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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANTONIA ISABEL DO NASCIMENTO DA SILVA R.A 4850798


DOUGLAS JOSÉ DE SOUZA R.A 3121028
DRIELLY LARISSA SANTANA PINHEIRO R.A 5101768
ROZEANE BARROS BEZERRA R.A 2600062
THAIS DE SOUZA ARAUJO R.A 3000297

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS)


O MERCADO DE OFERTA E DEMANDA DA BATATA

SÃO PAULO
2018
ANTONIA ISABEL DO NASCIMENTO DA SILVA R.A 4850798
DOUGLAS JOSÉ DE SOUZA R.A 3121028
DRIELLY LARISSA SANTANA PINHEIRO R.A 5101768
ROZEANE BARROS BEZERRA R.A 2600062
THAIS DE SOUZA ARAUJO R.A 3000297

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS)


O MERCADO DE OFERTA E DEMANDA DA BATATA

Trabalho apresentado como exigência


parcial para a obtenção de aprovação
na disciplina de Fundamentos da
Economia sob orientação da Professora
Marina Sequetto Pereira.

SÃO PAULO
2018
SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 5
1. Causas que ocasionaram o desiquilíbrio de mercado de 2005 à 2018: ............ 6
1.1. Ano 2005: .................................................................................................................... 6
1.2 Ano 2006: .................................................................................................................... 8
1.3 Ano 2007: .................................................................................................................... 9
1.4 Ano 2008: .................................................................................................................. 10
1.5 Ano 2009: .................................................................................................................. 12
1.6 Ano 2010: .................................................................................................................. 14
1.7 Ano 2011: .................................................................................................................. 16
1.8 Ano 2012: .................................................................................................................. 18
1.9 Ano 2013: .................................................................................................................. 20
1.10 Ano 2014: .................................................................................................................. 22
1.11 Ano 2015: .................................................................................................................. 26
1.12 Ano 2016: .................................................................................................................. 27
1.13 Ano 2017: .................................................................................................................. 28
1.14 Ano 2018: .................................................................................................................. 30
1.14.1 Clima Favorável: ............................................................................................. 30
1.14.2 Aumento da Área: .......................................................................................... 31
1.14.3 Sementes de Melhor Qualidade: ................................................................ 31
1.14.4 O Cenário pode melhorar em 2019: ........................................................... 32
1.14.5 Área da safra das águas recua 17,5% em dois anos ............................ 32
1.15 Gráfico de Demanda:............................................................................................. 33
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS ......................................................................................... 36
RESUMO

Ao longo deste estudo notaremos a atual posição da batata quanto a


rentabilidade que a mesma fornece aos seus ofertantes, tal como altas e baixas
desde o ano de 2002. Planos de estratégia deverão ser desenvolvidos para que
a perspectiva de aumento de lucros seja atingida visando curto prazo, tal como
uma boa Gestão para que o investimento permaneça em pé após uma crise.
Divisões da Cadeia da batata IN Natura e Industrial do setor estará agregado
como os demais produtos ao meio Econômico ou mercado aos gostos e
preferências de determinada fase dos consumidores, tal como comércio que
travam acordos afim de conquistar a renda do consumidor. Vale ressaltar que a
Eficiência e atualização a tecnologias são meios fundamentais para que o
sucesso de qualquer produto seja atingido. O período de inverno é o de maior
intensificação da Safra, onde os lucros geralmente são alavancados, finalizando
a temporada com rentabilidade positiva das altas expectativas de excesso de
oferta do mês Setembro. Com isso tempos uma previsão de elevados preços
para o mês conseguinte devido ao menor número de tabernáculo no mercado.
Entretanto, produtores são sempre surpreendidos com épocas de altas
umidades, período em que as incidências de queimas nas lavouras prejudicam
sua produtividade, do contrário elevando gastos com defensivos agrícolas. Tal
como o calor prejudica o processo de amadurecimento das batatas, fazendo com
que as mesmas escureçam em um curto período durante sua comercialização.
Devendo partir do empreendedor a necessidade de fazer uma provisão de
sobrevivência evitando períodos de crises. Estratégias dos produtores:
Diversificação de Hortaliças; Avaliação e Planejamento a curto, médio e longo
prazo; Atenção sobre os produtos durante sua Gestão

Palavras Chaves: Rentabilidade; Estratégia; Safra.


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INTRODUÇÃO

Analisando a série de preços de batata do Cepea desde o início do


levantamento, em 2002, observa-se que o atual momento de baixa rentabilidade
no setor é o mais persistente – já são dois anos. A expectativa é de que esse
ciclo se encerre em novembro e, em 2019, tudo indica que a rentabilidade possa
se recuperar, devido à possibilidade de menor oferta.
O ciclo de alta e baixa dos preços da batata é uma característica do
segmento in natura e é influenciado, principalmente, por oscilações da oferta.
Atualmente, a cadeia de batata está dividida em dois segmentos: 61% do
consumo é proveniente do mercado in natura e o restante (39%), do industrial –
dentro deste último segmento, 21% ainda são importados (especialmente a
batata pré-frita) e 18% referem-se à indústria nacional (pré-frita e chips).
Vale lembrar que, em 2006, o segmento in natura representava 82% do
mercado e o industrial, 28% e que não é só a elevada oferta que explica o atual
cenário de baixa rentabilidade da bataticultura. A crise econômica que persistiu
em 2017 e a mudança de hábitos do consumo do brasileiro também resultaram
em excedentes de produção. O brasileiro tem reduzido seus gastos,
especialmente em alimentação fora do lar, e alterado seu comportamento na
hora de se alimentar, em busca de produtos de maior conveniência.
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1. Causas que ocasionaram o desiquilíbrio de mercado de 2005 à 2018:

1.1. Ano 2005:

No ano de 2005 foi constatado que de 1994 a 2004 o valor da produção


nacional da batata caiu 46% em termos reais. Mesmo com a desvalorização do
produto nas roças e no prato do brasileiro, a demanda não reagiu. O Crescimento
da oferta registrada nos últimos anos foi proporcional ao da população brasileira,
não havendo incremento do consumo per capita.

Do lado comprador, a pressão vem especialmente das processadoras e


redes de supermercados, que travam um braço-de-ferro para conquistar a renda
do consumidor, cada vez mais exigente em qualidade e praticidade. Nessa
guerra, os preços da matéria-prima são reduzidos e as exigências ampliadas.
Para os produtores sobreviverem, precisam ser eficientes, propensos a adotar
as mais modernas tecnologias redutoras de custos e preocupados em manter o
padrão de qualidade do produto. O problema é que, caso a demanda não
acompanhe o crescimento da produção, o resultado tende a ser a queda do
preço recebido pelo bataticultor, podendo desestimulá-lo a investir na cultura no
curto prazo, reproduzindo os ciclos de alta e baixa do preço do tubérculo.

