,0535
 ( 3)  
  2   0,25 0,25 0  .  0,1087 
V (3)   0 0 0,1111   0,1199 
 2  

1(4) = 0,0598 rd. elét.


2(4) = 0,2939 rd. elét.
V2(4) = +0,8411 pu

79
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Iteração 4:

 1( 4 )  0,45 0,25 0   0,0244


 ( 4)  
  2   0,25 0,25 0  .   0,0498
V ( 4)   0 0 0,1111   0,0561
 2  

1(5) = 0,0612 rd. elét.


2(5) = 0,3002 rd. elét.
V2(5) = +0.8349 pu

Iteração 5:

 1(5)  0,45 0,25 0   0,0118


 ( 5)  
  2   0,25 0,25 0  .  0,0242
V (5)   0 0 0,1111   0,0273
 2  
1(6) = 0,0620 rd. elét.
2(6) = 0,3022 rd. elét.
V2(6) = +0,8318 pu

.
.
.

Iteração 10:

 1(10)  0,45 0,25 0   3,7450e - 004 


 (10 )  
  2   0,25 0,25 0  .  7,6683e - 004
V (10)   0 0 0,1111   8,6496e - 004 
 2  

1(11) =  0,0627 rd. elét. (3,59o)


2(11) =  0.3063 rd. elét. (17,55o)
V2(11) = +0,8289 pu.

Teste de Convergência:
1 (11)  1(10) < 
2 (11)  2(10) < 

80
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

V2(11)  V2(10) < .

Subsistema 2
Q1 = V12 B11 V1 V2 B12 cos12
P3 = +V3 V2 B32 sen32
Q3 = V32 B33 V3 V2 B32 cos32
Q1 = 0,9778
P3 = 0,9998 pu
Q3 = 0,8386 pu.

Subsistema 3

Fluxos de Potência (ativa) nas LT’s:


P12 = +1 pu
P21 = 1 pu
P32 = +0,9998 pu
P23 = 0,9998 pu.

5.3. Fluxo de Potência DC

O fluxo de potência DC (fluxo de potência linearizado) [3] constitui-se


numa forma simplificada do fluxo de potência AC. Considera-se somente o modelo do
fluxo de potência ativa do método desacoplado rápido. As tensões são arbitradas iguais
a 1 pu e calcula-se uma única estimativa (1 iteração). Este método tem sido utilizado na
literatura especializada em problemas onde não há necessidade de grande grau de
precisão dos resultados e grande rapidez na obtenção das soluções, e.g., em problemas
associados à expansão do sistema de transmissão, que é um problema de planejamento
de médio ou longo prazo. Neste caso, para obter configurações ótimas, faz-se necessário
gerar um grande número de configurações e, consequentemente, a obtenção do estado
de cada configuração. Deve-se destacar que os dados, considerando-se horizontes
futuros, contêm imprecisão (por exemplo, os dados referem-se, basicamente, à previsão
de carga, que é por natureza imprecisa). Portanto, exigir rigor neste contexto, com
certeza despender-se-ia energia desnecessariamente. Deve-se destacar, ainda, que o uso

81
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

do método de fluxo de potência DC é recomendado para casos em que os módulos dos


ângulos sejam razoavelmente pequenos, i.e., por exemplo, não superior a 30o.

Para ilustrar este método, considera-se o Exemplo 1. A partir do modelo do


fluxo de potência (5.2.4), pode-se estabelecer a seguinte equação:

 1  0,45 0,25  P1esp 


2  0,25 0,25 .  esp  (5.3.1)
    P2 

P1esp = +1
P2esp = 2.

Deste modo, obtém-se:

1 = 0,45 P1esp + 0,25 P2esp


= 0,050 rd. elét. (2,8648o)
2 = 0,25 P1esp + 0,25 P2esp
= 0,250 rd. elét. (14,3239 o).

Para fins comparativos, mostram-se na Tabela (5.3.1) os resultados obtidos


pelo método desacoplado rápido e pelo método fluxo de potência DC.

Tabela 5.3.1. Comparação de resultados: método desacoplado rápido x fluxo de


potência DC.

Barra Método Desacoplado Rápido Fluxo de Potência DC


V  (graus) V  (graus)
1 1 3,59 1 2,8648
2 0,8289 17,55 1 14,3239
3 1 0 1 0

82
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Se compararmos esta solução do fluxo de potência DC com os resultados


obtidos pelo método convencional, pode-se concluir que estas soluções são
razoavelmente próximas. Contudo, a imprecisão torna-se mais evidente à medida que
aumenta a carga do sistema.

5.4. Exemplo 2: Sistema Anderson & Fouad

Cálculo do FP (Fluxo de Potência) do sistema Anderson & Fouad [1].


Trata-se de um sistema de 9 barras, 3 máquinas síncronas e 9 elementos (linhas de
transmissão e transformadores). A escolha deste sistema foi feita, tendo em vista que
no referido livro os resultados podem ser confrontados (há todos os dados e
resultados disponibilizados). A simulação foi realizada usando-se o programa
computacional SIMUL [2], o qual se encontra implantado no Laboratório
Computacional do Departamento de Engenharia Elétrica – UNESP – Câmpus de Ilha
Solteira. Este programa realiza o cálculo do FP baseado no método desacoplado
rápido [4]. São apresentados, na Figura 5.4.1, Tabelas (5.4.1), (5.4.2) e (5.4.3), o
diagrama unifilar e os dados do sistema.

83
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Carga C
2 3
~ ~
2 8 3

7 9

5 6

Carga A Carga B

~ 1

Figura 5.4.1. Sistema de energia elétrica composto por 9 barras.

Tabela 5.4.1. Dados das máquinas síncronas.

Máquina Potência Reatâncias H (s)


Síncrona Mecânica xd x'd
(pu) (pu) (pu)
1 Referência 0,1460 0,0608 9,552
2 1,63 0,8958 0,1198 3,333
3 0,85 1,3125 0,1813 2,352

Tabela 5.4.2. Dados das cargas.

Potência Elétrica Barra de Carga


(pu) 5 6 8
Ativa 1,25 0,90 1,00
Reativa 0,50 0,30 0,35

84
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Tabela 5.4.3. Dados do sistema de transmissão.

Elemento do Sistema de Transmissão


No. Nó Inicial Nó Final Impedância série Susceptância Shunt
(pu) (pu)
1 1 4 0,0000 + j 0,0570 0
2 4 5 0,0100 + j 0,0850 j 0,0880
3 4 6 0,0170 + j 0,0920 j 0,0790
4 5 7 0,0320 + j 0,1610 j 0,1530
5 6 9 0,0390 + j 0,1700 j 0,1790
6 2 7 0,0000 + j 0,6250 0
7 7 8 0,0080 + j 0,0720 j 0,7450
8 8 9 0,0120 + j 0,1008 j 0,1045
9 3 9 0,0000 + j 0,5860 0

X--------------------------- F L U X O D E P O T Ê N C I A --------------------------X
(Execução do Programa SIMUL)

No. BARRAS No. LINHAS No. MAX. ITERAÇÕES TOLERÂNCIA


9 9 100 0.0100

DADOS DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO ------------------------------------------X

LINHA INÍCIO TÉRMINO YSÉRIE YSHUNT


1 1 4 0.0000 -17.3611 0.0000 0.0000
2 4 5 1.3652 -11.6041 0.0000 0.1760
3 4 6 1.9422 -10.5107 0.0000 0.1580
4 5 7 1.1876 -5.97510 0.0000 0.1530
5 6 9 1.2820 -5.58820 0.0000 0.3580
6 2 7 0.0000 -16.0000 0.0000 0.0000
7 7 8 1.6171 -13.6980 0.0000 0.1490
8 8 9 1.1551 -9.78430 0.0000 0.2090
9 3 9 0.0000 -17.0648 0.0000 0.0000
-----------------------------------------------------------------------------------------------------

ESPECIFICAÇÃO DE POTÊNCIA E DE TENSÃO --------------------------------X

BARRA NOME TIPO X--- Geração ---X X--- Carga ---X X----- Tensão -----X
Ativa Reativa Ativa Reativa Módulo Arg(gra)
1 BAHIA 3 Não Esp. Não Esp. 0.0000 0.0000 1.0400 0.0000
2 AZUL 2 1.6300 Não Esp. 0.0000 0.0000 1.0250 Não Esp.
3 DUMAS 2 0.8500 Não Esp. 0.0000 0.0000 1.0250 Não Esp.

85
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

4 MARROM 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 Não Esp. Não Esp.


5 CYAN 1 0.0000 0.0000 1.2500 0.5000 Não Esp. Não Esp.
6 PRETO 1 0.0000 0.0000 0.9000 0.3000 Não Esp. Não Esp.
7 CHIPRE 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 Não Esp. Não Esp.
8 GRÉCIA 1 0.0000 0.0000 1.0000 0.3500 Não Esp. Não Esp.
9 ITÁLIA 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 Não Esp. Não Esp.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: BARRA TIPO 1 - BARRA(PQ)
TIPO 2 - BARRA(PV)
TIPO 3 - BARRA DE FOLGA (BARRA DE REFERÊNCIA)
“Não Esp.” significa “Não especificada”, ou seja, identifica a variável a ser determinada.

PROCESSO ITERATIVO -----------------------------------------------------------------X

ITERAÇÃO 1 (Valores das tensões estão expressos na forma complexa).

BARRA X--- TENSÃO ----X


1 1.0400 0.0000
2 1.0116 0.1650
3 1.0217 0.0827
4 1.0333 -0.0447
5 1.0095 -0.0801
6 1.0295 -0.0765
7 1.0244 0.0639
8 1.0227 0.0074
9 1.0341 0.0333
Real   Imaginário
ITERAÇÃO 2

BARRA X--- TENSÃO ----X


1 1.0400 0.0000
2 1.0113 0.1670
3 1.0215 0.0849
4 1.0213 -0.0387
5 0.9837 -0.0677
6 1.0061 -0.0649
7 1.0181 0.0680
8 1.0114 0.0144
9 1.0299 0.0371

ITERAÇÃO 3

BARRA X--- TENSÃO ----X


1 1.0400 0.0000
2 1.0114 0.1665
3 1.0216 0.0831
4 1.0216 -0.0399
5 .9845 -0.0689
6 1.0073 -0.0653

86
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7 1.0184 0.0669
8 1.0120 0.0128
9 1.0301 0.0350

MÉTODO ITERATIVO DESACOPLADO RÁPIDO: CONVERGÊNCIA EM 3 ITERAÇÕES

BARRA NOME TIPO X--- Geração ---X X--- Carga ---X X----- Tensão -----X
Ativa Reativa Ativa Reativa Módulo Arg(gra)
1 BAHIA 3 0.7202 0.3320 0.0000 0.0000 1.0400 +0.0000
2 AZUL 2 1.6300 0.1516 0.0000 0.0000 1.0250 +9.3482
3 DUMAS 2 0.8500 0.079 0.0000 0.0000 1.0250 +4.6505
4 MARROM 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0224 2.2359
5 CYAN 1 0.0000 0.0000 1.2500 0.5000 0.9869 4.0051
6 PRETO 1 0.0000 0.0000 0.9000 0.3000 1.0094 3.7099
7 CHIPRE 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0206 +3.7579
8 GRÉCIA 1 0.0000 0.0000 1.0000 0.3500 1.0121 +0.7236
9 ITÁLIA 1 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 1.0307 +1.9473
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9.5. Referências

[1] Anderson, P.M. and Fouad, A. A. “Power System Control and Stability”, IOWA State
University Press, USA, 1977.

[2] Minussi, C. R. and Freitas Filho, W. “Sensitivity Analysis for Transient Stability”, IEE
Proceedings on Generation, Transmission And Distribution, Vol. 145, No. 6, pp. 669-674,
1998.

[3] Monticelli, A. J. “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, Editora Edgard Blücher
Ltda., São Paulo, 1883.

[4] Stott, B. and Alsaç O. “Fast Decoupled Load Flow”, IEEE Transactions on Apparatus
Systems, PAS-93, 1974, pp. 859-869.

87
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Câmpus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Fluxo de Potência: Controles e Limites

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 6 Ilha Solteira – SP, Março-2012.

88
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

6.1. Fluxo de Potência: Controles e Limites

 No Capítulo anterior foi formulado o problema do FP (Fluxo de Potência)


obtendo-se a solução (Estado: ângulos e magnitudes da tensão das barras).

Limites:  Neste caso, não houve preocupação em observar se a solução obtida


supre as restrições, e.g.:
Qmini < Qi < Qmaxi
Vmini < Vi < Vmaxi
Limite mínimo < Fluxos nas linhas de transmissão < Limite máximo.

Controles:  São os agentes que, através de um processo de sintonia, permitem obter


soluções que atendem o conjunto de restrições. Tais agentes são:
 transformadores defasadores;
 controle de tap’s (em transformadores);
 capacitores;
 reatores shunt;
 FACTS;
 etc.

 Controle da Magnitude de Tensão (Local ou Remota)

 por injeção de reativos;


 por ajuste de tap’s (transformadores em-fase).

 Controle de Fluxo de Potência Ativa

 transformadores defasadores;
 FACTS.

89
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

 Controle de Intercâmbio Entre Áreas

Limites de operação mais comuns:

 limites de injeção de potência reativa nas barras PV;


 limites de tensão em barras PQ;
 limites de tap’s de transformadores;
 limites de fluxos em circuitos.

6.2. Modos de representação

 Existem, basicamente, três maneiras de representar os controles mencionados


anteriormente:
a) Classificação por tipo de barra (PQ, PV, V, etc.) e o agrupamento das
equações referentes aos subsistemas 1 e 2. Isto significa que, por exemplo, o
controle de tensão em barras PV já está representado nas equações básicas do
FP, pela própria definição de barra PV. Este procedimento é utilizado
eficientemente, tanto com o método de Newton, como com os métodos
desacoplados;
b) mecanismos de ajustes executados alternadamente com a solução iterativa do
subsistema 1, ou seja, durante o cálculo de uma iteração, as variáveis de
controle permanecem inalteradas e, entre uma iteração e outra, estas variáveis
são reajustadas procurando-se fazer com que as variáveis controladas se
aproximem cada vez mais dos respectivos valores especificados;
c) incorporação de equações e variáveis adicionais ao subsistema 1 ou
substituição de equações e variáveis dependentes desse subsistema por novas
equações e / ou variáveis. Por exemplo:
 um transformador defasador puro, cuja variável de controle é o ângulo
km, e a variável controlada é o fluxo de potência ativa Pkm, que pode ser
representado por uma equação adicional anexada ao subproblema 1

90
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

(Pespkm – Pcalkm = 0) e pela incógnita km agregada ao vetor das variáveis


dependentes X.
 um transformador em-fase, cuja variável de controle é a relação de
transformação (akm), e a variável controlada, por exemplo, a magnitude da
tensão Vm, pode ser representada pela simples alteração do vetor de
variáveis dependentes X, no qual a magnitude da variável controlada Vm é
substituída pela relação de transformação (akm), mantendo-se inalterado o
conjunto de equações do subproblema 1.

NB. A convergência do processo iterativo geralmente fica mais lenta.

