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VICTOR NUNES LEAL

CORONELISMO ENXADA E VOTO

OS PRINCIPAIS TRAÇOS DO CORONELISMO cuja aparente singeleza mal encobre


UMA GRANDE complexidade

Suas consequências se projetam sobre toda a vida política do país, o


CORONELISMO atua no reduzido cenário do governo local. Seu habitat são os
municípios do interior, o que equivale dizer os municípios rurais, sua vitalidade é
inversamente proporcional ao desenvolvimento das atividades urbanas, como sejam o
comércio e a indústria. Consequentemente, o isolamento é fator importante na formação e
manutenção do fenômeno.
Significando o isolamento, ausência ou rarefação do poder publico, apresenta-se o
CORONELISMO desde logo, como certa forma de incursão do poder privado no domínio
político. Daí a tentação de o considerar puro legado ou sobrevivência do período colonial,
quando eram freqüentes as manifestações de hipertrofia do poder privado, a disputar
atribuições próprias do poder instituído. Seria, porem, errôneo identificar o patriarcalismo
colonial com o CORONELISMO, que alcançou sua expressão mais aguda na PRIMEIRA
REPÚBLICA. Também não teria propósito dar esse nome à poderosa influencia que,
modernamente, os grandes grupos econômicos exercem sobre o estado.
Não se pode, pois, reduzir o CORONELISMO a simples afirmação anormal do
poder privado. É também isso, mas não é somente isso. Nem corresponde ele à fase
áurea do privatismo: o sistema peculiar a esse estádio, já superado no Brasil, é o
patriarcalismo, com as concentrações do poder econômico, social e político no grupo
parental. O CORONELISMO pressupõe, ao contrário, a decadência do poder privado e
funciona como processo de conservação do seu conteúdo residual.
Conceituação do CORONELISMO: um sistema político dominado por uma relação
de compromisso entre o poder privado decadente e o poder publica fortalecido.
O simples fato do compromisso presume certo grau de fraqueza de ambos os lados
b, também, portanto, do poder publico. Mas, na PRIMEIRA REPÚBLICA – quando o termo
CORONELISMO se incorporou ao vocabulário corrente, para designar as particularidades
da nossa política do interior – o, aparelhamento do estado já se achava suficientemente
desenvolvido, salvo em casos esporádicos, para conter qualquer rebeldia do poder
privado. É preciso, pois, descobrir a espécie de debilidade que forçou o poder publico a
estabeler o compromisso CORONELISTA
No período colonial o regime representativo estava limitado á composição das
câmaras municipais
NA republica velha O NOVO SISTEMA federalista
A Superposição do regime representativo, em base ampla, a essa inadequada
estrutura econômica e social, havendo incorporado à cidadania ativa um volumoso
contingente de eleitores incapacitados para o consciente desempenho de sua missão
política, vinculou os detentores do pode publico, em larga medida, aos condutores
daquele rebanho eleitoral. Eis ai a debilidade particular do poder constituído, que levou a
compor-se com o remanescente poder privado dos donos de terras no peculiar
compromisso do CORONELISMO . Despejando seus votos nos candidatos governistas
nas eleições estaduais e federais, os dirigentes políticos do interior fazem-se credores de
especial recompensa, que consiste em ficarem com as mãos livres para consolidarem sua
dominação no município. Essa função eleitoral do CORONELiSMO é tão importante QUE
sem ela dificilmente se poderia compreender a utilidade que anima todo o sistema. O
regime federalista também contribui para a produção do fenômeno: ao tornar inteiramente
eletivo o governo dos Estados permitiu a montagem, nas antigas províncias, de sólidas
máquinas eleitorais estáveis, que determinaram a instituição da POLITICA DOS
GOVERNADORES, repousavam justamente no compromisso CORONELISTA.
O FENOMENO do coronelismo é característico do regime republicano.
Embora diversos elementos que ajudam a compreender o quadro CORONELISMO
fossem observados Frequentemente durante o império
A dependência do eleitorado rural, em princípio, tanto pode beneficiar o governo
como a oposição, e em toda parte encontramos, efetivamente, os CORONÉIS
oposicionistas. Entretanto o CORONELSIMO, como sistema político tem feição
marcadamente governista. Para alcançar esse resultado, o governo estadual teve de
garantir sua posição de parte forte naquele compromisso político.
A precariedade das garantias da magistratura e do Ministério Público (ou sua
ausência) e a livre disponibilidade do aparelho policial sempre desempenharam a esse
respeito saliente papel, de manifesta influência no falseamento do voto. A utilização do
dinheiro, dos serviços e dos cargos públicos, como processo usual da ação partidária.
A submissão do município foi expediente muito útil para garantir a preponderância
da situação estadual em seus entendimentos com os chefes locais. Sem receita
suficiente, atadas as mãos por processos variados de tutela, cerceadora por vezes na
composição do seu próprio governo, as comunas só podiam realizar qualquer coisa de
proveitoso quando tivessem o amparo do alto.
O CORONELISMO seja um sistema político essencialmente governista. Com a
policia no rastro, mas garantidos pela justiça precária, sem dinheiro e sem poderes Para
realizar os melhoramentos locais mais urgentes, destituídos de recursos para as
despesas eleitorais e não dispondo de cargos públicos nem empreendimentos de
empreitadas oficiais para premiar os correligionários, quase nunca tem tido os chefes
municipais da oposição outra alternativa senão apoiar o governo.
Nesse quadro de falta autonomia legal o município nunca chegou a ser sentida
como problema crucial, porque sempre foi compensada com extensa autonomia
extralegal concedida pelo governo do estado ao partido local de sua preferência. Essa
contraprestação estadual no compromisso CPRONELISTA explica, grande parte, o apoio
que os legisladores estaduais – homens em sua maioria do interior – sempre deram aos
projetos de leis atrofiados dos municípios. Com tais medidas, só os adversários ficavam
realmente prejudicados: de um lado a corrente local governista sempre obteria do Estado
o que reputasse indispensável.
Com o fortalecimento do poder publico o poder coronel também aumentou haja
vista com o aumento do poder publico houve um aumento da contribuição da máquina
publica na vida dos coronéis. uma vez que houve uma diminuição do poder local – donos
de terras – mais destaque teve o oficialismo
O CÓDIGO Eleitoral de 1932 MINOU O coronelismo -. O mais evidente sintoma
dessa modificação é o declínio da influencia governista nas eleições, inclusive com a
derrota de algumas situações estaduais. FATO INCONSEBÍVEL NA PRIMEIRA
REPÚBLICA
O aperfeiçoamento do processo eleitoral está contribuindo certamente para o
solapamento do CORONELISMO-em 1932 com o código eleitoral.
Em 1930 a economia brasileira já não se podia considerar rural, porque a produção
industrial rivalizava com a produção agrícola e a crise do café havia reduzido o poder
econômico dos fazendeiros, em confronto com o dos banqueiros, comerciantes e
industriais. Havia crescido população e o eleitorado urbanos, e a expansão dos meios de
comunicação e transporte aumentara os contatos da população rural, com inevitáveis
reflexos sobre sua conduta política. Todos esses fatores vêm de longa data corroendo a
estrutura econômica e social em que se arrima o CORONELISMO.
O QUADRO POLITICO DA republica velha REFREOU, quando pôde o coronelismo
O coronelismo se ajustou ao novo modelo de governo, uma vez que muda-se o
quadro político, mas a estrutura agrária continua existindo com os curras eleitorais.
Parece que a decomposição do coronelismo só será completa quando se tiver
operado uma alteração fundamental na estrutura agrária do país.

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