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ISSN 1808-9755
Tema: “Economia e Criatividade: arranjos e práticas sociais
do Turismo.”
Disponível também em: < http://www.ufjf.br/entbl2014/
anais>
CDU 379.85
APOIO:
REALIZAÇÃO
Vice Reitor
Marcos Vinício Chein Feres.
Vice-diretor
Prof. Dr. Ricardo Tavares Zaidan
DEPARTAMENTO DE TURISMO
Chefe de Departamento
Prof. Alice Gonçalves Arcuri
Vice-chefe de Departamento
Prof. Sandro Campos Neves
Coordenador
Prof. Edwaldo Sérgio dos Anjos Júnior
Vice-Coordenadora
Prof. Miriane Sigiliano Frossard
APOIO
Capes
CNPQ
FAPEMIG
Pró-Reitoria de Extensão da UFJF
Pró-Reitoria de Pesquisa da UFJF
Instituto de Ciências Humanas
Universidade Federal de Juiz de Fora
Instituto de Ciências Humanas
Departamento de Turismo
ORGANIZAÇÃO
Ressalta-se que a opção pela construção desse tema se deu mediante três
razões: a primeira se deve ao ineditismo da proposta, tomado como parâmetro os
temas das edições anteriores do evento; em segundo lugar, devido à influência dos
debates em torno das Economias Criativa e Solidária, sem, entretanto, circunscrever a
discussão apenas a essas duas modalidades econômicas; por último, pela possibilidade
de promover a reflexão e a investigação em torno de formas e articulações singulares
de coletividades em torno do Turismo.
Importa considerar que a proposição por esse tema foi impulsionada pela
tentativa de se criar um fórum de discussão entre pesquisadores, comunidades,
agentes públicos e privados ligados ao turismo de base local, de maneira a lançar luz
sobre práticas e pesquisas do Turismo capazes de se pautar em outros paradigmas
que não a lógica economicista de cunho massivo, que, por vez, perpassa setores
do Turismo. Lógica essa que privilegia a competitividade, o liberalismo, a dimensão
individual dos seres humanos e que entende ser a desigualdade socioeconômica
algo decorrente quase que exclusivamente dos méritos de cada sujeito. Ou seja, a
busca por discutir “Economia e Criatividade: arranjos e práticas sociais do Turismo” se
justificaria pelo fato de, embora o turismo seja, também, uma prática econômica, ele
não se restringe a essa dimensão e, tampouco, a esse paradigma econômico vigente
em boa parte do mundo contemporâneo.
10/11/2014 (Segunda-feira)
15h: Credenciamento
Local: Sala A-I-12 (Secretaria do evento) - Instituto de Ciências Humanas.
11/11/2014 (Terça-feira)
Fabrício Scarpeta Matheus; Juliana Ferreira De Castro; Paulo Tácio Aires Ferreira.
I) Perfil do turista e sua relação com os elementos astrológicos: Autores: Bárbara Helenni
Gebara Santin e Eduardo Jorge Costa Mielke.
L) Turismo em favela: uma análise da relação visitante e visitados no museu favela. Autores:
Giovanna Machado, Juliana Nunes e Yuri Carvalho.
M) “Esse rio é minha casa”: Percepções acerca dos impactos gerados pelas chuvas na
atividade turística do centro histórico de Belém (PA). Autores: Jéssica da Silva Soares,
Flavio Henrique Souza Lobato e Ana Paula Melo de Morais
N) Turismo e infraestrutura: uma análise dos transportes na Ilha do Cambú - Belém (PA).
Autores: Flavio Henrique Souza Lobato, Jamyle Cristine Abreu Aires e Renata Carneiro
Lopes da Silva.
04 - TURISMO E URBANIZAÇÃO I
04 - TURISMO E URBANIZAÇÃO II
Coordenadores: José Manoel Gonçalves Gândara (UFPR); Carlos Eduardo Pimentel
(UFPE).
Local: Sala C-I-04.
INSTRUMENTALIZAÇÕES
DE BASE LOCAL
Susy Rodrigues Simonetti, Nailza Pereira Porto e Alcilene de Araújo Paula......... 149
Tatiane Ferrari do Vale, Jasmine Cardozo Moreira e Graziela Scalise Horodyski 167
Raquel Ribeiro de Souza Silva e Marcos Aurélio Tarlombani da Silveira .............. 274
Sandra Dalila Corbari, Bruno Martins Augusto Gomes e Miguel Bahl................... 297
Thiago de Sousa Santos, Cleber Carvalho de Castro e Raquel da Silva Pereira .. 377
Pensando em uma antropologia do consumo do turismo
Saulo Ribeiro dos Santos, Letícia Peret Antunes Hardt e Carlos Hardt................. 531
Márcia Josefa Bevone Costa e Maria Lúcia da Silva Soares ................................ 549
William Cléber Domingues Silva, Miguel Bahl e Luís Mundet i Cerdan................. 567
Charlene Brum Del Puerto, Pedro de Alcântara Bittencourt Cesar ....................... 853
Demerson de Souza Lima e Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano ................. 865
Aristides Faria Lopes dos Santos, Renato Marchesini e Renata Antunes da Cruz 900
Alan Aparecido Guizi, Airton José Cavenaghi e Aristides Faria Lopes dos Santos 1217
O envolvimento das agências de turismo no planeja -mento do
uso público do Parque Nacional do Pau Brasil, Porto Seguro-
BA.
Gustavo Aveiro Araújo ........................................................................................... 1228
Ana Claudia Macedo Sampaio, Leonardo Lima Lemos Salcides e Aclésio dos
Santos Moreira .................................................................................................. 1403
Flavio Henrique Souza Lobato, Jamyle Cristine Abreu Aires e Renata Carneiro
Lopes da Silva ...................................................................................................... 1561
INTRODUÇÃO
Marfil e Valiente (2013) abordam uma classificação proposta por Tsang y Hsu
(2011) quanto aos diferentes tipos de estudos que tem analisado quantitativamente,
principalmente as revistas científicas, sendo eles: 1) os que se baseiam em indicadores
de produtividade para verificar a contribuição de autores, instituições ou regiões do
mundo, a partir da elaboração de rankings comparativos; 2) os que analisam as
metodologias e técnicas empregadas na investigação turística; e 3) os de “análise de
perfil”, que abordam os trabalhos publicados pelo seu conteúdo, estrutura e evolução,
a partir de múltiplas perspectivas.
METODOLOGIA
e oferta turística (6,2% cada), demanda turística (5,6%), e, por último, pesquisa em
turismo (3,7%) e turismo e educação (1,9%).
FIGURA 2: CLASSIFICAÇÃO DOS TEMAS PRINCIPAIS DAS MONOGRAFIAS
*Não identificado 0 15 15
Total de
ocorrências
Divisão por
(subtemas
nível de Subtemas
principais
interesse
+ subtemas
secundários)
6.1. Turismo e patrimônio 22
Grande
1.4. Desenvolvimento do turismo; 3.1. Atrativos turísticos 19
interesse
2.2. Meios de hospedagem 18
5.2. Imagem e imaginário no turismo 14
8.1. Turismo de negócios e eventos 13
Médio 8.9. Outros; 10.2. Atividades e espaços de lazer
interesse 12
4.1. Estudo de perfil do turista 11
6.2. Turismo e identidade 10
1.1. Planejamento turístico; 5.1. Marketing turístico 9
1.3. Políticas em turismo; 5.4. Utilização da tecnologia no turismo; 6.3.
História e memórias; 8.2. Turismo Rural 7
1.5. Acessibilidade; 2.7. Outros; 3.3. Serviços turísticos 6
5.5. Outros; 7.4. Impactos do/no Turismo; 8.7. Ecoturismo; 10.1 Turismo
e sociabilidade 5
2.1. Agências de viagens e turismo; 4.3. Motivação turística; 4.4.
Outros; 7.1. Gestão ambiental; 7.3. Planejamento ambiental e turístico;
9.2. Turismo no ensino 4
Pouco 1.2. Gestão em turismo; 2.3. Transportes turísticos; 5.3. Meios de
interesse comunicação; 7.6. Outros; 8.3. Turismo Religioso; 9.3. Outros; 10.3.
Outros; 11.1. História do turismo; 11.3. Produção científica em turismo 3
1.6. Outros; 2.5. Restaurantes, bares e similares; 3.2. Equipamentos
turísticos; 4.2. Comportamento do turista; 6.4. Outros; 7.2. Educação
ambiental; 8.5. Turismo Urbano; 8.6. Turismo de intercâmbio 2
7.5. Responsabilidade Socioambiental; 8.4. Turismo de Cruzeiros
Marítimos; 8.8. LGBT; 9.1. Sensibilização turística; 11.2. Epistemologia
do turismo; 11.4 Outros 1
2.4. Organizadoras de eventos; 2.6. Empresas de entretenimento e
lazer; 3.4. Outros 0
*Não identificado 15
Total 322
Divisão por
Total de
nível de Locais/organizações/grupos estudados
ocorrências
interesse
Grande
interesse Meios de hospedagem/Redes de meios de hospedagem 20
Médio Prédios e Espaços Históricos 10
interesse Órgãos públicos municipais / de turismo; Trade turístico 8
Museus; Bares, Restaurantes e Similares 7
Agências de viagens e turismo 6
Eventos municipais; Distritos de Pelotas; Projetos/Programas em
Universidades 5
Fenadoce; Parques estaduais e nacionais; Cursos Superiores de Turismo;
Rotas/Circuitos/Caminhos turísticos; Estabelecimentos comerciais 4
Turistas; Ilhas; Gassetur; Balneário Cassino; Bairros, Vilas e Avenidas
de Pelotas 3
Cemitério; Jornal Diário Popular; Empreendimentos/ moradores rurais;
População local; Programas governamentais; Doçarias; Ferrovias; Sites;
Pouco Bancos; Parques; Consórcio de rota turística; Aeroporto/Transporte
interesse aéreo
Redes sociais; Hidrelétrica; Grafiteiros; Periódicos nacionais em Turismo;
2
Escola de Samba; Catedral; Escolas; Carnaval de rua; Geoparques;
Mercado Público Municipal; Pelotas Convention & Visitors Bureau;
Família Antunes Maciel; Rio Camaquã; Aldeia Tekoá Kóáju; Porto de Rio
Grande; Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN); Balneário
Hidromineral de Iraí; Grupo Capoeira Abadá; Centro de Informações
Turísticas; Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); Centro
Budista Tibetano Khadro Ling; Gastronomia campeira; Infraestrutura
Esportiva 1
*Não identificado 10
Total 173
*Não identificado corresponde as monografias que não possuem delimitação de local, organização ou
grupo estudado.
Total de
Subdivisões Localização geográfica dos estudos %
ocorrências
Brasil 150 93,2
Países Estados Unidos 1 0,6
Estudos comparativos: Brasil/Uruguai; Brasil/Espanha *2 1,2
Não identificado 8 5
Subtotal 161 100
Rio Grande do Sul 139 86,3
Santa Catarina 2 1,2
Outros estados: Rio de Janeiro; São Paulo; Mato Grosso do
Estados/ Sul; Montana - Estados Unidos *4 2,5
Regiões Estudos comparativos: Jaguarão (Brasil)/Rio Branco (Uruguai);
Missões (Brasil)/Santiago de Compostela (Espanha) *2 1,2
“Brasil” 6 3,8
Não identificado 8 5
Subtotal 161 100
***Pelotas 89 63,1
***Rio Grande 13 9,3
***São Lourenço do Sul 6 4,3
***Jaguarão 3 2,2
***Piratini; Porto Alegre; “Rio Grande do Sul”; Três Coroas;
Viamão **10 7
Municípios/ ***Arroio do Padre; ***Cristal; ***Pedro Osório; ***São José
Regiões do do Norte; ***Pelotas/***Santa Vitória do Palmar/***Jaguarão;
RS Bagé/***Jaguarão;
Bagé; Derrubadas; Igrejinha; Iraí; Mostardas/Tavares; Quinze
de Novembro; Rodeio Bonito; São João do Polêsine; São
Miguel das Missões; Veranópolis *16 11,3
Outras regiões: Litoral norte do Rio Grande do Sul; Região
noroeste do RS; Jaguarão*** (Brasil)/Rio Branco (Uruguai);
Missões (Brasil)/Santiago de Compostela (Espanha) *4 2,8
Subtotal 141 ( 88%) 100
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BACCON, M.; FIGUEIREDO, F. B.; REJOWSKI, M. Produção científica em turismo:
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2006. In: Seminário da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em
Turismo - ANPTUR, 4., 2007, São Paulo. Anais 4º ANPTUR. São Paulo: ANPTUR,
2007. p.1 – 15.
BERNARDINELLO, L. Pesquisa na graduação: os sentidos discursivos e
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RESUMO: Estudar o fenômeno do turismo tem sido, cada vez mais, uma apropriação de
variadas disciplinas científicas. Ao longo de tantas pesquisas e publicações, trabalhos
cada vez mais profícuos têm mostrado que o domínio de conceitos, categorias e
ferramentas de análises diversas forneceu uma gama de contribuições para o
entendimento do turismo enquanto fenômeno social, político e econômico. Saindo
de estudos puramente descritivos em suas narrativas, além de apologéticos em seus
discursos, os estudos sobre o Turismo têm construído problemáticas cada vez mais
pertinentes a uma compreensão desse fenômeno contemporâneo. É neste âmbito
que este trabalho procura contribuir para uma leitura que se aproxima de um estudo
do conhecimento possível entre o Turismo e uma disciplina significativa para seus
problemas: a História. Objetivando contribuir para o entendimento da relação entre
História e Turismo, voltamo-nos para a compreensão da formação das duas áreas de
conhecimento ao longo do processo histórico do século XIX, de forma a compreender
que a História como disciplina e a negação do Turismo enquanto tal, fazem parte de
um processo histórico maior, mas que não elimina ou esconde suas positividades.
Ambos, quanto conhecimento, se constroem para a análise da sociedade.
INTRODUÇÃO
É relevante entender esta formação uma vez que a Ciência, enquanto forma
Ainda segundo Harvey (2012) e, da mesma forma Santos (2010), não se podia
mais representar o mundo por uma linguagem simples porque o conhecimento se
desenvolveu, criou complexidades, acumulou processos. Logo nem as perguntas e
muito menos as respostas podiam ser ainda simples. A compartimentalização científica
materializou essa compreensão a partir de disciplinas que produziam ciência, sem
contudo, dialogar entre si; o objeto da pesquisa podia ser obtido no mundo social,
independente da forma como as pessoas os interpretavam; e como não havia
interpretação também não havia necessidade de teorias, e/ou metodologias diversas
para amparar objetos diversos (MAY 2004).
A DISCIPLINA HISTÓRIA
4 Santos estende esse processo até um pouco após a Primeira Guerra Mundial. (SANTOS,
2010)
5 Santos (2010, p. 10) fala que o modelo de racionalidade do século XIX é guiado pelas Ciências
Naturais, as quais criam uma confrontação ostensiva de conhecimento não científico e não racional,
como são vistos o senso comum e as humanidades.
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Apesar desse quadro, a História não perde sua característica maior que é a
análise das relações sociais, isto é, a perspectiva entre os próprios seres humanos,
seus interrelacionamentos e com o mundo físico que os cercam. Este aspecto,
encoberto mas não perdido, será retomado após os anos 1940, num novo movimento
de reconstrução ou releitura da ciência6, o qual continua em discussão até o presente
momento.
O CONHECER DO TURISMO
O contexto histórico do século XIX é o mesmo tanto para a História quanto para
o Turismo e, no entanto, seu reflexo sobre cada uma das áreas citadas se deu de forma
bastante distinta. Especificamente para o segundo se procedeu a uma absorção de
discursos vários, sendo estes considerados de caráter bastante científico e utilizados,
não para a ereção de um Turismo ciência, mas como formas de construção das práticas
das viagens pelos, a partir daquele momento, chamados de turistas, praticantes de
uma atividade chama de Turismo. (PIRES 2001, p. 23)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por outro lado, também a partir deste contexto, podemos entender os motivos que
levaram a História a considerar o Turismo como um conhecimento menor, como uma
conseqüência de atos e fatos mais importantes para o desenrolar da trama histórica.
Como uma prática, não é visto como ciência, não tendo, portanto, a importância dada
a uma disciplina. Sendo esta vista como ciência porque com metodologia para a
pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS IMPRESSOS
ARAÚJO, R. C. B. As Praias e os Dias história Social das Praias do Recife e de
Olinda, 2007.
ARIÈS, F. O Tempo da História. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
CAMARGO, H. L.Uma Pré-História do Turismo no Brasil: recreações aristocráticas
e lazeres burgueses (1808-1850). São Paulo: Aleph, 2007 (Série Turismo)
COMPARATO, F. K. A Civilização Capitalista: para compreender o mundo em que
vivemos. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013.
CERTEAU, M. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
DIAS, A. L. M., COELHO NETO, E. T., LEITE, M. M. S. B. (Org.) História, Cultura e
Poder. – Feira de Santana: UEFS Editora: Salvador: EDUFBA, 2010.
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ARTIGOS
GUIMARÃES, V. L. La Conquista de las Vacaciones: breve história Del turismo em
La Argentina. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo 5(3), PP.
433-437, dez. 2011.
PANOSSO NETO, A, NECHAR, M. C. Epistemologia do Turismo: escolas teóricas e
proposta crítica. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo 8(1), PP.
120-144, jan/mar, 2014.
TURIN, R. História da Historiografia e Memória Disciplinar: reflexões sobre um
gênero. História e Historiografia, Ouro Preto (13), PP. 78-95, dezembro, 2013.
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ABSTRACT: This paper is about the analysis of creative tourism as a strategy to expand
the knowledge of tourist activity. The tourism creative, being a new worldwide trend that
is characterized by intrinsic relationship of cultural expressions (architecture, performing
arts and visual design, gastronomy, music, concerts, festivals, others) as ample set
of actuation in tourism sector, it is a great opportunity to create and boost economic
activities, requiring, for this, a ample knowledge of tourism. This study adopted the
discursive methodology with the interdisciplinary approach, to facilitate understanding
of the relationship between creative tourism and education . In the course of the study,
it was observed that it is essential to spread the broad and interdisciplinary context of
tourism, with the goal of developing economic activities that value local potential, to
improve the quality of life of the population.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, procedeu-se a pesquisa bibliográfica
com uma revisão de literatura sobre o assunto proposto, para a obtenção de um
conhecimento científico entre as questões basilares dos temas envolvidos, com
vistas a discussão destes temas devido a respectiva relevância para a construção do
conhecimento:
-Sobre o processo de aprendizagem, buscou-se autores que abordam e
incentivam o contexto interdisciplinar no ensino
-A respeito da caracterização do turismo, utilizou-se como referência autores
renomados na área que debatem o turismo como uma área multisetorial
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão ampla do turismo, enquanto uma atividade intersetorial, pode
proporcionar a um conhecimento a acerca da sua atuação no destino a ser visitado,
tanto no cunho econômico, como no social, cultural, entre outros. Nesse sentido, o
turismo não deve ser pensado apenas como um aspecto ligado apenas as viagens,
mas como uma atividade que exerce influência no destino turístico de uma maneira
bastante ampla e diversa.
A partir disso, a interdisciplinaridade, quando utilizada na educação, auxilia tanto
na formação acadêmica, por possibilitar um aprendizado com amplo conhecimento,
evitando uma unilateralidade como no profissional, já que este conhecimento
abrangente auxilia no desenvolvimento de habilidades e competências, baseados em
um vasto contexto.
Independente de seu nível de formação, a escola, possui um papel fundamental
na construção da capacidade crítica dos alunos, através da discussão de assuntos
indispensáveis ao conhecimento dos mesmos, pois a bagagem teórica serve como
orientação de aspectos importantes para a prática profissional de forma a capacitar o
colaborador. Espera-se que o ensino esteja inserido neste contexto e trabalhando junto
para embasar o conhecimento do futuro profissional. Visto o exposto, independente
das disciplinas, deve-se desenvolver conhecimentos relevantes para a atuação em
qualquer setor.
A cerca do turismo, percebe-se a incipiência no que concerne a extensa
formação dos seus discentes, fato que compromete a visão do turismo enquanto
atividade multisetorial. Este fato pode ser exemplificado pela atual posição e atuação
do turismo no Brasil, pois mesmo com tantos profissionais no mercado e até no poder
público, não há um investimento adequado da atividade, mesmo com todo o potencial
existente. A visão do turismo em países desenvolvidos, enquanto uma atividade que
pode gerar diversas relações, é bem superior ao Brasil, mesmo com todo o potencial
existente no nosso país. Neste contexto, o turismo criativo sendo uma estratégia
inovadora propicia o desenvolvimento e inclusão social ao mesmo tempo que trabalha
e divulga as potencialidades locais, sendo um destino altamente competitivo. Mesmo
sendo uma opção para expandir os setores econômicos locais, No Brasil, ainda está
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REFERÊNCIAS
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Papirus, 2000.
_____.Cultura e Turismo: Discussões Contemporâneas. Campinas: Papirus, 2007.
COMISSÃO EUROPERIA. Conferência Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil
sobre Economia Criativa Diálogos Setoriais União Europeia-Brasil começam nesta
quinta-feira, no Galpão da Cidadania. Disponível em: <http://www2.cultura.gov.br/site/
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CUNHA, João Carlos da; Cunha, Sieglinde Kindl da. Competitividade e
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Administração Contemporânea. Versão On-line. ISSN 1982-7849. Vol.9. Nº.spe2:
Curitiba, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
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DENCKER, A. F. M. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. 2 ed. São Paulo:
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GADOTTI, Moacir. Cruzando fronteiras: Teoria, Método e experiências freireanas.
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IGNARRA, Luis Renato. Fundamentos do turismo. 2ed. rev e amplid. São Paulo:
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GASTAL, Suzana (Org.). Turismo: 9 propostas para um saber-fazer. Porto Alegre:
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OLIVEIRA, Elton Silva. Impactos socioambientais e econômicos do turismo e
suas repercussões no desenvolvimento local: O caso de Itacaré –Bahia. 2008
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Resumo
O presente artigo busca, por meio de um modelo teórico-metodológico
materialista, histórico e dialético analisar a mercantilização da tradição musical
diamantinense expressa na produção das vesperatas - principal produto turístico
do município mineiro de Diamantina. Para tanto, o estudo inicia-se problematizando
os modelos analíticos que versam sobre as noções de descaracterização cultural e
hibridismo. A ideia é mostrar como tais análises efetuam uma leitura formal e não-
dialética das vesperatas, ao estabelecer uma relação de continuidade com as antigas
serenatas e retretas públicas, ainda que mediada por processos de homogeneização
ou hibridação. Ao contrário disso, procuramos mostrar que a vesperata é uma
mercadoria, cuja reprodução necessita da tradição como forma de tornar legível um
produto turístico para o consumo.
Abstract
mischaracterization
INTRODUÇÃO
Para além das hipóteses teóricas sobre sua formação, o fato é que a tradição
musical diamantinense persiste até os dias de hoje, a ponto de ser apropriada pelo
3 Sem excluir a anterior, outra interpretação possível sobre a floração artístico-musical das Mi-
nas Setecentistas está relacionada à atuação das Irmandades e Ordens Terceiras e seus múltiplos
papéis desenvolvidos no território mineiro.
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turismo. Dessa apropriação, a chamada Vesperata4 é, sem dúvida, a que mais chama
atenção, tanto que é apresentada pelas agências e operadoras turísticas como
o principal atrativo local. É interessante notar que, embora as vesperatas sejam
apresentadas pela mídia como uma tradição que remonta às antigas tardes vesperais
e retretas públicas de fins do século XIX, a pauta do evento é, paradoxalmente,
dominada por músicas do repertório mundial e nacional. Alguns autores têm interpretado
esse paradoxo com base na ideia de descaracterização cultural, isto é, em razão
da turistificação das apresentações musicais e dos processos de homogeneização
induzidos pelo mercado, estaria ocorrendo a perda de identidade das vesperatas. Já
outros entendem que se trata de um fenômeno de hibridismo cultural, uma vez que a
cultura nunca permanece a mesma, porquanto se modifica, se transforma, em uma
palavra, se hibridiza nos diferentes contextos históricos e sociais.
Consideramos, contudo, que tais análises efetuam uma leitura formal e não-
dialética das vesperatas, ao estabelecer uma relação de continuidade com as antigas
serenatas e retretas públicas, ainda que mediada por processos de homogeneização
ou aculturação. Nossa hipótese é, portanto, outra. A nosso ver, as vesperatas se
originaram e são formadas enquanto um produto turístico5, cuja produção, se, por um
lado, se apropria de referências tradicionais; por outro, faz do tradicional algo para ser
visto, e não vivido, isto é, como citação que serve para familiarizar o consumidor a uma
determinada mercadoria. Aprofundando nesse debate, este artigo tem como objetivo
efetuar uma leitura dialética6 dos termos entre turismo e tradição, tomando como
4 A título de descrição, a Vesperata ocorre entre os meses de março e outubro, período em que a
estação seca permite as apresentações feitas ao ar livre na rua da Quitanda, situada no centro histórico
da cidade. O evento fica por conta da banda do 3º Batalhão da Polícia Militar e da Banda Mirim Munici-
pal Prefeito Antônio de Carvalho Cruz. Os músicos, trombonistas, trompetistas, flautistas, saxofonistas
e clarinetistas, se apresentam no alto das varandas de casarões históricos, enquanto o maestro, posi-
cionado ao nível da rua, comanda a orquestra rodeado pelo público que comprou uma mesa servida
pelos bares e restaurantes da rua da Quitanda. Isolando esse público do restante dos espectadores,
há uma corda suspensa por pedestais, que segue da parte baixa da rua até a sua porção mais alta, na
altura do antigo Grande Hotel, formando uma espécie de quadrilátero.
7 O motivo da escolha em se trabalhar com pautas dos anos de 2003,2009,2012 e 2013 foi a ne-
cessidade de observar a evolução do repertório musical ao longo dos anos, algo que só seria possível
através da análise de pautas mais antigas e de pautas mais recentes. Porém, a intenção era trabalhar
com pautas anteriores a 2003, mais precisamente dos anos iniciais do evento, mas, uma das dificul-
dades desta pesquisa foi encontrar as pautas musicais da vesperata, já que muitas delas não foram
conservadas nem tão pouco guardadas.
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Outro autor que trabalha no âmbito desse modelo interpretativo é John Urry
(1990). A título de ilustração, o autor salienta que o turismo de massa promove o
deslocamento de pessoas que buscam sua satisfação em atrações com pouca
autenticidade. Nesse processo, a “realidade” não é levada em consideração, o que
provoca a produção de exibições excêntricas que seduzem o turista, mas que, ao
mesmo tempo, provocam um afastamento da comunidade.
(…) É uma fantasia muito bem elaborada, cuja melodia oferece aos
instrumentistas a possibilidade de executarem os solos em uma situação
bastante parecida com um sistema de pergunta e resposta, como se os
músicos estivessem praticando uma provocação musical, com destaque,
sobretudo, para os trompetes, trombones e bombardinos. Oferece uma
execução especial para o prato, destacando doze badaladas, as quais, nos
tempos da Sé antiga, algumas vezes ganharam a participação do bimbalhar
do sino da igreja, numa feliz inovação. O nome registrado nos frontispícios dos
manuscritos da partitura é italiano: La Mezza Notte. Sua autoria é atribuída
ao maestro D. Carlini. (FERNANDES, CONCEIÇÃO,2007, p.103)
O que se infere de tais análises é que teríamos dois momentos de uma mesma
unidade. Num primeiro momento, teríamos as antigas serenatas e retretas públicas,
conduzidas pelo maestro Piruruca, à época, responsável por uma inovação nas
apresentações, ao organizar os músicos nas sacadas dos casarões; e num segundo
momento, caracterizado pela turistificação das apresentações a partir de 1997,
estaria ocorrendo a perda de identidade das vesperatas, devido à homogeneização
induzida pelo mercado. Assim, segundo esse modelo de análise, há um processo de
descaracterização de uma festa – que, todavia, guarda significados oriundos de seus
primórdios, quando, ainda, era designada como “O Anjo da Meia Noite” – cujo sentido
é sua transformação numa mercadoria qualquer.
Nesse sentido, cada indivíduo tem uma posição diferenciada dentro dessa estrutura
e por isso defende seus interesses e posicionamentos, criando um campo de lutas.
A segunda tensão é a contradição presente na exploração privada e econômica de
bandas públicas como a do Terceiro Batalhão da Polícia Militar e a Banda Municipal
Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz. E a terceira tensão se traduz nos anúncios
presentes no sítio eletrônico da agência responsável pelo evento, a agência Minhas
Gerais: “A Vesperata, por seus elementos culturais riquíssimos e fortíssimos sendo
um deles a musicalidade diamantinense é considerada um Patrimônio Imaterial da
cidade.” Ora, afirma a autora, o único bem intangível patrimonializado diamantinense
é o toque dos sinos das cidades mineiras, ainda que Diamantina seja Patrimônio
Histórico Cultural desde 1938 e da Humanidade desde 1999. Assim, na sua visão,
a utilização desse discurso existe para legitimar e reforçar a exploração de uma
manifestação cultural: “tal uso encobre uma série de questões como, por, exemplo,
para quem são as vesperatas de fato, bem como a relações de poder que estão
implícitas no uso do discurso do patrimônio para referenciar os usos que delas se faz”
(AMARAL, 2012, p.19).
Quantas vezes ao vermos imagens das cidades históricas mineiras nos meios
de comunicação de massa imaginamos construções históricas e elementos da vida
colonial permeando a vida cotidiana? E o que dizer dos pacotes de férias em que
as operadoras e agências exploram o turismo de sol e praia alimentando nossa
imaginação com referências ao bom tempo e a felicidade? Ou ainda, como afirma
Baudrillard (1972), o sol das férias já não guarda o significado de relação de vida e
morte que os astecas e os egípcios compartilhavam coletivamente, pois agora, é um
signo positivo que se opõe ao mau tempo e a chuva. Essas experiências que, muitas
vezes, passam despercebidas nos revelam a forte presença dos signos em nosso
cotidiano.
consumo, isto é, em mercadorias cuja abstração demanda uma citação que as tornem
legíveis para o consumo. Assim, a nosso ver, o uso desses signos na realização das
vesperatas corresponde ao momento de reterritorialização das abstrações realizadas
pela forma-mercadoria, expressas, por exemplo, no cordão de isolamento que abstrai
os conteúdos populares das vesperatas ou no próprio nome que o evento leva (ele
mesmo uma citação, pois deriva de Vênus, o planeta que, na astrologia, simboliza a
paixão e o amor romântico), convertido em marca e objeto, inclusive, de contendas
por direitos de propriedade.
“Tributo a Lupício”, “Love is All”, “Ibiza Dance” e “Dime”. A título de ilustração sobre
esses diversos estilos presentes no evento, vale citar que em uma das vesperatas do
ano de 2013 foi introduzida uma música do estilo sertanejo, intitulada “Apaziguar” de
Bruno e Marrone, com a utilização de referências sígnicas como: “vivemos um tempo
de guerra, por vezes velada, não declarada, mas ainda assim, guerra. Nos lares, nas
ruas, nas empresas, há sempre uma luta pelo poder, pelo dinheiro, pelo status social”.
Além disso, na Vesperata desse mesmo dia, foi acrescentada uma das músicas tema
de uma telenovela global no repertório: “Esse cara sou eu”, de Roberto Carlos.
casa” em qualquer lugar e situação vivida. Dito de outra forma, não se trata de fuga ou
mergulho numa realidade fantástica e feérica; pelo contrário, na experiência turística
tudo é costumeiro, não existem surpresas. Aliás, o que é fachada nessa experiência é
a pretensa demanda pelo autêntico, uma vez que o prazer está no reconhecimento,
na identificação daquilo que já se sabe. Sob esse ponto de vista, como definem
Crawshaw e Urry (1995), o turismo é a mercantilização das recordações do outro.
Por fim, um outro argumento favorável à nossa hipótese está relacionado com a
própria criação da Vesperata. Ainda que, no discurso oficial, o evento seja anunciado
como uma retomada das antigas serestas e retretas públicas realizadas em fins do
século XIX e nas primeiras décadas do século XX, é interessante notar que a primeira
Vesperata feita remonta à campanha para tornar a cidade de Diamantina Patrimônio
Cultural da Humanidade, título concebido pela UNESCO – muito embora, na ocasião,
o nome “Vesperata” ainda não fosse utilizado. A esse propósito, uma situação que
nos leva a refletir sobre o surgimento da Vesperata é um diálogo presenciado em uma
roda de amigos. Nesse cenário, uma garota afirmava não ser diamantinense, mas que
se mostrava fortemente encantada com a tradição existente no município, e prova
disso era a existência da Vesperata. Incomodado com essa fala, um rapaz questionou
o comentário, afirmando que não entendia a constante relação que as pessoas faziam
entre a Vesperata e a tradição musical diamantinense, pois divulgam o evento como
10 Nessas pesquisas, além dos questionários, vale citar as sugestões feitas para a organização
e a montagem de novos repertórios, entre as quais destacam-se: o pedido de entrega das letras das
músicas aos turistas; a inclusão de cantores no evento e corais acompanhando as bandas, bem
como a valorização de músicos jovens; executar apenas músicas nacionais, tocar mais músicas de
compositores mineiros; incluir músicas folclóricas regionais, tocar músicas populares atuais e melhorar
a qualidade do som e das músicas de seresta; e incluir músicas do Clube da Esquina, de Carlos Gomes
e Tom Jobim, além de marchinhas, valsas e dobrados. Vale citar, ainda, a sugestão de que o evento
deveria providenciar um ator vestido de Juscelino Kubitschek para tirar fotos com o público.
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algo antigo, histórico e tradicional, como se acontecesse há vários anos, mas, ele que
mora na cidade desde a década de 1980, só viu o evento acontecer no final dos anos
1990.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARQUIVOS CONSULTADOS:
Abstract: Touristic space has been proposed as a integrative concept in scientifical analysis for
few decades. To emerge as an autonomous area of k nowledge Tourism create gaps in geographic
perspective of space. Typical of a time when flows grow, tourism as a social expression of economic
relevance to geography allows the release of a multiple look on relations between society and
space. The territory in which tourism is established in a relevant way methodological challenges is
provided for your review. Seeking forward from multiscale perspective on tourism in two distinct
moments of discussion - before and after the deconstruction of space tourism -, this work suggests
a theoretical slant integrated approach to tourism geographical parameters. It is understood
that, by aligning the challenges the paradigm of complexity and streams of contemporary
geographical thought, this thread can resize discussions on space tourism as a category of
analysis of the geographical approach to tourism. Thus presents evidence that theoretical and
methodological discussion that may combine efforts in establishing epistemological overcome.
Key words: Touristic space. Multiscalarity. Complexity. Epistemology. Interdisciplinarity.
Introdução
Para Corrêa (2010), “a operação escalar não introduz uma visão deformada,
geradora de dicotomias, mas ao contrário, ressalta as ricas possibilidades de se analisar
o mundo real [...] em níveis conceituais complementares” (p.136). A convergência
entre escalas de abordagem caracteriza a apreensão do objeto investigado. São as
conexões que se fazem possíveis identificar entre as escalas, sejam conceituais ou
espaciais, e que “contribuem para dar unidade à análise geográfica” (Ibid., p.136).
Reforça-se às preocupações anteriores “a perspectiva das escalas dos fenômenos
[que] permite organizar os campos da geografia, ampliando seu escopo” (SANTOS et
al. 2000, p.40).
Considerações finais
Referências bibliográficas
1 Biólogos (Centro Universitário Fundação Santo André). Professores da rede pública e privada do
estado de São Paulo. E-mail: izaias-carmacio@hotmail.com.
2 Professor Doutor da área de Educação e Ciências Ambientais do Centro Universitário Fundação
Santo André (FAFIL/CUFSA). E-mail: lafonso.figueiredo@gmail.com.
the region suffers environmental problems related to the process of urbanization and
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the construction of the bridge with the continent. The goal of this article is to analyze
the environmental perception and the process of landscape transformation, felt by the
residents located on the stretch between Boqueirão and Ponta da Praia neighborhood
on the North part of Ilha Comprida. The datas were collected by oral testimonies with
10 residents who lived over 10 years or are associated with island, it was possible to
identify the relationship human-nature and the modifications of the physical environment.
It was possible to make the composition of the visual narratives thanks to antique
photographs obtained with the residents, and accomplished a photogeographic survey
produced between 2012 and 2013, besides the images collected from the city hall of
Ilha Comprida. The results demonstrated that the residents noticed a strong process
of landscape transformation, they highlighted a great influence after the building of the
bridge in 2001. The antique images compared to the current photographs demonstrated
that the mainly modifications on the landscape was related to the asphalt, increasing
numbers of residences, soil sealing, huge presence of solid waste, advance of sea
level and destroyed houses, introduction of exotic species and destruction of local
vegetation along the coastline. The study emphasized the necessity to induce and
subsidize actions of environmental education and ecotourism, in order to improve the
quality of life on the region of the lagoon-estuarine complex in São Paulo.
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2 REFERENCIAL CONCEITUAL
De acordo com Nobre (2011) a riqueza do uso da narrativa visual não está
relacionada com a qualidade da imagem, mas com a cultura ou vivência de quem as
interpreta. As imagens ajudam a compor interpretações da realidade analisada.
A fotografia pode ultrapassar esses limites e permitir ao imaginário transpor
códigos lineares, penetrar a polissemia da narrativa visual, sendo um signo
cuja indicialidade representa, de forma mais próxima, as particularidades do
seu referente. Através da fotografia, podemos perceber a singularidade de
uma representação que indica informações referentes ao meio sociocultural
onde foi concebida. [...] Assim, a imagem fotográfica pode ser relida e revivida,
trazida de volta à lembrança para estimular a memória. (NOBRE, 2011, p.
114).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Percepção ambiental dos moradores da Ilha Comprida
Tendo em vista a ocupação humana muito próxima da linha litorânea, tais como
construções de residências, observou-se em aproximadamente 10 anos que diversas
casas foram destruídas pelo mar. De acordo com o entrevistado D-6:
“A Ponta da Praia Norte mudou muito, pois quem observa a Praia do Leste
na região de Icapara não imagina que existia um pico com casas e pousadas,
que atualmente esta inundada pela ação das marés.”
“O desenvolvimento... aqui só tinha areia, não tinha rua, não tinha nada,
mas agora tá urbanizada, é uma cidade urbanizada, isso começou depois da
emancipação, antes não, porque Iguape não fazia nada aqui, por isso que
nós emancipamos, para poder desenvolver”. (D-8, funcionário público, ensino
superior).
4.2.1 O boqueirão
A atividade turística cresceu depois que a ponte Laércio Ribeiro que interliga
o município de Iguape com Ilha comprida passou a funcionar, facilitando o acesso ao
município. No caso da foto 1, observa-se grande numero de freqüentadores na alta
temporada, maior número de residências e o asfaltamento.
Essa parte da Ilha é considerada a área que sofreu maior urbanização, diferente
do Boqueirão Sul, que está próxima a Cananéia, onde a paisagem permanece mais
preservada com maior incidência de dunas e uma faixa litorânea mais larga, porém
é uma área com maior dificuldade de acesso, por isso a concentração de turistas se
restringe muitas vezes mais no Boqueirão Norte.
A ponte foi implantada em 2001, sendo a principal via de acesso à Ilha Comprida
e proporciona facilidade para quem visita e mora, trazendo também o desenvolvimento
para o município segundo a percepção dos entrevistados, que enfrentavam problemas
como falta de água, esgoto, iluminação e transporte segundo os moradores.
Nesse local é onde ocorre o mar recebe muitos sedimentos devido ao Rio
Ribeira, por isso a característica da água na região norte é diferente em comparação
com a região sul da Ilha, pois o rio traz sedimentos que deixa o mar com uma
coloração mais barrenta, consequentemente a água fica turva. De outro lado, um
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grande problema para os moradores, segundo eles é que “a Ilha está afunilando”,
ou seja, uma extremidade está sendo engolida pelo mar enquanto a outra está se
expandindo, correspondendo norte e sul, respectivamente.
“Pelo lado norte, observei com o passar do tempo tinha algumas casas que
o mar avançou e acabou derrubando essas casas, e interessante no lado sul
aumentou. Então esse é um fenômeno que acredito que seja natural que vem
decorrendo, mas eu também acredito que seja pela influência pela abertura
da barragem aqui do Ribeira de Iguape.” (D-5).
Foto 12 e 13. Avanço do mar na Ponta da Praia, usando a boia como referencia.
“A Ponta da Praia Norte mudou muito, pois quem observa a Praia do Leste na
região de Icapara não imagina que existia um pico com casas e pousadas, que
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atualmente está inundada pela ação das marés. Para a gente que navega pra
poder entrar no canal da Juréia era obrigado contornar pelo mar e ter acesso
ao canal da Juréia, atualmente entra-se direto pelo canal do mar pequeno.”
(D-6, funcionário público, ens. sup.)
que vivemos. Nasci em São Paulo por falta de opção, eu escolhi a Ilha Comprida para
viver. Não mudaria nunca.”
“O que mudou muito assim foi o pessoal ter conhecimento desses picos,
como hoje a prefeitura faz passeios ecológicos, leva o pessoal para conhecer
umas trilhas em Pedrinhas, então saiu uma parte da educação da população
para não jogar lixo, evitar o máximo possível. Essa mudança veio com a
população mesmo né, o pessoal começou a procurar mais aqui, devido às
outras praias com muitos problemas como falta de água e superlotação.” (D-
1, comerciante, ensino médio)
“Eu moro no paraíso, e nunca pensei em sair daqui, conheço quase todo
o Brasil, mas nenhum lugar me chamou a atenção. Como disse antes, no
meu bairro se não construir nenhuma casa mais, é melhor.” (D-4, funcionário
público, ensino médio).
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação aos estudos sobre o imaginário e a relação com imagens, observa-
se em Figueiredo (2010), que:
O estudo sobre o imaginário permite decifrar o sistema de imagens
articuladas e a estrutura que se definem de modo a facilitar a compreensão
do funcionamento e das dinâmicas pelas quais as imagens são incorporadas
como conteúdo coletivo, implicando em visualizações, representações
sociais, resistências, pré-conceitos, que podem, inclusive, comprometer a
visão correta de um determinado conjunto de símbolos.
turista, ao visitar o local onde foram realizadas as fotografias, não imaginará que neste
local havia urbanização, porque atualmente é um local inundado, existindo no máximo
alguns escombros, como marcas desse processo.
REFERÊNCIAS
RESUMO
O presente artigo tem como principal assunto o Turismo em área de proteção ambiental, tendo como
estudo de caso a RESEX Caeté-Taperaçu/Bragança que objetiva traçar estratégias conservacionistas
de proteção da biodiversidade, em que se faz necessária a regulação do uso e o acesso dos recursos
naturais da RESEX para afirmação da qualidade de vida dos próprios atores sociais, e principalmente
da comunidade que faz parte direta ou indiretamente da mesma, isto posto que, se faz necessário para
o direcionamento dos objetivos, a gestão participativa dos recursos naturais que caracteriza-se como
um modelo alternativo de participação da sociedade bragantina nos processos de tomada de decisão
de políticas, inclusive, na instituição de programas e projetos com caráter ambiental, para que, assim, a
comunidade se desenvolva de forma igualitária e minimize os impactos que, possivelmente, a atividade
turística poderia ocasionar na região.A metodologia de pesquisa envolveu a pesquisa bibliográfica que
deu subsidio teórico para a segunda etapa da metodologia, a pesquisa de campo.
ABSTRACT:
This paper has as its main subject the tourism area of environmental protection, taking as a case study
that aims to RESEX Caeté-Taperaçu/Bragança strategize conservation of biodiversity protection, where
it is necessary to regulate the use and access of resources natural RESEX for affirmation of the quality
of life of social actors themselves, and especially the community that directly or indirectly part of it, since
this, it is necessary for the targeting of objectives, participatory management of natural resources that
characterized as an alternative model of bragantina society participation in the processes of decision-
making policies, including the establishment of programs and projects with environmental character, so
therefore the community to develop equally and minimize the impacts that possibly tourism activity in
the region could cause.The research methodology involved the theoretical literature that gave subsidies
to the second step of the methodology, field research.
INTRODUÇÃO
por parte da sociedade, entre outros conceitos que foram de fundamental importância
para que o conceito de natureza fosse recapitulado.
capaz de ser uma atividade que consiga compatibilizar o crescimento econômico com
uma sociedade mais justa e uma natureza mais protegida. De modo geral, desde o
final da década de 1980 surgiu uma nova demanda de turismo que busca um tipo
alternativo/sustentável, ao então predominante turismo de “sol e praia” (DIAS, 2003,
p.16).
Não se pode negar é claro, que nem todos aqueles que se beneficiam das
concessões de terra nas reservas extrativistas fazem o mau uso do seu benefício.
Verificou-se nas comunidades da RESEX marinha de Caeté- taperuçu – Vila do
Bonifácio; dos Pescadores e a Comunidade do Castelo- que muitas famílias realmente
usufruem daquele local para a sua própria sobrevivência, porém como não há o apoio
do poder público acabam abandonando ou vendendo.
vasto e valoroso para oferecer ao turista, devido suas tradições que atravessam
os séculos e encantam aos visitantes que por ali passam. Este município, as-
sim como Vigia de Nazaré - segundo relato de historiadores – foi liderado pelo
francês Daniel de La Touche, senhor de La Lavandiere, que foram os primeiros
europeus a conhecer a região do Caeté em 08 de Julho de 1613. Porém, inicial-
mente, Bragança era habitada pelos índios da nação dos tupinambás.
Segundo Cunha e Coelho (2009), até meados da década de 1980, o Estado ditou,
de forma centralizada, a política ambiental a ser seguida no Brasil, porém, percebe-
se que na RESEX visitada, o processo de formulação e implementação da política
ambiental ocorre de forma interativa entre o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBIO), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) e
a comunidade, onde os mesmos traçam estratégias de ações, para que todos os
interesses sejam levados em consideração e a proteção do meio ambiente aconteça
de forma articulada entre esses três atores sociais, contudo, o Estado continua sendo,
o órgão em que se negociam decisões e em que conceitos são instrumentalizados em
políticas públicas para o setor.
Ainda segundo Repinaldo (2013), os usuários dessas áreas são: pescadores, tiradores
de caranguejo, organização comunitária, famílias dependentes da agricultura,
produções alternativas (ex: mel e farinha), pescadores de campo, pesquisadores, as
pessoas que desenvolvem a atividade turística, mesmo que não seja dentro da área,
mas, no entorno, entre outros.
Essa atividade refere-se aos mais variados tipos de captura (rede puçá,
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Cada comunidade possui a sua forma subsistência, sendo que, na vila Bonifacio
a economia é diversificada e as atividades preponderantes referem-se ao uso dos
recursos hídricos e a agricultura familiar de subsistência: pesca do camarão, peixe,
mexilhão, turu, e caranguejo, extração do mel e a produção da farinha, sendo que,
alguns são para uso comercial, como por exemplo: a extração do mel, a pesca do
peixe, caranguejo e mexilhão, já o camarão é para consumo e para o uso comercial,
os outros são para consumo da própria comunidade.
Segundo a Dona Marly (2013), a qual faz parte Vila Taperaçu, um dos grandes
problemas encontrados na comunidade é a falta de um modulo universitário, que dificulta
de certa forma a formação dos jovens e adultos que vivem na mesma, impedindo
assim, a dinamização dos saberes empíricos, uma outra dificuldade a ser abordada, e
que traz transtornos para educação, é o transporte que poderia facilitar o acesso dos
mesmos a universidade que existe na cidade de Bragança. Conforme a mesma, as
escolas possuem uma grande problemática, sendo ela a falta de infraestrutura para
que os estudantes possam estudar com o seu devido conforto, um exemplo disso, é,
a falta de climatização, o uso de telhas brasilites, sabendo-se que o clima é quente e
que prejudica o ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e prática. 8. ed. São Paulo: Gaia,
2003.
RESUMO:
As unidades de conservação, principalmente os parques nacionais, são um dos
principais ambientes para a prática do ecoturismo, sendo este amplamente incentivado
pelos órgãos governamentais sobre o meio ambiente e entendido como uma forma de
incentivo à conservação ambiental. Dessa forma os gestores dos parques nacionais
precisam se organizar e planejar de que forma vão permitir que os objetivos de tais
unidades de conservação, enquanto parque, sejam entendidos e percebidos pelos
visitantes que serão os agentes que perpetuarão o trabalho de conservação. Por isso,
os objetivos deste trabalho é perceber, baseado nos conceitos da hospitalidade, como
é feita a recepção aos visitantes no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET),
localizado no Estado do Rio de Janeiro e apresentar ao parque um diagnóstico que
possa auxiliar o processo de recepção e acolhimento dos visitantes do parque. Na
metodologia, desenvolvemos indicadores de hospitalidade que foram verificados a
partir de visitas ao parque, fotografias e um questionário que enviamos por e-mail
e fomos respondidos. Observamos que o Parque Estadual Serra da Tiririca é um
importante atrativo de ecoturismo na cidade e de beleza irrefutáveis, mas que precisa
organizar e melhorar o processo de recepção e acolhimento aos visitantes a fim
de atingir o seu principal objetivo que se refere à sua própria conservação e outros
objetivos que o constituem.
PALAVRAS-CHAVE: Ecoturismo. Hospitalidade. Parque Estadual Serra da Tiririca
ABSTRACT / RESUMEN:
Las áreas protegidas, especialmente los parques nacionales son uno de los principales
espacios para el ecoturismo, que es ampliamente fomentado por las agencias
gubernamentales sobre el medio ambiente que la entienden como una forma de
fomentar la conservación del medio ambiente. Así, los administradores de los parques
nacionales deben organizar y planificar como van a permitir que los objetivos de las
áreas protegidas, como los parques, sean entendidos y percibidos por los visitantes
para que estos sean agentes que perpetúan el trabajo de conservación. Por lo tanto,
los objetivos de este trabajo es realizar, en base a los conceptos de hospitalidad, como
se hace la recepción de visitantes en el Parque Estadual Serra da Tiririca (PESET),
ubicado en el Estado de Río de Janeiro y hacer un diagnóstico que pueda ayudar
el proceso de recepción de los visitantes del parque. En la metodología, hemos
desarrollado indicadores de hospitalidad que se verificaron desde visitas al parque,
fotografías y un cuestionario enviado por correo electrónico. Tomamos nota de que
el Parque Estadual Serra Tiririca es una gran atracción del ecoturismo en la ciudad
y la belleza irresistible, pero necesita la organización y el proceso de recibir a los
visitantes a mejorar con el fin de alcanzar su objetivo principal a respecto de su propia
conservación y otros objetivos que lo constituye.
PALABRAS-CLAVES: Ecoturismo. Hospitalidad. Parque Estadual Serra da Tiririca
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INTRODUÇÃO
Para este trabalho concordamos com Batista (2002, p.157) que entende
a hospitalidade como um modo privilegiado de encontro interpessoal marcado
pela atitude de acolhimento em relação ao outro e apresenta-se como experiência
fundamental constitutiva da própria subjetividade, devendo, como tal, ser potenciada
em todas as suas modalidades e em todos os contextos de vida.
formas e vivências.
Podemos dizer que as práticas sustentáveis nos espaços naturais são realizadas
a partir da apropriação, da identificação e do entendimento de que essa é uma meta
coletiva que envolve os planejadores e aqueles quem esse planejamento se destina.
A partir dessa definição Camargo (2004) cria dois eixos que são os tempos
e espaços sociais da hospitalidade. Os tempos sociais se referem à recepção e
acolhimento de pessoas, o ato de hospedar, entreter e alimentá-las; o segundo são
os espaços sociais que se referem aos locais onde o processo anterior se desenrola,
nesse sentido, o autor aponta os espaços domésticos, públicos, comerciais e virtuais.
DOMÍNIOS DA HOSPITALIDADE
Doméstica Receber pessoas Abrigar pessoas Receber pessoas Receber pessoas para
em casa. em casa. em casa para momentos especiais
refeições. ou festas.
O próprio autor destaca que a criação desses eixos são uma tentativa e um
desafio pessoal para responder quais seriam os locais e práticas sociais que poderiam
ser inseridas no contexto da hospitalidade. E a partir dessa questão que incluímos o
PESET nessa proposta, pois entendemos que este é um local de interação social
onde as melhores práticas de acolhimento resultarão em impactos mais positivos.
Vale destacar que uma das características das áreas naturais protegidas
brasileiras, como em grande parte da América Latina, é a presença de populações
tradicionais como os indígenas, caiçaras, ribeirinhos e quilombolas vivendo nesses
locais.
Esse fato torna-se pertinente uma vez que o modelo de unidades de conservação
do Brasil foi importado do modelo norte-americano que possuía a ideia de área natural
sem a ocupação humana. Essa situação causou muitos conflitos entre grupos contra
e a favor da permanência das comunidades tradicionais no ambiente que lhes era
natural.
Embora o PESET tenha sido criado em 1991, somente dezessete anos depois,
em 2008, tomou posse o primeiro gestor do parque e, juntamente à posse, o desafio
de gerir um parque com muitos problemas desde a época que fora criado. Não havia
planejamento, organização e fiscalização das atividades que poderiam ser realizadas
no local. Na figura 2 podemos ver a um mapa da delimitação atual do parque:
MAPA DE AMPLIAÇÃO DO PESET – 2012
Atualmente o parque conta com uma sede que possui um centro de visitantes,
um auditório, um laboratório para pesquisadores e um núcleo de prevenção de
incêndios de incêndios florestais; uma sub-sede com um pequeno espaço onde ficam
geralmente três guarda-parques que oferecem suporte aos visitantes.
A gestão do parque, ainda que tenha seis anos de atuação, tem tentado organizar
o PESET e assim tem alcançado algumas conquistas. Um exemplo dessas conquistas
foi uma parceria com o curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense que
montou um grupo de pesquisa, Grupo de Trabalho de Turismo em Áreas Protegidas -
GTTAP em 2009, com o objetivo principal de conhecer o perfil dos visitantes do parque.
Em 2012 e 2013 a pesquisa foi realizada pela equipe de uso público de parque.
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ECOTURISMO NO PESET
Na figura 3 podemos ver um mapa das trilhas do PESET que são disponíveis
para visitação e depois faremos uma apresentação das trilhas.
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Morro das Andorinhas – Esta trilha está localizada no bairro de Itaipu sendo
a única fora do bairro de Itacoatiara e representa um importante espaço do PESET,
pois além da belíssima vista e vegetação, abriga a comunidade tradicional do Sítio da
Jaqueira.
Córrego dos Colibris – É mais uma bela área do PESET. A caminhada pode ser
feita em 10 minutos, possui uma trilha plana e o acesso é feito pelo Engenho do Mato.
Esta trilha é muito visitada pelos colégios da região.
Site
RESULTADOS DA AVALIAÇÃO
Na época em que realizamos este trabalho o parque possuía uma página oficial
na internet, era bastante organizado e trazia informações importantes sobre o horário
de funcionamento do parque, localização das trilhas e grau de dificuldade, dicas de
uma caminhada consciente, opção de visita guiada, telefones e e-mails de contato.
Porém não fomos informados sobre uma página oficial do parque no facebook,
criada naquele mesmo ano (2013) que é muito organizada, atualizada e possui
diversas informações sobre as atividades que o parque tem organizado como mutirões
de limpeza, atividades culturais e atividades realizadas com escolas relacionadas ao
meio ambiente, informações a fauna e flora, sobre serviços de primeiros socorros, e
muitas fotos.
Sobre a segurança na trilha a única que não prosseguimos até o final foi no
Caminho de Darwin porque além do lugar estar deserto, havia um carro queimado no
percurso. Quando informamos o fato ao parque, nos foi dito que a trilha era segura e
que aquele carro estava lá há algum tempo e que a trilha era segura.
Porém, para aqueles que não conhecem o local, essa situação não lhes
transmite segurança, motivo pelo qual não prosseguimos a caminhada. Durante o
percurso não encontramos telefones públicos e sanitários disponíveis aos visitantes,
e mesmo que tenha banheiro público na sub-sede do parque, ele é de uso exclusivo
dos funcionários.
Sobre a visita guiada, o parque tem uma parceria com uma empresa privada
que faz o serviço para grupos entre 10 e 20 pessoas de acordo com a capacidade da
trilha e é cobrado um valor entre 45 e 60 reais por pessoa. Os guarda-parques também
podem fazer o serviço, mas segundo informações do próprio parque, é preferível que
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a empresa faça esse serviço para não descaracterizar a função principal daqueles
que é a fiscalização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os eventos e trabalhos que o parque tem realizado fortalecem a sua relação com
o público que podem se tornar agentes fiscalizadores de forma a impedir atividades e
ações irregulares. Desse modo, o parque também precisa ser visto como um local de
aprendizagem e incentivador das boas práticas para além do espaço natural.
REFERÊNCIAS
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o trabalho conjunto de instituições
e comunidades em prol do turismo de base comunitária no Baixo Rio Negro. A
visitação turística nas áreas protegidas da Região do Baixo Rio Negro, surge como
uma possibilidade de aproveitar o potencial turístico da região e, ao mesmo tempo,
como uma forma conservar a biodiversidade local por meio de uma atividade de baixo
impacto. Entretanto, sem planejamento e o devido envolvimento das comunidades
locais, o turismo nessa área precisou ser repensado e alinhado de modo que
contribuísse para a dinamização da economia local e promovesse a conservação
das espécies, ou seja, o ordenamento da atividade tornou-se indispensável. Para
mostrar como foi esse processo no rio Negro, utilizou-se da pesquisa de campo, da
entrevista semiestruturada e da observação participante. Os resultados sinalizam que
a gestão compartilhada é fundamental para apoiar a atividade turística da região,
ou seja, o apoio aos projetos de turismo nas comunidades é indispensável, porém
deve-se estimular que as iniciativas comunitárias deem continuidade no processo
de gestão e sustentabilidade das atividades em longo prazo, uma vez que a gestão
dos empreendimentos turísticos é realizada por famílias que são protagonistas nas
comunidades locais.
ABSTRACT: This article aims to analyze the combined efforts of communities and
institutions in favor of community-based tourism in the Lower Rio Negro. The touristic
visitation in protected areas of the Lower Rio Negro region, appears as a possibility
to harness the tourism potential of the region and at the same time, as a way to
conserve local biodiversity through a low-impact activity. However, without planning
and proper involvement of local communities, the tourism in this area needed to be
rethought and aligned so as to contribute to the revitalization of the local economy
and promote the conservation of the species, ie, the ordering activity has become
indispensable. To show how this process was the Black River, we used field research,
semi-structured interviews and participant observation. The results indicate that the
shared management is fundamental to support tourism in the region, ie, support for
tourism projects in communities is essential, but should be encouraged that initiatives
giving the continuity management process and sustainability of activities in the long
term, since the management of tourism enterprises is carried out by families who are
protagonists in local communities.
1 Mestre e Doutoranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA/UFAM);
Bacharel em Turismo; Bolsista Fapeam. Professora da Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail:
susysimonetti@hotmail.com
2 Mestre em Gestão de Áreas Protegidas. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ.
E-mail: nailza@ipe.org.br.
3 Engenheira de Pesca; Especialista em Turismo e Desenvolvimento Local. Chefe de Unidade de
Conservação da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável – SDS. E-mail: lene_paula@yahoo.com.br.
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1 INTRODUÇÃO
Diante desses fatos, o seguinte questionamento deu início a este estudo: qual
o papel das instituições de apoio ao turismo nas comunidades do Mosaico do Baixo
Rio Negro? Quais as experiências promissoras dessa área? O artigo é o resultado
do envolvimento das pesquisadoras há mais de dois anos no Fórum de Turismo de
Base Comunitária - TBC, cujo intuito é promover a consolidação do TBC na região
do Baixo Rio Negro e diante dessa experiência, registraram-se imagens e anotações
diversas, utilizou-se da observação, das visitas às comunidades in loco e realizaram-
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regional por meio dos recursos obtidos pelo acesso do visitante (BRASIL, 2006):
como são documentos de difícil confecção - por serem muito caros e exigirem pesquisa
detalhada da área, com inventário preciso, dentre outros elementos -, na maioria das
vezes a visitação é permitida sem que esses documentos tenham sido elaborados, o
que pode gerar consequências bastante graves para a Unidade, como a degradação
do ambiente, a perda de ecossistemas, alteração nas paisagens, diversos tipos de
poluição, morte de indivíduos, alterações nos modos de vida e a dependência dos
recursos financeiros oriundos do turismo, transformando-o em atividade principal e
não complementar.
Diante desse contexto pode-se inferir que o turismo representado por seus
segmentos mais brandos, como o ecoturismo de gestão comunitária, que traz em seus
conceitos a minimização de impactos ambientais e sociais, a conservação ambiental,
a geração de renda e o elemento educativo (educação ambiental), é o mais indicado
para ser desenvolvidos em áreas protegidas. Nesse sentido, o poder público da região
amazônica passa a efetivar o planejamento ambiental incluindo o turismo como um
fator de desenvolvimento local. Mas a forma de fazer a gestão desse turismo, ou seja,
a base comunitária, vem se destacando nos últimos anos e ganhando espaço para
debates.
4 TURISMO E COMUNIDADE
região do Baixo Rio Negro possui várias características que propiciam um intenso fluxo
de visitação, quais sejam: a beleza cênica, a proximidades das Unidades conectadas
espacialmente e do centro urbano de Manaus, a formação das praias durante a seca
dos rios, os hotéis, lodges e pousadas que oferecem hospedagem aos mais diversos
públicos, as comunidades locais e sua riqueza cultural entre outros. Por outro lado,
a participação das comunidades, compartilhando as decisões, oferecendo soluções,
envolvendo-se com a concepção, a implantação e avaliação de um determinado
empreendimento turístico, “é um caminho e um pressuposto para a busca da qualidade
de vida e constitui a prática dos princípios da sustentabilidade ambiental propagados
e perseguidos pelos atores sociais e políticos interessados no manejo das UCs,
incluindo aí as organizações não governamentais (ONGs)”. (GIRALDELLA e NEIMAN,
2010, p.131).
De acordo com Coelho (2013), o que vem se expandindo nos últimos anos
é o uso turístico de áreas protegidas que permite a permanência de populações
locais e o TBC é um protagonista neste processo, pois é “nesta lógica de encontros,
vivências, hospitalidade e trocas entre visitante e anfitriões que se dá a essência do
TBC” (2013, p.316). Para Salazar (2012) essa discussão iniciou na década de 1990,
com Pearce (1992), sugerindo que o TBC representaria uma forma de beneficiar todos
os envolvidos com o turismo mediante um consenso baseado em tomada de decisão
e controle local do desenvolvimento.
A bibliografia sobre esse assunto é vasta, mas o que deve ser compreendido é
que o turismo de base comunitária se configura como um modelo de desenvolvimento
turístico endógeno, e não um segmento, cujo protagonismo das comunidades é notório,
visando a proteção do seu patrimônio cultural e natural. Apresenta-se a
seguir a metodologia do estudo que aponta a caracterização da pesquisa e o caminho
que as pesquisadoras seguiram com o intuito de apresentar como o Fórum de TBC e
o Roteiro Tucorin estão estruturados no Amazonas.
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5 METODOLOGIA
4 SNUC (Lei 9985 de 18 de julho de 2.000), em seu capítulo XI, reconhece a Reserva da Biosfera como
“um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais”.
5 SNUC (Lei 9985 de 18 de julho de 2.000), XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais
ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento
da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção
de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
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6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
comunitário, muitas delas sem qualquer apoio institucional. São comunidades que
estão nos limites de áreas protegidas e, por meio do turismo, buscam dinamizar sua
economia. Algumas delas na margem direita, como Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, produzem artesanato e há quase trinta anos recebem visitantes em seu
espaço.
O turismo nas comunidades do Baixo Rio Negro tem vários apoiadores que se
reúnem mensalmente por meio de um fórum: há organizações não governamentais,
fundações, órgãos do governo federal, estadual e municipal, academias e a Central
de TBC, sendo em média dezoito (18) instituições atuantes. Os comunitários também
são protagonistas da atividade, seus representantes participam do Fórum e das
quinze comunidades mapeadas, todas oferecem algum produto ou serviço ao turismo
da região. Neste estudo serão apresentadas seis (06) iniciativas que se destacam por
6 ICEI - Instituto de Cooperação Econômico Internacional
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meio de um roteiro de turismo integrado apoiadas pelo Fórum de TBC. Nesse sentido,
é importante esclarecer o surgimento desse Fórum para que se possa entender como
ele vem atuando e seu papel na região da área do estudo.
leva ao descrédito e à desilusão com esses projetos e com quem os propôs. Nas
seis experiências do MBRN, percebe-se que as comunidades são protagonistas do
turismo: os comunitários tomam suas decisões que são respeitadas pelas instituições
atuantes, fato este que contribui para fortalecer as relações entre comunidades e
instituições.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel do Fórum de TBC, ainda que pesem seus limites, vem sendo cumprido,
que é o de apoiar a implementação de ações de TBC na região. No entanto, é necessário
ampliar suas ações, buscar recursos, estabelecer mais parcerias. Não obstante,
hoje existe um espaço para se discutir sobre esta temática em diferentes níveis de
164
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8 REFERÊNCIAS
CODA, J.; DITT, E.H.; UEZU, A. Avaliação do Projeto de Turismo com Base Comunitária
do IPÊ, no Baixo Rio Negro (AM). Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.4,
n.3, 2011, pp.417-440.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, R.M.S.; Lima, M.A.V. Tucorin: turismo comunitário no Baixo Rio Negro
(AM). Anais do IX Congresso Nacional de Ecoturismo e do V Encontro Interdisciplinar
de Turismo em Unidades de Conservação. Revista Brasileira de Ecoturismo, São
Paulo, v.6, n.4, nov-2013, p.221.
SOUZA, N.P.; NELSON, S.P. BADIALLI, J.E.L.; LIMA, M.A.V.; PADUA, S.M. Como
compatibilizar conservação, desenvolvimento e turismo: a experiência do baixo
Rio Negro, Amazonas. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.3, n.2, 2010,
pp.173-190.
partner of the project in South America. The aim of this study was to present the geo-
food as a foodie souvenir and geo-product, presenting examples of Geoparks that
already use it as a tool of geoconservation and potential of Fernando de Noronha for
your realization. The methodology used was the descriptive and theoretical contribution
to literature. As main results, it was found that the geo-food strengthens and enhances
the elements of bio and geodiversity, adds value and makes the differential Geoparks,
and in the Fernando de Noronha’s case is observed that there is potential for the
development of the Project Geo-food, which as a result will generate new sources of
income for the local community and provide unique experiences for visitors.
INTRODUÇÃO
Uma viagem envolve muito mais que a visita a determinados atrativos, ela é a
soma de experiências e inter-relações de diversos outros fatores que permitem que os
turistas tenham uma percepção do produto turístico que estão consumindo. A ideia de
materializar a viagem após seu regresso faz com que muitos desses turistas adquiram
uma ‘lembrancinha’ do local que visitaram, e uma das formas frequentemente utilizadas
para isso é o consumo de souvenir.
SOUVENIRS GASTRONÔMICOS
• réplicas de ícones,
• produtos pictóricos
• e produtos locais.
4 “objetos de caráter natural em seu estado bruto, ou manufaturados, como conchas, rochas,
areia, flores, sementes, animais empalhados, etc”. (HORODYSKI; MANOSSO; GÂNDARA, 2013).
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os geo-produtos, que são objetos que tem sua conotação voltada aos aspectos
geológicos dos locais visitados.
Como ressaltam Farsani et al. (2012, p.43), “os produtos turísticos não devem
seguir somente os princípios da sustentabilidade, mas também devem promover o
desenvolvimento do geoturismo como uma nova ramificação do turismo”, ou seja,
o souvenir gastronômico, também pode ser analisado como um elemento à parte,
mas ele depende necessariamente da atividade turística para ser comercializado.
No caso do geo-food há toda uma estrutura que antecede sua comercialização,
desde o planejamento de seu designer até o momento que será consumido nos
estabelecimentos.
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GEOCONSERVAÇÃO E TURISMO
Fonte: Os autores
Fonte: Gilson Guimarães
Fonte: http://www.globalgeopark.org/News/News/8616.htm
Hong Kong (China), onde foram criados pratos em que sua apresentação remete
aos elementos do patrimônio local. Ele é um elemento que compõem os geo-foods
oferecidos em restaurantes, para que as pessoas possam escolher os produtos
alimentícios oferecidos. No caso do Geopark Hong Kong, o geo-menu é um cardápio
composto pelo nome e descrição dos pratos oferecidos, bem como uma foto da
característica geológica e do prato, e sua descrição geológica.
Fonte: Internet
5 Os trilobitas são membros extintos de um grupo animal muito grande, o filo Arthropoda, ao qual
pertencem os insetos modernos. Estão bem representados num grande e detalhado registro fóssil que
começa no Cambriano Inferior, há 550 milhões de anos radiométricos, e termina no Permiano, há 250
milhões de anos radiométricos. Encontram-se universalmente nos limites entre as rochas relativamente
desprovidas de vida metazoária e outras com abundante evidência de tal vida. (CHADWICK; DEHAAN,
2014)
6 Granulitos é uma rocha metamórfica equigranular, sem minerais micáceos ou anfibólios e,
portanto, sem xistosidade nítida. Produto de metamor-fismo regional do mais alto grau. (MINERO-
PAR, 2014).
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Fonte: Os autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto Geo-food foi uma ideia inovadora para a disseminação dos preceitos
da geoconservação nos Geoparks, agrega valor a esses locais, sendo um diferencial,
pois seus elementos são explorados a partir de uma nova perspectiva. A realização
desse projeto em Fernando de Noronha pode ser uma ferramenta de valorização
das características locais que permite que os turistas tenham acesso a uma
informação sobre a biodiversidade e a geodiversidade de uma forma diferenciada e
criativa. A valorização dos elementos que compõem a paisagem através do souvenir
gastronômico promovem renda e geração de empregos a comunidades, criando
também um sentimento de valorização do patrimônio na própria comunidade.
REFERÊNCIAS
RESUMO
O turismo no meio rural é expressivo no Estado do Amazonas, e na maioria das
atividades ocorre nos territórios de base comunitária, com utilização de equipamentos
integrados ao ambiente natural e as relações tradicionais das populações envolvidas.
Com isso este trabalho indica metodologias participativas no planejamento para
implantação de trilhas ambientais, objetivando envolver os comunitários no processo
para minimizar e controlar os impactos decorrentes da implantação e utilização dos
espaços estabelecidos para condução dos visitantes nas trilhas.
Palavras – Chaves: Planejamento Participativo, Comunidade, Sistema de Trilha
ABSTRACT
Tourism in rural areas is significant in the state of Amazonas, and most of the
activity occurs in the territories, community-based, with integrated use of the natural
environment equipment and the traditional relationships of the populations involved.
Thus this study indicates participatory methodologies in planning for deployment of
environmental tracks, aiming to involve the community in the process to minimize and
control the impacts of deployment and use of areas established for the conduct of
visitors on the trails.
Key - Words: Participatory Planning, Community Trail System
INTRODUÇÃO
TIPOS
Trilha Interpretativa
É um instrumento de base para as atividades de educação ambiental, que
visa contribuir para desenvolver no ser humano a conscientização à preservação,
conservação e a percepção ambiental, por meio de atividades dinâmicas e
participativas que relevam os significados do ambiente natural, principalmente por
meio de experiência direta (HOROWITZ, 2001).
Trilha Botânica
Tem o propósito de interpretar a paisagem da flora onde as espécies botânicas,
são identificadas com pequenas placas de alumínio contendo uma numeração, que
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Trilha ecológica
Caracteriza-se por ser implantada com fins de observação do meio ambiente,
onde não possui muita infra-estrutura para não modificar o meio (VIEIRA, 2003).
Ao se realizar o planejamento de trilhas, tanto as comerciais como as de base
comunitária, deve-se considerar toda a diversidade de ecossistemas existentes na área
de intervenção. Por este motivo, o inventário da área se caracteriza como importante
instrumento para auxiliar na definição do formato da trilha, que deve contemplar
pontos estratégicos de: paradas para descanso; sinalizações com placas; seqüências
paisagísticas; benfeitorias; extensão; capacidade de carga e interpretação ambiental
com a identificação dos atrativos. Com estas informações, se terá dados para mapear
por onde cada percurso deverá passar com objetivo de causar o mínimo impacto às
belezas cênicas, mantendo as características da vegetação.
FORMAS
1. Trilha circular - onde se estabelece uma trilha que passa por diferentes
lugares sem repetir o percurso voltando ao mesmo ponto de partida.
2. Trilha em oito - utilizadas em áreas limitadas para aproveitar bem todo
o espaço.
3. Trilha linear - um formato simples com o objetivo de interligar a um
atrativo.
4. Trilha em atalho – com objetivo de mostrar outras áreas como
alternativas para o visitante.
TRAÇADO
Os traçados de trilhas são trechos curtos que determinam uma virada abrupta
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não e tamanho de estacionamentos, também são fatores importantes que devem ser
levados em consideração.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO:
ABSTRACT
This article arises from the authors’ theoretical reflection on the systematization of
experience in conducting training courses on Local Conductors , offered from 2012
by IFRS - Federal Institute of Science and Technology Education of Rio Grande do
Sul, Porto Alegre Campus, through PRONATEC - National Program for Access to
1 Mestre em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS); Especialista em Agricultura Orgânica
(UCS); Bacharel em Turismo (PUCRS). Docente do curso de Bacharelado em Turismo do Centro
Universitário Metodista do IPA; Professora/Tutora dos Cursos de Condutor Ambiental Local do Instituto
Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS/PRONATEC; Presidente
do Conselho de Administração (gestão 2013/2014) da COODESTUR – Cooperativa de Formação
e Desenvolvimento do Produto Turístico - Ltda. Sócia Diretora da PLANTUR – Consultoria em
Planejamento Turístico. E-mail: alinetur@yahoo.com.br
Technical Education and Employment. For proper understanding of the theoretical and
practical construction held the paper begins by historical recovery as the Environmental
Education , from the approach to linkage of Conservation and ecotourism activities ,
the Sustainable Tourism Units and needed clarification as to professionals in natural
environments highlighting the Guide to Environmental Lead . Likewise brings clarification
on the methodology employed and results achieved . With this configuration seeks to
share this successful experience , lived in Rio Grande do Sul, in order to collaborate in
the construction of new alternatives for structuring the Sustainable Tourism to promote
environmental education and nature conservation, adding the surrounding communities
of Conservation Units nationwide.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
No momento atual, vivemos uma demanda cada vez maior por contato com
a natureza, e com o ganho de espaço na mídia sobre problemas ambientais e a
importância da construção de uma “Educação Ambiental” para as próximas gerações
que também já atue junto às atuais. Desta forma, diversas atividades e conhecimentos
tradicionais denominados durante muito tempo como alternativos, ganham espaço e
se perpetuam como ciência, o que ocorre com a Agroecologia, que agrega também
a possibilidade de atender á outra demanda atual, a por alimentos saudáveis, que
reflitam um meio ambiente saudável.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E AS ATIVIDADES ECOTURÍSTICAS
TURISMO SUSTENTÁVEL
Segundo Steil (2002), o turismo figura o campo das ciências sociais, através da
sociologia e antropologia, sendo que a primeira constrói um olhar externo, através de
seu papel na organização e no processo social como um todo, enquanto a segunda
tenta avaliar a sua dinâmica interna considerando suas dimensões culturais e
interculturais.
Conforme Steil (2002), a formação de uma área de estudos sobre o turismo nas
ciências sociais é antecedida por Veblen, com o livro The theory of the leisure class
lançado em 1889, considerado primeiro trabalho sociológico sobre o turismo, onde
o autor trata da evolução do lazer no processo de constituição das classes sociais,
estabelecendo uma associação entre turismo e lazer. O autor constata que o lazer,
que caracterizou a elite aristocrática pré-capitalista, também passa a ser assumido
pela nova elite, que também passa, em um mundo fundado sobre o valor absoluto do
trabalho a ostentar como meio de distinção, a sua inatividade em forma de lazer.
pelo trabalho mecânico que se generalizou após a Segunda Guerra Mundial, através
do modelo fordista de produção industrial. Esta análise, em contraposição à tese do
lazer alienado e ostentatório, apresenta pela primeira vez o lazer compensatório,
tendo as férias como “cano de escape para as tensões produzidas pela atividade
produtiva.” (STEIL, 2002, p.54)
De acordo com Campbell (1987, apud STEIL, 2002, p.65), inseridos no espírito
do capitalismo, “os indivíduos não procuram a satisfação nos produtos, mas através
deles. A satisfação nasce da expectativa, da procura do prazer, que se situa na
imaginação”. Assim os turistas não consomem os lugares, mas através destes buscam
a “realização de um desejo que povoa a sua imaginação”.
Molina (2004) aponta o surgimento de um novo turista a partir dos novos modelos
de consumo e destaca uma mudança na atitude do turista, de passiva, que aceita o
que lhe vendem, para uma atitude ativa, onde passa a selecionar as atividades de
seu interesse. Este novo turista quer mais do que belas paisagens e descanso, quer
experiências únicas, quer o contato com os saberes e fazeres típicos de cada lugar.
Porém Reis (2008, p.127), tratando do consumo turístico, destaca que “para
viajar, é necessária uma renda excedente, devido aos custos que o turismo acarreta”.
Afirmando assim que o turismo se efetiva a partir do momento em que o “turista em
potencial” se dispõe a realizar o consumo de todos os bens e serviços envolvidos na
viagem.
do ambiente natural como impactos econômicos positivos do turismo, visto que este
estimula a economia local e com a consequente melhoria da qualidade de vida das
comunidades receptoras, estas tendem a colaborar com a preservação e conservação
dos espaços naturais, cada vez mais procurados pelos turistas. (BRASIL, 2007)
METODOLOGIA
RESULTADOS
A realização das duas primeiras turmas que não tinham a sua formação
direcionada a atuação em nenhuma Unidade de Conservação especificamente,
proporcionou a agregação de diferentes públicos, porém não com menos entusiasmo,
visto que se organizaram e formaram a APACA, que atuou na construção e proposição
da Normativa Estadual, que acabou por beneficiar todas Unidades de Conservação
e comunidades de entorno do Rio Grande do Sul e estando atualmente atuando na
construção da Normativa Municipal junto à Secretaria de Meio Ambiente de Porto
Alegre.
REFERÊNCIAS
COSTA, Patrícia Cortês. Ecoturismo. São Paulo: Aleph, 2002. (Coleção ABC do
Turismo)
DIAS, Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente. São Paulo: Atlas, 2003.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Turismo do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<www.turismo.rs.gov.br> Acesso em: 05 out. 2013a.
STEIL, C. A. O turismo como objeto de estudos no campo das ciências sociais. In:
RIEDL, Mário; ALMEIDA, Joaquim Anécio; VIANA, A. L. B.(orgs.). Turismo Rural:
Tendências e Sustentabilidade. Santa Cruz do Sul:EDUNISC, 2002.
URRY, J. O Olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas.
São Paulo. Studio Nobel & SESC, 1996.
VEBLEN, T. The theory of the leisure class. New York, Dover Publications, 1994.
INTRODUÇÃO
(2010, p. 33) “O homem deve ser compreendido como ser ativo que sofre a influência
do meio, porém atua sobre este, transformando-o”.
Cardoso (1998, p. 4.), afirma que se estabelece o “[...] progresso infinito, visando
ao enriquecimento cada vez maior de uma parcela cada vez menor da humanidade,
por meio da dominação da natureza e do outro ser humano a qualquer custo [...]”.
Neste contexto, a natureza passa a ser objeto de disputa em todas as esferas do
poder, inclusive turisticamente; pois:
Toda relação é o ponto de surgimento do poder, e isso fundamenta a
sua multidimensionalidade. A intencionalidade revela a importância das
finalidades, e a resistência exprime o caráter dissimétrico que quase sempre
caracteriza as relações (RAFFESTIN, 1993, p. 53).
Propaga-se o turismo como uma atividade que pode gerar renda e melhorar
a qualidade de vida da população residente, inclusive considerando-o sustentável.
Cabe a Educação Ambiental apresentar outras análises do desenvolvido turístico, tais
como:
As ideias de preservação ambiental e de desenvolvimento local parecem
não estar presentes no crescimento econômico da atividade; no entanto, a
apropriação da paisagem se mostra constante, pois para cada novo tipo de
interesse do ecoturista, uma nova paisagem, com seus atributos naturais e
culturais é apresentada, satisfazendo a todos os interesses dos ecoturistas e
do mercado turístico. (OLIVEIRA, CASTRO e LERMONTOV, 2012, p. 1815).
O que se entende por Educação Ambiental está muito alinhado com a prática da
atividade turística que também prega: a conservação do meio ambiente, a qualidade de
vida da população e a sustentabilidade do local visitado. Swarbrooke e Horner (2002,
p. 268) colocam que “[...] o interesse pelas questões ambientais surge quando as
necessidades básicas do indivíduo – moradia, alimentação e emprego – tiverem sido
satisfeitas”. Em países em desenvolvimento, a questão ambiental não é prioridade,
pois as questões sociais e econômicas ainda precisam ser resolvidas.
partir dele que áreas naturais são transformadas em produtos turísticos por interesses
econômicos. De acordo com Gaeta (2005, p. 194), “No entanto, com o passar dos
anos foram se acumulando evidências que as metas econômicas perseguidas por
muitos podem causar sérios danos ao meio ambiente”.
A Educação Ambiental, apesar de criada pelo homem para uma melhor relação
com a natureza, aborda a preservação ambiental de uma maneira bem ampla, plural ou
holística. Exatamente por isso, faz com que seja, muitas vezes, apenas uma vontade
e pouquíssimas vezes, uma ação. Tal fato se dá porque alguns valores são invertidos,
levando a população a entendimentos contrários a sua realidade.
outras possibilidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
da Educação Ambiental é que, mesmo sabendo-se que ela não resolve os problemas
ambientais, ela é importante para minimizar o processo de degradação da natureza
e para despertar uma análise crítica das ações dos homens em relação ao meio
ambiente.
REFERÊNCIAS
CMMAD. Nosso Futuro Comum. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio
Vargas, 1991.
RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. Ed. Ática: Rio de Janeiro, 1993.
INTRODUÇÃO
que vem se modificando ao longo do tempo influenciado por uma série de fatores
econômicos, ambientais, sociais, dentre outros.
Dentre estas tendências está o turismo alternativo, que como o próprio nome
diz, se constitui em formas alternativas ao turismo de massa considerado de grande
impacto.
[...] Representar tem vários sentidos. Em primeiro lugar, designa-se com este
termo aquilo por meio do qual se conhece algo; nesse sentido, o conhecimento
é representativo, e representar significa ser aquilo com que se conhece alguma
coisa. Em segundo lugar, por representar entende-se conhecer alguma coisa,
após cujo conhecimento conhece-se outra coisa; nesse sentido, a imagem
representa aquilo de que é imagem, no ato de lembrar. Em terceiro lugar,
por representar entende-se causar o conhecimento do mesmo modo como o
objeto causa o conhecimento [...].
Nesse sentido, pode-se dizer que a representação com qual se propõe trabalhar
é aquela do terceiro sentido acima citado, no qual o indivíduo leva consigo uma
representação e a investe no local que está sendo visitado. Tais representações são
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desenvolvidas pela sociedade “[...] são uma mistura das ideias das elites, das grandes
massas e também das filosofias correntes, e expressão das contradições vividas no
plano das relações sociais de produção.” (MINAYO, 2011, p. 91).
METODOLOGIA
meses (abril de 2012 a março de 2013). Nessa etapa os turistas indicaram atrativos
turísticos de seu interesse.
MIRANTE DO CRISTO
O mirante está localizado no alto da Serra Azul, de onde se pode avistar tanto
a cidade de Barra do Garças - MT, quanto as vizinhas Pontal do Araguaia - MT e
Aragarças - GO e o encontro dos rios Araguaia e das Garças.
DISCOPORTO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Discoporto • Tranquilidade
• Pureza
• Fuga do cotidiano
• Beleza da paisagem
• Descanso
• Estranheza
• Misticismo
Pousada Cachoeira Cristal • Descanso
• Renovação
Portal da Serra do Roncador • Liberdade
• Peregrinação
• Viver o momento
• Tranquilidade
• Fuga do cotidiano
• Descanso
Mirante do Cristo • Beleza da paisagem
• Superação
• Paz
• Beleza e diversificação da
paisagem
Trilha das Cachoeiras • Liberdade
• Positividade
• Superação
Fonte: Dados da pesquisa.
dos grandes centros urbanos e no retorno à natureza como reencontro com a identidade.
Baseado na dicotomia trabalho-lazer o indivíduo considera como “prisão” as atividades
do dia a dia, consequentemente fazendo com que as atividades realizadas no tempo
livre despertem um sentimento de liberdade e tranquilidade. Santos (2002) denomina
condição “sagrada” ou “edênica” aquela em que o ser humano busca o “retorno ao
Éden” num tempo em que havia apenas o homem (sem obrigações) e a natureza
numa relação harmoniosa e suficiente para manter a sobrevivência.
CONCLUSÃO
do espaço pelo turista, logo, pode subsidiar o planejamento local e o mercado através
das “construções” dos atrativos turísticos por meio da estruturação e divulgação dos
mesmos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
INTRODUÇÃO
Aprofundando este conceito, Dias esclarece que, mesmo aqueles turistas que
se deslocam, por outro motivo que não especificamente o cultural, praticam o turismo
cultural quando participam “de eventos musicais, ao assistir[em] a uma peça de teatro,
ao visitar[em] museus, (...) adquirir[em] peças de artesanato, ao procurar[em] conhecer
hábitos e os costumes da população local freqüentando feiras e mercados populares”
(DIAS, 2006, p.40), entre inúmeras outras atividades que a cultura pode proporcionar.
Entretanto, cabe enfatizar que, como exposto por Mancini, nem toda atividade turística
que envolve aspectos culturais pode se caracterizar como turismo cultural, visto que este se
assinala não apenas pelo que se vê, mas, principalmente, pela forma como se vê. O turismo
cultural “exige contato com a população, uma interação do turista com a localidade e seus
aspectos culturais. Não é possível caracterizar como turismo cultural a realização de uma
visita superficial, em que o turista não vivencie o que está visitando” (MANCINI, 2007, p. 129).
Essas características acima mencionadas já eram evidentes nos grand tours que, firmemente
estruturados no século XVII com o auge em meados do século XVIII, tinham como objetivo
maior “a aprendizagem com base na vivência e na experimentação de situações e objetos
reais, com forte apelo cultural” (COSTA, 2009, p.24).
Dias afirma que o patrimônio constitui “um diferencial para as cidades que competem
para atrair visitantes, cuja demanda gerará a multiplicação das atividades produtivas e dos
serviços e, conseqüentemente, o aumento de renda e de trabalho” (2006, p.vii). Daí Lima
assegurar que o turismo cultural integra a cultura enquanto processo e, também, enquanto
produto:
Defendendo a educação como aliada para a preservação, Soto afirma que essa
prática é a mais eficaz para “assegurar a defesa do patrimônio do país [e] sustenta-
se nas premissas de que é necessário conhecer para preservar e que a preservação
é fruto de uma tomada de consciência, de uma decisão e de uma vontade política”.
(2008, p. 24-25). Vale esclarecer que, como elucida Chagas, não é necessário a
imaginação de algum perigo que virá no futuro “é preciso, e esse não é um ponto sem
importância, que o sujeito da ação identifique no objeto a ser preservado algum valor”
(CHAGAS, 2003, p. 33).
edifícios inseridos em um jardim. A Villa Ferreira Lage foi construída pelo empreendedor
Mariano Procópio na década de 1860, para hospedar a família imperial em visita à
cidade em virtude da inauguração da União e Indústria, primeira estrada de rodagem,
que ligava Petrópolis a Juiz de Fora. Entretanto, a estadia não ocorreu naquela
ocasião, pois a obra não foi finalizada. Marcada pelo imaginário da população como
“castelinho” a Villa foi transformada em museu-casa em 1915 pelo colecionador Alfredo
Ferreira Lage, filho de Mariano Procópio, após a morte de sua mãe. As características
de residência foram preservadas com a presença da coleção de Alfredo.
Em Juiz de Fora, o jardim que compõe a área da Villa Ferreira Lage foi aberto
à visitação em 1934, sendo recoberto por uma vegetação arbórea, além de possuir
cinco ilhas, parquinho infantil, gruta ornamental e monumentos. Em 1936, os prédios
do Museu Mariano Procópio, todo o acervo e o Parque foram doados, pelo Alfredo
Lage, ao município de Juiz de Fora. Destaca-se que na escritura de doação consta a
exigência da perpetuidade de “Mariano Procópio” para nomear o Museu e o Parque,
além de não poder ser alterada a finalidade cultural dos mesmos. Assim é apontado
que “enquanto o pai investe na vinda de imigrantes alemães e italianos para a cidade,
o filho dedica-se à instrução do povo, por meio do Museu e sua coleção” (COSTA,
2006, p. 13).
240
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Museu, as oficinas buscam apresentar para as crianças temas que envolvem o acervo.
Em algumas edições, as crianças têm acesso ao bosque e entorno dos casarões,
tornando as atividades ainda mais dinâmicas. Em 2013, algumas das Oficinas foram:
“Telefone: uma maravilhosa invenção”, “Uma divertida viagem pela estrada União e
Indústria”, “Aniversário de 92 anos do Museu Mariano Procópio”, “Brincando de Artista”,
“Na trilha da arte afro-brasileira”, “Um imperador que já foi criança”, “Esculturas no
Jardim”, “O tesouro da Viscondessa”, entre outros.