6.3. Ajustes Alternados

 O procedimento de ajuste iterativos, efetuados alternadamente com as iterações do


processo de resolução do subsistema 1, objetiva manter a variável controlada Z
em um valor especificado Zesp, corrigindo-se convenientemente a variável de
controle U:

U =  Z (6.3.1)
=  (Zesp  Zcal)

sendo:
U = correção na variável de controle;
Z = erro na variável controlada;
 = sensibilidade entre as variáveis U e Z.

O esquema geral do procedimento de ajuste é descrito a seguir:


(i) definir os valores iniciais das variáveis de controle U = U0;

91
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

(ii) obter uma solução inicial do subsistema 1 que forneça o estado do sistema. Esta
solução pode ser obtida com tolerâncias maiores que as exigidas com relação à
solução final ou, então, com certo número prefixado de iterações;

(iii) estimar os valores atuais das variáveis controladas, Zcal, e verificar se os erros Z
já estão dentro das tolerâncias especificadas. Dependendo dos erros P e Q das
equações do subsistema 1, o processo iterativo pode já estar concluído. Se não
estiver, ir para o passo (iv);
(iv) determinar os novos valores das variáveis de controle utilizando-se as relações
definidas pela equação (6.3.1), avaliando-se, previamente, quando necessário, os
fatores de sensibilidade ;

(v) efetuar mais uma iteração (Método de Newton ou Desacoplado) no processo de


resolução do subsistema 1 e voltar ao passo (iii).

Dificuldade: Obtenção do cálculo (ou estimativa) de .

6.4. Controle de tensão em Barras PV

 Nas barras de geração e nas barras em que são ligados os compensadores


síncronos (ou um outro componente que produza resultado similar), o controle da
magnitude da tensão nodal é feito pelo ajuste da corrente de campo das máquinas
síncronas, que podem operar sobre ou subexcitadas, injetando ou absorvendo
reativos da rede de transmissão. O mesmo tipo de controle pode ser conseguido,
também, pela atuação de dispositivos estáticos:

Subsistema 1  Subsistema 2
Barras PV  Q
Fornecidos 

92
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

 a tensão V deve ser mantida constante (Vesp) com Qmini < Qi < Qmaxi;

 supondo-se que em cada iteração aumenta a injeção de reativos Qi até o limite


Qmaxi necessária para manter V constante (V = Vesp). A partir daí, a tensão V
tenderá cair em consequência da insuficiência de suporte de reativos;

 raciocínio análogo vale quando é atingido o limite Qmini, caso em que a magnitude
de tensão tenderá subir;

 assim, as injeções de potência reativa nodais (subsistemas 2) devem ser calculadas


ao final de cada iteração para verificar se estes valores estão dentro dos limites
especificados:

 se Qcali cair fora dos limites, os tipos das barras nas quais isto ocorre, são
redefinidos, passando de PV para PQ, com injeções de reativos especificadas
no limite violado. As magnitudes de tensão destas barras são liberadas,
passando a ser calculadas, a cada iteração, como parte do vetor das variáveis
dependentes X;

 após uma barra PV ter sido transformada em PQ, deve-se testar, a cada iteração
subsequente, a possibilidade de esta barra voltar a seu tipo original (PV).

6.5. Limites de Tensão em Barras PQ

 Subsistema 1
Barras PQ  V
Fornecidos   Calculados

 se Vmini < Vi < Vmaxi  OK!;

 se Vi cair fora dos seus limites (Vmini , Vmaxi ), o tipo da barra em que ocorre a
violação é redefinido, passando de PQ para PV com tensão especificada no limite
violado. A injeção de reativos Qi é liberada passando a ser recalculada a cada
iteração.

93
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

6.6. Referência Bibliográfica

[1] MONTICELLI, A.J. “Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica”, Edgard


Blücher Ltda., São Paulo, 1983.

94
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Câmpus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Transitórios Em Sistemas de Energia


Elétrica

Carlos Roberto Minussi

Capítulo 7 Ilha Solteira – SP, Março-2012.

95
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7. TRANSITÓRIOS EM SISTEMAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Os estudos sobre transitórios em Sistemas Elétricos de Potência (SEP)


compreendem a análise dos impactos causados por grandes perturbações: descarga atmosférica,
curto-circuito, entrada / saída de componentes (gerador, linha de transmissão, etc.) de operação.
Estas perturbações causam grandes flutuações dinâmicas de estado. Dependendo da velocidade
dos transitórios, podem-se agrupá-los nas três seguintes classificações:

1. Transitórios ultrarrápidos ou fenômenos de surto. Este tipo de transitório é causado por


descargas atmosféricas, principalmente nas linhas de transmissão expostas, ou pelas
mudanças abruptas, porém normais, na rede de energia elétrica resultantes de operações
regulares de chaveamento.

2. Transitórios meiorrápidos ou fenômeno de curto-circuito.

3. Transitórios lentos ou estabilidade transitória.

Neste capítulo serão abordados estes três tipos de transitórios.

7.1. TRANSITÓRIOS ULTRARRÁPIDOS

Estimar as sobretensões causadas por descargas atmosféricas ou operações de


chaveamento é de primordial importância como forma de estabelecer uma base para a escolha
do nível de isolação e da proteção contra surtos. Neste sentido, a seguir apresentar-se-ão os
rudimentos sobre os transitórios ultra-rápidos.

7.1.1. Ondas Progressivas (Ondas Viajantes)

Os modelos matemáticos são baseados nas seguintes hipóteses simplificadoras:

1. a resistência da linha de transmissão é desprezada. Trata-se de uma hipótese razoável, tendo


em vista que em situações práticas em linhas de transmissão de nível de tensão elevadas,
observa-se que a resistência é bem menor do que a reatância (X/R > 4). Além disto, ao
desconsiderarmos a resistência, está-se a favor da segurança;

96
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

2. o modelo será desenvolvido por fase. Trata-se, também de uma hipótese razoável,
principalmente quando o neutro estiver solidamente aterrado e com níveis de carregamento
for equilibrado (ou muito próximo) nas três fases.

Assim sendo, considere a representação por fase de um elemento diferencial dx da


linha de transmissão, como mostrada na Figura 7.1.1.1. A tensão v(x,t), medida na coordenada
x, varia da seguinte forma:

v( x , t )
dx ao longo do elemento dx.
x

Figura 7.1.1.1. Elementos diferenciais da linha de transmissão.

Desprezando a resistência da linha de transmissão, a queda de tensão no elemento


dx será:

I( x , t )
L dx.
t

Para que haja equilíbrio de tensão (segunda lei de Kirchhoff) deve-se ter, portanto:

v( x, t ) I( x , t )
=L dx (7.1.1.1)
x t

Analogamente, para o equilíbrio de corrente (primeira lei de Kirchhoff), tem-se:

I( x , t ) v( x , t )
=C dx (7.1.1.2)
x t

A equação da onda e sua solução podem ser obtidas da seguinte forma.


Diferenciando-se a equação (7.1.1.1) em relação a x e a equação (7.1.1.2) em relação a t obtém-
se:

v 2 ( x , t ) 1 v 2 ( x , t )
= (7.1.1.3)
x 2 k2 t 2

sendo:

k  velocidade da onda

97
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

1
= (m/s) (.1.1.4)
LC
A equação (7.1.1.3) corresponde à equação da onda. Pode-se provar, facilmente,
por substituição, que a equação da onda possui a seguinte solução geral:

v(x,t) = v1(x – k t) + v2(x + k t) (7.1.1.5)

Nesta solução, v1 e v2 são funções arbitrárias dos argumentos (x – k t) e (x + k t),


respectivamente. A forma real destas funções é determinada a partir da tensão inicial e das
distribuições de corrente ao longo da linha de transmissão.

As funções v1(x – k t) e v2(x + k t) representam frentes de onda avançando com


velocidade k no sentido positivo e sentido negativo de x, respectivamente.

A partir da solução de tensão, calcula-se a derivada parcial:

v( x, t ) dv1( x - k t ) dv 2( x  k t )
= +
x d( x - k t ) d(x  k t )

Substituindo-se esta equação em (7.1.1.1), obtém-se:

dv1( x - k t ) dv 2( x  k t ) I( x , t )
+ = L (7.1.1.6)
d( x - k t ) d(x  k t ) t

Integrando-se a equação (7.1.1.6) em relação a t, resulta em:

dv1( x  k t ) dv 2( x  k t )

T
{ } + T { } = L I(x,t) (7.1.1.7)
d( x  k t ) d(x  k t )

Calculando-se as integrais de (7.1.1.7), obtém-se a expressão da corrente:

1 1
 v1(x – k t) + v2(x + k t) =  L I(x,t)
k k

ou:

1 1
I(x,t) = v1(x – k t)  v2(x + k t) (7.1.1.8)
Lk Lk

98
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

A equação (7.1.1.8) pode ser colocada na seguinte forma:

1 1
I(x,t) = v1(x – k t)  v2(x + k t) (7.1.1.9)
Rw Rw

sendo:

Rw  impedância da onda
= Lk
1
= L
LC

= L/C .

Exemplo. Considerando-se, por exemplo, uma linha de transmissão com os seguintes


parâmetros:
L = 1,33 x 106 H/(m e fase)
C = 8,86 x 1012 F/(m e fase).
A velocidade da onda é, portanto:
1
k =
LC
1
=
(1,33 x 10 )(8,86 x x 10 12 )
6

= 2,913 x 108 m/s (NB. Velocidade da luz = 3 x 108 m/s).


A impedância da onda é:
L
Rw =
C

1,33 x 10 6
=
8,86 x 10 12

= 387,444  .

Na Figura 7.1.1.2, apresenta-se o comportamento da onda progressiva, supondo-se


uma descarga atmosférica retangular (adotada apenas como forma de ilustração) distribuída em
1 quilômetro de extensão com tensão de 1000 kV.

99
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.1.1.2. Distribuição de ondas progressivas em dois instantes (t2 e t2) distintos.

7.1.2. Reflexão e Refração de Ondas Viajantes

Toda vez em que uma onda viajante encontra uma junção (mudança de
impedância), parte dela irá refletir e parte irá refratar (adentrar na junção), conforme pode-se
observar na Figura 7.1.2.1.
Sendo:
ZA  impedância do trecho à esquerda da junção;
ZB  impedância do trecho à direita da junção;

Figura 7.1.2.1. Reflexão e refração da onda viajante.

Considera-se como sendo uma junção o ponto onde há mudança de impedância,


e.g., o ponto de conexão de uma linha de transmissão e um transformador, curto circuito, etc.

Considerando-se uma junção entre linhas de transmissão caracterizadas pos


impedâncias ZA e ZB e supondo-se ZA > ZB. Considerando-se, ainda, ondas viajantes de

100
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

tensão (v1) e de corrente (I1) no trecho A aproximando-se da junção. As ondas v1 e I1 são


ondas incidentes à junção. Deste modo, a corrente do trecho A vale:
v1
I1 =
ZA
As ondas de corrente refletida (I2) e refratada (I3), podem ser expressas,
respectivamente, por:
v2
I2 =  (o sinal negativo é procedente pelo fato da corrente I2 dirigir-se par a esquerda
ZA
(vide equação (7.1.18)))
V3
I3 =
ZB
sendo:
I2 : onda viajante de corrente refletida;
I3 : onda viajante de corrente refratada.

As ondas de tensão e de corrente na junção (descontinuidade) são assim definidas:


v1 + v2 = V3 (7.1.2.1)
I1 + I2 = I3 (7.1.2.2)
ou:
v1 v2 v3
 = (7.1.2.3)
ZA ZA ZB
Combinando-se as equações (7.1.2.1) e (71.2.3), obtém-se:
v2 = a v1 (7.1.2.4)
v3 = b v1 (7.1.2.5)
sendo:
a  coeficiente de reflexão
 ZB  ZA 
=  ;
 ZA  ZB 
b  coeficiente de refração
 2 ZB 
=  .
 ZA  ZB 
Exemplo. Supondo-se que ZA = 400, ZB = 50 e v1 = 300 kV, então:
I1 = 300.000 V / 400 
= 750 A;
a = 50 – 400)/(50+400)
= 0,7778 (coeficiente de refração);
b = 2 x 50/ (50+400)

101
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

= 0,2222 (coeficiente de refração);


v2 = 0,7778 x 300.000 V
= 233,340 kV;
I2 = -v2/ZA
= 583,35 A;
v3 = 0,2222 x 300000 V
= 66,66 kV.
I3 = v3/ZB
= 1.333,20 A.

Figura 7.1.2.2. Ondas viajantes ao atingir uma bifurcação.


Para a situação geral (Figura 7.1.2.1), tem-se para as ondas de corrente refratadas:
v3B
I3B =
ZB
v3C
I3C =
ZC
.
. (7.1.2.6)
.
v3 N
I3N = .
ZN

Para a onda de corrente refletida, tem-se:


v 2A
I2A =  (7.1.2.7)
ZA
Na junção, tem-se as seguintes relações:
v1A + v2A = v3V = v3C . . . v3N (71.2.8)
I1A + I2 A = I3B + I3C + . . . I3N (7.1.2.9)
As equações 7.1.2.6 a 7.1.2.9 são suficientes para determinar os coeficientes de
reflexão e refração de descontinuidades em bifurcação.

102
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.1.3. Comportamento de Ondas Viajantes em Terminais de Linhas de


Transmissão

As terminações de linhas de transmissão aqui consideradas são:


a) Curto-circuito;
b) Circuito aberto;
c) Terminação geral.

7.1.3.1. Terminal em Curto-Circuito

Este problema é caracterizado por uma junção tendo de lado uma impedância ZA e
no outro por ZB = 0 (curto-circuito sólido). Assim, usando as expressões dos coeficientes de
reflexão e de refração, obtêm-se os seguintes resultados:
 0  ZA 
v2 =   v1
 0  ZA 
= v1
v1
I1 =
ZA
v2
I2 = 
ZA
= I1
 2x0 
v3 =   v1
 0  ZA 
= 0.
I3 = I1 + I2
= 2 I1.
sendo:
v1 : onda de tensão incidente;
v2 : onda de tensão refletida;
v3 : onda de tensão refratada;
I1 : onda de corrente incidente;
I2 : onda de corrente refletida;
I3 : onda de corrente refratada.

Assim, conclui-se que ondas viajantes ao encontrar um terminal em curto-circuito,


produzirão uma tensão nula e corrente duplicada. Deve-se observar que um terminal em curto-

103
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

circuito pode ter sido causado pela superposição de ondas viajantes (através da combinação dos
processos associados à incidência, reflexão e refração) e em instantes de tempo anteriores.

7.1.3.2. Terminal Aberto

Este problema é caracterizado por uma junção tendo de lado uma impedância ZA e
no outro por ZB = . Assim, usando as expressões dos coeficientes de reflexão e de refração,
obtêm-se os seguintes resultados:
   ZA 
v2 =   v1
   ZA 

= v1 (indeterminação)  aplicando o conceito de limite v2 = lim (a v1), obtém-se:
 ZB  

= v1
v1
I1 =
ZA
v2
I2 = 
ZA
= I1
 2x 
v3 =   v1
   ZA 

= v1 (indeterminação). Usando-se o conceito de limite, obtém:se

= 2 v1
I3 = I1 + I2
= 0
sendo:
v1 : onda de tensão incidente;
v2 : onda de tensão refletida;
v3 : onda de tensão refratada;
I1 : onda de corrente incidente;
I2 : onda de corrente refletida;
I3 : onda de corrente refratada.

