ROSTO

© 2008 Editora Árvore da Vida

ISBN: 978-85-7304-336-5

1ª Edição – Xcccccccc/2008- 10.000 exemplares

SUMÁRIO
Proibida a reprodução total ou parcial deste livro
sem autorização escrita dos editores. Prefácio........................................................................ 7

Editora Árvore da Vida

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Os textos das referências bíblicas foram extraídos da Versão Revista e

Atualizada de João Ferreira de Almeida (SBB), salvo indicação específica.
 PREFÁCIO

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5
 Capítulo Um

A BÍBLIA

ESBOÇO GERAL
I. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS
II. A ORIGEM DA BÍBLIA
III. O CONTEÚDO DA BÍBLIA
IV. AS FUNÇÕES DA BÍBLIA
V. O PENSAMENTO CENTRAL DA BÍBLIA
VI. OS LIVROS E A SEÇÕES DA BÍBLIA
VII. OS TEMAS DA BÍBLIA
VIII. COMO LER A BÍBLIA
IX. COMO INTERPRETAR A BÍBLIA
X. COMO ESTUDAR A BÍBLIA

A BÍBLIA
I. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS:
A. É a revelação de Deus para o homem, a fim de que ele
conheça a si mesmo, a Deus e ao plano de Deus.
B. O homem precisa conhecê-la, pois, sem dúvida, nela
obterá as respostas para todos os seus questionamentos
e a solução para todos os seus problemas.
C. Se o homem não reconhece que a Bíblia é a Palavra
de Deus, então o seu estudo será apenas a obtenção
de mero conhecimento para satisfazer a curiosidade

7
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
ou de pensamentos, provérbios e filosofias, que não
terão a menor possibilidade de satisfazer as suas
reais necessidades.
D. Os principais argumentos que sustentam a afirmação
de que a Bíblia é a Palavra de Deus são:
1. Pela fé: Deus soprou dentro do homem o espírito,
que é também o espírito da fé, pelo qual o homem
pode contatar Deus, reconhecê-Lo e discernir as
Suas coisas – Gn 2:7; Jó 12:10; 32:8; Pv 20:27; Mt
5:3; 1Co 2:14; Hb 4:1-2; 11:3, 6; 2Co 4:13.
2. Pela sua lógica:
a) Por constituir-se no único livro que afirma
claramente que Deus é a Sua fonte; por
superar a qualquer outro livro quanto ao seu
inigualável padrão moral; por ser o único livro
que aborda com clareza e exatidão a origem do
universo, a criação e a função do homem, o
futuro da terra e da humanidade e a existência
de Deus; além de ser o livro com maior número
de exemplares e de maior alcance (mais de 2
mil idiomas) – Gn 1:1, 26; Jo 1:1-3.
b) John Wesley disse que a Bíblia, se não tivesse
sido escrita por Deus, somente poderia ter
sido escrita por um homem bom ou por um
mal. Um homem mal não teria sido, pois ele
estaria se condenando, tampouco um homem
bom, pois ele seria mentiroso, uma vez que a
Bíblia atribui ao próprio Deus a sua autoria.
3. Pela sua completação:
a) Seus escritores são mais de 40 e seus escritos
feitos em mais de 1600 anos; a soma das letras
8 9
A Bíblia
de cada palavra do Pentateuco, em hebraico,
é múltiplo de sete (o número sete indica um
ciclo completo); os registros dos erros dos
antepassados revela sua singularidade (2Sm
24:10, 14-17; Mt 1:6); e sua lei moral revela
um incomparável padrão do criador e legislador
(Ex 20:17; Rm 7:7).
b) Tanto o hebraico, o idioma que foi escrito o
Antigo Testamento, e o grego “koiné”, o idioma
do Novo Testamento, não sofreram evolução
como a maioria dos idiomas existentes. Isso
protege o significado original dos textos
bíblicos. Com relação às aplicações, não há
problemas lingüísticos que descaracterizem
ou modifiquem seu entendimento. A Bíblia
apresenta fatos, pensamentos e o sentir do
Espírito, todos eles, desde que compreendidos
adequadamente, podem ser aplicados aos
nossos dias. Os relatos bíblicos mostram
que a cultura e os hábitos dos povos podem
mudar, mas as suas necessidades de segurança,
satisfação e de paz continuam as mesmas, e,
especialmente, no que se refere à necessidade
humana de relacionar-se com Deus – Gn
4:16, 20-26.
4. Por suas profecias (alguns exemplos):
a) Uma profecia válida deve ser anunciada antes
do seu acontecimento; deve estar além da
capacidade de previsão humana; deve explicar
detalhes; o tempo para o seu cumprimento deve
ser suficiente para que não haja manipulação
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
humana; e o seu cumprimento deve ser
claramente manifestado.
b) As concernentes a Cristo, cujo cumprimento
com relação a Sua primeira vinda e obra foi
cabal e agora vemos o cumprimento de suas
palavras em relação a Sua segunda vinda – Is
7:14; Mq 5:2; Os 11:1; Jr 2:18; Is 11:1 ... Mt
24:3-14, 32-44.
c) As concernentes as experiências do povo de Israel
– Dt 28:58-68; 30:1-6; 2Rs 17:3-13; Ed 1:1-4.
d) As concernentes a povos, nações e cidades
como Tiro, Sidom e Babilônia – Ez 28:11-19,
20-26; Jr 51:54-64.
5. Pelo seu poder: manifestado na pregação do
evangelho; na mudança do comportamento das
pessoas; na sensibilização da consciência; no amor
dedicado pelos seus leitores, mesmo diante de
ameaças e da morte; e na sua indestrutibilidade e
avanço mesmo sofrendo perseguição implacável
e duradoura (tal como o Império Romano lançou
por mais de 300 anos).
6. Pela ciência:
a) Por conter registros acerca da redondeza e
rotação da terra (Jó 26:7; Is 40:22; Jó 38:14)
e do número ilimitado das estrelas (Jr 33:22),
antes mesmo de que houvesse qualquer
tecnologia capaz de fazer tais constatações.
b) A ciência é evolutiva, suas conclusões
dependem de estudos e de tecnologia que
estão permanentemente avançando, as quais,
via de regra, contrariam ou refutam resultados
10
A Bíblia
anteriores. Nesse sentido, podemos afirmar
que nenhum fato bíblico pode ser, adequada
e comprovadamente, contestado pela ciência.
A formação do homem a partir do pó da terra,
segundo Gênesis 2, é cabalmente confirmado pelo
estudo da constituição química do corpo etc.
c) Quanto aos milagres que a Bíblia menciona, tal
como a travessia do Mar Vermelho e a destruição
do exército de Faraó: tais fatos são aceitos pelos
crentes pela fé, da mesma maneira que creêm
na própria existência de Deus e em sua obra de
criação (Hebreus 11:1-6; Rm). As pessoas que
dizem não crer em Deus porque não o vêem,
via de regra, não tem dificuldades em crer que
um cheque corresponde a um valor no banco
que elas não estão vendo, da mesma forma que
acreditam em bactérias e em outras descobertas
científicas, sem também nunca tê-las visto
ou comprovado. Por que não crêem no que a
Bíblia diz? Somente porque não vêem Deus?
Muitas pessoas acreditam que uma explosão
ocasional foi a origem de todas as coisas. Porém
como poderiam explicar que desta explosão o
homem tenha surgido e com ele todas as coisas
inteligentes? Tais pessoas duvidam que Deus
possa abrir e fechar uma passagem pelo Mar
Vermelho, ou fazer chover sobre a terra até que
ela fique submersa, como no caso do dilúvio,
mas são capazes de crer que o nada fez tudo
isto que temos agora. Logo, se cremos que Deus
existe, não há lógica em duvidar que Ele seja
11
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
capaz de fazer qualquer coisa, sendo que criou
o universo e todas as demais coisas a partir do
nada. Assim a existência de Deus explicaria
qualquer milagre.
d) A questão da vida pré-adâmica também é
apresentada pela Bíblia, uma vez que ela
confirma a existência de uma terra primitiva,
com seus habitantes, os quais envolveram-se
na rebelião de Lúcifer. A reação divina veio
na forma de um julgamento aos rebeldes,
os quais passaram a constituir o reino das
trevas, sob a liderança de Satanás. A terra,
portanto, tornou-se sem forma e vazia.
Naquele momento Deus veio fazer uma
obra de restauração, que foi concluída com
a criação do homem, a fim de restabelecer o
reino de Deus na terra – Gn 1:1; Is 14:12-16;
Ez 28:11-19; Ap 12:4; Lc 10:18; Jó 40:15;
41:1; Gn 1:26-28.
7. Pela história do povo judeu: desde seu
chamamento, formação, viver, divisão, cativeiro
e restauração – Ex 19:5-6; Dt 28:58-68; 30:1-6;
2Rs 17:3-13; Ed 1:1-4.
8. Pelo testemunho do próprio Senhor Jesus e de
outros escritores da Bíblia: Jesus referiu-se 49 vezes
ao VT no Evangelho de Mateus (Mt 5:17-18);
Davi (Sl 119:135; Nm 6:25); Pedro (1Pe 2:6; Is
28:16), Paulo (Rm 9:17; Ex 9:16), João (Jo 2:22;
Sl 16:10) também fizeram referências ao AT.
9. Pelos documentos antigos e pela arqueologia (livro
“Conhecendo a Bíblia”, de W. Lee).
12
A Bíblia
II. A ORIGEM DA BÍBLIA
A. “Toda Escritura é soprada por Deus” (2 Tm 3:16 -
literal):
1. A origem da Bíblia é o próprio Deus.
2. Todas as palavras que fazem parte da Bíblia foram
inspiradas por Deus, ou seja, foram divinamente
citadas e registradas para revelar toda a sabedoria
do Seu autor.
3. O que foi soprado não foram somente palavras,
mas também Espírito e vida – Jo 6:63.
B. “Homens falaram da parte de Deus, movidos pelo
Espírito Santo” (2 Pe 1:21):
1. Por meio de Seu Espírito, Deus soprou Sua palavra
para dentro e de dentro dos homens que, conduzidos
pelo Espírito Santo, falaram a palavra de Deus.
2. No Antigo Testamento Deus usou os profetas,
sejam eles líderes do povo como Moisés, sejam
pessoas humildes como boieiros, a exemplo de
Amós. No Novo Testamento Deus usou o Seu
Filho, que por Sua vez usou seus santos e apóstolos
– Hb 1:1-2; 2Pe 3:15-16.
3. Os autores da Bíblia foram inspirados, porém os
seus registros não são apenas do que Deus disse,
mas incluem porções do que o homem disse e até
mesmo de Satanás – Gn 3:1-8; Mt 4:1-11; 16:21-
23; 17:1-8.
III. O CONTEÚDO DA BÍBLIA
A. O conteúdo da Bíblia é a verdade e a vida – Jo 17:17;
6:63.
B. “A tua palavra é a verdade” (Jo 17:17) – Nesta
passagem o Senhor Jesus indica que a Palavra do Deus
13
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Pai na Bíblia é a verdade; ela nos revela a realidade do
próprio Deus e do Seu plano, para que creiamos Nele
e O recebamos:
a. A verdade traz-nos a revelação e o conhecimento
de todas as realidades do universo, tais como
a realidade de Deus, a realidade do homem,
a realidade de todas as coisas da era presente,
da vindoura e da eterna, especialmente a
realidade do Cristo designado por Deus que
é percebida como o Espírito da realidade – Jo
14:6, 16-17; 16:13; 4:23-24.
b. Um grande problema é não praticar a verdade
ou seja torná-la Espírito e vida, para que
sejamos habilitados a vivê-la. Se ela não é
praticada torna-se mera doutrina ou letra,
que traz soberba, condenação e morte – 2 Co
3:5-6; 1Co 8:1. Por isso, graças ao Senhor, que
hoje nos tem conduzido a praticar o L.O.R.P.:
Ler, Orar, Ruminar e Profetizar. Dessa forma,
temos desfrutado da Palavra cada vez mais
como Espírito e vida e temos podido aplicá-la a
nosso viver diário, tornando-a real para nós.
c. A verdade precisa ser revelada pelo Pai,
mediante o Espírito, que é o próprio Senhor,
para que seja praticada – Dt 29:29; Mt 11:25-
27; 13:11; 2Co 3:14-18.
C. “Dizei ao povo todas as palavras desta Vida” (At
5:20) – Este versículo mostra-nos o que o anjo falou
a Pedro, ordenando-o que anunciasse ao povo as
palavras da Vida, que são as palavras da Bíblia pregadas
pelos apóstolos:
14
A Bíblia
a. Visto que as palavras contêm vida, elas podem
suprir vida, e essa vida é o próprio Deus – Jo
1:1-4; 1Jo 5:12, 20.
b. Vida é o próprio Deus vindo para ser a nossa
vida, fazendo com que sejamos regenerados,
cresçamos, sejamos transformados e
conformados à imagem de Cristo, que expressa
Deus, a fim de tornar-nos Sua expressão – Jo
1:12; 3:16; Rm 8:29-30.
IV. AS FUNÇÕES DA BÍBLIA
A. “As Escrituras (...) são elas mesmas que testificam
de mim” – Jo 5:39: A primeira função da Bíblia
é testificar de Cristo. A Bíblia é a explicação e a
expressão de Cristo. Cristo é a Palavra viva de Deus,
e a Bíblia é Sua palavra escrita. Cristo, a Palavra
viva, é a realidade. Sem Ele, as palavras escritas da
Bíblia não passam de doutrinas vazias e letras vãs.
Todavia, sem a palavra escrita da Bíblia como Sua
expressão, Cristo, a Palavra viva, seria abstrato e
intocável. Portanto, para conhecer Cristo devemos
ler a Bíblia.
B. “As sagradas letras que podem tornar-te sábio para
a salvação pela fé em Cristo Jesus” – 2 Tm 3:15):
Por um lado, a Bíblia testifica de Cristo; por outro,
torna- nos sábios para a salvação pela fé em Cristo
Jesus, revelando-nos o método da salvação de Deus
em Cristo e o caminho da salvação do homem pela fé,
para que saibamos como ser salvos.
C. “Fostes regenerados não de semente corruptível, mas
de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual
vive e é permanente” – 1 Pe 1:23: A palavra viva de
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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Deus, na Bíblia, é a semente da vida que nos capacita
a obter a vida de Deus para sermos regenerados.
D. “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas,
o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja
dado crescimento para salvação” – 1 Pe 2:2: “O leite
espiritual” refere-se à Palavra de Deus que se torna
o leite que alimenta. Para as crianças espirituais,
recém-regeneradas, a Bíblia é o leite nutritivo que as
faz crescer.
E. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra
que procede da boca de Deus” – Mt 4:4: Pelo contexto,
as palavras que saem da boca de Deus se referem às
palavras de Deus na Bíblia. Tais palavras não são
apenas nosso leite espiritual, mas também nosso
alimento espiritual, que nos nutre, a fim de podermos
não apenas crescer, mas nos fortalecer e amadurecer.
F. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz
para os meus caminhos” – Sl 119:105: A palavra de
Deus na Bíblia não somente ilumina nosso coração
e espírito, interiormente, para nos dar sabedoria e
revelação, como também ilumina nossos passos e
caminhos, exteriormente, para que não nos desviemos
na carreira da salvação.
G. “Toda Escritura (...) é útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2
Tm 3:16-17) – As palavras da Bíblia podem também
ensinar, repreender, corrigir e educar as pessoas na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
completamente habilitado para toda boa obra.
16
A Bíblia
V. O PENSAMENTO CENTRAL:
A. A maioria dos livros sobre a Bíblia apresentam Cristo
como o seu pensamento central. Porém, segundo a luz
que temos recebido, sentimos que é insuficiente dizer
simplesmente que o pensamento central da Bíblia é
Cristo. As palavras do apóstolo Paulo na carta aos
Efésios são: “Grande é este mistério, mas eu me refiro
a Cristo e à igreja” (Ef 5:32). Com tal referência,
podemos dizer que o pensamento central da Bíblia é
Cristo e a igreja.
B. Sem dúvida, toda a Bíblia revela a Cristo. Mas, ao
mesmo tempo, ela também nos mostra que Cristo
precisa da igreja, assim como o homem precisa de
uma esposa. Desde o começo, a Bíblia apresenta isso
em tipo – que não era bom que Adão vivesse só. Pelo
Novo Testamento sabemos que tal figura refere-se a
Cristo necessitar de Sua noiva. Portanto, no começo da
Bíblia, não apenas Adão é revelado, mas também Eva
foi produzida, a partir de Adão, para se tornar sua noiva,
e como os dois tornaram-se um. Havia Adão e também
Eva. O apóstolo disse que isso é um grande mistério,
mas que ele se referia a Cristo e à igreja. Na Bíblia, não
podemos ver apenas Cristo, sem ver a igreja. Na Bíblia
há a história de Deus contatando o homem por meio
de Cristo, mas também vemos o homem ocupando uma
posição muito importante. Os personagens centrais na
Bíblia são não apenas Deus em Cristo, mas também
o homem como a noiva de Deus em Cristo. O casal
universal é Deus e o homem. No universo Deus é o
único varão e o homem é Seu complemento. Se o
homem não tem Deus, ele é como uma viúva. Se Deus
17
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
não tem o homem, é como se Ele fosse “solteiro”. No
universo tem de haver o casamento de Deus com o
homem – Gn 2:18-25; Ef 5:31-32; Ap 22:17.
C. Por essa razão, a primeira cena apresentada no Antigo
Testamento é a história de um homem buscando
uma esposa. Esse homem tipifica Cristo, e Cristo é a
corporificação de Deus. Essa esposa tipifica a igreja, e
a igreja é um grupo de homens salvos por Deus dentre
a humanidade para que sejam edificados por Ele. Por
todo o Antigo Testamento, Deus colocava-se o tempo
todo na posição de marido para com o Seu povo. Deus
tratou os israelitas como Sua esposa. Mais tarde, veio o
Senhor Jesus. João, o antecessor do Senhor Jesus, não
apenas apresentou-O como o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo, mas também testificou que
Aquele que tem a noiva é o Noivo. João não apenas
apresenta o Senhor Jesus como o Cordeiro redentor,
mas também como o Noivo que tem a noiva. Então,
nas Epístolas, o apóstolo Paulo diz: “Tenho preparado
para vos [os salvos] apresentar como virgem pura a
um só esposo, que é Cristo” (2 Co 11: 2). Ele também
diz que a igreja é para Cristo assim como Eva é para
Adão. Em Apocalipse, no fim de toda a Bíblia, há uma
proclamação de que chegaram as bodas do Cordeiro.
Quando a Nova Jerusalém aparece, é dito que ela foi
preparada e adornada para o seu marido. Essa é a união
de Deus com o homem. Todas as pessoas redimidas e o
Redentor tornam-se um como o mistério do universo,
que é Cristo e a igreja.
D. Portanto o personagem central de toda a Bíblia é esse
casal misterioso. Deus e o homem tornam-se um, da
18
A Bíblia
mesma maneira que o homem e a mulher tornam-se
uma carne. O homem e a mulher tornarem-se uma
carne tipifica Deus e o homem tornando-se um. Cristo
é Deus tornando-se um com o homem, e a igreja é o
homem tornando-se um com Deus. Deus vem em Seu
Filho, Cristo, para poder tornar-se um com o homem.
O homem é edificado em Seu Filho como Sua igreja,
para que possa tornar-se um com Deus. Essa unidade,
essa união misteriosa, é Cristo e a igreja, e também a
união de Deus com o homem. Esse é o pensamento
central da Bíblia.
E. Também podemos falar do pensamento central da
Bíblia de outra maneira. Cristo é a palavra viva de
Deus, e a Bíblia é a palavra escrita de Deus. Cristo é o
conteúdo da Bíblia e a Bíblia é a explanação de Cristo.
Se tirarmos Cristo da Bíblia, ela se tornará um livro
vazio, como um vaso vazio sem o seu conteúdo. Ao
mesmo tempo, ninguém pode conhecer bem a Cristo
sem conhecer a Bíblia, porque a Bíblia é a explanação
de Cristo. Somente quando alguém lê a explanação
na Bíblia pode entender e conhecer o que Cristo é. A
Bíblia nos diz que tudo o que é de Cristo foi posto na
igreja e é expresso pela igreja. Portanto, o pensamento
central da Bíblia é Cristo e a igreja. É insuficiente
conhecer apenas Cristo; temos de conhecer também a
igreja. A Bíblia mostra-nos que a personagem central e
universal tem tanto uma cabeça quanto um corpo. A
Cabeça é Cristo e o Corpo é a igreja. Portanto, Cristo
e a igreja são o pensamento central da Bíblia.
F. Finalmente ao observarmos a criação do homem em
Gênesis, vemos a razão pela qual o casal homem e
19
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
mulher foram criados. Deus os criou e os abençoou
para serem fecundos, multiplicarem, encherem e
sujeitarem a terra, tendo assim domínio sobre a criação
de Deus. Isso revela que o casal universal é para o
estabelecimento do reino de Deus. Neste sentido
podemos concluir que o pensamento central da Bíblia é
Cristo e a igreja para o reino de Deus – Gn 1:26-28.
VI. OS LIVROS E AS SEÇÕES DA BÍBLIA – A Bíblia se
divide em duas partes. A primeira parte é chamada de
Antigo Testamento e a segunda parte é chamada de
Novo Testamento:
A. O Antigo Testamento: Este se refere a primeira parte
da Bíblia, a qual se compõe de trinta e nove livros que
se dividem em:
1. Os Livros da Lei: Estes compreendem um total
de cinco livros, de Gênesis a Deuteronômio, e
são chamados de livros da lei porque neles há os
mandamentos, os estatutos e os juízos que formam
a lei de Moisés para o povo de Israel.
2. Os Livros de História: Estes compreendem um
total de doze livros, de Josué a Ester, e relatam a
história dos israelitas desde sua entrada em Canaã
até seu regresso do cativeiro. Portanto, eles são
chamados dos livros de história.
3. Os Livros de Poesia: Estes compreendem um total
de cinco livros, de Jó a Cântico dos Cânticos,
os quais expressam em poesia as diferentes
experiências espirituais do povo de Deus.
4. Os Livros dos Profetas: Estes compreendem um total
de dezessete livros, de Isaías a Malaquias, escritos
pelos profetas cujo conteúdo é principalmente as
20
A Bíblia
profecias concernentes aos israelitas, aos gentios
e a Cristo. Eles dividem-se em profetas maiores de
Isaías até Daniel (5 livros), e profetas menores de
Oséias a Malaquias (12 livros).
B. O Novo Testamento: Este se refere a segunda parte
da Bíblia, a qual se compõe de vinte e sete livros que
se dividem em:
1. Os Livros de História: Estes compreendem um
total de cinco livros, do Evangelho de Mateus aos
Atos dos Apóstolos. Os quatro primeiros são uma
história do Senhor Jesus e o último é a narração do
mover dos discípulos na terra depois da ascensão
do Senhor aos céus.
2. As Epístolas: Estas compreendem um total de vinte
e um livros, desde o livro de Romanos até o livro de
Judas, os quais são cartas escritas pelos apóstolos às
igrejas, ou aos santos em particular. Elas transmitem
a visão e o encargo de cada apóstolo às igrejas e aos
santos de acordo com as suas necessidades, a fim de
que tenham uma vida da igreja e espiritual normal.
3. O Livro de Profecia: O único livro de profecia do
Novo Testamento é o Apocalipse, o qual é o livro
que conclui o Novo Testamento e é o último livro
de toda a Bíblia. Contem profecias relacionadas
com a igreja, Israel, o mundo, a segunda vinda de
Cristo, o destino de Satanás, o juízo final, a era
vindoura e a eternidade.
VII. OS TEMAS DA BÍBLIA:
A. O tema geral: Deus planejou e criou; Satanás rebelou-se
e danificou; o homem caiu e perdeu-se; e Cristo redimiu
e edificou para o estabelecimento do reino de Deus.
21
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
B. O tema do Antigo Testamento:
1. Deus criou, Satanás danificou, o homem caiu
e Deus prometeu a vinda de Cristo para a
redenção.
2. Deus deseja levar o homem a Cristo para obter a
redenção (voltar a pertencer a Deus).
C. O tema do Novo Testamento:
1. Cristo vindo para redimir os pecadores e edificar
a igreja, conforme o plano de Deus.
2. Em Cristo, a igreja é redimida e edificada, e o reino
é estabelecido.
D. As Diferenças entre o Novo Testamento e o Velho
Testamento:
1. Os dois testamentos e as duas alianças que Deus
fez com o homem:
2. Deus fez uma promessa para Abraão e mais
tarde também confirmou com um juramento
– Gn 22:16.
3. A promessa tornou-se uma aliança – Gl 3:15-17.
4. A velha aliança foi proclamada no monte Sinai,
por Moisés, em Ex 19 e continuou até o tempo de
João Batista – Mt 11:12-13.
5. Dois mil anos mais tarde, Deus enviou Jesus, que
derramou Seu sangue na cruz e cumpriu a nova
aliança – Lc 22:20.
E. O Velho Testamento, uma aliança que foi acrescentada
e abolida – Rm 5:20; Gl 3:19; 22-26; Hb 8:13:
1. Promulgada por mão de Moisés – Gl 3:19; Jo 1:17;
Ex 24:3.
2. Sancionada pelo sangue de touros e de bodes – Hb
9:22; 18-20; Ex 24:6-8.
22
A Bíblia
3. Baseada na lei, como sua condição, a qual não
pode dar vida – Dt 6:1-3; Gl 3:10; 3:21.
4. Requer que o homem faça algo – Gl 3:12; Dt
4:1; 5:1; 6:1, 25. Aplica-se somente ao período
do Velho Testamento – Hb 8:13; Jr 31:31-34;
Hb 8:8.
F. O Novo Testamento, uma melhor aliança que é eterna
– Hb 8:6; 7:16; 13:20; 8:13:
1. Cumprida por Jesus Cristo – Mt 26:28.
2. Estabelecida com o sangue de Jesus, o Filho de
Deus – Lc 22:20, 1Jo 1:7.
3. Baseada na graça, como sua condição, a qual dá
vida – Rm 6:14.
4. Exige que o homem somente creia – Rm 11:6; Jo
3:15, 18.
5. Aplica-se para o período do Novo Testamento e
pela eternidade – Jr 31; Hb 13:20.
VIII. COMO LER A BÍBLIA – Como a Bíblia é a Palavra
de Deus, sua natureza é divina e espiritual, precisamos
aprender a lê-la para obter benefício em todo o nosso
ser:
A. Lendo-a com entendimento – “Então, lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras”
(Lc 24:45). Ao ler a Bíblia, devemos primeiro usar
o entendimento de nossa mente para compreender
seu texto, o qual está escrito em linguagem
humana, e conhecer seu significado.
B. Lendo-a com sabedoria:
1. “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a
sabedoria...” (Cl 3:16)
23
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
2. “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dele” (Ef 1:17).
Estes dois versículos indicam que necessitamos
entender com sabedoria a palavra com respeito
às coisas divinas reveladas por Deus na Bíblia.
Efésios 1:17 também nos mostra que tal sabedoria
está unida ao nosso espírito. Esta sabedoria não é
a que temos por natureza, mas a que obtemos por
meio da oração. Tal sabedoria em nosso espírito
é mais profunda e mais alta que o entendimento
em nossa mente. Compreendemos a letra da
Bíblia com o entendimento em nossa mente, mas
ganhamos a revelação da verdade da Bíblia por
meio da sabedoria em nosso espírito.
C. Recebendo-a com o espírito:
“Tomai também ... a espada do Espírito, que é a
palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando
em todo tempo no Espírito” (Ef 6:17-18)
Aqui nos diz que recebemos a palavra de Deus orando
no espírito. Isto nos revela que também necessitamos
exercitar nosso espírito quando lemos e recebemos a
palavra de Deus. Isso se faz, indubitavelmente, por
meio da oração. Portanto, ao ler a Bíblia, depois de
haver entendido o significado do texto com nosso
entendimento e haver compreendido a verdade
do texto com nossa sabedoria, devemos usar nosso
espírito mediante a oração para receber as verdades
da Escritura na parte mais profunda de nosso ser, isto
é, em nosso espírito. Em outras palavras, depois de
entendido o texto e recebido a verdade que contém,
24
A Bíblia
todavia devemos exercitar nosso espírito para converter
em oração o que entendemos e compreendemos afim
de que a verdade seja assimilada em nosso espírito e
assim tornar-se nosso suprimento de vida e a base de
nossa experiência espiritual.
D. Ler-orar a Palavra:
Outra forma simples, espiritual e benéfica de
desfrutar a Bíblia é tomá-la por meio do ler-orar.
Lemos o texto bíblico com repetição, com ênfase,
de maneira viva, transformando cada frase e cada
palavra em nossa oração. Às vezes podemos aplicar
o texto a nós mesmos mediante a oração. Quanto
mais praticarmos o ler-orar, mais elevado, liberado,
mais profundo e mais cheio ficará o nosso espírito.
Esse é o benefício que recebemos.
E. Desfrutando a preciosidade e doçura da Palavra:
“Para mim vale mais a lei que procede de tua
boca do que milhares de ouro ou de prata” (Salmo
119:72). “São mais desejáveis do que ouro, mais do
que muito ouro depurado e são mais doces do que
o mel” (Salmo 19:10).
Esses versículos revelam a preciosidade da palavra
de Deus na Bíblia, pela qual o nosso desejo é
continuamente despertado. Revelam também a doçura
e amabilidade da palavra de Deus.
F. Dedicando um tempo para ler a Bíblia:
Podemos ler a Bíblia em qualquer momento e devemos
fazê-lo sempre que possível ou necessário. No entanto,
falando em termos gerais, é melhor lê-la pela manhã,
antes de ter contato com qualquer pessoa ou coisa.
Tais ocasiões podem não durar muito tempo, mas
25
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
devemos anelar ler a Bíblia antes de qualquer outra
coisa, sempre que possível mesclado-a com oração – Sl
119:145-149.
IX. OS PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA:
A. Todo ensinamento da Bíblia deve estar perfeitamente
harmonizado com a linha central da economia de
Deus, a qual é revelada na própria Escritura.
B. Os fatos ou relatos que estão incluídos na Bíblia não
indicam, necessariamente, que devem ser seguidos
como um ensinamento, mas é preciso discernimento
para perceber qual é a vontade de Deus – Hb 4:12; Ef
1:15-17; At 15:22-29.
C. A Bíblia explica a própria Bíblia:
1. Somente a totalidade dos versículos pode
manifestar toda a verdade – 2 Pe 1:20.
2. Uma porção da Escritura não é suficiente para
representar de modo completo uma verdade – Mt
4:7; Sl 91).
3. Ao concluirmos sobre uma verdade não podemos
omitir nenhuma porção da Palavra sobre aquele
assunto: exemplo acerca da salvação eterna e a
disciplina dispensacional – Rm 10:13; 1Co 3:19;
1Co 9:27.
4. Os textos podem ser de interpretação literal como
também na forma de parábolas para aplicação.
Devemos ter muito cuidado com tais porções
para não formalizar ensinamentos errôneos ou que
contrariam o sentido moral ou ético das demais
Escrituras – Lc 16:1-9, 19-31.
5. Devemos levar em conta a diferença das pessoas
para quem a palavra é dirigida, as diferenças nas
26
A Bíblia
dispensações e o background (histórico ou “pano de
fundo”) – 1 Co 10:32; Mt 5:21-22; Jo 13:5-11.
6. A revelação das Escrituras é progressiva e
constante – Mt 5:43-44; 17:1-8; 2 Pe 1:12, 19.
7. As escrituras revelam dois grupos de verdades,
as básicas e as secundárias. As básicas podem ser
comparadas ao tronco e as secundárias com os
galhos da árvore. As básicas são essenciais à vida,
e dizem respeito á revelação de Deus e de Sua obra
redentora em Cristo, enquanto as secundárias são
referentes às práticas dos crentes e das igrejas.
Devemos discernir entre os dois grupos – Mt
16:16-18; 1 Co 14:1-4, 31, 39.
X. COMO ESTUDAR A BÍBLIA – sendo uma pessoa
correta:
A. A necessidade de ser espiritual:
1. As palavras que eu vos tenho dito são Espírito – Jo
6:63, 55; 4:24; 3:6; Cl 2:23; Jó 11:7.
2. Conferindo coisas espirituais com espirituais, sendo
espiritual e andando segundo o espírito – 1 Co
2:1-4, 5-7, 9-14; 3:1-2.
B. A necessidade de consagração:
1. Estando com o coração aberto – 2 Co 3:18.
2. Tendo o olhar singelo – Mt 6:21, 24.
3. Sendo continuamente obediente – Jo 7:17.
C. A necessidade de prática – Hb 5:13-14.
A BÍBLIA
Hino 1 do Suplemento
1. A Bíblia é o falar de Deus
Traz ao homem luz e salvação.
27
 A Palavra, vida e Espírito é.
E transforma mente e coração.

Ler e orar me faz crescer.

Comendo sempre a Palavra, vou ter
Força e vigor prá derrotar
O inimigo e o mundo deixar.
2. Para ter com Deus doce comunhão,
À Palavra vou, sempre em oração.
“Ó Senhor Jesus!” devo invocar,
Junto ao Senhor, guardado vou estar.
3. Minha vida, eu vou consagrar,
Minha juventude, não vou desprezar.
Deixo tudo o mais e busco ao Senhor,
Pois minha meta é ser um vencedor!
Vou entregar todo o meu ser,
Por Cristo e a igreja viver.
Nas reuniões, exercitar
O espírito e a todos edificar.
Capítulo Dois
A CRIAÇÃO DE DEUS E O HOMEM TRIPARTIDO
ESBOÇO GERAL
I. A CRIAÇÃO DE DEUS
II. A CRIAÇÃO ORIGINAL DE DEUS:
A. O propósito.
B. Os meios.
C. O processo
D. A criação como prova da existência de Deus
III. A RESTAURAÇÃO E CRIAÇÃO ADICIONAL DE
DEUS:
A. A criação adicional de Deus sendo segundo a ordem
da vida.
B. O processo.
VI. NA CRIAÇÃO DE DEUS, A VIDA HUMANA SENDO
A VIDA MAIS ELEVADA:
A. O homem sendo criado segundo a imagem e
semelhança de Deus:
1. Para que o homem expresse a Deus.
2. Para que o homem exerça o domínio de Deus:
a. Para tratar com o inimigo de Deus.
b. Para recuperar a terra.
c. Para introduzir a autoridade de Deus.
B. O homem sendo criado com três partes – espírito, alma
e corpo.

29
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
C. O homem sendo criado bom e reto.
D. A vida humana sendo apenas uma vida criada.
V. DEUS COLOCANDO O HOMEM EM FRENTE À
ÁRVORE DA VIDA PARA QUE O HOMEM O
RECEBA COMO VIDA.
A CRIAÇÃO DE DEUS E O HOMEM TRIPARTIDO
I. A CRIAÇÃO DE DEUS
Nosso Deus é um Deus com um propósito, uma vontade e
um plano. Assim, Ele criou todas as coisas inteiramente segundo
a Sua vontade e plano. Apocalipse 4:11 diz: “...Porque todas
as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a
existir e foram criadas”. “Por causa”, no grego, aqui significa
“por meio de”. Todas as coisas foram criadas não por acaso,
nem acidentalmente, nem casualmente, mas por meio do
planejamento de Deus. No plano de Deus, Ele ordenou que por
meio de todas as coisas Ele atingirá o Seu objetivo. Portanto,
Ele criou todas as coisas.
II. A CRIAÇÃO ORIGINAL DE DEUS
A. Propósito
Colossenses 1:16-18 dizem: “Todas as coisas foram criadas por
meio Dele e para Ele; e Ele é antes de todas as coisas, e, Nele, todas
as coisas subsistem juntas; ...para que em todas as coisas tenha Ele
a primazia” (V .R.). O propósito de Deus em criar o universo é
totalmente para Seu Filho, para que Este tenha a preeminência e
seja glorificado em toda a criação. Não apenas isso. Cristo, o Filho,
é a corporificação de Deus, porque toda a plenitude da Deidade
habita corporalmente Nele (Cl 2:9). Portanto, quando o Filho é
30
A criação de Deus e o homem tripartido
glorificado, Deus também é expressado. O propósito de Deus
na criação do universo é que o Seu Filho seja glorificado e que
Ele próprio seja expressado.
B. Os Meios
Em Gênesis 1:1 a palavra “criou” é bara em hebraico, que
significa trazer algo à existência a partir do nada. Portanto,
a criação original de Deus foi trazida à existência a partir do
nada. Como, então, Deus criou na Sua criação? Quais foram os
meios pelos quais Ele criou? Hebreus 11:3 diz: “... O universo
foi formado pela palavra de Deus...” João 1:3 também diz que
todas as coisas vieram à existência por intermédio da Palavra
de Deus. Deus falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou
a existir (Sl 33:9). Portanto, Deus criou o universo do nada pela
Sua Palavra. Quão poderosa é a Sua Palavra!
Por um lado, a Bíblia claramente nos diz que Deus criou os
céus e a terra através de Cristo, Seu Filho. Hebreus 1:2 diz que
Deus fez o universo através do Seu Filho. Colossenses 1:15-16
também dizem que todas as coisas foram criadas no Filho de
Deus. Na verdade, o Filho de Deus é a Palavra de Deus (Jo
1:1,14); ambos são um. A Palavra de Deus é a explicação de
Deus; as coisas criadas através da Palavra de Deus são para a
explicação de Deus, ou seja, para a revelação de Deus.
C. O Processo
Jó 38:4-7 revelam o processo da criação de Deus. Os
céus, e neles todas as hostes e anjos, foram criados em
primeiro lugar. A terra, com as criaturas vivas vivendo nela,
foi criada em segundo lugar. Jó 38 mostra-nos que, quando
Deus lançou o fundamento da terra, as estrelas e os anjos
(os filhos de Deus) já estavam lá. Também nos mostra que
31
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
a terra criada por Deus foi medida com o cordel estendido
sobre ela; tudo estava em ordem e era excessivamente belo.
Portanto, as estrelas da alva juntamente cantavam, e todos
os filhos de Deus rejubilavam. Nenhuma confusão podia ser
encontrada no universo naquela época. Tudo era totalmente
resplandecente e belo. Isso nos mostra quão brilhante e belo
o Criador é, bem como a Sua criação.
D. A Criação Como Prova da Existência de Deus
O Salmo 19:1 diz: “Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” Embora
o poder eterno de Deus e Suas características divinas sejam
invisíveis, o homem pode entendê-las pelas coisas que foram
feitas. O homem pode entender e é, portanto, indesculpável
(Rm 1:20), por não reconhecer a existência de um Deus que
fez todas estas coisas. Assim, olhando para a criação, devemos
saber que há um Criador.
III. A RESTAURAÇÃO
E CRIAÇÃO ADICIONAL DE DEUS
Gênesis 1:2b não se refere à criação original de Deus.
Esta foi completada no versículo 1. A partir do versículo 2
o que vemos é a obra de restauração de Deus. Jeová, que é
o Eu sou, estava restaurando o que tinha sido danificado,
e realizando uma criação adicional. O versículo 2 inicia
dizendo: “E a terra tornou-se sem forma e vazia” (hb.). “E” é
uma conjunção que combina duas coisas: a primeira, que está
saindo, e a segunda, que está chegando. Isso significa que,
após Deus ter criado, algumas coisas aconteceram, levando o
universo harmonioso e belo, criado originalmente por Deus,
a ser danificado. Assim, Gênesis l:2b-2:25 mostram-nos a
32
A criação de Deus e o homem tripartido
restauração por Deus do universo danificado, mais a Sua
criação adicional.
Gênesis 2:4 diz: “Estas são as origens dos céus e da terra,
quando foram criados: no dia em que o Senhor Deus fez a terra
e os céus” (R.C.). Esse versículo mostra-nos tanto a criação
original quanto a restauração de Deus. A primeira metade do
versículo menciona os céus e a terra quando foram criados. Note
que os céus são mencionados em primeiro lugar, e, então, a terra,
e o verbo usado aqui é criar. A Segunda parte do versículo diz que
o Senhor Deus fez a terra e os céus. Aqui, a terra é mencionada
em primeiro lugar, e, então os céus, e o verbo foi mudado de criar
para fazer. Como já explicamos antes, criar significa produzir
algo do nada, fazer significa trabalhar sobre uma substância já
existente, a fim de produzir alguma outra coisa a partir dela.
Assim, a primeira metade deste versículo refere-se à criação
original de Deus, e a segunda metade refere-se à restauração
por Deus da terra e dos céus.
Em Gênesis 1:1, Deus criou os céus e a terra. Então do
versículo 3 até o final do capítulo um, Deus fez a terra e os céus.
Ao lermos os versículos 9 e 10, podemos ver que no terceiro
dia Deus restaurou a terra. Deus não criou a terra, pois ela já
estava lá, submersa nas águas. Assim Deus restaurou a terra no
terceiro dia. Também, no quarto dia, Deus restaurou o céu, isto
é, os céus. Dessa maneira, na restauração, não foram os céus e
depois a terra, mas primeiramente a terra e depois os céus.
A. A Criação Adicional de Deus
Sendo Segundo a Ordem da Vida
Em Sua criação adicional, Deus criou todas as coisas segundo
a ordem da vida. Primeiramente Ele criou as coisas sem vida,
e, depois, criou as coisas com vida. Na criação das coisas com
33
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
vida, Ele também começou da vida mais baixa, subindo de nível
até atingir a vida mais elevada. Primeiramente, Ele criou a vida
sem estado consciente, ou seja, a vida vegetal, coisas tais como
as árvores, a relva e as flores. Apesar de terem vida, estas coisas
não têm estado consciente; assim, a elas pertence a vida mais
baixa. Então, Deus criou a vida animal. Ele também partiu da
vida mais baixa, a dos ovíparos, tais como os peixes e as aves.
Embora a vida dessas criaturas possua estado consciente, esse
não é suficientemente elevado. Então, criou os animais que dão
cria, tais como os animais domésticos e selváticos da terra. Esses
animais que dão cria possuem uma vida que é mais elevada do
que a dos ovíparos. Eles não apenas têm estado consciente, mas
este é também mais elevado. Por último, Deus criou o homem.
O homem é a vida mais elevada criada por Deus. O homem
também possui a consciência mais elevada entre as criaturas.
B. O Processo
O relato de Gênesis capítulo um mostra que levou seis dias
para Deus efetuar a obra de restauração e criação adicional –
Gn 1:1-25.
No primeiro dia, o Espírito de Deus veio para pairar.
Além disso, Deus falou e houve luz. Assim, Deus separou a
luz das trevas. Em nossa experiência está relacionado com o
reconhecimento dos atos pecaminosos e do seu ambiente sem
luz. O homem pecaminoso procura esconder-se da luz – Jo 1:4,
8-9; 3:19-21.
No segundo dia, Deus separou as águas sob o firmamento
das águas acima do firmamento. Isso significa que Ele separou
as coisas celestiais das coisas terrenas. As coisas terrenas são
naturais e humanas, enquanto as coisas de cima são espirituais
e divinas. O homem natural não consegue discernir as coisas
34
A criação de Deus e o homem tripartido
espirituais. É preciso nascer do alto para conhecer as coisas
divinas – Jo 3:31-33; 1Co 2:11-14.
No terceiro dia, a terra foi separada das águas. Deus trabalhou
sobre as águas, procurando confiná-las, e limitá-las, de tal modo
que a terra seca pudesse aparecer. Isso é exatamente como
Jeremias 5:22 afirma, que Deus traçou uma linha para limitar
o mar. Após o aparecimento da terra seca, Deus prosseguiu
além, para criar as várias vidas vegetais, cada uma segundo a
sua espécie. O surgimento da terra seca indica um novo começo
para que a vida possa manifestar-se. Esta vida é a que surge da
morte, ou seja é a vida de ressurreição. As opiniões dos homens
ainda que eventualmente tenham virtudes e até mencionem a
palavra de Deus, precisam passar pela morte para que sejam
úteis na edificação – Jo 11:23-27, 39-44; 13:36-38.
No quarto dia, Deus restaurou os luzeiros – o sol, a lua e as
estrelas – para governarem sobre o dia e sobre a noite, e também
para dividirem a luz das trevas. No quinto dia, Deus criou as
criaturas vivas na água, e os pássaros, as aves do ar, cada um
segundo a sua espécie. No sexto dia, Deus criou as criaturas
vivas sobre a terra: os animais domésticos, os répteis e animais
selváticos, cada um segundo a sua espécie. Por último, Deus
criou o homem para ser o centro de todas as coisas.
IV. NA CRIAÇÃO DE DEUS, A VIDA HUMANA
SENDO A VIDA MAIS ELEVADA
A. O Homem Sendo Criado
Segundo a Imagem e Semelhança de Deus
O homem não apenas possui a vida criada mais elevada,
mas também foi feito à imagem de Deus e conforme a Sua
semelhança (Gn 1:26-27). Além do homem, nenhuma outra
criatura se parece com Deus em imagem e semelhança. O
35
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
homem é o que Deus criou de mais elevado, e foi criado à
imagem de Deus e conforme a Sua semelhança. Na criação
de Deus, o homem é o melhor recipiente preparado por Deus
para o Seu plano. Nesse plano, Deus ordenou que os homens
possuíssem a Sua vida, para que eles fossem irmãos do Seu Filho;
portanto, em Sua criação, Ele fez com que o homem tivesse a
Sua imagem e semelhança.
A imagem refere-se às partes interiores, tais como a mente,
emoção e vontade. A mente, emoção e vontade humanas, que
constituem o homem intangível, foram criadas à imagem de
Deus. Portanto, as funções humanas do pensamento, opinião
e amor se parecem com as de Deus.
A imagem de Deus também se refere às características
dos Seus atributos. Os atributos mais proeminentes de Deus
manifestos no homem são: amor, luz, santidade e justiça.
Quando Deus criou o homem, Ele o criou à Sua imagem,
segundo os atributos das Suas virtudes, para que o homem
pudesse expressá-Lo através dessas virtudes. Dessa maneira, o
homem possui o desejo de ter amor, luz, santidade e justiça, e
essas virtudes deveriam ser expressas no seu comportamento.
O que o homem possui, contudo, é apenas a imagem, e não
a realidade. O homem precisa receber Deus como a sua vida
e conteúdo e, depois, o amor de Deus, a Sua luz, santidade e
justiça encherão e enriquecerão as virtudes humanas do amor,
luz, santidade e justiça, para que se tornem realidade.
A semelhança refere-se ao corpo exterior que constitui
o homem tangível. O corpo exterior do homem foi criado
conforme a semelhança de Deus. Deus possui assim a Sua
semelhança. Antes de Se encarnar para ser um homem, Deus
freqüentemente aparecia às pessoas no Velho Testamento na
forma de um homem (Gn 18:2, 16-17; Jz 13:9-10, 17-19). A
36
A criação de Deus e o homem tripartido
forma do homem é a forma de Deus, pois o homem foi criado
conforme a semelhança de Deus.
1. Para que o Homem Expresse a Deus
O principal propósito da restauração e posterior criação de
Deus foi ter o homem, um homem corporativo, para expressá-
Lo (Gn 1:26-27). O homem que Deus criou era um homem
corporativo. Deus não criou muitos homens. Deus criou a
humanidade coletivamente em uma pessoa, Adão. Deus criou
Adão, e Adão era um homem corporativo, um homem coletivo.
Quando Adão foi criado, todos fomos criados. Todos estávamos
incluídos em Adão. Portanto, no versículo 26, Deus disse:
“Tenham eles” (hb.) – um homem, mas o pronome é eles. Isso
prova que esse homem é corporativo. Nesse versículo, assim
como “façamos” está na primeira pessoa do plural, significando
que Deus é triúno, assim também o “tenham eles” significa que
o homem é corporativo. Deus criou tal homem corporativo à
Sua própria imagem e conforme a sua própria semelhança, a
fim de que o homem pudesse expressar o próprio Deus.
2. Para que o Homem Exerça o Domínio de Deus:
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenham eles domínio...” (hb.).
Deus criou um homem corporativo para exercer o Seu domínio
(Gn 1:26-28). A palavra domínio inclui mais do que apenas
autoridade. Domínio significa ter um reino como uma esfera
na qual a autoridade é exercida.
a. Para Tratar Com o Inimigo de Deus
O primeiro aspecto da intenção de Deus é tratar com o Seu
inimigo, tratar com Satanás, o qual é tipificado pelos répteis
que rastejam(Gn 1:26). Na Bíblia os répteis que rastejam são
37
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
demoníacos, diabólicos e satânicos. A Bíblia usa a serpente
para tipificar Satanás(Gn 3:1). Em Apocalipse 12:9 Satanás é
chamado de a “antiga serpente”.
Na criação original de Deus, Ele tinha somente um propósito
– expressar-Se. Todavia, por causa da rebelião de Satanás, Deus
agora possui outro propósito, que é tratar com o Seu inimigo.
Portanto, Ele criou o homem à Sua própria imagem para que o
homem pudesse expressá-Lo, e deu-lhe o domínio para que o
homem tratasse com o Seu inimigo.
b. Para Recuperar a Terra:
O segundo aspecto da intenção de Deus em dar o domínio
ao homem é recuperar a terra (Gn 1:26-28). O homem deve ter
o domínio sobre a terra, para subjugá-la e conquistá-la. Subjugar
a terra implica que o inimigo já está lá e que uma guerra está
sendo travada. Portanto, devemos lutar e conquistar.
c. Para Introduzir a Autoridade de Deus
O terceiro aspecto da intenção de Deus em dar ao homem
o domínio é introduzir a autoridade de Deus, para que esta seja
exercida sobre a terra. O homem tem de exercer a autoridade
de Deus para que o reino de Deus possa vir à terra, para que a
vontade de Deus seja feita na terra, e para que a glória de Deus
possa ser manifesta na terra.
B. O Homem Sendo Criado
com Três Partes - Espírito, Alma e Corpo
Deus criou o homem com três partes – espírito, alma e corpo
(1Ts 5:23). Primeiramente, Deus formou o corpo do homem do
pó da terra. Em seguida, soprou para dentro do corpo do homem
o sopro da vida, o qual se tornou o espírito do homem. Quando
38
A criação de Deus e o homem tripartido
o espírito, o sopro de vida, entrou no corpo do homem, a alma
foi produzida. Portanto, exteriormente, o homem possui um
corpo visível, e, interiormente, ele possui um espírito invisível
entre os dois está a alma.
O corpo está no lado de fora, para contatar as coisas do
mundo físico. O espírito está no lado de dentro, para contatar
as coisas do mundo espiritual. A alma, como o homem
intermediário, está entre o corpo e o espírito, para contatar as
coisas do mundo psicológico. O corpo tem os diferentes órgãos
de sentido que podem contatar as coisas materiais. O espírito
possui as funções da consciência, da intuição e da comunhão
com Deus, que podem contatar as coisas de Deus e as coisas
espirituais. A mente da alma é o órgão pensante do homem; este
pensa e considera – essas são as funções da mente. A vontade
da alma é o órgão para a tomada de decisões; o homem decide,
julga, propõe-se, escolhe e recusa – essas são as funções da
vontade. A emoção da alma é a parte que governa os prazeres
do homem, sua ira, tristeza e alegria; o homem ama, odeia, se
empolga e fica deprimido – essas são as funções da emoção. Estas
três – mente, vontade e emoção – juntas eqüivalem à alma.
O espírito é a parte mais profunda de todo o nosso ser, o
receptor para recebermos a Deus, e o órgão para contatarmos
a Deus e todas as coisas espirituais (Jo 4:24; Rm 1:9). Em
nosso interior, nosso sentimento da necessidade de Deus,
nosso sentimento e entendimento de Deus no mais profundo
do nosso ser, e a censura ou a aprovação da nossa consciência
são todos funções do espírito. Pelos sentidos do nosso corpo
podemos provar as coisas materiais; semelhantemente,
somente podemos provar as coisas de Deus e as coisas
espirituais pelo espírito.
O espírito do homem foi formado por Deus de maneira
39
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
específica (Zc 12:1; Jó 32:8). Zacarias 12:1 diz que Deus
estendeu os céus, fundou a terra e formou o espírito do
homem dentro nele. No universo há três coisas igual- mente
importantes: os céus, a terra e o espírito do homem. Os céus
são para a terra, a terra é para o homem, e o homem possui
um espírito para Deus. Deus criou os céus para terra. Sem os
céus, a terra não pode produzir coisa alguma. A terra foi criada
para a existência do homem, e o homem possui um espírito
no seu interior para conter Deus. Assim, o homem é o centro
da criação de Deus, e o centro do homem é o seu espírito. No
que diz respeito a Deus, se não houvesse espírito dentro do
homem, este seria uma casca vazia. Se não houvesse o homem
nesta terra, esta seria vazia, e, no que diz respeito ao homem,
os céus tornar-se-iam sem sentido. Portanto, os céus servem
a terra, a terra serve o homem e o homem possui um espírito
para receber a Deus.
C. O Homem Sendo Criado Bom e Reto
Eclesiastes 7:29 diz que Deus fez o homem reto. Quando
o homem, no princípio, saiu das mãos criadoras de Deus, ele
não era perverso, mau ou contaminado; mas reto, bom e puro.
Naquela época, ele não tinha nenhum pecado, corrupção ou
defeito. Assim, Deus considerou o homem “muito bom” (Gn
1:31). Se dúvida, o vaso que o Deus reto e bom havia preparado
para Sua vida santa e resplandecente não podia ser mau e
perverso; pelo contrário, devia ser bom e reto.
D. A Vida Humana Sendo Apenas uma Vida Criada
Apesar de o homem ter sido criado à imagem de Deus e
conforme a semelhança de Deus, a sua vida é apenas uma
vida criada, diferente da vida de Deus, que é incriada. Como
40
A criação de Deus e o homem tripartido
o homem é um ser criado, a vida dele também é uma vida
criada. O homem possui um início e um fim, por isso a vida
do homem também possui um início e um fim. Diferente da
vida de Deus que não tem início nem fim, que é de eternidade
a eternidade. Embora a vida humana seja elevada, ela é muito
inferior à vida de Deus. A vida de Deus é eterna; a vida
humana é temporária. A vida de Deus é divina e gloriosa; a
vida humana é, no máximo, pura e boa, mas sem a natureza
gloriosa de Deus. Embora o homem tenha a forma de Deus
exteriormente e a imagem de Deus interiormente, ele não
tem a vida de Deus interiormente. Apesar de ter um espírito
que o capacita a conhecer Deus e ter comunhão com Ele, o
espírito do homem não tem a vida de Deus nem a Sua natureza.
O homem é apenas uma criatura de Deus, não tendo a vida
incriada de Deus no interior.
Neste sentido o homem necessita nascer de novo para
tornar-se filho de Deus em vida e natureza, bem como poder
herdar as riquezas da vida divina, as quais o homem terá toda
a eternidade para desfrutá-la – Jo 1:12; Ef 1:5.
V. DEUS COLOCANDO O HOMEM
EM FRENTE A ÁRVORE DA VIDA PARA QUE
O HOMEM O RECEBA COMO VIDA
Após ter criado o homem, Deus não colocou a vida divina
dentro dele. Em vez disso, deu ao homem um livre arbítrio. Ele
queria que o homem exercesse o livre arbítrio para escolher,
para tomar a Sua vida. Para tanto, Deus o colocou em frente
da árvore da vida – Gn 2:8-17.
Para dar ao homem uma oportunidade de escolha, Deus
colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal ao lado
da árvore da vida. A árvore da vida denota Deus como a fonte
41
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A criação de Deus e o homem tripartido

da vida; a árvore do conhecimento do bem e do mal significa Então meu ser entoa a Ti louvor:
Satanás como a fonte da morte. Essas duas árvores tipificam as Grandioso és Tu! Grandioso és Tu!
duas fontes do universo. Muitas pessoas pensam que, se Deus Eternamente renderei louvor:
não tivesse permitido que a árvore do conhecimento do bem e do Grandioso és Tu! Grandioso és Tu!
mal ficasse ao lado da árvore da vida, não teria havido problemas
posteriormente. Contudo, Deus não o fez dessa maneira. Ele é 2. Ao desfrutar a graça salvadora,
grandioso. Ele, como o Deus da glória, é tão atraente. Ele não Ao ver o Filho, que enviaste aqui –
obrigou o homem a escolhê-Lo. Em vez disso, permitiu que o Por nós morreu e fez-nos novo homem
homem exercesse seu livre arbítrio para escolher o que pensasse Que manifesta plenamente a Ti;
ser bom. Foi segundo esse princípio que, no jardim do Éden,
Deus colocou Adão em frente de duas árvores; Ele queria que 3. Vivendo aqui a vida da igreja,
o homem O escolhesse, tomasse-O como vida. Com muitos que a Tua vida têm,
Na nova criação o Senhor veio novamente colocar diante Edificados como Tua casa
do homem a sua livre escolha: E plenitude, pois a Ti contêm;
“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso,
o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que 4. Ao esperar o século vindouro,
entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho Jerusalém que anelo partilhar,
que conduz para a vida e são poucos os que acertam com ela.” Com todo o céu e terra em novidade,
(Mateus 7:13-14) Teu ser em plenitude a expressar;
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após
mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus
16:24)