O “Museu vai à Escola” teve início em setembro de 2012. O projeto que leva
exposições com reproduções de obras do acervo do Museu para escolas públicas
e particulares tem por objetivo motivar e sensibilizar os diferentes públicos para as
temáticas da arte, da cidadania, integrando momentos de formação e conhecimento,
3 Disponível em: http://www.pjf.mg.gov.br/noticias/imprimir_noticia.php?idnoticia=36980. Acesso em:
10 de junho de 2014.
243
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CONSIDERAÇOES FINAIS
REFERÊNCIAS
BEMVENUTI, Alice. Museu para todos: o papel da ação educativa como mediadora
cultural. 16º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes
Plásticas. Florianópolis. 2007.
CASTRO, Fernanda Santana Rabello de. “O que o museu tem a ver com educação?”
Educação, cultura e formação integral: possibilidades e desafios de políticas públicas
de educação museal na atualidade”. Dissertação. Faculdade de Educação da
Universidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2013.
CURY, Isabelle (org.). Cartas patrimoniais. 3ª. Edição revista e aumentada. Rio de
Janeiro, Iphan, 2004.
SOTO. Alessandra Silva Correia. O museu como espaço educativo: uma proposta
metodológica para o Museu Oceanográfico UNIVALI. Itajaí. SC. 2008.
247
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Resumo:
Entende-se como turismo comunitário, solidário e sustentável um modelo de turismo
alternativo pautado na valorização e resgate da identidade e no desenvolvimento
sustentável. A iniciativa cittaslow se aproxima ao turismo comunitário, solidário
e sustentável no sentido de que ambos não são modalidades, mas um projeto em
desenvolvimento que atua como alternativa ao modelo convencional praticado. Neste
contexto surge à indagação que norteia este artigo, como conciliar a valorização dos
modos de vida locais com desenvolvimento e atividade turística? Para tanto objetiva-
se descrever e analisar o município de Levanto (Região Ligúria, Itália), cidade que
desenvolve um modelo de planejamento diferenciado baseado na recuperação e
valorização da identidade através dos fundamentos do cittaslow. Para isso, utilizou-
se pesquisa exploratória, a qual se baseia em análise documental, em um formulário
de coleta de dados qualitativos e em entrevistas semi-estruturadas (10 atores locais),
que analisam dados secundários, tomando como base a identidade, os modos de vida
locais e o território. Considera-se que o modelo cittaslow almeja potencializar o capital
social e cultural, aproximando-se ao turismo comunitário, solidário e sustentável,
no qual, se prioriza as pessoas, a conservação de modos de vidas tradicionais e
a preservação da biodiversidade por meio da utilização de medidas práticas que
beneficiam tanto os atores locais como os visitantes.
Palavras–chave: cittaslow. Levanto. turismo comunitário, solidário e sustentável.
Identidade.Território.
Abstract:
It is understood as a community, solidarity and sustainable tourism an alternative model
of tourism founded on the recovery and rescue of identity and sustainable development.
The cittaslow initiative approaches to community, solidarity and sustainable tourism in
the sense that both are not modalities, but an ongoing project that acts as an alternative
to the conventional model practiced. In this context the question that guides this article,
how to harmonize the exploitation of local ways of life with development and tourist
activity arises? To achieve the objective the municipality of Levanto (Liguria Region,
Italy) was described and analyzed, city that develops a model of differentiated planning
based on recovery of identity through the basics of cittaslow. For which it was used
1 Bacharel em Turismo, Pós-Graduada em Gestão do Patrimônio (UA, Universidade de Alicante, Espanha),
Máster em Desenvolvimento Integral de Destinos Turísticos (ULPGC, Las Palmas de Gran Canária, Espanha,
bolsista Ministério Turismo de Espanha, TURESPAÑA), Máster em Investigação em Ciências Sociais (UPV,
Bilbao, Espanha, bolsista do governo do País Vasco), mestranda em turismo (UFPR) e cursando licenciatura em
pedagogia (UFPR). Professora da área de Turismo – SENAC–PR e do curso em Gestão em Turismo - UNINTER.
Email: carturismo@gmail.com
2 Bacharel em Turismo, Pós Graduada em Educação para o Meio Ambiente (UFPR). Professora e
Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo – Centro Universitário Internacional –
UNINTER. Email: grazielle_ueno@yahoo.com.br
248
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INTRODUÇÃO
Segundo Krippendorf (2000) para que o turismo tenha futuro deve caminhar na
orientação de um humanismo maior. E complementa indagando que o importante é
reconhecer que o turismo deve servir ao homem, e não o contrário. Nesta orientação
o conceito slow, sugere um modelo de gestão articulada que visa resistir à vertiginosa
aceleração do ritmo de vida moderno e suas conseqüências.
Deste modo surge a indagação que norteia este artigo, como conciliar a
valorização dos modos de vida locais com desenvolvimento e atividade turística? A
fundamentação teórica esta organizada em três seções. A primeira apresenta um
desdobramento do conceito de turismo comunitário, solidário e sustentável. A segunda
aborda um aclaramento a respeito do modelo cittaslow desde seu principio até os dias
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2. O CONCEITO CITTASLOW
Toda essa rapidez tem efeitos nocivos para a vida das pessoas. Neste contexto
nasce o movimento slow food (1989), na cidade de Roma por iniciativa do critico
gastronômico Carlo Petrini, em protesto a um empreendimento do McDonald´s,
alimentação sinônimo de fast food. O manifesto reivindicava a valorização dos produtos
e alimentos tradicionais da Itália. Do desdobrado deste movimento originam várias
iniciativas entre elas: a slow leitura, o slow café, a slow bibliotecas, a slow medicina, a
slow escola, a slow vivenda e o cittaslow.
sua forte vinculação com o território: elas nascem, crescem, moram e trabalham em
fazendas, casas, ruas e bairros. O cittaslow parte do principio de valorizar o território
e não apenas ocupá-lo.
áreas urbanas.
De acordo com o estatuto cittaslow, o modelo é mais viável a cidades com baixa
densidade demográfica, visto que, o objetivo é evitar que estes municípios cometam
os mesmos erros das cidades que crescem sem controle. Segundo o idealizador do
cittaslow o modelo é mais adequado:
Para cidades pequenas, para evitar que cometam os mesmos erros das
cidades que cresceram sem controle. Cidades pequenas devem preservar;
cidades grandes precisam revolucionar – e não sabem como. Cidades
grandes têm mais de uma alma: de culinária, de transporte, de energia, etc
e por isso têm que fazer mudanças por bairros, por setores. Quem mora
em cidades grandes, pode perder a noção de território, de pertinência e de
tempo. Atualmente os estatutos da Cittaslow só aceitam cidades associadas
com até 50.000 habitantes. Talvez este limite seja revisado na medida em que
o movimento se amplie.
A cidade candidata também deve pagar uma taxa de inscrição, receber a visita
de auditores e promover uma reunião da qual participem pelo menos três municípios
associados da rede. Posteriormente deve aceitar os termos do estatuto da associação
e se comprometer com políticas públicas que ajudem a criar um ambiente propício
para atingir os objetivos (CITTASLOW, 2014).
254
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Fonte: https://www.google.com.br/search?q=levanto&source
Na época O vilarejo se Na Idade Média Em 1229 passa a Ocorre grande O então prefeito Diversifica a
romana surge a tornou parte do (Inicia-se com ser parte da abandono do Marcello Eugenio oferta turística
primeira aldeia Império Bizantino. a Queda do República de campo para o Schiaffino (1996 a baseando em seus
denominada O declínio do Império Romano Gênova benefício de 2000 /2000 a 2005) patrimônios
Ceula. velho mundo rural do Ocidente e (um Estado centros costeiros. Envia uma carta a naturais e
Predomínio da resultou na termina durante a independente Parte da 2500 famílias culturais
agricultura nas alienação transição para a situado na população de explicando que (materiais e
zonas altas e progressiva de Idade Moderna), Ligúria). Levanto apoiaria as idéia das imateriais).
feudos pastoris. habitações nas predomínio da Construção da dependia até pessoas que tivesse Atrelar a
aldeias, volta se fabricação de nova alteia na então da a vontade de diversidade da
para atividades mármore colorido zona baixa. indústria de investir no oferta com o
marítimas. chamado de armas, mas com município. Marca o Cittaslow e com a
vermelho Levanto, a queda do muro retorno as origens, a identidade local.
que origina o nome de Berlim (1989) busca pela O trabalho
da cidade. e o fim da guerra recuperação das realizado em
Produção de fria a cidade se tradições e a Levanto ganhou
vinhos, azeites e viu sem valorização do o prêmio da
ampliação das perspectiva. campo. Em 2001 se associação slow
rotas marítimas. torna oficialmente cities como
Cittaslow. cidade modelo
em 2003.
Em Levanto não existem fábricas. A única atividade que aporta para a economia
do lugar é o turismo: através dos serviços de alojamento, restauração, instalações
e serviços. Desta forma o que se pode identificar através das entrevistas é que a
filosofia slow, esta impregnada na vida da comunidade e daqueles que a visitam. Em
função do turismo, Levanto acelerou o processo de modernização, hospitalidade e
serviços o que proporcionou reverter uma situação que até quinze anos atrás estava
restrita ao período de verão ou de alta temporada, atualmente a sazonalidade esta
praticamente eliminada.
O l’hotel paese, também foi um dos elementos decisivos para permitir a integração
do turismo, entre o litoral e o vale, o projeto levou à recuperação dos edifícios das
aldeias medievais do vale e do centro histórico da capital, sem aumento de volumes
existentes, estão proibidas novas construções, o que incentiva a transformação de
pequenas estruturas em espaços dedicadas à hospitalidade.
4. CONSIDERAÇÕES
Deste modo as percepções dos atores locais sobre o cittaslow reflete um novo
olhar sobre o desenvolvimento, o território e o turismo. Conforme o entrevistado 9:
“viver em Levanto não é ser lento. É ter uma filosofia de vida com ritmos adequados,
onde se respeita a natureza, as estações do ano, é viver cada momento de modo
adequado”.
REFERÊNCIAS
BAHL, M. (Org.) Turismo: enfoques práticos e teóricos. São Paulo, Roca, 2003.
Acesso em 15/06/2014.
URRY, J. the Tourist Gaze: Leisure and Travel in Contemporary Societies. Sage,
London. 1995.
264
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo da transformação do espaço
do Município de Santo Expedito/SP, considerando os conceitos de hierópolis e a
classificação entre espaço profano e sagrado. Santo Expedito/SP tem sua história
marcada pela devoção ao Santo Expedito. Na década de 1940, com a chegada de uma
família do Maranhão que trouxe em sua bagagem a imagem do Santo e a promessa
de construir uma capela. A devoção da comunidade local a Santo Expedito ocorre
desde a colonização do Municipio. O inicio da visitação de devotos provenientes de
outras localidades é incerto. Entretanto, considera-se como marco inicial da visitação
em massa, o dia 19 de abril de 1997, com a vinda de romeiros, a cavalo de São
Paulo. Desde então, o número de visitantes cresce ano a ano, chegando a receber
sessenta mil pessoas no dia do Santo. Isto se deve à agregação do diversos atrativos
na Festa de Santo Expedito, tais como a Cavalgada, a Festa do Milho, a feira de
artesanato e alimentação, o Leilão de Gado, sorteio de prêmios e shows. A construção
do Santuário com cerca de dez mil metros quadrados e alguns investimentos em
restaurante, lanchonetes e lojas para atender ao visitante contribuem para uma
nova territorialidade. Sendo que as manifestações ligadas aos ritos de devoção ao
Santo transformam-se em espetáculos. Os atos de fé dos peregrinos e romeiros se
transfiguram como atrativo turístico, atraindo o turista, que se move para a observação
do espetáculo. Dessa forma, o espaço da Missa campal, por exemplo, tempo e lugar
sagrado para o romeiro e peregrino, simultaneamente, é o mesmo do consumo de
alimentos e bebidas e ainda a contemplação do espetáculo pelo turista.
PALAVRAS-CHAVE: Geografia. Sagrado. Espaço. Território.
ABSTRACT
The Municipality of Santo Expedito / SP has a history marked by devotion to Santo
Expedito. In the 1940s, with the arrival of a family of Maranhão who brought in his
luggage and the image of the Holy promise to build a chapel. The devotion of the local
community to Saint Expedit occurs since the colonization of the City. The beginning
of the visitation of devotees from other places is uncertain. However, it is considered
as a landmark for the mass visitation, on April 19, 1997, with the coming of pilgrims
riding of São Paulo. Since then, the number of visitors grows each year, reaching
sixty thousand people receive on the day of the Holy.This is due to the aggregation of
several attractions at the Feast of St. Expedite, such as Cavalcade, the Feast of Corn,
a craft fair and food, Livestock Auction, raffle prizes and concerts. The construction of
the Shrine of about ten thousand square meters and some investments in restaurant,
snack bars and shops to suit the visitor contribute to a new territoriality. Since the events
connected with the rites of devotion to the Holy transformed into spectacles. The acts
1 Doutora em Geografia, Docente da Faculdade de Ciencias e Tecnologia, Campus de Presi-
dente Prudente-SP, Universidade Estadual Paulista- UNESP. ito@fct.unesp.br
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of faith of the pilgrims and pilgrims are transfigured as a tourist attraction, attracting
tourists, who moves to the observation of the show. Thus, the space of the outdoor
Mass, for example, time and sacred place for the pilgrim pilgrim and simultaneously is
the same as the consumption of food and beverages and even the contemplation of
the spectacle for tourists.
KEYWORDS: Geography. Sacred. Space. Territory.
INTRODUÇÃO
Por volta de 1940, com a chegada família do Sr. Arnóbio Guimarães Tenório,
migrante vinda do sul do Maranhão, iniciou efetivamente a história do Município de
Santo Expedito-SP. Conta-se que na bagagem desta família foi trazida a imagem de
Santo Expedito, ao qual era devota, com a promessa de que, ao chegar ao Estado de
São Paulo e encontrasse trabalho e um lugar para morar, construiria uma capelinha a
Santo Expedito. A graça foi alcançada e Sr. Tenório cumpriu a promessa de construir a
Capela, inicialmente denominada “Capelinha da Vila Braga”, em alusão à Companhia
de Colonização instalada no local. Mas, predominou a utilização da denominação
“Capelinha”; e aos poucos, por conta da imagem de Santo Expedito existente na
Capela, o povo denominou a localidade de Santo Expedito.
velhas; eis que tudo se fez novo” (II Coríntios, 5:17). A terra recentemente
descoberta era “renovada”, “recriada” pela Cruz. (ELIADE, 2002,p.22)
A Festa em louvor a Santo Expedito tem atraído um numero cada vez maior de
visitantes por diversos motivos: São poucas as Igrejas consagradas a Santo Expedito;
Divulgação de Santo Expedito promovida por fieis; Organização de festejos em vários
dias; Variedade de atrativos – feiras, shows, gastronomia, cavalgada.
A Festa de Santo Expedito se repete ano a ano, com alguns rituais que seguem
inalterados, com as Missas e visitação da imagem do Santo. Eliade (2002) analisa
esta necessidade em rememorar o ou reatualizar periódica do “tempo original” onde
o homem religioso tem um comportamento distinto daquele do tempo comum do
dia a dia, mesmo que sejam repetidas as mesmas atividades, este homem crê que
vivencia outra atmosfera impregnada do sagrado. É como se explica a importância da
participação da Missa de Santo Expedito, no dia 19 de abril, de cada ano, não vale
outra Missa, em outro lugar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
ABSTRACT: The creative tourism is a concept that prioritizes the tourist experience
and aims to make people not only viewer, but protagonist of their trip. In this context,
creative events are communication strategies that bring new life to cities, move the
economy in periods of low season and, moreover, are entertaining spaces that lead
people to experiment emotions and traditions. Thus, this paper presents and discusses
the social, economic and cultural importance of two events, from the perspective of
creativity and experience tourism, The Feast of Our Lady of Pilar and The Coastal
Flavours Festival, which are held annually in the city of Antonina, at Paraná State,
by using qualitative methods, and relying on the literature research. It was observed
that the two events can be considered creative and of experience, as both provide
the opportunity to visitors engage themselves with the local community, besides that
there is the economic aspects which supports the municipality studied, and the social
and cultural aspects that give value to the traditional elements, by strengthening the
1 Bacharel em Turismo. Doutoranda em Geografia na Universidade Federal do Paraná. E-mail:
unesp2004@yahoo.com.br
2 Pós-Doutor pela Université de Paris 1 (IREST). Professor do Departamento de Geografia da
Universidade Federal do Paraná. E-mail: marcos.ufpr@yahoo.com.br
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local identity. Thus, by participate in religious activities the visitor can connect with
the faith and religious rituals, experiencing something mystical and by participate in
the gastronomic festival there is the possibility of absorption of knowledge about the
traditional dishes from the coast of Paraná. These analyzes indicate that both events
bring benefits to the county by offer a differentiated and enriching activities as much for
the visitors as much for the community.
INTRODUÇÃO
Bahl (2004) define o termo evento como um acontecimento que ocorre a partir
de um motivo e de atividades programadas para serem desenvolvidas em um local
e tempo determinados, congregando indivíduos com interesses e objetivos comuns.
Alguns destes motivos podem ser comemorar ou registrar algum fato, acontecimento
ou celebração, estabelecer formas de interação social, comercializar e divulgar
produtos, promover e divulgar localidades, bem como estimular a criação de fluxos
turísticos.
Melo Neto (2008) sugere algumas estratégias para eventos criativos tais como
a criação de eventos em dias especiais ou temáticos; a realização de parcerias com
órgãos públicos e entidades culturais; o incentivo ao envolvimento da comunidade
nos festivais de folclore, de cultura popular, artísticos, religiosos, entre outras
manifestações, para assim preservar a autenticidade local.
Netto e Gaeta (2010) e Beni (2004) afirmam que o turismo de experiência não é
uma construção informe, mas uma tendência no mercado turístico que se dedica não
apenas em ofertar serviços, mas também experiências diferenciadas, tendo em vista
que atualmente o turista não se contenta em ser um mero expectador passivo ele quer
vivenciar sensações e tornar-se personagem de sua própria viagem.
Os produtos serviços ofertados a este novo turista devem contar com quatro
fatores: educação, entretenimento, estética, e evasão, assim devem permitir o
aprendizado de algo, oferecer diversão e acuidade visual, ao mesmo tempo em que
conduzem a perda da noção do tempo por ser uma atividade prazerosa, pois conforme
Dumazedier (2008) o lazer não é sinônimo de ociosidade.
Cabe ressaltar que além do fluxo de pessoas durante a festa, nos outros
períodos do ano, de acordo com o pároco da Igreja Nossa Senhora do Pilar, padre
Marcos José de Albuquerque, há cerca de três mil pessoas provenientes de diferentes
regiões do país e também do exterior, que visitam o templo (GAZETA DO POVO,
2012), e conseqüentemente outros atrativos do município, movimentando assim a
economia local.
para os locais onde ocorre o Festival, por meio do preparo e comercialização dos
alimentos, enquanto que os benefícios culturais são estendidos também aos visitantes
por meio da experiência, a partir da divulgação dos conhecimentos dos saberes e
fazeres dos pratos tradicionais.
Com relação aos benefícios culturais dos eventos gastronômicos, Morais (2011)
afirma que a culinária local representa uma referência de identidade, capaz de gerar
a aproximação entre turistas e comunidade local, pois a comida típica evidencia as
experiências vividas, ao mesmo tempo em que reverência o passado colocando-o em
relação com os que vivenciam o presente.
Observa-se, portanto, que o ato de comer durante uma viagem é tão importan-
te, quanto o conforto dos transportes ou a qualidade dos meios de hospedagem, po-
dendo até mesmo ser fator determinante na escolha de determinado destino (POLÀ-
CEK, 1986).
regional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, observou-se que além dos aspectos econômicos, sociais e culturais
serem contemplados nos dois eventos apresentados, os benefícios gerados são
estendidos tanto à comunidade do município de Antonina como aos visitantes que
deles participam.
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REFERÊNCIAS
ANTONINA: pólo turístico do Estado. O Estado do Paraná, Curitiba, s.p., s.d., 1983.
balanço da edição 2012. Curitiba, Eventos, 12 de julho de 2012. Disponível em: <
http://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/festival-dos-restaurantes-do-litoral-
paranaense-fecha-balanco-da-edicao-2012/>. Acesso em: 30 de mai. 2014.
TURISMO que resgata a cidade. Gazeta do Povo, Curitiba, p. 10, 14 de jan. 2013.
TURISMO vai dinamizar Antonina. Jornal Viver Brasil, Antonina, s.p., s.d., jan.1982.
UNIDOS para atrair o turista pelo paladar. Gazeta do Povo, Curitiba, p.7, Vida e
Cidadania, 01 de mai. 2011.
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RESUMO: Este trabalho tem como objetivo discutir as práticas discursivas (FOUCAULT, 1999)
que produzem identidades territoriais para o Brasil e que são destinadas a divulgação do Brasil
no exterior; almejamos entender como esses discursos são associados ao marketing turístico em
áreas naturais, e, em especial, vinculadas aos Patrimônios Mundiais Naturais (áreas, paisagens
ou monumentos naturais reconhecidos pela UNESCO como áreas de valor universal). Entende-
se que mudanças nos discursos institucionais podem representar novas formas de vontade de
verdade, substitutas das antigas verdades que se tornaram ineficazes; por isso, analisaremos os
discursos produzidos pela EMBRATUR e pelo Ministério do Turismo, entre os anos de 2003
a 2009. Neste contexto, nos centraremos no Plano Aquarela (EMBRATUR, 2005, 2009), que
objetiva consolidar a imagem do país, na tentativa de apresentá-lo como um país emergente e
moderno, mas ainda ressaltando antigos estereótipos como as belezas cênicas e a miscigenação.
Abstract: This paper aims to discuss the discursive practices (FOUCAULT, 1999) that
produce territorial identities to Brazil and intended for the dissemination of Brazil abroad; we
aim to understand how these discourses are linked to tourism marketing in natural areas, and in
particular linked to the Natural World Heritage Sites (areas, landscapes or natural monuments
recognized by UNESCO as a universal value areas). It is understood that changes in institutional
discourses may represent new forms of will to truth, replacement of old truths that have become
ineffective; therefore we will analyze the discourses produced by EMBRATUR and the Ministry
of Tourism, between the years 2003-2009. In this context, we will focus on the Aquarela Plan
(EMBRATUR, 2005, 2009), which aims to consolidate the image of the country in an attempt
to presents it as an emerging and modern country, but also emphasizing old stereotypes as the
scenic beauty and miscegenation.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo discutir as práticas discursivas (FOUCAULT, 1999)
produzidas pela EMBRATUR e pelo Ministério do Turismo, entre os anos de 2003 a 2009 na
construção de identidades territoriais para o Brasil no exterior, associadas ao marketing turístico
em áreas naturais, e em especial sobre os Patrimônios Mundiais Naturais. Os sítios, paisagens
e monumentos naturais passaram a ser qualificados internacionalmente como Patrimônios
Mundiais Naturais após a Conferência para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural
e Natural, promovida pela UNESCO em 1972, cujo resultado foi o tratado internacional,
conhecido como Convenção de Paris. Almejamos entender como esses Patrimônios Naturais
são articulados e representados no exterior para compor um Brasil. E, claro, queremos refletir
sobre quais as consequências desses discursos nas práticas cotidianas dos turismos brasileiros.
Em linhas gerais, o Patrimônio Cultural e Natural foi definido como “a nossa herança
do passado, o que vivemos hoje, e o que nós transmitiremos para as gerações futuras”
(UNESCO, 2008, p. 05). De acordo com a proposta da Unesco, eles fornecem elementos
para a construção de nossa identidade. Como são componentes da configuração do espaço
geográfico, os patrimônios naturais (paisagens, território) podem ser formadores da identidade
territorial, conceito definido por Haesbaert (1999) e discutido na seção 3 deste texto. Além disso,
configurar-se como Patrimônio Mundial aufere destaque no contexto da indústria turística, pois
este atributo lhe confere status e distinção simbólica (PEIXOTO, 2000).
Choay (2001, p. 211) identificou que a partir da década de 1960, os patrimônios passaram
a ser valorizados por duas principais funções: como obras que propiciam o saber – valor de
uso; mas também como “produtos culturais, fabricados, empacotados e distribuídos para serem
consumidos” principalmente pela indústria turística, ao explorar seu valor econômico “por
todos os meios, a fim de multiplicar indefinidamente o número de visitantes”.
o título da UNESCO pode ser um real fator de atração; inserindo patrimônios desconhecidos
em rotas turísticas.
Mesmo que os povos criem uma identidade que lhe faça sentido e lhe seja representativa,
esta pode ter uma significação diferente quando interpretadas por outras sociedades. A visão
hegemônica sobre o Brasil que predominou no exterior por muito tempo estava relacionada
ao exótico-erótico. Até mesmo instituições nacionais, como a Embratur, foram responsáveis
por manter e replicar esta representação do Brasil em propagandas turísticas que divulgavam
imagens eróticas das mulheres brasileiras entre 1970-1990 (GOMES, 2012). É possível verificar
essa postura no material publicado pela EMBRATUR na década de 1970 e analisado na pesquisa
de mestrado de Alfonso (2006).
4 O Plano Aquarela foi criado em 2003 e passa desde então anualmente por atualizações.
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Dessa forma, pode-se perceber que o cenário da política turística brasileira aponta para
investimentos em campanhas de marketing para valorização do território e das paisagens
naturais, incluindo os Patrimônios da Humanidade a fim de torna-los atrativos num contexto
concorrencial. Os dois Patrimônios Mundiais Naturais mais visitados por estrangeiros e também
mais divulgados no exterior são o Parque Nacional do Iguaçu (Figura 03) e o Parque Nacional
Marinho de Fernando de Noronha, ambos estão sob a gestão turística da concessionária
Cataratas do Iguaçu A.S. e sua filial, a EcoNoronha. A Cataratas do Iguaçu S.A. foi criada em
1999, com sede em Foz do Iguaçu com o objetivo de implantar, operacionalizar, administrar e
o aproveitamento econômico das áreas concedidas pelo ICMBio. Além dos dois Parques acima
mencionados, a Cataratas do Iguaçu S.A. também é responsável pela administração do Parque
Nacional da Tijuca, o Parque mais visitado do Brasil.
A peça publicitária acima faz parte da campanha “Vire Fã”, realizada entre 2005 e 2008
na Argentina, Chile, Estados Unidos, Portugal, Alemanha e Reino Unido. Pode-se perceber a
intenção em mostrar o patrimônio natural junto à infraestrutura instalada para ampliar o contato
entre turista e a paisagem. A campanha “Vire Fã” e também a “Brasil Sensacional” (2008 a
2010) foram vinculadas exclusivamente no exterior.
Grande parte das peças publicitárias dessas campanhas faz uso de cenários constituídos
a partir das paisagens naturais. As paisagens, fragmentos do espaço geográfico, são portadoras
de sentido e carregam uma intencionalidade, pois elas são intencionalmente selecionadas, a fim
de dar maior eficácia ao aproveitamento turístico dos lugares,
Esta pesquisa encontra-se em fase inicial, apresentaram-se aqui algumas ideias prelimi-
nares que fundamentaram o tema, a hipótese e objetivos da mesma.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. 4ª edição. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006.
MINISTÉRIO DO TURISMO (MTur). Parque Nacional Foz do Iguaçu recebe mais turistas
estrangeiros em 2008. 15/01/2009. Disponível em <http://www.turismo.gov.br/turismo/noti-
cias/todas_noticias/200901151.html. Acesso em 02/02/2014.
RESUMO
O turismo é um fenômeno que pode impactar negativamente as comunidades
receptoras, entretanto, a atividade turística também é vista como um instrumento para
a aproximação de comunidades, propiciando melhor compreensão entre os povos
e promovendo a tolerância cultural. Desse modo, esse trabalho teve por objetivo
abordar as contribuições do turismo para o fortalecimento da tolerância cultural entre
indígenas e não indígenas, no estado do Paraná (Brasil). Para isso, se apresentará
um marco teórico sobre o tema de estudo e em seguida os resultados alcançados
por meio de entrevistas qualitativas com pesquisadores e técnicos envolvidos com os
temas “povos indígenas” e “turismo”. Através da pesquisa foi possível compreender
que o turismo pode se configurar como uma importante via para o fortalecimento da
compreensão e tolerância cultural, contudo, antes do desenvolvimento da atividade
turística envolvendo comunidades indígenas é preciso promover a cultura dos povos
indígenas através da sua divulgação e educação cultural.
ABSTRACT
Tourism is a phenomenon that can negatively impact the host communities, however,
the tourism activity is also seen as an instrument for approaching communities, providing
a better understanding among the people and promoting the cultural tolerance. Thus,
this paper aims to address the contribution of tourism to the strengthening of cultural
tolerance in the state of Paraná (Brazil). For this, it will present a theoretical framework
about the topic and then the results obtained through qualitative interviews with
researchers and experts involved with the themes “indigenous peoples” and “tourism”.
Through the research it was possible to understand that tourism can be configured
as an important means for strengthening the understanding and cultural tolerance,
however, before the development of tourism involving indigenous communities is
necessary to promote the culture of indigenous peoples through the dissemination and
education cultural.
1 Graduação em Turismo (UFPR). Mestranda e Bolsista CNPQ do Programa de Pós-
Graduação em Turismo (UFPR). Email: corbari91@hotmail.com
2 Graduação em Turismo (UFOP). Mestre em Administração (UFLA). Doutorando em
Políticas Públicas (UFPR). Professor da UFPR junto ao curso de graduação em turismo. E-mail:
gomesbma@ufpr.br
3 Graduação em Turismo (UFPR) e Mestrado e Doutorado em Ciências da Comunicação
(USP). Professor da UFPR junto ao curso de graduação e mestrado em Turismo e nos de mestrado e
doutorado em Geografia. Email: migbahl@ufpr.br
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INTRODUÇÃO
Todas as sociedades fazem parte de uma cultura, que, segundo White (1975)
diz respeito à relação entre “simbolados”, termo de sua autoria. O referido autor
defende que, apenas os seres humanos têm a capacidade de simbolar, ou seja, de dar
sentido a coisas e eventos exteriores (simbolados). Para Giddens (2005) a cultura se
refere ao modo de vida dos membros de determinada sociedade e engloba aspectos
tangíveis, como objetos e tecnologias, e aspectos intangíveis, como tradições, ideias
e tradições. O autor observa que os termos sociedade e cultura possuem interligação
e interdependência, uma vez que a sociedade é uma rede que conecta os indivíduos,
por meio das relações sociais estruturadas conforme a cultura coletiva. Para Cuche
(1999), a cultura não é uma herança que se transmite de geração em geração, ela
é uma produção histórica, mais precisamente uma construção pautada nas relações
entre grupos sociais. Segundo esse autor, para entender um sistema cultural, é
preciso analisar a situação sociohistórica no qual ele está envolvido e, historicamente,
o contato vem em primeiro lugar.
original e lhes pertence (CUCHE, 1999). Conforme a visão desse autor, o que separa
dois grupos etno-culturais não é o princípio da diferença cultural, mas sim o uso de
certos traços culturais e a “fronteira”, ou seja, a intenção de se diferenciar.
A etnicidade pode ser entendida como o conjunto de práticas e visões culturais
de uma determinada comunidade, tornando-as distintas das demais comunidades,
formando assim um grupo étnico (GIDDENS, 2005). Grünewald (2003) ressalta que
esse fenômeno social reflete as tendências positivas de identificação e inclusão de um
indivíduo em determinado grupo étnico. Assim, a etnicidade diz respeito à identidade
de um grupo e, nesse sentido, Dietz (1999) e Cuche (1999) defendem que a identidade
grupal somente surge em situações de contatos e interação com outros grupos, nunca
como uma característica própria do grupo. A identidade cultural surge como uma
modalidade de categorização da distinção nós/eles, baseada nas diferenças culturais
existentes (CUCHE, 1999). Desse modo, a etnicidade seria parte do processo de
construção de uma identidade cultural. E, por isso, ela também não se manifesta
nas condições de isolamento, mas na intensificação do contato que torna saliente as
identidades étnicas (POUTIGNAT; STREEIFF-FERNART, 1998).
Eller (2002), por sua vez, defende que a etnicidade não é um fenômeno social
unificado, mas sim uma gama de fenômenos analiticamente distintos e relacionados
(seus fundamentos, “marcadores”, história, objetivos e metas), que variam de grupo
para grupo, ou seja, enquanto em alguns casos a religião é o fator distintivo entre dois
grupos étnicos, em outros casos esse fator pode ser a história, o idioma ou qualquer
outra característica. Para definir a identidade e, consequentemente, a etnicidade, o
importante não é compreender quais traços culturais são distintivos, mas identificar
aqueles que são utilizados pelo grupo para afirmar e manter sua distinção cultural
(CUCHE, 1999), os quais Dietz (1999) denomina “emblemas de contraste”, como, por
exemplo, a origem, a história e a cultura do grupo (GRÜNEWALD, 2003).
ao tema, Cardoso (2003) defende que, apesar de os povos estarem conectados pela
tecnologia, o que se pôde ver nas últimas décadas foi o aumento de conflitos étnicos e
religiosos, o que mostrou o poder negativo da intolerância e do preconceito. Conforme
Stavenhagen (1991) os conflitos étnicos ocorrem, geralmente, por conta dos modelos
homogeneizantes e integradores das nações e Estados e quando a ideologia dessas
nações e Estados é incapaz de abarcar a diversidade cultural e étnica, há uma maior
possibilidade de que ocorram conflitos étnicos. Cuche (1999) ressalta as hierarquias
entre as culturas, que resulta em estratificação social e, consequentemente, gera
tensão e, por vezes, conflitos violentos.
afrodescendentes e indígenas (CARDOSO, 2003). Cabe salientar que, ainda que não
ocorram conflitos étnicos de grande magnitude no país, há que ter atenção quanto às
relações entre esses povos. No que tange aos povos indígenas no Brasil, Arruda (2001)
observa que há uma visão na maioria das vezes negativa dessas sociedades, a partir
da qual se entende que os indígenas não são importantes para o progresso do país,
uma vez que são considerados povos arcaicos e representantes de um “pré-Brasil”.
Tendo em vista esta imagem negativa dos povos indígenas, no Brasil, apresenta-se o
turismo como uma possível ferramenta de educação e de fortalecimento da tolerância
cultural.
Entretanto, não são todos que compartilham dessa visão, Krippendorf (1987)
acreditava que, na sociedade capitalista os valores do “ter” se tornaram mais
importantes que os valores do “ser” e, por isso, aspectos como a fortuna, posse,
consumo e egoísmo são priorizados frente a comunidade, tolerância, honestidade,
dentre outros. Assim, o referido autor apontou que não acreditava no turismo como
instrumento de compreensão entre os povos, pois existem aspectos negativos desse
contato que não são ressaltados. No entanto, na visão de Wall e Mathieson (2006)
as dificuldades de interação entre turistas e visitados ocorrem, muitas vezes, por falta
de educação e compreensão por ambas as partes, principalmente quanto à maneira
de agir perante uma cultura diferente das suas. Cabe salientar que a atividade
turística, quando realizada sem o devido planejamento, tem grande possibilidade de
produzir impactos negativos, mais do que positivos (NERES; BOMFIM, 2008). As
autoras ressaltam que, se a atividade turística não for pensada de modo articulado,
visando a benefícios de turistas e residentes, é possível que essa situação produza
sentimentos de rancor, amargura e atitudes de hostilidade entre ambas as partes,
assim, é importante que os turistas interajam e tentem se integrar com a comunidade,
conhecendo sua cultura e seu modo de vida e desenvolvendo a tolerância cultural.
METODOLOGIA
Transcrever entrevistas
CATEGORIZAÇÃO
Ordenar internamente os grupos de respostas de acordo com os assuntos
de cada resposta
Após a aplicação das entrevistas foi feita a análise dos resultados obtidos, os
quais são apresentados abaixo.
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RESULTADOS
Nesse sentido, pôde ser constatado a partir das entrevistas, o turismo pode
contribuir para a divulgação da cultura indígena, desde que a atividade esteja
embasada em um projeto estruturado que tenha colaboração e envolvimento de vários
atores, não apenas do governo, mas também da iniciativa privada (colaborando com
a divulgação e promoção de roteiros turísticos, por exemplo), de organizações não
governamentais, de instituições de ensino e, principalmente, da comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tolerância debatida por Locke e Voltaire pode ser alcançada por meio do
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turismo, uma vez que, ao visitar um grupo étnico distinto do qual está inserido, um
indivíduo adquire conhecimento acerca da cultura do local que esteja visitando.
Ademais, a implantação do turismo pode atuar como agente fortalecedor cultural de
uma comunidade receptora, bem como de sua etnicidade. Entretanto, a atividade
turística deve ser planejada e desenvolvida conforme as pretensões e necessidades
das comunidades, visando à sustentabilidade, ou então as comunidades se tornam
vulneráveis às mudanças e ficam passíveis de descaracterização dos seus modos de
vida, tradições, costumes e da cultura como um todo.
REFERÊNCIAS
RESUMO: O turismo é um fenômeno que tem sido valorizado por muitas localidades
receptoras, devido principalmente aos aspectos econômicos ocasionados pelo
setor. Esse processo tem ocorrido na mesma proporção no município de Barra do
Piraí, localizado no Sul Fluminense do Rio de Janeiro, em uma região conhecida
turisticamente como Vale do Café. Dessa forma, o fator motivacional desse trabalho
é a pesquisa sobre o papel do turismo para valorização e resgate cultural, tal como
analisar se e de que forma o turismo tem influenciado no desenvolvimento do
município. O trabalho é parte de uma dissertação de mestrado cujo tema é o papel
do turismo rural para o desenvolvimento em Barra do Piraí, de forma que a pesquisa
baseia-se na análise do corpo teórico, entrevistas com agentes locais e regionais e
questionários com 21 turistas. Observou-se que o turismo apesar de ser uma atividade
em expansão, ainda não influencia no desenvolvimento do local, é necessário discutir
o tema regionalmente, inserindo as comunidades locais no processo. Todavia, com o
incremento do setor, percebe-se que o turismo ajudou no resgate cultural do local e na
valorização e autoestima por parte dos moradores locais.
PALAVRAS-CHAVE: turismo histórico-cultural. Casarões. Ciclo do Café. Fazendas
históricas.
INTRODUÇÃO
nas últimas décadas por conta das grandes inovações tecnológicas, principalmente
das que se referem aos meios de transportes; do sistema de comercialização e
distribuição de produtos e serviços turísticos; do acesso a uma maior camada social
às viagens, com destaque à classe média; e da garantia do tempo livre (REJOWSKI;
SOLHA, 2005).
Nesta perspectiva, o turismo passa a ser intensamente valorizado, visto
como uma atividade lucrativa, pois está diretamente ligada a busca da sociedade
atual pelo lazer e pela fuga do cotidiano. Esta é uma das razões pelas quais muitas
localidades, antes inexploradas, passam a possuir um ‘valor’, a desenvolver uma
atividade econômica no seu território devido à existência de um potencial turístico que
possibilite a prática da atividade. Outras razões que podem ser consideráveis para
explicar aumento da atividade foram: o aumento do crédito e do financiamento, ou
seja, hoje as viagens são mais acessíveis, deixando de ser muitas vezes, sinônimo de
status social; a incorporação da classe média no consumo, dentre outros.
Um dos principais aspectos positivos do turismo é a capacidade de gerar
emprego e renda, o efeito multiplicador, dentre outras perspectivas econômicas, das
quais tem influenciado o incremento do turismo em posições estratégicas na economia
de vários países. Nesta vereda, o turismo tem sido visto como ‘salvador da pátria’
para o crescimento e desenvolvimento de algumas localidades. Contudo, se, de um
lado, o turismo gera riqueza, de outro, pode desencadear processos inflacionário,
principalmente na escala local, dentre outras práticas negativas (CRUZ, 2006). Já em
relação à justiça social e a distribuição da riqueza, Cruz (2006) salienta ainda, que a
distribuição espacial da riqueza é diferente da distribuição estrutural da riqueza. Assim
muitos lugares pobres, que desenvolveram o turismo, não tiveram a sua população
local detentora de melhores condições de vida e renda.
Para Barreto (2007) o turismo é um fenômeno social que influencia o mundo
inteiro, do ponto de vista geográfico e relação ás camadas sociais. Neste sentido, do
ponto de vista geográfico, o turismo abrange o mundo inteiro, pois devido a fatores
tais como a internacionalização econômica, evolução dos transportes e dos meios de
comunicação, são poucos os lugares que não recebem alguma segmentação turística.
Já em relação às camadas sociais, todos tem alguma potencialidade de tornar-se
turista no futuro, e ainda, aqueles que não praticam o fenômeno são influenciados por
ele de alguma forma.
Sobre o fato que o turismo somente ocasiona benefícios para as localidades
receptoras, devido ao impacto econômico gerado pelo setor, Barreto (2007) sintetiza
que em 1979, o sociólogo holandês Emanuel de Kadt apontou alguns problemas que
foram gerados pelo turismo nas culturas receptoras no começo da década de 60 até
meados dos anos 70, de forma que chegou a conclusão que o turismo traz mais
efeitos adversos na cultura e na sociedade do que benefícios para o desenvolvimento.
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TURISMO E CULTURA
Para o Ministério do Turismo (2010) a cultura pode ser definida como todas as
formas de expressão do homem: o agir, o fazer, o pensar, como também a relação
entre os seres humanos e a relação destes com o ambiente.
região do Médio Paraíba e muitas destas Fazendas, mais uma vez, viram-se
estagnadas e sem opções de utilização sustentável.
O relatório ainda cita como foi a evolução turística da região do Vale Paraíba,
de forma que a partir de 1950 muitas fazendas a beira da ruína foram compradas
por motivações diversas, entre elas a busca de muitas famílias em resgatar a
memória aristocrática da região e dos seus antepassados ou somente a busca de
uma residência de veraneio para lazer, ou ainda para investimentos na agropecuária.
Na década de 70 e 80, muitas fazendas históricas passam para outros proprietários,
umas para investimentos em agropecuária e outras como forma de residência,
necessitando de grande manutenção e reparo, o que marcou os anos 80 (montagem
de residência, manutenção da infraestrutura de produção, equipamentos de energia).
Assim, a década de 80, foi marcada por um período de manutenção nas fazendas
históricas, investimento em paisagismo, aquisição de gado de leite e corte, criação de
cavalo e implantação de empreendimentos rurais. Neste período também, devido a
certo grau de amizade entre os proprietários das fazendas, dentre outros fazendeiros,
os mesmos deram inicio a o trabalho de acolhimento de visitantes para conhecer a
historia do Ciclo, devido à importância do legado patrimonial da região.
Já na década de 90, influenciados pela questão ambiental, os proprietários
decidiram apostar em uma proposta de desenvolvimento sustentável da região, através
da preservação dos patrimônios culturais e ecológicos com foco no turismo. A partir
dos anos 2000, houve uma grande divulgação da região, devido principalmente às
comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil. Depois de 2001, devido às
crises das viagens internacionais, houve um estímulo ao turismo interno, favorecendo
o crescimento da região como um importante destino turístico.
Neste sentido, para dar inicio a essa empreitada, muitos proprietários e
administradores iniciaram minuciosa pesquisa sobre a historia desses casarões e
da região, de forma que alguns administradores tiveram que realizar até graduação
em história par entender melhor sobre o assunto. Ou seja, a partir daí iniciou-se um
verdadeiro resgate cultural por parte dos envolvidos. O resgate da memória é de suma
importância para a formação de identidade de um determinado povo (BATISTA, 2005).
Para Batista (2005) filosoficamente, memória significa a capacidade de se reter
um dado de experiência ou algum conhecimento e trazê-lo a mente novamente. Para
ciência a memória é de enorme importância, já que a produção do conhecimento é
originada a partir de memórias passadas que são examinadas no presente.
Por outro lado, a memória histórica ajuda na identificação humana, que é a
marca ou sinal de sua cultura. De forma que é através da memória histórica que é
definida a identidade de cada grupo (BATISTA, 2005). Para Santos (2004), a memória
não pode ser entendida como apenas um ato de busca de informações do passado,
tendo em vista a reconstituição do passado. Ela deve ser entendida, como um processo
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com a comunidade, além de fazer do patrimônio uma atração educativa que atraia
visitantes em busca de observação e compreensão do mesmo, afim que este não seja
tão mercantilizado de forma que não contemple os objetivos reais do turismo cultural
(GOODEY, 2002).
Sobre a necessidade do controle local no planejamento e ação dessa
segmentação turística Swarbrooke (2000) afirma que quando a comunidade local e
o governo tem pouca influencia no processo do desenvolvimento do turismo cultural,
o processo está em desacordo com os ideais do “turismo sustentável”. Ou seja, é
um grande contraste relacionado ao legado cultural, além de não trazer grandes
benefícios para as localidades receptoras quando o turismo cultural é controlado por
profissionais de fora e não nativos.
Discussão
A pesquisa baseou-se na revisão bibliográfica: consulta de livros e materiais,
como documentos relacionados ao tema; análise de dados estatísticos sobre o
município. Além da pesquisa de campo, cujo foi estruturada através de entrevistas
com agentes envolvidos com o turismo, como proprietários, administradores e
funcionários de fazendas históricas e alguns meio de hospedagem no município,
associação e sindicato do comércio de Barra do Piraí e Vassouras, presidente do
Conselho Regional de Turismo do Ciclo do Vale do Café (CONCICLO), sindicato rural
de Barra do Piraí e diretora do Museu em Vassouras, Casa de Hera. Foram aplicados
também 21 questionários com turistas que visitavam o local. A análise da pesquisa
foi estruturada em alguns indicadores e aspectos qualitativos, entre eles: o mercado
de trabalho, onde foram analisados dados sobre número de empregos oferecidos
pelos empreendimentos, renda média dos funcionários, sazonalidade, a capacitação
dos funcionários desses empreendimentos e a questão dos “free lancers”; o grau de
produção interna para uso turístico; a conectividade entre agentes turísticos locais,
já que essa interação pode ajudar muito um desenvolvimento da atividade de um
local; a relação do setor público e privado; o turismo como fonte de renda para esses
empreendimentos turísticos e a influência destes no desenvolvimento do município.
Por fim, essas questões foram mescladas com dados econômicos e estatísticos do
município.
Neste trabalho serão abordadas questões relativas ao turismo como fonte de
renda para os proprietários das fazendas históricas e qual é a relação do incremento
do turismo local com a valorização da identidade local e regional, tal como a relação
com a comunidade local e sua autoestima.
Segundo o Ministério do Turismo (2014) o turismo cultural é aquele que
compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos
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é? Porque toda a renda que a gente tem, a gente reverte na manutenção do casarão que é muito difícil
e cara. A gente não recebe nenhuma ajuda, então tudo isso é feito por nós. (...). Então, aqui nos fizemos
isto. Revertemos toda a renda do turismo para conservação e manutenção das instalações da fazenda.
Eu acho que o turismo veio resgatar, o turismo histórico das fazendas, veio resgatar toda essa historia
da nossa região que esta meio adormecida. Então ninguém conhecia, até os próprios moradores. Hoje
a gente recebe as escolas, os professores. E com isso a gente faz o resgate da nossa historia. Essa
região viveu a historia do café, então eu acho que esta sendo muito bom (Fazenda Histórica A).
È 50% aqui. A gente pode dizer é 50% para a criação de frangos e outras coisinhas que a gente tem de
alugueis, alguns imóveis, mas pouca coisa. E 50% para o turismo segurar. Então quando eu comecei a
administrar aqui eu já tive logo essa visão de que “sabe” uma coisa tem que ajudar a outra (...).
O turismo tem esse compromisso, principal compromisso. O povo começar a conhecer a historia para
ele poder começar a criar essa identidade, (...) (Fazenda Histórica B).
(...) São poucos os hotéis tipo resort que trabalha com sistema de all inclusive, que é um bom sistema,
também valorizado, uma coisa nova. Mas que busca o turismo de uma cidade, uma região como a nossa,
uma região interiorana, ele também curti ficar numa praça, ficar andando por aí tranquilamente. Ele curte
isso. Esses hotéis na realidade, eles interagem muito pouco com a cidade, com o desenvolvimento da
região. È um desenvolvimento localizado interno entende, porque ele não permite que o turista, ele,
vamos dizer assim, distribua, a renda dele. Então o interessante, que o turista, por exemplo, vindo de
carro, ele vai abastecer aqui. Ele vai comprar o artesanato. Ele compra um produto de fazenda, uma
linguiça, um queijo, produtos típicos da nossa região. Ou seja, ele vem e ele tem uma renda, que ele vai
gastar um valor per capta, que ele vai deixar na cidade. Ele vai abastecer o carro dele, ele vai comprar
um docinho, ele vai visitar uma fazenda. Ele vai visitar um museu. Então ele vai ter um gasto fracionado
na cidade e na região. Ao contrario, quando é um caso de um turistas de um resort que as vezes nem
passa pela cidade. Ele vai direto da casa dele para o resort, do resort para casa. Então ele não passa
pela região. Então esse turista não agrega tanto valor ao desenvolvimento do local, da cidade. (Ana
Lúcia, Presidente Conselho Regional de Turismo do Vale do Café Fluminense)
Por fim, dentro desta perspectiva, os eventos são importantes para fomento
do turismo local e fonte de renda para os envolvidos, já que quando planejado
adequadamente, divulga o local e aumenta o fluxo turístico. Sobre o assunto, o
proprietário da fazenda histórica B acredita que há uma grande controvérsia na relação
de turismo, evento e cultura local, por parte da política pública:
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Ai quando ele entra lá, o que quê pensa, eu já passei experiência com gente fazendo isso. Ele acha
que turismo é fazer eventos, acha que é mais fácil pensar assim. Ai o cara começa a fazer festinha
na praça, começa trazer show do não sei o quê e vai fazendo só isso. Que é muito mais pratico e um
caminho curto. Porque você trazer shows, não é. Todo mundo gosta (...). È isso, acontece. Não, ai teve
uma exposição ai, eles estão tentando resgatar esse lado, mas é difícil. Porque já está inserido isso na
cultura de exposição, são shows, festas e bebedeiras. Sabe, é festa do peão. È por aí. (Proprietário
Fazenda Histórica B)
Influência do turismo
O turismo tem influenciado bastante na inserção de trabalhadores no mercado
de trabalho, devido a sua característica de atrair grandes demandas e ao efeito
multiplicador, podendo gerar empregos diretos e indiretos. Esse fenômeno tem
acontecido em alguns empreendimentos turísticos do local, onde muitos jovens veêm
no turismo uma forma de inserção no mercado de trabalho e aprendizado.
Em relação ao número de empregos, observou-se na pesquisa que os hotéis
fazenda buscam jovens da região e estes veem no turismo uma forma de aprendizado.
Não se preocupando em trabalhar finais de semana ou feriados. Segundo a
recepcionista do hotel fazenda B, trabalhar com o turismo:
Foi muito bom, para mim tem sido muito bom, porque você conhece outras pessoas e conversa igual
aqui. Essa fazenda que eu não conhecia e vejo os turistas falando que passou em novelas. Para mim
foi até uma forma de estudo. (Recepcionista Hotel fazenda B)
A mesma aponta ainda que o turismo influenciou na sua vida, já que trouxe
uma visão de vida diferente do que tinha anteriormente:
(...) Quando eu recebo o turista assim. Eu hoje eu tenho uma visão diferente. Bom se eu fosse, se eu
fosse mais nova, eu faria com certeza um turismo. Com certeza, porque é muito agradável. (Funcionária
Fazenda histórica B).
Deste modo, estes funcionários veem o turismo como uma alavanca para o
desenvolvimento, que trará emprego, renda e autoestima para o local. Apesar dos
salários serem baixos ainda, todavia concede a oportunidade de exercer outras
atividades sem ser lida no campo nestas áreas rurais. A maioria dos funcionários
está retida em cargos operacionais (garçom, camareira, recepcionista), já os cargos
de gestão geralmente ficam com os proprietários ou pessoas com um grau de
escolaridade maior (a partir do ensino superior), sendo que dentre estes alguns são
da região e outros não, foram para o local para o emprego.
E ainda, a funcionária da Fazenda Histórica B aponta que com o turismo o local
se valorizou, já que para ela, ali não existia nada de interessante:
Eu acho que é uma coisa boa. Entendeu, é uma coisa muito boa para a região porque a nossa região
não tem quase que nada para mostrar, para apresentar, entendeu. Aqui não tem muita coisa para
mostrar e o turismo traz as pessoas para cá, entendeu.
mora por parte da população. Se a própria população conhecesse o potencial turístico, investisse
nisso, e no mínimo conhecesse. Eu posso te garantir que quase 70% das pessoas que moram aqui não
conhece a nossas fazendas históricas.(...) E Algumas, uma boa parte, mas de 50% não sabe aonde
fica. Então isso é um fator que dificulta, porque ele pode até não conhecer, mas poderia valorizar. Ele
pode não conhecer, pode não valorizar, mas poderia orientar para chegar lá. E isso não acontece, o
turista quando ele chega aqui, ele tem maior dificuldade de acessar (...).
Logo, observa-se que o incremento do turismo em Barra do Piraí fez com que
grande parte da história local fosse resgatada, e através dessa memória, a identidade
local fosse fortalecida, além de dar autoestima para os envolvidos. Todavia, existem
problemas que devem ser atenuados, como divulgação, infraestrutura de acesso,
inserção da comunidade na gestão, qualificação dos mesmos, dentre outros. O
turismo, apesar da potencialidade, ainda não tem grande impacto econômico no
desenvolvimento local. Dessa forma, é necessário estruturar mecanismos para o
desenvolvimento de um turismo sustentável que favoreça o local em conjunto com
a região, envolvendo as comunidades locais, com através de estratégias tais como:
fomento de artesanatos, novas segmentações turísticas, como o turismo rural,
incentivo aos produtores rurais, entre outros.
Considerações finais
O turismo em Barra do Piraí pode ser caracterizado principalmente através
do patrimônio histórico e outras atividades que estão relacionadas com o turismo em
espaço rural.O turismo histórico foi fortalecido através do interesse dos proprietários
das fazendas históricas que resgataram a história da região e de suas propriedade,
abrindo-as para visitação e alguns também para hospedagem. Dessa forma, o turista
tem a possibilidade de voltar no período do ciclo do café através do guiamento pelas
propriedades. Algumas fazendas históricas exibem um teatro demonstrando a história
local e ainda oferecem alimentação típica da época nos “chá imperial” ou em locais
histórico, como o restaurante na antiga senzala.
Assim, para o fortalecimento do turismo histórico foi necessário o resgate da
historia do município, através de estudo de livros, documentos e objetos das famílias
da época. Ou seja, o desenvolvimento do turismo em Barra do Piraí, pode ter ajudado
no resgate cultural e fortalecimento da identidade local e ainda contribuído para
valorização e autoestima por parte dos envolvidos locais. Todavia, existem mazelas que
devem ser readequadas para que se tenha o desenvolvimento sustentável do turismo,
envolvendo e beneficiando todos os envolvidos, principalmente as comunidades
locais. Um exemplo, a valorização e conhecimento destes patrimônios por parte da
comunidade local, já que muitos não conhecem, logo não valorizam esse patrimônio.
Para Horta (1999) na perspectiva dos alunos, conhecer o patrimônio histórico da região
ajuda a despertar o interesse de conhecer mais sobre eles. Ou seja, é necessário
329
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REFERENCIAL TEÓRICO
BARRETO, M. Cultura e turismo: discussões contemporâneas. Campinas, SP:
Papirus, 2007.
ABSTRACT
The number of people traveling grows each year of dizzying manner. Thus, agents
such as government, business and local communities have mobilized to promote its
attractions, turning them into education, guidance, awareness and social and economic
development tools. The strategy for achieving success in this process has been the
interpretation of the heritage for tourists, together with their rehabilitation. The process
of interpretation seeks the enhancement of the visitor experience, providing a better
understanding and appreciation of the place visited, and even gives subsidies to the
appreciation of the importance of equity, when it is incorporated as a tourist attraction.
The role of hospitality, by the process of interpretation, comes to stand inseparably, as
both are complementary for the best reception and transmission of information to the
1 Doutor em Geografia (Organização do Espaço). Mestre em Turismo e Hotelaria. Especialista
em Administração Hoteleira. Bacharel em Ciências Econômicas. Professor Doutor Adjunto III, dos
Cursos de Bacharelado em Hotelaria e Licenciatura em Turismo da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro-UFRRJ. leliogaldino@uol.com.br
2 Doutra em Geografia (organização do Espaço). Mestre em Turismo e Hotelaria. Especialista
em Planejamento Urbano e Regional. Bacharel em Turismo. Professora Doutora Adjunta II, dos
cursos de Bacharelado e de Licenciatura em Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro-UFRRJ. isafog@hotmail.com
332
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visitor and raising awareness on the need to preserve the environment and culture.
Through a literature review and report of experiments, this study defines what we
understand by tourist interpretation and its relations with the practice of hospitality.
Identifies the essential features of interpretation to attract specific audiences and
further acknowledge the importance of the relationship with the local community tourist
interpretation. Also proves that hospitality is an act of paramount importance to the
success of the Interpretation process that facilitates the harmonious coexistence
between native and tourists.
KEYWORDS
Hospitality; Tourist Interpretation; Tourism; Heritage
INTRODUÇÃO
O QUE É INTERPRETAÇÃO?
Miranda (2005) garante-nos que em um período muito curto não é possível que
os turistas estabeleçam vínculos afetivos ou cheguem, por sua própria conta, a uma
ligação com o lugar que estão visitando. Para que isso aconteça, o público deve ser
beneficiado com algum tipo de auxílio para compreender a mensagem, desenvolver
atitudes e alterar seus comportamentos. Assim, temos como essência da interpretação
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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Esta frase, tal e qual, será a que aparecerá na apresentação do guia, do folheto, da
placa ou da exibição. Como os leitores poderão apreciar, esta frase coincide com o
objetivo para o conhecimento.
Goodey (2005, p.106) explica que “na maioria dos países, as decisões de
planejamento local são tomadas com base nos padrões de poder existentes,
especialmente no que diz respeito à administração territorial e de serviços”.
Por mais distante dos grandes centros que uma comunidade localize-se, ela
pode se interar de qualquer dos assuntos que estejam acontecendo mundo a fora,
via Internet, antenas parabólicas etc. Porém, estes equipamentos podem não ser
capazes de alterar completamente seus hábitos, crenças e costumes. Tendo apenas a
vantagem de promover a percepção das implicações, tanto positivas quanto negativas,
de como as outras pessoas fazem as coisas em outros lugares.
PLANEJAMENTO LOCAL
O planejamento com base local, a princípio, não é bem visto por todos da
comunidade, tornando-se até um pouco desconfortável, pois a sua efetivação requer
339
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O planejamento local, mesmo que não surta grandes efeitos, inicia um processo
de renovação do autoconhecimento, que inclui a identificação dos valores presentes
na comunidade. Tais valores reforçam não só as crenças e costumes, mas também
o valor intrínseco de construções, paisagens, festivais e de outras manifestações
culturais, herdadas do passado. Ou seja, aquilo que a comunidade valoriza para si
própria, o que ela deseja preservar, é possivelmente o que ela vai querer compartilhar
com dos outros (GOODEY, 2005).
O que antes era dominado apenas pela comunidade local, agora está sendo
compartilhado por outras pessoas que possuem anseios e desejos diferentes. Para
que haja um equilíbrio dessas necessidades e expectativas, o ideal é buscar apoio
positivo de organizações regionais e nacionais.
Goodey (2005, p. 55) reforça, ainda, que “nunca devemos nos esquecer de que
as férias são um breve afastamento do contexto e dos valores que nos são familiares.
É um período no qual é possível viver novas experiências e durante o qual alguns
valores sociais poderão ser postos de lado”.
A AÇÃO DA INTERPRETAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HAM, Sam H. Interpretación ambiental: una guia prática para personas com grandes ideas y
presupuestos pequeños. Colorado: North American Press, 1992.
LEWIS, Willian J. Interpreting for park visitors. 2nd ed. [S.l.]: Easem National Park and
Monuments Association, 1981.
MORALES, J. Guia práctica para la interpretación del patrimonio. Andalucia: Tragsa, Junta
de Consejería de Cultura, 1998.
TILDEN, F. Interpreting our Heritage. Carolina: University of North Carolina Press, 1967.
RESUMO
A implantação de unidades de conservação da natureza (UCs), principalmente as de
Proteção Integral, provoca diversas mudanças na vida das populações locais, por um
lado por estabelecer regras que restringem seus usos costumeiros e, por outro, por
atrair visitantes, com suas demandas próprias. Em geral, a recomendação legal é o
reassentamento da população, já que moradores não são permitidos nestas áreas. No
estado do Rio de Janeiro, a Lei 2393/95 protege os residentes há mais de cinquenta
anos em UCs do estado, concedendo-lhes o direito real de uso das áreas ocupadas,
desde que sejam considerados como “populações tradicionais”. Face às restrições
dos costumes nativos impostas pelas leis ambientais, o turismo controlado tem sido
uma alternativa econômica para estas populações. Algumas formas de organização
do turismo têm despontado como passíveis de aceitação pelos gestores das unidades,
como o ecoturismo e o turismo de base comunitária, por propalarem o “baixo impacto”
em suas práticas, a partir de cuidados ambientais e sociais. No território do Parque
Estadual da Serra da Tiririca-PESET e em seu entorno encontram-se populações
habitantes do local desde antes da criação da unidade, que a partir da afirmação
de sua “tradicionalidade” lutam pelo direito de ocupação e uso do território. Este
trabalho tem por objetivo comunicar resultados parciais de pesquisa em andamento,
que busca entender como se constroem as relações dessas comunidades com o
turismo que lá ocorre, e averiguar sobre as perspectivas e expectativas relacionadas
com o desenvolvimento da atividade na área, tendo em vista a importância da
categoria “tradicional”, tanto na conquista de direitos territoriais como com relação
ao desenvolvimento do turismo. A pesquisa é desenvolvida a partir de metodologia
qualitativa, com base etnográfica, utilizando entrevistas em profundidade com diversos
atores sociais envolvidos, observação direta e participação em reuniões comunitárias.
PALAVRAS-CHAVE: Unidade de conservação. População tradicional. Turismo
comunitário. Parque Estadual da Serra da Tiririca.
ABSTRACT
use the occupied areas, since they are regarded as “traditional populations”. Given
the constraints on native customs imposed by environmental laws, controlled tourism
has been an economical alternative for these populations. Some forms of organization
of tourism have emerged and been deemed acceptable by managers of units, such
as ecotourism and community based tourism, promoting the “low impact” in their
practices, from environmental and social care. In the territory of the Parque Estadual
da Serra da Tiririca (State Park) and its surroundings are the local populations who
have been living there since before the creation of the unit, which from the assertion of
their “traditionalism” fight for the right of occupation and use of the land. This work aims
to communicate partial results of ongoing research that seeks to understand how to
build relationships with these communities through the tourism that occurs there, and
find out about the prospects and expectations concerning the development of activity
in the area, highlighting the importance of a “traditional” category, both in gaining land
rights and in regards to the development of tourism. The research is developed from
qualitative, ethnographic methodology, using in-depth interviews with various actors
involved, direct observation and participation in community meetings.
INTRODUÇÃO
Quando estas populações têm seu território em uma área que se transforma
em unidade de conservação do grupo “Proteção Integral” (BRASIL, 2000), geralmente
a recomendação legal é que sejam reassentadas em outro local, pois estas categorias
não permitem moradores em sua área.
Esta tem sido a razão de inúmeros conflitos entre populações locais e órgãos
ambientais administradores de unidades de conservação da natureza, já que no Brasil
a maioria destas áreas já estava ocupada anteriormente por autóctones.
Para que possam permanecer na área e sejam beneficiadas por esta lei, é
necessário que estas comunidades3 sejam consideradas como “tradicionais”4. Esta
exigência geralmente se torna problemática, devido ao caráter dinâmico da vida social.
Por mais que prezem suas formas de vida específicas, estes grupos têm contatos
e interações com a sociedade mais ampla, o que dificulta esta classificação como
tradicional.
Uma das questões que interfere nesta problemática é que o próprio movimento
de estabelecer os territórios destas populações como prioridade para conservação
(transformando-os em UCs) os coloca em destaque, estimulando, mesmo que
involuntariamente, um fluxo turístico.
só pode “[...] ser expresso plenamente quando o ator social se reconhece como agente
do processo de construção da realidade e da dinâmica de desenvolvimento” (IRVING,
2009, p. 112). Sendo assim, ele se inscreveria em uma dinâmica de desenvolvimento
orientado para o local e baseado em recursos endógenos, implicando também a
valorização cultural dos grupos em questão e na autogestão de seu próprio projeto de
turismo.
No caso do Morro das Andorinhas, como relata Mendes (2003 apud MOTA,
2009), em 1995 a Prefeitura de Niterói intimou os considerados invasores da Área
de Preservação Permanente (APP) a desocuparem seus imóveis, que em seguida
seriam demolidos. Em resposta a esta intimação, os moradores receberam apoio da
Procuradoria Geral da Defensoria Pública, que alegou a antiguidade da posse e a
necessidade absoluta de moradia, argumentando sobre seu direito real de uso com
base na já citada Lei 2393 (20.04.95), que dispõe sobre a permanência de populações
nativas em unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro (MENDES, 2003
apud MOTA, 2009).
Em 2002, fez parte dos autos do Inquérito Civil 120/2002, Ministério Público –
Niterói – RJ, um laudo emitido por antropólogo da Universidade Federal Fluminense
– UFF, defendendo a permanência da população na área, com base na afirmação
de que a regeneração da Mata Atlântica local está associada à presença do grupo
no espaço (SATHLER, 2012). De acordo com esta visão, no Morro das Andorinhas
está constituída a territorialidade deste grupo, que não permitiu que a área fosse
invadida pela especulação imobiliária, não se tratando somente do direito à moradia,
mas também à reprodução de seu modo de vida, saberes, ligações com um território
específico, constitutivos de sua identidade (SATHLER, 2012). Hoje a comunidade é
representada pela Associação de Comunidades Tradicionais do Morro das Andorinhas
(ACOTMA).
chegam a estar mais condicionados pela sociedade envolvente do que pelas “fon-
tes” originárias dessas mesmas identidades. Nesse sentido, a “tradicionalidade” não
é nativa, mas uma resposta às situações criadas a partir de questões externas ao
grupo, como por exemplo, a criação de unidades de conservação e/ou a chegada do
turismo. A construção das identidades está relacionada, portanto, a uma permanente
reconstrução do sistema de valores de uma determinada sociedade (BARTH, 2000).
Sendo assim, a partir do aspecto fluido e mutante das identidades, é possível enten-
der que elas são constituídas a partir de objetivos e não essencialmente (BAUMAN,
2005).
Santana Talavera (2003) argumenta que ainda que o turismo cultural esteja
presente desde as primeiras manifestações da atividade, de modo geral, chega-se
a ele indiretamente, por meio das formas mais convencionais, sendo pequeno ainda
o número de turistas que tem como motivação principal o conhecimento de culturas
consideradas “diferentes”.
Mendonça (2006) argumenta que, devido aos conflitos pela terra, o governo
do estado do Rio de Janeiro desapropriou, para fins de reforma agrária, uma parte da
fazenda ainda não loteada, localizada na vertente da Serra da Tiririca, voltada para
Niterói. Esta foi uma iniciativa do primeiro Grupo de Trabalho Agrícola no estado e o
documento base intitulava-se “Plano de Ação Agrária (PAA): Estudo sobre a Fazenda
Engenho do Mato”. O processo de desapropriação só foi concluído em 1998. Segundo
Mendonça (2006) o PAA era baseado na questão do uso social da terra, pois enfatizava
que a Constituição Federal vigente (de 1988) fornece poderes aos governos para
não permitir que a especulação imobiliária arrase terras agricultáveis para a obtenção
de lucros usuários nos loteamentos. O PAA previa uma série de benefícios para as
famílias contempladas, porém não foi implantado como havia sido concebido, devido
principalmente ao golpe militar de 1964, que afastou as discussões sobre reforma
agrária no Brasil. Na década de 1970, com a expansão imobiliária na região, muitas
famílias foram pressionadas por proprietários dos terrenos loteados a deixar os sítios
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que ocupavam.
10 Entrevistas ocorridas nos dias 15 e 22 de julho de 2013 e 11 de fevereiro de 2014, sendo que
na primeira data a entrevista foi feita com o pescador identificado por C. e na segunda o pescador A.
e a terceira com o pescador J.
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora com relação ao turismo no parque não se possa até o momento falar
de um processo muito intenso, e principalmente em relação às comunidades locais, a
expectativa quanto ao que pode ser desenvolvido no futuro já é grande. Esta expectativa
nem sempre é positiva. Muitas vezes é traduzida como medo e preocupação com
as transformações e também com as possibilidades reais de ganhos. A visitação ao
parque até o momento tem demonstrado ser principalmente voltada aos atributos
paisagísticos e caminhadas nas trilhas. Entretanto, estas comunidades estão “no
caminho” dos visitantes e despertam o interesse turístico.
REFERÊNCIAS
BARRETTO FILHO, H. T. Populações tradicionais: introdução à crítica da ecologia
política de uma noção. In: ADAMS, C.; MURRIETA, R.; NEVES, W. (Org.).
Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade. São Paulo:
Annablume; FAPESP, 2006.
BARTH, F. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro:
Contra Capa, 2000.
BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
BRASIL. 2000. Lei 9985/00 que Institui o Sistema Nacional de Unidade de
Conservação da Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9985.htm. Acesso em: 12 mai. 2014.
DIEGUES, A.C. & ARRUDA, R. Saberes tradicionais. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2001.
361
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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visitor and the object to be interpreted element. Thus, the objective was to understand,
through the literature review and document analysis, as this concept has been
discussed and used both in the cultural field and in the natural. We sought to analyze,
through the documents provided by the ministry of tourism, the ratio of Interpretation
with the segments of cultural tourism and ecotourism. Also verified the existence of
plans Interpretation Sheet in organs involved with environmental, cultural and tourism
area. Part is a Weberian approach. This, lists the theory developed by Tilden (2007),
and contrasts the different concepts, assigned to different groups (environmental
and cultural). Initially, research, presents the concept of Interpretation Sheet and
its historical trajectory, soon seeks to understand the relationship of this with their
respective areas of focus. From these considerations it was found that the concept of
Interpretation Sheet has been understood by theorists of environmental and cultural
areas in their respective fields of analysis differently. Thus, it was observed that
while the cultural field the concept is defined as Interpretation Sheet, in the field of
natural heritage as it is conceptualized Environmental Interpretation. However, both
mention and use as a reference in their research setting Interpretation of the author
Freeman Tilden. Furthermore, it was found in documents made available by the federal
agencies involved with the issues addressed in the work, there are no guidelines for
the preparation of plans or Environmental Interpretation Sheet. This demonstrates that
despite the importance of interpretation for recovery of such environments, there is still
a long way to go regarding government actions.
INTRODUÇÃO
INTERPRETAÇÃO PATRIMONIAL
5. A Interpretação deve ter como objetivo apresentar o todo e deve ser dirigida
ao homem de maneira integral;
entendimento mais abrangente, para no próximo passo definir as formas que se tratará
o objeto e como envolver em uma abordagem que leve ao envolvimento do público
que o verá. Qual a mensagem que se quer passar ao visitante? Esta questão refere
ao entendimento para elaborar as ferramentas de comunicação da Interpretação
Patrimonial.
turista e a comunidade.
O prazer do turismo cultural se associa largamente com estar na presença
do objeto, quer se trate de um sítio histórico, um edifício, uma pintura, por
exemplo – trata-se de perceber um objeto aurático, ou seja, o próprio objeto
e a história que ele incorpora (PARAIZO, 2009, p.51).
Com este estudo foi possível identificar que a Interpretação Patrimonial tem
como base um campo único, no entanto, este é apropriado pelas diversas áreas do
conhecimento para formulação de uma proposta para aproximação do visitante ao
meio visitado. Observa-se que enquanto no campo cultural o conceito é definido como
Interpretação Patrimonial, no campo do patrimônio natural ele é conceituado como
Interpretação Ambiental. No entanto, ambos mencionam e utilizam como referência
374
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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REFERENCIAS
BRASIL. Lei nº. 9. 985 de 18 de julho de 2009. Dispõem sobre a criação do sistema
nacional de Unidade de conservação da natureza. 5. Ed. Brasília: MMA/SBF, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1987.
TILDEN, F. Interpreting our heritage. 4a. Ed. Chapel Hill, NC: University of North
Carolina Press, 2007.
RESUMO
O artesanato é uma atividade que pode ser analisada nas suas dimensões histórica,
econômica, social, cultural e ambiental. Além do potencial de ocupação e geração
de renda, é uma expressão da riqueza cultural de um povo e tem forte vinculação
com o setor de turismo. A atividade vai ao encontro das propostas conceituais do
desenvolvimento local, mostrando-se como uma alternativa sustentável e, até mesmo,
estratégica no crescimento econômico de certas localidades. Nesse sentido, este
trabalho foi realizado com o objetivo de descrever e analisar o papel econômico, social
e cultural exercido pelo artesanato no desenvolvimento local dos municípios mineiros
de Resende Costa e Santa Cruz de Minas. Adotou-se uma abordagem qualitativa,
utilizando-se o método de estudos multicasos e dados primários e secundários. Os
resultados obtidos no município de Resende Costa demonstram que a atividade
artesanal vem desenvolvendo importante papel no desenvolvimento local. Em Santa
Cruz de Minas, o artesanato é ainda recente, mas já sinaliza suas potencialidades
econômica, social e cultural para o desenvolvimento do município.
ABSTRACT
The craft is an activity that can be analyzed in its historical dimensions, economic,
social, cultural and environmental. Besides the potential for employment and income
generation, is an expression of cultural wealth of a people and has strong linkages with
the tourism sector. The activity meets the conceptual proposals for local development,
showing itself as a sustainable alternative and even strategic economic growth in certain
localities. In this sense, this work was carried out in order to describe and analyze the
role of economic, social and cultural crafts exercised by the local development of mining
municipalities of Resende Costa and Santa Cruz de Minas. We adopted a qualitative
approach, using the method of multi-case studies and primary and secondary data.
The results obtained in the municipality of Resende Costa demonstrate the craft activity
has been developing important role in local development. In Santa Cruz de Minas,
the craftsmanship is still young, but already shows its potential economic, social and
cultural development of the municipality.
RESUMEN
La artesanía es una actividad que puede ser analizada en sus dimensiones históricas
, económicas, sociales , culturales y ambientales . Además del potencial de ocupación
y generación de ingresos , es una expresión de la riqueza cultural de un pueblo y
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tiene fuertes vínculos con el sector turístico. La actividad reúne las propuestas
conceptuales para el desarrollo local , apareciendo como una alternativa sostenible e
incluso estratégico en el crecimiento económico de ciertas localidades . Por lo tanto ,
este estudio se realizó con el fin de describir y analizar el papel económico , social y
cultural que desempeñan las embarcaciones en el desarrollo local de los municipios
mineros de Resende Costa y Santa Cruz de Minas . Adoptamos un enfoque cualitativo
, utilizando el método de los estudios de varios casos y datos primarios y secundarios.
Los resultados obtenidos en el municipio de Resende Costa demuestran que la
actividad artesanal se ha desarrollado papel importante en el desarrollo local . En
Santa Cruz de Minas , la nave es todavía joven , pero ya se señala su potencial
económico, social y cultural para el desarrollo del municipio .
INTRODUÇÃO
O turismo caracteriza-se por ser um setor que se tem destacado como uma das
atividades com maior potencial de expansão a nível mundial e como um impulsionador
do crescimento econômico. Se a nível nacional o interesse do turismo é significativo,
a nível local esse sector apresenta-se como um instrumento fundamental no
desenvolvimento regional, sendo um meio para evitar a desertificação e a estagnação
econômica das regiões, estimulando as potencialidades das zonas mais deprimidas
(FRANCO, ESTEVÃO, 2010).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para fins deste estudo, os dados foram obtidos nas associações comerciais,
associações de artesãos, prefeituras municipais, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Fundação João Pinheiro, Associação dos Municípios da Microrregião dos Campos
das Vertentes (AMVER) e demais instituições envolvidas na promoção do artesanato
nas cidades pesquisadas.
territorial, com apenas 3,11 km² e também um dos mais novos do Brasil (IBGE, 2010).
A cidade é conurbada com o município de São João Del Rei, bem à margem direita do
Rio das Mortes.
Curiosamente, Resende Costa – nome que desde 1923 foi dado ao Distrito da
Lage -, destaca-se como uma das cidades mineiras que têm, atualmente, na produção
doméstica têxtil, uma atividade produtiva informal que garante a sobrevivência de
grande parte da sua população.
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A produção artesanal nos séculos XVIII e XIX era destinada tanto para fins de
subsistência quanto para atender à demanda emergente de um mercado consumidor
interno (LIBBY, 1997; MACEDO, 2006). Conforme Libby (1997), essa atividade
também poderia ter sido uma possibilidade de ocupação feminina e de eliminação ou,
pelo menos, de redução da necessidade de compra de tecidos do mercado externo.
Assim, Resende Costa destaca-se como uma das cidades mineiras que
tem, na produção artesanal têxtil, uma atividade produtiva informal que garante a
sobrevivência de grande parte da sua população. O município de Resende Costa
é mais populoso e com maior PIB per capita do que de Santa Cruz de Minas. Este
número está bem abaixo do PIB per capita do estado de Minas Gerais, que é de R$
14.233 (IBGE, 2010).
Resende Costa sempre teve melhores índices que Santa Cruz de Minas cidade
essa, onde a população tem maior acesso a educação, saúde, lazer, segurança
pública, emprego e renda, gestão habitação, infraestrutura e meio ambiente, cultura,
lazer e desporto.
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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É possível observar que, na visão deles, existem alguns artesãos que não se
preocupam com as normas, o que pode gerar um descompasso no quesito qualidade
entre os produtos artesanais produzidos no município.
artesanal no município. Cabe ressaltar que conforme colocado por Lemos (2013), o
turismo é um setor de negócio privado. Este pode ser entendido como um fenômeno
social que está diretamente ligado ao fluxo de pessoas, ao nível de produção e
consumo que pode ser tanto de produtos como de serviços.
Como observado por Benko (2000), desde os anos 1980, diferentes grupos
de estudiosos se debruçaram sobre a questão do desenvolvimento local, dando
origem a diversas abordagens. Em cada uma delas a cooperação desempenha papel
importante. Um primeiro conjunto de reflexões consiste nos trabalhos de economistas
como Giacomo Beccatini, Alfredo Bagnasco e Sebastiano Brusco sobre os distritos
industriais italianos, que recuperaram a noção marshalliana de externalidades
associadas ao território. Este conjunto inclui também os trabalhos de Michael Piore
e Charles Sabel sobre a especialização flexível. Nos trabalhos destes autores, os
casos de sucesso de desenvolvimento local, como os das empresas da Terceira Itália,
mostram que a cooperação desempenha papel fundamental para a competitividade
das empresas (COCCO; GALVÃO; SILVA, 1999).
Em Santa Cruz de Minas, sua localização geográfica, tida como fator diferencial,
pode proporcionar ganhos com a atividade turística na região. Entretanto, a articulação
com São João Del Rei e Tiradentes faz-se fundamental, uma vez que sua limitação
territorial pode impedir o município de desenvolver seu turismo próprio. Dessa forma,
caso os dois municípios que fazem divisa com Santa Cruz de Minas não desenvolvam
o setor turístico de maneira apropriada, o município seria altamente prejudicado, uma
vez que depende diretamente do fluxo de pessoas que circulam na região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AMARAL FILHO, J. Desenvolvimento regional endógeno em um ambiente
federalista. Brasília: IPEA, 1996.
ARCHER, B.; COOPER, C. Os impactos positivos e negativos do turismo. In:
391
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
referência para análise da hospitalidade em romarias. Revista Rosa dos Ventos. v.5,
n.4, out-dez, 2013.
SILVA, G. M. Mercados como construções sociais: divisão do trabalho,
organização e estrutura social de um Mercado em um território municipal. 2010.
305 p. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2010.
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RESUMO: Os objetos comunicam, eles são cheios de significados culturais que são
transferidos para o indivíduo através de rituais de troca, posse, cuidados pessoais; e
desapropriação, como bem destaca McCracken (2007). Ancorado em proposições de
pesquisa anterior (FREITAS, 2013) , tenta-se reiterar a apropriação ao Turismo do
modelo de estrutura e movimentação do significado cultural proposto por McCracken.
No entanto, este artigo tem como objetivo final discutir a pertinência de uma possível
Antropologia do Consumo de Turismo.
ABSTRACT / RESUMEN: The objects communicate, they are full of cultural meaning
that are transferred to the individual through rituals of exchange, possession, groom-
ing, and divestment, as well emphasizes McCracken (1986). Anchored in propositions
of previous research, this paper attempts to reiterate the appropriation for Tourism of
the structure and movement of the cultural meaning model, proposed by McCracken.
However, this article has as ultimate objective to discuss the pertinence of a possible
Anthropology of Tourism Consumption.
INTRODUÇÃO
SIGNIFICADO CULTURAL
Apesar das diferenças entre os bens materiais e imateriais, intui-se que, em re-
lação ao turismo, a transferência de significado cultural ocorra de maneira semelhante
ao que propõe McCracken, ou seja, o serviço turístico também funciona como um
meio de transferir significado do mundo culturalmente construído para o sujeito. Aten-
ta-se, entretanto, para a primeira diferença: quando se trata dos bens materiais essas
duas transferências de significado ocorrem em momentos e dimensões diferentes.
Segundo McCracken, a primeira transferência (do mundo culturalmente construído
para os bens de consumo materiais) ocorre por meio da publicidade e pelo sistema
de moda, enquanto a segunda transferência (dos bens de consumo materiais para o
consumidor individual) ocorre a partir do contato do consumidor com o objeto através
dos rituais de: troca, posse, cuidados pessoais e desapropriação, figura 1.
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Por conta do turismo ser um bem intangível, os rituais de troca, posse, cuida-
dos pessoais e desapropriação não se aplicam - pelo menos, não como os bens ma-
teriais. Entretanto, podemos usar o mesmo verbo que McCracken usa para explicar
as transferências no trecho citado anteriormente: “absorver”. No caso do turismo, o
consumidor absorveria o significado cultural do serviço que ele está consumindo de
duas maneiras: 1) materialmente: por meio de souvenirs e presentes que guarda para
si ou distribui aos amigos; e 2) narrativamente: por mais que não premeditadamente,
o turista absorve aquela experiência e a transforma imediatamente em uma narrativa,
as fotografias tiradas durante a viagem são ilustrações dessa narrativa que ele está
construindo. No caso dos souvenirs, os rituais de troca, posse, cuidados pessoais e
desapropriação podem ser interpretados como instrumento de transferência de signi-
ficado.
HISTÓRIA DO LUGAR
PUBLICIDADE
Esse mundo mágico descrito por Rocha parece ter muito em comum com o
imaginário que é criado acerca dos destinos turísticos. Segundo Tresidder (1999), o
turismo é um sistema dinâmico de produção, distribuição e consumo de imagens, ima-
ginários e sonhos. Para Aoun (2003), a “indústria turística” utiliza a ideia de paraíso na
terra e através da sua propaganda transforma o paraíso em uma mercadoria atraen-
te, ao alcance de todos. Selwyn (1996) reitera a ideia afirmando que muitos folhetos
turísticos apresentam o mundo como um supermercado no qual quase tudo pode ser
comercializado.
Por último, sinaliza-se que, por mais que se tenha tentado separar a absorção
material e absorção narrativa do significado cultural, seria ignóbil supor que são pro-
cessos que ocorrem separadamente e que não há interação entre eles. Muito pelo
contrário, além de serem processos complementares de uma mesma experiência, as
fronteiras entre eles não são muito claras. A seguir, algumas ponderações acerca do
que seria a absorção narrativa do significado cultural, demonstrando como o souvenir
também é parte constituinte deste elemento.
5 Miniaturized Mobilities se refere aos celulares, máquinas fotográficas, laptops, tablets, Mp3
players, conexões wi-fi, entre outros. (ELLIOT; URRY, 2010)
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Há em torno da fotografia todo um aparato material, mas isso, em si, não jus-
tifica concebê-la estritamente como uma forma de absorção material. Seguindo a ló-
gica da argumentação aqui construída, a fotografia seria ilustração da construção
de narrativa, algo que, além de dar credibilidade, funciona como um mediador entre
a realidade e memória. Para William Cannon Hunter, “representações em forma de
fotografias tornaram-se fundamentais para a própria realidade do turismo. Eles são
componentes fundamentais do imaginário e do mecanismo de seus discursos” (2008,
p.357. Tradução minha)
Pretendeu-se com este artigo traçar uma linha que pudesse aproximar, ainda
que remotamente, a Antropologia do Consumo e o Turismo, no intuito de fazer com
que outros pesquisadores possam vislumbrar o leque de possibilidades que tal campo
oferece e o quanto ele poderia enriquecer os próprios estudos do turismo.
É possível que isso nunca aconteça, mas a própria ciência se constitui a partir
do próprio esforço de, tempos em tempos, analisar a si mesma e pensar em novas
possibilidades. De qualquer forma, um Encontro de Turismo como ENTBL parece ser
o local ideal para que tal debate seja empreendido.
Referências Bibliográficas
CARPENTER, E. Oh, what a blow that phantom gave me! New York: Holt, Rine-
406
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408
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RESUMO
Os Kalunga, população afrodescendente, são povos tradicionais, que têm suas
comunidades no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, no Nordeste de Goiás. A
atividade turística na comunidade dos Kalunga foi introduzida desde a década de 2000,
com mais vigor na comunidade de Engenho II. A metodologia fez uso de consultas a
sites, leituras de relatórios e dissertações sobre o tema e, a realização de entrevistas
no procedimento da pesquisa-ação; além de refletir sobre a inserção de turismo e seus
impactos políticos, econômicos e sociais até na percepção dos Kalunga, considerou-
se importante refletir o turismo local à luz do etnodesenvolvimento. Os resultados
apresentados derivam de análise feita na comunidade Engenho II. Conclui-se que
os Kalunga daquela comunidade concebem a atividade turística como promotora da
melhoria de vida para alguns e há o interesse por esta atividade; contudo, a presença
de turistas no Sitio não se deve ao etnoturismo, na opinião deles; atualmente, o turismo
favorece o enriquecimento de alguns, agravando as fissuras sociais, as possibilidades
de fortalecimento do turismo e de fazer a inclusão social dos Kalunga depende de
um empoderamento da Associação. O etnodesenvolvimento nos Kalunga é a forma
democrática, solidária de promover a socialização do trabalho e da renda advinda
com o turismo.
ABSTRACT
The Kalunga, African descendants, are traditional people who have their communities
in Historical and Cultural Heritage Site Kalunga, at northeast of Goiás, the tourism
activity in the community of Kalunga has been introduced since the 2000s, with more
force in the community Engenho II. The methodology used the data from some sites,
reading reports and dissertations about the theme and conducting interviews in the
procedure of action research, beyond to reflecting on the integration of tourism and its
political, economic and social impacts even in the kalunga perception, it was considered
important to reflect the tourism in the Kalunga to the light of ethno-development. The
presented results are derived from analysis made in Engenho II community. We
conclude that Kalunga conceive that tourism as a promoter of better living for some
and there is interest in this activity; however, the presence of tourists in the site is not
due to ethno-tourism, in their opinion currently the tourism favors the enrichment of
some aggravating social fissures, the possibilities for strengthening tourism and make
the social inclusion of Kalunga depends on empowerment of Association. The ethno-
development on Kalungas is democratic, partnership to promote socialization of labor
and income arising from tourism.
INTRODUÇÃO
e tem o ano de 2005 como marco do principio de divulgação de ações mais sólidas
tipificadas como políticas de etnodesenvolvimento para os Quilombolas.
Alem desse fato, em Reunião Ministério da Agricultura, para o PPA 2012-
2015 participou a Coordenação Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento. Neste
PPA ela tem o objetivo de implantar e desenvolver a Política Nacional de Gestão
Ambiental e Territorial em Terras Indígenas, por meio de estratégias integradas e
participativas voltadas ao desenvolvimento sustentável dos povos indígenas.
A vertente mais ressaltada do etnodesenvolvimento é a autonomia cultural.
Assim, a autonomia cultural implica ter uma participação direta nas decisões sobre
o destino dos recursos naturais contida no seu território e, igualmente importante,
o controle sobre os recursos culturais do grupo (língua, organização social, práticas
tecnológicas).A autonomia cultural, para funcionar como um verdadeiro subsídio
para o etnodesenvolvimento teria que operar em pelo menos três planos: político,
econômico e simbólico.
No plano político, os apelos à autonomia cultural procuram eliminar os
fortes vestígios do “colonialismo interno” - para usar um conceito da geração anterior
de antropólogos mexicanos (veja CASANOVA, 1969; BONFIL BATALLA, 1970) -
que ainda orientam as relações interétnicas em muitos países latino-americanos. A
estrutura política da autonomia cultural varia de país em país, devido às distintas
formas vigentes do colonialismo interno e do desenvolvimento nacional.
Referenciando-se nos acordos e convenções internacionais sobre o
racismo e direitos humanos, assim como nos acordos e nas leis brasileiras, o Governo
institui a Politica Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em 2003 (SILVA, 2010).
Nela, o Governo tem uma base legitima para articular os discursos de igualdade racial
e desenvolvimento étnico.
E, a partir desta, dois anos após o Governo lança o Programa de Brasil
Quilombola e sua consequente proposta de desenvolvimento étnico para as
comunidades de quilombos. Até o presente este é o primeiro e único Programa
nacional para o etnodesenvolvimento quilombola.
Em conformidade com o Decreto 4887/2003, o etnodesenvolvimento,
imbuído dos propósitos do Programa Brasil Quilombola e, de acordo com Silva (2010),
o etnodesenvolvimento tornou-se uma missão dos diferentes órgãos governamentais
afirmando ser o meio de garantir a reprodução social, cultural, econômica e física das
diversas comunidades étnicas.