Com a introdução da ágata no mercado, nos últimos anos, a previsão é que


a volatilidade dos preços seja mais elevada que no passado, devido à facilidade
de reprodução dessa semente e ao seu elevado potencial produtivo, causando
fortes oscilações nos preços em resposta ao plantio atrelado à capitalização do
produtor. Neste ano, se observou esse fenômeno. A batata atingiu preço recorde
nas lavouras, a R$ 60,00/sc de 50 kg, em média, em maio e, o menor preço do
histórico do Cepea em agosto e setembro, cerca de R$ 9,00/sc de 50 kg. Nota-
se, portanto, que a fórmula de modernização do campo, baseada em ganhos de
produtividade e aumento da escala de produção como redutor de custos, não
será suficiente para garantir a rentabilidade do setor.
7

Valor da
Produção Produção
Área Produtividade Produção
Período (milhões per capita
(mil ha) (t/ha) (bilhões de
de t) (Kg)
R$)
1994 2,49 171,85 14,48 3,02 16
1995 2,69 176,77 15,23 2,40 17
1996 2,41 163,07 14,76 1,63 15
1997 2,67 174,83 15,27 1,97 16
1998 2,78 177,97 15,64 2,53 17
1999 2,90 176,48 16,46 1,77 17
2000 2,56 150,48 17,02 1,71 15
2001 2,85 153,97 18,50 2,58 16
2002 3,13 161,12 19,40 2,25 18
2003 3,05 147,43 20,67 2,10 17
2004 2,89 138,36 20,90 1,64 16
Variação 16% -19% 44% -46% 0%
Fonte: FAO, IBGE, FGV e IPEA

Mais Batata no mercado e menos dinheiro no bolso do


produtor
200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Produção Área Produtividade Valor da Produção Produção per capita

Fonte: FAO, IBGE, FGV e IPEA


8

1.2 Ano 2006:

O volume de batata continuou elevado em setembro, período de pico de safra


nas regiões de Vargem Grande do Sul (SP) e de Cristalina (GO). Com isso, os
preços do tubérculo não subiram. A batata especial foi comercializada a R$
27,45/sc de 50 kg, em média, no último mês no atacado de São Paulo (SP),
praticamente estável em relação ao registrado em agosto. A expectativa dos
atacadistas é que o preço volte a subir em outubro, com a diminuição da oferta
em algumas regiões produtoras.
9

1.3 Ano 2007:

Mesmo com a intensificação da colheita da safra de inverno no Sudoeste


Paulista e no Triângulo Mineiro, a área total ofertada em outubro deverá ser
aproximadamente 15% inferior à colhida em setembro. A menor oferta no
período deve-se ao fim do pico de oferta nas demais lavouras. Até setembro,
foram colhidos 13,5 mil hectares de batata da safra de inverno, que corresponde
a 60% da área total das regiões do Triângulo Mineiro/Alto do Paranaíba (MG),
Cristalina (GO), Sudoeste Paulista (SP), Sul de Minas Gerais e Vargem Grande
do Sul (SP). Em Vargem Grande do Sul, a área colhida até setembro
correspondeu a aproximadamente 80% do total cultivado na região. Muitos
produtores já encerraram a colheita, finalizando a temporada com rentabilidade
positiva. A redução de área da safra de inverno, em torno de 7%, contribuiu para
que o preço médio da batata na roça entre julho e setembro registrasse média
de R$ 39,91/sc de 50 kg, valorização de 33% e 26% quando comparado ao
mesmo período de 2005 e 2006, respectivamente. Esse valor superou o mínimo
estimado por produtores para cobrir os gastos com a cultura na roça – cerca de
R$ 20,00/sc de 50 kg.

A batata pode valorizar em outubro por conta do fim do pico de oferta nas
lavouras de inverno. Em setembro, com o grande volume colhido, o preço da
batata especial tipo ágata no atacado de São Paulo chegou a atingir o patamar
de R$ 31,43/sc de 50kg, menor valor desde março deste ano. Na média, o
tubérculo foi comercializado no atacado a R$ 36,84/sc de 50kg, desvalorização
de aproximadamente 10% em comparação à de agosto.
10

1.4 Ano 2008:


Em setembro, as regiões de Vargem Grande do Sul (SP), Cristalina (GO) e
Sul de Minas entram em pico de safra. A previsão é que ocorra um aumento de
20% da área ofertada neste mês frente ao mesmo período de 2007. Vale lembrar
que em setembro do ano passado, as exportações para a Argentina e Uruguai
favoreceram o escoamento da produção, valorizando o produto no fim daquele
mesmo mês. Em 2008, a maior oferta é decorrente, principalmente, da
concentração na colheita – as chuvas registradas em abril impediram parte do
plantio naquele período, concentrando os trabalhos em maio, e deslocando a
área que inicialmente deveria ser colhida em agosto para setembro. A área total
ofertada nessas regiões em setembro é estimada em aproximadamente 6600
hectares, 40% maior que a de agosto.

Os elevados patamares de preços registrados no final de julho e início de


agosto aliados à expectativa de excesso de oferta em setembro estimularam
muitos produtores a anteciparem a colheita de batata. Com isso, a oferta
aumentou, pressionando as cotações do produto nas roças do País durante a
segunda quinzena do mês – no período, houve baixa de 40% nos preços da
batata em relação aos valores negociados na primeira quinzena de agosto. Entre
11

1º e 15 de agosto, a saca de 50 kg de batata padrão ágata foi comercializada em


Vargem Grande do Sul (SP), em média, a R$ 36,35, na roça – 20% superior ao
do mesmo período do ano passado. Além do atraso no plantio em abril, as
chuvas ocorridas no início de agosto dificultaram a colheita, diminuindo o volume
de batata no mercado. O valor médio pago ao produtor em agosto pela batata
especial padrão ágata foi de R$ 30,75/sc de 50 kg, desvalorização de
aproximadamente 15% em relação à de julho. Estima-se que cerca de 2,3 mil
hectares foram colhidos na região paulista entre o início da safra (julho) e final
de agosto – área 30% inferior à do mesmo período de 2007. Para setembro,
agentes aguardam uma oferta de aproximadamente 4,5 mil hectares nas roças
de Vargem Grande do Sul.