A ADORAÇÃO AO PAI – SUAGRANDEZA

Hino 11

1. Meu Deus e Pai, enquanto aprecio

Os céus e terra, Tua criação,
E Tuas incontáveis maravilhas,
Do Teu poder, a manifestação;

42 43
 Capítulo Três

A QUEDA
E A CONDENAÇÃO DO HOMEM

ESBOÇO GERAL
I. A QUEDA E A CONDENAÇÃO DO HOMEM
II. O PRIMEIRO PASSO DA QUEDA:
A. A causa.
B. O processo.
C. O resultado.
III. O SEGUNDO PASSO DA QUEDA:
A. Os antecedentes.
B. A causa.
C. O processo.
D. O resultado.
IV. O TERCEIRO PASSO DA QUEDA:
A. A causa.
B. O processo.
C. O resultado.
V. O QUARTO PASSO DA QUEDA:
A. A causa.
B. O processo.
C. O resultado.
VI. RESUMO

45
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
A QUEDA E A CONDENAÇÃO DO HOMEM
I. A QUEDA E A CONDENAÇÃO DO HOMEM
Vimos que após Deus ter feito o homem, Ele o colocou
em frente à árvore da vida, para que o homem a contatasse e
recebesse a Sua vida, a qual é a vida incriada. Antes, porém,
que o homem contatasse a árvore da vida e se unisse a Deus em
vida, Satanás aproveitou a oportunidade para vir em primeiro
lugar. Ele tentou o homem a contatar a árvore do conhecimento
do bem e do mal, e levou o homem a ter uma união ilegal com
ele. Esse foi o primeiro passo da queda do homem.
Segundo o relato de Gênesis 3 a 11, a humanidade deu
quatro passos na queda. O primeiro passo é a queda de
Adão, registrada no capítulo três; o segundo é a queda de
Caim, registrada no capítulo quatro; o terceiro é a queda da
geração perversa e pervertida anterior ao dilúvio, registrada
no capítulo seis; e o quarto passo é a queda de toda a raça
humana, levantando-se coletivamente para rebelar-se contra
Deus, fato registrado no capítulo onze. Esses quatro passos da
queda seguiram-se um após o outro. Neles a sutileza de Satanás
foi exposta ao máximo.
II. O PRIMEIRO PASSO DA QUEDA
A. A Causa
1. A Tentação da Serpente
Se a serpente não tivesse vindo para enganar e tentar o
homem, este não teria caído. A serpente tentadora é a encarnação
de Satanás. O maligno foi astuto, ele veio secretamente. Em
vez de vir abertamente, ocultou-se na serpente sutil a fim de
tentar o homem. Desse modo, Apocalipse 12:9 diz que Satanás
(a antiga serpente) engana toda a terra habitada.
46
A queda e a condenação do homem
A maneira de Satanás tentar é fazer perguntas ao homem
(Gn 3:1,4), levando-o a duvidar da palavra de Deus. Deus
ordenou ao homem claramente, dizendo: “Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em
que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:l7). Satanás,
porém, disse à mulher:” É assim que Deus disse?” Depois disse:
“É certo que não morrereis.” Após Eva ter recebido a proposta
de satanás, ela começou a duvidar da palavra de Deus. Assim,
ela tomou o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal
e o comeu. Até hoje Satanás ainda usa o mesmo método para
induzir o homem a pecar ou para instigá-lo a rejeitar a salvação
de Deus. Contudo, a Bíblia nos diz que o céu e a terra passarão,
mas as palavras do Senhor de modo algum passarão (Lc 21:33).
A proposta feita pela serpente também levou o homem a
duvidar do coração de Deus. A serpente disse à mulher: “Porque
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos,
e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5 - hb.). A
serpente queria que o homem pensasse que Deus estava tentando
enganá-lo ao tê-lo proibido de comer da árvore do conhecimento,
por estar com medo de que o homem se tornasse como Ele, sendo
como Deus, conhecedor do bem e o mal. Essa é também uma das
artimanhas maliciosas mais usadas por Satanás. Atualmente o
homem está longe de Deus e não quer ir até a Sua presença por
ter sido enganado por Satanás. Assim, o homem compreende mal
o amor de Deus e não conhece o coração de Deus.
2. A Mulher Assumindo a Liderança
Uma outra causa da queda do homem é o fato de a mulher ter
assumido a liderança (Gn 3:2-3,6). Originalmente, Deus havia
criado apenas um homem. Havia apenas um cabeça, não dois.
Adão era o cabeça, não Eva. Eva foi edificada a partir da costela
47
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
proveniente do lado de Adão (Gn 2:22). O cabeça de Eva era
Adão. A razão pela qual Eva foi tentada pela serpente foi que
ela assumiu a liderança, tomou uma decisão por si própria e caiu
na armadilha de Satanás. Mesmo antes de ter comido do fruto
do conhecimento do bem e do mal, ela já tinha sido iludida pelo
maligno. Ela passou por cima do homem e assumiu a liderança
para tratar com a situação. O resultado disso foi ela ter sido
enganada. Assim, a Bíblia diz que Adão não foi enganado, mas a
mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (1 Tm 2:14).
Aqui vemos um princípio grandioso. No universo, o único
Cabeça é o próprio Deus. Toda vez que assumimos a liderança
em tratar com qualquer situação, negando a liderança de Deus
e de Cristo, certamente somos iludidos.
O homem representa Cristo e a mulher a igreja. Há portanto
uma ordem estabelecida por Deus, segundo o ensinamento dos
apóstolos: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de
todo homem, e o homem, o cabeça da mlher, e Deus, o cabeça de
Cristo” (1Co 11:3). Não podemos inverter tal ordem, sob pena
de sairmos da linha do encabeçamento estabelecida por Deus,
para proteger-nos do engano de satanás. Diante da tentação da
serpente, a mulher deveria ter voltado ao encabeçamento de
Adão para proteger-se.
B. O Processo
O primeiro passo no processo da queda foi que o homem
deixou de usar seu espírito. Após ter sido criado, o homem
deveria ter usado constantemente o seu espírito para contatar
a Deus e viver perante Ele. Quando o homem vive segundo o
espírito, ele é preservado por Deus. Contudo, quando o homem
não usa o seu espírito para contatar a Deus, ele O coloca de
lado, consequentemente, cai nas mãos do maligno.
48
A queda e a condenação do homem
O segundo passo foi o exercitar da alma (Gn 3:2,3,6).
Quando Eva falou com a serpente, ela primeiramente arrazoou
em sua mente. A seguir foi tentada em sua emoção e desejou
o fruto da árvore do conhecimento. Por fim, em sua vontade,
decidiu tomar do fruto e comê-lo.
O terceiro passo foi a ação do corpo. Quando a alma é
exercitada, o corpo naturalmente a segue. A alma governa o
corpo. Sendo tentada dessa forma, por certo tomaria o fruto e
o comeria. O fato de ela tomar o fruto e comer foi a ação do
corpo. Primeiro, os olhos vêem. Em segundo lugar, a mão toma.
Em terceiro, a boca come.
Em nossa vida diária, devemos usar em primeiro lugar o
nosso espírito, e, depois, deixar que ele governe a nossa alma, a
qual, por sua vez, governa o nosso corpo. Se não usamos o nosso
espírito, mas, antes, usamos a nossa alma, assumimos a liderança
e a nossa alma vai à frente. Uma vez que isso aconteça, ela dirige
o nosso corpo, a fim de praticar coisas que ofendem a Deus.
C. O Resultado
O primeiro resultado da queda foi que a alma foi poluída,
corrompida e ocupada. Mesmo antes de Eva ter tomado da
árvore do conhecimento, a sua mente já havia sido poluída.
Enquanto conversava com a serpente, o conceito desta
penetrou na sua mente e a contaminou. Assim, a sua mente foi
corrompida. Por fim, a sua mente foi completamente ocupada
pelo maligno, depois de ela ter comido do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal.
O segundo resultado foi que o corpo foi mudado em
natureza, tornando-se o corpo do pecado (Rm 6:6) ou desta
morte (Rm 6:12). O elemento da árvore do conhecimento do
bem e do mal, o elemento de Satanás, foi adicionado a ele,
49
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
fazendo-o carne (Gn 3:7). O corpo humano, originalmente
criado por Deus, era puro. Entretanto, ele agora contém
o elemento maligno de Satanás. Tal elemento maligno é o
pecado que habita interiormente, o qual faz a Sua morada
na carne do homem. Em Romanos 7:17 Paulo diz: “Então
agora, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita
em mim” (V.R.). A substância má, a natureza do pecado,
contaminou o nosso corpo, tornando-o carne, cheia de
maldade e concupiscência.
O terceiro resultado foi que o espírito do homem foi
mortificado, isolando-se de Deus e perdendo a Sua função
para com Deus. Efésios 2:5 nos diz que antes de termos sido
salvos estávamos mortos. Não estávamos mortos em nosso
corpo ou em nossa alma, mas em nosso espírito. Estar morto
é estar sem função ou sensação. Quando o espírito do homem
foi mortificado, ele não mais possuía a habilidade de contatar
a Deus e de ter comunhão com Ele.
O quarto resultado foi que o homem caído foi constituído
pecador (Rm 5:19). Devido à queda do homem, um certo elemento
foi injetado nele, um elemento que a Bíblia chama de pecado.
Romanos 5:12 diz: “... Como por um homem entrou o pecado no
mundo...” (V.R.). Desse modo, todos fomos constituídos pecadores.
O pecado já entrou em nós e tornou-se o nosso elemento subjetivo
no interior. Assim, não somos pecadores porque pecamos, pecamos
porque fomos constituídos pecadores.
O quinto resultado foi que o homem caído foi condenado
(Rm 5:18). Todos estávamos em Adão. A condenação inclui
não apenas Adão, mas também toda a raça humana. Toda
a raça humana foi condenada em Adão: “Pois assim como,
por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a
50
A queda e a condenação do homem
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida”.
Além disso ainda vemos em Romanos 3:10: “Como está escrito:
Não há justo, nem um sequer” e mais adiante em 3:23: “pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
O sexto resultado foi que a maldição foi introduzida na
humanidade caída (Gn 3:17-19). Por causa do pecado de um
homem, toda a criação está sujeita à vaidade, gemendo e sofrendo
angústias sob a escravidão da corrupção (Rm 8:20). A mulher
passou a sofrer na gravidez e ser governada pelo marido. A terra
foi amaldiçoada e produziu cardos e abrolhos. Enquanto o homem
precisa suar para poder comer pão por toda a sua vida. Esses são
os itens da maldição através da queda do homem, tornando a vida
mais difícil, se bem que tais restrições servem como proteção ao
homem por causa do seu pecado. O que seria da raça humana sem
tais medidas? Quanto tempo o homem resisitira sobre a terra?
O sétimo resultado foi que o homem foi expulso do paraíso
(Gn 3:23-24). O paraíso era a esfera de vida, incluía a árvore da
vida, e na qual o homem podia receber vida. Assim, ser expulso
do paraíso significa ser levado para longe da esfera de vida.
O oitavo resultado foi a morte (Gn 3:19; Rm 5:12). Em
primeiro lugar, o espírito do homem foi mortificado, por fim, o
seu corpo morrerá. Através da transgressão de Adão o pecado
entrou no mundo, e a morte através pecado. A morte reina
sobre todos os homens (Rm 5:14). Assim em Adão todos
morrem (1 Co 15:22).
III. O SEGUNDO PASSO DA QUEDA
A. Os Antecedentes
Após terem pecado, Adão e Eva se esconderam da presença
de Deus. Entretanto, Deus veio procurá-los e prometeu-lhes
51
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente
(Gn 3;15). Quando ouviu isso, Adão imediatamente chamou de
Eva à sua esposa (Gn 3:20). Eva significa “Vivente”. Isso prova
que Adão creu na promessa de Deus e recebeu o evangelho de
Deus. Em seguida, Gênesis 4:1 diz; “E Adão coabitou com Eva,
sua esposa; e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse; adquiri
um varão, Jeová” (hb.). Caim significa “adquirido”. Quando
Eva deu à luz a Caim, ela declarou: “Eu o obtive!”. Segundo o
conceito de Eva, Caim era o descendente da mulher prometido
em Gênesis 3:15. As suas palavras em Gênesis 4:1 provam
que ela havia crido naquela promessa e que havia recebido o
evangelho de Deus.
Com tais antecedentes, o homem devia ter obtido a salvação
de Deus pela Sua misericórdia. Contudo, quão lastimável é o
fato de ter o homem caído novamente.
B. A Causa
Gênesis 4 mostra-nos dois tipos de exemplos. Abel foi um
exemplo de crer no evangelho e viver para o evangelho, enquanto
que Caim foi um exemplo de afastar-se do caminho da salvação
de Deus. Este último trouxe o segundo passo da queda.
1. O Diabo trabalhou e ganhou o interior de Caim
Uma das razões pela qual Caim continuou a queda foi porque
o Diabo o havia ganhado interiormente. Na época de Gênesis
4, Satanás já havia entrado no corpo do homem. Desse modo,
no segundo passo da queda do homem, aparentemente foi Caim
quem rejeitou as boas novas de Deus. Podemos observar que
foi Satanás quem o manteve longe do caminho da salvação e,
até mesmo, o levou a cair ainda mais. Assim, o segundo passo
da queda do homem foi instigado pelo sutil, o qual trabalhou
no interior de Caim e o ganhou.
52
A queda e a condenação do homem
2. Caim foi pretencioso e abandonou
o caminho da salvação de Deus
Deus havia mostrado ao homem o Seu caminho de salvação
– vesti-lo com peles de animal (um cordeiro como sacrifício, Gn
3:21 e 1Pe 1:19-20) para trazer o homem de volta à Sua presença.
Contudo, Caim foi pretensioso ao abandonar o caminho da
salvação de Deus. Ele seguiu a Satanás e colocou de lado a salvação
de Deus. Essa foi a causa da queda adicional do homem.
C. O Processo
1. O Homem Servindo a Deus
Segundo a Sua Própria Maneira –
Inventando uma Religião
de Acordo com o Conceito Humano
“... Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da
gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta;
ao passo que de Caim e de sua oferta não Se agradou...” (Gn
4:3-5). Ambos trouxeram ofertas a Deus. Um deles ofereceu
segundo a sua própria opinião e o outro segundo o conceito de
Deus. Abel seguiu o caminho da salvação de Deus ao oferecer
um sacrifício como seu substituto, pelo derramamento de
sangue. Caim, porém, rejeitou o caminho de Deus no serviço
e na oferta. Ele inventou uma religião de acordo o conceito
humano, segundo suas próprias idéias.
2. O Homem Irando-se
Quando descobriu que Deus não havia se agradado de
sua oferta, “irou-se, pois, sobremaneira Caim, e descaiu-lhe o
semblante” (Gn 4:5). Esse é o resultado de servir a Deus segundo
o seu próprio conceito. Deus não se satisfaz, nem o homem.
53
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
3. O Homem Assassinando a Seu Irmão
“E falou Caim com seu irmão Abel: e sucedeu que,
estando eles no campo, se levantou Caim contra seu irmão
Abel, e o matou” (Gn 4:8 -R.C.). Caim começou servindo
a Deus, depois começou a ficar irado, e, por fim, cometeu
homicídio. Não é de admirar que o Senhor Jesus tenha dito:
“...Mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará
com isso tributar culto a Deus” (Jo 16:2). A questão não é
se servimos a Deus ou se cometemos pecado, mas se agimos
segundo a maneira de Deus ou segundo a nossa própria
opinião. Devemos buscar conhecer cada vez mais o caminho
de Deus, que é segundo a Sua palavra, e deixarmos os nossos
próprio conceitos e opiniões. Assim seremos aceitos por Deus,
bem como a nossa oferta.
4. O Homem Mentindo
e Sendo Arrogante para com Deus
“Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel teu irmão? Ele
respondeu: Não sei: acaso sou eu tutor de meu irmão?” (Gn
4:9). A resposta de Caim a Deus não foi apenas uma mentira,
mas também mostrou quão arrogante ele tornou-se. O homem
estava um tanto temeroso para com Deus após a primeira queda,
mas, aqui, já podemos ver como ficou ousado, expondo a sua
arrogância para com Deus.
D. O Resultado
Como resultado do segundo passo da queda, Deus
pronunciou uma maldição maior: o homem iria lavrar o solo,
mas o solo não lhe daria a sua força. Além disso, ele se tornaria
um fugitivo errante pela terra, e seria expulso da presença de
Deus, incapaz de ver a face de Deus (Gn 4:11b-12,14).
54
A queda e a condenação do homem
Por fim, Caim e seus descendentes inventaram uma cultura
sem Deus. Essa cultura incluía a edificação de uma cidade para
auto-existência, a invenção da criação de gado para o sustento,
a invenção da música para divertimento e a invenção das armas
para a defesa (Gn 4:17, 20-22). Quanto mais o homem se afasta
de Deus, menos ele tem a Sua presença. Tendo perdido a Deus,
ele é forçado a inventar uma socidade ímpia, para poder aliviar
sua consciência e buscar sua satisfação perdida. Sabemos que
tudo isto é inútil. Esse é o resultado da queda do homem.
IV. O TERCEIRO PASSO DA QUEDA DO HOMEM:
A. A Causa
No primeiro passo da queda, o inimigo de Deus estava fora
do homem. No segundo passo, esse inimigo passou para dentro
do homem. Agora o inimigo de Deus avançou, levando o homem
criado por Deus a cair ainda mais.
1. Os Espíritos Malignos
misturando-se com o Homem criado e caído
– os Anjos Caídos Unindo-se ao Homem
por meio de um casamento ilegal:
Gênesis 6 nos diz que os filhos de Deus tomaram para si as
filhas dos homens. Aqui os filhos de Deus eram anjos. Em Jó 1:6
e 2:1, é-nos dito que os anjos são chamados de “filhos” de Deus.
A versão siríaca do Velho Testamento traduz “os filhos de Deus”
por “os anjos” em Gênesis 6. Os anjos que casaram-se com as
filhas dos homens foram aqueles que não guardaram seu próprio
principado, como relatado em Judas vs 6 e 7. Alguns, dos anjos
caídos que estavam sob Satanás desceram à terra e tomaram
corpos humanos. Eles casaram-se ilegalmente com as filhas
55
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
dos homens. Eles cometeram fornicação através dos corpos dos
homens, de modo que a raça humana não mais era pura, porém se
tornou, uma mistura da natureza humana com os espíritos caídos.
Naquele tempo havia gigantes e depois dessa união maligna
surgiram varões de renome, valentes, e outros gigantes. Assim,
Deus decidiu enviar o dilúvio para exterminar a raça humana, pois
a terra estava corrompida e cheia de violência. (Gn 6:3-13).
2. O Homem Tornando-se Carne
Gênesis 6:3 diz: “E disse o Senhor: O meu Espírito não
contenderá para sempre com o homem, pois que este é de fato
carne” (hb.). No primeiro passo da queda, o homem não exercitou
o seu espírito. No segundo passo, o homem seguiu a sua própria
vontade e viveu pela sua alma. No terceiro, o homem abusou
do corpo caído e tornou-se carne. Romanos 7 e 8 revelam-nos
que a carne é total e absolutamente odiada por Deus. Ele não a
tolera. Portanto, quando toda a raça humana tornou-se carne,
Deus veio e disse ao Seu servo Noé que iria destruir toda aquela
geração juntamente com a terra (Gn 6:11-113).
B. O Processo
O primeiro passo foi a satisfação das concupiscências da
carne. O homem viveu e indulgiu nas concupiscências, e toda
imaginação dos seus pensamentos era continuamente mau
(Gn 6:5). O segundo passo foi que o homem não apenas ficou
maligno, mas tornou-se corrupto a tal ponto que até mesmo o
Deus cheio de bondade, misericórdia e tolerância não podia
mais tolerá-lo (Gn 6:11-13).
C. O Resultado
Em primeiro lugar, o Espírito Santo retirou-Se. O Senhor
56
A queda e a condenação do homem
disse: “O meu Espírito não contenderá (agirá) para sempre com
o homem” (Gn 6:3). Antes daquela época, apesar de o homem
ter caído, o Espírito de Deus estava continuamente buscando o
homem e movendo-Se nele. Entretanto, a essa altura, Deus nada
mais podia fazer. Quando o homem tornou-se carne, o Espírito
de Deus teve de Se retirar. O homem estava completamente
separado de Deus e foi abandonado por Deus. Em segundo lugar, o
dilúvio trouxe o julgamento de destruição. Com exceção de Noé e
daqueles que estavam na arca com ele, todos foram exterminados
pelo dilúvio.
V. O QUARTO PASSO DA QUEDA
A. A Causa
Há dois fatores em cada passo da queda. O primeiro é
Satanás e o segundo é o homem.
1. A Instigação de Satanás
Antes do dilúvio não havia governo humano. Foi somente
após o dilúvio que Deus estabeleceu uma autoridade delegada
sobre a terra. O homem começou a exercer a autoridade de
Deus para governar sobre os outros. No quarto passo da queda,
Satanás utilizou a autoridade que Deus havia dado ao homem
para constituir as nações e instigar uma rebelião contra Deus
com as nações. Assim, o homem caiu numa rebelião declarada
contra Deus de maneira coletiva.
2. A Rebelião da Raça Humana
A rebelião é a negação do direito e da autoridade. Na
rebelião em Babel, o homem declarou que ele negava o direito
de Deus e que estava absolutamente livre da autoridade de
57
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Deus. Toda a raça humana foi incitada, tendo sido instigada à
rebelião, a declarar que não se importava com o direito de Deus
ou com a Sua autoridade.
Em sua queda, no princípio, a intenção de Satanás foi
derrubar a autoridade de Deus. Porém, não foi bem sucedido na
sua tentativa. Assim, ele veio agora para dentro da raça humana
caída, para injetar a mesma idéia no homem, incitando o homem
a levantar-se coletivamente contra a autoridade de Deus.
B. O Processo
O primeiro passo foi a conspiração para rebelar-se, contra
Deus (Gn 11:3-4). O homem criado, que estava sob o governo
de Deus, reuniu-se para conspirar para rebelar-se contra Deus.
O segundo passo foi a produção de tijolos com terra por meio
do trabalho humano. Segundo a revelação completa da Bíblia,
a edificação de Deus jamais foi com qualquer tipo de tijolos.
A edificação de Deus é com pedras. O homem edificou a torre
de Babel com tijolos em vez de pedras. Isso significa que ele
usou a terra indevidamente, mais o trabalho humano, para
substituir a obra de Deus. O terceiro passo foi a edificação
de uma cidade para ter uma vida ímpia e confeccionada pelo
homem. Uma cidade é o centro do viver humano, assim, ela
representa a obra humana. A cidade edificada com tijolos
significa uma vida humana feita pelo próprio homem, a qual é
uma vida ímpia. O quarto passo foi a edificação de uma torre
para declarar a renúncia a Deus. A torre de Babel foi uma
marca e uma proclamação da cidade de Babel. Ela declarou
que as pessoas lá viviam uma vida rejeitando a Deus e à Sua
autoridade. O passo final foi que eles fizeram um nome para
negar o nome de Deus, isto é, negar o próprio Deus. O homem
produziu uma marca para anunciar o seu produto, a Torre de
58
A queda e a condenação do homem
Babel. Isto marcou a sociedade humana, e Babel tornou-se
um símbolo de sua rebelião contra Deus.
C. O Resultado
Primeiramente, Deus veio para dispersá-los. Visto que eles
se rebelaram contra Deus de maneira coletiva, Deus veio para
dispersá-los, a fim de que não mais vivessem juntos em um lugar.
Em segundo lugar, Deus confundiu a língua deles, de modo que não
mais podiam ter a mesma língua. Em terceiro lugar, a confusão foi
introduzida. Babel significa “confusão”. Isso é devido à maldição e
ao julgamento. O homem queria produzir unidade, mas o resultado
final de sua obra foi confusão. Não há unidade sem o Espírito.
Quando o homem atingiu o quarto passo da queda, ele havia
caído ao máximo, de tal maneira que até mesmo Deus não podia
fazer mais nada para restaurar a raça caída. Por fim, Deus foi
forçado a abandonar a raça de Adão e teve de chamar a Abraão
como o cabeça de uma nova raça, para o cumprimento do Seu
propósito no homem.
VI. RESUMO
O homem criado por Deus era muito bom e sem pecado, mas
foi iludido pelo inimigo de Deus, o Diabo, a comer o fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Assim, ele caiu e se tornou
pecador. Por um lado, ele havia pecado perante Deus, e, por outro
lado, ele agora possuía a natureza pecaminosa, a natureza maligna
de Satanás, dentro de si. A natureza caída do homem levou os seus
descendentes a cairem continuamente até que atingiram o ponto
de rebelarem-se contra Deus e tomarem posição contra Ele. Nesse
estágio o homem ficou totalmente caído e debaixo da condenação
de Deus. Assim o homem criado foi rejeitado por Deus para o
cumprimento do Seu propósito eterno.
59
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs

A CERTEZA E ALEGRIA DA SALVAÇÃO –

RECONCILIADOS COM DEUS

Hino 160
1. Tudo o que tenho é porque recebi
Capítulo Quatro
Junto co’a graça depois que eu cri.
Fora o orgulho, pois hoje sou
Só um pecador que graça ganhou OS INIMIGOS DO HOMEM

ESBOÇO
Um pecador que graça ganhou!
Um pecador que graça ganhou! I. O PRINCÍPIO DA CRUZ
Eis minha história, s Deus seja a glória, II. OS ITENS DA VELHA CRIAÇÃO
Sou pecador que graça ganhou! A. OS ANJOS
B. O HOMEM
2. Dos meus pecados escravo era eu, C. SATANÁS
Um pobre errante distante de Deus. D. O REINO DE SATANÁS
Cristo buscou-me, grato Lhe sou! E. O PECADO
Sou um pecador que graça ganhou! F. OS PECADOS
G. O MUNDO
3. Era inútil, não tinha valor, H. A MORTE
Pereceria sem o Seu favor. I. A CARNE
De Deus fugia quando me achou. J. VELHO HOMEM
Sou um pecador que graça ganhou! K. O EGO
L. TODA A CRIAÇÃO
4. De alegria eu vou transbordar! III. O CENTRO DA VELHA CRIAÇÃO
Quero tal graça a todos falar. IV. O TÉRMINO DA VELHA CRIAÇÃO
E novamente clamo que sou
OS INIMIGOS DO HOMEM
Só um pecador que graça ganhou!
Depois de termos visto acerca da Bíblia, a criação de Deus
e o homem tripartido e a queda do homem, temos de perceber
que o propósito Deus continua o mesmo. Ele ainda deseja usar

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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
o homem para o estabelecimento do Seu reino na terra, mas
o ambiente de atuação foi totalmente modificado. A situação
inicial por ocasião da criação do homem já não era normal, pois
o inimigo de Deus estava solto e atuante, porém depois que o
homem caiu, ela ficou ainda pior.
Portanto é importante perceber quais são os inimigos do
homem para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois
não lhe ignoramos os desígnios (2Co 2:11).
Deus preparou um grande antídoto para anular os efeitos da
queda do homem, dar um fim à velha criação, que foi danificada,
e restaurar a condição do homem criado, a fim de reabilitá-lo
ao Seu plano eterno. Este antídoto pode ser chamado de o
princípio da cruz.
O princípio da cruz
Muitos cristãos sabem algo a respeito da cruz, mas não
estão claros sobre o princípio da cruz. Que é o princípio
da cruz? De acordo com a Bíblia, Deus tem duas criações
no universo: a primeira é chamada de a velha criação e a
segunda, a nova criação. A nova criação veio a existir por
meio do término da velha e do começo de algo novo. Somente
pondo um fim à velha criação é que a nova criação poderia
passar a existir. Foi pela obra da cruz que a velha criação foi
terminada, e foi por meio da cruz que a nova criação começou
em ressurreição.
Os itens da velha criação
(1) os Anjos e (2) o Homem
Quais são os elementos constituintes da velha criação? O
primeiro item na velha criação são os anjos com a vida angélica
62
Os inimigos do homem
e o segundo é o homem com a vida humana. Estes são dois tipos
de seres com dois tipos de vida.
“Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou
a pedra de esquina, quando juntas cantavam as estrelas da manhã,
e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo? (JÓ 38:6-7)
“Mas em certo lugar testificou alguém dizendo: Que é o
homem, para que te lembres dele? ou o filho do homem, para
que o visites? Fizeste-o um pouco menor que os anjos, de glória
e de honra o coroaste, todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos
pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou
que não lhe fosse sujeito. Mas agora ainda não vemos todas
as coisas sujeitas a ele; vemos, porém, aquele que foi feito um
pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra,
por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus,
provasse a morte por todos” (Hebreus 2:6-9).
(3) Satanás e (4) o Reino de Satanás
O arcanjo, o cabeça dos anjos, tornou-se rebelde contra
Deus e tornou-se Satanás, que significa “o adversário de Deus”.
Satanás não somente se rebelou, mas liderou a rebelião contra
Deus com um grande número de anjos seguindo-o. De acordo
com Apocalipse 12, um terço dos anjos – as estrelas do céu –
seguiram Satanás. Estes anjos rebeldes tornaram-se as forças
do mal – os principados, domínios, potestades e autoridades,
mencionadas em Efésios capítulos 1, 2 e 6. A rebelião da vida
angélica produziu o terceiro e o quarto itens da velha criação:
Satanás e seu reino.
“Aos anjos que não guardaram o seu principado, mas
deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em
prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim
como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que,
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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra
carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo
eterno. Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres,
sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade
e blasfemam das dignidades. Mas quando o arcanjo Miguel,
discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo de
Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição,
mas disse: O Senhor te repreenda”. (Judas vs 5-9)
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de
Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da
perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste
no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a
cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira,
a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o
monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado,
até que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu
comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo
que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim
da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-
se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a
tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei;
diante dos reis te pus, para que te contemplem. Pela multidão
das tuas iniqüidades, na injustiça do teu comércio, profanaste
os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que
te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de
todos os que te contemplavam. Todos os que te conhecem entre
os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e
não mais existirás, por todo o sempre.” (Ez 28:12-19)
64
Os inimigos do homem
“Viu-se também outro sinal no céu: eis um grande dragão
vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas
cabeças sete diademas; a sua cauda levava após si a terça parte
das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou
diante da mulher que estava para dar à luz, para que, dando ela
à luz, lhe devorasse o filho.” (Ap 12:3-4)
(5) O Pecado
Vamos agora continuar brevemente com os outros itens da
velha criação. Após a criação da vida humana, o inimigo de
Deus também induziu o homem a agir contra Deus. Esse ato
fez com que algo fosse injetado para dentro da vida humana,
que foi o Pecado – o Pecado no singular, personificado e com
letra maiúscula. Isto significa que a própria natureza com a
personalidade pecaminosa de Satanás foram injetados na vida
humana. O Pecado não foi criado por Deus, mas foi oriundo
da união ilegal da vida satânica com a vida humana. Assim, o
Pecado é o número cinco na lista de itens na velha criação.
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado
no mundo ...” (Rm 5:12a)
“Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado
que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está
em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço
o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em
mim.” (Rm 7:17-20)
(6) Os Pecados
E não apenas o Pecado no singular veio à existência, mas
também trouxe consigo muitos pecados. Por isso, os frutos do
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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Pecado, pecados, são o sexto item na lista, incluindo mentira,
assassinato, orgulho, fornicação etc. Todos esses pecados foram
produzidos do Pecado.
“Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade
de Deus para sua glória, por que sou eu ainda julgado como
pecador? E por que não dizemos: Façamos o mal para que venha
o bem?-como alguns caluniosamente afirmam que dizemos; a
condenação dos quais é justa. Pois quê? Somos melhores do que
eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto
judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; como está
escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda;
não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente
se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um
só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas
tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos
seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os
seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos
há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz.
Não há temor de Deus diante dos seus olhos. Ora, nós sabemos
que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para
que se cale toda boca e todo o mundo fique sujeito ao juízo de
Deus”. (Rm 3:7-19)
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus”. (Rm 3:23)
(7) O Mundo
O mundo é o número sete. O mundo não foi criado por
Deus. Deus criou a terra, mas Satanás inventou o mundo. O
Pecado foi inventado em Gênesis 3, mas somente em Gênesis
4 algo mais foi produzido em razão da entrada do Pecado na
humanidade, que foi o mundo inventado por Satanás. Que é o
66
Os inimigos do homem
mundo? O mundo é o sistema de toda a vida humana debaixo
de Satanás. A palavra grega para mundo é kosmos, que significa
um “sistema”. Deus criou o homem para Si mesmo, mas agora
Satanás sistematizou a humanidade. O homem não é mais
para Deus, mas foi totalmente sistematizado por Satanás e
para Satanás.
“Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na
terra de Node, ao oriente do Éden. Conheceu Caim a sua
mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou
uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque. A Enoque
nasceu Irade, e Irade gerou a Meüjael, e Meüjael gerou a
Metusael, e Metusael gerou a Lameque. Lameque tomou
para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da
outra Zila. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que
habitam em tendas e possuem gado. O nome do seu irmão
era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
A Zila também nasceu um filho, Tubal-Caim, fabricante de
todo instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de
Tubal-Caim foi Naama. Disse Lameque a suas mulheres: Ada
e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as
minhas palavras; pois matei um homem por me ferir, e um
mancebo por me pisar. Se Caim há de ser vingado sete vezes,
com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.” (Gênesis
4:16-24)
“Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade
contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4:4)
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém
ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que
há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo.
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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz
a vontade de Deus, permanece para sempre. (1João 2:15-17)
(8) A Morte
Outro item além desses na velha criação é a morte, que é a
conseqüência do Pecado e dos pecados.
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado
no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou
a todos os homens, porquanto todos pecaram. Porque antes da
lei já estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado
não é levado em conta. No entanto a morte reinou desde Adão
até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança
da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de
vir.” (Rm 5:12-14)
(9) A Carne
A carne – o corpo transmutado, envenenado e arruinado
por Satanás – também é da velha criação. O corpo tornou-se
carne por meio da corrupção de Satanás como Pecado.
“Porque é necessário que isto que é corruptível se revista
da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da
imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade,
então se cumprirá a palavra que está escrito: Tragada foi a morte
na vitória.” (1Coríntios 15:53-54)
“Mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a
lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado,
que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou!
quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:23-24)
“Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava
fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em
68
Os inimigos do homem
semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na
carne condenou o pecado.” (Romanos 8:3)
“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois
não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que
estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:7-8)
“Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais
cuidado da carne em suas concupiscências.” (Romanos 13:14)
“Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a
carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que
quereis ... Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são:
a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria,
as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as
dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e
coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já
antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão
o reino de Deus.” (Gálatas 5:17-21)
(10) O Velho Homem
O velho homem é outro item, que é nada menos que o homem
inteiro arruinado por Satanás. O homem, que fora originalmente
criado por Deus, agora está arruinado pelo Pecado.
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado
com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de
não servirmos mais ao pecado.” (Romanos 6:6)
“A despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho
homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano.”
(Efésios 4:22)
(11) O Ego ou Vida da Alma
O próximo é o ego ou vida da alma. A alma foi criada por
Deus, mas tornou-se o ego, ameaçada e corrompida pela carne.
69
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
É a mesma coisa que ocorreu com o corpo. Deus originalmente
criou o corpo como algo bom e puro, mas ele foi corrompido pela
natureza pecaminosa de Satanás e tornou-se carne. O mesmo
princípio se aplica à alma, a qual foi criada pura e boa, mas
mais tarde foi subjugada pela carne. Ela foi influenciada e então
controlada pela carne, tornando-se assim o ego. Assim como o
Pecado corrompeu o corpo e ele se tornou a carne, também a
carne influenciou e controlou a alma e ela tornou-se o ego.
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-
la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.”
(Mateus 24:24-25)
“Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Pois
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a
sua vida por amor de mim, esse a salvará. Pois, que aproveita ao
homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se
a si mesmo?” (Lucas 9:23-25)
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na
fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim.” (Gálatas 2:20)
(12) Toda a Criação
Finalmente, o décimo segundo item é toda a criação. Toda a
criação foi danificada e corrompida pela rebelião da vida angélica
e .pela transgressão da vida humana. Isso levou toda a criação a
um tipo de gemer por causa da escravidão da corrupção.
“Porque a criação aguarda com ardente expectativa a
revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou sujeita
70
Os inimigos do homem
à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que
a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há
de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da
glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação,
conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora.”
(Romanos 8:19-22)
“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por
meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que
estão na terra como as que estão nos céus.” (Colossenses 1:20)
A. O CENTRO DA VELHA CRIAÇÃO
Estes doze itens somados são a velha criação. Assim a
velha criação inclui muitas coisas, mas precisamos estar claros
no ponto de que o homem caído tornou-se o próprio centro
da velha criação. Ele está relacionado com cada um dos doze
itens da velha criação. Primeiro Satanás entrou no homem e
se tornou um com ele. Junto com Satanás está o seu reino; por
isso, uma vez que Satanás está no homem, o reino de Satanás
também está no homem. Satanás é o príncipe do mundo; assim,
o mundo também está incluído em Satanás e também está
no homem. E, obviamente, corporificados no homem estão o
Pecado e os pecados, os quais introduzem a morte. A carne, o
velho homem e o ego também estão no homem; e o homem
era, e ainda é, o cabeça de toda a criação. (De acordo com
Gênesis 1, o homem foi designado o cabeça de toda a criação.)
Assim, o homem está relacionado com toda a criação e toda
a criação está relacionada com o homem e está centralizada
nele. O homem é o próprio centro da velha criação em todos
os aspectos. Ele quase se torna todo-inclusivo, mas não no
bom sentido. Se alguém quisesse encontrar-se com Satanás,
não haveria necessidade de ir a algum lugar especial – indo ao
71
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
homem ele encontrará Satanás. Se ele deseja encontrar o reino
de Satanás, não há necessidade de ir à lua – indo ao homem ele
encontrará o reino de Satanás. O mesmo ocorre com relação
ao mundo. Dentro do homem, como representante da velha
criação, temos Satanás, o reino de Satanás, o mundo, o Pecado,
pecados, morte, carne, o velho homem etc. Não somos um
homem pequeno! Pelo contrário, somos um homem grande
e todo-inclusivo, no mau sentido. Agora, toda a criação está
centralizada no homem.
B. O TÉRMINO DA VELHA CRIAÇÃO
Louvado seja o Senhor, um dia algo aconteceu: o
próprio Deus se encarnou neste homem! João 1:14 diz que
“a Palavra se tornou carne” (gr.), isto é, Ele se tornou uma
pessoa humana. Sabemos que a carne humana é a carne do
pecado. Todavia O Senhor Jesus estava “em semelhança de
carne de pecado” (Rm 8 :3 -VRC). Ele se tornou apenas a
semelhança da carne do pecado, não a natureza pecaminosa
da carne de pecado.
Em João 3:14, o próprio Senhor Jesus nos disse que Ele era
prefigurado pela serpente de bronze pendurada na haste, isto
é, a cruz. A serpente de bronze tinha apenas a semelhança da
serpente, não a natureza venenosa da serpente. O Senhor Jesus
nasceu de uma virgem para que Ele pudesse ter a semelhança da
carne do pecado, mas Ele não tinha nada a ver com o homem
no que diz respeito à natureza pecaminosa da carne. Devemos
ser muito cuidadosos sobre essa questão.
O Senhor se encarnou como um homem, não como uma
serpente; mas quando Ele foi crucificado na cruz, foi crucificado
como um homem na forma de serpente. Por quê? Porque naquele
momento, o homem era um com Satanás, a serpente. Assim, o
72
Os inimigos do homem
Senhor Jesus, e mesmo João Batista, disseram aos fariseus que eles
eram serpentes e raça de víboras. Eles eram a descendência da
serpente porque tinham a vida da serpente; a natureza venenosa
da serpente estava neles. Aos olhos de Deus, eles, como pessoas
pecaminosas, tornaram-se a serpente. Mas o Senhor, encarnado
como homem, tinha apenas a semelhança da carne do pecado,
não a natureza pecaminosa que as pessoas pecaminosas têm.
Assim como a serpente de bronze na haste, o Senhor tinha apenas
a semelhança da serpente, não a sua natureza e o seu veneno.
Agora chegamos à cruz. Cristo primeiro se vestiu de homem
e carregou o homem todo-inclusivo da velha criação sobre à
cruz. Ali, na cruz, esse homem todo-inclusivo foi crucificado.
Isso significa que todas as coisas foram terminadas. Esse é o
princípio da cruz. Por meio desse tipo de morte, Cristo levou
esse homem à cruz e assim terminou com tudo. Não somente
Cristo foi crucificado lá, mas também o homem, o mundo,
Satanás e o seu reino, o Pecado, os pecados, o velho homem etc.
Todas as coisas da velha criação foram terminadas pela cruz de
Cristo. A Bíblia diz que Deus fez Cristo Pecado – não pecados
no plural, mas “Pecado” no singular (2Co 5:21). Deus também
colocou todas as nossas iniquidades sobre Cristo (Is 53:6), o
qual “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro,
os nossos pecados...” (1Pe 2:24). Precisamos experienciar essa
morte todo-inclusiva.
Os versículos seguintes revelam o princípio da cruz em
terminar todas as coisas da velha criação:
1.A vida angélica: Colossenses 1:20:
“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz,
por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto
as que estão na terra como as que estão nos céus.”
73
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
2.A vida humana: Gálatas 2:20:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”
3.Satanás: Hebreus 2:14 e João 12:31:
“Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de
carne e sangue, também ele semelhantemente participou das
mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha
o poder da morte, isto é, o Diabo.”
“Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe
deste mundo.”
4.O reino de Satanás: Colossenses 2:15 e João 12:3:
“E, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu
publicamente e deles triunfou na mesma cruz.”
5.O Pecado: 2 Coríntios 5 :21 e Romanos 8:3:
“Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”
“Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava
fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na
carne condenou o pecado.”
6.Os pecados: 1 Pedro 2:24 e Isaías 53:6:
“Levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre
o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver
para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.”
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um
se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele
a iniqüidade de todos nós.”
74
Os inimigos do homem
7.O mundo: Gálatas 6:14 e João 12:31:
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo.”
“Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe
deste mundo.”
8. A morte: Hebreus 2:14:
“Portanto, visto como os filhos são participantes comuns de
carne e sangue, também ele semelhantemente participou das
mesmas coisas, para que pela morte derrotasse aquele que tinha
o poder da morte, isto é, o Diabo.”
9. A carne: Gálatas 5 :24:
“E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as
suas paixões e concupiscências.”
10. O velho homem: Romanos 6:6;:
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado
com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de
não servirmos mais ao pecado.”
11. O ego ou vida da alma: Gálatas 2:20:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”
12. Todas as coisas, a criação: Colossenses 1:20:
“E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz,
por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto
as que estão na terra como as que estão nos céus.”
75
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
João 12:31 diz que o mundo e o príncipe deste mundo,
que é Satanás, estavam para ser julgados e expulsos. Quando
isso aconteceu? De acordo com o versículo 24, isso aconteceu
quando Cristo morreu na cruz. Pela Sua morte, o mundo foi
julgado e o príncipe do mundo foi expulso. Hebreus 2: 14
declara que Cristo teve participação em carne e sangue, para
que pela morte Ele pudesse destruir, ou anular, aquele que
tinha o poder da morte, isto é, o Diabo. Este versículo revela
que Cristo, pela Sua morte em carne e sangue, destruiu ou
anulou Satanás, que tinha o poder da morte. Colossenses 1:20
diz que Ele reconciliou “todas as coisas” Consigo mesmo. Isso
prova que não apenas o homem estava errado para com Deus,
mas todas as coisas também estavam erradas para com Deus;
de outro modo, não haveria necessidade de reconciliação.
De acordo com o contexto dessa passagem, toda a criação foi
tratada pela cruz.
Temos de ser profundamente impressionados com o tipo
de morte com que Cristo morreu na cruz. Essa morte foi uma
morte todo-inclusiva – é por isso que precisamos experienciá-
la. Tudo o que temos, tudo o que somos, tudo o que fazemos e
tudo a que estamos relacionados foi levado à cruz. A cruz é o
fim de todas as coisas relacionadas conosco. Tudo já foi tratado
e crucificado na cruz. A cruz é a única base para tudo o que
somos e temos. Devemos pôr na cruz todas as coisas o nosso
conhecimento, a nossa sabedoria, a nossa habilidade etc. Esse
é o princípio da cruz. Não há outra base. Podemos pensar que
não somos tão maus ou que sejamos segundo a avaliação de
alguns “uma boa pessoa”. Os jovens, principalmente, estão
sempre pensando que são “gente boa”. Porém não importa
o quão bons possamos ser ou pareçamos, devemos ir à cruz.
Devemos ser crucificados e eliminados. Quanto melhores
76
Os inimigos do homem
julgamos ser, mais precisaremos ser anulados. Nunca se orgulhe
de ser ou parecer bom. A despeito de quanto sejamos bons
ou maus, todos temos de passar pela cruz. Não devemos nos
avaliar erroneamente. Há somente uma avaliação; isto é,
devemos levar a nós mesmos à morte, mediante o princípio
da cruz, que opera pelo Espírito.
Nada da velha criação está na igreja. A igreja é o novo
homem, a nova criação. Todas as coisas passaram e tudo se
tornou novo. Isso significa que todas as coisas foram terminadas
na morte e tudo é novo em ressurreição. Nós, agora, vimos
o princípio da cruz, depois precisamos ver o princípio da
ressurreição. Confiamos que a nossa mente estará aberta para ver
que todas as coisas relacionadas conosco, não importa se boas
ou más, devem ser inteiramente levadas à morte. Então haverá
a maneira de entrarmos na ressurreição e na nova criação.
A EXPERIÊNCIA DE CRISTO
COMO O LIBERTADOR
Hino 267
1. Cristo, o Salvador, livrou-me;
Que real libertação!
Destruiu, pois, o pecado,
E da morte o aguilhão.
Cristo, pelo Seu triunfo,
Fez-me mais que vencedor;
Ressurreto, em meu espír’to,
Com poder me dá vigor.
77
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs

2. Para a lei morri com Cristo,

Dela libertei-me enfim;
Nunca mais há de prender-me –
Pela graça vivo assim.

Capítulo Cinco
3. Condenado o pecado! –
Cristo seu poder, baniu –
Já em mim foi destronado, A REDENÇÃO DE CRISTO
Livre estou do seu ardil.
ESBOÇO
4. Cristo aboliu a morte,
E seus laços destruiu; I. DEUS ENCARNADO
Fez brotar a vida eterna, A. A Palavra Tornou-se Carne
Que em ressurreição surgiu. B. Na Semelhança de Carne do Pecado
C. Participou de Carne e Sangue do Homem
5. Mundo, morte e o diabo, D. Ainda com o Pai
Cristo já aniquilou; II. CRUCIFICADO
Do poder das trevas para A. Carregou os Nossos Pecados
Vida e luz me transportou. B. Feito Pecado por Nós
C. Com o Nosso Velho Homem e Toda a Velha Criação
6. Cristo dá-me plena graça D. Aboliu a Lei dos Mandamentos na Forma de
E me cobre com poder; Ordenanças
Nas fraquezas faz gloriar-me, E. Destruiu Satanás e Julgou o Mundo
Nelas, me fortalecer. F. Liberou a Vida Divina
III. RESSURRETO
A. Glorificado na Vida Divina
B. Tornou-se o Filho Primogênito com Muitos Irmãos
C. Tornou-se o Espírito que Dá Vida
D. Soprou-se para Dentro de Seus Crentes
IV. EXALTADO
A Redenção de Cristo