Conclui-se, por conseguinte, que ondas viajantes ao encontrar um terminal aberto,


produzirão uma tensão duplicada e corrente nula.

104
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.1.3.3. Terminal Geral

A estimativa da distribuição das ondas de tensão e de corrente em terminais


genéricos pode ser determinada usando as expressões de “a” e de “b”:
 ZB  ZA 
a =  ; (7.1.3.3.1)
 ZA  ZB 

 2 ZB 
b =  . (7.1.3.3.2)
 ZA  ZB 
Em se tratando de terminais, por exemplo, capacitivo ou indutivo pode-se resolver
a distribuição das ondas viajantes lançando mão da técnica clássica da transformada de Laplace,
tendo em vista que os modelos (com a presença de indutor/capacitor) são funções do tempo
durante o transitório. Neste caso, o processo acontece em consonância com os seguintes
resultados:
a) Terminal Capacitivo. Este terminal, inicialmente comporta-se como um curto-circuito e
evoluindo para o comportamento como um terminal aberto.

b) Terminal Indutivo. Este terminal, inicialmente comporta-se como um circuito aberto


circuito e evoluindo para o comportamento como um terminal sob
curto-circuito. Este é o caso típico de uma onda viajante quando
encontra um transformador, ou seja, o transformador “protege” o
equipamento elétrico, e.g., um gerador conectado ao transformador.

Deste modo, o terminal indutivo comporta-se como sendo um modelo dual do


terminal capacitivo. Ressalta-se que a resistência presente no circuito produz a atenuação das
ondas viajantes até o desaparecimento definitivo. Ressalta-se, ainda, que ondas refletidas e
refratadas são ondas incidentes no encontro com terminais adjacentes. Este processo ocorre em
uma velocidade próxima à velocidade da luz, fazendo com que, nos vários terminais, possa
ocorrer sobreposição das ondas viajantes de corrente e de tensão e, consequentemente, pode
produzir sobretensões e sobrecorrentes. Felizmente, as resistências presentes no circuito elétrico
fazem com que tais ondas sejam atenuadas rapidamente (nos primeiros milissegundos após o
início do transitório).
A distribuição de ondas viajantes, via processo de incidência/reflexão/refração,
pode ser determinada usando-se o diagrama de treliça (lattice). Os fundamentos do diagrama de
treliça podem ser encontrados na referência [9].

105
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.1.4. Transitórios de Chaveamento

O que foi abordado sobre transitórios refere-se ao estudo sobre descargas


atmosféricas. Os transitórios de chaveamento (operações normais realizadas nos sistemas
elétricos de potência) são observadas, também, consequências semelhantes. O tipo mais simples
é o gerado pela operação de fechamento de chave, quando uma linha de transmissão estiver
sendo energizada. Ocorrendo a formação de arco, tal evento produzirá uma onda que viajará no
sistema elétrico com velocidade próxima à velocidade da luz, cujo valor será determinado pelos
parâmetros L e C da linha de transmissão (equação 7.1.1.4). A amplitude da frente da onda
depende do instante do ciclo de 60 Hz em que a chave é fechada. O caso mais crítico ocorre
quando o chaveamento é executado coincidindo com o ponto máximo da tensão de 60 Hz. Nesta
circunstância, por reflexão, causará uma tensão duplicada.
As mesmas consequências podem ocorrer no caso de “refaiscamento”, que ocorrem
durante manobras de abertura de chave.

7.2. TRANSITÓRIOS RÁPIDOS – FENÔMENO DE CURTO-CIRCUITO

Os transitórios referentes ao fenômeno de curto-circuito são divididos em:


a) Curtos-Cicuitos Simétricos;
b) Curtos-Circuitos Assimétricos.

7.2.1. Curto-Circuito Simétrico

Trata-se de um defeito (falta) que envolve as três fases simultaneamente. A


ocorrência deste tipo de falta é bastante rara correspondendo a menos de 5% do total de faltas
observadas em sistemas elétricos de potência. Porém, é um defeito de maior intensidade. Deste
modo, o estudo dos curtos-circuitos simétricos é de grande relevância para estabelecer o projeto
e operação dos sistemas de proteção.

O cálculo das correntes e a distribuição de tensão nas barras do sistema é


comumente realizado usando-se o teorema de Thévenin, bem como se levando em conta os
resultados ilustrados na Figura 7.2.1.1. A corrente pré-falta (Io) é mostrada na referida figura. O
fator de potência deste corrente (Io), neste caso, é muito próximo de 1. Quando ocorre um curto-
circuito, as reatâncias das máquinas síncronas são reduzidas drasticamente (x’d < xd /10) como

106
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

consequência da atuação dos enrolamentos amortecedores e de campo. Deste modo, a corrente


de curto circuito (If) crescerá a um patamar superior a 10 vezes a corrente pré-falta. A corrente
If que circulará no sistema terá uma forte tendência a tornar-se reativa e é representada pela
soma vetorial entre a corrente pré-falta e a corrente de falta de Thévenin (desconsiderada a
distribuição de corrente pré-falta) denotada por Ifaprox. Como se pode observar que se
considerarmos ou não a distribuição de corrente pré-falta nos cálculos não terá grande
importância, ou seja, Ifaprox If (I pequeno) e, certamente, simplificará os cálculos, conforme
será abordado a seguir.

Figura 7.2.1.1. Representação das correntes elétricas pré e pós-falta (curto-circuito).

A distribuição das tensões nodais causada por um curto-circuito trifásico


equilibrado pode ser determinada por meio da seguinte equação (aplicação do teorema de
Thévenin):
Vfbarra = Vobarra + VT (7.2.1.1)
sendo:
Vfbarra : vetor de tensão nodal do sistema elétrico pós-falta;

Vobarra : vetor de tensão nodal do sistema elétrico pré-falta


VT : vetor tensão de Thévenin.
Usando-se o teorema de Thévenin, o vetor de tensão VT pode ser calculado da
seguinte forma:
VT = Zbarra If (7.2.1.2)

107
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

sendo:
Zbarra : matriz de impedância de barra;
If : vetor de corrente de falta.

A matriz Zbarra pode ser obtida usando os cálculos apresentados no Apêndice A.


Considerando-se que o curto-circuito aplicado em uma barra genérica k, assim, If pode ser
escrito da seguinte forma:

 0 
 . 
 
 . 
 
 . 
If =  If   posição “k” do vetor If. (7.2.1.3)
 
 . 
 . 
 
 . 
 
 0 

Substituindo-se as equações (7.2.1.2) e (7.2.1.3) em (7.2.1.1), obtém-se a seguinte


distribuição de tensões nodais:

Zik
Vfi = Voi  V o k , para i  k (7.2.1.4)
Z k  Zkk
f

Zf k
Vfk = Vok , (7.2.1.5)
Z k  Zkk
f

A corrente da falta na barra k (barra onde ocorreu o curto-circuito).

Vok
Ifk = (7.2.1.6)
Z f k  Zkk

Ressalta-se que se Zf = 0, diz-que o curto-circuito é sólido, franco ou metálico.


Neste caso, as equações (7.2.1.4) a (7.2.1.6) tornam mais simples.
sendo:
Zij : (i,j)-ésimo elemento da matriz Zbarra;
Zfk : impedância de falta na barra k;
Vfi : tensão de falta da barra i;
Voi : tensão pré-falta da barra i;
Ifk : corrente de falta da barra k;

108
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

k : barra sob ocorrência de um curto-circuito trifásico.

Exemplo. Determinar as tensões nodais de falta e corrente de falta do sistema elétrico mostrado
na Figura 7.2.1.2 considerando-se um curto-circuito trifásico sólido na barra 2.
Considerar as tensões nodais pré-falta igual a 1 pu.

Figura 7.2.1.2. Sistema elétrico de 4 barras.

a) Cálculo da matriz Zbarra:

Ybarra = AT [y] A

Zbarra = {Ybarra}1

 1 0 0
 0 1 0 
 
A =  0 1  1
 
 1 0 0
 1 0  1

0,6 0 0 0 0
 0 0,5 0 0 0 

z = (+j)  0 0 0,5 0 0
 
0 0 0 0,4 0 
 0 0 0 0 0,2

109
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

1,667 0 0 0 0
 0 2 0 0 0

y = (j)  0 0 2 0 0
 
 0 0 0 2,5 0
 0 0 0 0 5

9,1667 0  5
Ybarra = (j)  0 4  2
  5  2 7 

2 3 4  (barras)
2 0,2000 0,0833 0,1667 
Zbarra = (+j) 3  0,0833 0,3264 0,1528  .
4  0,1667 0,1528 0,3056

(barras)

b) Cálculo das tensões nodais de falta:

Usando-se as equações 7.2.1.4 e 7.2.1.5, obtém-se o seguinte resultado:


Vf2 = 0 pu;

j0,0833
Vf3 = 1 pu  1 pu
j0,20

= 0,5835 pu

j0,1667
Vf4 = 1 pu  1 pu
j0,20

= 0,1665 pu
A corrente de curto-circuito vale:

1 pu
If2 =
j0,20

= j5 pu.

110
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.2.2. Curto-Circuito Assimétrico

Nas análises anteriores considerou-se uma completa simetria de fases, ou


equilíbrio. Portanto, as impedâncias de carga (ou de falta) eram iguais nas três fases e as tensões
e correntes eram caracterizadas por valores iguais em cada fase e deslocadas de 120o e 240o no
tempo. Contudo, quando não há perfeita simetria, deve-se modelar o problema levando-se em
conta estes detalhes. Serão apresentadas, a seguir, as diferentes representações dos tipos de falta
para posterior inclusão dos seus efeitos na análise de estabilidade transitória.
As faltas a serem analisadas compreendem os curtos-circuitos monofásico, bifásico
(fase-a-fase) e fase-a-fase para a terra. Os estudos, por se tratarem de análises nas três fases,
serão abordados utilizando-se o conceito de componentes simétricos ([5], [15]). Neste caso, as
correntes e tensões são expressas em função dos componentes de sequência positiva, negativa e
zero, os quais podem ser convertidos nas variáveis originais (de fases) utilizando uma
transformação.

7.2.2.1 As Tranformações de Componentes Simétricos

A característica principal deste método é a decomposição das correntes e tensões,


num conjunto de componentes que possuem certas condições de simetria ([5]). Se Ia, Ib e Ic
representam as três correntes de fases desequilibradas, em um ponto da rede, então, por
definição, decompõem-se estas correntes em nove componentes, da seguinte forma:

Ia  Ia+ + Ia + Ia0

Ib  Ib+ + Ib + Ib0

Ic  Ic+ + Ic + Ic0 . (7.2.2.1.1)

sendo:
Ia+, Ib+ e Ic+ = componentes de sequência positiva referentes às fases a, b e c,
repectivamente;

Ia, Ib e Ic = componentes de sequência negativa referentes às fases a, b e c,


repectivamente;
Ia0, Ib0 e Ic0 = componentes de sequência zero referentes às fases a, b e c, repectivamente;

111
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Designa-se as grandezas de sequência positiva, negativa e zero pela simbologia


(+, , 0) ou (1, 2, 0).

Pode-se, então, decompor os três fasores em nove componentes de um número


infinito de modos. A fim de que as três equações anteriores dêem soluções únicas, é necessário
que se imponha seis restrições adicionais às novas variáveis (nove). Deste modo, escolhem-se as
seguintes ([5]):

Ib+ = Ia+ exp(j120o)

Ib = Ia exp(j120o)

Ic+ = Ia+ exp(j120o)

Ic = Ic exp(j120o)

Ia0 = Ib0 = Ic0 . (7.2.2.1.2)

Observa-se que os componentes de sequência positiva e negativa constituem-se,


respectivamente, em conjuntos de fasores que possuem simetria trifásica. Os componentes de
sequência zero são iguais em módulo e fase.
Substituindo-se as equações (7.2.2.1.2) em (7.2.2.1.1), obtém-se o seguinte sistema
matricial:

Ip = T Is (7.2.2.1.3)

sendo:
Ip = vetor correntes de fases

 Ia 
 
  Ib
 Ic 

Is = vetor correntes de sequência

 Ia  
 
  Ia  
 Ia 0 

T = transformação de sequência

112
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

 1 1 1
 2 
   1
  2 1 

  exp(j120o)

= 0,5 + j 0,866.

As correntes de sequência, a partir da equação (7.2.2.1.3), podem ser expressas por:

Is = {T}1 Ip (7.2.2.1.4)

Esta equação matricial é chamada transformação inversa.

Da mesma forma como são tratadas as correntes, as tensões podem ser expressas
por:
Vp = T Vs (7.2.2.1.5)
ou

Vs = {T}1 Vp (7.2.2.1.6)

sendo:
Vp = vetor tensões de fases

 Va 
 
  Vb
 Vc 

Is = vetor tensões de sequência;

 Va  
 
  Va  
 Va 0 

Apresenta-se, a seguir, a representação dos componentes simétricos das equações


referente a uma máquina síncrona assimetricamente carregada, conforme mostra-se na Figura
(7.2.2.1.1).

113
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.1.1.  Representação de uma máquina síncrona.

A partir da Figura (7.2.2.1.1), pode-se expressar a equação que relaciona as tensões


e correntes da máquina síncrona:

Vp = Ep  Z Ip (7.2.2.1.7)

sendo:
Ep : vetor correspondente às tensões da máquina síncrona;
Z : matriz de impedância da máquina síncrona.

Expressando-se a equação matricial (7.2.2.1.7) em seus componentes de


sequências, obtém-se:

Va+ = Ea  Za+ Ia+

Va = 0  Za Ia

Va0 = 0  Za0 Ia0 (7.2.2.1.8)

sendo:

Za+, Za e Za0 = impedâncias de sequências positiva, negativa e zero da rede.

A partir das equações (7.2.2.1.8), pode-se observar que as tensões internas da


máquina síncrona, por serem eletricamente projetada, não existem forças eletromotrizes de
sequências negativa e zero. Na Figura (7.2.2.1.2) mostra-se a representação das equações
(7.2.2.1.8) em redes de sequências.

Figura 7.2.2.1.2  Redes de sequências positiva, negativa e zero.

114
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Deste modo, as redes de sequência (Figura (7.2.2.1.2)), dependendo dos arranjos,


podem simular qualquer falta, como mostra-se a seguir.

7.2.2.2. Curto-Circuito Monofásico

Considere o circuito trifásico mostrado na Figura (7.2.2.2.1) inicialmente a vazio.


Um curto-circuito monofásico (fase a) para a terra com impedância Zf pode ser descrito pelas
seguintes equações:
Ib = 0
Ic = 0
Va = Ia Zf .

Figura 7.2.2.2.1. Representação do curto-circuito monofásico.

Aplicando-se o conceito de componentes simétricos e usando-se as equações


(7.2.2.1.8), chegam-se as seguintes equações:

Ia+ = Ia = Ia0

Va+ +Va + Va0 = 3 Zf Ia+ .

A partir destas equações, pode-se construir o circuito equivalente (redes de


sequências) para uma falta monofásica, como mostra a Figura (7.2.2.2.2).

115
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.2.2. Rede de sequências para um curto circuito fase-terra com impedância de falta
Zf.

