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ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS

DE POTÊNCIA
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ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA ( SEP )

I- CONSIDERAÇÕES GERAIS EM SEP.


I.1- Introdução.
Engenharia de SEP é o ramo da engenharia que lida com a tecnologia de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica.
O engenheiro de um SEP deverá saber planejar, projetar e operar com um SEP. Esta
tecnologia compreende o estudo de vários tópicos tais como: Análise, Planejamento,
Dinâmica de Geração, Proteção, Estabilidade, Confiabilidade, Sobretensões, Operação
Econômica, Distribuição de SEP, etc.

I.2- Objetivo.
Gerar energia elétrica suficiente nos locais mais adequados transmiti-la em grosso até o
centro de carga e então distribuí-la aos consumidores individuais sob forma e qualidade
adequadas e ao mais baixo preço econômico e ecológico. Os SEP são projetados para
atender certas exigências, tais como:
a)Confiabilidade de suprimento; b) Economia ( técnica e ecológica );
c)Qualidade de suprimento ( V = cte e f = cte ).

I.3- Classificação das Tensões.

NÍVEL TENSÕES NOMINAIS DISPONÍVEIS CLASSE DE TENSÃO

110 ...... 127 V


220 ...... 230 V
Baixa Tensão 380 V 1 kV
415 ...... 480 V
660 V
2,4 kV; 3,3 kV; 4,16 kV; 6,6 kV; 7,2 kV 7,2 kV
11 kV; 13,2 kV; 13,8 kV 15 kV
Média Tensão
20 kV; 23,2 kV; 24,2 kV 24 kV
36,2 kV 36 kV
66 kV; 69 kV 69 kV
Alta Tensão 138 kV 138 kV
230 kV 230 kV
345 kV 345 kV
Extra Alta
450 kV ..... 550 kV 550 kV
Tensão
550 kV ..... 750 kV 750 kV

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I.4- Estrutura do SEP.
O SEP opera em diversos níveis de tensão separados por transformadores.
 Pr imária − 13,8 kV ; 34,5 kV
a) Nível de distribuição 
Secundária − 220V / 127 V ; 380V / 220V
b) Nível de subtransmissão - 22 kV a 69 kV ou 138 kV
c) Nível de transmissão - 138 kV; 230 kV
- EAT : 345 kV ; 450 kV ; 550kV ; 750 kV

I.5- Estado de um SEP.


Basicamente um SEP pode operar em dois estados:
- SEP em regime permanente;
- SEP fora do regime permanente (regime transitório).

I.5.1- SEP em regime permanente.

Neste caso são comuns os seguintes tipos de estudos:

1- Fluxo de Potência (Load Flow).


Os estudos de fluxo de potência são realizados, principalmente para fins de
planejamento e operação. O estudo do fluxo de potência nos fornece a condição de tensão
em todas as barras em módulo e ângulo de fase, bem como o fluxo de potência ativa (P) e
reativa (Q) em todas as linhas do sistema.
Com as informações obtidas do estudo de fluxo de potência, pode-se pesquisar:
→ Modificação da configuração do sistema, ou seja, Novas LT’s? Rearranjo das
existentes?
→ Modificações das características do sistema, ou seja, Mudar o condutor? Mudar a
V do sistema?
→ Emergências no sistema, tais como Perdas de LT’s, e Geradores.
→ Otimização da operação do sistema quanto à distribuição de cargas do sistema,
minimização de perdas, utilização de Trafo com e sem taps variáveis em carga (LTC).

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2- Operação Econômica do Sistema.

Uma determinada carga pode ser alimentada por diferentes alternativas, dependendo dos
despachos de geração das usinas, do perfil de tensão V do sistema e da configuração de
linhas de transmissão (LT’s) do sistema.
Portanto, é necessário decidir a estratégia operacional ótima do sistema levando-se em
conta:
→Despacho de geração mais econômico.
→Critérios de custos (operacionais de combustíveis).
→Critério de perdas nas linhas de transmissão, para diferentes configurações e
diferentes despachos de geração.

3- Controle do Sistema.
Controle f x P (Carga x Frequência)
Controle V x Q (Tensão x Reativos)

I.5.2- SEP fora do regime permanente ( regime transitório ).


Durante o funcionamento de um SEP poderão ocorrer diversos fenômenos transitórios
devido a:

1- Variações momentâneas ou permanentes do sistema, provocado por:


→ descargas atmosféricas; → manobras do circuito; → desligamento de
geradores;
→ desligamento de cargas; → ocorrência de curtos-circuitos.

2- Variação de alguma grandeza eletromecânica do sistema.