No plano econômico, a autonomia cultural propõe a tarefa de sair das
situações de “desenvolvimento por pilhagem”, os grupos étnicos estão tentando
elaborar práticas produtivas que garantem o abastecimento das suas necessidades
básicas ao mesmo tempo em que permite a produção de excedentes a serem utilizadas
na geração de renda para a compra de produtos industrializados.
O guia para a elaboração dessas práticas reside nos conhecimentos da
etnoecologia; já que as relações ecológicas existentes, tomadas no seu conjunto,
mostram os caminhos da sustentabilidade ambiental por ser, em muitos casos, um
exemplo empírico dela.
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Por esse motivo, o turismo surge como uma fonte de renda e de trabalho
muito desejável no inicio da década de 2000, introduzido com o apoio do Sebrae. Os
técnicos do Sebrae encontraram em Engenho II, um líder comunitário Kalunga, que se
interessou pela proposta e implantou, na Comunidade, a prática do turismo na lógica
da mercantilização: acessos controlados e pagos, visita guiada para as cachoeiras
por um Kalunga.
Há um súbito e crescente interesse pelos bens culturais, pelos saberes,
pelos grupos étnicos, o que pode explicar o fato de o Sítio dos Kalunga ter se
transformado em um dos atrativos turísticos mais visitados no Estado de Goiás pela
população do Distrito Federal.
Com olhares curiosos,os visitantes observam o agrupamento de casas
sem arruamentos, às “casas kalungas”, construídas pelo governo, avistam algumas
mulheres e crianças adornadas com rastafári e outros se aventuram mesmo a
encomendar uma refeição caseira para o retorno da visita às cachoeiras.
Progressivamente, no Engenho II incluiu-se a hospedagem, camping
rústicos, refeições possível em três casas, sendo uma delas do próprio líder
comunitário. Este, desde o final de 2013, tornou-se um empresário melhor sucedido
entre os Kalunga, com um restaurante privado, de porte médio e a posse de uma área
para camping..
Este território destaca-se ainda pela ocorrência de um expressivo evento
festivo, a Folia de Santo Antônio, convenientemente deslocada de junho para 13 de
julho para possibilitar um público maior devido às férias. Neste dia tem o arremate da
folia, uma “janta” farta e ainda um forró sendo os dois últimos os atrativos para um
afluxo de visitantes que supera 200 pessoas naquele dia. Os Kalunga se aproveitam
para “bons”negócios” com a venda de bebidas alcoólicas, de comida junina, de
rapadura e de água.
O território do Vão de Alma (60 Km de Cavalcante) e do Vão do Moleque
(120 Km) têm dificuldades de acesso, de infraestrutura e carência de atrativos
naturais.Estes territórios conseguem ter destaque com folias e festas religiosas. Os
participante/visitantes deslocam de várias localidades e, durante um tempo, alojam-
se em ranchos precários nos lugares festivos, para celebrarem seus santos, fazerem
seus pequenos negócios, reforçarem os laços identitários e territoriais.
O calendário festivo é rico se destacando algumas festas: em janeiro, Folia
de Reis e festa de São Sebastião; em junho, a festa de Santo Antônio na Maiadinha,
folias em algumas comunidades e a festa de São João, com matinas, império, levante
de mastros, encerra-se com a festa de São Pedro.
Porém, os grandes festejos dos Vãos são duas romarias: Em agosto, a
Romaria de Vão de Almas com o Império do Divino Espírito Santo e novena a Nossa
Senhora da Abadia. E, em setembro, a Romaria do Vão do Moleque com novenas
a Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora das Neves e São Gonçalo. Nesta
acontece o Império e a Coroação mantendo as tradições de festejar os imperadores
dos Kalunga. Estas festas, com forte presença das tradições constituem o diferencial
no turismo desse território.
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Brasilia, anuncia em seu site,a inauguração do Memorial Kalunga Casa de Dona Lió
- Fazenda Ema Teresina de Goiás/GO. Dona Lió é uma personagem respeitada pelos
Kalunga devido aos seus conhecimentos, à sabedoria e à autoridade na Comunidade
Ema. A construção do Memorial, no mesmo local onde era sua casa de adobe, pretende
tornar-se um museu com seus objetos pessoais, embora haja quase um ano que as
obras tenham sido paralisadas. Ainda não oferece condições para ser visitada..
Cabe ressaltar que nestes três territórios aquele de Engenho II destaca-
se por ter uma Associação de Guias e Condutores que, já mencionado seu papel
importante na geração de trabalho e renda para os jovens daquela comunidade. Cada
“guiagem” custa 60,00 para o grupo de visitantes no qual o número máximo é seis.
Em 2008, havia aproximadamente 21 condutores inscritos na Associação
e, curiosamente, 11 eram da família Maia, 5 da família Rosa, 2 da família Silva e o
restante de diversas outras famílias. Estes dados são reveladores do empoderamento
de algumas famílias, do abandono total das atividades tradicionais por parte de
algumas famílias ao terem um número tão elevado de membros na atividade turística.
Em 2012, o número de condutores já alcançava 70, embora alguns
estivessem em Brasília, Goiânia e Cavalcanti para estudos e exerçam a prática de
condução esporadicamente, nas férias e feriados. Em fevereiro de 2014, de acordo com
informações no próprio CAT de Engenho II, os moradores que realmente trabalham
como condutores são 30.
Destes, 10 ali ficam no CAT diariamente.. O restante tem a atividade
turistica como complementar, pois se dedicam a cuidar do roçado, do quintal, ajuda
ao vizinho no seu roçado...A agricultura é, ainda uma importante fonte de renda para
os moradores
das proximidades da casa do líder, para um espaço próprio e, deu maior autonomia
aos condutores.
Apesar disso, Engenho II já apresenta suas fissuras sociais. o que não
impede de, aos poucos, as demais comunidades e territórios, mesmo desconhecendo
a existência de seus potenciais produtos turísticos, aspirarem que o turismo também
seja implantado neles.
À GUISA DE CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Camila Benatti1
Karoline Teixeira da Silva2
ABSTRACT: The Cultural tourism turns heritage into tourist attraction, thus enhancing
the customs and peculiarities of certain groups. The practice of tourism encourages
the preservation of memory and people’s cultural identity. However, the flow of visitors
without planning and management can degrade the heritage assets and affect the
genuine manifestations of the natives. We intend to show in this work how this damage
can be minimized if the natives participate in the tourism processes of their space.
Through literature review and case study, it was concluded that joint actions between
tourism activities and the local population are essential to the preservation of their
culture and the active participation of the people that can benefit from tourism. Thus,
communities can protect and preserve their habits, symbols and heritage, and also
creat a relationship between hosts and guests through an integrated planning and joint
implementation of tourism.
INTRODUÇÃO
Alguns tipos de turistas não tem como prioridade estabelecer relações com
os indivíduos locais. No entanto, ao agirem desse modo, produzem um sentimento
de inferioridade e hostilidade nos autóctones. Esse modo de ação deve ser mudado,
para que a atividade turística se desenvolva de forma harmoniosa entre visitantes e
residentes. De acordo com muitos pesquisadores o turismo trabalha na manutenção de
relações pacíficas, para a interação com a cultura e a vida do outro. Para Krippendorf
(2003), o turismo permite o encontro entre seres humanos pertencentes a culturas e
criações distintas, operando em prol da aproximação e compreensão entre os povos,
fomentando a tolerância.
de pertence por sua localidade, sua identidade cultural e descaracterizar suas tradições
e modos de vida, entrando num processo de esquecimento de seus valores e de sua
história.
Sob este aspecto crítico do turismo, recorremos a Luzia Neide Coriolano (2002,
et al. Martins, 2002), a qual situa o turismo como uma das mais novas modalidades
do processo de acumulação, que vem produzindo novas configurações geográficas e
materializando o espaço de forma contraditória pela ação do Estado, das empresas,
dos residentes e dos turistas. O turismo para se reproduzir, segue a lógica do
capital, quando poucos se apropriam dos espaços e dos recursos neles contidos,
apresentando-os como atrativos transformados em mercadorias.
Para que isso aconteça, o turista deve agir de forma ética, ter respeito pela
população residente e seus bens, sem degradar o meio ambiente e o seu legado
cultural, levando do lugar novas experiências, aprendizado e conhecimentos. Assim
que o turista deve agir na sociedade, com bom senso e educação, beneficamente. É
preciso que haja o cuidado para que todos sejam favorecidos. “Quase ninguém tem a
preocupação com as condições de vida dos autóctones, ou com a manutenção com o
equilíbrio ecológico e os recursos naturais” (KRIPPENDORF, 2003, 81).
a comunidade discute o que quer e o que pode fazer para o desenvolvimento das
pessoas e do lugar”. (CORIOLANO, 2009, p. 285).
Nessa perspectiva, é essencial que haja ações conjuntas entre o setor público,
privado, os profissionais especializados e a população local. Esta última deve se
envolver nos projetos e planos, participando de conselhos administrativos do setor
turístico, trabalhando dentro do trade, ou até mesmo se especializando através de
cursos profissionais da área, para com isso se incorporar no planejamento e execução
do setor.
Algumas populações são resistentes aos visitantes e por vezes não tem interesse
de participar da construção do turismo em sua localidade. Portanto, torna-se difícil
reunir as pessoas para desenvolvimento do turismo comunitário. Se os indivíduos não
435
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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essa instituição tem como missão a formação cultural de jovens e crianças da região,
com a finalidade de levar uma educação contextualizada ao “mundo do sertão”, mas
não qualquer mundo, e sim um mundo que proporcione o “empoderamento da cultura
e da cidadania”.
Como foi visto nos dados acima, retirados do site oficial da Fundação, a FCG
desenvolve um trabalho social de considerável importância na região do Cariri, em
Nova Olinda, Ceará. Em ações conjuntas com crianças, jovens e adultos locais,
desenvolvem os Programas de Memória, Artes, Comunicação e Turismo, através dos
Laboratórios de Conteúdo e Produção. O trabalho de formação educacional leva as
crianças e jovens ao “mundo do sertão”, e despertam neles o sentimento de pertença
e conhecimento de sua história, memória e de sua herança cultural. As crianças têm
acesso à biblioteca, aos laboratórios audiovisuais, informática, teatro, rádio, editora e
educação patrimonial, na qual são conscientizadas a valorizar e proteger os bens que
lhes pertencem.
Fonte: http://www.fundacaocasagrande.org.br/Memorial.php
439
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi visto ao longo deste artigo, o turismo pode proporcionar a valorização,
o sentimento de pertença, autoestima, construção identitária, geração de trabalho e
renda, conhecimento, proteção e preservação dos bens culturais de uma comunidade
e/ou de um povo, desde que seja bem utilizado no uso social da cultura. Caso
contrário, pode causar grandes danos, como preconceito, sentimento de inferioridade,
desigualdade social, descaracterização das tradições e degradação do patrimônio.
Por fim, para que seja possível a inserção dos indivíduos locais, é necessário
que forneçam cursos de capacitação em turismo e em áreas como comunicação,
receptividade, cultura local, inclusão digital, gestão e idiomas. Todavia, não é eficiente
oferecer a capacitação se não houver oportunidades de trabalhos locais, ou seja, é
necessário assegurar a empregabilidade dos nativos na área, promovendo a melhoria
da qualidade de vida da população.
Referências Bibliográficas
Brasília, 2006.
NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Trad.: Yara Aun
Khoury. Projeto História, n. 10, Dez, pp. 7-28. 1993
ABSTRACT:
This research studies the spatial distribution of the contemporary religious phenomenon
of evangelical matrix, analyzing the expression of religion in the field of human perception
and symbolic representations, and the festivities in metropolitan space as consolidated
and increased expression of religiosity thriving. These parties to become tourism
products in contemporary media society. Identifies ways of appropriation of metropolitan
space and the influence of this religious movement on spaces of vulnerability of the
Metropolitan Region of Fortaleza, developing a patrimony of these cultural practices.
The research seeks to explain the religious tourism in its first instance, where this
always seen as tangible heritage becomes even more intriguing to be perceived
primarily as coming from the intangible and subjective. Shows a reflection of how the
intangible heritage is conceived from the subjectivity inherent to the subject (collective
and / or individual) and that the concept of patrimonialidade can exist independent
of the patrimony. The landscape is analyzed as an intersubjective relationship of
individuals to express patrimonialidade a phenomenon produced and reproduced by
a particular social group. Tourism is guiding the analysis, to discuss the political and
media dimension of the evangelical religious power present in contemporary secular
state. Thus, the geography of religion is revealed here as a privileged field of research,
since by means of symbolic spaces can understand aspects submerged in collective
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social relations.
KEYWORDS: Heritage. Born Again. Religious tourism.
RESUMEN
Esta investigación estudia la distribución espacial del fenómeno religioso contemporáneo de la
matriz evangélica, el análisis de la expresión de la religión en el campo de la percepción humana
y las representaciones simbólicas, y las fiestas en el espacio metropolitano como consolidados
y una mayor expresión de la religiosidad próspera. Estos partidos se conviertan en productos
turísticos en la sociedad mediática contemporánea. Identifica las formas de apropiación del
espacio metropolitano y la influencia de este movimiento religioso en espacios de vulnerabilidad
de la Región Metropolitana de Fortaleza, en desarrollo de un patrimonio de estas prácticas
culturales. La investigación pretende explicar el turismo religioso en su primer caso, cuando
esto siempre visto como el patrimonio tangible se vuelve aún más interesante para ser percibido
principalmente como proveniente de lo intangible y subjetivo. Muestra un reflejo de cómo el
patrimonio intangible se concibe a partir de la subjetividad inherente al sujeto (colectivo y / o
individual) y que el concepto de patrimonialidade puede existir independiente del patrimonio. El
paisaje se analiza como una relación intersubjetiva del individuo para expresar patrimonialidade
un fenómeno producido y reproducido por un grupo social particular. El turismo está guiando el
análisis, para discutir la dimensión política y mediática del poder religioso evangélico presente
en estado secular contemporánea. Por lo tanto, la geografía de la religión se revela aquí como
un campo privilegiado de la investigación, ya que por medio de espacios simbólicos pueden
entender aspectos sumergidos en las relaciones sociales colectivas.
INTRODUÇÃO
Os mega templos deixam claro que sua intenção é que os fiéis sintam que
aquele local de oração faz parte do dia-a-dia deles, e não apenas lugar de encontro
dominical. Além disso oferecem outros recursos de infra-estrutura desde escolas,
seminários até hospitais, lanchonetes, livrarias e lojas que vendem os ditos produtos
Gospel. Uma forma de marcar seu território de forma permanente e efetiva.
legal que pode ou não vir acompanhado de orientações que visem a preservação
dessa prática através da manutenção do máximo de características reconhecidas à
época da legislação como pertencentes a tal patrimônio.
A caminhada ocorreu durante a tarde pelas ruas da zona oeste da cidade com
o objetivo de manifestar o desejo de paz na cidade. A área onde esta igreja se localiza
é reconhecidamente uma área de vulnerabilidade social onde o Governo do estado
fundou um projeto de segurança pública intitulado de “Território da Paz”, daí o nome
dado a caminha ser Caminhada da Paz.
Nesta primeira edição do evento não havia ainda nenhuma lei municipal que
amparasse o evento, mas já havia um engendramento político que subsidiava o mesmo
e o projeto de lei que incluiria a Caminhada da Paz no Calendário Oficial de Eventos
de Fortaleza já estava sendo elaborado através de contatos entre os religiosos e o
político autor do projeto já citado. Mesmo sem contar com leis de amparo o evento
recebeu uma verba pública de 40 mil reais para ajudar nos custos.
O CALENDÁRIO TURÍSTICO
Essa primeira impressão, para definir o tipo de viagem que nasce de diferentes
motivações religiosas, reproduz-se limitada por tratamento “natural” da visão
dicotômica ou dualista. Chamamos de “natural” o tratamento positivista, capaz de
reconhecer nos fatos a associação imediata de conceitos como um mecanismo de
sim/não; um sistema binário de relações. Por conseguinte, pode-se negar o turismo
religioso com o simplório pré-conceito: quem vivencia o fenômeno religioso não pode
estar fazendo turismo. Logo, se viajo por motivações turísticas, para lugares turísticos,
usando serviços turísticos, não exerço compromissos religiosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes concluímos esse trabalho entendendo que o que vemos é uma série de
estratégias e metodologias criteriosamente estudadas, que visam uma ampliação do
poder simbólico dessas instituições sobre os sujeitos sociais, logo sobre o produzir e
reproduzir a Metrópole. Tornando esta mais um produto para demanda turística em
mais uma faceta de exploração deste fenômeno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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Departamento de Turismo
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apresentada a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de
Antropologia Social da Universidade de São Paulo, 2001.
Grupo de Trabalho 04
Turismo e Urbanização
Coordenadores: Marcello Tomé (UFF); André Damasceno Daibert (UFJF); José Manoel
Gonçalves Gândara (UFPR); Carlos Eduardo Pimentel (UFPE).
RESUMO: Este trabalho aborda de forma conceitual e empírica pontos de debate sobre
a importância do planejamento participativo como ferramenta de inclusão da população
local nos processos decisivos dos espaços públicos de lazer e turismo. Objetiva
apontar a relação do planejamento participativo como instrumento de sociabilidade
de espaços públicos de lazer e do turismo a partir da premissa do desenvolvimento
local como ferramenta de participação. Portanto, para concretizar os benefícios aos
moradores locais, faz necessário um olhar mais prudente da gestão pública sobre as
questões que concerne à participação da população no planejamento, uma vez que,
planejados coletivamente tem mais sucesso de pertencimento da comunidade aos
lugares socialmente transformados.
ABSTRACT: This work deal with, in a conceptual and empirical way, points for debate
about the importance of participatory planning as inclusion tool of population in the
decision making processes of public spaces for leisure that also are refers to tourist
activities, as well as use the involvement of society in the process of local development.
It objectifies to point out relationship of participatory planning as instrument of sociability
of public spaces for leisure and tourism from the premise of local development as
contribution to a more participatory society. However, to realize the benefits to the
local inhabitants, it is needed a more cautious gaze to the issues which concern about
popular participation in planning, once collectively planned, is more successful of
belonging of community to places socially transformed.
INTRODUÇÃO
[...] parte da idéia que não basta uma ferramenta para “fazer bem as coisas”
dentro de um paradigma instituído, mas é preciso desenvolver conceitos,
modelos, técnicas, instrumentos para definir “as coisas certas” a fazer, não
apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade planejada, mas
para a construção da sociedade (GANDIN, 2001, p. 87).
Saturiet al. (2004) salienta que os métodos são sustentados pelo conhecimento,
ideias e experiências entre os envolvidos no processo, ou seja, parte de um pensamento
coletivo. Porém vale ressaltar quede acordo com Gandin (2000, p 54) o conceito de
participação pode incidir em três erros:
3 Segundo Fischer (1996:19), “governance é um conceito plural, que compreende não apenas a
substância da gestão, mas a relação entre os agentes envolvidos, a construção de espaços de nego-
ciação e os vários papéis desempenhados pelos agentes do processo”.
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Departamento de Turismo
(FIGUEIREDO, 2008).
Os espaços públicos do lazer e do turismo são elementos importantes para
vivência do lazer, visto que, esses ambientes quando reconfigurados coletivamente
tende dar novos significados ao morador quanto ao turista. Portanto exercer o
planejamento participativo nas questões da cidade implica envolver o social, o
simbólico e cultural dos lugares, pois estabelece vínculos com a população através da
atividade turística e do lazer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os espaços públicos de lazer por tantas vezes vem apresentando conflitos
e contradições na reprodução da vida dos lugares, essa modificação se caracteriza
quando ambientes são turistificados com o fino propósito de alavancar a atividade
turística, deixando de lado quem mais precisa deles. O esforço para transformar
“lugares” para o lazer nas cidades vem sendo muito debatido ao longo dos anos,
sendo que, às vezes ou na grande maioria o planejamento feito pela política pública
não contempla a grande massa da população por diversos motivos, por exemplo,
(deslocamento já que esses ambientes estão localizados no centro da cidade, o não
acesso gratuito, entre outros), e além do que os espaços são reconfigurados para o
turismo onde acabam criando barreiras de exclusão aos morados pelos seus modelos
elitizados e controversos as realidades locais.
No entanto, o reconhecimento e inserção dos atores locais em lugares públicos
destinados ao lazer pela ação pública vem se “repaginando” ao ponto de observar a
comunidade como parte daquele espaço, posto que, as políticas públicas tomam o
novo olhar a essa parcela da população, porém com passos curtos no que tange ao
(consumo, segurança, ações culturais etc.). Vale destacar, que o desenvolvimento
do lazer deve perpassar por um processo de planejamento mais participativo, sem
deixar de considerar a população como parte importante de auto-identificação, onde
os espaços públicos de lazer, também motivados pelo turismo não tenham apenas a
valorização estética e mercadológica, e sim social para a cidade.
Com base nesse contexto, constatou-se a importância do planejamento
participativo na construção e gestão dos espaços públicos do lazer e do turismo, pois
estabelece parâmetros de sociabilidade ao lugar, lembrando que a população tem
direito ao acesso e direito ao lugar (BAHIA; FIGUEIREDO, 2008, p. 13), posto que, a
efetiva participação só será concretizada quando houver um olhar critico aos desafios
e comprometida com os anseios da população.
REFERÊNCIAS
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Regiane Caldeira
Profª. Me. Do curso de Bacharelado em Turismo da Unemat/Nova Xavantina/MT
regycaldeira@gmail.com
interview with the Departments of Urban Infrastructure, Urban Sanitation, Tourism and
Environment, as well as field research for observation and description of the urban
landscape and the touristic spaces. The results revealed that urban interventions in
the municipality are undertaken for the primary purpose of deploying the infrastructure
of which the local territory is lacking, but these interventions in the potentially touristic
areas have been presented with greater intensity, consequently, such outbreaks
indicate the need to observe closely the growth and development of these spaces in
an inclusive way (local community and tourist) and not exclusive to tourist activities.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo verificar as ações e práticas do poder público na
implantação e manutenção da infraestrutura com vistas ao desenvolvimento turístico
no município de Nova Xavantina (MT). Para a realização da pesquisa adotamos
procedimentos como consulta às bibliografias que trataram do tema urbanização
e turismo, as quais compõem a base teórica da pesquisa empreendida; entrevista
semiestruturada junto às Secretarias de Infraestrutura Urbana, de Limpeza Urbana de
Turismo e Meio Ambiente para a obtenção de dados e informações sobre as práticas
e ações do poder público voltadas à implantação e manutenção da infraestrutura
urbana; pesquisa de campo para a descrição da paisagem urbana do município.
A reflexão sobre estas questões, tendo como base a bibliografia consultada nos
direciona ao entendimento de que a inserção de algumas cidades economicamente
deprimidas no mercado turístico como uma saída para alavancar a economia local,
tem condicionado a produção do espaço urbano ao atendimento das demandas da
atividade turística, de forma a privilegiar os interesses do turista em detrimento da
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população local.
possui além do Rio várias quedas d’ água; Unidade de conservação - Parque municipal
Mario Viana (Parque do Bacaba) com 480 hectares, criado em 1995, anteriormente
no local funcionava uma base da força aérea e desde 1991encontra-se o Campus
da Universidade do Estado de Mato Grosso –UNEMAT, o parque possui várias
trilhas, além da própria estrutura em si ser um atrativo; Santuário de Nossa Senhora
das Graças – construção diferenciada que atrai devotos para atividades realizadas
durante todo ano. A igreja em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso
– Campus Nova Xavantina desenvolvem, no momento, um projeto voltado para o
turismo religioso. Na pesquisa privilegiamos os espaços potencialmente turísticos:
Praia do Sol e Praia da Lua.
Barreto (1999) já coloca que o turismo pode ser considerado como a soma de
relações e de serviços resultante de uma mudança de residência de forma temporária
e voluntária, cuja motivação é diferente das de negócios ou profissionais.
Diante das colocações dos autores consultados pode-se dizer que o processo
de urbanização no Brasil, até mesmo nos grandes centros se deu de forma precária,
por conseguinte, um significante número de municípios apresenta o mínimo de
urbanidade, ou seja, uma infraestrutura que não condiz com as exigências para a
efetiva caracterização de uma área urbana.
Em campo foi possível comprovar estas condições como pode ser observado na
figura 2. Esta situação dificulta a circulação de automóveis, motocicletas e bicicletas,
além de expor os seus usuários a riscos de acidentes. É importante destacar que
as vias públicas de todo o município apresentam este estado precário, até mesmo
aquelas próximas aos espaços urbanos considerados, pelos próprios Secretários
Municipais, potencialmente turísticos como praias do Sol e da Lua, Praças Públicas e
Santuário Nossa Senhora das Graças.
atendidos em três vezes por semana. Apesar do avanço neste setor, não existe no
momento nenhum projeto que tenha como objetivo a implantação da coleta seletiva.
Se por um lado existe uma ação positiva e benéfica, que seria a coleta regular, por
outro, pode-se notar que estes resíduos têm como destino o lixão, o que a curto e
longo prazo pode gerar danos não somente a imagem do município como também à
saúde da população.
Assunção (2012) explica que o turismo possui uma capacidade muito grande
de transformação e adaptação às exigências e novas demandas de mercado e isto
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faz com que deva se considerar os patrimônios cultural e natural, e aqui se inclui o
patrimônio arquitetônico, “como elementos estratégicos de grandes projetos turísticos”.
Portanto, há a necessidade de realizar a conservação das edificações antigas, pois a
paisagem composta por estes elementos muito interessa à atividade turística. Como
pode ser verificado em campo, em Nova Xavantina não têm ocorrido ações no sentido
de preservar o patrimônio arquitetônico.
Praça Jardim Tropical (Setor Nova Brasília) está 90% finalizada com as
seguintes estruturas: quadra esportiva sem cobertura; espaço infantil – playground.
turística do município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estas ações do poder público são corroboradas pela comunidade local que
sempre reivindicou práticas que procurassem valorizar os espaços potencialmente
turísticos para que estes pudessem ter um uso que proporcionasse a sua preservação
e se revertesse em recursos para o local, uma vez que o mesmo é carente de atividades
produtivas de outra natureza.
atividade, uma vez que o turista deseja consumir espaços organizados, agradáveis,
belas paisagens, bem como deseja desfrutar de conforto e comodidade, sem estes
requisitos a cidade não desempenhará atração sobre o mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT: The ordering of the public use of state of Amazonas Conservation Units
are currently in preparation. However, some units, including parks, tourists have
received to perform different activities. In Sumaúma State Park visitation is reality due
to be located in the urban area of Manaus. This article aims to analyze the existing
infrastructure in that park for tourism, in relation to those proposed for this category in
the State System of Conservation Units goals, providing information that enables steer
the conditions for public use. For research, he took advantage of on-site observation
and investigation in official documents. The data collected showed that the Sumaúma
State Park is not ready to receive visitors properly.
1 INTRODUÇÃO
A criação de áreas naturais protegidas tem sido uma das principais estratégias
para a conservação da natureza, tendo como principal objetivo a preservação de
espaços com atributos ecológicos importantes. O desenvolvimento da atividade turística
AMAZONAS – SEUC
Instituído pela Lei Complementar no. 53, de 05 de junho de 2007, o Sistema
Estadual de Unidades de Conservação baseia-se no Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza – SNUC (Lei no. 9.985, de 18 de julho de 2000). Esta
lei estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades
de Conservação estaduais, classifica infrações e trata das infrações e penalidades
cometidas em seu âmbito (AMAZONAS, 2007).
O processo de elaboração da Lei do SEUC trouxe muitos avanços no que se
refere a temas que ainda não foram tratados pelo Sistema Nacional (SNUC). Estes
avanços são fundamentais para consolidar a execução da atual política de conservação
que vem sendo adotada pelo governo do Estado do Amazonas.
Categorias inéditas de UC foram inseridas no contexto do Sistema Estadual,
tais como Estrada Parque (Art. 23) e o Rio Cênico (Art. 25). Foi redefinida a Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) como categoria de proteção integral e criada
a Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável – RPDS na categoria de uso
sustentável para as áreas particulares.
A Lei estabelece um capítulo específico que trata da questão de fiscalização,
infrações e penalidades, estabelecendo inclusive os valores das multas e dando
maior agilidade aos processos de aplicação e execução das mesmas. Inclui também
um capítulo que trata do ordenamento fundiário das UCs garantindo os contratos
de concessão de direito real de uso (CDRU), atendendo as suas finalidades
socioambientais.
No Estado do Amazonas, 24% do território são destinados às UCs federais e
estaduais em diferentes categorias, com uma área de 36.520,440 milhões de hectares,
sendo 11,92% do governo Federal e 12,19% do governo estadual (AMAZONAS, 2009).
O SEUC possui sob sua responsabilidade, 41 UC sendo 33 de uso sustentável
e 08 de proteção integral, correspondendo uma área de 18.808.342,59 milhões de
hectares. São 15 diferentes categorias de manejo, das mais restritivas às menos
restritivas (AMAZONAS, 2011):
Isso não significa que se deva proibir a visitação nas UC pois, muito embora ela
gere impacto, também oferece diversas vantagens, como: educação ambiental, lazer
em contato com a natureza, geração de receitas para a UC, geração de renda para
população do entorno.
O parque recebeu esse nome por ter em sua área algumas espécies de Sumaúma
que se destacam no seu interior. A Sumaúma é uma árvore frondosa considerada
sagrada pelo Povo Maia e pelos que vivem na floresta, seu nome científico é Ceiba
pentandra e possui crescimento rápido e pode atingir 70 metros de altura (GRIBEL et
al 1999).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para que um Parque possa receber seus visitantes é necessário que o mesmo
disponha de mínima infraestrutura e serviços eficientes, tendo em vista que o próprio
parque com suas atividades são as atrações para os visitantes. No que diz respeito à
infraestrutura, como o tema abordado é em uma UC, é necessário adaptá-la para que
possa atender às necessidades dos visitantes.
a oferta de infra-estrutura mínima é condição essencial para o atendimento às
necessidades da demanda turística. Porém, a satisfação desse item engloba
também a necessidade de planejamento com o mínimo impacto ambiental e
total integração entre grupos sociais envolvidos. (COSTA, 2002, p 41).
sentido o “Programa turismo nos parques” dispõe sobre a infraestrutura mínima para
esta categoria de unidade de conservação, a saber: sede administrativa, portaria,
centro de visitantes, sinalização e trilhas de acesso aos principais atrativos (BRASIL,
2008).
saem em caminhada para percorrer as trilhas. Durante a caminhada nas trilhas são
abordados temas sobre o meio ambiente, o objetivo é oferecer ao visitante mais uma
opção de atividade, possibilitando a interação com a natureza e o aprendizado. A
finalidade das trilhas pode ser de interpretação ou simples observação. Dentre as
trilhas há uma em especial construída em concreto com a intenção de atender tanto
aos cadeirantes quanto as crianças.
O parque recebe público diverso, desde grupos de católicos para retiros
espirituais a grupos da terceira idade. Percorrendo as trilhas, observa-se que ao longo
delas existem alguns espaços onde são desenvolvidas atividades lúdicas com temas
voltados para o meio ambiente. Alunos de escolas estaduais e municipais participam e
interagem com instrutores em busca de conhecimentos a respeito do tema abordado.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito embora a visitação à UC em geral seja admitida pelo SEUC, o principal
objetivo de qualquer uma é a proteção do ambiente natural, com especial destaque
para os recursos da biodiversidade; a visitação deve estar prevista no Plano de
Gestão, que envolve o Plano de Uso Público (PUP) e ser realizada de acordo com as
restrições nele impostas.
De acordo com informações obtidas durante esta pesquisa, foi possível observar
que:
7 REFERÊNCIAS
AMAZONAS. Lei No. 3.741, de 26 de abril de 2012. Dispõe sobre os limites do Parque
Estadual Sumaúma (Parest Sumaúma), criado Decreto No. 23.172, de 05 de setembro
de 2003), e dá outras providências. Diário Oficial do Amazonas. 2012.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GRIBEL, R.; GIBBS, P.; QUEIRÓZ, A. L.. Flowering Phenology and Pollination
Biology of Ceiba pentandra (Bombacaceae) in Central Amazon. Journal of Tropical
Ecology, v. 15, n. 3, p. 247-263, 1999.
RESUMO: este ensaio faz parte de uma pesquisa em que, num certo momento textual,
procura, através da contraposição de três concepções distintas de turismo, discutir a
relação entre esse conceito e os de urbano e de cidade. É uma pesquisa qualitativa,
amparada na Complexidade. Percebem-se as dificuldades do termo ‘turismo urbano’
e a necessidade de distingui-lo das práticas turísticas que têm as cidades como palco,
e cuja presença é, através dos tempos, um signo de ‘urbanidade’. Na sequência,
analisa-se essas relações sob a arquitetura produtiva do capitalismo tardio, em que
é atribuído ao turismo um novo papel do turismo na economia das metrópoles, tendo
em vista o aumento das mobilidades e a tendência de mesclar o binômio moderno
tempo de trabalho e de não-trabalho. No entanto, no caso das metrópoles brasileiras,
percebem-se também outras tendências contemporâneas como a migração da
sociabilidade para novos espaços semiprivados, com implicações sobre a dinâmica
dos lugares públicos outrora consolidados enquanto espaços identitários e atrativos
turísticos, o aumento dos condomínios fechados, e a escassez de informação dirigida
aos visitantes; elementos que irão minar o discurso turístico da cidade enquanto lugar
do encontro e da diversidade e questionar a configuração das metrópoles brasileiras
enquanto destinos, com seus respectivos imaginários e práticas turísticas a esses
associados. O que por fim irá retornar ao questionamento das próprias concepções de
turismo colocadas no início do ensaio. Em que pese certas constatações tenham sido
generalizadas, esse ensaio tomou como base de suas reflexões a cidade de Porto
Alegre.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo em cidades. Urbanização contemporânea. Metrópoles
brasileiras. Porto Alegre.
to merge the modern dichotomy between labor time and non-labor time. However, in
the case of Brazilian metropolises there are other contemporary trends such as the
migration of cities sociability to new semi-privatized spaces, which has implications on
the dynamics of public places formerly consolidated as spots of social identity and as
tourist sights, the rise of gated communities, and the lack of information addressed to
visitors. These aspects will undermine the discourse of the city as place of encounter and
diversity and will question the configuration of Brazilian metropolises as destinations,
for which there should be associated with tourist imageries and performances. At last,
this considerations will return to the questioning of the very own tourism concepts
under which the essay started. Despite some findings were generalized, this essay
drew its conclusions from the reality of Porto Alegre, Brazil’s southernmost capital.
KEY-WORDS: City tourism. Contemporary urbanization. Brazilian metropolises. Porto
Alegre.
1. PROVOCAÇÕES INICIAIS
Nos meses que antecederam a Copa do Mundo no Brasil uma das pautas
presentes na mídia era a discussão sobre em que medida as cidades-sede preenchiam,
ou não, os requisitos para serem consideradas cidades turísticas. Opiniões como: “o
que virão fazer aqui fora os jogos? Não tem nada para ver, e nem tem praia”, eram
contrastadas com anúncios de investimentos importantes na ampliação da oferta
hoteleira e no discurso do turismo como justificativa para as intervenções urbanas.
Por outro lado, havia a tentativa de capturar a opinião sobre o que os estrangeiros
“pensam de nós” e sua impressão de surpresa, apreciação ou indiferença sobre
determinados ícones identitários da mitologia fundacional de cada destino. Já aos
visitantes domésticos, que aportam às cidades por inúmeras razões, não era conferido
o status de turistas, pois “são gente nossa, fazem parte do movimento normal”. Será
que esse movimento é turismo? Ou para isso é necessária a figura do ‘outro’, o turista
estrangeiro rico no paraíso (sub) tropical?
(2007). Como realidade sobre a qual buscamos dados e exemplos para ancorar nossa
reflexão está a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
Monte-Mór (2011, p.231) apresenta a cidade como sede da tríade festa, poder
e excedente coletivo. Por concentrarem aparelhos de Estado, serem as praças de
mercado para trocas, ter concentrado a industrialização no país, as cidades constituem
centralidades polarizadoras de fluxos e hoje, com a terceirização de suas economias,
permanecerem como sedes de decisão das empresas e do Estado. Mas haveria
nessas mobilidades, fluxos que podem ser caracterizados como turísticos? Antes de
examinar essa questão é válido apontar a distinção apresentada por Duhamel (2007),
que descartam o uso da expressão ‘turismo urbano’, frequentemente aludida como um
segmento do mercado de viagens, pautado pela visita a cidades ao invés de praia ou
montanha, e que foi incorporada no discurso acadêmico. Os motivos para o abandono
da expressão são :
a) o turismo é intrinsecamente urbano, pois é feito por citadinos
– então o adjetivo não é necessário ; b) mal nomeado, pois o
‘turismo urbano’ significa ‘turismo na cidade’, e não dá conta da
diversidade de situações urbanas provocadas pelo turismo : es-
tações turísticas, colônias de férias, sítios turísticos, metrópoles
turísticas, cidades de segunda residência, etc. Do mesmo modo,
evitaremos falar em atração ou vocação dos lugares, pois ge-
ralmente tais termos, empregados após a turisficação (mis en
tourisme), não dão conta das razões que presidiram a sua trans-
formação. (DUHAMEL, 2007, p.354)
Para Gastal (2006), o imaginário turístico sobre a cidade está calcado na tríade
praça, palco e monumento. Brevemente, a praça corresponde ao lugar do encontro,
das trocas e das festas. O monumento como elemento para a constituição da identidade
e memória daquele espaço em diferentes tempos e como possibilidade da leitura e
interpretação dessas pelos visitantes. O palco como um local para ver e ser visto, com
destaque para o espaço público, entendido como em Gomes (2013) enquanto espaço
da publicidade, distinto do espaço político, da polis. Certamente esses são elementos
simbólicos e podem travestir-se e estar presentes em outros referentes: o shopping
corresponder à praça, o metrô ser um monumento, ou praça ser o palco. Já a literatura
anglo-saxã, a exemplo de Hayllar et al (2011), identifica o que denomina de tourist
precints, que seriam determinadas áreas da cidade que acabam por concentrar as
atividades dos visitantes e os serviços para eles intencionados, no que seriam áreas
funcionais turísticas, a exemplo das antigas áreas industriais ou portuárias da cidade
moderna, Spirou (2011), em analogia aos CBDs [Central Business Districts] aponta
esses espaços como CRDs [Central Recreational Districts].
4 Forma urbana típica do capitalismo avançado, que designa os múltiplos fragmentos do urbano tecido
conectados por redes que possibilitam a mobilidade e interação entre essas ilhas. Ao contrário da centralidade,
fator decisivo na constituição da cidade compacta do capitalismo industrial, e que a diferenciava do espaço rural
circundante.
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a tendências globais. Verifica-se isso em consulta aos recortes sobre o Touring Club
do Rio Grande do Sul5, instituição que surge a essa época com intuito de promover o
turismo no estado. Nesse sentido, um tema que merece investigação é a possibilidade
de não estar ocorrendo também com o turismo um descolamento entre referente e
significado, na medida em que a promoção do status turístico de uma cidade veicula
uma marca e uma imagem de uma urbe desejada por seu idealizador, mas que muitas
vezes não corresponde às práticas e aos imaginários dos turistas ali encontrados,
e tampouco à existência de uma territorialidade hospitaleira difundida entre os
habitantes locais que comunique essa imagem, buscando torna-la “legível” para os
visitantes (PIMENTEL, 2013). Aí reside a importância de uma abordagem geográfica
do turismo que busque analisar as práticas dos diferentes atores, compreendendo
o turismo enquanto um sistema – concepção (c) – situado e com especificidades no
modo em que cada arranjo estudado está associado. Seria interessante verificar o
surgimento dessas citybrands e o modo como estão associadas, ou não, a práticas
turísticas, e quais outros atores e setores que promovem e têm interesse em promover
determinados imaginários sobre a cidade.
4. Quase concluindo!
O espaço urbano não é construído por/para um sujeito apenas, mas por/para muitos
e estes apresentam olhares identitários singulares, de formação específica, diversidade
social e, portanto, interesses e necessidades. Deve-se estar atento, pois vive-se em um
mundo repleto de falsos conceitos e expectativas sobre as culturas e comunidades às
quais não se pertence. No entanto, cada vez mais, parece ser a diversidade a norma
estabelecida. A cidade deve ser vista como uma representação da condição humana,
sendo que esta representação se manifesta através da arquitetura em si – das formas
e da ordenação dos seus elementos – estrutura e processo. As cidades modernas
são complexas e procuram apresentar áreas com especialização que atendam as
características individuais dos diversos grupos, constituindo-se de lugares urbanos.
Tais lugares trazem singularidades e criam diferentes marcas na paisagem, sentidas
e, portanto representadas diferentemente pelos sujeitos. O movimento da cidade deve
ser disciplinado e incentivado por planos diretores. Quando o plano diretor não existe,
tende a aumentar a indisciplina na ordenação espacial o que parece favorecer mais
um possível sentimento de medo. A salvaguarda dessas especificidades é necessária,
pois favorece a heterogeneidade do tecido urbano e conserva a história da ordenação
espacial, assim materializada (CASTROGIOVANNI, 2013).
capitalista. Ele é visto como mercadoria e, portanto, participa das trocas. O espaço
é produzido, ocupado e transformado de acordo com modernas tendências. Áreas
desocupadas, como montanhas, desertos, banhados e até mesmo fundos de oceanos
e mares são ocupadas ou apropriadas, destinando-se ao lazer para quem pode usufruir
delas. O espaço comum tende a se desvalorizar. O território, ou seja, a configuração
geográfica do espaço é um produto que possui um valor relativo. O valor de consumo
do território inserido no espaço atende às tendências do mercado e, nem sempre, às
necessidades sociais.
REFERÊNCIAS:
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RESUMO: Dentre as múltiplas possibilidades das narrativas, temos que elas são
capazes de nos fazer viajar simbolicamente e, assim, também acabam por motivar
deslocamentos físicos. Dessa forma, é recorrente a associação entre cinema e turismo,
principalmente como estratégia de marketing de destinos. Exemplo dessa dinâmica
está na recente produção do cineasta Woody Allen, alterando suas características
habituais e se deslocando para criar em cenários europeus. A fim de analisar esse
contexto, voltando nosso olhar para as tensões envolvendo as representações do
urbano e as questões identitárias, examinamos, com inspirações na técnica de
análise do conteúdo, o filme Vicky Cristina Barcelona. O filme tem como destaque a
narração da cidade de Barcelona e obteve grandes êxitos na promoção do destino,
garantindo diversificação das decorrentes apropriações e retorno dos investimentos
públicos e privados realizados, porém também acabou por refletir em conflitos acerca
das identidades que omite e/ou coloca em destaque.
ABSTRACT: Among the multiple possibilities of narratives, we assume they are able
to make us travel symbolically, and thus happen to motivate physical displacements as
well. In this way, the association between cinema and tourism is recurrent, especially
as a marketing strategy for travel destinations. An example of this dynamic can be
found in the recent production of the filmmaker Woody Allen, who changes his usual
features and dislocates in order to create in European sceneries. For the purpose of
analyzing this context while turning our attention to the tensions which involve urban
representations and identity issues, we examine the film Vicky Cristina Barcelona, with
inspirations of the technique of content analysis. The film is highlighted by the narration
of the city of Barcelona and achieved great success in promoting the destination,
ensuring the diversification of appropriations and the return of public and private
investments, nevertheless it also turned out to reflect on conflicts about identities which
were omitted and/or highlighted.
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, devemos ressaltar que essa “proteção mediada” possui seu viés
negativo, pois demonstra a construção de uma zona de conforto onde o espectador-
viajante se posiciona para “dialogar” com a alteridade a partir de uma visão às vezes
etnocêntrica. Cabe reforçar que os espetáculos-produtos – principalmente quando
pensamos em obras de ficção – não possuem compromisso com a realidade e
recebem a impressão das características de seus criadores.
Retrato do exposto pode ser obtido quando voltamos nossos olhares para
a recente produção do roteirista e diretor Woody Allen. Com alteração em sua
filmografia, a maioria de suas últimas películas possui como mote as histórias fora de
sua locação habitual, os Estados Unidos, e acaba por promover destinos turísticos,
que são apresentados em destaque enquanto cenário de construção das tramas ou
mesmo com personificação das cidades, tornando o lugar personagem das histórias.
filme”. Dessa forma, é destaque que os artistas consigam realizar a tarefa de fazer com
que possamos nos deslocar e emergir em outros espaços, ainda que estacionados
em nossos ambientes habituais.
Sendo assim, o trabalho aqui proposto visa pensar o cinema e sua relação
com os deslocamentos turísticos, direcionando nossa atenção para os efeitos na
cidade-cenário de Barcelona, bem como sua relação com os diversos atores sociais
envolvidos nesse processo. Além de pensar a representação do urbano e o marketing
de destinos, observaremos a abordagem dos aspectos identitários apresentados pelo
filme.
torna obsoleto e vários outros são formatados em sequência, buscando que o ciclo
dos lucros e do crescimento econômico não tenha freios.
elaborado por Guy Debord. Como apresentam Lopes Filho [et al] (2012, p. 48), as
narrativas imagéticas transmitem seus valores simbólicos e, dessa forma, alteram
a percepção sobre determinada realidade. Nesse simulacro, o que é colocado em
destaque é “[...] algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível, transmitindo aí a
noção de que ‘o que aparece é bom’”. Nesse cenário, uma vez mais, força e penetração
da mídia se destacam, tratando das intervenções emocionais que são capazes de
promover, ainda que de forma inconsciente.
Refletindo o que o foi discutido até aqui, através do olhar de Urry (2001, p.
123) temos que “o turismo é prefigurativamente pós-moderno, devido a sua particular
combinação do visual, do estético e do popular”. Sendo assim, pensar imagens e
imaginários nesse cenário é de fundamental importância na compreensão da forte
relação entre a mídia e o fenômeno turístico, ainda levando em consideração o desejo
em se criar espetáculos que envolvam e desloquem os viajantes.
O pós-modernismo problematiza a distinção entre as representações e a
realidade. Isso resulta de inúmeros processos. A significação é cada vez mais
figurativa ou visual e, assim, existe um relacionamento mais próximo e íntimo
entre a representação e a realidade do que quando a significação se exerce
através das palavras e da música, sem as vantagens de um filme, televisão,
vídeo, vídeo pop, etc. Além disso, uma proporção cada vez maior dos
referentes da significação, a “realidade”, é uma representação ou, conforme
a famosa argumentação de Baudrillard, aquilo que consumimos cada vez
mais são os signos ou representações (URRY, 2001, p. 121).
É tido que o turismo envolve a criação de espetáculos e que, por muitas vezes,
Aquilo que as pessoas “contemplam” são representações ideais da vista em
questão e que elas internalizam a partir dos cartões postais, dos guias de
viagem e, cada vez, mais, dos programas de televisão. Mesmo quando não
conseguem “ver” de fato a maravilha natural em questão, ainda podem senti-
la em suas mentes. Mesmo quando o objeto deixa de corresponder a sua
representação, é esta última que permanecerá na mente das pessoas, como
aquilo que elas “viram” de verdade (URRY, 2011, p. 122).
Como expressa o trecho, pode ser observado que é recorrente que o imaginário
de determinado destino torne-se tão consolidado para o viajante que, mesmo após uma
experiência real no local, sua percepção permaneça inalterada, pautada principalmente
nos elementos que fizeram parte da composição de sua formação emocional anterior,
baseadas nos diversos produtos midiáticos com os quais teve contato.
A cidade narrada pelos produtos culturais, conforme colocado por Susana Gastal
(2005), se apresenta como “marca da pós-modernidade” e como grande representação
da “civilização da imagem” em que vivemos. Cada vez mais a dimensão estética e as
sensações obtidas através do olhar ganham grande força em nossa formação como
indivíduos, sendo capazes de criar ou alterar valores e pensamentos.
Partimos em viagem por conta dos mais variados motivos, mas principalmente
pelo desejo de encontrar o outro; aquilo que não vivemos em nosso cotidiano.
Conforme descreve de Botton (2012, p. 22), na arte – salientando que as narrativas de
viagem apresentam-se sob os mais diversos suportes dela, seja através do cinema,
da literatura ou da pintura, por exemplo – torna-se mais fácil vivenciar as expectativas,
eliminar os períodos de tédio e dar maior atenção aos momentos críticos.
Sendo assim, como coloca o autor, “[...] parece que estamos mais capacitados
a habitar um lugar quando não enfrentamos o desafio adicional de estarmos mesmo
presentes ali” (DE BOTTON, 2012, p. 30). Dessa forma, os deslocamentos simbólicos
que nos são narrados trazem, ainda, essas características para maior identificação e
encantamento de seu espectador-viajante.
Em oposição, usando do que foi exposto por Urry (2001, p. 15), quando tratamos
de “lançar um olhar ou encarar um conjunto de diferentes cenários, paisagens ou
vistas de espaços que se situam fora daquilo que, para nós, é comum” nos vemos
ainda mais envolvidos e, em muitos casos, motivados a nos mover e experimentar
turisticamente aquilo que somente observamos.
Como também trata o autor, os olhares são construídos das mais diversas
maneiras, através da diferença, não existindo apenas um único olhar que possa ser
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Nesse sentido, temos que o cinema realiza uma propaganda sutil, encoberta
por seu desenvolvimento narrativo. Segundo Stanishevski apud Aertsen (2011, p. 2),
temos que:
El cine, especialmente el de ficción, juega um papel importantísimo en la
creación de la imagem de un destino, un territorio, una ciudade o un país como
posible destino turístico. Sus mensajes no seu perciben como publicitarios, ya
que la mente del receptor está aberta a la recepción tanto em su dimensión
subconsciente como consciente (a diferencia de um mensaje percebido y
reconocido como publicitario), por lo tanto sus efectos persuasores se hacen
mayores y pueden ser tanto positivos como negativos, dependendo de
aquello que se perceba.
Os set jetters, como são chamados, tornam-se cada vez mais numerosos e
público-alvo bastante visado por diversos destinos. Em busca dos cenários onde se
desenrolam as tramas de seus filmes, programas de TV ou livros favoritos, esses turistas
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têm o imaginário (re)formatado pelos diversos produtos como sua principal motivação
de viagem. Nesse sentido, como reflete Nascimento (2009), há impossibilidade de
pensarmos as imagens dos mais variados destinos sem considerar a influência de
todas as obras que deles tratam.
Sua trajetória além dos limites dos EUA começa na Inglaterra, com o filme Ponto
Final – Match Point (2005), seguindo com Scoop – O Grande Furo (2006) e O Sonho
2 Dados obtidos através de levantamento realizado nos sites Internet Movie Database (IMDb) – www.imdb.
com – e Adoro Cinema – www.adorocinema.com – com acesso em datas diversas, até junho de 2014.
3 ISTOÉ ONLINE. Quanto vale Woody Allen. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/18761_
QUANTO+VALE+WOODY+ALLEN.
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de Cassandra (2007). O diretor, então, parte para mais um grande sucesso, dessa
vez filmando na Espanha, com Vicky Cristina Barcelona (2008), retorna à Inglaterra
com Você Vai Encontrar o Homem dos Seus Sonhos (2010), segue para a França
com Meia-Noite em Paris (2011) e, mais recentemente, filma Para Roma Com Amor
(2012), na Itália.
unidade espanhola através de touradas, praias e festas, o recente filme busca construir
a imagem da cidade através das artes, arquitetura e urbanidades, ressaltando as
diversas possibilidades que os espaços oferecerem e as experiências proporcionadas
quando da interação com eles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tido como cineasta das cidades, principalmente por sua relação afetiva com
Nova York, Woody Allen reafirma essa característica em sua recente produção
estrangeira. Quando pensado o intuito de promover os destinos, ao trazer seu nome
impresso, até o mesmo o título da obra analisada já é indício bastante expressivo de
seus objetivos.
que o diretor e roteirista Woody Allen conquista, mas sua forte valorização perante
o mercado cinematográfico, absorvendo um novo nicho de mercado e grandes
interesses dos diversos atores sociais – instituições públicas e privadas. É notório o
reconhecimento do artista em diversas esferas, como o título de doutor honoris causa
concedido pela Universidade Pompeu Fabra e, mais recentemente, sua possibilidade
de retorno aos EUA com o filme Blue Jasmine (2013).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Vicky, Cristina, Barcelona. Razón y palabra, n. 77, p. 53, ago./out. 2011.
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2011.
ABSTRACT: The speed of urbanization and tourism has caused significant changes
in the landscapes of cities which leads to questions about how these changes are
perceived in a certain place. Under this view, the general objective of this research is
to analyze the perception of influences of tourism in the urban landscape, adopting,
as a case study, the city of São Luís, Maranhão. The methodological procedures were
supported by bibliographic, documental and empirical research with quantitative and
qualitative analysis of responses from questionnaires given to tourists and residents.
The results reveal that, in general, the respondents perceived the interventions in the
urban landscape of tourism in the specific local in study, Portugal Street, in terms of both
positive and negative aspects. Therefore, it is concluded that the landscape changes
occurring in the Historic Center of São Luís are coming not only from urbanization and
revitalization projects, but also of tourist activity..
KEY WORDS: Tourism. Urban landscape. Perception. Historic Center of São Luís.
Portugal Street.
INTRODUÇÃO
Com a adoção do turismo como uma das suas principais fontes econômicas, a
cidade absorve os seus impactos, dentre os quais se destacam aqueles pertinentes a
intervenções na paisagem urbana, gerando, por um lado, benefícios aos locais histó-
ricos, com a preservação e revitalização dos seus espaços para visitação (LIHTNOV;
VIEIRA, 2010; OLIVEIRA; ANJOS; LEITE, 2008) e, por outro, situações paisagísticas
deletérias se oriundas de ações inadequadas.
Por sua vez, Andreotti (2012, p.6) comenta que a paisagem vai além da sua
própria definição, refletindo a sociedade e a sua história, pois, para a autora, “não
pode ser separada do homem, seu espírito, da sua imaginação e percepção”.
Para os autores citados, a paisagem pode, portanto, ser captada pelo homem
nos seus aspectos tanto rurais quanto urbanos. Adicionalmente, Hardt (2000) a
conceitua como combinação de elementos naturais e antrópicos, inter-relacionados e
interdependentes, que produzem um conjunto de sensações.
ESTRUTURAÇÃO METODOLÓGICA
4 Estudos de caso são estratégias preferidas quando questões “como” ou “porque” estão presen-
tes e quando o investigador tem reduzido controle sobre os eventos. Trata-se de uma investigação
em que se procura compreender, descrever ou explorar acontecimentos sobre uma situação espe-
cífica, e seu principal intuito reside na interação entre fatores e eventos, de forma a contribuir para
a compreensão global do fenômeno de interesse (YIN, 1994).
5 O delineamento com agrupamentos corresponde à escolha de um plano a ser conduzido para
a investigação em relação às categorias dos objetivos, procedimentos, objetos e fontes de informa-
ção, ou seja, compreende a verificação de semelhanças entre tipologias de pesquisa (VERGARA,
2004).
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Figura 1: Mapa de localização do Centro Histórico de São Luís com destaque para a
Rua Portugal
Cabe mencionar que a maioria dos entrevistados estava em São Luís pela
primeira vez e a comparavam com outras cidades que já tinham visitado. Pesquisa
realizada pela Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento (FSAD, 2004,
s.p.), sobre a atratividade da capital maranhense em comparação com outros destinos
similares, aponta que:
o polo São Luís possui uma pior avaliação da atratividade (isto é, mais próxima
do valor 1) quando comparado com Salvador, Recife e Olinda – cidades
igualmente marcadas pela diversidade do patrimônio histórico-cultural
e pelas praias. No entanto, quando comparado a cidades exclusivamente
associadas ao patrimônio histórico (como são os casos das cidades históricas
mineiras, como Ouro Preto e Mariana), São Luís encontra-se melhor
posicionado (isto é, mais próximo do valor 5).
Ratificando essas exposições, Dal Molin e Oliveira (2008, p.7) expõem que:
quando a própria paisagem, com edificações, praças, monumentos, entre
outros pontos nodais, se torna a atração, concomitante à apreciação do
conjunto estrutural, são criados significados novos atribuídos aos seus
elementos que refletem na percepção do olhar, motivados por essa bagagem
simbólica primordial.
Relevante proporção de 73,0% dos respondentes disse que não acredita que
a paisagem do Centro Histórico de São Luís vem sofrendo intervenções oriundas de
políticas públicas de turismo, criticando a gestão municipal e estadual, a exemplo da
colocação de que a atividade é desorganizada e que o “centro histórico não está em
condições de atender turistas por falta de infraestrutura, atrações extras e acervo
arquitetônico (MORADOR 10, 2014). Todavia, o restante dos entrevistados afirma a
existência dessas intervenções, mas não soube explicar suas causas e suas formas
de implementação, parecendo não entender o contexto de políticas públicas.
Vale destacar que houve dificuldade dos entrevistados para listar as mudanças
na paisagem ou discorrer sobre o assunto, com algumas respostas vagas com recusa
do respondente para explicar ou aprofundar o tema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Cullen. Revista Da Vinci, Curitiba, v.5, n.1, p.61-68, 2008.
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Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF,
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547
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RESUMO: O artigo apresenta uma discussão sobre a gestão de orlas urbanas, com
direcionamento ao modelo de planejamento e gestão democrático-participativa adotado
na orla da cidade de Belém/PA, no recorte territorial denominado ‘Complexo Ver-O-
Rio’, e a atividade do segmento de turismo e suas principais características como
fenômeno social, enfatizando o modelo de turismo sustentável, que é trabalhado para
oportunizar a população das localidades o desenvolvimento de atividades de lazer,
turismo e geração de trabalho e renda. Esse artigo é derivado de uma dissertação
de mestrado que teve como base a utilização de técnicas metodológicas de análise
documental e entrevistas semiestruturadas direcionadas aos atores envolvidos nesse
processo de planejamento e gestão, como planejadores, gestores públicos e outros. O
artigo mostra que o modelo de gestão democrático-participativa apresenta diferenças
fundamentais para uma cidade mais justa com inclusão social, geração de trabalho e
renda e aproveitamento dos recursos do território de forma coletiva.
INTRODUÇÃO
O setor turístico nos últimos anos tem sido considerado um dos mais importantes
segmentos da economia internacional, não apenas pela justificativa de seus índices
de crescimento e desenvolvimento socioeconômico, mas principalmente por ter se
transformado em uma das alternativas que proporcionam a geração de emprego e
renda e inclusão social, possibilitando, em consequência, o aumento da qualidade
de vida e da reestruturação das relações sociais desestabilizadas pelos problemas
inerentes as lacunas do desenvolvimento (CORIOLANO, 2006).
3 Esta pressão leva à poluição e contaminação da orla, como aponta Ramos, 2004. Contudo, este não é o
foco de nossa análise.
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Constituição Federal de 1988, passa a ser utilizado como principal meio de promover a
reforma urbana, voltado para o processo efetivo de participação popular nas decisões
relativas à vida da cidade. (SOUZA, 2008).
é uma tarefa que tem de ser fomentada e coordenada pelas instâncias políticas que
podem, de fato, sentir e intervir nas destinações. Esta função compete aos governos
locais que devem elaborar e implementar políticas públicas que enfoquem não só
o ponto de vista econômico, mas, principalmente, os aspectos sociais, culturais e
ambientais do turismo (BOVO, 2006).
TURISMO SUSTENTÁVEL
Aliada ao declínio dos fluxos econômicos, Belém passou por um rápido processo
de metropolização e urbanização, típica de áreas periféricas do sistema capitalista,
ocasionando uma expansão urbana desordenada e sem critérios quanto ao uso do
solo que legou para a cidade problemas estruturais e funcionais paisagisticamente
visíveis, como é o caso do atual estado de ocupação em que se encontra sua orla
fluvial (SANTOS, 2002). A cidade, que ao longo do tempo, cresceu “de costas” 6 para
o rio, hoje busca resgatá-lo através de políticas urbanas pontuais (AMARAL; VILAR,
2005).
A gestão do uso do solo da orla fluvial de Belém, seja pelo Estado ou por outros
agentes produtores do espaço urbano, sempre esteve vinculada a fins econômicos e
individuais, segregando e privando a população de Belém de suas raízes ribeirinhas
5 Vejamos o que diz SARGES, 2002 ao analisar a Belém da Belle-Époque (1870-1912): “ A re-
modelação da cidade tornou-se um projeto das elites locais que a propunha em nome do progresso e
do interesse coletivo”, p. 161.
6 Esta expressão é usada para explicar como a cidade de Belém, que é cercada por rios e baías,
e que nasceu às margens da baía do Guajárá, cresceu e desenvolveu seu processo de povoamento e
urbanização através da expansão da construção de ruas e imóveis com faixadas viradas para o lado
oposto às margens dos rios localizados na frente da cidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FREY, K. “Crise do Estado e Estilos de Gestão Municipal”. Revista Lua Nova, nº 37,
1996, p. 107-138.
KEY WORDS: Sports mega-events. Popular protests. FIFA world cup, Brazil
1 Bacharel em Turismo pela Fundação Educacional São José, MG. Mestre em Turismo e
Meio Ambiente pela UNA-BH. Doutorando em Turismo, Direito e Empresa pela Universitat de Girona,
Espanha. Professor Assistente do Departamento de Administração e Turismo da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro.
2 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Paraná. Mestre e Doutor em Ciências da
Comunicação pela Universidade de São Paulo. Professor Classe Titular no curso de Graduação em
Turismo e nos Programas de Pós-Graduação de Geografia e no de Turismo da Universidade Federal
do Paraná.
3 Doutor em Geografia pela Universidade de Girona. Atualmente é professor Titular na Universitat
de Girona e membro do Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa em Turismo (LMRT).
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INTRODUÇÃO
Neste trabalho se teve por objetivo fazer uma reflexão teórica relacionada aos
megaeventos esportivos no contexto das manifestações populares que se espalharam
pelo Brasil a partir da realização da Copa das Confederações da FIFA Brasil 2013
evento preliminar à realização da Copa do Mundo de Futebol da FIFA de 2014. Para
isso, no decorrer do texto serão apresentados conceitos, definições e análises que
objetivam possibilitar uma melhor compreensão sobre o tema.
As colocações de Hall (2006) remetem à ideia de que a maior parte dos custos
e investimentos realizados durante a preparação de uma localidade sede para a
realização de megaeventos esportivos normalmente recai sobre os cofres públicos e
não sobre a iniciativa privada como muitos gostariam que ocorresse.
2 DESENVOLVIMENTO
Com isso, se constatou que por um lado a Copa do Mundo da FIFA estava
gerando empregos e remuneração elevada para diferentes setores da cadeia produtiva
do turismo, por outro lado estava gerando protestos e questionamentos sobre a
capacidade das autoridades públicas promoverem o evento com transparência,
segurança e controle dos gastos públicos com a preparação do mundial.
Complementando sua análise, Tuluy comenta que pela primeira vez na história
havia mais latino-americanos na classe média do que na pobreza. Nesse cenário, o
autor esclarece que esse contingente volumoso não garantia que a sociedade como
um todo estivesse vivendo dentro dos padrões de classe média. (TULUY, 2013).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BELO, E. Valor Econômico, 2014. Copa cria empregos e engorda salários. Caderno
Empresas, página B11, 25, 26, 27/04/2014.
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MAGRO, M. In: Valor Econômico, 2014. Supremo julga ação da PGR que questiona
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NOGUEIRA, M.; SANTANA, I. In: Valor Econômico, 2014. Comunicação pode falhar
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ROCHE, M. Mega-events and modernity: Olympics and expos in the growth of global
culture. London: Routledge, 2000.
Abstract
Urban areas have potential for the development of tourism. The production of urban
space must take place through a community-based planning, so that acceptance, knowledge
and understanding of the local population are directly related to the success of the project.
Tourism can take advantage of local potential seeking provide economic gains, social, cultural
and environmental with a responsible development, compatible with the environment where
the community is entered. On the basis of the above, this study aims to analyze the 2004
master plan of Curitiba law nº. 11266 December 2004 and his contributions to tourism in the
capital of Paraná. To achieve this goal, we conducted a documentary study with emphasis on
the analysis of law nº. 11266 December 2004. As a result, it was found that Curitiba, through
participatory planning, seeks to adapt the new realities and in the global market as a competitive
city, in search of investments for economic growth, harmonizing environmental and cultural
preservation, creating spaces that provide your users experience enjoyable, so providing a
high level of quality of life. Thus, it is essential that the master plan becomes an instrument of
1 Doutorando do Programa de Geografia da UFPR. Mestre em Turismo pela UNIVALI/
SC. Graduado em Turismo pela UEPG. Professor na Universidade Estadual do Centro Oeste/Pr -
UNICENTRO. diggtur@yahoo.com.br.
2 Doutor em turismo e desenvolvimento sustentável pela ULPGC, professor e pesquisador
do Departamento de Turismo e do Programa de Mestrado e Doutorado em Geografia da UFPR.
jmggandara@yahoo.com.br.
3
Este trabalho foi desenvolvido no grupo de pesquisa da avaliação de Curitiba para Copa do Mundo
de 2014, com financiamento do CNPQ 383098/2014-9 no projeto Encomenda da Copa do Mundo
2014, deste modo meus agradecimentos ao CNPQ por oportunizar o desenvolvimento deste estudo.
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orientation of the development and definition of the landscape and quality image of the city.
Keywords: Tourism; Master Plans; Urban Space; Tourist Destination; Curitiba.
Introdução
Referencial Teórico
linhas caracterizado por cores, se deslocando em vias próprias. O que atraiu diversos
interessados à conhecer Curitiba.(OLIVEIRA, 2000; MENEZES, 1996, CURITIBA,
2004)
No ano de 2004 é instituída pela Lei nº 11266 de 16 de dezembro de 2004 a
necessidade de adequar o plano diretor de Curitiba, considerando da Lei nº 10.257, de
10 de julho de 2001, a qual ficou conhecida como Estatuto das Cidades. A adequação
do antigo plano as novas exigências vigente pelo Estatuto das Cidades deveria ser
elaborada por meio de um processo participativo envolvendo a comunidade como um
todo (IPPUC, 2004). O plano diretor de 2004 demonstra os legados que os demais
planos diretores de Curitiba deixaram para cidade, e deixa claro que estas iniciativas
continuarão em vigor de modo a proporcionar ao espaço urbano curitibano, novas
oportunidades de desenvolvimento da cidadania na capital do Paraná (IPPUC, 2004).
Este plano diretor foi elaborado mediante necessidade de adaptação a nova lei
que altera algumas formas de gestão e controle do plano anterior estipulado pela Lei
nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Havendo assim a necessidade de uma revisão do
mesmo. Vale salientar o fato de o plano ser elaborado de forma participativa, havendo
um envolvimento de diversos setores econômicos unindo iniciativa privada, poder
público e a sociedade organizada. O plano diretor de 2004 de Curitiba Lei nº. 11266
de Dezembro de 2004 possui 7 títulos os quais totalizam 92 artigos que versam sobre
a normatização do crescimento, desenvolvimento e arranjo urbano (CURITIBA, 2004).
O Plano Diretor de 2004 por ser uma revisão e atualização do elaborado em
1966, mantém a proposta de planejamento participativo que integra e conjuga o
ordenamento da cidade mediante 3 elementos físicos que devem ser destacados:
uso do solo, sistema viário e transporte coletivo. Melhorando a qualidade ambiental,
o acesso e as instalações de equipamentos e serviços a toda a comunidade.
Possibilitando assim um melhor uso e consumo dos espaços urbanos na tentativa
de destaca-lo em um cenário competitivo global (ASCHER, 2010; OBIOL MENERO,
1997; CAZES GEORGE, 1995).
Isto porque hoje as realidades de produção, comunicação e consumo são
distintas de antigamente, as cidades deixam de serem espaços de produção para
se transformarem em espaços produtivos, que possibilitam o consumo do mesmo
por diversos agentes locais, regionais, nacionais e globais. Assim tal plano identifica
a necessidade destas mudanças produzindo nas cidades espaços de qualidade,
integrados a sistemas de comunicação e transportes eficientes a fim de se colocarem
no mercado mundial, seja por meio do turismo ou em busca de investimentos para
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cidade (LOPES, 1998; RIBEIRO, 2005; LAMAS, 2000; ASCHER, 2010; OBIOL
MENERO, 1997; QUEIRÓS, 2010).
O plano de Curitiba não cita o turismo como uma iniciativa primordial em seu plano.
Mas com as melhorias de acesso, transporte público, ordenamento, conservação,
preocupação com a qualidade da paisagem, em criar ambientes de recreação nos
espaços abertos da cidade, e na intenção de formar uma imagem de qualidade de vida,
a cidade possui espaços que são apropriados e consumidos pelo turismo (GANDARA,
2008; LYNCH, 1997; BOULLON, 2002; LOPEZ PALOMEQUE, 1995; SINCLAIR et. al.,
1995).
Foi possível identificar ao analisar o documento que diversas normas têm
influenciado a boa avaliação e experiências prazerosas para turistas e moradores ao
vivenciar a cidade de Curitiba, um dos elementos de destaque é a integração no modo
de planejar e gerir a cidade na integração do uso do solo, sistema viário e transporte
coletivo. Que é trabalhada no Título III Da Política Urbanística Ambiental Capítulo
I – Da Estruturação Urbana, Seção II – Do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo,
Seção III – Dos Eixos de Estruturação Viária, Seção IV – Dos Eixos de Estruturação
do Transporte Coletivo, estes três elementos formam o tripé que está baseado todo
o planejamento urbano de Curitiba, de modo a proporcionar a cada local da cidade a
possibilidade de desenvolvimento de modo integrado respeitando suas particularidades
e potencialidades, onde o deslocamento de bens, informações, pessoas e mercadorias
são uma prioridade, de modo a orientar o crescimento e adensamento de Curitiba
de modo a atender as funções econômicas e sociais da cidade (CURITIBA 2004;
BOULLÓN, 2002; CASTROGIOVANNI, 2001; LOPÉZ PALOMEQUE, 1995, OBIOL
MENERO, 1997; VERA REBOLLO et al., 2011; SCARINGELA, 2001; AMOUZOU,
2000; SOUZA, 2005).
Desta forma possibilita diversidades de paisagens e atrativos na cidade,
oportunizando assim o uso turístico de forma diversificada e segmentada, produzindo
imagens de qualidade, com índices variados de atratividade, integrados por um
sistema viário e de transporte coletivo eficiente, possibilitando o deslocamento entre
os pontos de interesse de visitação (PAGE, 2002; PALHARES, 2002; BOULLÓN,
2002; WAINBERG, 2001; SCHERER, 2002; CULLEN, 1971; GANDARA, 2008).
SISTEMA VIARIO
TRANSPORTE COLETIVO
USO DO SOLO
PAISAGEM URBANA
MEIO AMBIENTE
CULTURA
Considerações Finais
em áreas que possuem potencial de atração aos turistas, mas pode ser um veículo
de comunicação e divulgação da imagem própria urbe. Sendo assim é fundamental
que o plano diretor se torna um instrumento de orientação do desenvolvimento e de
definição da paisagem e imagem de qualidade da cidade visitada.
Referencias
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
Abstract
The emotions and experiences during the experiences of urban space are often
reflective of an urban planning that seeks the formation of a quality image to the city . Through
the master plans induce the formation of consumption spaces full of meanings and emotions
that are perceived , evaluated and experienced by visitors and residents , thereby influencing
the design of the image of the city . Thus this paper aims to assess how urban planning in
Curitiba , through the city of directors plans interfered with visitation experience and training
image of the City. Therefore, we conducted a qualitative exploratory descriptive research , with
the techniques of data collection as bibliographic and documentary studies . It was found that
the master plans of Curitiba and its proposed urban intervention in its over 60 years of planning
positively influence the tourist experience, enabling the formation of an image of the city with
quality of life and ecological information for visitors and residents
Keywords: Curitiba; experience; image; urban planning; master plan.
Introdução
compreender as pessoas que ali vivem, a forma como estas se relacionam entre
si e com o espaço que ocupam, tendo o Plano Diretor como um instrumento de
debate e orientador das diretrizes para produzir soluções viáveis às dificuldades de
desenvolvimento urbano. (LOPES, 1998; SOUZA, 2005)
Assim este estudo tem por objetivo avaliar o modo como o planejamento urbano
de Curitiba por meio dos planos diretores da cidade interferiram na experiência de
visitação e na formação da imagem da Cidade.
Para concretização do objetivo proposto, inicialmente foram realizadas
pesquisas bibliográficas sobre cidades, planejamento urbano, planos diretores,
qualidade, satisfação, imagem, economia de experiência, destinos turísticos, e turismo
em geral. Tais leituras se deram com intuito de embasar teoricamente o estudo e
auxiliar a análise dos dados e da realidade encontrada. Juntamente com a pesquisa
bibliográfica foi realizada a pesquisa documental, sendo considerados: os Planos
Diretores de Curitiba de 44, 66 e 2004, os Estudos da Demanda Turística realizado
pelo Instituto Municipal de Turismo de Curitiba (2011), os resultados dos estudos
de HORODYSKI ; MANOSSO; GANDARA (2012) materiais do IPPUC (Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba).
Para identificar elementos que permitissem ampliar o contato com a realidade de
seu objeto de estudo estes materiais foram analisados e validados à luz do referencial
teórico a fim de atingir o objetivo proposto no trabalho. (LAVILLE; DIONNE, 1999).
Referencial
CHON, 1990; GUNN, 1972; BEERLI; MARTIN, 2004; AZEGLIO; GANDARA, 2010b)
Curitiba
RESULTADOS
prazerosa que reflete na imagem que estes levam da destinação visitada e que os
habitantes tem em seu ambiente cotidiano. (RAMOS; et. al., 2008; FRAIZ BREA;
CARDOSO, 2011; PINTO, 2012; CAMPUBRÍ et. al., 2009; CARBALLO et. al., 2011;
CROMPTON, 1979; AZEGLIO; GANDARA, 2010a; GANDARA et. al., 2012)
Considerações Finais
Referencias
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Revista Pasos. Vol. 5. N. 1, 2007, p. 53-67
RESUMO
ABSTRACT
The Signaling Tourist impacts on tourism as influence the tourist flow of pedestrians and
cars, as it is an element used in the interpretation of heritage and touritic attractions.
The historic center of Curitiba, one of the host cities of the World Cup 2014 is the
object of study of this paper, which aims to analyze the impact of tourist signs on
the behavior of tourists in the historic center. The methodology used in the article
was a field research, exploratory and descriptive, through, es photographic pictures
of directional and interpretive signs. As main results, the article identifies areas for
improvement for future projects of tourist signs in accordance with the requirements of
the Brazilian Tourist Guide Signs.
1 Bacharel em Turismo e Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. E-mail: thia-
gohc@gmail.com;
2 Doutor em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela ULPGC, professor e pesquisador do Departa-
mento de Turismo e do Programa de Mestrado em Turismo da UFPR e do Programa de Mestrado e Doutorado
em Geografia da UFPR, jmggandara@yahoo.com.br;
625
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1.INTRODUÇÃO
3.INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO
4. SINALIZAÇÃO TURÍSTICA
Quais são os atrativos turísticos Para compor essa lista utilizou-se como referência o
existentes? mapa “Curta Curitiba a Pé” (FIGURA 1), elaborado pelo
Instituto Municipal de Turismo que será disponibilizado
aos turistas apenas em 2014, e focou-se nos atrativos
da região do Largo da Ordem que constam no guia,
uma vez que não existem placas direcionais que
conectam com outros atrativos turísticos, como a
Catedral de Curitiba e demais pontos de interesse do
entorno. Sendo assim, temos: 1-Sociedade Beneficente
Protetora dos Operários; 2- Belvedere; 3-Ruínas e
Arcadas de São Francisco; 4- Sociedade Garibaldi;
5-Museu Paranaense; 6-Relógio das Flores; 7-Palacete
Wolf; 8-Igreja do Rosário; 9-Igreja Presbiteriana
Independente; 10-Memorial de Curitiba; 11-Solar do
Rosário; 12-Casa Lilás; 13-Casa HoffMann; 14-Igreja
de São Francisco e Museu de Arte Sacra; 15-Casa
Romário Martins; 16-Casa João Turin; 17-Casa do
Artesanato; 18-Conservatorio de MPB
De onde vem o turista? Como ele chega 1 – Linha Turismo – Desembarque em Frente ao
ao local? Palácio Garibaldi (Rua Dr. Murici) onde a placa de
sinalização não é nem direcional e nem interpretativa,
não possibilitando que o turista encontre os atrativos de
seu interesse;
2 – Veículos – Os principais acessos são através das
Ruas Trajano Reis, Rua Martin Afonso e Rua Cruz
Machado, todas com sinalização direcional para
veículos seguindo as recomendações do Guia Brasileiro
de Sinalização Turística
3 – Ônibus – existem paradas de diversas linhas de
ônibus na Travessa Nestor de Castro e na Praça
Tiradentes, mas não existem placas turísticas direcionais
e interpretativas para facilitar o acesso aos atrativos da
região.
630
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Existe infra-estrutura para recebe-lo? Qual O PIT – Posto de Informação Turística do Setor Histórico
é? (Palacete Wolf) FIGURA 7 encontra-se fechado (no mês
de Dezembro de 2013) inviabilizando que os turistas
recebem informações sobre os principais atrativos
turísticos que pode visitar, quer seja por meio de material
impresso (mapas, guias) que por meio de atendimento
pessoal. A existência de sinalização turística direcional
minimiza esse tipo de problema. Uma vez que as
placas direcionais são fundamentais no processo de
informação e sensibilização dos visitantes, permitindo
que ele se localize com facilidade e realize o maior
número possível de deslocamentos a pé, em roteiros
de visitação.
A acessibilidade está garantida para todos O objetivo aqui não é analisar a acessibilidade de
os turistas, inclusive para os portadores de calçadas e/ou a promovida pelo mobiliário urbano. Mas
deficiência? não pode-se negar o fato de por exemplo, a ausência
de um sinaleiro para pedestres no cruzamento da Rua
Kellers com a Rua Dr. Muricy, em frente ao desembarque
da Linha Turismo, não comprometer o deslocamento
de turistas e portanto estar relacionado a sinalização
turística. O que observou-se quanto a esse aspecto
é uma despreocupação com a acessibilidade de uma
forma generalizada, e como a sinalização turística o
padrão negativo se manteve.
Quais os trajetos de maior interesse a Atualmente não existem placas de sinalização turística
serem disponibilizados e caracterizados direcionais e portanto o turista que visita o setor
como rotas de circulação para acesso aos histórico de Curitiba não é orientado para uma rota de
atrativos? circulação específica. O que o Instituto de Turismo de
Curitiba já criou mas não iniciou a distribuição é um guia
com mapa e 3 roteiros (Roteiro Principal, Alternativo e
Gastronômico) para a região do centro histórico. Neste
relatório procurou-se focar inicialmente no roteiro
principal (FIGURA 2). Todavia, esse material impresso
não é sufiente, pois como já comentado, nem todo
turista terá acesso ao mesmo, uma vez o PIT encontra-
se desativado. Além disso, as placas de sinalização
direcional tem caráter mais democrático e combinadas
com a sinalização interpretativa (que já existe) podem
proporcionar uma experiência única aos turistas
Fonte: O Autor, 2013
FIGURA 4 – Comparativo do
Padrão de Sinalização Turística
Interpretativa
FIGURA 7 – PIT
do Setor Histórico
(Fechado no mês de
Dezembro)
FIGURA 8 – Placa
de Sinalização
Interpretativa contendo
o mapa de atrativos do
Setor Histórico
FIGURA 9 – Placa
de Sinalização
Interpretativa com
pichações, na Rua
Trajano Reis
7. CONCLUSÃO
rística para a região. Possivelmente, muito dos problemas aqui levantados não
são percebidos pela comunidade local, e consequentemente pelo poder públi-
co. Portanto, uma nova abordagem de reflexão com essa pesquisa apontou
algumas questões que agora podem ser amadurecidas e solucionadas através
de projetos executivos visando a melhoria da experiência do turista.
8. REFERÊNCIAS
Denise Scótolo1
Alexandre Panosso Netto2
activities in the region . Attracted by the natural beauty, the peculiarities of the local
culture, the unique handcrafts made from the golden grass straw or even for religious
communion, most of the tourists who come to Mumbuca have contributed to the
promotion of local development. Starting from the understanding that the tourist activities
in local communities should provide improvement of quality of life of their populations,
this study shows how experiments with tourism in Mumbuca Community have occurred
and proposes a discussion on Community-based tourism in this community. The study
is the result of a qualitative investigation in Mumbuca during July 2013. The survey was
conducted from non- participant observations and an in-depth interview conducted
with one of the local leaders. It was found that the community has experienced different
forms of tourism: ecotourism, religious tourism, scientific tourism and visits to relatives
and friends. Mumbuca has been seen by some tourist operators and some visitors as
a tourist attraction but not as a destination, which means that most of the travelers who
come to the community o remain there just for a few hours, not taking advantage of
the existing tourism infrastructure and is not experiencing the local culture. Whether
by lack of information on the structure and on the local hospitality, either for lack of
interest from operators and visitors in staying longer in the community, the backpacking
which occurs there minimizes the benefits that tourism can provide to visitors and local
people. However, some travelers are interested in experiencing the uniqueness of an
authentic destination as Mumbuca and, when been there and open to cross-cultural
exchange, they can collaborate for the development of the community. The Mumbuca
Community has shown its capacity for planning, fulfillment and management of suitable
activities to those who visit it, in order to maximize the benefits brought by tourism. We
conclude that Mumbuca has the makings of developing a program that promotes the
community-based tourism, which, in fact, improve the quality of life of its population.
KEYWORDS: Tourism Local Base. Mumbuca Community. Ecotourism
INTRODUÇÃO
Fonte: <http://www.onix.com.br/ivan/jalapao.htm>.
645
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O POVOADO DA MUMBUCA
O TURISMO NA MUMBUCA
aqueles que fizeram uma reserva antecipada. Isso porque o fluxo de visitantes não
é constante e mediante um agendamento prévio é que é possível que as refeições
sejam preparadas conforme o número de interessados no almoço, evitando-se, assim,
o desperdício de alimentos.
Vinha muita gente de São Paulo visitar aqui e não tinha onde dormir. Eu tinha
uma casinha aqui, pequenininha, que não tinha luz nem água encanada. A
gente fazia fogueira pra poder esquentar eles. Aí eu tive a ideia de fazer
uma pousada para quem quisesse ficar. (...) No começo vinham mais
pesquisadores, mas agora também vem turista a passeio. (TONHA, 2013,
informação verbal)
Tonha afirma que muitos dos visitantes que chegam até Mumbuca manifestam
seu desejo por permanecer alguns dias na comunidade, mas como já estão com seus
pacotes fechados, vão embora em poucas horas. Afirma também que seria melhor
para o povo local se estes visitantes pudessem ficar hospedados no povoado, pois
assim, uma maior parte dos gastos dos turistas ficaria para a comunidade e não para
terceiros. “O turista que fica aqui compra o artesanato, almoça e dorme, e isso é um
dinheirinho que entra na comunidade” (Tonha, 2013, informação verbal).
possuem infraestrutura própria, tanto para alimentar quanto para abrigar os turistas.
Os visitantes que participam desse tipo de pacote são deslocados em caminhões que,
engatados a baús ou caminhonetes, também transportam as bebidas, os alimentos
e os suplementos necessários à estadia. A hospedagem, na sua vez, se realiza
em tendas exclusivas, denominadas de Safari Camp. Este tipo de roteiro conduz o
visitante ao desfrute do destino turístico; contudo, não possibilita que o montante dos
recursos gastos pelos visitantes com a viagem permaneça nos destinos visitados. Tal
modalidade não promove o desenvolvimento local das comunidades visitadas, nem
tampouco contribui para a interação entre turistas e anfitriões, impossibilitando as
trocas culturais.
CONCLUSÃO
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653
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
ABSTRACT / RESUMEN: The tourism has a dynamic nature. Associated with the
need to promote development, it makes new tourist segments, which the Rural Tourism
is one possibility. The Rural Tourism is a very important segment in Brazil, because
it offers the possibility of increasing the development of rural areas through touristic
visitation. The rural tourism field of studies is recent and the number of publications
that covers this subject is growing. As a strategic segment of tourism, it is important to
investigate the construction of this field of knowledge, it’s most important researchers
and gaps that provides opportunities for others relevant studies. This paper aims to
conduct a preliminary study on rural tourism field of studies, using the bibliographic
systematic review as a tool to examine the scientific literature on the subject, analyzing
the internationally most cited articles published in indexed journals in the Web of
Science plataform.
INTRODUÇÃO
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
De um modo geral, destaca-se que a forma de condução de uma revisão
bibliográfica não tem recebido a devida atenção em muitos campos de estudo, em
especial nos temas que são considerados emergentes (CONFORTO, AMARAL e
SILVA, 2001). Em geral, procura-se apenas a coleta e análise de dados empíricos,
negligenciando a ligação entre os estudos propostos e o estado da arte de pesquisas
publicadas na mesma área de estudo, que possam resultar no desenvolvimento de
uma teoria.
Em seguida, foi realizada uma busca com o termo “Rural Tourism”. Devido ao
grande volume de dados obtidos na busca pelo termo, foram selecionados dois filtros
capazes de proporcionar um resultado mais refinado. Primeiramente foi restringida a
ocorrência do termo ao título dos artigos, resultando em 189 publicações. Em seguida,
foi realizado um filtro temporal, por meio do qual foram localizados documentos
publicados entre 2000 e 2013. Como resultado, foram encontrados 165 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 apresenta uma descrição da frequência com que os artigos que
abordam a temática do Turismo Rural dos principais periódicos são citados dez ou
mais vezes por outros autores da mesma área. Conforme pode ser observado, há uma
concentração das publicações mais citadas em duas revistas: Tourism Management e
Annals Of Tourism Research.
Figura 1: ocorrência de publicações citadas dez ou mais vezes por ano no período de
2000 a 2013.
Fonte: Dados da pesquisa.
Entre as publicações mais citadas, existe uma grande variação entre o número
de vezes que cada publicação foi citada. Conforme descrito na tabela 3, quatro
publicações, ou 11% das mais citadas, foram citadas quarenta vezes ou mais por
outros autores. Dez publicações, ou 28% delas, apresentaram ocorrência de citações
superior a trinta, e um total de dezenove publicações, ou 53% , foram citadas mais de
vinte vezes por outros autores.
40 1 3% 11%
38 1 3% 14%
37 1 3% 17%
36 1 3% 19%
32 2 6% 25%
31 1 3% 28%
29 1 3% 31%
28 1 3% 33%
27 1 3% 36%
24 1 3% 39%
23 2 6% 44%
22 1 3% 47%
20 2 6% 53%
17 2 6% 58%
15 4 11% 69%
13 4 11% 81%
12 2 6% 86%
11 1 3% 89%
10 4 11% 100%
Fonte: dados da pesquisa.
e segurança. As Ações Operacionais, por sua vez, envolvem as relações entre oferta
e demanda, bem como o contexto do desenvolvimento, promoção, comercialização,
distribuição e consumo do produto turístico. (Beni, 2006).
2000).
Case 13
Survey 8
European 7
Empirical 6
Fonte: dados da pesquisa.
666
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Departamento de Turismo
Nesta categoria foi identificada a palavra “European”, que remonta aos principais
locais onde se encontram os estudos de referência em turismo rural, desenvolvidos
seminalmente no Reino Unido e outras localidades europeias, como a Espanha
(SKURAS et al., 2006; CANOVES et al., 2004; KNEAFSEY, 2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, buscou-se apresentar uma análise preliminar sobre o campo de
estudos do Turismo Rural, utilizando a ferramenta de revisão bibiográfica sistemática
para verificar a produção científica sobre o tema a partir das publicações mais citadas
dos periódicos indexados. Pode-se concluir que a pesquisa bibliográfica consiste em
uma ferramenta de grande utilidade, que deve ser usada de forma mais recorrente
para analisar os estudos no campo do Turismo, como um todo, e do Turismo Rural,
em particular, de forma a identificar e inter-relacionar os constructos das principais
produções científicas, proporcionando maior reflexão sobre os caminhos do campo de
estudos e a construção de uma teoria sólida.
internacionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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669
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SKURAS, D.; PETROU, A.; CLARK, G. Demand for rural tourism: the effects of quality
670
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Departamento de Turismo
and information. Agricultural Economics, v. 35, n. 2, p. 183-192, Sep 2006. ISSN 0169-
5150.
ABSTRACT / RESUMEN: This paper presents the main results of the first phase of a
research and extension project carried out in the rural area of the city of Teresopolis,
located in the highlands of the state of Rio de Janeiro. This project seeks to identify
potentials and challenges for the consolidation of rural tourism in family driven farms;
to provide inputs for tourism planning and development; to raise awareness of tourism
development benefits among youth and adults of rural areas and to provide opportunities
for practical activities to graduation students. For that a range of initiatives were carried
out such as open lectures, extension courses and field trip activities with high school
students of a public school located in a rural area of Teresópolis. The main results
obtained so far indicate a significant change in the perception of the students involved
in relation to tourism and an increase in interest in getting professionally involved with
tourism activities.
INTRODUÇÃO
Veiga (2002) conclui que 90% do território brasileiro, 80% de seus municípios
e 30% de sua população são essencialmente rurais. Os 13% restantes da população
caberiam numa categoria intermediária, que pode ser denominada como “rurbana”.
Essa constatação chama a atenção também para um fenômeno que é de interesse
para este trabalho, qual seja a possibilidade de desenvolvimento do espaço rural
baseado nas atividades de turismo e lazer, ou seja, no aproveitamento dos atrativos,
amenidades e serviços que o espaço rural oferece.