78 79
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Leitura da Bíblia:
Jo 1:14; Hb 2:14; Rm 8:3; 2Co 5:21; Jo 3:14; 1Pe 2:24;
1 Co 15:3; Hb 9:28; Rm 6:6; Gl 2:20; Ef 2:15; Jo 12:24, 31;
19:34; 7:39; Lc 24:26; At 13:33; Rm 8:29; Hb 2:11, 12; 1Pe
1:3; Ef 2:6; 1Co 15:45; 2Co 3:17, 18; Jo 20:22; Ef 1:20, 21; At
2:36; Ef 1:22, 23; At 2:33:
Deus criou o céu e a terra com o homem como o cabeça
e o centro. Então o homem caiu. Aos olhos de Deus, a queda
do homem envolveu toda a criação. Para redimir essa criação
caída, Deus veio no Filho.
Redenção não foi um pensamento posterior. Ela foi pré-
ordenada por Deus. Em 1 Pedro 1:19, 20 é nos dito que o
Redentor, Cristo, era conhecido por Deus antes da fundação do
mundo. Nesse versículo, “mundo” refere-se a todo o universo.
Antes da fundação do universo, Deus sabia que o homem cairia.
Assim, Deus pré-ordenou o Filho, Cristo, para ser o Redentor.
Podemos ver nisso que a redenção de Deus não foi acidental.
Mais adiante, Apocalipse 13:8 diz que o Cordeiro, isto é, o
Redentor, Cristo, foi imolado “desde a fundação do mundo.”
Desde o tempo em que a criação veio à existência, aos olhos de
Deus, Cristo, como o Cordeiro ordenado por Deus, foi imolado.
Aos nossos olhos, Cristo foi crucificado a menos de dois mil anos
atrás. Mas, à vista de Deus, Ele foi imolado desde o dia em que
a criação veio à existência, porque Deus sabia de antemão que
Sua criação cairia.
Esses versículos mostram que a redenção de Deus não era um
pensamento posterior, mas algo ordenado, planejado, e preparado
por Deus na eternidade passada. Como devemos valorizar esse
fato acerca da redenção que desfrutamos em Cristo!
O que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é
o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido
80
A redenção de Cristo
contra si, a fim de trazer o homem criado e caído de volta para
Ele mesmo. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas
as músicas do mundo. Que é a obra redentora de Cristo? É Deus
suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras,
se Jesus de Nazaré não fosse Deus Ele não estaria qualificado
a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era
Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus
desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é
Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis
por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós
mesmos. Se fossemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a
Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos
pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.
Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem? Já é
suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar
Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou
contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu
pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte.
Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é
a cobrança justa do pecado (Rm 5:12). Quando o homem peca
contra Deus, ele tem de suportar a conseqüência do pecado
que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se ele viesse e
assumisse nossa responsabilidade e sofresse a conseqüência
do nosso pecado, Ele teria de morrer. Mas em 1 Timóteo 6:16
é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo
que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer
e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte
simplesmente não tem efeito em Deus. Não há possibilidade
de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do
pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um
homem. Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao
81
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
mundo, Ele disse: “corpo me formaste”. Deus preparou um corpo
para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta
queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz:” Não te deleitaste
com holocaustos e ofertas pelo pecado” (v.6). Agora Ele oferece
Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então,
o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser
crucificado. A esse processo a Bíblia chama redenção.
DEUS ENCARNADO
O primeiro passo no cumprimento da redenção de Deus
foi a encarnação. Foi certamente uma coisa maravilhosa para
Deus vir para dentro do homem e nascer da humanidade por
meio de uma virgem. O nosso Deus tornou-se um homem!
Na criação, Ele era o Criador. Mas embora tivesse criado
todas as coisas, Ele não entrou em nenhuma das coisas que
Ele criara. Mesmo ao criar o homem, Ele somente soprou o
fôlego de vida para dentro dele (Gn 2:7). Ele ainda estava
fora do homem. Seu sopro, de acordo com Jó 33:4, deu vida
ao homem; entretanto, Ele próprio não veio para dentro do
homem. Podemos até dizer que o espírito do homem é o lugar
de Deus, que Ele preparou para poder entrar e habitar no
homem. Até a encarnação, porém, Ele estava separado do
homem. Mas com a encarnação, Ele pessoalmente entrou no
homem. Ele foi concebido e então permaneceu no ventre da
virgem por nove meses, após isso Ele nasceu.
A Palavra Tornou-se Carne
De acordo com João 1:14, Ele tornou-se não somente um
homem; Ele tornou-se carne. A carne nesse versículo refere-se
ao homem depois da queda. O homem em Gênesis 1 e 2 não
havia caído, mas depois, em Gênesis 3, ele caiu. A palavra
82
A redenção de Cristo
carne, referindo-se ao homem depois da queda, sempre possui
uma conotação negativa. Nenhuma carne pode ser justificada
perante Deus por obras (Rm 3:20). Carne refere-se ao homem
caído, e Cristo, como o Filho de Deus, tornou-se um homem.
Ele tornou-se carne.
Na Semelhança da Carne do Pecado
Não queremos dizer que Ele tornou-se um pecador. A Bíblia
é muito cuidadosa sobre esse assunto. Se a Bíblia contivesse
somente João 1:14, poderíamos pensar que Ele se tornou uma
pessoa pecaminosa. Mas a Bíblia também contém Romanos 8:3,
que diz que Deus enviou Seu Filho “na semelhança da carne
do pecado”. Cristo tornou-se carne, mas Ele estava somente na
semelhança da carne do pecado. Não havia pecado em Sua carne.
Ele tinha somente a semelhança, não a natureza pecaminosa, da
carne. Paulo compôs essa frase com três palavras: semelhança,
carne e pecado. Dizer somente carne do pecado indicaria carne
pecaminosa. Louvado seja o Senhor que a Escritura acrescenta
“em semelhança”, indicando que na natureza humana de Cristo
não havia pecado, mesmo que aquela natureza possuísse a
semelhança, a aparência da carne do pecado. Mais ainda, Paulo
não diz que Deus enviou Seu Filho na semelhança da carne
e parou aí. Ele acrescenta “do pecado”. Semelhança denota
fortemente que a humanidade de Cristo não tinha pecado.
Em outro versículo, em 2 Coríntios 5:21, Paulo diz que
Cristo “não conheceu pecado”. Isso quer dizer que Ele não tinha
pecado. Todavia, em 2 Coríntios 5:21 também diz que: Aquele
que não tinha pecado, foi feito pecado por Deus. A nossa mente
não pode entender isso. Se as Escrituras não fossem escritas
dessa forma, pareceria herético dizer que Cristo foi feito pecado;
mas Cristo foi feito pecado por nós como nosso substituto total.
83
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Se isso não tivesse acontecido, não poderíamos ter sido salvos.
“Aquele que não conheceu o pecado, ele o fez pecado por nós”.
Aquele a quem Deus fez o pecado, não conheceu pecado.
Esse problema está retratado no Antigo Testamento no
tipo da serpente de bronze, descrito em Números 21. Quando
os filhos de Israel pecaram contra Deus, eles foram picados por
serpentes e morreram. Moisés buscou a Deus, por eles, e Deus
disse a ele para fazer uma serpente de bronze e erguê-la numa
haste. Quem quer que olhasse para serpente de bronze viveria,
e muitos olharam (vs. 6-9).
Então em João 3, o Senhor Jesus falou a Nicodemos acerca
da regeneração. Nicodemos era um mestre da Bíblia (v. 10) e
ensinava o Antigo Testamento, especialmente o Pentateuco.
“Perguntou-Lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer,
sendo velho? Pode, porventura, entrar segunda vez no ventre
de sua mãe e nascer (v. 4)?” O Senhor quis dizer que, se ele
pudesse voltar ao ventre materno e tornar a nascer, ainda seria
carne: “O que é nascido da carne, é carne” (v. 6a). Nascer de
novo não é nascer uma segunda vez da carne, mas nascer do
Espírito. “O que é nascido do Espírito, é espírito” (v. 6b ).
Nicodemos queria saber como seriam essas coisas. Então o
Senhor Jesus disse a ele em um tom de repreensão: “Tu és mestre
de Israel, e não conheces essas coisas?” (v. 10). Ele, em seguida,
citou a Nicodemos a passagem de Números 21: “Como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a
vida eterna” (vs. 14, 15).
Esse retrato indica claramente que a serpente de bronze
possui somente a aparência, a semelhança da serpente, mas não
a sua natureza venenosa. Isso corresponde à palavra de Paulo
“na semelhança da carne do pecado”.
84
A redenção de Cristo
Quando Cristo morreu na cruz, Ele não somente era um
Cordeiro aos olhos de Deus, mas também uma serpente. Esses
aspectos de Cristo estão, ambos, em João. Em João 1:29 há
referência ao Cordeiro de Deus, e 3:14, ao Filho do Homem,
Cristo, erguido como a serpente de bronze no deserto. Quando
Cristo, nosso Redentor, estava sobre a cruz, por um lado, Ele
era o Cordeiro de Deus para levar embora o nosso pecado; por
outro, Ele era uma serpente. A Palavra Santa nos diz que quando
Cristo morreu na cruz, aos olhos de Deus Ele era como uma
serpente de bronze. Enfatizo isso porque precisamos conhecer
que tipo de redenção o Senhor Jesus cumpriu por nós.
A fim de cumprir uma redenção plena, Ele como o Filho de
Deus tornou-se carne. A Palavra encarnou-se. João, porém, não
disse que a Palavra tornou-se um homem; ele disse: “A Palavra
se fez carne”. No tempo da encarnação, “carne” era um termo
negativo. Mas devemos ser cuidadosos ao dizer isso. A serpente
certamente é negativa, mas essa serpente é uma serpente de
bronze. Ela possui somente a aparência de uma serpente; ela
não tem a sua natureza. Você acha que, quando Cristo foi feito
pecado, Ele tinha natureza pecaminosa? Absolutamente não!
É por isso que Paulo modifica sua palavra dizendo: “aquele que
não conheceu pecado”. Mesmo que Ele tenha sido feito pecado
por Deus, Ele não tinha pecado Nele e não conheceu pecado.
O nosso Senhor é um Redentor maravilhoso. A Bíblia nos diz
que Deus tornou-se um homem na semelhança da carne caída
e pecaminosa.
Participou da Carne e Sangue do Homem
Encarnação também tem um lado positivo. Ela trouxe
Deus para dentro do homem. Ela fez Deus e o homem um. Há
aproximadamente dois mil anos, houve um Homem nesta terra
85
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
que era uma combinação de Deus e homem. Jesus Cristo era
somente homem? Ele era somente Deus? Ele era tanto Deus como
homem. Muitos mestres da Bíblia chamam-No o Homem-Deus.
Ele não era meramente um homem de Deus, mas um homem-
Deus. Ele era o Deus completo e um Homem perfeito.
De acordo com a revelação genuína da Bíblia, em tal
encarnação, nem a natureza de Deus nem a natureza do homem
foram perdidas e nem uma terceira natureza foi produzida. Cristo
é um Homem-Deus tanto com a natureza divina como com a
natureza humana existindo Nele distintamente.
O nosso Redentor é um Homem-Deus. Pela Sua encarnação
para o cumprimento da redenção, Ele, como o próprio Deus,
tomou a iniciativa de fazer-se um com o homem. Ele participou
da carne e sangue do homem. Hebreus 2:14 nos diz: “Visto,
pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue,
destes também ele, igualmente, participou.” Se Ele não tivesse o
sangue do homem, como Ele poderia ter derramado Seu sangue
pelos pecados do homem? Sem derramamento de sangue não há
perdão de pecados (Hb 9:22). Como seres humanos, precisamos
do sangue humano para lavar os nossos pecados. Porque nosso
Redentor participou do sangue do homem, Ele pôde derramar
Seu sangue por nossos pecados.
Ainda com o Pai
Quando o Filho de Deus encarnou-se, Ele não deixou o Pai
nos céus. Embora muitos pensassem assim há mais de cinqüenta
anos, gradualmente descobrimos, estudando a Palavra, que o
Filho e o Pai não podem ser separados. Eles são distintos, mas
não separados. O próprio Filho nos diz claramente que Ele veio
em nome do Pai (Jo 5:43) e que o Pai estava com Ele todo o
tempo (Jo 16:32). Ele e o Pai são um (Jo 10:30; 17:22).
86
A redenção de Cristo
Como cristãos, cremos que há somente um Deus. Crer no
triteísmo, que há três Deuses, é uma heresia. Temos somente um
Deus, todavia nosso Deus é triúno. Ele é três em Sua Divindade:
o Pai, o Filho, e o Espírito. Todavia Ele é um Deus. Não temos
como conciliar isso e é muito difícil obtermos explicações
lógicas acerca disso, entretanto, pela própria Palavra de Deus
conhecemos o fato manifestado de que Deus é triúno, que Ele
é três-um.
A primeira coisa que temos de ver é que o Senhor Jesus é
Deus. Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado
do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira
pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que
Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus como
uma terceira pessoa. A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus
como a terceira parte. Pelo contrário, Ela O considera como a
primeira parte. Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado
a um devedor, um credor e o filho do credor. O devedor não tem
dinheiro para quitar seu débito; o credor, sendo muito severo,
insiste no pagamento. Mas o filho do credor se prontifica a pagar
o Debito em lugar do devedor e o devedor fica livre.
Esse é o evangelho que alguns homens pregam até hoje.
Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo
menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à
Bíblia. Primeiro, esse tipo de entendimento mostra Deus como
o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não
vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa
exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, alguém
sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas;
e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça.
Esse evangelho está errado. Contudo embora seja um evangelho
errado, Deus ainda o usa. Na verdade, muitos foram salvos por
87
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
esse tipo de ilustração. Mas embora fossem salvos, nos primeiros
anos, é bem provável que tenham tido dificuldades para louvar
a Deus. Tínhamos uma impressão que o Senhor Jesus era bom,
que deveríamos agradecer-lhe e louvá-lo, que sem ele tudo era
sem esperança e que foi uma felicidade ele ter vindo. Mas por
outro lado sentíamos que Deus era muito severo, bravo e mau.
Ele não era tão amável. Parecia que todas as coisas boas estavam
com o Senhor Jesus e todas as ruins estavam com Deus, parecia
que Deus era terrível e o Senhor Jesus, amável.
Mas isso não é a Bíblia. A Bíblia diz que Deus amou o mundo
de tal maneira que nos deu Seu filho (Jo 3:16). Deus enviou
Seu filho porque nos amou. Eis por que fomos levados de volta
a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se
Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor
Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar
as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas
de volta a Deus. Graças ao Senhor porque quem nos amou foi
Deus. Agradecemo-lhe porque foi o próprio Deus quem enviou
Seu filho a nós. O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai
é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai
quem teve uma vontade na eternidade passada. Primeiramente,
o Pai propôs todas as coisas e, então, o filho veio. Assim, é errado
o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes:
Deus e o homem. O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem.
Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem
vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre
Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva. Hoje, é a Deus
que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do
Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos que perceber.
O plano de Deus é principalmente a obra do Pai, Sua
redenção é principalmente a obra do Filho e Sua aplicação
88
A redenção de Cristo
é principalmente a obra do Espírito. O Pai planejou, o Filho
redimiu e o Espírito aplica.
Os três são distintos mas não separados. Quando o Filho
veio, o Pai veio com Ele. Quando o Espírito veio, o Filho
e o Pai vieram (Jo 14:17, 23). Não cremos no modalismo,
uma heresia que diz que quando o Filho veio, o Pai deixou
de existir, e então quando o Espírito veio, o Filho deixou de
existir. Cremos que Deus é três-um, o Pai, o Filho e o Espírito
como um Deus coexistindo e “coinerindo1 ” (ou seja um está
no outro, não podem separar-se essencialmente) de eternidade
a eternidade.
CRUCIFICADO
A encarnação foi maravilhosa e a crucificação é maravilhosa.
Não temos palavras para explicar a encarnação na totalidade,
nem podemos explicar totalmente o fato da morte de Cristo.
Carregou os Nossos Pecados
Na cruz, Cristo carregou os nossos pecados. Três versículos
são muito claros a esse respeito: 1Pedro 2:24, 1 Coríntios 15:3 e
Hebreus 9:28. Todos esses versículos dizem que Cristo carregou
os nossos pecados. De acordo com Isaías 53:6, quando Cristo
estava na cruz, Deus tomou todos os nossos pecados e os colocou
sobre este Cordeiro de Deus.
Se lermos os quatro Evangelhos á respeito da morte de
Cristo, veremos que o Senhor ficou crucificado das nove horas
da manhã, a hora terceira (Mc 15:25), até às três horas da tarde,
a hora nona (Mc 15:33; Mt 27:46). Entre estas seis horas houve
o meio-dia, a hora sexta (Mc 15:33). O meio-dia dividiu estas
seis horas em dois períodos de três horas cada. A perseguição
humana ocorreu nas três primeiras horas. O homem pregou-O
89
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
na cruz, escarneceu Dele e afligiu-O de toda maneira possível.
Então, nas últimas três horas, Deus veio para julgá-Lo (Is 53:10).
Isso é demonstrado pela escuridão que veio sobre toda a terra
ao meio-dia. Deus colocou todos os pecados da humanidade
sobre Ele.
Feito Pecado por Nós
Nas últimas três horas, aos olhos de Deus, Cristo foi feito
pecado. Foi, então, na cruz que Deus condenou o pecado
na carne de Cristo. Romanos 8:3 diz que Deus, mandando
Seu próprio Filho na semelhança da carne do pecado (como
a serpente de bronze na forma de uma serpente – Jo 3:14),
condenou o pecado na carne. O pecado foi condenado. O
pecado foi julgado na cruz. Cristo não somente carregou os
nossos pecados, como foi feito pecado por nós (2 Co 5:21) e foi
julgado por Deus uma vez por todas.
Com o Nosso Velho Homem e Toda a Velha Criação
Ainda mais, quando Cristo foi crucificado, todos Seus crentes
foram crucificados com Ele (Gl 2:20). Quando Ele se encarnou,
Ele tomou-nos sobre Si. Ele vestiu sangue e carne. Portanto,
quando Ele foi crucificado, fomos crucificados com Ele. Do ponto
de vista de Deus, antes de nascermos, já estávamos crucificados
em Cristo. Quando Cristo foi crucificado, não somente os nossos
pecados foram tratados e nem somente o nosso pecado foi tratado;
nós mesmos fomos crucificados. Assim, Romanos 6:6 diz: “Foi
crucificado com ele o nosso velho homem”.
Além disso, toda a criação também foi crucificada ali.
Quando Cristo morreu, o véu do templo rasgou-se de alto a
baixo (Mt 27:51). De alto a baixo indica que isso não foi um feito
do homem, mas um feito de Deus, do alto. Deus rasgou aquele
90
A redenção de Cristo
véu em duas partes. No véu havia querubins bordados (Êx
26:31). De acordo com Ezequiel 1:5, 10 e 10:14, 15, querubins
eram seres viventes. Os querubins no véu, então, indicavam os
seres viventes. Sobre a humanidade de Cristo estavam todas as
criaturas. Quando o véu foi rasgado, todas as criaturas foram
crucificadas. Por isso, podemos ver que a morte de Cristo foi
todo-inclusiva. Ela tratou os nossos pecados, o nosso pecado, o
nosso eu, o nosso velho homem e toda a velha criação. Pecados,
pecado, homem e toda a criação foram tratados na cruz.
Aboliu a Lei dos Mandamentos na Forma de Ordenanças
Em Efésios 2:15 Paulo nos diz que por Sua morte na cruz,
Cristo aboliu a lei dos mandamentos na forma de ordenanças.
No Antigo Testamento havia muitas ordenanças. A principal
era a circuncisão, que dividia os judeus dos gentios. Os judeus
até usavam o termo “incircuncisão” ao referir-se aos gentios,
enquanto consideravam-se a circuncisão. Circuncisão, portanto,
era uma marca de separação. Os judeus também guardavam o
sétimo dia, outra ordenança que os fazia diferentes dos gentios.
Ambas as ordenanças Cristo aboliu na cruz (Cl 2:14, 16).
Outras ordenanças dos judeus eram os regulamentos de
dieta. Em Atos 10, entretanto, enquanto Pedro estava orando
no eirado, uma visão veio a ele (vs. 9-16). O Senhor disse a
Pedro para comer os animais que ele considerava comuns e
imundos. Assim, circuncisão, o sábado e os regulamentos de
dieta foram totalmente abolidos. Essas ordenanças tinham
sido uma parede de separação forte e alta entre os judeus e os
gentios, mas agora ela foi derrubada. Não há mais nenhuma
separação. Os judeus e os gentios podem ser edificados juntos
como o Corpo de Cristo.
As ordenanças foram abolidas, mas e quanto às diferenças
entre as raças, tais como entre brancos, amarelos e negros,
91
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
e entre as tribos, povos e nações? Na redenção completa de
Cristo todas essas diferenças também foram abolidas. Ele pôs
de lado toda a inimizade. Muitos ainda não vivem de acordo
com isso. Os judeus ainda guardam a circuncisão, o sábado e
os regulamentos de dieta. Até mesmo muitos cristãos ainda
têm inimizade.
Por meio de Sua morte única, Cristo levou embora todos
os nossos pecados e o pecado; Ele crucificou o velho homem,
terminou a velha criação e aboliu as diferenças entre as raças.
Agora não estamos em nós mesmos - estamos em Cristo. Nele
não há pecados. Nele não há o pecado. Nele não existe o velho
homem e nem a velha criação. A igreja é simplesmente Cristo
(1Co 12:12). O próprio conteúdo, o constituinte da igreja é
Cristo (Cl 3:10,11). No novo homem não há grego nem judeu,
nem posição social, nem distinção de raças, nem diferenças de
nacionalidades, Cristo é tudo e em todos (Cl 3:11). Em Cristo,
os pecados, o pecado, o velho homem, a velha criação e todas
as ordenanças são anulados.
Destruiu Satanás e Julgou o Mundo
A carne foi crucificada com Cristo. Porque a carne está
relacionada a Satanás, ao crucificar a carne Cristo destruiu
Satanás. É por isso que Hebreus 2:14 diz que pela Sua morte
Ele destruiu o diabo. Por João 12:31 sabemos que quando Cristo
foi crucificado, Ele expulsou Satanás, o governador do mundo,
e julgou o mundo.
Por volta de 1935 o irmão Watchman Nee liberou uma
mensagem em Xangai. Ele disse que, se fosse a um crente jovem
e perguntasse a ele quem morreu na cruz, ele diria que seu
Redentor tinha morrido na cruz tanto pelos seus pecados como
pelo seu pecado. Se fosse a outro mais avançado e perguntasse
92
A redenção de Cristo
a ele quem havia morrido na cruz, ele diria que Cristo morreu
lá, carregando seus pecados, o pecado e ele próprio (Gl 2:20).
Alguém ainda mais avançado na vida cristã lhe diria que Cristo
morreu na cruz pelos seus pecados, pelo pecado e por ele próprio
com toda a criação. Uma quinta categoria de cristãos diria que
Cristo morreu na cruz não somente pelos seus pecados, pelo
pecado e por eles próprios com toda a criação, mas também
para destruir Satanás e julgar o mundo.
Mais tarde começamos a ver que havia a necessidade de um
avanço posterior em perceber a morte de Cristo, isto é, a abolição
das ordenanças. Todas as ordenanças – os hábitos, costumes,
tradições e práticas entre a raça humana – foram abolidas na
cruz. A crucificação de Cristo foi a terminação universal de
todas as coisas negativas. Aleluia por tal terminação!
Liberou Vida Divina
A morte de Cristo não somente foi uma morte terminadora,
mas também liberadora. Sua morte liberou a vida divina
escondida dentro Dele (Jo 1:4). Em João 12:24 diz que um grão
de trigo permanece só a menos que seja plantado na terra. Se
ele é plantado na terra, ele morre e então cresce para tornar-se
muitos grãos. Isso ilustra a morte liberadora de Cristo. Sua morte
não somente termina todas as coisas negativas; ela também
libera vida divina – a única coisa positiva em todo o universo.
Quando Cristo morreu, um soldado traspassou Seu lado
e saiu sangue e água (Jo 19:34). Esses são símbolos. Sangue
significa redenção, e água significa vida. Sangue e água são
símbolos dos dois aspectos da morte de Cristo. O aspecto
negativo é a redenção, e o aspecto positivo é o liberar da vida
divina. Ele morreu, e a vida dentro Dele foi liberada. Por Sua
morte não somente o sangue redentor fluiu; a vida divina
93
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
também fluiu Dele. Hoje, quando cremos Nele, recebemos
o sangue e obtemos a água viva, a vida divina. Recebemos
redenção e obtemos vida eterna.
RESSURRETO
No terceiro dia depois de Sua morte, Cristo ressuscitou.
Algumas coisas maravilhosas foram executadas por meio de
Sua ressurreição.
Não vamos falar sobre todos os fatos relacionados
com a ressurreição do Senhor Jesus, assim como também
não detalhamos os fatos relacionados com a Sua morte.
Anteriormente falamos apenas sobre o aspecto objetivo de
Sua morte. Agora também consideraremos apenas o aspecto
objetivo da ressurreição do Senhor. Objetivamente, o Senhor
teve uma morte substitutiva por nós; ele morreu em lugar de
todos (1Pe 3:18; 3Co 5:14). Ao mesmo tempo, Ele morreu por
nossos pecados (1Co 15:3). Isso é o que a morte do Senhor
cumpriu. Qual é, então o propósito de Sua ressurreição? Deus
ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos como prova de
que a obra de redenção foi cumprida. Deus a Justificou e a
aprovou. Agora Ele está satisfeito.
Muitos de nós temos tido experiência trabalhando com
negócios. Suponha que você tenha uma secretária que lhe
apresentou um projeto. Após olhá-lo, você pode escrever “Muito
Bem” nele. Isso significa que o trabalho está aprovado; está tudo
certo. Agora ele pode ser concretizado. O Senhor morreu por nós
e a obra foi consumada. A ressurreição do Senhor é o sinal de
“Muito Bem” de Deus na obra e na morte do Senhor Jesus. Isso
significa que essa morte está agora aprovada. O problema do pecado
do homem está agora resolvido. Assim, uma vez que o Senhor
ressuscitou, o problema dos nossos pecados está completamente
94
A redenção de Cristo
resolvido. Se o Senhor não tivesse ressuscitado, embora a redenção
tivesse sido cumprida, nosso coração seria mantido em suspense.
Ainda haveria certa inquietação em nós, pois apesar de sabermos
que a redenção tinha sido cumprida, não saberíamos se ela tinha
sido aceita. Quando percebemos que fomos totalmente redimidos
de nossos pecados? Quando vimos que o Senhor Jesus ressuscitou.
A ressurreição é a prova. Ela nos mostra que a cruz foi justa e a
redenção foi aprovada. A ressurreição é a prova de que a obra da
cruz foi aceita e recebida por Deus.
Consideremos uma ilustração. Suponha que alguém deva
a uma pessoa certa quantia. Ela pode dever tanto que não
haja meios de pagar o seu débito. Essa, naturalmente, não é
uma boa ilustração, mas vamos usá-la aqui com o propósito
de esclarecer um aspecto da verdade. Digamos que ele vá a
um irmão e lhe diga: “você conhece muito bem a pessoa para
quem estou devendo. Vocês dois são bons amigos. Por favor,
interceda por mim. Não tenho meios de pagar o que devo,
mesmo se penhorar tudo numa loja de penhores. Estou com
dificuldade até para meu próprio sustento hoje. Faça-me este
favor de qualquer maneira”. Como o credor não mora em sua
cidade, mas em outra, e distante. A seu pedido, o irmão faz
uma viagem especial àquela cidade e diz ao homem: “O sr. Tal
é verdadeiramente pobre. Ele não pode nem se sustentar. Esta
pequena soma de dinheiro nada significa para você. Por que
não o libera da sua dívida?” Suponha que o credor seja muito
generoso. Ele diz: “Uma vez que você veio pedir pelo débito
do sr. Tal eu esquecerei o assunto. Ele não precisa devolver-me
coisa alguma. Devolva-lhe esta nota promissória”. Então, ele
prossegue e diz a esse irmão: “Não nos encontramos a anos. Uma
vez que somos bons amigos e uma vez que você está aqui nesta
cidade, você deve fazer uma visita a cidade juntamente comigo.
95
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Por que você não fica aqui por alguns dias?” Ele o convida a
ficar em sua cidade e o hospeda. Suponha que esse irmão tenha
partido no dia 10 de maio e acertou a questão naquele dia. No
entanto, até 20 de maio, ele ainda não voltou para a cidade onde
vive com o devedor. Assim enquanto ele está festejando com o
credor, o devedor está aflito esperando notícias, sem saber se o
irmão resolveu o assunto ou não. Talvez ele não tenha voltado
por alguma dificuldade. Enquanto ele não volta, o coração não
pode ter paz, pois não sabe se tudo está certo. O assunto já fora
resolvido em 10 de maio, mas ele ainda não recebera notícias
até 20 de maio. Enquanto ele não volta, o assunto não está
resolvido. Ele ainda se considera um devedor e seu coração
ainda está desassossegado. “Quando tratarão do assunto?
Somente quando ele voltar de Xangai eu saberei se o assunto foi
resolvido”. Amigos, isso ilustra a ressurreição do Senhor Jesus.
Quando Ele morreu por nós, Ele resolveu o problema do pecado.
Assim que Ele morreu, a questão do pecado foi solucionada.
Mas se Ele não tivesse ressuscitado dentre os mortos e se não
tivesse voltado, então nosso coração estaria em suspenso, não
saberíamos o que tinha acontecido. O Senhor Jesus passou
pela morte por nós. Ele sofreu a punição da Lei e a ira de Deus
por nós (Gl 3:13). Mas, se o Senhor Jesus não tivesse voltado,
não saberíamos se a obra tinha sido concluída ou não. Não
saberíamos se Deus tinha aceitado a obra do Senhor. Por essa
razão, o Senhor Jesus tinha de voltar. Ele tinha de ressuscitar.
Assim nós soubemos que a obra foi realizada. Louvado seja o
Senhor. A obra está cumprida. Se ela não tivesse sido cumprida,
o Senhor não teria saído e ressuscitado. Sua ressurreição prova
que nossos pecados foram totalmente solucionados.
Romanos 4:25 diz: “O qual foi entregue por causa das nossas
transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação”.
96
A redenção de Cristo
Por que o Senhor Jesus foi entregue? Por causa das nossas
transgressões. Se não tivéssemos nenhuma transgressão, O
Senhor jamais precisaria ter sido entregue. Foi por causa das
transgressões que o Senhor foi entregue ao homem. Do mesmo
modo, Sua ressurreição foi por causa de nossa justificação.
No grego, as duas frases têm a mesma estrutura. Jesus foi
entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou
por causa da nossa justificação. Alguns tradutores da Bíblia
têm interpretado mal a explicação de Paulo. Eles pensam
que a ressurreição é para que o homem seja justificado. Eles
pensam que primeiro vem a ressurreição do Senhor, então
nossa justificação. Mas o que Paulo estava dizendo e que o
Espírito Santo estava dizendo, é que Ele ressuscitou porque
fomos justificados. Resumindo, o Senhor ressuscitou porque
fomos justificados. Algumas versões dizem que a ressurreição
vem primeiro, então a justificação. Mas o Espírito Santo diz
que a justificação ocorreu antes da ressurreição. Primeiro, há
a questão das nossas ofensas. Depois há a morte do Senhor.
Do mesmo modo, primeiro há nossa justificação, depois
há Sua ressurreição. Ele foi entregue por causa das nossas
transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.
Isso significa que a ressurreição do Senhor Jesus é a prova
da nossa justificação. É porque fomos justificados que Deus
ressuscitou o Senhor Jesus. Uma vez que o Senhor satisfez a
justa exigência de Deus, Deus o ressuscitou.
Amigo, agora devemos anunciar-lhe algumas notícias
muito boas. Embora alguns tenham crido no Senhor, ainda
estão com medo e tremendo. Eles se sentem como se
estivessem caminhando à beira de um precipício ou sobre
uma fina camada de gelo. Eles pensam que depositaram sua
alma, sua vida e seu futuro na cruz do Senhor. Eles ainda não
97
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
sabem se confiar no Senhor dessa forma é seguro ou não. Se
descobrirem mais tarde que essa confiança não resulta em
salvação, então estarão em apuros. Podemos crer na cruz de
Jesus para a redenção dos pecados hoje. Mas se naquele dia
ela não produzir efeito, então estaremos em apuros. Hoje
podemos dizer que não é uma questão de fazer o bem ou
guardar a lei, mas tudo o que temos de fazer é confiar na cruz
de Jesus. “Mas que acontecerá se naquele dia o Senhor disser
que não está tudo bem? Que vou fazer? Como posso saber
hoje que a cruz do Senhor é suficiente?” Amigo, você e eu
não devemos olhar para a cruz; não deveríamos preocupar-
nos se a cruz faz sentido ou não e se está certa ou não. Tudo
o que precisamos contemplar é a ressurreição do Senhor. Se a
obra da cruz do Senhor não fosse adequada ou correta, Deus
não O teria ressuscitado. Portanto, Ele ressuscitou porque
nós fomos justificados. Visto que fomos justificados quando
cremos no sangue de Jesus, o Senhor Jesus foi ressuscitado,
e nós juntamente com Ele.
“Porque, se fomos unidos com Ele na semelhança de Sua
morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição.” (Romanos 6:5)
Glorificado na Vida Divina
Primeiramente, em Sua ressurreição Cristo foi glorificado.
Quando uma semente de cravo é plantada, ela morre sob a
terra, e então cresce. Quando floresce, aquele florescer é a
sua glorificação. Jesus foi a única semente da vida divina.
Antes de Sua morte, a vida divina estava oculta dentro Dele.
Sua humanidade era a casca. Quando Sua humanidade foi
quebrada na cruz, a vida divina saiu de dentro Dele, e Ele
foi glorificado naquela vida (Jo 7:39; Lc 24:26). A entrada
98
A redenção de Cristo
de Cristo na ressurreição foi como o florescer da semente de
cravo: Ele foi glorificado.
Tornou-se o Filho Primogênito de Deus
com Muitos Irmãos
Em segundo lugar, em ressurreição Cristo nasceu como o
Filho primogênito de Deus. Poucos cristãos percebem que para
Jesus Cristo a ressurreição foi um nascimento. Encarnação foi
Seu nascimento como um homem, mas ressurreição foi Seu
nascimento em Sua humanidade como o Filho primogênito de
Deus (At 13:33).
Cristo, como o Filho de Deus, tem dois aspectos. Antes da
Sua ressurreição Ele era o Filho unigênito (Jo 1:14; 3:16); então,
em ressurreição Ele nasceu de Deus como o Filho primogênito.
Quando Cristo se encarnou, Ele vestiu a humanidade;
entretanto, Sua humanidade não era divina. Foi por meio de
Sua morte e ressurreição que Sua humanidade foi levada para
dentro da divindade. Assim, Atos 13:33 nos diz que em Sua
ressurreição Ele nasceu. O Filho unigênito tornou-se o Filho
primogênito (Rm 8:29).
Efésios 2:6 nos diz que na ressurreição de Cristo nós,
Seus crentes, também fomos ressuscitados. Quando Ele foi
crucificado, nós fomos crucificados. Quando Ele foi ressuscitado,
nós fomos, ressuscitados. Em Sua ressurreição Ele nasceu como
o Filho primogênito de Deus, e nós também nascemos como os
muitos filhos de Deus. Ele tornou-se o Primogênito, e nós nos
tornamos Seus muitos irmãos (Jo 20:17; Hb 2:11,12).
A Bíblia deixa claro que, antes de nascermos, nós fomos
crucificados com Cristo e ressuscitados com Ele. Na ressurreição
Ele nasceu como o Filho primogênito de Deus, e em Sua
ressurreição nós também nascemos como os muitos filhos de
99
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Deus (1Pe 1:3). Ele tornou-se o Primogênito entre nós, Seus
muitos irmãos.
Tornou-se Espírito que Dá Vida
Em ressurreição Cristo também tornou-se Espírito que
dá vida (1Co 15:45). Este versículo em 1 Coríntios é um dos
versículos mais negligenciados na Bíblia. Na ressurreição, que
é o tema de 1Coríntios 15, Cristo como o último Adão, por
meio de Sua morte e ressurreição, tornou-se o Espírito que dá
vida. Muitos cristãos consideram Cristo como seu Redentor,
mas poucos consideram-No como Espírito que dá vida. Mas
nosso Redentor é o Espírito que dá vida na ressurreição. Pela
Sua morte Ele nos redimiu; na Sua ressurreição Ele infunde-se
para dentro de nós como vida.
Depois de Sua ressurreição e na Sua ressurreição, Ele
tomou-se o Cristo pneumático. O Cristo pneumático é idêntico
ao Espírito. É por isso que em 2 Coríntios 3:17 diz: “O Senhor
é o Espírito”. Hoje, em ressurreição, o próprio Cristo, nosso
Redentor, é idêntico ao Espírito que dá vida a nós.
Soprou-se para dentro de Seus Crentes
João 20 revela que depois de Sua morte e em Sua ressurreição,
Cristo voltou. Ele retornou de uma forma maravilhosa. Os
discípulos estavam numa casa com as portas fechadas com medo
dos judeus (v. 19). Repentinamente, Jesus estava ali dizendo a
eles: “Paz seja convosco”. Ele não os ensinou e não lhes deu
nenhum sermão como fez no monte. Ele simplesmente soprou
para dentro deles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (v.
22), o Sopro Santo, Pneuma Santo.
O Cristo apareceu sem bater na porta porque em ressurreição
Ele é o Espírito. Ele tinha um corpo ressurreto, que é chamado
100
A redenção de Cristo
corpo espiritual (1Co 15:44; Jo 20:27). Não podemos explicar
isso, mas isso é um fato revelado na Bíblia. Desde o tempo de
Sua ressurreição, Cristo nunca deixou os crentes. Aqui e ali Ele
aparecia a eles, mas estava sempre com eles.
Considere, então, o que está incluído em Sua ressurreição:
Ele foi glorificado, tomou-se o Filho primogênito de Deus,
fazendo de todos nós Seus irmãos, e Ele tomou-se o Espírito
que dá vida soprado para dentro de nós para estar conosco para
sempre (Jo 14:16-20).
EXALTADO
Após Sua ressurreição, em Sua ascensão Cristo foi
grandemente exaltado (Ef 1:20, 21). Ele foi feito Senhor e Cristo
(At 2:36), e a Ele foi dado ser Cabeça sobre todas as coisas para
a igreja, a qual é o Seu Corpo (Ef 1:22, 23). O nosso Cabeça,
Cristo, não é somente nossa Cabeça, mas é Cabeça sobre todas
as coisas para nós.
Em Sua ascensão Cristo derramou o Espírito Santo sobre
Seus crentes (At 2:33). Este foi o batismo genuíno do Espírito que
formou o Corpo de Cristo (1Co 12:13). Em Sua ressurreição Ele
soprou o Espírito Santo para dentro de Seus discípulos; então, em
Sua ascensão, Ele derramou Seu Espírito sobre Seus crentes. Isso
quer dizer que, dentro dos discípulos e sobre eles havia somente o
Espírito. Dentro estava o Espírito e fora estava o Espírito. Dentro
estava o Espírito que enche interiormente, para a vida, e fora estava
o Espírito derramado, para a obra ou autoridade. Isso foi cumprido
uma vez por todas e é um fato eterno do qual participamos.
RESUMO
Encarnação é um fato, e crucificação é um fato, incluindo
todas as realizações do Senhor na cruz. Ressurreição
101
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A redenção de Cristo

também é um fato. Em Sua ressurreição, Cristo tornou-se o 3. És grão divino que morreu
Primogênito, fazendo-nos todos Seus irmãos, e Ele também Gerando os muitos grãos,
tornou-se o Espírito que dá vida soprado para dentro de nós. Que Tua vida hoje têm,
Ainda mais, a ascensão é um fato. Em Sua ascensão Cristo E formam um só pão.
foi feito Cabeça sobre todas as coisas, Ele foi feito Senhor e O Teu aumento somos nós,
Cristo, e Ele derramou-se como o Espírito sobre todos nós. O conteúdo és;
Agora estamos Nele. Ele está nos céus, e assim também em Por nós Tu vives, moves e
nós (Ef 2:6). Nós estávamos mortos em delitos e pecados, Manifestado és.
sem Deus e sem esperança, mas agora Ele está dentro de
nós e sobre nós, e nós estamos Nele. Essa é a redenção 4. Por sermos hoje o Corpo Teu,
completa de Cristo. Morada tens assim;
Em nós obténs Teu lar, Senhor,
O LOUVOR AO SENHOR – SUA REDENÇÃO E o descanso enfim.
Hino 54 Oh! que satisfação Te dá
1. Maravilhosa redenção Teu complemento aqui,
Encontro em Ti, Senhor! A desfrutar Teu pleno ser,
O que fizeste Tu por mim No Corpo junto a Ti.
E vasto, superior!
Divino, misterioso é, 5. Ao contemplar os símbolos,
Além do meu falar! E aqui Te recordar,
Maravilhosa redenção, Por Tua plena redenção
Além do meu louvar! Queremos Te louvar.
Por sermos Tua Noiva e lar,
2. Por nós ferido sobre a cruz, Teu Corpo e expressão,
Verteu Teu lado, então, Te damos graças e louvor
O sangue e a água a nos dar Em nossa adoração.
A plena redenção.
A fim de Deus nos receber,
Teu sangue nos lavou,
E para unidade haver,
A vida nos gerou.

102 103
 Capítulo Seis

A SALVAÇÃO COMPLETA DE DEUS

ESBOÇO
I. EVANGELHO DE DEUS
II. A REDENÇÃO JUDICIAL
A. A Confissão de Pecados
B. O Arrependimento
C. Crer
D. O Perdão dos Pecados pelo Precioso Sangue de Cristo
E. A Lavagem do Registro dos Pecados pelo Espírito
Santo
F. Ser Reconciliado com Deus
G. Ser Justificado por Deus
H. Ser Santificado por Deus
III. A SALVAÇÃO ORGÂNICA
A. Consagração
B. Reconciliação
C. Renovação
D. Justificação
E. Santificação
F. Transformação
G. Conformação
H. Glorificação

105
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
A Salvação Completa de Deus
Nesta lição apresentaremos, passo a passo, todos os
aspectos da salvação completa de Deus preparada para Seus
filhos, até alcançarmos seu objetivo final, que é a glorificação.
Para isso, precisamos compreender com clareza o que é o
evangelho de Deus, pois nele se baseia todo o desenvolvimento
de nossa salvação.
Ao falarmos de evangelho, muitos imediatamente pensam
nos quatro primeiros livros do Novo Testamento: Mateus,
Marcos, Lucas e João. Sem dúvida, todos esses livros podem
ser chamados de evangelhos, pois mostram os feitos do Senhor
Jesus na terra enquanto preparava-se para se tornar nosso
Salvador por meio de Sua morte redentora na cruz. Na cruz, Ele
derramou Seu precioso sangue para perdoar-nos e lavar-nos de
nossos pecados, a fím de recebermos Sua vida e tornar-nos filhos
de Deus. No entanto, este é somente o passo inicial de nossa
salvação. O evangelho de Deus não se resume apenas à obra de
Cristo na cruz; sua abrangência é muito maior, estendendo-se
até a meta final de Deus, que é a glorificação de Seus filhos.
Podemos ver isso com mais clareza na carta do apóstolo Paulo
aos romanos. Ele inicia essa carta apresentando-se como servo
de Jesus Cristo separado para o evangelho de Deus (Rm 1: 1).
O Evangelho de Deus
Que é o evangelho? O evangelho não é um amontoado de
belas mensagens e de boas doutrinas sobre Jesus, mas é o próprio
Senhor Jesus Cristo. Paulo apresenta Cristo em dois aspectos, na
introdução dessa carta: como Filho do homem, descendente de
Davi segundo a carne (v. 3), e como Filho de Deus com poder
segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos
(v. 4 ). Portanto, Ele é tanto Filho do homem como também
106
A salvação completa de Deus
Filho de Deus. Alguns poderão dizer que Ele já era Filho de
Deus antes de tornar-se homem. Isso está correto; como o
Filho unigênito de Deus Ele tornou-se um homem para trazer
ao homem o evangelho e a salvação, a fim de que o homem
recebesse a natureza divina e se tornasse filho de Deus. Esse é
o propósito eterno de Deus em Sua eterna economia.
Como Filho do homem, Cristo viveu e experimentou tudo
o que se refere à vida humana. Ele morreu na cruz por nós,
mas não permaneceu na morte; antes, ressuscitou dentre os
mortos e, segundo o Espírito de santidade, foi declarado Filho de
Deus com poder. Em Sua encarnação Cristo trouxe a natureza
divina para dentro da natureza humana, e por Sua morte e
ressurreição Ele introduziu a natureza humana na natureza
divina. Na eternidade passada, antes de encarnar-se, Cristo não
tinha a natureza humana. Mas na ressurreição, Cristo, em Sua
natureza humana, em Sua humanidade, foi declarado Filho de
Deus com poder. Desse modo, Ele pôde regenerar-nos pela Sua
vida divina, gerando, assim, muitos filhos para Deus, dos quais
Ele se tornou o Primogênito (Rm 8:29). Agora, como filhos de
Deus, Sua vida precisa crescer em nós para que um dia possamos
estar completamente mesclados com Cristo, sendo plenamente
amadurecidos em Sua vida, alcançando assim a plena filiação.
A Salvação Completa de Deus
A salvação completa de Deus, portanto, apresenta dois
aspectos: a redenção judicial e a salvação orgânica. O primeiro
aspecto foi inteiramente completado por Cristo como Filho do
homem, e o segundo aspecto foi por Ele cumprido como Filho
de Deus. É importante perceber que a redenção judicial tem
por objetivo a salvação orgânica. O Senhor Jesus se fez Filho do
homem para que nós fôssemos feitos filhos de Deus. A redenção
107
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
judicial não exige de nós nenhum esforço, pois apenas Cristo
poderia cumpri-la por nós; bastou-nos crer para que tudo o que
Ele fez se tornasse nossa realidade e experiência. Pelo exercício
de nossa fé, alcançamos tudo o que Ele fez por nós na cruz.
Infelizmente muitos se satisfazem com a redenção
judicial e não prosseguem, não desenvolvem a salvação,
como recomendado por Paulo aos filipenses (2:12). Como
já mencionamos anteriormente, a redenção judicial visa
introduzir-nos na salvação orgânica. Se não houvesse a redenção
judicial, nenhum homem poderia tornar-se filho de Deus pela
regeneração, pois a condição pecaminosa do homem e inimiga
de Deus não permitiria isso.
Mas graças à redenção judicial, Cristo liberou Sua vida para
que por ela fôssemos regenerados, isto é, nascêssemos de novo.
Agora, além da vida que recebemos de nossos pais, recebemos
outra vida, que é a vida divina. Nós nascemos da água e do
Espírito (Jo 3:5) e fomos feitos filhos de Deus (Jo 1:12). Como
filhos de Deus recém-nascidos, somos ainda bebês espirituais,
porém não podemos permanecer bebês – precisamos crescer
espiritualmente até chegar à completa maturidade. Este processo
de crescimento, entretanto, é de nossa inteira responsabilidade,
depende de nossa disposição e busca.
A REDENÇÃO JUDICIAL
O primeiro aspecto da salvação completa de Deus é a
redenção judicial, que podemos subdividir em oito tópicos ou
oito fatos que ela envolve. Esses pontos podem ser agrupados
em três grupos. Os oito aspectos são: confissão de pecados,
arrependimento e crer, que formam o primeiro grupo; o perdão
de pecados pelo precioso sangue, a lavagem dos pecados pelo
Espírito Santo (Cl 2:13,14) e a reconciliação com Deus formam
108
A salvação completa de Deus
o segundo grupo; e o terceiro e último grupo é formado pela
justificação e pela santificação posicionais. Nos fatos do primeiro
grupo há nossa reação àquilo que o Deus Triúno fez por nós. Se
não houvesse uma reação de nossa parte como teríamos recebido
Cristo? O segundo grupo é totalmente obra do Deus Triúno: o
perdão dos pecados pelo sangue precioso está relacionado com o
Filho, a lavagem do registro dos pecados, ao Espírito Santo, e a
reconciliação está relacionada com o Pai. Vemos aqui, portanto,
o Deus Triúno.
O terceiro grupo, formado pela justificação e santificação
posicionais, é o resultado do primeiro grupo mais o segundo.
Sermos justificados e santificados também não foram feitos
por nós, pois são aspectos objetivos da redenção cumprida por
Cristo, por Ele ter-se tornado nossa justiça e ter-nos colocado
em uma posição santa. Em todos esses pontos, bastou-nos crer
para que tudo se aplicasse a nós.
O PRIMEIRO GRUPO
A Confissão de Pecados
É importante perceber que apesar de o primeiro grupo estar
relacionado à nossa reação ao que Deus fez por nós, quem nos
levou a reagir foi a ação do próprio Deus em nós (cf. Rm 2:4). O
primeiro aspecto da redenção judicial é a confissão de pecados.
Que nos leva a confessar nossos pecados? A luz de Deus que
nos iluminou. Vivíamos em trevas, mas Deus que é luz (1 Jo
1:5) veio até nós para iluminar-nos. Sob Sua luz vimos nossa
condição pecaminosa e, como resultado, confessamos nossos
pecados, ou seja, a nossa condição de pecadores. Em 1 João 1:5
lemos: “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma”. O versículo 9
completa: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
109
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.
Assim, a confissão de nossos pecados é resultado do operar de
Deus que é luz. Mateus 4:16 complementa: “O povo que jazia
em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra
da morte, resplandeceu-lhes a luz”. A nós, que antes vivíamos
em trevas, veio o Senhor Jesus! Ele nasceu por nossa causa, a
fim de trazer Deus como luz para nós. Por meio de Cristo vimos
a luz de Deus!
O Arrependimento
O segundo ponto da redenção judicial é o arrependimento.
Ele está relacionado à parte líder de nossa alma, a mente. Que é
arrependimento? É a mudança e a conversão da mente. Antes
pensávamos nas coisas relacionadas ao pecado e ao mundo,
mas uma vez arrependidos, passamos a pensar nas coisas santas
de Deus. Antes pensávamos apenas nas coisas terrenais, agora
nossa mente passou a pensar nas coisas celestiais, do alto. Isso
é arrependimento.
Enquanto a confissão de pecados tem relação com o corpo
do pecado, o arrependimento está relacionado à alma. O que nos
leva ao arrependimento, isto é, à conversão da mente, é a Palavra
de Deus. Mateus 3:2 registra as palavras ditas primeiramente
por João Batista que pregava: “Arrependei-vos, porque está
próximo o reino dos céus”. Quando o Senhor Jesus começou
a pregar, Ele disse as mesmas palavras de João (Mt 4: 17). O
arrependimento pregado pelo Senhor Jesus estava relacionado
à vinda do reino dos céus, o qual ainda não havia chegado, mas
estava próximo.
Que é o reino dos céus? O reino dos céus é o período do
reino de Deus que abrange a era da igreja e o reino milenar: a
igreja é, hoje, a realidade do reino dos céus e o reino milenar,
110
A salvação completa de Deus
por sua vez, será a manifestação do reino dos céus. Quando,
então, chegaria o reino dos céus, pregado por Cristo? Quando
Jesus foi crucificado e morto, isto é, aproximadamente três anos
e meio depois de suas palavras. Ao ressuscitar, Ele tornou-se o
Espírito que dá vida (1Co 15:45 - BJ), o Espírito da realidade
ou verdade (Jo 14:17), gerando, assim, a igreja, a realidade do
reino dos céus, na qual Ele reina. Ao término da terceira seção
de dois mil anos da história1 , isto é, a era da igreja, entraremos
no reino milenar, que será a manifestação do reino dos céus.
Por que o Senhor pregou o arrependimento, relacionando-o
à vinda do reino dos céus? Porque o arrependimento é
fundamental para que alguém entre no reino dos céus,
é condição básica para nele entrarmos. Se nossa mente
permanecer inclinando-se para a carne, certamente perderemos
a manifestação do reino dos céus no milênio. Por isso, devemos
louvar a Deus, pois hoje qualquer pessoa pode arrepender-
se, convertendo sua mente a Deus. Se nos arrependermos,
espontaneamente pensaremos nas coisas celestiais e não mais
nas que são aqui da terra (Cl 3 : 1).
Vejamos um exemplo que nos mostra a dificuldade de termos
uma mudança de mente. Após a ressurreição do Senhor Jesus
Ele ficou com os discípulos por quarenta dias (At 1:3). Durante
esse tempo, o Senhor lhes falou das coisas acerca do reino de
Deus, incluindo o reino de Israel na terra e o reino dos céus
que estava prestes a chegar. Naqueles dias, porém, os discípulos
ainda não haviam tido uma mudança completa na mente, pois
ainda estavam preocupados apenas com o reino de Israel (v.
6), eles estavam ainda pensando no reino terrenal. Portanto,
ainda necessitavam de um arrependimento mais completo.
Graças à Palavra de Deus que temos recebido, somos levados
ao arrependimento.
111
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Crer
O terceiro ponto da redenção judicial é o crer, que é o
resultado da obra do Espírito. Após confessarmos nossos
pecados e nos arrependermos, o Espírito vem operar em nós
levando-nos a crer. Crer é receber tudo o que Deus é e fez por
nós (Jo 1:12).
Estes três pontos, portanto, formam o primeiro grupo da
redenção judicial.
O SEGUNDO GRUPO
O segundo grupo é formado pelo perdão dos pecados pelo
precioso sangue de Cristo, pela lavagem do registro dos pecados
pelo Espírito Santo e pela reconciliação posicional ou inicial
com Deus.
O Perdão dos Pecados pelo Precioso Sangue de Cristo
O quarto ponto da redenção judicial é o perdão dos pecados,
portanto é relacionado à obra do Filho. Efésios 1: 7 nos diz:
“No qual (no Amado) temos a redenção, pelo seu sangue, a
remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. Pela fé
cremos que o sangue precioso foi derramado por Cristo na cruz
por nossos pecados, pois sem derramamento de sangue não há
remissão de pecados (Hb 9:22).
Em Romanos 5:12 vemos que o pecado veio por meio de um
só homem e com ele a morte. Portanto, como descendentes desse
homem, Adão, todos nós nos tornamos pecadores. Deus é justo e
em Sua justiça não tolera o pecado. Portanto, todos os pecadores
deveriam morrer, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6:23).
Apenas com o derramamento de sangue haveria remissão dos
pecados. Como pecadores nós é que deveríamos derramar
sangue, mas se isso ocorresse seríamos mortos. Deus, porém,
112
A salvação completa de Deus
nos alcançou com Sua graça e amou-nos a tal ponto que enviou
Seu próprio Filho, Jesus, que como Filho do homem, participou
de carne e sangue como um de nós a fim de substituir-nos na
morte. Ao substituir-nos, derramando Seu precioso sangue na
cruz, Cristo demonstrou Seu infinito amor por nós e, ao mesmo
tempo, cumpriu a justa exigência de Deus. Assim, Deus não nos
imputou nossos pecados. Isso é graça. Deus nos deu Seu Filho
gratuitamente por causa dos nossos pecados, pelos quais Ele foi
crucificado e derramou Seu sangue, redimindo-nos deles.
A Lavagem do Registro dos Pecados pelo Espírito Santo
Embora tenhamos sido redimidos de nossos pecados, o
registro deles ainda permaneceria. Para entendermos isso, vamos
usar a ilustração de um delito. Uma pessoa comete um delito
ao adquirir um bem e não pagá-lo. Então o credor o processa
na justiça e o juiz obriga o infrator a pagar a dívida. Como ele
não tem recursos para o pagamento, é preso. Então surge outra
pessoa e paga a dívida por ele. O infrator é libertado da prisão,
pois a dívida foi paga. No entanto, permanece ainda o registro
do delito na justiça e sempre que essa pessoa for investigada
aparecerá como um ex-infrator, isto é, seu nome permanecerá
com uma mancha, o que sempre lhe trará transtornos. Para
livrar-se disso é necessário limpar sua “ficha”, ou seja, apagar
o registro do delito.
O mesmo ocorreu conosco. Por meio de Seu precioso sangue,
Cristo pagou alto preço por nós, e fomos, por isso, perdoados
dos pecados; no entanto ainda permanecia o registro desses
pecados. Isso se constituía uma barreira entre Deus e nós. Mas
o Espírito Santo, ao “lavar-nos”, apagou os registros de nossas
ofensas a Deus (1Co 6:11; Cl 2:13,14). Nossa “ficha” agora está
limpa, graças à obra purificadora do Espírito!
113
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
A Reconciliação com Deus
Uma vez limpos podemos ser reconciliados com Deus.
Como pecadores não podíamos sequer aproximar-nos de Deus.
Aos Seus olhos, éramos maus, criminosos, Seus inimigos, mas
porque o Senhor Jesus pagou a dívida por nós e o Espírito apagou
os registros de nossos pecados, agora podemos aproximar-nos
de Deus com intrepidez. Para Deus hoje somos como alguém
que nunca pecou e, assim, podemos ser reconciliados com
Ele. Se ainda tivéssemos os pecados e seu registro, jamais
poderíamos ser reconciliados com Ele. Colossenses 1:20-22
diz: “Havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre
a terra, quer nos céus. E a vós outros também que outrora
éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras
malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne,
mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos,
inculpáveis e irrepreensíveis”. Vemos aqui nossa verdadeira
reconciliação com Deus.
O TERCEIRO GRUPO
O último grupo é formado pela justificação e pela santificação
posicionais, que são o resultado dos seis pontos anteriores.
Ser Justificado
Foi Cristo quem cumpriu a justificação por nós, tornando-
se nossa justiça. Esse é o aspecto objetivo da justiça de Deus.
Pela fé no que Cristo fez, fomos justificados. Éramos pecadores,
vivíamos na injustiça, mas por meio da obra redentora de Cristo,
na qual derramou Seu sangue por nós, perdoando-nos de nossos
pecados, Ele nos justificou. Não participamos da realização dessa
justiça, pois tão-somente Ele poderia cumpri-la.
114
A salvação completa de Deus
Um quadro bastante claro acerca de Cristo como
nossa justiça pode ser visto na história de Adão e Eva. Por
terem desobedecido a Deus e comido do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, o pecado entrou neles e, a
partir de então, o homem passou a ser pecador. Seus olhos se
abriram e viram sua condição de pecadores. Tentando cobrir
sua nudez, fizeram para si vestes de folhas de figueira como meio
de se auto-justificarem. Muitas vezes agimos da mesma forma,
pensando que podemos justificar-nos diante de Deus. Nossa
tentativa de ter justiça própria, porém, não durará muito, a
exemplo do que ocorreu no Éden: as folhas de figueira, uma vez
murchas e ressecadas, exporiam outra vez a carne do pecado
de ambos. Por isso, quando Deus veio à procura de Adão, ele
se escondeu (Gn 3:8), pois, provavelmente, sua veste de folhas
de figueira já houvesse murchado e sua nudez estivesse exposta.
Nossa justiça própria nada vale.
Por amor a Adão, Deus lhe preparou uma veste feita de peles
de um animal, provavelmente um cordeiro, o qual prefigura
Cristo como nossa justiça. Para cobrir o homem com peles foi
necessário que um animal fosse sacrificado e derramasse sangue.
Esse animal sacrificado prefigura Cristo como o Cordeiro de
Deus, Aquele que derramou Seu sangue, morrendo por nós. O
sangue derramado foi para redimir o homem de seus pecados e
a pele para tornar-se a veste do homem como sua justiça. Em
Sua redenção Cristo tornou-se nossa cobertura, nossa veste,
nossa justiça. Para esse fato tornar-se real para nós bastou-nos
crer e, assim, fomos justificados pela fé.
A carta aos romanos também dá o exemplo de Abraão que
foi justificado por sua fé, não por obras (Rm 4:1-5). Ele obedeceu
ao que Deus lhe havia dito, e creu em Suas palavras, e isso lhe
foi imputado por justiça.
115
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Ser Santificado
Além de termos sido justificados, fomos também santificados.
Em 1Coríntios 6:11 lemos que pelo Espírito fomos lavados,
justificados e santificados. Colossenses 1:22 também nos diz que
fomos reconciliados com Deus a fim de sermos apresentados
santos diante Dele, inculpáveis e irrepreensíveis. Ser santificado
relaciona-se com a mudança de nossa posição. Como resultado
de Cristo tornar-se nossa justiça, nossa posição mudou: saímos
de uma posição comum para uma posição santa.
Isso está claramente descrito em Mateus 23:17. O ouro que
antes era comum, era santificado ao ser trazido para o templo, pois
o templo é santo. O mesmo ocorre com nossos bens. Enquanto
estão em nossas mãos, tudo o que temos é comum, mas se os
ofertarmos a Deus, são santificados. De igual modo, os animais
trazidos ao altar no templo eram santificados pelo templo.
Enquanto no campo, os animais eram comuns, mas uma vez
trazidos ao templo eram santificados. Do mesmo modo, no mundo
éramos pecadores, mas agora, em Cristo nos tornamos santos.
A Primeira Epístola aos Coríntios foi escrita “à igreja de
Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,
chamados para ser santos” (1:2), ou seja, aqueles cristãos, assim
como todos os demais, foram santificados, foram separados para
Deus, quando se uniram a Cristo Jesus.
Conclusão
Todos estes oito pontos que abrangemos formam a redenção
judicial. É importante ressaltar que todos eles são aplicados a nós
de uma só vez mediante a fé. O objetivo da redenção judicial
é levar-nos à regeneração, isto é, a recebermos a vida de Deus.
A regeneração é totalmente relacionada à vida, portanto, algo
da esfera orgânica. Todos os filhos de Deus foram por Ele salvos
116
A salvação completa de Deus
e redimidos judicialmente a fim de serem introduzidos em Sua
vida. No entanto, não nos basta ter Cristo como Salvador; é
necessário tê-Lo como nossa vida através da regeneração, do
novo nascimento, e viver por Sua vida. Assim experimentaremos
a salvação completa de Deus preparada para nós, a qual é o
conteúdo do evangelho de Deus.
A SALVAÇÃO ORGÂNICA
O Propósito da Redenção Judicial
Por que o Filho do homem teve de cumprir toda essa
redenção tão complexa? Tudo isso teve de ser cumprido
visando um propósito sobremodo maravilhoso: regenerar o
homem ao entrar nele como vida, crescer nele e levá-lo à plena
maturidade para que este O expresse e O represente no universo,
estabelecendo assim o reino de Deus na terra. Essa foi a intenção
original de Deus ao criar o homem, como revelado em Gênesis
1 e 2, e é o Seu propósito eterno, Sua economia.
Infelizmente muitos cristãos perderam essa meta ao longo
dos séculos de história da fé cristã, satisfazendo-se apenas com
o fato de terem sido salvos da perdição eterna. O evangelho de
Deus, porém, não é tão limitado. Os passos vistos na redenção
judicial são apenas o início de um processo maravilhoso que
está se desenvolvendo em nós, ao qual chamamos de salvação
orgânica. Ela inclui a consagração, a reconciliação, a justificação,
a santificação, a renovação da mente, a transformação, a
conformação e, por fim, a glorificação. Todos esses passos da
salvação orgânica estão ocorrendo em cada filho de Deus desde
o dia em que foram salvos e redimidos. Em alguns essa salvação
está ocorrendo mais rapidamente, e em outros mais lentamente,
dependendo da busca e disposição de cada um.
117
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Podemos subdividir os oito passos da salvação orgânica
em quatro grupos de dois: Consagração e reconciliação;
justificação e santificação; renovação e transformação; e
conformação e glorificação.
O Ponto de Partida: A Regeneração
Para que todos estes passos ocorram é indispensável o
primeiro deles, a regeneração. Que é regeneração? Encontramos
a resposta no Evangelho de João, um livro que ressalta a
experiência com a vida divina. Regeneração é nascer de novo, é
ter um novo nascimento. Se não nascemos de novo, não temos
relação direta com Deus. Em João 3, Jesus falou a Nicodemos
que se alguém não nascesse de novo não poderia ver o reino de
Deus nem entrar nele (vs. 3, 5). Quem era Nicodemos? Era um
homem de elevada educação, mestre entre os judeus, uma pessoa
de idade avançada, portanto, cheia de experiência humana. Era
também um dos principais dos judeus e, por isso, sabia como
lidar com diferentes situações. Era também um fariseu, ou
seja, conhecedor da religião. Mas infelizmente ele não estava
compreendendo o que o Senhor lhe queria dizer: “Importa-vos
nascer de novo” (v. 7). Ele não entendeu, antes, perguntou:
“Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (v. 4). Então,
Jesus outra vez lhe disse que se alguém não nascesse da água e
do Espírito não poderia entrar no reino de Deus (v. 5).
No entanto, isso que Jesus falava a Nicodemos ainda não
podia ocorrer naquele momento, pois Cristo ainda não havia
cumprido Sua morte e ressurreição. Três anos e meio mais tarde,
ao final de Seu ministério, Jesus, por fim, morreu e ressuscitou.
Na cruz, Ele morreu para cumprir a redenção judicial por nós
e além de morrer, Ele ressuscitou, pois Sua morte visava a
118
A salvação completa de Deus
ressurreição. A ressurreição comprova a aceitação por parte de
Deus da redenção cumprida por Cristo a favor do homem.
Em sua humanidade, a qual o fazia identificar-se como Filho
do homem, Cristo foi, em ressurreição, declarado Filho de Deus
com poder. Ele já não era o Filho Unigênito de Deus, mas o
Primogênito entre muitos irmãos, pois pela ressurreição trouxe
a vida divina para muitos, fazendo-os filhos de Deus.
João 19:34 nos revela que após Jesus morrer, um soldado
lhe abriu o lado com uma lança, e dali saiu sangue e água.
O derramamento do sangue foi para a nossa redenção, e o
derramamento da água representa a liberação de Sua vida
divina. Essa vida divina, eterna, a vida de Deus, foi dispensada a
nós, que fomos alcançados pela redenção judicial. Isto refere-se
ao nascer da água mencionado por Jesus a Nicodemos em João
3 – a água aqui é a que saiu do lado do Senhor Jesus na cruz, a
qual representa a Sua vida divina como nossa nova essência.
Na regeneração nascemos não apenas da água, mas também
do Espírito. Ao ressuscitar, Cristo se tornou o Espírito que dá
vida (1Co 15:45 - BJ; 2 Co 3:17), o Espírito da realidade (Jo
14:17), que nos regenerou. Na noite do dia da ressurreição,
Cristo soprou-se sobre os discípulos como o Espírito (Jo
20:22). Quando cremos e, pela primeira vez, invocamos o
nome do Senhor Jesus, o Espírito entrou em nosso espírito e
mesclou-se a ele, regenerando-o. Por isso, nosso espírito foi
regenerado, nascendo do Espírito de Deus (Jo 3:6) e, desse
modo, tornamo-nos filhos de Deus. Antes havíamos nascido
apenas de nossos pais, nascidos da vontade do homem; éramos
apenas filhos de homens. Mas ao crermos, fomos feitos filhos
de Deus! Em nosso novo nascimento não nascemos do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
nascemos de Deus! Além de nossa vida humana recebemos
119
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
outra vida, a vida divina, a vida eterna, a vida incorruptível,
que é o próprio Deus.
A maioria dos cristãos tem dado atenção apenas à redenção
judicial, e poucos sabem que ela é somente a porta de entrada
para recebermos a vida divina. Uma vez que tenhamos recebido
a vida eterna, ela precisa crescer em nós, amadurecer até que
sejamos semelhantes a Cristo (1Jo 3:2). Este é o propósito
eterno de Deus: fazer-nos homens cuja natureza humana
esteja totalmente saturada da natureza divina e com ela
mesclada, conformados totalmente à imagem de Cristo, à
estatura da plenitude de Cristo. Para que isso pudesse ocorrer,
primeiramente experimentamos a regeneração.
O Primeiro Passo: A Consagração
O primeiro passo da experiência da salvação orgânica é a
consagração. Podemos dizer que ela é a base para todo o processo
de transformação em vida que Deus preparou.
Em Romanos 12:1 temos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.
Esta é a reação diante da visão da salvação completa que
Deus preparou ao homem, tendo sido apresentada desde a
condenação do homem até que ele seja conformado à imagem
do primogênito filho de Deus e glorificado (Rm 8:29-30),
conforme a revelação apresentada pelo Apóstolo Paulo em sua
carta aos romanos.
Sem a nossa consagração seria como não dar para Deus uma
base para trabalhar a Sua vida em nós. Esta salvação orgânica
depende de nossa cooperação, assim devemos ser racionais ou
razoáveis, apresentando-nos à Deus como um sacrifício vivo, pois
é o melhor que podemos fazer para desenvolvermos a salvação
120
A salvação completa de Deus
de Deus: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes,
não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha
ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
porque é Deus quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2:12-13)
A consagração também pode ser vista no quadro da base para
a edificação que nos é apresentado no 2o livro das Crônicas 3:1:
“Começou Salomão a edificar a casa do Senhor (que representa
a igreja) em Jerusalém (que representa a base da edificação), no
Monte Moriá, onde o Senhor aparecera a Davi, seu pai, lugar
que Davi tinha designado na eira de Ornã, o Jebuseu”. De acordo
com esta figura a base exata da edificação do templo (que indica
a igreja) é na eira de Ornã, que fica sobre o Monte Moriá, em
Jerusalém. O Monte Moriá foi o lugar onde Abraão ofereceu seu
filho Isaque como sacrifício ao Senhor (Gn 22:1-2), enquanto a
eira de Ornã (Araúna) também foi um lugar de sacrifício, como
prova do arrependimento de Davi diante do seu pecado de ter
se orgulhado e determinado fazer um censo em Israel (2Sm
24:1, 10, 17, 18, 24-25). Ambas as experiências denotam uma
reação diante do que Deus fez por eles, onde eles reconhecem
ser pecadores e oferecem algo para Deus como sacrifício. Na
verdade o que vemos é a consagração de Abraão e de Davi para
que Deus faça o que lhe aprouver, ou seja para atender a boa,
perfeita e agradável vontade de Deus. Aleluia pela consagração,
é uma base para a obra de Deus em nós.
O Segundo Passo: A Reconciliação
Para sermos reconciliados com Deus de maneira orgânica,
ou seja, para experimentarmos a contínua reconciliação com
Deus, é necessário, primeiramente, termos Sua vida. Romanos
5:9-11 nos mostra que fomos justificados pelo sangue de Cristo
121
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
e, por ele, fomos salvos da ira de Deus, pois éramos pecadores,
inimigos de Deus. Estávamos nessa condição quando recebemos
a primeira reconciliação com Deus.
Romanos 2:5 diz que por causa da dureza de coração, muitos
ainda não se arrependeram, acumulando para si mesmos a ira
de Deus. Mas por amá-los, Deus é longânimo e paciente, e
aguarda uma reação de arrependimento da parte deles. Caso
isso não ocorra, Sua ira acumular-se-á até manifestar-se sobre
os duros de coração, à época da grande tribulação e da segunda
vinda de Cristo. Mas nós que já nos arrependemos fomos
reconciliados com Deus por meio de Cristo, nossa propiciação,
e pela reconciliação contínua seremos salvos pela Sua vida
(Rm 5:10); por isso podemos agora nos alegrar e nos gloriar
em Deus (v. 11).
A primeira reconciliação, realizada por Cristo na cruz,
quando éramos inimigos de Deus, nós a recebemos integralmente
quando Nele cremos. Por ela podemos entrar o primeiro véu
e servir a Deus no Santo lugar (2 Co 5:18). No entanto, a
reconciliação orgânica, que nos faz ser salvos de nossa vida
da alma por Sua vida (5: 10), é gradativa. Essa reconciliação
com Deus deve ocorrer até mesmo a cada instante. Devemos
procurar manter-nos sempre reconciliados com Deus, vivendo
de modo agradável a Ele. Essa segunda reconciliação pode ser
comparada a penetrar no segundo véu e entrar no Santo dos
Santos para ter comunhão com Deus face a face (2 Co 5:20).
Justificação
Enquanto na redenção judicial foi Cristo quem nos
justificou tornando-se Ele mesmo nossa justiça, na salvação
orgânica a justificação, que podemos chamar de subjetiva, é
resultado de recebermos mais da vida justa de Cristo, que se
122
A salvação completa de Deus
manifestará por meio de praticarmos atos de justiça. Justiça
se contrapõe a pecado. Ter uma conduta injusta é ter uma
conduta em pecado. Efésios 1: 13 diz: “Tendo nele também
crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa”. Isso
ocorreu no momento de nossa regeneração e estabelece um
princípio espiritual: quando agimos no espírito, nossas ações
estão de acordo com a justiça de Deus e somos, por isso, selados
pelo Espírito, isto é, recebemos Sua aprovação. Se vivermos e
agirmos pela carne, poderá o Espírito nos selar e aprovar? De
modo nenhum. Se agirmos na esfera natural da alma, poderá o
Espírito aprovar nossa atitude? Certamente não. Mas quando
fizermos algo no espírito, o Espírito confirmará, aprovará e
selará nossa ação. Portanto, devemos manter- nos sempre
no espírito, o que, espontaneamente, resultará em sermos
aprovados pelo Espírito.
A justificação também pode ser representada por nossas
vestes. De acordo com o Salmos 45:13-14, a filha do rei possui
2 vestes, uma recamada de ouro e a outra é bordada. O ouro
indica a natureza divina. Ela refere-se a nossa regeneração
que nos traz Cristo como nossa justiça eterna, e aplica-se ao
nosso espírito por ocasião da regeneração. As vestes bordadas
indicam Cristo como nossa justiça sendo aplicados em nossa
alma, para prepará-la para a volta do Senhor, que serão as bodas
do Cordeiro (Mt 22:11-14; Ap 19:7-8). As segundas vestes
correspondem a este processo de justificação subjetiva, que
baseia-se em nossa experiência diária.
Santificação
Santificação é o próximo item da salvação orgânica e está
intimamente relacionada à justificação. Pela redenção de Cristo
fomos santificados ao sermos trazidos do mundo a uma posição
123
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
santa diante Dele. Agora precisamos do processo da santificação,
que é o acréscimo do elemento santo de Deus a nós.
Vejamos um exemplo: Uma xícara de água fervida recebe
um saquinho de chá. Que vai ocorrer? As folhas do chá vão
liberar sua essência que, pouco a pouco, se infundirá na água
quente até que esta fique totalmente saturada dela. Assim
também é o processo de santificação. A cada dia estamos
recebendo mais dos elementos santos de Cristo até sermos
santos como Ele é (1Pe 1: 15, 16; 2Pe 1:4), em vida e natureza,
mas sem a Sua Deidade.
Renovação
O terceiro grupo é formado pela renovação da mente e a
transformação. Romanos 12:2 diz: “Não vos conformeis com
este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus”. Esse versículo está relacionado à
nossa alma, que é formada de mente, vontade e emoção. Nossa
mente caída se apraz em pensar nas coisas deste mundo o qual
nos seduz com suas atrações. Mas Paulo foi imperativo: não
podemos conformar-nos com este mundo, mas nossa alma tem
de ser transformada.
A transformação se efetua pela renovação da mente, a parte
líder da alma. A mente influencia a emoção que, por sua vez,
influencia a vontade. Romanos 12 é um capítulo que também
fala do serviço a Deus. Como deve ser o serviço a Deus que O
agrade? Somente com a mente posta no espírito. Se a mente for
posta na carne, o resultado será morte. Nossa carne tem um só
destino: ser queimada e transformada em cinzas. Não podemos
servir a Deus na carne nem em nossa alma envelhecida. Ela
precisa ser renovada para ser útil a Deus.
124
A salvação completa de Deus
O versículo 11 nos mostra onde devemos servir a Deus: “No
zelo não sejais remissos: sede fervorosos de espírito, servindo
ao Senhor”. Isso significa que devemos ser diligentes e não
preguiçosos. Alguns pensam que esse versículo significa que
devemos fazer mais e melhores coisas para Deus, pois não parece
haver relação entre a primeira e a segunda parte do versículo. No
entanto, sob a revelação da luz de Deus podemos afirmar que a
diligência está em fazer do nosso espírito um espírito fervoroso.
Não podemos ser preguiçosos em exercitar nosso espírito, pois
servir ao Senhor requer um espírito fervoroso.
Qual é nossa atitude com relação à vinda do Senhor? Muitos
aguardam Sua vinda passivamente e nada fazem para apressá-la.
Pedro disse para aguardarmos a vinda de Cristo, apressando-a.
Portanto, todos devemos dispor-nos a isso, exercitando o espírito
a todo tempo e fazendo-o fervoroso. Deixemos a mornidão e a
preguiça e sejamos diligentes e fervorosos de espírito!
Nossa mente precisa ser renovada pelo Espírito. Todo tipo
de prática, tradição e conceitos religiosos, que tem impedido
nosso avanço espiritual, deve ser derrubado. Muitos se apegam
somente às revelações bíblicas de outrora e não aceitam a nova
luz e revelação que o Espírito tem dado nos últimos dias. Isso
faz com que sua mente envelheça, tornando-se para eles uma
barreira que os impede de avançar. Não apenas na mente, mas
também em nossa emoção e vontade podemos ter barreiras. Por
exemplo, ao cantarmos certos hinos podemos ficar profundamente
comovidos, pois a melodia sensibiliza nossa emoção. Essa comoção
muitas vezes é confundida com desfrute espiritual. Por isso, nossa
emoção também precisa ser renovada, isto é, ser controlada pelo
Espírito. Costumeiramente dizemos que amamos o Senhor, mas
amá-Lo de fato requer pagarmos o preço de negar a nós mesmos e
permitir que Ele trabalhe em nós. Ficar aguardando passivamente
125
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Sua vinda não é uma atitude de quem O ama. Por outro lado,
quem procura manter um espírito diligente e fervoroso está
demonstrando amor pelo Senhor. Não há mais tempo a perder,
pois o Senhor deseja voltar rapidamente.
Em todas as áreas do serviço a Deus precisamos de uma mente
renovada, e isso também diz respeito aos nossos bens materiais.
Não devemos conformar-nos a este mundo. Sigamos o exemplo de
Abraão, Isaque e Jacó que viviam em tendas mesmo já estando em
terra prometida, a terra de Canaã, pois não consideravam aquela
terra como sua pátria. Eles aguardavam por uma pátria eterna
e permanente, que é a igreja, a Nova Jerusalém. Portanto, não
podemos aplicar nosso coração a esta terra. Tudo aqui é passageiro
e temporário, incluindo a vida humana.
Ao consagrarmo-nos a Deus também estamos consagrando
tudo o que temos. Nossas riquezas provêm de Deus, portanto,
ofertar a Ele é um privilégio, um direito que temos. Muitas
necessidades surgem na igreja e na obra do Senhor, mas muitas
vezes não temos recursos para ofertar. Exercitemos a nossa fé e
peçamos ao Senhor. Ele certamente atenderá a nossa oração.
Se somos por Ele, Ele certamente será por nós. Que somos a
não ser ínfimos grãos de areia? Mas se formos colocados juntos
formaremos uma grande montanha! Portanto, ao usarmos
nossos recursos financeiros, coloquemos em primeiro lugar
as necessidades do Senhor. Não nos conformemos com este
mundo, que está indo para a falência completa, antes disto
vamos despojá-lo para investir no que realmente irá prosperar,
que é reino de Deus.
Transformação
A mente renovada gera transformação. Como ocorre o
processo da transformação? Em 2 Coríntios 3:18 lemos que
126
A salvação completa de Deus
ao contemplarmos o Senhor estaremos sendo transformados
de glória em glória na Sua própria imagem. Isso significa que
deixamos de ser uma pessoa natural, que vive de acordo com
a vida da alma, e passamos a ser uma pessoa espiritual. Para
sermos espirituais precisamos negar a vida da alma, e é nesse
momento que ocorre a transformação. Mas isso não acontece
de um momento para o outro.
Um bom exemplo é o da metamorfose, pela qual uma feia
lagarta transforma-se em uma linda borboleta. Após o período
em que a lagarta apenas se alimenta, chega o momento de
encerrar-se num casulo que ela mesma tece. Ela se limita àquele
casulo por algum tempo, e depois ele se rompe, surgindo uma
borboleta. Esse processo não é imediato, mas é um lento processo
de transformação. A lagarta em seu estado inicial não possui um
belo aspecto. Todos nós, os filhos de Deus, somos inicialmente
como “lagartas”: feios, ainda trazendo as características do velho
homem. Mas, pouco a pouco, o Senhor nos dá mais de Sua
vida e nos põe num casulo, que é a vida da igreja, o Seu Corpo,
fazendo-nos prisioneiros de Cristo. Aquela liberdade inicial de
andar por onde queríamos e fazer o que bem entendíamos é
limitada ao sermos postos no casulo. Dentro do casulo ocorre a
transformação. O período para que a transformação se complete
variará de pessoa a pessoa, dependendo da disposição pessoal e
da busca ao Senhor. Mas, sem dúvida, depois de algum tempo
estaremos plenamente transformados à imagem de Cristo. Esse
é o resultado do operar do Espírito em nós.
Conformação
O quarto grupo é formado pela conformação e glorificação
(Rm 8:29,30). Como somos conformados à imagem do Filho de
Deus? Há um conceito sobre isso, correto, porém incompleto.
127
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Cristo é a fôrma e nós somos a massa colocada na fôrma que,
sob pressão, toma sua forma. Quanto mais formos pressionados,
mais conformados seremos à fôrma. A pressão representa
o sofrimento. Assim, precisamos sofrer em nossa alma até
tomarmos a forma completa da fôrma.
Esse conceito, no entanto, carrega uma forte conotação
de ser a conformação algo apenas exterior. De fato,
conformação significa ser amoldado a, adquirir a forma de;
mas, espiritualmente falando, adquirir a forma de Cristo é algo
interior, que ocorre no espírito, quando estamos em comunhão
face a face com Deus.
No livro de Cântico dos Cânticos é citada a “recâmara
daquela que me concebeu” (3:4), referindo-se ao espírito. Nesse
versículo encontramos uma menção à concepção, à gestação.
Uma gestação completa dura duzentos e oitenta dias ou quarenta
semanas. Na Bíblia, o número quarenta denota, primeiramente,
provação e sofrimento. Esse é o aspecto negativo. No entanto,
esse número tem também um aspecto bastante positivo, pois
representa um período de comunhão íntima face a face com
Deus. Quando Moisés permaneceu quarenta dias diante de
Deus no monte Sinai certamente ele não estava sendo provado
nem sofrendo; antes, estava em doce e íntima comunhão com
Deus. No Novo Testamento temos outro exemplo desse aspecto
positivo: após Sua ressurreição, o Senhor Jesus esteve por
quarenta dias com Seus discípulos, falando acerca do reino de
Deus. Foram esses dias de provação? Certamente, não, mas de
doce comunhão com Ele.
Uma semana é formada por sete dias, e, na Bíblia, o número
sete é representativo da economia de Deus. Vemos isso no relato
de Gênesis 1: os sete dias da criação correspondem aos sete mil
anos da história da humanidade, formados por seis mil anos,
128
A salvação completa de Deus
de Adão até a segunda vinda de Cristo, e os mil anos do reino,
ao final do que a economia eterna de Deus terá sido cumprida.
Portanto, permanecendo em doce comunhão face a face com
Deus por “quarenta semanas” a economia de Deus, representada
pelo número sete, se cumpre.
Após as quarenta semanas a criança em gestação está
totalmente formada, está pronta para nascer. Em Gálatas 4:19,
o apóstolo Paulo se compara a quem está sofrendo dores de
parto pelos gálatas até que Cristo fosse formado neles. Quão
crescido é Cristo dentro de nós? Será apenas um bebê frágil ou
já é homem crescido?
Tudo isso indica claramente que ser conformado não é
algo apenas exterior, mas muito mais interior. Precisamos das
quarenta semanas para que sejamos totalmente conformados a
Cristo, para ser como Ele é.
Glorificação
A consumação de todo processo da salvação orgânica é a
glorificação. Ser glorificado é tornar-se igual a Deus (1Jo 3:2).
Este é o aspecto final da salvação completa de Deus. Deus
tornou-se carne, assumindo e vivendo a natureza humana, a
fim de levá-la para dentro da natureza divina. Este é o objetivo
final dos oito aspectos da redenção judicial e dos oito aspectos
da salvação orgânica: a glorificação dos filhos de Deus. Esta
é a salvação completa de Deus para nós. Nessa última etapa
nada poderá separar-nos de Deus, pois estaremos totalmente
mesclados com Ele. Os últimos versículos de Romanos 8 nos
mostram que nada, seja da esfera física ou espiritual, poderá
separar-nos do amor de Deus e de Cristo! Essa é a salvação
completa, o evangelho de Deus para nós: fazer-nos iguais a Ele
pela Sua vida que em nós está.
129
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A salvação completa de Deus