7.2.2.3. Curto-Circuito Fase-a-Fase

Esta falta caracteriza-se pelas seguintes condições: fase a aberta e as fases b e c


ligadas por uma impedância Zf. As equações que descrevem o comportamento desta falta são:
Ia = 0

Ib =  Ic

Vb = Zf Ib + Vc .

Figura 7.2.2.3.1. Representação do curto-circuito fase-a-fase.


Aplicando-se o conceito de componentes simétricos e usando-se as equações
(7.2.2.1.8), chega-se às seguintes equações:

116
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Ia0 = 0

Ia+ =  Ia

Va+ = Zf Ia+ + Va .

A partir destas equações pode-se construir o circuito equivalente para uma falta fase-a-
fase, como mostrado na Figura 7.2.2.3.2.

Figura 7.2.2.3.2. Rede de sequências para um curto circuito fase-a-fase com impedância de
falta Zf.

7.2.2.4. Curto-Circuito Fase-a-Fase Para a Terra

Considerando-se o circuito trifásico da máquina síncrona mostrado na Figura


(7.2.2.4.1) inicialmente a vazio, um curto-circuito fase-a-fase para a terra com impedância Zf
pode ser descrito pelas seguintes equações:
Ia = 0
Vb = Vc
Vb = (Ib + Ic) Zf .

117
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.4.1 Representação do curto-circuito fase-a-fase para a terra.

Aplicando-se o conceito de componentes simétricos e usando-se as equações


(7.2.2.1.8), chega-se às seguintes equações:

Va+ = Va

Va+ = Va0  3 Zf Ia0 .

Ia0 =  (Ia+ + Ia) .

A partir destas equações pode-se construir o circuito equivalente (rede de


sequências) para uma falta monofásica, como mostra a Figura (7.2.2.4.2).

Figura 7.2.2.4.2. Rede de sequências para uma falta fase-a-fase para a terra.

118
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.2.2.5. Efeito da Representação dos Tipos de Falta

Em estudos de estabilidade transitória quando se consideram perturbações


equilibradas, as equações algébricas de acoplamentos com as equações diferenciais (equações
de oscilação) relacionam correntes e tensões nas várias barras da rede elétrica, ou seja, as
equações estáticas de fluxo de potência. No caso de perturbações desequilibradas, devem-se
usar as equações que relacionam tensões e correntes de sequência positiva nas várias barras do
sistema. Isto deve-se ao fato de que apenas os componentes de sequência positiva resultam em
forças de sincronização entre máquinas. Os componentes de corrente de sequência negativa e
zero produzem essencialmente torques de frenagem.
Em vista disto, os diferentes tipos de faltas podem ser interpretados da seguinte
forma:

1. Falta Monofásica : As redes de sequências positiva, negativa e zero estão


ligadas em série (vide Figura 7.2.2.2.2). Portanto, deve-se
incluir uma impedância de falta à rede de sequência
positiva igual a soma das impedâncias de sequências
negativa e zero;

2. Falta Fase-a-Fase : As redes de sequência positiva e negativa encontram-se em


série (vide Figura (7.2.2.3.2). Neste caso, define-se a
impedância de falta a ser conectada à rede de sequência
positiva como sendo a impedância de sequência negativa.
Deve-se ressaltar que a rede de sequência zero encontra-se
desconectada da rede, não havendo, portanto, circulação
desta corrente;

3. Falta Fase-a-Fase Para a Terra : Neste caso, a rede de sequência positiva está em série com
o paralelo entre os circuitos de sequência negativa e zero
(vide Figura (7.2.2.4.2). Assim, basta definir a impedância
de falta como sendo Za em paralelo com Za0.

4. Falta Trifásica : A impedância de falta, neste caso, é nula.

119
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Tabela 7.2.2.5. Impedância de falta que deve ser conectada à rede de sequência positiva.

Tipo de Falta Impedâcia de Falta (Zf)

1. Monofásica Zf = Za + Za0


2. Fase-a-Fase Zf = Za
3. Fase-a-Fase Para a Terra Zf = Za em paralelo com Za0
4. Trifásico Sólido Zf = 0.

7.2.2.6. Impedâncias de Sequência

Como foi apresentado anteriormente, na análise de curto-circuito assimétrico, faz-


se necessário conhecer as impedâncias de sequência para todos os componentes dos sistemas.
Estas impedâncias de sequência podem ser determinadas por ensaios ou por métodos analíticos.
Aqui deter-se-ão apenas as suas definições para cada componente. Caso o leitor desejar
aprofundar os estudos (determinação via ensaio ou analiticamente), sugere-se a referência [5].

7.2.2.6.1. Impedância de Sequência Positiva

a) Máquina Síncrona

j Xd , para o regime permanente


ZG+ = jX ' d , para o regime transitório (7.2.2.6.1.1)
jX ' ' d , para o regime subtransitório.

Ressalta-se, como foi discutida no capítulo sobre modelos, a máquina síncrona


pode ser representada por uma fonte de tensão atrás de uma reatância do eixo em
quadratura. Portanto, o uso das reatâncias de eixo direto em (7.2.2.6.1.1) é uma
aproximação usada comumente.

sendo:

ZG+ = sequência positiva da máquina síncrona.

b) Transformador

ZT+ = Zdispersão. (7.2.2.6.1.2)

sendo:

120
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

ZT+ : impedância de sequência positiva do transformador;

Zdispersão : impedância de dispersão do transformador.

c) Linha de Transmissão

ZLT+ = Zsérie (7.2.2.6.1.3)

sendo:

ZLT+ : impedância de sequência da linha de transmissão;

Zsérie : impedância série da linha de transmissão referente ao modelo .

7.2.2.6.2. Impedância de Sequência Negativa

a) Máquina Síncrona

A impedância de sequência negativa pode ser estimada usando-se os


seguintes valores:

Xq + X ' d
ZG = j (sem considerar-se o enrolamento de campo) (7.2.2.6.2.1)
2

X' ' q + X' ' d


ZG = j (considerando-se o enrolamento de campo) (7.2.2.6.2.2)
2

ZG : sequência negativa da máquina síncrona.

b) Transformador

ZT+ = Zdispersão. (7.2.2.6.2.3)

sendo:

ZT+ : impedância de sequência positiva do transformador;

Zdispersão : impedância de dispersão do transformador.

c) Linha de Transmissão

ZLT = Zsérie. (7.2.2.6.2.4)

121
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.2.2.6.3. Impedância de Sequência Zero

a) Máquina Síncrona

ZG0 = jwL0 (7.2.2.6.3.1)

sendo:

L0 : indutância referente ao eixo 0 da máquina síncrona (modelo completo de


Park).

b) Transformador

A impedância de sequência do transformador depende do tipo de conexões.

b.1) Y  Y (Estrela – Estrela) com ambas conexões aterradas. O modelo deste


tipo de conexão encontra-se ilustrado na Figura (7.2.2.6.1.1):

Figura 7.2.2.6.1.1. Circuito de sequência zero para um transformador Y-Y com


ambos neutros solidamente aterrados.

b.2) Y   (Estrela – Delta) com o neutro de Y solidamente aterrado:

Figura 7.2.2.6.1.2. Circuito de sequência zero para um transformador Y- com o


neutro solidamente aterrado.

b.3) Y  Y (Estrela – Estrela) com um dos neutros de Y solidamente aterrado:

122
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.6.1.3. Circuito de sequência zero para um transformador Y-Y com


apenas um neutro solidamente aterrado.

c) Linha de Transmissão

Quando as correntes de sequências zero numa linha de transmissão elas podem


“escolher” qualquer caminho de retorno disponível. Algumas podem retornar pela
terra, outras pelos cabos aéreos aterrados. Estes últimos condutores são
usualmente aterrados em cada torre de transmissão e, assim, neles, a corrente de
retorno pode não ser uniforme ao longo da linha. A impedância de sequência zero
terá diferentes valores, dependendo do percurso efetivo de retorno. Como a
impedância da terra depender muito do solo, umidade e outros fatores empíricos,
é prática adotarem-se certas hipóteses simplificadoras em relação às distribuições
de corrente. Deste modo, cada unidade de transmissão deverá ser tratada
individualmente, levando-se em conta os estudos sobre os percursos das correntes
de retorno.

7.2.2.7. Exemplo Numérico

Considerando-se o sistema mostrado na Figura (7.2.2.7.1) e dados apresentados na


Tabela (7.2.2.7.1), determinar as tensões/correntes de sequência e tensões/correntes para uma
falta sólida (Zf = 0) na barra 3.

Figura 7.2.2.7.1. Sistema elétrico sob estudo.

123
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Tabela 7.2.2.7.1. Dados do sistema elétrico.

Item MVA Base Tensão X+ X X0


G1 100 25 kV 0,2 0,2 0,05
G2 100 13,8 kV 0,2 0,2 0,05
T1 100 25/230 kV 0,05 0,05 0,05
T2 100 13,8/230 kV 0,05 0,05 0,05
LT12 100 230 kV 0,1 0,1 0,3
LT23 100 230 kV 0,1 0,1 0,3
LT13 100 230 kV 0,1 0,1 0,3

Solução

a) Redes Elétrica de Sequência Zero

A rede de sequência zero, aplicando-se as estruturas anteriormente apresentadas na


seção (7.2.2.6), obtém-se o seguinte sistema:

Figura 7.2.2.7.1. Rede de sequência zero equivalente.

Figura 7.2.2.7.2. Redução do sistema de sequência zero.

Dando continuidade da redução do circuito de sequência, obtêm-se os resultados


ilustrados na Figura 7.2.2.7.3.

124
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.7.3. Redução do sistema de sequência zero.

b) Rede de Sequência Positiva

O sistema equivalente da rede de sequência positiva encontra-se ilustrado na Figura


7.2.2.7.4.

Figura 7.2.2.7.4. Rede de sequência positiva.

Figura 7.2.2.7.5. Rede de sequência positiva reduzida.

c) Rede de Sequência Negativa

125
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.7.6. Rede de sequência negativa.

Figura 7.2.2.7.7. Rede de sequência positiva reduzida.

Observa-se que neste exercício as impedâncias de sequência positiva e negativa são


iguais. Isto ocorre em função de aproximações adotadas (comumente adotada na
literatura).

126
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.7.8. Redes de sequência (positiva, negativa e zero).

Cálculo da Tensões/Correntes de Falta para um Curto-Circuito Trifásico Equilibrado

127
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.2.2.7.9. Rede de sequência para um curto-circuito trifásico equilibrado.

Neste caso, as correntes são:

1∠0 o
I1 =
j0,175

= j 5,7142

V1 = 0

I0 = I2 = 0

V2 = V0 = 0.

Cálculo da Tensões/Correntes de Falta para um Curto-Circuito Monofásico

O circuito equivalente está ilustrado na Figura

Figura 7.2.2.7.10. Rede de sequência para um curto-circuito monofásico.

1∠0o
I1 = I2 = I0 =
j0,199 + j0,175 + j0,175

= j 1,82 pu

 Ia   1 1 1  j1,82
Ib =  2   j1,82
    1  
 Ic    2 1   j1,82

128
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

 j5,46
=  0 
 0 

V0 = j0,199 (j1,82) = -0,362

V1 = 1j0,175 (j1,82)= -0,681

V2 = j0,175 (j1,82) = -0,319

 Va   1 1 1  0,681
Vb  =  2  1
  - 0,319 
    
 Vc    2 1   - 0,362 

 0 

= 1,022238 o

1,022122 o 

Cálculo da Tensões/Correntes de Falta para um Curto-Circuito Bifásico para a Terra

Figura 7.2.2.7.10. Rede de sequência para um curto-circuito bifásico para terra.

1∠0 o
I1 =
( j0,175) ( j0,199)
j0,175 +
j0,175 + j0,199

= j3,73 pu

j0,175
I0 = (j3,73)
j0,175 + j0,199

129
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

= j1,75

j0,199
I2 = (j3,73)
j0,175 + j0,199

= j1,99

 Ia   1 1 1  j3,73
Ib =  2   j1,99 
    1  
 Ic    2 1   j1,75 

 0 

= 5,60152,1 o

 5,6027,9 o 

V0 = V1 = V2 = (j1,75) (j0,199)

= 0,248

 Va   1 1 1  0,248 
Vb  =  2  1
  
    0,248 
 Vc    2 1   0,248 

 1,044
=  0  .
 0 

7.3. TRANSITÓRIOS LENTOS – FENOMENO DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA

A análise de estabilidade transitória de Sistemas de Energia Elétrica consiste na


avaliação dos efeitos procedentes de perturbações que causam grandes e indesejáveis oscilações
nos ângulos das máquinas síncronas. Esta análise pode ser realizada através das soluções das
equações diferenciais não-lineares que descrevem o movimento do sistema  equação de
oscilação da máquina síncrona  e posteriormente via análise da evolução da posição angular de
cada máquina síncrona ao longo do tempo (simulação) ou através de métodos diretos em que a
análise da estabilidade do sistema é efetuada sem se resolver, de forma explícita, as equações
diferenciais. Nesta seção serão apresentados os estudos referentes à análise de estabilidade
transitória de sistemas de energia elétrica, abordando os principais conceitos e métodos.

130
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.3.1. Equação de Oscilação Para Pequenos e Grandes Desvios

7.3.1.1. Hipóteses Básicas

1. os geradores são tratados individualmente, a menos que se possa determinar com certeza
alguns grupos coerentes;

2. usam-se as posições angulares das máquinas síncronas para expressar o estado de


estabilidade ao invés das respectivas velocidades;

3. considera-se a parte estática (linha e transformadores) da rede elétrica num regime


permanente de 60 Hz. Todas as tensões, correntes e potências são calculadas a partir de
equações algébricas. A consequência importante desta hipótese é que os geradores
individuais serão descritos por equações diferenciais mutuamente acopladas por meio de
equações algébricas que descrevem as linhas de transmissão e transformadores;

4. no caso de uma perturbação desequilibrada, devem-se usar as equações que relacionam as


correntes e tensões de sequência positiva nas várias barras. Isto se deve ao fato de que apenas
os componentes de sequência positiva resultam em forças de sincronização entre máquinas.

7.3.1.2. Equação de Oscilação

Considere um sistema de energia elétrica composto por n-máquinas síncronas.


Considere, ainda, a unidade geradora i recebendo, por meio do eixo da turbina, uma potência
mecânica Pmi, que produz uma potência elétrica de saída Pei à rede, através das barras. Se estas
duas potências forem iguais (desprezadas as perdas relativamente pequenas dos geradores), o
gerador funcionará com sua velocidade síncrona constante (funcionamento em equilíbrio). Se,
ao contrário, existir diferença entre estas potências, ela será usada para ([5]):

1. mudar a energia cinética ou velocidade da máquina síncrona;


2. dominar o conjugado (potência) de amortecimento que se desenvolve principalmente nos
enrolamentos amortecedores.

Matematicamente, este fenômeno pode ser descrito da seguinte forma ([5]):

131
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

d
Pmi  Pei = (WCINi) + PAMORTi (7.3.1.1.1)
dt
sendo:
Pmi : potência mecânica de entrada (pu);
Pei : potência elétrica de saída (pu);
WCINi : energia cinética total do gerador mais turbina dada em (MWs) ou (MJ);

PAMORTi : Potência de amortecimento.