O valor mínimo estimado por produtores brasileiros para cobrir os gastos com
a cultura de batata na safra das secas (entre maio e julho) foi de R$ 28,21/ sc de
50 kg na roça, 16,5% maior que em 2007. Vale lembrar, ainda, que grande parte
dos insumos utilizados na safra de 2008 foi comprada em 2007, antes dos
aumentos de preços registradas no início deste ano. Dessa forma, agentes
acreditam que os custos em 2009 deverão ser ainda maiores.
12

1.5 Ano 2009:


Os preços da batata devem continuar elevados em outubro devido ao menor
volume do tubérculo no mercado. O cenário é resultado do fim dos picos de safra
em Cristalina (GO) e em Vargem Grande do Sul (SP), mesmo com o retorno ao
normal das atividades de campo neste mês. Na cidade paulista, principalmente,
a colheita foi prejudicada por conta das intensas chuvas registradas em
setembro. Além disso, o Sudoeste Paulista, que normalmente começa a safra no
início de outubro, está com o calendário atrasado e a temporada só deve iniciar
no final deste mês. O excesso de chuvas registrado em agosto e setembro
atrapalhou o desenvolvimento do produto no Sudoeste Paulista. Já no sul de
Minas Gerais, as atividades de campo seguem de acordo como planejado. Vale
lembrar ainda que, em todas essas regiões, a área total de colheita no período
é de cerca de 5.800 hectares, aproximadamente 10% inferior à de setembro.

O plantio da temporada das águas de 2009/10 nas roças da região de


Curitiba, São Mateus do Sul, Irati e Ponta Grossa está praticamente encerrado.
Entre agosto e outubro foram cultivados cerca de 14 mil hectares – área 10%
superior à da safra anterior. Neste ano, o calendário da região foi atrasado por
conta do elevado volume de chuvas que ocorre desde julho. Além disso,
produtores estão receosos com a alta umidade que podem aumentar a incidência
de requeima nas lavouras, prejudicando a produtividade e elevando gastos com
defensivos agrícolas. A colheita das águas deve iniciar em novembro, com a
oferta de aproximadamente 15% da área plantada.

Em outubro, a área colhida em Vargem Grande do Sul (SP) deve diminuir


aproximadamente 40% em relação ao mês anterior. Apesar de a produtividade
média registrada até o momento ter sido satisfatória – média de 33 t/ha –, o clima
mais úmido neste ano aumentou a incidência de requeima nas lavouras da
região. Dessa forma, os gastos com fungicidas foram mais elevados dado o
maior número de aplicações. Além disso, o forte calor registrado nas primeiras
semanas de setembro prejudicou a qualidade do tubérculo colhido naquele mês.
As altas temperaturas fizeram com que a batata escurecesse rapidamente,
dificultando a comercialização. A estimativa é de que sejam ofertados 1.700
hectares na região em outubro, ou seja, 20% do total cultivado para esta safra.
O restante deve ser colhido até meados de novembro.
13

O início da colheita da temporada de inverno no Sudoeste Paulista atrasou


cerca de 10 dias. De acordo com agentes de mercado, o clima tem sido
desfavorável para o desenvolvimento do tubérculo – chuvas irregulares e pouca
luminosidade durante o dia. Assim, produtores optaram por prolongar o ciclo de
formação da batata, que normalmente é de 90 dias, na tentativa de obter uma
formação melhor. Mesmo assim, é esperada uma redução no calibre da batata,
além de maior incidência de doenças. A estimativa é de que menos de 600
hectares sejam colhidos no Sudoeste Paulista neste mês. Devido à ocorrência
de problemas climáticos, é esperada redução na produtividade média nas
lavouras da região, normalmente de 30 t/ha.
14

1.6 Ano 2010:


A disponibilidade de batata no mercado nacional deve diminuir neste mês. A
redução está atrelada, principalmente, à desaceleração do ritmo da colheita nas
regiões de Vargem Grande do Sul (SP) e Sul de Minas Gerais – a safra nestes
locais termina em outubro. Em Brasília (DF)/Cristalina (GO), a oferta deve ser
30% menor neste mês em comparação à de setembro. Mesmo com o início da
safra de inverno no Sudoeste Paulista e da intensificação da colheita na região
de Triângulo Mineiro/Alto do Paranaíba, o volume não deve ser suficiente para
aumentar a oferta nacional. Quanto aos preços, seguiram em patamares baixos
em setembro. A média do mês no atacado de São Paulo da batata especial
padrão ágata foi de R$ 37,80 sc de 50 kg.

A safra em Vargem Grande do Sul (SP) e na região Sul de Minas Gerais deve
encerrar em outubro. Nestas regiões, devem ser colhidos 12% e 15%,
respectivamente, do restante cultivado na temporada – ambas deixaram para
outubro volumes inferiores aos que tipicamente colhem no período. As condições
climáticas foram bastante favoráveis durante quase toda a safra nas duas
regiões. Na praça paulista, o clima quente acelerou a colheita, que ocorreu sem
intervalos durante toda a safra (de julho a setembro). Já em Minas Gerais, as
atividades foram adiantadas em cerca de um mês devido à antecipação do
plantio. Em Vargem Grande do Sul, o preço médio recebido pelo produtor foi
cerca de R$ 24,12/sc de 50 kg em setembro, valor semelhante ao mínimo
estimado por produtores para cobrir os gastos com a cultura. No Sul de Minas,
a média do preço recebido pelo produtor pela saca de 50 kg foi de R$ 26,17,
valor também próximo ao mínimo estimado para cobrir os gastos.