CONCLUSÃO Com o Seu sangue já me comprou;

Para que isso se torne real para nós, precisamos praticar, Tirou meus pecados –
precisamos exercitar-nos na experiência com a vida divina. Não mais condenado,
Somente assim fazendo, essas palavras nos servirão de alento e Em Suas Mãos bem seguro estou.
encorajamento, a fim de preparar-nos para a segunda vinda de
Cristo. Nosso anelo e busca deve ser que sejamos vencedores, 3. Que salvação, pois, concedeu-me o Senhor!
sejamos arrebatados vivos à Sua presença, a fim de entrar Jamais vou perdê-la,
triunfantemente na era vindoura, como co-reis com Cristo, para Mas desenvolvê-la
reinarmos com Ele por mil anos. Por fim, desfrutaremos com Em santidade e em temor;
todos os santos da Nova Jerusalém pela eternidade. E Cristo, em vitória,
Conduz-me à glória,
CÂNTICOS – QUE SALVAÇÃO Com os cativos do Seu amor.

Hino C8
1. Que alegria! Deus em Cristo me salvou!
Mudou-me a sorte:
Livrou-me da morte.
E Sua vida me dispensou;
Fui predestinado,
Eleito e chamado,
Com o Seu Filho herdeiro sou.

Eis que Deus é minha salvação,

O meu canto e vigor!
Tirarei com alegria
Águas vivas todo dia,
Invocando-Te, Senhor!

2. Que segurança! O Senhor me resgatou!

Cordeiro amado,
Por mim imolado,

130 131
 Capítulo Sete

A SALVAÇÃO ETERNA E O BATISMO

ESBOÇO
I. RECEBENDO A SALVAÇÃO NO MOMENTO DE
CRER
A. Sendo Redimido
B. Sendo Regenerado
C. Passando da Morte para a Vida
II. A CERTEZA DA SALVAÇÃO
A. Pela Palavra de Deus
B. Pelo Espírito Testificando com o nosso espírito
C. Por Amarmos os Irmãos
III. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
A. Pelo Deus Invariável
B. Pela Vontade Imutável de Deus
C. Pelo Amor Inseparável de Deus
D. Pelo Chamamento Irrevogável de Deus
E. Pela Justificação Indesafiável de Deus
F. Pela Mão Todo-Poderosa de Deus
G. Pela Vida Eterna de Deus
H. Pela Nova Aliança de Deus
I. Pela Redenção Perfeita, Completa e Eterna de
Cristo

133
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
J. Pela Salvação Eterna de Cristo
K. Pela Mão Todo-Poderosa de Cristo
L. Pela Promessa Infalível de Cristo
IV. A MANEIRA DE SER SALVO
A. Crendo
B. Invocando
C. Confessando
D. Sendo Batizado
V. O RESULTADO DA SALVAÇÃO
VI. A IMPORTÂNCIA DO BATISMO
A. Sendo o Início da Dispensação do Novo Testamento
B. Sendo o Cumprimento da Justiça diante de Deus
C. Recusar-se a Ser Batizado Sendo a Anulação do
Conselho de Deus
D. Sendo a Ordem do Senhor antes da Sua Ascensão
E. Sendo o Ensinamento dos Apóstolos
F. Sendo um Passo para a Entrada no Reino de Deus
VII. O SIGNIFICADO DA PALAVRA “BATISMO”
VIII. O SIGNIFICADO DO BATISMO
A. Um Grande Evangelho: Estou Morto
A Salvação Eterna e o Batismo
Nesta lição veremos a certeza e a segurança da salvação.
Entre os cristãos de hoje, há muitos pontos de vista diferentes
com respeito à salvação. Alguns consideram impossível saber hoje
se somos salvos, enquanto outros pensam que, depois de sermos
salvos, ainda podemos perecer. A Bíblia nos mostra, todavia, que
a nossa salvação não é uma questão de especulação, nem deixa
qualquer margem para incertezas, pelo contrário, é algo que pode
ser confirmado e que podemos afirmar com toda confiança. A
nossa salvação é segura. Uma vez que a temos, ela tem eficácia
134
A salvação eterna e o batismo
eterna, ou seja, ela jamais pode ser abalada ou mudada. Podemos
ficar certos e seguros, a salvação de Deus é eterna!
I. RECEBENDO A SALVAÇÃO
NO MOMENTO DE CRER
Muitas pessoas consideram que crer é uma questão atual
e que receber a salvação é uma questão futura, isto é, que um
homem crê hoje e será salvo no futuro. Entretanto, a Bíblia nos
diz clara e definitivamente que no momento em que um homem
crê, ele está salvo.
Vejamos João 3:14-16, 36; 6:47 e Romanos 1:16:
“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que
todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou
ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
(João 3:14-16)
“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que,
todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas
sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3:36)
“Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem
a vida eterna.” (João 6:47)
“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego;” (Romanos 1:16)
Não é que ele será salvo no futuro, mas que ele já está salvo
hoje. Ele é salvo no exato momento em que crê. A salvação
segue imediatamente o crer, pois não há nenhum espaço de
tempo entre os dois.
Agora veremos como temos de crer. Na Bíblia, a fé tem
suas próprias leis. Em todo o Novo Testamento, há somente
135
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
uma referência que define o que é a fé: “Ora, a fé é a certeza
de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não
vêem.” (Hebreus 11:1). Ao mesmo tempo também podemos
encontrar algo que noz diz como se deve crer, tal como em
Marcos 11:24: “por isso vos digo que tudo quanto em oração
pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.” Assim
podemos compreender melhor o que seja crer. O que é fé?
Fé é crer na palavra de Deus: “crede que recebestes”. Crer é
receber. Temos de prestar atenção à palavra recebestes. Ela
está no passado. Se hoje você encontrar um homem que diz
que receberá, imediatamente saberá que não tem fé. Se você
perguntar a alguém se já creu no Senhor Jesus e foi salva, e
ela disser-lhe que ainda espera ser salva, então certamente ela
não foi salva. Todos os que dizem que querem receber ou que
esperam receber ainda não têm a fé genuína. Marcos 11:24 nos
mostra claramente que fé é crer que já recebemos. Fé não é crer
que iremos receber. Não é crer que receberemos, que estamos
para receber ou que podemos receber. Todos esses “futuros”,
“pode ser” e “amanhãs” não são fé. Somente a fé que crê que
recebeu é a fé sobre a qual a Bíblia fala.
Muitas vezes quando pregamos o evangelho a alguém, ela
ouve sobre a obra de Deus e deveria perceber que tudo já foi feito.
Mostramos a sua corrupção, fraqueza, pecados e degradação.
Como resultado, ela deveria confessar seus pecados e voltar-se
para ver a obra do Senhor Jesus. Depois disso, nós o ajudaríamos
a orar. Primeiro, podemos orar por ela e com ela, então ela
deveria orar por si própria, confessando que é pecadora e que
cometeu muitos pecados. Ela deveria pedir perdão ao Senhor
e pedir-lhe que lhe desse vida. Se orar desse modo, podemos
perguntar-lhe: “e agora teus pecados estão perdoados?”. Se ela
disser: creio que “Deus perdoará os meus pecados”, poderíamos
136
A salvação eterna e o batismo
pensar: “Esqueça. Esse é um caso perdido”. Se ela disser: “creio
plenamente que Deus perdoará meus pecados”, imediatamente
saberemos que ela ainda não teve fé.
Quando um pregador deve regozijar-se a favor de um
ouvinte? É Quando uma pessoa ora e diz, talvez em lágrimas,
que agora ela tem clareza sobre tudo. Você sabe que ela cruzou
a porta e tem vida eterna. Ela pode dizer: “graças ao Senhor! O
problema dos meus pecados foi resolvido” Ou pode dizer: “dou
graças ao Senhor porque ele me aceitou” ou “graças ao Senhor
que perdoou todos os meus pecados por causa do Seu Filho”.
Quando ouvir isso, você saberá que tal pessoa creu e foi salva.
Há somente um tipo de fé na Bíblia: a fé que crê que já recebeu.
Todo o que diz que quer receber, que pode receber, que receberá
e que deve receber, ainda não recebeu.
Meu amigo, essa é a maneira de crer em todos os fatos na
Bíblia. Depois de orar com algumas pessoas, você sabe que elas
passaram da morte para a vida e foram salvas. Muitos esperam
ser salvos. Essa não é a fé verdadeira. Certa vez um homem
disse que cria plenamente que seria salvo. Na comunhão foi
dito a ele: “é melhor você mudar um pouco suas palavras.
Você deveria dizer: ‘eu espero totalmente’ em vez de ‘eu creio
totalmente’. Se você realmente crer, então você já o recebeu.”
Assim, alguém que não colocou a palavra “tenho” ou “já”
naquilo que Deus diz, ainda não creu. Se você diz que seus
pecados foram perdoados isso mostra que você creu. Se você
diz que venceu seus pecados, isso também mostra que você
creu. Ou se diz que recebeu, isso também mostra que você
creu. Sempre que puder dizer que recebeu, nesta hora você
realmente recebeu. Meu amigo a questão hoje é muito simples.
Não podemos rebaixar o padrão da Bíblia. Todos os feitos de
Deus já foram cumpridos. A Palavra de Deus foi pregada a
137
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
nós. O filho de Deus morreu. O Senhor Jesus ressuscitou. Que
deveríamos dizer agora? Deveríamos dizer: “graças ao Senhor,
eu recebi”. Isso é suficientemente bom.
A. Sendo Redimido
Quando uma pessoa crê, ela é salva. A Bíblia claramente
revela que quando uma pessoa crê, ela é:
Perdoada de seus pecados (Atos 10:43: “Dele todos os
profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo
aquele que nele crê recebe remissão de pecados.” – 1 João
2:12: “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são
perdoados, por causa do seu nome.”);
Libertada da condenação ou da maldição da lei (Jo 3:18:
“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” – Gl
3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado em madeiro).”);
Os registros dos pecados são lavados ou seja, a pessoa é
purificada (1 Co 6:11: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos
lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o
nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” –
At 15:9: E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles,
purificando-lhes pela fé o coração.” – Cl 2:14: “tendo cancelado
o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de
ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente,
encravando-o na cruz;”);
Santificada (1 Co 6:11: “Tais fostes alguns de vós; mas vós
vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em
o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” –
At 26:18: “para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas
138
A salvação eterna e o batismo
para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que
recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim.”);
Justificada (Rm 5:1: “Justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
– 3:28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei.” – Gl 3:8: “Ora, tendo
a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios,
preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados
todos os povos.” – 24: “De maneira que a lei nos serviu de aio
para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por
fé.” – At 13:39: “e, por meio dele, todo o que crê é justificado de
todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei
de Moisés.”); e Reconciliada com Deus (Rm 5:10: “Porque, se
nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante
a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida;”).
Portanto, quando cremos, somos redimidos e salvos.
B. Sendo Regenerado
Quando uma pessoa crê, ela não somente é redimida como
também regenerada. João 1:12-13 (“Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a
saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus”) claramente enfatiza que todo aquele que crê no
Senhor é nascido de Deus e se torna um filho de Deus. Assim,
desde que um homem creia no Senhor Jesus, ele é regenerado,
tem a vida eterna de Deus e não perecerá para sempre (João
3:15-16: “para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
139
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.”); quer dizer, ele está salvo.
C. Passando da Morte para a Vida
Quando uma pessoa crê, ela passa da morte para a vida. João
3:16 (“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”) e 5:24 (“Em verdade, em verdade vos
digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou
tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para
a vida.”) nos dizem que aquele que crê tem a vida eterna, não
será julgado nem perecerá; passou da morte para a vida. Assim,
desde que creiamos, temos a vida eterna e já não somos mais
condenados ou julgados, passamos da morte para a vida.
Os três pontos acima claramente provam que somente
precisamos crer para sermos imediatamente salvos eternamente.
II. A CERTEZA DA SALVAÇÃO
A. Pela Palavra de Deus
Primeiro, a certeza da nossa salvação está baseada na
Palavra de Deus (1 Jo 5:13: “Estas coisas vos escrevi, a fim
de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes
em o nome do Filho de Deus.”). Por meio da Bíblia, Deus nos
diz e testifica a respeito da redenção que Ele realizou por nós
mediante Seu Filho; por meio da Bíblia Ele também nos revela
e dá testemunho a respeito da salvação que foi operada em nós
mediante o Espírito em Seu Filho. Portanto, pela Palavra de
Deus nas Escrituras sabemos que somos salvos. Os versículos da
Escritura citados na seção anterior sobre recebermos a salvação
no momento em que cremos, não são só a revelação e a promessa
140
A salvação eterna e o batismo
de Deus para nós, mas também a Sua aliança e evidência escrita
a nós. Por Sua palavra confirmada na aliança e pela evidência
escrita, podemos saber com confiança e certeza que, uma vez
que cremos no Senhor, somos perdoados de nossos pecados,
libertados, lavados, santificados, justificados e reconciliados
com Deus, temos a vida eterna e não pereceremos, passamos
da morte para a vida e estamos salvos.
O homem adquire uma herança por meio de um
testamento. As palavras escritas da aliança na Bíblia foram-
nos deixadas pelo Senhor como um testamento (Hb 9:15-16:
“Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de
que, intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna
herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há
testamento, {testamento; ou aliança} é necessário que
intervenha a morte do testador;”), pelo qual podemos herdar
as bênçãos da Sua salvação. Quando uma pessoa tenciona
legar suas propriedades, ela as relaciona num testamento e
as outorga ao herdeiro. Do mesmo modo, o Senhor nos deu
Sua salvação, incluindo-a em Seu testamento – a Bíblia.
Um homem recebe uma herança de acordo com as claras
estipulações expressas no testamento, não segundo sua própria
ponderação ou imaginação. Igualmente, herdamos a salvação
do Senhor conforme as claras afirmações contidas na Bíblia,
o Seu testamento, não segundo a nossa própria imaginação
ou sentimentos. Assim, visto que temos a Bíblia como uma
prova exterior a nós, não precisamos depender dos nossos
sentimentos, de acordo com as claras afirmações, podemos
seguramente saber que recebemos graça, que estamos salvos.
Isso é uma prova que está fora de nós, a qual podemos chamar
de: a prova exterior.
141
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
B. Pelo Espírito Testificando com o nosso espírito
A certeza da nossa salvação também está baseada no Espírito
que testifica com o nosso espírito (Rm 8:16: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”). Não
só temos a Palavra de Deus fora de nós confirmando o fato de
que fomos salvos, como também temos o Espírito dentro de nós
testificando com o nosso espírito que somos os filhos de Deus e
que Deus é nosso Pai. Todo aquele que crê no Senhor gosta de
dirigir-se a Deus como “Aba, Pai” .É algo espontâneo chamarmos
Deus de “Aba, Pai”. Além disso, sempre que O chamamos “Aba;
Pai”, podemos sentir interiormente uma doçura e um consolo.
Isso é porque somos filhos gerados de Deus, temos a vida de
Deus e o Espírito do Filho de Deus entrou em nós. Com respeito
ao nosso pai na carne, é-nos espontâneo e doce chamá-lo “pai”.
Portanto, visto que gostamos de chamar Deus de “Aba, Pai”, e
fazemos isso espontaneamente, até mesmo com uma sensação
doce e agradável, isso prova que temos a vida de Deus e que
somos filhos gerados de Deus. Assim, pelo Espírito testificando
interiormente com o nosso espírito, podemos saber com certeza
que somos filhos de Deus e que estamos salvos. Essa é uma prova
dentro de nós, a qual podemos chamar de: a prova interior.
C. Por Amarmos os Irmãos
A certeza da salvação também baseia-se no fato de que
amamos os irmãos. Primeira João 3:14 diz: “Sabemos que
passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos”
(V.R.). Porque Deus é amor (1Jo 4:16) e porque temos a Sua
vida, certamente temos o amor divino. Além disso, porque
fomos gerados de Deus, certamente amamos aqueles que foram
gerados Dele (1Jo 5:1: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo
é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou
142
A salvação eterna e o batismo
também ama ao que dele é nascido.”) Quando um salvo vê um
irmão no Senhor, tem uma afeição por ele e até mesmo o ama
de tal maneira que é incompreensível para si mesmo. Portanto,
o nosso amor para com os irmãos no Senhor é uma prova por
meio da qual sabemos que fomos salvos. Essa é uma prova da
nossa experiência de vida, que podemos chamar de: a prova do
amor. Pelo nosso crer – crer no Senhor – temos vida e passamos
da morte para a vida; por nosso amar – amar os irmãos – sabemos
que temos vida e que passamos da morte para a vida.
Portanto, pelas palavras claras da Bíblia, pela sensação no
nosso espírito e pela experiência de amor, podemos saber com
certeza que estamos salvos.
III. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
Agora prosseguiremos para ver a segurança da salvação.
A nossa salvação não só pode ser provada com certeza, mas é
também segura. De acordo com a revelação da Bíblia, a segurança
da salvação é demonstrada pelos seguintes doze itens:
A. Pelo Deus Invariável
Primeiro, nossa salvação é assegurada pelo Deus
invariável. Tiago 1:17 diz que com o Pai “não há variação
ou sombra projetada devido a rotação” (V .R. ). Tiago
claramente indica que Deus não é variável, e que com Ele
não há sombra projetada devido a rotação. Ele não é como os
corpos celestes, que giram e cujas sombras também mudam,
como é visto no crescente e minguante da lua enquanto gira
em torno da terra e no eclipse do sol pela lua. Deus é seguro,
Ele não é variável, não é mutável. Portanto, tendo em vista
que Ele nos salvou, a nossa salvação jamais pode ser mudada,
e jamais pereceremos.
143
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
B. Pela Vontade Imutável de Deus
A nossa salvação é assegurada pela vontade imutável de
Deus. Hebreus 6:17 fala da “imutabilidade do Seu [Deus]
conselho” (V.R.). Visto que o conselho de Deus, isto é, a vontade
de Deus, é imutável, o fato de que Ele nos escolheu e predestinou
antes da fundação do mundo para que pudéssemos receber a
Sua salvação (Ef 1:4-5,11), também é imutável. Visto que Ele
nos escolheu e predestinou na eternidade passada para que
recebêssemos a filiação e nos tornássemos Sua herança, Ele a
levará a cabo e não falhará. Assim, a nossa salvação é segura.
C. Pelo Amor Inseparável de Deus
A nossa salvação também é assegurada pelo inseparável amor
de Deus. Primeira João 4:10 diz: “Nisto está o amor, não em que
tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou, e enviou
o Seu Filho, uma propiciação pelos nossos pecados” (V.R.). Se
somos salvos porque amamos a Deus, então nossa salvação não
é confiável. Todavia, somos salvos porque Deus nos amou; isto
é, a nossa salvação é proveniente do amor de Deus. Visto que
Deus é imutável, o Seu amor também é inalterável. Além disso, o
Seu amor para conosco é um amor inseparável (Rm 8:39: “nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor.”) Assim, nada pode nos separar do Seu amor. Nem morte
nem vida, nem anjos nem demônios, nem coisas presentes nem
coisas por vir serão capazes de separar-nos do amor de Deus. Por
causa do amor inseparável de Deus, a Sua salvação dentro de nós
jamais falhará; é para sempre segura e imutável.
D. Pelo Chamamento Irrevogável de Deus
A nossa salvação é assegurada pelo chamamento irrevogável
de Deus. Romanos 11:29 diz que o chamamento ou os dons de
144
A salvação eterna e o batismo
Deus são irrevogáveis, ou seja não podem ser anulados. Tendo em
vista que o chamamento de Deus procede do Seu ser invariável e
é conforme a Sua vontade imutável, ele é irrevogável e inalterável.
Assim, a salvação à qual Deus nos chamou para receber, também
é inalterável. Portanto, de acordo com o chamamento de Deus,
a nossa salvação é eternamente segura.
E. Pela Justificação Indesafiável de Deus
É por causa do Seu amor que Deus deu Seu Filho unigênito,
o Senhor Jesus, a nós, para ser o nosso Salvador (Jo 3:16:
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.”), e é pela graça de Deus que o Senhor
Jesus realizou a redenção por nós (Hb 2:9: “vemos, todavia,
aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos,
Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória
e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por
todo homem.”) Todavia, depois que o Senhor Jesus foi julgado
na cruz pela justiça de Deus em nosso favor e, satisfez assim a
exigência justa de Deus, nós que cremos Nele somos justificados
de acordo com a justiça de Deus, para mostrar a justiça de
Deus (Rm 3:26: “tendo em vista a manifestação da sua justiça
no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador
daquele que tem fé em Jesus.”) Se o Senhor Jesus não tivesse
satisfeito a exigência justa de Deus a nosso favor, embora Deus,
por causa do Seu amor, desejasse dar-nos a graça do perdão, Ele
não poderia perdoar-nos ou justificar-nos porque isso o tornaria
injusto. Porém, visto que o Senhor Jesus satisfez a justa exigência
de Deus a nosso favor, Deus pode – e tem que – nos perdoar e
justificar de acordo com a Sua justiça; caso contrário, Ele Se
faria injusto. Portanto, preso por Sua justiça, Deus tem que
145
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
nos justificar. Romanos 8:33 diz: “Quem intentará acusação
contra os eleitos de Deus? É Deus quem justifica” (V.R.). Visto
que Deus está preso por sua justiça, Ele precisa justificar-nos;
Ele não pode mais nos acusar nem nos condenar. A justiça de
Deus é o fundamento do Seu trono (Sl 89:14a: “Justiça e direito
são o fundamento do teu trono”...). O trono de Deus está
solidamente estabelecido e não pode ser abalado. Do mesmo
modo, a justificação de Deus, de acordo com a Sua justiça
está solidamente estabelecida, para sempre e imutavelmente.
Portanto, a nossa salvação é segura eternamente.
F. Pela Mão Todo-Poderosa de Deus
A segurança da nossa salvação repousa na mão todo-
poderosa de Deus. Em João 10:29 o Senhor disse: “Meu Pai, que
os deu a Mim, é maior do que tudo, e ninguém pode arrebatá-los
da mão de Meu Pai” (gr.). Porque Deus é maior que tudo, Ele
é mais poderoso que qualquer coisa. Ninguém pode arrebatar-
nos da Sua mão todo-poderosa. Portanto, no que diz respeito
à mão todo-poderosa de Deus, a nossa salvação é segura. Será
que alguém seria mais forte do que Ele para retirar-nos de Suas
mãos. Depois de estarmos nelas, você poderia imaginar que a
nossa própria vontade ou emoção seriam capazes de fazer-nos
sair das poderosas mãos de Deus?
G. Pela Vida Eterna de Deus
A segurança da nossa salvação também repousa na vida
eterna de Deus. Em João 10:28 o Senhor disse: “Eu lhes dou a
vida eterna; jamais perecerão, eternamente”. A vida eterna é a
vida de Deus. O Senhor nos deu essa vida e nos introduziu em
um eterno relacionamento com Deus, um relacionamento em
vida, de modo que jamais poderemos ser separados Dele. Hoje,
146
A salvação eterna e o batismo
a vida eterna de Deus em nós mantém a segurança eterna da
nossa salvação de modo que jamais pereceremos.
H. Pela Nova Aliança de Deus
A nossa salvação é assegurada pela nova aliança que Deus
fez conosco (Hb 8:8-12: “Eis ai vêm dias, diz o Senhor, e
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá,
não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito;
pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei
para eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei
com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua
mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração
as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um
ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Pois, para com
as suas iniquiedades, usarei de misericórida e dos seus pecados
jamais me lembrarei.”). Essa aliança foi consumada por meio
da redenção realizada pelo derramamento do sangue do Senhor
Jesus (Mt 26:28: “porque isto é o meu sangue, o sangue da
{nova} aliança, derramado em favor de muitos, para remissão
de pecados.” – Lc 22:20: “Semelhantemente, depois de cear,
tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no
meu sangue derramado em favor de vós.”) De acordo com essa
aliança, Deus perdoará os pecados de todos aqueles que crêem
no Senhor Jesus e não mais Se lembrará das iniquidades deles;
Ele colocará as Suas leis dentro das mentes deles e as inscreverá
nos seus corações; Ele lhes será Deus e eles Lhe serão um povo;
e eles todos conhecerão a Deus e não precisarão que outros
lhes ensinem. Ao mesmo tempo, essa aliança é uma aliança
147
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
eterna (Hb 13:20: “Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer
dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das
ovelhas, pelo sangue da eterna aliança,”), que permanecerá
eternamente e que tem eficácia eterna. Além disso, porque
Deus é fiel e guarda Sua aliança (Dt 7:9: “Saberás, pois, que o
SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança
e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem
os seus mandamentos;”), jamais a quebrará (Sl 89:34: “Não
violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios
proferiram.”), mas a cumprirá em nós fielmente. Assim, Sua
aliança, que não pode ser anulada, garante a segurança eterna
da nossa salvação.
I. Pela Redenção Perfeita, Completa e Eterna de Cristo
A nossa salvação também é assegurada pela redenção eterna
de Cristo, que é perfeita e completa. Hebreus 10:14 diz: “Pois
por uma só oferta Ele aperfeiçoou para sempre aqueles que são
santificados” (gr. ) .Oferecendo a Si mesmo na cruz, sem mácula,
como o sacrifício a Deus, Cristo realizou uma redenção eterna
(Hb 9:12: “não por meio de sangue de bodes e de bezerros,
mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma
vez por todas, tendo obtido eterna redenção.” – 10:10: “Nessa
vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta
do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.” – 12: “Jesus,
porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos
pecados, assentou-se à destra de Deus,”). Assim, essa redenção
é eternamente perfeita e completa, sem qualquer mácula
ou carência. Por meio da redenção eterna de Cristo, nós, os
santificados, fomos eternamente aperfeiçoados. Ninguém pode
mais nos condenar (Rm 8:34: “Quem os condenará? É Cristo
Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à
148
A salvação eterna e o batismo
direita de Deus e também intercede por nós.”), nem anular a
redenção perfeita, completa e eterna que Cristo realizou para
nós. Assim, nossa salvação é eternamente segura.
J. Pela Salvação Eterna de Cristo
Nós somos salvos com segurança pela salvação eterna
de Cristo. Hebreus 5:9 diz que Cristo “tornou-Se a causa da
salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (V.R.). A
salvação que nos foi trazida por Cristo é uma salvação eterna,
todos os seus efeitos, benefícios e resultados são de natureza
eterna, transcendendo as limitações do tempo. A nossa salvação,
portanto, é eternamente segura.
K. Pela Mão Todo-Poderosa de Cristo
A segurança da nossa salvação repousa também na mão
todo-poderosa de Cristo. Em João 10:28 o Senhor disse: “Eu
lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e
ninguém as arrebatará da Minha mão”. Assim como a mão
todo-poderosa de Deus é potente, também a mão todo-
poderosa de Cristo é forte. Ambas são proteção para a nossa
salvação. A vida eterna jamais passará, e as mãos do Filho e do
Pai jamais falharão. Portanto, a nossa salvação é eternamente
segura, e nós jamais pereceremos.
L. Pela Promessa Infalível de Cristo
Somos salvos com segurança pela promessa infalível de
Cristo. João 6:37 diz: “Todo aquele que o Pai Me dá, esse virá
a Mim; e o que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora”.
O Senhor prometeu que jamais lançará fora aquele que vem a
Ele. Tal promessa garante a segurança eterna da nossa salvação.
Portanto, Deus nos mostrou em Sua Palavra, de diferentes
149
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
ângulos, que, uma vez salvos, somos salvos eternamente, somos
eternamente aperfeiçoados, de modo algum pereceremos
eternamente e estamos eternamente seguros.
IV. A MANEIRA DE SER SALVO
A maneira dos crentes serem salvos é crer, invocar, confessar
e ser batizados. Esses quatro pontos juntos formam um passo
completo para os crentes receberem a salvação do Senhor.
Quando temos esses quatro pontos, somos totalmente salvos.
A. Crendo
Somos salvos pela graça de Deus e também mediante a
nossa fé, isto é, nosso crer (Ef 2:8: “Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;”). Embora
haja a graça de Deus, sem o nosso crer, não podemos ser salvos.
Pela Sua graça, Deus preparou e cumpriu a salvação por nós; pelo
nosso crer, recebemos aquilo que foi preparado e cumprido. Pela
Sua graça, Deus deu-nos a salvação; pelo nosso crer, recebemos
aquilo que foi dado. Se houver somente o preparo pela graça
de Deus mas não a apropriação pelo nosso crer, ou se houver
apenas o dar da graça de Deus mas não o receber pelo nosso
crer, não podemos obter a salvação de Deus. Para obtermos a
salvação de Deus, precisamos aplicá-la e recebê-la pelo crer. Essa
é a maneira, o passo, para obtermos a salvação de Deus.
B. Invocando
Uma vez que uma pessoa crê no Senhor, ela espontaneamente
O invoca (Rm 10:13-14: “Porque: Todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele
em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada
ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”). Embora
150
A salvação eterna e o batismo
não possa ver o Senhor, ela pode invocar o Seu nome. O nome
do Senhor é o próprio Senhor. Por isso, invocar o nome do
Senhor é chamar o próprio Senhor. Portanto, todo aquele que
invocar o nome do Senhor será salvo por Ele.
C. Confessando
Quando uma pessoa crê no Senhor, ela deve confessá-Lo
(Rm 10:9-10: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como
Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre
os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e
com a boca se confessa a respeito da salvação.”). Quando cremos
Nele, cremos em nosso coração no Senhor como nosso Salvador;
quando confessamos, confessamos com a nossa boca o Senhor
como Senhor. Crer no Senhor é primeiramente diante de Deus,
enquanto que confessar com a boca é principalmente diante dos
homens. Uma vez que nós cremos no Senhor em nosso coração,
somos salvos. Mas precisamos confessar com a nossa boca diante
dos homens para expressar o fato de crermos no Senhor e sermos
salvos. Tão-somente crer no Senhor em nosso coração sem
confessar com a nossa boca indica que há um problema não só
diante dos homens, mas também diante de Deus. Portanto, a
fim de que possamos ser totalmente salvos, precisamos crer em
nosso coração e confessar com a nossa boca.
D. Sendo Batizado
Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16:16: “Quem crer e
for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”).
A fé se refere à salvação do homem, porque o homem é salvo
pelo crer; do mesmo modo, o batismo está também relacionado
com a salvação do homem, porque o homem é salvo também ao
ser batizado. Crer é exercitar a fé interior para receber a salvação
151
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
do Senhor, ao passo que ser batizado é ter uma ação exterior
para tomar parte da salvação do Senhor. Crer e ser batizado
constituem um passo completo pelo qual o homem recebe a
salvação do Senhor. Crer sem ser batizado é receber a salvação
do Senhor dando apenas meio passo. A salvação do Senhor
consiste em muitos elementos, alguns dos quais o homem precisa
aplicar e receber pelo crer, enquanto outros, o homem precisa
entrar e tomar parte sendo batizado. Se uma pessoa crê mas
não é batizada, ela pode receber apenas uma salvação parcial;
não pode receber a salvação completa do Senhor. Para receber
a salvação completa do Senhor, uma pessoa precisa crer e ser
batizada. Esta salvação completa implica no homem completo,
seu espírito, alma e corpo. Enquanto o crer é suficiente para
regenerar o espírito, o obedecer, tal como o batismo, torna-se
básico e essencial para a salvação da alma.
V. O RESULTADO DA SALVAÇÃO
Uma vez que uma pessoa é salva crendo no Senhor, ela é
perdoada dos seus pecados e é liberta do juízo e condenação de
Deus (Jo 3:18: “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já
está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de
Deus. – 5:24: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não
entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”), da maldição da
lei (Gl 3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado em madeiro),”), da ira de Deus
(Rm 5:9: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira.”; Jo 3:36 “Por isso, quem
crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira
152
A salvação eterna e o batismo
de Deus” – 1Ts 1:10: “e para aguardardes dos céus o seu Filho,
a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da
ira vindoura.”), e do temor e escravidão da morte (Hb 2:14-15:
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e
sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por
sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o
diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos
à escravidão por toda a vida.”), escapando assim da perdição
eterna (Jo 3:16). Além do mais, tendo nascido de Deus e tendo
recebido a vida eterna de Deus e Seu Espírito Santo, ela é liberta
dos pecados (Mt 1:21: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome
de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.”) e do
poder do pecado (Jo 8:34-36: “Replicou-lhes Jesus: Em verdade,
em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do
pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para
sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis
livres.” – Rm 6:6: “sabendo isto: que foi crucificado com ele o
nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído,
e não sirvamos o pecado como escravos;”), e da lei (Gl 4:4-5
“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam
sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” – Rm
7:6: “Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo
a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de
espírito e não na caducidade da letra.”) e do cativeiro da lei (Gl
5:1: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei,
pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”
– 4:7: “De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo
filho, também herdeiro por Deus.”). Ela é também liberta da
carne (Cl 2:11: “Nele, também fostes circuncidados, não por
intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne,
153
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
que é a circuncisão de Cristo,”), do velho homem (Cl 3:9: “Não
mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho
homem com os seus feitos”), da opressão de Satanás (Lc 4:18:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos
cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade
os oprimidos,” – At 10:38: “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré
com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte,
fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus era com ele;”), do poder e atração do mundo, do mundo
religioso e de suas ordenanças (Gl 1:4: “o qual se entregou a si
mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo
perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,” – 6:14-15:
“Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para
mim, e eu, para o mundo. Pois nem a circuncisão é coisa alguma,
nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.” – Cl 2:20: “Se
morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que,
como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças:”), e da
vã maneira de vida legada pelos seus pais (1Pe 1:18: sabendo que
não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos
legaram,”). Dessa forma, ela é completamente liberta (Jo 8:36:
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”) e
não está mais sob qualquer cativeiro e confinamento.
VI. A IMPORTÂNCIA DO BATISMO
A. Sendo o Início da Dispensação do Novo Testamento
A primeira coisa que Deus fez no princípio da dispensação do
Novo Testamento foi enviar João Batista para pregar o batismo
154
A salvação eterna e o batismo
de arrependimento (At 10:37: “Vós conheceis a palavra que se
divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia,
depois do batismo que João pregou,” – Lc 3:3: “Ele percorreu
toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de
arrependimento para remissão de pecados,”). Por conseguinte,
João foi o primeiro servo enviado por Deus no início do Novo
Testamento, e o batismo de arrependimento que ele pregou
é o ensinamento inicial do Novo Testamento. Isso indica a
importância do batismo no plano e arranjo de Deus do Novo
Testamento. Podemos dizer que o batismo dá início à dispensação
do Novo Testamento. Assim como a verdade do batismo foi o
início de Deus da dispensação do Novo Testamento, também a
prática do batismo marca o princípio do nosso gozo das bênçãos
do Novo Testamento.
B. Sendo o Cumprimento da Justiça diante de Deus
A importância do batismo é vista ainda mais claramente na
necessidade de o Senhor Jesus ser batizado. Embora Ele fosse o
Filho de Deus, que veio para ser o Salvador da humanidade, por
ter-Se tornado homem, Ele precisava guardar a ordenação de
Deus para o homem na dispensação do Novo Testamento. Como
homem, era-Lhe apropriado agir de acordo com o procedimento
de Deus a fim de cumprir toda a justiça diante de Deus (Mt 3:13-
16: “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para o Jordão,
a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo:
Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas
Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos
convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu. Batizado
Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu
o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele.”).
“Justiça” é ser correto, vivendo, andando e fazendo as coisas
155
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
do modo que Deus ordenou. No Velho Testamento, justiça era
uma questão de guardar a lei que Deus deu. Agora, no Novo
Testamento, Deus enviou João Batista a batizar as pessoas. Ser
batizado era cumprir a justiça diante de Deus, isto é, cumprir o
requisito de Deus. Já que até para o Senhor como homem era
adequado ser batizado para cumprir tal justiça diante de Deus,
podemos ver quão importante é o batismo. Não apenas Ele
próprio foi batizado para cumprir toda a justiça diante de Deus,
mas também Ele batizou pessoas por meio dos Seus discípulos
(Jo 3:22: “Depois disto, foi Jesus com seus discípulos para a terra
da Judéia; ali permaneceu com eles e batizava.” – 4:2: “(se bem
que Jesus mesmo não batizava, e sim os seus discípulos),”) a fim
de que pudessem fazer a vontade de Deus em concordância com
o procedimento de Deus de cumprir a justiça diante de Deus.
Isso também indica a importância do batismo.
C. Recusar-se a Ser Batizado Sendo
a Anulação do Conselho de Deus
O batismo é o conselho de Deus na Sua economia do Novo
Testamento; é também uma parte do Seu plano. Quem quer que
não queira ser batizado anula o conselho e o plano que Deus tem
para ele. Os fariseus e os intérpretes da lei que rejeitaram o Senhor
e se opuseram a Ele, recusaram-se a ser batizados com o batismo de
João, conseqüentemente, rejeitaram, ou seja, anularam o conselho
de Deus para eles (Lc 7:30: “mas os fariseus e os intérpretes da Lei
rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo
sido batizados por ele.”). Quão sério é isso!
D. Sendo a Ordem do Senhor antes da Sua Ascensão
O Senhor Jesus não só batizou as pessoas por meio dos
Seus discípulos quando estava na terra, mas até mesmo após
156
A salvação eterna e o batismo
a Sua ressurreição, em Sua comissão final e máxima aos Seus
discípulos de ir por toda a terra para pregar o evangelho, Ele
também os encarregou de batizar as pessoas (Mt 28:18-20: “Jesus,
aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi
dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século.). Essa incumbência em Sua comissão final e máxima
mostra que batizar as pessoas é uma questão urgente que devemos
praticar quando vamos pregar o evangelho e fazer discípulos das
nações. Batizar as pessoas é quase tão importante quanto pregar-
lhes o evangelho. Meramente pregar o evangelho às pessoas sem
batizá-las é algo incompleto e insuficiente, não podendo efetuar
de modo pleno a comissão final e máxima do Senhor.
E. Sendo o Ensinamento dos Apóstolos
No dia de Pentecostes, muitos ouviram a palavra de Pedro
e foram tocados no coração, e perguntaram-lhe o que deviam
fazer. Pedro disse-lhes positivamente que deviam se arrepender
e ser batizados no nome de Jesus Cristo para o perdão dos seus
pecados a fim de que pudessem receber o dom do Espírito
Santo (At 2:37-38: “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-
lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos:
Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo.”). Quando ouviram a sua palavra, foram batizados. Isso
também mostra a importância do batismo, uma vez que Pedro
enfatizou isso em suas instruções. Ele considerava o batismo
tão importante como o arrependimento e o crer no nome do
157
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Senhor. Além disso, como a conclusão do arrependimento e
do crer, o batismo faz-nos ter os pecados perdoados e receber
o Espírito Santo.
O batismo foi praticado pelo primeiro grupo de crentes
que foram acrescentados à igreja após a ascensão do Senhor
e a descensão do Espírito. A primeira ocorrência de qualquer
coisa nas Escrituras torna-se o padrão para ela. Baseado nesse
princípio, o batismo daquele primeiro grupo de pessoas também
foi um padrão que deve ser guardado por aqueles que vieram
depois deles.
F. Sendo um Passo para a Entrada no Reino de Deus
Em João 3:5, o Senhor Jesus disse: “Quem não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. “Da
água” aqui refere-se à realidade do batismo, que indica a vida
proveniente da morte redentora de Cristo (João 19:34-35:
“Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo
saiu sangue e água. 35 Aquele que isto viu testificou, sendo
verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para
que também vós creiais.”). O batismo é um passo decisivo e
necessário para o homem penetrar na realidade da regeneração
e entrar no reino de Deus.
VII. O SIGNIFICADO DA PALAVRA “BATISMO”
No Novo Testamento, a forma verbal da palavra batismo em
grego é baptizo, significando imergir ou mergulhar na água, cobrir
com água ou introduzir na água. Essa definição é geralmente
encontrada em todos os léxicos gregos famosos e é comumente
reconhecida por peritos bem conceituados da Bíblia por todas
as gerações. Martinho Lutero disse: “Desejo que todo aquele
que for batizado seja inteiramente imerso na água, pois isso está
158
A salvação eterna e o batismo
correto de acordo com o significado da palavra “batismo”. João
Calvino, grande expositor da Bíblia na Reforma, também disse:”
A palavra ‘batizar’ significa imergir, e está claro que o rito da
imersão foi observado na igreja primitiva.” Portanto, não há
dúvida de que o significado da palavra batismo é imersão.
Ainda que o significado de batismo permita a interpretação
de que a forma do batismo seja por imersão, este ponto não
consitui uma verdade essencial ou básica da fé cristã. Nos
casos registrados no Novo Testamento, desde o Pentecostes,
não encontra-se detalhes de como foi o batismo, senão que foi
usado água. No caso de Saulo Tarso, por exemplo, seu batismo
é bastante curioso (At 22:16: “E agora, por que te demoras?
Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando
o nome dele.”). De qualquer maneira, sempre que formos batizar,
devemos buscar a melhor maneira, ou seja, imergir o batizado
na água. Procedendo assim evitaremos muitos problemas, ainda
que reconheçamos que a realidade do batismo é a própria pessoa
do Senhor Jesus, o Espírito da Realidade (João 14:16;17: “E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que
esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo
não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o
conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.”)
VIII. O SIGNIFICADO DO BATISMO
Todos os que já foram batizados precisam olhar para traz
e considerar o significado do batismo. Mesmo que tenha sido
batizado dez ou vinte anos atrás, precisamos ainda rever essa
questão. Devemos sempre lembrar-nos do versículo que diz:
“Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados
em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?” (Rm6:3). Esse
versículo fala em retrospectiva, e não como uma antecipação.
159
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Os versículos em Marcos 16:16 (“Quem crer e for batizado
será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”), Atos
2:38 (“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão
dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”)
e 1Pedro 3:21 (“a qual, figurando o batismo, agora também
vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a
indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio
da ressurreição de Jesus Cristo;”) são para aqueles que ainda
não foram batizados.
Os versículos em Romanos 6:3-5 (“Ou, porventura,
ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus
fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele
na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na
semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição,”) e Colossenses 2:12 (“tendo
sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual
igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus
que o ressuscitou dentre os mortos”) são para aqueles que já
foram batizados. Deus está dizendo a eles: “Você sabia que
quando foi batizado, você morreu com Cristo, foi enterrado e
ressuscitou juntamente com Ele?”
Romanos 6 enfatiza morte e sepultamento, embora também
fale de ressurreição. Colossenses 2 vai mais além, ressaltando o
sepultamento e ressurreição, tendo a ressurreição como enfoque.
A ênfase de Romanos 6 é a morte: “Ou, porventura, ignorais que
todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados
na Sua morte?” O ponto principal ali é a morte. Devemos morrer
juntamente com Cristo. Romanos 6 trata de morte e sepultamento,
160
A salvação eterna e o batismo
enquanto Colossenses 2 fala de sepultamento e ressurreição.
A água do batismo também pode representar o túmulo. Hoje,
quando colocamos alguém na água, é como se o estivéssemos
sepultando na terra. Quando o levantamos da água, tal fato
equivale a levantá-lo do túmulo. Antes de alguém ser enterrado,
precisa estar morto. Não se pode enterrar uma pessoa viva. Se
uma pessoa sai do túmulo após ter sido enterrada, isso é, na
verdade, ressurreição. A primeira parte dessa verdade está em
Romanos e a segunda se acha em Colossenses.
A. Um Grande Evangelho: Estou Morto
Quando o Senhor Jesus foi crucificado, Ele nos carregou
junto para a cruz. Como Ele, nós também fomos crucificados
ali. Aos olhos de Deus Ele nos liquidou. Que você pensa
de si mesmo? Talvez você diga: “Eu sou uma pessoa difícil”.
Aqueles que não se conhecem não percebem o quanto são
impossíveis. Alguém que conhece a Deus e a si mesmo dirá:
“eu sou impossível”.
Quando estávamos sobrecarregados com o pecado, ouvimos
a respeito da morte do Senhor Jesus. Isso é o Evangelho. Depois
vimos que estávamos mortos e sem esperança. Isso também é
o evangelho. Graças a Deus por esse evangelho! Assim como a
morte do Senhor é um grande evangelho, a nossa morte também
é um grande evangelho. Assim como a morte do Senhor é
motivo de regozijo, a nossa morte também é motivo de regozijo.
Qual deveria ser o primeiro pensamento que nos vem à mente
quando ouvimos que o nosso Senhor morreu? Deveríamos ser
como José de Arimatéia, e enterrá-lo. Da mesma forma, quando
ouvimos que estamos mortos, a primeira coisa que precisamos
é ser “enterrados”, pois depois da morte segue-se o enterro. A
morte não é o fim. Já estamos mortos em Cristo, portanto a
161
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
primeira coisa a fazer é ser “enterrados” por meio do batismo.
A morte não é o fim. Já estamos mortos em Cristo, portanto a
primeira coisa a fazer é enterrar-nos.
1. Mortos e Ressuscitados
Assim quando entramos na água do batismo ou quando
consideramos o nosso passado após muitos anos de conversão,
devemos lembrar-nos de que já estamos mortos. Nós permitimos
que nos enterrassem porque cremos que já estamos mortos. Se o
nosso coração ainda estiver batendo e nós estivermos respirando,
não poderemos ser enterrados. Para poder ser enterrados,
devemos estar mortos.
Quando o Senhor foi crucificado, nós também o fomos.
Nós permitimos que nos introduzissem na água porque
cremos que tínhamos morrido. O Senhor ressuscitou e
colocou seu poder de ressurreição em nós. Agora somos
pessoas regeneradas através desse poder. Esse poder de
ressurreição opera em nosso interior e nos faz ressuscitar.
É por isso que nos levantamos da água. Já não somos mais
o nosso velho “eu”, agora somos pessoas ressurretas. Hoje
devemos sempre relembra-nos desse fato. Quando descemos
às águas, estávamos crendo que tínhamos morrido e que
precisávamos ser enterrados. Quando saímos das águas,
estávamos crendo que tínhamos novidade de vida. Agora
estamos no lado da ressurreição. A morte ficou no lado de
lá, mas a ressurreição está no lado de cá.
2. Estou em Cristo
Certa vez uma manchete de jornal dizia o seguinte: “Uma
pessoa, Três Vidas”. O artigo tratava do assassinato de uma
mulher grávida. Depois que ela morreu, constatou-se que
162
A salvação eterna e o batismo
estava esperando gêmeos. Por isso o título era “Uma Pessoa, Três
Vidas”. Atentem para o fato de que, com relação ao Senhor,
trata-se de “Uma Pessoa, Milhões de Vidas”. É por essa razão
que a Bíblia é enfática na repetição da palavra “Em Cristo”. No
assassinato de que falamos acima, o assassino aparentemente
matou apenas a mãe, e não os dois bebês. Entretanto, pelo fato
de os bebês estarem na barriga da mãe, quando a mãe morreu,
eles morreram. Da mesma forma, uma vez que estamos em
Cristo, quando Cristo morreu, nós morremos Nele.
Deus nos introduziu em Cristo. Essa é a revelação que
encontramos em 1 Coríntios 1:30: “ Mas vós sois dele, em
Cristo Jesus”. Já que Cristo morreu, nós estamos todos
mortos. A base de nossa morte conjunta com Cristo é o fato
de estarmos em Cristo. Se não soubermos o que significa
estar em Cristo, também não entenderemos o que significa
morrer com Ele. Como é que aqueles bebês foram morrer com
a mãe? Eles morreram porque estavam na barriga dela. O
que acontece, em analogia, na esfera espiritual é ainda mais
verdadeiro. Deus nos uniu a Cristo. Quando Cristo morreu,
nós também morremos.
Logo depois do evangelho ser-nos pregado, devemos
aprender a enxergar a partir do ponto de vista de Deus,
reconhecendo que morremos no Senhor. Nós morremos por
termos crido que esse é um fato. Fomos sepultados na água
e saímos dela. Nós declaramos que estamos do lado de fora
do túmulo. Isso é ressurreição. Reconhecer o que é dito em
Romanos 6 inclui tanto considerar-se morto em Cristo Jesus,
como também considerar-se vivo Nele.
Finalmente esperamos que, depois da salvação, os crentes
tomem esse caminho. Falamos de dois pensamentos distintos.
Um deles antecede ao batismo, e o outro o sucede. Antes
163
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A salvação eterna e o batismo