Consequentemente vão surgir oscilações de potência, tensão e corrente do
sistema.
As OSCILAÇÕES DE POTÊNCIA poderão tirar o sistema de sincronismo.
As ELEVADAS TENSÕES E CORRENTES poderão danificar os
equipamentos.
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Os transitórios são classificados de acordo com a sua velocidade e duração em:
⇒ Transitórios Ultrarrápidos ou classe A, que constitui o chamado ESTUDO
DE SOBRETENSÕES.
São caracterizados por fenômenos de pontos de tensão, causados por:

=> Descarga atmosférica nas LT’s => Operações de manobra (switching


operations)
Tensão - V Tensão - V

100% 100%

50%
50%

1,2 50 μseg 70 a 250 300 μseg

São de natureza elétrica provocando ondas eletromagnéticas que se propagam pela


linha à velocidade da luz. O elemento que controla ou elimina estes transitórios são os
pára-raios do sistema. A duração deste transitório pode chegar até 5 ms após a ocorrência,
provocando perigosas sobretensões. A finalidade do Estudo de Sobretensões é de fornecer
elementos para estabelecer um esquema e proteção contra sobretensões e determinar o
nível básico de isolamento (NBI) dos equipamentos do SEP.

⇒ Transitórios Medianamente Rápidos ou classe B, que constitui o chamado


ESTUDO DE CURTOS-CIRCUITOS.
São caracterizados por fenômenos de curto-circuito, causados por falhas de
isolamento de LT ou equipamentos após surtos de tensão ou contatos acidentais entre
fases, fase e terra, ou causas mecânicas diversas.
São também de natureza elétrica e são determinadas basicamente pelo acoplamento
magnético entre os enrolamentos dos geradores. Quanto a duração, nos primeiros 10 ciclos
do curto-circuito, na prática são de importância maior, porém os estudos se prolongam até
100 ms após a ocorrência do curto-circuito.

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Os curtos-circuitos acarretam um colapso total ou parcial da tensão do sistema e as
correntes podem alcançar valores maiores que as limitações técnicas dos equipamentos e
LT’s.
Os elementos responsáveis por controlar ou eliminar tais transitórios são os relés e
disjuntores, religamento automático.
A finalidade do Estudo de Curto-circuito é de determinar presumidamente as
correntes e tensões de falta para selecionar os disjuntores do sistema e escolher o
sistema de proteção por relés que deverão sentir o defeito e iniciar o chaveamento
seletivo para minimizar os problemas técnicos dos equipamentos e as oscilações
mecânicas dos motores.

⇒ Transitórios Lentos ou classe C, que constitui o chamado ESTUDO DE


ESTABILIDADE.
São fenômenos de estabilidade transitória e dinâmica, causados por curto-circuito
que ocorre num ponto vital do sistema não eliminado com sucesso e/ou a tempo. São de
natureza eletromecânica, envolvendo as oscilações mecânicas dos rotores das máquinas
síncronas. Sua duração vai de fração de segundo a um minuto ou mais. As oscilações do
rotor podem tirar máquinas de sincronismo e provocar o colapso total ou parcial do
sistema.
Estes transitórios podem ser controlados ou eliminados pela eficiência do sistema
de proteção que deve eliminar o defeito.
A finalidade do estudo de estabilidade é estabelecer estratégias de operação que
minimizem os efeitos das ocorrências usando outros tipos de proteção ou outros tipos de
relés, chaveamento no sistema de LT’s e/ou Geradores, e rejeição de cargas.

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QUADRO RESUMO DE ESTUDO E ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

REGIME PERMANENTE REGIME DINÂMICO


REGIME TRANSITÓRIO
SENOIDAL (60 Hz) (0,1 Hz a 100 Hz)
(1 Hz a 100 MHz)

Análise no domínio Análise no domínio do Análise no domínio do TEMPO


da TEMPO e e/ou da
FREQUÊNCIA APROXIMAÇÕES FREQUÊNCIA
⇒ Curto-circuito; ⇒ Estabilidade Sobretensões
Faltas Manobras Atmosféricas Corona
Transitória.
1 MHz
⇒ Fluxo de Carga; 1 Hz 100 Hz 100 kHz a
⇒ Transitórios a a a
⇒ Estabilidade Estática. Eletromecânicos 10 kHz 100 kHz 1 MHz 100 MHz

II-CONCEITOS BÁSICOS.

II.1-Representação de Tensão e Corrente.