O clima seco de julho até meados de setembro foi a maior dificuldade


enfrentada por produtores de quase todas as regiões que cultivam a safra das
águas. No Sul de Minas, onde o plantio começou em agosto, a área cultivada foi
de apenas 10% (o usual para este mês é 25%). Em setembro, a área plantada
foi 15% inferior ao usual para o período – poderia ser ainda menor se a estiagem
se prolongasse. A previsão é de chuva em todo o estado de Minas Gerais em
outubro, o que deverá acelerar as atividades de campo. Quanto ao Paraná, que
se aproxima do final do plantio, restando 37% da área a ser cultivada em outubro
– o estado geralmente termina as atividades em setembro. Muitos produtores
15

paranaenses aproveitaram para intensificar as atividades nas duas primeiras


semanas de agosto, quando choveu no estado. Após esse período, as lavouras
tiveram falta de umidade, o que atrasou a emergência da parte aérea da planta.
No final de setembro, no entanto, com o retorno das precipitações, houve
recuperação de grande parte desse tubérculo. Ainda na região Sul do País, as
cidades de Guarapuava (PR), Água Doce (SC) e Bom Jesus (RS) devem
intensificar o plantio neste mês, com expectativa de cultivar mais 55%, 30% e
20%, respectivamente, do total. A previsão para o Sul do País é que, entre
outubro e novembro, as chuvas sejam mais frequentes. Já entre novembro e
dezembro há risco de veranico, o que pode prejudicar a suberização das
lavouras plantadas em outubro. O Triângulo Mineiro/Alto do Paranaíba deve
iniciar as atividades neste mês, com previsão de chuvas, mas ainda em ritmo
lento.
16

1.7 Ano 2011:


Neste ano, a bataticultura vem apresentando cenário oposto ao do ano
passado. No Especial Batata dos últimos dois anos, em geral, os preços de
comercialização estavam acima dos custos de produção e, naquele período, era
salientada a necessidade de o produtor fazer uma provisão para sobreviver em
períodos de crise, como agora. Analisando-se os resultados das três regiões,
constata-se que os custos por saca de batata produzida foram menores em
Vargem Grande do Sul. Entretanto, quando se avalia a rentabilidade do produtor,
de acordo com a média de preços em cada safra (2010 e 2011), o resultado é
negativo devido aos baixos preços de venda. Nessa região paulista, o custo por
saca nas safras 2010 e 2011 foi de R$ 27,82 e R$ 29,34, respectivamente,
enquanto que os preços médios no período de colheita foram de R$ 24,58/sc e
de R$ 17,62/sc, 12% e 40%, nessa ordem, abaixo dos custos de produção –
para a safra 2011, os dados tanto de preços quanto de custos são preliminares.

Já a região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, apesar de ter o menor custo


por hectare e de ter colhido em um período em que os preços estavam em bons
patamares, acabou também amargando prejuízo neste ano, pois a quebra de
safra na região foi muito acentuada. Longe da produtividade potencial estimada
em torno de 700 a 750 sacas por hectare na região, a colheita foi de apenas 400
sacas por hectare, o que significa que os custos por unidade produzida foram
quase o dobro do que poderia ser obtido com boa produtividade. O custo médio
por saca na região foi de R$ 44,55/sc, mas se a produtividade tivesse atingido o
nível potencial, esse custo teria sido de apenas R$ 23,76/sc. Os preços médios
na safra, por sua vez, foram de R$ 30,98/sc, ficando, portanto, 30% abaixo dos
custos.

Se a produtividade tivesse atingido o nível potencial, o produtor teria


alcançado rentabilidade 30% positiva. Na safra 2010/11, o Sul de Minas, além
de ter apresentado custos maiores que os de Vargem Grande do Sul, teve média
de preços inferior à do cerrado mineiro, ficando também com margem 32%
negativa, pois os custos por saca produzida foram de R$ 39,09/sc enquanto, os
preços médios, R$ 21,09/sc. Esses resultados, contudo, não significam que a
atividade é inviável. Boas safras podem compensar anos ruins. Porém, tudo deve
ser medido e avaliado para que se possa realmente obter a recuperação com
17

medidas de gestão eficiente. O conceito de “boas práticas administrativas” se


fundamenta em produzir e comercializar de forma eficiente, o que requer controle
correto dos custos de produção a fim de que as atividades possam ser
planejadas e executadas com base em dados seguros. Entre essas medidas,
está, por exemplo, saber quanto deve ser provisionado nos anos bons para
serem cobertos prejuízos nos anos ruins.

Adotando-se o raciocínio aplicado às últimas safras para um cenário mais


longo, que é o que o produtor deve observar ao avaliar a sustentabilidade do seu
negócio, foram comparadas as evoluções dos custos de produção e também dos
preços de venda da batata nos últimos 12 anos. Os dados representam uma
média anual por unidade comercializada. Para essa análise, foi considerada toda
a série de preços do Cepea para a batata. Quanto aos custos, a série não é tão
longa e, por isso, para os anos anteriores ao início da pesquisa, foi considerada
uma taxa de crescimento anual dos custos calculada a partir do histórico iniciado
em 2006. Observou-se, então, que, em termos médios, há um aumento anual
em torno de 6% nos custos de produção. A conclusão a que se chega é que
tanto os custos quanto os preços, na média, vêm aumentando ano a ano -
obviamente, há oscilações ao longo do período em função da variação de oferta.

Outra constatação é que está aumentando gradativamente a concentração


na bataticultura brasileira. Muitos produtores de pequena e média escalas,
principalmente, foram excluídos da atividade, enquanto que outros acabaram
crescendo. O aumento da produtividade, da integração dos canais de
comercialização e de uma melhor gestão financeira são os principais aspectos
que têm determinado o sucesso ou não na atividade. Como mencionado, em
média, produtores do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, com escala de produção
parecida com a de Vargem Grande do Sul, adotam gestão mais empresarial que
o de outras regiões, tornando sua atividade mais sustentável. Diante disso, pode-
se concluir que aquele produtor que gerencia de forma eficiente o seu negócio e
consegue sobreviver aos períodos de crise acaba se capitalizando nos anos
bons, provando ser sustentável. Por isso, vale repetir: para o bataticultor ter seu
negócio sustentável, é necessário produzir agronomicamente bem, com
eficiência também econômica, e comercializar bem. As ferramentas de gestão
estão aí justamente para ajudar nessa desafiante empreitada.
18

Apesar de a margem por saca (preços-custo) ser positiva em todos os anos


apresentados no gráfico acima, é preciso levar em consideração que se trata de
média anual e também relativa ao conjunto de regiões que o Cepea pesquisa.
Ao longo de um ano, no entanto, a período de rentabilidade negativa, assim
como os outros de alta lucratividade. Na média, os preços recebidos tem
superado os custos, mas isso não representa a rentabilidade média de todos os
bataticultores do Brasi, porque conseguem comercializar o seu tubérculo todos
os meses do ano. Dependendo da regiao, corra-se o risco de ter mais periodos
ruins do que bons.

