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Resumo
Tomando por base o trabalho investigativo desenvolvido com oito artesãs, a discussão
central do texto gira em torno das possibilidades metodológicas desenvolvidas e criadas
durante uma pesquisa participante junto a mulheres artesãs. O texto aborda formas de
participação tanto por parte da pesquisadora nas ações desenvolvidas pelo grupo
pesquisado como a participação do grupo nas ações desenvolvidas pela pesquisadora.
Como pensar a participação de ambos os lados? Quais caminhos podem nos levar para a
sororidade na pesquisa com/entre mulheres? Qual pedagogia é possível construir nas
pesquisas em Educação? Essas são algumas questões para as quais o texto pretende ser
direcionado e trazendo a abordagem e o uso dos Grupos de Discussão e do Método
Documentário sem perder de vista o conceito de sororidade.
Palavras-chave: Artesãs; Grupos de Discussão; Método Documentário; Pesquisa
Participante; Sororidade.
Considerações Iniciais
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Fonte: Fundação Gaúcha Do Trabalho E Ação Social - FGTAS. Programa gaúcho do artesanato:
relatório: 2010. Porto Alegre, [2011].
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estado do Rio Grande do Sul em 2010 apresentava 72.865 artesãos cadastrados, sendo
que desse total 78% eram mulheres. Segundo Eli Bartra (2004), podemos dizer que o
artesanato e a arte popular, na contemporaneidade, são uma arte feminina e por isso,
existe a necessidade de compreender como a atividade artesanal se fez e ainda se faz
presente na vida das mulheres.
A metodologia da pesquisa participante pode ser uma dessas formas porque ela
compreende, conforme Streck e Brandão (2006, p12), a construção de experiências de
criação coletiva de conhecimentos que buscam superar a oposição sujeito/objeto.
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Trabalho investigativo desenvolvido durante 2013 com um grupo de artesãs e que teve como objeto de
investigação a compreensão de como ocorre à formação de mulheres artesãs e de que maneira ela
influencia a gestão do artesanato.
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A pesquisadora participou de diversas atividades de formação no grupo das artesãs e as artesãs
participaram de atividades organizadas dentro de espaços da universidade e que visavam debater a
formação e o trabalho das mulheres no artesanato e de atividades organizadas pela pesquisadora durante a
pesquisa como os GDs e os “encontro estudo”.
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Conforme Weller (2006, p 247), o ideal é compor grupos de três até no máximo
seis participantes. Na pesquisa realizada foram organizados dois GDs cada qual com a
participação de quatro artesãs e mais a pesquisadora. O critério de formação dos grupos
ficou a cargo das próprias artesãs que definiram duas datas diferentes para a realização
dos GDs conforme a disponibilidade de cada integrante.
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Weller (2006, p. 255) apresenta um modelo de tópico-guia utilizado em suas pesquisas com jovens.
Utilizamos o mesmo modelo adaptando-o nesta pesquisa.
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Usamos junto à nomenclatura GD a ordem de realização das entrevistas em grupo representada por meio
de números cardinais (1 e 2) . Sendo que GD1 corresponde à primeira entrevista de grupo e GD2 à
segunda, respectivamente.
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Nome fictício.
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Nos dias 14 e 17 de outubro de 2013.
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O correu na sala de reuniões da prefeitura de São Pedro da Serra com a presença de todas as artesãs.
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No formato PowerPoint.
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muito mais perguntas do que respostas. Uma estratégia que favoreceu também o
trabalho da pesquisadora enriquecendo e qualificando a análise, especialmente análise
refletida, realizada posteriormente aos “encontro estudo”. Sobretudo, esse exercício
metodológico favoreceu uma relação participativa ao longo do processo investigativo,
mostrando-se um caminho para o exercício da sororidade na pesquisa com/entre
mulheres.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução de Roberto Raposo. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2003.
BARTRA, Eli (Org.). Creatividad invisible: mujeres y arte popular en América Latina
y Caribe. Xochimilco: Universidade Autónoma Metropolitana-Xochimilco, 2004.
PAIXÃO, Márcia. A retomada do conceito de opressão por meio dos cativeiros das
mulheres de Marcela Lagarde: questões para debate. Labrys (Edição em Português.
Online), v. 22, p. 1-17, 2012.
PERROT, Michelle. Minha história sobre as mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
Execução do processo de Queria saber como vocês fazem Entender o processo de criação do
criação produto (design) para criar, desenvolver o desenho produto, do design e compreender em
do produto, o design em si? que as artesãs se baseiam.
Percepção da formação Vocês fazem todas as etapas, todos Compreender como as artesãs
em relação à execução os processos que envolvem o percebem a formação em relação aos
dos processos do artesanato. Queria saber como diversos processos do artesanato que
artesanato. vocês percebem a formação em executam. O objetivo é compreender
relação à execução de todos esses se a formação permite ou não melhorar
processos? a gestão dos processos do artesanato.
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Pergunta inicial:Vocês poderiam falar um pouco como percebem a formação de vocês no artesanato?
Duração da pergunta:00:00.0 – 00.57.0
Tempo Temática Subtema
Visitas técnicas/excursões
Introduzido por Amarílis
Palestras
Introduzido por Margarida
00.57.0 – Formação Oficinas
27:28.0 Introduzido pela entrevistadora Introduzido por Amarílis
Importância da Emater na formação
Introduzido por Estrelícia
Problematização acerca do conceito de
artesanato
Introduzido por Margarida
Tratamento da matéria prima natural
Introduzido por Estrelícia
27:28.0 – Aquisição de matéria prima Problematização acerca do conceito de
43:59.5 Introduzido pela entrevistadora artesanato e carteira profissional
Introduzido por Amarílis
Formação e aquisição de materiais para o
trabalho
Introduzido pela entrevistadora
Criação com base em revistas, modelos prontos
e internet
43:59.5 – Processo de criação, de design Introduzido pelo grupo
54:30.1 Introduzido pela entrevistadora Formação em relação ao processo de criação
Introduzido pela entrevistadora
Anexo III
Linhas 1 – 8: [pergunta inicial] A entrevistadora inicia a conversa dizendo que tem acompanhado, desde
março de 2013, toda a formação do grupo como: oficinas, palestras, visita técnica e reuniões do grupo.
Provoca as artesãs a falaram sobre a percepção que elas têm da formação que fazem tendo em vista o
artesanato incluindo tudo que já fizeram em termos de formação. Convida-as para refletir e conversar
sobre isso.
Linhas 9 – 25: [tema: formação] depois de treze segundos de silêncio Orquídea inicia dizendo que todas
as artesãs do grupo têm muita vontade de aprender e de buscar novos conhecimentos para melhorar o que
fazem no artesanato. Para ela são os turistas que estão dando o retorno, o que é positivo, ao comprar e
elogiar os produtos. Para Camélia isso ocorre devido à formação, em especial, que gira em torno do
seminário regional de artesanato. Destaca a importância de sempre aprender algo na relação entre teoria e
prática. Compreende que não adianta saber apenas na teoria, mas que precisa saber fazer na prática.
Orquídea compartilha a ideia de que formam um grupo que sempre está em busca de conhecimentos
novos. Para Gérbera o grupo se move pela curiosidade.