A forma de onda de tensão nos barramentos de um SEP pode ser assumida como sendo
puramente senoidal e de freqüência constante.
- As correntes e tensões senoidais são representadas na forma fasorial e com letras
maiúsculas, como por exemplo, V; I.
- V e I → Módulos de V e I respectivamente.
- Os valores instantâneos de corrente e tensão serão designados por letras minúsculas.
Ex.: v(t) ou v; i(t) ou i
- Quando uma tensão gerada (força eletromotriz) está especificada, usa-se a letra E em
vez de V para enfatizar o fato de uma genérica diferença de potencial entre dois pontos
está sendo considerada.
- Se uma tensão ou corrente são expressas em função do tempo, tais como:
v(t) = 141,4cos (wt + 30º) e i(t) = 7,07coswt, teremos:
Vmáx=141,4 V; Imax=7,07 A

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Vmáx 141,4
Vrms = Vef = = V = = 100 V (lido nos voltímetros CA)
2 2
I máx 7,07
I rms = I ef = = I = = 5 A (lido nos amperímetr os CA)
2 2
-Expressando como fasores, fica:
V = 100∠30º V ou V = 86,6 + j 50 (V );
I = 5∠ 0º A ou I = 5 + j 0 ( A)

-A potência média dissipada em um resistor é I 2 R.

II.2-Notação com subscrito único.


Considere o circuito CA a seguir com fem Eg e impedância de carga ZL.
IL ZA
a b
Vt − VL
Zg IL = ; Vt = E g − Z g I L
ZA
Vt
VL ZL Sendo os nós o e n de referência, tem − se :
Eg v a = v t e Va = Vt ; v b = v L e Vb = VL
-
o n

II.3-Notação com subscrito duplo.


Observando o mesmo circuito anterior, podemos destacar:
IL = Iab → sentido positivo da corrente de a → b.
Iab = - Iba = I ba ∠180°
Vab = − Vba = Vba ∠180°

Vab = I ab Z A

Da 2ª Lei de Kirchhoff (LKT), temos que:

Voa + Vab + Vbn = 0


− Vao + I ab Z A + Vbn = 0
Vao − Vbn
I ab Z A = Vao − Vbn ⇒ I ab =
ZA

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II.4-Potência em circuitos monofásicos CA.

A teoria fundamental da transmissão de energia descreve o deslocamento de energia em


termos da iteração de campos elétricos e magnéticos. Porém, o engenheiro de sistemas de
potência está, na maioria das vezes, preocupado com a descrição da taxa de variação da
energia com respeito ao tempo (a qual é a definição de potência) em termos de tensão e
corrente. A unidade de potência é o Watt. A potência em Watt absorvida pela carga a
qualquer instante é o produto da queda de tensão através da carga em volts e a corrente
instantânea na carga em ampères. Se os terminais da carga estão indicados por a e n, e se a
tensão e a corrente são expressas por,
v an = Vmax cos wt e i an = I max cos( wt − θ),
a potência instantânea é:
p = v an i an = Vmax I max cos wt cos( wt − θ)
O ângulo θ na equação da potência é positivo para corrente atrasada da tensão e
negativo para corrente adiantada da tensão. Um valor positivo de p expressa a taxa pela
qual a energia está sendo absorvida pela parte do sistema, entre os pontos a e n. A
potência instantânea é obviamente positiva quando ambas, van e ian, são positivas, mas
tornar-se-ão negativas quando van e ian estiverem opostas em sinal.

A figura a seguir mostra a corrente, a tensão e a potência em função do tempo.

p=vanian
van

0
ian

A potência positiva calculada por vanian resulta quando a corrente está fluindo na direção
da queda de tensão e é a taxa de transferência de energia para a carga. Inversamente,
potência negativa calculada por vanian resulta quando a corrente está fluindo na direção de

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um crescimento da tensão e significa que uma energia está sendo transferida da carga
para o sistema no qual a carga está ligada.
Se van e ian estão em fase, como no caso de carga puramente resistiva, a potência
instantânea nunca ficará negativa. Se a corrente e a tensão estão defasadas de 90°, como
num elemento ideal de circuito puramente indutivo ou capacitivo, a potência instantânea
terá semiciclos positivos e negativos iguais e seu valor médio será zero.
Usando identidades trigonométricas na equação de p, ela fica reduzida a:
V I V I
p = max max cos θ(1 + cos 2wt ) + max max senθsen2wt
2 2
Interpretando a expressão de p acima, destaca-se:

Vmax I max
a) O termo pode ser substituído pelo produto do valor rms da tensão e
2
corrente, ou seja:
Vmax I max Vmax I max
= = V .I .
2 2 2
Logo, p = V . I cos θ(1 + cos 2wt ) + V . I senθsen2wt

b) O primeiro termo que contem cosθ é sempre positivo e tem um valor médio de
V I
P = max max , ou em valores rms tem-se P = V . I cos θ.
2
P é chamada de potência média ou potência real, dada em Watts.

c) O cosseno do ângulo de fase θ entre a tensão e a corrente é chamado fator de potência.