do batismo precisamos ver que já morremos e precisamos Ele é o meu Redentor,

ser enterrados. Após o batismo, precisamos perceber que Assumiu o pobre pecador!
estamos em ressurreição e que, portanto, hoje podemos Oh! que salvação!
servir a Deus. O meu Senhor ressuscitou! (bis)

QUE GRANDE AMOR 4 Muito tempo se passou após a morte

Do meu Redentor na cruz;
Hino C-79 Todo sacrifício de seu Filho, pôde
1 Morto estava nos delitos e pecados, Deus no Espír’to preservar!
Sem esperança e sem Deus;
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, Todo aquele que Nele crer,
O Seu Filho deu a mim! Com a boca O invocar:
Ó Senhor Jesus!,
Ele nada me exigiu, A salvação receberá. (bis)
Como graça Se deu a mim.
Oh! que grande amor!
O homem pecou, Deus o amou. (bis)

2 A lei conscientizou-me do pecado –

Minha boca se calou.
Cristo, a Justiça de Deus, concedeu-me
Liberdade, vida e paz.

Deus proveu um fim para a lei

Pela mão de um Mediador.
Oh! que gozo!
Pois Cristo é o fim para a lei. (bis)

3 Deus está mui satisfeito com a obra

Do Seu Filho sobre a cruz;
O meu coração também descansa com a
Morte do Senhor Jesus.

164 165
 Capítulo Oito

A NOVA VIDA E A NOVA MANEIRA DE VIDA

ESBOÇO

A CLARIFICAÇAO DO PASSADO
I. O ENSINAMENTO DA BÍBLIA REFERE-SE AO QUE
FAZER APÓS A SALVAÇÃO
II. A RELAÇÃO ENTRE A CLARIFICAÇÃO DO
PASSADO E A SALVAÇÃO
A. Clarificar o Passado Não Sendo uma Condição para a
Salvação
B. Clarificar o Passado Sendo um Resultado do Desfrute
da Salvação
C. Clarificar o Passado Sendo Necessário para uma Vida
Cristã Melhor
III. A BASE DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
IV. EXEMPLOS DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
A. Abandonando os Ídolos
B. Destruindo as Coisas Demoníacas, Imundas e
Impróprias
C. Restituindo o que Devemos
D. Pondo Fim à Velha Maneira de Vida
F. Acabar com Questões não Resolvidas
V. A AMPLITUDE DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
167
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
A NOVA VIDA E A NOVA MANEIRA DE VIDa
A CLARIFICAÇAO DO PASSADO
Depois que uma pessoa é salva, sua velha maneira de
vida e sua antiga conduta no passado devem ser terminadas.
Antes de haver recebido a salvação, ela era uma pecadora
vivendo em pecado. Era também um homem da velha criação,
comportando-se à maneira da velha criação. Mas agora, tendo
sido salvo, tornou-se um homem da nova criação com a vida
da nova criação, como tal deve ter um novo início, um novo
princípio e viver espontaneamente uma nova vida. Portanto,
seu viver e conduta anteriores devem ser terminados.
No Velho Testamento os filhos de Israel foram salvos da
morte ao guardarem a páscoa e deixaram o Egito imediatamente.
Abandonaram assim, as coisas daquela terra e a maneira egípicia de
viver. A partir daquele dia, viveram uma nova vida, andaram num
novo caminho e tudo que fizeram foi novo. As coisas do passado e
o viver dos dias anteriores foram completamente terminados. Esse
é um tipo bem definido de clarificação do passado.
Embora a Bíblia não aborde especificamente a clarificação do
passado, ela inclui algumas passagens que são bem pertinentes
a esse assunto. De acordo com essas passagens, podemos extrair
os seguintes cinco pontos, todos eles referem-se a nova vida e
ao novo viver de todo aquele que é regenerado:
I. O ENSINAMENTO DA BÍBLIA
REFERE-SE AO QUE FAZER APÓS A SALVAÇÃO
A Bíblia toda, e mais especialmente o Novo Testamento,
mostra o que o homem deve fazer após ter crido no Senhor.
Se você procurar versículos, de Mateus 1 a Apocalipse 22,
que falem como os crentes devem pôr fim ao seu passado, verá
como é difícil achar alguma coisa sobre esse assunto. Mesmo
168
A nova vida e a nova maneira de vida
nas Epístolas, quando tocam no assunto referente às nossas más
ações no passado, elas o fazem no sentido de dizer-nos o que
devemos fazer daqui por diante e não o que devemos fazer com
o nosso passado. Por exemplo, nos livros de Efésios, Colossenses
e 1ª Tessalonicenses, quando tratam de algo a respeito do nosso
passado, eles não mencionam o que devemos fazer com ele, mas
sim como devemos prosseguir.
Você deve lembrar-se daquela passagem em que perguntaram
a João Batista: “que havemos pois de fazer”, e ele respondeu:
“quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem, e quem
tiver comida, faça o mesmo’. Alguns publicanos, isto é, coletores
de impostos vieram a João e perguntaram o que deveriam fazer.
João respondeu: “não cobreis mais que o estipulado”. Alguns
soldados também perguntaram: “e nós, que faremos?” João
respondeu: “a ninguém maltrateis, não deis denuncia falsa e
contentai-vos com o vosso soldo “(Lc 3:10-14). Isso nos mostra
que até João, que pregava o arrependimento, dava ênfase ao
que se deve fazer depois de crer, e não nas coisas do passado.
Ele não considerou como eram as coisas antes do batismo de
arrependimento, mas com os seus frutos
Consideremos também as Epístolas de Paulo. Ele sempre
enfatizava o que devemos fazer no futuro e não o que devemos
fazer com relação ao passado, porque todas as coisas do
passado foram cobertas pelo precioso sangue de Cristo. Se
nos desviarmos um pouco nesta questão, deturparemos o
evangelho. Deturparemos a maneira do Senhor, o caminho do
arrependimento para a remissãos dos pecados. Devemos ser
cuidadosos ao lidar com esse assunto.
“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?
Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros,
nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos,
169
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o
Reino de Deus. Tais fostes alguns de vós.” (1Co 6:9-11a). Aqui
Paulo fala da conduta dos crentes no passado, mas não diz como
eles devem eliminar isso. “Mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus
Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6:11b). Aqui a ênfase
não está em lidar com o passado, porque temos um salvador
que já solucionou todo o nosso passado. Hoje a ênfase está no
que devemos fazer daqui em diante. Uma pessoa salva já está
lavada, santificada e justificada posicionalmente.
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos
e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência, entre os quais também
todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos, e éramos
por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus,
sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que
nos amou, e estando nós mortos nos nossos delitos e pecados
nos deu vida juntamente com Cristo” (Ef 2:1-5). Esses versículos
não indicam como devemos acabar com as coisas da carne. Há
apenas um grande fato realizado pelo Senhor para terminar o
nosso passado pecaminoso: a Sua morte. Este é o grande fim, o
qual o Senhor determinou para todas as coisas, para salvar-nos,
tudo baseado no grande amor com que Deus nos amou e na
sua rica misericórdia.
Efésios 4:17-24 também fala de nossa condição anterior:
“Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis
como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios
pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de
Deus por causa da ignorância que vivem, pela dureza do seu
170
A nova vida e a nova maneira de vida
coração, os quais tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à
dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impurezas
(...) no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis
do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências
do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e
vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça
e retidão procedentes da verdade”.
A frase “por isso, deixando a mentira” (Ef 4:25a) também se
refere ao que fazer a partir de agora. Aqui não nos é dito como
devemos lidar com a nossa falsidade no passado, mas sim que
daqui em diante, não devemos mais permanecer na falsidade.
Hoje espera-se que: “fale cada um a verdade com seu próximo (...)
irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem
deis lugar ao diabo”. (Ef 4:25b-27). Esses versículos não se referem
ao passado, e sim, ao futuro. “aquele que furtava não furte mais”
(Ef 4:28a). A sua ênfase continua sendo o que vai acontecer de
agora em diante. O que foi roubado no passado é outra questão.
“antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom. (…)
não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente
a que for boa para a edificação, conforme a necessidade, e assim
transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de
Deus (…) longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria,
e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Ef 4:28 b-31).
“Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiças
nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos; nem
conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas
inconvenientes; antes, pelo contrario, ações de graça” (Ef 5:3-4).
Essas palavras seguem o mesmo princípio, mencionando o que
deve acontecer depois de crermos no Senhor. Essa passagem
não menciona como acabar com o que foi feito antes de crer
no Senhor.
171
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Depois da leitura de todas as Epístolas, encontramos uma
maravilhosa verdade: Deus dá atenção apenas ao que se deve
fazer após crermos Nele. Ele não dá atenção ao que se fez no
passado. Ele não nos diz o que fazer com as coisas do passado.
Esse é um princípio fundamental.
Muitas pessoas estão escravizadas porque aceitaram o
evangelho errado. Esse evangelho dá muita ênfase a lidar com
o nosso passado. Não estou querendo dizer que não precisamos
lidar com o nosso passado. Há certas coisas do nosso passado
com que precisamos lidar, mas isso não é fundamental para
prosseguirmos. Deus sempre nos faz atentar para o fato de
que nossos pecados do passado estão cobertos pelo sangue.
Estamos plenamente perdoados e salvos porque o Senhor
Jesus morreu por nós. A nossa salvação não está baseado na
maneira como lidamos com o passado. O homem não é salvo
pelo arrependimento das más ações cometidas no passado, como
também não é salvo por confiar em suas boas ações do passado.
O homem é salvo mediante a salvação realizada pelo Senhor
Jesus na cruz. Devemos apegar-nos a esse fundamento.
II. A RELAÇÃO ENTRE A CLARIFICAÇÃO DO
PASSADO E A SALVAÇÃO
A. Clarificar o Passado
Não Sendo uma Condição para a Salvação
A clarificação do passado não é uma condição para a
salvação porque a salvação de Deus é completa. Não importa
quão graves ou profundos possam ser os nossos pecados, eles
estão todos sob o sangue precioso. Não há qualquer necessidade
de fazermos ou acrescentarmos algo, tal como a clarificação do
passado, antes que possamos ser perdoados por Deus. O perdão
172
A nova vida e a nova maneira de vida
de Deus está baseado no sangue precioso do Senhor Jesus e
também é a conseqüência do nosso arrependimento e fé. Não
há necessidade de acrescentar nossas boas obras e virtudes ou
nosso zelo e amor. Logo, a clarificação do passado não é uma
condição para a salvação.
B. Clarificar o Passado
Sendo um Resultado do Desfrute da Salvação
Assim que uma pessoa recebe o Senhor Jesus como seu
Salvador e desse modo obtém a salvação de Deus, o poder desta
salvação faz com que ela remova e termine sua vida anterior.
Isso está claramente ilustrado pela atitude de Zaqueu como está
registrado em Lucas 19. No momento em que a salvação de
Deus veio até Zaqueu, esta fê-lo tratar com as suas possessões
materiais e remover a sua vida pecaminosa passada. Do mesmo
modo, por causa de nosso desfrute da salvação de Deus, a vida
de Deus em nós faz com que tenhamos uma transformação em
nossa disposição, gostos e sentimentos com respeito ao mundo.
Mesmo nossos gostos com relação às necessidades diárias, tais
como comer e vestir-se, são transformados. Portanto, pomos
espontaneamente um fim ao nosso velho modo de viver, ou
seja, removemos as coisas em nosso viver que originaram-se do
passado, não mais permitindo que elas persistam ou continuem.
Tal clarificação é um resultado de nosso desfrute da salvação.
C. Clarificar o Passado
Sendo Necessário para uma Vida Cristã Melhor
Desde que uma pessoa é salva, se ela deseja ter um bom
testemunho para o Senhor e prosseguir com Ele em um caminho
puro, ela deve desvincular-se das coisas de seu passado. Suponha
que o proprietário de um cassino seja salvo. Naturalmente, o seu
173
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
pecado passado de possuir um cassino foi perdoado por Deus.
Além disso, as muitas coisas obscuras e malignas que ele fez no
cassino também foram perdoadas. Entretanto, se ele deseja ser
um bom cristão de agora em diante, seguindo e prosseguindo
com o Senhor, não tem outra escolha senão fechar o cassino. Se
ele não fechá-lo, embora não possamos negar que ele é salvo,
podemos dizer que ele não tem como viver como um cristão. Se
deseja ter uma vida cristã normal, ele precisa fechar o cassino,
que é um ambiente que promove uma vida pecaminsosa e sem
Deus para as pessoas. Essa é a clarificação do passado.
“Então, chegaram a Betsaida; e Lhe trouxeram um cego,
rogando-Lhe que o tocasse. Jesus, tomando o cego pela mão,
levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e
impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: vês alguma coisa?... E
mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não
entres na aldeia” (Mc 8:23,26). Esses versículos mostram que
após curar o cego, fora da aldeia, Jesus recomendou-lhe que não
entrasse nela novamente. “Na aldeia” implica o lugar no qual
esse homem vivera cego no passado. Além disso o Senhor disse
que haverá um severo julgamento para aquela aldeia, Betsaida,
no dia do juízo (Mt 11:21-22). Portanto, essa palavra dada pelo
Senhor: “não entres na aldeia” teve como finalidade encorajá-lo a
desvicular-se daquele lugar, em cujo passado, vivera na escuridão
e que, no futuro, será julgado severamente pelo Senhor.
Se após ser salvo, um proprietário de cassino ou de um cabaré
não encerra seus negócios, como pode ele levar pessoas para
o Senhor ou testemunhar pelo Senhor? Mesmo que ele tente
testemunhar pelo Senhor, será difícil para qualquer pessoa crer.
Se depois de sermos salvos, desejarmos prosseguir no caminho
do Senhor e testemunhar por Ele, precisamos remover nossa vida
passada e as coisas anteriores. Devemos considerar esse assunto
174
A nova vida e a nova maneira de vida
como sumamente importante. Não é uma exigência legal e não
há nenhuma regra ou regulamento fixos de como proceder na
clarificação. Não obstante, aqui há um princípio: se nós, aqueles
que são salvos, desejarmos ter uma vida cristã melhor, prosseguir
no caminho do Senhor de modo adequado e testemunhar pelo
Senhor, nossa vida passada deve ser levada a um fim.
III. A BASE DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
A clarificação do passado não é de acordo com a exigência
de regulamentos exteriores, mas de acordo com o mover interior
do Espírito. A Bíblia não tem qualquer ensinamento direto
dizendo-nos que devemos clarificar o passado, nem dá qualquer
regulamento sugerindo como devemos fazer tal clarificação.
Entretanto, uma vez salvos, temos o Espírito em nós. Se qualquer
pessoa deixasse o Espírito mover e trabalhar nela, e não se
importasse com sua posição e reputação, o Espírito a conduziria
a fazer a clarificação com todos os seus tratamentos pelo poder
da vida interior, para que ela possa ser um novo homem, vivendo
uma nova vida e andando no novo caminho. Além do mais,
essa clarificação não é um regulamento na igreja. A igreja não
tem semelhante regulamento ou exigência. Contudo, a vida
que obtivemos é santa e o Espírito em nós está Se movendo
e operando. Consequentemente, o Espírito, por meio da vida
santa que está dentro de nós, exigirá definitivamente de nós que
removamos todas as coisas demoníacas e imundas, e eliminemos
a velha maneira de viver. Nossa responsabilidade é seguir a
orientação do Espírito e permiti-Lo mover-Se livremente.
IV. EXEMPLOS DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
Embora a Bíblia não tenha nenhum ensinamento claro
quanto à clarificação do passado, o Novo Testamento contém
175
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
exemplos precisos mostrando-nos que depois que um homem é
salvo, o Espírito começa a mover-Se e a operar nele, fazendo com
que ele clarifique o passado e trate com as coisas inadequadas
do passado.
A. Abandonando os Ídolos
Um exemplo de clarificação do passado é visto no caso dos
tessalonicenses. Em 1 Tessalonicenses 1:9, Paulo disse que,
após haverem crido no Senhor, os tessalonicenses desviaram-
se dos ídolos. Hoje, especialmente em lugares como a China e
o Japão, a maioria das famílias incrédulas têm ídolos ou coisas
relacionadas com ídolos. Após uma pessoa ser salva, se ela
estiver prestes a ser batizada ou se já foi batizada, ela precisa
remover de seu viver os ídolos e as coisas a eles relacionadas.
Ela não pode obrigar-se a fazer outras coisas, mas com relação à
questão de remover os ídolos, é correto que uma pessoa se force
um pouco. Se ela achar difícil fazer a clarificação, pode procurar
alguns irmãos para orar com ela a fim de que cresça sua força
e intrepidez, e desse modo ajudá-la no tocante à clarificação.
Entretanto, ela deve fazer a clarificação por si, e fazê-la de modo
bem definido e completo; quanto mais completo melhor.
Entre os chineses, há coisas relacionadas com a leitura das
feições faciais, quiromancia, horóscopos e adivinhações. Visto
que essas coisas envolvem ídolos, elas devem ser terminadas. É
inadequado para um crente, que foi batizado, ter ídolos ou outras
coisas supersticiosas permanecendo em sua casa. Devemos
abandonar todas as coisas que são referentes aos ídolos. Quanto
mais seriamente os abandonamos e quanto mais radicalmente
nos despojamos deles, melhor.
Por exemplo, um irmão depois de crer no Senhor Jesus decidiu
limpar sua vida e sua casa das coisas mundanas ou relacionadas
176
A nova vida e a nova maneira de vida
com ídolos. Depois de fazer isto, um de seus filhos adoeceu
gravemente. Juntamente com a esposa, numa esfera de oração
e de luta espiritual em favor da melhora do filho, resolveram
investigar melhor a casa para identificar e eliminar qualquer dessas
coisas, que ainda pudessem estar por ali. Neste labor, depararam-
se com uma pequena estátua, que decorava a casa. Ao observarem
com mais detalhes as inscrições nela contidas, perceberam tratar-
se de uma imagem de Diana dos Efésios. A estátua foi para o lixo
e, mais tarde, o filho melhorou da doença.
Não devemos somente jogar fora os ídolos que são óbvios,
mas devemos rejeitar até mesmo os ídolos que não são óbvios.
Não devemos apenas atirar fora imagens, mas devemos desistir
até mesmo de retratos ou estátuas de Jesus. Todas as assim
chamadas pinturas de Jesus, hoje, são falsas. A Bíblia diz que,
quando estava na terra, o Senhor Jesus não tinha aparência,
nem formosura (Is 53:2). No entanto, as imagens de Jesus mais
comumente vistas hoje em dia parecem muito bonitas. Esses são
falsos retratos de Jesus feitos por artistas. Não só os católicos
mas mesmo muitos protestantes têm esse tipo de quadro em
suas casas. Além disso, muitos livros do cristianismo contêm tais
figuras. Essas figuras representam as superstições humanas, e aos
olhos de Deus são blasfemas; por isso, devem ser removidas.
Devemos jogar fora qualquer imagem de Jesus, não
simplesmente porque é falsa. Mesmo se fosse para trazer consigo
a aparência original de Jesus, ainda assim deveria ser rejeitada.
Devemos usar nosso espírito para adorar o Senhor, que é Espírito
(Jo 4:24); não devemos usar nosso corpo físico para adorar uma
imagem visível, seja de Cristo ou de qualquer outro servo de
Deus. A igreja católica ensina que o homem deve adorar uma
imagem visível com seu corpo físico para ajudá-lo a adorar o
Deus invisível com o seu espírito interior. Esse é um ensinamento
177
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
herético, que mistura fermento à farinha fina (Mt 13:33). Não
devemos seguir tal ensinamento. Devemos adorar o Senhor em
espírito e não ter qualquer imagem exterior.
B. Destruindo as Coisas Demoníacas, Imundas e Impróprias
Um segundo exemplo de clarificação do passado é visto no
caso dos efésios. Atos 19:19 diz-nos que os crentes efésios que
praticavam magia juntaram seus livros e os queimaram. Essa é
uma base bíblica para a prática de queimar, a fim de destruir as
coisas demoníacas e imundas, coisas absolutamente inadequadas.
Exemplos dessas coisas são os castiçais e os incensários usados
na adoração a ídolos, ornamentos e vestes que acompanham a
imagem do dragão, escritos sagrados de religiões pagãs, livros e
amuletos referentes à adivinhação e tabuinhas relacionadas com
a adoração de antepassados. Outros exemplos são instrumentos
de jogo, utensílios para se tomar bebidas alcoólicas, cachimbos,
livros obscenos e figuras pornográficas. Todas essas coisas são
demoníacas e sórdidas. Todos nós precisamos seguir a orientação
do Espírito Santo para remover todas essas coisas de nossas vidas
e de nossas casas.
Roupa indecente também pode ser incluída nessa categoria
de coisas demoníacas e imundas. Talvez algumas peças de roupa
sejam demasiadamente curtas ou sensuais, nesse caso, elas
devem ser encompridadas para poderem ser usadas. Outras peças
podem ter uma aparência estranha, que expõem as mulheres,
tornando-as diferentes das outras, com o objetivo de serem
notadas pelas pessoas. Elas devem ser alteradas para parecerem
normais. Ainda outras podem ser demoníacas e contaminadas
pelo pecado, tais peças devem ser queimadas. Ninguém pode
decidir sobre a amplitude do nosso tratamento com relação a
essas coisas, mas o Espírito nos guiará interiormente.
178
A nova vida e a nova maneira de vida
Em resumo, qualquer coisa relacionada com ídolos e qualquer
coisa demoníaca e sórdida, por mais valiosa que possa ser, deve
ser queimada. O princípio bíblico é que tais coisas devam ser
queimadas com fogo. A Bíblia registra, especificamente, que
o preço dos artigos que foram queimados pelos efésios foi de
cinqüenta mil denários. Isso é para nos mostrar que, quando
destruíram as coisas demoníacas e impuras, os primeiros crentes
queimaram várias coisas valiosas. Portanto, quando destruímos
as coisas demoníacas e imundas, não devemos avaliar o custo
ou considerá-lo como prejuízo. Também importa considerar que
ao queimar aqueles artigos os efésios estavam impedindo que
fossem usados por alguém como comércio, trazendo maldição
ao comprador e ao vendedor de tais produtos malignos.
Esse não é um mandamento nem um ensinamento, mas
é o resultado do trabalhar do Espírito Santo. Na passagem
acima citada nos é dito Espírito Santo se moveu de maneira
tão prevalecente que os efésios trouxeram todos os livros
impróprios que possuíam. A versão IBB- Revisada diz que o valor
correspondente era de “cinqüenta mil moedas de prata”, que é
uma quantia considerável. Eles não venderam seus livros para
ofertar o dinheiro para a igreja. Em vez disso, os livros foram
queimados. Se Judas estivesse presente, ele certamente não
permitiria isso. A quantia ultrapassava em muito trinta moedas
de prata que poderiam ter sido dadas aos pobres. Mas o Senhor
se agradou de sua queima.
Além do tipo de objetos mencionados acima, existem muitos
outros objetos questionáveis, os quais devemos eliminar. Alguns
deles são claramente pecaminosos, tais como instrumentos
utilizados em jogos de azar, figuras e livros inadequados. Essas
coisas precisam ser queimadas ou destruídas. Pode ser que
alguns objetos de luxo e coisas para a nossa própria satisfação
179
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
não se prestem à queima. De qualquer forma, eles precisam ser
eliminados. A queima, entretanto, é o princípio básico para
eliminar essas coisas.
Depois de crer no Senhor, a pessoa deve ir para casa e
examinar seus pertences. Na casa de um incrédulo sempre existe
alguma coisa relacionada com o pecado. Ele pode ter coisas não
condizentes com os santos. Coisas relacionadas com o pecado
devem ser queimadas ou destruídas, e não podem ser vendidas.
As vestes dos leprosos em Levítico 13 e 14 são uma boa
ilustração. Vestes contaminadas de lepra que não possam ser
lavadas devem ser queimadas, mas as que puderem devem ser
lavadas parar ser reutilizadas. Se o modelo da nossa roupa for
inconveniente, podemos modificá-lo. Algumas roupas talvez
sejam curtas demais, e possamos alongá-las. Outras talvez sejam
esquisitas, podemos torná-las mais discretas. Alguns objetos
não podem ser salvaguardados, pois contêm o elemento do
pecado. Nesse caso, devemos queimá-los. Os que podem ser
vendidos devem ser vendidos e o dinheiro ser ofertado ou dado
aos pobres.
Coisas impróprias devem ser eliminadas. Se cada recém-
convertido examinar completamente seus pertences, terá um
ótimo começo. Objetos relacionados a superstição devem ser
queimadas. Outros tipos de objetos podem ser modificados ou
vendidos após ser modificados. Uma vez que tenhamos aprendido
essa lição, nunca mais a esqueceremos por toda a nossa vida.
Precisamos perceber que ser cristão é uma questão muito prática,
não é apenas uma questão de ir à “igreja” e ouvir mensagens.
C. Restituindo o que Devemos
Um terceiro exemplo de clarificação do passado é visto no
caso de Zaqueu, quando restituiu o que devia aos outros. Logo
180
A nova vida e a nova maneira de vida
que foi salvo, Zaqueu disse ao Senhor que se ele tivesse tomado
qualquer coisa de alguém por falsas acusações, restituiria quatro
vezes mais (Lc 19:8). Restituir quatro vezes mais não é nem
uma lei, nem um princípio, mas uma conseqüência da salvação
dinâmica do Senhor, o mover do Espírito Santo e o impulso
interior da consciência. Isso estabelece um bom exemplo,
revelando-nos a maneira de tratar com dívidas materiais.
Depois que somos salvos, não é necessário escavar nossa
vida passada para ver a quem devemos e reembolsá-los. Mas,
se o Espírito Santo em nós nos faz cônscios do fato de que
devemos coisas materiais aos outros, então devemos seguir a
Sua orientação para restituir-lhes adequadamente.
Quanto à maneira de fazer restituição, há vários pontos
práticos que precisam ser levados em conta. Em primeiro
lugar, talvez no momento presente você esteja impossibilitado
financeiramente de saldar suas dívidas. Se sentir que o Espírito
Santo está exigindo que você trate com a questão imediatamente,
embora não possa fazer a restituição total, você ainda e deve fazer
o máximo para reembolsar o que deve e confessar o seu pecado à
pessoa a quem deve. Esse é o primeiro ponto a ser considerado.
Em segundo lugar, quando você restitui o que deve, algumas
vezes deve fazer com que isso seja sabido pela parte a quem você
defraudou, mas outras vezes você deve exercitar a sabedoria e
não deixá-lo saber. Se o fato de tornar a questão conhecida dele
não for beneficiar todos os que estão envolvidos, então você
pode restituir o que deve em segredo. Por exemplo: suponha
que você tenha roubado algo e que a vítima saiba que é você
quem cometeu o roubo. Se esse for o caso, então você deve
deixá-lo saber que está restituindo o que roubou dele. Por outro
lado, suponha que ele não esteja ciente do seu erro, e suponha
que informando-o a respeito disso, você possa causar mais
181
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
complicação e envolver outras partes, de modo a criar mais
problemas e causar dano a mais pessoas. Nessa circunstância,
você deve simplesmente reembolsá-lo em segredo, para que a
vítima não venha a sofrer qualquer prejuízo material e, ao mesmo
tempo, os outros não venham a ser implicados.
Em terceiro lugar, se a pessoa a quem você causou dano
não mais está viva, em princípio você poderia indenizar seus
parentes mais próximos, tal como sua esposa ou filhos. Em outras
palavras, você deve indenizar seus herdeiros legais. Se ninguém
puder ser encontrado para receber a indenização, em princípio,
é melhor ofertar para a igreja ou dar o dinheiro aos pobres.
Em quarto lugar, de quanto deve ser o reembolso? Deve
ser a quantia devida, duas vezes a quantia ou várias vezes a
quantia? Talvez seu sentimento não seja claro. Em tal situação,
a melhor coisa que você tem a fazer é ter comunhão com as
pessoas mais maduras na igreja. Em geral, tente ficar no meio
termo. Evite executar isso inadequadamente, não fazendo o
suficiente, de modo que sua consciência ainda fique condenada.
Evite também exagerar, fazendo em excesso, de modo que sua
consciência fique sobrecarregada. Não há regulamentos fixos
acerca de tais questões. Devemos tentar fazer o que for mais
adequado, ponderando cuidadosamente a situação e seguindo
a orientação do Espírito Santo.
Em resumo, a restituição de coisas materiais deve ser feita
com muita discrição porque, freqüentemente, ela envolve outras
pessoas. Algumas vezes pode envolver o governo, outras vezes
pode envolver indivíduos isolados e ainda outras vezes pode
envolver o relacionamento entre marido e esposa em uma família.
Portanto, quando efetuamos tais tratamentos, não devemos
meramente nos preocupar com a paz de nossa consciência e com
a nossa inocência diante do Senhor e negligenciar a segurança de
182
A nova vida e a nova maneira de vida
outros. Devemos evitar colocar os outros numa situação difícil
por causa das nossas decisões e atitudes. Portanto, precisamos
exercitar a sabedoria para lidar com as restituições de modo
adequado, para que as pessoas a quem causamos dano venham
a receber a compensação, enquanto outras partes não venham a
ser prejudicadas. Devemos ter em mente que o princípio básico
quanto a restituir o que devemos é que o Senhor possa ser
glorificado e que os outros possam ser beneficiados juntamente
conosco. Devemos lidar com a questão de fazer restituição de
acordo com esse princípio, de maneira que nenhum prejuízo
venha a ser causado a qualquer pessoa.
D. Pondo Fim à Velha Maneira de Vida
Após sermos salvos, devemos pôr fim à nossa velha maneira
de vida. Embora não possamos encontrar um exemplo definitivo
na Bíblia referente a esse ponto, podemos ver uma alusão a isso
na revelação de todo o Novo Testamento, ou seja, depois que
somos salvos, o desejo de Deus é que levemos diante Dele toda
pessoa, coisa e ocupação em nosso viver e observemos se ainda
estamos ligados a elas como estávamos nos dias do passado.
Se estivermos dispostos a ir diante do Senhor desse modo,
veremos que após sermos salvos mediante a regeneração,
não somente devemos abandonar os ídolos, destruir as coisas
demoníacas e imundas, e restituir o que devemos, mas também
devemos pôr fim, inteiramente, à nossa velha maneira de vida
e ter um novo início. Visto que a regeneração faz com que uma
nova vida seja dispensada para dentro de nós, espontaneamente
ela também nos introduz em um novo viver. A velha maneira,
de viver é terminada com a velha vida e a nova maneira de viver
é germinada com a nova vida. Isso não significa que deixamos
de ser maridos, pais ou estudantes, antes, isso significa que não
183
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
mais podemos ser maridos, pais ou estudantes como éramos no
passado. Nem significa que de agora em diante nossas casas devem
ser desprovidas de decoração, por exemplo, antes, significa que
a decoração deve ser diferente da anterior. Com relação a essas
coisas, nosso gosto interior, nossa disposição e nossos sentimentos
foram renovados e supridos pela nova natureza que recebemos.
Isso significa que a nossa velha vida, juntamente com nossa velha
maneira de viver, deve ser terminada.
Tal terminação não exige que escavemos o passado. Não é
uma questão de perguntar a nós mesmos a respeito de nossas
más ações no passado; é uma questão de perguntar a nós mesmos
se nós, como filhos de Deus, devemos ser os mesmos que antes.
Algumas pessoas são solidamente salvas, e imediatamente põem
fim à sua velha maneira de viver. Sua ambição e seu interesse
mundanos são transformados. Sua avaliação e seu conceito com
relação a pessoas, coisas e questões também são transformados.
Até mesmo o propósito de sua vida humana é diferente de antes.
Assim, podem livrar-se de todos os obstáculos e remover todos
os pesos, para que possam prosseguir vigorosamente no caminho
do Senhor. Isso não é um ensinamento, mas o operar do Espírito
Santo. Isso é totalmente uma questão referente ao novo homem
com um novo viver, tendo terminadas todas as coisas do viver
passado. Isso é a clarificação do passado.
Devemos levar essas cinco categorias de coisas – coisas
relacionadas com ídolos, coisas demoníacas e imundas, objetos
impróprios, coisas que devemos aos outros e todo o velho modo
de viver – diante de Deus, para que possam ser adequadamente
terminadas. Qualquer pessoa que não permite que o Espírito
faça um trabalho adequado nela quanto a essas questões, não
pode prosseguir com o Senhor de uma forma adequada. Embora
os tratamentos com essas questões não estejam baseados em
184
A nova vida e a nova maneira de vida
ensinamentos, leis ou regulamentos, eles certamente surgirão
se uma pessoa viver no espírito e for continuamente trabalhada
pelo Espírito.
F. Acabar com Questões não Resolvidas
Quando uma pessoa é salva, ela certamente está cercada de
muitas questões seculares não resolvidas, as quais podem, com
facilidade, impedi-la de seguir o Senhor. Que deve, então, fazer?
“Segue-me e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos”
(Mt 8:22). Essa é mais uma passagem bíblica a respeito de pôr
fim ao passado. Um homem veio a Jesus e Lhe disse: “Senhor,
permite-me ir primeiro sepultar meu pai” (v.21). O Senhor lhe
disse: “Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios
mortos” A palavra seus refere-se à primeira menção da palavra
mortos, enquanto a segunda menção de mortos refere-se ao
pai daquele homem. A primeira menção se refere aos que estão
espiritualmente mortos. Aos olhos de Deus, os que estão no
mundo estão espiritualmente mortos. O Senhor estava dizendo
que ele deveria deixar os mortos enterrarem seu pai, enquanto
ele deveria seguir o Senhor.
Não estamos desencorajando os recém convertidos de
realizar funerais para seus pais. O que estamos dizendo é que os
mortos devem enterrar seus próprios mortos. Devemos apossar-
nos desse princípio. Devemos abandonar questões inacabadas.
Se esperarmos até resolvê-las para depois nos tornarmos cristãos,
nunca teremos o tempo suficiente. Existem centenas e até
milhares de itens de assuntos inacabados em nossa família, com
nosso pai e em nossa vida. Nesse caso quem poderia tornar-se
cristão? Só existe uma expressão capaz de descrever o princípio
que está por trás de todas essas coisas: são pessoas mortas. Que
os próprios mortos enterrem seus mortos. Que aqueles que
185
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
estão espiritualmente mortos lidem com as questões dos mortos!
Esse é o princípio. Não se trata de encorajar recém convertidos
a negligenciar sua família. O que estamos dizendo é que não
devem esperar até ter resolvido todos os seus assuntos terrenos
para só então se voltar ao Senhor. Se for assim, quem poderá
seguir o Senhor.
Muitas pessoas querem resolver todos os seus assuntos antes
de crer no Senhor. Se fizerem isso, não terão oportunidade
de crer Nele. Não nos devemos prender pelas questões dos
mortos. Antes, devemos considerar as questões não resolvidas
como resolvidas. Se quisermos resolvê-las antes de seguir o
Senhor, jamais conseguiremos segui-Lo. Questões referentes a
ídolos, objetos impróprios e dívidas devem ser eliminadas por
completo. Quanto a outras questões não resolvidas, devemos
deixá-las como estão!
Com relação à atitude de um recém-convertido para com
o seu passado, o que encontramos na palavra de Deus são as
seis categorias de coisas citadas acima. Quanto a muitos outros
assuntos não resolvidos, devemos considerá-los resolvidos.
Quanto aos deveres familiares, devemos deixar os mortos
cuidarem dos mortos. Não temos tempo de lidar com eles.
Queremos seguir o Senhor. Não cabe a nós resolver essas
questões, que são para os mortos cuidarem. Que aqueles que
estão espiritualmente mortos lidem com elas. Vejam entretanto
que isto não refere-se a anular contratos ou coisas assim, mas que
nenhum item não resolvido pode ser um impedimento para que
alguém receba a salvação de Deus e a remissãos dos pecados.
V. A AMPLITUDE DA CLARIFICAÇÃO DO PASSADO
A amplitude da clarificação do passado é a “vida e paz”
faladas em Romanos 8:6. Vimos que a base da terminação do
186
A nova vida e a nova maneira de vida
passado é o mover do Espírito, que é o sentimento que nos é
dado por meio da unção interior do Espírito Santo. Se andarmos
de acordo com o Espírito, o resultado certamente será vida e
paz (Rm 8:5-6). Assim, vida e paz são o estágio para o qual nos
é exigida a clarificação do passado. Se seguirmos a exigência
de nossa percepção interior para restituir o que devemos, para
confessar nossos pecados, para eliminar coisas inadequadas,
demoníacas e imundas e para pôr fim à nossa velha maneira
de viver, teremos a sensação de que fomos fortalecidos,
iluminados, satisfeitos e vivificados, também teremos a sensação
de paz, segurança e a presença plena de Deus. Se fizermos uma
clarificação das coisas do passado e ainda sentirmos a falta de
plenitude e manifestação de vida e paz, podemos ter certeza
que não seguimos o Espírito ao máximo, ainda não satisfizemos
suficientemente a exigência do sentimento interior. Precisamos
confiar no Senhor quanto ao suprimento de graça, para que
possamos remover as coisas de modo mais completo, até que
estejamos plenos de vida e paz.
É claro que a sensação de vida e paz interiores não é
suficiente para provar que todo o nosso passado, que precisa ser
clarificado, já foi tratado. Isso somente indica que atendemos a
tudo de acordo com a exigência do nosso sentimento interior.
É possível que mais tarde, quando a vida interior crescer e
nossa consciência aumentar, sentiremos que há mais coisas
que precisam ser terminadas. Nesse momento, precisamos
novamente seguir a orientação desse sentimento e lidar com
todas as questões até que sintamos de novo vida e paz. Após
várias clarificações e tratamentos profundos, teremos removido
muito mais daquelas coisas, atos, relações e conceitos do
passado, que não estão agradando o Senhor. Podemos então
seguir o Senhor e prosseguir sem impedimentos.
187
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A nova vida e a nova maneira de vida

RESUMO A minh’alma alcançou luz que muito buscou,

A clarificação do passado, após sermos salvos, refere-se à Com Cristo no meu coração!
terminação de nosso viver anterior e de nossa conduta passada.
A Bíblia não dá qualquer atenção ao nosso procedimento Com Cristo no meu coração!
no passado, mas sim ao que fazemos a respeito após crer. Com Cristo no meu coração!
Clarificar o passado não é uma condição para a salvação, mas Alegria sem par vem meu ser inundar,
é uma conseqüência do desfrute da salvação. É necessária a Com Cristo no meu coração!
fim de que possamos ter uma vida cristã melhor, ter um bom
testemunho para o Senhor e segui-Lo em nosso caminho com 2 Eu liberto já estou do pecado voraz,
Ele. A prática da clarificação do passado não é de acordo com Com Cristo no meu coração!
a exigência dos regulamentos exteriores, mas de acordo com o As paixões da mi’a carne não me iludem mais,
mover interior do Espírito. Se deixarmos o Espírito trabalhar Com Cristo no meu coração!
em nós, Ele nos guiará a fazer a clarificação e a efetuar os
tratamentos pelo poder da vida interior. Embora a Bíblia não 3 O prazer deste mundo sabor já não tem,
tenha qualquer ensinamento claro a respeito de clarificar o Com Cristo no meu coração!
passado, o Novo Testamento contém alguns exemplos bem Ansiedades da vida não mais me detêm,
definidos: 1) abandonar os ídolos e as coisas pertinentes a Com Cristo no meu coração!
eles; 2) destruir as coisas demoníacas, imundas e impróprias;
3) restituir o que devemos e 4) pôr fim à velha maneira de 4 Já deixei de vagar e o caminho errar,
vida 5) acabar com questões não resolvidas. Isso certamente Com Cristo no meu coração!
aparecerá se vivermos no espírito e formos trabalhados pelo Paz real do Senhor posso então desfrutar,
Espírito. A amplitude da clarificação do passado é vida e paz. Com Cristo no meu coração!
Devemos fazer tal clarificação de modo completo e efetuar
tais tratamentos até que estejamos, interiormente, cheios de 5 O passado se foi, não o relembrarei,
vida e paz. Com Cristo no meu coração!
No caminho da luz para sempre andarei,
A CONSAGRAÇÃO – VIVER PARA O SENHOR Com Cristo no meu coração!

Hino 170
1 Que mudança gloriosa em mim se operou,
Com Cristo no meu coração!