Além da aptidão natural, acredita-se que nos próximos anos a região sofra
parte dos impactos induzidos que os grandes eventos esportivos sediados na cidade
do Rio de Janeiro irão causar na região, já que Teresópolis encontra-se na área de
influência desses eventos e abriga a sede da Confederação Brasileira de Futebol,
base dos treinos e concentração da seleção brasileira. A grande preocupação atual,
no entanto, é identificar formas de maximizar os ganhos e impactos positivos para
a região, garantindo um legado positivo que não comprometa a qualidade de vida,
o patrimônio local e as características que fazem da região um local de grande
atratividade turística.
OBJETIVOS
Este artigo apresenta parte dos resultados de uma ação integrada de pesquisa
e extensão, desenvolvida com o apoio da UERJ, na região serrana do Rio de
Janeiro, que tem como objetivo geral identificar as potencialidades e os desafios para
consolidação do turismo rural nas propriedades de agricultores familiares no município
de Teresópolis, RJ.
METODOLOGIA
RESULTADOS PRELIMINARES
A grande maioria dos entrevistados (41) afirmou nunca ter trabalhado com
atividades relacionadas ao turismo, conforme mostrado no gráfico 4. Essa informação
pode também reforçar a dificuldade dos alunos em reconhecer algumas atividades
desenvolvidas no campo como algo relacionado ao turismo. Não se pode afirmar
categoricamente, mas é de se esperar que alguns proprietários rurais sejam
fornecedores de estabelecimentos comerciais, hotéis, restaurantes etc. Além disso,
conforme o relato de alguns alunos, os visitantes que circulam na região frequentemente
abordam trabalhadores rurais na expectativa de comprarem hortaliças e outros
produtos cultivados na região. Além disso, boa parte dos alunos (33) reconhece a sua
região como atrativa.
680
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É importante destacar que boa parte das inscrições foi motivada pelo fato de
que o certificado final do curso de extensão poderia ser contado como cumprimento de
horas obrigatórias de estágio que os alunos do curso técnico agrícola devem realizar.
Ficou claro, no primeiro dia de curso, que os alunos não tinham real interesse no
campo do turismo, não se viam atuando nessa atividade, e precisavam do certificado
para terminar o ensino médio.
Gráfico 7. Interesse dos alunos em trabalhar com turismo após a realização do curso.
Todos os alunos afirmaram ter mudado a sua visão sobre o turismo após a
realização do curso, dos quais 17 afirmaram ter mudado completamente essa visão,
conforme gráfico 8.
683
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Gráfico 10. Percepção sobre o potencial turístico da região e disposição em se envolver com
o turismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A primeira questão que ficou evidente foi o baixíssimo grau de interesse dos
jovens da região estudada em permanecer na zona rural e em trabalhar com atividades
relacionadas ao turismo. A visão de turismo que esses alunos possuem é fortemente
baseada na experiência vivida ali, ou seja, a de que o turismo rural depende de altos
investimentos para a construção de grandes empreendimentos que oferecem uma
685
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT: In the same proportion that the process of urbanization advances, grows
as well the valorization of the field’s life representations. The growth of the demand,
characteristic by urban citizens, explode the speeches about the activity as a developing
tool to the regions, which suffered with the results of unequal growing promoted by the
modernization of agriculture. It is necessary, however, to comprehend that the tourism,
as an economic and social business that occurs in this space, also puts itself as another
activity of capitalism in the field and, based on the consumption relations, turns the
space and everything contained in it into a mercantile product. On the contrary, there
is the moral peasant order, based on the rights of people, not in the rights of stuff,
where the land is for working, not for business. Supported by this assumptions, this
research had as objective to evaluate the relations between tourism as alternative
activity for local development to the peasants of the Central-Occident Mesoregion in
Paraná. The dialectical method was used to the realization of this object’s study, once
it presumes the dynamic and panoramically interpretation of the facts, supporting the
analysis of its contradictions. The final results pointed that the existing contradictions
between the economic and the social characteristics in the touristic activities and he
1 Bacharel em Turismo e Meio Ambiente pela Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão
(FECILCAM); Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Docente do curso
de Turismo e Meio Ambiente da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) / Campus Campo
Mourão. E-mail: julianatma@gmail.com
688
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representations of peasant social actors impedes the growth of the activity with the
participation of those same actors in the Central-Occident Mesoregion in Paraná.
INTRODUÇÃO
secretaria da Indústria, Comércio e Turismo da época. Desde então são mais de dez
anos, por meio de iniciativas públicas e privadas, buscando desenvolver o turismo na
região.
Nas áreas de colinas e morrarias, o processo de modernização da agricultura
não avançou com facilidade em função da impossibilidade de utilizar maquinários
agrícolas nessas regiões. Para essas áreas se deslocaram, com maior intensidade,
as pequenas propriedades e o modo de vida e produção camponês, em função da
concentração fundiária. As características da paisagem e a permanência de pequenos
agricultores nesses locais deram origem a iniciativas de revalorização das mesmas e
de seus atores para o turismo, que funcionaria, ao mesmo tempo, como alternativa de
desenvolvimento regional.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
municípios com baixo IDH-M de 0,699 (IPARDES, 2010), é rico em uma paisagem de
morrarias em função de seu relevo acidentado e também é palco da resistência da
agricultura familiar, com um total de 1.166 estabelecimentos familiares, contra 373
estabelecimentos não familiares, segundo o Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009).
Conforme o Diretor do Centro de Produção4, o sr. Aparecido José da Silva, “[...] o forte
mesmo aqui para o pequeno agricultor, até agora no momento, é a produção de leite.
Mais de 50% trabalham na produção de leite”5
O diretor do Centro de Produção relata que deseja desenvolver o turismo no
município com os agricultores de base familiar. Dessa forma, houve uma mobilização
entre os aqueles que tinham interesse em implementar a atividade, somando um
total de quinze propriedades. Com relação aos recursos, apesar do entusiasmo que
demonstra o sr. Aparecido, ele confirma não ter auxílio até o momento de políticas
públicas que possam auxiliar o desenvolvimento da atividade no município junto aos
agricultores.
Quando questionado sobre quais as maiores dificuldades enfrentadas até
o presente momento para alavancar o turismo no município com os agricultores
familiares, o diretor do Centro de Produção relata que um dos problemas está nos
recursos humanos, uma vez que, cinco funcionários da secretária de agricultura do
município não estão exclusivamente envolvidos com projetos de turismo. Ele coloca a
importância do concurso público, o qual trará funcionários permanentes, garantindo,
dessa forma, a continuidade do projeto.
Apontamos, a exemplo desses entraves, uma família de agricultores do distrito
de Águas de Jurema, em Iretama6. A propriedade da família possui 72 hectares, onde
se produz soja e aveia e há área de pastagem para o gado leiteiro, conforme relatos
do agricultor entrevistado7. O mesmo agricultor afirma que quase toda família trabalha
na propriedade. Aqueles que não estão exercendo nenhuma função nela trabalham
no resort localizado no distrito. Segundo seu depoimento: “Um deles é recepcionista
e otro trabalha no departamento pessoal. Um deles começou como ajudante no
departamento e hoje é responsável pelo departamento. O otro começou como garçom
e hoje é recepcionista”8. Compreendemos que o turismo, pode, sim, beneficiar muitas
camadas da sociedade e de muitos modos auxiliar no processo de desenvolvimento,
porém a geração de emprego e renda, muitas vezes, segundo Froelich (2000).
Sobre o turismo, como possível complementação de renda, o agricultor conta
4 O Centro de Produção, segundo o sr. Aparecido José da Silva, é uma horta pertencente à
prefeitura, a qual fornece alimentos para as escolas do município.
5 Em depoimento coletado no mês de março de 2010 (Duração: 39 min. e 50 s).
6 O sr. Aparecido conhece as quinze famílias que possuem interesse em implementar a
atividade em sua propriedade. Nesse sentido, solicitamos ao diretor do Centro de Produção que nos
acompanhasse até uma delas para que pudéssemos conhecer a realidade e os anseios da mesma com
relação ao turismo como complementação de renda.
7 Em depoimento coletado no mês de março de 2010 (Duração: 44 min e 33 s).
8 Em depoimento coletado no mês de março de 2010 (Duração: 44 min e 33 s).
696
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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que “Até hoje a gente tem trazido, assim, por amizade, não tem cobrado, não tem
tirado custo de tudo isso. Mas a gente tá se preparando pra ver se a gente começa
realmente vendê esse trabalho”. O agricultor relata que muitos conhecidos dizem
que eles devem fazer da propriedade um lugar turístico, mas o problema são os
recursos. Sem recurso, segundo ele, não é possível: “Sempre as pessoas chegavam
e comentavam: ‘Ô, aqui dá pra você fazer um lugar turístico!’. Mas e recurso? Pra isso
tem que ter recurso”9. Ele afirma que não há esclarecimentos pelos proponentes do
poder público em implementar a atividade turística em como captar auxílios e tudo fica
no plano do discurso.
O agricultor coloca que recurso financeiro e tempo para receber os turistas
são os maiores entraves atualmente, apesar da vontade para implantar a atividade:
“Queremos o turismo para fortalecer a renda, vimos os nossos vizinhos vender suas
propriedades por falta de recursos, também não quero que meus filhos vão embora
e o turismo pode nos trazer isso”10. Esse quadro aponta para o desejo de reverter o
quadro de êxodo rural e fixação da família no campo, porém, para a implementação da
atividade, destacamos o que Froelich (2000) colocou com relação à baixa ou nenhuma
capacidade de endividamento ou apresentação de garantias desses agricultores para
a concessão de créditos e, ainda, em alguns casos, “[...] de equívocos provocados
pela imagem panaceica do turismo rural como estratégia de desenvolvimento, esta
poderá retirar recursos públicos, já parcos, da ‘agricultura familiar’” (FROELICH, 2000,
p. 10, grifo do autor).
Além das dificuldades financeiras, a ordem moral da família agricultora se coloca
como mais um entrave para a implementação do turismo como complementação de
renda para a propriedade familiar11. Sobre essa questão, observamos a família de
agricultores que mora às margens do lago da barragem da Usina Hidrelétrica Mourão,
por meio da indicação da ex-presidente do Conselho Municipal de Turismo de Campo
Mourão, sra. Isolde Silveira Tonet. Esses agricultores já receberam visitantes em sua
propriedade, possibilitando-nos, assim, a avaliação dos impasses entre a sua ordem
moral e as especificidades do turismo.
Em um total de quinze alqueires, o agricultor camponês12 relata que cultiva
soja em apenas seis com sua família, em função das leis ambientais do Paraná13,
que regulamentam a utilização do restante do espaço, que abriga recursos hídricos,
para áreas de preservação ambiental. Na propriedade também ocorre a criação de
gado leiteiro para a produção de leite e derivados, além de outras alternativas, como
porém, para a nossa surpresa, ao ser questionado sobre o valor que o agricultor
cobrava dos visitantes que entravam em sua propriedade para desfrutar de seu pomar,
da pescaria no rio, do banho de rio, da sombra das árvores, do acampamento no seu
gramado, dentre outras qualidades da vida no campo, o agricultor respondeu que não
cobrava valor algum: “Não. Nunca tivemo nem barco pra alugá, nem nada. Eu, pra
falá bem a verdade, nem onde tava o pescador nóis não vai. A gente não gostava de
misturar o sistema do pescador com o nosso.”
Ora, para o turismo, o espaço e o que está contido nele possuem valor de
troca - condição necessária para que haja o negócio entre a compra e a venda desse
produto. Isso, porém, para o agricultor camponês, não ocorre. O valor de uso o impede
de cobrar entrada na propriedade. Para além, a natureza ali contida é dádiva divina,
como apontou Woortmann (2004) e a mesma pode ser usufruída por todos. Ainda há
a sua afirmação sobre não ter interesse em “se misturar” com os pescadores, o que
excluí outra característica própria do agroturismo, que é a interação do proprietário
com os visitantes.
Para ele, todos podiam entrar e desfrutar de tudo aquilo gratuitamente, desde
que fossem indicados por alguém, não sendo visitantes desconhecidos. Segundo o
agricultor, os visitantes acabavam levando o queijo, o leite e outros produtos feitos na
propriedade, ou seja, poder vender o que ele produzia na propriedade para quem ali
viesse passar o fim de semana já valia a visita. Porém só os amigos podiam sentar na
varanda e tomar um café feito na hora pela esposa do agricultor. O convite para entrar
na varanda para o café é demonstração de confiança e amizade: “Aquele que vinha
pescá, por exemplo, nóis não misturava. Nóis chamá ele aqui nem pra tomá um café
aqui, por exemplo, nóis não chamava. Só se fosse um cara muito amigo mesmo”15.
Ao questionarmos se ele se preocupava em receber estranhos, o mesmo respondeu
que: “Não, não vinha estranho. Vinha os cara que... por exemplo, os cara que vinha
de Cianorte: ‘Posso trazer meus amigo lá?’ ‘Se você se responsabiliza por ele, pode
trazê.’ ‘Não, esse é amigo meu.’ ‘Então pode trazê’”16.
O camponês afirma que as atividades dos visitantes foram encerradas quando
houve a proibição, em função da lei ambiental paranaense, de qualquer atividade às
margens do lago da usina no perímetro estipulado. Ao questionarmos o depoente
sobre a falta que ele sentia dos visitantes, o agricultor disse que não sentia falta do
barulho e da confusão que gerava problemas com seus vizinhos de cerca, que também
ficavam incomodados com o fluxo de visitantes, fato esse que destoa da característica
marcante do turismo como a circulação ininterrupta de turistas. Ele afirma, contudo,
que sente falta dos amigos que iam até a propriedade passar o fim de semana e que
sentavam na varanda para tomar um café. Ao contrário das famílias de agricultores
de Iretama, que buscam receber visitantes, o agricultor de Luiziana, que já passou
15 Em depoimento coletado no mês de julho de 2010. (Duração: 58 min e 10 s).
16 Em depoimento coletado no mês de julho de 2010. (Duração: 58 min e 10 s).
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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por isso, afirma que não tem interesse algum em repetir essa experiência por meio do
turismo.
Ao perguntarmos para o agricultor se ele possui interesse em receber turistas
em sua propriedade para conhecer sua horta, seu pomar, as atividades da propriedade
como ordenhar as vacas e trabalhar com o gado, recebendo dinheiro para isso, a
resposta negativa do agricultor foi rápida e categórica. Para ele receber gente
estranha na propriedade não é positivo. O agricultor relata que sua filha e esposa não
se sentiriam bem em trabalhar com estranhos observando e que isso também era
perigoso nos dias de hoje. Então trabalhar com turismo:
Não! É que, pra começá, digamos assim, se for mexê, vê lá minha minina,
mexe com leite lá, ela já não gosta que tem uma pessoa lá perturbando, né.
Que perturba, né. Otra coisa, tem uns zóiudo que olha a vaca lá que dá 30
litro de leite por dia, no outro dia ela dá só oito (risos). Aí minha minina não
gosta. Mas a gente não, no caso assim, passa um dia pra acampá, ou em otro
caso não tem problema né. […] Trabalhá com gente hoje é problema. Tem
gente hoje de educação tudo diferente17
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos que as dificuldades relacionadas aos recursos financeiros,
impedem que muitos agricultores que se baseiam no trabalho familiar aloquem uma
estrutura capaz de receber hóspedes de maneira satisfatória. A partir do esforço para
construir os simples banheiros pela família de agricultores em Iretama, compreendemos
que a necessidade de implantação de uma infraestrutura básica exige recursos que
esses agricultores, muitas vezes, não possuem. E, ainda, a criação de uma estrutura
precária pode comprometer a atividade realizada naquele local.
Para buscar, dentre outros objetivos, amenizar as dificuldades financeiras
enfrentadas pelos agricultores que desejam trabalhar com o turismo, o Estado cria
as políticas públicas específicas para esse setor. Porém, em função da extrema
burocracia, dos gargalos existentes, como a falta de informação sobre a existência e
o papel das mesmas, dentre outros aspectos, impedem a condução desses recursos
para a implantação da atividade turística nas propriedades.
Outro aspecto está relacionado às questões políticas na região. Por muitos
motivos, os interesses políticos e as vaidades pessoais impedem que muitos projetos
no campo quanto na cidade é um equívoco cometido tanto pelo poder público, quanto
pela iniciativa privada.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Por sua vez, esta participação local, seja de agricultores familiares ou suas
instituições/organizações, pode ser territorializada a partir da governança. A própria
abordagem territorial do desenvolvimento se coloca muito próxima a esta questão
708
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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A respeito das mudanças que ocorreram no meio rural, SILVA (2000) destaca que:
1995 e 1997, houve uma queda da renda “per capita” dos agricultores familiares
– entendidos como aqueles que trabalham por conta-própria e não contratam
trabalhadores permanentes. Como consequência disso, observa-se uma crescente
importância das atividades não-agrícolas entre as famílias rurais por conta-própria. Em
outras palavras pode-se dizer que as famílias rurais estão deixando a atividade primária,
passando a procurar outras fontes de renda, através de atividades não-agrícolas. Os
resultados do Projeto Rurbano destacam que o meio rural brasileiro, à semelhança do
que ocorre em outras partes do mundo, apresenta uma crescente diversificação de
atividades agrícolas e não-agrícolas; e o que é ainda mais significativo, enquanto as
atividades agrícolas vêm reduzindo o nível de ocupação e gerando cada vez menos
renda, as atividades não agrícolas no meio rural vêm aumentando o número de
pessoas ocupadas e proporcionando uma renda significativamente maior do que as
obtidas nas atividades primárias (agropecuárias).
Como resultado desse processo desde os anos 70, 82% dos 399 municípios
paranaenses passaram por um esvaziamento populacional. Grande contingente dessa
população expulsa do Estado do Paraná migrou para regiões chamadas de novas
fronteiras agrícolas, locais distantes como o Estado de Rondônia ou para o Estado do
Mato Grosso, ou ainda se aventuraram em países vizinhos como o Paraguai e Bolivia
em busca de opções para atividades ligadas a agricultura. Os de menos condições
ficaram marginalizados na RMC.
5 Não da para negar alguns aspectos positivos, tais como ao aumento da produção industrial. Se
em 1996 a indústria da Região Metropolitana de Curitiba era 7,8 vezes menor que a indústria instalada
na cidade de São Paulo – polo industrial nacional e maior cidade da América Latina – em 2000 essa
proporção diminui para 5,3 vezes. (DESCHAMPS, 2004)
6 Bauman (op.cit, p.104-105) afirma que a sociedade posmoderna é uma sociedade que com-
promete a seus membros como consumidores o que introduziu diferencias enormes em quase todos
os aspectos da sociedade, da cultura e da vida individual.
713
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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7 Lembra-se que neste caso, é muito comum que a atividade de café colonial, fabricação de pão,
compotas e geléias esta mais identificada com a mão de obra feminina. O estudo da Cadeia Produtiva
do Turismo (IPARDES, 2009) constatou que na gastronomia, há predominância da mão de obra femi-
nina.
714
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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cesso não seja incipiente, ele ainda enfrenta vários obstáculos, como a existência de
conflitos entre os desenhos de políticas públicas e sua aplicação nos territórios, e a
ausência de uma boas estradas e serviços de infra-estrutura que propiciem uma base
às atividades turísticas no meio rural e em pequenas cidades.
Enquanto no urbano, a maioria dos estabelecimentos dedicados ao turismo
na RMC é composta por micro e pequenas empresas, muitas delas de caráter familiar,
com escassa capacidade financeira e com pessoal ocupado e de gestão pouco prepa-
rados, no rural, o perfil não é muito diferente.
Quanto ao conflito institucional das políticas públicas, as manifestações
ocorrem de duas formas diversas: a primeira, sob o comando da SEAB e suas vincu-
ladas na orientação dos municípios notadamente rurais; num segundo grupo, os mu-
nicípios com empreendimentos turísticos no espaço rural, fortemente aparelhados por
atividades de lazer e/ou urbanas no espaço rural, também chamado de agroturismo
(TULIK; 2003).
3.2 A Gastronomia
• 75% dos estabelecimentos estão em localizados na área urbana-central; 7%
na zona rural, 18 % urbano-periférico. Dos que estão no espaço rural, mais da
metade se instalou após o ano 2000.
• Autoavaliação de categoria 56% se considera de categoria médio. Há no en-
tanto 14% luxo ou superluxo O dobro da média do Paraná.
• 81% dos estabelecimentos são únicos e 86% administrados pelo proprietário;
sendo que 56% da mão de obra que trabalha nestes estabelecimentos é femi-
nina.
• Tipo de gastronomia mais comum 54% comida caseira, 26% Cozinha Interna-
cional; 20% churrasco; 19% comida regional;
• Maioria dos estabelecimentos foram instalados após o ano 2000 (51%).
• Não depende exclusivamente do turismo para crescer (92% clientes da própria
cidade); 53% oferecem marmitex. A divulgação depende predominantemente
dos impressos (67%) e do boca a boca pois 25% desse estabelecimentos não
faz divulgação.
• Novos hábitos de consumo em pauta. A origem dos clientes é de Curitiba nos
finais de semana (87,5%), durante a semana, quem trabalha atende a própria
cidade.
• 78% dos estabelecimentos informou não utilizar linha de crédito e 81% do total
afirma não ter problemas para obter crédito;
• entre as dificuldades apontadas para “ tocar o negócio” foram elencadas ques-
tões referentes a qualidade da mão de obra, sugerindo como política pública a
capacitação em nível médio para a região (72%) e a melhoria da infra-estrutura
(estradas, 59%). Há uma maior participação em associações e sindicatos nesta
atividade (62,5%).
Como pode ser observado, a principal preocupação tem sido uma preocupação
preponderantemente ambiental que levasse ao desenvolvimento da região, além
do cuidado com os mananciais que abastecem à cidade de Curitiba e da região,.
A Secretaria preocupava-se na época com a organização institucional do turismo
nas prefeituras com o programa de municipalização do turismo PNMT. O programa
de turismo rural da SEAB foi pioneiro em aliar a preocupação ambiental (até hoje
presente) com o turismo rural:
“Aliado aos recursos naturais, as características predominantemente rurais
da população, possibilitam a exploração do Turismo Rural em propriedades
de agricultura familiar, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer as
atividades típicas do trabalho no campo, a cultura local (com seu artesanato,
festas, arquitetura) e principalmente a gastronomia, que além de ser um
atrativo também é um serviço necessário”
4. CONSIDERAÇOES FINAIS
tema não foi objeto de análise neste momento, resgatando apenas a sua condição de
importância como variável que pressiona o mundo rural na RMC.
Outro objetivo deste trabalho foi apontar outros conflitos inerentes a aplicação das
políticas públicas: embora os esforços realizados pelos ministérios de Desenvolvimento
Agrário e do Turismo para estabelecer uma norma única para os empreendimentos
turísticos no meio rural, as políticas públicas do PRONAF, aplicadas com zelo pela
SEAB e suas empresas vinculadas, EMATER e IAPAR, não cumprem a mesma função
das políticas do turismo rural defendidos pelos Ministérios de Agricultura e Pecuária
-MAPA e do Turismo -MTUR, que pautam um padrões de “qualidade dos serviços”
e de competitividade da cadeia de valores do turismo similar aos empreendimentos
turísticos urbanos, padrão esse que vem sendo monitorado pela SETU (SEBRAE
e governanças regionais) no Estado. Essa divergência se reflete no espaço rural
metropolitano e nos diversos turismos praticados nele. E esse é apenas um reflexo
desses grandes dicotomias que compõem os processos de turistificação de territórios,
onde o importante é capitalização e aferição de lucros e não a sustentabilidade e o
desenvolvimento das populações locais.
A turistificação dos lugares ocorre por uma cada vez maior pressão pelo
consumo. o resultado dos processos de territorialização do turismo é medido pela
integração das novas regiões no consumo global. Uma rápida análise de como se
constrói a lógica dos atores (agentes e comunidade) é fundamental: É nas suas
representações do real, nos seus comportamentos singulares e nos seus sistemas de
valores, todos estes imbricados no território, que se formatam as novas territorialidades
e se consolida o processo de turistificação.
Uma expressão desse processo é que nem todas as formas de circulação e
mobilidade e turismo são acessíveis da mesma maneira para todos. O turismo, e mui
especialmente o turismo rural, traz à tona a necessidade de questionar se a política
pública deve se esforçar em manter e preservar a identidade e as singularidades do
rural, mesmo a revelia do crescimento do fenômeno pelo estimulo de seu consumo
como “produto”, ou, se seria necessário conter, antes que seja tarde demais as
influencias do mercado capitalista.
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Grupo de Trabalho 06
Turismo Comunitário e Inclusão Social
ABSTRACT
Frequently, the Tourism assumes salvationist perspectives with regard to its positive
economic impacts mainly by diffusion of direct, indirect and induced effects in the
context of host communities . This article highlights, as main objective, to understand
the importance of nautical tourism to the economic development for the municipality
of Itamaraca/PE, analyzing the expenses generated by the tourists`s income and
their multiplier effects on the local tissue. We used the method of a case study with
a quantitative approach and data collection through interviews with the boaters and
the vice-president of the “Associação dos Jangadeiros do Forte Orange”, which is
the only association from the locality focused on the segment of the nautical tourism.
According to what has been raised, it´s possible to realize that the place where it is
practiced nautical tourism at the “Praia do Forte Orange” does not have adequate
infrastructure to carry out the activity and the expenses in the municipality are restricted
to few sectors of the local economy, also, there are a significant capital evasion from
Itamaracá, restricting the potential of the tourism for local development.
1. INTRODUÇÃO
1 Graduada em Turismo pela Universidade Federal de Pernambuco
2 Professor do Departamento de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal de Pernambuco
3 Professora do Departamento de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal de Pernambu-
co
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Departamento de Turismo
Nesta dinâmica, observa-se que o dinheiro gasto pelos turistas circula por toda
a economia do destino, passando primeiramente pelos estabelecimentos turísticos
e chegando por fim a população local, que por sua vez gasta o dinheiro na própria
localidade. Quando a entrada ou saída dessa receita gera um aumento ou uma
diminuição do equilíbrio da renda, esse efeito é denominado efeito multiplicador (LAGE;
MILONE, 1996). O estudo desses multiplicadores permite que sejam analisados os
impactos gerados pelo turismo e com isso o planejamento da atividade reúne uma
maior eficiência.
Existem vários tipos de multiplicadores que podem ser utilizados para calcular
o impacto do turismo em qualquer economia. Segundo Lage e Milone, (1996, p.91) os
principais multiplicadores no turismo são:
É importante ressaltar que todo impacto gerado pela atividade turística, seja
ele positivo ou negativo, deve ser considerado na hora de avaliar a contribuição
econômica do turismo para o destino receptor e como esses efeitos beneficiam o
desenvolvimento da localidade. O item seguinte discute a relação do turismo com
desenvolvimento local.
Sabe-se que, apenas a atividade turística não tem poder para transformar
a realidade de uma comunidade, é preciso que exista uma preocupação do poder
público com as questões básicas e essenciais, além de investimentos oriundos do
setor privado que possam originar uma fonte de emprego e renda que favoreçam à
população local. Outro fator que se destaca, e que se conforma num dos facilitadores
do turismo, é a possibilidade de serem utilizados recursos já existentes na localidade,
buscando sempre explorá-los de forma sustentável para que haja um desenvolvimento
durável dessa atividade no plano local.
encontrar o outro.
Irving e Mendonça (2004, p.20) ressaltam que “do ponto de vista econômico e
mercadológico, os destinos que apresentam o modelo de base comunitária ainda não
são considerados sucessos de venda e consumo por turistas nacionais e internacionais”.
Mas ainda assim, esse tipo de turismo é bastante promissor. A participação efetiva da
comunidade em todas as etapas do desenvolvimento da atividade, desde a tomada
de decisão até a implantação das ideias é fundamental para que sejam alcançados
bons resultados. Estes serão obtidos em longo prazo e quando a população estiver
consciente do seu papel e disposta a trabalhar no projeto de desenvolvimento. Por
este raciocínio, esse destino terá um turismo de base local apropriado.
4 TURISMO NÁUTICO
Durante muito tempo o transporte náutico foi utilizado com fins de tráfego
comercial, de descobrimento de novos lugares, entre outros. Segundo Montejano
(2001) a partir de 1900 até a década de 1950 os transatlânticos eram o meio de
transporte mais importante e o único apto para viagens de longa distancia. Porém,
do período que compreende a segunda guerra mundial até a década de 1970 o
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desenvolvimento da aviação voltada para a área comercial fez com que o meio de
transporte náutico entrasse em decadência, só a partir dos anos de 1970 que os
transatlânticos voltaram a ter mais visibilidade ao serem utilizados para realização de
cruzeiros turísticos. “O “crucerismo” é um sistema de serviço turístico conhecido já no
século XIX e no começo do século XX que atualmente voltou à moda”. (MONTEJANO,
2001, p. 222). Atualmente esses cruzeiros estão mais acessíveis permitindo que mais
turistas também possam usufruir desse serviço.
Com base nas normas estabelecidas pela Marinha, a atividade náutica pode
se realizar de forma adequada e segura sendo imprescindível que os responsáveis
pela utilização dessa atividade para fins turísticos cumpram essas prerrogativas,
garantindo a segurança dos clientes que, de acordo com a nomenclatura turística, são
denominados “turistas náuticos”. Segundo o Ministério do Turismo (2010), analisar os
recursos naturais existentes no destino, verificar se o mesmo é propício à navegação e
identificar os que apresentam potencial para atrair os turistas são os primeiros passos
para o desenvolvimento da atividade. Importa destacar que os recursos devem possuir
características que sejam essenciais a atividade como o clima, a fauna e a flora e a
qualidade da água e do solo próximo ao recurso hídrico. Além dos atrativos naturais, a
infraestrutura existente no local é imprescindível para que a atividade possa acontecer
de forma positiva como afirma o Ministério do Turismo (2010, p.42):
5. METODOLOGIA
Todos os barcos são de pequeno porte, possuem seis lugares cada, número máximo
de lugares estipulados pela própria Associação e dispõem de colete salva vidas como
medida de segurança para os passageiros.
Assim como grande parte dos segmentos turísticos, o turismo náutico também
apresenta características da sazonalidade. Segundo o vice-presidente da associação,
o período de alta temporada se inicia no final de dezembro e se estende até o mês
de fevereiro. Durante esse período, em média, são transportados cerca de 10.200
passageiros e são realizadas aproximadamente cerca de 1.700 travessias, o que dá 57
travessias por dia, dividida por 16 embarcações, pois vale ressaltar que os associados
revezam os dias de trabalho. De acordo com o vice-presidente esse número varia,
pois nem sempre as embarcações saem completas, com os seis lugares ocupados,
sendo assim, o número de travessias pode aumentar ou diminuir.
75% são realizados no município de Itamaracá enquanto os outros 25% são referentes
aos gastos em Itapissuma (ver gráfico 5).
Dos 75% gastos em Itamaracá, 25% são injetados no setor de comércio através
da aquisição de materiais para as embarcações (Ex.: combustível e óleo para o motor)
e 50% no setor de serviço devido à realização do serviço de manutenção dos barcos e
a contratação de associados. Já os outros 25% gastos em Itapissuma são referentes
à contratação do funcionário responsável pelo serviço de vigilância da associação (ver
gráfico 6).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi exposto entende-se que atividade do turismo náutico possui
uma relevante importância econômica principalmente em função dos efeitos diretos.
Porém, no caso do município de Itamaracá, o potencial da atividade para contribuir com
o desenvolvimento local não está evidente uma vez que se constatou uma quantidade
pequena de setores da economia que são beneficiados pelos efeitos indiretos do
turismo náutico. De modo semelhante, este desenvolvimento pelo turismo náutico
não recebe contribuição do efeito induzido, uma vez que a maior parcela desses
gastos é feita fora da economia local. Também foi identificada a necessidade de
melhores condições de trabalho para os jangadeiros. Uma boa infraestrutura turística
é fundamental para facilitar o desenvolvimento da atividade, oferecendo aos turistas
um melhor serviço prestado.
8. REFERÊNCIAS
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ABSTRACT / RESUMEN: This article proposes to study the way the tourism overlaps
and negotiates its existence with the daily life of residents of Favela da Rocinha (RJ).
The first chapter addresses the influence of globalization in today’s society and how
people’s consumer desire has expanded, transforming societies and cultures into
objects of fetish. Still in this chapter, it is studied the concept of experience tourism,
which is a way of tourism that explores the traveler’s imaginary and that seduces, trying
to provide a unique and unforgettable experience, where dreams can be accomplished.
The slum becomes a scenario of this kind of tourism where there is a desire to visit a
poor community. To answer the problematic we analyzed four tourism agencies that
work in the community: Jeep Tour, Favela Tour, Exotic Tour and Be a Local, Don’t Be
a Gringo. During the study we realized that the Rocinha became a popular icon today,
known worldwide, and now it looks more like a neighborhood with intensive trade
than with a disadvantaged community. Due to this popularity, the desire for people to
know not only a slum, but, “The Favela Rocinha” has generated a demand for tours
inside the place. We can see that the agencies which work with the tourism inside this
slum deal with several screenplays and promote community in different ways. And,
although these routes are equal in some respects, these companies attribute certain
1 Bacharel em Ciências Humanas. Graduando em Turismo pela Universidade Federal de Juiz
de Fora. E-mail: pauloarrudajf@gmail.com
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INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje fala-se muito em uma mudança na alteração dos gostos
do consumidor. Apesar do nosso sistema econômico se basear sempre na ideia de
consumo, as pessoas estão mais exigentes quanto a seus gostos e preferências, do
que eram há tempos atrás, almejando algo único e inesquecível. Passam, portanto,
a incorporar a emoção em suas demandas, prezando a aquisição de experiências
(PANOSSO NETTO et GAETA, 2010). É como se, de uma forma, o “comum” não nos
bastasse mais e tivéssemos a necessidade de romper com ele em nossas escolhas,
que vão se refletir principalmente nas demandas de consumo.
A qualidade dos serviços se torna um requisito de competição, agregando
experiência (MOLINA, 2003).
CONTEXTUALIZANDO A ROCINHA
prefeito César Maia. Este justificou a inclusão da favela, realçando sua urbanização, a
localização privilegiada (mata verde, praia, cores), o comércio e o sentimento de fazer
parte de uma comunidade.
Esperava-se aumentar a integração entre a cidade e a favela e desmistificar a
visão de que a Rocinha tinha somente violência. Apesar de ter sido reconhecida em
2006, já havia práticas regulares de turismo na década de 1990, mais precisamente a
partir da ECO 927.Nessa época houve uma grande disseminação dos tours feitos em
carros como jipes, onde os turistas percorriam as ruas da favelas, montados nesses
carros.Com o tempo, as agências foram aderindo a essas modalidades.
As primeiras empresas de turismo surgiram então, através dessa tendência.
Uma das empresas mais atuantes nesse segmento é a Jeep Tour, que vem crescendo
no decorrer dos anos, através dos tours realizados na Rocinha e em outros lugares do
Rio de Janeiro. O passeio na Rocinha tem duração de 3 horas.
Há também a Exotic Tour, agência que promove o contato com o exótico, com o
não usual, onde os viajantes obtêm contato com a comunidade de uma maneira mais
intensa. Terreiros de umbanda, de candomblé, cemitérios, são muitas vezes visados.
“No que se refere aos passeios pela Favela, a Exotic Tour traz dois diferenciais
interessantes: o tour é feito a pé e conduzido, na maior parte das vezes, por guias de
turismo da própria Rocinha” (FREIRE-MEDEIROS, 2009, p.54).
Outra agência importante é a “Favela Tour”, cujo dono, Marcelo Armstrong, gosta
de ressaltar que os passeios pela comunidade não são feitos em jipes. Ao contrário
das outras agências apresentadas, a Favela Tour é a única que opera exclusivamente
nos morros cariocas. Esta trabalha muito com a ideia de valorização da favela e da
sua imagem como um lugar de cores, de alegria, que pertence ao Rio de Janeiro.
Segundo a autora, há uma quarta agência chamada “Be a Local, Don’t Be a
Gringo”, que é voltada para os mochileiros que gostam de se aventurar, e propõe um
passeio mais radical, onde visitantes passam por vielas apertadas, montados nas
garupas de moto taxis velozes. Além dessas opções de agências, existem também o
passeio com taxistas e guias autônomos, que fazem parte, também da concorrência
(FREIRE-MEDEIROS, 2009).
A venda de souvenires é outro aspecto que fomenta a atividade turística na
Rocinha. Existem quatro pontos que concentram a venda de produtos para turistas.
São o Centro de Artes Geisa Gonçalves, o Centro Comunitário Alegria das Crianças,
a área precária Roupa Suja e, por último, o ponto considerado o mais importante na
venda dos souvenires, a “Rua 1”, localizada na parte alta da favela.
Outro componente da venda de souvenires, segundo a autora citada acima, são
os produtos “by rocinha”, que são produtos feitos de material reciclável, como caixas
de fósforo, de remédio, sacolas, fios de telefone, que se transformam em bolsas,
cintos e maquetes.
Hoje a favela referida vem ganhando um grande destaque na mídia nacional
e internacional, tornando-se palco de eventos, de filmes, cartões postais e sendo
visitada por celebridades e fazendo parte cada vez mais do cenário carioca. Segundo
FREIRE – MEDEIROS (2009) existe uma vasta rede de comércio e serviços em suas
ruas, desde mercados informatizados, ao próprio canal de TV a cabo. Há também a
presença de ONG’S
A Rocinha é hoje uma “cidade” de 70000 habitantes.
E essa “cidade” vem ganhando cada vez mais lugar no território do entretenimento
carioca, principalmente após a sua pacificação. Já foi, por exemplo, palco de alguns
eventos importantes, como o“Rio Fashion Business”, as Olimpíadas Escolares e
outros eventos.
A própria arte gráfica nos remeteu a essa ideia, com tons predominantemente verdes,
com um emblema de um jipe e alguns bambus, galhos e folhas. Ao verificar novamente
o website dois anos depois, percebemos que a frase peculiar havia sumido e a página
inicial ganhado tons mais fortes amarelos e vermelhos, enfatizando palavras como
“experiência”, “carioca” e “diversidade”. Apesar de haver um link para o passeio em
uma favela, não explicitava em qual era o nome exatamente.
Ao pesquisar o site “Favela Tour”, podemos encontrar algumas peculiaridades
que contrastam com a primeira agência.,com um aviso em inglês, espanhol e italiano
de que o passeio não é feito em jipes ou motocicletas. Sendo um diferencial de
mercado, a agência sugere aos internautas que os seus passeios, por serem a pé,
permitem que os visitantes vivenciem de uma maneira mais autêntica o cotidiano dos
moradores, e não uma aventura radical.
Podemos ver, ainda no site, que há uma ilustração de uma favela colorida,
com pessoas soltando pipa e turistas felizes tirando fotos. “ O passeio muda sua
reputação das áreas, relacionadas apenas à violência e pobreza. Não fique tímido,
você é bem vindo lá e a comunidade local apoia sua visita. Se você realmente quer
entender o Brasil, não saia do Rio sem ter feito o FAVELA TOUR (minha tradução)”.13
É uma imagem idealizada, como se no “morro” fôssemos encontrar um lugar colorido
e pacífico, com gente bonita e acolhedora. Por outro lado, há um esforço em não
mostrar o negativo, como se isto fosse atrapalhar a experiência do visitante. Porém,
como dito anteriormente, a possibilidade de ir a um lugar marcado pela violência e
pobreza parece seduzir de maneira mais eficaz o futuro visitante.
Dando continuidade ao estudo, entramos na web page da “Exotic Tour”. O site
é em inglês e francês, onde Rejane Reis, sua organizadora, defende que a agência
opera exclusivamente na cidade do Rio, e enfatiza o passeio na Rocinha, como o
mais procurado, e a agência Exotic, como a primeira a ter operado o turismo com os
moradores. Ainda na página inicial do site há um texto sobre o turismo sustentável
na comunidade referida. Das quatro companhias estudadas, esta parece ser a
que mais inclui a comunidade no contexto do turismo, enfatizando que a visita dos
turistas contribui com uma escola local e que ajuda na criação de oportunidades de
emprego.
Porém, apesar de aparentemente passar a ideia de que é uma agência que
se preocupa com a população local, vemos que a Exotic Tours pode utilizar-se disso
para atrair a clientela, explorando a ideia de que somente eles podem garantir a
segurança do visitante, por estarem conectados mais profundamente à comunidade.
Por exemplo, em uma parte do site sobre as perguntas mais frequentes, pergunta-se
13 “The tour changes their reputation of areas related only to violence and poverty. Don’t be shy,
you are welcome there, and local people support your visit. If you really want to understand Brazil, don’t
leave Rio without having done the Favela Tour”. FAVELA TOUR. What is it all about. Disponível em:
http://www.favelatour.com.br/ing/whatis.htm. Acesso em 30 de setembro de 2012
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
se a Rocinha é perigosa. O site responde da seguinte maneira: “Se você for sozinho,
sim. Nós NÃO recomendamos que você vá por conta própria dentro de nenhuma
favela do Rio de Janeiro ou outra cidade” (tradução minha)14. O sistema perito se
mostra atuante nesse caso, como se o passeio com o guia proporcionasse confiança
e segurança, como se sem ele, a pessoa não conseguisse sair do lugar, viva.
O quarto site, “Be a Local, Don’t Be a Gringo”, mostra, de maneira muito mais
explícita do que os outros, a capacidade do mercado em transformar as sociedades e
culturas em produtos de prateleira, que despertam desejo no consumidor. Apesar de
o nome nos convidar a sermos os “nativos”, parece que nos remete muito mais a uma
experiência controlada, do que uma vivência do cotidiano da comunidade.
Por exemplo, no site há fotos de um baile funk em uma favela e um texto
perguntando se o internauta se imagina dançando e agitando com os ritmos do funk
popular local, com direito a uma suposta entrada VIP. Todavia, a parte mais inusitada
é a de que abaixo do vídeo há um campo para a pessoa escolher qual “produto” ela
quer comprar: Bilhetes de carnaval, um city tour, Baile Funk na Favela, jogo de futebol,
tour na favela ou trabalho voluntário. Como se não houvesse nada mais importante do
que a forte relação entre o comprador e o produto.
Para buscar mais informações a respeito das agências e dos passeios,
resolvemos ligar para seus números, nos passando por pessoas que queriam montar
um grupo de excursão e que estavam interessadas no produto comercializado por tais
empresas. Para isso, elaboramos um questionário de quatro perguntas, com o intuito
de conhecer mais sobre as relações envolvendo turistas, agências e residentes.
Quando os entrevistados foram indagados sobre a forma como os passeios
são feitos, obtivemos basicamente a resposta que replica a encontrada nos sites: o
visitante passeia pela Favela e visita os principais atrativos da Rocinha. No caso da
“Jeep Tour”, os passeios são feitos a jipe e com a empresa “Be a Local, Don’t be a
Gringo”, através de moto-táxi. Marcelo Armstrong, dono da “Favela Tour”, ressalta que
o passeio é bem informativo e situa a favela dentro do contexto social brasileiro. Por
último, o site da “Exotic Tours” chama a atenção da possibilidade de ter contato com
o estilo de vida real do lugar.
Dando continuidade à pesquisa, a segunda pergunta foi: “No passeio, em que
momento conseguimos conversar, ter um contato maior com os moradores?”. Teixeira
(JP), disse que não há um momento específico e que teríamos que demandar isso em
um e-mail, já que em passeios individuais isso não existe. Ou seja, a aproximação do
morador transforma-se em um produto que deve ser solicitado em uma lista.
Já Marcelo Armstrong (FV) deixa claro que não existem restrições quanto ao
contato direto e informal com os moradores, porém, isso não está no roteiro porque
14 If you go alone, yes. We do NOT recommend that you go by yourself through any favela in Rio
de Janeiro or any other city. EXOTIC TOUR. FAQ’s. Disponível em :http://www.favelatourismworkshop.
com/faqs.htm. Acesso em 01 de outubro de 2012.
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não seria espontâneo parar para interagir com o turista. Essa resposta parece deixar
clara a linha tênue entre o que é classificado como cotidiano e o que é o anticotidiano.
O “Exotic Tours” diz que os moradores dão boas vindas aos visitantes e se mostram
positivos às visitas, ao mesmo tempo em que há o respeito da parte da empresa.
Por último, Luis, dono do Be a Local, não impôs empecilhos e disse que até ajudava
o turista se ele não conseguisse se comunicar. “Durante o passeio, se o turista falar
português, pode ficar à vontade. Se não falar, eu até ajudo na hora.”
A terceira pergunta foi feita com o intuito de conhecer os limites impostos aos
visitantes, com relação aos moradores, já que ninguém é completamente pacífico e
simpático: “Existe algum tipo de restrição em relação à comunidade?”. Teixeira e Luis,
ambos das duas agências que demonstram ser mais funcionais, disseram que não
existe nenhuma restrição. Querendo ou não, isso nos faz pensar que poderíamos
fazer qualquer coisa no território visitado. Ou seja, um atrativo a mais para quem está
pensando em ir. Marcelo Armstrong (FT) disse que, apesar de a presença do visitante
já fazer parte do contexto do lugar e que eles muitas vezes nem são notados, ressalta
que tais turistas também não podem fazer tudo o que tiverem em mente. Porém, o
“Exotic Tour” é o que mais abrange a questão dos cuidados a se tomar, tanto que
na central de perguntas mais frequentes, vários tópicos abordam essas precauções,
como, por exemplo, respeitar a privacidade alheia, se vestir modestamente, não
adentrar o lugar sozinho, etc.
Por fim, a quarta e última pergunta foi feita com o objetivo de investigar se os
moradores são beneficiados de alguma forma com a atuação das agências, através
de projetos sociais: “Vocês tem algum projeto social na Rocinha? Como eu faço para
participar?”.
Foi levantado que, com exceção da Jeep Tour, todas as empresas atuam com
projetos sociais. Armstrong disse que existe o projeto “Para Ti”, onde funciona um
centro de artesanato e de informática. Porém, para participar, a pessoa teria que entrar
em contato com o grupo que administra o projeto. Ao acessar o site desse projeto,
percebemos que ele não é específico da Favela Tour, mas, sim, uma organização que
é auxiliada por esta. É interessante notar que não há uma superpromoção da obra
social para atrair clientes.
A Exotic Tour, ao contrário, enfatiza a todo o momento as obras e os projetos
apoiados, como o turismo sustentável, onde o site diz que ela treina os moradores e
jovens para serem guias. “Rejane Reis, proprietária da Exotic Tours, é a pioneira em
turismo dentro da Rocinha, e agora ela treina pessoas locais para serem guias em
um projeto sustentável dentro da Rocinha” (minha tradução) 15. É possível notar que o
15 “Rejane Reis, owner of Exotic Tours, is the Pioneer in tourism inside Rocinha and now she trains
local people how to be guides as a sustainable Project inside Rocinha”. EXOTIC TOURS. Rocinha
Favela Tourism workshop. Disponível em: http://www.favelatourismworkshop.com/.
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site utiliza esses projetos sociais para atrair o internauta, como se Rejane Reis fosse
a porta de acesso à autenticidade do cotidiano da população, por possuir a confiança
deles, por ser uma benfeitora. Por último, Luís comentou sobre um projeto no “Roupa
Suja”, uma área precária da favela, que não funciona aos fins de semana. A pessoa
que quisesse participar deveria ver como o projeto funcionava, durante duas semanas.
Resumindo o que acabamos de estudar, das quatro empresas, podemos
perceber que a Jeep Tour é a que menos disfarça a falta de inclusão e de
contextualização dos moradores da Favela da Rocinha em seus passeios, focando
muito mais na experiência única que o turista obtém ao visitar uma favela.
Um caso parecido é o da “Be a Local, Don’t Be a Gringo”, em que fala-se
pouquíssimo da comunidade referida e se enfatiza mais o território favela e a
possibilidade de o consumidor turista sentir como é viver em uma favela. Porém, esta
empresa apresenta uma maior participação com os moradores da favela, do que a
primeira. Em ambas, vemos que esse não é o foco principal.
A Favela Tour e a Exotic Tours, ao contrário, se focam na preocupação e na
inclusão dessas pessoas. Vemos, porém, que nessa há um esforço em esconder o
que é negativo e passar uma imagem multicolorida e idealizada do lugar, enquanto
na última há o discurso de que Rejane Reis é a única que mostra a autenticidade do
lugar e opera com o turismo sustentável e um esforço em mostrar isso, em seu site.
Mostrando ou não os moradores, o importante é atrair a pessoa que irá fazer o
passeio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
contemporâneo.
Percebendo que hoje as pessoas anseiam em suas vidas pelo que é único e
inesquecível, refletindo isso em seus hábitos de consumo, o mercado passou a usar a
experiência como um diferencial para conquistar seus consumidores. Decorrente disso,
o setor turístico utilizou-se de cenários, pessoas, tradições, para criar experiências, as
mais distintas e atraentes. E quanto mais exótico fosse e contrastasse com o cotidiano
do viajante, mais atraente seria para o mesmo. Uma dessas mercadorias seria os
reality tours, ou tours da realidade, onde poderíamos ter contato com o cotidiano difícil
de algumas sociedades, como por exemplo, a favela, a princípio associada a miséria
e violência.
Em um segundo momento, esse mesmo território, representado principalmente
pela Favela da Rocinha passou a ser reconhecido mundialmente, transformando-se
em um ícone “pop”, o que motivou muitas pessoas a desejarem não apenas visitar,
mas consumir esse lugar. Os agentes relacionados ao “morro”, como prestadores de
serviços e a comunidade, percebendo essa demanda de vista, passaram não somente
a organizar, mas tentar controlar as possíveis percepções que o visitante teria, ao
adentrar o território.
Em seguida, entramos em contato com alguns dados acerca das favelas e,
especificamente, da Favela da Rocinha, entendendo que a atividade ali vista não é
prematura.
Após termos feito essas constatações, tomamos como objeto de estudo, quatro
agências de turismo que operam com o passeio na Favela da Rocinha: “Jeep Tour”,
“Favela Tour”, “Exotic Tours” e “Be a Local, Don’t Be a Gringo” Inicialmente, faríamos
uma pesquisa em campo e entrevistaríamos moradores, turistas e guias. Porém,
devido a dificuldades de compatibilidade de horário e uma greve nas universidades
federais que durou cerca de quatro meses, as pesquisas foram feitas nos web sites
dessas empresas e por telefone.
Ao interpretar essas quatro agências, interpretamos também, quatro maneiras
distintas de apresentar a Rocinha ao seu visitante. Algumas cercam o “produto” de
encantamento e fetiche, ou estimulam o medo e a violência, como atrativo. Outras
demonstram a preocupação com o lado social e procuram passar uma ideia de
que a favela é um lugar onde todos vivem felizes e em paz. Os moradores ora são
apresentados como pobres, violentos e miseráveis, ora como felizes, pacíficos e belos.
Por fim, a Rocinha é vista como um lugar “pop” ou uma favela perigosa. Tudo
depende de como se quer atrair a atenção do turista e de como se quer trabalhar
o imaginário para que ele viva uma experiência, de acordo com suas preferências.
Há quem vá preferir viver uma aventura no “morro”, entre os “nativos” e ter uma
experiência radical, ou quem prefira um contato mais “autêntico” com a comunidade.
O importante é fazer o viajante desejar a Rocinha.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
_____. Rocinha vira passarela da moda do Rio Fashion Business. Disponível em:
http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=933256. Acesso em 01
de junho de 2012.
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina. Você tem cultura? Disponível em:
“http://naui.ufsc.br/files/2010/09/DAMATTA_voce_tem_cultura.pdf”. Acesso em: 10 de
maio de 2012.
UOL NOTÍCIAS: RJ, DF, SP e PA dominam ranking das 20 favelas mais populosas,
diz IBGE; Rocinha lidera. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2011/12/21/rj-df-sp-e-pa-dominam-ranking-das-20-favelas-mais-populosas-
diz-ibge-lider-e-a-rocinha.htm. Acesso em: 18 de maio de 2012.
INTRODUÇÃO
Figura 1: Graus que pode alcançar a participação numa organização qualquer, do ponto de vista do
menor ou maior acesso ao controle das decisões pelos membros. Fonte: Bordenave, 1992, p. 31.
Peruzzo (1999) nos lembra que a Declaração Universal dos Direitos Humanos
estabelece que todos os cidadãos têm o direito de participar da vida em comunidade
ao mesmo tempo que possuem deveres para com a mesma. Nesta perspectiva, a
autora assegura que “uma das múltiplas instâncias pelas quais o homem pode exercer
esse direito e esse dever é a comunicação social, compreendendo-se todos os níveis
e todos os meios criados para efetivá-la” (1999, p. 275).
Uma forma de aumentar a participação popular na mídia seria sua regulamentação
que possui o papel de “determinar o interesse público, numa base contínua, com
relação a questões específicas” (RABOY, 2005, p. 199). Entre os vários papeis da
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autoridade regulatória, citada por Raboy (2005), seria supervisionar o equilíbrio entre
os setores público, privado e comunitário; facilitar a viabilidade do setor comunitário e
supervisionar o desenvolvimento do sistema.
Assim, a regulamentação da mídia, como propõe Raboy, traria contribuições para
um novo modelo, também, para o sistema da comunicação turística. Cabe, portanto,
fazermos um apontamento sobre o fenômeno do lazer no processo da globalização
que vem desenvolvendo uma relação intrínseca com a dinâmica da atividade turística,
uma vez que o aumento do tempo livre, com a diminuição da jornada de trabalho,
trouxe uma expressiva busca por atividades para ocupação do tempo disponível.
Está presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, em seu
artigo XXVI, que “todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação
razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”. O artigo XXII
assegura ainda que “todo ser humano, como membro da sociedade tem direito à
(...) realização (...) dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua
dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade” (ONU, 1948).
Silva Júnior (2010) esclarece que dentre todos os textos constitucionais
brasileiros a Constituição da República de 1988 (CRFB/88) é a primeira a trazer a
rubrica lazer em seu texto como um direito social assim como educação, saúde,
segurança e proteção à maternidade e à infância. Bobbio (1992) esclarece que os
direitos são históricos e gradualmente formados, assim, “essas exigências nascem
somente quando nascem determinados carecimentos. Novos carecimentos nascem
em função da mudança das condições sociais e quando o desenvolvimento técnico
permite satisfazê-los” (BOBBIO, 1992, p. 07).
A necessidade e o direito ao lazer contribuem para o desenvolvimento das
mais variadas formas de entretenimento – entre eles, o turismo – e, paralelamente, a
mídia tem sido aliada na transmissão de informações para melhor aproveitar o tempo
livre disponível. Isto nos leva a refletir sobre o direito à informação como porta de
acesso a outros direitos levando Gentilli a afirmar que “a informação, conforme seja a
necessidade que dela se tenha pode ser entendida como direito social, como direito
civil e como direito político” (1995, p. 25).
Por se tratar de um processo social fundamental para todas as relações e
organizações sociais que Melo e Sathler (2005) defendem a inclusão da Comunicação
como um Direito Humano. Para eles “incluir os Direitos à Comunicação nessa luta é
reconhecer a centralidade do ser humano como agente do seu próprio destino, seja
como indivíduo ou grupo, capaz do diálogo” (2005, p. 08).
A inclusão da comunicação como direito social humano, assim como o lazer,
poderia apontar para maior liberdade e mobilização popular na comunicação turística
podendo ser um grande catalisador do processo de construção e exercício da
cidadania.
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Neste início de século, uma grande questão posta às cidades seria inserir-se
com autonomia nas redes internacionais, abdicando-se de um modelo reprodutor da
globalização, como o turismo. Gastal (2007) aponta que esta internacionalização passa
pelas mídias e pela capacidade de produzir e conservar informação e que submetidas
às tecnologias de informação e comunicação, as cidades encaminhariam, em princípio,
para uma certa homogeneização de comportamento e pensamentos, mas, afirma a
autora, “as cidades, nas suas rotinas, impõem o constante exercício do conviver com
a diversidade, o que aceleraria e transformaria a idéia de cidadania” (GASTAL, 2007,
p. 24). Ainda para a autora, as mídias, quando entregues à competência comunicativa
das comunidades e de suas culturas, permitiriam a cidadania como respeito ao
universal, devido ao reconhecimento das diferenças e à abertura para o outro.
Em suma, correlacionar o envolvimento popular na comunicação turística
requer que tenhamos conhecimento das várias possibilidades e níveis de participação
que pode desenvolver neste subsistema da comunicação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo pudemos observar que o fenômeno turístico na
sociedade capitalista ganhou força com a revolução dos meios de transportes, meios
de comunicação atrelados às novas tecnologias além do direito ao lazer e às férias
remuneradas. Neste cenário, os meios de comunicação são ferramentas fundamentais
para que as informações sejam repassadas, o que nos faz reconhecer o direito às
informações como porta de acesso aos direitos social, civil e político.
Assim, para que um modelo de comunicação turística pautado em sua
complexidade, como propõe Baldissera, seja inclusivo, participativo e democrático há
uma necessidade de envolver a população nos processos de produção, planejamento
e gestão deste subsistema da comunicação, abarcando, portanto, vários contextos
de cidadania. Entretanto, destacamos que cada realidade possibilita um tipo e grau
de participação, não sendo nosso objetivo, neste artigo, traçar modelos limitados e
centralizados.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade – e outros escritos. 3 ed., Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1978.
LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo, Perseu Abramo, 2ª Ed., 2004.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: <http://
www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php> Acesso em: 12 de janeiro
de 2011.
RESUMO:
O presente estudo propõe-se apresentar as possibilidades de implantação de
hospedagens domiciliares do tipo Cama e Café no município de Lagoa do Carro,
situado na zona da mata norte do estado de Pernambuco como forma de dotar a
localidade de condições propícias à acomodação, alimentação e alojamento a seus
visitantes. Para tanto, foram realizadas, no decorrer dos anos de 2010 a 2013,
incursões com vistas à coleta de dados no locus de pesquisa, buscando através da
realização de observações e entrevistas, primeiramente informais e, em seguida,
semiestruturadas, com a comunidade e o poder público local, a obtenção de dados
que viessem a responder acerca de ser ou não viável a implantação deste tipo de
hospedagem. Somado à pesquisa de campo, amparou-se o presente estudo em
revisões do tipo bibliográfica e documental à luz das temáticas: hospitalidade e turismo
comunitário primordialmente. Como resultados, destaca-se a possibilidade quanto a
tornar-se viável as hospedagens do tipo Cama e Café, haja vista a disponibilidade de
imóveis para tal fim, a população engajada e sensível à melhora na cadeia produtiva
do turismo e o interesse do poder público local ciente dos contributos oriundos do
desenvolvimento do turismo fincado em bases sustentáveis e benéficas a seus atores.
PALAVRAS-CHAVE: Lagoa do Carro. cama e café. turismo. hospedagem.
desenvolvimento local.
ABSTRACT / RESUMEN:
This study intends to present the possibilities of locating the type of residential
accommodation bed and breakfast in Lagoa do Carro, situated in the Zona da Mata
of the state of Pernambuco in order to provide the location of conditions conducive
to accommodation, food and accommodation to its visitors. For thatwereperformed
during the years 2010 to 2013, raids aiming at collecting data on the locus of research,
searching by conducting observations and interviews, informal first and then semi-
structured, with the community and the power local public, obtaining data that come
about to answer or not feasible to implement this type of hosting. In addition to field
research, steadied in the present study reviews the literature and documents in the
light of the thematic type: hospitality and tourism community primarily. As a result,
there is the possibility as to become viable Hosts the type bed and breakfast, given
the availability of land for this purpose, the engaged and sensitive to improvement in
1 Graduação em Turismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Especialização em
Administração de Marketing pela Universidade de Pernambuco (UPE) e em Educação a Distância pela
Faculdade Integrada de Jacarepaguá (FIJ). Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentá-
vel pela Universidade de Pernambuco (UPE). Professora do Departamento de Hotelaria e Turismo da
UFPE. E-mail: maria.hcsilva2@ufpe.br.
2 Graduação em Turismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: naray-
na_10@hotmail.com
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tourism production chain population and the interest of local government aware of the
contributions coming from the development of tourism in sustainable and beneficial
stuck his actors bases.
KEYWORDS: Lagoa do Carro. bed and breakfast. tourism. hosting. local development.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
da manhã. Trata-se do que é classicamente conhecido como bed and breakfast (b&b),
home stay, ou Cama e Café no Brasil.
Na análise para o desenvolvimento das hospedarias no município levou-se em
consideração primordial o interesse e a hospitalidade da comunidade local neste tipo
de empreendimento, usando como definição de hospitalidade o que propõe Grinover
(2007, p.30), quando afirma que hospitalidade é um: “ato de bem receber, que
proporciona uma sensação de bem estar”, buscando sempre mostrar para a população
a importância do envolvimento da mesma no processo de desenvolvimento do turismo
no município, e os benefícios trazidos pelo entrosamento da comunidade juntamente
com os órgãos gestores locais na promoção do turismo com base comunitária, que
visa o envolvimento da comunidade como atores principais, participantes e ativos. Ao
se tratar de turismo comunitário usa-se a definição de Coriolano (2003, p.41) apud
Barbosa e Coriolano (2013, p.4), que afirma que turismo de base comunitária é:
Carvalho.
Sendo o turismo uma atividade capaz de atrair divisas, gerar empregos
e melhorar o nível de vida das comunidades, o turismo de base comunitária visa
minimizar os pontos negativos trazidos pelo desenvolvimento do turismo através da
promoção ativa da comunidade e sua inclusão visando seu desenvolvimento ativo
juntamente com o turismo e as oportunidades do destino.
Desta feita, o Ministério do Turismo brasileiro tem trabalhado com ações voltadas
ao fortalecimento e o fomento dos destinos turísticos do país, por meio principalmente
dos Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR), e de ações
de infraestrutura, da promoção e marketing, com destaque à promoção internacional
do país pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), da qualificação profissional,
entre outras iniciativas do poder público federal, o que tem contribuído de forma
positiva para o desenvolvimento do turismo de base comunitária. Outra forma de
valorização do trabalho da comunidade local é a promoção do artesanato, da cultura
e da culinária, assim como todos os outros trabalhos que beneficiem e valorizem
diretamente as pessoas da comunidade e os tornem atores principais no processo de
desenvolvimento do turismo local, assim como afirma Carvalho (2007, p.1):
procura, não apenas de baixos custos, mas também de novas experiências, através
de mais contato com o destino, com a cultura e com a vida cotidiana das pessoas do
local. Na hospedagem domiciliar, especialmente do tipo bed and breakfast, turistas e
comunidade encontram-se em um espaço comum, se conhecem e criam, até mesmo,
laços de amizade (PIMENTEL, 2007).
No Brasil, a prática do bed and breakfast (Cama e Café), assim como de outras
formas de hospedagem domiciliar, ocorre já há alguns anos, embora, em muitos
casos, de modo informal e desarticulado. A situação legal e organizativa pode variar.
As hospedagens domiciliares podem ser formais – a partir do Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas e registro no Ministério do Turismo; semiformais – quando há uma
instituição “guarda-chuva” concedendo apoio aos empreendedores a exemplo do
Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas (SEBRAE), associação de
moradores, secretarias de turismo municipal ou estadual; ou completamente informal.
(PIMENTEL, op. cit.).
Hoje a hospedagem domiciliar do tipo Cama e Café, foi inserida no Sistema
Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem (SB Class) que a define
como: “hospedagem em residência com no máximo três unidades habitacionais
para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, na qual o possuidor do
estabelecimento resida” (BRASIL, 2010, p.6).
A necessidade da presença de morador quando da implantação e continuidade
de um Cama e Café é de extrema importância de forma que o mesmo não se exclua do
processo, como acontece em alguns casos onde os moradores deixam suas próprias
casas e vão morar em casa de amigos, parentes ou até mesmo em casas alugadas
para usufruir de um aluguel. Tal situação torna-se inadequada, pois, o anfitrião não
compartilha nem interage com os visitantes a sua cultura nem a sua rotina, nem muito
menos pratica a hospitalidade, ou seja, o ato do bem receber característica principal
para a existência das hospedarias domiciliares.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
dos respondentes além de se usar para as perguntas do tipo fechada a tabulação dos
dados pautando-se no programa Microsoft Excel.
Elenca-se como limitações ao estudo a falta de dados registrados (quantitativos
e qualitativos) quanto ao desenvolvimento do turismo na localidade, haja vista não se
ter uma catalogação destes em poder do órgão municipal responsável pela atividade
quando da realização deste estudo.
Dentre os questionamentos iniciais, também foi perguntado aos entrevistados
o grau de escolaridade. Nesta pergunta optou-se por apresentar como possibilidades
de respostas o disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996) no que tange os extratos educacionais divididos basicamente em educação
básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e a educação superior.
Dentre os respondentes encontram-se os dados dispostos no gráfico 03:
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Buscando colher informações a respeito do conhecimento do que viria a
ser hospitalidade na visão do entrevistado (gráfico 06), 85% não sabiam informar
e 15% definiram ao seu modo. Nesta pergunta não se buscava que o entrevistado
apresentasse conceitos e sim a sua ideia ou opinião sobre a hospitalidade, fato que viria
a somar com a pergunta seguinte: “A comunidade de Lagoa do Carro é hospitaleira?”
(gráfico 07). Interessante destacar que, quando feita a pergunta desta forma, os
respondentes trouxeram suas considerações acerca da cidade ser hospitaleira por
possuir uma população que “sabe receber, que é acolhedora e que sabe servir”.
Ainda foi apresentada como resposta que os moradores sabem prestar informações
aos que vem de fora. Ressalta-se que neste item entrevistados sinalizaram para a
necessidade de uma qualificação voltada a práticas do bem receber com vistas a
melhorar a recepção da comunidade para com o visitante.
Na Seção 3 foram realizadas as perguntas finais aos moradores entrevistados
de Lagoa do Carro. Objetivou-se a coleta de dados centrada no interesse dos
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5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, L.M.; CORIOLANO, L.N. Turismo e economia solidária: experiências
comunitárias para o desenvolvimento em escala humana no estado de Ceará, Brasil.
In: 14º Encuentro de Geógrafos de America Latina.2013. Anais. Disponível em: <
http://www.egal2013.pe/wp-content/uploads/2013/07/Tra_Luciana-Maciel-Barbosa-
Luzia-Neide-Coriolano.pdf>. Acesso em 19 jun.2014.
BENI, C. M. Análise estrutural do turismo. 12. ed. rev. e atualiz. São Paulo: Senac
São Paulo, 2007.
______. Rio + 20: Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentá-
vel. Rio de Janeiro: [s.n], 2012.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
INTRODUÇÃO
agricultura, entre outras. Além disso, o TBC deve ser fator de fomento de preservação
do patrimônio cultural e natural, já que destinos mal conservados não são capazes de
atrair visitantes.
Enfim, esse é o contexto no qual se situa o TBC, na busca de um modelo de
desenvolvimento que traga mais equidade, preservação cultural, ambiental e social,
bem como de buscando novas formas de apresentação através do turismo rural,
ecoturismo, etnoturismo entre outros.
Não obstante, apesar de a participação da comunidade nos projetos turísticos ser
um desafio discutido por vários autores (CORIOLANO, 2001; BENI, 2002; IRVINING,
2003), reconhece-se que a gestão democrático-participativa é um processo contínuo
que tem no grau de comprometimento da comunidade a possibilidade de garantia da
sua continuidade.
Portanto, pode-se perceber que a participação da comunidade em projeto é um
fator de máxima importância em um processo democrático e sustentável, mesmo que
não haja consenso do nível e da forma de participação da comunidade nem de seus
efeitos. Assim, Swarbrook (2000) afirma que:
1.1 METODOLOGIA
1.2 OBJETIVO
Ampliação do conceito de
gestão de turistas
Para o autor acima, as expressões turismo verde e questões verdes eram mais
comuns até meados da década de 1980 em países como a Inglaterra e a Alemanha,
pois refletiam a influência do crescimento de políticas verdes. Os princípios do turismo
verde eram a redução dos custos e a maximização dos benefícios ambientais do
turismo.
Após a Conferência de Leeds na Inglaterra, no início dos anos de 1990, a
expressão turismo sustentável passou a ser usada com frequência. Na expressão
compreende-se a importância da comunidade local, a forma como as pessoas
são tratadas e o desejo de maximizar os benefícios econômicos do turismo para
a comunidade. Os princípios que apoiam a gestão do turismo sustentável são a
preocupação, não apenas ambiental, mas também econômica, social, cultural, política
e administrativa.
No turismo sustentável procura-se trabalhar com a ideia de sustentabilidade
econômica (uso adequado dos recursos e respeito aos direitos das gerações
futuras), sustentabilidade ambiental (manejo adequado dos recursos e preservação),
sustentabilidade sociocultural (preservação da identidade, aceitação e respeito mútuo
entre local e visitante). Porém, para Swarbrooke (2000, p. 109), a dimensão social do
turismo tem recebido pouca atenção no debate do turismo sustentável, talvez porque
as alterações sociais do turismo aconteçam de forma mais vagarosa e discreta com o
passar do tempo.
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diz ao mesmo tempo, máxima presença de povo no governo, porque, sem participação
popular, democracia é quimera, é utopia, é ilusão, é retórica, é promessa sem arrimo
na realidade, sem raiz na história, sem sentido na doutrina, sem conteúdo nas leis
(BONAVIDES, 2003, p.283).
Demo (1996, p.26) elenca cinco canais de participação que podem ser aplicados
no âmbito local, a saber: organização da sociedade civil, planejamento participativo,
educação como formação à cidadania, cultura como processo de identificação
comunitária e processo de conquista de direitos.
Para Moroni (2009),
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MTUR o Turismo de Base Comunitária tem nível de importância média, o que explica
o investimento ainda pequeno no setor de TBC por parte do Ministério do Turismo,
que atualmente justifica-se em função da impossibilidade de repasse de renda para
ONGs, organizações essa foram as principais proponentes de projetos de TBC. Mas o
MTUR prevê ações de apoio ao setor no que tange a comercialização, fato que requer
atenção, pois a literatura até aqui consultada ao tratar de TBC mostra fragilidade nesta
área.
O Sistema de Convênios do Governo Federal - Siconv, mesmo não sendo
inicialmente elemento da pesquisa, gerou dificuldades na prestação de contas no final
dos projetos. Levando em consideração as características de TBC os quais muitos
projetos são desenvolvidos em região longe dos grandes centros e com maior grau de
dificuldade de acesso a informação, esse problema pode ter tido um efeito maior. O
próprio MTUR reconheceu a dificuldade gerada pelo sistema utilizado para prestação
de contas.
Destarte, a intenção desse trabalho não é esgotar o tema participação local no
Turismo de Base Comunitária, mas, destacar que a participação local e o protagonismo
comunitário são elementos extremamente relevantes para os projetos de TBC, já que
esses dependem da demanda direta das comunidades para escolha do TBC como
forma de desenvolvimento.
REFERENCIAS
APENDICE A
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INTRODUÇÃO
Diante deste contexto esse ensaio tem como objetivo estimular a reflexão
sobre a importância das pesquisas sobre participação no turismo contemplarem os
empresários. Para tanto apresenta informações a respeito da inserção deste tema nesta
respectiva área do conhecimento. Então propõe uma pauta de investigação sobre a
participação no turismo, colocando os empresários no centro da discussão. Para tanto
primeiramente foi realizada uma pesquisa no site <http://publicacoesdeturismo.com.
br> com o intuito de identificar as pesquisas que tratavam dos termos participação,
participação e empresa, participação e política, empresa ou empresário, e política
pública em seu título, resumo ou palavras-chave. Após a identificação destes artigos
os termos presentes nos mesmos foram agregados em função de suas semelhanças
e então analisados quantitativamente para verificar aqueles mais presentes nos títulos
dos artigos listados pelo site.
A WTO (2000) ressalta que esta é necessária para que o setor público assim
absorva as mudanças do turismo nas políticas públicas, regulação, infraestrutura
e tributação. Hall (1999) enfatiza que cabe ao Estado estimular uma atividade com
forte interesse empresarial, mas que está estritamente relacionada com a cultura, os
recursos naturais e o cotidiano de uma sociedade. Este enfoque está presente nos
direcionamentos dados pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2013) no Brasil. Em seus
programas, sobretudo naqueles ligados à estruturação e gestão de destinos turísticos,
o Ministério enfatiza o desenvolvimento da atividade de forma regionalizada, com foco
no planejamento coordenado e participativo, a partir de instâncias de governança,
envolvendo agentes públicos e privados.
Por outro lado, a retórica dos arquitetos e agentes políticos bem como a falta
de continuidade das políticas públicas colocam em risco os investimentos específicos
feitos pelos empresários. Por isso o êxito de investimentos em ativos específicos
depende da participação dos agentes locais na elaboração, implantação e controle
defendendo a continuidade das mesmas. A aplicação mais detalhada da Economia
dos Custos de Transação às políticas públicas de turismo são encontradas em Gomes
(2008).
Seguindo esta mesma trajetória, nas décadas de 1960 e 1970 a relação entre
estado e sociedade ocorreu por meio de corporativismo (formal) e anéis burocráticos
(informal – contatos pessoais entre decisores, lobbies e clientelismo), conforme
esclarece Codato (2003). De acordo com Soares (1994) não há dúvida que empresas
multinacionais e o governo norte-americano apoiaram o golpe e a conspiração
começou antes da queda de Goulart com a participação de empresas nacionais e
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multinacionais. Assim, o golpe foi fruto de uma união de interesses entre os militares
e grupos econômicos, com apoio estrangeiro. Nas palavras de Motta (1979, p.131) a
burguesia deu a mão para a burocracia e esse aperto de mãos tornou-se, às vezes,
forte demais.
b. QUEM PARTICIPA?
c. COMO É A PARTICIPAÇÃO?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
participação; qual a diferença a participação faz), sendo esta parte seguida de uma
proposta de fundamentação teórica e metodológica para a referida análise.
Diante do exposto, a reflexão a qual este artigo teve como objetivo estimula
algumas indagações: qual a influência da formação dos pesquisadores de turismo
na baixa ênfase dada aos empresários nas discussões sobre participação? O termo
participação tende a estimular os pesquisadores do turismo a caminharem mais pelas
ciências sociais e humanas e menos pelas sociais aplicadas (sobretudo administração
e economia)? Qual a percepção de pesquisadores de turismo mais vinculados às
ciências sociais e humanas sobre a proposta de inserir os empresários no debate?
REFERÊNCIAS
HABERMAS, J. Between Facts and Norms. Tradução William Rehg. Cambridge: The
MIT Press, 1996.
HOBBES, T. Leviatã. Tradução João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva.
São Paulo: Martins Fontes, 2008.
SCHMITTER, P.C. Still the Century of Corporatism? The Review of Politics, v. 36,
n. 1, 1974.
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ABSTRACT: This article aims, check the beginning of the process generating the impacts;
analyze the social impacts of beach Ajuruteua caused by tourist activity; characterize
the main environmental impacts caused by tourist activity; Identify whether there are
public policies focused on social and environmental issues in the beach Ajuruteua /
Pa. The present study was methodological strategy to bibliographical research and
descriptive and explanatory analysis with qualitative character. It was found that is
the need to preserve the characteristics of the beach Ajuruteua / PA, which is needed
to implement a new form of tourism based on provocative sustainability strategies
involving the development of policies that value the cultural and environmental heritage.
1. INTRODUÇÃO
sobrevivência.
Diante desse grave problema enfrentado hoje pela população mundial passou
a ser, cada vez mais, comum o incentivo a práticas que possam de alguma forma
colaborar com a conservação do meio ambiente. E entre tais práticas pode-se
encontrar o turismo que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado mundial.
Segundo Dias (2003) o turismo por algum tempo foi considerado uma prática
econômica limpa, não poluente, geradora de emprego e de empresas que não emitiam
gases poluentes na atmosfera. Porém, o que se observa no cenário atual, são diversos
impactos que apontam que o turismo contribui para alterações problemáticas ao meio
ambiente e às sociedades receptoras.
[...] há muitos aspectos negativos nos impactos do turismo no meio ambiente.
Esses impactos surgem, por exemplo, no desenvolvimento da infraestrutura
para o turismo, num incorreto manejo dos resíduos gerados pela atividade,
nas cicatrizes na paisagem, geradas pelo crescimento da infraestrutura nas
áreas naturais e pelo volume de visitantes que afetam os ecossistemas mais
frágeis (DIAS, 2003, p. 78).
Essa relação do turista e o meio em que ele visita tem que ocorrer de maneira
harmoniosa, sem causar impactos, porém de forma planejada, em razão de que toda
atividade turística ocasiona algum impacto na comunidade receptora seja ambiental,
social ou cultural. Fontenele (2004) expõem que, qualquer projeto/planejamento de
caráter econômico, social, político ou cultural deve se atentar aos impactos ambientais
e os reflexos causados na vida das populações.
3. MATERIAL E METODOS
Fonte:
Google mapas, 2013.
Essa procura dos visitantes para essa região motivou a construção de estruturas
para receber essa demanda, só que as construções desordenadas nessa região
propiciam problemas ambientais, principalmente em razão de muitas casas terem
sido construídas em regiões de dunas e assim descaracterizando a praia.
Ocupação
Dunas
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA:
FONTELES, J.O. Turismo e impactos socioambientais. São Paulo. Ed. Aleph, 2004.
ABSTRACT: This paper has as main subject the Community Based Tourism (TBC) in the city of
Belém-PA, this study aimed to investigate the possibility of tourism as an enabler of local development,
taking as example the project “tracks MMIB” which aims the union of the physical space with the
community so that space and society can work together to improve the environment they live thereby
producing (TBC) which is guided in the directions of sustainability, socio-economic integration, cultural
appreciation, participation and confidence to that thus the community to develop equally and minimize
the impacts that possibly could lead to the tourist activity in the region. Thus, the knowledge gained
during the visit in the community Cotijuba-Pa shows the attempt to establish the TBC would serve in the
future as an example to practice this segment of tourism in other locations, aiming not only to generate
income, but also job creation , cultural appreciation and inclusion of the community in all stages of the
practice of tourism. The research methodology involved the theoretical literature that gave subsidies to
the second step of the methodology, field research.
_________________
¹Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Pará (2013); Pós-graduanda Latu Sensu: Planejamento e
Gestão Pública do Turismo e do Lazer pela Universidade Federal do Pará/ Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
(NAEA) 2014.
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1. INTRODUÇÃO
Tendo por objetivo discutir temas atuais e emergentes do turismo, como o TBC
além de vivenciar e conhecer projetos que estão atuando nesta nova perspectiva no
Estado do Pará, esse artigo tem como analise principal: O Movimento de Mulheres
do Município de Belém, que existe na ilha de Cotijuba e atualmente vem atuando
neste seguimento através do projeto “Trilhas do MMIB”. O projeto trabalha o TBC e
realiza outras ações na ilha, como a inclusão digital, inclusão a leitura e a inclusão do
trabalho agrícola das famílias que sobrevivem dessa atividade, além disso, o projeto
desenvolve o turismo na ilha, que ocorre nos períodos de alta estação, o turismo de sol
e praia é desenvolvido por alguns voluntários que se dispõem a estarem trabalhando.
natural e social”.
O Brasil por ter uma diversidade e possuir uma beleza natural paisagística, que
é a Amazônia, que por sua vez possui saberes e conhecimentos tradicionais, tendo
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Contudo, para que se haja o TBC, Machado e Villela (2006, p.3) afirmam: “Deve
haver a interação entre cada setor da sociedade seja ele público ou privado, para assim
poder enxergar à inclusão social, ligada as possibilidades da prática do turismo”. Essa
interação é necessária para se planejar qualquer atividade, seja ela turística ou não,
proporcionando também, que a troca aconteça de forma espontânea, entre o turista
o visitado, uma interação, descoberta e troca de saberes e de culturas diferentes que
nitidamente são observadas na prática do mesmo.
Fonte: http://comisemariana.blogspot.com.br/2012/10/conheca-paroquia-sao-
francisco-das.html.
grandes empresário, que procuravam a partir do turismo obter lucro a pequeno prazo.
Ocorrendo assim, a valorização de territórios que antes não eram tão valorizados, o
que provoca a pressão da especulação imobiliária, causando impacto sociocultural
desestruturando o modo de vida das comunidades.
Dessa forma, percebe-se que o TBC trouxe para a comunidade local da ilha
de Cotijuba uma perspectiva de vida maior e podendo assim adquirir incentivos para
crescerem como projeto e como seres humanos, não beneficiando apenas a comuni-
dade local, mas todos que estão ligados direta ou indiretamente com o projeto de TBC
que acontece na ilha, assim como, afirma a WWF-Internacional (2001, p. 2):
Esse fator é vislumbrado através das várias parcerias, que segundo o blog do
MMIB, ajudam a dar continuidade do movimento, algumas dessas parcerias são: o
Instituto Peabiru, a Mapinguari Design, o FMAP, o GMB, as empresas Natura e Beraca
e Bradesco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do princípio que o turismo é uma prática social não deixando de lado
a sua importância econômica, que também, é uma atividade que produz o espaço
em que esta sendo inserido, dessa maneira, não deve-se planejar o turismo como
uma totalidade, ou seja, um único planejamento que irá ser inserido em todas as
localidades, um princípio fundamentalmente importante para o mesmo é levar em
consideração as especificidades locais.
REFERÊNCIAS
SITES
Resumo: Neste estudo analisa-se a participação dos moradores locais do Vale dos
Vinhedos na prática de Enoturismo. Localizado predominantemente no município
de Bento Gonçalves (RS), destino indutor do turismo nacional segundo o Ministério
do Turismo. Historicamente nessa área, bem como sua região cultural envolvida, a
Serra Gaúcha, fora estabelecida com a ocupação e produção por uma agricultura
familiar em minifúndios. Nesta pesquisa objetiva-se perceber o entendimento que os
pequenos produtores tem com a atividade turística neste atrativo desta localidade.
Assim, observa-se que neste roteiro turístico as práticas envolvem predominantemente
empreendimentos maiores do que aqueles tradicionalmente estabelecidos em área
de produção vitivinícola. Na produção de vinhos e derivados, o local tem atualmente
Indicações Geográficas (I.G.), que são valores qualitativos agregados na sua produção.
Tais referenciais relacionam-se às condições físicas, culturais e sociais do território.
Condição que as aproximam às características daqueles moradores que os formaram
ao longo do tempo. Na pesquisa, ao adotar como método uma abordagem histórico-
genética através da oralidade, realiza-se um confronto das realidades existentes e
suas formações espaciais. Com este intuito realizou-se diversas entrevistas com
os moradores locais. Deste modo, observam-se os distanciamentos daqueles que
diretamente não estão inseridos na atividade devido ao processo de produção
existente.
ABSTRACT: In this study is analyzed the participation of the local residents from Vale
dos Vinhedos in the practice of Wine Tourism. Mainly localized in Bento Gonçalves
(RS), destination considered by the Tourism Ministry as inductor of the national tourism.
Historically, this area, as the geographic region involved, the Serra Gaúcha, was
established with the occupation and production by a small-scale familiar agriculture.
The objective of this research is to understand what do the small producers think
about the touristic activities and what is the impact of this in the locality. So, with this
touristic itinerary we could observe that the practices are normally related to bigger
buildings than those who are traditionally established in the wine production area. In
the wine and his derivates production the local has currently Geographical Indications,
qualitative values aggregated to his production. Those references are related with
the physical, cultural and social conditions of the territory, and those are similar to
the characteristics of the residents, formed during the time passage. In this research,
using a historical-genetic method through orality, it is possible to make a confrontation
between the existing realities and their spatial formations. To accomplish that they
have been made many interviews to the local residents. By this way it is possible
observe the detachment of those that are not directly inserted in the activity due to the
production process that exists.
INTRODUÇÃO
Tem-se como pressuposto que neste local, as pessoas são pautadas por fortes
relações tradicionais, desenvolvidas desde o processo de formação como Colônia
Agrícola. Entretanto, parte destes moradores lança-se em um capitalismo moderno de
mercado, com relações de sociabilidade hierárquicas estabelecidas para atender as
novas configurações econômico-sociais e espaciais, o que implica em racionalidades
do capital. Centraliza-se a pesquisa na história de vida daqueles que estão à margem
do processo capitalista.
Os seus territórios são marcados por fortes valores culturais. O sujeito definido
por famílias de imigrantes italianos, a sua produção doméstica cercada por parreirais
em minifúndios de produção agrária e a presença de área com contrafortes geográficos
marcantes no seu horizonte, são algumas das características que definiram histórica
e geograficamente o Vale dos Vinhedos. Atualmente, sua posição estratégia como
atrativo referencial da prática do enoturismo no país tem agregado valor à produção,
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2002 pelo Vale dos Vinhedos, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI). A ele remetem ao processo de extração, produção e fabricação dos vinhos e
derivados. O reconhecimento da D.O (Denominação de Origem) reforça a existência
de características peculiar na região, que associam as condições naturais e culturais
no seu preparo.
produtos oriundos da fruta, não é repassado ao pequeno produtor. Por terem dificuldade
de manter a propriedade, os residentes acreditam que em um período de quatro anos,
não serão mais donos das próprias terras, pois pensam em vender as propriedades.
Fato já ocorrido com alguns agricultores, em função do interesse mercadológico dos
empresários e da pouca valorização dada ao produtor agrícola.
Na região dos Vales dos Vinhedos o processo não ocorre dessa forma, uma
vez que, são os diversos empreendimentos (vinícolas, hotéis, restaurantes, lojas) que
organizam as cadeias produtivas do enoturismo, e não a comunidade. Dessa maneira,
a região não se caracteriza como turismo comunitário, uma vez que a atividade implica
na relação de inclusão e participação direta de seus moradores.
CONCLUSÃO:
REFERENCIAL
ABSTRACT: This article focuses on the debate about tourism in indigenous territories
as an alternative to increase income growth, social inclusion and ethnic cultural rescue
in traditional communities. Our aim is to report experiences of community tourism in
the Indigenous Land surrounding the Gregório river in the municipality of Tarauacá-AC,
in the annual Yawanawá Indigenous Culture Festival. The theoretical framework was
determined through a review of relevant literature and studies on Indians. Interviews
with indigenous leaders, access to technical reports on the festival of culture and
our field experiences provided the basis for the dialectical methodology of work
seeking to find requirements and conflicts. In Acre, public policies for tourism were
implemented as a continuous process, always by the government, which has raised
long-term effects, non governmental partnerships, and in some cases, considered
traditional communities, which began to explore the field, the cultural invigoration and
consolidation of tourism products. Indigenous communities seek ethnic tourism with
the environment, historical and cultural awareness, enabling visitors to experience
their way of life and their spaces experienced in the Yawanawá Cultural Festival
KEYWORDS: Indigenous territories. Ethnic tourism. Social inclusion. Traditional
communities. Community tourism.
INTRODUÇÃO
execução. Neste contexto, novas tendências surgem buscando alternativas que insiram
comunidades locais como atores desse processo, deixando o papel de coadjuvantes,
como prestadores de serviços da atividade e consumidores de seus territórios.
Estes aspectos fazem com que as comunidades tradicionais busquem alternativas e
projetos que valorizem aspectos endógenos territoriais, por meio de nichos e práticas
de turismo contra hegemônicos, em caminho inverso ao das tendências segregadoras
e degradantes que marcam o turismo estandardizado.
Este tipo de turismo se aproxima ao etnoturismo, que está ligado aos aspectos
culturais de um determinado grupo étnico, estando o turismo étnico e o indígena, ambos
enquadrados nesses fundamentos. “Etnoturismo é um tipo de turismo cultural que
utiliza como atrativo a identidade, a cultura de determinado grupo étnico (japoneses,
alemães, ciganos, indígenas, etc.)”. (FARIA, 2007, p. 292).
Fonte: Zoneamento Ecológico Econômico do Estado do Acre - ZEE/AC (Fase II), 2010.
Para os Yawanawá não existem datas e nem dias específicos para se fazer
uma festa. Quando todos da comunidade estão em harmonia, como de
costume, as festas começam à noite e vão até a manhã do outro dia. Um dia
antes de acontecer à festa conhecida como sayti, o cacique da comunidade
convida os chefes de famílias para comparecerem para a preparação da
festa. Os homens e rapazes trabalham na fabricação dos cocares de penas,
saias de envira de vixu, os bastões de mushu e nos ensaios das músicas
tradicionais. Por sua vez, as mulheres são responsáveis por preparar as
tinturas corporais. [...]. O cipó, conhecido como huni faz parte da cerimônia
da festa durante toda a noite. Quem costuma beber o huni são os velhos
cantores, rapazes, mulheres que estão de bem com o espírito As danças e os
balançados dependem de cada música que se canta. [...]. Os belos cocares
de diferentes aves da região dão orgulho a cada adolescente que usa em
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1 Esta associação mantem uma parceria que perdura há mais de 20 anos, com a indústria de
cosméticos norte-americana AVEDA Corporation, que incentiva e compra a produção de urucum, uma
semente que possui um corante natural utilizado para fabricação de produtos cosméticos, alimentícios
e farmacêuticos. Os indígenas produzem também o coloral, um corante regional apreciado na culinária
local comercializado nos municípios da região. A parceria da Empresa AVEDA e a TI Rio Gregório se
efetiva também em projetos socioambientais e culturais como nos festivais de cultura indígenas.
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CONCLUSÃO
2 Esta assessoria em gestões passadas chegou a ser uma pasta especifica na gestão pública
estadual, a Secretaria Especial dos Povos Indígenas – SEPI, gerida na época por representante indígena.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2. ACRE. Governo do Estado. Agência de Notícias do Acre. XXII Festival Yawa,
ano 2013. Rio Branco-AC: [s.l.]. 2013. Disponível em: <http://www.agencia.ac.gov.br/
noticias/ >Acesso: 21 de abril de 2014.
Desenvolvimento Regional).
ABSTRACT: This paper consists of a study about the event “Festival of Typical Food
of Cuiabá” in Gouveia - Minas Gerais, in view of its contribution to the development of
tourism in the community of Cuiabá. It presents a theoretical foundation on Community
Based Tourism, Village Tourism, and Events, conceptualizing them, and presenting on
site impacts. The article discusses a context of the rural community which is previous to
1 Graduação em Agronomia e Especialização em Ecoturismo e Turismo Rural. Coordenadora
Técnica Regional de Turismo Rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Minas Gerais (EMATER-MG). Email: claudete@emater.mg.gov.br.