1.8 Ano 2012:


Em agosto, os valores da batata estiveram em patamares elevados na região
de Vargem Grande do Sul (SP). Apesar do acréscimo de 10% da área em
relação à da safra de 2011, a quebra de 20% na produtividade desde o início da
temporada, em julho, tem restringido a oferta no mercado e, consequentemente,
elevado os preços do tubérculo. Além disso, os carregamentos de batata à
Argentina, país que registra grande quebra de safra de batata por conta do clima
seco e das geadas, também reduziram a disponibilidade nacional. Assim, o preço
19

médio da ágata especial pago ao produtor de Vargem Grande do Sul foi de R$


42,12/sc de 50 kg em agosto, valor 130% superior ao de agosto/11 e 20% acima
do custo médio estimado por produtores para cobrir os gastos com a cultura.
Além de Vargem Grande do Sul, as demais regiões que negociaram a batata em
agosto também se beneficiaram com bons preços. A partir de setembro, a
expectativa de produtores consultados pelo Cepea é de ligeira melhora na
produtividade de Vargem Grande do Sul, mas esta ainda deve ficar 15% inferior
ao potencial da região, devido às chuvas e aos dias nublados em junho, que
prejudicaram o desenvolvimento das lavouras. Nesse cenário, os preços devem
ficar acima dos custos estimados por produtores na safra de inverno.

O pico de plantio de batata da safra das águas 2012/13 ocorre em setembro,


quando mais de 15 mil hectares devem ser cultivados. Boa parte das regiões
produtoras já havia começado as atividades em agosto. A praça mais adiantada
é a de São Mateus do Sul (PR), onde o plantio até o final de agosto já havia
atingido cerca de 75% do total esperado – as atividades devem ser encerradas
em setembro. Já as praças paranaenses de Curitiba, Irati e Ponta Grossa devem
ter a maior parte do plantio realizado em setembro, assim como o Sul de Minas
Gerais e a região de Ibiraiaras/Santa Maria (RS). O cultivo em Guarapuava (PR),
Água Doce (SC), Bom Jesus (RS) e Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, porém,
deve ser mais intenso nos próximos meses. De modo geral, até o final de agosto,
não houve registro de problemas climáticos. Para os próximos meses, porém, o
fenômeno El Niño pode elevar o volume de chuva, principalmente na região Sul
do País, prejudicando o andamento dos trabalhos de campo.

A seca que vem sendo verificada desde o final de 2011 na Chapada


Diamantina (BA) pode começar a afetar a produção de batata em setembro.
Apesar de toda a área ser irrigada, produtores se mostram receosos quanto ao
nível atual dos reservatórios. Até agosto, a cultura da batata foi priorizada em
relação aos cereais, os quais tiveram suas áreas reduzidas. Assim, a irrigação
permitiu que a produtividade dos batatais registrasse média de 40 t/ha, próxima
ao potencial da região. A qualidade também foi boa, com baixa ocorrência de
doenças. Agora, caso o tempo continue seco até o final de setembro, a
bataticultura local pode ser prejudicada. Segundos produtores locais, para que
todos os batatais cultivados possam ser irrigados, a solução seria reduzir a área
20

plantada nos próximos meses. Quanto aos preços, a média da ágata especial
beneficiada de janeiro a agosto foi de R$ 45,17/sc de 50 kg, 44% superior aos
custos médios estimados pelo setor.

1.9 Ano 2013:


A tradicional região produtora de batata de Vargem Grande do Sul (SP)
termina a colheita de inverno em outubro. A região é responsável por grande
parte dos tubérculos ofertados no mercado brasileiro entre julho e outubro. Nesta
safra, embora o período inicial do cultivo tenha sido prejudicado por chuvas, a
colheita ocorreu no calendário habitual. Isso porque, devido aos altos preços da
batata em julho, produtores optaram por antecipar a colheita de parte dos
tubérculos. A oferta foi intensificada na região a partir de agosto, o que, junto
com o elevado volume de Cristalina (GO), pressionou as cotações,
principalmente em setembro. Ainda assim, produtores tiveram mais um ano de
rentabilidade positiva em Vargem, mesmo com uma quebra de 15% a 20% na
produtividade, que ficou na média de 30 t/ha, prejudicada principalmente por dias
nublados no período desenvolvimento. Até o final de setembro, quando 93% da
21

área havia sido colhida, o preço médio da batata beneficiada ponderado pela
classificação e calendário foi de R$ 55,36/ sc na praça paulista, 42% acima do
valor mínimo estimado para cobrir os custos de produção.

Após iniciar o cultivo timidamente em agosto, com 5% da área total da


temporada, em setembro produtores de Guarapuava (PR) concluíram metade do
plantio da primeira parte da safra das águas 2013/14. A expectativa é que a
metade restante seja plantada em outubro caracterizando o mês como pico do
cultivo. Até meados de setembro, as atividades de campo vinham sendo
realizadas lentamente, por conta de temperaturas muito baixas, que chegaram
a 2°C negativos, e do clima seco na região. Além disso, geadas em Campo
Mourão, no norte do Paraná, ocasionaram perdas de áreas de batata-semente,
que já estava escassa devido aos elevados preços do tubérculo no mercado, e
reduziu ainda mais. A partir da segunda quinzena de setembro, contudo,
produtores conseguiram dar mais ritmo às atividades. A perspectiva ainda é de
aumento de área na região de Guarapuava, no entanto, essa estimativa só
poderá ser confirmada no fim deste mês, com a finalização das atividades de
plantio. Com a maior concentração do cultivo neste ano, a colheita da primeira
parte da safra da região, que geralmente é concentrada em dezembro, deverá
se concentrar ainda mais no período.

O plantio para a safra das águas 2013/2014 foi finalizado nas regiões
paranaenses de Irati, Curitiba, Ponta Grossa e São Mateus do Sul. No geral, o
término das atividades foi antecipado em cerca de 20 dias em relação às safras
anteriores nas praças paranaenses. Isso por conta de condições climáticas
favoráveis (clima seco), principalmente. Aliado a isso, produtores dessas regiões
desejam encerrar a colheita de batata mais cedo para realizar o cultivo de outros
produtos, tais como soja e feijão. O pico de plantio ocorreu em setembro, quando
70% das atividades foram realizadas. Assim, a concentração da colheita está
prevista para dezembro. Dentre essas regiões, a única que não deve ter
expansão de área de batata é Irati, devido à competição por área com a cultura
da soja e aos altos valores de mão de obra.
22

