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Simone Carvalho Neves1,1, Luciana Miranda Rodrigues1,2, Paulo São Bento1,3, Simone Aguiar
Maranhão1,4, Ivan Neves Junior1,5
1,1 Fundação Técnico Educacional Souza Marques-Escola de Enfermagem Souza Marques /Pós Graduação
Ivanneves23@gmail.com
Resumo.A Teoria da Aprendizagem Significativa leva em consideração que os conhecimentos prévios dos
alunos sejam valorizados em sua estrutura cognitiva. Objetivou-se realizar uma reflexão acerca da
aprendizagem por descoberta com vista à problematização baseado no livro de Ausubel‘Aquisição e Retenção
de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva’ (2000).Trata-se de uma pesquisa documental realizada com
um livro clássico no campo da aprendizagem significativa, nas versões impressa e digital. Esse estudo foi
desenvolvido no período de julho de 2014 até dezembro de 2016. A expressão ‘resolução de problemas’ se
apresentou expressiva em todo o conteúdo literário. O autor não menciona em seu livro que a abordagem de
ensino varia em função do profissional, seja a área da saúde, humanas ou tecnológica, que se pretende
formar. Ainda assim, são válidas as abordagens de Ausubel, mas provavelmente não podem ser utilizadas em
todas as disciplinas e nas práticas de algumas profissões.
Palavras-chave: aprendizagem significativa; aprendizagem por descoberta; problematização; construção do
conhecimento; resolução de problemas.
1 Introdução
Atuar como docente no ensino superior é um grande desafio, visto a grande diversidade de
informações e avanços tecnológicos no mundo atual. Diante de nós, encontram-se os alunos que
precisam ser preparados para o mundo profissional. Como atrair esses alunos para o desejo de
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aprender, refletir e questionar? Como fazer com que os conteúdos sejam significativos? É nesse
momento que devemos parar, refletir e oferecer ao aluno o despertamento para a aprendizagem, para
a curiosidade e para os novos conhecimentos.
Dentro dessa expectativa, podemos nos apoderar da teoria da aprendizagem significativa onde o
processo de ensino-aprendizagem é focado no aluno e permite liberdade para aprender. A
aprendizagem pode ser definida pela mudança na vida do indivíduo com um todo onde o professor
atua como o mediador e facilitador nesse processo onde são valorizadas as experiências prévias dos
alunos. Proporcionar ao aluno situações que permitam construir novo conhecimento de modo a
conquistar sua autonomia intelectual (Lemos, 2005).
Na aprendizagem significativa podemos mencionar os três requisitos que são fundamentais para o
processo de aprender, como: os conhecimentos anteriores relevantes devem ser relacionados com os
novos, o material significativo onde os conhecimentos a serem apreendidos dever ser relevantes e o
aluno deve escolher aprender significantemente e deve escolher, consciente e intencionalmente e
relacionar os novos conhecimentos com outros (Novak, 2000).
Na aprendizagem significativa, o aluno interage com a cultura sistematizada de forma ativa, como
principal ator do processo de construção do conhecimento. O ensino de novos conteúdos deve
possibilitar que se sinta desafiado a avançar nos seus conhecimentos, nas novas descobertas. Para que
tenhamos resultados promissores nesse sentido, é necessário um trabalho de continuidade, o
conteúdo novo deve apoiar-se numa estrutura cognitiva já existente, o que exige do professor,
previamente, verificar o que o aluno sabe, para que possa já fazer um breve diagnóstico, relacionar os
novos conteúdos à experiência do aluno a continuidade e de outro, provocar novas necessidades e
desafios pela análise crítica, encorajando o aluno a avançar na sua experiência prévia (Cyrino
&Toralles-Pereira, 2004).
Nessa dinâmica do aprender e ensinar, cinco elementos são fundamentais e são indissociáveis para
que tudo ocorra harmoniosamente no contexto educativo, tais como: o aluno, o professor, o
conhecimento, o contexto e a avaliação (Novak, 2000). Estaremos inserindo aqui o sexto elemento que
é a pesquisa para solidificar o complexo processo de aprender e ensinar. Uma preocupação por parte
dos educadores é que o avanço do conhecimento na área não está refletindo em melhoria de
qualidade do processo educativo, otimizar o tempo garantido que as ideias centrais de uma pesquisa
construtivista sejam compartilhadas por diferentes atores envolvidos no processo de ensino e pesquisa
(Lemos, 2005).