2 Graduação em Turismo, mestrado em Turismo e Meio Ambiente e Doutorado em Educação.
Professora Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(UFVJM). Email: alencarf@hotmail.com.
3 Graduação em Turismo e Mestrado em Geografia. Professora Assistente do Curso de Turismo
da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Email: raquel.scalco@yahoo.
com.br.
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the Festival; it describes the process of construction and evolution of the event since its
first edition in 2011 as well as its influence on the development of the tourism project in
the village. Our aim is to demonstrate the importance of the Festival for the development
of locally based tourism. The methodological stages were: Bibliographical research,
desk research, participant observation at the Festival and questionnaires applied to
tourists attending the 4th edition of the event. The results reveal that: most participants
are from the region which is predominantly constituted by adults having completed the
higher level; they have learned of the event through friends and relatives; most of the
visitors were satisfied, being unanimously to return the next Festival. Finally, it was
demonstrated that the Festival has significantly contributed: to the generation of jobs
having increased the income of local residents; to the organization and to strengthen
the project management group of village tourism; to the qualification for those involved
in the event; and to publicize the district to new visitors, besides encouraging the
development of locally based tourism. This way, the Festival of Typical Food of Cuiabá
can be considered an important event in this community.
INTRODUÇÃO
O turismo é uma atividade que tem crescido a cada ano, sendo notórios e
consensuais os benefícios causados pelo setor. Conforme Figueira & Dias (2011)
o turismo pode ser considerado a atividade econômica mais importante em alguns
países, regiões ou localidades, constituindo um fator determinante nos rumos do
desenvolvimento, porém, ressaltam que não deve ser tratado apenas como um
fenômeno econômico, mas, também, como um fenômeno social, cultural e ambiental.
METODOLOGIA
A COMUNIDADE DE CUIABÁ
Destaca-se que por ser um local que vive principalmente da produção agrícola,
o Festival favorece o desenvolvimento socioeconômico da comunidade não apenas
pela venda direta dos produtos comercializados nos barracas durante o Festival, mas
também movimenta a economia indiretamente, já que a maior parte dos elementos
que constituem os pratos são também produzidos no local.
Estes dados são bastante importantes, pois é percebido que o Festival tem
uma função também de promoção turística para o povoado. Para além de gerar um
fluxo turístico em períodos de baixa temporada, movimento a economia do local, os
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DA COMUNIDADE DE CUIABÁ. Projeto de
Implantação do Turismo de Vilarejo no Distrito de Cuiabá, Gouveia, 2008.
CEMIG. Guia Ilustrado de Animais do Cerrado de Minas Gerais. 2ª ed. São Paulo:
Editare Editora, 2003.
ABSTRACT
This research proposes an comprehension of tourism as a vector in the process of social,
cultural and economic rise of individuals and their communities and the promotion of equal
opportunities. The experiment reported in this paper has as a research script the visitation
to a social group of tourist interest of São Paulo’s coast, southeast region of Brazil. The
script in question is a product of “Caiçara Expedições” in partnership with the project
“Ateliê Arte nas Cotas” held in Cubatão, city located in the metropolitan area of “Baixada
Santista”. This project is part of the “Programa de Recuperação Socioambiental da
Serra do Mar “, wich comes from a partnership between the Interamerican Development
Bank (BID) and the Government of the State of São Paulo through th Urban Housing
Development Company (CDHU), the Forestry Foundation and the Environmental Police
department. Earlier in the twentieth century began the Brazilian industrialization process
and in the 1920 started the construction of two major industries in this city: São Paulo
Light S.A. Electricity Services and paper mill and pulp Santos Paper Company S.A., which
began operations in 1932. This second, in turn, motivated the creation of the neighborhood
“Fabril”, place of residence of employees of this company. Currently, the neighborhood
goes through an study and planning process of urban regeneration, site restoration and
architectural heritage. Within this universe of stocks, in 2011, the initiative to create the
“Ateliê Arte nas Cotas” emerged. Students learn techniques of stencil, which consists
of applying paint with rollers or sprays to fill a role with cast drawing. This technique is
applied and mosaics on the walls of houses at “Cota 200” community. This research is
characterized as an exploratory case study, empirical, whose approach to data analysis
is qualitative. It was conducted literature and document research. It was observed high
adherence of the locals, both participating in the workshops as authorizing the painting of
their homes. It was possible to see the pride of residents whose homes were colored by
the project, especially because they began to receive visitors.
Key words: Community cased tourism; sustainability; Caiçara Expedições; Cubatão (SP);
Hospitality.
INTRODUÇÃO
Ao todo, a região possui 1.625.000 habitantes, sendo que Cubatão tem 125.178
(IBGE, 2013). Mais especificamente, a cidade foi edificada no sopé da Serra do Mar,
que originalmente servia como ponto de parada para as pessoas que acessavam ao
planalto paulista. Conforme informações da Prefeitura Municipal de Cubatão (2013),
para acessar ao planalto, “seguia-se no início a trilha dos índios Tupiniquins. Depois,
através do Vale do Rio Perequê (...). Mais tarde, a Calçada do Lorena se tornou o
principal caminho entre o litoral e o planalto”.
Laraia (2008, p. 72) afirma que “o homem tem despendido grande parte da sua
história na Terra, separado em pequenos grupos, cada um com sua própria linguagem,
sua própria visão de mundo, seus costumes e expectativas”. Nesse sentido, Bauman
(2003, p. 9) aponta que “uma coletividade que pretenda ser a comunidade encarnada,
o sonho realizado, e (em nome de todo o bem que se supõe que essa comunidade
oferece) exige lealdade incondicional e trata tudo o que fica aquém de tal lealdade
como um ato de imperdoável traição”. O autor promove uma interessante diferenciação
entre um agrupamento (ao que chama de coletividade) e uma comunidade (no sentido
de identidade, vínculo e cumplicidade).
possuem referenciais sociais. Nesse mesmo sentido, Levisky apud. Uvinha (2001, p.
38) escreve que
Conforme Yázigi (2001, p. 46), “construir uma identidade, isto é, dar-lhes uma
forma, é legitimar a própria vida, porque é a forma que dá fundamento à existência”.
No mesmo sentido, Laraia (2008, p. 68) aponta que “podemos entender o fato de que
indivíduos de culturas diferentes podem ser facilmente identificados por uma série de
características, tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a
evidência das diferenças linguísticas, o fato de mais imediata observação empírica”.
Essa “série de características” é a “forma” a que se refere Eduardo Yázigi, corroborando
os elementos de identificação levantados anteriormente.
Especificamente sobre os ídolos, Bauman (2003, p. 66) aponta que “os ídolos,
pode-se dizer, foram feitos sob encomenda para uma vida fatiada em episódios. As
comunidades que se formam em torno deles são comunidades instantâneas prontas
para o consumo imediato – e também inteiramente descartáveis depois de usadas”.
Fato que não descarta a identidade entre os membros do grupo, tampouco os vínculos
emocionais compartilhados. Por mais efêmera que seja uma comunidade, ela terá
sido intensa enquanto manteve seus propósitos.
Laraia (idem, p. 67) acredita que “homens de culturas diferentes usam lentes
diversas, e, portanto, tem visões desencontradas das coisas”. É interessante como
o autor sintetiza de modo contrário a visão do convívio harmônico. Refletir sobre o
assunto é complexo, pois a diversidade de cenários é ampla – do ponto de vista
geográfico – e está passando por processo de homogeneização – ao passo que a
globalização elimina singularidades. O mesmo autor escreve que se trata de um “tipo
de comportamento padronizado por um sistema”. Sistema que se convenciona chamar
de capitalismo liberal.
Então, ainda que pertencer a uma comunidade seja atingir a plenitude social,
Laraia (2008, p. 80) aponta que “a participação do indivíduo em sua cultura é sempre
limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura”.
É relevante registrar que o autor não faz referência sobre as motivações de cada ser,
mas infere-se que tais participações são genuínas e de vontade própria. Sem a efetiva
participação nos processos interiores ao grupo, desaparece o senso de pertencimento
e a efetividade daquela comunidade, o que descaracteriza seus vínculos com “seu”
local original.
hoje esse segmento tem se estruturado por conta de seu comércio. A hospitalidade
comercial, ou seja, os negócios ligados diretamente aos serviços de hospedagem,
alimentação, entretenimento, transporte e lazer, institui-se em um paradoxo em vista
de sua história, pois em essência é gratuita, espontânea (GRINOVER, 2007, p. 57).
b) Ela deve ser e permanecer flexível, nunca ultrapassando o nível “até nova ordem”
e “enquanto for satisfatório”;
c) Sua criação e seu desmantelamento devem ser determinados pelas escolhas feitas
pelos que as compõem – por suas decisões de firmar ou retirar seu compromisso;
COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
Acredita-se que isso aconteça por três razões principais, a saber: a globalização
da economia aliada ao processo de valorização das potencialidades e singularidades
locais; a difusão da informação vinculada à descentralização da produção dessa
informação e da consequente formação da opinião pública; e, por fim, a estratégia
de segmentação do mercado, o que possibilita aferir objetivos de consumo mais
específicos.
documento que formaliza a concessão a Rui Pinto, entre outras, as terras da “Barra
do Cubatão”.
A cidade foi edificada no sopé da Serra do Mar, que originalmente servia como
ponto de parada para as pessoas que acessavam ao planalto paulista desde o litoral.
Conforme informações da Prefeitura Municipal de Cubatão (2013), para acessar ao
planalto, “seguia-se no início a trilha dos índios Tupiniquins. Depois, a partir de 1560,
através do Vale do Rio Perequê (...). Mais tarde, em 1792, a Calçada do Lorena se
tornou o principal caminho entre o litoral e o planalto”. Anos depois, em 1867, foi
inaugurada a estrada de ferro que liga o litoral ao planalto e interior do estado de São
Paulo, designada como “São Paulo Railway” (TORRES; JUNIOR; BORGES, 2002).
A essa época tiveram início articulações locais para elevar Cubatão a condição
de município, separando, assim, a localidade da administração de Santos. Após anos,
em 1949, o distrito ganhou a categoria de município e seu primeiro prefeito foi o Sr.
Armando Cunha.
O roteiro de visitação ao projeto “Ateliê Arte nas Cotas” foi idealizado e formatado
por Renato Marchesini, Guia de Turismo e Diretor de Projetos da Caiçara Expedições,
agência de viagens e turismo sediada na cidade vizinha de São Vicente. Ao descer
5 Prefeitura Municipal de Cubatão. Origem e desenvolvimento. Disponível em < http://www.
cubatao.sp.gov.br/historia/origem-desenvolvimento/ >. Acessado em 17 de junho de 2014;
913
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Ao chegar a Cota 200 realiza-se uma parada em um mirante que fica em uma
pequena praça conhecida como Praça das Mangueiras, construída para a comunidade
residente de onde é possível contemplar o encontro das duas pistas da rodovia
Imigrantes, a rodovia Anchieta, e, ao longe, as cidades de Cubatão, Santos, Guarujá,
São Vicente e Praia Grande8.
6 Diário do Litoral. Cubatão entra no roteiro do Turismo Comunitário. Disponível em < http://www.
diariodolitoral.com.br/conteudo/9351-cubatao-entra-no-roteiro-do-turismo-comunitario >. Acessado em
16 de junho de 2014;
7 Idem.;
8 A Tribuna. Turistas visitam Cota 200 e Cubatão quer criar turismo comunitário. Disponível
em < http://www.atribuna.com.br/2.685/turistas-visitam-cota-200-e-cubat%C3%A3o-quer-criar-turis-
mo-comunit%C3%A1rio-1.277559 >. Acessado em 16 de junho de 2014;
914
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como resultados, verificou-se que há alta adesão dos moradores locais, tanto
participando dos cursos práticos quanto autorizando a pintura de suas casas. Como visto,
até 2013, mais de três mil moradores da localidade já aderiram as oficinas oferecidas
gratuitamente pelo projeto “Ateliê Arte nas Cotas”.
REFERÊNCIAS
A Tribuna. Turistas visitam Cota 200 e Cubatão quer criar turismo comunitário.
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917
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RESUMO: O presente artigo tem como tema “Turismo criativo: uma proposta para o
desenvolvimento do Turismo local no Município de Inhambane em Moçambique”. O
objetivo é discutir o atual modelo de desenvolvimento da atividade neste município,
que vem seguindo o mesmo padrão implantado na maior parte do território nacional,
desde a década de 1970, perante aos novos desafios do Turismo na pôs-modernidade
(pôs-turismo). Por meio da pesquisa bibliográfica, consulta documental e trabalho de
campo, através de observações diretas, seguidas da análise e interpretação de dados
secundários, constatou-se que o Turismo em Inhambane, e em Moçambique, é uma
atividade intimamente atrelada ao capitalismo global que registra altos índices de
crescimento econômico no Município de Inhambane, como resultado da revitalização
do Turismo que havia sucumbido totalmente em consequência da guerra civil, que se
alastrou durante dezesseis anos após a independência nacional em 1975. Entretanto,
projetos do setor para promover o desenvolvimento local têm-se demostrado pouco
cooperativo-participativos. Nesta logica de reflexão, ao que nos parece, os problemas
socioeconômicos, ambientais e políticos associados ao Turismo no passado parecem
ter sido grandes demais. Contudo, sob determinadas condições, um novo modelo
de Turismo pode impulsionar o desenvolvimento do Turismo local de forma positiva,
sobretudo na área de preservação do patrimônio natural e cultural, e na questão da
melhoria qualitativa das condições e dos padrões gerais de vida das comunidades
locais e de seus integrantes.
ABSTRACT: This paper is about “Creative Tourism: a proposal for local Tourism
development at Inhambane Municipality in Mozambique.” It aims to discuss how the
current model of Tourism development in this municipality, which follows the same
principles that were nationally spread, since the late 1970s, can face the new challenges
of Tourism in postmodernity (post-tourism). After literature review, documental research,
first hand observations done in fieldwork, and secondary data analysis and interpretation,
it was found that Tourism in Inhambane, and Mozambique, is closely linked to global
capitalism. The latter is responsible for Inhambane’s Municipality high economic growth
rates, especially as a result of the renewal of Tourism, after having ceased during the
civil war that raged for sixteen years succeeding Mozambique’s national independence
in 1975. However, the industry’s plans to promote local development have shown to
1. INTRODUÇÃO
Diante desta leitura, o Turismo criativo tem se demostrado como proposta para
melhor compreender o Turismo como fenômeno socioespacial e transformacional. Esta
visão desconstrói a lógica de abordagem do desenvolvimento do Turismo sob a matriz
do “Turismo Industrial” –, da visão romântica e mítica, na ideia de que o Turismo traz
automaticamente o desenvolvimento econômico para o lugar. Portanto, entendemos
o Turismo como uma atividade complexa e (re)ordenadora dos espaços, que pode
produzir qualidade de vida para as populações locais, mas o seu desenvolvimento
pode gerar repercussões negativas, invadindo, destruindo, alterando ou produzindo
novas desigualdades.
de que o Turismo, como um setor, também pode ser visto como um dos meios de
desenvolvimento em um sentido muito mais amplo, ou seja, o caminho para alcançar
um estado final ou condição. Isso implica que o foco não deve ser sobre o Turismo
como ator de desenvolvimento, mas no processo que fortalece o Turismo como ator
de desenvolvimento socioeconômico do lugar.
3 Termo usado por Marc Augé, para expressar [...] “tanto as instalações necessárias à circulação
de pessoas e bens (vias expressas, trevos rodoviários, aeroportos) quanto os próprios meios de
transportes ou os grandes centros comerciais, ou ainda os campos de trânsito prolongado onde são
estacionados os refugiados do planeta” (AUGÈ, 1994, p.36-37).
4 Castrogiovanni (2004, 2007), inspirado em Homi Bhabha (1998), concebe o entre-lugar,
como o lugar praticado pelo sujeito turista, num certo tempo. Assim entendemos o entre-lugar turístico
como sendo a lugarização do espaço geográfico, substanciada pelo sujeito visitante na dialogicidade
estabelecida entre o seu lugar (lugar conhecido) e o lugar/não-lugar visitado (desconhecido). Ele é
simbólico, enquanto existência, mas possui uma densidade representativa, a partir da cultura. Portanto,
depende das incorporações tempo-espaciais do sujeito visitante.
922
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É nesta vertente que surge o Turismo criativo, como uma nova síntese política,
social e econômica, e como tal, que se propõe a resolver (quase) todas as grandes
carências geradas pelo Turismo industrial, como: desigualdades, fragmentação
social, a perspectiva eminentemente materialista da vida, migração, preconceitos
ideológicos, empobrecimento intelectual e emocional, apatia cidadã e em geral, uma
ampla lista de subdesenvolvimentos diversos (MOLINA, 2011). Segundo esta leitura, o
Turismo criativo se orienta a criar bem-estar compartilhado e estendido, a desenvolver
habilidades e valores únicos que geram lucros, a reconstituir o espaço e as relações
que se manifestam nele a partir de um protagonista: a comunidade residente e seus
integrantes.
25
20
15 9.9 8.2 7.0
10
4.1 4.0 3.9 2.4
5 2.2
0
Maputo Inhambane Nampula Gaza Sofala Tete Zambézia C. Delgado Manica Niassa
Provinces
O Turismo emprega, de acordo com a OMT (2001), desde 1995, cerca de uma
a cada dez pessoas no mundo. No plano atual, os fluxos turísticos internacionais
cresceram 4,6% entre 2010 e 2011, de 940 milhões a 983 milhões de turistas,
respectivamente. As receitas do Turismo na escala global dilataram 3,9% em
termos reais, em igual período de análise, gerando US$ 1,030 bilhões (dólares norte
americanos), sabendo-se de antemão que no ano anterior, o setor arrecadou US$
928 bilhões. A escala global prevê-se um crescimento a uma taxa anual de 3,3%,
entre 2010 e 2030, o que originará até o ano final indicado, um total de 1.8 bilhões de
chegadas, representando um aumento real de mais de 43 milhões de chegadas por
ano (WORLD TOURISM ORGANIZATION – UNWTO, 2012).
De acordo com esta fonte, os espaços turísticos das economias emergentes nas
últimas quatro décadas conheceram um crescimento significativo comparativamente
aos espaços das economias mais avançadas e esta tendência ainda permanecerá
nos próximos tempos. Entre 2010 e 2030, espera-se um crescimento mais acelerado
das chegadas turísticas nos países emergentes, isto é, 4,4% ao ano, o equivalente
ao dobro das economias mais evoluídas, onde a taxa prevista é de 2,2% ao ano.
Este fenômeno é evidenciado por outro lado pela tendência da quota de mercado das
economias emergentes, que cresceu na ordem de 30% em 1980 a 47% em 2011 e,
projeta-se que a mesma atinja 57% até 2030, o equivalente a mais de um bilhão de
chegadas turísticas internacionais.
No que se refere à demanda turística, dos 231 600 turistas que visitaram a
província em 2011, a maioria (30%) preferiu este munícipio, num universo de 14
distritos (INE, 2012). Por outro lado, constatou-se que nos últimos anos o investimento
no setor subiu substancialmente, de US$ 16 mil em 2005, para US$ 56 mil em 2007 e
US$ 2.085 mil em 2008 (AZEVEDO, 2009).
7 Segundo Santos (1985) e Rodrigues (2003), das instituições do Estado, emanam ações
racionais, pragmáticas, ditadas pelas forças da economia capitalista hegemónica e ao serviço do
Estado.
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considerável expansão do domínio dos mercados sobre governos (XAVIER, 2007), tal
como aconteceu em Moçambique8, sobretudo a partir de 1980.
Contudo, como sustenta Erbes (1973), pelo tipo de capital investido, nos países
em desenvolvimento, o Turismo industrial (fordista) enfrenta algumas desvantagens
potenciais que podem perigar seu desenvolvimento, como a exportação do capital
resultante do Turismo, devido a importação de investimentos, tanto na fase de
implantação de projetos turísticos, assim como na fase de operacionalização
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condições gerais de vida das populações locais), devido a sua logica orientada ao
capitalismo global no espaço de fluxo.
Portanto, é nesta vertente que elegemos o Turismo criativo, como uma nova
síntese política, social e econômica, que se propõe a resolver as maiores carências
geradas pelo Turismo industrial no Município de Inhambane, na medida em que se
demonstra viável à realidade local, e se preocupa em responder questões-chaves
como as seguintes: (1) Como se poderá estruturar o desenvolvimento do Turismo
local para que as repercussões negativas possam ser minimizadas e as positivas
possam incluir a melhoria das estruturas comunitárias e locais? (2) Quem poderia ser
o produtor de tal desenvolvimento? E (3) que tipo de gestão seria necessária para
coordenar e orientar esse processo de forma integrada e sustentável?
6. REFERÊNCIAS
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RESUMO
Este artigo propõe apresentar a experiência de desenvolvimento do turismo rural
comunitário realizado em Itaqueri da Serra, munícipio de Itirapina (SP). Um segmento
turístico que está se consolidando no local, por meio da metodologia participativa
que se fundamenta em ações de diálogo com a comunidade, ao utilizar técnicas de
pesquisa participante e pesquisa-ação aliadas ao método fenomenológico. Como
resultado identificou-se que, os empreendedores turísticos e os produtores artesanais
têm se apropriado de suas habilidades para implementarem no turismo, atividades
coletivas de economia criativa, em busca do desenvolvimento territorial sustentável e
da proteção patrimonial dos ativos tangíveis e intangíveis.
RESUMEN
Este artículo se propone presenta la experiencia de desarrollo del turismo rural
comunitario realizado en Itaqueri da Serra, municipio de Itirapina (SP). Un segmento
turístico se está consolidando en el sitio, a través de una metodología participativa
que se basa en las acciones en diálogo con la comunidad, utilizando las técnicas
de investigación de investigación y acción participativa combinada con el método
fenomenológico. Como resultado fui identificado que, los empresarios turísticos y los
productores artesanales se han apropiado de habilidades para poner en el turismo
las actividades colectiva de economía creativa, em busca del desarrollo territorial
sostenible y de la protección patrimonial de los activos tangibles e intangibles.
1. INTRODUÇÃO
A multifuncionalidade das paisagens rurais tem dinamizado as diferentes
atividades coexistentes e complementares em uma mesma área, incluindo o turismo
como segmento econômico que busca integrar os sistemas naturais e produtivos.
Nesse sentido, as práticas recreativas no meio rural vêm ganhando espaço e garantia
de lazer, por meio de ações inovadoras que buscam na economia criativa despertar o
interesse para novos negócios de empreendedorismo turístico.
Sob a ótica das múltiplas funções das paisagens, fundamentada em Jean
(2002), os territórios rurais podem caracterizar-se pela função ambiental/territorial
1 Mestranda em Geografia da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” (UNESP).
Professora Especialista do SENAC São Carlos. E-mail: rerayel@gmail.com
² Professora Doutora e Livre Docente da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” (UNESP).
Rio Claro. E-mail: hadra@uol.com.br
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seguinte definição:
Proteção Ambiental – APA Corumbataí. De acordo com Corvalán e Garcia (2011) a “APA
Corumbataí está localizada no centro-leste do Estado de São Paulo, compreendida
entre os paralelos 22º00’ e 22º40’ de latitude Sul e 47º30’ e 48º30’ de longitude Oeste,
ocupando 272.692 há”. Nessa unidade de conservação inclui terras dos municípios de
Itirapina, tendo Itaqueri da Serra como área de estudo, pertencente à Região Turística
Serra do Itaqueri, do Programa de Regionalização do Turismo, criado em 2004, pelo
Ministério do Turismo. (BRASIL, 2013).
A história de formação de Itaqueri da Serra está relacionada à época do Brasil
Império. Segundo Verlengia (1987), as primeiras moradias surgiram em 1777, quando
esse lugar servia de parada aos bandeirantes que percorriam o “Picadão de Cuiabá”,
sentido sertões do Mato Grosso e Goiás, em busca de ouro e diamantes. O início do
povoamento em Itaqueri da Serra ocorreu por volta de 1833, com a chegada de novos
moradores portugueses, e recebeu o nome de “Nossa Senhora da Conceição” em
homenagem a santa padroeira que fora trazida da Ilha da Madeira para Itaqueri da
Serra.
Itaqueri foi considerado um dos mais importantes núcleos urbanos da região.
Havia escola, posto médico, posto policial, cadeia, cartório, cinema, farmácia, armazém,
um privilégio para poucos povoados da época. Era animado por sua população local e
por habitantes que vinham de fazendas próximas para comprar secos e molhados. Pela
dificuldade de escoar a produção cafeeira muitos moradores de Itaqueri se mudaram
para o Itaqueri de Baixo, e formaram uma vila que permaneceu viva até a chegada da
linha férrea próximo ao Morro Pelado, atual Itirapina. (GUARIENTO, 2008).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUARIENTO, A. Itirapina: relato de sua história (de 1883 a 1936). São Paulo: Ave
Maria, 2008.
ABSTRACT: One of the great challenges of the communities that host community-
based tourism - CBT is to be ready to welcome tourists. The routine of life in tourist
communities is the great advantage of existing attractiveness, in this sense, format
a tourist program keeping the originality of activities becomes one of management
difficulties. In the Project “Good Practice in the Serra do Brigadeiro” was prepared an
itinerary that involved the Nucleo do Boné community-based tourism. In this sense the
objective of this study was to systematize the actions operationalized for formatting
itineraries this tourist segment that said project used. For this, the action research
method was used, with questionnaires and observations. This allowed a systematic
follow-up to be multiplied in other centers of community-based tourism. The strategies
were based on the Routes of Brazil Program and the principles of Bagagem Project. In
this itinerary tourists reviewed the food, transportation, lodging and guides. For tourists
was an enriching experience with interactions in the community. However, requirements
1 Doutor em Ciência Florestal. Universidade Federal de Viçosa. wvmoraes@hotmail.com
2 Doutor em Sociologia e Política. Universidade Federal de Viçosa. magnus@ufv.br
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such as distance from the site and the short period for all experiences were criticized.
Managers hosts of the itinerary evaluated the experiences at the inn, the restaurant,
the trail, the waterfall, the tractor ride and tourists. Managers felt the desire to relate to
their environments, demonstrating integrated environment to which they belong. Lastly
that the activities to be scheduled on the experiences of this tourist segment should
involve the daily routine of hosts for that the identity of the territory can be authentic
and original allowing tourists to integrate into the local environment.
KEYWORDS: Tourism. Attractive. Experience economy. Tourism management.
Touristic territories.
INTRODUÇÃO
• Destino turístico: local, cidade, região ou país para onde se movimentam os fluxos
turísticos.
Silva, Ramiro e Teixeira (2009), sobre TBC, propõem que sejam utilizadas,
de forma sinérgica, as potencialidades do atrativo para a melhoria dos resultados
econômicos e da qualidade de vida local. Essa relação promove o acesso para esta
população a bens e a serviços públicos, bem como a integração com outros setores,
agregando valor a este turismo, por meio da economia de base local. Fazendo entender
que o TBC é um subsistema interconectado a outros subsistemas, como educação,
saúde e modo de vida, diferenciando-o de outros segmentos turísticos.
ÁREA DE ESTUDO
Nesta região existe o Projeto Boas Práticas de TBC desenvolvido pelo Centro
de Pesquisa e Promoção Cultural – CEPEC e Associação Amigos de Iracambi apoiado
por meio de edital a fundo perdido pelo Ministério do Turismo que trabalha com 30
famílias rurais distribuídas em 5 Núcleos de Turismo de Base Comunitária.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a formatação do roteiro, a fim de validá-lo, foi elaborado uma cortesia (fam
tour) para um grupo de 8 caminhantes da cidade de Belo Horizonte, capital do estado
de Minas Gerais. Esta cortesia foi constituída do transporte de Viçosa (MG) até o
Núcleo, das diárias completas, e das atividades com guia para todo o grupo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação a programação foi sugerido que o roteiro seja elaborado em 3 dias
4 Indês = ovo deixado no ninho para atrair novas posturas no mesmo local.
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O perfil dos guias foi muito elogiado pela maneira de explicar o jeito de viver na
região e as maneiras de fazer o parão (instrumento de pescar a cambeva - peixe de
cachoeira).
posição valorizada, que não é apenas passiva e emocional, pois inclui também
uma participação ativa nas relações com os turistas visitantes. Esta convivência foi
identificada no Núcleo do Boné, justificando atividades em que as relações vivenciadas
valorizam hóspedes e hospedeiros.
As avaliações entre ótimo e bom, podem ser entendidas como satisfatórias, por
ser a primeira vez que os integrantes do Núcleo se organizam para oferecer atividades
dentro de uma programação, demonstrando que os mesmos, se sentiram a vontade
para entender e atender as expectativas e necessidades dos visitantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
especializadas em turismo.
Essas ações de aperfeiçoamento do roteiro TBC não teriam sido possíveis se não
fosse a realização desta pesquisa-ação, cuja contribuição é de finalidade tecnológica
para a formação e a prática do turismólogo, ao demonstrar o processo de roteirização,
com seus procedimentos e dificuldades em um parque estadual no sudeste do Brasil.
Essa realidade deve ser presente em muitos outros lugares do Brasil e do mundo o
que torna este trabalho importante para subsidiar novas pesquisas em interface com
extensão, inclusive em perspectiva comparada, sobre roteiros de TBC. Além disso,
esta descrição de roteirização pode também contribuir para que gestores públicos
e privados do turismo possam desenvolver políticas públicas para a organização e
o desenvolvimento turístico, de forma integrada, em parceria com outras cidades,
visando a geração de riquezas, trabalho e renda em municípios de pequeno porte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tourism Management, v.17, p.567–574, 2006.
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2011.
BENEVIDES, I. P. Para uma agenda de discussão do turismo como fator de
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development. Ames, IA: Iowa State University Press, 2010. p. 85–100.
966
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
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(Endnotes)
1 Agradecimentos ao Ministério do Turismo que financiou o Projeto Boas Práticas de TBC entre
2010 e 2012. A FAPEMIG – Fundação de Amparo e Pesquisa de Minas Gerais o apoio concedido para
esta participação no Encontro Nacional de Turismo de Base Local de 2014.
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ABSTRACT: The tourism, when directed only to economic factors, has been presented
as a generator of environmental imbalance, injustice and social exclusion. Following
concerns about global development, other forms of tourism are being designed. Thus,
the Community-Based Tourism (TBC) is an alternative to mass tourism, focusing on
the perspective of local development, planning turned to low environmental impact,
social inclusion and strengthening of the local culture and identity. This model has
been adopted in several projects in the Amazon region as a form of contributing to
the traditional communities that lives in areas with high ecological potential, in nature
conservation and to the improvement of their living conditions. The object of this
study was the municipality of Curuçá, chosen for harboring an Extractive Reserve of
mangrove, stage of many other common conflicts to other towns in the Amazon region,
and for having a project of community-based ecotourism funded by the Ministry of
Tourism, in 2008. The study had the aims of analyzing if the TBC was able to transform
the living condition of those involved with the tourism activity and discuss the main
1 Graduada em Turismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF). E-mail: lianafreire@id.uff.br.
2 Doutora em Ciências Sociais, professora Adjunta da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade
Federal Fluminense. E-mail: lelecatao@gmail.com.
969
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INTRODUÇÃO
Utilizar Curuçá como objeto de estudo serviu para compreender como funciona
o TBC empiricamente, em contraste com a realidade amazônica, já que o projeto
estava sendo desenvolvido desde 2007, organizado por membros da comunidade
local com auxílio técnico do Instituo Peabiru, uma ONG que objetiva incentivar o
ecoturismo e a educação ambiental na região amazônica. A pesquisa de campo foi
desenvolvida entre julho de 2012 e janeiro de 2013, com dois períodos de estadia que
totalizaram quinze dias. A hospedagem tornou-se um problema devido à escassez
e ao alto custo dos meios de hospedagem existentes. Para viabilizar o trabalho a
pesquisadora contou então com o apoio da ONG Peabiru e de moradores locais.
Foi principalmente pela percepção da exaustão dos recursos naturais que foi
criada, em 2002, a Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande de Curuçá (RESEX
MGC), responsável por proteger igarapés, manguezais e baías. Até hoje a reserva
tem como função principal proteger os recursos pesqueiros e os próprios manguezais,
que estão sujeitos a ameaças relacionados a técnicas não adequadas para a captura
de caranguejos, lixo doméstico colocado em lugares não apropriados, além de
desmatamentos para construção de residências, barracas de pescadores e criadouros
de camarão (CHAVES, 2010).
Na América Latina o TBC começou suas primeiras incursões a partir dos anos
80 por meio do Turismo Rural Comunitário (TRC) e atualmente encontra-se presente
em todos os ecossistemas do continente (MALDONADO, 2009). As pressões
mundiais do mercado seguindo as tendências do ecoturismo e do turismo cultural, a
tentativa de criar alternativas para mudar a realidade de comunidades em situação
de pobreza crônica, o papel desempenhado pelas pequenas e microempresas no
desenvolvimento econômico local e na diversificação da oferta turística nacional, bem
como as estratégias políticas do movimento indígena e rural para se incorporar no
processo de globalização preservando sua identidade e seus territórios ancestrais,
foram fatores relevantes que levaram à sua origem (MALDONADO, 2009). O TBC
surge, portanto, dentro de uma discussão que não interpreta a prática turística apenas
pela sua vertente de mercado, mas, principalmente, como fenômeno social complexo
da contemporaneidade (IRVING, 2009).
Segundo Irving (2009), são seis as premissas que permeiam o TBC: base
endógena da iniciativa e desenvolvimento local; participação e protagonismo
social no planejamento, implementação e avaliação de projetos turísticos; escala
limitada e impactos sociais e ambientais controlados; geração de benefícios diretos
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Nota-se, portanto, que o início do projeto foi de acordo com algumas premissas
abordadas por Irving (2009), como a base endógena na iniciativa com espaço para
as comunidades expressarem seus desejos, a preocupação com a participação e
protagonismo social através do saber compartilhado, a importância desta prática estar
atrelada a compromissos de sustentabilidade que almejem a qualidade ambiental e
social do destino, bem como sua valorização cultural.
segunda fazia contato com a primeira, informando que um grupo queria fazer um
dos roteiros em Curuçá e, posteriormente, a Estação Gabiraba informava ao Instituto
Tapiaim que se organizava para receber os visitantes. O Instituto Tapiaim operava com
quatro comunidades nos seus roteiros: Pedras Grandes, Recreio, Praia da Romana e
Muriazinho.
De acordo com Maldonado (2009), um dos fatores que deram origem ao TBC
foi a tentativa de transformação da realidade social das comunidades na busca de
superação de uma situação de pobreza crônica. Entretanto, no caso de Curuçá, a
renda obtida era pouca e praticamente insignificante para atender este objetivo, não
sendo capaz de suprir as necessidades dos membros do Instituto, dos quais a maioria
encontrava-se desempregada, além de muitos terem filhos para sustentar. E mesmo
como renda complementar, era insuficiente para investir de forma coletiva.
Outra dificuldade tratada por Mielke (2009) para o desenvolvimento do TBC diz
respeito a fatores exógenos, pois, segundo o autor, em muitos casos os destinos ainda
não possuem uma procura efetiva e, por isso, a obtenção de resultados demanda
tempo. No caso do TBC de Curuçá, apenas 12 grupos visitaram o município no
período de 2008 a 2010. Em julho de 2012 e em janeiro de 2013, período de campo da
pesquisadora e de alta temporada no Pará, houve apenas dois passeios no período
de julho e um passeio no período de janeiro.
(2003) faz importantes considerações a respeito da visão romântica que a maioria das
pessoas “de fora” tem em relação ao sentido de comunidade. Atualmente, o que se nota
por parte de defensores deste tipo de turismo, é a crença de que a implantação do TBC
em localidades comunitárias pode ser uma espécie de “salvação” capaz de resolver
grande parte dos problemas ali vividos. Cria-se a expectativa de que a comunidade
seja coerente com todas as características que este tipo de projeto possui.
Ainda que a maneira como estava sendo trabalhado o TBC em Curuçá tenha
sido considerada pouco participativa e com resultado financeiro irrisório, houve
outros tipos de benefícios que envolvem questões mais profundas, como consciência
ambiental, senso de responsabilidade com o lugar e com as pessoas. Ao perceber
que existe o interesse de pessoas “de fora” em conhecer seus modos de vida e o
meio ambiente da Reserva Extrativista MGC, os envolvidos com o TBC passaram
a preocupar-se mais em cuidar da Reserva e a enxergar um valor que vai além da
questão econômica, se envolvendo com aquele espaço.
Para concluir este trabalho, o que se pode avaliar no caso Curuçá é que o
ecoturismo de base comunitária ali vivido está seguindo a linha que mais diferencia
este tipo de turismo dos convencionais: a base endógena de desenvolvimento.
Marcon (2007) entende que esta política deve estar associada a uma dinâmica “de
baixo para cima”, na qual os atores locais desempenham papel central na sua função.
Entretanto, isto não significa estar isento de dificuldades e desafios ou que a base
do desenvolvimento local irá trazer a milagrosa “equidade” tão tratada nas premissas
levantadas por estudiosos que abordam o TBC e pouco compatíveis com o sistema
em que vivemos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Por isso, é importante mudar esta expectativa de que a comunidade seja coesa
com todas as características que este tipo de projeto possui e abandonar a ideia de
que lá é possível encontrar homogeneidade e um senso de coletividade que não se
encontram mais em outros lugares. Deve-se refletir que a tal comunidade idealizada
também está inserida na sociedade e no sistema que vivemos e, por isso mesmo,
981
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Ainda que esteja em fase de transição e que sejam muitos desafios a superar, o
que deve ser destacado aqui é que os curuçaenses estão tendo liberdade de escolher
os caminhos para desenvolver o turismo, o que seria, afinal, a principal diferença em
relação ao praticado na maior parte do país, onde a população local normalmente é
982
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REFERÊNCIAS
AMARAL, Vanessa Silva Do. Gestão participativa e turismo na RESEX Mãe Grande
de Curuçá: múltiplas percepções. 2010. 93 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Especialização em Áreas Protegidas e Unidades de Conservação, Departamento de
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, FIPAM, Belém, 2010.
ABSTRACT: Tourism is regarded as one of the alternatives that make dynamic many
localities, considering their potential to generate employment, income and local
development. Thus, the growth in tourism has led to the emergence of suitable to the
specific requirements of the market segments. Cultural tourism is among them, different
from traditional tourism has its laser focus on visitations of architectural historical
sites, as well as the appreciation of cultural events such as the crafts produced in
the tourist core value. It is noticed that, currently, the tourist seeks not only places the
issue of culture, much less to escape the everyday, visitors essentially seek authentic
experiences and experiences of the receiving core, which may be outlined in their
lives. This paper is diagnostic character, and exploratory approach was primarily a
qualitative study. The state of Alagoas has been the focus of several projects and
public initiatives in the field of tourism. Marechal Deodoro is a city that offers a strong
1 Mestre em Geografia (UFPE). Bacharel em Turismo (UFPE). Professora. Instituto Federal de
Alagoas. parroxelas@yahoo.com
2 Mestre em Turismo (UCS). Bacharel em Turismo (UFPE). Professora. Instituto Federal de
Santa Catarina. robertacajaseiras@gmail.com
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potential for the practice of tourism and has considerable cultural heritage allied natural
heritage. With regard to environmental aspects, can highlight areas of mangroves,
rivers, lagoons, beaches, including the famous praia do Francês. As regards cultural
aspects, the diversity of cultural and social heritage, represented by religious and civil
architecture, craftsmanship beyond filé and representative tradition in the region.
1. INTRODUÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos Específicos:
4. MATERIAIS E MÉTODOS
De acordo com Sposito (2004) o método deve ser abordado como instrumento
intelectual e racional capaz de possibilitar a compreensão da realidade objetiva pelo
investigador na perspectiva de estabelecer verdades científicas para as devidas
interpretações. Nesse sentido, torna-se importante a identificação de aspectos e
elementos relacionados a valores e significações.
Por fim, pretende-se ainda, a partir desse estudo, propor roteiro bem elaborado
e testado, sensibilizar as empresas de turismo receptivo a oferecerem o roteiro
proposto pelo projeto aos seus clientes, como forma de divulgação da cidade através
da vinculação do artesanato de Marechal Deodoro como um produto turístico, aliado
às belezas naturais e à riqueza do patrimônio cultural, material e imaterial.
993
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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, a proposta deste artigo é utilizar a pesquisa para embasar futuros
estudos e pesquisas e ser utilizada em sala de aula, em propostas de elaboração
de roteiros diferenciados e incentivar o trade turístico a incluir o patrimônio histórico
e cultural de Marechal Deodoro no circuito mercadológico das agências de turismo
receptivo. Contudo, a partir da análise aplicada à atividade turística, ampliam-se as
formulações teóricas sobre o assunto, já que o crescimento dessa nova atividade
assimila e modifica o espaço. Diante disso, fez-se necessário elaborar um trabalho
de pesquisa para refletir a respeito dos efeitos do turismo de experiência sobre as
realidades locais e regionais, buscando entender a geografia de um lugar, seus
agentes sociais e as normas locais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Hucitec, 1996.
999
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ABSTRACT
Social Capital is of paramount importance for the economic prosperity and sustainability
of any project, including enterprises based on Ecotourism. It is social cohesion
expressed as cooperation networks acting in favor of collective goals. It is basically
built upon three factors: bonds of trust, reciprocity and civic engagement. One of the
Ecotourism principles is the host community involvement since activity planning until
its implementation. Therefore, so as to develop Ecotourism in a particular area, it is
paramount to have or strengthen a high stock of Social Capital. Only local leadership,
physical-territorial conditions or vocation do not guarantee the development of this
1 Especialista em Análise Ambiental e Gestão do Território. Tutora Presencial do CEFET.
E-mail: milenaarj@gmail.com
1000
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or any other activity, once communities can value differently their resources from
the standpoint or their dreams, interests, abilities, skills, etc. In this context, studying
Ecotourism perception allows us to analyze the compatibility between the environmental
preferences, behaviors, habits and expectations of a population in face of Ecotourism.
Thus, this work aimed at studying Social Capital and Ecotourism perception of the
community involved in the project EcoTurisMar. In order to accomplish that, the World
Bank Integrated Questionnaire for the Measurement of Social Capital and an adapted
version of the Ecotourism Perception Formulary (FPE) were applied to the population
of João Fernandes (Armação dos Búzios -RJ). The study found that João Fernandes
has low stock of Social Capital, particularly Bonding and Bridging Social Capital;
conversely, the community presents good stock when it comes to trust and solidarity
(Cognitive Social Capital). Regarding Ecotourism perception, residents showed a high
number of correct actions (positive relationship beneficial to ecotourism), although they
have misguided information when it comes to the definition of erosion and about the
relationship of harm minimization intrinsic to Ecotourism, but commonly disregarded in
Mass Tourism – typical in Armação dos Búzios.
1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
“O “capital” gerado pela livre organização das pessoas da comunidade em
torno de valores compartilhados e objetivos comuns constitui o recurso
fundamental para o desenvolvimento. Esse “capital” é chamado de Capital
Social. Se uma comunidade gera e acumula uma dose suficiente de Capital
Social, então ela está pronta para se desenvolver”. (AED – AGENCIA DE
EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO, 2004).
Deste modo, este trabalho teve como objetivo geral estudar o capital social
e a percepção ecoturística da comunidade de base de João Fernandes (Armação
dos Búzios, RJ); e como objetivos específicos: Levantar o Capital Social de João
Fernandes; verificar o nível de percepção ecoturística da comunidade envolvida com
o projeto EcoTurisMar; e analisar a relação entre capital social, percepção ecoturística
e ecoturismo.
2 – REFERENCIAL TEÓRICO
O termo Capital Social foi empregado pela primeira vez em 1916 por Lyda
Judson Hanifan, relacionando estudos sobre pobreza, baixa relação de confiança e
sociabilidade em centros comunitários rurais. A retomada deste conceito fundamentou
Segundo Neumann & Neumann (2004, p. 32), inexistem fórmulas para fortalecer
capital social, mas é importante encorajar parcerias entre instituições e indivíduos,
que pode ocorrer em diversos estágios: Colaboração, Cooperação, Consultas e Troca
de Informações.
Vale ressaltar que, segundo Grootaert et. al (2003), a análise das dimensões
do capital social deve estar ancorada nas distinções entre o capital social estrutural
(participação em associações e redes) e cognitivo (confiança e adesão às normas),
entre o capital social comunitário ou de ligação (laço entre pessoas similares, ou seja,
que compartilham características demográficas; expresso em forma de participação
em organizações locais, grupos cívicos e redes informais), extracomunitário ou de
ponte (laços entre pessoas com diferenças demográficas; expresso em forma da
capacidade de interlocução entre grupos) e institucional ou de conexão (laços com
pessoas que detém posição de autoridade; expresso em forma de engajamento e
interferência dos grupos sociais sobre organizações formais como o governo, sistema
jurídico ou empresas).
Assim, o enfoque do capital social alia a atividade turística - como uma atividade
capaz de ser planejada e praticada através de uma integração de seus diversos
aspectos em rede (fatores históricos, culturais, sociais, ambientais, etc., em rede) - à
existência de uma atividade sustentável aos seus visitantes, mas principalmente, a
comunidade. (WELLEN, 2009, p. 3).
4 – METODOLOGIA
5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Destaca-se que estes dados não fornecem uma informação precisa referente a
uma média dos moradores, afinal a entrevista era realizada por quem se encontrava
no momento na residência.
Esta percepção aponta que o Ecoturismo poderia ser uma alternativa para o
desenvolvimento local e para a construção de novas cadeias produtivas endógenas,
fundamentada na melhoria de utilização dos recursos disponíveis (PAIVA, 2004).
descrença no poder público, porém com intento de agir para a mudança denotada
pela participação em massa nas últimas eleições.
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, com base neste estudo, foi possível sugerir a percepção ecoturística
e o capital social da comunidade de João Fernandes; atender a demanda do projeto
EcoTurisMar; contribuir com o desenvolvimento do ecoturismo em Armação dos
Búzios (já que fornece subsídios a implantação e estruturação da atividade); e
também avaliar a eficácia das ferramentas (FPE e QI-MCS), possibilitando discussões
e ajustes em outras pesquisas, bem como o fomento de estudos mais densos com
análise multivariada. Entretanto, tanto capital social, quanto o estudo da percepção
ecoturística, por mais que os resultados de entrevistas sejam positivos, não garantem
sucesso ou sustentabilidade de projetos em ecoturismo, não são panaceias. São
ferramentas em desenvolvimento que possibilitam uma avaliação de percepções e
expectativas de ações que num cenário real podem ocorrer de forma diferente; deste
modo a contribuição deste estudo é aproximar de uma identificação (de capital social
e percepção ecoturística da comunidade de base de João Fernandes) da realidade a
fim de tonar o desenvolvimento do projeto EcoTurisMar mais democrático e coerente
com a proposta de ecoturismo de base comunitária.
7 - BIBLIOGRAFIA
AED – AGENCIA DE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO. Emprecorde 2:
Telecurso de Desenvolvimento Comunitário. 2004. 128p.
AGUIAR, Lileane Praia Portela de, FRANÇA, Paulo Renan Rodrigues de. Mobilização
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MUELLER, Airton Adelar, RIEDL, Mário, RAMOS, Marília Patta. Capital social Santa
Cruz do Sul – RS: Criação de novos municípios, capital social e desenvolvimento.
In: III Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional. Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 2006.
Abstract: This article analyzes the Community Based Tourism in Rio de Janeiro favelas
in the South Zone part of the city. For this article we selected: Pavão, Pavãozinho
e Cantagalo; Babilônia e Chapéu Mangueira; e Vidigal. This is a group of pacified
favelas were we identified local initiatives for leisure, tourism, culture and environment.
This research was based on fieldwork in these slums from 2009 to 2014. As a result
of this research we identified that the initiatives of community-based tourism in these
favelas are still few and face many challenges.
INTRODUÇÃO
Neste sentido este trabalho tem como objetivo analisar o turismo de base local
em três grupos de favelas cariocas da Zona Sul do Rio de Janeiro, destacando as
potencialidades e os desafios na gestão do turismo pela comunidade.
Nos anos 2000, a Rocinha é reconhecida como uma das principais atrações
turísticas do Rio de Janeiro e do turismo favela começa a aparecer em outras favelas
por iniciativas internas e externas.
Pesquisas indicam que nas favelas turísticas há uma relação assimétrica entre
moradores, agentes de turismo e turistas, como apontado por Freire-Medeiros em
seus estudos na Rocinha.
(...)o fato é que os passeios não oferecem à Rocinha a chance de usufruir
em pé de igualdade os benefícios econômicos gerados com o turismo.
Os turistas gastam pouco durante a visita e, como não há nenhum tipo de
distribuição de lucros, os capitais suscitados pelo turismo são reinvestidos
apenas minoritariamente na favela e sempre pela via da caridade. (FREIRE-
MEDEIROS, 2009: 77)
cariocas e dentre os moradores das favelas, são poucos aqueles que falam línguas
estrangeiras.
É importante notar que nas favelas analisadas o turismo de base local surge
como um vetor de desenvolvimento local e possibilidade de ganhos financeiros para
a comunidade da favela além de uma ferramenta de resistência da comunidade às
atividades turísticas que os excluem dentro da favela.
com a pesca artesanal. Em 1992, um executivo suíço, René Schärer, envolve-se com
a comunidade e decide prepará-la “para o desenvolvimento de um turismo com base
comunitária. A partir do uso de técnicas de planejamento participativo, a comunidade
é estimulada a pensar criticamente o uso de seu território e o desenvolvimento do
turismo”. (CRUZ, 2009: 107)
É neste sentido, que o turismo de base comunitária surge como uma ferramenta
para resistência da população da favela e sua manutenção em seu território.
Logo após sua fundação o MUF inicia a elaboração de seu projeto turístico e
busca apoio do curso de Turismo da UNIRIO para implementá-lo. Quando a UNIRIO
inicia seu projeto de extensão denominado à época Turismo no Museu de Favela leva
os materiais e os programas do Ministério do Turismo para o MUF.
A proposta de Turismo de Base Local surge desta diretoria, que desejava para
o Pavão, Pavãozinho e Cantagalo um turismo diferente do que havia na Rocinha, à
época maior referência de favela turística. Para eles o turismo realizado na Rocinha
era explorador, com pouca ou nenhuma participação da comunidade, havendo ainda
a rejeição ao jipe, que se tornou famoso e muito questionado quando utilizado nas
visitas às favelas.
Por ser um museu, o MUF propõe Turismo de Base Local articulado a ideia de
Turismo Cultural; segundo definição do Ministério do Turismo:
Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivên-
cia do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural
e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e ima-
teriais da cultura. (Marcos Conceituais – Mtur)
O gráfico a seguir indica que, no ano de 2013, o MUF recebeu cerca de 200
visitantes.
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Este dado preocupa quando comparamos com pesquisa realizada por Bianca
Freire-Medeiros, Marcio Vilarouca e Palloma Menezes em uma parceria da Fundação
Getúlio Vargas com o Ministério do Turismo e publicada no artigo “International tourists
in a ‘pacified’ favela: profiles and attitudes. The case of Santa Marta, Rio de Janeiro”
em 2013. Neste estudo foi aplicado um questionário com 400 turistas entre 23 e 14
de maio de 2011 que visitaram a favela através de agências de viagens. Um dos
resultados da pesquisa realizada é perfil deste turista, que no caso do Santa Marta se
configura como 100% estrangeiro, sendo: 48,1 da Europa, 15,3 da Oceania, 14,2 da
América Latina, 11,5 da América do Norte, 7,1 do Oriente Médio, 3,1 da Ásia, e 0,8 da
África.
Pode-se notar que em ano de visita no Museu de Favela temos a metade dos
turistas que frequentam o Santa Marta através de agências de turismo. Considerando
que no Santa Marta 100% destes turistas é estrangeiro e no Museu de Favela menos
de 50% são estrangeiros. Estes resultados confirmam o que a direção do Museu de
Favela alega sobre a dificuldade de envolver pessoas locais que falem outras línguas
no projeto de Turismo de Base Comunitária do Museu de Favela.
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O processo que culmina com a criação do Parque começa nos anos 80, segundo
os moradores, as favelas se expandiram no morro e no final da década de 80, os
incêndios provocados pela extensa cobertura de capim colonião no alto do morro
tornaram-se um risco. Os incêndios, além de serem perigosos para os moradores das
favelas, prejudicavam ainda o shopping Rio Sul e os moradores das ruas Lauro Muller
e Ramon Castilha, representados pela Associação de Moradores da Lauro Muller e
Adjacências (Alma), em Botafogo.
O projeto busca ainda atender os jovens das favelas, que encontram-se em si-
tuação de risco social, tendo como meta ser auto-sustentável a partir de determinado
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período de operação e servindo de projeto piloto para ser replicado em outras áreas
da cidade.
Venha nos visitar e colocar este belo tour no seu menu de opções para
roteiros na cidade do Rio de Janeiro. Visita aos nossos projetos na área de
meio ambiente e educação. Tours ecológicos na APA da Babilônia. Visita a
comunidade. Ruinas históricas tudo isso no coração do turismo da cidade do
Rio, entre a Praia de Copacabana e o Pão de Açúcar. (CoopBabilônia)
que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua con-
servação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da inter-
pretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. (Marcos Concei-
tuais – MTur5)
Silveira y Barreto (2010) definem ecoturismo como uma atividade que propõe
o respeito a relação homem-natureza e para alcançar estes objetivos pressupõe
uma ação integrada de trocas e práticas socais, que requerem a participação comu-
nitária.
5 http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/estruturacao_segmentos/
ecoturismo.html
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TURISMO NO VIDIGAL
A Favela do Vidigal, está localizada no Morro Dois Irmãos, na zona sul do Rio
de Janeiro, o acesso à esta favela se dá pela Avenida Niemayer, uma via a beira mar
que liga os bairros Leblon e São Conrado. Esta favela é conhecida pelo seu projeto
artístico-cultural Nós do Morro, bares, festas e como porta de entrada para a Trilha
do Morro Dois Irmãos, uma trilha ecológica que é acessada pela favela e de onde é
possível de um lado enxergar os bairros do Leblon e Ipanema e do outro Rocinha e
São Conrado.
Hoje, o parque funciona como um tipo de horta comunitária, onde são plantadas,
frutas, verduras, legumes, hortaliças etc. As sementes são compradas na Rocinha e
em uma loja no centro do Rio pelo grupo que atua no reflorestamento do local. E a
única química que há alí segundo os reflorestadores é “a química de deus: a água”,
isto porque as hortas são orgânicas, não recebem nenhum tipo de aditivo químico e
tudo que é plantado é distribuído para os moradores que “deixaram de jogar lixo ali”.
Este parque, fora dos padrões de uma favela vem atraindo a atenção de turistas
que frequentam o Vidigal. Relatos de turistas que visitam o Parque Ecológico no Vidigal,
destacam a surpresa ao encontrar no meio da favela relações face a face, similares
1029
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Além disso, os turistas destacam o silêncio no Sitiê, que não é comum em uma
favela, dizem lá só ouvem o canto dos pássaros, da água regando as plantas e dos
homens trabalhando na terra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo vimos que o turismo de base comunitária é aquele em que a gestão
do turismo em uma dada localidade está nas mãos da comunidade. Vimos ainda que
nas favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo; Babilônia e Chapéu Mangueira; e Vidigal,
analisadas neste artigo, vem atraindo, seja pelo turismo ou pelo lazer, pessoas de fora
das localidades que investem nestes locais, criam roteiros turísticos, festas, eventos e
mais recentemente hospedagens.
são 100% locais, muitos são os projetos locais que contam com apoio de entidades e
pessoas externas.
Em pesquisa realizada no Santa Marta viu-se que o perfil deste público que
frequenta a favela, em roteiros turísticos é composto em 100% de estrangeiros. E que
em um mês de visita através de agentes de viagens tem-se o dobro de turistas do que
no Museu de favela, organização com projeto de Turismo de Base Comunitária no
Pavão, Pavãozinho e Cantagalo.
Nestes cinco anos de trabalho de campo, notamos ainda que as iniciativas locais
têm dificuldades financeiras e dificuldades em atrair turistas pelos mesmos preços
que são cobrados pelas agências na Rocinha e no Santa Marta, por exemplo. Os
projetos comunitários analisados são vinculados às áreas de cultura e meio ambiente,
onde o padrão de cobrança é baixo, quando não é gratuito, levando a problemas de
sustentabilidade financeira dos projetos que se mantém com financiamentos públicos
de governos ou por iniciativas privadas do tipo projeto de responsabilidade social.
REFERÊNCIAS
BARTHOLO JR; SANSOLO, DG; BURSZTYN. I(Org). Turismo de Base Comunitá-
ria: Diversidade de Olhares e Experiências Brasileiras. 1. ed. Rio de Janeiro: Letra e
Imagem, 2009. v. 1. 508 p.
ABSTRACT / RESUMEN:
The article discusses the participation of civil society in the Municipal Tourism Councils
the prospect of meeting comes as constituting a representation on the boards of
tourism to develop local tourism. Thus , this study aimed to examine whether there
representativeness of civil society in the Municipal Tourism Council of Barretos / SP
how members are organized to develop local tourism. We used the methodology of
documentary analysis , where we analyzed the minutes of the Board in 2013 and
2014 as well as a survey of members of the Board . The research is characterized
as qualitative, which used as a tool for data collection content analysis . At the end of
the study it was concluded that members of civil society represented in the municipal
council are concerned with the development of tourism to economically benefit their
businesses, no meeting is spoken in the community, and its impact on citizens. It is
evidenced by reports that the lack of training of counselors, knowledge about their
tasks compromises the ability of representation of these.
INTRODUÇÃO
Entende-se que a intervenção do Estado nas questões sociais, por meio das
políticas sociais, regulam e muitas vezes propiciam condições de manutenção e
reprodução de uma parcela da população. Ou seja, a intervenção estatal via políticas
sociais, é considerada uma função intrínseca ao Estado moderno, configurando
padrões de direitos sociais próprios de cada nação.
Segundo Sonia Fleury autora do livro, o Estado sem Cidadãos (1994, p.12)
“o debate contemporâneo demonstra que a compreensão teórica da natureza
do Estado moderno emerge da possibilidade de análise da emergência da
esfera social, como expressão das contradições que requerem mediações
a partir da comunidade, nas formas fenomênicas diferenciadas em Estado e
sociedade”.
A SOCIEDADE CIVIL
mas sim como a tradução concreta da consciência benemérita dos cidadãos, dos
grupos organizados, das empresas e das associações.
representatividade.
Entende-se que nos conselhos, a população assume o papel de co-gestor da
administração pública, à medida que pode opinar, discutir e deliberar sobre as ações
da gestão municipal. A participação contínua da sociedade civil na gestão pública
é um direito garantido constitucionalmente, possibilitando ao cidadão não apenas
sua participação na formulação das políticas públicas, mas a fiscalização rigorosa da
aplicação dos recursos públicos.
PERCURSO METODOLOGICO
• A breve análise desses textos permite nos dizer que as ações desse Conse-
lho bem como os projetos apresentados buscando chancela do Conselho de
Turismo em muitos momentos são bastante focadas na demanda potencial do
turismo, ou seja, criar mecanismos para que as pessoas “consumam” cada vez
mais a cidade de Barretos o ano todo não só no período da grande Festa do
Peão, sejam turistas ou moradores locais;
• Por ser um Conselho relativamente novo, estão em fase de estruturação, talvez
mude a atual conjuntura encontrada e os membros sintam a necessidade de
ouvir os cidadãos livres de qualquer interesse.
CONCLUSÕES
Com a repercussão iniciada ao longo dos anos 1990, para a busca de espaços
alternativos nos quais fosse possível modificar os termos de regulação estatal e
promover o encontro entre a sociedade civil e Estado muda-se os discursos, onde
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são abertos novos canais conceituais. Em face disso, hoje é quase consenso de que
só pode haver reforma de Estado de existir uma sociedade civil igualmente forte e
participativa.
O discurso reformista privilegiou a importância da sociedade civil no contexto
e na dinâmica da reforma do Estado. Valorizou sua contribuição para a gestão e
a implementação de políticas. Para Nogueira (2004) se assim fosse concebida a
sociedade civil seria um espaço diferente do Estado, não necessariamente hostil a ele,
mas seguramente estranho a ele, um ambiente imune às regulações ou a parâmetros
institucionais públicos. Talvez fosse um lugar que iria depender bem mais de iniciativa,
empreendedorismo, disposição cívica e ética do que de perspectiva política e vínculos
estatais.
Enfim, avaliar o impacto da sociedade civil sobre o desempenho dos governos
é uma tarefa que não pode se apoiar num entendimento abstrato dessas categorias
como compartimentos separados mas precisa contemplar aquilo que as articula e as
separa, inclusive aquilo que une ou opõe as diferentes forças que as integram, os
conjuntos de interesses expressos em escolhas políticas, aquilo que está sendo aqui
designado como projetos políticos.
Com isto, cabe enfatizar que a participação popular nos conselhos é muito
importante, pois, são espaços de democratização e, mesmo com os problemas
apontados são conquistas da sociedade civil.
Em relação à pesquisa realizada, cujo objetivo foi conhecer se existe
representatividade da sociedade civil no Conselho Municipal de Turismo da cidade
de Barretos. Percebeu-se que a representatividade existe, porem a participação é
pouco relevante, parece que os membros representantes da sociedade civil ainda
não reconhecem o Conselho como um espaço de democratização, de diálogo como o
Estado. Quanto as questões norteadoras da pesquisa, quem são os representantes
da sociedade civil nos conselhos de turismo? Que tipo de interlocução existe entre
dos representantes e Estado?
Os representantes da sociedade civil, no Conselho estudado é formado pelo
trade turístico da cidade, que quando participam da reunião discutem formas para
aumentar o fluxo turístico em seus empreendimentos. Apesar do Conselho ter caráter
deliberativo, a interlocução com o Estado é bastante limitada. Ou seja, nenhuma ata
analisada os representantes das associações conseguiram deliberar uma pauta. O
grupo, na maioria das vezes é voto vencido pelos representantes do Estado, que
estão em número maior.
É importante ressaltar que não se pode considerar somente os conselhos
como único espaço de participação da sociedade civil ou como uma forma modular
de representação. A sociedade civil precisa recuperar os, sinais autônomos de
participação até para se submeter os conselhos ao controle social, porque os conselhos
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também precisam ser submetidos ao controle social. Pela experiência que estamos
vivendo se os conselhos continuarem atuando como instancia fechada, com fraca
capilaridade social e sem sintonia com os fóruns sociais mais amplos, a tendência é
se burocratizarem, caírem na rotina institucional.
Diante disso considera-se importante submeter os conselhos a instancias de
controle social e fazer com que esses fóruns mais amplos ativem a representação,
cobrem tarefas dos conselheiros e que estes tenham de prestar contas não só aos
gestores mas a sociedade civil.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política.
Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra,1983.
COHEN, Jean; ARATO, Andrew. Civil Society and Political Theory. Cambridge: MIT
Press, 1992.
DAGNINO, Evelina. Sociedade Civil e Espaços Públicos no Brasil. São Paulo: Paz
e Terra,2002.
FAQUIN, Eveyn Secco. PAULILO, Maria Ângela Silveira. Política Social e Controle
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002
ABSTRACT: Public policies that address public use in Protected Areas already
constitute a dense framework of regulations for managing these areas in Brazil,
representing efforts of the three government levels (federal, state and local). However,
due to this complexity of government levels and the dispersion into numerous legal
acts, the actions end up getting scattered. Considering the principles of ecotourism,
1 Bacharel em Turismo e Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pesquisador
da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. E-mail: fabriciomatheus@usp.br
2 Bacharel e licenciado em Geografia e Mestre em Geografia pela Universidade de São Paulo,
Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas e Pós-Doutor pela Universidade de
Girona. Professor da Universidade de São Paulo. E-mail: sraimundo@usp.br
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INTRODUÇÃO
ECOTURISMO
No Brasil, a definição oficial desse segmento, a qual grande parte das políticas
públicas faz referência e que, desta forma, será utilizada no presente artigo, é aquela
apresentada no documento “Diretrizes para uma política nacional de ecoturismo”
como:
de conteúdo.
Desde antes da criação, no Brasil, do primeiro Parque Nacional (1937) até
os dias de hoje, os legisladores do país desenvolveram um arcabouço normativo
relativo à proteção do meio ambiente e às áreas protegidas no Brasil (URBAN, 1998;
GUATURA, 2000). Diversas leis foram criadas para estabelecer normas e regulamentos
para diferentes categorias de áreas protegidas. Assim, no ano 2000, foi sancionada a
lei federal nº 9.985, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC), cujo objetivo foi consolidar todos os atos normativos referentes às
áreas protegidas no Brasil, bem como modernizar a gestão e o manejo das unidades
de conservação do país (SÃO PAULO, 2009b). A coordenação do SNUC é realizada
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio dos seus órgãos executores, o
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.
No Estado de São Paulo, em 29 de dezembro de 2006, por meio do Decreto
Estadual nº 51.453, alterado pelo Decreto Estadual nº 54.079/2009, foi instituído o
Sistema Estadual de Florestas – SIEFLOR (SÃO PAULO, 2006). Da mesma forma
como o SNUC, a criação do SIEFLOR teve como objetivos aperfeiçoar a gestão e
otimizar as ações públicas de conservação (SÃO PAULO, 2009b)
O SIEFLOR, de acordo com o estabelecido pelo Decreto n.º 51.453/2006, em seu
artigo 2º
quantitativos para a análise dos textos. A análise de conteúdo se mostra como uma
ferramenta importante para o estudo das políticas públicas por “compreender melhor
um discurso, de aprofundar suas características (gramaticais, fonológicas, cognitivas,
ideológicas, etc.) e extrair os momentos mais importantes” (RICHARDSON, 1999,
p.224).
O corpus da análise de conteúdo é composto pelos documentos já apresentados
no item anterior. A constituição desse corpus foi definida de acordo com a regra da
exaustividade, ou seja, foram incluídos todos os documentos identificados como
formadores da política pública para o desenvolvimento do uso público em áreas
protegidas como, por exemplo, os atos normativos e os programas e projetos
desenvolvidos pelas instituições responsáveis pela gestão dessas áreas. Esses
parâmetros estão de acordo também com as regras da homogeneidade e pertinência
da análise de conteúdo (BARDIN, 2012).
A exploração do corpus foi realizada por meio de análise categorial, com a
codificação dos materiais identificados por meio de unidades de registro, apresentadas
no quadro 2. Tais unidades foram trabalhadas de acordo com as seguintes regras de
enumeração:
Frequência: a quantidade de vezes que a unidade aparece. De acordo com Bardin
(2012), a importância de uma unidade de registro aumenta com a frequência de
aparição;
Intensidade: foi avaliada de acordo os termos que acompanham a unidade de
registro, por exemplo, a semântica e o tempo do verbo, bem como os advérbios
e adjetivos;
Direção: ela pode ser favorável, desfavorável ou neutra; e
Ordem: a disposição das unidades de registro no texto, a ordem de aparição e
encadeamento das unidades.
software NVivo, versão 10. Esse programa foi escolhido para facilitar a organização
das informações do corpus, principalmente no que diz respeito à codificação, regras
de enumeração e categorização.
Interessante notar que, entre as políticas de uso público avaliadas, a única palavra
relacionada à atividade a aparecer entre as 50 mais recorrentes é visitação, em 29º
lugar, com exceção dos termos uso e público. Outro ponto que vale ser ressaltado
é que em uma busca específica pela unidade de registro recreação, que engloba
também termos semelhantes como lazer e turismo, as políticas aplicáveis no Estado
de São Paulo utilizam mais a expressão ecoturismo. Essa constatação reflete um
entendimento das áreas protegidas no Estado e no país, como um espaço de turismo,
voltado à educação formal, e não de recreação, ou seja, voltado para pessoas que não
tem a UC em seu entorno habitual, em oposição a um local voltado para a recreação
da comunidade local.
Tão importante quanto observar as palavras mais citadas nos textos das políticas,
é analisar aquelas que não aparecem nessa lista. As políticas não têm, dentro do seu
conjunto de termos mais usuais, nenhuma expressão relacionada à conscientização
do visitante e ao envolvimento da comunidade local. Uma busca específica por essas
unidades de registro confirma o foco dos textos na conservação, com as ocorrências
relativas à recreação, envolvimento da comunidade local e conscientização dos
visitantes figurando bem abaixo em quantidade, conforme apresentado na figura 3.
0,1%
Dec. Estadual nº 25.341/1986 - Reg. de Parques 0,2%
0,2%
0,0%
0,3%
Lei nº 9.985/2000 e Decreto nº 4.340/2002 - SNUC 1,4%
0,0%
0,0%
0,1%
Portaria Normativa FF nº 191/2013 - Ingressos 0,7%
0,1%
0,1%
Resolução SMA nº 32/1998 1,7%
0,2%
0,4%
0,0%
Resolucao SMA nº 32/2010 0,3%
0,1%
Resolução SMA nº 59/2008 2,0%
0,0%
0,1%
Resolução SMA nº 61/2008 0,8%
0,2%
1,5%
Relação de similaridade
O Projeto de Lei n.º 249/2013 (SÃO PAULO, 2013a), proposto pela Secretaria
do Meio Ambiente, em tramitação em caráter de urgência na Assembleia Legislativa,
vai ao encontro desse direcionamento de terceirização, ao propor a concessão de
uso remunerado, por até 30 anos, de cinco unidades de conservação estaduais, três
parques, uma floresta e uma estação experimental. Essa proposta expande o prazo de
concessão atual, de no máximo cinco anos, com o objetivo de atrair parceiros privados
para a construção e manutenção de atividades de uso público, no caso específico dos
parques estaduais, e a exploração de produtos florestais nas outras duas unidades.
Essas normativas, assim como o próprio SNUC e outros instrumentos jurídicos,
estabelecem como um de seus objetivos assegurarem a participação das populações
1065
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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locais nas oportunidades econômicas geradas pelas UC. Entretanto, não existem
formas legais que garantam essa participação, que em muitos casos ficam restritas as
grandes corporações, uma vez que a lei federal n.º 8.666/93 estabelece a igualdade
de condições entre todas as empresas brasileiras para firmar contratos com o poder
público. Dessa forma, nota-se que as políticas brasileiras buscam um caminho já
percorrido por outros países como os Estados Unidos e o Canadá. Porém, estudos
mostram que os modelos de gestão de áreas protegidas com a participação de
iniciativa privada, estão entre os que apresentam as piores avaliações com relação à
governança (EAGLES, 2009).
Outro ponto que merece ser destacado em relação às políticas brasileiras
para uso público em unidades de conservação, diz respeito à atualidade dos seus
marcos legais. Diversas leis, decretos, resoluções e portarias foram editadas após a
aprovação do SNUC em 2000. Tal fato ilustra a afirmação feita anteriormente sobre
a mudança de visão dos órgãos públicos acerca da importância do ecoturismo como
uma estratégia de conservação, especialmente após a instituição do SIEFLOR.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2012.
______. Lei Federal n.º 9.985, de 18 de julho de 2000, regulamenta o art. 225,
§ 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da
União. Brasília, 19 de jul. 2000. p. 1.
ambiente.sp.gov.br/fauna/files/2012/11/Decreto-Estadual-25.341_86_regulamenta-
parques-estaduais.pdf>. Acesso em: 24/03/2013.
______. Portaria Normativa F.F. n.º 153, de 18 de abril de 2011, dispõe sobre a
atividade de rafting nas Unidades de Conservação administradas pela Fundação
Florestal. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio
Ambiente, Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São
Paulo. Documento interno. 2011c.
______. Portaria Normativa F.F. n.º 182, de 24 de abri de 2013, dispõe sobre o
horário de visitação pública nas unidades de conservação sob gestão da Fundação
Florestal. 2013b. Disponível em <http://fflorestal.sp.gov.br/2014/02/18/portaria-
normativa-ff-no-1822013/>. Acesso em: 05/04/2013.
______. Portaria Normativa F.F. n.º 183, de 23 de abri de 2013, dispõe sobre
critérios para utilização de bicicletas no interior das unidades de conservação
sob gestão da Fundação Florestal. 2013c. Disponível em <http://fflorestal.sp.gov.
br/2014/02/18/portaria-normativa-ff-no-1832013/>. Acesso em: 05/04/2013.
______. Portaria Normativa F.F. n.º 191, de 30 de agosto de 2013, dispõe sobre
o Sistema de Cobrança de Ingressos, Serviços e utilização de dependências e
equipamentos instalados nas Unidades administradas pela Fundação Florestal.
2013d. Disponível em <http://fflorestal.sp.gov.br/2014/02/18/portaria-normativa-ff-
no-1912013/>. Acesso em: 05/04/2013.
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RESUMO:
Este artigo teve como objetivo discutir a regulamentação da profissão de guia de
turismo no Brasil, a partir de uma avaliação dos serviços prestados e da análise
da legislação que regula esta atividade. A pesquisa de campo buscou identificar e
analisar a opinião dos atores sociais do turismo sobre alguns aspectos qualitativos dos
serviços prestados nos atrativos turísticos de Porto Seguro-BA. Os dados coletados
permitem afirmar que os visitantes aprovam os serviços prestados, enquanto que a
comunidade e os gestores do turismo veem com restrições a qualidade da oferta
desses serviços. Sugere-se uma mudança na regulamentação desta profissão, com
intuito de resguardar o direito dos guias de turismo à exclusividade na prestação
de seus serviços e favorecer melhoras na qualidade dos serviços prestados e nos
produtos turísticos.
ABSTRACT:
This article aims to discuss the regulation of the profession of tour guide in Brazil,
from an evaluation of the services rendered and the consideration of legislation that
regulates this activity. The field research was to identify and analyze the views of
stakeholders of tourism on some qualitative aspects of service in tourist attractions
in Porto Seguro, Bahia. The collected data allow us to state that visitors approve the
services, while community and managers of tourism with restrictions see the quality
of such services. We suggest a change in the regulation of the profession, in order to
safeguard the right of the tour guides to the exclusivity provision of its services and
promote improvements in the quality of services and tourist products.
1
Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Especialista em
Planejamento, Gestão e Marketing do Turismo pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Mestre
em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Professor Assistente do
Departamento de Turismo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM.
E-mail: gudearaujo@gmail.com
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KEYWORDS: Tour guide. Tourist legislation. Porto Seguro, Bahia. Tourist services.
INTRODUÇÃO
O trabalho realizado pelos guias de turismo é de fundamental importância
para a consolidação de um produto turístico. São os guias de turismo os principais
transmissores de informações essenciais aos visitantes de sítios de relevância natural,
histórica ou cultural.
No Brasil, a profissão de guia de turismo é regulamentada por lei, que
estabelece a exigência de formação específica, dada a importância deste serviço
para a qualidade do produto turístico. No entanto, apesar da existência de legislação
específica para regulamentar a profissão de guia de turismo, existem incoerências
em tal regulamentação, que contrariam a referida Lei, e que constituem uma lacuna
existente em tal regulamentação profissional ao permitir a prestação dos mesmos
serviços prestados pelos guias credenciados, por outros profissionais, sem a
necessidade da mesma formação específica que os guias recebem. Esta lacuna tem
contribuído negativamente na qualidade deste importante serviço turístico.
O problema apresentado tem relação com a avaliação dos serviços dos guias de
turismo realizada na região turística de Porto Seguro, extremo sul do estado da Bahia,
no nordeste brasileiro. A região compreendida por este estudo tem sua relevância
histórica, cultural e ambiental reconhecida pelo Instituto do patrimônio histórico e
artístico Nacional (IPHAN) e pela Organização das Nações Unidas para a educação, a
ciência e a cultura (UNESCO) e reúnem valioso patrimônio cultural e natural, inseridos
em um dos mais importantes polos turísticos brasileiros.
O objeto deste estudo é a regulamentação da profissão de guia de turismo
no Brasil. Para ilustrar e subsidiar as discussões em torno do tema, analisou-se as
avaliações dos serviços prestados pelos guias de turismo e similares atuantes na
região histórica do descobrimento do Brasil. Com intuito de identificar as opiniões dos
atores sociais do turismo sobre a qualidade do trabalho prestado por guias e similares
na região em questão, foram coletadas opiniões das comunidades dos entornos dos
principais atrativos, e de seus visitantes, bem como dos gestores do turismo, a fim de
gerar subsídios para uma avaliação deste serviço prestado na região em questão.
A regulamentação da profissão de guia de turismo no Brasil é apresentada e
discutida. Foi identificada uma lacuna existente, a qual afirmamos estar relacionada
com os resultados da análise dos dados coletados sobre a qualidade dos serviços dos
profissionais que prestam este tipo de serviço na região turística de Porto Seguro.
Os guias de turismo no Brasil, apesar de serem amparados por uma lei
específica, a qual lhes deveria garantir o direito à exclusividade da prestação deste
importante serviço turístico, estão vulneráveis, na medida em que outros profissionais
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METODOLOGIA
Este estudo sobre os guias de turismo teve caráter exploratório. A área abrangida
pelo mesmo incluiu localidades dos municípios baianos de Porto Seguro e Santa Cruz
Cabrália, nos quais realizou-se as coletas informações que contém avaliações por
parte das comunidades dos entornos dos principais atrativos turísticos, dos visitantes
destes atrativos, bem como dos gestores do turismo, ou seja, dos atores sociais do
turismo relacionados aos seguintes atrativos histórico-culturais: 1
O tipo de amostragem para coleta de dados sobre as comunidades locais foi
do tipo probabilística simples. A amostra de 228 indivíduos, aos quais se aplicou o
formulário de pesquisa, foi calculada considerando-se como universo a somatória das
populações em Idade Ativa (PIA) dos dois municípios em questão, o qual totaliza 90.272
indivíduos (SEI, 2007). O nível de confiança foi estabelecido em 90% (equivalendo a
um t = 1,645) para uma distribuição normal (curva assimétrica em relação à média - µ),
com margem de erro para os parâmetros de 5% (p ± e). As proporções de p e q foram
definidas em 50% (0,5), onde q = 1 – p.
A amostra de visitantes e gestores foi do tipo não probabilística intencional
por exaustão, tendo sido aplicados 293 formulários aos visitantes e 17 formulários
aos gestores do turismo. O universo dos gestores foi constituído pelos 21 membros
representantes das principais entidades relacionadas ao turismo regional, componentes
do Conselho de Turismo do Polo do descobrimento. Como técnica adicional de coleta
de dados sobre a opinião dos gestores foi utilizada a entrevista semidirigida contendo
questões sobre a qualidade da informação transmitida, e sobre a qualidade dos
serviços prestados pelos guias de turismo.
Os formulários continham questões fechadas que versavam sobre a qualidade
dos serviços prestados, a qualidade das informações transmitidas e sobre os
procedimentos utilizados pelos guias de turismo e condutores de visitantes atuantes
na região turística em questão. As questões contiveram opções de resposta em escala
Likert2, que variaram de 0 (péssimo) até 5 (excelente).
Os dados coletados através dos formulários e entrevistas foram codificados
e lançados num banco de dados que serviu de fonte para geração dos relatórios
com as frequências estatísticas. Esses dados estatísticos recolhidos dos três grupos
de informantes serviram de fonte para geração dos resultados com frequências
estatísticas sobre a opinião dos atores acerca da qualidade do trabalho dos guias e
sobre a qualidade das informações transmitidas por eles.
2 A Escala Likert é um tipo de escala que permite resposta psicométrica, utilizada comumente
em formulários de pesquisa, com objetivo de identificar opiniões. Ao respponderem as questões formuladas, os
informantes especificam seu nível de concordância com relação a uma afirmação posta.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Indagados sobre a qualidade dos serviços prestados pelos guias de turismo e
condutores de visitantes, enquanto que a média aritmética das opiniões dos visitantes
se situou entre ótimo e excelente (4,69), por parte da comunidade essa média situou-
se bem próxima de regular (2.09) e entre os gestores situou-se entre regular e
bom (2.53), conforme demonstrado no gráfico 1. Esse resultado, em princípio, indica
haver a necessidade de melhor monitoramento e avaliação dos serviços prestados
pelos guias de turismo e condutores de visitantes de maneira geral, uma vez que as
comunidades dos entornos dos atrativos, bem como gestores do turismo regional não
considera bom os serviços prestados por tais profissionais.
Ocorre que em muitos atrativos naturais, históricos e culturais da região de
Porto Seguro, em vez de guias de turismo, atuam em sua maioria indivíduos que na
realidade não são guias de turismo credenciados pelo Ministério do Turismo, mas
sim apenas condutores de visitantes designados pelo Órgão Estadual de Turismo,
conforme permitido pela legislação vigente, e já discutido na seção anterior.
que corresponde a um valor situado bem próximo de regular. Por parte dos gestores
do turismo, a média foi de 2.07, que corresponde a um valor igualmente situado bem
próximo ao estado de regular, conforme exposto no Gráfico 2.
Essa divergência de opiniões existente entre visitantes e a população local,
representada pela comunidade em geral e os gestores do turismo local, pode ser
explicada devido ao fato de que os visitantes, geralmente não têm conhecimento pré-
vio aprofundado sobre as informações que são comunicadas pelos guias de turismo
e condutores de visitantes, e se contentaram com as informações que lhes foram
transmitidas, demonstrando estarem satisfeitos com os serviços prestados por esses
profissionais. Ao contrário, as comunidades dos entornos dos atrativos turísticos e
os gestores do turismo, estes estão mais conscientes das informações, pois, na sua
maioria têm amplo conhecimento sobre as principais informações que julgam ser im-
portantes durante as apresentações dos guias e monitores e, portanto, se demostra-
ram insatisfação. Esse resultado indica haver a necessidade de melhor monitoramen-
to e avaliação das informações que são veiculadas por estes profissionais, com intuito
de verificar se as falhas existentes apontadas pelos informantes provém dos guias de
turismo credenciados pelo Ministério do Turismo, ou se provém dos condutores de
visitantes credenciados pelo Órgão Oficial de Turismo do Estado da Bahia e, a partir
disso, identificar os ajustes necessários a serem realizados nos processos de forma-
ção, fiscalização e transmissão de informações por parte destes importantes serviços
turísticos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho do guia de turismo é fundamental para o sucesso de um produto
turístico, na medida em que este profissional é responsável pela condução, orientação
e informação dos visitantes de um atrativo turístico histórico-cultural.
A atuação de condutores não credenciados pelo Ministério do Turismo junto aos
atrativos turísticos pesquisados na região de Porto Seguro é um fator crítico do produto
turístico local. E esta atuação paralela somente é possível devido à regulamentação
ineficiente desta profissão no Brasil, regulamenta esta que possui lacunas que
comprometem a qualidade dos serviços prestados por esses profissionais, na medida
em que possibilita a atuação de outros profissionais, não credenciados.
1079
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REFERÊNCIAS
BOITEUX, Boyard do Coutto. Legislação de turismo: tópicos de direito aplicados
ao turismo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
ABSTRACT: Tourism is an activity that has been developing in protected areas (PAs).
However, many practices have become inadequate the same. Visitors are key pieces
for PAs achieve their goals. To analyze the relationships between the characteristics
and tourists visiting the Environmental Protection Area of Recifes de Corais (APARC),
Northeast Brazil conducts sampling study was conducted, using a estimation error
of 5% and confidence level of 95%. The data were analyzed through factor analysis
and cluster. It was observed that tourism developed in APARC resembling mass
tourism. The information channels are not efficient. We identified five dimensions of
satisfaction: service quality, scenic beauty, inadequate, cultural and quiet demeanor.
And five market segments: tourism rest, observation, authenticity and predatory. This
scenario shows the need for investments in ecotourism development, improvements in
communication channels, conducting environmental education program and attracting
tourists specialized in reef environments.
INTRODUÇÃO
ÁREA DE ESTUDO
A APARC foi criada em 2001, ela está localizada no estado do Rio Grande do
Norte, Nordeste do Brasil, na linha média das marés, tendo como coordenas a latitude
05º 09’ 18” S e a longitude 35º 30’ 00” W Gr; com uma área de aproximadamente
32.500ha. A mesma tem três parrachos (ou recifes de corais): Maracajaú, Rio do Fogo e
Cioba (Figura 1). A APARC tem um Conselho Gestor (CG) que é um órgão que funciona
como instância consultiva para o planejamento e gestão da mesma, que tem como
presidente o órgão responsável pelas UCs estaduais, o Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA). A sede da APARC
está localizada em Maracajaú. O CG vem trabalhando no ordenamento do local, as
seguintes medidas já foram adotadas: fixação do número de visitantes por dia - 109
turistas na alta estação e 81 na baixa; o local para a instalação dos flutuantes; rotas
de navegação; tipo adequado dos motores das embarcações e plano de pesca, dentre
outras ações.
METODOLOGIA DO ESTUDO
Nesta pesquisa a população foi composta pelos turistas que fizeram o passeio
ao parracho de Maracajaú. Na determinação do tamanho utilizou-se a amostragem
aleatória estratificada sem reposição, com alocação de Neyman.
A escolha dos turistas foi feita de forma aleatória. A partir dessa divisão foi
utilizado um erro de estimativa de 5% e proporções com o grau de confiança de 95%.
A proporção amostral de 0.3, determinada com base no pré-teste feito em setembro de
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Pouco mais da maioria dos turistas são do sexo feminino (51.7%). Com relação
ao estado civil, pode-se observar que 52.2% dos turistas são casados, 43.5% são
solteiros, já os separados/desquitados e viúvos correspondem respectivamente a 3%
e 1,3% do total. A renda familiar mensal dos turistas varia entre as seguintes faixas:
foi acima de R$ 10 000 (26.7%); R$ 4 001 e R$ 6 000 (18.8%); entre R$ 2 001 e 4
000 (16.8%); entre R$ 6 001 e 8 000 (15.3%) e entre R$ 8 001 e 10 000 (11.9%) e a
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que obteve a menor porcentagem a que é referente a turistas que têm renda familiar
mensal de até R$ 2 000 (10.4%).
A maior parte dos turistas entrevistados é profissional liberal, com 33.9% das
respostas, seguida de estudante com 21%, funcionário público (18.3%), autônomo
(8.9%) e aposentado/pensionista (1.3%). Mais da metade dos turistas (60.4%) tem
ensino superior completo. A segunda maior porcentagem é de turistas com ensino
superior incompleto (19.4%), seguidas de 4% com ensino médio completo, 10.1%
com ensino médio incompleto. A porcentagem para ensino fundamental completo e
incompleto foi de 4% e 2.2%, respectivamente. Os turistas têm em média 30 anos. O
desvio padrão para ente parâmetro foi de 10.8.
A grande maioria dos turistas que visitam a APARC (83.8%) tem acesso às
normas do local, ao passo que 16.2% de turistas não têm.
Doze das variáveis foram consideradas como contribuintes para satisfação dos
turistas, uma vez que obtiveram médias entre importante e muito importante. Outras
cinco variáveis foram consideradas pouco ou não importantes (Tabela 1). Na mesma
tabela também pode ser observada a porcentagem de cada nota para cada variável,
bem como seus desvios-padrões.
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Conduta
Inadequada -0,22852 0,02480 0,03008 0,18454
Beleza Cênica -1,33317 0,67133 0,39182 -0,41721
Cultural -0,19971 -,58215 0,92018 0,22006
Tranquilidade
0,36715 0,16703 -0,54653 -0,03863
O perfil dos turistas que visitam a APARC é desejável para turistas que visitam
unidades de conservação, Principalmente no tocante ao nível de escolaridade. Com
base nesta característica, pode-se pressupor que estes turistas são pessoas que tem
um senso crítico sobre as questões sociais e ambientais, sendo assim, são pessoas
que estão dispostas a contribuir com a conservação do local visitado.
De acordo com Cole (2002), Takahashi (1997), Hammit e Cole (1998), Stankey
et al (1985) o impacto ambiental que visitantes podem causar ao local está relacionado
à quantidade de pessoas, ao seu comportamento e ao manejo dado ao local. Visto
que na APARC a quantidade de visitantes é relativamente alta (60 000 a 70 000 mil
por ano) e que o plano de manejo está em fase de elaboração e o comportamento dos
visitantes é um assunto pouco conhecido, a atividade turística torna-se potencialmente
prejudicial ao parracho. Isso reforça a recomendação da Organização Mundial do
Turismo (2003), que diz que o planejamento em UCMs deve ser mais rigoroso,
devendo ser aplicadas medidas conservacionistas quanto à utilização do ambiente
submarinho, assim como, existir instalações integradas para atender as necessidades
dos visitantes e da UCMs.
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Os turistas que visitam a APARC, em sua grande maioria, não têm nenhum ou
têm baixo conhecimento sobre recifes de corais. O que foi observado como sendo
comum às outras UCMs nos trabalhos de Herring (2006), Lim (1998) e Leujak e
Ormond (2007). Sendo este mais um motivo para afastá-los do perfil dos ecoturistas,
que tem conhecimento sobre o ambiente a ser visitado. Isso mostra que os turistas
não compreendem a não compreendem a fragilidade do ecossistema acabem por
praticarem ações inapropriadas para o local durante o mergulho.
O trabalho de Silva, (2009), mostrou que os turistas que vão para a APARC
ficam sabendo que estão em uma UCM poucos momentos antes da efetivação do
passeio/mergulho 77.7% e, ainda há turistas que não ficam sabendo disso, 18.4%.
Esse mesmo problema ocorre em outras UCMs (DAVIS, BANKS, 1997; Lim, 1998;
PETROSILLO et. al., 2006). Este é outro fator que pode influenciar o comportamento
do turista durante o mergulho ou qualquer outra atividade. Pois nestes espaços
ações que podem ser prazerosas para o visitante são prejudiciais ao local. Ao saber
previamente que se está indo visitar um UC, os turistas já estão cientes de que haverá
algumas limitações durante a visita em prol da conservação do ecossistema.