1.10 Ano 2014:


O clima mais seco deste ano quebrou a sequência de aumento dos custos
da batata que se verificava desde o início das pesquisas da Hortifruti Brasil
em Vargem Grande do Sul (SP). De 2005 a 2013, cultivar um hectare de
batata custava sempre mais que no ano anterior – sem se considerar a
inflação que transcorre no ano. Já em 2014, dados preliminares – a colheita
está em andamento – apontam diminuição frente a 2013. O produtor chegou
a gastar mais com inseticida, mas despendeu menos com fungicida, além do
que optou por moléculas mais baratas, tendo em vista que a incidência de
doenças foi relativamente baixa. O resultado foi custo 3,8% menor por
hectare ou 10% a menos por saca, já que a produtividade aumentou de 650
para 700 sacas de 50 kg por hectare. No acumulado de 2005 a 2014, no
entanto, o custo total de produção da batata (R$/hectare) em Vargem Grande
do Sul avançou 52% em termos nominais. Se a conta for feita até 2013 –
deixando-se de lado 2014, considerado atípico –, a elevação é de 59%.
23

Comparando-se com a inflação, entre agosto de 2005 e agosto de 2014,


o índice IGP-DI (comportamento geral dos preços da economia) subiu 65%.
Os custos da batata, portanto, avançaram menos que a inflação. Já no Sul
de Minas, onde a pesquisa da Hortifruti Brasil sobre custos da batata
começou em 2008/09, o acumulado até 2014 é de 48%, superior, neste caso,
aos 35% do IGP-DI do mesmo período. A análise detalhada da estrutura de
produção nessas duas regiões traz informações relevantes para o
entendimento do desempenho do setor. Mesmo com o ganho de
produtividade importante no período – cerca de 17% em Vargem Grande do
Sul e de 10% no Sul de Minas, os custos por saca também subiram em
termos nominais. No caso de Vargem Grande do Sul (SP), o aumento do
custo (R$/sc) foi de 31% em 10 anos e, no Sul de Minas, onde o avanço da
produtividade nos últimos seis anos foi menor, o aumento do custo (R$/sc) é
contabilizado em 40%. O ganho de produtividade, portanto, permitiu que, em
termos reais, produzir batata atualmente custe bem menos que há 10 anos
em Vargem Grande do Sul. Já nos últimos seis anos, os resultados do Sul de
Minas mostram que, mesmo ao se considerar a elevação da produtividade, o
produtor de batata ainda arca com aumento de custo acima da inflação geral
da economia.
24

Mas, o que mais onerou no custo de produção (R$/ha) nos últimos 10 anos
entre os itens que apresentaram reajustes acima da inflação, o destaque é
claramente a mão de obra, que se valorizou 166% acima da inflação (IGP-DI)
quando se analisa o gasto por hectare – este item inclui toda a de mão de obra
empregada na atividade, exceto o pró-labore do produtor. Mesmo ao ser
analisada face ao dispêndio por saca colhida – o que inclui o avanço da
produtividade da lavoura –, a mão de obra ainda apresenta reajuste 83% acima
da inflação. Por outro lado, os itens que subiram menos que as inflações nos
últimos 10 anos estão relacionadas às operações mecânicas de preparo do solo,
manejo e colheita. O custo do capital também diminuiu nesse período devido à
queda da taxa de juros básica. Apesar da percepção geral de que o valor da terra
segue tendência ascendente, no caso do arrendamento de batata na região de
Vargem Grande do Sul (SP), esse reajuste foi menor que a inflação medida pelo
IGP-DI. Em termos reais, o arrendamento de um hectare, atualmente, custa
menos que há 10 anos. No caso dos insumos, o aumento dos gastos
acompanhou a inflação. Em valores reais, o custo praticamente se manteve em
10 anos. O preço da batata semente, por outro lado, teve recuo em valor real. E,
nos últimos seis anos, como foi o comportamento da safra de verão? Os
principais itens que compõem o custo de batata na safra de verão na região do
Sul de Minas subiram mais que a inflação. No balanço, o custo por hectare na
25

região mineira, entre as safras 2008/09 e 2013/14, elevou-se 9,4% acima da


inflação no período. Isso ocorreu devido ao uso mais intensivo de tecnologia.
Esse investimento, por sua vez, proporcionou aumento da produtividade, tanto é
que o custo por saca se manteve praticamente estável ao longo do período. A
exemplo do observado em Vargem Grande do Sul (SP), o custo da mão de obra
por hectare foi o que mais se elevou no Sul de Minas. Comparando-se as safras

2008/09 e 2013/14, esse item teve reajuste 200% acima da inflação (IGP-DI).
Mesmo avaliando-se por saca – inclui-se o ganho de produtividade –, nos últimos
seis anos, o custo da mão de obra elevou-se 73% em valores reais.
26

1.11 Ano 2015:


A bataticultura terá novos desafios em 2016 e o produtor deve estar
preparado para esse novo cenário que se está delineando para o setor. De modo
geral, os custos devem se manter em ascensão enquanto a demanda doméstica
deve ser mais limitada em 2016 - após anos de expansão por conta da melhoria
da distribuição renda e ampliação do mercado consumidor brasileiro. Isso deve
limitar altas do produto no varejo, apesar da pressão dos custos cada vez mais
evidentes no setor produtivo e comercial. Esse cenário está muito relacionado à
crise econômica, fiscal e política que passa o País hoje.

Em termos práticos, a alta do dólar, dos juros pagos pelo setor produtivo, da
energia elétrica e do combustível impulsionar os custos de produção, ao mesmo
tempo em que o consumidor se mostra menos propenso a gastar. Produtos
alimentícios como a batata são menos suscetíveis à queda de consumo do que
bens duráveis, por exemplo. Mesmo assim, o consumidor já está indo menos
vezes ao supermercado e suas compras estão mais comedidas. E quando se
pensa em produtos alimentícios com agregação de valor, como no caso das
batatas pré-fritas congeladas, aí o impacto é um pouco maior do que o sentido
27

pelos básicos. Nesse sentido, o processamento nacional, que crescia


recentemente a dois dígitos por ano, deve ter uma taxa de expansão menor
neste e no próximo ano.

A combinação de todos esses fatores pressiona a rentabilidade da cultura e


impõe novos desafios para o setor que já está acostumado a sobreviver com
base no ganho de produtividade. Em poucas palavras, neste e no próximo ano,
os custos devem se manter em ascensão enquanto a demanda doméstica deve
ser mais limitada – após anos de expansão puxada pela melhoria da distribuição
renda e consequente ampliação do mercado consumidor brasileiro.