188 189
 Capítulo Nove

O CRESCIMENTO DA VIDA

ESBOÇO
I. O QUE NÃO É CRESCIMENTO DE VIDA
A. Não é Melhora de Comportamento
B. Não é Expressão de Piedade
C. Crescimento de Vida não é Serviço Zeloso
D. Crescimento de Vida não é o Aumento de
Conhecimento
E. Crescimento de Vida não é Abundância de Dons
F. Crescimento de Vida não é o Aumento de Poder
II. CRESCIMENTO DE VIDA É O AUMENTO DO
ELEMENTO DIVINO.
III. CRESCIMENTO DE VIDA É A EXPANSÃO DA BASE
DO ESPÍRITO SANTO
IV. CRESCIMENTO DE VIDA É A DIMINUIÇÃO DO
ELEMENTO HUMANO NATURAL
V. CRESCIMENTO DE VIDA É O QUEBRANTAMENTO
DA VIDA NATURAL
VI. CRESCIMENTO DE VIDA É A SUBMISSÃO DE
TODAS AS PARTES DA ALMA
VII. VIVER NO SANTO DOS SANTOS
A. O Propósito: Comunhão Face a Face com Deus

191
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
B. A Era do Espírito da Realidade
VIII. CINCO FERRAMENTAS
A. Invocar o Nome do Senhor
B. Tomar a Palavra de Deus em Oração
C. Falar e Cantar Hinos
D. “Ruminar” a Palavra de Deus
E. Profetizar
IX. CONCLUSÃO
O Crescimento da Vida
Muitos cristãos estão satisfeitos apenas com a redenção
judicial, pensando ser este o objetivo do propósito eterno de
Deus e de Sua vontade.
No entanto, se lermos a Bíblia cuidadosamente, sob a luz do
Espírito Santo e da revelação da economia de Deus, veremos que
toda a obra que Cristo fez como Filho do homem aqui na terra,
a obra redentora, teve como objetivo fazer-nos filhos de Deus ao
obtermos a vida divina (Jo 10:10; 2Pe 1:4). Além disso, essa vida
precisa crescer. Para tanto necessitamos estar constantemente
reconciliados com Deus para servi-Lo. Deus também nos deu
a palavra da reconciliação e o ministério da reconciliação a fim
de levar outros a uma reconciliação ulterior com Ele.
Muitas pessoas estão satisfeitas com a redenção, mas não
sabem claramente porque Deus as salvou. Por meio da salvação
recebemos Deus, mas por que O recebemos? Seria somente para
sermos salvos do lago de fogo? Seria isso suficiente para Deus
e nós? Certamente, não, pois esse não é o propósito eterno de
Deus. Nós O ganhamos para que sejamos totalmente ganhos por
Ele, nos tornemos a Sua expressão e cooperemos com Ele para o
reino de Deus seja estabelecido na terra. Precisamos considerar
seriamente: no momento de nossa regeneração, ganhamos a
192
O crescimento de vida
Deus, mas quanto Ele tem ganho de nós? Temos de perguntar-
nos sempre: “Senhor, quanto de mim Tu já ganhaste? Quanto
tenho permitido que Tu ganhes de mim?” Esta é, portanto, a
função de quem tem o ministério da reconciliação: reconciliar
os cristãos ainda mais com Deus por meio de servi-Lo. Assim,
a todo tempo, teremos Sua doce presença, negaremos a nós
mesmos, cresceremos em vida, e seguiremos ao Senhor.
I. O QUE NÃO É CRESCIMENTO DE VIDA
Se desejamos ter mais crescimento de vida, precisamos
também saber o que é crescimento de vida. Há muitos irmãos
cujo amor para com o Senhor não se pode dizer que não seja
fervoroso, e o preço que tem pago pode não ser pequeno, mas ainda
assim, uma vez que não sabem o que é o verdadeiro crescimento
de vida, sua busca e desenvolvimento espiritual é impróprio
e não experimenta muito progresso. Conseqüentemente, o
verdadeiro crescimento de vida é bem limitado. Que pena! Por
isso, para que tenhamos um conhecimento e busca adequados
no caminho da vida, gastaremos um tempo para ver o que é
crescimento de vida.
Antes de ver o que é crescimento de vida, entretanto, vamos
dar uma olhada primeiramente no que não é crescimento de vida.
Isso nos impressionará mais profundamente e proporcionará um
conhecimento mais exato.
A. Não é Melhora de Comportamento
A melhora de comportamento representa a mudança do
comportamento de alguém de mal para bom, de maligno para
virtuoso. Isso é o que os homens comumente chamam de
renunciar os caminhos malignos e voltar ao caminho reto, ou
abandonar o mal e seguir a virtude. Por exemplo, um homem
193
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
que anteriormente era muito orgulhoso, mas agora é humilde.
Freqüentemente odiava os outros, agora, porém, os ama. Ele
normalmente era de temperamento explosivo e se enraivecia
com facilidade, agora seu temperamento se tornou longânimo e
já não mais se irrita facilmente. Tudo isso pode ser considerado
como melhora de comportamento. Quando o comportamento
de um homem melhora assim, será que isso é crescimento de
vida? A resposta pode ser não!
Por que dizemos que crescimento de vida não é melhora de
comportamento? Porque comportamento e vida definitivamente
pertencem a dois mundos diferentes.
Assim como o mal é diferente de vida, o bem também
o é. Assim como o mal não é vida o bem também não é.
Mal e bem, embora diferentes em natureza, pertencem à
mesma esfera: são diferentes de vida e não são vida. Assim,
na Bíblia, o bem e o mal não são duas árvores, mas uma só.
Vida é outra árvore, é de outra esfera, outro reino (Gn 2:9).
Podemos dizer que o bem e o mal por um lado, e a vida por
outro, definitivamente pertencem a duas categorias diferentes.
Assim, um homem, pela própria determinação e esforço, pode
melhorar consideravelmente o comportamento, no entanto
ainda pode ser bem imaturo e fraco na vida de Deus. Isso ocorre
porque sua melhora é inteiramente fora da vida, é fruto do
próprio esforço e não da vida. Assim sendo o que ele melhorou
com respeito ao seu comportamente pode ser produto apenas
do seu esforço natural, não tendo nada a ver com o crescimento
de vida. Por isso, o crescimento de vida não está relacionado
com a melhora de comportamento, ainda que o crescimento
da vida deverá resultar numa melhora de comportamento.
Evidentemente que tal aspecto não excusa alguém de não
buscar um comportamente melhor ou adequado.
194
O crescimento de vida
B. Não é Expressão de Piedade
O que é expressão de piedade? A expressão de piedade difere
da melhora de comportamento. Melhora de comportamento é
com relação aos homens, o que significa que o comportamento e o
caráter de alguém diante dos homens tornou-se melhor que antes.
A expressão de piedade é com relação a Deus, o que significa
que a atitude de alguém diante de Deus é cheia de reverência
e temor, além de ser dedicada e sincera. Todavia, quer seja uma
melhora de comportamento ou da expressão de piedade, ambos
não são necessariamente decorrentes do crescimento da vida
divina. Alguns crentes podem ser reverentes e dedicados a Deus,
não ousando ser desrespeitosos ou relaxados em procedimento
e ação. Não podemos dizer que essas expressões não são boas,
mas nenhuma delas em si mesmas são crescimento de vida. Tais
crentes somente olham para Deus como Aquele que está lá em
cima nas alturas, que é digno de reverência e temor. Por isso, têm
o coração de veneração e expressão de piedade.
Entretanto, tais pessoas podem não ter o menor conhecimento,
nem a mínima experiência do que diz respeito a Deus e Cristo
habitar no homem como vida do homem, nem quanto a Ele estar
no homem para tonar o homem como Deus, em vida e natureza,
mediante o operar da lei da vida. Embora tenha a expressão de
piedade, ainda assim tal expressão não é devido ao crescimento
da vida de Deus neles. Por isso, não é indicação de que têm o
crescimento de vida em si. Portanto, crescimento de vida também
não é uma mera expressão de piedade. Evidentemente tal aspecto
não excusa alguém de não buscar ser uma pessoa piedosa.
C. Crescimento de Vida não é Serviço Zeloso
Que é serviço zeloso? Significa que um crente anteriormente
indiferente e frio para com as coisas de Deus, agora deseja
195
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
entusiástica e insistentemente servir a Deus. No passado ele
raras vezes vinha às reuniões, agora está presente em todas.
Anteriormente não se preocupava com a igreja, agora participa
de todos os tipos de serviços da igreja. Embora tal serviço
zeloso manifeste o fervor de um crente para com o Senhor
e sua diligência em servi-Lo, e também seja freqüentemente
recomendado pelos homens, ainda assim tal zelo provavelmente
pode ser algo misturado com excitação e interesses humanos.
É também bem possível que tal serviço seja de acordo com o
poder anímico do homem e dependa da sua força e capacidade
naturais. Caso não provenha da liderança do Espírito Santo,
ou caso não dependa da vida de Cristo, ou caso conduza os
homens a ter uma união mais profunda com Deus, tal serviço
zeloso não é proveniente da vida e não é de vida. Logo, não é
crescimento de vida.
Vemos um exemplo assima na Bíblia. Antes de ser salvo,
o apóstolo Paulo serviu a Deus com zelo (At 22:3). Naquela
época embora não tivesse recebido a vida de Deus em si, ele
pôde servir a Deus exteriormente pela empolgação e força
próprias, de forma muito zelosa. Isso nos mostra que servir a
Deus zelosamente pode não ter qualquer relação com a vida.
Ela não indica necessariamente a condição de vida de alguém.
Por isso, crescimento de vida também não quer dizer serviço
zeloso. Evidentemente tal aspecto não poderá servir de excusa
para alguém não servir a Deus.
D. Crescimento de Vida não é o Aumento de Conhecimento
Embora o aumento de conhecimento espiritual de um crente
ao ouvir mais mensagens, conhecer mais verdades, compreender
mais da Bíblia e entender mais termos espirituais etc. seja um
tipo de crescimento ainda assim não é crescimento de vida.
196
O crescimento de vida
O aumento de tal conhecimento só faz a sua mente melhorar
e ser mais inteiramente versada, e ter mais compreensão ou
habilidade para entender. Não é que o Espírito Santo tenha dado
maior revelação no seu interior ou que a vida tenha ganho mais
terreno nele de modo que ele tenha crescimento no verdadeiro
conhecimento e experiência de Cristo como vida. O aumento
de tal conhecimento por si só faz os homens se tornarem
envaidecidos (1Co 8:1). Isso nada é diante de Deus (1Co 13:2) e
não tem qualquer valor de vida. Assim, crescimento de vida não
é aumento de conhecimento. Evidentemente isto não excusa
alguém de não buscar o conhecimento espiritual provenientes
da revelação e compreensão da Palavra de Deus.
E. Crescimento de Vida não é Abundância de Dons
Embora possuir muitos dons espirituais seja algo bem precioso
para um crente, tais habilidades para ministrar, curar, falar em
línguas etc., ainda assim isso também não é crescimento de vida.
Na verdade o poder miraculoso do Espírito Santo, que opera
sobre um crente é que faz com que ele exerça tais habilidades ou
dons. Não é porque a vida de Deus tenha crescido e amadurecido
nele que os dons miraculosos se manifestam. É possível, que por
um lado, que um homem usado pelo Espírito Santo manifeste
mais dons e, por outro, não permita ao Espírito Santo trabalhar
nele mais da vida de Deus. Assim, ter abundância de dons não
necessariamente significa crescimento de vida.
Os crentes em Corinto foram enriquecidos em toda palavra
e em todo conhecimento e não lhes faltava nenhum dom (1Co
1:5,7), no entanto em vida eram muito imaturos. De fato,
eram carnais e bebês em Cristo (1Co 3:1). Isso nos mostra
que crescimento de vida também não se refere a abundância
de dons.
197
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
F. Crescimento de Vida não é o Aumento de Poder
É possível que um crente seja mais poderoso do que antes
no serviço a Deus, na pregação ou ao testificar, é capaz de
influenciar homens mais do que antes, ao administrar a Igreja
ou ao gerenciar, tem mais sabedoria do que antes. Tudo isso é
aumento de poder, mas ainda não é crescimento em vida. Não
passa de poder externo que o Espírito Santo lhe outorgou. Não
significa que o Espírito Santo tenha realmente trabalhado a vida
nele e assim, mediante o seu espírito, tenha manifestado poder
de vida do seu interior. Por isso, a realização de feitos de poder
não indica que seja proveniente da vida, nem é vida. Dessa
forma, o aumento de tal poder também não quer dizer que seja
crescimento de vida.
Lucas 9 nos diz que no início todos os doze discípulos que
seguiram o Senhor receberam Dele poder e autoridade para
subjugar todo tipo de demônio e curar todo tipo de enfermidades.
Ainda assim, naquela época a condição da sua vida espiritual
era muito imatura. Isso é suficiente para mostrar-nos que o
aumento de poder não é crescimento de vida. Ainda mais
tarde, no livro de Atos, vemos que o próprio Apóstolo Pedro
foi usado para curar enfermos e até ressuscitar os mortos (At
9:32-32, 36-41), no entanto ao ser comissionado para levar o
evangelho aos gentios, respondeu ao Senhor “de modo nenhum”.
Pedro ainda agia de acordo com os seus conceitos naturais e
doutrinários, indicando como ainda precisava de crescimento
de vida mediante a transformação pela renovação da mente
(Atos 9:9-16; Romanos 12:1-2).
Com esses seis pontos vemos que não é mediante a melhora
no comportamento, pela expressão de piedade diante de Deus,
pelo zelo em servir a Deus, pelo aumento de conhecimento
espiritual, pela abundância em dons exteriores, ou pelo
198
O crescimento de vida
aumento de poder em obras, que temos crescimento em vida.
Nada disso é crescimento de vida. É pena que quase todos os
cristãos hoje tomem essas coisas como padrão para crescimento
de vida. Determinam se há ou não crescimento de vida em
um cristão olhando para o seu comportamento, piedade, zelo,
conhecimento, dons e poder. Tal modo de avaliar as coisas não
é exato. O cobre se parece muito com o ouro, mas não é ouro.
De modo semelhante, embora esses seis pontos de alguma forma
lembrem o crescimento de vida, não o são. É evidente que o
verdadeiro crescimento de vida manifestará esses aspectos até
certo ponto, mas medir crescimento de vida meramente por
esses seis pontos não está correto.
Então, afinal de contas, que é crescimento de vida? Isso requer
que consideremos esse assunto de novo, por outro ângulo:
II. CRESCIMENTO DE VIDA É O AUMENTO DO
ELEMENTO DIVINO
O aumento do elemento divino significa que mais do próprio
Deus foi acrescentado em nós, foi ganho por nós e tornou-se
nosso elemento cosntituinte. Já dissemos que a vida é o próprio
Deus e experimentar a vida é experimentá-Lo. Por isso, o
crescimento de vida é o aumento do elemento divino em nós,
até que tudo que é da Deidade seja totalmente trabalhado e
formado em nós para que possamos ser cheios até alcançarmos
a plenitude de Deus (Ef 3:19).
III. CRESCIMENTO DE VIDA
É A EXPANSÃO DA BASE DO ESPÍRITO SANTO
Já mencionamos também que a vida não somente é de
Deus, mas também é de Cristo e também do Espírito Santo.
Podemos dizer que experimentar vida a divina é o mesmo
199
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
que experimentar o Espírito Santo. Portanto, crescer em vida
também significa permitir que o Espírito ganhe mais terreno em
nós. Quando buscamos com mais afinco o operar do Espírito em
nós e somos diligentes em obedecer ao Seu ensinamento interior
como a unção, o próprio Espírito poderá então expandir a Sua
base em nós. Assim, a vida divina poderá crescer sobremaneira
em nós. Por isso, o crescimento de vida significa também que a
base do Espírito Santo se expande dentro do nosso ser.
IV. CRESCIMENTO DE VIDA É A DIMINUIÇÃO
DO ELEMENTO HUMANO NATURAL
Os pontos anteriores revelam que quando o elemento de
Deus, a estatura de Cristo e a base do Espírito aumentam em
um cristão, então a sua vida espiritual terá crescido. Todos
esses pontos referem-se ao lado divino. Agora veremos o que
ocorre do nosso lado, nos apecto de nossa vida humana e
natural. O crescimento de vida também está relacionado com a
diminuição do elemento humano natural, isto é, a diminuição
de nossa natureza Adâmica, da velha criação, o que também
significa a diminuição da característica do homem caído e o
aumento da característica do Deus-homem. Alguns irmãos são
muito entusiásticos, enquanto algumas irmãs são muito gentis.
Quanto à aparência exterior, parecem ter crescido em vida,
todavia eles podem estar cheios do elemento e da característica
humana natural. Não conseguem fazer-nos tocar o elemento
de Deus ou sentir a característica divina, que eleva a natureza
humana regenerada. Por isso, se quisermos ver se alguém
cresceu em vida, não podemos simplesmente observar como se
comporta exteriormente, quão devoto e zeloso seja, ou quanto
conhecimento, dons ou poder tenha. Antes, precisamos discernir
se há aumento do elemento de Deus nele, ou se, por outro lado,
200
O crescimento de vida
ainda está cheio do elemento humano natural. O decréscimo do
elemento humano natural, que é a vida da alma, corresponde ao
aumento do elemento divino. Se um crente realmente cresceu
em vida, a sua conversa, ações, maneira de viver ou trabalhar
precisam transmitir a percepção de que tudo isso não está de
acordo com o ele mesmo ou com conceitos meramente éticos,
mas de acordo com Deus. Assim, o crescimento de vida não
só é medido apenas pelo aumento do elemento de Deus, mas
também pelo decréscimo do elemento do homem natural.
Esse ponto é bem importante. Contudo, é bem difícil aos
irmãos aprenderem isso. Embora por muitos e muitos anos
tenhamos enfatizado este aspecto no ministério da palavra,
sentimos que ainda não fomos capazes de absorver esse ponto.
Já falamos algumas vezes até que todos concordassem acenando
com a cabeça, porém na hora de trazê-los para a prática real os
irmãos e irmãs ainda ponderam se houve alguma melhora no
comportamento ou no zêlo em servir etc., como se essas coisas
fossem padrão para determinar se houve crescimento de vida.
Uma vez, em determinado lugar, os irmãos responsáveis da
igreja falaram, unânimes, dizendo: “há uma irmã aqui que fala e
anda de forma firme e iluminada, e que é tão tranqüila e gentil,
realmente espiritual e cheia de vida”. Então lhes foi respondido:
“Se isso é ser espiritual ou ter vida, então quem sabe a Madre
Teresa de Calcutá, notória obreira católica, conhecida adoradora
da Virgem Maria, seja considerada ainda mais espiritual e
cheia de vida, porque ela parece ainda mais gentil e tranqüila
do que essa irmã”. Na verdade a sua tranqüilidade e candidez
estavam ainda impregnadas do aroma e do elemento humanos
naturais. Suas virtudes eram inteiramente provenientes do
esforço humano. Quando quisermos determinar a condição de
um crente em relação à vida, não podemos fazê-lo pelo que ele
201
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
manifesta exteriormente, mas precisamos perceber o “aroma”
e o elemento que ele manifesta. É o “aroma” de Deus ou o do
homem? É o elemento de Deus ou o do homem? Muitas vezes,
a nossa percepção exterior pode não ser exata, mas um “olfato”
acurado consegue desvendar o assunto. É possível que certa
peça de roupa pareça muito limpa, mas quando nós a tomamos
para cheirá-la, podemos perceber que ela estava impregnada
de odores de sujeira. Assim, se quisermos avaliar a condição
de alguém, em relação à vida, devemos perceber o seu “aroma
interior”. Isto também é uma habilidade espiritual que precisa
ser desenvolvida. Seria como os provadores de chá, os quais
mediante um só gole conseguem perceber o seu verdadeiro
sabor e qualidade.
V. CRESCIMENTO DE VIDA
É O QUEBRANTAMENTO DA VIDA NATURAL
O quebrantamento da vida natural de um crente é
também prova de seu crescimento de vida. Isso significa que
o Espírito Santo e a cruz lidaram tanto com o nosso próprio
poder, habilidade, visão e métodos naturais, que todos foram
quebrados. Por exemplo: veja um irmão que anteriormente em
seu comportamento e ações, no seu trabalho pelo Senhor em
administrar a igreja, dependia do seu poder, habilidade, visão
e métodos naturais. Em todas as coisas, confiava no próprio
poder e habilidade, usava o próprio conceito e método. Mais
tarde, a cruz lidou com ele e o Espírito Santo o disciplinou por
intermédio das circunstâncias de modo que a vida natural foi
pouco a pouco quebrada. Agora, quando chega para trabalhar
e gerenciar as coisas, não confia no próprio poder, habilidade,
visão e métodos. Tal homem, cuja vida natural foi quebrada,
aprendeu a não confiar mais no poder da vida natural ou a não
202
O crescimento de vida
viver por ela, mas constantemente depende do poder da vida
de Deus e vive por ela. Dessa forma, a vida nele pode crescer.
Assim, o crescimento de vida também signica o quebrantamento
da vida natural.
VI. CRESCIMENTO DE VIDA É A SUBMISSÃO DE
TODAS AS PARTES DA ALMA
Quando falamos sobre o que é libertação do pecado, devemos
prestar atenção à carne sendo crucificada, quando falamos do
que é crescimento de vida, devemos prestar atenção à alma
sendo subjugada. Positivamente falando, o crescimento de vida
é a expansão da base do Espírito Santo; negativamente falando,
significa que todas as partes da alma estão sendo subjugadas.
Toda pessoa que vive na vida natural vive pela alma. Todos
sabemos que a alma tem três partes: mente, emoção e vontade.
Por isso, viver pela alma é viver pela mente, emoção ou vontade.
A parte da alma de um homem que é particularmente forte e
proeminente é a própria parte pela qual esse homem vive. Ao
tocar as coisas, ele definitivamente usa aquela parte para lidar
com elas. Certa vez o irmão Nee disse que isso é semelhante
a um homem que descuidadamente caminha na direção um
muro; ao chocar-se, o seu nariz é sempre o primeiro a atingi-lo.
Seja qual for a parte do corpo que se sobressaia, essa atingirá o
muro primeiro. A situação da alma é semelhante. Se a mente
de alguém for particularmente forte, sempre que ele tocar
algo, a mente definitivamente virá primeiro. Se a emoção é
particularmente proeminente, ela virá primeiro. Se a emoção
é particularmente proeminente, toda vez que ele tocar algo, a
emoção se moverá primeiro. Se a vontade for particularmente
forte sempre que ele tocar algo, certamente será a vontade que
irá tomar a dianteira.
203
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Quando a cruz tiver lidado o suficiente com um homem,
todas as partes de sua alma são subjugadas. Sua mente, emoção
e vontade são todas quebradas e subjugadas, e não podem
projetar-se como antes. Sempre que toca algo, ele teme usar a
mente, emoção ou vontade. A mente não vem primeiro, e sim
o espírito. A emoção não é a primeira a se mover, mas o espírito
sim. Isso significa que não devemos permitir que a alma tome
a dianteira, mas que o espírito esteja na posição de cabeça e na
liderança. Não devemos viver pela alma, mas pelo espírito. Tais
pessoas têm crescimento em vida. Assim, crescer em vida é ter
todas as partes da alma subjugadas pelo Espírito.
Depois de ver esses pontos acerca do que é crescimento de
vida, passamos a conhecer que o verdadeiro crescimento de vida
é o aumento, o crescimento e a expansão da vida divina em nós.
Tudo isso, pode-se dizer, é o conhecimento fundamental que
se deve ter na busca de vida. Também está muito relacionado
com a experiência espiritual, que corre pelo exercício do
espírito aplicado ao nosso viver. Precisamos compreender
completamente e conhecer com exatidão todos esses pontos.
VII. Viver no Santo dos Santos
Como já vimos, no Antigo Testamento havia o tabernáculo,
que era a habitação de Deus no meio das tribos de Israel, o
qual representa o homem tripartido como o templo do Espírito
no Novo Testamento. Embora o Santo Lugar, representando a
nossa alma, fosse o lugar onde mais especificamente era prestado
o serviço a Deus, no Novo Testamento, por meio da carne de
Cristo em Sua morte redentora, foi aberto um novo e vivo
caminho para o Santo dos Santos (Hb 10:19,20), que representa
nosso espírito. Assim no NT podemos servir no espírito, ou seja
no Santo dos Santos. Em Romanos 8:6 vemos que não devemos
204
O crescimento de vida
pender a mente para a carne, mas para o espírito. Não devemos
colocar a mente no átrio exterior, no corpo, nas coisas terrenais.
Se assim o fizermos, o resultado será morte (v. 6a). Mas se a
mente é colocada sob o controle do espírito, o resultado é
vida e paz (v. 6b). Onde está o Espírito? Ele está no Santo dos
Santos, que é o nosso espírito. Onde temos colocado a mente:
no átrio exterior ou no Santo dos Santos? Estamos buscando o
proveito da carne ou do espírito? Para ajudar-nos, há um grupo
de pessoas, constituído pelos embaixadores de Cristo. Estes que
são os representantes de Cristo, rogam que nos reconciliemos
mais intimamente com Deus (2 Co 5:20).
A. O Propósito: Comunhão Face a Face com Deus
Precisamos entrar no Santo dos Santos. Apenas colocar
a mente no espírito não é suficiente; antes, precisamos ter a
mente totalmente saturada pelo Espírito. Isso ocorre sempre
que estamos reconciliados com Deus, em comunhão face a
face com Ele. Nesse momento não devemos pedir-Lhe coisa
alguma. Sem dúvida, há momentos em que devemos fazer-Lhe
petições, intercessões e ações de graças, mas esse momento no
Santo dos Santos tem um único objetivo: ter comunhão íntima,
face a face com Deus.
O exemplo seguinte nos ajudará a compreender melhor.
Um casal tem dois filhos, um menino e uma menina, de idades
diferentes; o menino é agitado e irrequieto, prefere estar sempre
brincando com seus amigos, enquanto a menina é tranqüila
e calma, preferindo permanecer sempre ao lado dos pais. O
menino se lembra dos pais somente quando precisa de alguma
coisa, enquanto a menina tem prazer em simplesmente ficar
com os pais. Qual das duas atitudes dá mais prazer e alegria aos
pais? Certamente, a atitude da menina.
205
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Algo semelhante acontece entre nós e Deus: Ele se satisfaz
conosco quando estamos em Sua presença. Por isso, devemos
ir a Ele, não apenas para pedir alguma coisa, mas também para
contemplá-Lo e desfrutá-Lo. Não sejamos os que se voltam para
Deus apenas para pedir-Lhe coisas; antes, aprendamos a dizer:
“Senhor, eu nada quero para mim, quero apenas Te contemplar, Te
desfrutar, Te amar. Quero apenas Tua rica pessoa comigo. Somente
isso me satisfaz”. Isso certamente satisfará a Deus ao extremo.
Somente servir a Deus no Santo Lugar não é suficiente,
pois precisamos da experiência de estar face a face com Ele no
Santo dos Santos. Para isso é necessário exercício. Não podemos
desanimar. Se ao iniciarmos essa experiência de comunhão,
formos “tentados” a pedir-Lhe algo, simplesmente devemos
ignorar esse desejo e dizer: “Senhor, nada quero pedir-Te agora,
quero apenas estar na Tua presença, livre de qualquer outra
preocupação”. É esse tipo de reconciliação que Deus deseja.
Isso fará com que a luz da glória de Deus brilhe sobre nós,
saturando-nos Dele mesmo, assim como ocorreu com Moisés
que foi à presença de Deus e seu rosto se encheu da glória Dele.
Essa é a nossa mais urgente necessidade.
O melhor momento do dia para termos esse momento de
comunhão é pela manhã1. Não que não possamos tê-lo em
outros momentos, mas pela manhã, logo ao acordar, estamos
livres de atividades ou de qualquer preocupação. Isso torna
mais fácil voltarmo-nos ao espírito. Que fazer nesse momento?
Devemos tomar dois ou três versículos da Bíblia, e lê-los
com oração, isto é, tomar as palavras que estamos lendo nos
versículos e transformá-las em nossa oração ao Senhor. Desse
modo, certamente sairemos da esfera da letra e, pelo exercício
do espírito, tocaremos na vida divina que está oculta naqueles
versículos. Isso poderá alimentar-nos espiritualmente por todo
206
O crescimento de vida
o dia. Todos os cristãos que têm praticado o orar-ler testificam
dos grandes benefícios espirituais que recebem.
B. A Era do Espírito da Realidade
Tudo o que fazemos precisa ser feito no espírito, isto é, ter
a presença do Senhor e ser feito em Sua presença. A leitura
da Bíblia, a comunhão com outros irmãos, a participação nas
reuniões da igreja e as orações precisam ter a presença de Deus.
Já vimos em outras ocasiões que já se passaram duas etapas de
dois mil anos da história da humanidade, e agora estamos nos
últimos dias do último período de dois mil anos. Esse período
é a era do Espírito da realidade (Jo 14). Por isso, não é tempo
de vivermos na carne nem na vida da alma como ocorreu com
os que viveram nas primeiras duas etapas de dois mil anos,
respectivamente. Na presente era os filhos de Deus precisam
viver pelo espírito. Quantos, porém, têm de fato vivido pelo
espírito? A carência desse viver entristece o Espírito de Deus.
Ele não quer que vivamos de acordo com a vida da alma, mas
que aprendamos a viver e a andar no espírito (Gl 5:25), onde
Ele habita. Nos diferentes serviços na igreja, nas reuniões com
outros irmãos, nas atividades domésticas, no trabalho, na escola,
enfim, seja onde for e o que estivermos fazendo, precisamos estar
no espírito, reconciliados com Deus.
Quando Moisés estava face a face com Deus, seu rosto se
enchia de glória e os judeus temiam fitar seus olhos nele por
causa de seu rosto resplandecente (Êx 34:29-35). O ministério
de Moisés, porém, era do Antigo Testamento. Seu rosto ficava
cheio da glória de Deus quando estava em Sua presença, mas
essa glória se desvanecia gradativamente, porque era apenas
exterior. Quando a glória sobre seu rosto se desvanecia,
Moisés o cobria com um véu (v. 35). Ao achegar-se outra vez
207
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
à presença de Deus, tirava o véu e seu rosto novamente era
saturado da Sua glória. Isso se repetia ciclicamente. Mas hoje,
no ministério do Novo Testamento, a glória não nos é infundida
exteriormente, mas habita interiormente, em nosso espírito! A
glória no ministério do Novo Testamento não se desvanece, mas
permanece (2 Co 3: 7 -11) .Essa glória é encontrada somente
quando estamos no espírito.
VIII. Cinco ferramentas
De acordo com a Bíblia e com a experiência cristã adequada,
há pelo menos cinco ferramentas que nos podem ajudar a
exercitar o espírito e a permanecer nele.
A. Invocar o Nome do Senhor
A primeira ferramenta é invocar o nome do Senhor. Essa
é uma prática saudável e amplamente citada ao longo de toda
a Bíblia. No entanto, o invocar tem de originar-se no espírito
(1 Co 12:3). Invocar o nome do Senhor é resultante de uma
necessidade e de um clamor interior. É como uma respiração
espiritual. Invocar apenas dos lábios para fora, sem o necessário
exercício do espírito, não tem nenhum efeito.
Ao invocarmos o nome de Jesus no espírito, estamos fazendo
a vontade do Pai que está nos céus. É esse o significado do que
o Senhor Jesus disse em Mateus 7:21 : “Nem todo o que me
diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. Para entrar
no reino do céus há um requisito: fazer a vontade do Pai. Os
que invocam o nome do Senhor de forma superficial e leviana
não são por Ele reconhecidos, antes serão apartados de Sua
presença naquele dia, sofrendo a disciplina de mil anos nas
trevas exteriores (v. 23 ).
208
O crescimento de vida
Os versículos que mencionamos acima parecem ser contra
o invocar o nome de Jesus. Isso pode ser resultado de uma
leitura superficial. O Senhor ali não está condenando o invocar
genuíno, e, sim, o invocar superficial, sem o desejo sincero de
fazer a vontade de Deus. Se repetimos o nome de Jesus como
mera fórmula, nenhum valor espiritual há; mas se o invocar
tiver origem em nosso espírito, resultante da percepção de que
nada somos e nada podemos fazer, então certamente estaremos
aptos para desfrutar a realidade do reino dos céus.
Romanos 10 é outra importante passagem sobre esse
assunto. Paulo ali revela que primeiramente precisamos crer
no coração e, então, de modo espontâneo, nossa boca se abre
para invocá-Lo (v. 9). Isso ocorre naturalmente com todo o que
crê. “Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo” (v.
13). Esse invocar certamente é proveniente do espírito, e nos
leva à presença de Deus, salva-nos de nós mesmos. Portanto,
por invocar, somos salvos a cada momento e somos mais
reconciliados com Deus.
Já vimos claramente que alimentarmos do Senhor é o modo
de desfrutá-Lo. Alimentar-se do Senhor, que é uma expressão
espiritual, pode ser praticado mediante o invocar do Senhor.
Invocar o Senhor é uma maneira simples de desfrutá-Lo. Essa
luz, esse fato maravilhoso, esteve enterrada por muitos anos
entre os cristãos. Por várias gerações, embora muitos buscassem
Deus, eles não viram definitivamente que invocar o nome do
Senhor é um excelente modo de desfrutá-Lo. Se lermos a Bíblia
toda com cuidado, veremos que o invocar do Senhor já estava no
Antigo Testamento. Ali encontramos que desde o nascimento de
Enos, na terceira geração da humanidade (Gn 4:26), os homens
já invocavam o nome do Senhor. Já vimos em Lamentações
3:55-56 que o invocar do Senhor é uma respiração celestial.
209
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Quando O invocamos, passamos a inalá-Lo. Respirando dessa
maneira, desfrutamos o ar fresco espiritual, que só o próprio
Senhor pode oferecer-nos.
Sempre podemos usar coisas físicas como ilustração de
questões espirituais. Desfrutar o Senhor em nosso espírito
é como a respiração física. Assim como o corpo inala o ar
fresco por meio da respiração, também o nosso espírito inala
o Senhor quando invocamos o Seu nome. Todos podemos ter
esta experiência. Sempre que nos abrimos de fato ao Senhor,
invocando o Seu nome, temos a sensação da Sua presença
em nós. Quanto mais invocamos, mais somos regados por
Ele. Quanto mais invocamos, mais plenos Dele ficamos. Ele
é o Senhor de tudo! Quando entra em nós, Ele é tudo o que
precisamos e pode suprir todas as nossas reais necessidades.
Em Deuteronômio, Moisés disse ao povo de Deus que
Jeová nosso Deus está perto de todos os que O invocam (4:7).
Você quer que Deus esteja perto de você? Quer ter a presença
de Deus? Então deve invocá-Lo. Tente. Quer esteja em casa,
andando na rua, dirigindo, comendo ou mesmo conversando,
quando você invoca: “Ó Senhor!”, Ele pode estar bem em
frente de você. Isso não é superstição nem imaginação. Todos
precisamos ter e desenvolver a prática de Invocar o Senhor!
Na tradução chinesa da Bíblia, o termo invocar é orar. Na
verdade, invocar é mais próximo do sentido da língua original
do que orar. Invocar não é apenas orar, mas também chamar
em voz alta. Por exemplo: se minha casa estiver em chamas e
eu for a você para lhe contar e pedir ajuda, isso seria como orar.
Mas se eu gritar: “fogo! fogo! venha cá depressa!”, isso é como
invocar. Os que já provaram podem testificar que invocar é a
maneira mais prático e efetiva de orar. Por exemplo: quando
um filho de uma irmã é desobediente, ela leva o nome do filho
210
O crescimento de vida
perante o Senhor invocando. Depois de invocar o Senhor assim,
se o Senhor responde à oração dela ou não, é secundário; o
importante é que ela inalou o Senhor. Desse modo ela é tocada
pelo Senhor interiormente e recebe a provisão Dele. Cada um
de nós deve ter a prática de invocar o Senhor!
Até hoje muitos cristãos oram, mas ainda não invocam o
Senhor. É fácil fazer uma oração silenciosa, mas invocar em
voz alta já não é tão fácil. Lamentavelmente alguns até aqui
ainda não concordam com o invocar. Certa ocasião após termos
falado sobre o invocar em certa cidade, algumas irmãs vieram
dizer: “será que Deus é surdo para que tenhamos de invocar
gritando?” O que podemos responder é algo bem concreto.
Invoquem o Senhor e sentirão a Sua doçura; invoquem e
serão regadas por Ele; invoquem o Senhor e vocês O tocarão!
Gostariam de tentar? Ainda naquela ocasião foi dito aquelas
irmãs: “se discutirmos sobre isto baseado no modo como
pensam, não faremos nada, pois a Bíblia nos diz que Deus
conhece as nossas necessidades antes mesmo que peçamos
a Ele (Mt 6:8). Será, então, que nem devemos orar? Assim
nós invocamos em voz alta não porque Deus seja surdo, mas
porque traz proveito para nós”.
Lamentações 3:55 diz: “Da mais profunda cova, Senhor,
invoquei o teu nome”. Quando a sua esposa lhe causa problemas
em casa, você atinge o fundo do poço. Nessa hora orar parece
que não traz proveito. Precisamos invocar. Se invocamos em
voz alta por algum tempo, quando estamos sob pressão, nós
poderemos romper as barreiras e pôr-nos acima dos sentimentos
e dos problemas. Muitas vezes o invocar do nome do Senhor é
para que os demônios ouçam e recuem. Quando estivermos para
perder a calma, talvez não tenhamos tempo de afastarmos do
lugar para orar, mas certamente podemos rapidamente invocar o
211
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Senhor. Invocar o Senhor é o melhor modo de expelir o demônio
que nos faz perder a calma e o demônio encrenqueiro.
B. Tomar a Palavra de Deus em Oração
A segunda ferramenta é tomar a palavra de Deus em oração.
Efésios 6: 17, 18 diz-nos que devemos tomar a espada do Espírito,
que é a Palavra de Deus, com toda a oração e súplica, orando em
todo tempo no Espírito. Isso significa simplesmente usar o texto
da Bíblia como o conteúdo de nossas orações, assim, estaremos
não apenas lendo a Bíblia, mas orando-lendo. Devemos mesclar
a leitura da Bíblia com a oração e também orar usando as
próprias palavras da Bíblia.
Muitos gostam de memorizar a Bíblia, isso é proveitoso, mas
apenas em parte, por tratar-se somente de um exercício da mente,
não do espírito. Mas ao praticarmos a oração com a leitura da
Bíblia e vice-versa, espontaneamente estaremos depositando essas
palavras em nosso espírito. Se praticarmos isso por algum tempo
veremos uma grande mudança em nossa vida espiritual.
Um exemplo simples de ler-orar seria como o de ascender
um fósforo. Para tal é necessário friccionar o palito, com o lado
correto, na caixa, onde deve também ser apoiado na superfície
adequada. Agora imaginem se a caixa está molhada, ou o próprio
palito umedecido, evidentemente, não haveria fogo. A caixa
representa a palavra constante, que está na Bíblia, enquanto o
palito representa o nosso espírito. Se usarmos o palito do lado
errado, seria como usarmos somente a mente para contatar a
Palavra. Neste caso tampouco haveria fogo. Temos de usar o
espírito, o lado certo do palito, com a Palavra, a caixa na superfície
porosa, assim certamente haverá fogo. Tente, experimente!
Tomar a Palavra de Deus com oração é também uma marca
da igreja em Filadélfia, a qual permanece saudável até a volta do
212
O crescimento de vida
Senhor, com a promessa de serem salvos da hora da provação, que
virá para experimentar os que habitam sobre a terra (Ap 3:8-10).
C. Falar e Cantar Hinos
De acordo com o conceito popular, os hinos foram compostos
para serem cantados, mas o conceito bíblico não é esse. Efésios
5: 18 diz que não devemos embriagar-nos com vinho no qual há
dissolução, mas encher-nos do Espírito. Essa relação indica que
quando estamos cheios do Espírito parecemo-nos com pessoas
embriagadas. Essa “embriaguez” é diferente, ela não remove a
sobriedade, mas aguça os sentidos espirituais e inibe a ação da
carne, agradando ao Senhor. Uma pessoa “embriagada” do Espírito
de Deus tem seu espírito liberado, sem as restrições da alma. E
qual é o caminho prático para fazermos isso? O versículo 19
complementa: “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos
espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”
(VRC}. A ordem é bem clara: primeiramente falamos os hinos
para depois cantá-los. Essa é a cultura de Deus, e não a humana.
Os salmos, hinos e cânticos espirituais existem para serem
primeiramente falados entre nós, depois, serem cantados.
Apenas cantar os hinos pode sensibilizar tão somente
nossa emoção. Mas quando nós os falamos somos levados ao
espírito, tocados pela revelação das letras que falam de verdades
espirituais. Desse modo, não somos apenas “embalados” pelas
melodias, mas penetramos no conteúdo profundo da letra do
hino. Cada hino, na verdade, é uma mensagem. Há muitas
riquezas escondidas ali que podem suprir-nos abundantemente,
se soubermos encontrá-las e explorá-las.
A prática de falar e cantar os hinos é uma das maneiras mais
simples de liberarmos o espírito. Os hinos espirituais adequados, por
trazerem a revelação profunda de Deus na Bíblia, são, juntamente
213
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
com ela, duas ferramentas indispensáveis para os cristãos
exercitarem permanecer no espírito e alimentar-se de Cristo.
Os cânticos possuem conteúdo. Eles devem ser mais
ritmados para ajudar no exercicio do espírito. Por serem de fácil
absorção da letra, podem até mesmo serem cantados sem o uso
de hinários. São muito úteis para “levantar” a reunião.
Os hinos e salmos possuem maior conteúdo. Eles apresentam
a revelação da Palavra e as experiências com a Palavra. Devem
ser harmoniosas, mas sem descuidar do ritmo, para não
tenderem demasidamente para o lado emocional. Se forem bem
exploradas, poderão ajudar muito na constituição dos crentes.
O cântico de Moisés em Deuteronômio 32 possui 47 versos ()e
faz uma síntese da lei e da história de Israel, encorajando o povo
a possuir a sua herança. Sem dúvida é uma boa referência para
como se deve ser usada a Palavra, como conteúdo de nossos
hinos e salmos.
D. “Ruminar” a Palavra de Deus
Para muitos cristãos, o termo ruminar pode soar estranho,
mas é, na verdade, uma prática bíblica. O Senhor disse que nós,
Seus discípulos e seguidores, somos Suas ovelhas, as quais são
animais ruminantes.
A digestão de um ruminante se inicia na boca com a
mastigação e a salivação, onde ocorre a trituração do alimento
e a digestão pelas enzimas da saliva. O bolo alimentar, então,
desce ao estômago onde novamente é digerido pelo suco gástrico
e movimentos peristálticos estomacais. Após um tempo esse
bolo alimentar é regurgitado, isto é, retorna à boca para ser uma
vez mais mastigado. Novamente o bolo alimentar retorna ao
estômago, e depois de passar pelos outros três compartimentos,
por fim alcança o intestino, onde será absorvido.
214
O crescimento de vida
Os animais imundos, de acordo com a classificação de
Levítico 11, como os porcos e os cães, não são ruminantes, pois
praticamente não mastigam o alimento. O processo digestivo
deles, apesar de rápido, não aproveita todos os nutrientes como
o dos ruminantes.
No âmbito espiritual ocorre algo muito similar. Nosso
alimento espiritual é Cristo como a Palavra. Ela não deve apenas
ser guardada na mente, antes, é necessário “ruminá-la”, digeri-
la, uma e outra vez mais, até extrairmos todos seus nutrientes
espirituais, toda a luz, toda a revelação, todo o encorajamento,
e toda a vida divina. Assim ela não ficará arquivada em nossa
mente como mera informação doutrinária, mas estará em nosso
espírito como alimento. Quanto mais ruminamos a Palavra de
Deus, mais alimento, luz e revelação conseguiremos ter.
Em Cântico dos Cânticos vemos a camponesa perguntando
a seu amado onde ele apascentava o rebanho ao meio dia (1:7).
Ao meio-dia as ovelhas não costumam pastar, mas repousar.
Durante o repouso as ovelhas ruminam o que comeram, até
que finalmente o pasto transforme-se em leite. O mesmo ocorre
com a Palavra de Deus: quanto mais a ruminamos, quanto mais
consideramos sobre ela, mais digerível elas e toma, até tomar-
se alimento em nós com o qual podemos alimentar outros.
Devemos tomar o encargo de ruminar para o nosso próprio bem
e o de outros com quem tenhamos contato. Por termos de usar o
espírito para ruminar, seremos uma vez mais reconciliados com
Deus, teremos uma vez mais Sua presença.
O encargo remendador da rede do Apóstolo João inclui,
certamente, como absorver e praticar a Palavra de Deus. De
acordo com a história, João foi para a cidade de Éfeso e lá
procurou ajudar os crentes a praticar a Palavra, de acordo
com a revelação que recebera na ilha de Patmos, onde o
215
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Senhor Jesus apareceu para ele e deu-lhe as 4 grandes visões
registradas no livro do Apocalipse. Na sua 1ª Epístola, o
apóstolo João mostra o processo da palavra até que ela seja
a nossa constituição. Ouvir, ver com os próprios olhos,
contemplar e apalpar o verbo da vida, que é a Palavra de
Deus, e que é o próprio Deus encarnado na Palavra (1João
1:1-4), indica o caminho que a palavra deve percorrer até ser
nossa. Isto ocorre pelo ruminar da Palavra. É uma segurança
para nós, para que a palavra não seja conhecimento apenas,
mas a nossa vida. Somente uma pessoa madura como João,
saberia dar tal ênfase. Via de regra o homem natural deseja
novidades. Aquilo que ele sabe, logo já despreza ou orgulha-
se, mas se coloca em prática, logo descobrirá que precisa do
Senhor e de Sua provisão de vida para que a Palavra torne-se
real em sua experiência. Ruminar é constituir-se da Palavra
da vida.
E. Profetizar
O quinto e último instrumento que nos ajuda a permanecer
no espírito é o profetizar. No Novo Testamento, profetizar não
tem o significado principal de predizer o futuro, mas de falar por
Deus. A Bíblia nos mostra que cada cristão pode profetizar (1 Co
14:31). Em1 Coríntios 12:1-3 lemos que antes de conhecermos
o Senhor, por adorarmos ídolos mudos, éramos também mudos.
Mas agora adoramos ao Deus vivo e verdadeiro, ao Deus que
fala, ao Deus que é a própria Palavra, portanto, podemos e
devemos falar por Deus.
O apóstolo Paulo diz que ninguém pode dizer: “Jesus é o
Senhor” ou “Senhor Jesus” senão pelo Espírito Santo (v. 3).
Falar “Jesus é o Senhor” ou “Senhor Jesus” é a primeira forma
de profetizar. Gradativamente, à medida que nos exercitamos,
216
O crescimento de vida
nosso profetizar terá mais conteúdo espiritual, pois teremos mais
experiências com o Senhor e com Sua Palavra.
De acordo com a Bíblia, nas reuniões da igreja deveria haver
muitos irmãos falando. No sistema religioso tradiciona apenas
um grande orador fala enquanto os demais apenas ouvem.
Isso não é normal nem bíblico. Como membros do Corpo de
Cristo, todos os filhos de Deus devem falar por Deus. Todavia,
esse falar deve ter o objetivo de edificar os irmãos, portanto,
não podemos falar de qualquer maneira, ou seja, cada qual
tratando de um tema em particular. Isso gerará mais confusão
e diluirá o que Deus desejaria falar por meio de Seus filhos.
O ideal é que o profetizar mútuo nas reuniões seja conduzido
dentro de uma linha, de um assunto. Se todos falarem dentro
de um tema específico, certamente haverá maior proveito e
edificação do que se cada um trouxer temas variados e distintos.
Para isso é necessário que todos estejam no espírito e exercitem
constantemente o profetizar.
A vida da igreja normal oferece muitas situações e
oportunidades para o exercício do profetizar. Seja nas grandes ou
pequenas reuniões, seja no trabalho, em casa, ou no caminho,
podemos profetizar. Cada um deve considerar sua medida,
não é possível imaginar que todos possuirão a mesma porção
ou encargo, no entanto todos podem profetizar. Este dom é o
melhor na edificação, por isso é uma prática na igreja. Devemos
lembrar que a meta da edificação é que todos cheguemos na
estatura de Cristo (Ef 4:11-13). Assim todos devem valorizar
e aproveitar as oportunidades para exercitar o profetizar. Isto
é sábio e reverterá seguramente em crescimento de vida. Não
fique em si mesmo, mas saia de si exercitando o profetizar em
cada situação e em todo o lugar.
Que tal começar este exercício nas reuniões da igreja?
217
 IX. Conclusão 4. Tua luz vem mostrar
Esperamos que todos os leitores usem essas cinco “ferramentas” Que sempre estamos a falhar;
a fim de viver no espírito. Elas não devem ser tomadas como Mas esperança há,
regras, fórmulas ou métodos, pois sua mera repetição de nada Pois a semente em nós germinará.
valerá. O crucial é que cada uma delas seja usada no espírito, pois Cresce, Senhor, mais em nós.
seu objetivo é levar-nos a viver e andar no espírito. É no espírito
que temos vida, pois é o Espírito, que habita em nosso espírito, que 5. Pobres no espírito,
dá vida. Assim, certamente cresceremos até chegar à maturidade, Assim, Senhor, nos vem fazer;
até sermos varão perfeito em Cristo e, por fim, vencedores para Dá vida a nosso ser ?
reinar com Ele em Seu reino vindouro. É esta vida que nos faz crescer.
Cresce, Senhor, mais em nós.
ANELOS- POR MAIS CRESCIMENTO EM VIDA
6. Senhor Jesus, nos dá
Hino 197 Um limpo e puro coração;
1. Rogamos-Te, Senhor, Satura-nos então,
Oh! nos ensina a orar! Renova mente, vontade e emoção.
A Ti nos faz voltar, Cresce, Senhor, mais em nós.
E cada dia mais Te invocar.
Cresce, Senhor, mais em nós. 7. Constrange-nos, Senhor,
A cada dia Te comer;
2. O grão da vida és, O grão há de crescer
Plantado em nosso coração; E assim Teu reino se estabelecer ?
Tens um início então, Cresce, Senhor, mais em nós.
E Tua vida é nossa provisão.
Cresce, Senhor, mais em nós. 8. Amém por tal crescer!
A Tua vida tem poder;
3. Vem nos amolecer; Renova nosso ser;
De nossa origem ‘stás a par; Iremos certamente em Ti crescer ?
E ao Te invocar Cresce, Senhor, mais em nós.
Vem remover as pedras, nos lavrar. Cresce, Senhor, mais em nós.
Cresce, Senhor, mais em nós.

219
 Capítulo Dez

A IGREJA

ESBOÇO
I. O QUE É A IGREJA
A. O Mistério da Vontade de Deus
B. Assembléia dos que Foram Chamados
C. O Corpo de Cristo
D. A Obra Prima de Deus
E. A Família de Deus
F. A Casa de Deus
G. O Novo Homem
H. A Noiva de Cristo
I. A Guerreira
J. O Testemunho de Jesus Cristo
K. O Candelabro de Ouro
L. A Nova Jerusalém
II. OS ELEMENTOS CONSTITUINTES DA IGREJA
III. OS DOIS ASPECTOS DA IGREJA
A. O Aspecto Universal
B. O Aspecto Local
IV. A DESIGNAÇÃO DA IGREJA
A. Ela não tem Nenhum Nome Especial
B. Ela pode ser Designada pelo Nome de sua Cidade
V. SEU FUNDAMENTO