A energia cinética total do gerador varia com o quadrado da velocidade ou


frequência, portanto, pode-se escrever:

WCINi = { fi / f0 }2 WCINi0 (7.3.1.1.2)


sendo:
WCINi0 : energia cinética medida na frequência nominal;
f0 : freqüência nominal;

fi : freqüência instantânea do gerador.


A frequência fi pode ser expressa na seguinte forma:

fi = f0 +fi (7.3.1.1.3)

sendo:

fi : variação da frequência instantânea em torno do valor nominal.

Substituindo-se a equação (7.3.1.1.3) na equação (7.3.1.1.2), obtém-se:

WCINi = { ( f0 + fi) / f0 }2 WCINi0 (7.3.1.1.4)

Esta equação, após efetuada a operação matemática indicada, pode ser expressa
por:

WCINi = {1 + 2 fi / f0 + (fi / f0)2 } WCINi0 (7.3.1.1.5)

132
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Considerando-se que o desvio de frequência é relativamente pequeno, portanto, a


relação (fi / f0)2 é muito pequena (desprezível). Como ilustração, observa-se que se fi = 10 e
f0 = 60 Hz, então, (fi / f0)  0,027. Em vista disto, a equação (7.3.1.1.5) pode ser expressa por:

WCINi  WCINi0 + 2 {fi / f0 }WCINi0 (7.3.1.1.6)

Derivando WCINi (equação (7.3.1.1.6)) com relação ao tempo, obtém-se:

d d
{WCINi} {2 WCINi0/ f0} {fi } (7.3.1.1.7)
dt dt

A variação de frequência (fi) pode ser relacionada com a variação do ângulo da


máquina síncrona da seguinte forma ([5]):

1 d
fi = {i} (7.3.1.1.8)
2 dt

Substituindo-se (7.3.1.1.8) na equação (7.3.1.1.7) resulta em:

d d 2 i
{WCINi} {2 WCINi0/ 2  f0} 2 (7.3.1.1.9)
dt dt

Substituindo-se a equação (7.3.1.1.9) na equação (7.3.1.1.1), obtém-se:

d 2 i
Pmi  Pei = {2 WCINi0/ 2  f0} + PAMORTi (7.3.1.1.10)
dt 2

Com os desvios da velocidade do rotor, em relação à velocidade síncrona, serão


induzidas correntes nos enrolamentos amortecedores. O efeito destas correntes causa o
aparecimento de conjugados que tendem a impedir os movimentos do rotor. O valor do
conjugado cresce com a velocidade relativa di/dt, sendo usual, embora não exatamente correto,
admitir proporcionalidade entre conjugado (ou potência) e velocidade, ou seja ([5]):

133
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

di
PAMORTi  Di (MW) (7.3.1.1.11)
dt

sendo:

Di : coeficiente de amortecimento.

Substituindo-se a expressão de PAMORTi (equação (7.3.1.1.11)) na equação


(7.3.1.1.10), obtém-se:

d 2 i di
Pmi  Pei = {2 WCINi / 2  f0}
0
2
+ Di (MW) (7.3.1.1.12)
dt dt

Esta expressão é a equação de oscilação da máquina síncrona. Todos os termos são


medidos em Megawatts. Dividindo-se pelo MVA base, ter-se-á uma equação de oscilação
expressa em pu, conforme mostra-se a seguir. Dividindo-se a equação (7.3.1.1.10) por Pri
(potência base), obtém-se:

2 WCIN i 0 d 2 i di
Pmi  Pei = + di (pu)
2f 0 Pr i dt 2 dt

ou:

d 2 i di
Pmi  Pei = Mi + di (pu) (7.3.1.1.13)
dt 2 dt

sendo:
Pmi : potência mecânica de entrada da i-ésima máquina síncrona em pu;
Pei : potência elétrica de saída da máquina da i-ésima máquina síncrona em pu;

2Hi
Mi = ;
2 f 0
Hi  constante de inércia (s)

WCIN i 0
=
Pr i

di : coeficiente de amortecimento em pu;

di
= w  ws;
dt

ws  velocidade síncrona

= 2  f0;

134
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

f0 : frequência nominal do sistema (60 Hz).

A equação (7.3.1.1.13) descreve a dinâmica do sistema válida para pequenos e


grandes desvios nos ângulos das máquinas síncronas. Contudo, se os estudos a serem efetuados
são considerados de pequenos desvios, esta equação pode ser linearizada, tendo como resultado
uma maior simplicidade em sua representação.

7.3.1.3. Critérios das Áreas Iguais

O critério da igualdade de áreas constitui-se como um método de análise da


estabilidade transitória para sistemas de até duas máquinas síncronas, embora, em alguns casos,
é possível utilizá-lo para a análise de sistemas multimáquinas.
Considera-se a equação de oscilação de uma máquina síncrona ligada a um
barramento infinito e despreza-se o amortecimento:

d 2
M = Pa (7.3.1.3.1)
dt 2
sendo:

Pa  potência acelerante

= Pm  Pe .

Deve-se observar que sistemas de duas máquinas síncronas também podem ser
colocados na forma dada pela equação (7.3.1.3.1). Deve-se observar, ainda, que ao desprezar o
amortecimento, está-se efetuando a análise para o caso mais crítico.

Multiplicando-se a equação (7.3.1.3.1) por d/dt, obtém-se:

d 2  d d
M 2 dt
= Pa (7.3.1.3.2)
dt dt

O primeiro termo desta equação poder ser expresso por:

d d 2 d
½M {[ ] } = Pa (7.3.1.3.3)
dt dt dt

135
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Multiplicando-se a equação (7.3.1.3.3) por dt e integrando-se em relação ao tempo,


resulta em:

d 1 2Pa
={ ∫ d }1/2 (7.3.1.3.4)
dt 0 M

sendo:

0 : posição angular da máquina síncrona funcionando de modo síncrono pré-falta, quando


d/dt = 0.

O ângulo  deixará de variar e a máquina novamente funcionará com velocidade


síncrona, após a perturbação, quando d/dt = 0, ou quando:

1
∫ Pa d0. (7.3.1.3.5)
0

A máquina não permanece em repouso com relação a barra infinita na primeira vez
que d/dt = 0. Porém, o fato de que  deixou momentaneamente de variar pode ser tomado
como um indicativo de estabilidade do sistema. Se a potência acelerante (Pa) é “plotada”, em
função do ângulo , a expressão:
1
∫Pa d
0

pode ser interpretada como sendo a área sobre a curva entre 0 e 1, como mostra a figura
(7.3.1.3.1).

Figura 7.3.1.3.1. Ilustração do critério da igualdade de áreas.

A1 e A2, respectivamente, são áreas de aceleração e desaceleração. Deste modo,


pode-se estabelecer o seguinte critério de análise de estabilidade transitória deste sistema:

136
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

1. se A1 < A2, o sistema é estável;


2. se A1 > A2, o sistema é instável;
3. limite de estabilidade: ocorre quando 1 é tal que Pa(1) = 0 e as áreas A1 e A2 são iguais.
Os curtos-circuitos frequentemente produzem perda de sincronismo, mesmo que
possam ser removidos, isolando a falta do resto do sistema num tempo relativamente pequeno.
Uma falta trifásica em um dos terminais de uma linha de circuito duplo está representada
conforme é mostrada na Figura (7.3.1.3.2):

Figura 7.3.1.3.2. Sistema composto por uma máquina síncrona conectada a uma barra infinita.
Durante o curto-circuito a potência elétrica será reduzida, visto que grande parte da
corrente do gerador irá alimentar a falta. Quando se remove uma falta trifásica no extremo de
uma linha com um circuito duplo, a potência será transmitida novamente do gerador para a barra
infinita, através da linha que permaneceu em serviço. Aplicando-se o critério da igualdade de
áreas, obtêm-se os seguintes resultados (Figura 7.3.1.3.3):

Figura 7.3.1.3.3.  Critério das áreas iguais para um curto-circuito.

sendo:

a : ponto de operação pré-falta (operação com circuito duplo);

p : ponto de operação pós-falta (operação com circuito simples);

r : ângulo correspondente ao instante de eliminação da falta;

m : ângulo máximo de excursão durante o transitório;

A1 : área de aceleração;

137
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

A2 : área de desaceleração.

Durante a falta a transferência de potência elétrica ativa é reduzida drasticamente.


Deve-se ressaltar que esta potência é nula para curto-circuito sólido (impedância de falta nula).
Supondo-se que a eliminação da falta ocorre em  = r, o sistema é estável, neste exemplo.
Neste caso, o ângulo máximo de oscilação é fixado pela condição de igualdade de áreas, ou seja,
A1 = A2. O tempo máximo que se pode permitir para a permanência da falta (tempo crítico)
corresponde à condição A1 = A2, sendo que o ângulo máximo é igual a (  p).

Esta análise refere-se ao caso em que inicialmente há uma aceleração e


posteriormente uma desaceleração. Há casos em que ocorre o contrário, ou seja, o sistema é
desacelerado e em seguida é acelerado. Por exemplo, faltas referentes à entrada de linha em
operação, em que é proporcionado um reforço do sistema de transmissão, e também, a redução
da carga do sistema. Em qualquer um dos casos, na análise deve-se considerar que se o sistema
inicialmente está sendo acelerado (desacelerado) para que haja estabilidade é necessário existir,
no mínimo, capacidade idêntica de desaceleração (aceleração). Se isto for observado, o sistema
é estável e as oscilações serão tais que as áreas de aceleração e desaceleração permanecerão
idênticas, tendo em vista que é desconsiderada a força de amortecimento (d = 0). Do contrário,
será instável.

7.3.1.3.1. Exemplo

Uma máquina síncrona é conectada a uma barra infinita através de um circuito


duplo, conforme é mostrada na Figura (7.3.1.3.1.1). Consideram-se as seguintes hipóteses:
1. máquina síncrona representada por uma fonte de tensão atrás de uma reatância transitória;

2. fluxo de dispersão constante;


3. potência mecânica de entrada constante;
4. momento de inércia (M) constante;
5. resistências nulas;
6. amortecimento nulo;

7. máquina síncrona de rotor liso.

O circuito equivalente deste sistema é mostrado na Figura (7.3.1.3.1.1).

138
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.3.1.3.1.1.  Circuito equivalente.

dados:
Xd = 0,2 pu (reatância transitória de eixo direto);
X’d = 0,2 pu (reatância subtransitória de eixo direto);

XT = 0,1 pu (reatância do transformador (reatância de dispersão));


XL1 = 0,4 pu (reatância da linha 1);
XL2 = 0,4 pu (reatância da linha 2);
Pm = 0,8 pu
E = 1,05 pu

V = 1,00 pu
H = 4 MJ / MVA .

Pede-se:

a) obter a equação de oscilação para a retirada da linha 1;


b) obter o ângulo máximo de retirada da falta de tal modo que o sistema permaneça em
estabilidade, através do critério de igualdade de áreas, para um curto-circuito no início da
linha 2, com impedância de falta igual a j0,02 pu;

c) determinar a estabilidade do sistema, quando retirada de operação da linha 2, através do


método da igualdade de áreas.

Solução:

a) a equação de oscilação para o sistema, considerando-se a saída de operação da linha 2, pode


ser determinada do seguinte modo:

139
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

d 2
M = Pm - Pe
dt 2
O circuito equivalente, considerando-se a saída de operação da linha de transmissão 2,
pode ser visualizado na Figura (7.3.1.3.1.2).

Figura 7.3.1.3.1.2.  Circuito equivalente referente à saída da linha 1.

O momento de inércia (M) é dado por:

M = 2 H / (2  f0)

= 0,0212206.
A admitância equivalente do circuito entre as barras 1 e 2 vale:

Y12p =  j / { 0,2 + 0,1 + 0,4)

=  j 1,4286.

A potência elétrica correspondente é dada por:

Pep = E V  Y12p sen 

ou seja:

Pep = 1,5 sen .

Portanto, a equação de oscilação é dada por:

d 2
= 47,12289 (0,8 - 1,5 sen ).
dt 2

b) O circuito equivalente considerando-se a aplicação de uma falta na linha 2 próxima da barra


4 (com impedância de falta igual a j 0,02 pu) é mostrado na Figura (7.3.1.3.1.3).

140
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.3.1.3.1.3. Circuito equivalente a um curto circuito na linha 2 próximo à barra 4.

As admitâncias entre as barras 1 e 2 pré-falta e durante a falta são,


respectivamente:

Y12a =  j / {0,2 + 0,1 + (0,4 .0,4) / (0,4 + 0,4)}

= j2

{1/(0,2 + 0,1)} . {(0,4 + 0,4) / (0,4 . 0,4)}


Y12f =  j 
1/ (0,2 + 0,1) + (0,4 + 0,4) / (0,4 . 0,4) + (1 / 0,02)
=  j 0,286.

Deste modo, a potência elétrica para as configurações pré-falta e de falta podem ser
calculadas da seguinte forma:

Pea = E V  Y12a sen 

Pef = E V  Y12f sen 

ou seja:

Pea = 1,05 . 1 . 2 sen 

2,1 sen 

Pef = 1,05 . 1. 0,286 sen 

Pef = 0,3 sen 

As potências elétricas são mostradas na Figura (7.3.1.3.1.4).

141
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.3.1.3.1.4.  Potências para as configurações pré, sob e pós-falta.

Os pontos de equilíbrio pré e pós-falta são obtidos considerando-se as suas


respectivas configurações e fazendo-se (Pm - Pe) = 0:

1. cálculo de a
Pm - Pea = 0, a = arcsen {0,8/2,1}

= 0,3900 radianos elétricos

2. cálculo de p

Pm - Pep = 0, p = arcsen {0,8/1,5}

= 0,5625 radianos elétricos.

Utilizando-se, então, o critério da igualdade de áreas, pode-se determinar o tempo


crítico da seguinte forma:
r
A1 =  ( Pm  0,3 sen ) d
a

=  0,5895 + 0,8 r + 0,3 cos r

(   p)
A2 =  (1,5 sen   Pm) d
r

=  0,7944 + 0,8 r + 1,5 cos r .

Igualando-se estas duas áreas, obtém-se:

r = 1,3992 radianos elétricos .

142
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

O tempo crítico corresponde, portanto, ao tempo que transcorre desde o início da


aplicação do curto-circuito (arbitrado, t0 = 0) até o instante em que o ângulo da máquina
síncrona atinge o valor igual a 1,3992 rd.elét. Por conseguinte, se o ângulo correspondente ao
instante de eliminação do defeito for inferior ao valor definido por r, o sistema é estável. Do
contrário, o sistema é instável.

c) No caso da saída de operação da linha 2, a análise de estabilidade transitória pode ser


efetuada conforme é mostrada na Figura (3.2.1.5).

Figura 3.2.1.5.  Análise de estabilidade transitória via critério de áreas iguais para
contingência tipo saída de linha.
Neste caso, deve-se comparar as áreas A1 e A2. Se A1 < A2 conclui-se que o
sistema é estável. Do contrário, o sistema é instável. Assim, obtêm-se os seguintes valores para
as áreas de aceleração e desaceleração:
p
A1 =  ( Pm  1,5 sen ) d
a

= 0,0195
(   p)
A2 =  (1,5 sen   Pm) d
p

= 0,9245.
Deste modo, conclui-se que o sistema é estável (A1 < A2) e que existe uma grande
capacidade de recuperação, tendo em vista que A2 é muito maior que A1. O ângulo máximo de
oscilação (m) pode ser calculado fazendo-se A1 = A2’ (critério das áreas iguais), ou seja:

143
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

m
A2’ =  (1,5 sen   Pm) d = A1
p

1,5 cos m + 0,8 m = 0,0195

obtendo-se:

m = 0,736 radianos elétricos.