Um circuito indutivo tem um fator de potência em atraso e um circuito capacitivo tem um
fator de potência adiantado.

d) O termo V . I cos 2wt , sendo senoidal possui valor nulo em um período.

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e) O termo V . I senθ.sen2wt , é alternadamente positivo e negativo e tem um valor
médio igual a zero. Esta componente de potência instantânea p é chamada potência reativa
instantânea e expressa o fluxo de energia alternativamente na direção da carga e para fora
da carga. O valor máximo desta potência pulsante, designada por Q, é chamado potência
reativa ou volt-ampère reativo.

V I
Logo, Q = max max senθ, ou valores rms Q = V . I senθ.
2

II.5- Potência Complexa (S)


Sejam os triângulos de potências a seguir:
P
θ S
Q Q
S
θ
P
Circuito capacitivo Circuito indutivo

Os três lados ‘S’, ‘P’ e ‘Q’ do triângulo de potências podem ser obtidos do produto VI*,
cujo resultado é um número complexo, chamado potência complexa ‘S’. A sua parte real é
igual a potência média ‘P’ e a sua parte imaginária é igual a potência reativa ‘Q’.
Seja V = V∠α e I = I∠α + θ , então,
S = VI* = V∠α × I∠ − α − θ = VI∠ − θ

Logo, S = VI cos θ − jVI sen θ , ou S = P − jQ

O módulo de S é a potência aparente, ou seja:

S = P 2 + Q 2 , Unidade Volt-Ampere (VA)

Resumindo, temos:

VR 2
Potência média ou ativa ⇒ P = VI cos θ =
R
{ }
= Re VI ∗ , (Watts)
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12
2
VX
Potência reativa ⇒ Q = VIsenθ = XI 2 =
X
{ }
= Im VI ∗ , (Var)

V2 2
Potência aparente ⇒ S = VI = ZI = = Valor absoluto de VI ∗ , (VA)
Z

θ ⇒ ângulo de deslocamento entre a corrente e a tensão.

II.6- Tensão e Corrente em Circuitos Trifásicos Equilibrados.

Sistemas elétricos de potência são alimentados por geradores trifásicos. Usualmente, os


geradores alimentam cargas trifásicas equilibradas, o que significa cargas com
impedâncias idênticas nas três fases. Cargas com iluminação e pequenos motores são,
obviamente, monofásicas, mas sistemas de distribuição são projetados tal que todas as
fases sejam essencialmente equilibradas.
A figura a seguir indica um gerador em conexão-Y com o neutro marcado o e
alimentando uma carga equilibrada-Y com o neutro marcado n.

a
Ian

Zga
In
Ega ZL
b
o n
Zgb Ibn ZL
Egc Egb
ZL

Zgc

Icn
c

No gerador as fems Ega, Egb e Egc são iguais em módulo e deslocado uma da outra de
120°, ou seja, no sistema trifásico, a diferença de fase entre as tensões induzidas nas três
bobinas igualmente espaçadas é de 120°.

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13
Considere a figura a seguir:

A C’

B’
N S

C
B
A’

Na seqüência ABC, a tensão na bobina A atinge um máximo em primeiro lugar, seguida


pela bobina B, e depois pela bobina C.
Esta seqüência pode ser vista pelo diagrama de fasores, considerada positiva o sentido
anti-horário, e o traçado das tensões instantâneas, como mostram as seguintes figuras:

A
A B C

A’ B’ t
120°
C’
B 240°
C

A inversão nas bobinas B e C resulta na seqüência CBA ou seqüência negativa, como


segue:

A
A C B

t
A’ C’
120°
B’
240°
C
B
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A ligação dos terminais A’, B’ e C’, resulta num alternador ligado em Y (estrela), ao
passo que a ligação de A em B’, de B em C’ e de C em A’, resulta num alternador ligado
em ∆ (delta ou triângulo), representadas a seguir:

A
A
A≡B’
A
VFASE
VLINHA
B≡C’
A’≡B’≡C’=N B

B B
C C
C≡A’
C

I LINHA = I FASE e VLINHA = 3 .VFASE

2ª) Na ligação triângulo, as tensões de linha e de fase são iguais, e a corrente de linha é
3 a corrente de fase, ou seja;

VL = VF e I L = 3 .I F

OBS.: Seja qual for a ligação, as três linhas A, B e C constituem um sistema trifásico de
tensão. O ponto neutro da ligação em estrela fornece o quarto condutor do sistema trifásico
a quatro condutores.