Ratificando o que foi dito acima, Davis e Banks (1997) e Lim (1998) mostraram
que os turistas sentem-se satisfeitos em estar perto da natureza, ver animais grandes
e diversidade de vida marinha, aprender sobre o local, etc. Contudo, Leujak e Ormond
(2007) constataram que a aceitabilidade de uma maior quantidade de turistas na água
está aumentando entre os turistas que visitam os corais de South Sinai, aumentando
a capacidade de carga social, o que parece estar acima da capacidade de carga
ecológica. O que faz com que se observe que a noção de densidade de pessoas em
um local deve ser determinado, levando-se em consideração a percepção do visitante,
desde que esta estiver abaixo da capacidade ecológica do local.
SEGMENTOS DE MERCADO
é composto pelos turistas que têm o maior potencial de impactar o local durante a
visitação e não se importam com a aglomeração de pessoas. São eles os menos
valorizam a beleza cênica e a qualidade dos serviços prestados. A única característica
apresentada como positiva, por este segmento foi o de os turistas mostrarem interesse
pelo cultural local, porém, em comparação as suas outras características, ele mostra-
se inapropriado para uma UC.
CONCLUSÕES
Apesar de já está definido uma quantidade de turistas por dia que podem ir para
o parracho de Maracajaú, é aconselhável fazer estudos que levem em consideração a
percepção dos turistas, uma vez que a satisfação deles está relacionada à qualidade nos
serviços oferecidos, a beleza cênica do local, a tranquillidade que o local proporciona
e a ações que são consideradas inadequadas na APARC. Os três primeiros itens
devem ser trabalhados de modo a serem meios de fazer com que o turistas contribua
com a preservação da APARC, já o último deve ser objeto de trabalho da educação
ambiental.
Apesar dos turistas terem dito que estavam satisfeitos com o passeio, foi
observado que da forma como a atividade vem sendo desenvolvida corre o risco de
auto-destruir-se, pois os danos que o turismo pode causar ao parracho podem ser
maiores que os benefícios que a atividade traz para a mesma e para a população de
seu entorno, mesmo sendo praticada em uma UCM.
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case of Bolinao, Philippines. Ocean & Coastal Management. n. 50, p. 103-118, 2007.
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RESUMO: As Unidades de Conservação são áreas protegidas que tem como objetivo
principal a proteção e manutenção da biodiversidade, conservação dos recursos
naturais e a valoração dos aspectos histórico-culturais. Nesse sentido, as Ucs são
áreas que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico em harmonia com o
meio natural e o sistema antrópico. Para isso, é necessário que as UCs sejam geridas
de forma eficiente e com padrões de qualidade. Partindo desse contexto, a pesquisa
objetiva fazer diagnóstico da Aparc. Para isso foi utilizada a metodologia da Análise
de Swot, que consiste em verificar as condições em que se encontra objeto de estudo
no plano interno e externo, analisando, respectivamente, seus pontos fortes e fracos,
suas ameaças e oportunidades. Os resultados mostraram que a falta de funcionários
na Aparc constitui-se uma fraqueza e a falta de conhecimento do que é uma UC como
uma ameaça. Já como oportunidade e força faram identificados, respectivamente, o
ecoturismo e plano de manejo. Logo, pode-se concluir que Aparc também enfrenta os
mesmo problemas de manejo da maioria das unidades de conservação.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão. Análise de Swot. Apa dos Recifes de Corrais/RN.
ABSTRACT: The protected areas (PAs) are protected areas that has as main objective
the protection and maintenance of biodiversity, conservation of natural resources
and valuation of historical and cultural aspects. In this sense, the PAs are areas that
contribute to socioeconomic development in harmony with the natural environment
and man-made system. For this it is necessary that the PAs are managed efficiently
and with quality standards. From this context, the research aims to diagnose Aparc.
For the methodology of this analysis Swot, which is to verify the conditions under
which it is studied at home and internationally, analyzing, respectively, their strengths
and weaknesses, its opportunities and threats was used. The results showed that the
lack of staff at APARC constitutes a weakness and lack of knowledge of what is a
UC as a threat. Have an opportunity and strength were identified, respectively, and
ecotourism management plan. Therefore it can be concluded that Aparc also faces the
same problems of management of most protected areas.
KEYWORDS: Management. Swot Analysis. Apa of Recifes de Corais/RN.
1 Estudante do curso de Turismo. Bolsista de Iniciação Científica. – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. e-mail: wagnercnrn@hotmail.com.
2 Turismóloga, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Professora – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. e-mail: clebia@ufrnet.br.
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INTRODUÇÃO
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Sendo assim, umas das medidas tomadas para proteger os recursos naturais
e o conjunto de ecossistemas do país, evitar a destruição ambiental e garantir o uso
racional foi o estabelecimento de um sistema de Áreas Naturais Protegidas que visa
garantir a conservação da diversidade biológica, que no Brasil, essas áreas foram
denominadas de Unidades de Conservação (DIAS, 2008).
Essas áreas têm sido muito procuradas por pessoas que gostam da proximidade
da natureza e usufruir dos benefícios que esse contato pode proporcionar. E para
garantir tanto a conservação desses recursos como a boa qualidade da experiência dos
visitantes, é que se tornou necessário o planejamento dessas áreas (GIRALDELLA;
NEIMAN, 2010).
ABORDAGEM METODOLÓGICA
O procedimento metodológico adotado neste estudo foi feito por meio de uma
análise ambiental interna e externa da Aparc por meio da análise de Swot, que consiste
em verificar as condições em que se encontra objeto de estudo no plano interno e
externo, analisando, respectivamente, seus pontos fortes e fracos, suas ameaças e
oportunidades (ROSSI; LUCE 2002).
RESULTADOS
X
Forças Fraquezas
Por outro lado, quanto as Forças da Aparc pode-se destacar que ela já dispõe
de plano de manejo que serve de orientação para as ações que são desenvolvidas no
local. As principais ações estão voltadas para o ordenamento da atividade turística. A
designação de uma gestora para a UC também contribuiu para o melhor desenvolvimento
das ações de gestão do local. A Aparc está cadastrando e qualificando os pescadores
que atende as condições de desenvolver o turismo (passeio aos parrachos).
CONSIDERAÇÃO FINAIS
A Análise Interna mostrou que as fraquezas são maiores, pois as forças são
resultados de ações pontuais e em andamento, e que o plano de manejo não está
implementado, é necessário que as ações estabelecidas pelo plano de manejo seja
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REFERÊNCIAS
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1110
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ABSTRACT: In Brazil, along the last three decades, several innovative forms of
citizen participation in the public policy process have emerged revealing the major
changes that state structure and civil society had gone through. The above mentioned
mechanisms for politic participation were institutionalized since the enactment of the
Federal Constitution of 1998 and materialized in a diversity of organisms, operating
1111
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in various localities of the country, allowing citizen representation. This paper aims
to approach a very peculiar organism within the tourism field, named “The Tourism
Council of Brotas”, located in the interior region of the state of São Paulo. Actually
we wish to evaluate the democratizing nature of this arena and intend to anwer the
following question: to what extend do this body manages to influence the public policy
process and contributes to integrate a diversity of touristic interests in the government
agenda of the touristic city of Brotas? We relied on a qualitative approach (case study),
used content analysis techniques and concluded that this council stand outs due to
diversity of its members (civil society and public ones), their autonomy concerning
the decision making process, as well as their power of incorporating a broad range of
interests in the debate.
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No Brasil, observou-se, no decorrer dos últimos decênios, a vigorosa
disseminação de instituições participativas (PIRES e VAZ, 2010), constatação
essa que incentivou a proliferação de estudos sobre uma variedade de organismos
participativos, dentre eles, os conselhos de políticas públicas. Com efeito, para Avritzer
1113
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2011).
Em resumo, até o momento, pode-se afirmar que ocorreu uma vertiginosa
pluralização de instâncias participativas e que é necessário conferir a essa rede de
instituições, um natureza mais ordenada e articulada, que permita que elas avancem
de forma consistente. Assim, é preciso investir em estudos que focalizem os efeitos
democratizantes dessas instâncias e os resultados das atividades desenvolvidas no
seu interior. (WAMPLER, 2011, AVRITZER, 2010, LAVALLE, 2011, 2012). Todavia,
vale atentar para a advertência de Lavalle (2011), que alerta que a elucidação destas
questões implica em enfrentamento dos obstáculos metodológicos para aferir os reais
impactos destes organismos na seara das políticas públicas.
Outros estudos, tais como os de Wampler, 2007, 2011; Avritzer, Navarro,
2003 também mencionam as extremas dificuldades de estabelecer uma ligação
clara entre a tomada da decisão no âmbito destas instâncias e as mudanças nas
políticas públicas. Eles admitem igualmente, que os impactos dos conselhos são
difusos e que sua influência no processo decisório, muitas vezes, é indireta, havendo
consequentemente, pouca evidência que demonstre sistematicamente e de forma
clara de que maneira os conselhos afetam os resultados das políticas públicas.
Acrescentam ainda que, apesar de existirem dados empíricos de estudos de casos
de conselhos, os pesquisadores têm falhado no que concerne a mostrar a relação
entre a atuação destas arenas e os impactos nas políticas.
Há ainda outra reflexão que emerge, a reboque das indagações sobre a
efetividade destas instâncias, a saber: se as instituições participativas não alcançam
ser percebidas como propiciadoras de processos de mudança, ou seja, se elas
estiverem realmente produzindo impactos limitados, então, em que medida isso pode
tornar a participação dos atores menos atrativa, incentivando-os a desistir de investir
nestas arenas? (WAMPLER, 2011)
Apesar dos entraves acima mencionados e das escassas metodologias
existentes para pensar os efeitos democratizantes das várias formas de participação,
Avritzer (2010) acena com algumas alternativas, como a opção de analisar e comparar
as legislações, os decretos, os regimentos, etc, dos conselhos, identificar/qualificar a
presença dos atores participantes, examinar as atas das reuniões e sua periodicidade,
etc., buscando averiguar, ao final, quais os temas que ingressam nas agendas, se há
pluralidade de atores representando a diversidade dos interesses da sociedade, se
existe realmente debate no processo de deliberação, quais são atores mais ativos,
dentre outras opções, valendo mencionar que algumas das alternativas propostas
serão contempladas nesse estudo.
1117
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METODOLOGIA
olhar dos atores privados também têm evoluído na direção de se pensar a atividade
turística local de forma mais estratégica, visando prover serviços de melhor qualidade,
disponibilizados por recursos humanos melhor qualificados, sem contar a necessidade
de dispor de suportes legais mais sofisticados e de fornecer um apoio maior na
seara da segurança, em especial, no que concerne à prática de algumas atividades
(i.e.,esportes de aventura).
Convém mencionar ainda que, apenas a partir da promulgação da última lei que
dispõe sobre esse organismo (que data de 17 de setembro de 2012), observouse que
o total de conselheiros oriundos da sociedade civil passou a superar o total de agentes
públicos, no contexto do “Conselho Turístico de Brotas”. Entretanto, em contrapartida,
a liderança da sociedade civil, nesse organismo, é perceptível e notória, desde a
sua criação. De fato, esse traço peculiar de proatividade associado aos atores da
sociedade civil inseridos nessa arena é reflexo de uma peculiar combinação, a saber:
um conjunto de atores da sociedade civil, ativos e engajados, além da existência de
dois prefeitos com perfil visionário. Nesse particular, vale registrar que tais prefeitos
alcançaram vislumbrar, no início da década de 1990, o potencial do Turismo de Brotas,
reiterando ainda que essa atividade poderia alavancar sobremaneira a economia da
cidade - suscitando interesse de empreendedores em investir na área do turismo,
criando novos negócios e, portanto, novos empregos, os quais poderiam concorrer
para atrair e reter recursos humanos mais qualificados, dentre outros -, sendo provável
que essa nova configuração da economia local tivesse impacto inclusive e também,
em outros setores da economia local.
Consequentemente, os dois mencionados prefeitos investiram e criaram um
ambiente propício para a atividade turística, patrocinando uma série de seminários e
cursos direcionados para o Turismo, os quais tinham a intenção de promover debates
e reflexões sobre a atividade turística (i.e., destacar seus benefícios e seu potencial
para incrementar a economia das localidades). Assim, por meio dessas atividades,
almejava-se disseminar informações e conhecimentos sobre o setor turístico, criando-
se um contexto favorável à troca de idéias entre atores com mais experiência em
assuntos/negócios turísticos e aqueles interessados em conhecer melhor o universo
de oportunidades, nessa área.
Os referidos prefeitos também se empenharam em atrair fundos e apoios de
autoridades governamentais e de uma série de atores do legislativo estadual, tendo
sido bem sucedidos em conseguir suporte para alguns projetos. Como dito, por
intermédio de uma série de atividades, esses prefeitos buscavam ampliar a consciência
da sociedade local e de vários agentes públicos, com relação às vantagens que a
atividade turística poderia trazer para Brotas.
Ademais, além das considerações acima, é relevante chamar atenção, ainda
nesse tópico, para a importância crescente do turismo, no Estado de São Paulo,
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valendo salientar que, segundo dados recentes divulgados pelo Ministério do Turismo,
São Paulo é, dentre os estados-membros brasileiros, aquele que mais recebe turistas
(nacionais e internacionais).
Para finalizar essa parte de nossa pesquisa, não se pode deixar de apontar
certa negligência por parte da administração pública de Brotas, principalmente em
razão do desaparecimento da algumas atas, resoluções etc, referentes “Conselho de
Turismo da cidade de Brotas”, no decorrer do período de 1994-2007. Por conta
disso, como mencionado, nossas análises tomaram como base apenas os conteúdos
das atas relativas aos anos de 2008, 2010, 2011, 2012 e 2013, as quais estavam
disponíveis. Todavia, buscamos compensar essa limitação, através da realização de
entrevistas, com a finalidade de resgatar fatos e ações empreendidas antes desse
periodo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERS, R et al. Representando a diversidade: Estado, sociedade e “relações
fecundas” nos conselhos gestores. Caderno CRH, Salvador, v.21, n.52, p.99-112,
2008.
LAVALLE, A. Após a participação: nota introdutória. Lua Nova, São Paulo, v.84, p.13-
23, 2011.
PIRES, C.; VAZ, N. Participação faz diferença? uma avaliação das características e
efeitos da institucionalização da participação nos municípios brasileiros. In: AVRITZER,
L. Experiências de participação local no Brasil. São Paulo: Cortez, 2010. p.253-
304.
i
Estância Turística é um título concedido a municípios que preenchem determinados requisitos,
considerando-se algumas dimensões, tais como: recursos naturais, lazer, recreação, recursos
culturais específicos, dentre outros. Ademais, os municípios com esse status devem dispor de
infra-estrutura e serviços dimensionados à atividade turística e podem vir a receber aportes
financeiros voltados para o estímulo ao turismo.
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1.INTRODUÇÃO
estado emissores e novos voos diários para a capital do estado, Maceió. A maior parte
dos turistas que visitam o estado é formada por brasileiros, já que não existem voos
internacionais regulares para o aeroporto local (Zumbi dos Palmares). No mesmo
período também houve um incremento da ocupação hoteleira e o aumento do fluxo de
passageiros aéreos e marítimos.
O turismo no estado de Alagoas é caracterizado pelo foco no segmento de
lazer, praticado principalmente em ambientes litorâneos. Apesar de não haver estudos
representativos de demanda turística em Alagoas, as publicações especializadas em
turismo confirmam que as praias são os atrativos mais comercializados do estado
(EDITORA ABRIL, 2009; EDITORA ABRIL 2013A; EDITORA ABRIL, 2013B).
Para estimular a geração de ocupação e renda em Alagoas, o Governo do Estado
e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas [SEBRAE/
AL] (como também outros parceiros) organizaram as estratégias de atuação em arranjos
produtivos locais (APL’s), “tendo como base a atuação prioritária em ações coletivas
e integradoras direcionadas ao desenvolvimento dos micro e pequenos negócios”
(SEPLANDE, 2013b). O programa contempla 60% dos municípios alagoanos e três
APL’sque consideram o turismo uma atividade prioritária: APL Turismo Caminhos do
São Francisco, APL Turismo Costa dos Corais e APL Turismo Lagoas e Mares do Sul.
Atualmente é possível realizar o curso técnico em guia de turismo em duas
instituições de ensino alagoanas: a primeira e mais conhecida opção é o curso
promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial [SENAC] em Alagoas,
sediado em Maceió. Porém a oferta atual é restrita a turmas na modalidade a distância/
semipresencial, ofertado em diversos municípios e estimulado pelas demandas locais.
A segunda opção é o curso promovido pelo Instituto Federal de Alagoas
(IFAL) no campus de Marechal Deodoro, distante cerca de 30 quilômetros da capital.
Nessa última instituição, o curso une o Ensino Médio à formação técnica (classificado
como curso médio integrado), é ofertado anualmente e tem duração de quatro anos.
O público que frequenta o curso é formado, principalmente, por jovens entre 15 e
20 anos que moram em municípios do Litoral Sul do estado. Com a união dos dois
currículos – regular e técnico – é possível se trabalhar conjuntamente os conteúdos
das disciplinas de ambas as formações, fazendo com que o turismo na região seja
assunto comum nos trabalhos de Economia, Geografia, Filosofia, Sociologia, Prática
Profissional, Elaboração de Roteiros, Língua Estrangeira, etc. A atuação coordenada
dos docentes também é praticada durante as visitas técnicas, eventos e projetos de
pesquisa e extensão. Nesse sentido, o curso médio integrado permite uma formação
mais crítica do guia de turismo, por conta da abordagem multidisciplinar e do maior
tempo disponível para aprofundamento dos conteúdos trabalhados, entre outros
fatores.
Alagoas também conta com um sindicato da categoria – o Sindicato dos
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Guias de Turismo do Estado de Alagoas [SINGTUR Alagoas], que atua desde 1995
e tem como missão “defender os interesses profissionais dos Guias de Turismo de
Alagoas, a fim de assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com
vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho” (SINGTUR ALAGOAS, 2013).
O sindicato atua em parceria com o trade turístico, e sua participação em eventos
turísticos e ações de fiscalização é veiculada regularmente na mídia local.
O cadastro dos guias de turismo de Alagoas é realizado pela Secretaria de
Turismo do Estado através da coordenação estadual do CADASTUR, sistema de
cadastro federal de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo.
Com base nas discussões aqui apresentadas e na análise preliminar do
mercado turístico alagoano, percebe-se que o guia de turismo é um profissional muito
importante para o mercado produtivo regional, pois é ele quem estabelece o primeiro
contato com boa parte dos turistas que visitam o estado, e é o profissional habilitado
por conduzir os visitantes durante sua estada. Apesar de sua importância e do IFAL
possuir um curso técnico que qualifica para essa profissão, pouco se conhece sobre
os guias de turismo que atuam em Alagoas.
Atenta às necessidades de mais informações sobre esse segmento profissional,
a pesquisa aqui descrita foi proposta com o objetivo geral de traçar o perfil dos guias de
turismo atuantes em Alagoas. Como objetivos específicos estão: levantar informações
sobre a atuação e qualificação profissional dos guias de turismo em Alagoas; levantar
informações sobre as necessidades e expectativas profissionais dos guias de turismo
em Alagoas; identificar principais regiões de atuação dos guias de turismo de Alagoas;
fornecer subsídios para o planejamento de eventos e cursos voltados à qualificação e
ao aperfeiçoamento desses profissionais.
Conhecer a fundo o mercado turístico regional e a real atuação do guia de
turismo nesse contexto (incluindo suas principais carências e expectativas) é essencial
para que o IFAL possa continuar adequando sua proposta curricular às características
do mercado produtivo e os anseios de atualização dessa categoria. Por isso, os dados
levantados por essa pesquisa serão essenciais para o planejamento de novas ações
voltadas à formação e atualização profissional do segmento em questão.
2. METODOLOGIA
A) PRINCIPAIS RESULTADOS
Após a análise dos dados obtidos, as informações que seguem traçam o perfil
dos guias de turismo atuantes no estado de Alagoas.
Mais da metade dos guias de turismo entrevistados (63%) é do sexo masculino,
enquanto a minoria (37%) é composta por mulheres. Em relação à faixa etária, parte
expressiva dos entrevistados está incluída no segmento “de 26 a 35 anos” (35%), ou
seja, são considerados economicamente ativos. Outra parte expressiva possui entre
36 a 45 anos (28%). Apenas 23% dos entrevistados possuem mais de 46 anos.
Quanto à nacionalidade, 98% dos entrevistados informaram ser brasileiros.
Quanto à naturalidade, 46% informaram ser naturais de Maceió, enquanto que 54%
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A grande maioria dos entrevistados (95%) atua como guia regional. Apenas
4% dos guias atuantes em Alagoas trabalham com turismo emissivo (guia nacional),
nenhum guia atua viajando para o exterior, e apenas 1% dos profissionais atua como
guia especializado em atrativos naturais ou culturais.
Segundo a pesquisa, a maior parte (94%) dos guias de turismo atuantes em
Alagoas concluiu o curso técnico no SENAC Alagoas. Apenas 3% dos entrevistados
obtiveram formação técnica no IFAL, seguidos de 3% que realizaram a formação em
outras escolas.
A pesquisa comprovou que a maior parte dos profissionais atua como guia de
turismo a dez anos ou menos: 48% exercem a profissão a menos de 5 anos, e 20%
atuam entre 6 e 10 anos. Os entrevistados que responderam atuar a mais de dez anos
como guia de turismo corresponderam a 32% da amostra.
Em relação ao tempo de cadastro profissional na EMBRATUR, os dados obtidos
foram bem diversos: 30% dos entrevistados afirmaram possuir o cadastro a cinco
anos ou menos. Uma parte expressiva (22%) informou estar cadastrada a menos de
um ano. Dezenove por cento dos entrevistados está cadastrada a entre 6 e 10 anos.
Aqueles que estão cadastrados a mais de 11 anos correspondem a 29% da amostra.
Mais da metade (62%) dos guias de turismo atuantes em Alagoas afirmam que
atuam como autônomos oufreelancers. Apenas 26% da amostra correspondem aos
guias de turismo efetivamente contratados pelas agências de turismo locais (trabalham
com carteira assinada). Os proprietários ou sócios de agências correspondem a 11%
dos entrevistados. Apenas 1% do grupo afirmou ser funcionário de uma agência ou
operadora nacional (Figura 3).
Pouco mais da metade (53%) dos guias de turismo alagoanos informaram não
possuir fluência em outros idiomas além do português. Os que informaram possuir
essa habilidade correspondem a 47% dos guias de turismo (Figura 5).
Aqueles guias de turismo que afirmaram possuir fluência em outros idiomas
indicaram ter domínio de Espanhol (80%), Inglês (12%), Francês (5%) e Italiano (3%).
Os guias de turismo foram perguntados sobre os parceiros que mais contribuem
para a realização de um bom trabalho pela categoria, e as respostas foram as seguintes:
O SINGTUR foi o parceiro mais citado, com 26% das respostas. Em seguida estão os
receptivos turísticos, com 25% das citações. Os restaurantes e bares foram a opção
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de 22% dos guias de turismo. Os meios de hospedagem foram lembrados por 14%
dos profissionais, seguidos das instituições de ensino (6% das respostas). O Maceió
ConventionandVisitors Bureau e “outros” empataram com 3% das respostas. O Poder
Público foi citado por apenas 1% dos guias de turismo.
Quando perguntados sobre os atores do turismo que menos contribuem para
a atuação do guia de turismo em Alagoas, 47% dos entrevistados citaram o Poder
Público. Os meios de hospedagem foram a opção de 12% dos entrevistados, seguidos
dos restaurantes e bares (opção de 10%). As instituições de ensino foram a opção
de 9% dos entrevistados, seguidos dos que não souberam ou quiseram responder.
Outras opções de respostas corresponderam a minoria das citações.
Os principais entraves ou empecilhos para o desenvolvimento do turismo em
Alagoas na opinião dos guias de turismo atuantes no estado são: as más condições
das estradas (19%) e a pouca vontade política (19%). A ausência de espaços para
estacionamentos foi citada por 13% dos entrevistados. A insegurança/violência e a falta
de sinalização turística empataram com 11% das respostas. O trânsito congestionado
foi a opção de 9%. A falta de acessibilidade e a falta de verbas empataram com 6%
das indicações. Outras opções corresponderam a 4% das respostas, enquanto que a
pouca oferta de voos foi a resposta de 2% dos entrevistados.
A maior parte dos guias de turismo (69%) respondeu que a atuação profissional
em questão é a sua principal fonte de renda. A profissão não é a principal fonte de renda
de 26% dos entrevistados. Não souberam ou não quiseram responder corresponderam
a 5% das respostas (Figura 8).
Quase a metade (45%) dos guias de turismo entrevistados tem rendimento
mensal de um a três salários mínimos. Os que recebem mensalmente entre quatro e sete
salários mínimos correspondem a 27% da amostra. Não sabe ou não quis responder
foi a opção de 19% dos guias, e apenas 9% informaram receber mensalmente mais
de sete salários mínimos.
B) DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, D.C. Discussão conceitual e tipologia das agências de turismo. In: D.C.
Braga (Org). Agências de viagens e turismo: práticas de mercado. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
EDITORA ABRIL. Guia Quatro Rodas Brasil 2013. São Paulo: Abril, 2013a.
Resumo
As regiões periféricas enfrentam grandes desafios no desenvolvimento do turismo,
que podem estar relacionados às questões infraestruturais, socioeconômicas,
ou inerentes à atividade turística. O presente estudo propõe caracterizar a cidade
de Urubici como destino periférico no estado de Santa Catarina, e identificar as
dificuldades associadas à perifericidade enfrentadas pelo setor de hospedagem na
localidade. Para atingir esse objetivo, discute-se o conceito de destino periférico no
turismo, referenciando os principais estudos sobre o tema. A partir da revisão de
literatura, define-se um conjunto de indicadores, que serviram de bases para a coleta
de dados secundários em fontes oficiais, que permitiram constatar que a cidade de
Urubici apresenta condições de região periférica. Para identificar as influencias de
perifericidade que afetam os empreendimentos e o destino, optou-se pela técnica de
entrevistas pessoais com pergunta aberta. Os resultados permitem compreender as
desigualdades regionais existentes na cidade de Urubici, destacando as principais
dificuldades existentes na cidade que impactam no desenvolvimento da localidade
como destino turístico competitivo.
Palavras-chave: turismo. destino periférico. meios de hospedagem. Urubici-SC.
Abstract
Peripheral regions face great challenges with tourism development, which can be
related to infrastructural, socioeconomically or tourism particularities issues. This
research aims to characterize the city of Urubici as peripheral destination in the state
of Santa Catarina, and identify the difficulties associated with peripherality faced by
accommodation sector in the region. To achieve this purpose, it discussed the concept
of peripheral tourism destination, referencing the major studies on the topic. From
the literature review, is defined a set of indicators, which served as the basis for the
collection of secondary data from official sources, which allowed to consider that
Urubici has peripheral conditions. To identify the peripherality influences that affect
the business and the destination, is selected the technique of personal interviews with
open-ended question. The results provide insights into the regional disparities in the
city of Urubici, and identified the main difficulties that impact the development of the
locality as a competitive tourist destination.
Keywords: tourism. peripheral destination. accommodation. Urubici-SC.
1 Mestre em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Bacharel em Turismo
pela Escolha de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Email: kleber.silva1@hotmail.com
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Introdução
Com base nesse contexto, esse trabalho que é parte de uma investigação
de mestrado, tem como objetivo a caracterização da cidade de Urubici como região
periférica no Estado de Santa Catarina, identificando as dificuldades associadas
à perifericidade enfrentadas por proprietários de micro e pequenos meios de
hospedagem na localidade. A cidade de Urubici se destaca como importante destino
de inverno no país, pois está localizada na região serrana de Santa Catarina,
conhecida nacionalmente por apresentar as temperaturas mais baixas do país, que
ocasionalmente provoca o fenômeno da neve. A escolha de Urubici deve-se por este
município concentrar o maior número de atrativos turísticos e estabelecimentos de
hospedagem na região.
Centro Periferia
Altos níveis de vitalidade econômica e Baixos níveis de vitalidade
diversidade de setores econômicos. econômica e dependência
de setores tradicionais.
Caráter metropolitano: aumento da Mais rural e remoto:
população através da migração, e uma geralmente com importantes
estrutura etária relativamente jovem. valores paisagísticos.
Decréscimo populacional
devido emigração, estrutura
etária em envelhecimento.
Inovador, pioneiro e desfruta de bom Dependente de tecnologias e
fluxo de informações. ideias importadas, e sofre de
fraco fluxo de informações.
Foco de grandes decisões políticas, Distante de locais de tomada
econômicas e sociais. de decisão, conduzindo a
uma sensação de alienação
e falta de poder.
Boa infraestrutura e facilidades. Infraestrutura deficiente e
poucas facilidades.
Fonte: (BOTTERILL et al., 2000, p. 17) [tradução do autor]
Alguns autores apontam que regiões periféricas possuem uma dificuldade maior
em atingir o desenvolvimento sustentável baseado unicamente em seus recursos e
entidades (ATELJEVIC, 2009; NASH; MARTIN, 2003)de predominante rural para novas
possibilidades com o Turismo. “, “page” : “282-308”, “title” : “Tourism entrepreneurship
and regional development: example from New Zealand”, “type” : “article-journal”,
“volume” : “15” }, “uris” : [ “http://www.mendeley.com/documents/?uuid=84e610e2-
fdbc-4e7b-ac63-c665009962a4” ] } ], “mendeley” : { “previouslyFormattedCitation” :
“(ATELJEVIC, 2009; NASH; MARTIN, 2003. Por conta disso é de vital importância
o suporte externo (financeiro, técnico e institucional) para superar essas fraquezas
(FONSECA; RAMOS, 2011).
Metodologia
regularizados na prefeitura. No entanto, foi ressaltado que além desse número, ainda
existem aproximadamente 95 estabelecimentos, que são chamados de “Pousadas
Alternativas”, que são casas de moradores locais, que não são regularizados na
prefeitura, mas que funcionam como meio de hospedagem “alternativo” para momentos
em que a cidade de Urubici está com grande quantidade de turistas, principalmente
nos períodos de alta temporada no inverno.
posto majoritariamente por recursos naturais. Além das belas paisagens e do estilo
interiorano e rural, também se destaca o turismo climático, visto que a cidade se loca-
liza na região mais fria do país. Assim, a estação de inverno é o período que Urubici
recebe o maior número de turistas. Muito disso é influenciado pela grande visibilidade
na mídia nacional com notícias sobre as baixas temperaturas na região, atraindo a
atenção de um maior número de pessoas, que visitam a cidade em busca da possibi-
lidade de ver neve.
Porte da empresa
Micro (até 9 funcionários) 16 84,2
Pequena (10 a 48 funcionários) 3 15,8
Nº de unidades habitacionais
menos de 5 4 21,1
5 a 10 5 26,3
11 a 15 5 26,3
16 a 20 3 15,8
acima de 20 2 10,5
Fonte: Elaboração do autor (2013).
A categorização das respostas qualitativas das entrevistas permitiu identificar
as principais dificuldades associadas à perifericidade enfrentadas pela amostra de 19
meios de hospedagem na cidade de Urubici, gráfico 1:
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Infraestrutura urbana
Infraestrutura dos pontos turísticos
Mão de obra
ainda não esta estabelecida uma cultura de atendimento do setor do turismo. O mes-
mo entrevistado aponta a falta de interesse da população em trabalhar nos meios de
hospedagem em relação com as expectativas pessoais dos profissionais e as oportu-
nidades de trabalho disponíveis.
Pousada Alternativa
Estabelecimentos de alimentação
Transporte público
A cidade não possui transporte público coletivo, com linha de ônibus diária que
possa trazer e levar as pessoas. Os funcionários precisam utilizar o ônibus regional da
empresa Reunidas, que faz a o trajeto São Joaquim/ Florianópolis, e faz parada em
Urubici, no entanto é ressaltado que os horários desses ônibus são pouco flexíveis.
Neste caso, os proprietários dos meios de hospedagem têm que se organizar parti-
cularmente para buscarem os funcionários, principalmente nos domingos e feriados,
quando não há operação do ônibus regional.
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Telecomunicações
Abastecimento
Marketing
Referências
BOTTERILL, D. et al. Perceptions from the periphery - the experience of Wales. In:
BROWN, F.; HALL, D. (Eds.). Tourism in peripheral areas: case studies. 1. ed.
Bornholm: Channel View Publications, 2000. p. 7–38.
BROWN, F.; HALL, D. Tourism in peripheral areas: case studies. 1. ed. [s.l.] Channel
View Publications, 2000. p. 152
IBGE. Pirâmide etária - Cidade de Urubici - Censo 2010. Disponível em: <http://
www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=421890&search=Santa
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LAWS, E.; SCOTT, N. Developing new tourism services: dinosaurs, a new drive tourism
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2003.
MORRISON, A.; CONWAY, F. The status of the small hotel firm. The Service Industries
Journal, v. 27, n. 1, p. 47–58, jan. 2007.
NASH, R.; MARTIN, A. Tourism in peripheral areas - the challenges for northeast
Scotland. International Journal of Tourism Research, v. 5, p. 161–181, 2003.
2013c.
RESUMO: Este estudo busca identificar como foi realizado o gerenciamento da crise
instalada em Nova Friburgo, município da região serrana do Estado do Rio de Janeiro,
após o desastre de janeiro de 2011, e compará-lo ao modelo de gestão de crises
proposto por Dwyer em seu artigo Tsunamis, hurricanes, terrorism, and ???: Lessons
for the global tourism industry. . O estudo foi feito através de uma pesquisa qualitativa,
com aplicação de entrevistas estruturadas com atores escolhidos estrategicamente,
além de uma análise documental das Atas das Assembleias da Câmara dos Vereadores
do município, relativas ao período de janeiro a dezembro de 2011. A partir desse
estudo conclui-se que houve ineficiência na adoção de medidas estratégicas para
gerir a crise instalada no município de Nova Friburgo. Nenhum dos pilares do modelo
foi completamente seguido, sendo apenas três deles contemplados com algumas
medidas emergenciais adotadas. Aqueles que estão diretamente ligados ao turismo
não foram priorizados na tomada de decisões para reestruturação e não foram objetos
de ação direta do governo municipal.
ABSTRACT:This study aims to identify how was performed the management of the
crisis installed in Nova Friburgo, county in the mountainous region of the estate of Rio
de Janeiro, after the January 2011 disaster, and compare it to the crisis management
model done by Dwyer in his article Tsunamis, hurricanes, terrorism, and ???: Lessons
for the global tourism industry. To conduct this study was made a qualitative research,
which is the application of structured interviews with actors strategically chosen ant
also a documentary analysis of the minutes of the meetings of the city council of Nova
Friburgo, related to the period from January 2011 to December 2011. It was possible
to conclude that, according to the Dwyer model, Nova Friburgo municipal government
showed inefficiency in the adoption of strategic measures to manage the crisis in the
county. None of the model pillars was completely followed, only three of them were
awarded with some emergency measures adopted. Those pillars that are directly linked
to tourism did not presented actions, showing that tourism was not a priority sector in
decision- making by the municipal government to restructuring Nova Friburgo.
INTRODUÇÃO
Desastres são, cada vez mais, uma constante realidade nos mais diversos
pontos do planeta, afetando de forma considerável vários aspectos da sociedade,
tanto o lado social quanto o econômico. Inserido nesse contexto, o turismo é afetado
diretamente com a ocorrência de desastres.
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Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar
a gestão da crise levada a termo pelo Governo Municipal de Nova Friburgo, para
gerenciamento do evento ocorrido em 2011, verificando se suas ações se encaixam
no modelo de gestão de crises proposto por Dwyer em sua obra Tsunamis, hurricanes,
terrorism, and ???: Lessons for the global tourism industry, já utilizado como modelo
por outros trabalhos acadêmicos e estruturado dentro do modelo de gestão reativa,
perfeitamente aplicável ao caso. Responder quais dos pilares do modelo de gestão
de crises proposto por Dwyer foram contemplados por essas ações tomadas pelo
governo municipal. A escolha do acontecido em Nova Friburgo se justifica não só
por representar um dos maiores desastres naturais da história brasileira, mas por ter
ocorrido na cidade natal da autora do presente estudo.
O Brasil, em 2008, foi o 13° país mais atingido por desastres naturais, com
2 milhões de pessoas afetadas principalmente pelas chuvas. Já em 2011, o Brasil
mudou de posição no ranking e ficou em 9º lugar. No mesmo ano, na classificação
dos dez piores desastres por número de mortes, o Brasil atingiu a 3ª posição, devido
ao desastre ocorrido em janeiro na região serrana do estado do Rio de Janeiro. A
catástrofe contabilizou 900 óbitos, ficando atrás apenas da tempestade tropical
Sendong nas Filipinas e da Tsunami no Japão. (EM-DAT, 2012).
O turismo é um dos setores da economia que sofre com os efeitos dos desastres.
Mesmo com a maturidade do mercado turístico é inevitável que o crescimento do setor
1165
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Portanto, para que a oferta turística dos destinos afetados pelos desastres
naturais seja reconstruída e a confiança dos turistas restabelecida, é necessária a
elaboração de estratégias para uma gestão da crise por parte do governo local.
tradução nossa) que profere que gerenciamento de crise pode ser definido como um
esforço contínuo e integrado que os governos implantam numa tentativa de entender
e evitar crises e, efetivamente, gerenciar aquelas que ocorrem.
Foi quando no dia 10 de janeiro uma frente fria vinda do Sul passou por
São Paulo, que ficou debaixo d’água, e chegou ao Rio e à Região Serrana,
em forma de chuva forte que pegou toda a serra fluminense. A essa chuva
juntaram-se chuvas típicas de verão, que normalmente são como pancadas,
fortes mas de curta duração. Essas chuvas verticais, que chamamos de
chuvas de verão, têm curta duração porque se alimentam de umidade
lateral. Quando a umidade é baixa, elas morrem de inanição. Mas, naquele
dia, na Região Serrana, um evento aconteceu: uma ligação atmosférica
entre a Região Amazônica e o Centro do Brasil levou umidade de Manaus
até a Região Serrana, alimentando as chuvas que lá caíam. Isso foi um fato
singular: chuva de frente fria conjugada com chuvas de verão[...] A chuva
forte em vez de demorar 15 minutos, demorou 4 horas e meia. (CANEDO,
2012 apud QUAINO, 2012, [s.p.]).
CRISE NO TURISMO
Apesar dos muitos trabalhos não terminados e falta de projetos de obras para
a recuperação total da infraestrutura de Nova Friburgo, pode-se considerar que esse
primeiro pilar do modelo de Dwyer foi contemplado com algumas medidas tomadas
pelo governo municipal, sobretudo no que diz respeito à limpeza.
Diferentemente dos dois primeiros pilares, esse terceiro não pode ser
considerado como contemplado pelo governo do município. A anistia de impostos
e oferecimento de empréstimos a juros menores apenas postergaram o problema.
Além disso, não houve uma proximidade do governo com o trade turístico, medida
estratégica presente nesse terceiro pilar de Dwyer.
Para José Leonardo, dessa imagem negativa poderia surgir outra oportunidade
para o turismo. Segundo ele “tínhamos nosso nome na mídia, podíamos ter feito desse
limão uma limonada”. A recuperação e superação do município poderia ter sido toda
noticiada, mostrando às pessoas de fora o que estava sendo feito no local ao invés
de não deixar sair da memória dos turistas em potencial a imagem de destruição e
insegurança.
O Vereador Professor Pierre acrescenta ainda que a tragédia poderia ter sido
um impulso para a criação de uma identidade para Nova Friburgo. Segundo ele as
cidades que passam por situações de crises criam identidades:
Friburgo não tem rosto! Ninguém define o rosto de Friburgo! [...] As cidades que
saíram de situações difíceis criaram identidades para elas. Nós perdemos a
identidade e até hoje procuramos. Hoje a identidade de Friburgo é o desastre.
Esse quarto pilar pode ser considerado um dos mais importantes, por apresentar
as medidas estratégicas para a volta do crescimento turístico, porém, igualmente ao
terceiro pilar, esse também não pode ser considerado contemplado por ações tomadas
pela Prefeitura de Nova Friburgo.
Além de não ter havido intensiva campanha de marketing para que os números
do turismo voltassem a crescer, não houve nenhuma iniciativa para apagar a imagem
1175
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negativa que passou a fazer parte de Nova Friburgo após o desastre de janeiro de
2011. Portanto, o quinto pilar do modelo de Dwyer foi mais um entre os seis que não
pode ser considerado contemplado pelo governo de Nova Friburgo, já que nenhuma
ação voltada para o marketing do município foi tomada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior frequência e intensidade dos desastres, está fazendo com que a gestão
de crises se modifique, passando, aos poucos, de uma política de reação para uma
política de prevenção. Contudo, ainda há muito a ser discutido e desenvolvido nessa
área para que as consequências dos eventos adversos deixem de ser tão danosas
para a sociedade.
ações pontuais para a recuperação do município. Ações essas que não abrangeram
estratégias diretas para a recuperação e desenvolvimento do turismo local.
Pode-se concluir, através da análise das entrevistas e das atas das assembleias
da câmara dos vereadores, que o governo municipal de Nova Friburgo apresentou
ineficiência na adoção de medidas estratégicas para gerir a crise instalada no município
de acordo com o modelo de gestão proposto por Dwyer. As ações foram emergenciais
e insuficientes, deixando todos os pilares do modelo em questão incompletos. Sendo
assim, aqueles que contaram com alguma medida tomada pelo governo municipal
foram considerados contemplados.
Portanto, foi possível observar que não houve uma preocupação, por parte
do governo, com a recuperação do turismo. A atratividade de um destino turístico
depende muito do que é oferecido por ele e pela imagem que se tem do mesmo. Nova
Friburgo não considerou esse fato e não adotou uma política de reestruturação de
sua oferta e imagem, deixando a imagem de local perigoso e destruído presente na
memória de todos. Pode-se concluir através dessa observação que o setor de turismo
não é uma prioridade do governo municipal de Nova Friburgo.
Com base neste trabalho foi possível diagnosticar a emergencial necessidade
de estudos de gestão reativa de crises por parte do poder público do município que
permitam uma eficiente recuperação do município frente a situações de desastres.
Além disso, é justificável sugerir que seja realizada a mudança de política a ser
adotada nessas situações, de gestão reativa de crise para a gestão proativa.
REFERÊNCIAS
ALCÁNTARA- AYALA, I. Geomorfologia, riscos naturais, vulnerabilidade e
prevenção de desastres naturais nos países em desenvolvimento. Instituto de
Tecnologia de Massachusetts. Massachusetts, Elsevier, 2002.
noticia/2011/01/g1-chega-ao-topo-do-morro-do-teleferico-destruido-em-friburgo.html>
Acesso em: 05 Abr 2013.
CBMERJ. 2013. Painel sobre chuvas de janeiro de 2011 na região serrana enviado
via e-mail à autora pelo 6º Grupamento de Bombeiros Militar – Nova Friburgo, em 13
Mar 2013.
DWYER, L. Tsunamis, hurricanes, terrorism, and ???: Lessons for the global
tourism industry. International Institute For Peace Through Tourism: 3rd Global
Summit On Peace Through Tourism.Pattaya, Tailândia, 2005. Disponível em: <http://
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2013.
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novafriburgocvb.com.br/noticia.php?id=151> Acesso em: 28 Maio 2013.
QUAINO, L. Tragédia na Região Serrana do RJ faz uma ano ainda com cicatrizes.
Jornal G1 RJ, 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/
noticia/2012/01/tragedia-na-regiao-serrana-do-rj-faz-um-ano-ainda-com-cicatrizes.
html> Acesso em: 10 Fev. 2013.
ABSTRACT: The tourism industry is made up of a production chain of varied elements that interact
continuously. The large number of elements makes the planning and management of tourism, however,
to view the chain as a network and the elements as actors, identifying their respective roles, control
the activity tends to be better made. This study presents an analysis of the tourism sector of the
municipality of Juiz de Fora- MG, understanding the role of each actor in the network and their
relationships. To this end, interviews with tourists, residents, local cooperative, public and private
initiative were performed, calculating the multiple views. The main noise identified in the tourism
network juiz-forana is the lack of dissemination activities by the Department for Encouragement of
Tourism and the lack of recognition of the city as a tourist hub of tourists and residents.
INTRODUÇÃO
identidade da rede.
CASTELLS (2000, p.498) as define como “estruturas abertas capazes de
expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-
se dentro da rede”. Observa-se, portanto, o dinamismo das relações recorrentes nas
redes. Constantemente, novas conexões são desenvolvidas e transformadas. CAPRA
(2001) salienta ainda que o sistema aberto das redes faz com que elas realizem
interações contínuas com o ambiente.
Uma importante característica apontada por MARTINHO (2003) é que, pelo
fato de possuir uma estrutura semelhante a uma teia, não há hierarquia entre os
componentes da rede, ou seja, os papéis desempenhados por todos os membros
possuem a mesma relevância.
A estratégia de construção de alianças entre instituições que pertençam a uma
mesma rede é vista de modo benéfico por diversos autores como GUERRINI (2005)
e ZAGO (et al., 2007). Desenvolvendo parcerias, os membros complementam-se uns
aos outros, agregam valor à atividade, reduzem custos e tornam-se mais eficientes
e competitivos, o que resulta na melhor qualidade do serviço prestado. A troca de
informações entre indivíduos e organizações de uma mesma rede possibilita ainda
compreender melhor quais são as necessidades de cada me membro. É um processo
de ajuda mútua.
Neste momento, compreende-se porque as redes são adequadas ferramentas
para a análise do estudo do turismo: um sistema aberto, dinâmico e que deve manter
seus elementos em posições semelhantes. O assunto será aprofundado no capítulo
a seguir.
O turismo é considerado uma indústria por muitos teóricos, como BENI (1997).
A indústria faz parte do setor econômico e como todo elemento ligado à economia é
composto de oferta, demanda e produto. A oferta turística, de acordo com a Organização
Mundial de Turismo (OMT, 2001, p.43) pode ser denominada como “produtos turísticos
e serviços postos à disposição do usuário turístico num determinado destino, para seu
desfrute e consumo”. A demanda é composta pelos os indivíduos que consomem a
oferta turística, ou seja, os visitantes de um destino. O destino faz parte do produto
turístico. De acordo com BATISTA (1990 apud LIVRAMENTO, 2012, p.17):
O produto turístico é uma mistura de tudo quanto uma pessoa pode consumir,
utilizar, experimentar, observar e apreciar durante uma viagem ou uma estada,
o que inclui […] serviços de agência de viagem, alojamento, restaurantes,
transporte, diversões, aquisições de produtos de recordação, contatos
sociais com outros turistas e com população locais […].
1184
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
IGNARRA (2003 p. 186) “não é possível se produzir turismo sem que haja, direta ou
indiretamente, uma participação do Poder Público”. Como entes participantes deste
grupo, é possível mencionar o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro de Turismo
(Embratur) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Turismo. Estas instituições
utilizam a atividade turística como ferramenta de desenvolvimento local, regional e
nacional. É de responsabilidade do Poder Público atentar-se à segurança, limpeza,
transporte; planejar o território; arrecadar impostos e fornecer informações turísticas.
O Brasil, ao contrário da maior parte dos países que desenvolvem a
atividade turística conjuntamente entre os setores público e privado, passou décadas
desenvolvendo uma política de turismo fechada, segmentada e pouco participativa
(IGNARRA, 2003). Com a criação do Ministério do Turismo, em 2003, esta realidade
entrou em transformação e a gestão turística tornou-se descentralizada, isto é,
os municípios tem autonomia para desenvolver as atividades que considerarem
pertinentes ao local, de modo sustentável e participativo.
A descentralização permitiu ainda a criação da política de Regionalização do
Turismo. O programa propõe que cidades pertencentes a uma mesma região trabalhem
de forma conjunta, de acordo com suas características, potencializando e propiciando
a consolidação de produtos turísticos de relevância.
A iniciativa privada, por sua vez, refere-se às empresas como agências
de viagens, viações, meios de hospedagens, restaurantes e todos os outros setores
que estão diretamente envolvidos com o turismo. Estes atores são responsáveis
por organizar as viagens; abrigar e alimentar turistas; permitir seus deslocamentos;
fornecer e distribuir bens atrelados aos produtos turísticos. A importância desses
agentes encontra-se no fato de que são estes que estabelecem o contato direto com
o turista.
No mês de junho de 2014 foram realizadas entrevistas com cinco atores que
compõe a rede turística de Juiz de Fora. Representantes do setor público, privado,
cooperativa local, residentes e turistas relataram seus diferentes olhares em torno da
atividade turística municipal. Foram abordadas questões referentes à responsabilidade
dos órgãos públicos; ao relacionamento entre os atores, às impressões dos produtos
turísticos locais e a divulgação dos mesmos. Os resultados serão apresentados a
seguir.
4.4 O OLHAR DOS TURISTAS QUE VISITAM JUIZ DE FORA- MG: POUCA
INFORMAÇÃO
Acho que faltam espaços públicos de lazer na cidade. Não conheço também
nenhum evento, a não ser a parada gay (que tem público muito específico),
que aconteça na cidade e que seja componente da identidade de Juiz de
Fora. Acho que faltam atrativos culturais. Em relação às outras modalidades
de turismo, sei que é possível encontrar produtos de turismo de aventura e
ecoturismo, mas não conheço.
O que mais se via, na tv e jornais era o Museu Mariano Procópio fechado por
muito tempo por causa de uma obra que não se concluía durante os anos. O
Parque da Lajinha também ficou fechado por muito tempo e não tem qualquer
atração para visitação, o espaço parece inacabado da reforma.
A educadora física Ingrid Mello aponta que faltam meios de transporte para
levar os turistas e moradores aos atrativos: “só é possível o acesso ao Morro do Cristo
por automóvel”. A dentista Aline Maria Couto complementa: “o Morro do Cristo foi
revitalizado, mas o acesso ao local é bastante perigoso”.
Bem como os turistas, os residentes também questionam a deficiência de
atrativos culturais. O empresário Daniel Defilippo afirma que o Centro Cultural Bernardo
Mascarenhas está abandonado. Para a desig Iara Lage, “são pouco reconhecidos e
patrocinados eventos como o Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga,
apesar de recebermos turistas de vários lugares, até mesmo internacionais”.
Houve um aspecto negativo referente à atividade turística juiz-forana que todos
os residentes concordaram: a falta de divulgação dos eventos e atrativos por parte
dos órgãos públicos. Ingrid afirma que as Juiz de Fora, bem como cidades adjacentes
percebem a promoção de eventos somente por parte da esfera privada, como shows
e festas em boates. De acordo com o corretor de imóveis Massai Valle Primeiro:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
eventos e veículos deveriam ser cedidos para facilitar o transporte realizado pelos
produtores. A iniciativa privada também deveria aumentar sua rede de alianças e
firmar parcerias com cooperativas.
Todas as ações sugeridas são simples e executáveis, no entanto, considera-
se importante a população local compreender que Juiz de Fora possui, de fato, uma
identidade e contribuir para que esta seja também divulgada. A promoção de um destino
é realizada por todos os atores e para que a atividade turística do município evolua,
todos, sem exceção, devem estar dispostos a contribuir e manter-se em constante
interação.
REFERÊNCIAS
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São
Paulo: Cultrix /Amana-Key, 2001.
RUIZ, L. B.; BRAGA, T. R. M.; SILVA, F. A.; ASSUNÇÃO, H. P.; NOGUEIRA, J. M. S.;
LOUREIRO, A. A. Uma abordagem de auto-gerenciamento para redes de sensores
sem fio. In: XXIII Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores, 2005. Fortaleza,
2005. Disponível em: www.sbrc2007.ufpa.br/anais/2005/SP%2002-04%207227.pdf.
ANEXO I
QUESTIONÁRIOS UTILIZADOS NAS ENTREVISTAS COM OS ATORES
Órgão Público
1- Como foi a transformação do Núcleo de Turismo para Departamento de
Incentivo ao Turismo? O que isso significou para vocês?
2- Como você percebe o desenvolvimento do turismo em Juiz de Fora
atualmente?
3- Com a criação do Ministério do Turismo, os municípios passaram a ter mais
autonomia por conta da descentralização. Como funciona a descentralização
aqui em Juiz de Fora, que autonomia vocês possuem?
4- Você acha que Juiz de Fora tem um turismo participativo? Qual o papel da
população local no turismo da cidade?
5- Vocês desenvolvem ações em parceria com cooperativas como a Agrojuf?
Como é a relação da prefeitura com essas cooperativas?
6- Como é a relação da prefeitura com as empresas privadas (hotéis,
restaurantes, empresas de transportes, terminais, etc)?
7- Que contribuição do Ministério do Turismo seria útil para Juiz de Fora?
8- Qual a importância da Estrada Real, que veio com o programa de
Regionalização do Turismo pra vocês? Como está o circuito do caminho novo
neste momento?
Iniciativa Privada
1. O hotel existe há quantos anos?
2. Qual o perfil dos clientes do hotel?
3. Você consideraria aquecido ou fraco mercado turístico juiz-forano no
momento e por que?
4. Quais os períodos de maior movimento?
5. Vocês realizam alguma parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora?
6. E com outras empresas da iniciativa privada?
7. Conhecem a Agrojuf (Associação de Produtores Rurais da Agroindústria
Familiar de Juiz de Fora)?
8. Vocês costumam divulgar o hotel? De que forma?
1198
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Cooperativa Local
1. Quem pode se associar a Agrojuf?
2. Quais atividades e produtos estão associados a Agrojuf?
3. Quais são os pontos de venda? Os espaços são pagos ou gratuitos?
4. Quem consome mais os produtos? A população local ou os visitantes?
5. Vocês tem algum tipo de parcerias com empresas privadas (ex: restaurantes)?
6. Como funciona a parceria de vocês com a prefeitura? De que maneira eles contribuem para a
economia solidária em Juiz de Fora?
7. Como vocês divulgam os produtos de vocês?
8. Vocês acham que faltam incentivos? O que falta pra vocês crescerem ainda mais?
Turistas
Residentes
1. Você considera Juiz de Fora uma cidade turística?
2. Você vê como benéfica a presença de turistas em Juiz de Fora?
3. Considera-se um cidadão hospitaleiro?
4. Qual segmento você considera mais praticado pelos turistas em Juiz de
Fora?
4. Você percebe a divulgação de atividades turísticas desenvolvidas pela
Prefeitura de Juiz de Fora?
5. Você ouviu falar da Agrojuf (Associação de Produtores Rurais da
Agroindústria Familiar de Juiz de Fora)?
6. Você conhece o Circuito Turístico Caminho Novo?
7. O que você acha que o turismo de Juiz de Fora carece?
8. Qual a sugestão para transformar esse cenário?
1199
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Departamento de Turismo
tourism in the village of Barra do Una, in view of the cooperatives, and marketing
concepts and administration.
KEYWORDS: Cooperatives, protected areas, community-based tourism.
INTRODUÇÃO
intermediários reduzindo, assim, custos. No que tange aos segmentos, podem ser
cooperativas de trabalho, de consumo, de crédito ou mistas. (POLONIO, 2001, pág.
34-67). Desta forma a cooperativa se apresenta como uma alternativa de rendimentos
para grupos que se encontram em fragilidade socioeconômica e também estimulo ao
empreendedorismo, à cidadania, e à democracia.
Apesar de serem isentas de imposto de renda, as cooperativas não são
isentas de outros impostos (federais, estaduais e municipais). São regulamentadas
pela Lei nº 5.764/71, e segundo este dispositivo legal, podem ser constituídas por
um número mínimo de 20 pessoas físicas, sendo admitida em casos excepcionais
pessoas jurídicas que tenham o mesmo objetivo e atividades das pessoas físicas.
As cooperativas de trabalho (excluindo-se as áreas de assistência à saúde, setor de
transporte, profissionais liberais e médicos) possuem legislação específica recente:
A Lei 12.690 de 2012. Esta lei regulamenta sobre as condições de trabalho dos
cooperados, como horário máximo de trabalho diário, folgas remuneradas, institui o
Programa Nacional de Fomento à Cooperativa de Trabalho - PRONACOOP e diminui
o número mínimo de cooperados para formação de cooperativas de trabalho: de vinte
para sete cooperados.
Mesmo com estes estímulos, as cooperativas enfrentam na prática dificuldades
de administração e sustentação. Pesquisas realizadas e organizadas por ZART
(2009) mostram que muitas cooperativas se encerram ou se tornam inativas devido a
dificuldades, como falta de conhecimento do funcionamento da cooperativa, falta de
participação, dificuldade nas vendas, etc. Uma Associação Feminina que ministrava
cursos de artesanato para as mulheres da comunidade de Tangará da Serra – MT,
pesquisada por ZART, se encerrou devido à dificuldade de vendas, nas palavras da
ex-presidente da associação: “a gente produzia doce, guardanapo, tudo, mas não
tinha como vender...isso desestimula a gente” (ZART, 2009, pág. 76).
A queda nas vendas é um problema que pode ocorrer em qualquer empresa.
Em geral, as empresas reagem às dificuldades com técnica e planejamento,
mudando estratégias, investindo em marketing, se aliando a outras empresas, etc.
As associações e cooperativas precisam também de orientações técnicas sobre
administração, empreendedorismo e competitividade, de forma a superar problemas
e desafios comuns a qualquer empresa com técnica e conhecimento.
Umas das iniciativas interessantes para o desenvolvimento local das
comunidades que vivem, por exemplo, em áreas naturais protegidas é a adoção de
práticas sustentáveis como a economia solidária ou um turismo de base comunitária.
Nestas formas de turismo estão presente traços de organizações associativas ou
cooperativas, ainda que não formalmente (SANSOLO, 2009, pág. 122-141). Como
exemplos de comunidades que se utilizam de tais mecanismos a fim de promover seus
sustentos, podemos citar os casos da comunidade do Marujá, na Ilha do Cardoso,
1202
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
METODOLOGIA
Também como proposta para este estudo foi utilizada a observação participante
que segundo Minayo (2007) diz respeito à:
A autora ainda segue dizendo que esta parceria pode ser interessante para o
ingressante na comunidade, caso se comprometa realmente. Torna-se interessante
utilizar, por exemplo, seus conhecimentos em prol do desenvolvimento da comunidade
(CORIOLANO 2009).
O Associativismo e o turismo de base comunitária estão presentes nos dois
casos estudados neste artigo, a saber, Ilha do Cardoso e Praia do Aventureiro, que
estão sendo utilizados em comparação com o turismo na Barra do Una. Além do
turismo de base comunitária, o que estes lugares possuem em comum são as leis
1205
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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e até hoje vivem neste local. Muitas lutas foram travadas entre comunidade e Estado,
por conta de desalojamentos ou mesmo limitações de atividades sociais, culturais e
econômicas. Importante mencionar que a comunidade é composta por um grupo social
heterogêneo, incluindo moradores que detêm estatuto de comunidades tradicionais,
entre outros tipos de ocupantes.
Diante destes embates, as comunidades incluídas na EEJI, em algumas
circunstâncias, obtiveram algumas vitórias. Em 2006 a EEJI foi transformada no
Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins contendo seis categorias:
Estação Ecológica de Juréia-Itatins (EEJI), Parque Estadual do Itinguçu (PEIT),
Parque Estadual do Prelado (PEP), Refúgio de Vida Silvestre (RVS) nas ilhas do
Abrigo e Guararitama, Reservas de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una
(RDSBU) e do Despraiado (RDSD), que abrangiam cerca de 110 mil ha. Um dos
principais motivos da criação deste mosaico era para atender as reivindicações
das comunidades locais, resolvendo, assim, problemas fundiários. Em 2009 uma
ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) suspendeu as atividades do mosaico
e retornou a condição desta Unidade de Conservação à Estação Ecológica com a
mesma extensão de área anterior. (FUNDAÇAO FLORESTAL, 2010)
Recentemente, precisamente no dia 06/03/2013, após várias discussões, a
Assembléia Legislativa aprovou novamente alterações nos limites da EEJI tornandoa
novamente como Mosaico de Unidades de Conservação. Esta lei foi sancionada pelo
governador de São Paulo no dia 08/04/2013. A vila de Barra de Una e parte de sua
região, como o rio Una, irá compor mais uma vez a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável da Barra do Una.
Em desacordo com a constituição do Mosaico, o Procurador Geral da Justiça
do Estado de São Paulo, Cauduro Padin, expediu no dia 05 de dezembro de 2013 uma
“liminar para suspender a eficácia da lei impugnada”. Ou seja, novamente uma ação
direta de inconstitucionalidade, de n° 0199748-62.2013.8.26.0000, alegando que a
nova lei do Mosaico “é inconstitucional e viola o princípio da proibição de retrocesso
ambiental”, e que não é possível a “transformação de uma unidade de conservação
de proteção integral” em uma de “uso sustentável”, entre outros diversos argumentos.
(DIARIO OFICIAL, 2014). No entanto, a liminar foi entendida como improcedente no
dia 04/06/20144.
A população que habita a vila passou por grande processo de cerceamento,
até mesmo certo isolamento desenvolvendo diminutamente suas atividades sociais,
culturais e econômicas de forma plena. É perceptível que a “não presença” do
Estado, neste caso, em não atender as necessidades mais básicas como saúde,
saneamento, transporte, comunicação, geram uma grande insatisfação por parte da
4 http://esaj.tjsp.jus.br/cpo/sg/show.do?processo.foro=990&processo.codigo=RI0021DR40000. Acesso
em 23/06/2014.
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comunidade. Assim o cotidiano, ainda que não seja uma realidade das mais difíceis,
é bastante adverso. Em depoimentos informais, moradores apontam que na verdade
“não passam necessidades”; mas sim: “dificuldades”.
Embora diante de um histórico de lutas, mas um futuro ainda incerto, a Vila da
Barra do Una permanece com o desafio de desenvolver um turismo sustentável, uma
vez que esta é a atividade principal dos moradores, para que possam, assim, distribuir
a renda de forma equânime, buscando preservar a cultura e o meio ambiente da
região.
O TURISMO NO BAIRRO
A Barra do Una possui como principal atrativo a Praia do Una. Outras praias
são acessadas por meio de trilhas, como as Praias do Caramborê, onde há camping
e moradores, e também a Desertinha que, como fica claro em seu nome, é um
local onde não há meios de hospedagem, tampouco moradores. De tal modo não é
permitido acampar. Todas fazem parte da vila e RDS. A travessia é interessante e é
feita por meio de um costão rochoso, outro atrativo natural, onde há mirantes para as
praias do Una e Caramborê.
Certamente, o turismo de sol e praia é o mais praticado no bairro. E a procura
é bem expressiva na temporada de verão. Boa parte dos moradores afirma que tal
temporada começa especificamente após o feriado de natal, dia 26 de dezembro,
seguindo até o feriado de carnaval. Outros dizem que esta se estende até o feriado
da Páscoa. Após o verão, o local é visitado por turistas esporádicos em finais de
semanas e o movimento cai bastante.
A pesca é notadamente também muito procurada pelos turistas, entre elas
a artesanal e a esportiva. Alguns pescadores, entre eles os antigos, trabalham a
pesca artesanal; outros mais jovens praticam a pesca esportiva – principalmente os
que se localizam em uma região da vila que se chama Tocaia –, na qual se fisga o
peixe, mas em seguida o solta. É no Rio Una que a pesca é feita regularmente, onde
se encontram também os manguezais e restingas, e a ilha do Ameixal, possível de
visitar por meio de passeios de barcos. Os pescadores também se tornaram guias
informais da região, contam a história do local, demonstram também conhecimento
dos aspectos biogeográficos. Assim o turismo associado à pesca artesanal é uma
atividade que remonta há mais de vinte anos.
Outros tipos de turismos também praticados na região são a educação
ambiental e estudo do meio. Diversas instituições (particulares ou públicas) de ensino
básico, médio e ensino superior procuram a localidade, como a USP, UNICAMP e
UNESP.
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Departamento de Turismo
A vila tem forte potencial para desenvolver variados tipos de turismo, como o
ecoturismo tanto nas praias, ou no rio, trilhas, entre outros lugares. Há diversas trilhas
e caminhos, recentemente algumas destas foram mapeadas, trabalho realizado entre
monitores da EEJI junto a jovens moradores. O caiaquismo é um esporte procurado
e praticado tanto por moradores como turistas no rio, que é bem simples de navegar,
como conta um jovem morador, já que o rio é “morto”, quer dizer “parado”. Muitos
destes turistas trazem seus equipamentos. Alguns moradores que habitam casas ao
lado do rio alugam caiaques para turistas.
CONCLUSÃO
em seu favor.
Buscamos também demonstrar com este trabalho que a administração e o
empreendedorismo possuem uma função social de extrema importância e podem ser
aplicados em empreendimentos que tenham objetivo de promover o bem estar social,
e não somente em iniciativas que busquem exclusivamente o lucro. O turismo de base
comunitária somado ao cooperativismo pode ajudar às comunidades tradicionais a
manter sua tradição e existência, desde que seja organizado de forma participativa e
sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Sites consultados:
http://www.maruja.org.br/. Acesso em 05/04/2014.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12690.htm. Acesso em
23/06/2014.
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R40000. Acesso em 23/06/2014.
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2013/lei-14982-08.04.2013.html.
Acesso em 15/05/2014.
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Departamento de Turismo
Resumo: Como o meio de hospedagem, por meio de articulação com seus diversos
stakeholders, pode colaborar com o destino no sentido de induzir o processo
de ascensão sociocultural e econômica da comunidade na qual a empresa está
inserida? A fim de colaborar na consecução de respostas, a presente pesquisa busca
promover discussão sobre as múltiplas relações estabelecidas – voluntariamente ou
não – entre meios de hospedagem e as comunidades nas quais os mesmos estão
inseridos (incluídas nesse processo, também, o poder público, demais empresas e
organizações do terceiros setor). Esse estudo propõe que o protagonismo exercido
pela rede de serviços inerentes ao turismo de negócios se dá por meio do incremento
dos fluxos turísticos ao longo do ano, o que gera divisas e postos de trabalho nas
comunidades receptoras. O trabalho possui foco especial no setor de hospedagem,
no qual figuram empresas de diversos portes e modelos de administração, sobretudo,
no caso brasileiro. Compreender tais relações é essencial para que gestores –
atuantes na iniciativa privada ou no poder publico – tenham a possibilidade de orientar
esforços e iniciativas no sentido de desenvolver o turismo a partir de uma perspectiva
de “base local” com efetivas contribuições para a comunidade receptora. A pesquisa
caracteriza-se como uma revisão de literatura de caráter exploratório, cuja abordagem
dos dados é qualitativa. Realizou-se pesquisa bibliográfica e documental e para tanto
foram escolhidas cinco variáveis de pesquisa, a saber: Hospitalidade; Serviços;
Stakeholders; Fluxo turístico; e Mobilidade corporativa. O artigo foi estruturado em
dois tópicos, sendo o primeiro sobre “Hospitalidade e serviços hoteleiros” no qual foi
considerada a questão da hospitalidade na gestão de serviços. Entre os principais
autores consultados, é possível citar Lashley e Morrison (2004), Camargo (2004) e
Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005). Na segunda parte elaborou-se referencial sobre
identificação, qualificação e administração de “Stakeholders” e sobre “mobilidade
corporativa”. Para tanto, foram consultados autores como Freeman (1984), Ferreira e
Wada (2011) e Wada (2009).
Abstract: How would hotels, by coordination with its stakeholders, collaborate with the
tourism destination in order to induce the social, cultural and economic rising process
in the communities these companies operates? In order to collaborate in pursuit of
answers, this research promotes discussion on the multiple relationships established
– voluntarily or not – between lodging facilities and the communities in which they are
inserted (including government, other companies and the third sector organizations).
This study proposes that the role played by the services network inherent to business
tourism occur through the increasing of tourist flows throughout the year, generating
foreign exchange and employment in host communities. This work has a particular
focus in the hotel industry, which includes various sizes and management models
hotels, especially in the Brazilian case. Understanding these relationships is essential
for managers – either in the private or public sectors – because then they would guide
efforts and initiatives to develop tourism from a “local based” perspective with effective
contributions to the host community. This research is characterized as a literature
review, an exploratory study, whose approach is qualitative. It was conducted literature
and documental research. Five variables were chosen to guide this review, namely:
Hospitality; Services; Stakeholders; Tourist flow; and Corporate mobility. The article
was structured in two topics, the first on “Hospitality and hotel services” in which it was
considered the issue of hospitality management in services. Among the major authors
consulted it is possible to point Lashley and Morrison (2004), Camargo (2004) and
Fitzsimmons and Fitzsimmons (2005). In the second part was elaborated an referential
on identification, qualification and stakeholders management and on “corporate
mobility”. For this, authors such as Freeman (1984), Ferreira and Wada (2011) and
Wada (2009) were consulted.
INTRODUÇÃO
Wada (2007, p. 12) sugere que esses domínios (ou dimensões) podem
ser observados nas operações hoteleiras. Conforme a autora, mesmo que essa
atividade esteja inserida no campo comercial da hospitalidade – de acordo com os
autores apresentados anteriormente – é possível, por exemplo, observar também o
domínio privado (através dos serviços operacionais de back of the house, como as
camareiras, funcionários da manutenção, cozinha e segurança). Do mesmo modo, é
possível identificar elementos naturais do domínio social (front of the house como os
recepcionistas porteiros, mensageiros, maitres, garçons, coordenadores de eventos
e monitores de recreação, por exemplo). Verifica-se, naturalmente, elementos
clássicos das relações de hospitalidade no contexto comercial como as atividades de
controladoria, compras, auditoria, áreas de apoio a operação como recursos humanos
e marketing.
nesses elementos, que são dinâmicos e pessoais, o consumidor cria em sua mente
a impressão, a percepção de ter pago um preço justo pelo produto ou serviço que
obteve.
No caso dos serviços hoteleiros essa questão é ainda mais marcante, pois nesse
segmento a participação do cliente na formação do produto final da venda é muito
significativa. A fim de ilustrar, é possível vislumbrar uma situação na qual a unidade
habitacional hoteleira é equipada com equipamentos eletrônicos e dispositivos digitais
para controle das luzes e da temperatura ambiente, mas o principal público-alvo da
empresa são grupos de idosos, oriundos de uma parceria institucional de longo prazo
com uma entidade de classe, por exemplo. Muito provavelmente a falta de informação
e educação ao hóspede incorrerá em reclamações a respeito do funcionamento dos
equipamentos e eventualmente a quebras motivadas pelo mal uso. Esse quadro é
característico de empresas desarticuladas, das quais gestores tomam decisões
fragmentadas, que desconsideram a organização e mesmo os consumidores nesse
processo.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
ABSTRACT
The involvement and participation of Travel and Tour operators in the preparation of
the public use planning of natural protected areas is a systematic process that requires
compliance with the principles of sustainability of tourism activities in the natural
environment, and should occur through collective management. The dissemination
and implementation of social technologies in the development of ecotourism has
become critical to its management and planning. The implementation of public use
in the natural protected areas is an applicant expectation to the rural communities
located in their surroundings and its tourism entrepreneurs, especially fo the local
travel end tour related operators. This article aims to describe and reflect on the
actions of the tourism planning process of the Pau Brazil National Park ( NPPB ),
full protection natural protected area, located in Porto Seguro, Bahia. The focus of
this observation were the actions of participation, involvement and empowerment of
çocal travel agency and tour operator staff promoted by NPPB / ICMBio , Ecological
Corridors Project (PCE / BA) and United Nations Development Programme (UNDP).
1229
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10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
Keywords: Tour operator. Ecotourism management and planning. Public use. Natural
protected areas.
INTRODUÇÃO
sua maioria micro empresas que atuam no mercado receptivo turístico, o que inclui
passeios, traslados e demais serviços turísticos receptivos. Destas, 50% tem no total
até 03 funcionários somente, e apenas uma empresa deste grupo tem mais de 20
funcionários.
O resultado do diagnóstico realizado confirma que a região de Porto Seguro,
apesar do potencial existente, ainda não dispõe de um produto de ecoturismo
devidamente consolidado e competitivo. Todavia faltam esforços de planejamento e
estruturação desse produto, a fim de favorecer o desenvolvimento do turismo de baixo
impacto como uma prática constante e não apenas em esforços isolados.
O processo de planejamento da visitação no PNPB deverá levar em conta
primeiramente os objetivos sociais da UC, ou seja, sistematizar num primeiro momento, a
visitação das comunidades, utilizando-se da mão-de-obra das comunidades do entorno
através de cooperativas, por exemplo. Num segundo momento, após estruturado o
programa de visitação com foco nas comunidades locais, as agências de turismo
poderiam integrar-se às atividades de visitação nesta UC, a partir do desenvolvimento
de programas próprios, mas que necessariamente incluiriam a mão-de-obra já em
atividade no parque, ou seja, das comunidades locais. Pois, o turista “consciente”,
prefere ser servido por indivíduos que estejam mais envolvidos com a cultura e com
o ambiente locais, ao invés de, simplesmente um funcionário de agência ou guia de
turismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
1 As categorias de Unidade de Conservação que compõem este grupo são: Estação Ecológica;
Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre.
2 As categorias de Unidade de Conservação que compõem este grupo são: Área de Relevante
Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável;
Reserva Extrativista; Área de Proteção Ambiental; e Reserva Particular do Patrimônio Natural.
3 Para Lohmann e Castro (2013), os destinos turísticos podem ser desde um vilarejo até uma
nação.
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
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envolvendo as UCs.
Os itinerários ferroviários em relação as UCs e seus entornos também podem
ser variados, por exemplo: permitindo interligar a UCs não só com a origem dos
deslocamentos, mas com outros destinos turísticos de interesse (sejam esses
primários ou secundários), e em alguns casos até promovendo a circulação dentro da
região de destino turístico.
Os modos de transportes a serem utilizados no turismo podem ser de variados
tipos (aéreo, ferroviário, aquaviário e rodoviário), de acordo com a tecnologia empregada
relacionada a via e ao veículo transportador (PALHARES, 2005). Especificamente
sobre o modo ferroviário, este é composto por elementos (via, veículo, força motriz e
terminal) com características peculiares (ver PALHARES, 2002). Por exemplo, a via
ferroviária é segregada através de guias segregadas, exemplos trilhos e, portanto,
dificilmente ocorre o engarrafamento nos deslocamentos ferroviários; os veículos4
geralmente apresentam a possibilidade de aumento ou diminuição da capacidade
de transportes de passageiros e carga, e por isso podem auxiliar no processo de
adequação relativo a sazonalidade (alta e baixa temporadas) no turismo, se tornando
uma vantagem para o planejamento e gestão de destinos turísticos (PALHARES,
2002; LOHMANN, CASTRO, 2013).
Como observado, em muitos casos são necessárias ligações intermodais
(interligação entre dois ou mais meios de transportes) para melhor atender ao
deslocamento turístico num dado espaço geográfico, já que o serviço ferroviário
raramente é porta a porta (ver PALHARES, 2002; LOHMANN, CASTRO, 2013). Na
intermodalidade, o modo rodoviário assume um papel importante, pois este promove
o serviço denominado “porta a porta” devido a sua flexibilidade e alcance. Ainda sobre
intermodalidade, existem duas tendências para estas interligações relacionada ao
modo ferroviário, uma que é a mais tradicional relacionando o modo ferroviário ao
aquaviário, e outra, que é mais contemporânea relacionando o modo ferroviário ao
aéreo (ver PALHARES, 2002; LOHMANN, CASTRO, 2013).
A primeira ferrovia no Brasil data de 160 anos atrás, foi construída por Irineu
Evangelista, mais conhecido como Barão de Mauá em 1854, interligando os fundos
da Baía de Guanabara a Fragoso, em Raiz da Serra de Petrópolis, ambos localizados
no Estado do Rio de Janeiro. Para uma leitura aprofundada sobre os avanços e
retrocessos ferroviários por fases específicas no Brasil, ver Rodriguez (2012). Fraga
(2013) e Fraga, Santos e Ribeiro (2014) fizeram discussões interessantes sobre a
ferrovia no Brasil com base na evolução por períodos. Um destaque relevante para
o presente estudo é do período nomeado por Rodriguez (2012) como “Privatização”
Embora esta visão tenha caído em “desuso”, não se trata de negar a dimensão
econômica, mas de considerar que há outras dimensões igualmente importantes
(CARVALHO, 2002). Porém, é possível afirmar que muitas das teorias sobre
desenvolvimento pouco diferenciam entre si, na medida em que fica clara a ideia
de que toda a sociedade possui e pretende adquirir os mesmos valores dos países
do Norte, como fator suficiente para o alcance do desenvolvimento social, moral e
cultural (MORIN, 1995).
Esta crítica é bastante relevante ao se pensar em destinos turísticos: como
qualificar o desenvolvimento de forma padronizada, considerando toda a diversidade
social, cultural, natural das localidades onde o turismo se estabelece? É importante
salientar que a compreensão do desenvolvimento passa, necessariamente, por uma
noção de um processo histórico e dinâmico e que, portanto, deve ser entendido a
partir dos sujeitos envolvidos. Sendo assim, o conceito de desenvolvimento deve
ser socialmente construído, ou seja, deve ser o “olhar do lugar” (IRVING, 2003).
Refletir sobre turismo exige, assim, pensar sobre o desenvolvimento local tendo o
planejamento como instrumento.
Para Buarque (2002, p. 25), o desenvolvimento local é “um processo endógeno
de mudança, que leva ao dinamismo econômico e à melhoria da qualidade de vida
da população em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos”. Irving
(2003) complementa esta ideia, ao afirmar que o desenvolvimento local refere-se a um
“novo” desenvolvimento, fundamentado no aproveitamento dos recursos endógenos
(humanos, naturais, e infraestruturais) para estimular a economia, melhorar a
qualidade de vida e bem estar social da comunidade local, a partir da autogestão,
associado à proteção do patrimônio natural e cultural. É oportunidade para inovação,
pois ao mobilizar as potencialidades locais, contribui para elevar a economia local de
forma criativa e, também, para a conservação do patrimônio natural e histórico-cultural
(base das potencialidades e da qualidade de vida). A demanda pela mobilização e
organização da sociedade local, faz criar raízes efetivas na matriz socioeconômica e
cultural da localidade (BUARQUE, 2002).
Sendo assim, para que o turismo possa servir de instrumento para o
desenvolvimento, os projetos precisam ter enfoque local e considerar como meio
metodológico a participação social. Por meio do planejamento, é possível identificar
as necessidades e problemas a serem resolvidos, organizar as ações e traçar
estratégias para superá-los. O planejamento justifica-se por minimizar possíveis
impactos negativos do turismo e integrar as ações entre as instituições (públicas,
privadas) envolvidas, em seus diferentes níveis organizacionais (nacional, estadual,
local), orientando as ações para o futuro desejado (DIAS, 2003). Assim, o planejamento
integrado é instrumento essencial para a aproximação entre ferrovias e unidades de
conservação.
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Essa parte inicial da seção três apresenta uma breve explanação sobre
o planejamento do turismo no Estado do Rio de Janeiro, e seu afinamento com o
planejamento do turismo em âmbito federal. Logo após, compreende-se a oferta
ferroviária e sua relação com o turismo, e então se faz a apresentação e análise
dos dados através da identificação da relação entre ferrovia e UC (item 3.1) e das
discussões (item 3.2).
A partir da década de 1990, houve a intensificação do processo de
descentralização do turismo no Brasil, isto se deve em parte pela Constituição de
1988, que delegava no artigo 180 atribuições sobre o turismo igualmente a União,
Estados, Municípios e Distrito Federal6. Nesse sentido, deve-se dar um destaque
ao Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), no qual um grande
desafio foi a identificação do potencial para o desenvolvimento do turismo em nível
municipal.
Com a criação do Ministério do Turismo em 2003, tem-se na política
nacional de turismo, mais especificamente no Plano Nacional de Turismo, o início
da regionalização do turismo. Dez anos depois (em 2013), e após ter passado pelo
Plano Nacional de Turismo 2003/2007, o Plano Nacional de Turismo 2007/2010, e
o Documento Referencial do Turismo no Brasil entre 2011 a 20147, tem-se o Plano
Nacional de Turismo 2013/2016, a partir do qual há uma revisão de todo o processo
6 “Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão
o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico” (BRASIL, 1988).
7 BRASIL. Ministério do Turismo. Documento Referencial do Turismo no Brasil 2011 a 2014.
Disponível em <http://www.turismo.gov.br> Acessado em 21 de junho de 2014.
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Disponível em http://oglobo.globo.com/rio/novo-bonde-de-santa-teresa-faz-primeiro-teste-nointerior-
do-estado-12617676 Acessado em 21/jun/2014.
12 O GLOBO. PONTES, F. Novo Bonde de Santa Teresa faz primeiro teste no interior do
estado. Data da matéria: 27/mai/2014 às 12h46min, atualizada às 22h38min do mesmo dia.
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www.turismo.gov.br>Acessado em 26/jun/2014.
17 Trem do Corcovado.Informações Gerais. Disponível em
<http://www.corcovado.com.br/> Acessado em 26/jun/2014.
18 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Turisrio. Projetos. Disponível em
tem suas vidas afetadas de diversas maneiras, podendo ser positivamente (como a
possibilidade de geração de empregos e renda), como negativamente (especulação
imobiliária e engarrafamentos, dentre outros).
Ainda com relação ao caso citado, entende-se que, ao mesmo tempo em que o
Parque Nacional da Tijuca potencializa o deslocamento ferroviário para fins turísticos,
devido à natureza protegida que mantém belas paisagens, a presença de transporte
sobre trilhos colabora para a atratividade da unidade de conservação, contribuindo
também para a geração de receitas significativas que apoiam a execução das políticas
ambientais. Isso exige dos atores sociais um casamento de ações de planejamento
para o desenvolvimento local.
Este caso pode inspirar ações a serem realizadas pelas demais iniciativas
identificadas neste trabalho, como a Maria Fumaça no âmbito do Sesc Mineiro
Grussaí e o Trem da Estrada Real. Apesar da Maria Fumaça do Sesc Mineiro Grussaí
estar localizado no mesmo município que o Parque Estadual da Lagoa de Açu (São
João da Barra), eles não estão integrados espacialmente, o que demandaria um
esforço maior nas ações de planejamento para potencializar o desenvolvimento
local através do turismo. Uma estratégia possível é a combinação dos atrativos por
meio da roteirização turística local, já que São João da Barra faz parte da política de
regionalização do turismo tanto em nível estadual, quanto nacional.
No caso do Trem da Estrada Real, no município Paraíba do Sul, o cenário
exige ainda mais esforços dos atores envolvidos nas ações de planejamento e das
políticas públicas para o turismo local. Isso se deve ao fato de o trem turístico estar
temporariamente desativado, o que demanda investimentos econômicos e políticos
no sentido de elaborar projeto seguindo as etapas do planejamento, integrado às
demais ações relativas ao desenvolvimento local. Além disso, não foram identificadas
unidades de conversação no município, o que não significa que elas não existam.
A presença de Unidades de Conservação é importante no diálogo entre
ferrovia, meio ambiente e turismo, pois garante a qualidade da paisagem natural,
que quando protegida, constitui patrimônio potencial para uso indireto da atividade
turística, como os passeios ferroviários; mas que quando modificadas, sem atenção
ao equilíbrio ambiental, afetam diretamente o potencial turístico, a qualidade de vida
dos moradores e o desenvolvimento local. Sendo assim, recomenda-se fortemente
que os atores sociais locais se mobilizem por meio de ações de planejamento turístico
que integrem a revitalização e ativação do Trem da Estrada Real e a criação e gestão
de unidades de conservação, ou dar visibilidade aquelas que eventualmente existam.
Várias outras questões poderiam ser exploradas nesta análise, contudo, objetivando
reflexões, enquanto subsídios iniciais para o planejamento e gestão integrados entre
ferrovia, turismo e meio ambiente na perspectiva do desenvolvimento local fluminense,
optou-se por um recorte para estimular novas pesquisas sobre a temática. Embora, a
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relação entre ferrovia, turismo e meio ambiente seja extremamente relevante, existem
ainda poucos estudos nacionais e internacionais desenvolvidos nesta área.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. RESUMO
O presente estudo tem por propósito de apresentar as implicações dos desastres
sobre à atividade turística, em especial, abordando a destinação turística Costa Verde
e Mar. Tal destinação, é conhecida por suas belezas naturais, que consequentemente
atrai milhares de turista anualmente para desfrutar dos atrativos naturais e culturais
existentes em suas onze cidade. A destinação Costa Verde e Mar se encontra dentro
da Bacia Hidrográfica do Vale do Itajaí, uma região suscetível a desastres e que
possui um histórico desse fenômeno em função das características físicas existentes.
Dessa forma, os desastres se constituem em um fenômeno, quando efetivado em
determinado território, associado com fatores antrópicos podem trazer sérios impactos
negativos para o setor do turismo, desestruturando toda sua dinâmica, e prejudicando
localidades que detêm o turismo como fonte primária em sua economia. A pesquisa
tem como metodologia a realização de estudo de caso sobre a destinação turística.
Pôde-se concluir que a alguns municípios da Destinação Costa Verde e Mar se
encontram suscetível a desastres em virtude desses munícipios estarem localizados
dentro da Bacia Hidrográfica Vale do Itajaí em virtude da suscetibilidade a efetivação
dos desastres e pelo histórico existente nessa região.
Abstract
The purpose of this study is to present the implications of disasters on the tourism
industry , in particular by addressing the Costa Verde tourist destination and Mar. This
allocation is known for its natural beauty, which consequently attracts thousands of
tourists every year to enjoy the attractions existing natural and cultural in its eleven city.
The Costa Verde & Mar destination is within the watershed of the Itajaí Valley, a region
prone to disasters and has a history of this phenomenon on the basis of existing physical
features. Thus , disasters constitute a phenomenon , when effected in a given territory ,
associated with anthropogenic factors can have serious negative effects on the tourism
sector impacts , disrupting all its dynamics , and hurting places that hold tourism as
a primary source in its economy. The research methodology has as conducting case
study on tourism destination. It was concluded that some municipalities in Destination
Green Coast and Seaside are susceptible to disasters because these municipalities
are located within the Vale do Itajaí basin because of the susceptibility to disasters and
the enforcement of existing history in this region.
Keywords: Vulnerability, Susceptibility, Tourist Destination, Disaster Tourism
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2. INTRODUÇÃO
Desta forma, os impactos podem atingir diretamente aos turistas, e para minimizar
os impactos é necessário que ações emergenciais sejam implementadas. Como
enfatizam Maditinos; Vassiliadis;
[....] os desastres aumentam as preocupações de turistas com segurança
e proteção colocando pressão crescente sobre planejadores e gestores
envolvidos com o turismo, impelindo-os a analisar o impacto das catástrofes
sobre essa indústria e a desenvolver estratégias para lidar com as crises.
A redução da eminência do perigo de um desastre depende, sobretudo,
de ações pautadas e estabelecidas na concepção de uma nova cultura,
enfatizada no campo ambiental e social, visando uma melhor integração
entre os seres humano e ambiente (2008, p. 68)
parte das esferas governamentais trazem benefícios para diminuição dos desastres e
consequentemente, aumento da capacidade de resiliência em diversas áreas, como
por exemplo, o setor do turismo. Segundo Sansolo (2009) a gestão compartilhada da
proteção da natureza e do desenvolvimento do turismo já instituído pelo poder público
por meio das políticas, planos e programas, não anula as contradições inerentes
ao processo e, portanto não podem ser idealizados. No segmento do turismo, é
necessário realizar uma abordagem relevante e sistemática do ponto de vista de que
o poder público em âmbito de todas as esferas tem que passar a adotar medidas que
visem o melhoramento do trade.
Assim, localidades turísticas que são afetadas por esses eventos que tendem a
terem seus fluxos turísticos prejudicados em função da interferência desse fenômeno
sobre determinada destinação turística. Dentro dessa abordagem, outra condicionante
que se pode a vir a tornar elemento prejudicial para a gestão e prevenção na relação
dos desastres na atividade turística são os interesses tanto privados (empresários),
quanto estatais (esferas municipais, estaduais e federal).
Dentro dessa premissa, pode-se citar outra destinação turística que foi afetada
por esse fenômeno. O fato aconteceu no Canadá durante o verão de 2003, perto de
Kelowna, British Columbia, Canadá. Durante o verão de 2003, Kelowna experimentou
um gravíssimo incêndio florestal. O que se tornou conhecido como Incêndio Florestal
Okanagan Mountain Park (OMPF). O fato foi iniciado em 16 de agosto, com duração
de quase um mês, o fogo forçou a evacuação de 26 mil moradores e destruiu 238
casas particulares e uma parte substancial da infraestrutura do turismo regional. A
destinação turística é uma crescente na indústria do turismo que se concentra lagos
e montanhas, oferecendo turismo rural, atrativos como vinhos, músicas, artes, golfe a
atividade de recreação (HYSTAD; KELLER, 2008).
diversos impactos para o trade turístico. Dentro disso, segundo os autores Hystad &
Keller (2008, p. 155) destacaram alguns elementos como;
II- A maiorias das empresas relataram uma preparação passiva e reativa, bem como
uma resposta “esperar para ver”;
FONTE: http://www.costaverdeemar.com.br/pt/costa-verde-mar/localizacao/
Contudo, apesar da região ser caracterizada por possuir diversos atrativos voltados
para a prática do turismo, alguns municípios da destinação turística se encontra em
uma área física muito vulnerável a desastres. Santa Catarina além de apresentar
elementos que afirma seu potencial natural voltado ao turismo, o estado também vem
se encontrando entre os estados da federação que mais possuiu índice de desastres
no Brasil.
Gráfico 3. Fonte: (ATLAS SOBRE DESASTRES NATURAIS 1991 a 2010, 2011, p. 36)
com aumento territorial do estado onde muitas regiões tiveram que se adaptar com
os impactos que esse fenômeno proporcionava. Na região do Vale do Itajaí devida
algumas condições físicas existentes, possui um alto grau de suscetibilidade da
iminência de um desastre, sendo que em um período curto de tempo aconteceram
dois fenômenos que atingiram integralmente o Vale do Itajaí, sendo em 2008 e 2011.