Em tal contexto, a Hortifruti Brasil apresenta mais um Especial Batata com o


objetivo de reforçar o quadro de informações que o produtor tem para gerir seu
negócio. Nesta edição, estão reunidas informações atuais que proporcionam
uma avaliação econômica de quatro estruturas típicas de produção de batata. A
partir da análise da estrutura de custo bem como da influência da escala de
produção é possível a identificação dos itens que mais pesam nos custos e
também das ações que podem ser feitas de modo que o negócio seja sustentável
no longo prazo.

1.12 Ano 2016:


Os elevados preços da batata em 2015 e 2016 não foram sinônimos de alta
rentabilidade na cultura. Esse resultado se deve a uma conjuntura bastante
desfavorável ao setor. O principal fator que limitou a margem do bataticultor foi
o aumento acentuado nos custos de produção em 2016, devido, especialmente,
à alta do dólar que elevou os preços dos insumos. Além disso, o clima adverso
prejudicou a produtividade em muitas regiões, ocasionando fortes oscilações de
volume colhido entre as praças.

Por conta da oscilação da produtividade, o custo da batata variou de R$


40,77/saca 50 kg, beneficiada (safra de inverno 2015 em Vargem Grande do
Sul/SP – grande escala de produção), a R$ 99,40/sc de 50 kg, beneficiada (safra
das águas 2015/16 no Sul de Minas Gerais). Neste mesmo período, os preços
da saca de 50 kg da batata estiveram entre R$ 42,00 e R$ 212,00, beneficiada.
Com isso, dependendo da combinação entre preços de venda da batata e
28

custos, alguns produtores registraram prejuízos em tempos de valores recordes


do tubérculo, como foi o caso de bataticultores do Sul de Minas Gerais.

A escala de produção também influencia na rentabilidade do produtor. Na


região de Vargem Grande do Sul (SP), o Projeto Custos/Cepea apurou vantagem
em termos de custos para o produtor de grande escala (área de 350 hectares)
em relação ao de média (área de 100 hectares).

Ainda que o tamanho da propriedade possa refletir de forma positiva sobre a


rentabilidade, é a produtividade o principal fator para se obter a lucratividade,
especialmente em anos de adversidades climáticas. Observa-se que os
produtores que conseguem produtividade acima da média, mesmo com
dificuldades de manejo por conta do clima, fecharam as contas no azul.

Um exemplo é a região de São Gotardo (MG) – nova praça de levantamento


de custo de produção de batata pelo Cepea. Na safra 2015/16, essa região
mineira colheu, em média, 600 sacas por hectare, superior a nacional. Assim, o
custo não foi tão elevado e estes produtores aproveitaram o período de preços
altos, fechando muito bem as contas. Irrigação, o uso de sementes de boa
qualidade e um bom manejo, por sua vez, foram determinantes para a obtenção
da maior produtividade, mesmo com clima desfavorável.

1.13 Ano 2017:


Em outubro, a área colhida com batata pode se reduzir 20%. O motivo é que
Vargem Grande do Sul (SP), principal praça produtora na safra de inverno, está
na reta final da temporada – neste mês, a praça paulista deve colher apenas
15% da área. Além de Vargem Grande do Sul, Cristalina (GO) deve colher em
outubro 5% menos do que no mês passado, contribuindo para a redução da
oferta nacional – a praça goiana vem ofertando um bom volume de batata ao
mercado. O Sul de Minas é outra região que reduzirá em 20% a oferta neste
mês, visto que a colheita deve atingir apenas 10% da área. Assim, mesmo com
a intensificação da safra de inverno de Itapetininga (SP) em outubro, sua oferta
não deve ser suficiente para compensar a redução nas demais praças. Neste
cenário, o produtor deve se beneficiar com cotações mais remuneradoras em
outubro.
29

Produtores de Vargem Grande do Sul (SP) encerram a safra de inverno em


outubro – 85% da produção foi colhida até setembro. O aumento da área e a
produtividade elevada, impulsionaram a oferta de batata na temporada,
derrubando as cotações. Na média parcial da safra (julho a setembro), os preços
médios da batata beneficiada foram de R$ 28,83/sc de 50 kg, 19,18% abaixo dos
custos de produção, estimados em R$ 34,36/sc. Setembro bro foi o mês com os
valores médios mais baixos da temporada, de R$ 25,39/sc, devido ao pico de
safra não apenas na praça paulista, como também em Cristalina (GO). A
qualidade e a produtividade dos tubérculos no início da temporada paulista não
foram tão satisfatórias, por causa da requeima e da menor luminosidade. Porém,
conseguiram se recuperar em agosto, aumentando o rendimento em setembro.
No mês passado, as batatas começaram a escurecer devido ao clima quente e
seco, prejudicando a comercialização. Para outubro, é esperada melhora dos
preços com o menor ritmo de atividades da safra de inverno em Vargem Grande
do Sul.

Paraná e Minas Gerais devem reduzir o cultivo de batata da safra das águas
2017/18. O motivo é a descapitalização do setor, visto que em quase todo o ano
de 2017 os preços de venda têm ficado abaixo dos custos de produção. Além
disso, o clima predominantemente seco atrasou as atividades de plantio nos dois
estados em setembro, o que pode resultar em área ainda menor. Em Curitiba
(PR), estima-se que cerca de 40% da área cultivada apresentou problemas
devido ao déficit hídrico, pois não são irrigadas. A região paranaense ainda pode
ter deslocamento do calendário, transferindo a colheita, que normalmente é
concentrada em dezembro, para janeiro. Embora nas demais praças
paranaenses o nível de tecnologia seja maior, a falta de chuva também prejudica
os plantios e, mesmo nas áreas irrigadas, as plantas apresentaram problemas
fisiológicos, devido à baixa umidade relativa do ar. No Sul de Minas, por sua vez,
a intensidade da irrigação foi abaixo do ideal, o que pode comprometer a
produção. No Triângulo Mineiro, os plantios, que deveriam começar em outubro,
devem se atrasar, devido à falta de água. As atividades podem ter início apenas
na segunda quinzena de novembro, caso as precipitações retornem, conforme
produtores. No Rio Grande do Sul, além da situação não ser diferente, também
é esperada redução no calibre dos tubérculos da região de Ibiraiaras.
30

1.14 Ano 2018:


Em 18 anos de análise de mercado do Hortifruti/Cepea, nunca houve um
período tão longo (quase dois anos!) de baixa rentabilidade para o segmento da
batata in natura. Desde novembro de 2016, os preços vêm sendo insuficientes
para pagar os custos de produção em todas as safras. Os principais fatores que
explicam essa desvalorização são a oferta elevada de batata, a dificuldade de
ampliar a demanda por conta da crise econômica do País e mudanças de hábito
de consumo do brasileiro.

