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Ciclo de Estudos

2008/2011

CARTA

É uma conversa por escrito, dirigida a uma pessoa ausente – assim se define tradicionalmente a
carta. A simplicidade da definição não corresponde, porém, à dificuldade em escrever cartas. Trata-se de
um meio de comunicação muito antigo que tem visto o seu espaço ser conquistado, no mundo moderno,
por meios mais rápidos como o telefone, a rádio, o fax, net … e, muitas das suas velhas funções, pelo
próprio jornal. Contudo, a sua actualidade mantém-se tal como as suas características: economia,
personalização, substituto do diálogo.

Estilo

Como é uma conversa, o estilo da carta deve ser coloquial, isto é, manifestar a maneira de ser de
quem a escreve e de quem a lê. Este cuidado em ser natural e adaptar-se ao receptor é uma das exigências
da carta, juntamente com a clareza, a expressividade e a síntese..

Tipos

As cartas dividem-se em privadas ou intimista, comerciais, administrativas, oficiais, técnicas e


profissionais.

As primeiras destinam-se a familiares e amigos e têm como qualidades principais: a correcção


gramatical e a delicadeza, que a familiaridade e a intimidade não dispensam, a ordem e a boa apresentação,
isto é, sem rasuras nem emendas, em papel normalizado, sendo de preferência manuscritas. A frase deve
ser simples, eliminando as dificuldades de construção e indo por partes, ao fazer corresponder a uma frase
pouca ideias.

As restantes constituem um documento escrito importante (…) São caracterizadas pelo sentimento
do útil e devem permitir uma comunicação eficaz. O seu objectivo é obter uma reacção positiva. A carta
formal caracteriza-se pelo respeito de linguagem formal que implica a utilização de fórmulas de saudação e
despedida específicas.

Uma carta de carácter intimista (pessoal ou particular) distingue-se da carta formal sobretudo pelo
tipo de relação existente ente o remetente e o destinatário o que condiciona, particularmente, as
características da linguagem utilizada Essas particularidades reflectem-se nas fórmulas de saudação e de
despedida (Querido (a)…/ Olá,…/Meu caro amigo, etc,; Beijos, Um abraço, etc.), no uso de uma linguagem
familiar e na implicação do eu no discurso. Normalmente não apresenta os dados do remetente no canto
superior esquerdo.
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Lisboa, 15 de Outubro de ……

Querida Marta,

Há muito tempo que não escrevo, porque tenho andado ocupadíssima com as coisas da escola:
aulas, teatro, associação de estudantes, e ainda o básquete. Por falar em básquete, ontem, no treino, caí e
torci um pé. Doía que se fartava, de maneira que, como nestas coisas só confio no meu pai, fui ao
consultório, sem avisar nem nada. Quando entrei, a Lisete, sempre simpática, gostou imenso de me ver e
disse-me que o meu pai não devia demorar. Qual quê! Esperei três quartos de hora. Estava quase a ir-me
embora quando ele apareceu na recepção e me olhou como se eu fosse a mulher – aranha ou coisa
parecida. Perguntou-me que fazia eu ali àquela hora e, depois de lhe contar o sucedido, lá me mandou
entra para o gabinete. Viu-me o pé, pôs-me uma pomada, ligou-o e disse que eu estava fina. No entanto,
achou que eu não podia ir aos treinos durante uma semana. Que seca!

Em cima da secretária, lá estava a moldura que eu lhe ofereci nos anos, com uma fotografia da
minha mãe, do tempo em que ele tinha o cabelo só de uma cor… Uma autêntica relíquia que eu nem
conhecia. Subitamente, arrependi-me de não lhe ter dado a minha fotografia tirada na praia, mas não lhe
disse nada. Como me viu a olhar para a moldura sorriu e disse: “Foi uma bela ideia, filha. A outra que eu cá
tinha partiu-se.” Fiz também um sorriso que agora não sei definir e perguntei-lhe se ia jantar. Que sim, mas
tarde, lá para as dez. Já era de esperar. Despedi-me e, quando ia a sair, chamou-me: “Espera aí. Que cara é
essa? Sabes perfeitamente que eu tenho muito que fazer, Joana. Por mim, claro que ia para casa mais cedo,
filha. Tomara eu ter tempo para jantar com a família!” Não acreditei, mas voltei a sorrir, porque não tinha
nada para dizer. E percebi que os sorrisos servem para uma data de coisas, como por exemplo para tapar
buracos que aparecem quando o mar das palavras se transforma em deserto. (…)

Porque é que não estás aqui comigo, Marta?!

Acho que vou hibernar para o Havai, este Inverno.

Um beijo da

Joana

(Maria Teresa Maia Gonzalez, A Lua de Joana, Verbo Editora)


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A Carta formal deve obedecer a uma estrutura mais ou menos fixa:

Dados do remetente no
canto superior esquerdo
Local e data, separados por
vírgulas e com o nome do
mês por extenso (canto
superior direito
Destinatário: Exmo. Sr…./
Sr.ª Directora…./
Parágrafo inicial, contendo
uma breve saudação ou
apresentando sucintamente o
objectivo da carta.
Corpo da Carta :
Parágrafo(s) onde se
desenvolve, em pormenor, o
assunto da carta, se
introduzem novos assuntos,
etc.
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Fórmula de despedida:
termina a comunicação e
inclui uma curta despedida.

Assinatura manuscrita, no
fim, no canto inferior direito
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Carta Privada

Local e data

Fórmula de saudação e
destinatário

Parágrafo inicial

Corpo da carta

Fórmula de despedida

Assinatura do remetente

In: http://portugues.profissional.googlepages.com/módulo1

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