O objetivo desse artigo foi realizar uma reflexão acerca da aprendizagem por descoberta com vista à
problematização baseado no livro de Ausubel“Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma
Perspectiva Cognitiva”
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O material potencialmente significativo é aquele que cujas partes se relacionam com a experiência
prévia do aluno de forma não arbitrária. No entanto, para que o material tenha potencial e com a
possibilidade de ser significativo, são necessários dois pré-requisitos. Primeiro no que se refere a
natureza do próprio material, ou seja, condutor de conhecimento. O segundo se refere à presença do
conteúdo significativo na estrutura cognitiva do indivíduo que também dependerá da natureza do
conhecimento prévio do aluno (Lemos, 2012).
Outro conceito de suma importância se refere à linguagem. A linguagem é um importante facilitador
da aprendizagem significativa por recepção e pela descoberta desempenhando um papel integral e
operativo no raciocínio.
A aprendizagem por descoberta apresenta-se ao aprendiz de forma mais ou menos final e com recurso
expositivo e o conteúdo principal daquilo que o mesmo deve aprender. O aluno que aprende deve
reorganizar um conjunto de informações e integrá-las ao conhecimento que já possui para resolver
problemas.
Ausubel mostra que tanto a aprendizagem por recepção como por descoberta pode desenvolver-se
de modo significativo ou repetitivo (mecânico). Para ser significativo, o conteúdo deve relacionar-se a
conhecimentos prévios do aluno, exigindo deste uma atitude favorável capaz de atribuir significado
próprio aos conteúdos que assimila, e do professor, uma tarefa mobilizadora para que tal
aprendizagem ocorra.
Por outro lado, é repetitiva quando o aluno não consegue estabelecer relações do conteúdo novo com
anteriores porque carece dos conhecimentos necessários para que tais conteúdos se tornem
significativos ou não está mobilizado para uma aprendizagem ativa.
O aprendizado é um processo complexo; não acontece de forma linear, por acréscimo, como se
bastasse somar alguns novos elementos ao que sabíamos antes.
Na aprendizagem por recepção, o conteúdo total do que está por aprender apresenta-se ao aprendiz
em forma acabada. A tarefa de aprendizagem não envolve qualquer descoberta independente por
parte do mesmo. Ao aprendiz apenas se exige que interiorize o material que lhe é apresentado de
forma a ficar disponível numa data futura, não permite ao aluno a liberdade de se expor e mostrar o
que já sabe.
Assim, a primeira fase da aprendizagem pela descoberta envolve um processo bastante diferente do
da aprendizagem por recepção. O aprendiz deve organizar uma determinada quantidade de
informações, integrá-las na estrutura cognitiva existente e reorganizar ou transformar a combinação
integrada, de forma a criar um produto final desejado ou a descobrir uma relação meios-fim ausente.
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aprender fornecendo liberdade para o aluno se expressar e fazer reflexões (Longhi, Bermudez,
Abensur& Ruiz-Moreno, 2014).
A educação problematizadora fundamenta-se na relação dialógica, que possibilite a ambos
aprenderem juntos, por meio de um processo emancipatório. Trabalha a construção do conhecimento
a partir de vivências de experiências significativas apoiada nos processos de aprendizagem por
descoberta em oposição aos de recepção em que os conteúdos são oferecidos ao aluno em forma final
(Longhi,Bermudez, Abensur& Ruiz-Moreno, 2014).
A educação não é, nem nunca foi, um processo de autoinstrução completo. A própria essência deste
reside na seleção, organização, interpretação e disposição sequencial conscientes dos materiais de
aprendizagem por pessoas experientes em termos pedagógicos (Ausubel, 2000).