- TENSÕES DO SISTEMA TRIFÁSICO -

Seqüência ABC Seqüência CBA


A C B

C B A
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VAB = VL ∠120 o VAB = VL ∠240 o


VBC = VL ∠0 o VBC = VL ∠0 o
VCA = VL ∠240 o VCA = VL ∠120 o
VAN = ( VL / 3 )∠90 o VAN = ( VL / 3 )∠ − 90 o
VBN = ( VL / 3 )∠ − 30 o VBN = ( VL / 3 )∠30 o
VCN = ( VL / 3 )∠ − 150 o VCN = ( VL / 3 )∠150 o

- CARGAS TRIFÁSICAS EQUILIBRADAS -

EXEMPLOS:
1º) Um sistema ABC trifásico a três condutores, 110 volts, alimenta uma carga em
triângulo, constituída por três impedâncias iguais de 5∠45 o Ω . Determinar as correntes de
linha IA, IB e IC e traçar o diagrama de fasores.

2°) Um sistema CBA trifásico a quatro condutores, 208 volts, alimenta uma carga em

estrela, constituída por impedâncias de 20∠ − 30 o Ω. Calcular as correntes de linha e


traçar o diagrama de fasores.

- ESTRUTURA PASSIVA EM DELTA (Δ) OU ESTRELA (Y)

1 - TRANSFORMAÇÃO Δ Y:
ZB

Z1 Z2 Z A .Z B
Z1 =
Z A + Z B + ZC

Z B .Z C
Z2 =
ZA ZC Z A + Z B + ZC
Z3
Z A .Z C
Z3 =
Z A + Z B + ZC

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2 - TRANSFORMAÇÃO Y Δ:
ZB

Z1 Z2 Z1 .Z 2 + Z1 .Z 3 + Z 2 .Z 3
ZA =
Z2

Z1 .Z 2 + Z1 .Z 3 + Z 2 .Z 3
ZC ZB =
ZA Z3
Z3

Z1 .Z 2 + Z1 .Z 3 + Z 2 .Z 3
ZC =
Z1

OBS.: No caso de ZA = ZB = ZC = ZΔ , e Z1 = Z2 = Z3 = ZY, temos:

Z ∆ .Z ∆ Z ∆2 Z Z∆
Δ → Y: Z Y = = = ∆ ou seja, ZY =
Z ∆ + Z ∆ + Z ∆ 3Z ∆ 3 3

Z Y .Z Y + Z Y .Z Y + Z Y .Z Y 3Z 2Y
Y→Δ: Z ∆ = = = 3Z Y ou seja, Z ∆ = 3Z Y
ZY ZY

II.7- Potência em Circuitos Trifásicos Equilibrados.

Sendo a corrente a mesma nas impedâncias de fase das cargas equilibradas em estrela
ou em triângulo, a potência de fase é igual a um terço da potência total.

II.7.1- Potência em cargas equilibradas ligadas em triângulo.

Considere a figura a seguir: A tensão na impedância ZΔ é a tensão de linha e a


corrente é a corrente de fase IF. O ângulo entre a
tensão e a corrente é o ângulo da impedância. Logo,
a potência na fase é:
VL ZΔ
PF PF = VL.IF.cosθ
E a potência total é:
PT =3 VL.IF.cosθ
Nas cargas equilibradas em triângulo, I L = 3 I F ,
vem: PT = 3 VL I L cos θ

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II.7.2- Potência em cargas equilibradas ligadas em estrela.


Considere a figura a seguir: A tensão na impedância ZY é a tensão de fase e a
corrente é a corrente de linha IL. O ângulo entre a
tensão e a corrente é o ângulo da impedância.
VF Logo, a potência na fase é:
ZY PF
PF = VF.IL.cosθ
E a potência total é:
PT =3 VF.IL.cosθ
Nas cargas equilibradas em estrela, VL = 3 VF ,
vem:
PT = 3 VL I L cos θ

OBS.: Como as equações para potência ativa PT são idênticas para as duas cargas
equilibradas (Y ou Δ), a potência em qualquer carga trifásica equilibrada é dada por
3 VL I L cos θ , onde θ é o ângulo da impedância de carga ou ângulo da impedância

equivalente, na hipótese de serem várias cargas equilibradas, alimentadas pelo mesmo


sistema.
Os volt-ampéres totais ST (potência aparente total) e a potência reativa total QT são
relacionados a seguir:
S T = 3 VL I L ; Q T = 3 VL I L sen θ

Assim, para uma carga trifásica equilibrada, a potência aparente, a potência ativa e a
potência reativa são dadas por:

S T = 3 VL I L ; PT = 3 VL I L cos θ ; Q T = 3 VL I L sen θ

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18
III–GRANDEZAS “ POR UNIDADE (pu) “

III.1- Introdução.
Na análise de redes de potência é necessário representar-se as grandezas elétricas
envolvidas (tensões, correntes, impedâncias, etc.) em “por unidade“. Uma grandeza em
“pu“ é dada pela relação entre o seu valor atual (em V, A, Ω, etc.) e um valor como base
(também em V, A, Ω, etc.).