1.14.1 Clima Favorável:

O clima foi extremamente benéfico à bataticultura em 2017. Na safra das


águas 2016/17, a chuva ocorreu em volume ideal, favorecendo o bom
desenvolvimento das lavouras, sendo que, geralmente, o clima acaba
prejudicando a produtividade dessa temporada. Quanto às temporadas das
31

secas e de inverno de 2017, o clima também foi um aliado à produtividade. Na


safra das águas 2017/18, por sua vez, o tempo permitiu boa produtividade.

No inverno de 2018, as condições climáticas foram ainda mais propícias que no


ano anterior, elevando a produtividade e gerando oferta excedente.

1.14.2 Aumento da Área:

A área cultivada em 2016 cresceu e o clima desfavorável no período –


quando foi registrado um dos El Niño mais intensos da história – resultou em
forte quebra de produtividade e consequente alta nos preços, garantindo boa
rentabilidade ao produtor naquele ano. Esse cenário, por sua vez, estimulou
agricultores, que aumentaram a área com batata novamente em 2017, elevando
a oferta e reduzindo os valores de venda. Assim, após dois anos de aumentos
consecutivos, a área da temporada das águas 2017/18 foi reduzida, mas o clima
não prejudicou a produtividade, mantendo a oferta elevada e a rentabilidade,
baixa. Já na temporada de inverno de 2018, bataticultores voltaram a aumentar
a área, mesmo diante dos preços pouco atrativos desde 2016.

1.14.3 Sementes de Melhor Qualidade:

As lavouras tiveram um bom vigor genético em 2017, graças ao uso de


sementes de maior qualidade nos últimos anos. Em 2018, o vigor segue
satisfatório, mas produtores têm focado menos na qualidade da semente, devido
ao baixo retorno que vêm registrando com a cultura. Esse contexto pode ser
alterado em 2019, em decorrência do excesso de replicações do tubérculo.
32

1.14.4 O Cenário pode melhorar em 2019:

A previsão é de que os preços da batata se recuperem em 2019, com o


fundamento vindo da menor área no próximo ano, que deve manter a oferta mais
controlada. Além disso, a produtividade para o período pode ser menor, tendo
em vista a forte possibilidade da ocorrência do fenômeno climático El Niño no
verão 2018-2019, que deve elevar o volume de chuva no Sul. Outro ponto que
pode comprometer o rendimento das lavouras é o fato de produtores,
desestimulados, terem realizado poucos investimentos na renovação das
sementes.

1.14.5 Área da safra das águas recua 17,5% em dois anos

A previsão para a safra das águas 2018/19 é de queda de 9,7% na área


de batata frente à temporada passada. Se somada a redução de área que já
houve na temporada 2017/18, os plantios são 17,5% menores que em 2016/17.
Esse cenário é resultado da atual crise que o setor enfrenta, com baixos preços
da batata por quase dois anos inteiros. Desde novembro de 2016, foram poucos
os meses em que as cotações ficaram acima dos custos de produção, devido ao
excesso de oferta. Assim, todas as praças reduziram o plantio. O clima nos
últimos dois anos vem favorecendo significativamente a produtividade, o que
manteve a oferta alta, mesmo quando houve redução de área cultivada em
determinados períodos. Outro fator que vem contribuindo para o bom rendimento
33

é que, até o final de 2016, o setor vinha de três anos com boa rentabilidade, o
que motivou produtores a investir em sementes de qualidade. Neste ano, por
outro lado, além da dificuldade financeira, a falta de chuva também dificultou os
plantios no início da safra em algumas regiões produtoras do Paraná, o que
provavelmente irá causar atraso de cerca de 15 dias no pico de safra, que
normalmente ocorre entre o final de dezembro e início de janeiro. Já em Minas
Gerais, as atividades de campo seguem conforme o planejado, porém, podem
ter um recuo de cultivo maior do que o inicialmente previsto, sobretudo no
Cerrado Mineiro, já que é uma das últimas regiões a iniciar a safra das águas,
colhendo até abril.

1.15 Gráfico de Demanda:

O Gráfico abaixo relata o deslocamento da curva em função da escassez


de demanda no mercado, fizemos um comparativo entre o ano de 2005 e 2018
e o preço de 50KG sc da batata comercializado aumentou significativamente
ocasionando a diminuição no consumo.

Devido os valores coletados em nossa pesquisa serem de preço em


função de 50 kg sc da batata ofertada no mercado não foi relatado no gráfico o
valor real demandado para cada uma das situações, porém, com base no estudo
das entrevistas ficou perceptivo que o preço da Batata teve um aumento
34

significativo, levando em conta que os preços vêm sendo insuficientes para


pagar os custos de produção em todas as safras. Os principais fatores que
explicam essa desvalorização são a oferta elevada de batata, a dificuldade de
ampliar a demanda por conta da crise econômica do País e mudanças de hábito
de consumo do brasileiro.
35

CONCLUSÃO

Podemos concluir que, mesmo diante de um cenário de crise econômica


ao longo destes 13 anos o mercado da batata nunca deixa de comercializar,
porém, a demanda não se elevou no mesmo ritmo de crescimento da oferta de
batata nos últimos dois anos. Um dos motivos é a mudança de hábito do
brasileiro, que migrou o consumo da batata in natura por outros tubérculos,
raízes e, especialmente, pela batata industrializada. A recente crise econômica
também limitou o consumo. Mesmo com a queda dos preços do tubérculo nos
últimos 24 meses, o consumidor está contendo seus gastos, principalmente com
alimentação fora do lar, cenário que acaba influenciando na menor demanda
pelo produto in natura.
Atualmente existe uma oferta grande de batatas, queda no consumo e o
preço despencou, não cobre os custos de produção.
As entrevistas da Hortifruti relatam uma grande expectativa de melhora do
cenário para 2019, com o fundamento vindo da menor área no próximo ano, que
deve manter a oferta mais controlada. Além disso, a produtividade para o período
pode ser menor, tendo em vista a forte possibilidade da ocorrência do fenômeno
climático El Niño no verão 2018-2019, que deve elevar o volume de chuva no
Sul. Outro ponto que pode comprometer o rendimento das lavouras é o fato de
produtores, desestimulados, terem realizado poucos investimentos na
renovação das sementes
36

REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS

Hortifruti Brasil Como sobreviver à pior crise da batata das últimas décadas?
<https://www.hfbrasil.org.br/br/revista.aspx> Acessado em 06.10.2018 às 14:00

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