No entanto, o desastre ocorrido em 2008 ficou marcado como o segundo maior da
história do estado.
Desta forma, algumas cidades que integram a destinação Costa Verde e Mar
e quem se encontram dentro da Bacia Hidrográfica Vale do Itajaí foram seriamente
afetadas em função dos impactos do desastre, colocando em perigo o desenvolvimento
o setor do turismo em consequência desse fenômeno. Sendo assim, os municípios
que possuem economias alicerçadas no desenvolvimento turístico podem sofrer com
efeitos negativos desses impactos. Portando, o conjunto de infraestrutura como meios
de transporte (aéreo e terrestre), meios de hospedagens, setor de serviços, lazer
e entretenimento, são segmentos turísticos que podem sofrer enormes perdas na
iminência e posteriormente com a efetivação desse fenômeno.
A gestão dos desastres sobre essa vertente seria uma resposta imediata
às questões como vulnerabilidade que propiciam a iminência desses fenômenos
encontrada na destinação turística. A questão mais importante no momento atual para
a operação do turismo e desenvolvimento é a forma de diminuir a perda decorrente de
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Dentro desse contexto, objetiva-se que esse trabalho seja um ensaio de futuras
pesquisas que venha preencher essa lacuna existente no campo científico. Assim,
a destinação turística Costa Verde e Mar apresenta todas as características para o
desenvolvimento do turismo. No entanto, vários municípios que integram a destinação
Costa Verde e Mar que se encontram localizados na Bacia Hidrográfica do Vale do
Itajaí apresentam diversos elementos comprovados sobre sua suscetibilidade para
desastres e além de possuir um histórico que reafirma de que a destinação turística
Costa Verde e Mar se encontra dentro de uma área de intenso perigo.
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6. Considerações Finais
Sendo assim, tal ensaio se torna importante para que essa temática seja
evidenciada e apresentada a partir de reflexões para que possa se tornar alvo de
discussão. Assim, nota-se que as pesquisas em nível regional e/ou nacional sobre
a dinâmica do turismo e dos desastres ainda estão engavetadas em função de
não haver uma percepção sobre os perigos iminentes que envolvem os impactos
dos desastres na atividade turística. Portanto, a presente pesquisa pretende iniciar
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7. REFERÊNCIAS
REQUEBI, Aline. Santa Catarina está entre os estados que mais registram
desastres naturais. Diário Catarinense, Florianópolis, p.2, 25 maio. 2012.
Disponível em: < http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2012/05/
santa-catarina-esta-entre-os-estados-que-mais-registram-desastres-
naturais-3767066.html> Acessado em: 10/02/2014.
TOUBES, Diego R.; BREA FRAIZ, José A. Desarrollo de uma politica de gestión
de crises para desastres em el turismo. Tourism & Management Studies, nº8, pg-
10-18, Outubro 2012.
RESUMO
Os ambientes insulares construídos a partir de práticas socioculturais, determinadas
por sua condição de isolamento e as paisagens que os singularizam, vêm se tornando
destinos turísticos. Estes ambientes com a intensificação do uso dos recursos e dos
impactos sobre as práticas sociais locais o que demanda a emergência de uma boa
governância com articulação, participação e cooperação parao ordenamento do turismo
e para a sua sustentabilidade. É, pois no sentido da boa governância que se busca
neste artigo trazer à discussão algumas reflexões sobre a gestão e o ordenamento
do espaço turístico no contexto da governância na aplicação das políticas públicas
de turismo em ambientes insulares comparando dois destinos: a ilha de Fernando de
Noronha, Brasil e a ilha do Faial, Açores, Portugal. Para o atendimento do objetivo,
foi realizada pesquisa bibliográfica, entrevistas com atores chave da produção
do turismo local das ilhas pesquisadas para ter informações sobre as políticas de
turismo, a realidade socioeconômica e os problemas que afetam ou são afetados
pelo turismo. Para um conhecimento ampliado da realidade do turismo das ilhas, se
buscou sites, material de divulgação e jornais locais. Constatou-se que em ambas as
ilhas o sistema de governância não contribui para o ordenamento e gestão do turismo
assim como para a sua sustentabilidade tendo em vista que a participação dos atores
chaves, a articulação/cooperação entre o setor público e o privado não acontecem de
forma satisfatória pela ausência de espaços à participação e pela baixa capacidade
de organização da população residente e pequenos empresários do turismo.
Palavras Chave: Governância; turismo; turismo em ilhas; política de turismo.
ABSTRACT
The island environments constructed from sociocultural practices, determined by its
isolation condition and landscapes singularize, have become tourist destinations.
These environments with the intensification of resource use and impacts on local social
practices which demands the emergence of good governance with joint participation
and cooperation on spatial tourism and its sustainability.It is therefore towards good
governance that we seek in this article to bring to the discussion some thoughts on
the management and planning of tourism within the context of governance in the
implementation of tourism policies in island environments comparing two destinations:
the island of Fernando de Noronha, Brazil and the island of Faial, Azores, Portugal.
For meeting the goal, literature, interviews with key actors in the production of local
tourism islands surveyed for information on tourism policies, the economic reality and
the problems that affect or are affected was performed by tourism.For an expanded
knowledge of the reality of tourism in the islands, we sought sites, promotional material
and local newspapers. It was found that in both islands the system of governance does
not contribute to the planning and management of tourism as well as its sustainability
given that the participation of key stakeholders, coordination / cooperation between
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the public sector and the private not happen satisfactorily by the lack of spaces for
participation and low organizational capacity of resident and small tourism entrepreneurs
shape population.
Key words: Governance; tourism; Tourism islands; tourism policy.
1. INTRODUÇÃO
Os ambientes insulares têm estado na pauta das preocupações de autoridades
governamentais, do mercado e de entidades conservacionistas, por terem se
transformado em áreas de ocupações urbanas, agrícolas, comerciais e de serviços com
múltiplas formas de usos que vem colocando em situação de risco os ecossistemas
e as populações residentes. Com a expansão da função turística, os ambientes
insulares, nas mais diferentes latitudes tem se tornado áreas de grande interesse do
poder público e de investidores, pelas paisagens singulares que essas áreas possuem,
transformando-as em destinos turísticos nacionais e internacionais. As mesmas causas
impulsionadoras que orientam a formação destes destinos promovem espaços-tempos
diferenciados, em função das interações múltiplas relacionadas com elementos
espaciais naturais e sociais que são políticos, econômicos e institucionais. Apesar
de serem traçadas estratégias para a expansão da função turística em ambientes
insulares seguindo a lógica geral do mercado turístico, estas se espacializam nos
territórios de forma conflituosa desterritorializando configurações existentes sem um
processo de governância que viabilize a articulação, cooperação e decisão entre os
stakeholders e possibilite a sustentabilidade do turismo nesses ambientes.
Com base no exposto, busca-se neste artigo trazer à discussão algumas
reflexões sobre a gestão e o ordenamento do espaço turístico no contexto da
governância na aplicação das políticas públicas de turismo em ambientes insulares
comparando dois destinos: a ilha de Fernando de Noronha, Brasil e a ilha do Faial,
Açores, Portugal. As reflexões tiveram como ponto de partida que: a boa governância
representa a condição fundamental para o ordenamento, a gestão e a sustentabilidade
do turismo nos ambientes insulares na qual a participação potencializa a colaboração,
a articulação e a decisão. De outra forma, pretende-se contribuir para o debate na
busca de soluções inovadoras para os problemas e para a (re) produção do espaço
turístico com possibilidades para o ordenamento e da gestão do turismo com foco
na governância e para definição de políticas públicas eficazes que atendam as reais
necessidades da sociedade como um todo e em especial de populações que habitam
e/ou que trabalham em territórios insulares onde a atividade turística se expande.
Utiliza-se uma abordagem metodológica comparativa para trazer a discussão
algumas reflexões sobre a gestão do espaço turístico, considerando a complexidade
espacial, verificando-se as características e as dinâmicas sociais que constituíram os
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determinada ação. Por sua vez, uma ação conjunta é uma ação de cooperação entre
os agentes, cooperação que pressupõe “entendimento”, fraternidade e convergência
de expectativas e propostas.
Para Vasconcelos etall (2009), a governança é pautada no sucesso do trabalho
no território numa atitude pragmática dos diferentes atores chave. Estes trabalham
em rede colaborando de forma concreta nas alterações territoriais onde a apropriação
e tomada de consciência do seu poder e da necessidade de exercer este poder fará
toda a diferença no destino do território e da qualidade de vida de todos os que ali
atuam e não só o habitam.
Nessa direção, a governança no ordenamento e gestão do turismo representa
um poderoso instrumento, para as discussões e soluções para os problemas e conflitos
(JEAN-PIERRE, 2002) e para a definição de caminhos para a sustentabilidade da
atividade turística, uma vez que as redes estabelecidas contribuem para melhorar
a cooperação entre organizações, poder politico, prestadoras de serviços turísticos,
empresas para o marketing, inovação, novos mercados, obtenção de recursos,
ampliação de conhecimentos, novas tecnologias, entre outros.
Fazendo alusão às recomendações da Organização Mundial do Turismo
(WTO, 2004), pode-se argumentar que: para o desenvolvimento do turismo e para
sua sustentabilidade no sentido da manutenção, da permanência, da continuidade
da atividade é exigida a participação informada de todos os stakeholders relevantes
como o governo nacional, regional e local; autarquias; instituições de investigação;
associações de empresários; operadores turísticos; agencias de viagens; serviços
para o turismo; organizações ambientalistas; e associação de residentes. É ainda
requerida liderança política forte para assegurar uma ampla participação e a criação
de consensos para minimizar impactos negativos e potencializar impactos positivos
da atividade turística contextualizados nas políticas públicas de turismo apontando
direções para o ordenamento e a gestão da atividade.
A contextualização do turismo enquanto política pública se faz necessário para
que se possa entender o processo de planejamento da atividade. Política publica de
turismo pode ser entendida como um conjunto de intenções, diretrizes e estratégias
e ações deliberadas, no âmbito do poder público, em virtude do objetivo geral de
alcançar ou dar continuidade ao pleno desenvolvimento da atividade turística num
dado território (CRUZ, 2000).
Moniz (2009, p. 344), chama a atenção para a continuidade da sustentabilidade
do turismo afirmando que é um processo constante que requer a monitorização de
impactos e a antecipada introdução de medidas necessárias em termos preventivos
e/ou corretivos. Continua a referida autora ao discutir a sustentabilidade do turismo
em pequenas ilhas que, a busca pela sustentabilidade deve ser uma questão de todos
os grupos interessados direta e indiretamente na atividade devendo partilhar desta
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única habitada com uma população residente fixa de 2.630 habitantes IBGE (2010)
cuja principal fonte de renda é o turismo. O uso de território de Fernando de Noronha
é regulado pelas unidades de conservação Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha e Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha. Em dezembro de
2001, a UNESCO considerou o arquipélago sítio do Patrimônio Mundial Natural.
Incluído nas rotas das grandes navegações, o processo de ocupação do
território se inicia no Século XVII e no Século XVIII o arquipélago transformava-se em
Distrito Federal e em presídio comum pela sua condição de isolamento. No Século
XIX passa a ser área de interesse científico com a visita do naturalista Charles Darwin.
Durante a II Guerra Mundial, é criado o Território Federal Militar na Ilha de Fernando de
Noronha, o Destacamento Misto de Guerra e a Aliança com a Marinha Americana que
instalou uma base de apoio. Para isto foi imprescindível à construção de residências
para atender a população que lá se instalou. Em 1988, Fernando de Noronha passou
a ser Distrito Estadual de Pernambuco e foram criadas duas áreas protegidas: Parque
Nacional Marinho de Fernando de Noronha e a Área de Proteção Ambiental de
Fernando de Noronha. Parte da área do território é administrada pela Base Aérea
Nacional. Em 1989, foi instituída a Taxa de Preservação Ambiental-TPA destinada a
assegurar a manutenção das condições ambientais e ecológicas do arquipélago.
As funções desenvolvidas na ilha de Fernando de Noronha- militar, presídio,
fez surgir à função agrícola de subsistência, mas, de pouca expressão sendo a ilha
até os dias atuais abastecida de gêneros alimentares vindos do continente: Natal, RN
e Recife, PE. A função turística é a principal da ilha, mas, ocupa uma mão de obra
predominantemente do continente.
Imposto de renda.
Observando as práticas turísticas, os meios de hospedagem e instrumentos
de ordenamento do turismo (QUADRO 1), verifica-se que os meios de hospedagem
das ilhas se diferenciam uma vez que em Fernando de Noronha não há a categoria
de hotel. Em Faial, esta categoria detém o maior número de Unidades Habitacionais-
UH’s. Quanto às demais categorias, existem no Faial empreendimentos menores e em
geral explorados por moradores locais como acontecem em Fernando de Noronha.
4. PARA FINALIZAR
Os ambientes insulares tem se intensificado nos últimos trinta anos como lugares
de refúgio, ócio e lazer. Essa forma de uso destes ambientes resulta da expansão da
função turística que na sua versão moderna busca consumir paisagens e criar novos
destinos.
As ilhas de pequena dimensão têm sido cada vez mais buscadas ou
destinadas às práticas turísticas pelas suas singularidades do ponto de vistas das
paisagens naturais e culturais ou pelo seu isolamento. Estudos apontam que turismo
desempenha um papel significativo na economia das ilhas mas as práticas voltadas
ar ao planejamento, à gestão e à governância não têm sido suficientes ou adequadas
aos ambientes destas ilhas de modo que os benefícios econômicos gerados pelo
turismo estão sempre atrelados a problemas de ordem ecológica, com o uso intensivo
dos recursos naturais principalmente para obtenção de água e energia e sociais, com
a exclusão de população residente que nem sempre se beneficia do que o turismo
gera no lugares.
Fica evidente que as distorções que se espacializam nos territórios turísticos,
especialmente as pequenas ilhas, é resposta da ausência de uma governância
colaborativa, articulada onde os atores-chave não participam de forma efetiva para o
desenvolvimento do turismo pela falta de espaço ou pela fragilidade das organizações.
A sustentabilidade da atividade turística em pequenas ilhas pela reduzida
disponibilidade de recursos que possuem em relação às grandes ilhas, deve ser
encarada como no planejamento e gestão do turismo, fator para desenvolvimento
das pequenas economias insulares e como fator para uma boa governância, com
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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REFERÊNCIAS
BRIGUGLIO, L., BUTLER, R., HARRISON D., e FILHO, W.L., (eds.). Sustainable
Tourism in Islands and Small States: Case Studies, London, Pinter,1996.
CARVALHO, L.; KÖRÖSSY, N. (Coordenadoras). Diagnóstico da oferta turística do
Arquipélago de Fernando de Noronha – volume I: Meios de Hospedagem. UFPE/
ADMFN: 2012.
FONSECA, C.; CALADO, H.; PEREIRA, C.; SILVA, P. C.; PEREIRA, M.; GIL, A.
Conservação e Sustentabilidade em Pequenas Ilhas: O Projecto SMARTPARKS.
PTDC/AAC-AMB/098786/2008 .Lisboa: 20013.
O mercado turístico tem apresentado nos últimos anos uma enorme variação em
seu processo criativo de fomento do consumo dos espaços e da prestação de serviços
especializados, tanto para o atendimento de públicos específicos, como homossexuais,
bissexuais e grupos transexuais e transgêneros quanto para índices de empregabilidade
diferenciados entre homens e mulheres a partir de preconceitos históricos que diferenciam
os gêneros no mercado de trabalho. Com perfil consumidor diferenciado, os empresários
do setor têm apostado em equipamentos e eventos de modo a atender essa demanda
que está diretamente ligada às manifestações da sexualidade e às reproduções de seus
preconceitos, além das práticas sexuais buscadas por turistas em seus destinos, causando
enfrentamentos sociais entre turistas e residentes. As discussões sobre gênero também
permeiam as relações sociais com base no consumo do espaço turístico e sua produção,
inserindo homens e mulheres no mercado de trabalho seletivamente, além de interferir
na motivação do turista que busca destinos e/ou equipamentos de lazer segmentados
pela sexualidade e pelo mercado do sexo. Este grupo Agrega dois importantes eixos de
conhecimento interdisciplinar do fenômeno turístico: trabalhos referentes aos estudos de
gênero e voltados para o mercado turístico, seja na prestação de serviços convencionais,
seja nos sexuais; e trabalhos sobre sexualidade, destinos sexuais e práticas sexuais de
turistas. As análises de espaços, territórios, comportamentos e motivações que partem da
sexualidade de turistas e moradores de locais turísticos criam relações de sociabilidade
e parceria sexual que podem estar ou não inseridas no mercado do sexo, configurando
espaços de produção do turismo, movimentando a economia local e a troca de experiências
humanas na contramão das normas sociais dominantes no Ocidente moderno, mas que,
em diversos casos, reformula os espaços turísticos e ressignifica suas relações sociais e
econômicas.
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INTRODUÇÃO
Há, entretanto, um enfoque que possui igualmente importância, ainda que seja
pouco explorado, que trata das relações profissionais em áreas vinculadas ao turismo
e a vulnerabilidade dessas às tradições sexistas.
Este último enfoque é o que será exposto neste estudo, como fruto da
interpretação de uma pesquisa sobre o mercado profissional de turismólogo. A
pesquisa original foi realizada em âmbito nacional, voltada aos graduados em turismo,
com um total de 1360 questionários válidos, respondidos por meio do preenchimento
online para o qual se utilizou a ferramenta Forms do Google® Drive. O levantamento
não possuía foco específico na questão do gênero sendo o artigo que segue, portanto,
resultado do recorte desses dados a respeito de Minas Gerais (MG), local de formação
de 290 respondentes, 188 mulheres e 102 homens. Como os dados nacionais da
pesquisa sobre o mercado para egressos em turismo ainda não foram publicados,
optou-se por iniciar os desdobramentos da pesquisa original no Estado onde atuam os
autores, ainda mais considerando o fato deste ter representado o maior contingente
de respondentes da pesquisa geral.
2 Disponível em http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf#,
acesso em 06/05/2014.
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média metade do salário dos homens (as mulheres negras metade do salário do que
ganham as brancas). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que
“a situação das mulheres está melhorando e, se o ritmo se mantiver, em 475 anos
conseguiremos a igualdade salarial entre homens e mulheres” (LOURO, 1997 apud
MORAES 2005, p.14). A falta de dados é corroborada pela pesquisadora brasileira da
Universidade de Brasília – UnB, Helena Costa, que colabora com o grupo de pesquisa
português GESTOUR. Segundo ela
Minas possui (ou já possui) alguns dos mais antigos bacharelados em Turismo
do Brasil. O Gráfico 4, abaixo mostra, especialmente, a concentração da amostra
oriunda de cursos sediados em Belo Horizonte
.
Pode se perceber que em todas as IES mencionadas há número maior de
respondentes do sexo feminino. Entretanto, mais do que demonstrar a distribuição
por gênero entre as IES mais citadas pelos respondentes, o gráfico 4 aponta para
a concentração destes na Capital do Estado e, em especial, no Centro Universitário
Newton Paiva, que, por ter tido o curso mais antigo de Minas Gerais, deve ter
influenciado o pensamento turístico mineiro, a exemplo que aconteceu com as linhas
de pensamento no país, e que foi constatado em Curitiba com a UFPR (MEDAGLIA e
SILVEIRA, 2010).
Outro fator que gera impacto positivo na renda é o nível de formação e de cursos
realizados após formado. O gráfico abaixo apresenta os dados gerais (independente
do sexo dos respondentes) acerca da amostra.
O quadro que segue apresenta as divisões por salários e por sexo, de acordo
com as atividades profissionais principais mencionadas pelos respondentes.
Faixa Salarial
De R$ 9.001 a R$ 10.000
De R$ 1.201 a R$ 1.500
De R$ 1.501 a R$ 2.000
De R$ 2.001 a R$ 2.500
De R$ 2.501 a R$ 3.000
De R$ 3.001 a R$ 3.500
De R$ 3.501 a R$ 4.000
De R$ 4.001 a R$ 4.500
De R$ 4.501 a R$ 5.000
De R$ 5.001 a R$ 6.000
De R$ 6.001 a R$ 7.000
De R$ 7.001 a R$ 8.000
De R$ 8.001 a R$ 9.000
De R$ 901 a R$ 1.200
Acima de R$ 10.000
De R$ 501 a R$ 900
Total Geral
Até R$ 500
Atuação Profissional
Agencias ou Operadoras 1 5 6 9 3 3 1 1 29
Feminino 1 2 4 7 3 2 19
Masculino 3 2 2 1 1 1 10
Alimentos e Bebidas 1 1 1 3
Feminino 1 1 2
Masculino 1 1
Consultoria empresarial 1 2 1 1 1 6
Feminino 1 1 2
Masculino 1 2 1 4
Consultoria para destinos 1 3 2 1 7
Feminino 1 2 2 5
Masculino 1 1 2
Docência 1 1 2 2 3 2 2 5 1 6 1 1 1 1 29
Feminino 1 1 1 2 1 1 2 3 1 1 14
Masculino 1 1 1 1 1 1 3 1 3 1 1 15
Eventos 2 2 5 1 4 1 1 1 17
Feminino 1 1 4 1 3 1 11
Masculino 1 1 1 1 1 1 6
Hospedagem 1 1 9 3 5 2 2 1 1 2 1 28
Feminino 1 1 7 2 1 2 1 1 1 17
Masculino 2 3 3 1 1 1 11
Lazer e Recreação 1 1 2
Feminino 1 1 2
Não estou trabalhando 14 5 1 2 1 23
Feminino 12 4 1 2 19
Masculino 2 1 1 4
Órgãos oficiais (públicos) da área com criação e/ou
implementação de políticas 5 4 3 1 3 2 1 1 20
Feminino 2 2 1 1 2 1 9
Masculino 3 2 2 1 2 1 11
Órgãos oficiais (públicos) da área em outros
setores 2 1 1 2 1 1 8
Feminino 1 1 1 2 1 6
Masculino 1 1 2
Órgãos oficiais (públicos) de áreas afins 2 2 1 2 1 1 1 10
Feminino 1 2 1 1 1 6
Masculino 1 1 1 1 4
Outra área ligada a turismo 2 2 3 3 2 2 1 1 1 17
Feminino 2 2 3 3 2 1 1 1 15
Masculino 1 1 2
Outra área sem ligação com o turismo 2 6 9 7 4 5 5 2 3 1 2 1 47
Feminino 2 6 6 4 4 3 2 1 1 1 2 32
Masculino 3 3 2 3 1 2 1 15
Pesquisa 1 2 2 1 6
Feminino 1 1 1 1 4
Masculino 1 1 2
Planejamento Turístico 1 5 1 1 4 1 1 1 1 1 17
Feminino 1 3 1 1 2 1 1 1 11
Masculino 2 2 1 1 6
Transportes 1 1 3 3 1 9
Feminino 1 1 3 5
Masculino 1 2 1 4
Total Geral 20 30 46 36 32 28 20 14 12 10 6 12 5 1 1 1 4 278
Ainda que a tabela fale muito por si, cabe ressaltar alguns pontos. Em primeiro
lugar a predominância das mulheres em praticamente todas as áreas que mais
empregam turismólogos. Essa predominância seria esperada em virtude do tamanho
da amostra de cada sexo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO: Esse trabalho tem como objetivo identificar e apresentar quais são as
ferramentas do turismo que estão envolvidas com o Festival Mix Brasil de Cultura
da Diversidade, no que se refere aos indivíduos homoeróticos. A ligação com a
cadeia produtiva do turismo, atendando-se para as notícias, referente ao evento, no
Jornal Folha de S. Paulo desde 1993, ano de origem do festival no país, bem como
a Revista Junior, (as edições que antecedem o mês de novembro, mês da realização
do evento) e por fim o Portal Mix Brasil e os sites oficiais de cada ano do festival.
Para isso, Historicizaremos brevemente o festival da diversidade e identificaremos
os equipamentos turísticos mais envolvidos com o evento, para então, entender os
artefatos de cosumo entre os sujeitos homoeróticos em relação ao turismo.
ABSTRACT: This article aims to identify and show the evolved tools of tourism on
Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade related to homoerotics individuals. The
connection with the tourism productive chain, marketing consume. It was focused on
the published event News on Folha de S.Paulo newspaper since 1993, year that the
event was established in Brazil. Junior Magazine (the editions, since 2007, prior to
November month that host the festival). The site Mix Brazil and the oficial websites
of each year of the festival. I was made a summarized historical line of the diversified
festival, idenfying the mist touristic equipments embodied with the event so it was
possible to undestand the connection between the consume artifacts and tourism.
Keywords: Festival Mix Brazil, Consume, Tourism.
Introdução
Ao redor do Festival
Compartilhamos o pensamento que a autora Giacaglia possui, que os eventos
“tem como característica principal proporcionar uma ocasião extraordinária ao encontro
de pessoas, com finalidade específica, a qual constitui o tema principal do evento e
justifica a sua realização”5. Esse espaço de sociabilização que a autora cita também
inclui, no caso desse texto, um envolvimento com toda a cadeia produtiva do mercado
turístico, pelo festival ter abrangência de vários dias e repercussão internacional.
Esse interesse em comum que está presente desde o primeiro festival em 1993
2 André Fischer - Jornalista e empresário. Proprietário do site Mix Brasil, criador e editor da Revista Júnior.
Idealizador e um dos diretores do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade. Trabalhou no Folha de S. Paulo,
escrevendo a coluna GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) do jornal entre 1996 a 2006.
3 GARCIA, Eliana Maria. Gestão do Festival Mix Brasil: a cultura da diversidade em foco. 2013, p.9.
4 SILVA, Marco Aurélio da. Territórios do Desejo: Performance, Territorialidade e Cinema no Festival Mix
Brasil da Diversidade Sexual, p. 27.
5 GIACAGLIA, Maria Cecília. Organização de Eventos – Teoria e Prática. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2009, p. 9.
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pelo tema central da diversidade sexual, que ao longo do tempo foi se modificando,
mas sem perder sua essência, que são as mostras de curta-metragem a respeito da
diversidade sexual. Um evento que tem como tema central a diversidade sexual, que
em 1994, em sua segunda edição, teve 15 mil participantes6, movimenta, diretamente
e indiretamente, outros estabelecimentos e entre eles estão os equipamentos turísticos
e toda a rede turística.
Segundo Franzolim existe maneiras de entender um evento, que se caracteriza
como um festival, uma vez que reúne mais de 1.000 pessoas e sua duração entre um
a três dias ou mais7, no caso desse festival tem duração média de sete dias, alguns
deles possuindo duração de até dez dias, e já na segunda edição com participação de
15 mil pessoas. Um festival que logo no inicio já consegue atingir essa quantidade de
público não pode passar despercebido pela sociedade. “Os eventos são classificados,
ainda, segundo a natureza dos assuntos tratados, alcançando uma variação muito
extensa. Os mais comuns são políticos, sociais, religiosos, científicos, comerciais,
artísticos, culturais ou esportivos”8.
7 FRANZOLIM, Ivan. Organização de Eventos para o terceiro Setor. São Paulo Mythos Editora, 2008,
classifica eventos de entretenimento, espetáculo de 1 a 3 hs de duração com o público maior que 200 pessoas e
Festival com duração de 1 a 5 dias com o público maior que 1.000 pessoas, p. 12
8 FRANZOLIM, Ivan. Organização de Eventos para o terceiro Setor. São Paulo Mythos Editora, 2008, p. 9.
9 http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/estruturacao_segmentos/
turismo_cultural.html, acesso em 20 de Novembro de 2013.
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diversas circunstâncias, pois cada local de realização do evento é diferente, com suas
peculiaridades, assim, o festival se reproduz de maneiras diferentes em cada lugar
de realização. Entende-se também que o turismo trabalha na perspectiva do visitante
conhecer o diferente, não remetendo somente a lugares ou paisagens diferentes, mas
também, a exposição, que não seja a heteronormativa, que percebemos ser veiculada
e propagada em todas as forma mais conhecidas de mídia. O festival Mix Brasil
tornando-se uma ferramenta importante para a visibilização de uma cultura diferente,
que não seja a tradicional, que estamos habituados a vivenciar.
Assim para ilustrar nosso pensamento a respeito do turismo e sua implicação
no conhecimento de outra cultura, Oliveira diz que “o termo visitante designa a pessoa
que visita um local diferente daquele de sua residência habitual, sem a intenção de
exercer ocupação remunerada no mesmo e cuja permanência não deve ultrapassar o
período de um ano”10. Ou seja, o evento, mesmo para as pessoas das cidades, torna-
se um território diferente para conhecer a cultura homoerótica.
O Mix Brasil versa sobre tema central da diversidade sexual, que ainda é um
tabu, e que não vemos ser tratado com relevância nas mídias mais conhecidas, tendo
um espaço alternativo do presente festival, que o acentua de maneira muito relevante
para a sociedade. Alternativo e diferente, o Mix Brasil cada vez mais vem conquistando
um público maior a cada ano, e que queiram interagir, não sendo apenas agentes
passivos das produções exibidas no festival, mas com uma participação ativa sem
preconceitos e predeterminações a respeito da diversidade sexual, por exemplo,
através das palestras que estão presentes em sua configuração atual.
Embora o festival trate de um tema que não é comum de ser mostrado com
tanta abrangência e abertamente, gerando muitas polêmicas, como por exemplo,
homossexualidade e religião. Este tema mais delicados de ser tratados socialmente
começaram a ganhar público e espaço para ser discutido.
O Festival existe com a proposta não somente de exibição de filmes, mas, como
espaço de sociabilização que o cinema propicia entre os espectadores e a discussão
sobre os temas propostos, pois em cada ano existe uma vertente diferente para tratar
a diversidade sexual. Em decorrência desse espaço de sociabilização, Silva, que
concentrou seu foco de estudo, sobre o Festival da Diversidade, em São Paulo, nas
edições de 2009 e 2010, comenta que:
10 OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 3 ed. rev e ampl. –
São Paulo: Atlas, 2001, p. 37.
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da mesma forma, o Mix Brasil, que concentra boa parte de sua programação
em cinemas de rua como o espaço Unibanco, não atrai simples espectadores.
É também um “evento marcado” (BAUMAN, 2008), em que as pessoas falam,
conversam, trocam, veem e são vistas. O lugar que já tem a sua decoração
voltada à sétima arte, com cartazes de produções famosas, durante os dias
do festival ostenta cartazes gigantes do Mix, material que segue a mesma
proposta visual de folders e catálogos, com imagens e slogans.13
11 SILVA, Marco Aurélio da. Territórios do Desejo: Performance, Territorialidade e Cinema no Festival Mix
Brasil da Diversidade Sexual, 2012, p. 69 e 70.
12 Idem, Ibidem, p. 68.
13 Idem, Ibidem p. 69
14 CANCLINI, Nestor García. Consumidores e cidadãos. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010, p. 60.
15 Idem, Ibidem.
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A rede de consumo
O festival é um evento internacional que atrai pessoas de todos os lugares,
além de trazer filmes e produções de outros locais, também recebe diretores de outros
países. “Cerca de 40% do movimento turístico internacional acontecem em função da
realização de eventos”20.
O visitante que prestigia um evento, precisa utilizar serviços e equipamentos
que envolvem a atividade turística, entre eles estão: meios de hospedagem, meios de
transporte, setor de alimentos e bebidas, agências e operadoras e o setor de lazer e
entretenimento que se torna o mais responsável pelo elo com o evento.
As grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro possuem uma vasta
variedade de equipamentos turísticos, por serem cidades que já recebem um fluxo
de turista considerável. Os meios de hospedagem como hotéis, pousadas, pensões,
albergues e motéis estão espalhados por toda a cidade e a hospedagem fica livre
escolha do visitante que prestigia o festival, pois possuem seus mais diversos preços
e diferente serviços, juntamente com meios de transporte, o setor de alimentos e
bebidas, agenciamento e operações turísticas e lazer e entretenimento.
Daremos maior atenção na parte de lazer e entretenimento, que são os
equipamentos detentores da maior variedade de opções nessas cidades. Composto
por praças, museus, boates, saunas, jardins, teatros, casas de dança, cinema.
Proporcionando ao turista do festival a possibilidade de visitar esses locais conciliando
com os horários do evento, e que muitos desses espaços são utilização para a
realização do festival.
Na edição de 2013 em São Paulo, por exemplo, os horários de exibição dos
filmes no espaço do CCSP foram entre as 16hs e 21hs, no espaço Itaú entre as 16hs e
22hs e apenas no dia nove de novembro uma exibição que começou a meia noite, no
CINESESC entre 18hs e 22hs possibilitando o entretenimento na madrugada após a
mostra ou na manhã e após o almoço no começo da tarde. Também algumas mostras
são realizadas a céu aberto em praças públicas.
No caso das saunas de São Paulo que possuem anúncios no portal Mix Brasil,
existem inúmeras para ficar a gosto do cliente. A sauna que possui maior destaque de
propaganda no site, está localizada em todo espaço superior, é a 269 Chilli Peppers
Single Hotel, localizada no bairro Largo do Arouche em São Paulo e, como mostra no
site da oficial da sauna, possui parceria com o Mix Brasil. Este estabelecimento além
de funcionar como entretenimento também possui serviço de hospedagem. Existindo
uma variedade de horários de permanência como por exemplo 6hs, meia diária e a
diária. Tipos de hospedagem Single21, o Red Suite22 e a Master Suite23 a variação
do preço é de acordo com o dia da semana, final de semana, véspera de feriado ou
feriados os preços aumentam. Não podemos deixar de notar que também é a sauna
mais luxuosa de todas, com o presos variados dos mais altos valores.
Wild Thermas Club, Thermas for Friends, Upgrade Club, Labirinttu’s, Thermas
484, Man’s Club Thermas e Club 245 são exemplos de outras saunas. Estabelecimentos
como o Black Out Club e um sex club que possui o mesmo estilo de casas de swing
só que para o público gay, a Peep Lounge que possui espaço com um lounge com
vista parcial do subsolo, onde o cliente pode usufruir de cabines individuais, vídeos
eróticos, glory holes24, janelas face to face e cabines coletivas de dark room. Locais
para o público libertar sua erótica como bem entenderem, as opções de lazer não se
restringem apenas as saunas.
A respeito das baladas de são Paulo também as opções são variadas para o
público gay, entre elas, A Lôca, Blue Space, Bubu Lounge, Cantho Dance Club, Clube
Glória, Estúdio Emme, Flex Club, Hot Hot, Lions Night Club, Megga Club, Shelter
Club, The Week, Tunnel, Yacht Club, D-Edge, Tunnel, Bofetada Club, Sonique, The
Society e Ursound.
Bares gays de São Paulo, mas alguns deles não são estritamente ao público
gay: Bar da Lôca, bar do Netão, Athenas Café, Bar da Dida, Café Vermont, Caneca
de Prata, Directo’s Gourmet, Espeto de Bambu, Frey Café, O Gato, Queem, Foral de
Madalena e Clube Flamingo.
21 Uma cama de solteiro e Tv.
22 Equivale ao quadro duplo, uma cama de casal e Tv.
23 Com cama de casal, Tv e banheira.
24 Buracos em divisas, onde de um lado a pessoa expõe seu membro sexual no buraco e do outro lado a outra
pessoa faz o que lhe satisfaz.
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Baladas gays mais conhecidas no Rio de janeiro são a The Week, Galeria
Café, La Cuerva, Papa G, Boate 1140, Cine Ideal, Fosfobox Bar, Le Boy, Le Girl e a
Zero Zero, Thermas Leblon, Rio G SPA, Sauna Carioca, Sauna Copacabana, Club 29,
Projeto SB, Termas MV 30, Buena Vista Big Field Saunas, Miami Bar, Termas Monte
Carlo, Termas Centaurus, Termas Solarium, Clube Cancun, Bonsucesso e Termas
Catete. Algumas delas possuem parceria com o evento, que nos dias de realização
fazem festas especiais para atrair o público que frequenta o festival.
Sobre o turismo homossexual Nunan afirma que:
O festival propicia, desde sua primeira edição, a parceria com boates realizando
festas especificas nos dias da realização do evento e com sua programação que
proporciona ao turista desbravar a cidade, em todos os períodos, movimentando todo
o mercado turístico.
No portal online Mix Brasil que proporciona uma imensa rede da vida
gay de vários locais, entre elas, sauna, boates, bares, restaurantes tudo voltado
25 Idem, ibidem.
26 OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 3 ed. rev e ampl.
– São Paulo: Atlas, 2001, p. 87.
27 Idem, Ibidem.
28 NUNAN, Adriana. Homossexualidade: do preconceito aos padrões de consumo. Rio de Janeiro:
Caravansarai, 2003, p. 160 - 161.
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Considerações Finais
O Festival da diversidade sexual é um ótimo exemplo de uma atividade econômica
ligada diretamente a informação e o conhecimento. Utilizando das ferramentas do
cinema, música, teatro e literatura, ou seja, diretamente ligada a indústria criativa.
Não foi citado nesse artigo a indústria criativa, pois podemos percebê-la em todo o
contexto do festival, está intrínseca ao evento, por tratar diretamente com a cultura.
Inconcebível a ideia de separação de indústria criativa e o Festival Mix Brasil da
Cultura da Diversidade.
O Festival da diversidade é como um enorme difusor da cultura homoerótica
proporcionando a essa população uma visibilização através do consumo de produtos
oferecidos diretamente, pelas atrações do evento, como indiretamente, como, por
exemplo o turismo, movimentando toda a cadeia produtiva turística, através de seus
equipamentos. Fazendo com que mantenha o calendário de eventos da cidade
preenchido e fazendo com que, os fluxo de turista, nas cidades de realização, aumente.
Todos tendem a ganhar com esta aumento de fluxo em período de Novembro, que é
o mês consagrado de realização do festival.
A importância da ocorrência do eventos nos grandes centros urbanos, eixo Rio-
São Paulo, ao mesmo tempo, propicia uma grande visibilidade da cultura homoerótica
à comunidade heteronormativa e a invisibilidade do indivíduo. Pois estas duas cidades
proporcionam a invisibilização do indivíduo, pela sua imensa extensão, sentindo-se
assim, mais seguro para a libertação de sua erótica nos mais variados equipamentos
de entretenimento e lazer vinculados ao seu desejo.
Os sujeitos homoeróticos, como podemos perceber, são visibilizados através do
poder de consumo que possuem. Detém grande poder econômico, possuindo liberdade
de consumo mais abrangentes e específicos. Os produtos que são destinados a este
público geralmente são apresentados como lugares luxuoso, atendimentos impecáveis
e preços altos, só para o público que realmente possuí condições reais para a compra.
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Referências
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Abstract: This work aims to analyze and present the relationship between the individual
and some homoerotic consumption level present in gay print media of contemporary
Brazil, paying attention here for tourism products present in Junior magazine, one of
the last magazines gay press to emerge in Brazil in 2007 and still in circulation . For
this historicizaremos briefly the emergence of the gay press in the country, as well as
the process of building the homoerotic visibility in Brazil . To realize that perhaps the
homosexual who has access to specific tourism products here in the case, or other
types of products for them, may for some time be oblivious to the bigoted, sexist ,
etc., treatment , heterosexual society , while consuming , but for their friendship as an
integrated subject in society , relating with people other than homosexuals.
Keywords : Representations , Cultural History, Sexuality .
Ele é criado após Winston Leyland, dono da revista Gay Sushine de San
Francisco entrar em contato com a única pessoa a assinar sua revista na América
Latina, no caso o advogado e ativista João Antônio Mascarenhas, no intuito de
criar uma antologia de literatura homossexual na América Latina. A proposta não foi
para frente, porém surgiu após uma reunião entre algumas pessoas que formariam
essa antologia a criação de um jornal feito por e para homossexuais, mas também
abordando questões não só ligadas a homossexualidade, como a toda minoria3 que
sofria com as repressões da sociedade. O seu conselho editorial aparece na primeira
edição (número 0) assim: Adão Acosta, Aguinaldo Silva, Antônio Chrysóstomo,
Clovis Marques, Gasparino Damata e João Antônio Mascarenhas (jornalistas); Darcy
Penteado (artista plástico); Jean Claude Bernardet (crítico de cinema); Peter Fry
(antropólogo); Francisco Bittencourt (poeta e critico de arte) e João Silvério Trevisan
(cineasta e escritor). Aguinaldo Silva desempenhava a função de coordenador de
edição.
4 Algo que já acontecia no movimento norte-americano e europeu nos anos 1960 e 1970.
5 CHARTIER, Roger. A história cultural entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Difel/
Bertrand Brasil, 1990, p.17.
6 Cf: PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Revista
Estudos Feministas, Florianópolis, n. 19, v. 1, 2011, p.11-20. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/
ref/v19n1/a02v19n1.pdf>. Acesso: 30/04/2013
7 ADELMAN, Míriam. Paradoxos da Identidade: A Política de Orientação Sexual no Século XX. Revista de
Sociologia e Política, n.14, 2000, p.162-171, p. 165.. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n14/a09n14.pdf.
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1920.8 A imagem do ser doentio, perverso, construída historicamente não foi – e não
– é diferente no Brasil. E o discurso enquanto ferramenta do poder unido com suas
normas e suas regras de comportamento sobre o desejo e o corpo criou algumas ideias
sobre o significado da sexualidade/corpo no âmbito da sociedade. Essas noções são
trazidas, por exemplo, por Michel Foucault9:
8 Cf: KATZ, Jonathan Ned. A Invenção da Heterossexualidade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, p. 31.
9 Cf: FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de Saber. Rio de Janeiro, Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II: O uso dos Prazeres. Rio de Janeiro, Graal, 1984. FOUCAULT,
Michel. História da Sexualidade III: O cuidado de Si. Graal, 2007. FOUCAULT, Michel. A ordem do Discurso. São
Paulo, Loyola, 1996. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Petrópolis, Vozes, 1987.
10 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 25.
11 FOUCAULT, Michel. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de Saber. Rio de Janeiro,
Graal, 1988, p.47.
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O jornal Snob foi fundado em 1961 (alguns trabalhos dizem, 1963, outros, 1964)
por Agildo Guimarães e Anuar Farah no Rio de Janeiro, e que incentivou o surgimento
de outros pequenos jornais gays, numa grande e pioneira cadeia de informações e
intercâmbio15. Seus textos a maioria versavam sobre amenidades e badalações sociais,
também havia indicações culturais, reportagens, classificados, charges, concursos de
contos, poemas, roteiros gays, textos transcritos de jornais ou revistas da grande
imprensa, assinados por Darcy Penteado, Antônio Bivar, e outros. 16
Dizia um leitor em uma carta enviada ao jornal após o seu segundo número que
Lampião da Esquina vinha na hora certa. Que os homossexuais estavam afundando
em matéria de jornalismo homossexual e isto seria uma insuficiência da capacidade
dos homossexuais de lutar por algo de bom em prol de sua afirmação. “Tínhamos o
Mundo Gay, que acabou se perdendo em sua própria fragilidade. O Entender também
se crucificou entre tantos “roteiros” e mau caratismo, O Boletim Eros animou um pouco
pela diferença sobre os demais” 20.
15 Vinte e sete publicações circularam na época. Destaques no Rio para: Snob, Le Femme,
Subúrbio à noite e o Boletim da Aliança de Ativistas Homossexuais, com trabalhos de pesquisa e
análises sobre comportamentos sexuais. MÍCCOLIS, Leila. “Snob”, “Le Femme”... Os bons tempo da
imprensa guei. Lampião da Esquina, n. 28, setembro de 1980, p. 6.
16 Idem, ibidem.
17 COSTA, Rogério da Silva Martins da Costa. Sociabilidade homoerótica masculina no Rio de
Janeiro na década de 1960: relatos do jornal O Snob. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens
Culturais e Projetos Sociais), Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais do
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC, Fundação
Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2010, p. 41.
18 Idem, ibidem.
19 Idem.
20 FERREIRA, José Alcides. Pauladas na “bichórdia”. Lampião da Esquina, n. 2, junho de 1978,
p. 2.
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Corro a defender Little Darling e Tiraninho, que José Alcides Ferreira rejeitou
como produção de “uma camarilha machista, que só consegue se impor
através do ridículo, da vulgaridade e do beautiful people indigesto do Sr.
Anuar Farah e Cia . Não duvido, não, que maioria das coisas que se produz
numa sociedade basicamente machista carregam a mancha. Não duvido
tampouco que a antiga distinção entre bichas e homens diz muito a respeito da
dominação dos homens sobre as mulheres na cama e na vida cotidiana. Mas
acho cruel e preconceituoso simplesmente descartar o trabalho jornalístico
de um verdadeiro pioneiro como Waldeilton di Paula, o responsável pelos
jornais Foto e Fofocas, Baby, Zéfiro, Little 26.
para publicar coisas como essas”27. O periódico O Inimigo do Rei, bimensário lançado
em Salvador, sob a proposta de entrar na faixa dos assuntos proibidos ou normalmente
não veiculados pela grande imprensa “nem, sequer, pelos nanicos pretensamente
libertários”28. Bem como jornais não homossexuais como Sinba, que tinha em seu
editorial, coisas estimulantes como “um jornal negro deve se dirigir à massa negra
informando, e não estar somente voltado para a sociedade branca, reivindicando” 29.
E jornais de outros países como e voltados para as mulheres como o Las Mujeres
que se tratava de uma publicação colombiana, cuja finalidade era “publicar artigos
que se refiram à mulher como sujeito participante da organização social por pessoas
ou grupos interessados nesta reflexão”, assim como o periódico El Outro, também
colombiano 30.
Apresentaremos aqui uma das mais recentes revistas voltadas para o público
LGBT, a revista Junior, essencialmente a seção de turismo, que é um dos objetivos
deste texto. Assim apresentaremos as características gerais e de formação da revista,
dando ênfase á seção de turismo, no que se diz respeito aos produtos turísticos
ofertados, para que em seguida possamos refletir sobre uma possível formação do que
se entende por “mercado gay” no Brasil, refletindo sobre as representações 35sobre o
sujeito homoerótico e o consumo no âmbito da mídia impressa gay.
Para isso foi necessário uma análise detalhada da revista Junior, ela foi feita
por meio de fichas, em que foi possível observar a estrutura da revista, o que se oferta
de produtos e serviços, e principalmente, a seção de turismo, observando os produtos
turísticos ofertados. Desta forma serão apresentadas as características principais da
revista para que em seguida apresentemos a seção de turismo, destacando os países
e as cidades ofertadas pela revista.
A Junior apareceria pela primeira vez em outubro de 2007, com tiragem média
de 30 mil exemplares. A princípio, era publicada trimestralmente. Após algumas
reformulações, diminuiu a tiragem, mas aumentou a periodicidade. Hoje é mensal e
distribuída para 158 cidades brasileiras e 18 portuguesas.36 Em relação à escolha do
nome, segundo o seu editor André Fischer, “Junior é o teu filho, é o filho que o gay
não tem, então é um nome de todo homem, mas ele dá essa conotação de ser jovem
34 SOUSA NETO, Miguel Rodrigues. In: FONSECA, Leandro. O arco íris atrás das nuvens negras.
Op. cit.
35 Tomando de empréstimo de Roger Chartier a noção de representação, que permite articular
três registros de realidade: por um lado, as representações coletivas, que incorporam nos indivíduos as
divisões do mundo social e organizam os esquemas de percepção a partir dos quais eles classificam,
julgam e agem; por outro, as formas de exibição e de estilização da identidade que pretendem ver
reconhecida; enfim, a delegação representantes (indivíduos particulares, instituições e estancias
abstratas) da coerência e da estabilidade assim afirmada. CHARTIER, Roger. A história cultural entre
práticas e representações. Op. cit.
36 PÉRET, Flávia. Imprensa gay no Brasil. São Paulo: Publifolha, 2011, p. 91.
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Algumas imagens, que a revista expõem pode-se observar essa relação das
imagens com o erótico, contradizendo a ideia da revista (porém esse não é o nosso foco,
e sim apresentar a revista, mas torna-se importante essa reflexão, para imaginarmos
o significado dessas imagens). A revista é dividida em várias seções, destacando-se
com mais páginas as seções de moda e ensaio (fotos com modelos masculinos).
A revista surge com mais de 100 páginas, e mantendo-se aproximadamente esse
número pelas 15 primeiras edições, diminuindo aos poucos e variando a partir da
edição 16, de 84 a 100 páginas.
Algumas questões – por mais que, numa quantidade menor – ligadas à política
também se encontra em suas páginas, além, é claro, dos anúncios, que preenchem
as páginas da revista, destacando, clubes; estética, festas, serviços, etc., a revista
apresenta uma seção de consumo, assim será apresentado a seguir alguns anúncios,
e posteriormente algumas imagens da seção de consumo, para que possamos
observar algumas características da revista e passar para seção de turismo.
39 KOTLER, Philip; FOX, K. Marketing Estratégico para Instituições Educacionais. São Paulo:
Atlas, 1994.
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André Fischer criador da sigla, conta que ela foi lançada em 1994, na primeira
edição do Festival Mix Brasil de Cinema e Diversidade Sexual. “Observamos
que o público não era formado apenas por gays e lésbicas, mas também
por pessoas interessadas em cultura. Resolvemos chamar esse grupo de
simpatizantes”. Ele explica que GLS é um conceito da área de marketing,
uma versão brasileira para aquilo que os norte americanos chama de gay
friendly.40
O período que seria o grande ápice desse mercado e talvez a sua consolidação
estariam nos anos de 1990, em que “viram empreendimentos gls pequenos se
transformarem em grandes empresas, e as grandes empresas do mercado tradicional
acordarem para o potencial do segmento gls e fazerem esforços para conquistá-lo.”43
Além disso, “companhia aéreas, bancos, seguradoras, fabricantes de automóveis, a
indústria da moda em geral, dos cosméticos e de informática criaram produtos para
homossexuais ou investiram pesadamente para que eles chegassem a esses produtos
direcionado a eles.” Nessa década começa-se também os grandes eventos voltados
aos homossexuais como por exemplo “o gay day da Disney, que passou a atrair mais
de 120 mil pessoas todos os anos”44, e Hopy Hari em São Paulo. Desta forma:
No que diz respeito ao início do século XXI, “a troca de ideias e conceitos, que
já existia entre viajantes por conta da busca de estratégias para vencer o preconceito,
é acelerada pelos meios de comunicação internacionalização”.48 Dando continuação
a um segmento de mercado GLS, que seria, “toda a atividade econômica focada nos
consumidores homossexuais que aceitam com naturalidade sua orientação sexual,
desejando consumir produtos e serviços direcionados ao seu estilo de vida”.49
Por fim...
A mídia impressa pós Lampião, destacadas nesse trabalho, passa a possuir mais
páginas para o consumo, além de algumas reportagens girarem entorno da formação
de um consumo. O homossexual que já foi visto como pecaminoso, doente e perverso,
além de outras coisas, adquirindo esses produtos/serviços deixa de ser esse ser
“horrível” que a sociedade heteronormativa vê, e passa a ser visto sem desigualdade,
mas até que ponto?
51 Revista JUNIOR, n1, out./2007.
52 REINAUDO, Franco & BACELLAR, Laura. O mercado GLS. Op cit, p. 52.
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Pensemos então que exista um grupo de pessoas que sofrem repressão á anos
no decorrer da história, passando por seres “infectados” a “perversos” e outros nomes
que surgiram e surgem por ai, por sentirem afeto e desejo por pessoas do mesmo
sexo. Nesse decorrer surgem pessoas e empresas que oferecem produtos e serviços
a essas pessoas, em que, consumindo-os, por um instante ela não será vista e nem
tratada com desigualdade, podendo desfrutar tranquilamente do que consomem.
Essas ofertas de consumo para o público LGBT estão presentes por todas as partes,
como na internet, televisão, rádio, revistas, outdoors, etc.
Documentação
JUNIOR. São Paulo: Mix Brasil. 2007–2012, (Números: 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12,
13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 25, 26, 27, 33, 34, 38 ).
Referências Bibliográficas
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PRECIADO, Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”.
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REINAUDO, Franco & BACELLAR, Laura. O mercado GLS: como obter sucesso
com o segmento de maior potencial da atualidade. – São Paulo: Ideia & Ação,
2008, p. 45.
INTRODUÇÃO
Nesta perspectiva, essa análise propôs verificar como a experiência com o TBC
tem contribuído para o protagonismo e a resiliência social e individual por intermédio
das iniciativas do MMIB, utilizando métodos científicos com base na teoria de sistema
social com ênfase na resiliência. As atividades foram colocadas em prática no período
entre outubro de 2011 e dezembro de 2012.
Mostra-se cada vez mais forte a presença das mulheres no ramo econômico,
entre diferentes setores e ocupações; mas os conflitos em relação ao gênero ainda
persistem e “inflamam” as divergências nessas relações sociais. Essa estratificação,
presente nas relações de gênero, permite observar que alguns setores são tidos mais
femininos que outros, e as atividades realizadas por mulheres, de forma geral, não
recebem o mesmo prestígio ou remuneração (COELHO, 2013). Na sociedade atual o
perfil das mulheres é muito distinto daquele do começo do século. Além de trabalhar
e ocupar funções de responsabilidade, assim como os homens, elas possuem
paralelamente, as tarefas tradicionais de ser mãe e dona de casa. Trabalhar fora
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de casa é uma conquista, relativamente, recente das mulheres. Auferir seu próprio
dinheiro, ser autônoma e ainda ter sua competência reconhecida é ensejo de orgulho
para todas. Apesar do progresso da mulher dentro de atividades antes exclusivamente
masculinas, e apesar de adquirir mais instrução, os salários não acompanharam este
crescimento.
são focos no modelo da fundação do MMIB, assim como, a busca pela construção
da cidadania e do desenvolvimento sustentável. Para diagnosticar a resiliência, a
inclusão, a valorização e a autonomia do gênero dentro do movimento, realizou-se
uma investigação por meio de observações diretas e aplicação de questionários às
mulheres, integrantes do movimento. Os dados permitiram a comparação entre as
respostas dadas pelos inquiridos e os objetivos da pesquisa, que são: analisar as
características das mulheres do movimento; levantar os fatores que levaram cada
uma a integrá-lo; identificar a aceitação do marido/família em relação a autonomia e
a igualdade do gênero; analisar por meio da perspectiva de resiliência a igualdade,
valorização do trabalho feminino e inclusão social; e de que forma elas evoluíram
socialmente e economicamente a partir do MMIB.
No final das análises observou-se que em todos os grupos (faixa etária) houve
resposta positiva a promoção da resiliência. As mulheres saíram de situações de
risco ou precarização para um protagonismo individual, familiar e finalmente social.
Creditam ao MMIB a responsabilidade por mudanças concretas e positivas em suas
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para que a localidade perdesse o titulo de lugar tranquilo. Entretanto, por tratar-se de
uma comunidade com relações interpessoais bem próximas (referem-se ao grupo),
ainda existe a sensação de segurança referindo-se aos vínculos sociais. (Gráfico 2).
CONSIDERAÇOES
O debate sobre gênero tem sido extenso e intenso nas últimas décadas.
Compreender sua importância é desmistificar visões e descortinar preconceitos.
Assim, este ensaio que objetivou analisar a relação gênero, turismo e a resiliência que
envolve o universo feminino, contribui mesmo que timidamente, com a descoberta e a
afirmação da figura feminina por meio de suas lutas e conquistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RUBIN, G. The traffic in Women: Notes on the ‘Political Economy’ of Sex. In:
RESUMO: A busca em conhecer novos destinos turísticos está cada vez mais
evidente. A construção da imagem desses destinos é elemento fundamental para o
desenvolvimento turístico de uma região, sendo a imagem o recurso mais usado para
comercialização de um atrativo, em muitos casos determinantes no processo de compra
e decisão de escolha de um destino. Dentre um dos entraves que pode vir a ameaçar
essa construção desta imagem e sustentabilidade de um destino, está a prostituição.
A prostituição no turismo, como afirma alguns autores, faz parte das externalidades
negativas, que ameaçam a sustentabilidade turística de uma localidade por alimentar
o trafico de mulheres, exploração de menores e tráfico de entorpecentes, denegrindo
assim, a imagem turística do destino. Concomitante ao desenvolvimento do turismo
na região observou-se uma migração da atividade de prostituição do centro da cidade
para o Bairro de Atalaia. Desta forma, o trabalho propôs apresentar o resultado de
uma pesquisa que analisou o impacto que a atividade de prostituição provoca na Orla
de Atalaia, principal cartão postal de Aracaju – SE, localizada no Bairro de Atalaia. A
pesquisa buscou identificar ações de coibição; o cenário e a percepção de turistas,
profissionais do sexo, empresários e comunidade sobre relação prostituição versus
turismo. A metodologia utilizada foi através da análise de conteúdo de Bardin, sendo de
natureza qualiquantitativa, descritiva com aplicação de entrevistas semiestruturadas.
Os resultados apresentados comprovaram que a atividade de prostituição no bairro
não é motivada pelo turismo na região, contrariando o questionamento de que o
desenvolvimento da atividade turística poderia ser o principal fator de deslocamento e
de crescimento da prostituição no Bairro da Atalaia.
PALAVRAS-CHAVE: TURISMO. ESPAÇOS TURISTICOS. PROSTITUIÇÃO.
ABSTRACT: The quest to know new tourist destinations is increasingly evident. The
construction of the image of these destinations is essential element for the development
of tourism in a region, being the image the most used feature for the marketing of
an attraction, in many cases determinants in the purchasing process and decision to
choose a destination. Among the obstacles that could threaten the construction of this
image and sustainability of a destination, is prostitution. The prostitution in tourism,
as some authors say, is part of the negative externalities, which threaten the tourism
sustainability of a site by feeding the human trafficking, the exploitation of children and
the narcotics trade, denigrating the tourist image of the destination. Concomitant with
the development of tourism in the region there was a migration of activity of prostitution
from the center of the city to the District of Atalaia. In this way, the work proposed
present the result of a study that examined the impact that the activity of prostitution
causes on the Atalaia seashore, the main post card of Aracaju – Sergipe, located in
the neighborhood of Atalaia. The study searched to identify actions on halting; the
scenario and the perception of tourists, sex workers, entrepreneurs and community
about the relationship prostitution versus tourism. The methodology used was through
content analysis of Bardin, being of qualitative-descriptive nature, with the application
of semi-structured interviews. The presented results have proven that the activity of
prostitution in the neighborhood is not motivated by tourism in the region, contrary
1357
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to the questioning that the development of tourist activity could be the main factor of
displacement and growth of prostitution in the neighborhood of Atalaia.
KEYWORDS: TOURISM. TURISTIC SITES. PROSTITUTION.
INTRODUÇÃO
O grande “boom” para o turismo foi entre anos 70 e 80, que apontava como a
Indústria do Futuro, e começou a receber investimentos em todos os países do mundo,
sendo sempre citado como uma solução para crises financeiras e um segmento
econômico de grande perspectiva de crescimento. Um reforço à nacionalidade, fez
com que a EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo passasse a lançar várias
campanhas que enalteciam não só as belezas naturais, mas também a “sexualidade
da mulher brasileira”. Nos cartazes de divulgação, folders, filmes publicitários e na
presença em congressos mundiais sobre turismo, a participação da mulata e negra
brasileira era presença certa, formando assim a imagem turística brasileira (AFFONSO,
2006).
O corpo que antes era tido sagrado confunde-se com a lógica do capital que
transformou o prazer em um bem de consumo, movimentando milhares de pessoas
em busca deste produto. O ato de transformar o corpo como objeto de consumo pode
ser considerado um dos piores atos de degradação do ser humano.
construção, contudo, mesmo antes de sua criação, na década de 30, a rádio criou
uma das personalidades que durante muito tempo foi símbolo do Brasil no exterior,
Carmem Miranda, onde suas canções foram levadas ao exterior, assim como seus
filmes e roupas, que viriam, mais tarde a colaborar para a imagem de um país sensual.
(BIGNAMI, 2002).
A rede de tráfico de mulheres fica a cada dia mais sofisticada e a falta de ação
das autoridades corrobora para desenvolvimento. Os negociadores colocam anúncios
em jornais, montam empresas de representação ou agências de modelos, buscando
chamar a atenção de mulheres e adolescentes ambiciosas, propõem empregos no
exterior, com altos salários. Formam pacotes sedutores, em que a “única” coisa que
essas mulheres têm que dar em troca, é a sensualidade. Contudo muitas são enganadas
e vão parar em outros países onde serão obrigadas a se prostituir, vivendo sempre
sobre ameaça, tem seus passaportes confiscados, ficando a mercê da violência em
um país em que sequer conhecem a língua. Outras sabem e vão para poder conseguir
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Feijó (2002) afirma que com essa premissa o perfil que se tem hoje é que
prostituição virou business e acabou o romantismo. A prostituição hoje representa as
características que conhecemos como resultante de um desenvolvimento urbano e
social. A atividade de prostituição hoje está organizada, por isso está bem estruturada
e foge do monitoramento das ações preventivas no turismo.
Vale ressaltar que viajar para conhecer pessoas e até ter relações sexuais
nessas viagens não é crime. Só passa a ser crime quando este se transforma em um
mercado exploratório de seres humanos que ficam expostos para consumo sexual
por turistas. O Ministério do Turismo define essas viagens com motivações sexuais
para a prática de exploração sexual no turismo, uma deformidade do turismo, uma
demanda que não gera divisas nem desenvolvimento. Uma vez que, a finalidade do
turismo é gerar economia e divisas para o país, promovendo, assim, a melhoria da
qualidade de vida da comunidade local. Segundo Mendonça (apud Bartholo, 2009),
em várias cidades da região Nordeste, principalmente no litoral, o turismo surge como
alternativa para desenvolvimento local.
O que se pode notar que embora grande parte dos entrevistados considerarem
desnecessária a participação em programas de enfrentamento, não pode negar que
problemas existem e podem ser tornar cada vez mais evidentes e alarmantes. A
existência da prostituição no bairro, pelos dados coletados, afeta mais aos moradores
do que turistas e donos de estabelecimentos. Quando abordados sobre ações que
poderiam conter ou coibir a prática no local, os entrevistados alegaram que poderiam
ser realizadas ações do tipo:
mencionou em sua fala “Aqui é mais tranquilo, mesmo sem um policiamento mais
frequente, podemos sair a qualquer hora e voltar para o hotel tranquilo, nunca vi roubo,
em recife tem muito roubo e prostitutas na orla, a visão é muito constrangedora.” Mesmo
com esta fala, a presença da prostituição já é notada pelos turistas, no resultado de
22% dos entrevistados, mas não é tão agressiva como em outras capitais.
O Bairro de Atalaia por estar localizado na zona sul da cidade, é o bairro mais
procurado para uma moradia tranquila, associada ao contato com a natureza e o
status de morar em uma área nobre. Após a reforma da orla de atalaia, a especulação
imobiliária passou a atuar no bairro de forma mais expressiva com surgimento
de grandes condomínios, e empreendimentos turísticos atraindo cada vez mais
interessados pelo desenvolvimento do bairro.
de preocupação, não pela atividade em si, mas, pelo que vêm agregados a ela, como
roubos, barulhos, atentado ao pudor, drogas e outros. Mesmo com o crescimento
desta pratica no bairro, a percepção dos pelos moradores é que ainda não é fator de
mudança de bairro. Os períodos mais problemáticos de convívio com a prostituição
foram mais frequentes nas falas da tabela a seguir:
O quarto e ultimo roteiro foi com as profissionais do sexo, onde buscou traçar
seu perfil, o que apresentou aspectos diferentes, hoje há mais garotas e travestis. As
mais antigas na profissão exercem a função por opção e prazer. Já as novatas são
representadas por um grupo que não teve opções de trabalho. Isso demonstrou a
existência de vários grupos. Não há uma união de classes. Hoje ninguém se envolve
com ninguém e não tem fixação de ponto. Cada um trabalha para si mesmo. “Prostituta
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tem o que quer, e hoje pode guardar mais dinheiro*”, o que significa dizer que hoje elas
conhecem mais seus direitos, e as que estão na orla estão para ganhar dinheiro, e
não porque são desfavorecidas. Quanto ao horário para o trabalho é melhor pela tarde
e noite, pois 65% trabalham pela tarde, e preferem este horário pela tranquilidade,
“porque a família não vê, nem os amigos”, e desta forma fazem o próprio horário. As
entrevistadas alegam que trabalhar à noite é perigoso, tem muitas noias², e há muita
bagunça, drogas e malandragem. Das 35% que trabalham pela noite, falam que o
horário é mais movimentado, porque é horário que há mais “turistas e empresários”,
na fala de uma delas.
Na analise feita elas preferem o bairro por ser distante de casa, porque os
familiares e amigos não têm acesso e com isso facilita a privacidade que elas querem
para trabalhar. A tranquilidade do bairro também foi um dos pontos em destacados.
Quando abordadas porque não o centro da cidade, elas afirmaram que os clientes
do centro não pagam bem, e é bem mais perigoso, fora que lá elas têm que dar
porcentagem a terceiros (donos de pousadas, cafetões, traficantes, e outros). A tabela
abaixo relata as falas do motivo de escolha pelo bairro:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Maldonado (apud Bartholo et al. 2009) afirma que é preciso fortalecer a base
dos espaços apropriados pelo turismo. A busca por novos destinos vem se tornando
uma prática cada vez mais frequente.
para o turismo, desenvolvido pela OMT, em que o turismo deve ser utilizado como
instrumento de desenvolvimento pessoal e coletivo de toda a sociedade, gerando
além de divisas, qualidade de vida. Dentre essas externalidades negativas, como já
abordados nesta pesquisa está a exploração sexual no turismo, vulgarizado como
“turismo sexual”.
REFERÊNCIAS
BEM, Ari Soares de. A Dialética do Turismo Sexual. Campinas: Papirus, 2005.
CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira. Turismo com ética. Fortaleza: UECE,
1998.
CRUZ, Rita C. A. Introdução à geografia do Turismo. 2 ed. São Paulo: Ed. Roca,
2003.
OPPERMAN, Martin. Sex tourism. Annals of tourism research. Nova Iorque, Elvesier
Foundation, v. 26, n.2, 1999, p. 251-266.
PISCITTELLI, A. Entre a praia de Iracema e a união europeia. In: SILVA, M.C. da (Orgs).
Turismo sexual internacional, exotismo e autenticidade: relatos de viajantes a
procura de sexo Campinas: UNICAMP, 2002.
ABSTRACT: This paper aims to discuss the importance of memory places for cultural
tourism . Considerations for cultural tourism site of memory are made . Presents
concepts about places memory and notions of cultural heritage to emphasize the
importance of valuing and preserving these spaces to the location . This article aims
at presenting the memory locations of the historic center of the capital São Luís by
analyzing the project Educational Tour , quantitative and qualitative research bias
performed in three steps ( literature research , interviews and review of material) with
the aim of through interviews conducted with elderly residents , which would identify
their places of memory and thus disclose it for the purposes of cultural tourism and
strengthening of local identities . What happens on stage not completed. Through the
survey results , we found that the places considered sacralized by the government
elected by the match eventually searched , but so many others are outside these
traditional circuits , but also must be disclosed as a form of cultural strengthening .
INTRODUÇÃO
Tal Centro Histórico compreende uma área com 220 hectares, composto por
aproximadamente 3.000 imóveis e incontáveis bens imateriais que representam
a cultura da localidade e um forte atrativo turístico no estado. Tendo em vista esta
potencialidade, o Turismo Cultural trabalha na perspectiva de conservar e entrelaçar
conceitos sobre patrimônio e identidade, e o Turismo Pedagógico, como ferramenta
deste trabalho, proporciona instrumentos de pesquisa e extensão a fim de desenvolver
tais atividades
Kennedy, seguiam pelas Cajazeiras, por bairros como Coreia de Cima, Coreia de
Baixo, Belira, Codozinho, Goiabal, Macaúba, Madre Deus e São Pantaleão, nos
bairros Diamante, Camboa, Centro e na Deodoro, os principais que formam a área de
entorno do centro da capital, que responderam aos questionários aplicados e cederam
imagens pessoais para auxiliar no desenvolvimento das atividades.
Personalidades como o senhor Manoel Setúbal de 73 anos, natural de Cururupu
- MA e morador do bairro Coreia de Cima há 50 anos desde quando se mudou para a
capital. Manoel justifica seus lugares memória por sua trajetória na capital remetendo-
se à família e à sua juventude quando trabalhava para ajudar seus pais na antiga
Fábrica Cânhamo. Hoje frequenta a Praça da Bíblia, lugar que considera como sua
memória viva, cotidiana.
Assim como Manoel, o senhor Edilson Louzeiros também frequenta a Praça da
Bíblia, com 56 anos de idade e morador do bairro Codozinho ele atualmente é vendedor
de roupas esportivas e acessórios para carros na Avenida Kennedy. Simpático e jovial,
Edilson conta como aquele espaço era na sua infância:
5%
Sé
16% 32% Remédios
São João Batista
22%
São Pedro e São
25% Pantaleão
Outra bastante lembrada pelos idosos foi a Igreja de Nossa Senhora dos
Remédios. Única em estilo gótico está situada na Rua Rio Branco, de frente para a
Praça Gonçalves Dias. Foi erguida em 1719, onde eram realizadas umas das mais
tradicionais festas maranhenses da santa padroeira. Sua atual construção é datada
de 1860.
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Pode-se observar que a ligação dessa faixa etária com as práticas religiosas
ainda é bastante relevante à época da sua juventude. Essa situação também pode ser
explicada pelas alternativas de lazer resumidas pelo tamanho da cidade. Esse lugar
memória pode ser considerado um misto de devoção e lazer.
9%
Gonçalves Dias
9%
41% Deodoro
12% João Lisboa
O primeiro, o Teatro Arthur Azevedo foi bastante lembrado pelos participantes
da pesquisa, e bem citado em suas histórias. É um dos grandes teatros nacionais do
ponto de vista histórico e cultural que guarda muito sobre a história da dramaturgia
nacional. É um prédio no estilo arquitetônico neoclássico, que foi construído no início
do séc. XIX. Está localizado entre as ruas do Sol e da Paz, um dos pontos mais
importantes do centro da capital maranhense. Seu primeiro nome foi Teatro União,
mais foi rebatizado com o nome atual em homenagem ao grande teatrólogo maranhense
Arthur Azevedo.
O segundo, o Parque bom Menino foi construído com o objetivo de fazer maior
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inclusão social na área, para as crianças e jovens pobres que não podiam frequentar
as quadras esportivas dos clubes da cidade. Sua área total é de 9.557 m², ele possui
duas estações de alongamento, pista de Cooper, um centro cultural e o Ginásio
poliesportivo Tião.
O Arthur Azevedo é também símbolo do auge da elite ludovicense, sendo assim
a maioria dos idosos entrevistados nem sequer podiam entrar no espaço àquela época,
apenas ouviam as histórias contadas por conhecidos patrões que o frequentavam
ou pelo que avistavam da fachada. O parque, construção mais recente, é hoje para
nossos colaboradores um forte ponto de encontro onde eles realizam suas atividades
físicas e participam de jogos, competições e eventos sociais em geral.
As atividades do cotidiano estão vivas em nossa memória, e foram bastante
destacadas pelos idosos. Lembrada quando se referiam às compras e passeios, a
Casa das Tulhas, ou popularmente conhecida como Feira da Praia Grande, é uma
edificação retangular no meio do Mercado do Centro Histórico. O edifício possui quatro
entradas, e a principal delas está localizada na Rua da Estrela.
O Mercado teve o seu apogeu econômico no século XVIII quando ainda
funcionava como depósito de mercadorias importadas para a cidade e também como
celeiro. Com o enfraquecimento deste tipo de negócio o prédio passou a alocar pontos
de comercialização de diversas mercadorias e alimentos, e também de pequenas
atividades culturais. Atualmente parte da área externa do mercado é dedicada às lojas
comerciais que vendem artesanato e vestuário. Por dentro do espaço diversos boxes
e barracas vendem produtos ligados à gastronomia típica de São Luís.
Além da Casa das Tulhas, o Palácio dos Leões foi frequentemente citado
pela sua beleza e imponência para a cidade, e por sua importância para o Estado
do Maranhão. Trata-se acima de tudo de uma obra de arte, que representa um
dos maiores símbolos da cultura local. O forte onde ele está localizado foi erguido
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Sendo pela sua representação histórica ou pelo fato de ser um simples espaço
de comércio, moradia e lazer, as ruas do Centro foram muito bem lembradas por
todos os nossos entrevistados. Em suas histórias sempre havia um fato marcante
que lhe traziam lembranças ocorridas nos becos e ruas de pedra da Praia Grande,
sejam estas nas áreas por onde passava o bondinho, nas avenidas que vinham se
modernizando a cada ano com o comércio ou nos pequenos becos e escadarias de
acesso a bairros e casarões tradicionais.
As ruas da Praia Grande foram as mais citadas, tanto por essa representatividade
como por sua integralização com os projetos de revitalização do Centro Histórico,
que foram ao longo de períodos políticos, implantados com o intuito de melhorar sua
infraestrutura e transformá-lo em um conservado ponto turístico para a cidade.
Infelizmente, algumas dessas políticas foram tardias ou estão sendo
insuficientes, fato que nos leva aos dados do último gráfico de nossa pesquisa:
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3% 2%
Fábrica Cânhamo (Ceprama) e
Fábrica São Luís (em ruínas)
Bonde (Antiga Companhia Ferro-
30% Carril)
30% Estrada de Ferro (Antiga REFESA)
Com o processo de falhas de políticas públicas e do processo natural de
desenvolvimento da cidade, muitas propostas evoluíram ou simplesmente foram
extintas por não corresponderem mais às necessidades atuais ou por não serem
realmente necessárias no ambiente urbano moderno. Como é o caso de alguns
lugares memória citados pelos idosos, como as fábricas que existiam no Centro que
fizeram parte diretamente da vida de muitos entrevistados que ainda trabalharam ou
viveram a época de ouro da indústria ludovicense.
As Fábricas Cânhamo e São Luís foram fábricas têxteis e de lanifícios que
iniciaram suas atividades na capital no sec. XIX e mantiveram-se ate o final dos anos
70. Foram ícones da economia a ser trazida pela indústria têxtil e produção de algodão
que se disseminava por todo o Brasil. Ambas funcionando por mais de 100 anos,
tiveram grande importância no processo de industrialização do Maranhão, onde parte
de sua produção era dedicada inclusive para exportação.
O transporte da época sem nenhuma dúvida foi um dos mais citados por todos.
Em 1871, a antiga companhia Ferro-Carril do Rio de Janeiro instalou-se em São Luís e
deu início a primeira linha de bondes que partiam do Largo do Palácio e passavam por
importantes ruas do centro, como a Rua da Estrela e a Rua dos Remédios, servindo
a população da área mais importante da cidade na época.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
E S PA Ç O I N T E G R A D O D O T U R I S M O
E N T R E V I S TA
1 . N O M E :
2 . I D A D E : 3 . N AT U R A L D E :
4 . B A I R R O :
5 . L U G A R - M E M Ó R I A :
6 . J U S T I F I C AT I VA :
1390
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( ) Remete à infância
( ) Remete à juventude
( ) Remete à família
( ) Remete ao trabalho
( ) Remete à relacionamentos
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ABSTRACT
This work is anchored in Reis (2008) in which the creative industries cover art, craft,
cultural industries and economic sectors that still rely on creativity and culture to
restore functionality, such as fashion, design, architecture, advertising, software and
digital media.The Cultural Entrepreneurship show perspectives for the development
of cultural tourism in neighborhood like the Madre Deus in São Luís-MA. The present
work has aims to integrate artistic manifestations, identifying the difficulties and facilities
faced by cultural entrepreneurs, pointing alternatives joints between entrepreneurs and
social agents in the development of its projects and the participation of the community
of the Madre Deus within the context of the creative economy. The methodology used
consisted of two steps: 1) literature review through consultation of books, monographs,
and articles for the understanding of the concepts of creative economy, cultural
entrepreneurship and cultural tourism, contributing in formatting creative products for
the quarter of the Madre Deus; 2) survey of spaces and cultural manifestations of
the Madre Deus through field research, systematization of data of artists, masters of
popular culture and the dynamics of cultural spaces in the neighborhood (hours of
operation, activities like workshops, courses, short courses, popular presentations,
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social activities, amongst others) and is in progress the drafting of the Cultural
Calendar of the Madre Deus that will consist of a system of cultural information to
be made available at tourist trade as a source of information and research, in order
to confer greater visibility of local cultural market. This calendar is given the name of
Madre Deus of Diversity. The results achieved were the mappings of the main cultural
events, activities that each performs and the main obstacles facing currently through
questionnaire applied the same.
INTRODUÇÃO
Reconhecer que todos os povos produzem cultura e que cada um tem uma
forma diferente de se expressar é aceitar a diversidade cultural. Este conceito nos
permite ter uma visão mais ampla do processo histórico, reconhecendo que não
existem culturas mais importantes do que outras. No que tange aos reflexos nas esferas
sociais e culturais, observa-se que a atividade turística promove um intercâmbio entre
os diversos povos, a partir do contato das comunidades locais com os visitantes ora
provocando benefícios, ora não, conforme a maneira que se dinamiza em determinada
localidade.
No Brasil algumas cidades têm se destacado por adotar atitudes que valorizam
a criatividade. Para citar apenas uma, destacamos a pequena cidade cearense de
Guaramiranga, que iniciou em 2000 um processo de transformação, tendo como
ícone o Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga. A fim de vencer alguns obstáculos,
o processo de desenvolvimento engendrado pelo Festival não foi implementado na
comunidade, mas com ela e por ela. Os espetáculos são complementados por oficinas,
atividades de ecoturismo, encontros entre novos talentos e nomes consagrados,
programação complementar entre cidades vizinhas, ensaios gratuitos, além de outras
atividades promotoras de um fluxo mais contínuo de turistas para a região, ao longo
do ano.
Destaca-se, também, que, mesmo sendo uma das áreas com maior potencial
de crescimento na geração de trabalho e renda, são poucos os que “vivem de cultura”.
Esse setor, apesar de sua importância, ainda tem pouca representatividade, talvez
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REVISÃO DA LITERATURA
denominado “Plano Maior”, que dentre suas ações, propôs a divisão do Estado em
cinco polos turísticos. A capital São Luís, que abriga o bairro Madre Deus, situa-se no
Polo Histórico-Cultural.
Segundo Deheinzelin (2006, p. 1), o conceito de cultura abarca, além das artes
e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças.
Um dos bairros mais antigos de São Luís, a Madre de Deus é o maior polo
centralizador de manifestações populares. Nesse sentido, o bairro se harmoniza com
as festas, tornando-se o ponto central de um complexo turístico-cultural de grande
relevância. Destaca-se a presença da comunidade em manifestações como o carnaval
de rua e os festejos juninos.
Mas a Madre Deus destaca-se também por reunir vários outros elementos como
a Casa das Minas, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-
IPHAN; a Casa de Nagô; a Companhia Barrica, que reúne o Boi Barrica (que se
apresenta nos festejos juninos), o Bicho Terra (que se apresenta durante os festejos
carnavalescos), a Natalina da Paixão (que se apresenta no período natalino); o bloco
carnavalesco Fuzileiros da Fuzarca, bloco mais tradicional de São Luís, fundado em
1936; e demais companhias carnavalescas como Máquina de Descascar Alho; Turma
do Quinto, Flor do Samba. Destaca-se também o Centro de Comercialização de
Produtos Artesanais do Maranhão-CEPRAMA, antiga fábrica têxtil da Companhia
de Fiação e Tecidos de Cânhamo, que expõe e vende o artesanato produzido em todo
o Estado.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAIS
Almanaque Abril 2010. Ano 36. São Paulo: Editora Abril, 2010.
Cultural, 2008.
Florida, Richard. Cities and the Creative Class. New York: Routledge, 2005. HARTLEY,
John. Creative industries. Malden, MA, Oxford e Victoria: Blackwell, 2005.
REIS, Ana Carla Fonseca; URANI, André. Cidades criativas – perspectivas brasileiras.
In:
REIS, Ana Carla Fonseca; KAGEYAMA, Peter (Orgs.). Cidades criativas: perspectivas.
São Paulo: Garimpo de soluções, 2011.
Sites:
<http://colunistas.ig.com.br/monadorf/2010/03/24/cidades-criativas-perspectivas>.
Acesso em 07 de novembro de 2013.
INTRODUÇÃO
POLÍTICAS PÚBLICAS
A política pública pode ser entendida como o campo do conhecimento que coloca
o governo em ação, que ao mesmo tempo analisa essa ação e quando necessário
propõem mudanças no rumo ou curso dessa ação, (SOUZA, 2006).
recente, já que só a partir da década de 1990 é que há uma real percepção por parte
dos governantes da função do turismo é de sua definição, dando assim uma agilidade
em seu desenvolvimento e passando a priorizar o fenômeno turístico em seus planos
de desenvolvimento. Foi criado no ano de 1991 o primeiro Plano de Desenvolvimento
do Turismo. No ano de 1992 foi implantado, o PLANTUR (Plano Nacional de Turismo),
como consequência da nova política nacional de turismo. Segundo Becker (2001,
p.5), o embasamento do plano é a diversificação e a distribuição geográfica da
infraestrutura, que estava altamente concentrada no Sul e no Nordeste. Sendo este
entendido como ferramenta para o desenvolvimento regional.
METODOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO DE XAMBIOÁ
História esta que pode ser observada nas misteriosas inscrições em grandes
lajeiros de pedra, localizado na ilha dos Martírios, à margem direita do Rio Araguaia,
subindo alguns quilômetros de Xambioá. Desde o século XVII são conhecidos estes
5 Paulo Cesar Lucena de Sousa, graduado pela Unitins – Fundação Universidade do Tocantins -
no curso de licenciatura em letras no ano 1997, especialista em literatura brasileira e literatura escolar
pela Cesgranrio – Fundação Cesgranrio. Forneceu seu material didático para estudos da caracteriza-
ção histórica do município de Xambioá-TO.
6 Bispo Dominicano Dom Luiz Antônio Teixeira Palha - http://www.cnbbn2.org.br/2012/index.php/
dioceses/diocese-de-conceicao-do-araguaia
1411
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turístico. Por ter uma condição dinâmica, ela constrói e modifica sistemas simbólicos,
sendo fundamental para o desenvolvimento humano. Na cidade de Xambioá são
exemplos de manifestações populares: o carnaval, realizado duas vezes ao ano sendo
o primeiro entre os meses de fevereiro é março e o segundo em julho (Micareta),
tendo blocos carnavalescos tradicionais que surgiram por volta da década de 60 e se
faz presente até os dias atuais; a semana santa; as festas de São João; a folia de reis,
as festas do divino, entre outras manifestações culturais e religiosas, fazem parte da
diversidade cultural do município.
Sua estrutura física não chega a ser aconchegante aos trabalhos diários. Possui rede
de internet é intranet ligada ao sistema da prefeitura municipal, e um link dentro do
site da prefeitura10. Não há banco de dados com informações sistematizadas sobre o
município.
Por outro lado, a Secretaria de Cultura e Turismo procura otimizar suas ações
através de parcerias com outras secretarias (Secretaria de Obras, Secretarias
de Desenvolvimento, Secretaria de Esporte, demais secretarias), mas quanto a
relação e a comunicação entre a Secretaria de Cultura e Turismo do município e a
Agencia de Desenvolvimento Turístico do Estado do Tocantins (ADTUR/TO), orgão
descentralizador do turismo no estado, constatou-se que o vínculo entre as duas
instituições limita-se apenas em telefonemas para sanar dúvidas sem quaisquer
outras ações conjuntas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
pela ação sobre o pensamento dando uma compreensão adequada acerca das políticas
pública voltadas para o turismo, e como, onde e quanto investir é buscar parcerias que
visam resolver problemas pontuais na gestão pública da atividade turística.
Apesar de tratar-se de medidas com efeitos a longo prazo, não cabe apenas a
participação via COMTUR por meio de representantes com interesses divergentes e
não reconhecidos pela maioria não envolvida, mas diretamente afetada pela exploração
irresponsável do turismo. O que fica é a compreensão acerca da importância de se
repensar novos modelos de gestão municipal que contemple a comunidade, não
apenas investindo em conselhos especializados, mas criando novos mecanismos e
ferramentas de participação adequados as sociedades quase sempre carentes de
formação, informação e qualidade de vida de um modo geral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade refletir sobre a relação entre turismo, etnicidade e
populações quilombolas, tendo como campo empírico o Quilombo Mocambo, situado
no município de Porto da Folha em Sergipe. O estudo foi realizado por meio de pesquisa
teórica e empírica, servindo-se da pesquisa bibliográfica e de campo, com aplicação
de entrevista, registro fotográfico e observação não participante. A pesquisa revelou
que a comunidade conta como um conjunto de bens culturais materiais e imateriais
que podem se tornar atrativos turísticos, atendendo à demanda específica para o
desenvolvimento do Turismo Étnico. O trabalho identificou também que o principal
potencial turístico local é o patrimônio imaterial, baseado na memória e na história
centenária deste povo de origem africana, que ao longo do tempo se misturou aos
índios vizinhos, com quem mantém relações de parentesco, trabalho e cooperação.
Entretanto, é importante salientar que o processo de inserção do turismo no respectivo
território deve ser conduzido pela própria comunidade, garantindo a sustentabilidade
dos recursos existentes.
ABSTRACT
This article aims to reflect on the relationship between tourism populations, ethnicity
and brown, as an empirical field Quilombo Mocambo, located in the municipality of
Porto da Folha in Sergipe. The study was conducted by means of theoretical and
empirical research, using library research and field application of the interview,
photographic record and non-participant observation. The investigation revealed that
the community has a set of tangible and intangible cultural assets can become tourist
attractions, taking into account the specific development of ethnic tourism demand.
The study also identified that the main touristic potential is intangible heritage, based
on memory and the centennial history of people of African origin who eventually mixed
with the neighboring Indians, maintaining family relationships, work and cooperation.
However, it is noteworthy that the process of integration of tourism in its territory should
be community-driven, ensuring the sustainability of existing resources.
INTRODUÇÃO
O título VIII, capítulo VII, artigo nº 68, título X, afirma que “aos remanescentes
das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”. E assim
inúmeras comunidades de negros espalhadas por todo o Brasil puderam tornar
realidade sua demanda pelas terras ocupadas por eles há décadas, ao se afirmarem
como remanescentes de comunidades quilombolas e portadores de uma identidade
étnica diferenciada. Desta forma, muitas comunidades puderam receber a titulação de
suas terras. Os indivíduos a elas pertencentes se beneficiaram das ações afirmativas,
como reconhecimento ao direito de propriedade coletiva garantida pela Constituição
Brasileira aos grupos étnicos quilombolas. Desta forma podemos compreender o
sentido de etnicidade como:
O PATRIMÔNIO CULTURAL
O TURISMO ÉTNICO
Nos últimos tempos conhecer outros modos de vida tem sido a motivação
para o deslocamento de diversos indivíduos. A necessidade de libertar-se de sua
rotina e sair do seu espaço de convivência estimula a busca por distintos espaços.
A experiência turística diferenciada possibilita a satisfação da necessidade de outros
conhecimentos. Para Krippendorf (2003, p. 47):
[...] o ser humano viaja, sobretudo em função de um desejo de fuga. Na
verdade, esta seria a principal razão de ser do turismo hoje. O universo
industrial é percebido como uma prisão que incita a evasão. E isto porque,
na realidade, o mundo do trabalho é feio, o ambiente é desagradável,
uniformizado e envenenado, o ser humano é tomado pela necessidade
obsessiva de se liberar, o que torna inevitável o desejo de fuga.
e de comunidades negras”.
O atrativo é a etnicidade da comunidade anfitriã, pois os visitantes estão
interessados na apreciação e contato com os modos de vida diferenciados deste local.
Portanto, quanto mais preservados são estes ambientes, maior será a autenticidade
destas comunidades, pois há um fortalecimento de suas referências étnicas. Conforme
Silva e Carvalho (2010, p. 209):
a) As festas religiosas
religião do povo do Mocambo esta baseada na fé católica, tendo como
padroeira a Gloriosa Santa Cruz. Os festejos são realizados no 1º domingo de maio,
sendo antecedidos por nove noites de novena e dois dias de festa, finalizando com a
procissão no domingo. O evento é realizado por uma coordenação, com organização
de leilão para manutenção da igreja e do evento religioso, atraindo cerca de 4.000
visitantes de diversas localidades neste período.
Em junho também é comemorado a festa junina de São João, São Pedro e Santo
Antônio, com forró e comidas típicas como pamonha e milho assado e apresentação
da quadrilha mirim da escola do Mocambo. O carnaval também é comemorado e
durante os festejos a brincadeira é jogar água uns nos outros.
b) O samba de coco
A dança do samba de coco é uma das manifestações mais importantes da
comunidade do Mocambo, pois está relacionada à colheita de arroz nas lagoas e ao
modo de plantar a roça, reforçando o laço de solidariedade entre eles. Conforme Arruti
(2006), apesar de cada família possuir e ser responsável pelo seu trecho de arrozal,
a colheita tinha de ser realizada em tempo muito preciso. Assim, antes que a lagoa
secasse, as famílias se reuniam para o trabalho em mutirão. Arruti (2006, p. 228)
ressalta ainda que:
c) A vaquejada
A criação de gado é uma das principais atividades econômicas do Alto Sertão,
tendo com ela a figura do vaqueiro, que está na lida diária do rebanho. A vaquejada,
esta importante manifestação cultural, teve início no Nordeste por volta da década de
1940 e era organizada pelos coronéis como passatempo para suas famílias, tendo os
vaqueiros como participantes principais. Com o tempo as vaquejadas se popularizaram
e se tornaram uma atividade recreativa de caráter competitivo, no qual a dupla de
vaqueiros, vestida em suas roupas de couro e montada a cavalo, corre atrás de um
boi em circuito de mata fechada de caatinga, até conseguir capturá-lo, ao fim a melhor
dupla recebe um prêmio (SILVA, 2007, s/n).