Logo,
Grandeza Elétrica
Valor (pu ) =
Base

III.2- Principais vantagens da utilização de valores em pu:


a) Facilidade de comparação de valores;
b) Eliminação no diagrama de níveis de tensão diferentes;
c) Menor erro de aproximação (trabalha-se com números próximos à unidade);
d) Menor chance de confusão entre valores de “fase” e de “linha”;
e) Valores típicos de impedâncias para equipamentos.

III.3- Tabela das grandezas envolvidas na análise de redes de potência

GRANDEZA ELÉTRICA SÍMBOLO DIMENSÃO UNIDADE


Corrente I [I] Ampéres
Tensão V [V] Volt
Potência Complexa S = P + jQ [ VI ] Volt-ampére
Impedância Z [ V/I ] Ohm
Ângulo de fase θ,φ,δ - Radiano
Tempo t [T] Segundo

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19
Nos estudos em regime permanente o parâmetro tempo não é considerado. Nesta
tabela verificamos que o ângulo de fase não tem dimensão e as quatro grandezas restantes
S = V .I *
são relacionadas como segue:  Z = V
 I
Assim uma escolha arbitrária de duas bases (em geral S e V) automaticamente fixará
as outras duas (I e Z).

III.4- Formulário para circuitos monofásicos.

Normalmente são escolhidas ou fornecidas a Potência Base e a Tensão Base. Desta


forma tem-se:

Potência Base: Sb [VA]; Sb [MVA]; MVAb


Tensão Base: Vb [V]; Vb [KV]; KVb

A determinação das outras bases se processa da seguinte forma:

⇒ Corrente Base:
 S b [VA] S b [MVA ]
I b [ A] = V [V ] ; I b [KA] = V [KV ]
b b
 MVA b
 KI b =
 KVb

⇒ Impedância Base:
 Vb [V ] Vb 2 [V ] Vb 2 [KV ]
Z
 b [ Ω ] = = ; Z b [ Ω ] =
 I b [ A] S b [VA] S b [MVA ]
 2
 Z [Ω ] = KVb
 b MVA b

III.5- Formulário para circuitos trifásicos.


Para circuitos trifásicos são válidas as seguintes equações em módulo:
19
20
Vφφ = 3VφN
S 3φ = 3S1φ = 3VφN I = 3Vφφ I

VφN VφN 2 Vφφ 2


Z= = =
I S1φ S 3φ

Usualmente é fornecida a Potência Base Trifásica (Sb3φ) e a Tensão Base de Linha


(Vbφφ).
⇒ Potência Base Trifásica: Sb3φ [VA]; Sb3φ [MVA]; MVAb3φ .
⇒ Tensão Base de Linha: Vbφφ [V]; Vbφφ [KV]; KVbφφ .
No entanto pode-se utilizar a Potência Base por Fase (1φ) e a Tensão Base de Fase
(φN). Portanto,
⇒ Potência base por Fase: Sb1φ [VA]; Sb1φ [MVA]; MVAb1φ
⇒ Tensão Base de Fase: VbφN; VbφN [KV]; KVbφN
Os valores base por fase se relacionam com os valores base trifásicos por:
 S b 3φ
 S b1φ =
3
 Vbφφ
VbφN =
 3
A determinação dos outros valores de base é dada como segue:
⇒ Corrente Base
 S b1φ [MVA ] MVA b1φ
 I b [KA] = ⇒ KI b =
 VbφN [KV ] KVbφN
 S b 3φ [MVA ] MVA b 3φ
I [KA] = ⇒ KI b =
 b 3Vbφφ [KV ] 3KVbφφ

⇒ Impedância Base
 VbφN [KV ]2 KVbφN 2
 Z b [Ω ] = ⇒ Z b [Ω ] =
 S b1φ [MVA ] MVA b1φ

 Vbφφ [KV ]2 KVbφφ 2
 Z b [Ω ] = S ⇒ Z b [Ω ] =
 b 3 φ [ MVA ] MVA b 3φ

20
21
III.6- Mudança de Base.
2
S  VbA 
Z N(pu ) = Z A(pu ) bN  
S bA  VbN 

III.7- Aplicações.