221
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
VI. SUA BASE
A. A Base da Igreja está Fundamentada no Nome e na
Palavra do Senhor – Ap 3:7
B. A Igreja do Senhor não pode Promover nada ou
Praticar nada que não esteja dentro do limite do Nome
e da Palavra do Senhor – devemos Conservar o mesmo
Princípio que Governou o Ministério de WN, que diz:
“A Bíblia é o nosso único padrão”
C. A Base da Unidade na Igreja Apóia-se no Nome, na
Palavra e na Glória do Senhor – Jo 17:11, 19-21, 22-23
VII. GOVERNO E A AUTORIDADE NA IGREJA
A. O Governo Divino e a Autoridade – Hb 1:2-3; Gn
1:1, 26-28; Is 14; Ez 28
B. O Governo da Igreja – Mt 6:10; 16:18-19; Fp 1:1; At
14:23; 20:28; Tt 1:5; At 6:1-6
C. A Autoridade na Igreja é uma Questão de Vida – Gn
49:8-12; Ez 19:10-11
D. O Sacerdócio Real
A IGREJA
A igreja é o meio pelo qual Deus pode cumprir Seu plano
eterno. Cada um de nós que é salvo deve participar nessa meta,
para que Deus obtenha o desejo do Seu coração segundo o Seu bom
prazer, que é o de estabelecer o Seu reino nesta terra, consumando
assim a Nova Jerusalém. Portanto, devemos conhecer a igreja.
I. O QUE É A IGREJA
A. O Mistério da Vontade de Deus
“Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o
seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir
222
A igreja
nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas,
tanto as do céu, como as da terra;”. (Ef 1:19)
Deus tem uma vontade, um propósito e esse propósito é
segundo o seu beneplácito, o seu bom prazer. Deus tem um
bom prazer, a partir daí uma vontade e um propósito, o que
resulta num plano. Chamamos esse plano de “A Economia de
Deus”. Deus tem uma economia oculta em Si mesmo. Se Ele
não a revelasse, ninguém a conheceria. A vontade de Deus
tornou-se o mistério da Sua vontade. Este mistério outrora,
jamais foi revelado, como Paulo escreveu em Efésios 3:5 “o
qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos
dos homens”. “Outras Gerações” englobam duas eras: a Era
da Dispensação dos Patriarcas e a Era da dispensação da Lei.
Nessas duas eras, Deus não revelou o mistério da Sua vontade
aos homens. No Velho Testamento, Deus também tinha Sua
economia, mas eles não conheciam exatamente porque Ele
determinou as coisas daquela maneira. Por exemplo, Deus
ordenou que o povo de Israel fizesse certas coisas (como
sacrifícios, ofertas, edificar o tabernáculo, guardar dias e festas
etc) e eles o fizeram, mas não sabiam bem o seu significado.
Mas, graças ao Senhor, o ensinamento dos apóstolos no-lo
revelou. Ao longo de quase dois mil anos, o real significado
das coisas de Deus tem sido negligenciado, mas hoje, por meio
da igreja, podemos entender e praticar o que Ele planejou, ou
seja, a economia de Deus.
Para executar a Sua economia, Deus tem um arranjo seqüencial
de coisas, passo por passo, até que a última etapa seja concluída,
quando então Cristo encabeçará todas as coisas. Em cada época,
Deus tem o Seu mover, para levar a cabo a Sua economia.
Colossenses 1:25 diz: “da qual me tornei ministro de acordo
com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a
223
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus”.
Deus deu a Paulo uma dispensação, um mordomado, que em
grego é oikonomia. Paulo tornou-se um ministro da igreja para
completar a economia de Deus. Esse ministério foi confiado a
Paulo a nosso favor, para que por meio dele a palavra de Deus
pudesse ser completada e nós pudéssemos ser supridos por meio
desta palavra. E também, para que essas palavras pudessem ser
reveladas a nós, a fim de podermos levar a cabo a palavra de
Deus. Colossenses 1:26 diz: “o mistério que estivera oculto dos
séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus
santos”. Que é este mistério? Em Colossenses 2:2b lemos que
o mistério de Deus é Cristo, portanto, o mistério da vontade
e Deus é Cristo. Em Mateus 16, Deus revelou Cristo. Quem é
Jesus? Ele é “o Cristo, o filho do Deus vivo”(v. 16). Em Efésios
3:4 lemos “o mistério de Cristo”. Qual é o mistério de Cristo?
O versículo 9 diz: “e manifestar qual seja a dispensação do
mistério “e no versículo 10 encontramos a resposta “para que,
pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida
agora dos principados e potestades nos lugares celestiais”.
Agora sabemos o que é o mistério de Cristo. É a igreja. Isto
realmente é a multiforme sabedoria de Deus. Esta sabedoria
é segundo o eterno propósito que Deus estabeleceu em Jesus
Cristo nosso Senhor (Ef3:11). Este é o mistério da vontade
de Deus.
No Velho Testamento vemos que Deus criou Adão, chamou
Abraão, usou Moisés e escolheu Davi para reinar. Mas de
quem Deus mais se agrada? Não é de Adão, nem de Abraão,
Moisés ou Davi; mas é de Seu filho, Jesus Cristo e de nós os
“seus irmãos”, que é a igreja, a qual executa hoje a economia
de Deus, exercendo o Seu domínio sobre a terra e expressando
o próprio Deus.
224
A igreja
B. Assembléia dos que Foram Chamados
“Sobre esta rocha [Eu, Cristo] edificarei a minha igreja”.
(Mt 16:18, Gr)
A igreja é o que Cristo edificará mediante a Sua morte,
ressurreição e ascensão. O termo “igreja” é ekklesia, em grego,
o qual significa a assembléia dos que foram chamados para
fora. Assim, de acordo com o seu significado literal, a igreja é
a congregação que foi chamada por Deus para fora do mundo.
Não é um templo cristão ou qualquer edifício destinado à
adoração de Deus.
C. O Corpo de Cristo
“A igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a
tudo enche em todas as coisas”. (Ef1:22-23)
A igreja é o Corpo de Cristo, com Cristo como a Cabeça.
Ela se destina a Cristo e é constituída de Sua vida, e de todos os
que crêem Nele. É um organismo vivo e não uma organização
humana, tais como os clubes e associações na sociedade.
O corpo de um homem é a sua plenitude, a sua expressão.
Igualmente, a igreja é a plenitude de Cristo, a expressão Dele.
Visto que Cristo é Aquele que é ilimitado, extensivo, e que a
tudo enche em todas as coisas, Ele precisa de um grande Corpo
para ser a plenitude de Si mesmo, para expressá-Lo em todas
as coisas.
D. A Obra Prima de Deus
“pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas
obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas”. (Ef 2:10)
A palavra grega para feitura é poiema, que significa obra-
prima, ou algo que foi escrito ou composto como um poema.
225
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Não somente escritos poéticos, mas qualquer obra de arte que
expresse a sabedoria e a intenção do que a faz é um poiema. Nós,
a igreja, a obra-prima das coisas que Deus fez, somos também
como um poema, expressando a infinita sabedoria de Deus e o
Seu plano divino. A criação do universo é bela demais. Deus
também criou o homem e o espírito humano dentro dele. Mas
a melhor de todas as obras que Deus fez somos nós, a igreja. Ele
criou Adão, chamou Abraão fazendo-o pai da raça chamada,
usou Moisés para conduzir o Seu povo à terra de Canaã, amou
muito a Davi e a seu filho que edificou o templo. Mas, entre
todas as coisas, a igreja é a sua obra prima. Aleluia!
Um artista tem muitas obras, mas existe uma dentre todas
que é a sua melhor obra, esta é a sua obra-prima. Um oleiro que
deseja fazer um bom vaso usará a melhor argila, pois se a argila
não for boa, ele não terá uma boa obra.
A obra prima de Deus é a igreja. Os materiais para tal obra
somos nós, os homens. Mas perguntamos, que tipo de material
éramos? Todos nós éramos aqueles que estavam mortos em
nossos delitos e pecados, nos quais andávamos outrora, segundo
o curso deste mundo, segundo o príncipe do ar, do espírito
que agora atua nos filhos da desobediência (Ef 2:1, 2). Éramos
péssimos materiais. E justamente com estes materiais, que
Deus está fazendo Sua obra-prima para que a Sua multiforme
sabedoria seja apreciada por todos e exibida até para os
principados e potestades nos lugares celestiais (Ef 3:10).
E. A Família de Deus
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas
concidadãos dos santos, e sois da família de Deus”. (Ef 2:19)
Agora chegamos ao quinto aspecto. A igreja é a família de
Deus, isto é uma questão de desfrute. Efésios 2:19 diz: “assim já
226
A igreja
não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e
sois da família de Deus”. A igreja é a casa ou a família de Deus.
Nela desfrutamos o aconchego e a intimidade de um lar. Portanto
devemos deixar Cristo habitar em nós e assim seremos edificados
como a sua habitação. O versículo que lemos mostra que éramos
estrangeiros e peregrinos e Efésios 2:17 mostra que estávamos longe.
Antes todos éramos gentios e incircuncisos segundo a carne, e
estávamos totalmente alienados de Cristo. Cristo é o descendente
de Abraão e de Davi. Cristo é o descendente (Gl 3:16), e por meio
dele todas as nações seriam abençoadas. Mas nós éramos estranhos
às alianças da promessa e não tínhamos esperança (Ef 2:12). Porém,
agora nós, que estávamos longe fomos aproximados pelo sangue de
Cristo (v. 13). Aleluia! Agora Ele é a nossa paz, o qual de ambos, os
gentios e os judeus, fez um (v.12). Somos concidadãos dos santos e
membros da família de Deus. Antes, éramos peregrinos e sem lar,
mas graças a Deus fomos conduzidos à igreja. Fomos totalmente
envolvidos pelo amor, e especialmente, quando acabamos de ser
salvos, pudemos perceber mais claramente, que os irmãos nos
amavam muito. Verdadeiramente constatamos e desfrutamos o
aconchego e a intimidade do lar.
F. A Casa de Deus
“Para que... fiques ciente de como se deve proceder na casa
de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da
verdade”. (ITm3:15)
Para Cristo, a igreja é o Seu Corpo e o Seu complemento,
enquanto para Deus, a igreja é a Sua casa. Por um lado, essa casa
refere-se à habitação de Deus, e por outro, refere-se à família
de Deus, aos membros da casa de Deus. Esses dois aspectos, a
família e a habitação de Deus, são simplesmente uma só coisa.
A família de Deus é a própria casa para habitação de Deus (Ef
227
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
2:19, 22). A casa de uma pessoa é o lugar onde ela vive, reside e
descansa. A igreja, sendo a casa de Deus, é também tal lugar para
Ele. Hoje, o Deus vivo está vivendo, residindo e descansando
na igreja sobre a terra.
G. O Novo Homem
“E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele [Cristo] que o criou”.
(Cl3:10-11)
Assim como toda a humanidade é um velho homem
corporativo criado em Adão, a igreja é também um novo homem
corporativo. Cristo, tendo abolido na cruz todas as ordenanças
que causavam discórdias entre os homens, criou em Si mesmo esse
novo homem (Ef 2:14-15) .Esse novo homem leva a imagem do
Seu Criador, Cristo, que é a sua vida e o seu conteúdo. Nesse novo
homem, não há nenhuma pessoa da velha criação pertencente a
qualquer raça, religião, cultura ou classe. Somente Cristo é todos
os componentes desse novo homem e está em todos eles. A igreja
como o Corpo de Cristo toma Cristo como sua vida para a Sua
expressão; a igreja, como o novo homem toma Cristo como sua
pessoa para o cumprimento da vontade de Deus.
H. A Noiva de Cristo
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou
a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. (Ef 5:25)
A igreja como a noiva é o complemento de Cristo, portanto
deve ser igual ao Noivo. Ela não somente é criada segundo Deus,
mas também é unida a Ele. Deus e o homem tornaram-se um,
assim como Adão e Eva (Ef 5:31-32). Em Gênesis, Deus disse
a Adão: “não é bom que o homem esteja só”. Adão não estava
satisfeito e Deus quis edificar-lhe um complemento.
228
A igreja
No sexto dia, antes de criar o homem, Deus também não
estava satisfeito. Deus, então, fez como que uma conferência
da trindade para criar o homem. As frases: “façamos o homem”,
“nossa imagem”, “nossa semelhança” estão todas no plural,
denotando que houve um conselho da trindade divina. Essa
conferência foi para que se criasse o homem com um espírito,
como um vaso a fim de receber a Deus. A decisão foi: “façamos
o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn
1:26). Assim como Eva seria o complemento de Adão, o homem
criado por Deus seria o Seu complemento. Paulo diz em Efésios:
“Eis porque deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá
à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é esse
mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.” Adão e Eva eram
uma figura de Cristo e a igreja. Assim também a igreja torna-
se uma com Cristo unindo-se a Ele. Portanto, por meio desses
versículos vemos que a noiva de Cristo é a igreja.
I. A Guerreira
“porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e
sim contra os principados e potestades, contra os dominadores
deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes.” (Ef 6:12)
No capítulo 4 o novo homem cumpre o propósito de Deus.
No capítulo 5 a noiva satisfaz o desejo do coração de Cristo.
Agora, no capítulo 6, a igreja como a guerreira luta contra o
inimigo de Deus (vs. 10-17).
J. O Testemunho de Jesus Cristo
“e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito
dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama,
e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1:5).
229
 Vimos nove aspectos da igreja segundo Efésios, e agora
veremos os três últimos segundo Apocalipse. Apocalipse 1:5
diz: “e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha” e Apocalipse
1:2 diz: “ o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho
de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu”. Jesus Cristo foi a
primeira testemunha, testificando e expressando a Deus. Cristo
é o cabeça, nós somos o Seu corpo; se Ele é a fiel testemunha,
nós também o somos. Ele é a fiel testemunha e nós como
testemunhas somos a continuação Dele. O testemunho de Jesus
é a igreja; ela testemunha e expressa Jesus.
O Senhor Jesus após Sua morte e ressurreição, esteve com
os discípulos por quarenta dias (At 1:3). No quadragésimo dia
perguntaram-Lhe se este era o tempo de restaurar o reino de
Israel. Jesus lhes respondeu que não lhes competia saber; em
outras palavras, que não se preocupassem com a sua nação. Os
discípulos estavam preocupados com Israel, mas precisavam
de uma visão mais ampla do que era o reino de Deus. Atos 1:8
descreve o encargo do Senhor para eles: “recebereis poder ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até os
confins da terra”. Os discípulos deveriam ser a testemunha do
Senhor não só em Israel, mas até aos confins da terra – isto é a
igreja como testemunho de Jesus. Queremos que o testemunho de
Jesus chegue aos confins da terra. Esta comissão não foi somente
para os discípulos daquela época, mas ela é também para nós, seus
discípulos de hoje. Estamos aqui na terra labutando e trabalhando
para a propagação por meio do testemunho de Cristo.
K. O Candelabro de Ouro
“voltei para ver quem falava comigo e, voltando vi sete
candelabros de ouro”. (Ap 1:12)
Os candelabros de ouro são a igreja (Ap 1:20). O versículo
11 diz para João escrever às sete igrejas das sete cidades, e o
versículo 12 diz que ele viu sete candelabros de ouro. Agora
está claro que em cada cidade há uma igreja e que cada igreja
é um candelabro de ouro. A igreja brilha e está cheia da glória
de Deus.
O ouro na Bíblia representa a natureza eterna e incorruptível
de Deus. Portanto, podemos concluir que sendo o candelabro
um tipo da igreja, esta tem a natureza do próprio Deus.
O candelabro não era fundido ou montado em partes, mas
era constituído de uma única peça batida. O Senhor Jesus, a
segunda pessoa da trindade foi aquele que foi batido por nós.
Ele sofreu pela igreja. Passou por muitos sofrimento até ser
crucificado. Este foi o bater que formou o candelabro. Nós fomos
chamados para sermos conformados à imagem do Senhor Jesus.
O novo homem é moldado conforme Cristo. O candelabro
era decorado com hastes, cálices e maçanetas que formavam
flores de amêndoas. A flor de amêndoa é a primeira a aparecer
depois do frio mortal do inverno, representando a ressurreição
de Cristo. Cristo foi batido e ferido, mas ressuscitou; portanto,
este candelabro é cheio de ressurreição. No candelabro vemos
a imagem e o viver do filho.
O candelabro tem sete lâmpadas que representam a expressão
do Espírito. As lâmpadas brilham por causa do azeite colocado
nelas, e o azeite simboliza o Espírito Santo. O Deus Triúno está
revelado no candelabro e é o candelabro, o que indica que o Deus
Triúno está revelado na igreja. A igreja tem a natureza de Deus,
é conformada segundo o modelo do Filho e brilha por causa da
obra e suprimento do Espírito. Em Efésios 1 há três seções distintas
onde podemos ver a obra do Pai, a do Filho e a do Espírito Santo,
concebendo, moldando e santificando a igreja. Ao final de cada
231
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
seção lemos a frase “para louvor da Sua glória”; daí nos vem
mais luz para confirmar que o candelabro de ouro, a igreja, está
brilhando e expressando a glória de Deus.
L. A Nova Jerusalém
“Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia
do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para
o seu esposo” (Ap 21:2).
A nova Jerusalém é uma composição viva de todos os santos
redimidos por Deus, ao longo de todas as gerações. Ela é o último
aspecto da igreja e encerra todos os aspectos anteriores em si
mesma. Ela é a conclusão da economia de Deus. Todos os que
foram chamados (ekklesia), estarão lá.
A Nova Jerusalém, a cidade santa, é expressão do Corpo
de Cristo e é verdadeiramente a obra-prima de Deus. Nela
haverá a expressão máxima de Deus. Ela é a família de Deus,
com todos os que voltaram ao lar. Ela tem quatro lados com
três portas de cada lado, para que entrem os membros de tal
família de todas as direções do mundo. Não importa onde
estejamos, todos podemos entrar na cidade, pois somos a
família de Deus. A Nova Jerusalém é a habitação de Deus: “Eis
o tabernáculo de Deus com os homens” (v.3). Neste estágio
todos já estaremos transformados e vivendo como o novo
homem. Seremos as pedras preciosas transparentes, que um
dia foram barro e agora estão transformadas. As paredes da
cidade são de jaspe e as ruas são de ouro transparente devido
à transformação que o povo de Deus passou.
A nova Jerusalém descia do céu ataviada como noiva para
seu esposo. Aqui, a noiva também já tem autoridade como o
guerreiro. “as nações andarão mediante a luz” (Ap 21:24). Ela é
o tabernáculo de Jesus, expressando plenamente a Deus. E ainda
232
A igreja
estará cheia da glória de Deus. Ela não precisa de lâmpada, luz
do sol ou luz artificial, pois o Cordeiro é a sua lâmpada. Tudo
está na Nova Jerusalém, pois ela é a consumação máxima de
Deus e do Seu reino eterno.
II. OS ELEMENTOS CONSTITUINTES DA IGREJA
“À igreja de Deus... os santificados em Cristo Jesus,
chamados... santos”. (1 Co 1:2)
A igreja é constituída de todos aqueles que creram em
Cristo e que possuem a Sua vida. Qualquer pessoa que não
tenha crido em Cristo e não tenha nascido de novo não pode
se tornar um elemento constituinte da igreja. Não sendo salvos,
mesmo os parentes mais próximos de um cristão, ou mesmo os
seus próprios filhos, não são elementos constituintes da igreja.
Somente depois de serem regenerados, ou seja, terem a vida do
Senhor, é que eles serão membros da igreja.
III. OS DOIS ASPECTOS DA IGREJA
A. O Aspecto Universal
“Sobre esta rocha [Eu, Cristo] edificarei a minha igreja”.
(Mt 16:18)
A igreja mencionada pelo Senhor nesse versículo fala do
aspecto universal. Ela é única e inclui todos aqueles que creram
Nele através de todas as eras e em todos os lugares.
B. O Aspecto Local
“Se ele não os atender, dize-o à igreja”. (Mt 18:17)
A igreja mencionada pelo Senhor nesse versículo
fala de uma igreja em uma cidade. Ela é numerosa e seus
crentes locais podem lhe falar. Segundo o aspecto local, a
233
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
igreja aparece em todas as cidades. Cada igreja, em uma
determinada cidade, inclui somente aqueles que creram em
Cristo naquela localidade.
IV. A DESIGNAÇÃO DA IGREJA
A. Ela não tem Nenhum Nome Especial
A igreja é única e não tem necessidade de nomes especiais.
A igreja é a igreja; não deve haver tipos de igrejas, que sejam
denominadas segundo seus tipos, tais como a “igreja luterana”, a
“igreja presbiteriana”, e etc. Denominar a igreja dessa maneira é
algo desnecessário e que não é conforme a revelação bíblica.
B. Ela pode ser Designada pelo Nome de sua Cidade
Embora a igreja seja única no universo, ela é numerosa em
sua manifestação local. Apesar de haver várias igrejas, uma em
cada cidade, elas não diferem em natureza; a diferença reside
somente nas cidades onde elas se encontram. Portanto, podemos
usar o nome da cidade na qual uma igreja está para designá-la,
como a igreja em Jerusalém (At 8:1), a igreja em Antioquia (At
13:1), e as sete igrejas na província da Ásia (Ap 1:4,11).
V. SEU FUNDAMENTO
O fundamento da igreja é Cristo, revelado e ministrado
por intermédio dos apóstolos e profetas. Efésios 2:20 fala do
fundamento dos apóstolos e profetas. Esse fundamento é o
próprio Cristo que eles ministraram a outros. Paulo disse que
Cristo era o único fundamento, o qual ele havia lançado.
Ninguém pode lançar outro fundamento (1 Co 3:10, 11). O
Cristo, que é o fundamento da igreja, é o Cristo único, revelado
e ministrado pelos primeiros apóstolos, como registrado no
Novo Testamento.
234
A igreja
Devemos ficar com esse Cristo. Não devemos tomar “outro
Cristo”. Quão gratos somos ao Senhor porque Ele tem guardado
Sua Santa Palavra nesta terra, e que sob Sua soberania ela
tem sido traduzida para tantas línguas! Que misericórdia! Se
não houvesse a Bíblia nesta terra, que era tenebrosa seria esta.
Aleluia, temos a Bíblia! Isso é certamente a lâmpada brilhando
em um lugar escuro (2Pe 1:19). Ela tem-se tornado a luz do
nosso caminho (Sl 119:105) e nós estamos andando nesta luz
- a luz da Bíblia.
VI. SUA BASE
A Primeira Epístola aos Coríntios 3:11 diz que não há
outro fundamento que possa ser lançado exceto o único
fundamento, Cristo. Antes que uma fundação seja lançada,
entretanto, uma casa deve ter um terreno no qual ela possa
ser construída. O lote é a base sobre a qual o fundamento
é construído. Então a casa é construída em cima do
fundamento. A estrutura é construída sobre o fundamento
e o fundamento é lançado sobre a base.
A Igreja Católica alega que o seu fundamento é Cristo.
Os grupos cristãos denominacionais também afirmam que o
fundamento delas é Cristo. O fundamento delas, entretanto,
está edificado sobre diferentes bases. A Igreja Presbiteriana
está edificada sobre Cristo na base Presbiteriana. A Igreja
Batista está edificada sobre Cristo, mas na base do batismo
por imersão. Os metodistas têm uma base metodista sobre
a qual Cristo como o fundamento está edificado. As várias
denominações seguem o mesmo caminho. Elas edificam sua
denominação em Cristo, mas sobre uma base particular. Esta
questão não é de crítica, mas de buscarmos a prática de acordo
com a verdade. O que dizer quando a Igreja Batista Sulina
235
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
(Estados Unidos) somente reconhece aqueles que são imersos
na água deles e pelos pastores deles. Se alguém foi imerso em
outro lugar, eles não o deixarão juntar-se a eles a menos que
ele aceite a imersão deles feita por um pastor deles. Isso faz da
imersão Batista a base e os torna um grupo particular e peculiar,
ou seja, uma denominação. A Igreja de Cristo tem uma prática
similar, exceto que eles crêem na regeneração batismal, que
a água deles pode regenerar aqueles que são batizados nela.
Um irmão esteve em Dallas no ano de 1966. Ele então foi
convidado por outro irmão de Los Angeles para jantar em
sua casa. Enquanto estavam comendo, um irmão perguntou
ao outro se ele cria no batismo pela água. Ele disse: “Creio no
batismo pela água e no batismo pelo Espírito também.” Ele
imediatamente começou a argumentar que não havia tal coisa
de batismo pela água na Bíblia. Isto era inédito. Ele nunca
tinha ouvido nenhum cristão dizer que no Novo Testamento
não há batismo pela água. Quando foi citado a ele João 3:5
acerca de ser nascido da água e do Espírito, o outro disse
que a água ali era a água do ventre materno! Para ele, todos
devem primeiramente nascer de sua mãe, o que é significado
pela água, e então ele tem de nascer do Espírito. Ele nunca
tinha ouvido tal explicação. O conceito era tão absurdo que
não havia necessidade de falar. Na manhã seguinte o irmão
foi para Dallas. À noite tive uma reunião ali. Enquanto estava
falando, uma mulher ousada perguntou-lhe acerca do batismo
pela água. Ela era da Igreja de Cristo e que era totalmente
pelo batismo na água deles. Em Los Angeles alguém fora
totalmente contra o batismo pela água, e no dia seguinte em
Dallas havia alguém totalmente a favor do batismo pela água.
Tal é a situação de hoje. Pessoas querem edificar a igreja sobre
uma base particular e que pertence somente a eles.
236
A igreja
Todas as diversas denominações vieram à existência nas
suas diversas bases. Seus vários nomes - Presbiterianas, Batistas,
Episcopais, Luteranas, Metodistas, Pentecostais e outras - são as
bases sobre as quais edificam suas igrejas. Em que base você está
edificado? Não diga em Cristo. Todo cristão diz isso. Qualquer
que seja a denominação ou grupo a que você vai, eles dirão
que o fundamento deles é Cristo. Mas, e quanto a base onde o
fundamento é lançado?
Qual é a nossa base? A base do início da era cristã, desde o
tempo dos apóstolos, é a unidade do Corpo de Cristo, mantida e
expressada em cada igreja na sua cidade (Ap 1:11). Isso quer dizer
que nós, cristãos, em qualquer cidade que estejamos, devemos nos
reunir para ser a igreja ali. Não temos outra base além daquela da
unidade do Corpo de Cristo. Uma igreja deve ter o aspecto local,
que é a expressão da igreja universal. A igreja universalmente é
uma, e este único Corpo de Cristo é expresso em muitas cidades.
Em toda cidade onde há vários santos, esses santos devem reunir-
se como a igreja ali, não para tomar a base do batismo por imersão,
falar em línguas, o presbitério, um método, o sistema episcopal,
ou alguma base exceto aquela de ser um com todos os outros
reunindo-se ali como a expressão local do Corpo de Cristo.
Essa unidade deve ser a base na qual somos edificados. Não
devemos ser sectários; não devemos ser exclusivos. Temos de
ser todo-inclusivos, abertos e amando todos os queridos santos.
Contanto que sejam cristãos, eles são nossos irmãos. Os nossos
irmãos foram dispersos para muitas denominações. Apesar
disso, nós ainda os amamos. Não devemos ter uma atitude ou
um espírito de luta, oposição ou debate. Isso é errado. Devemos
sempre manter um espírito e uma atitude de amar todos os
cristãos. Desde que carreguem o nome de cristão e creiam no
Senhor Jesus, eles são nossos irmãos e irmãs. Em nossa prática
237
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
da vida da igreja em cada cidade, não podemos ter nenhuma
parede. Não temos nenhuma cerca. Consideramos todos os
queridos cristãos como nossos irmãos.
A. A Base da Igreja está Fundamentada
no Nome e na Palavra do Senhor – Ap 3:7
A melhor figura da base da igreja está relacionada com
a edificação do templo em Jerusalém. Salomão, que tipifica
a Cristo, como o filho de Davi, edificou a casa de Deus, que
representa a igreja, em Jerusalém, no monte Moriá e na eira de
Ornã, o Jebuseu – 2Cr 3:1:
Jerusalém refere-se ao lugar que o Senhor escolheu para ali
por o Seu nome e a Sua habitação. A edificação deve ser sobre
a rocha, que foi apresentada pelo Senhor como a Sua própria
pessoa e também como a Sua palavra, a qual deve ser ouvida e
praticada – Dt 12:5, 11; Mt 16:16-18; 7:24.
Jerusalém também refere-se ao espírito, como o lugar onde
devemos adorar a Deus no Novo Testamento – Jo 4:19-24.
Jerusalém também refere-se a unidade, que no sentido prático
está relacionado com o limite da cidade onde a igreja está, bem
como ao princípio de uma cidade, uma igreja – At 8:1; 13:1; 1Co
1:2; Ap 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14.
O monte Moriá refere-se ao lugar onde Abraão ofereceu
Isaque, seu filho, como oferta ao Senhor, indicando sua
consagração e fé na palavra do Senhor, bem como a revelação
de que ali podemos experimentar o Senhor como “Aquele que
proverá” – Gn 22:1-8, 9-14; Rm 12:1-2.
A eira de Orna, o jebuseu, foi o lugar onde Davi ofereceu
holocausto ao Senhor, depois de seu arrependimento por causa
de ter determinado um censo em Israel, tal lugar representa a base
do amor, a Deus e aos irmãos, manifestando a vida que provém
238
A igreja
da morte, o grão de trigo – 1Cr 21:1, 7, 14-17, 18, 25-28; 22:1;
Jo 12:23-24; Ef 3:17.
A base da igreja não refere-se apenas à questão judicial
ou legal, mas ela também é orgânica, baseada no Espírito e na
vida. No livro de Romanos vemos que a visão do evangelho e
da salvação completa de Deus leva os crentes a consagrarem-
se como sacrifício vivo, que é a base para a vida da igreja no
aspecto prático e o primeiro item da salvação orgânica. Da
mesma forma, sem a vida divina não há amor fraternal, e sem
o amor fraternal tampouco há terreno para se negar a si mesmo
a fim de seguir ao Senhor junto com os irmãos, praticando a
vida da igreja. Sem amor fraternal tampouco haverá caminho
para que os santos sejam acolhidos na igreja – Rm12:1-2; Mt
16:24; Ef 3:17; 4:16; Rm 14:1, 13, 17; 2Co 6:11-13.
B. A Igreja do Senhor não pode Promover nada
ou Praticar nada que não esteja dentro do limite do Nome
e da Palavra do Senhor – devemos Conservar o mesmo
Princípio que Governou o Ministério de WN,
que diz: “A Bíblia é o nosso único padrão”
Ao longo da história da igreja vários servos de Deus foram
úteis na obra da edificação, porém seus seguidores acabaram
tomando sua obra como a base da restauração, por um lado
para preservar o que foi restaurado, porém por outro limitando
a continuação da obra do Espírito – Mt 9:14-15; 11:2-6.
Outro problema na história da igreja tem sido a ênfase
demasiada no nome daquele que foi usado para trazer
restauração, tais desvios acabaram produzindo ministérios
particulares, que produziram grupos particulares – o exemplo
das denominações protestantes.
Outro problema na história da igreja tem sido o emprego
de métodos humanos para promover a unidade da igreja ou a
239
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
unanimidade na obra do Senhor, via de regra, o resultado foi
produzir um centro de controle que restringe a obra do Espírito
e/ou a função dos membros do corpo de Cristo. Um exemplo
desta situação é o catolicismo romano.
C. A Base da Unidade na Igreja Apóia-se no Nome,
na Palavra e na Glória do Senhor – Jo 17:11, 19-21, 22-23
VII. GOVERNO E A AUTORIDADE NA IGREJA
A. O Governo Divino e a Autoridade
– Hb 1:2-3; Gn 1:1, 26-28; Is 14; Ez 28
Existe no universo um governo e uma administração divina,
que estão ordenados de acordo com o plano de Deus e sob a
Sua autoridade. O governo de Deus obedece a princípios, leis,
regras e disciplina estabelecidas por Ele.
Por causa da rebelião de Satanás e seus anjos, o universo
e a terra entraram em desordem. A recriação do universo e a
criação do homem estão de acordo com o plano de Deus de
restabelecer o Seu governo e administração.
O governo de Deus no universo é exercido pela Sua própria
autoridade. Sem autoridade não existe governo.
A queda do homem, enganado por Satanás, fez com que a
autoridade e o domínio dado a Adão fosse perdido e usurpado.
O Senhor Jesus, por meio de Sua obra redentora, foi feito
Senhor de todo o universo. Tal autoridade que Ele resgatou, foi
dada à igreja, a fim de que o propósito de Deus cumpra-se na
terra – Mt 28:18; At 1:8; 2:32-36; Hb 1:10-13; 2:5-8.
B. O Governo da Igreja
– Mt 6:10; 16:18-19; Fp 1:1; At 14:23; 20:28;
Tt 1:5; At 6:1-6
240
A igreja
O reino de Deus é a esfera da autoridade e do governo
de Deus.
A igreja é a expressão do governo de Deus no Novo
Testamento. Segundo a Bíblia, o governo na igreja está confiado
aos presbíteros.
De acordo com a estatura espiritual, os presbíteros são
aqueles que são mais amadurecidos. De acordo com os assuntos
que eles tratam, os presbíteros são os que supervisionam e
cuidam do governo e da administração da igreja.
A palavra “presbítero” refere-se a pessoa e a palavra “bispo”
ou “supervisor” refere-se ao ofício ou função. Do grego epi
(sobre) e skopon (aquele que vê), o presbítero é aquele que
vigia ou supervisiona a igreja.
A designação dos presbíteros é feita pelos Apóstolos. Na
América do Sul, por causa das igrejas serem novas e os irmãos
ainda estarem sendo amadurecidos, o Espírito Santo tem
dirigido para que ainda não sejam estabelecidos Presbíteros
nas igrejas, mas que os irmãos se ocupem com a função. Os
que exercem a função de presbítero são por isso chamados de
irmãos responsáveis.
Além dos presbíteros, na igreja existem os diáconos e
diaconisas, que são cooperadores, auxiliares que executam tarefas
ou serviços determinados pelos presbíteros. Os diáconos cuidam
das questões práticas da igreja. No entanto devemos lembrar que
todos os santos são sacerdotes (somos um reino de sacerdotes),
ou seja, devem levar Deus às pessoas e as pessoas a Deus .
C. A Autoridade na Igreja é uma Questão de Vida
– Gn 49:8-12; Ez 19:10-11
A autoridade representativa de Deus e a necessidade de
submissão – Rm 13:1-3; 1Pe 2:13-17; Ef 5:22-24; 6:1-4; Hb
12:7-9; 3:18; 5:8-10; 1 Sm 15:9-22:; 1 Co 11:3-16:
241
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Deus concede Sua autoridade representativa para que o Seu
governo seja executado.
Seja na família com os pais e os maridos, seja na sociedade
com os reis, governantes e magistrados, seja na escola com
os diretores e professores, e mesmo na igreja com os irmãos
responsáveis, em cada ambiente, Deus está exercendo Sua
autoridade por meio de Seus representantes.
Se desejarmos servir a Deus adequadamente e crescer em
vida precisamos aprender a nos submeter à Sua autoridade
representativa.
Na igreja, quando honramos a autoridade representativa de
Deus, preservamos a unidade do povo de Deus e cooperamos
para o cumprimento do Seu propósito eterno.
Expressar a Deus e exercer domínio por meio de receber a
vida divina e negar a vida da alma – Gn 1:26-28; 2::9, 15-17;
Mt 16:23-25; 1 Co 6:17; 2 Co 3:6; Rm 8:9, 10:
O homem foi criado para receber Deus como vida para
expressá-Lo e representar a Sua autoridade. Por isso o homem
foi colocado diante da árvore da vida para que tomasse a Deus
como vida e assim pudesse cumprir a Sua responsabilidade de
cultivar as coisas da vida e cuidar do ambiente da vida.
A autoridade de Deus está na Sua vida. Portanto quanto
mais vida possuímos, mais autoridade exercemos. Porém com a
queda do homem, a vida maligna e rebelde de Satanás entrou
no homem, fazendo-o insubmisso a Deus e sem autoridade para
cumprir o Seu plano.
Para crescer em vida é necessário que neguemos a nós
mesmos, a fim de eliminarmos a vida rebelde e nos unamos a
Cristo em nosso espírito, pois o Espírito é vida. Por meio do
Espírito ganhamos vida e com a vida temos autoridade.
Possuir as experiências de morte e ressurreição e de conhecer
a carne – At 7:20-34; Ex 4:1-17; 2 Tm 2:22; Rm 7:14-25; 8:1-4;
242
A igreja
Ex 17:14-16; 19:5, 6; 1 Sm 15:2-3, 22-23; 2 Sm 1:1-16; Gl 5:24;
2 Co 3:4-5:
A fim de preparar Moisés como líder do povo de Israel foi
necessário passar por uma experiência de 80 anos, Nos primeiros
40 anos, Moisés esteve no palácio real recebendo toda a cultura
dos egípcios, mas, depois ele passou 40 anos no deserto até ser
chamado por Deus. Toda sua capacidade natural teve de ser
substituída pela dependência de Deus.
Além disso, Moisés teve de aprender os sinais da vara e da
lepra, indicando que tudo o que confiamos deve passar pela
morte e a ressurreição, bem como que para servir a Deus temos
de conhecer nossa carne.
A carne não pode ser preservada, senão seremos eliminados
por ela, tal como ocorreu na experiência de Saul com os
Amalequitas. Por isso não podemos confiar em nós mesmos,
mas em Deus que nos capacita.
A necessidade de aperfeiçoamento e da submissão – Ex 24:12-
14; 33:7, 11; Nm 14:5-9; 27:15-20; 32:12; Dt 3:28; 31:1-3:
A autoridade de Deus é trabalhada em nós mediante o
aperfeiçoamento por meio de experiências negativas de derrotas
e dificuldades, tal como Josué passou até tornar-se líder do povo
de Deus na conquista e na posse da boa terra.
Josué aproveitou ao máximo as experiências de Moisés,
estando sempre junto dele, ouvindo as suas palavras, crendo no
que Deus dizia por meio dele, sendo encorajado e submetendo-se
a sua orientação. Tal modelo serve para todos os que estão sendo
treinados para exercerem a autoridade representativa de Deus.
O problema da rebelião – Gn 3:7; 9:20-25; Ex 32:1-6; Nm
12:1-8; Lv 10:1-3; Nm 16:1-3; 20-31:
Para preservar a harmonia universal, a autoridade de Deus deve
ser respeitada. No entanto, por causa da sua ambição e orgulho,
243
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Satanás revoltou-se contra Deus e introduziu a rebelião na criação.
A tentativa de Satanás resultou no seu julgamento, mas fez com que
o universo perdesse sua ordem e unidade. O fim de Satanás já está
determinado, mas ele ainda continua instigando as pessoas com a
sua astúcia, para que se afastem de Deus e voltem-se contra Ele.
Os principais elementos que Satanás utiliza em sua estratégia
de enganar os homens e levá-los à rebelião é o orgulho, a
ambição e a auto-justificação.
As experiências fracassadas de Adão e Eva que desobedeceram
a Palavra de Deus; de Cão, que desrespeitou seu pai, expondo
sua nudez; de Arão, que fez um bezerro de ouro, levando o
povo à idolatria; de Arão e Miriã, que murmuraram contra a
autoridade de Moisés; com Nadabe e Abiú, que não temeram a
Deus oferecendo fogo estranho no seu serviço santo; com Coré,
Datã e Abirão, que rebelaram-se contra a liderança de Moisés e
Arão, sendo tragados pela terra que se abriu; nos traz luz sobre a
a gravidade da rebelião e da santidade do governo de Deus.
O exercício da autoridade em vida – Gn 49:8-12; Ez 19:10-
11; Nm 17:1-13; 1 Pe 5:1-3:
A autoridade na igreja é exercida por meio da vida. O leão de
Judá representa a autoridade, que é proveniente da transformação
em vida pelo alimentar-se da videira. O cetro da videira também
representa a autoridade que é exercida pela vida.
A escolha de Arão como autoridade separada por Deus foi
caracterizada pelos frutos na vara que lhe pertencia. Isso mostra
que o sinal da autoridade de Deus é confirmada pelos frutos do
Espírito e não pela posição que alguém julga possuir.
D. O Sacerdócio Real
O homem foi criado para servir a Deus como rei e sacerdote
– Ex 19:4-6; 32:25-29; 1 Pe 2:1-10; Zc 6:13; Hb 7:13-14:
244
A igreja
No serviço a Deus há duas linhas que cooperam juntamente:
a linha do sacerdócio e a linha da realeza
Deus criou o homem para que ele O servisse, colocando-o
no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. Cultivar
refere-se ao sacerdócio, é uma questão de vida; guardar está
relacionado com a realeza, é uma questão de autoridade.
No Antigo Testamento vemos que Deus desejava que todo
o Seu povo O servisse como um reino de sacerdotes. Mas, com
o caso da adoração do bezerro de ouro, o serviço recaiu somente
sobre a tribo de Levi.
No Novo Testamento, o Apóstolo Pedro demonstrou estar
impressionado com essa questão de reis e sacerdotes. Ele disse
que o Senhor Jesus era uma pedra viva e que nós também somos
pedras vivas para a edificação de um templo, uma casa espiritual,
a fim de sermos um sacerdócio real.
Cristo é o Sumo sacerdote, mas o Seu status é o de um rei. À
medida que Ele exerce a função como sacerdote, Ele é um Rei.
Ele é o Rei para ser o Sacerdote; portanto o Seu sacerdócio é real.
Ele combina a realeza com o sacerdócio para o edifício de Deus
e para Sua glória. Além disso, segundo o Antigo Testamento, a
tribo real era a de Judá e a tribo sacerdotal era a de Levi. Cristo
veio da tribo de Judá, sendo assim um sacerdote real.
O sacerdócio real não é composto de um indivíduo, mas de um
corpo de sacerdotes onde todos podem servir a Deus. Hoje, como
os eleitos de Deus, somos uma raça exclusiva para servir a Deus,
onde todos tem o direito de servi-Lo.
As linhas do sacerdócio e da realeza:
Na igreja, o serviço a Deus ocorre dentro de duas linhas:
a linha da realeza, onde há autoridade e governo e a linha do
sacerdócio, onde se oferece sacrifícios para introduzir o homem
na presença de Deus.
245
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs A igreja

Na linha do sacerdócio o homem enche-se de vida para A IGREJA – Sua Definição

fazer com que a vida dos crentes também cresça e a igreja
seja edificada (pastores e mestres). Na linha da realeza, há os Hino 378
presbíteros e os diáconos, que tem autoridade para governar e
administrar a igreja. 1. De Cristo a Igreja
O Serviço sacerdotal e o serviço levítico – 2 Cr 20:20; É o Corpo e expressão,
2 Pe 2:12: Também é onde o Pai faz
O serviço sacerdotal é de natureza espiritual, envolvendo a A Sua habitação
pregação do evangelho, o cuidado inicial e o aperfeiçoamento É o ajuntamento
dos novos, a solução dos problemas, a recepção dos irmãos Dos que o Senhor chamou,
que vem de outros lugares, e a ajuda para que todos exercitem É Deus mesclado ao homem
Que para Si criou.
seus dons.
O serviço levítico é de apoio aos serviço sacerdotal. Ele 2. Da Igreja o fundamento
refere-se aos assuntos práticos da igreja tais como: limpeza, Somente Cristo é;
manutenção do local de reuniões, cozinha, escritório, partir Jamais o homem pode
o pão, transporte etc. Lançar outro qualquer;
Divina como Cristo,
Quando há cooperação entre essas duas linhas, a obra de
A Igreja é assim,
Satanás não terá “brechas” para penetrar no governo e na Em todas as maneiras
administração da igreja. Em tudo seu, enfim.
O amor de Deus como a base para o serviço e o exercício
da autoridade representativa de Deus – Ex 20:3-17; Mt 22:35- 3. Na Igreja a unidade
Do Espírito está;
40; Jo 21:15-17; Ex 32:7-14, 30-35:
Um Corpo, um Espír’to
O nosso serviço deve ter como princípio o amor. Esse amor
Uma esperança há,
não refere-se ao amor do homem, que é carnal, mas ao amor de
Um só Senhor, uma fé,
Deus, que é o fluir da Sua vida divina.
E um batismo só,
Se o Senhor nos colocar numa posição de autoridade
Um Deus e Pai de todos,
representativa, nós não podemos abusar dela, mas sempre
Que está em todos nós.
exercê-la em comunhão. Por outro lado, não podemos insistir
com opiniões que não são aceitas, principalmente se estamos
4. Na Igreja não há nobre,
na posição de submissão. Devemos aprender a nos submeter ao
Tampouco há plebeu,
arranjo do Espírito.

246 247
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs

Não há escravo ou livre,

Nem grego nem judeu;
Na Igreja só há Cristo,
Que é tudo em todos nós;
E Nele um Novo Homem
Capítulo Onze
Já somos todos nós.

5. De Cristo a Igreja A VIDA DA IGREJA

É o Corpo universal,
E em cada cidade
ESBOÇO
Tem expressão local;
E a localidade I. VIDA DE REUNIÕES
É sua base aqui, A. O Encher-se do Espírito
O único terreno B. Dar Graças e Sujeitar-nos
Que pode possuir. C. A Questão da Ordem na Vida da Igreja
D. O Produto do Nosso Viver Diário
II. VIDA FAMILIAR
A. Lavar com a Água da Palavra
B. Relacionamento entre Marido e Mulher
C. Relacionamento entre Pais e Filhos
III. VIDA SOCIAL
IV. BATALHA ESPIRITUAL
A. A Armadura de Deus
B. A Luta Espiritual : Algo que diz Respeito ao Corpo
V. AS OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS
A. A Relação do Homem com as Riquezas Materiais e o
Significado das Ofertas
B. O Dízimo e as Ofertas Foram Estabelecidos por Deus
como uma Reação e Reconhecimento de que Deus é
a Fonte de Toda a Nossa Provisão
C. As Promessas de Deus para a Prática das Ofertas