2 Método do estudo
Trata-se de uma pesquisa documental com abordagem qualitativa realizada com um livro clássico no
campo da aprendizagem significativa, nas versões impressa e digital com o título ‘Aquisição e Retenção
de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva’, do autor David Paul Ausubel (2000). A pesquisa
qualitativa trabalha com significados que tem se estendido nas áreas de psicologia e educação
(Minayo, 2012). Além disso, visa a objetivação de um fenômeno afim de descrevê-lo, compreendê-lo
e explicá-lo (Silveira & Córdova, 2009). Esse estudo foi realizado no período de julho de 2014 até
fevereiro de 2016. No primeiro momento o livro foi lido de maneira aleatória, livre e em sua inteireza.
A partir de então, foram selecionadas as palavras-chave que serviram para identificação de questões
abordadas pelo autor no que diz respeito ao tema ‘problematização’.
Sendo assim, uma segunda leitura do material foi empreendida e balizada pelas seguintes palavras-
chave: aprendizagem por descoberta, construção do conhecimento, problematização e problematizar
e resolução de problemas. Esta leitura exigiu um tempo maior e cautela por parte dos pesquisadores
no sentido de mapear a referência estudada.
Foi realizada uma conferência do número de palavras-chave encontradas no livro, tarefa que foi
alcançada com brevidade no formato digital, através do link ‘pesquisar’. Com o material escrutinizado
os autores construíram uma tabela (Tabela 1) para observar e organizar o número de ocorrências e
localização das palavras.
A discussão foi realizada com base na ausência de expressões-chave no campo da aprendizagem
significativa, ou seja, palavras que são caras para o universo das metodologias ativas, exaltando qual
o valor destas expressões para esta discussão.
3 Resultados e Discussão
A pesquisa qualitativa não tem o objetivo de expressão numérica de forma expressiva, mas, sim, com
o detalhamento da compreensão de um fenômeno (Silveira & Córdova, 2009). A análise das palavras
pesquisadas revelou que a expressão ‘resolução de problemas’ se apresentou expressiva 48 vezes por
todo o conteúdo literário. A Tabela 1 mostra ainda que a expressão ‘aprendizagem significativa por
descoberta’ se apresenta de forma reduzida (n=3) quando comparada com a expressão citada
anteriormente.
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4 Conclusão
O ensino superior é um aprendizado direcionado à profissão escolhida pelo aluno e assim, necessita
de conteúdos específicos que deve ter para que a partir deste conhecimento prévio possa ofertar um
conjunto de habilidades específicas que o caracterizam como um profissional. O autor não menciona
em seu livro que a abordagem de ensino varia em função do profissional que se pretende formar. Por
outro lado, há uma grande dificuldade para o docente cumprir todos os prazos no período letivo, tão
pouco permitir aos discentes construírem um conhecimento de forma individualizada.
O ensino em turmas e não de forma individualizada, com planejamento de curso e planos de aula
exigidos em forma de Lei em cumprimento às Diretrizes Curriculares estabelecidas pelo Ministério da
Educação do Brasil é um grande desafio para todo o corpo docente e coordenadores de cursos.
Além disso, no Brasil, os alunos e as instituições são avaliados dentro de um contexto programático
com avaliações trienais com abrangência nacional. Contudo, mediante toda a pesquisa realizada, são
válidas as abordagens de Ausubel, mas provavelmente não podem ser utilizadas em todas as
disciplinas e nas práticas de algumas profissões.
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Referências
AUSUBEL, D. P. (2000). Aquisição e Retenção de Conhecimento: Uma Perspectiva Cognitiva (1a ed.).
Lisboa: Paralelo Editora.
LEMOS, E. S. (2012). Enseñanza e el Hacer Docente: Reflexiones a la Luz de la Teoria del Aprendizaje
Significativo. Aprendizagem Significativa em Revista, 23-41.
LONGHI, A. L., BERMUDEZ, G. M., ABENSUR, P. L. & RUIZ-MORENO, L. (2014). Una estrategia didáctica
para la formación de educadores de salud en Brasil: la indagación dialógica problematizadora.
Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 18(51), 759-769.
MINAYO, M. S. (2012). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCITEC
Editora.
NOVAK, J. D. (2000). Aprender, Criar e Utilizar o Conhecimento (1a ed.). Lisboa: Pátano Edições
Técnicas.
PROSSER, M. & SZE, D. (2013). Problem-based learning: student learning experiences and outcomes.
Clin Linguist Phon, 28(1-2), 131-141.
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