No Mocambo (Foto 01 e 02), como não podia ser diferente, esta manifestação
cultural também está presente. A principal vaquejada da comunidade acontece no fim
do mês de julho. Durante o período da festa, o Parque da Vaquejada do Mocambo
chega a receber cerca de 4.000 visitantes, premiando os melhores competidores,
inclusive com dinheiro, bezerros e televisão. Mas outras vaquejadas de menor porte
também acontecem ao longo do ano, se tornando um dos principais entretenimentos
dos moradores da região.
d) As igrejas
Existem duas igrejas no território quilombola, que são a Igreja de Santa Cruz
(Foto 03) que fica no povoado do Mocambo e a Capela Sagrado Coração de Jesus
do Jaciobá (Foto 04 e 05), um pouco mais distante. Esta última foi tombada pelo
Governo Estadual de Sergipe, mas não foi restaurada. Seu estado de conservação
é precário e não tem sido utilizada pela população. Já a Igreja de Santa Cruz é a
mais utilizada para os rituais religiosos. Recebe sempre manutenção e está em bom
estado de conservação. Elas constituem parte do patrimônio edificado da comunidade
e destacam-se como espaço para associação entre religião e cultura.
riqueza dos fazendeiros de gado daquela época. Atualmente apenas a casa da antiga
Fazenda Floresta (Foto 10 e 11) está em uso e encontra-se conservada. Já a outra
casa, pertencente à antiga Fazenda Rosa Cruz (Foto 12) não tem morador e necessita
de reforma no telhado.
f) A gastronomia
A gastronomia local baseia-se na culinária sertaneja em que se usa basicamente
a mandioca cozida, o inhame cozido, a batata doce cozida, o peixe, o cuscuz com
ovos e leite, a carne de sol, o queijo coalho e o ribacão que é um prato semelhante ao
baião de dois.
Existem duas fabriquetas de queijo coalho e duas fabriquetas de doces, que
funcionam nos fundos das casas dos proprietários e são totalmente artesanais.
A produção é vendida na própria comunidade e o excedente é levado para ser
comercializado na feira da cidade alagoana de Pão de Açúcar.
1434
XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
10 a 13 de novembro de 2014 - Universidade Federal de Juiz de Fora
Departamento de Turismo
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Desireé Souza¹
Márcia Barbosa²
ABSTRACT: This article aims to identify the main impacts of major sport events to
the event organizers of Rio de Janeiro and explore the thematic about the training
of local manpower. About the methods used for data collection, a semi-structured
questionnaire was developed, with open and closed questions, bibliographical and
documentary research, in addition to on-site observation. The partial results showed
that the capture of major events is not causing any kind of benefit or significant change
in the routine of the companies, which draws attention to the need for further research
to examine the impact of these events on other sectors of the economy and tourism.
KEYWORDS: Megaevents. Impacts. Bequest. Rio de Janeiro.
INTRODUÇÃO
A ideia de que “Eventos são uma forma inigualável de atração turística” (GETZ,
1989, p. 125) e de que um dos modos mais procurados e fáceis de se promover
turisticamente nos dias atuais é através dos eventos (REIS, 2008) vem sendo
comprovada através das disputas cada vez mais acirradas entre as nações pelo título
de cidade-sede de um dos megaeventos mundiais.
do turismo, quando cita o caso dos Jogos Olímpicos realizados na Austrália, onde o
Conselho de Prognóstico Turístico do país (TourismForecastingCouncil), em 1998,
estimou que cerca de 1.6 milhão de turistas estrangeiros visitariam o país no período
que ia de 1997 a 2004. E frente a esta projeção, o Conselho também conjecturou que
os turistas estrangeiros que visitariam a Austrália, induzidos pelos Jogos Olímpicos,
gerariam em torno de 2.9 bilhões de dólares australianos, fazendo com que o turismo
fosse responsável por um impacto em torno de 44,6% na economia local.
Frente aos dados, é possível notar que sediar eventos de tamanha importância e
notoriedade é um fator que, além de atingir diversos setores, movimenta e desenvolve
significativamente a economia do turismo. A relação entre megaeventos e turismo
está em constante desenvolvimento e, consequentemente, faz com que boa parte
dos países direcione suas estratégias e melhorem suas táticas para candidatar-se
como país-sede destes, com o objetivo de conseguir a sua fatia de todas as possíveis
melhorias esperadas nos mais diversos setores da economia, gestão, infraestrutura e
desenvolvimento do país.
Com isso, é possível notar que um bom planejamento e uma gestão feita por
uma equipe de profissionais altamente qualificados, além do comprometimento em
fazer com que estes megaeventos sejam efetivamente promissores para as cidades a
curto, médio e longo prazo, são algumas das peças-chave e fazem-se absolutamente
necessários para que os resultados sejam positivos para a nação de um modo geral,
caso contrário, pode-se obter como resultado um legado negativo.
maior Produto Interno Bruto turístico do mundo até 2022”, sendo que, atualmente é o
sexto colocado neste mesmo ranking.
A Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016 são vistos pelo Plano
Nacional de Turismo como “grandes desafios e oportunidades excepcionais para o
desenvolvimento do turismo brasileiro”. Frente a isso, boa parte dos esforços que
estão sendo feitos para a melhoria e a adaptação do país para sediar tais eventos é
uma junção de forças dos governos federal, estaduais e municipais onde “preparar o
turismo brasileiro para os megaeventos” ocupa a primeira posição dentre os quatro
objetivos estratégicos listados no PNT.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para avaliação do panorama turístico atual com relação aos impactos dos
megaeventos na cidade e coleta de dados, foi aplicado um questionário composto por
doze perguntas semiestruturadas (abertas e fechadas), onde foram entrevistadas, no
total, oito empresas organizadoras de eventos do Rio de Janeiro. Além das entrevistas
realizadas, informações foram buscadas através de pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e métodos de observação in loco.
OBJETIVOS
• Identificar os principais impactos causados por megaeventos esportivos junto
às empresas organizadoras de eventos do Rio de Janeiro;
• Analisar os impactos dos megaeventos quanto à capacitação e absorção da
mão-de-obra;
• Discutir as possibilidades de legado no âmbito do aprendizado social e
empresarial.
• Habitação: as quatro vilas que ficarão como legado irão disponibilizar novos
apartamentos (mais de 24.000 quartos) nas proximidades dos locais dos Jogos;
• Desenvolvimento de habilidades: 48.000 adultos e jovens seguirão um
extenso programa de treinamento, financiado pelo Comitê Organizador Rio 2016,
visando formar profissionais e voluntários em setores de importância estratégica para
os Jogos. Este programa, apoiado pelo Governo, por instituições de formação e pelas
universidades, ajudará os participantes a encontrar emprego após os Jogos;
• Emprego: 50.000 empregos temporários e 15.000 empregos permanentes
serão criados nas áreas de grandes eventos, gestão de esporte, turismo e operações
das instalações, além de um número considerável de empregos na construção civil,
resultado dos importantes investimentos em infraestrutura. Oportunidades de emprego
permanente no comércio e na área de vendas também serão criadas
• Aquisição de bens para os Jogos: na medida do possível, o Comitê
Organizador Rio 2016 se comprometerá a adquirir serviços e equipamentos para os
Jogos nas comunidades locais, e apoiará o licenciamento de produtos ambientalmente
e socialmente responsáveis, como foi feito, com sucesso, durante os Jogos Pan-
americanos e Parapan-americanos Rio 2007.
Apesar dessas expectativas positivas, evidências atuais e a experiência de
outras cidades-sede, demonstram que os grandes eventos esportivos também trazem
consigo um grande número de impactos negativos. Na cidade do Rio de Janeiro,
um grande número de organizações da sociedade civil está chamando atenção para
alguns desses problemas.
Costa (2013) aponta que, para a cidade do Rio de Janeiro, já são claros os
motivos das reivindicações que a sociedade civil e os movimentos sociais estão
expressando, pois:
Com isso, fica claro que os megaeventos, quando feitos de forma bem
organizada, quando são executados com excelência, geram benefícios em forma de
legados que sucedem em diversos setores funcionais nos locais em que acontecem,
sendo de suma importância que haja a perpetuação desse legado para que possam
ser usufruídos pela população local, concebendo a possibilidade de fomentação de
novas oportunidades de crescimentos significativos resultantes de todo o investimento
financeiro e humano utilizados para sua concretização.
RESULTADOS PARCIAIS
GRÁFICO 1: GRÁFICO 2:
GRÁFICO 3: GRÁFICO 4:
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Departamento de Turismo
GRÁFICO 5: GRÁFICO 6:
afirmou que não conhece os cursos oferecidos pelo Governo Federal, bem como há
uma parcela quase nula de funcionários que tenham realizado qualquer um dos cursos
oferecidos. Além disso, as empresas não consideram os cursos do PRONATEC um
diferencial no currículo do candidato à contratação, sendo a experiência de mercado
e o desempenho na entrevista de seleção os fatores mais determinantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
o destaque que adquire por ser país-sede desses megaeventos, a ponto de crescer
cada vez mais como destino turístico e perpetuar essa notoriedade internacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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abr 2014.
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RESUMO
Está pesquisa tem por objetivo pesquisar sobre a percepção da população de Currais Novos/RN
quanto os aspectos relacionados ao desenvolvimento da atividade turística do município. A partir disso,
realizaram-se estudos bibliográficos para a construção do referencial teórico, além da investigação
de caráter documental, tomando como base a elaboração do Plano Municipal de Desenvolvimento
Turístico do município de Currais Novos/RN (PMDT), documento este elaborado pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com apoio do governo municipal e setor privado. Assim, o
estudo torna-se importante, pois, aborda os aspectos sociais de uma localidade, pelo fato da atividade
turística não acontecer, de forma harmônica, sem que a população participe do planejamento e de
fato esteja inserida no turismo. Para isso, sentiu-se a necessidade de elaborar uma pesquisa o qual
identificasse a visão da população quanto o desenvolvimento do turismo local. Por meio dos resultados
do estudo, revelou-se a percepção dos moradores de Currais Novos/RN quanto a atividade turística
local, podendo verificar a opinião dos moradores em relação às seguintes questões pertinentes: a
participação do turismo no desenvolvimento da cidade, envolvimento profissional da população com
a atividade turística, identidade cultural do município, obstáculo para o desenvolvimento turístico do
município, capacitação profissional da comunidade na área do turismo e o conhecimento da população
quanto a existência do curso de turismo da UFRN/Campus Currais Novos.
Palavras-Chave: Desenvolvimento Turístico. Planejamento. Currais Novos/RN. População.
ABSTRACT
Is research aims search on the perception of the population of Currais Novos/RN as the aspects related
to the development of tourist activity in the city. As A result, studies were carried out for the construction
of the theoretical framework, in addition to the research of documentary character, taking as a basis the
development of Municipal Plan of Tourism Development in the municipality of Currais Novos/RN (PMDT),
This document prepared by the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN) with the support of
the municipal government and the private sector. Thus, the study becomes important, therefore, deals
with the social aspects of a locality, by the fact that the tourist activity does not happen, a harmonic,
without which the population participating in the planning and in fact is inserted in tourism. For this
reason, we felt the need to draw up a research which identify the vision of the population regarding the
development of local tourism. By means of the results of the study, it was revealed that the perception
of the inhabitants of Currais Novos/RN as a tourist activity site, and may check the opinion of residents
in relation to the following relevant issues: The contribution of tourism in the development of the city,
professional involvement of the population with the tourist activity, cultural identity of the municipality,
obstacle to the development of tourism in the municipality, professional training of the community in the
area of tourism And the knowledge of the population regarding the existence of the course of tourism of
UFRN/Campus Currais Novos/ RN.
1 INTRODUÇÃO
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
informações, foi utilizada a pesquisa documental que se vale “[...] de materiais que
não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados
de acordo com os objetivos da pesquisa” (GIL, 2008, p. 51). Nesse caso, O Plano
Municipal de Desenvolvimento Turístico do município de Currais Novos/RN (PMDT),
documento este elaborado pelo Curso de Turismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (campus Currais Novos) com apoio da gestão municipal e do trade
turístico local, que serviu como base para construção dos resultados deste estudo e,
assim, atingir os objetivos propostos.
Mediante a isso, para alcançar o objetivo central do trabalho, foram aplicados
600 (seiscentos) formulários junto à população residente, em 2013, na construção
do PMDT. Na etapa seguinte, montou-se uma equipe de tabulação constituída por
seis discentes bolsistas e voluntários, utilizando como ferramenta o Microsoft Excel
2010. Para nível de análise da tabulação, foram utilizados gráficos e quadros que
apresentaram valores de porcentagem constituindo os resultados da pesquisa.
De acordo com Menezes e Silva (2005, p. 34) o formulário “é uma coleção
de questões e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a
outra pessoa (o informante)”. Este tipo de instrumento de pesquisa é relevante para
identificar os elementos que fazem parte da realidade do objeto de estudo.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Então, para a OMT (2003, p. 18) turismo significa: “as atividades das pessoas
que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente habitual por não mais
de um ano consecutivo para lazer, negócios ou outros objetivos”, dessa forma, não
se pode realizar turismo no seu lugar habitual, para ser turismo precisa realizar as
atividades por menos de um ano seja por qualquer motivação.
A atividade turística era vários impactos (positivos ou negativos), sendo
socioculturais, ambientais ou econômicos. Segundo Dias (2005, p. 122) os efeitos
sociais negativos trazidos pelo turismo são: ressentimento locais resultantes do
choque de culturas: motivados por valores e estilos de vida, etnias, grupos religiosos,
línguas, etc.; transformações na estrutura de trabalho: pode deslocar os trabalhadores
de outras atividades tradicionais para trabalhar com o turismo; problemas de saúde:
seja transportada por epidemias ou pelo esgotamento de infraestrutura; transformação
de valores e condutas morais: a presença dos turistas provoca mudanças de valores
sociais e nas atitudes cotidianas.
Além dos pontos negativos que foram citados acima, existem os aspectos
positivos gerados pela atividade turística, que ainda segundo Dias (2005, p. 124),
destacam-se: a conservação da herança cultura: justifica como necessário a cultura
para manter um atrativo turístico que gerará receitas para a comunidade; fortalecimento
da identidade cultural: por o turista e o anfitrião possuírem culturas diferentes, esse
contato pode gerar uma valorização da cultura local, sendo essa uma forma de
desenvolver a atividade turística. No caso do Brasil, um país de muitas culturas, o
turismo realizado no próprio país poderia ajudar nesse fortalecimento; Intercâmbio
intercultural: esse contato de turista e residente resulta em compreensão e respeito
mútuos, tolerância em relação aos valores, hábitos e costumes.
Nas falas de Dias (2005) percebe-se que o turismo pode gerar impactos
positivos e negativos, pode enriquecer a cultura local, bem como pode se perder com a
transformação de valores e condutas, para isso é necessário um planejamento prévio
de forma que a população possa assimilar a atividade turística como oportunidade de
manifestar seus valores e costumes sem perder as tradições.
Em outras palavras Castro (2002, p. 131) apresenta três situações as quais o
choque de cultura pode gerar: criarem-se grupos de contato primário para atividades
lúdicas ou apenas diálogos que versem inclusive sobre os respectivos grupos de
família ou trabalho; confirma-se o contato categórico, mantendo-se os residentes
apartados dos turistas; e ocorrer integração, quando os turistas deixam de ser visto
como tais, uma vez que participam da vida local e são considerados membros da
comunidade. Observa-se dessa forma, que a o ultimo ponto citado por Castro (2002)
é o ideal para o bom desenvolvimento da atividade turística em qualquer local, pois
trata-se de uma situação a qual o turista é bem recebido, é tido não só como fonte de
renda, porém também como membro da comunidade, com isso, o turismo passa a ser
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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Dessa forma, é possível notar que a comunidade não pode deixar de ser ouvida
e envolvida no processo de desenvolvimento da atividade turística, comunidade essa
que deverá fazer sua parte e entender que o turismo necessita de sua participação
e contribuição, identificando a importância de manter a cidade limpa, de prestar
serviços e informações de qualidade, conhecer a história da localidade. Importante
também ouvir e gerenciar as opiniões e procurar evitar conflitos da atividade com a
comunidade. Segundo Novo e Silva (2010), é primordial que a comunidade conheça
cada particularidade de sua cidade, seus deveres e direitos, para assim não só garantir
a melhor qualidade de vida, mas também para concordar ou discordas de possíveis
transformações no seu espaço. A sociedade em que a atividade se desenvolve é peça
fundamental para se manter viva a identidade e cultura local.
espaço geográfico cuja integração das pessoas entre si, e desses com o lugar, cria
uma identidade tão forte que tanto os habitantes como o lugar se identificam como
comunidade”. A autora apresenta uma indispensável relação entre população e
identidade, em que ambas se interligam de maneira constante.
No entanto, em muitos casos os moradores locais são esquecidos pelos
empreendedores que visam apenas o lucro. Ainda de acordo com Coriolano (2006,
p. 201) “como turismo globalizado voltado para os megaempreendimentos, chegou
aos países ditos em desenvolvimento, mas não incluí-las em seus projetos, muitas
comunidades, especialmente no Nordeste e Norte do País”. Desse modo, existe um
obstáculo que impede a geração de benefícios do turismo, que é a falta de integração
da população nas empresas que prestam serviços turísticos. Por isso, é importante
destacar que é de estrema importância a participação dos moradores na área, não
apenas pela questão financeira, mas também pela valorização da identidade local.
A partir do momento em que os empreendimentos são instalados nas localidades
e não dispõe de nenhum residente como colaborador, existem impactos, mas dessa
vez são negativos. Pelo fato do turismo circular capital econômico, os moradores
não podem fica isolados da dinamicidade turística, pois, até mesmo no momento
da implementação de políticas acabam não sendo tão priorizados, seja na forma de
iluminação pública ou de segurança, por exemplo, cujas principais ruas, bairros ou
avenidas de maior fluxo turístico tornam-se alvo de investimentos.
Além disso, os residentes podem participar na atividade turística pelo
desenvolvimento da prática do artesanato, por exemplo, cujas peças produzidas são
vendidas aos turistas, gerando assim, retorno econômico e fortalecimento da cultura
local. Desse modo, os moradores irão está envolvidos no desenvolvimento endógeno,
que é explanado pela identificação dos mecanismos de produtividade de uma região
ou município. Segundo Beni (2006, p.36): o desenvolvimento endógeno visa atender
ás necessidades e demandas da população local por meio da participação ativa da
comunidade envolvida.
5 RESULTADOS DA PESQUISA
pelo Gráfico 1.
ano, dessa forma movimenta toda a cidade, da população ao setor privado (como os
pequenos e grandes comerciantes locais). Os eventos aparecem com tal destaque,
talvez pelo fato de que, visualiza-se como sendo a principal atividade turística do
município.
As outras opções foram escolhidas e estão com resultados bem próximos,
como hospitalidade e atrativos naturais e atrativos culturais, gastronomia e artesanato
são os que aparecem com menores porcentagens, algo um pouco preocupante por
mostrar certa fragilidade nas questões culturais já que esses possuem estreita ligação
com cultura.
Diante dos dados expostos, pode-se perceber que mesmo com o grande número
de meios de comunicação em Currais Novos/RN, ainda existe uma considerável
parcela que não tem conhecimento do Curso de Turismo, algo preocupante e que
precisa ser analisado, pois esse fato não deveria ser tão expressivo atualmente. O
que deveria ser discutido tanto pelo governo municipal quanto pela Universidade. Em
relação às pessoas que sabiam da existência do Curso de Turismo em Currais Novos/
RN, foram relatadas as formas como se deu esse conhecimento, entre eles estão,
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XIII Encontro Nacional Turismo de Base Local
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Departamento de Turismo
por: amigos, familiares, alunos do Curso; bem como pela mídia local, já ter estudado
na UFRN e conhecer a oferta dos cursos, por estagiários, entre outros. Desse modo,
pode-se afirmar que existe diversos meios que possibilitam a divulgação do Curso,
algo positivo para se atingir a demanda de alunos e mostrar a importância para a
sociedade.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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NOVO, Cristiane Barroncas Maciel Costa; SILVA, Glaubécia Teixeira da.
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Tecnológica do Amazonas, 2010.55 p.
RESUMO
Este artigo está baseado na vivencia do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Cientifica
– PIBIC 2013/2014 realizado pelo Curso de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte. Objetiva elaborar novos roteiros turísticos para a capital do RN. O trabalho abordou a seguinte
temática: Roteirização Turística no segmento histórico-cultural. Tendo por primeiro campo de estudo
a zona administrativa leste da cidade do Natal-RN. O objetivo de revelar aos turistas o cotidiano da
população natalense e alavancar a renda do comércio local através da “turistificação” destes bairros e
valorização da cultura de seus moradores surge, com a sugestão de uma nova circulação turística. A
problemática encontrada no planejamento do roteiro histórico e cultural da cidade consiste no pouco
conhecimento e divulgação do receptivo local. Esta pesquisa justifica-se pelo fato de Natal ser um
importante destino turístico para seu Estado e suas potencialidades turísticas irem além do que só
o segmento de sol e mar. Com isso, esse artigo procurou valorizar, os demais bairros da zona leste
de Natal, além daqueles já consolidados turisticamente como históricos, como os de Cidade Alta, e
Ribeira, localizados nesta região. O(s) Roteiro(s) turísticos de cunho histórico e cultural que serão
propostos a partir deste trabalho tem o foco de abranger em um único passeio pela cidade todos os
bairros da zona leste de Natal, visto que foram os primeiros a surgir na capital do RN. Estes novos
roteiros trarão uma nova perspectiva para este segmento do turismo na cidade, propiciará ao turista
um maior contato com a população, trazendo novas experiências. Esta análise caracteriza-se como
uma pesquisa exploratória qualitativa de cunho descritivo, que foi realizada nos doze bairros da zona
leste da cidade do Natal. Onde foi notória a existência de um vasto potencial turístico que não está
sendo explorado pelo Trade turístico. Espera-se que este artigo possa servir de apoio, para estudantes
e pesquisadores da área em suas pesquisas, para que contribuam com a constante busca de melhoria
para a cidade, buscando valorizar e respeitar o patrimônio histórico cultural material e imaterial.
ABSTRACT / RESUMEN
This article is based on the experiences of the Institutional Program for Scientific Initiation Scholarship
- PIBIC 2013/2014 conducted by Travel Tourism at the University of Rio Grande do Norte. Aims to
develop new tourist routes to the capital of the RN. The study addressed the following themes: Tourist
Routing in the historical-cultural segment. Has as its field of study administrative area east of Natal-
RN. The purpose of revealing to tourists everyday population of Natal and leverage income from local
businesses through the “touristification” these neighborhoods and valuing the culture of its inhabitants
emerges, with the suggestion of a new tourist movement. The problems encountered in the planning of
the historical and cultural tour of the city is the lack of knowledge and dissemination of local receptive.
This research is justified by the fact that Natal is a major tourist destination for its state and its tourism
potential to go beyond what the only segment of sun and sea. Thus, this article aims to value, in other
districts of the east side of Natal, beyond those already established turisticamente as historic as the
Cidade Alta, and Ribeira, located in this region. The (s) map (s) tour of historical and cultural projects
that will be proposed from this work have the focus to encompass in a single city tour all districts of
the east side of Natal, as they were the first to emerge in capital RN. These new routes will bring
a new perspective to this segment of tourism in the city, the tourist will provide greater contact with
the population, bringing new experiences. This analysis is characterized as a qualitative exploratory
research descriptive research, which was conducted in the twelve districts in the east of the city of Natal.
Where was evident the existence of a vast tourism potential that is not being exploited by the tourist
trade. It is hoped that this article may serve as support for students and researchers in their research, to
contribute to the constant search for improvements to the city, seeking to value and respect the historic
cultural material and immaterial heritage.
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INTRODUÇÃO
Visto que isso será de grande importância para o turismo e receita da cidade do Natal,
uma vez que estará propondo novos roteiros, o que poderá proporcionar um tempo de
visita bem maior dos turistas, com isso contribuindo para uma melhor distribuição da
receita advinda do turismo nos bairros outrora renegados pelo Trade turístico.
Portanto é essencial que haja uma inquirição de como é feita à roteirização
turística e propor novas rotas que possibilitem a circulação turística e valorização
dos aspectos histórico-cultural dos demais bairros da cidade, em especial a zona
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REFERENCIAL TEÓRICO
TURISMO CULTURAL
[...] seria aquele que não tem como atrativo principal um recurso natural.
As coisas feitas pelo homem constituem a oferta cultural, portanto turismo
cultural seria aquele que tem como objetivo conhecer os bens materiais e
imateriais produzidos pelo homem. (BARRETO, 2003, 21)
De acordo com FARIAS (2013) “Também consta que todos os atrativos culturais
podem se transformar em produtos do Turismo Cultural, mesmo que nem todos atraiam
o público igualmente, o que exige um cuidadoso trabalho de marketing”.
Segundo o Ministério do Turismo - 2010:
ROTEIROS TURÍSTICOS
Diante disso, o que se espera é que cada região turística planeje e decida
seu próprio futuro, de forma participativa e respeitando os princípios da
sustentabilidade econômica, ambiental, sociocultural e político-institucional.
O que se busca com o Programa de Regionalização do Turismo é subsidiar
a estruturação e qualificação dessas regiões para que elas possam assumir
a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, possibilitando a
consolidação de novos roteiros como produtos turísticos rentáveis e com
competitividade nos mercados nacional e internacional. (SUPLICY, apud,
BRASIL, 2007)
Como visto, é essencial para uma comunidade que seus investimentos em turismo
possam ser bem planejados, e isto, é o que se pretende com as investigações deste
trabalho, través da elaboração de um roteiro turístico em que o turista tenha a opção
de fazê-lo de forma simples e bem estruturada, onde ele possa identificar cada ponto
cultural da cidade e poder escolher a melhor forma de chegar a este local.
Os roteiros que serão propostos ao final deste artigo, poderão ser utilizados por
agências como um diferencial em seus pacotes de viagens, para atrair mais turista à
cidade do Natal, mas não terá somente o cunho comercial, uma vez que o que se espera
é que estes roteiros possam ser feitos por qualquer pessoa, pois estará disponível em
várias mídias, eletrônicas e impressas, fruto do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação Cientifica – PIBIC 2013/2014. Que serviu de apoio para elaboração desse
trabalho.
Com isso pretende-se mostrar a cidade por outros olhos, possibilitando ao turista, que
ele possa conhecer outras comunidades de Natal, sua gente, sua cultura e história.
1477
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Este lado da cidade que muitas vezes não está inserida nas rotas turísticas, por se
tratar em alguns casos da periferia. No entanto cabe ao turismo histórico-cultural
proporcionar este estreitamento entre a população de Natal e o turista.
Pois no Brasil segundo Chiozzini (2007) “o turismo cultural aparece em terceiro lugar
nas preferências daqueles que viajam pelo Brasil, só perdendo para o ecoturismo e
para o turismo de aventura”. Esses dados só corroboram com o que já foi exposto nas
tabelas 1 e 2 (pag. 15) deste trabalho. Conforme afirma (Braga, 2008), o turismo em
uma região precisa ser diferenciado para poder ter êxito em suas atividades.
A consolidação das ideias apoiadas por este trabalho garantirá ao gestor público e
privado, uma grande oportunidade para que possam oferecer um turismo diferenciado
do que vem ocorrendo em Natal. Pois ao visitante lhe será exposto novas rotas e novas
perspectivas de atração e com isso a população dos demais bairros não “turistificados”
também serão beneficiadas onde terão a oportunidade de expor seus produtos de
cunho histórico-culturais tangíveis e intangíveis como: a literatura de cordel, danças
típicas, comidas regionais entre outros que são oferecidos ao turista de forma teatral
nos “palcos do turismo”.
A CIDADE DO NATAL
Fonte: SEMURB
conhecida como a Cidade do Sol e por possuir o ar mais puro das Américas, indicada
por pesquisa da National Aeronautics and Space Administration - NASA (Agencia
Espacial Americana) essa informação é difundida pela Secretaria de Turismo do
Estado do RN, em seu marketing turístico.
Esta cidade é conhecida também em todo o país e até no exterior, por suas
belezas naturais e por ser uma terra acolhedora para seus visitantes, fato este já
registrado nos livros históricos há muitos anos, quando não se falava em turismo
nesta região.
Este bom acolhimento foi reconhecido pelo ditador italiano Benito Mussolini,
quando em 1931 doou ao povo potiguar uma coluna do templo de Júpiter em Roma,
homenageando o Estado Potiguar pela acolhida que deram aos pilotos Carlo Del
Prete e Arturo Ferrarin, quando em 28 de julho de 1928, estes realizaram a primeira
travessia do atlântico feita de avião, em uma viagem de mais de 49 horas sem escalas,
e desembarcaram na costa potiguar sendo muito bem acolhidos pela população, figura
(2 e 3).
O avião Savoia-Marchetti S-64 pilotado pelos aviadores italianos Carlo Del
Prete e Arturo Ferrarin alcançou a cidade de touros, no Rio Grande do Norte,
procedendo de Roma na Itália, após um voo de 49 horas e 19 minutos, sem
escalas, vencendo uma distância de 7163 quilômetros. Em reconhecimento
à fidalguia, acolhimento e carinho com que o povo de Natal proporcionou
aos dois famosos aviadores, Benito Mussolini, “Il Duce”, como 1º Ministro da
Itália, resolveu doar à cidade uma “Coluna Romana”, mais conhecida como
“Coluna Capitolina”, porque é originária do Monte Capitólio, em Roma. Evoca
na forma e na estrutura o templo de Júpiter. A instalação da referida coluna
em Natal serviria ainda para eternizar a memória desse grande reide aéreo.
(Nataldeontem, 2009)
Fonte: SEMURB
A região Leste é composta de doze bairros sendo eles: Santos Reis; Rocas;
Ribeira; Praia do Meio; Cidade Alta; Petrópolis; Areia Preta; Mãe Luiza; Alecrim; Barro
Vermelho, Tirol e Lagoa Seca. Sua população corresponde a 15,23% dos habitantes
de Natal (IBGE, 2007).
Nesta zona administrativa estão inseridos os bairros históricos da cidade, como os
bairros da Ribeira, Cidade Alta e Alecrim. Por isso o turismo que mais ocorre nesta
região é o histórico-cultural. No entanto, estes não são os únicos bairros desta zona,
que possuem atrativos com potencial turístico.
1482
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Para isso valendo-se de uma investigação científica que possa identificar quais
são estes atrativos histórico-culturais e expô-los de forma consciente ao turista, esta
pesquisa buscou descobrir quais são e onde estão estes atrativos e inseri-los em uma
rota turística sempre procurando minimizar os impactos provocados pelo turismo em
áreas que antes não eram exploradas por este segmento.
Outra grande vantagem turística existente na ZL são os centros de artesanatos
localizados nas Praias do Meio e Praia dos Artistas, que no passado foram grandemente
divulgadas aos turistas que visitavam a cidade, mas que hoje tem perdido o interesse
do Trade turístico, pois são vistas como praias destinadas mais a população local é o
caso da Praia do Meio, praia dos Artistas e de Areia Preta.
Por isso é fundamental uma formulação nos roteiros turísticos da cidade
abordando o lado histórico-cultural valorizando os costumes do povo natalense e a
formação de sua infraestrutura urbana.
RESULTADOS
Durante as visitas de campo feitas aos bairros da ZL de Natal, os atrativos com
potencial turístico que foram encontrados, tiveram sua localização geográfica marcada
com ajuda de um dispositivo de Sistema de Posicionamento Global – GPS, para que
os dados gerados pudessem ser transformados em informações para elaboração dos
mapas da roteirização Turística desta zona da cidade.
Dentre os locais visitados podemos destacar as seguintes atratividades com
potencial turístico, mas que não estão inseridas no roteiro histórico e cultural da cidade:
Uma dos objetivos deste trabalho será propor um mapa turístico da cidade,
1483
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que possa ser lido e compreendido facilmente por qualquer pessoa, pois sua rotas
estarão dispostas por cores distintas e com informações sobre os principais meios de
transportes intermodais que facilitarão a locomoção pela cidade do Natal, conforme
figura 5.
CONCLUSÃO E COMENTÁRIOS
Sob a ótica do turismo, faz-se necessário que tudo que está exposto neste artigo
científico venha a somar para uma melhor apresentação do segmento turístico
histórico-cultural da cidade do Natal RN, pois é exatamente o que atrai o turista cultural
desta cidade, na busca de conhecer um pouco mais do cotidiano de sua população.
Através dos dados coletados, analisa-se de forma positiva o potencial turístico dos
demais bairros da zona leste de Natal, visto que na tabela 3 deste artigo muitas
localidades poderiam estar dispostas no roteiro histórico-cultural da cidade, valorizando
ainda mais estas áreas e a história de seus moradores.
As tabelas e imagens acima revelam que apesar de todas as informações
negativas da forma como está sendo feito o turismo de cunho histórico-cultural de
Natal, este, ainda é um importante segmento turístico, pois seus atrativos retratam
verdadeiras relíquias da formação e história da cidade do Natal e seu povo.
Por isso deseja-se que as ideias e propostas para uma melhor roteirização e
turistificação da cidade do Natal, sejam analisadas de forma cautelosa, dinamizando o
turismo histórico-cultural que já ocorre na cidade e prolongando o tempo de visitação
dos turistas além de conscientizar a população natalense do seu acervo histórico-
cultural espalhado pela cidade, perpetuando essa ideia, para apreciação e estudo por
1484
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REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos – Como Elaborar Projetos de Pesquisa. – 4ª Ed. – São Paulo:
Atlas, 2002.
ABSTRACT: The historic center of Porto Nacional in the state of Tocantins, was listed
by Institute of National Historical and Artistic Heritage on November 27, 2008, is one
of the cultural tourist attractions that the city has. But there is a tourist map so you
can assist visitors and / or tourists who are visiting the city. The main objective of this
research was to develop a tourist map for the History Center of Porto Nacional-TO.
The methodology used in this work was based on four steps: the first was to identify the
area of research, the second was the choice of tourist attractions, the third and fourth
step was the preparation and evaluation of the tourist map. The main result obtained
in this study was the tourist map of the historic center of Porto Nacional – TO. For its
construction cartographic elements considered important for locating who have used
will use it: scale, the coordinates and the legend, so you can facilitate the movement of
people who are visiting the city. Thus it is expected that the tourist map prepared for the
historic center of Porto Nacional – TO serve as a resource for tourists and / or visitors
who are discovering the city, being useful for the interpretation sheet.
KEYWORDS: Tourist map. Historic center. Porto Nacional - TO
INTRODUÇÃO
A CARTOGRAFIA E O TURISMO
A cartografia do turismo nasce de forma similar aos primeiros mapas temáticos, aqueles
que iam se constituindo através do acréscimo de elementos do turismo, principalmente com
manifestação pontual, ao mapa topográfico (Martinelli e Ribeiro 1997). Portanto é considerada
um setor específico da cartografia temática responsável pela sistematização dos mapas
turísticos (TELES, 2009).
Assim, a cartografia para o turista tem como objetivo a orientação que o auxilie
no aproveitamento racional do espaço turístico, atendendo, da melhor forma possível, as
expectativas do usuário (DUQUE E MENDES, 2006).
A maioria dos “mapas turísticos” encontrados no nosso país são apenas figuras
ilustrativas dos pontos turísticos das cidades. Esses produtos geralmente, não
apenas apresentam escala, coordenadas geográficas, projeção cartográfica
e outras informações necessárias para considera-los mapas. Essas figuras,
1491
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5 *
Algumas justificativas dos acadêmicos nas respostas do questionário
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Sugestões Críticas
- Aprofundar mais e pesquisar a - É que os próprios responsáveis
realidade da verdadeira história das pelo tombamento, dê na
famílias que fizeram parte da história realidade mais atenção aos
dos casarões. casarões históricos que estão se
deteriorando.
- Sobre o roteiro turístico acho - Seria muito legal se todos os
interessante começar a partir pontos estivessem abertos.
da Catedral Nossa Senhora das - Fornecer além das informações
Mercês, porque além de ter uma de cada prédio historicamente
praça, fica um ponto de referência falando, mostrar a importância
muito interessante para iniciar o atual na cidade, fornecer mais
roteiro turístico, olhando a praça informações no que tange o
como centro do roteiro é um ponto social.
de partida interessante. - Está junto com as sugestões.
CONCLUSÃO
turístico, a fim de facilitar o deslocamento das pessoas que estão visitando a cidade.
O mapa turístico do centro histórico de Porto Nacional apresenta as três formas de
comunicação: o mapa, o texto e a foto. Assim, espera-se que sirva como subsídio
para turistas e/ou visitantes que estão visitando e também para o planejamento e
desenvolvimento turístico da cidade. Contudo, o mapa já serviu como apoio para as aulas
da professora Rosane Balsan de Geografia do Turismo e para o desenvolvimento do
projeto “Roteiro Geo-turístico no centro histórico de Porto Nacional” que é desenvolvido
por professores e estudantes do Núcleo de Estudos e das Cidades. (Ver mais em:
<http://ww1.uft.edu.br/index.php/noticias/12963-neucidades-leva-estudantes-para-
conhecer-pontos-do-centro-histórico-de-porto-nacional>). Após a conclusão desta
pesquisa, foi possível criar a sistematização cartográfica acima citada, que poderá ser
atualizada constantemente, além de verificar que os atrativos culturais selecionados
são também uma das identidades de Porto Nacional, dada a sua condição de cidade
do patrimônio cultural brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RECH, C.M.C.B.; OLIVEIRA, K.N.; LOCH, R.E. (2005). Orientações para elaborar
um mapa temático turístico. Disponível em: < http://www.geolab.faed.udesc.br/
sites_disciplinas/Cartografia_tematica/Texto_03_orientacao_carto_tematica.pdf >
Acesso: 03 de fev. 2014.
RESUMO
O presente artigo trata da personalidade do turista e apresenta quatro tipos básicos de
percepção. Os elementos astrológicos são inseridos ao tema do turismo para ajudar
a entender de forma melhor os interesses do consumidor da atividade turística. As
tipologias acadêmicas criadas a partir da segmentação psicográfica, elaboradas para
determinar variados perfis de turista, foram utilizadas como ponta pé inicial para o
assunto. O objetivo deste trabalho é criar uma forma de analisar, ou melhor, sintetizar
o perfil do turista de modo que seja possível valorizar todas as possibilidades de ser do
turista. A criação da tipologia baseada nos elementos astrológicos mostra uma parte
básica da personalidade, é o início da jornada para o entendimento do consumidor
turista.
ABSTRACT
This article talks about the personality of the tourist and presents four basic types of
perception. The astrological elements are inserted at the theme of tourism to help
understand the best way the interests of the consumer in tourism. Academic typologies
created from psychographic segmentation, designed to determine tourist profiles, were
used as starting point for the present subject. The objective of this work is to create a
way to analyze, or rather, synthesize tourist profile so that you can appreciate all the
possibilities of being of the tourist. The creation of the typology based on astrological
elements shows a basic part of the personality, it is the beginning of the journey to
understanding the tourist consumer.
INTRODUÇÃO
A atividade turística se trata de pessoas e, do lado mercadológico, se trata de
saber receber, guiar, satisfazer desejos e até mesmo necessidades. Necessidades
e desejos de pessoas. Pessoas que possuem gostos, vontades, interpretações,
maneiras de observar e perceber diferentes. De qualquer modo estamos tratando
sempre de pessoas. Turismo, para essas pessoas, pode representar uma forma
de lazer, relaxamento, conhecimento, aprendizagem e até mesmo libertação. Uma
viagem pode mudar a vida de um indivíduo, pode mudar e abrir olhares, mentes e
hábitos. Com esta visão, diferentes intenções e percepções de um indivíduo relativas
à realização de uma viagem podem ser interpretadas através da astrologia.
1504
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Não existe o turista enquanto tal, mas uma variedade de tipos de turistas ou
modos da experiência turística. [...] Aquilo que ele denomina o ‘experiencial’,
o ‘experimental’ e o ‘existencial’ não se apoia na bolha ambiental dos serviços
turísticos convencionais.
ao seu espírito acaba se tornando inviável, assim como assinala Krippendorf (2009, p.
44) “a partir do início dos anos 1970, constata-se uma tendência para as férias ativas.
O desejo de dormir, de descansar, de não fazer nada está em forte regressão”.
De acordo com Swarbrooke e Horner (2002, p. 86), existem vários fatores
motivacionais para se realizar uma viagem e dentre os principais deles estão os
fatores culturais, status, físicos, emocionais, pessoais e desenvolvimento pessoal.
Todos estes itens que pesam no momento da escolha de uma viagem fazem parte da
personalidade do indivíduo, existem motivações que importam mais para um turista
que para outro, como por exemplo, existem turistas que tendem a escolher viagens
onde haja possibilidade de nostalgia, para outros, aventura ou cultura não podem
faltar na escolha do destino e das atividades.
O tipo de experiência e conhecimento que o turista irá buscar depende de seu
fator motivacional pessoal. De acordo com Snepenger (2006, p. 247) a busca por
viagens de caráter motivacional pessoal possui três objetivos genéricos: compartilhar
com outras pessoas a experiência pessoal sentir-se bem e passar por novas
experiências. Estes três objetivos relacionados à motivação pessoal do turista se
encaixam perfeitamente na sociedade atual que começa a aspirar por conhecimentos
mais profundos e que façam sentido à sua vida.
Esta busca de sentido é comumente almejada por meio de viagens. Viajar pode
representar a redenção para um indivíduo que se perdeu na vida cotidiana e não
conseguiu mais se encontrar. A viagem pode ser um recomeço, o início de um novo
olhar perante a vida e a si mesmo. Segundo Krippendorf (2009, p. 34):
O zodíaco determinado pela órbita solar serve como um mapa que nos
permite dizer onde estão os diversos planetas nas diversas épocas. O mapa
astrológico nada mais é do que a descrição dessas posições dos planetas,
vistos num determinado momento a partir de um ponto específico da superfície
terrestre.
Fonte: www.sadhana.com.br
De acordo com Banzhaf e Haebler (1994, p. 10) “No mapa astrológico expressa-
se a interação entre três níveis de efeitos. São eles os planetas nos signos, os
planetas nas casas e os aspectos entre os planetas”. Existe também a influência dos
1510
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“O turista de massa organizado, que compra suas férias num pacote para uma
destinação popular e prefere excursionar com um grupo numeroso de outros
turistas, seguindo um itinerário predeterminado e inflexível. Em geral, esse tipo de
turista não costuma se aventurar para muito longe da praia ou de seu hotel” Cohen
(1972, p. 127).
“Psicocêntricos: turistas de massa que procuram segurança, viajando acompanhados
de guias turísticos. A denominação deriva de psycheou autocentrado, sendo
este tipo de turista caracterizado por uma personalidade mais inibida e avessa a
aventuras. Os psicocêntricos preferem um ambiente familiar (‘ocidentalizado’), em
que podem manter seus hábitos de vida, mesmo quando estão em viagem. São os
turistas que procuram resorts já popularizados” Plog (1977, p. 258).
Estas tipologias podem ou não caber para indivíduos de elemento Terra
dominante, pois a descrição do turista de massa organizado é demasiado rígida. Estas
tipologias, apesar de tudo, não deixam de possuir alguma semelhança com algumas
características do elemento Terra – como segurança e inflexibilidade –, porém existem
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“O turista individual de massa, que compra um pacote mais flexível que lhe
proporcione mais liberdade, por exemplo, férias incluindo a passagem aérea
e o uso do carro. É mais provável que o turista individual de massa busque,
ocasionalmente, uma experiência nova” Cohen (1972, p. 127).
“Os que visam ao contato com as pessoas, para fazer novos amigos nas
férias e serem bem recebidos pelas pessoas locais” Westvlaams Ekonomisch
Studiebureau (1986, p. 129).
O elemento água é um pouco mais flexível que o elemento Terra, ele vai buscar
emoções e acontecimentos e paisagens que o toquem sentimentalmente. Estas
tipologias estão ligadas ao caráter social do elemento água e também à necessidade
de se sentir em casa e acolhido em um local.
1515
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
No Brasil e no mundo, a prática do voluntariado tem crescido e se
institucionalizado. Originado como apoio à comunidade e causas sociais por parte de
pessoas ou grupo de pessoas que dispunham de seu tempo em prol do outro, hoje
em dia, por um lado, o voluntariado oportuniza que cidadãos exerçam sua cidadania
com solidariedade e, por outro lado, sana parte da mão de obra necessária para a
realização de diversas atividades, dentre elas na realização de eventos, sejam direta
ou indiretamente ligados ao turismo.
VOLUNTARIADO
Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não
remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência
1520
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HOSPITALIDADE
O indivíduo que decide atuar como voluntário está colocando em prática essas
seis leis não escritas, seja pelo interesse nobre de cumprir seu papel como cidadão,
de praticar solidariedade para com o próximo ou, até mesmo, pelo desejo de criar e
estabelecer laços com pessoas, e a retribuição que ele receberá já é gratificante por
si só.
Além disso, para que o visitante se sinta acolhido no espaço desconhecido, este
se utilizará não só do contato humano com o voluntário, mas, também, da percepção
da cidade em que estará. Deste modo, o conjunto de imagens, sons e a distribuição do
espaço na cidade dão a visão inicial da hospitalidade ao visitante na cidade. O autor
Lúcio Grinover (2006) utiliza três categorias de análise para avaliar a hospitalidade no
meio urbano: acessibilidade, legibilidade e identidade.
BRASIL VOLUNTÁRIO
Os voluntários selecionados atuaram nas doze cidades-sede dos jogos
das Copas: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador,
Cuiabá, Curitiba, Manaus, Natal, Porto Alegre e São Paulo, sendo que, na Copa
das Confederações, foram cidades-sede apenas as seis primeiras mencionadas;
nas seguintes áreas: mobilidade (estações de ônibus ou metrô), proximidades dos
estádios, áreas de fluxo, aeroportos, eventos de exibição pública e centro aberto de
mídia (CAM).
26 a 34 anos com 16%; e, por último, 1% estava na faixa de acima de 65 anos. Posto
isto, 47% dos respondentes já atuou como voluntário em algum projeto ou evento,
variando desde a atuação em outros megaeventos, como a Copa das Confederações
e a Jornada Mundial da Juventude, ambos em 2013, e o Pan Americano, em 2007, até
a atuação em programas humanitários, como a Cruz Vermelha, serviço missionário,
entre outros.
os itens referentes ao treinamento, com exceção dos 12% que não compareceram
no dia e, consequentemente, não puderam contribuir para tal avaliação: treinadores
(58%), coerência dos temas abordados (54%), facilidade de compreensão dos temas
abordados (60%) e a relevância das dinâmicas aplicadas (55%).
Numa comparação geral entre a capacitação nos quatro finais de semana, com
as notas atribuídas em cada um dos módulos – na variação de um e cinco, sendo
um péssimo e cinco ótimo -, conforme mostra o gráfico 1 abaixo, entende-se que os
1527
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
identidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Giovanna Machado1
Juliana Nunes2
Yuri Carvalho3
RESUMO
ABSTRACT
Facing a context of questioning what’s the role of the visitor and the visited in favela
tourism in the estate of Rio de Janeiro, this essay has the objective of tracing the
thought that was developed in observation of favela tourism, having the NGO Museu
de favela as a model of social museology that is developed through the tourism.
Key-words: Favela tourism, visitor and visited, social museology, MUF, stereotypes.
Introdução
tendo como base nossa experiência no MUF. Buscamos traçar o pensamento que
se desenvolveu ao redor da observação e estudo do turismo em favela, bem como
apresentar as suas facetas diante da visão dos visitantes e visitados.
Para tanto, e para ilustrar tal estudo analisaremos as categorias nativas com
que nos deparamos na ONG Museu de Favela e traçaremos um diálogo com o museu
no sentido de entender como se expressa o turismo através dele nas comunidades de
Pavão, Pavãozinho e Cantagalo.
Essa pesquisa4 tem, portanto, caráter construtivista, uma vez que ao lidar
com um Museu de Favela que resgata a memória social dos seus moradores, não
pode ser considerada como algo exato ou que tenha resposta certas ou erradas.
Faremos então, analise documental, principalmente, dos textos da autora Bianca
Freire Medeiros, referência no estudo de turismo em favela, publicados entre os anos
de 2007 e 2012; bem como levantamento bibliográfico de outros autores e trabalhos
publicados em anais e revistas a respeito desse assunto.
A sua importância se dá a medida que nos propomos a fomentar um discurso
sobre o turismo em favela e, sem pretensão de dar o trabalho como finalizado,
convidamos o leitor a fazer uma análise crítica do que seria, através de uma perspectiva
antropológica, essa pratica. Sendo assim, entendemos que a pesquisa é de caráter
qualitativa e utiliza ainda de observação participante, que consiste na real participação
do pesquisador no seu campo de pesquisa. Nossa observação participantes ocorreu
através de atividades semanais realizadas no Museu de Favela durante o ano de 2013.
Nesse período acompanhamos visitas de turistas ao Museu, grupos universitários e
escolares, além da organização e acompanhamento dos participantes do Movimento
Internacional de Nova Museologia (MINOM) em agosto de 2013 e visita do grupo
Coleções e Atividade de Museus de Cidade (CAMOC – ICOM) também em agosto
de 2014, ambos durante a Conferência Internacional de Museus do Rio de Janeiro
(ICOM 2014).
O trabalho está dividido em cinco seções, além da introdução e considerações
finais, sendo estas: (1) da favela, (2) pensando o turismo em favela, (3) dos visitantes,
(4) dos visitados e, (5) turismo de base comunitária: MUF.
Da favela
Não é de hoje – 2014 – que o assunto favela está em questão. Favelas sempre
renderam bastantes especulações e trabalhos na área acadêmica. O que se presencia
agora, no entanto, é uma modificação da imagem da favela. As favelas, no Rio de
Janeiro, nasceram da necessidade de sobrevivência de pessoas deixadas à margem
da sociedade. A citar, por exemplo, no final do século XIX, a destruição de barracos e
4 Orientada pela Professora Camila Moraes do Departamento de Turismo e Patrimônio
da UNIRIO.
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cortiços habitados no centro da cidade por pessoas de baixo poder aquisitivo, durante
o governo Pereira Passos, em nome do crescimento e embelezamento da cidade.
Diante de tal fato, a geografia do estado foi significativamente alterada. Seus morros
passaram a ser tomados como moradia daqueles que não mais se encaixavam na
nova configuração que o centro da cidade adquiriu.
Desde então, as favelas do estado do Rio de Janeiro foram negligenciadas
pelo governo o que propiciou a entrada do poder paralelo e ascensão do tráfico5,
permitindo a ligação da imagem da favela a um território sem lei, sem segurança, de
violência e de privação dos direitos básicos de cidadania. Isso, fez com o imaginário de
favela fosse necessariamente e automaticamente ligado aos seus aspectos negativos,
privando o seu território do asfalto.6 As mídias – filmes, novelas e jornais- repassaram
essas imagens, quando retratavam apenas o lado perverso dessa realidade. Não se
pode ignorar, no entanto, que todas essas imagens veiculadas a violência e a favela
afetam o imaginário do visitante, fazendo com que por mais que exista a curiosidade,
a coerção social seja ainda maior.
No Brasil, no ano de 2002, o primeiro grande filme a receber destaque por
exportar a imagem do cotidiano da favela foi intitulado ironicamente de Cidade de
Deus. O mesmo chegou até a receber destaque em grandes premiações, como o
festival de Cannes; o que nos passa a dimensão internacional que viria a influenciar
e reforçar o estereótipo criado pelas mídias de massa dentro do país. A partir desse
surgiram, então, muitos outros que viriam a retratar o mesmo enredo, porém dentro de
um novo contexto social. A favela a partir desse momento, encontra brechas sociais
para se desmitificar através da fomentação de debates e de pesquisas holísticas
acerca da “real realidade” que os seus moradores enfrentam.
A sua imagem, nesse momento, passa a ser incluída como um atrativo turístico
nos guias da cidade, promovidos pelo órgão da prefeitura e RioTur, o que a oficializou
como atrativo e, por conseguinte, ajudou na elaboração da venda da favela como
destino turístico, proporcionando a facilidade do marketing direto para atrair uma
maior demanda de turistas.
Inicialmente considerado inicialmente como dark tourism, o turismo em favela, como
é apelidado atualmente, proporciona ao turista o status da prática de um turismo
alternativo com viés social, o que lhe confere uma maior noção de autenticidade e
interação entre ele, o visitante, e os favelados, os visitados.
O primeiro debate que iremos recorrer sobre o turismo na favela, será (a)
sobre o turismo como problema, visto e / ou vivido como prejudicial às comunidades
receptoras sobre o turismo visto e (b) sobre o turismo solução, visto e/ou vivido como
aquele que envolve a comunidade local e que se articula com o patrimônio, sendo
colocado como a via capaz de solucionar os problemas de uma dada localidade.
(MORAES, 2011).
O segundo debate, se refere aos diferentes discursos acerca do turismo em
favelas apresentados pela pesquisadora Bianca Freire-Medeiros no livro Gringo na
Laje (2009). De acordo com a autora, para alguns, este tipo de turismo reflete práticas
que envolvem a consciência social dos turistas e gera benefícios para as comunidades
visitadas, enquanto que para outros, representa um tipo de voyerismo da pobreza.
Steil (2004) em seu artigo “Antropologia do turismo: comunidade e
desterritorialização” coloca que nos anos 1970, os primeiros estudos antropológicos
sobre turismo possuíam uma narrativa implícita em que as comunidades locais
eram idealizadas como devendo ser preservadas da ação de agentes externos,
especialmente o turismo, que se apresentava frequentemente como “fator de
desequilíbrio e desarmonia de uma economia local de trocas de bens simbólicos e
materiais, que deveria permanecer isolada de processos mundiais de modernização”
(STEIL, 2004: 01 apud MORAES, 2011).
Já nos anos 1990, esses estudos passam a veicular uma nova narrativa sobre
comunidades locais e o turismo, visto como parte da “reinvenção da tradição” das
comunidades, cujo passado não é mais idealizado e “o futuro está em aberto, de forma
que vai depender fundamentalmente de como os nativos e os turistas vão lidar com os
ganhos e perdas que esse encontro proporciona” (STEIL, 2004: 02 apud MORAES,
2011).
O autor nos explica então como o encontro entre turista e população local pode
ser visto enquanto constitutivo de identidade da comunidade local “que só se percebe
como totalidade diante do outro” e do turista “na medida em que esse encontro o
remete para sua própria comunidade de origem num jogo de espelhos invertidos”
(STEIL, 2004:03 apud MORAES, 2011).
Dessa perspectiva se pode ver como, no caso das comunidades do Pavão,
Pavãozinho e Cantagalo, estas construíram sua identidade para o turismo em oposição
à favela da Rocinha.
Ao fazer este deslocamento somos levados a repensar a cultura local não mais
desde uma perspectiva orgânica, naturalizante, como um todo enraizado que cresce,
vive e morre, mas como um processo histórico de disputas internas e externas, de
interferência e interação, que acontece fundamentalmente nesse local de fronteira
física e cultural. Nessa nova estrutura narrativa, as questões já não são qual o
impacto do turismo sobre a comunidade local e de que forma esta pode resistir às
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transformações que vêm de fora, mas como os grupos locais e os turistas negociam
suas identidades para dentro e para fora, nesse jogo de signos e símbolos que são
eleitos e definidos como seus sinais diacríticos. (STEIL, 2004: 03 apud
MORAES, 2011)
Conforme a primeira narrativa, expressada segundo Steil, na coletânea Hosts and
Guests (SMITH,1989), produto de um simpósio organizado em 1974 pela Associação
Americana de Antropologia, que se tornou um clássico da antropologia do turismo, a
perspectiva predominante nos artigos se refere às consequências negativas que o
turismo provoca sobre as comunidades locais. Os trabalhos contidos no livro, segundo
Steil, apresentam o conceito de comunidade conforme uma lógica funcionalista, ou
seja, consideram a comunidade “uma totalidade substancializada que se sustenta
sobre um sistema social de relações que a mantêm em equilíbrio” (STEIL, 2004: 06
apud MORAES, 2011)
Na segunda narrativa, encontrada na coletânea Tourism and Culture
(CHAMBERS, 1997), a concepção de comunidade se diferencia significativamente
daquela apresentada em Hosts and Guests (SMITH, 1974), na medida em que alarga
a visão de como as comunidades são constituídas, considerando “de que maneira
as identidades grupais e as tradições são inventadas e autenticadas, em parte como
resultado de tentativas deliberadas de atrair interesse dos turistas ou ainda apelar
para imaginação dos outsiders” (CHAMBERS 1997: 05 apud STEIL, 2004: 06).
Dos visitantes
das favelas, impulsionados pelo objetivo de passar ao turista uma imagem, julgada
pelos próprios, mais realista por ser apresentada por aqueles que convivem com as
diferentes realidades existentes nas comunidades.
Assim como nos morros citados a cima, nas favelas do Pavão, Pavãozinho
e Cantagalo, Zona sul do Rio de Janeiro, existe a ONG Museu de Favela, na qual
pudemos observar durante uma visitação, guiada pelo mediador cultural S. 40 anos,
que o visitante causa uma serie de impactos no cotidiano da favela em que visita.
Abordando estes impactos pelo aspecto negativo, observamos que devido as vielas
que compõe a favela, o grande transito de turistas acaba por dificultar o transito
dos locais e, dessa forma, impactar diretamente o seu modo de vida. Outro aspecto
negativo, são as fotos, muitas vezes feitas pelos turistas com intuito de registrar
imagens estereotipadas dos moradores das favelas, como cita Bianca- Freire (2010):
Incomoda, porém, o fato de ser o contato intermediado pela câmera uma das poucas
formas de interação durante os passeios e que certos estereótipos estejam sendo
reforçados. Pensemos, por exemplo, no fato de a maioria das pessoas fotografadas
serem negras quando, na verdade, o leque de tipos físicos é extremamente variado
na Rocinha. Esse dado leva Menezes (2007) a sugerir que os turistas talvez prefiram
fotografar pessoas que se enquadrem no estereótipo “favelado é preto e pobre.” “Uma
vez, quando meu filho era mais novo, [alguns turistas] quiseram tirar foto dele, mas
quando eu cheguei com ele [que é branco], eles não quiseram, porque eles queriam
um neguinho.”
Diante disso e sabendo que o turista está à procura de um turismo voltado para
o viés social, ao não encontrar a pobreza e violência pressupostos, a visita torna-se
menos impactante e um pouco desapontadora na sua visão. Ainda durante a nossa
visita a ONG MUF, pudemos perceber que este sentimento é inflacionado pelo contexto
socioeconômico cultural que o turista se encaixa. Em sua maioria são estrangeiros, de
classe média alta, impulsionados desde a curiosidade até pesquisas acadêmicas8.
Ao contrário do que se pensa, o visitante, em sua maioria, acaba por ajudar
os moradores da favela monetariamente, seja através de doações, seja ao comprar
artesanatos, comidas ou água. No entanto, essa ajuda, quando analisada amplamente,
não passa de uma ação pontual, isto é, é difícil dizer que a receita gerada por esses
passeios, possam de fato causar uma transformação na realidade econômica daquelas
pessoas. Tal fato se torna ainda mais problemático quando as agencias externas que
ali trabalham acabam por não sequer informar aos locais que as mesmas são pagas9,
de modo que apesar de estar presenciando uma cultura de fato marginalizada, o
visitante não se sente na obrigação de interferir ou contribuir para a melhoria da
8 ANNUNCIACAO, APARECIDA; FARIA, MARIANA. Turismo de experiência nas favelas
cariocas: uma análise desta atividade e seu impacto nas comunidades. In: FÓRUM INTERNACIONAL
DE TURISMO DO IGUASSU,5, 2011, Foz do Igassu. Foz do Igassu: 2011, p.8-10.
9 TURISMO DE FAVELA:VIOLENCIA ATRAI VISITANTES. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/turismo-favela-violencia-atrai-visitantes Acessado dia 20/06/2014
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situação.
Em conclusão e sob esta lógica funcionalista de comunidade, o turista aparece
como um agente externo que ao adentrar o território da comunidade local causa
desajustes ao sistema comunitário e “passa a ser visto como uma ameaça à sua
estabilidade e à manutenção de seus padrões culturais”. (STEIL, 2004: 06). Steil
nos indica ainda que trabalhos recentes no campo da antropologia do turismo “têm
apontado para uma crescente dissociação entre turistas e os residentes locais, através
de uma série de mediadores e instâncias que se interpõem entre esses dois polos.”
(STEIL, 2004: 07 apud MORAES, 2011).
Dos visitados
culturas. Desse modo, criam-se fronteiras, que serão aqui entendidas como “o lugar do
encontro e da interação” (SILVA, 2011 apud FRIEDMAN, 2002, p.1), que no entanto,
deixam de existir a partir do momento que a fronteira passa a ser uma barreira, no
sentido de que, a potencial interação não acontece e o turista continua seno um mero
observador passivo do morador.
Para tanto, é com a finalidade de impedir que essa pratica perpetue que se
insiste no que denomina-se turismo de base comunitária, o que seria uma forma
de praticar o turismo e ao mesmo tempo envolver a comunidade na execução da
atividade, de forma que os mesmos se desenvolveriam e então, teriam o interesse em
atrair os turistas e abraçá-los para que os estes turistas sintam-se ativos no projeto da
comunidade.
Por consequência, a experiência turística se daria mais naturalmente e de forma
mais fiel aos anseios da comunidade e às expectativas do turista em relação ao que
encontrar na favela, promovendo a “real realidade” do ponto de vista do morador e
não de agencias externas, possibilitando um profundo intercâmbio cultural que seria
genuíno especialmente para os o que o pensam.
Considerações Finais
Referencias
URRY, J. O Olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo:
Nobel, 1990.
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RESUMO
Por ser uma cidade tropical-úmida e rodeada por rios, em Belém existe grande incidência
de chuvas durante todo o ano. Porém, a cidade não se encontra adequadamente
estruturada para receber esse fenômeno natural, visto que as chuvas, sobretudo
no Centro Histórico, aliadas a deficiente coleta de lixo, ocasionam constantes
alagamentos nas vias de acesso, o que corrobora para a inviabilização do tráfego
de pessoas e veículos em diferentes atividades. Diante deste panorama, o presente
trabalho objetiva analisar se o Centro Histórico encontra-se estruturado para o bom
desempenho da atividade turística. Para isto, a metodologia utilizada se pautou em
pesquisas documentais, bibliográficas e experiências em campo, mediante coleta de
dados através de entrevistas com turistas e moradores locais, com a captação de
fotografias no lócus de pesquisa, demonstrando desta forma como o centro histórico
está estruturado e como este se caracteriza em períodos chuvosos.
ABSTRACT
Being a tropical humid city and surrounded by rivers, in Belém there´s a high incidence
of rainfall throughout of the year. However, this city isn´t well structured to receive this
natural phenomenon, because rains especially in the historical center, allied an bad
garbage collect , have been cause frequently flooding in roads, turning impracticability
that traffic of people and vehicles of different activities. Against this landscape, this
1 O verso que compõe o título deste trabalho faz parte da música “Esse rio é minha rua”, dos
compositores Ruy Barata e Paulo André, que retrata o cotidiano das famílias que vivem às margens dos
“braços” do Rio Amazonas. Os rios, igarapés e baías configuram-se como espaços muito importantes
na vida dos ribeirinhos, pois são locais de locomoção, de brincadeiras, de trabalho, de sustento, etc,.
igualmente como ocorrem nas ruas das grandes cidades. Por isso, os compositores fazem a analogia
do rio e da rua, mostrando que a rua dos ribeirinhos é o rio. E como este trabalho fala de alagamentos no
Centro Histórico da cidade de Belém, os autores resolveram faz uma alusão à música para metaforizar
que as ruas da cidade estão se tornando os rios dos interiores.
INTRODUÇÃO
A atividade turística é uma das que mais cresce em todo o mundo. Alguns fatores
foram de suma importância para tal crescimento, entre eles têm-se a redução da carga
horária de trabalho, a globalização, as inovações nas tecnologias e comunicações.
Esses fatores geraram grande necessidade de deslocamento de um ponto a outro
na busca por lazer, entretenimento, estudos, negócios, eventos, entre outros (BENI,
1997).
Para além desses fatores, faz-se necessário que os atrativos turísticos e a sua
redondeza possuam uma infraestrutura adequada com sua realidade, apresentando:
ruas de acesso aos pontos apropriados, boa sinalização para a chegada ao
destino, segurança no local, saneamento, coleta eficaz do lixo, entre outros. Uma
infraestrutura completa, evitando o surgimento de possíveis problemáticas, que além
de descaracterizarem a beleza dos atrativos turísticos, inviabilizam a chegada e o
trânsito nestes.
Dessa forma, a infraestrutura para Boullón (2002) é vista como condição essencial
para o desenvolvimento do turismo, afinal, é difícil promover turismo em um local,
mesmo que este possua uma riqueza muito diversa de atrativos, sem que exista
uma infraestrutura adequada. A infraestrutura turística, portanto, deve estar sempre
articulada e conectada a infraestrutura básica da cidade, para que a atividade turística
possa possuir meios para se estabelecer e, assim, desenvolver a cidade como um
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Deste modo, todo o capital que vem sendo gerado pela atividade precisa
ser dinamizado de uma melhor forma, sobretudo em investimentos no âmbito da
infraestrutura, visto que a presença desta, de acordo com Silva e Santos (2011) é
condição primordial para edificar uma paisagem turística positiva, que tenha grandes
chances de comercialização no mercado turístico, que por sinal é em demasia
competitivo e instável.
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Desde o século XIII viajantes faziam suas buscar por terras desconhecidas com
o intuito de conseguir riquezas para suas nações. Em meio a essas viagens, o Brasil
foi “descoberto”, no ano de 1500, pelos Portugueses. A cidade de Belém do Pará foi
uma das primeiras terras em que os portugueses estabeleceram vinculo, onde em
12 de Janeiro de 1616 foi erguido o Forte do Presépio (atual Forte do Castelo) como
ponto estratégico para proteção dessas áreas conquistadas (ROCQUE, 2001). Assim,
a cidade cresceu e se desenvolveu de frente para a foz do rio Guamá.
Esses patrimônios ajudam a contar até os dias de hoje a história desta cidade e foram
cruciais para o estabelecimento da memória e da(s) identidade(s) do belenense, a
partir de seus inúmeros patrimônios. Portanto, seu patrimônio cultural tem um valor
histórico precioso, tendo nele atrelado representações da identidade e memória local
(LOBATO; et al, 2013).
Por seu caráter diverso, original e autentico o Centro Histórico de Belém é parada
obrigatória de inúmeros visitantes da cidade. Nele admiradores da arte e arquitetura,
sobretudo, barroca se fascinam com tamanha diversidade e preciosidade estética.
Além disso, alguns objetos existentes nos Museus do CHB ajudam a (re) contar um
pouco da história da colonização portuguesa e o período de grande luxuosidade da
cidade na Era da Borracha.
Assim, observa-se que o turismo cultural configura-se como uma atividade importante
na luta pela proteção e preservação do patrimônio, tendo em mente que turistas de
diversas regiões se deslocam com o intuito de enriquecimento histórico e cultural,
ajudando disseminar e valorizar a história local. E fazendo com que a comunidade
local passe a olhar os seus patrimônios por outros ângulos, o que, de certa forma,
contribui para a valorização e preservação por parte da população residente.
5 Fotos retiradas de sites de noticias sobre a cidade de Belém (PA) durante e após as chuvas.
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FIGURA 4: ESTAÇÃO DAS DOCAS FIGURA 5 – FELIZ LUSITÂNIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Observa-se nesse trecho da entrevista, uma análise crítica entorno do problema dos
alagamentos e lixo em Belém. O grande “x” da questão está, segundo ela, na falta de
sensibilização da população para com a sua cidade.
Sobre isso, Tucci (2005) discorre que deve se ter cuidado ao transitar por locais
onde o lixo se mistura à água, uma vez que o lixo e seu destino inadequado é um
dos elementos fundamentais para a geração de problemas no saneamento, pois seu
acúmulo nas vias favorece o entupimento de bueiros, o que prejudica o percurso
natural das águas das chuvas regulares da cidade, ocasionando alagamentos.
no mesmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por encontrar-se dentro da Amazônia brasileira, Belém do Pará é uma
verdadeira menina dos olhos quando o assunto é turismo, seus recursos naturais são
tão diversificados e ao mesmo tempo exóticos que fascinam visitantes e admiradores.
Como uma típica cidade amazônica, Belém é rodeada e entrelaçada por rios e
muitas áreas verdes que conferem à cidade características singulares e criam todo
um imaginário. As chuvas das tardes de Belém, por exemplo, é um dos fenômenos
mais esperados pelos turistas que visitam a cidade, pois é considerada uma chuva de
bênçãos, que tem gosto e cheiro próprios (COSTA, et al. 2013).
No entanto, a capital do Estado do Pará não tem apenas como trunfo as
suas belezas naturais, as riquezas culturais são marca registradas da cidade, visto
que ajudam a recontar a história da formação do povo e nação brasileira, uma vez
que, em Belém ocorreram importantes fatos históricos decorrentes da colonização
europeia, sendo um período marcado por um processo de produção cultural muito
intenso e muito importante para a riqueza arquitetônica, histórica e cultural da cidade.
As principais heranças daquele e de outros tempos da história de Belém formam,
junto a tantos outros elementos, o que hoje é o Centro Histórico da Cidade de Belém
(LOBATO, 2013).
Desde modo, observa-se que Belém apresenta atrativos com notório potencial
no mercado turístico. No entanto, com a incidência de chuvas característica da região
atrelada a outras questões socioculturais, há pelas ruas do Centro Histórico da cidade
constantes alagamentos, que inviabilizam o trânsito de pessoas e veículos.
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Foi diante deste cenário que o presente trabalho teve sua gênese. A partir do
caminho metodológico construído para investigar se o Centro Histórico encontra-se
estruturado para o bom desempenho da atividade turística em períodos chuvosos,
evidenciou-se que este espaço não apresenta infraestrutura adequada para fins
anteriormente mencionados, sobretudo em períodos os quais a incidência de chuvas
é frequente, devido à precariedade de elementos estruturais essenciais.
Segundo os participantes da pesquisa, limpeza pública; ausência de coberturas
adequadas para abrigar as pessoas durante as chuvas; ocorrência de constantes
alagamentos nas vias e insegurança se mostraram como os principais gargalos da
atividade turística do Centro Histórico.
REFERÊNCIAS
CHOAY. F. Alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora UNESP, 2001. dos cidadãos
na preservação do patrimônio cultural de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora
UFRGSA, 2004.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo identificar e analisar como se apresenta a infraestrutura
dos/nos terminais e meios de transportes utilizados para o deslocamento até Ilha do
Combú, sendo a principal problemática a ser debatida, a percepção e avaliação do
visitante sobre o acesso (estrutura e segurança dos meios transportes e terminais de
acesso) a Ilha e quais as implicações no turismo de base local? Para tanto, utilizou-
se de uma abordagem quali-quantitativa, com pesquisas documentais, bibliográficas,
bem como pesquisas em campo. Como técnicas de pesquisas e coletas de dados
foram empregadas, observações sistemáticas in lócus, registros fotográficos e
aplicação de questionários fechados e abertos, sendo os dados tratados com base
em suas interpretações e apontamentos da Escala Likert. Os dados revelaram que as
pequenas embarcações e os terminais que materializam o transporte à Ilha do Combú,
apresentam precárias condições estruturais, não oferecendo segurança comodidade
e acessibilidade, sobretudo, para idosos ou deficientes físicos. Isso gera implicações
negativas à atividade turística na Ilha, visto que o visitante sente insatisfeito e temeroso
com a insegurança ao qual é exposto.
PALAVRAS-CHAVE: Transportes. Turismo. Infraestrutura. Ilha do Combú
the transportation to the Combu Island have poor structural conditions, not offering
security, comfort and accessibility, especially for the elderly or disabled people. This
yields negative implications to tourism on the island, since the visitor feels unsatisfied
and fearful of insecurity to which it is exposed.
KEYWORDS: Transportation; Tourism; infrastructure; Island Combú
INTRODUÇÃO
Com a eclosão das viagens turísticas de lazer pelo mundo, fomentadas,
principalmente pelas revoluções e transformações informacionais da sociedade
(PADILHA, 1992), surgiu à necessidade de revolucionar os sistemas de organização
dos serviços, dentre eles os transportes, que configuram-se como um dos elementos
essenciais para a implementação e desenvolvimento da atividade turística.
Entrementes, na atual conjuntura a sociedade é detentora de maior conhecimento
sobre seus direitos e mais exigentes com os produtos e serviços adquiridos, assim,
não basta apenas se ter meios de transporte para realização de deslocamentos,
é indispensável à existência de uma infraestrutura básica, com vias de acesso em
bom estado, mobilidade urbana dentro dos padrões aceitáveis, terminais (pontos de
embarque e desembarque) seguros e confortáveis, tendo inclusive os próprios meios
de transportes, que oferecer boa infraestrutura, segurança e comodidade durante
toda a viagem.
No que se refere ao contexto da cidade de Belém (PA), a cidade é cercada por
Ilhas e entrelaçada por rios e igarapés, apresentando assim um forte potencial para
o modal de transporte hidroviário, porém este não é bem aproveitado, uma vez que
é utilizado geralmente por pequenas embarcações em estado precário, que fazem
o transporte de passageiros ou mercadorias até as ilhas próximas, como é o caso
da Ilha do Combú. Para além das péssimas condições dos meios de transportes,
os terminais não apresentam infraestrutura adequada, não oferecendo segurança e
acessibilidade.
Diante deste cenário, o presente trabalho tem como objetivo identificar e
analisar como encontra-se a infraestrutura dos/nos terminais e transportes (veículos)
utilizados para o deslocamento de passageiros até Ilha do Combú, sendo a principal
problemática a ser debatida, aquela que discorre sobre qual a percepção e avaliação
do visitante sobre a infraestrutura de acesso (meios transportes e terminais) a Ilha e
quais as implicações no turismo de base local?
Para a realização desta pesquisa, os autores, partiram de uma abordagem
quali-quantitativa, com a utilização de pesquisas documentais e bibliográficas, bem
como pesquisas em campo, realizadas entre os dias 15 e 18 de dezembro no principal
porto de acesso a ilha, localizado na Praça Princesa Izabel, e em um dos principais
pontos de desembarque na Ilha, o Restaurante Saldosa Maloca.
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TURISMO E TRANSPORTES
Nesta direção, a OMT (1991 apud SILVA, 2008, p. 18), assinala que aos
transportes estão envoltos a pelo menos 7 (sete) componentes da oferta turística, são
eles: “Alojamento; Agências de Viagens e Turismo, Operadores e Guias de Turismo;
Alimentos (Restauração) e Bebidas; Transportes; Rent-a-cars; Serviços Culturais; e
Serviços de Lazer e Recreação”. Portanto, o setor de transportes, dentro do universo
turístico assume caráter essencial, tendo em vista que para além de promover
a acessibilidade, diminuir distâncias e tempo, este estabelece um maior acesso e
integração entre (destinações turísticas) cidades, regiões, países e continentes, o que
corrobora para uma maior e mais eficaz circulação de pessoas e mercadorias seja
na atividade turística ou em outros setores da economia. Poon (1993), nesta direção,
atribui a massificação da atividade em diversos lugares ao avanço tecnológico dos
transportes.
modal.
e entrelaçada por rios, igarapés e muitas Ilhas (Figura 1). Segundo pesquisas,
anteriores, realizadas por Ferreira e Vaga (2008), a Lei do Município de Belém de
número 7.682/94, a cidade de Belém compreende 39 ilhas, encontram-se localizadas,
sobretudo, no Rio Guamá e Baía do Guajará.
Estas ilhas são locais onde residem as populações tradicionais, que apesar da
separação pelo rio, possuem uma relação estreita e direta com a população do centro
de Belém, tendo em vista que grande parte dos gêneros alimentícios são retirados
do interior dessas ilhas e transportados pelos ribeirinhos em pequenas embarcações
para a urbe, além destes utilizarem muitos dos serviços presentes exclusivamente no
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centro da cidade.
Diante deste prisma, autores como a Ferreira e Vaga (2008, p.3) assinalam
que:
Demos a costa para o rio e com isso esquecemos de uma população que faz
parte de Belém e que está excluída da vida urbana e de todo o serviço oferecido
na cidade (saúde, educação, informação). Esta é uma realidade presente
principalmente nas ilhas Sul (cerca de 2000 hab) que fazem parte da RMB
(Combú, Murutucum, Maracujá, Ilhinha, Juçara, Papagaio e Ilha Grande).
São lugares em que pulsam modos de vida que diferem significativamente
do padrão caracterizado como urbano. Lugares espacialmente próximos da
metrópole e ao mesmo tempo tão longe de seu estilo de vida.
[...] uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas,
e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.
Neste sentido, com base neste artigo 15 e na lei de criação da APA da Ilha
do Combú, são vedadas ou restringidas quaisquer criações ou funcionamento de
empresas que possam causar a poluição, contaminação ou perda da flora e fauna.
Porém, a APA pode ser utilizada por instrumentos que visem conservar e promover
a importância do uso racional de seus recursos naturais, evitando a degradação
ambiental e o comprometimento da qualidade de vida da população local (PARÁ,
1997).
Sua população residente constitui a denominada comunidade ribeirinha,
por morar às margens do rio Guamá, tendo na pesca, cultivo, coleta e extração de
gêneros alimentícios a base de sua subsistência, bem como fonte de renda. A beleza
e a biodiversidade amazônica, somadas ao bucolismo e peculiaridade da Ilha, têm
atraído visitantes de diversos locais do Estado, do Brasil, e, sobretudo, da própria
Região Metropolitana de Belém. Afinal, ir ao Combú para tomar aquele banho de rio,
principalmente, em períodos que registram altas temperaturas, é um dos programas
prediletos de alguns paraenses.
No entanto, não são somente o banho de rio e a beleza natural, os grandes
diferenciais da Ilha do Combú, esta possui diferentes restaurantes, entre eles o
“Saldosa Maloca”, que apresenta cardápios variados, geralmente formados por
gêneros alimentos típicos da região amazônica, como: o açaí, a farinha, os peixes:
pescada e filhote, entre outros, sempre acompanhados dos tradicionais: feijão, arroz,
vinagrete e farofa.
Para chegar a Ilha, existem alguns portos de embarque, porém o mais utilizado
situa-se na Praça Princesa Isabel, que fica na Avenida Bernardo Sayão com a Avenida
Alcindo Cacela, no bairro da Condor. A travessia de Belém para o Combú, custa R$ 4,00,
com duração de cerca de 15 (quinze) minutos, e, é feita por embarcações, conhecidas
como “pô-pô-pô”, este nome, faz referência ao barulho propagado pelos seus motores
durante a viagem.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O tratamento dos dados, como outrora mencionado, foi realizado com base na
Escala Likert, que segundo Malhotra (2001), consiste uma escala psicométrica, muito
utilizada na abordagem quantitativa, por permitir identificar o nível de concordância
ou discordância a partir de uma afirmação dada, por meio de uma escala que varia
de 1 a 5 pontos. Através do cálculo das médias das respostas dos entrevistados, que
foram trabalhadas da seguinte maneira: 1 = Discordo totalmente, 2 = Discordo, 3 =
Não soube responder, 4 = Concordo e 5 = Concordo totalmente, se pôde evidenciar
a opinião do participante da pesquisa, acerca do que foi questionado. Os valores
das médias mais baixas, informaram maior discordância com o que foi perguntado e
os valores das médias mais altas apontaram maior concordância com a afirmação.
Assim, foi possível descortinar algumas características dos transportes para/na Ilha
do Combú – Belém Pará, além de sua correlação com o bom andamento da oferta de
serviços turísticos na ilha, que serão apresentadas ao longo do trabalho.
No que concerne aos meios de transporte utilizados para o trajeto até a Ilha,
as médias das respostas obtidas nos questionários, concordam que a quantidade
de embarcações disponíveis é suficiente para atender a demanda de passageiros.
Apesar das médias apontarem a concordância de que o número de passageiros dentro
das embarcações utilizadas está de acordo com o que é permito. Os entrevistados
discordam ainda que estes possuam segurança para evitar acidentes no decorrer da
viagem.
Nas perguntas abertas, ficou mais evidente que a infraestrutura básica tanto
dos portos quanto das embarcações deixam a desejar, os aspectos mais precários
são: segurança, acessibilidade e comodidade. A condição estrutural dos portos
e barcos foi considerada precária, a (falta de) segurança e acessibilidade dos/nos
portos e nas embarcações são apontadas como um dos principais pontos negativos
do deslocamento realizado.
[...] De manhã cedo fui ao cais do bairro Condor, local de partida da viagem.
Ao chegar, me surpreendi com o abandono do local: estacionamentos
irregulares, calçadas defasadas e ausência de seguranças. Procurei alguma
orientação turística, mas só encontrei um “flanelhinha” dando dicas sobre
a embarcação. Mesmo assim, a vista pitoresca do rio Guamá me fez ter
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Quando questionados sobre o que mais lhe atraem na Ilha, mesmo com todas
as dificuldades de acesso, os sujeitos da pesquisa apontaram: a gastronomia; a pos-
sibilidade de interação social; a hospitalidade dos prestadores de serviços dos restau-
rantes; a vegetação local; a paisagem para contemplação; os passeios de lancha; o
contato próximo com a natureza; a possibilidade de se coletar algumas frutas locais;
a comodidade; as trilhas e o percurso de barco, como os principais atrativos, motivos
de seus deslocamentos até aquele espaço.
Isto implica dizer que não basta ter um ótimo local para visitação se a pró-
pria comunidade local não é valorizada, uma vez que estes também se utilizam dos
transportes e são parte inerente da construção e consolidação da atividade turística
no local, além do fato desta parcela de indivíduos que mora na Ilha e trabalha com o
turismo não possuir apoio, no que tange a sua capacitação e profissionalização, capa-
zes de otimizar cada vez mais sua plenitude dentro da atividade turística no Combú.
A partir disto, o termo “facilita o acesso” utilizado para pontuar a proximidade da Ilha
com o ambiente urbano da metrópole que é Belém, acaba ganhando conotações dico-
tômicas pelo fato dos transportes utilizados para o deslocamento não acompanharem
o potencial de atração que é “natural” da ilha, em todos os sentidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os transportes em Belém do Pará se tratam de uma questão emblemática,
primeiramente porque a mobilidade urbana da cidade encontra-se em um estado
calamitante e, segundo porque os rios, quando funcionam como vias de tráfego, não
possuem fiscalização, o que tem corroborado com inúmeros acidentes na região.
Assim, fica clara que a condição dos meios de transportes, bem como dos
locais de embarque e desembarque não apresentam, segundo a população, uma boa
infraestrutura, pontos de informação, acessibilidade, segurança e comodidade, sendo
o porto de acesso a Ilha, locus foco deste estudo, considerado perigoso por parte
considerável dos entrevistados, pois em alguns períodos do dia serve de abrigo para
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REFERÊNCIAS
RESUMO:
Iniciado em Abril de 2012, o Projeto Acolhida da Serra surge como uma saída aos atuais
problemas encontrados no cenário do turismo rural brasileiro, como êxodo rural e a crescente
substituição de atividades tradicionais do campo pela atividade turística. Busca-se impulsionar
o desenvolvimento da agricultura orgânica a partir da certeza de venda desses produtos à rede
de hospedagem e restauração, o que colabora diretamente com a prosperidade do morador rural
e faz com que a continuidade de suas atividades no campo tornem-se a principal engrenagem à
sua inserção na atividade turística local, processo que ocorre de forma mais branda e responsável.
ABSTRACT / RESUMEN:
Started in April 2012, the Acolhida da Serra Project appears as an output to the current
problems encountered in the scenario of the Brazilian rural tourism as rural exodus and the
increasing replacement of traditional activities by tourism. Seeks to promote the development of
organic agriculture from the sale of these products make sure the hosting and network restoration,
which contributes directly to the prosperity of rural residents and makes the continuity of its
activities in the field to become the main gear for their insertion in the local tourism industry, a
process that occurs in a milder and responsibly.
The methodology used was based on diagnoses made primarily in the city of Teresopolis,
where we could observe the growing demand for organic products by establishments such as
restaurants, hotels and inns in the city, and then the analysis of enough producers to meet
this demand, which has not happened so far by the lack of organization among them, directly
impacting on the price and quantity of products offered. Through a selection of producers duly
certified and committed to organic production began to door to door delivery of products.
It is believed that with the specific planning and caution, we are developing a project that
encompasses the fundamental characteristics to elicit an innovative model that serves as a national
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example, but that mainly take an alternative income to rural residents and collaborate directly
with their improvement lifetime. Indispensable also stresses the importance of encouraging
organic food, getting to take these products to the consumer’s table, we will be contributing to a
new ideology based on the consumption of healthy foods that contribute directly to the health of
those who consume them, as with those who produce and is less damaging to the environment
and planting workers responsible for their management.
KEYWORDS / PALABRAS-CLAVES:
ABSTRACT: The features of a globalized tourism and social exclusion are the
themes that led the production of the present paper, whose objective is to analyze the
development of tourism in Barra Grande, besides understanding how this model of
tourism brings impact to the inhabitants who can consider it positive and/or negative.
In the end, we suggest milder ways to develop the touristic activity in the area. The
methodology applied encompasses the direct contact through quantitative, descriptive
and bibliographical field research. The research revealed multiple problems experienced
by the native people due to the model of global tourism practiced in the area, which
affects the life quality of inhabitants and is mostly done by social exclusion. Thus, the
community needs better conditions that could be achieved with the development of
community-based tourism that in its essence has the inhabitants as managers of the
touristic activity performed in the area.
INTRODUÇÃO
A essa pesquisa foi estabelecido o contato direto, que é uma forma básica de
conceber dados a fim de estabelecer um diagnóstico sobre uma determinada situação
investigada, esse contato pode ser feito a partir da aplicação de questionários (GIL,
2008). O método quantitativo-descritivo sobre os estudos de descrição de população
tem como “[...] função primordial, a exata descrição de certas características
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O litoral do estado do Piauí detém a menor faixa litorânea do Brasil, são apenas
66 quilômetros de extensão divididos entre quatro municípios, a saber: Ilha Grande,
Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia. Neles são encontradas diversidades
da fauna e flora local, evidenciado pelo Delta do Parnaíba e por praias dos mais
diferentes aspectos, como a Pedra do Sal em Parnaíba e Barra Grande, em Cajueiro
da Praia. Esta última possui características intrínsecas, ao todo são em média 300
dias de exposição solar ao ano, acompanhados por ventos fortes e constantes, que ao
combinar com a temperatura morna da água favorece a prática de esportes radicais e
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TURISMO: CONTEXTUALIZAÇÃO
Atualmente o turismo está se tornando cada vez mais rápido uma atividade
econômica capaz de impulsionar a geração de empregos, renda e o acréscimo de
receita para muitos países em desenvolvimento (OIT, 2011). Os números do setor são
surpreendentes, provando o quão oportuno é investir no turismo, visando não somente
o acúmulo de capital, mas a inclusão da sociedade no processo de desenvolvimento
da atividade turística. Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho
[OIT] (2011), estima-se que em 2010, o setor de turismo foi responsável por 9,3% do
PIB global, com investimentos estimados em 9,2%.
empregos gerados, um é na área de turismo (OIT, 2011). Estes números são resultados
do efeito multiplicador do turismo, tal qual é concebido através da multiplicidade da
função econômica no ambiente turístico receptivo e emissivo (CORIOLANO et al.,
2009; IGNARRA, 2001; KRIPPENDORF, 2001).
No viés econômico, Santos e Kadota (2012, p. 14) dizem que o “[...] turismo
pode ser entendido como elemento ativo da economia, gerando impactos sobre a
renda, o emprego e o bem-estar social de um país, região ou localidade”.
Os que possuem ensino fundamental somam 50%, com nível médio 22%,
superior 10% e os 18% restantes declararam ser analfabetos. Quando questionados
sobre a ocupação funcional, percebe-se que os moradores não estão sendo
aproveitados no desenvolvimento turístico da localidade, haja vista que 51% afirmaram
ser “donas de casa”, seguido por “pescador” com 17%, e, em terceiro, “comerciante”,
com 15% (Gráfico 1). Tais resultados apontam à exclusão social a qual estão expostos
os moradores em razão do turismo globalizado praticado na comunidade, impactando
de forma negativa a função ocupacional dos moradores, complementando os estudos
de Coriolano et al (2009).
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Quanto à renda, 68% dos pesquisados possuem renda familiar de até 01 salário
mínimo, para até 02 salários o número chega a 22%, enquanto os que têm renda
superior a 02 salários o número é de apenas 5% (Gráfico 2). É importante ressaltar que
boa parte dos moradores declarou que utilizam a renda invisível como complemento à
renda final, advinda da criação de animais, da agricultura de subsistência e da pesca
- forte atividade desenvolvida na região (LIMA et al, 2014). Mais uma vez os dados
confirmam a exclusão social dos nativos na execução da atividade turística, esta agora
relacionada à renda, haja vista que muitas das atividades indicadas pelos autóctones
não estão ligadas diretamente ao setor de turismo, salve o caso dos pescadores que
vendem quase a totalidade do que pescam aos barraqueiros, porém a preços ínfimos
(PESQUISA DIRETA, 2014).
(Gráfico 3). Partindo do pressuposto que o aumento do turismo em uma destinação faz
movimentar a economia local e, consequentemente, possibilita que seja intensificada
a oferta e os investimentos na localidade, o efeito multiplicador do turismo faz sua
atuação (IGNARRA, 2001), sendo percebido como um fator positivo pelos nativos,
conforme revelou a pesquisa de campo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 9. ed. São Paulo: Ed. Senac/SP, 2003.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
2014.