248 249
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
D. O Uso das Ofertas
E. A Quantia das Ofertas
F. A Maneira das Ofertas
G. Os Tipos de Ofertas
A VIDA DA IGREJA
De acordo com estrutura da Epístola do apóstolo Paulo
aos Efésios, podemos ver claramente a vida da igreja em seus
quatro aspectos: vida de reuniões, vida familiar, vida social e
a batalha espiritual. Além disso, precisamos perceber que esse
assunto é precedido da questão de encher-nos em nosso espírito
humano regenerado, o qual está mesclado com o Espírito de
Deus (Ef 5:18). Nos versículos 19 a 21 temos três práticas que
nos ajudam a encher-nos no espírito: 1) falar os hinos, 2) dar
graças a Deus Pai por tudo e 3) sujeitar-nos uns aos outros no
temor de Cristo.
I. VIDA DE REUNIÕES
“Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais:
cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios
5:19 -VRC)
A. O Encher-se do Espírito
O versículo 19 menciona salmos, hinos e cânticos espirituais.
Os salmos são baseados em revelações da palavra e nas
experiências com o Senhor e na história do povo de Deus, que
podemos falar e cantar. Os hinos são para que louvemos ao
Senhor com respeito a Sua pessoa e os diferentes aspectos da
Sua obra. Os cânticos espirituais são menores e se compõem
de frases curtas que podem ser repetidas várias vezes, sendo de
fácil memorização.
250
A vida da igreja
Evidentemente se os três foram mencionados, é porque
são úteis para o exercício espiritual dos santos e o desfrute das
reuniões da igreja, sendo todos necessários. A ênfase dos cânticos
espirituais está na melodia e no ritmo, enquanto que a força
dos salmos e os hinos está no seu conteúdo. Devemos lembrar-
nos que um hino e salmo para ser cantado com harmonia,
precisa de melodia e de ritmo, que devem ser coerentes com
o sentimento da letra. Os hinos, salmos e cânticos podem ser
usados livremente, com discernimento e equilíbrio.
Devemos entender que os cânticos espirituais, por serem
cantados e repetidos por várias vezes, com ritmo e melodias
agradáveis, podem levar as pessoas à simples empolgação da
alma, e daí, se não houver restrição, até mesmo à carne. Não
devemos criticar os que pulam, dançam, nem considerar isso
errado, mas procurar discernir o rumo das coisas. Por outro
lado, quando a vida é ainda infantil, ou seja, o crescimento de
vida ainda é pequeno, isso poderá ser inevitável. As crianças
são assim. Uma criança de quatro ou cinco anos, ao ouvir
uma música, instintivamente começa a cantar, a balançar
acompanhando o ritmo sem se importar com o conteúdo. Não
se pode impedir a criança de fazê-lo. Quando crescer, ela deixará
as coisas de criança (cf. 1Co 13:11). Da mesma forma, quando
a vida divina cresce nos crentes, eles passam a dar mais atenção
ao desfrute do conteúdo do louvor.
Depois dos cânticos espirituais, num nível mais elevado,
estão os hinos. Os hinos dizem respeito mais a gratidão e ao
louvor ao Senhor. Nós temos uma emoção em nós e realmente
somos tocados pela Palavra do Senhor. Quando vemos que o
Senhor não teve pecado, mas morreu por nós, pecadores, somos
tocados na emoção e temos o sentimento de louvá-Lo com hinos
de louvor e gratidão. Na reunião do partir do pão é ótimo que
251
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
cantemos hinos de louvor ao Senhor. Quando somos tocados
pelo Seu amor por nós, cantamos hinos que expressam Seu
amor, e hinos que expressam nosso amor por Ele em retribuição.
Isso é muito bom; mostra que o nível da vida de Deus em nós
está crescendo. Mas devemos avançar e desfrutar os salmos,
que são hinos com mais conteúdo, hinos que podem elevar o
nosso espírito. Quanto mais cantamos esses salmos, mais somos
levados ao espírito. Os salmos são hinos em cujo conteúdo
há a Palavra do Senhor e a sua revelação, além de também
descreverem as experiências com o Senhor e do Seu povo.
Paulo diz que nos enchemos no espírito primeiramente
falando os hinos (v. 19a). Isso é algo muito real e prático. Antes de
cantar um hino, desfrutamos o seu conteúdo, somos tocados pela
letra e, no espírito, expressamos o nosso sentimento. Passamos
a conhecer mais a Cristo por meio das palavras do hino, e desse
modo não apenas o cantamos, mas também o falamos.
Isso é semelhante a orar e ler a Palavra do Senhor. Quando
uma palavra ou frase nos toca, nós falamos e expressamos o
que sentimos. O que um irmão desfruta, ele fala, e causa uma
reação nos outros. Os outros também desfrutam e também
falam. Precisamos de tais hinos, que toquem o nosso espírito.
Primeiro falamos os hinos, depois os entoamos e louvamos. Essa
é a situação normal em nossa vida de reuniões.
B. Dar Graças e Sujeitar-nos
“Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em
nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos
outros no temor de Cristo” (Efésios5:20-21)
A segunda maneira de nos enchermos no espírito é dar
“sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20). A palavra tudo aqui quer dizer
252
A vida da igreja
que, em todo o tempo da nossa vida de reuniões, devemos estar
cheios no espírito, estar no nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
dando sempre graças a nosso Deus e Pai. Esse é um princípio
que rege a nossa vida de reuniões.
Na vida da igreja, estar no espírito equivale a estar no nome
de nosso Senhor Jesus Cristo. Se não estivermos no espírito
jamais poderemos dizer: “Jesus é o Senhor!” (1Co 12:3). Então,
um ponto essencial na vida da igreja é que estejamos no nome
do Senhor Jesus. Devemos sempre dar graças por tudo a nosso
Deus e Pai em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Então a
vida da igreja deve ser uma vida no Pai, no Filho e no Espírito
Santo. No Espírito, podemos invocar o nome do Senhor e dar
graças por tudo a nosso Deus e Pai em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo. Isso é algo básico na nossa vida de reuniões e que
se reflete em todo o nosso viver.
O versículo 21 diz: “Sujeitando-vos uns aos outros no temor
de Cristo”. Esse é o terceiro modo de nos enchermos no espírito
(v. 18). Quando se fala de sujeição, de submissão, geralmente
aplica-se os versículos seguintes, que as esposas devem ser
submissas a seu marido. Mas aqui fala de sujeitar-nos uns aos
outros. Essa sujeição diz respeito à vida de reuniões. Depois de
ter dado graças por tudo a nosso Deus e Pai em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, devemos sujeitar-nos uns aos outros no
temor de Cristo. Em todas as reuniões também devemos sujeitar-
nos uns aos outros. Isso deve ser no espírito. Se não estivermos
no espírito, não conseguiremos sujeitar-nos a outros.
Se queremos que o Espírito Santo ponha o Seu selo sobre
nós, precisamos estar no espírito. Se estivermos na emoção ou
na mente, não seremos capazes de nos sujeitar. Talvez alguns
consigam sujeitar-se porque a Bíblia assim fala, mas isso não é
duradouro. Tais pessoas apenas entenderam o versículo com a
253
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
mente. Mas isso não é suficiente. Submissão mútua requer que
estejamos no espírito. Por um lado, sujeitar-nos uns aos outros
nos enche no espírito; por outro, precisamos estar no espírito
para sujeitar-nos mutuamente. Em nossa vida de reuniões,
qualquer que ela, precisamos estar no espírito.
Sujeitamo-nos uns aos outros no temor de Cristo. Quando
um irmão fala algo, devemos ter o temor de Cristo e sujeitar-nos
a ele. Isso nos faz encher-nos no espírito.
C. A Questão da Ordem na Vida da Igreja
Após falar da vida de reuniões, Paulo passa a falar da vida
familiar. Efésios 5:22-33 é um trecho bem conhecido. Muitas
vezes esses versículos já foram lidos, especialmente nas reuniões
de casamento. Nesses momentos, sempre é lembrado que o
marido deve amar a mulher e a mulher deve ser submissa ao
marido. Porém, vejamos agora, no espírito, o que o Senhor tem
para nos falar por meio deles.
Nesses versículos, vemos uma ordem. Essa ordem está
mais do que clara em 1 Coríntios 11:3: “Quero, entretanto,
que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o
cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. Por um lado,
todos somos iguais na igreja, todos somos filhos de Deus. Mas,
de certa maneira, temos alguma diferença. Há diferença no
crescimento de vida, por exemplo. Se vivermos no espírito, a
vida crescerá mais em nós do que nos outros. Se vivermos sempre
em comunhão com o Senhor, cresceremos mais rapidamente.
Às vezes o crescimento de vida de alguns irmãos que são pais
não é necessariamente melhor que o do seu filho. Alguns filhos
têm mais crescimento de vida que os pais. Se o pai estiver no
espírito, irá submeter-se ao filho. Na vida familiar, o filho tem
de se submeter ao pai e honrá-lo, porque quando honramos
254
A vida da igreja
nosso pai, honramos a Deus. Mas na vida de reuniões, na vida
da igreja, o que importa é o nível da nossa busca ao Senhor.
Se buscamos a Deus, se buscamos estar no espírito, se
buscamos o crescimento de vida, espontaneamente há certa
ordem na vida da igreja. Mesmo na questão da capacidade
que Deus nos dá, há diferenças: algumas pessoas receberam
mais capacidade de Deus. Também no serviço da igreja
há diferenças. Portanto, há certa ordem na vida da igreja.
Especialmente no serviço, há pessoas que conseguem negar
a vida da alma, e nelas a vida cresce mais. Na vida da igreja
não há determinação de quem é cabeça, de quem não é; de
quem é líder, de quem não é. Mas o nosso interior sabe e
reconhece quem está à nossa frente e quem vem depois de
nós, isto é, quem está abaixo de nós. Isso não é uma lei fixa;
é totalmente uma questão do espírito. Há uma ordem, não
determinada pela igreja, não muito evidente, mas totalmente
no espírito, que reconhecemos em nosso interior. Somente no
espírito sabemos quem está acima de nós. Se estivermos na
esfera da alma, achamos que somos os melhores, o cabeça de
todo o mundo, e todos têm de nos obedecer. Mas no espírito
é diferente: sabemos quem está acima de nós.
Na vida da igreja, saber quem está acima de nós e quem está
abaixo de nós não é algo determinado pelo homem. Somente no
espírito saberemos reconhecer que há uma ordem, e essa ordem
é totalmente uma questão de submissão.
O Senhor Jesus Cristo era submisso a Deus Pai. No
Evangelho de João Ele falou que nada podia fazer sem o Pai (Jo
5:30). Assim, Deus é o cabeça de Cristo. Cristo é o Salvador
do Corpo, que é a igreja. Na vida da igreja, deve ficar claro:
Cristo é a nossa Cabeça, e nós, o Seu corpo. Precisamos estar
submissos a Ele. Quando Ele nos revela a Palavra, nós somente
255
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
podemos submeter-nos e dizer: “Sim, Senhor! Amém!”. Não
precisamos dar-Lhe justificativas. Ele já nos comprou com Seu
sangue precioso e não mais somos de nós mesmos. O mesmo
deve acontecer na vida de reuniões: precisamos submeter-nos
a Cristo.
D. O Produto do Nosso Viver Diário
Precisamos admitir que ainda estamos sob a influência do
cristianismo tradicional. Nascemos nesse ambiente e fomos
criados sob essa influência, mas na restauração do Senhor
precisamos lançar fora o cristianismo tradicional, principalmente
as tradições relacionadas com as reuniões formais. Nossas
reuniões não devem ter início formal. Em vez disso devem
começar espontaneamente quando exercitamos o espírito.
Contudo, digo novamente que esse tipo de reunião é o produto
do exercício de nosso espírito para experimentar Cristo na
vida diária. Se não exercitarmos nosso espírito em nosso viver
diário, tudo o que fizermos nas reuniões poderá ser apenas um
teatro, e não a demonstração espontânea da vida cristã diária.
Se andarmos no espírito, dia após dia, ninguém será capaz de
predizer como começarão as reuniões. Simplesmente vamos
reunir-nos para ter uma demonstração espontânea das riquezas
de Cristo para a edificação da igreja. Por causa da influência
da tradição e do conceito natural, é muito fácil reunir-nos de
forma sistematizada. As reuniões podem ser formais e totalmente
destituídas da espontaneidade do Espírito. Oh! Precisamos de
libertação! Precisamos de libertação! Mas essa libertação e
liberação não podem começar com um teatro nas reuniões; têm
de começar com o exercício do espírito no andar diário. No viver
diário devemos ser certo tipo de pessoa, que contata o Senhor,
invoca o Seu nome, fala sobre Ele aos outros e canta louvores
256
A vida da igreja
a Ele. Então quando chegarmos às reuniões da igreja devemos
continuar a ser esse tipo de pessoa. Dessa forma, nossa atividade
nas reuniões exibirá o exercício do andar diário.
Não percebemos quanto ainda estamos debaixo da
influência mortificadora da tradição religiosa. Estejam certos
que ainda estamos sob a tradição do cristianismo. Você pode
perguntar o que podemos fazer sobre isso. A única coisa a fazer
é exercitar o espírito para ter um contato íntimo com o Senhor
como Pessoa viva dia após dia. Não devemos tentar ajustar-nos
ou aperfeiçoar o comportamento. Além disso, não devemos
esforçar-nos por ser espirituais ou santos. Esqueçam todas essas
coisas e simplesmente prestem atenção ao índex dos olhos do
Senhor. Em vez de tentar ser espirituais, devemos simplesmente
viver na presença do Senhor. Precisamos fazer uma declaração
a todo universo: “não conheço o significado de santidade ou
espiritualidade. Só sei que Cristo é minha vida e minha pessoa.
Hoje Ele vive em mim e quero viver segundo o índex de Seus
olhos. Meu único desejo é ser um com Ele. Não me importo
como estou, se amo ou odeio, se estou zangado ou calmo.
Importo-me somente em tomar Cristo como minha pessoa e
ser um com Ele em tudo”.
II. VIDA FAMILIAR
“Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da
lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo
igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito” (Efésios 5:26-27)
A. Lavar com a Água da Palavra
Na vida familiar, que envolve a questão conjugal, Paulo fala
de Cristo e a igreja. Assim como Cristo se submeteu a Deus Pai,
257
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
também a igreja deve submeter-se a Cristo em todas as coisas.
Efésios 5:25 diz que Cristo amou a igreja e Se entregou por ela.
Em Mateus 16:24, o Senhor Jesus disse que se alguém quisesse ir
após Ele devia negar-se a si mesmo, porém Ele é que Se negou a
Si mesmo, entregando-Se pela igreja. Embora tenha rogado ao Pai
que, se possível, passasse Dele o cálice, o Senhor, por fim, disse:
“Não seja como Eu quero” (Mt 26:39). O Eu desse versículo é o
Si mesmo de Efésios 5:25. O Senhor negou a Si mesmo e entregou
a Si mesmo. Por que nós negamos a nós mesmos? Porque o Senhor
Jesus Se negou a Si mesmo primeiro. A vida de negar o ego já
está em nós, por isso podemos negar a nós mesmos, tomar a cruz
e seguir ao Senhor, como Ele o fez pela igreja.
Efésios 5:26 diz que o Senhor purifica a igreja por meio da
lavagem de água pela Palavra. As palavras do Senhor são Espírito
e são vida (Jo 6:63). Então a lavagem de água pela Palavra é o
Espírito a nos lavar pela Palavra. A Palavra é a própria água, que
é o Espírito. Ele lava, purifica e santifica a igreja para apresentá-
la a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante (Ef 5:27).
A Palavra é um jato de água. Quando a Palavra vem, o
Espírito vem, e esse Espírito é como um jato de água (Jo 7:38-
39), remove todas as nossas máculas e rugas. Por isso, na vida da
igreja, a Palavra do Senhor é o centro das reuniões. Às vezes Ele
nos supre com uma Palavra branda e mansa. Às vezes a Palavra
é como um rio caudaloso, abundante, que nos enche. Às vezes,
é como um jato forte, porque estamos cheios de máculas e rugas.
Todos precisamos do jato da Palavra para tirar todas as rugas,
máculas e coisas semelhantes. Assim, iremos tornar-nos santos,
sem máculas nem rugas, sem defeito.
Porém, na vida conjugal, se o marido lidar com a mulher
usando a Palavra como um “jato”, ela poderá rebelar-se e não se
258
A vida da igreja
submeter. O marido deve tratar a mulher no lar usando os dois
primeiros tipos de água: água branda e mansa (Pv 15:1), e água
como um rio caudaloso; e não como se fosse um “lava-a-jato”.
A água mansa e branda é aquela que é rica, caudalosa, cheia de
compaixão e compreensão. Essa é aceita de bom grado. Maridos,
procurem evitar ao máximo usar o “lava-a-jato”. Mas também
podem usá-lo de vez em quando, quando aparece uma mácula,
ou ruga; isso só o jato remove. Ao fazê-lo, porém, façam-no
cheios no espírito.
Tanto quanto possível, os maridos devem usar de palavras
mansas, brandas, agradáveis, pois “ninguém jamais odiou a
própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também
Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo”
(vs. 29-30). Às vezes temos de lavar os pés uns dos outros, mas
não usemos água escaldante. Também não usemos água gelada;
tem de ser água morna. Quando o marido lida com a mulher,
não deve passar dos limites. Mas se não lidar com ela também
está errado. O marido deve amar a mulher assim como Cristo
amou a igreja. Assim, as irmãs irão submeter-se ao marido
felizes, porque o marido representa Cristo, e Deus estabeleceu
o marido como sua cabeça.
B. Relacionamento entre Marido e Mulher
“Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a
alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja”
(Efésios5.-29)
Efésios 5:31 diz: “Eis por que deixará o homem a seu pai e
a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tomarão os dois uma só
carne”. Esse versículo nos fala claramente que jamais poderemos
separar-nos do cônjuge. Marido e mulher tornaram-se uma só
carne. Como pode um corpo dividir-se? Assim como a igreja não
259
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
pode dividir- se, a família também não pode dividir-se. Só uma
coisa justifica a separação de um casal: o adultério. Quando um
dos cônjuges comete adultério, já quebrou a unidade. Paulo nos
fala sobre isso em 1 Coríntios. Por nenhuma outra razão pode
haver a separação. Algumas esposas dizem: “Meu marido não
é carinhoso, nunca me tratou bem, sempre me irrita em casa”.
Isso não é motivo para separação, elas ainda devem se submeter
e aproveitar todas as ocasiões para crescer e amadurecer no
Senhor. Na verdade, o cônjuge que o Senhor nos dá é o cônjuge
que precisamos ter. Por outro lado, um irmão pode dizer: “ minha
esposa é brava”. No entanto, ela foi feita certinho para ele. Se
fosse um pouquinho mais brava, ele não iria agüentar. Se não
fosse brava, ele nunca negaria a vida da alma. Ela está “no ponto”
para ele.
Todos temos de agradecer ao Senhor pelo cônjuge que Ele
nos deu. As pessoas do mundo sempre falam que a mulher, ou
marido, dos outros é melhor. Não existe isso. Na igreja não há
isso. Se o cônjuge dos outros é melhor, o nosso é melhor ainda,
porque é exatamente o que precisamos, pois o Senhor quer que
sejamos espirituais e cresçamos em vida. Por isso Ele nos deu
exatamente esse cônjuge. Por isso nada disso é motivo para
separação. Cristo e a igreja não podem separar-se, tampouco
marido e mulher podem separar-se (vs. 31-32).
C. Relacionamento entre Pais e Filhos
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os
na disciplina e na admoestação do Senhor (...) Certos de que
cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do
Senhor, quer seja servo, quer livre” (Efésios 6:4,8)
Em Efésios 6 Paulo fala do relacionamento entre filhos e
pais (vs. 1-4).Isso também faz parte da vida da igreja. Efésios
260
A vida da igreja
6:1-2 menciona o quinto dos Dez Mandamentos dados por
Deus: honrar pai e mãe. Esse é um mandamento que tem
promessa especial, e Paulo aqui a registrou. Na vida familiar,
os filhos devem submeter-se aos pais, obedecer-lhes e honrá-
los. Fazendo isso, irão bem e serão de longa vida sobre a terra.
Esse é o primeiro mandamento com promessa. Os pais também
têm a sua responsabilidade: não provocar os filhos à ira (v.
4). Não sabemos exatamente o que dizer aos irmãos quanto
a criar filhos na vida da igreja. Muitas vezes, ao falar sobre
isso, podemos ofender os pais. Mas podemos dizer uma coisa:
vocês devem, sem dúvida, amar os filhos, mas não os amem
em excesso. Isso os prejudicará. Alguns pais acham que amar
o filho é dar-lhe tudo o que ele quer e pede. A justificativa é
que ele ainda é pequeno, é criança, e devem seguir a vontade
dele. Mas hoje as crianças são muito mais inteligentes do que
antigamente. Elas são bem mais maduras. Lidem com elas e
as disciplinem. Por causa do apelo e sedução do mundo, as
crianças não sabem o que é negar a sua vontade, não sabem
o que é ouvir um não. Não esperem a criança crescer para
falar-lhe de negar a sua própria vontade. Passem-lhe a lição
de negar a vida da alma enquanto é pequena. Não cedam
sempre à vontade dela.
Por outro lado, sabemos que as crianças sofrem pressão
dos colegas e gostam de se ostentar para eles: o tênis de
marca, a roupa de grife, o que geralmente é muito mais caro.
Pais, vocês têm de discipliná-las nisso, ensinar e explicar
corretamente que nós, como crentes, não vivemos pela
tendência do mundo, mas pelo Espírito em nosso espírito.
Em vez de comprar mercadoria de grife, por que não comprar
algo mais em conta e ofertar o excedente ao Senhor? Se a
criança não quiser ouvir, é preciso discipliná-la. Ela ficará
261
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
triste no momento, porém, mais tarde, verá que isso é porque
vocês a amam. Desde criança, ela tem de aprender a lição:
não façam tudo de acordo com a vontade dela.
Em muitas famílias os pais deixam os filhos escolher o que
estudar no futuro. Pais, eles devem escolher, porém precisam
de orientação, Dêem a sua opinião, expressem a sua vontade
e os ajudem. Não os forcem a escolher certo curso. Se não
têm queda para fazer o curso de física, por exemplo, não os
obriguem a fazê-lo. É preciso primeiro investigar quais as
suas tendências profissionais. Contudo, qualquer que seja
a direção em que vocês vão orientá-los, uma coisa é certa:
ajudem-nos a amar ao Senhor. Além disso, não pensem que
o melhor será sempre enviá-los para a escola mais cara, que
assim se sairão melhor profissionalmente. Nem sempre! Nos
lugares onde a mensalidade é cara, os alunos têm mais dinheiro
para comprar drogas. Não permitam que os filhos adquiram
o costume de fumar. Se começam a fumar, talvez com um
cigarro aparentemente inocente, depois virão as drogas. Hoje,
ainda muitos aprovam o fumo. Proibi-lo parece que é violar a
liberdade do cidadão. Não existe isso. Nos aviões, é proibido
fumar. Até mesmo os fumantes estão sendo disciplinados hoje
em lugares públicos. Pais, vocês também precisam disciplinar
os filhos. Deus os confiou a vocês, pais e mães. O Senhor tem
grande esperança em cada um de seus filhos. Se vocês não os
orientarem bem, no tribunal de Cristo o Senhor vai ajustar
contas com vocês. Não é fácil criar filhos, porém o Senhor
supre com Sua graça. Há um ditado que diz: “Não se pode ser
pesado demais nem leve demais”. Então, que fazer? Voltar para
o espírito, andar no espírito. Como criar os filhos? Andando no
espírito. Assim podemos criá-los na disciplina e admoestação
do Senhor (v. 4b).
262
A vida da igreja
III. VIDA SOCIAL
Em Efésios 6:5-9, temos o relacionamento entre empregado e
patrão. Isso tem a ver com a vida social. É realmente lamentável
que, embora alguns irmãos tenham firmas grandes e possam usar
irmãos como funcionários, eles não queiram fazê-lo. Muitas vezes,
preferem contratar incrédulos, pois acham mais fácil lidar com
eles profissionalmente. Isso ocorre porque o funcionário cristão
muitas vezes abusa da liberdade que tem com o seu patrão por
este ser irmão, e ainda alega falta de amor quando é repreendido
em alguma falta. Como deve ser o relacionamento mencionado
em Efésios? Então, mais uma vez, só há uma palavra: “Encher-nos
no espírito”. Não apenas o patrão tem de estar no espírito, mas o
funcionário também. De igual modo, se formos tratar de negócios
com alguém, precisamos estar no espírito, a fim de não mentir.
Quando fazemos negócios no mundo, as pessoas mentem, porém
nós temos de estar no espírito. Então, pouco a pouco daremos
bom testemunho para as pessoas, e isso acabará por conduzi-las
ao Senhor. A nossa vida social também deve ser uma vida no
espírito. Precisamos estar cheios no espírito.
IV. BATALHA ESPIRITUAL
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força
do seu poder” (Efésios 6:10)
A. A Armadura de Deus
Por fim vejamos a nossa vida de batalha. Não lutamos contra
carne e sangue; a nossa luta é espiritual (Ef 5:12) .Para isso,
precisamos revestir-nos de toda a armadura de Deus. Somente
assim poderemos ficar firmes contra as ciladas do diabo.
Primeiramente, nós precisamos ficar firmes. Se ficarmos
firmes, não vamos cair diante do inimigo. Somente no espírito
263
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
é que podemos ficar firmes. Em nossa luta contra o inimigo há
só um caminho: ficar no espírito. Nós mesmos precisamos estar
revestidos de toda a armadura de Deus. Em cada item dessa
armadura conseguimos impedir que o inimigo nos derrote.
O primeiro item é o cinto da verdade (Ef 6:14a). Que é
a verdade? É algo que nos torna inabaláveis. O inimigo vem
com sagacidade, astúcia, para tentar abalar-nos, tirando-nos
da verdade. Mas, se estamos cingidos da verdade, temos força.
Satanás não tem como investir contra nós.
Devemos também usar a couraça da justiça (Ef 6:14b).
O nosso coração é alvo fácil para o inimigo, Satanás, por isso
precisamos de uma couraça para nos proteger. Graças ao Senhor,
Ele já se tornou justiça para nós (1 Co 1:30). Já recebemos a
justiça objetiva ao crer no Senhor. Hoje precisamos de uma boa
conduta como nossa justiça subjetiva. Quando vestimos a couraça
da justiça, conseqüentemente nossa conduta será adequada e não
daremos oportunidade para Satanás nos atacar.
Também devemos calçar os pés com o evangelho da paz (Ef
6:15). Aqui não é só ficar firmes, mas também avançar. Devemos
ter a preparação do evangelho da paz para andar.
O próximo item é o escudo da fé (Ef 6:16). Realmente,
somos homens de pouca fé. Devemos pedir fé ao Senhor. Nós
precisamos do escudo da fé. Quando o inimigo nos vem atacar,
ele o faz de todos os jeitos, ele usa dardos inflamados. Se temos
fé na palavra de Deus como nosso escudo, não somos atingidos
pelos dardos do inimigo.
Devemos ainda tomar o capacete da salvação (Ef 6:17a).
Já fomos salvos no espírito. Quando o Senhor voltar, nosso
corpo será redimido. Agora estamos na fase da salvação da
alma, especialmente no que diz respeito à nossa mente, a
parte líder da alma. Portanto precisamos do capacete da
264
A vida da igreja
salvação para cobrir a mente para que Satanás não possa
atacar a nossa alma.
E por último, precisamos da espada do Espírito (Ef 6:17b),
que é a Palavra de Deus. Os itens anteriores da armadura de
Deus são itens defensivos contra os ataques do inimigo. Se não
estivermos equipados com qualquer dos itens anteriores, haverá
brecha por onde Satanás poderá entrar e nos derrotar. Por outro
lado, só podemos atacar o inimigo com a espada do Espírito,
que é a Palavra de Deus.
Devemos orar com a Palavra de Deus (v. 18). Quando
oramos, usamos a Palavra. Isso é empunhar a espada do Espírito
na oração. Devemos tomar a Palavra com toda oração e súplica,
ou seja, orando de todas as maneiras.
Paulo também pede que oremos por ele (vs. 19-20).
Devemos orar por aqueles que nos ministram a palavra, para
que em Cristo eles sejam usados para falar como lhes cumpre
fazê-lo, e tenhamos maior proveito da palavra no espírito.
B. A Luta Espiritual : Algo que diz Respeito ao Corpo
Na economia de Deus há um exercito constituído de um
guerreiro corporativo. Isso quer dizer que o guerreiro em Efésios 6
é uma entidade corporativa. Apenas como entidade corporativa,
o corpo, é que podemos revestir-nos de toda armadura de Deus.
Isso é contrario ao conceito mantido por muitos irmãos de
que o cristão individual é capaz de vestir toda a armadura. A
armadura em Efésios 6 não é para cristãos como indivíduos; é
para a igreja coletivamente como um corpo. Esse capítulo não
mostra os cristãos a lutar como indivíduos, e, sim, como exercito
corporativo a lutar pelos interesses de Deus na terra.
A guerra espiritual não é individual; algo que diz respeito ao
Corpo, uma entidade corporativa para lutar com o inimigo de
265
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
Deus. Nenhum soldado moderno lutaria sozinho numa batalha.
Pelo contrario, lutaria como parte de um exército bem treinado
e totalmente equipado. Uma vez formados em um exército
corporativamente, seremos capazes de lutar com o inimigo de
Deus. A estratégia de Deus é usar a igreja como Seu exército para
lutar com o inimigo. Portanto, é muito perigoso estar isolado do
exército. Somente no exército teremos a proteção necessária.
Anos atrás, o povo do Senhor considerava a guerra espiritual
algo individual. Mas através dos anos vimos que essa questão diz
respeito totalmente à igreja como exército corporativo de Deus. Se
você se separar da igreja, será derrotado. A estratégia de Satanás
é simplesmente isolá-lo da igreja como exército de Deus. É crucial
que vejamos que a guerra espiritual diz respeito ao corpo. Se
percebermos isso e permanecermos na igreja, seremos vitoriosos. A
batalha não é para cristãos individuais; é para a igreja como exército
de Deus. Também devemos perceber que este aspecto da guerreira
refere-se a igreja como o reino, pois ela possui a autoridade de Deus,
para que a terra seja reconquistada para o Senhor.
V. AS OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS
A. A Relação do Homem com as Riquezas Materiais
e o Significado das Ofertas
Desde que o homem passou a ter um problema com Deus
por causa da queda e deixou a posição em que ele tomava
Deus como tudo, as riquezas materiais se tornaram um assunto
crítico na vida do homem caído. O inimigo de Deus, Satanás,
aproveitou-se para enganar os homens levando-os a adorar
ídolos, tal como Mamom, o deus da riqueza. Agindo assim,
o diabo usurpa a adoração e o serviço dos homens que são
devidos a Deus. Por isso, após sermos salvos e libertos da
266
A vida da igreja
autoridade de Satanás, enfrentamos a questão do viver prático:
o que fazer com as riquezas materiais? – Mt 6:24; At 26:18.
Todas as coisas que possuímos procedem do dar de Deus. Por
isso, não devemos pôr a nossa esperança nas riquezas materiais
enganosas e incertas, mas no próprio Deus que nos dá todas as
coisas para o nosso desfrute. Além disso, o Senhor é que nos faz
prosperar para que tenhamos como suprir as nossas necessidades.
Assim, devemos aprender a depositar a nossa esperança em
Deus, e não na própria habilidade, como fazem os incrédulos – 1
Tm 6:17; 3 Jo 2; Tt 3:14, 8.
O Senhor nos ordena que não acumulemos riquezas
excedentes na terra, mas sim nos céus, investindo-as sobre o Pai
celestial, por meio de cooperar com a propagação do evangelho e
ajudar os que tem necessidades – Mt 6:19-20; Fp 1:5; Lc 16:9.
Guardar na terra as riquezas excedentes de nosso viver é
apoderar-se de nossa vida natural e fazer uso dela, enquanto
guardar essas riquezas no céu, gastando-as em Deus, é apoderar-
se da vida eterna de Deus e empregá-la – 1 Tm 6:17-19.
Suprir os santos com riquezas materiais é uma comunhão
que traz graça mútua tanto ao que dá como ao que recebe
– 2 Co 8:4.
Dar riqueza materiais aos pobres é justiça para com os
homens diante de Deus. Tal lei é estabelecida por Deus e regula
o relacionamento entre os seres humanos – 2 Co 9:9; Dt 15:7-8;
Pv 19:17; Mt 6:1-4; Hb 13:16.
Ofertar é um sacrifício agradável a Deus e sobe para Ele
como um aroma agradável. Tal prática está relacionada ao nosso
crescimento de vida e indica um viver por fé. Ofertar também
caracteriza uma maneira prática e saudável de enviarmos o nosso
coração para Deus, pois onde está o nosso tesouro, aí estará o
nosso coração – Hb13:16; Fp 4:18; 1 Tm 6:17; Mt 6:16-18.
267
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
B. O Dízimo e as Ofertas Foram Estabelecidos por Deus
como uma Reação e Reconhecimento de que Deus
é a Fonte de Toda a Nossa Provisão
No Antigo Testamento, antes do estabelecimento da lei
com Moisés, Abraão ofereceu o dízimo a Melquisedeque como
reação e reconhecimento de que Deus havia dado a vitória sobre
os inimigos e os bens que obteve – Gn 14:18-20.
A Bíblia considera a oferta de riquezas materiais como
semeadura. Essa semente é suprida por Deus. Assim, quando
ofertamos estamos semeando o que o próprio Deus nos deu – 2
Co 9:10.
C. As Promessas de Deus para a Prática das Ofertas
O Senhor compremete-se em suprir todas as nossas
necessidades se buscarmos em primeiro lugar o Seu reino e a
Sua justiça – Mt 6:25-34; Ex 16:19; 2 Co 8:13-15.
Se estivermos dispostos a distribuir nossa riqueza material
às necessidades que Deus estabelecer, Ele certamente nos dará
o que é rico, abundante, de boa medida, recalcado, sacudido e
transbordante – Lc 6:38.
A melhor maneira de ser abençoado por Deus em riquezas
materiais é dar, e não receber, tal como o próprio Senhor Jesus
fez por nós – At 20:35.
Aos olhos do homem, ofertar riquezas materiais é dá-las de
presente. Entretanto, aos olhos de Deus, tal oferta é uma semeadura,
a qual resultará na ceifa. Aquele que oferta pouco, pouco ceifará;
aquele que oferta muito, muito ceifará – 2 Co 9:6.
Se ofertarmos totalmente a Deus tudo o que lhe é devido,
para que a igreja seja ricamente suprida, Ele certamente nos
abrirá as janelas do céu e derramará sobre nós bênção, tal que
não haverá como contê-la – Ml 3:10.
268
A vida da igreja
D. O Uso das Ofertas
Para a necessidade da igreja: tal como no Antigo
Testamento os israelitas ofertavam para o uso da habitação de
Deus, como resgate de suas almas, todos os crentes do Novo
Testamento, também devem ofertar a Deus para satisfazer as
necessidades das várias despesas na igreja onde estamos – Ex
30:11-16; Ef 2:22; 1 Co 3:16-17.
Para a propagação do evangelho: uma vez que somos salvos,
devemos ofertar das riquezas materiais que o Senhor nos dá para
o progresso do evangelho – Fp 1:5.
Suprir os irmãos que servem ao Senhor: principalmente
os que servem ao Senhor com o seu tempo integral, não tem
como ganhar a vida com uma profissão, assim, há necessidade
de que os crentes tomem a responsabilidade de supri-los com
riquezas materiais, em particular os que se afadigam na Palavra
– Fp 4:15-16; 1 Tm 5:17.
Suprir os santos com necessidades: sempre que houver
necessidade, e com discernimento para que não haja
aproveitamento indevido, os crentes em dificuldades financeiras
e pobreza devem ser ajudados – Rm 12:13; Gl 2:10.
E. A Quantia das Ofertas
Segundo a prosperidade de cada um: devemos determinar a
quantia de nossa oferta a Deus baseados na condição de nossa
prosperidade – At 11:29; 1 Co 16:2; 3 Jo 2; 2 Co 8:12.
Com justiça que excede em muito a dos fariseus: os fariseus
davam o dízimo legal de tudo o que recebiam, e o Senhor Jesus
advertiu aos discípulos que a justiça deles deveria exceder em
muito a dos fariseus, logo os crentes devem ofertar pelo menos
o dízimo do que recebem – Mt 23:23; 5:20.
Quanto mais se oferta, mais se recebe: quanto mais
semeamos, mais colheremos, assim, cada pessoa deve propor, em
269
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
seu próprio coração, de quanto deve ofertar, não com tristeza ou
por necessidade, sabendo que Deus ama a quem dá com alegria
e crê em Suas promessas – 2 Co 9:6-7; Lc 6:38;
F. A Maneira das Ofertas
Oferecendo-nos primeiramente a Deus, e também aos
apóstolos, pedindo para participar da graça e da comunhão:
ofertar é uma graça que Deus dá aos crentes, portanto
é necessário que em primeiro lugar os santos estejam
reconciliados com Deus, então podem desfrutar da comunhão
do ministério, ofertando de acordo com os encargos que os
apóstolos apresentam – 2 Co 8:4-5.
Devemos ofertar em secreto: o Pai celestial que vê em
secreto, recompensa e galardoa os crentes de acordo com Suas
promessas, assim tanto os donativos com o nome do remetente
como as contribuições em público devem ser evitadas – Mt
6:1-4; 2 Rs 12:9.
Utilizando caixas de ofertas: podemos utilizar caixas de
ofertas nos locais de reuniões, a fim de permitir que os santos
depositem as suas ofertas nessas caixas de maneira reservada
– 2 Rs 12:9.
G. Os Tipos de Ofertas
Os dízimos: corresponde ao aspecto judicial das ofertas, que
os fariseus praticavam de modo legal e como justiça própria.
O Senhor Jesus os repreendeu pela falta de realidade, porém
não os dispensou de contribuir. Quanto aos discípulos, Ele já
havia indicado que sua justiça deveria exceder em muito a dos
fariseus – Mt 23:23; 5:20.
Ofertas: corresponde aos encargos que excedem ao dízimo.
Normalmente estão associados a alguma necessidade da igreja
270
A vida da igreja
ou da obra, como construção do local de reuniões, serviço de
crianças, compra de equipamentos de som, suprimento de irmãos
de tempo integral, colportores etc – Fp 4:14-19.
Ofertas especiais de ações de graça: corresponde a uma
porção especial que o crente não esperava. Por perceber que
Deus é a fonte de toda a graça, o crente separa uma porção
do que recebeu e oferta ao Senhor como ação de graças – At
4:36-37; Lv 22:23a.
Ofertas votivas: corresponde a uma oferta de fé, diante da
necessidade da igreja e da promessa de Deus. Por não possuir
aquilo que deseja ofertar, o crente pede a Deus e faz um voto
pela fé, para que o Senhor conceda o necessário. No Antigo
Testamento essa oferta tinha de ser perfeita, mostrando que o
voto deve ser cumprido integralmente – Lv 22:23b.
Oferta das duas moedas da viúva: corresponde a porção
relacionada com a nossa necessidade básica. Por causa da obra
do Senhor, o crente abre mão daquilo que lhe é devido como
a alimentação e , por meio de jejum e oração, faz sua oferta a
Deus. Tal oferta é de grande valor diante do Senhor que vê em
secreto – 1 Rs 17:8-15.
A IGREJA – A AMÁVEL VIDA DA IGREJA
Hino 392
1. Vida da igreja – que porção!
Todos os dias há rica provisão.
Fome ou sede aqui não há,
Oh! Vamos Cristo desfrutar!
Na arca vem entrar, vida da igreja ter,
Não percas tempo mais, vem já aqui gozar,
271
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs

Na arca vem entrar, vida da igreja ter,

Para que o Noivo logo possa voltar.

2. Vida da igreja – singular!

É precioso a ela se entregar!
Cristo e a igreja amamos nós,
Não há mais nada além dos dois.
3. Vida da igreja – que valor!
Todos são ricos na casa do Senhor.
Todos funcionam na reunião,
E o Corpo assim tem expressão.
4. Vida da igreja – que viver!
É rica terra fértil a nos suster.
Tal terra boa a cultivar,
Qual festa a reunião será.
5. Vida da igreja – que visão!
É o edifício, de Deus habitação.
Em unidade e em paz
Nós derrotamos Satanás.
Capítulo Doze
O GRUPO FAMILIAR DE CUIDADO MÚTUO
E A PREGAÇÃO DO EVANGELHO.
ESBOÇO
GRUPO FAMILIAR DE CUIDADO MÚTUO
I. O QUE É O GFCM?
II. AS REUNIÕES DE CASA EDIFICANDO A IGREJA
III. A IMPORTÂNCIA E AS FUNÇÕES DO GFCM
IV. AS REUNIÕES DO GFCM
V. A LIDERANÇA, AS JUNTAS DE SUPRIMENTO
VI. AUMENTO, MULTIPLICAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO
GFCM
VII. ASPECTOS PRÁTICOS QUANTO AO USO DO
ALIMENTO DIÁRIO
A PREGAÇÃO DO EVANGELHO
I. O QUE É O EVANGELHO
II. O CONTEÚDO DO EVANGELHO
III. OUTRAS DESIGNAÇÕES DA PREGAÇÃO DO
EVANGELHO
IV. A ORDEM DO SENHOR
V. O ESPÍRITO DE PREGAÇÃO DO EVANGELHO
– INDICANDO A ATITUDE AO PREGAR O
EVANGELHO

272 273
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
VI. AS PESSOAS QUE PREGAM O EVANGELHO
VII. A AUTORIDADE PARA PREGAR O EVANGELHO
VIII. COMO CONTATAR PESSOAS
IX. O PODER PARA PREGAR O EVANGELHO
X. COMO PREGAR O EVANGELHO
XI. O OBJETIVO DA PREGAÇÃO DO EVANGELHO
XII. O GALARDÃO PELA PREGAÇÃO DO EVANGELHO
XIII. A PERDA DE NÃO PREGAR O EVANGELHO
O GRUPO FAMILIAR DE CUIDADO MÚTUO
E A PREGAÇÃO DO EVANGELHO
O GRUPO FAMILIAR DE CUIDADO MÚTUO - GFCM
I. O que é o GFCM? - 1Co 12:14;At 2:41,44,46;5:42
A vida da igreja normal possui um conjunto de atividades,
que corroboram para os crentes sejam exercitados no espírito e
alimentados, enchendo suas vasilhas com azeite e negociando os
seus talentos. Certamente como ovelhas do rebanho do Senhor,
precisamos aprender a viver em pequenos grupos a fim de
podermos ser guardados e seguirmos ao Pastor e Bispo de nossas
almas, Jesus. O apascentamento e o cuidado mútuo foi entregue
a cada irmão e irmã da igreja, não sendo uma atribuição somente
dos líderes. Todos devemos amar os conservos e alimentá-los
ao devido tempo. Para isto o Grupo Familiar de Cidado Mútuo
(GFCM) tem sido utilizado na prática da vida da igreja, para o
exercício dos talentos, para o crescimento em vida dos santos
e o cuidado mútuo.
O Grupo familiar é o instrumento mais prático para
se manter a comunhão na vida divina e o cuidado mútuo
proporcionado pelo relacionamento estabelecido entre um
274
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
grupo de crentes, normalmente 12, de uma mesma cidade,
bairro, escola, trabalho, universidade etc. Por meio dele
os crentes podem ser cuidados e aperfeiçoados de maneira
orgânica, pessoal e permanente. É também no Grupo familiar
de cuidado mútuo onde encontramos a esfera e o ambiente
facilitador da comunhão do ensinamento dos apóstolos, onde
os membros do Corpo de Cristo podem receber o adequado
suprimento de vida, bem como podem ser estimulados a
funcionar, de modo que todos eles se tornem ativos.
II. As reuniões de Casa edificando a igreja
Na década de 1930, o irmão Nee disse-nos repetidamente,
e insistiu fortemente que deveríamos abandonar o culto
de domingo de manhã em todas as igrejas. Ele propôs que
usássemos aquele tempo dos domingos de manhã, para pregar
o evangelho aos parentes, amigos, companheiros e colegas de
classe. Mas é difícil quebrar o hábito das pessoas. As pessoas de
hoje não trabalham aos domingos e como um tipo de costume
e hábito, se reúnem como um povo religioso para render culto
a Deus. Somos muito semelhantes a eles. Quando o irmão Nee
fortemente propôs isso, quase ninguém dentre nós prestou
muita atenção. Todos estavam acostumados a ir a uma grande
reunião, no dia do Senhor, para sentar, relaxar e ouvir uma boa
mensagem. A boa mensagem é um tipo de música que se torna
diversão e desfrute para as pessoas. Interrompê-la e pedir-lhes
para pregarem o evangelho, significa cortar a diversão delas
e pedir-lhes para trabalharem. Elas não sabem como pregar o
evangelho em suas casas. Se pudessem reunir os parentes, quem
pregaria por elas? Mesmo reunir os parentes não é fácil. Assim,
ninguém o faria, e isso forçou o irmão Nee a deixar essa questão
um pouco de lado.
275
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
No extremo oriente, nas ricas famílias chinesas, nenhum
dos membros da família cozinha; pelo contrário, contratam um
cozinheiro profissional, treinado. Na hora das refeições, esse
cozinheiro profissional treinado lhes prepara um banquete. Não
é uma refeição, mas um banquete. Ao meio dia, pode haver doze
pratos e talvez, no jantar, de quinze a dezoito. Eles podem ter
um banquete todo dia. Em Xangai pudemos ver isto por anos.
Os chineses ricos foram estragados por esse tipo de banquete.
Podemos usar isso como ilustração.
A restauração do Senhor por trazer as revelações de Deus
à Sua igreja, também é rica. Em cada reunião pode-se ter um
cozinheiro profissional fazendo-lhe um banquete. Que tal
agora interromper o banquete e demitir o cozinheiro? Cada
irmão deve aprender a ficar encarregado de ir à cozinha, e
ficar em frente do forno quente. Cozinhar dessa maneira
e ter de comer o que cozinhou não é mau. Considere a
sociedade em qualquer país. Se um país pretende ser forte, as
famílias têm de ser edificadas. A edificação do país depende
das famílias. Se cada família precisa de um cozinheiro
profissional, isso estraga o país inteiro. Um banquete é
rico, mas não é saudável. Se a cada refeição houver um
banquete, você provavelmente não viverá até os sessenta
anos. Simplesmente porque está comendo muita comida
rica, você morrerá de ataque do coração. Se quer evitar ter
um ataque de coração, não coma comida muito rica. Quanto
mais se come comida simples, sem açúcar, com pouco óleo e
quase sem sal, mais nos sentimos confortáveis durante todo
o dia. Mas, comer esse tipo de comida simples, na verdade,
é um sofrimento. Da mesma maneira, abandonar as grandes
reuniões ser-lhe-á um sofrimento. Aquele é apenas um
sofrimento no paladar, não um sofrimento de fato. Tirar-
276
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
lhes as sobremesas americanas, grandes e doces, salvam-nos
de ter um ataque do coração. A dieta restrita salva-nos de
cometer uma espécie de suicídio gradual. Queridos santos,
não pensem que estamos exagerando. A sua participação nas
grandes reuniões, sentados lá, ouvindo um bom pregador,
semana após semana, ano após ano, é como cometer um
suicídio gradual do lado espiritual.
Em Mateus 16:18, o Senhor disse que edificaria a Sua igreja
sobre a rocha da revelação a respeito de Cristo. No capítulo
dezoito, o Senhor Jesus disse que estaria no meio de dois ou três
quando quer ou aonde quer que se reunissem no Seu nome (v.
20). Nesse versículo, a preposição grega “eis” traduzida “no”
indica que estes dois ou três, que estão se reunindo no nome
de Cristo, estão reunidos fora de si mesmos para dentro do Seu
nome. O nome sempre denota uma pessoa. Esses dois ou três
estão reunidos fora de si mesmos para dentro da pessoa de Jesus
Cristo. Aqui eles se reúnem.
Em tal reunião pequena, como se pode evitar ter contato
com os outros? Quando você se reúne somente com uma outra
pessoa, você não pode evitar de falar. Vejamos o diálogo que pode
ocorrer em tal reunião pequena. Talvez um irmão possa dizer que
não saiba como falar e que não tenha coisa alguma para falar.
Ele não consegue nem ler a mensagem do alimento diário, nem
gosta de ler a Bíblia. Outro irmão pode dizer-lhe: “anos atrás,
também não gostava de ler a Bíblia, mas agora gosto muito. No
passado, não gostava porque não tinha apetite. Um dia então,
me arrependi da falta de apetite pela Bíblia. Tive uma confissão
plena dos meus pecados diante do Senhor. Depois disso, fiquei
tão contente que fui enchido. Pulei, ri, exultei. Desde aquele
tempo tenho amado a Bíblia, e tive apetite por ela.” Então, ele
pode ajudar o primeiro irmão a receber graça pelo confessar. Isso
277
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
é edificação. O primeiro irmão se tornará agradecido ao Senhor
e grato a este irmão. Nunca o esquecerá, e o amará. Esse tipo
de experiência poderá nos edificar juntamente.
Esses irmãos então puderam ter comunhão acerca de quão
desfrutável é reunir dessa maneira. Talvez um irmão possa
expressar uma preocupação pelos irmãos que não vêm à reunião.
Eles podem orar com lágrima: “Senhor tenha misericórdia do
Davi, do João, do Tiago ...”
Através desse tipo de oração, esses dois irmãos amam um
ao outro, e entram no coração um do outro. Eles são edificados
juntamente. Esse tipo de edificação mútua impressionará as
pessoas ao máximo. Então os dois visitarão o irmão que está
afastado. Este pode saber que os dois não eram um no passado,
mas agora vê que são um. Não há necessidade de dizerem
qualquer coisa. Ele ficará impressionado e inspirado. Assim será
fácil restaurá-lo. Gradualmente, dia após dia, um e outro serão
restaurados. Essas pequenas reuniões edificarão e guardarão os
santos, restaurarão os afastados e trarão os novos.
Aqueles que estão acostumados a desfrutar as grandes
reuniões têm de perceber que elas nunca podem edificar. Em
Taiwan, depois de 1960, lenta e inconscientemente acabamos
nos voltando para o caminho do cristianismo. Gradualmente
abandonamos a prática dos pequenos grupos. Embora ano
após ano, batizássemos mais oitocentos, por fim poucos
foram preservados. Não tínhamos a força preservadora, não
tínhamos um reservatório adequado para guardar a chuva,
porque não praticávamos as reuniões de pequenos grupos,
nas casas. Tínhamos fortes reuniões de domingo em alguns
locais, mas isso não cumpria o propósito de edificação. Assim,
certamente descobrimos falha, a necessidade das reuniões
menores, nas casas. Temos de nos esforçar, batalhar e lutar
278
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
para a edificação das pequenas reuniões. Voltar a atenção das
grandes reuniões para as pequenas pode, temporariamente, ser
um tipo de sofrimento, mas tendo em vista a longa corrida, será
uma atividade saudável na restauração do Senhor. Podemos
não estar acostumados a ter pequenas reuniões nas casas. Em
geral gostamos de ter grandes reuniões. Até mesmo oramos
por grandes pregadores. Isso significa que queremos que um
grande cozinheiro venha nos fazer banquetes. Mas banquetear-
se todos os dias não é saudável. A maneira saudável é comer
comida caseira. Comida caseira é realmente saudável. Todos
podem viver uma longa vida comendo comida caseira. Mesmo
se nunca tiveram um banquete durante toda sua vida, ainda
serão saudáveis. Mas é quase certo que, se todo dia tiver um
banquete, você morrerá logo.
Um grande banquete é gostoso, mas no decorrer do tempo
não é saudável. As grandes reuniões são gostosas e desfrutáveis,
mas para a longa corrida, não podem edificar o corpo de Cristo.
Ocasionalmente, todos podemos nos reunir para ter um grande
banquete, como os israelitas nos tempo antigos. Eles ficavam em
casa e comiam as comidas caseiras por quase todo o ano. Apenas
três vezes por ano, todos se reuniam para ter uma festa durando
não mais do que sete dias. Isso é muito bom, mas depois, você
tem de voltar para as comidas caseiras, para fazê-la saudável.
Aprenda a estimar as pequenas reuniões, tente desfrutá-la. Tente
falar com alguns novos irmãos e com alguns que são mais fracos,
que têm estado um pouco afastados das reuniões da igreja. Tente
falar com eles. Isto ajudará a edificação.
III. A importância e as funções do GFCM:
O livro de Atos apresenta que o funcionamento de
pequenos grupos deu início ao testemunho da igreja em uma
279
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
cidade - At 16:15,40, 34. Ocorre que o grupo familiar supre
os seus integrantes, como membros do Corpo de Cristo,
em suas necessidades básicas, seja de suprimento de vida
relacionado com o sistema sangüíneo, seja de estímulos nervosos
relacionados com o sistema motor, os quais tipificam o Ministério
da Palavra e os encargos do mover que a igreja promove, pois
esta esfera permite que os membros com apenas um talento
possam funcionar, não enterrando o dom que receberam - Mt
25:14-18,24-27.
Ela estimula e desenvolve a habilidade de profetizar dos
membros do grupo, cooperando para que a igreja seja edificada
mediante o falar de todos os crentes -1 Co 12:1-3,15-16,21;
14:1-3,31. Não só o profetizar, como também todas as funções
dos santos são exercitadas com vistas à edificação do Corpo de
Cristo, tais como - Ef 4:11-12,15-16; At 2:42,46; Jo 21:15-17: 1)
Visitar os irmãos para apascentá-los, cuidar deles e aperfeiçoá-los.
2) Reunir para ter comunhão no ensinamento dos apóstolos. 3)
Exercitar o amor fraternal e o genuíno viver da igreja mediante
a cooperação em tarefas domésticas, trabalhos, serviços da igreja,
refeições, lazer etc. 4) Promover a Palavra atual e os encargos
do mover do Senhor (colportagem, palestras, ofertas, pregação
do evangelho, conferências, hospitalidade etc). 5) Recuperar os
irmãos que estão enfraquecidos ou afastados da comunhão.
Além disso, o GFCM facilita a expansão da vida divina para
as pessoas que estão à sua volta, por meio dele, os parentes, os
amigos, os vizinhos e os colegas de trabalho, escola etc, podem
ser ganhos para Cristo - At 10:24.
IV. As reuniões do GFCM:
As reuniões de Grupo familiar devem ter uma natureza
familiar, informal, de mutualidade e amor, sem qualquer
280
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
processo fixo ou protocolar para começar ou terminar. Devem
transcorrer de modo espontâneo, vivo e sempre no espírito, sem
se importar com regras fixas. Nessas reuniões não deve haver
um dirigente nem direcionamentos para uma determinada
pessoa ou convidado, mas somente o produto do desfrute de
Cristo produzido durante a semana por seus integrantes, assim,
há mútuo encorajamento e fortalecimento, que é o principal
fim dessas reuniões. Por essa razão devemos exercitar nesse
ambiente as práticas saudáveis que o Senhor nos tem dado
na restauração. Os hinos por exemplos não devem ser apenas
cantados, mas também falados, bem como as estrofes podem
ser desfrutadas com seqüências diversificadas, de acordo com
o sentimento do Espírito - Ef 5:18, 19. Assim todos edificarão
e serão edificados.
Deve-se evitar qualquer tipo de críticas e palavras negativas,
isso em nada ajuda ou edifica. Devemos sim procurar enfocar os
pontos positivos da Palavra e exercitar o espírito de sabedoria
- Ef 1:17; C14:5- 6. Com esse fim devemos seguir algumas
observações úteis quanto à leitura da Bíblia, de livros e à
comunhão na Palavra:
A. Aprender a ler com ênfase, com espírito, com repetição,
e com oração.
B. Usar o espírito lendo alguns textos com repetição ou
com ênfase em determinadas frases ou palavras.
C. Aproveitar para orar-ler algum versículo ou texto
importante.
D. No final de algum tópico ou mesmo de uma frase, pode-
se falar sobre algum sentimento, experiência, ensinamento ou
luz obtida na leitura.
E. As intervenções na reunião não devem perder- se em
detalhes que desviem do encargo e da linha central que está
281
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
sustentando a comunhão, nem devem estender-se para não
esfriar o espírito e o interesse dos demais participantes.
F. Deve-se evitar que algum irmão mais constituído
funcione demasiadamente, ao ponto de inibir a atuação dos
menos dotados.
G. No final da leitura deve-se buscar a aplicação prática para
o encargo que a Palavra transmitiu, considerando a necessidade
dos participantes e os itens que a igreja estiver promovendo.
H. O material a ser utilizado deve estar disponível a
todos os participantes: hinário, Bíblia, alimento diário, livros,
mensagens etc.
I. Procurar ajudar, em amor, as pessoas que estão ao nosso
lado, estimulando-os a funcionar, providenciando material ou
falando juntos.
V. A liderança do GFCM,
as juntas de suprimento - Ef 4:16
A liderança no GFCM é exercida mediante o funcionamento
dos irmãos que atuam como juntas de suprimento, ou seja,
suprindo Cristo e auxiliando, de forma oculta, para que cada
(parte) membro coopere.
As juntas de suprimento são aqueles irmãos que se
prontificam a verificar se os participantes sabem das reuniões,
possuem o material e se estão com alguma dificuldade, procuram
identificar os que estão mais fracos, para assim ajudá-los com a
oração e a comunhão (visitas ou ligações telefônicas).
Nas reuniões esses irmãos sustentam o fluir, sendo fervorosos
de espírito, corrigindo os eventuais desvios, esclarecendo os
pontos duvidosos e evitando que os irmãos se envolvam em
questões que não edificam, reconduzindo-os para o espírito e
para a linha do encargo da Palavra.
282
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
Portanto, vemos que não há qualquer qualificação para
atuar como uma junta de suprimento senão ter vida. Assim, aos
que desejam cooperar, basta que auxiliem, de modo discreto, as
pessoas que estão a sua volta, para que elas sejam vinculadas
ao Corpo e exercitem os dons que possuem, principalmente o
de profetizar.
Os irmãos que atuam como juntas de suprimento devem
também ser os primeiros a encorajar os irmãos a pregar o
evangelho e a introduzir pessoas novas nas reuniões e atividades
do GF e, a partir de então, estabelecer reuniões para estudo ou
leitura da Palavra, em sua própria casa, na casa dos interessados
ou em local de melhor acesso aos participantes (sala de aula na
escola, jardim, auditório etc.).
VI. Aumento, multiplicação e composição do GFCM
A prática tem mostrado que o número ideal de participantes
de um GF é 12 pessoas, sendo que, quando se exceder esse
número, é conveniente que haja uma multiplicação em dois
ou mais grupos.
O critério para a composição de GF varia de acordo com
as circunstâncias e as características do ambiente onde ele está
sendo estabelecido. Em principio, deve-se obedecer à questão
geográfica (por bairros, por quadras etc.), a fim de facilitar a
participação e a comunhão entre seus integrantes. Em alguns
casos, podem ser estabelecidos até mesmo GFCMs para jovens,
considerando a maior identificação entre as faixas etárias e a
maior possibilidade de haver expansão entre seus pares. Por
conta dessas variadas circunstâncias, além do seu GFCM, cada
irmão poderá integrar outros GFCMs em caráter especial, tais
como: na escola, no trabalho, na universidade, que falam um
determinado idioma (inglês, alemão ...) etc.
283
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
VII. Aspectos práticos
O Alimento Diário é um excelente instrumento para que
pequenos grupos familiares se reúnam, a fim de desfrutar a
Bíblia. Isso porque ele pode ser utilizado por grupos formados
por familiares, vizinhos ou amigos que moram próximos, ou
por colegas de faculdade, de escola ou de trabalho. Quando
houver então, reuniões com esse propósito deve-se ler em
conjunto as passagens sugeridas para cada dia, e ler com oração
o versículo do dia, após a leitura deve-se compartilhar entre si
as palavras-chaves de cada um, e procurar aplicar essa palavra
à sua vida cotidiana, às suas dificuldades, à sua vida familiar e
profissional. Tomar a Palavra de Deus prática; dessa maneira,
todos participam ativamente e são edificados mutuamente. E
então mediante a luz recebida, aproveitam a oportunidade para
orar juntos por necessidades ou problemas pessoais.
Alguns outros materiais podem ser usados como conteúdo
da reunião de pequeno grupo, sempre tomando a Bíblia como o
centro, a base e a meta de todo o compartilhar e experiências.
O horário e o local da próxima reunião devem ser marcados,
preferencialmente, ao final de cada reunião.Deve-se atentar
para dar-se oportunidade a todos os integrantes do grupo,
no sentido que recebam a comunhão nos seus lares, ou em
locais que podem ser usados para alcançarem as pessoas que se
relacionam com os membros do grupo.
A PREGAÇÃO DO EVANGELHO
Toda pessoa salva, tendo crido no Senhor, deve pregar o
evangelho e fazê-lo com prazer. A vida de Deus em nós, a qual
recebemos, é tal vida. Quanto mais pregamos o evangelho,
mais essa vida é liberada, e, por conseguinte, mais cresceremos
nessa vida.
284
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
I. O que é o evangelho?
Sendo as boas novas, as boas notícias “Que anuncia as boas
novas... que faz ouvir a salvação” (Is 52:7); “Quão formosos são
os pés dos que anunciam coisas boas” (Rm 10:15). O evangelho
é as boas novas, são as boas notícias de grande alegria, as quais
Deus pediu que os Seus servos anunciassem aos homens.
Tais novas incluem o desfrute da pessoa do Senhor Jesus e
de Sua obra redentora, que produzem uma salvação completa
do homem e bem assim a herança do reino do Pai e a eternidade
na Nova Jerusalém.
II. O conteúdo do Evangelho
Jesus Cristo -”Levar as boas novas de Jesus como o Cristo” (At
5:42). O conteúdo principal do evangelho é Jesus Cristo, o Filho
de Deus (Jo 20:31). Ele é Aquele que é tanto Deus como homem
(Rm 1:1,), que Se tornou o Salvador dos pecadores (Mt 1:21).
“O evangelho que vos anunciei... que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:1-4).
A morte de Cristo, pela qual Ele carregou os nossos pecados,
o Seu sepultamento e a Sua ressurreição também fazer parte
do conteúdo principal do evangelho. O que Cristo é, a Sua
pessoa como o Homem-Deus, e o que Cristo fez, a Sua obra de
redenção, constituem o conteúdo do evangelho.
O conteúdo do evangelho é a fé, que é a economia de
Deus, ou seja, o que Deus é, tem, e realizou a favor do homem,
com vistas ao cumprimento do Seu propósito eterno, que é o
estabelecimento do Seu reino.
III. Outras designações da pregação do Evangelho
1. Testemunhar - “Sereis Minhas testemunhas... até a parte
mais remota da terra” (At 1:8).
285
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
2. Levar as pessoas ao Senhor - “André... achou primeiro
ao seu próprio irmão, Simão... e o levou a Jesus” (Jo 1:40-42).
3. Semear - “Entesoura o seu fruto para vida eterna; e,
dessarte se alegram, tanto o semeador como o ceifeiro” (Jo 4:36).
4. Ceifar a seara - “Rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9:38).
5. Pagar dívida - “Sou devedor... a [homens]... estou pronto
para pregar o evangelho também a vós (Rm 1:14-15).
6. Dar fruto - “Eu [o Senhor] vos escolhi a vós outros, e
vos designei para que vades e deis frutos” (Jo 15:16).
Nas seis passagens precedentes da Escritura, testificar pelo
Senhor, levar as pessoas ao Senhor, semear, ceifar a seara, pagar dívida
e dar fruto são as outras designações da pregação do evangelho.
IV. A ordem do Senhor
1. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”
(Mt 28:19).
2. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda
criação” (Mc 16:15).
Depois que o Senhor 1esus realizou a redenção que Deus
tinha planejado para o Seu povo escolhido, por meio de Sua
morte e ressurreição, e quando Ele estava prestes a deixar a terra
e ascender ao céu, ordenou aos Seus discípulos que fossem por
todo o mundo e pregassem o evangelho a toda a criação, fazendo
discípulos de todas as nações e batizando-os para dentro do
Deus Triúno. Essa é uma ordem solene. Foi dada não somente
aos discípulos que estavam com o Senhor , mas também a todos
aqueles que creriam Nele e receberiam a Sua salvação através
das gerações. Devemos, portanto, receber seriamente essa ordem
de ir e propagar o evangelho do Senhor
286
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
Esta comissão compõem o evangelho de Deus, sendo a 1ª
parte o evangelho da paz, que tem como objetivo batizar todos os
que creram para dentro do Nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo; enquanto a 2ª parte é o evangelho do reino, que tem
como objetivo ensinar os crentes a guardarem todas as coisas que
foram ordenadas pelo Senhor Jesus com respeito à vida, para que
todos alcancem a plena filiação, tornando-se assim um discípulo
ou seguidor do Senhor Jesus em Seu ministério de trazer o reino
de Deus a esta terra.
V. O espírito da pregação do Evangelho -
Indicando a atitude ao pregar o Evangelho
1. Ardente em Espírito - “Sendo fervoroso em espírito,
falava e ensinava acuradamente as coisas concernentes a Jesus”
(At 18:25).
2. Ser provocado em espírito - “Nele o seu espírito
era provocado ao ver que a cidade era cheia de ídolos” (At
17:16).
3. Não se envergonhar - “Pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de Deus para salvação, para todo
aquele...” (Rm 1:16).
4. Dispostos a sacrificar nosso status - “Porque, sendo livre
de todos, fiz-me escravo de todos a fim de ganhar o maior número,
possível... Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar
os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos
os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com
o fim de me tornar cooperador com ele” (1Co 9:19-23).
5. Gastar-se alegremente e ser gasto - “Mas, eu muito
alegremente gastar-me-ei e serei totalmente gasto pelas vossas
almas” (2 Co 12:15).
6. Não temer sofrer o mal - “Participa comigo dos
287
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus”
(2 Tm 1:8).
7. Deixar tudo - “Que tenha deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de Mim
[do Senhor] e por causa do evangelho” (Mc 10:29).
Arder em espírito, ser provocado em espírito, não se
envergonhar do evangelho, estar dispostos a sacrificar nosso
status, gastar-se alegremente e ser gasto, não temer sofrer o mal
e deixar tudo, como é mencionado acima, são as atitudes que
devemos ter ao pregar o evangelho. Que o Senhor nos dê graça
para que possamos imitar os belos e excelentes modelos dos
santos da primeira geração da igreja, no período apostólico.
Deixar tudo significa não mais colocar o coração em
qualquer coisa desta terra, mas viver na esperança da vinda
do Senhor, esperando e apressando o Seu dia.
VI. A condição adequada
para uma pregação do Evangelho prevalecente
1. Unindo-se a Ele - “ Mas aquele que se une ao Senhor
é um espírito com Ele”(1Co 6:17). Se quisermos pregar
o evangelho de forma eficiente devemos estar em íntima
comunhão com o Senhor, não tendo nada entre nossa pessoa
e a Dele (1Co 6:17; 2Co 3:18). Isso obtemos fazendo uma
completa confissão de todas as falhas, defeitos, erros e práticas
da carne e do homem natural, pecados, ofensas contra Deus e
o homem (Fp 3:10; 1Jo 1:8-10).
2. Visitando – “em todas as minhas orações, suplicando
que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa
ocasião de visitar-vos.” (Rm 1:10). Uma vez purificados e
unidos a Deus devemos nos consagrar pela pregação orando
intensamente pela visitação das pessoas e por aquelas que
288
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
iremos visitar (Jo 15:8, 16; Ef 6:18-19; Rm 1:8-15). Dessa
forma, uma vez revestidos de poder, falamos constituídos das
palavras dessa tão grande salvação de Deus para o homem
(Hb 2:1-4; 2 Co 5:19).
VII. As pessoas que pregam o Evangelho
1. Ser dignas do evangelho do Senhor - “Vivei, acima de
tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Fp 1:27).
2. Permanecer no Senhor - “Quem permanece em mim [o
Senhor], e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15:5).
A conduta de uma pessoa que prega o evangelho deve ser
digna do evangelho do Senhor. Ela também deve ser uma pessoa
que permanece no Senhor e permite que o Senhor permaneça
nela, vivendo junto com o Senhor sem nenhuma barreira entre
ela e o Senhor.
VIII. A autoridade para pregar o Evangelho
A autoridade do Cristo ressurreto - “Toda a autoridade me
foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações” (Mt 28:18-19). A autoridade para a pregação
do evangelho é toda a autoridade de Cristo no céu e na terra,
a qual transcende tudo, governa tudo e controla tudo.
IX. O poder para pregar o Evangelho
O poder do Espírito Santo consumado - “Mas recebereis
poder, quando o Espírito Santo tiver descido sobre vós, e sereis
Minhas testemunhas... até a parte mais remota da terra” (At
1:8). O poder para pregação do evangelho é o próprio Espírito
Santo com poder, que é a expressão consumada do Deus
Triúno, incluindo o Deus Triúno e todos os processos pelos
quais Ele passou.
289
 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
X. Como pregar o Evangelho
1. Orar - “E, suplicando eles... e falavam a palavra de Deus
com ousadia” (At 4:31). Para a pregação do evangelho ser eficaz,
é necessário que sejamos uma pessoa de oração.
2. Ser enchido exteriormente do Espírito Santo – “E foram
todos cheios do Espírito Santo, e falavam a palavra de Deus
com ousadia” (At4:31). A fim de cumprir a nossa oração pela
pregação do evangelho, há a necessidade do encher exterior
do Espírito Santo. Este encher do Espírito como poder pode
ser experimentado mediante o enchimento do homem interior,
até que ele transborde e nos revista com toda a autoridade do
Nome do Senhor
3. Seguir o Espírito – “E o Espírito disse a Filipe: Aproxima-te,
e ajunta-te a este carro. E, enquanto corria...” (At 8:29-30). Para
podermos pregar o evangelho, expressar a vida do Senhor e dar o
fruto da vida, devemos seguir a orientação do Espírito Santo.
4. Estar pronto em tempo e fora de tempo - “Prega a
palavra, insta, quer seja oportuno, quer não” (2Tm 4:2). A fim
de pregar o evangelho com resultado, uma pessoa não pode ser
limitada pelo tempo.
5. Amar as pessoas, gastar-se e ser gasto por elas - “Mas,
eu muito alegremente gastar-me-ei e serei totalmente gasto pelas
vossas almas, ainda que amando-vos mais abundantemente, sou
menos amado” (2Co 12:15). Amar a outros, gastar-se e ser gasto
por eles, é também uma forma maravilhosa e excelente de pregar
o evangelho.
6. Falar a palavra de Deus - “...falavam a palavra de Deus
com ousadia” (At 4:31). Falar a palavra de Deus e não a nossa
própria palavra é um grande segredo para uma pregação do
evangelho bem sucedida. Com este fim, o livrete “O Mistério da
Vida Humana” é um excelente guia para ajudar no conteúdo e
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O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
nos passos para que uma pessoa tenha a Sua primeira experiência
com o evangelho.
7. Visitar de casa em casa para encontrar os filhos da
paz - “A colheita, na verdade, é vasta, mas os trabalhadores
são poucos; rogai, pois, ao Senhor da colheita que mande
trabalhadores para a Sua colheita. Prossegui o vosso caminho...
E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz a esta
casa. E se ali houver um filho da paz, repousará sobre este a
vossa paz” (Lc 10:2-6). A fim de que o evangelho seja pregado
de uma maneira ampla, com resultados abundantes, a forma
mais excelente é visitar as pessoas em suas casas, seja batendo
às portas, ou visitando os conhecidos ou pessoas recomendas, a
fim de encontrar os filhos da paz e levá-los a crer, a ser batizados
e a ser salvos.
XI. O objetivo da pregação do evangelho
“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo,
para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.” (Mt 24:14).
O que determina o fim é o evangelho do reino ser pregado em toda
terra habitada para testemunho a todas as nações. Esta é a nossa
responsabilidade. Se você ama a volta do Senhor, se deseja ser
arrebatado e participar do reino milenar, se você deseja diminuir
os dias de sofrimento aqui na terra, o melhor meio de apressar a
volta do Senhor é pregar o evangelho do reino.
O Senhor tem-nos dado a incumbência de conquistar a
terra para o Seu reino, e, particularmente a nós, na América
do Sul. A promessa dada por Deus a Josué, de que Ele daria
aos filhos de Israel todo lugar onde pisasse a planta dos seus
pés (Js 1:3), deu-nos uma visão que nos motivou a visitar cada
cidade deste continente a fim de resgatá-las da usurpação de
Satanás e devolvê-las para o domínio de Deus, pregando ali o
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 Aperfeiçoamneto de irmãos e irmãs
evangelho e estabelecendo grupos familiares de cuidado mútuo
para o crescimento em vida dos santos. Em seguida devemos
prosseguir até que o reino de Satanás seja expulso das cidades, e
nelas seja estabelecido o reino do Senhor Jesus Cristo. Isso não
é um movimento, mas o resultado do viver normal da igreja,
em que todos podemos participar.
Temos, sem dúvida, sofrido muito nesta terra. Além de todos
os tipos de sofrimento físico a que estamos sujeitos, há os que
dizem respeito à esfera sentimental, emocional, do nosso ser.
Os que levam a sério a questão de seguir o Senhor, sofrem por
negar a sim mesmos, por perder a vida da alma (Mt 16:24), a
fim de fazer a vontade de Deus, por amor a Ele. Este é mais um
motivo para apressarmos a volta do Senhor. Devemos crer na
Sua palavra. Todas as coisas indicam que a Sua vinda está muito
próxima, os sinais estão cada vez mais evidentes. Por isso, não
devemos permitir que o inimigo de Deus coloque dúvidas em
nossa mente, mas ser positivos e pregar o evangelho do reino
em toda terra habitada.
XII. O galardão pela pregação do Evangelho
Ser galardoado - “...pregar o evangelho! Se o faço de livre
vontade, tenho galardão” (1Co 9:16-17). O galardão aqui
certamente inclui a coroa da justiça mencionada em 2 Timóteo
4:7-8 pelo apóstolo Paulo, que também escreveu essas palavras.
É difícil determinar que mais esse galardão incluirá. Em qualquer
caso, certamente será glorioso.
XIII. A perda de não pregar o Evangelho
1. Ai de nós - “Ai de mim se não pregar o evangelho”
(1Co 9:16). Essa é uma palavra falada pelo apóstolo Paulo,
que foi fiel durante toda sua vida em pregar o evangelho pelo
292
O grupo familiar de cuidado mútuo e a pregação do evangelho
Senhor. Ele disse ai dele se não pregasse o evangelho. Nós
não sabemos que ai será esse, mas certamente não será algo
confortável ou honroso. Isso deve servir-nos de advertência!
2. Ser cortado - “Todo ramo que, estando em mim, [o
Senhor], não der fruto, ele [o Pai] o corta” (Jo 15:2). Essas
são as palavras pessoais do Senhor Jesus como advertência a
nós, dizendo que o Pai removerá cada um dos Seus ramos que
não der fruto; assim, essa pessoa perderá todo o supri mento e
bênção que vêm do fato de ela ser Seu ramo e de permanecer
Nele. Que advertência é essa!
A PREGAÇÃO DO EVANGELHO – SEMEAR
Hino 437
1. Espalhemos todos a semente santa,
Desde a madrugada té o anoitecer;
Calmos aguardando o tempo da colheita,
Quando alegremente havemos de colher.
Feixes recolher, feixes recolher,
Mui regozijantes, feixes recolher.
Feixes recolher, feixes recolher,
Mui regozijantes, feixes recolher.
2. Semear de dia, no calor ou sombra;
Nuvens ou inverno, não há que temer;
Logo vem a ceifa, o labor termina
E, alegremente, havemos de colher.
3. Sempre semeando, mesmo havendo choro,
Ou o prejuízo a nos entristecer;
Ao findar o pranto, Ele nos recebe –
Mui alegremente havemos de colher.
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