1ª- No estudo de um dado sistema elétrico, definimos os seguintes valores-base: Vb=20kV


e Sb=2MVA. Exprimir em por unidade as seguintes tensões, correntes, potências e
impedâncias:
a) V = 12 kV b) V = (13,3 + j6,0) kV c) I = (513 + j203) A d) S = 9,3 MVA
e) S = (200 + j300) (kW; kVAr) f) Z = (80 + j40) Ω

2ª- A impedância percentual de um transformador de força de 1000 kVA –


13.800/13.200/12.600 – 380/220 V é de 4,5% referida ao tape de 13.200 V. Calcular esta
impedância em pu no tape de tensão mais elevada. Os valores nominais do trafo são 1000
kVA e 13.800 volts.

3ª- No circuito da figura abaixo a tensão no ponto A é mantida com o valor eficaz de 1pu.
Calcule as potências (ativa e reativa) absorvidas pelos nove elementos cujas impedâncias
(com valores-base MVA – kV) são: Z1 = 0,015 pu ; Z 2 = j0,100 pu ; Z 3 = 0,210 pu ;

Z 4 = − j0,100 pu; Z 5 = j0,200 pu; Z 6 = j0,300 pu; Z 7 = − j0,201 pu; Z 8 = j0,400 pu e Z 9 = 0,600pu.
1 2
A

3 7
6

4
8 9
5

21
22
4ª) A reatância de um gerador, designada por X, é dada como sendo 0,25 pu baseado nos
dados de placa do gerador de 18 kV, 500 MVA. A base para cálculo é 20 kV, 100 MVA.
Encontre X na nova base.

5ª) Calcule os valores base da impedância e da corrente em todos os níveis de tensão


praticados no sistema elétrico da Açominas, na base de 100 MVA.

6ª) Um gerador (que pode ser representado por uma F.E.M. em série com uma reatância
indutiva) é especificado nominalmente 500 MVA, 22 kV. Seus enrolamentos conectados
em Y têm uma reatância de 1,1 pu. Obtenha o valor ôhmico da reatância dos
enrolamentos.

22
23
IV- REPRESENTAÇÃO DE SEP’s
IV.1- Diagrama Unifilar
È usado para representar os elementos associados de um sistema elétrico de potência
(SEP).
Símbolos utilizados:

Armadura de máquina girante.

Transformador de potência de dois enrolamentos.

Transformador de potência de três enrolamentos.

Fusível.

Transformador de corrente.

ou Transformador de potencial.

Disjuntor de potência.

Disjuntor a ar ou em caixa moldada.

Conexão em delta, trifásica a três fios.

Conexão em estrela, trifásica com neutro não aterrado.

Conexão em estrela, trifásica com neutro aterrado.

A Amperímetro.

V Voltímetro.

Exemplo.Considere o diagrama a seguir:

1
T1 LT T2
3

Carga A Carga B

23
24
No diagrama, estão representados, dois geradores, um aterrado através de um reator e
o outro através de um resistor, onde são interligados a uma barra e, através de um
transformador elevador (T1), a uma linha de transmissão (LT). Um terceiro gerador,
aterrado através de um reator, é ligado a uma barra e, através de um transformador
elevador (T2), à extremidade oposta da linha de transmissão (LT). Uma carga é ligada a
cada barra. No diagrama, às vezes, são fornecidas informações sobre as cargas, as
potências e tensões nominais dos geradores e transformadores, e reatâncias dos diferentes
componentes do circuito.

IV.2- Diagrama de Impedância e Reatância


O diagrama unifilar mostrado no exemplo anterior pode ser representado por uma única
fase em relação à terra e cada dispositivo pelo seu circuito equivalente constituído por
impedâncias:

E3
E1 E2

Geradores A Trafo 1 Linha de Trafo 2 B Gerador


1e2 transmissão 3

 Considerações a respeito do diagrama de impedâncias:

1ª) Como a corrente de magnetização é desprezível comparada com a corrente de


plena carga, o ramo paralelo é omitido.
2ª) No cálculo de faltas (curtos-circuitos) a resistência é geralmente omitida.
3ª) Para as linhas de transmissão o modelo vai depender do comprimento da linha.
Como vamos trabalhar com linhas curtas (até 80 km), usaremos somente o ramo
série.

24
25
Baseado nas considerações anteriores obtém-se o diagrama de reatância do exemplo
considerado anteriormente, como segue:

XG2 XT1 XLT XT2


XG1 XG3

E1 E2 E3

Exemplo:
Dado o diagrama unifilar abaixo, representá-lo num diagrama de reatâncias em “pu”.
13,8 kV 138KV
T1
G1 1 138kV

T3
LT
3 G3

T2

G2 2

Dados: G1: 100 MVA, j0,2 pu ; G2: 50 MVA , j0,2 pu ; G3: 50 MVA , j1,0 pu ; 6,6KV
T1=T2: 75 MVA, j0,1 pu ; T3: 50 MVA , j0,1 pu ; XLT = 0,8 Ω/mi , L = 50 mi.