Portanto, o sistema oscila considerando-se o seguinte intervalo:

0,39 <  < 0,736 radianos elétricos.

7.3.1.4. Efeito do Ponto de Operação

A mudança do ponto de equilíbrio (operação) afeta diretamente a estabilidade do


sistema, tendo em vista que as áreas de aceleração e desaceleração são modificadas. Na Figura
(7.3.1.4.1) mostra-se um exemplo em que os pontos de operação pré-falta e pós-falta são
aumentados de a0 para a1 e de p0 para p1, respectivamente, em consequência de um
aumento da potência mecânica de entrada, passando de Pm0 para Pm1 (Pm0 < Pm1).

144
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.3.1.4.1. Análise de estabilidade transitória considerando a modificação do ponto de


operação.

Na Figura (7.3.1.4.1) (a) as oscilações ocorrem entre a0 e m0 sendo que as áreas
A1 e A2 são iguais. Então, o sistema é estável, do ponto de vista da estabilidade transitória.
Considera-se, agora, o caso mostrado na Figura (7.3.1.4.1) (b), correspondente ao aumento da
potência mecânica. Nota-se que a área de aceleração (A1’) é maior do que área de desaceleração
(A2’). Neste caso, a oscilação do sistema irá além do ponto máximo permitido (  p1). A
partir deste ponto, o sistema passará novamente a acelerar (A3’) fazendo com que o ângulo da
máquina aumente ainda mais, caracterizando, deste modo, a instabilidade do sistema.
Ressalta-se que com a modificação da potência mecânica, o ângulo correspondente
à eliminação do defeito r, também irá modificar de r0 para r1, embora o tempo de remoção
do defeito seja o mesmo, o qual é estabelecido via resposta do dispositivo de proteção.
De forma análoga, podem-se analisar os casos em que a potência mecânica sofre
um decréscimo. Neste caso, a situação é inversa, pois haverá menos aceleração e mais
capacidade de desaceleração o que, certamente, tornará o sistema mais estável. Outras análises
também podem ser efetuadas considerando-se outras formas de variação do ponto de operação,
por exemplo, através da entrada em operação de outra linha (Figura (7.3.1.4.4) (b)),
proporcionando um reforço no sistema de transmissão. Como consequência, a amplitude das
curvas de transferência de potência (potência elétrica), correspondentes às configurações pré,
durante e pós-falta serão maiores, o que contribuirá para uma melhoria da estabilidade
transitória.

Figura 7.3.1.4.4. Análise de estabilidade transitória considerando a modificação do ponto de


operação e a entrada de uma linha em operação.

145
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.3.1.5. Religamento Monopolar e Tripolar

O religamento constitui-se de dispositivos que visam preservar a integridade do


sistema, ou seja, aumentar a capacidade de recuperação do sistema em caso de faltas severas e,
ainda, minimizar os efeitos de fadiga torsional no grupo turbina-gerador causada por diferentes
faltas elétricas e operações de chaveamento. Evidentemente, o desempenho do religamento
depende de alguns fatores, tais como: permanência do curto-circuito, tempo em que ocorre o
religamento, extinção do arco secundário procedente do acoplamento existente entre o condutor
que abriu e as demais fases e, ainda, do número de tentativas em que é processado o
religamento. Este procedimento pode, então, ocorrer com sucesso como também com insucesso.
Portanto, o seu emprego requer estudos bastante aprofundados e sua aplicação deve ser feita
com cuidado.
O religamento pode ser efetuado de duas formas: monopolar e tripolar. O
religamento monopolar é empregado considerando-se faltas monofásicas. O religamento tripolar
é utilizado para todos os tipos de faltas. O problema do religamento em estudos de estabilidade
transitória pode ser compreendido no exemplo mostrado na Figura (7.3.1.5.1), que corresponde
o retorno do circuito sob falta após ter sido transcorrido um certo tempo, contado a partir da
eliminação do defeito. Nesta figura, o ângulo corresponde a rl. Supõe-se, neste caso, que o
curto-circuito tenha efetivamente sido extinto, ou seja, é possível retornar o circuito em
operação. Nota-se que a área de aceleração é representada por A1. A área de desaceleração, caso
não houvesse o religamento, seria representada por A2. Contudo, havendo o religamento a partir
de rl, será acrescentada à área de desaceleração, a área A3. Portanto, aumentando-se, assim, a
capacidade de recuperação do sistema. Se a área A2 for menor que a área A1, o que caracteriza
instabilidade e o religamento ocorrer com ângulo da máquina maior do que (  a), não haverá
sucesso nesta operação, pois o sistema tornar-se-á novamente a ser acelerado.

Figura 7.3.1.5.1.  Análise de estabilidade transitória considerando-se o religamento.

146
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.4. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL E ALGORITMOS PARA INTEGRAÇÃO


NUMÉRICA

Os estudos de estabilidade em sistemas interligados de energia elétrica visam


determinar, principalmente, duas situações: a) se as máquinas elétricas do sistema são capazes
de permanecer em sincronismo após a ocorrência de uma grande perturbação (contingência do
tipo: curto-circuito, desligamento de linha de transmissão, perda de geração, ou uma
combinação destes eventos); b) se ocorrem oscilações de tensão causadas pelos mesmos
motivos.
Quando um defeito deste tipo ocorre, o equilíbrio entre a potência elétrica gerada
pelas máquinas síncronas e a potência mecânica fornecida a elas é drasticamente rompido. Em
consequência, os rotores destas máquinas sofrerão diferentes acelerações. Se as oscilações
relativas dos diversos rotores tenderem a se amortecer, fazendo-os atingir um novo ponto de
operação em regime permanente, então, diz-se que o ponto de operação inicial é estável
dependendo do tempo de eliminação do curto-circuito, do tempo de religamento da linhas e, em
resumo, dos tempos de resposta dos diversos equipamentos cujo comportamento dinâmico é
importante no problema.
A análise de estabilidade de sistemas de energia elétrica pode ser classificada de
diversas maneiras. Uma classificação, utilizada frequentemente, refere-se ao tempo de análise
após a perturbação. Assim, conceitua-se como estabilidade de curto prazo o comportamento
dinâmico observado após alguns segundos (tipicamente 10 segundos) da ocorrência do defeito.
Chama-se de estabilidade de médio prazo a análise considerada até 5 minutos e estabilidade de
longo prazo a análise em simulação até 20 minutos. Esta classificação reflete a influência no
comportamento dinâmico dos vários componentes do sistema. A Figura (7.4.1.1) mostra os
principais componentes que usualmente são modelados na análise de estabilidade de sistemas de
energia elétrica. Na análise da estabilidade a curto prazo, a modelagem do sistema pode ser
simplificada: de um lado, eliminando-se a representação dos transitórios elétricos da rede de
transmissão, que são extremamente rápidos: de outro, desprezando-se os efeitos do controle
suplementar que é bastante lento. Deste modo, como ilustra a Figura (7.4.1.2), a modelagem
restringe-se ao conjunto turbina-gerador e seus controles de tensão (incluindo estabilizador, se
houver) e de velocidade, cuja representação pode assumir variados graus de detalhamento. A
rede de transmissão é usualmente representada pelas equações de fluxo de potência. As cargas

147
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

são, normalmente, representadas como impedância constante, corrente constante e potência


constante.
Os modelos e métodos tratados aqui referem-se à análise de estabilidade de curto prazo,
também chamada de transitória, utilizando técnicas de simulação ponto a ponto do
comportamento dinâmico através de computador digital.
A simulação, atualmente, é a melhor ferramenta disponível, por permitir que o problema
de estabilidade seja resolvido utilizando modelos mais completos e abrangentes e fornecendo
resultados confiáveis. Suas limitações ficam por conta do esforço computacional envolvido.

7.4.1. Formulação Geral

A modelagem dos diversos componentes de um sistema de energia elétrica leva ao


estabelecimento de um conjunto de equações constituído de equações diferenciais, que
descrevem os geradores síncronos e seus controles, e de equações algébricas, que representam o
estator das máquinas síncronas e a rede de transmissão, incluindo as cargas. Estas equações
podem ser expressas de forma geral, como:

y = f(x,y) (equações diferenciais) (3.7.1.1)

g(x,y) = 0 (equações algébricas). (3.7.1.2)

sendo:
f : funções vetoriais que definem as equações diferenciais;
g : funções vetoriais que definem as equações algébricas;
y : vetor das variáveis de estado das equações diferenciais;
x : vetor das variáveis de estado das equações algébricas.

148
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.4.1.1. Principais malhas de controle existentes em um sistema de energia elétrica.

Figura 7.4.1.2. Componentes do Sistema de Energia Elétrica usualmente representados nos


estudos de estabilidade de curto prazo.

149
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 3.7.3.  Estrutura usual das equações envolvidas no problema de estabilidade de curto
prazo.

150
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

O esquema da Figura (7.4.1.3) mostra a estrutura típica das equações


diferenciais (DIF) e algébricas (ALG), detalhando-se as equações associadas a um único
gerador síncrono.
O significado das variáveis que aparecem na Figura (7.4.1.3) pode ser encontrado a
seguir:
Pm : potência mecânica aplicada ao eixo do gerador ;
w : velocidade angular do eixo do gerador;
Vs : tensão de saída do estabilizador;
Pe : potência elétrica de entreferro;

 : posição angular do rotor em relação a um eixo de referência síncrono;

Efd : tensão de saída do sistema de excitação aplicada ao enrolamento de campo do


gerador;
Vd, Vq : componentes de eixo direto e quadratura da tensão terminal da máquina;
E’d, E’q : componentes de eixo direto e quadratura da tensão interna da máquina;
Id, Iq : componentes de eixo direto e quadratura da corrente de estator da máquina;

IT : corrente de estator da máquina, que pode ser decomposta nos componentes de


eixo real e imaginário Ire e Iim;
VT : tensão terminal, que pode ser decomposta nos componentes de eixo real e
imaginário Vre e Vim.

As variáveis que aparecem ao mesmo tempo em DIF e ALG são denominadas


variáveis de interface e definidas como:
u : subconjunto das variáveis x que aparecem nas equações diferenciais. Por exemplo: Id, Iq,
Pe e V;

E : subconjunto das variáveis y que aparecem nas equações algébricas. Por exemplo: E’d,
E’q e .

O problema da estabilidade consiste em resolver o conjunto de equações


diferenciais (7.4.1.1) e algébricas (7.4.1.2). A conclusão sobre a estabilidade do sistema é
determinada via exame do comportamento das curvas dos ângulos () das máquinas síncronas,
no tempo, considerando-se um tempo de simulação predeterminado.
Os procedimentos para a resolução das equações diferenciais / algébricas são
classificados como ([12]):

151
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Esquema Alternado : os conjuntos de equações diferenciais e algébricas são resolvidos


separadamente para x e y durante cada passo de integração. Se na
resolução das equações diferenciais nas variáveis u não são
atualizadas durante o passo de integração, então, são introduzidos
erros de interface;
Esquema Simultâneo : os conjuntos de equações diferenciais são resolvidos ao mesmo
tempo. Neste caso, as equações diferenciais são transformadas em
equações algébricas usando fórmulas de integração. Deste modo,
todas as equações algébricas são resolvidas em um único sistema.

O esquema alternado, quando utiliza métodos de resolução de equações


diferenciais implícitos, é chamado Esquema Alternado Implícito. Este é o caso em que se
utiliza o método de resolução implícita de equações diferenciais usando a regra trapezoidal. Este
esquema de resoluções se apresenta em duas versões: Esquema Normal, no qual a resolução do
sistema algébrico é repetida (processo iterativo) até a convergência, ou seja, é minimizado o
erro de interface que ocorre entre as resoluções dos dois sistemas de equações (diferencial /
algébrico); Esquema Entrelaçado, no qual se realiza uma única iteração no sistema algébrico.
Neste caso, também eliminam-se os erros de interface.
A solução das equações diferenciais pode ser efetuada usando-se os vários métodos
encontrados na literatura: Método de Euler, Método de Euler Modificado, Método de Runge-
Kutta de segunda, terceira e quarta ordens; Regra trapezoidal, etc. Entretanto, a regra
trapezoidal tem apresentado um desempenho superior, se comparada aos demais métodos, tendo
em vista a sua ótima estabilidade numérica. Dentro deste ponto de vista, a seguir, apresenta-se a
concepção básica da regra trapezoidal.

7.4.2. Métodos de Integração

Apresenta-se, de forma geral, o método trapezoidal implícito de integração numérica.


Considere a seguinte equação ([12]):

dy
= f(x,y) (7.4.2.1)
dx

da qual se deseja obter a solução no ponto xn a partir de sua solução conhecida no ponto xn-1.
Integrando-se a equação (7.4.2.1) no intervalo xn-1 a xn, obtém-se ([12]):

152
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

xn
yn  yn-1 =  f ( x, y) dx (7.4.2.2)
xn1

Com base na Figura (7.4.2.1), a integral da equação (7.4.2.2) pode ser aproximada
por ([12]):

xn
h
 f ( x, y) dx = [ f(x n-1) , yn-1) + f(xn , yn)]
2
(7.4.2.3)
xn1

sendo:

h = xn  xn-1 .

Desta forma, a equação (3.7.2.2) torna-se:

h
yn  yn-1 = [ f(xn-1 , yn) + f(xn , yn)] (3.7.2.4)
2

A equação (3.7.2.4), resultante da aplicação do método trapezoidal, é uma equação


implícita algébrica. Assim, com o uso do método trapezoidal um sistema de equações
diferenciais pode ser transformado em um sistema algébrico.

Figura 7.4.2.1. Regra do trapézio.

153
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

7.4.3. Solução do Problema

A resolução do problema pode ser obtida utilizando-se um dos esquemas anteriormente


abordados. Cada qual deve empregar a resolução de equações diferenciais, via, por exemplo,
regra trapezoidal. Deve-se também resolver o sistema de equações algébricas que envolvem as
equações (3.7.2.2), a cada passo de integração, no caso do esquema alternado, e incluindo as
equações algébricas procedentes da transformação das equações diferenciais, quando se tratar
do esquema simultâneo.

As equações diferenciais e algébricas são as seguintes:

1. Sistema de Equações Diferenciais

 equações de oscilação das máquinas síncronas


 equações elétricas do rotor: tensões dos enrolamentos de eixos direto e em quadratura e,
ainda, tensão de campo;

 sistema de excitação;
 controle de velocidade;
 etc.

2. Sistema de Equações Algébricas


 modelagem da rede de transmissão;
 cargas;
 estatores das máquinas síncronas.

7.5. AVALIAÇÃO ATRAVÉS DE MÉTODOS DIRETOS

Os métodos diretos são procedimentos de análise que não necessitam das soluções,
de forma explícita, as equações diferenciais. Os métodos baseados no conceito de energia são
casos especiais do segundo método de Liapunov ([4], [11], [13]). Nesta seção é apresentada
uma metodologia híbrida de análise da estabilidade transitória de sistemas de energia elétrica,

154
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

combinando-se o uso de integração numérica das equações de oscilação e o método da energia.


O método compara a energia que o sistema adquire no instante da eliminação do falta com uma
energia crítica (máxima energia que o sistema suporta sem que haja instabilidade). A energia
crítica é determinada por processo iterativo em que usa o conceito de Superfície Limite de
Energia Potencial ([2], [6]) (SLEP ou em inglês: PEBS (Potential Energy Boundary Surface).
Ressalta-se que o critério da igualdade de áreas é um procedimento de análise direta, embora
seja aplicado, com sucesso, em sistemas compostos por até duas máquinas síncronas. Outra
metodologia análoga ao método das áreas iguais é o plano de fase. Este método é o caso
particular do método da energia para sistemas de até duas máquinas síncronas.

7.5.1. Modelo do Sistema

O modelo da dinâmica do sistema de Energia Elétrica, expresso em função de ângulos /


velocidades das máquinas síncronas referidos ao CA (Centro de Ângulos), constitui-se na
melhor formulação quando se consideram as condutâncias de transferência  representação do
efeito das perdas e cargas ativas do sistema no modelo reduzido às barras internas de
geração  tendo em vista que durante o transitório eletro-mecânico, cada máquina síncrona
absorve as variações da carga total do sistema proporcionalmente a suas inércias. Esta
representação é, certamente, mais plausível do ponto de vista físico:

Considerando-se, por conseguinte, um Sistema de Energia Elétrica composto por n


máquinas síncronas, o comportamento dinâmico da i-ésima máquina (referida ao CA) é descrito
pela seguinte equação diferencial  equação de oscilação da máquina síncrona:

..
Mi i  Pi () = 0, i  N (7.5.1.1)

sendo:

Pi () = Pmi  Pei  ( Mi PCOA) / MT; (7.5.1.2)

Mi = 2 Hi / s;

s  velocidade síncrona

= 2f0;

Hi : constante de inércia (s);

f0 : frequência nominal do sistema (Hz);

155
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

i  ângulo do rotor da i-ésima máquina síncrona referida ao CA (rad. elét.)

= i  0;

i : ângulo do rotor da i-ésima máquina síncrona medida com relação a uma máquina
que gira à velocidade síncrona (radianos elétricos);

0 =  Mj j ;
jN

Pmi : potência mecânica de entrada (pu);


Pei : potência elétrica de saída (pu);

PCOA  potência acelerante do CA

=  ( Pmj  Pej);
jN

MT =  Mj ;
jN

N : conjunto de índices que compõem o sistema

 { 1,2, . . . , n }.

A potência elétrica (Pe) pode ser expressa por:

Pei =  ( Cij Fij + Dij Hij ) + Ei2 Gii (7.5.1.3)


j  N, j  i

sendo:
Em : tensão interna da m-ésima máquina síncrona;
Cij : Ei Ej Bij ;

Dij : Ei Ej Gij ;

Fij : sen ij ;

Hij : cos ij ..

Os parâmetros Gij e Bij são definidos como sendo condutância e susceptância de


transferência, respectivamente. Estes parâmetros são, respectivamente, as partes real e
imaginária da matriz de admitância de barra:

YRED  Ygg  Ygc Z Ycg (7.5.1.4)

sendo: Z = (Ycc) 1.

As submatrizes Ygg , Ygc , Ycc e Ycg da matriz de admitância de barra  incluídas


as barras internas de geração  são definidas por:

156
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

 Ygg Yg c 
Ybarra  
Ycc 
(7.5.1.5)
 Yc g

Os índices (g) e (c) denotam barras de geração e de cargas, respectivamente. As


matrizes YRED, referentes às configurações de falta e pós-falta, podem ser obtidas de forma
bastante simples e eficiente utilizando o lema de inversão de matrizes.

Os índices (a), (d) e (p) referem-se às configurações pré-falta, de falta e pós-falta,


respectivamente.

7.5.2. Análise de Estabilidade Transitória

O diagnóstico da estabilidade transitória de Sistemas de Energia Elétrica,


considerando-se uma contingência de índice r, pode ser efetuado utilizando-se o critério da
margem de segurança (M):

Mr = (Ecritr  Eer) / Ecritr (7.5.2.1)

sendo:
Ecritr : energia total crítica do sistema;
Eer : energia total do sistema avaliada no instante de eliminação do defeito (te).

A energia crítica (Ecrit), assim como o tempo crítico (tcrit), poderão ser
determinados através do método PEBS (Superfície Limite de Energia Potencial) ([6]), ou por
outro procedimento que apresente um resultado similar, principalmente com relação a precisão.
A energia total, relativa ao sistema (7.5.2.1), é dada por:

E(,) = Ec() + Ep() (7.5.2.2)

sendo:

Ec() : energia cinética

= 1/2  Mi i 2 (7.5.2.3)
iN

Ep() : energia potencial

157
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

i
=  
i N
p Pi(i) di (7.5.2.4)
i

Então, a estabilidade transitória para a r-ésima contingência pode ser avaliada, via
margem de segurança, da seguinte forma:

 se Mr > 0, o sistema é considerado estável, do ponto de vista da estabilidade transitória;

 se Mr < 0, o sistema é considerado instável, do ponto de vista da estabilidade transitória.

7.5.3. Aplicação

A seguir, apresentam-se os resultados da análise de estabilidade transitória


utilizando a metodologia apresentada no item (7.5.2).
O diagrama unifilar e dados deste sistema são apresentados na Figura (7.5.3.1) e
Tabela (7.5.3.1), respectivamente. No diagrama da Figura (7.5.3.1) os valores indicados nas
linhas de transmissão são impedâncias em pu. A simbologia (a,b) significa injeção de potência
nodal, sendo (a) e (b) potências ativa e reativa, respectivamente. As admitâncias shunt são
desconsideradas. Neste estudo consideram-se faltas tipo curto-circuito com tempo de eliminação
igual a 9 ciclos (0,15s) com saída de linha de transmissão e tempo de simulação igual a 2 s. Os
valores em pu referem-se a uma base de 100MVA.

158
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Figura 7.5.3.1. Diagrama unifilar do sistema de 8 máquinas síncronas.

Tabela 7.5.3.1. Dados das máquinas síncronas do sistema de 8 máquinas síncronas.

Máquina Síncrona X‘d (pu) H (s) Potência Mecânica (pu)

1 0,06 9,00 4,80

2 0,08 4,00 3,00

3 0,08 4,00 0,90

4 0,09 5,00 1,50

5 0,15 6,00 1,35

6 0,20 5,50 2,10

7 0,20 4,30 1,35

8 0,06 4,10 Referência

A Tabela (7.5.3.2) mostra os resultados da análise de estabilidade transitória, através


do emprego da metodologia PEBS Iterativa ([6])  versão para microcomputadores. Foram
efetuadas várias análises de contingências, as quais são classificadas por ordem de severidade,
utilizando-se o critério da margem de segurança (equação (7.5.2.1)).

159
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

Tabela 7.5.3.2. Resultados da análise de estabilidade transitória.

Barra Linha Retirada Tempo Energia Energia Margem

Sob Nó Nó Crítico (s) Crítica de de

Falta Inicial Terminal Eliminação Segurança

da Falta (M)

2 2 3 0,130 6,1467 8,799 -0,4316

1 1 6 0,135 6,2160 8,004 -0,2877

2 2 9 0,145 10,044 10,924 -0,0876

6 7 17 0,160 4,994 4,294 0,1403

1 1 2 0,160 10,390 8,909 0,1426

4 4 11 0,180 2,557 1,885 0,2628

6 8 16 0,195 4,415 2,319 0,4746

6 13 14 0,235 4,844 1,622 0,6650

7.6. Referências Bibliográficas

[01] Anderson, P. M. and Fouad, A. A. "Power System Control and Stability", Iowa State
University Press, 1977.
[02] Arrillaga, J. and Arnold, C.P. “Computer Modelling of Electrical Power Systems”,
Jonh Wiley & Sons, New York, USA., 1983.
[03] Athay, T.; Podmore, R.; and Virmani, S. "Practical Method for the Direct Analysis of
Transient Stability", IEEE Transactions PAS, Vol. PAS-98, 1977, pp. 573584.

[04] Bergen, A. R. “Power System Analysis”, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, USA, 1986.

[05] Elgerd, O. I. “Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica”, McGraw-Hill do


Brasil, São Paulo-SP, 1976.
[06] Fonseca, L. G. and Decker, I.C. “Iterative Algorithm For Critical Energy Determination
in Transient Stability of Power System” , IFAC - Symposium Planning and Operation in
Electric Energy System, Rio de Janeiro, Brazil pp. 483489, 1985.

160
DEE – CISA – UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C. R. Minussi

[07] Fouad, A. A. and Vittal, V. “Power System Transient Stability Analysis Using The
Transient Energy Function Method”, Prentice Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, Usa,
1992.
[08] Gönen, T. “Electric Power Distribution System Engineering”, McGraw-Hill, New York,
USA, 1986.
[09] Greenwood, A. “Electrical Transients in Power Systems”, John Wiley & Sons, New
York, 1971.
[10] Gross, C. A. “Power System Analysis”, John Wiley & Sons, New York, 1979.
[11] Horowitz, S. H. “Protective Relaying For Power Systems”, IEEE Press, New York, USA,
1980.
[12] Kundur, P.”Power System Stability and Control”, McGraw-Hill, The EPRI Power System
Engineering Series, New York, 1994.
[13] Padilha, A. F. “Cálculo da Estabilidade Transitória em Sistemas de Energia Elétrica
Utilizando Esquema Simultâneo Implícito”, Dissertação de Mestrado, Unicamp, Março-
86.
[14] Pai, M. A. “Power System Stability: Analysis by the Direct Method of Lyapunov”, North-
Holland Publishing Company, Amsterdam, 1981.
[15] Ribbens-Pavella, M. and Murthy, P. G. "Transient Stability of Power Systems Theory and
Practice", John Wiley & Sons, 1994.
[16] Stevenson Jr., W. D. “Elementos de Análise de Sistemas de Potência”, McGraw-Hill do
Brasil, São Paulo-SP, 1974.

161
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Teoria de Grafos Aplicada a Sistemas


de Energia Elétrica: Revisão

Carlos Roberto Minussi

Apêndice A
Ilha Solteira – SP, Março-2012.

162
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

A.1. Teoria de Grafos Aplicada a Sistemas de Energia Elétrica: Revisão

Definições:

1. Grafo : Um grafo mostra a interconexão geométrica dos


elementos de uma rede (e.g., sistemas de energia elétrica, sistemas de
telecomunicações, sistemas viários, etc.).

2. Subgrafo : É qualquer subconjunto de elementos de um dado grafo.

3. Caminho : É um subgrafo de elementos conexos, ou seja, conectados uns aos


outros, sendo que não existem mais de dois elementos conexos através
de um dado nó.

NB. Diz-se que um grafo é conexo, se e somente se houver um


caminho ligando todo e qualquer par de nós.

4. Grafo Orientado : É um grafo cujos elementos possuem a indicação de uma direção.

5. Árvore : É um subgrafo conexo que contém todos os nós de certo grafo, mas
nenhum caminho fechado.

6. Ramo : É o elemento de uma árvore.

NB. O número de ramos necessários à construção de uma árvore é:

b=n1 (A.1.1)

sendo:
b : número de ramos do grafo;
n : número de nós do grafo.

Exemplo: Sistema de Energia Elétrica composto por 3 máquinas síncronas, 4 barras, 1


transformador e 3 linhas de transmissão.

163
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura A.1.1. Representação de um Sistema de Energia Elétrica.

Figura A.1.2. Diagrama de sequência positiva.

Figura A.1.3. Grafo conexo orientado.

NB. A orientação dos elementos em grafos representativos de sistemas de energia elétrica é


obrigatória, podendo ser estabelecida de forma arbitrária.

164
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura A.1.4. Ramos e ligações do grafo conexo orientado.

Figura A.1.5. Árvore do grafo conexo orientado.

 O elemento do grafo conexo não incluído na árvore é chamado ligação (link). As ligações
formam um subgrafo, não necessariamente conexo, chamado coárvore.

Figura A.1.6. Coárvore do grafo orientado.

 O número de ligações () de um grafo conexo com (e) elementos é dado por:

 =e–b (A.1.2)

lembrando que b = n – 1, então:

 = e + 1 – n. (A.1.3)

Considerando-se o exemplo anterior, tem-se:

165
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

n = 5

b = 4

e = 7

 = 3.

A.2. Malhas de um Grafo Orientado

 Se acrescentarmos uma ligação à árvore, o grafo resultante conterá um caminho fechado


denominado malha;

 acrescentando-se ligações formam-se uma ou mais malhas adicionais.

 malhas que contêm apenas uma ligação são independentes e recebem o nome de malhas
básicas. Consequentemente, o número de malhas básicas (m) é igual ao número de ligações:

m = . (A.2.1)

NB. A orientação de cada malha segue a orientação dada ao elemento.

Figura A.2.1. Representação de malhas básicas de um grafo conexo.

 Considerando-se o grafo mostrado na Figura (A.2.1) (m = 3), as malhas básicas são: E, F e


G.

166
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

A.2.1. Conjunto de Cortes

Definição 1. Conjunto de cortes. Um conjunto de elementos que, se removidos, dividem um


grafo conexo em dois subgrafos conexos.

 Pode-se escolher um grafo único independente de conjuntos de cortes, se cada um deles


contenha um único ramo.

 conjuntos de cortes independentes recebem o nome de conjuntos de cortes básicos.

 o número de conjuntos de cortes (ou simplesmente cortes) é igual ao número de ramos:

c=b (A.2.1.1)

em que:

c : número de cortes.

 a orientação de um corte básico será escolhida como sendo idêntica à orientação arbitrada ao
ramo.

Figura A.2.1.1. Cortes básicos do grafo.

 Da Figura (A.2.1.1), conclui-se que os cortes básicos são: A, B, C e D.

167
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

A.2.2. Matrizes de Incidência  e A

Definição 2. Matriz de Incidência  . Matriz de incidência  (elemento-nó) é definida


como sendo:

  [Aij]

sendo:

  1, se o i  ésimo elemento está conectado ao nó j e está


 orientado a partir deste nó (nó j)


  1, se o i  ésimo elemento está conectado ao nó j e está
Aij = 
 orientado na direção a este nó (nó j)

0, nenhum dos casos.



 A dimensão da matriz  é: e x n.

Do exemplo anterior, tem-se:

 (nós)
1 1  1 0 0 0
2 1 0  1 0 0 

3 1 0 0 0  1
 
 = 4 0 0 0 1 1 
5 0 0 1  1 0 
 
6 0 1  1 0 0
0 0 1 0  1
7 

(elementos)

Figura A.2.2.1. Cortes básicos.

NB Os nós e os elementos (ramos e ligações) da rede estão indicados, respectivamente, nas

colunas e nas linhas da matriz  . Os ramos estão indicados em negrito.

4
 Como:  Aij = 0, i = 1, 2, ..., e , as colunas de  são linearmente dependentes, logo:
j0

( Â ) < n (número de nós)

168
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

sendo:

 : rank de uma matriz.

 Assim, pode-se escolher qualquer nó de um grafo conexo como sendo o nó de referência.


Deste modo, as variáveis dos outros nós podem ser medidas em relação à referência
arbitrada;

 a matriz que se obtém de  , eliminando-se a coluna correspondente ao nó de referência, é


chamada matriz de incidência elemento-barra (A);

 A dimensão da matriz A é: e x (n1).

Exemplo:

Escolhendo-se o nó 0 como referência, tem-se:

 (barras)
1  1 0 0 0 
2  0 1 0 0 
 
3  0 0 0  1
 
A =4  0 0 1 1 
5  0 1 1 0 
 
6  1 1 0 0 
7  0 1 0  1

(elementos)

 Se as linhas de A forem arranjadas segundo certa árvore (ordenação considerando-se os


ramos alocados como os (n  1) primeiros elementos e na sequência as ligações), pode
particioná-la em duas submatrizes:

 Ab (b x (n-1))

 A (x (n-1)),

ou seja,

 Ab 
A=  
 A 

169
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 A partir do exemplo anterior, as matrizes Ab e A são:

 1 0 0 0 
 0 1 0 0 
Ab =  
 0 0 0  1
 
 0 0 1 1 

0 1  1 0 

A = 1  1 0 0  .

0 1 0  1

 A matriz Ab é uma matriz quadrada e não-singular de dimensão (n-1) x (n-1), ou seja,


{Ab}1 .

A.2.3. Matriz de Incidência K (ramo-caminho)

Definição 3. Matriz de Incidência K. Os elementos desta matriz são definidos do seguinte


modo:

K  [ Kij],

sendo:

 1, se o i  ésimo ramo se encontrar no ca min ho do nó j para a


 referência e estiver orientado na mesma direção


 1, se o i  ésimo ramo se encontrar no ca min ho do nó j para a
Kij = 
 referência e estiver orientado na mesma direção oposta

 0, caso contrário.



170
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Exemplo:

 Considerando-se o grafo mostrado na Figura (A.1.4) e adotando-se o nó 0 como referência, a


matriz K é dada por:

 (caminho)
1  1 0 0 0 
2  0 1 0 0 
K=  .
3  0 0  1  1
 
4  0 0 1 0 

(ramos)

NB. Esta matriz é quadrada e não-singular de dimensão (n-1) x (n-1).

 Relação entre Ab e K:

Ab KT = I(matriz identidade)

ou:

KT = {Ab}1.

Exemplo:

 1 0 0 0  1 0 0 0 
 0 1 0 0   0 1 0 0 
Ab =  , K =  .
 0 0 0  1  0 0  1  1
   
 0 0  1  1  0 0 1 0 

 1 0 0 0   1 0 0 0 
 0 1 0 0   0  1 0 0 
T
Ab K =  x
 0 0 0  1  0 0  1  1
   
 0 0  1  1  0 0  1 0 

171
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

1 0 0 0
0 1 0 0
=  = I (OK!).
0 0 1 0
 
0 0 0 1

A.2.4. Matriz de Incidência B (cortes básicos)

Definição 4. Matriz de Incidência B. Os elementos desta matriz são definidos do seguinte


modo:

B  [ Bij],

sendo:

 1, se o i  ésimo elemento é incidente e orientado na mesma direção do


 j  ésimo corte


  1, se o i  ésimo elemento é incidente e possui orientação contrária
Bij = 
 à direção do j  ésimo corte;

 0, do contrário.



Exemplo:

 A partir do grafo mostrado na Figura (A.3.1) (cortes básicos), a matriz B é assim definida:

A B C D  (cortes)
1 1 0 0 0
2 0 1 0 0

3 0 0 1 0
 
B= 4 0 0 0 1 .
5  0 1 1 1
 
6  1 1 0 0
 0 1 0
7  1

(elementos)
Figura A.2.4.1. Conjunto de cortes básicos.

172
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

ou seja:

 B b  Ib 
B=  .
 B  

 A matriz B pode ser obtida, a partir da matriz de incidência A:

B Ab = A

B = A {Ab}1

Como A = KT, então:

B = A KT .

Exemplo:

 1 0 0 0 
 0 1 1 0  
   0  1 0 0 
B =
 1 1 0 0 x
 0 0  1  1
 0 1 0  1  
 0 0 1 0 
A KT

 0  1 1 1
 
=  1 1 0 0 (OK!).
 
 0  1 1 0

A.2.5. Matriz de Incidência de Cortes Aumentada B̂

 O procedimento é idêntico à formação da matriz B, acrescentando-se cortes fictícios


correspondentes a todas as ligações.

173
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura A.2.5. Grafo com cortes básicos e cortes fictícios.

Exemplo: Cortes fictícios: E, F e G.

A B C D E F G (cortes básicos + cortes fictícios)


1 1 0 0 0 0 0 0
2 0 1 0 0 0 0 0

3 0 0 1 0 0 0 0
 
B̂ = 4 0 0 0 1 0 0 0
5  0 1 1 1 1 0 0
 
6  1 1 0 0 0 1 0
7  0  1 1 0 0 0 1

(elementos)

 Ib 0 
=  B  I  .
 

A.2.6. Matriz de Incidência de Laços (Malhas) C

Definição 5. Matriz de Incidência C. Os elementos desta matriz são definidos do seguinte


modo:

C  [ Cij],

sendo:

174
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 1, se o i  ésimo elemento é incidente e está orientado na mesma direção


 da j  ésima malha básica


 1, se o i  ésimo elemento é incidente e está orientado na mesma direção
Cij = 
 contrária da j  ésima malha básica

 0, caso contrário.



Exemplo:

 Considerando-se o grafo mostrado na Figura (A.2.1), as malhas básicas são: E, F e G.

E F G  (malhas básicas)
1 0 1 0
2  1 1 1 
 
3  1 0  1
 
C = 4  1 0 0 
51 0 0
 
60 1 0
7  0 0 1 

(elementos)

Cb 
=  .
 I 

A.2.7. Matriz de Incidência de Laços Aumentada Ĉ

 O procedimento é idêntico à formação da matriz C, acrescentando-se malhas fictícias


passando pelos ramos com orientação definida pelos ramos.

175
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Figura A.2.7.1. Grafo contendo malhas básicas e malhas fictícias.

 Malhas básicas : E, F e G
 Malhas fictícias : A, B, C e D.

A B C D E F G  (malhas fictícias + malhas básicas)


1 1 0 0 0 0 1 0
2 0 1 0 0 1  1 1 

3 0 0 1 0  1 0  1
 
Ĉ = 4 0 0 0 1 1 0 0 
5 0 0 0 0 1 0 0
 
6 0 0 0 0 0 1 0
7 0 0 0 0 0 0 1 

(elementos)

Ib Cb
=  0 I  .
 

A.2.8. Relação Entre Matrizes de Incidências

 Se o grafo for ordenado considerando-se os (n-1) ramos como os primeiros elementos da


ordenação, uma vez obtida a matriz de incidência A, as matrizes B, C e K podem ser obtidas
a partir da matriz A, do seguinte modo:

176
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Ab
A=  
 A 

KT = {Ab}1 B = A  KT Cb =  {(Ab)1}T (A  )T
= A  {Ab}1

sendo:

 B b  Ib 
B =  
 B 

 Cb 
C =  .
C   I  

A.3. Referência Bibliográfica

[1] Stagg, G. W. and El-Abiad, A. H. “Computer Methods in Power System Analysis”,


McGraw-Hill Kogakusha Tokyo, 1968.

177
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Universidade Estadual Paulista – UNESP


Campus de Ilha Solteira
Departamento de Engenharia Elétrica
Curso de Graduação em Engenharia Elétrica

Disciplina: ELE1091 - Análise de Sistemas de Energia Elétrica

Cálculo de Matrizes de Impedância e de


Admitância de Redes Elétricas

Carlos Roberto Minussi

Apêndice B
Ilha Solteira – SP, Março-2012.

178
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

B.1. Matrizes Primitivas

 Elemento de uma Rede Representada por Impedância:

Figura B.1.1. Elemento de uma rede elétrica representada por impedância.

 Elemento de uma Rede Representada por Admitância:

Figura B.1.2. Elemento de uma rede elétrica representada por admitância.

sendo:

vpq : tensão através do elemento pq;


= Ep  Eq
epq : fonte de tensão em série com o elemento pq;
ipq : corrente através do elemento pq;
jpq : fonte de corrente em paralelo com o elemento pq;
zpq : impedância do elemento pq;
ypq : admitância do elemento pq.

179
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Cada elemento possui duas variáveis: vpq e ipq;


 A equação de desempenho de um elemento, na forma de impedância, pode ser expressa por:

vpq + epq  zpq ipq = 0 (B.1.1)

ou
vpq + epq = zpq ipq (B.1.2)

ou, ainda, na forma de admitância:

ipq + jpq = ypq vpq (B.1.3)


sendo:
jpq =  ypq epq .

 Na forma vetorial (matricial):

v + e = [z] i (B.1.4)
ou:
i + j = [y] v (2.1.5)

sendo:
[z] : matriz de impedância primitiva;
[y] : matriz de admitância primitiva.

NB. 1) As diagonais das matrizes [z] e [y] são, respectivamente, as impedâncias e


admitâncias dos elementos da rede;
2) os elementos fora da diagonal da matriz [z] são as impedâncias mútuas (zpq-rs);
3) a matriz primitiva [y] pode ser obtida, via inversão da matriz [z]:

[y] = [z]1

4) as matrizes [y] e [z] são diagonais, se não houver impedâncias mútuas (não haverá
acoplamento / indutância mútua).

180
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

B.2. Matrizes de Admitância e de Impedância de Barras

 Pré-multiplicando-se a equação (B.1.5) por AT, obtém-se:

AT i + AT j = AT [y] v (B.2.1)

 A matriz A mostra a incidência dos elementos nas barras (bus em inglês) da rede elétrica.
Então, o vetor (AT i) corresponde à soma algébrica das correntes nos nós. De acordo com a
lei de Kirchhoff, a soma algébrica das correntes nodais é nula. Assim:

AT i = 0.

 Similarmente, (AT j) fornece a soma algébrica das fontes de corrente em cada barra, sendo
igual às correntes injetadas nas barras, ou seja:

Ibarra = AT j. (B.2.2)

 Deste modo, a equação (B.2.2) pode ser reescrita como:

Ibarra = AT [y] v (B.2.3)

 Equação de Potência:

(Ibarra*)T Ebarra = potência da rede


(j*)T v = potência dos elementos.

 Estas duas formulações são idênticas, se a transformação de variáveis for invariante em


potência:

(Ibarra*)T Ebarra = (j*)T v (B.2.4)

 Aplicando-se o conjugado transposto na equação (B.2.2), obtém-se:

{(Ibarra )*}T = {(AT j)*}T

181
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

= (j*)T A* (B.2.5)

como A é uma matriz real, então, A* = A, portanto:

(Ibarra*)T = (j*)T A (B.2.6)

 Substituindo-se (B.2.6) em (B.2.4), obtém-se:

(j*}T A Ebarra = ( j*}T v (B.2.7)

 Esta equação é valida para todo valor do vetor j, portanto:

A Ebarra = v (B.2.8)

 Substituindo-se a equação (B.2.8) em (B.2.3), resulta em:

Ibarra = AT [y] A Ebarra


 Ybarra Ebarra (B.2.9)
ou:
Ebarra = Zbarra Ibarra (B.2.10)

sendo:
Ybarra  AT [y] A

Zbarra = [Ybarra]1.

B.3. Matrizes de Admitância e de Impedância de Ramo

 A matriz de admitância de ramo (branch em inglês) (Yramo) pode ser obtida usando-se a
matriz de incidência de cortes básicos B e a matriz de admitância primitiva:

 Pré-multiplicando-se a equação (B.1.5) por BT, obtém-se:

182
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

BT i + BT j = BT [y] v (B.3.1)

 A matriz B mostra a incidência dos elementos nos cortes básicos da rede elétrica. Então, o
vetor (BT i) corresponde à soma algébrica das correntes, através dos elementos incidentes
para os cortes básicos. Portanto:

BT i = 0.

 Similarmente, (BT j) fornece a soma algébrica das fontes de corrente em cada corte básico,
sendo igual às fontes de correntes totais em paralelo com um ramo, logo:

Iramo = BT j. (B.3.2)

 Deste modo, a equação (B.3.2) pode ser reescrita como:

Iramo = BT [y] v (B.3.3)

 Equação de Potência:

(Iramo*)T Eramo = potência da rede


T
(j*) v = potência dos ramos.

 Estas duas formulações são idênticas, se a transformação de variáveis é invariante em


potência:

(Iramo*)T Eramo = (j*)T v (B.3.3)

 Aplicando-se o conjugado transposto na equação (B.3.2), obtém-se:

{(Iramo )*}T = {(BT j)*}T


= (j*)T B* (B.3.4)

como B é uma matriz real, então, B* = B, portanto:

183
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

(Iramo*)T = (j*)T B (B.3.5)

 Substituindo-se (B.3.5) em (B.3.3), obtém-se:

(j*}T B Eramo = ( j*}T v (B.3.6)

 Esta equação é valida para todo valor do vetor j, portanto:

v = B Eramo (B.3.7)

 Substituindo-se a equação (B.3.7) em (B.3.3), obtém-se:

Iramo = BT [y] B Eramo


 Yramo Eramo (B.3.8)
ou:
Eramo = Zramo Iramo (B.3.9)
sendo:
Yramo  BT [y] B

Zramo = [Yramo]1.

B.4. Matrizes de Impedância e de Admitância de Malha

 Pré-multiplicando-se a equação (B.1.4) por CT, obtém-se:

CT v + CT e = CT [z] i (B.4.1)

 Tensão de malha (loop em inglês):

CT v = 0. (B.4.2)

 CT e : vetor (soma algébrica das fontes de tensão das malhas)


 Emalha. (B.4.3)

184
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

 Através da transformação invariante em potência, tem-se:

(Imalha*)T Emalha = (i*)T e (B.4.4)


ou:

(Imalha*)T CT e = (i*)T e (B.4.5)

 Esta equação é valida para todo valor do vetor e, portanto:

i = C* Emalha (B.4.6)

como a matriz C é real, então, C* = C, logo:

i = C Emalha (B.4.7)

 Substituindo-se as equações (B.4.2), (B.4.3) e (B.4.7) em (B.4.1), produz:

Emalha = CT [y] C Imalha


 Zmalha Imalha (B.4.8)
ou:
Imalha = Ymalha Emalha (B.4.9)

sendo:
Zmalha  CT [z] C

Ymalha = [Zmalha]1.

B.5. Resumo

 No Quadro 2.5.1 são relacionados os passos para a obtenção das matrizes de redes elétricas.
No Quadro B.5.2 mostram-se as relações entre correntes e tensões de malha, barra e de
ramos.

Quadro B.5.1. Obtenção das matrizes de impedância e de admitância de redes elétricas.

185
DEE-CISA-UNESP  Análise de Sistemas de Energia Elétrica  C.R. Minussi

Quadro B.5.2. Relações entre correntes e tensões.

Malha Barra Ramo

Corrente i = C Imalha Ibarra = AT j Iramo = BT j

Tensão Emalha = CT e v = A Ebarra v = B Eramo

B.6. Referência Bibliográfica

[1] Stagg, G. W. and El-Abiad, A. H. “Computer Methods in Power System Analysis”,


McGraw-Hill Kogakusha Tokyo, 1968.

186

You might also like