25
26
V– ESTUDOS DE CURTO-CIRCUITOS EM SEP’s

V.1- Introdução.

Um sistema elétrico de potência, quando projetado, é dimensionado para proporcionar


um grau de confiabilidade compatível com a importância das cargas que alimenta. Assim,
é natural que os critérios de projeto de um sistema de transmissão em EHV, que alimenta
grandes blocos de carga, sejam bem diferentes dos critérios de um ramal de distribuição
primária. De qualquer forma, independentemente do fato de a confiabilidade ser variável
com a classe de tensão e de concessionária para concessionária, na maior parte do tempo o
sistema opera em condições normais, com todos os componentes em serviço.

Aleatoriamente, no entanto, os sistemas são submetidos a esforços provenientes de


elevadas correntes de defeito (curtos-circuitos), cujo cálculo é o nosso principal objetivo.

A queda de raios, a poluição nas áreas industriais e orla marítima, queimadas em


regiões rurais, falha mecânica nas cadeias de isoladores são algumas das causas da
deterioração da isolação. Após a primeira descarga, que provoca a ionização do meio,
podemos ter o início do chamado “arco de potência“, e o estabelecimento de uma elevada
corrente de defeito, alimentado pela própria tensão de freqüência industrial.

Os resultados de um estudo de curto-circuito, que são as correntes e tensões de falta,


fornecem os subsídios para estudos que definam as características e os ajustes da proteção,
bem como as características que devam possuir os equipamentos para suportar os esforços
dinâmicos das correntes de curtos-circuitos.

V.2- Curtos-circuitos Simétricos

V.2.1- Introdução

Considere a parte um sistema de transmissão mostrado na figura a seguir, e admita que


ocorra um curto-circuito simétrico na barra de carga 3.

26
27
1
2
I’sc
c I’’sc
L1 c
L2
Ao resto do
sistema Ao resto do
sistema
CB CB
1 2
3

O curto
ocorre aqui

A tensão na barra V3 anterior à falta, medindo cerca de 100% , ou seja, 1,0 pu cairá
instantaneamente a zero. As partes do sistema à esquerda e à direita, que supomos conter
fontes ativas, irão imediatamente começar a alimentar a falta com as correntes de falta I’sc
e I’’sc por meio das barras 1 e 2. O valor dessas correntes será determinado pela força
dessas barras e pela impedância das linhas L1 e L2. Em geral tais correntes atingirão
valores muitas vezes superiores às correntes normais das linhas, e os disjuntores CB1 e
CB2 serão comandados para abrir, por intermédio dos sensores (relés de proteção), a fim
de isolar a barra com falta.

V.2.2- Conceito de Capacidade de Curto-circuito (SCC)


As tensões nas barras 1 e 2 e em todas as outras barras do sistema cairão durante a
ocorrência do curto-circuito. O valor dessa queda de tensão é uma indicação da força do
sistema. Necessitamos medir essa força, bem como a severidade da influência dos curtos.
Ambos os objetivos são conseguidos por uma grandeza designada por capacidade de
curto-circuito (algumas vezes chamada de nível de falta) para barra em questão.
A capacidade de curto-circuito (SCC), de uma barra do sistema é definida como o
produto da tensão anterior à falta (tensão de pré-falta) pela corrente após a falta (corrente
pós-falta). Assim a SCC virá em pu volt-ampéres, se a tensão e a corrente forem dadas em
pu.
SCC = Vpré − falta × I pós − falta pu MVA

27
28
Se a tensão for medida em KV entre linhas e a corrente em KA por fase, a SCC será
dada em MVA trifásicos.
Logo;
SCC = 3 Vpré − falta × I pós − falta MVA

Nota: Sendo a tensão de pré-falta cerca de 1,0 pu, então podemos escrever a seguinte
relação aproximada: SCC ≈ I pós − falta pu MVA .

Exemplo: Considere o circuito a seguir:


1
2
I’sc
c I’’sc
L1 c
L2
Ao resto do
sistema Ao resto do
sistema
CB CB
1 2
3

O curto
ocorre aqui

Com os disjuntores CB1 e CB2 abertos, o sistema divide-se em duas partes. Nessa
configuração, as barras 1 e 2 têm os seguintes MVA de curto-circuito:
SCC1 = 8,0 pu MVA e SCC 2 = 5,0 pu MVA . As impedâncias das linhas L1 e L2 são 0,3

pu cada uma. Se agora fecharmos os dois disjuntores, como isso afetará as capacidades de
curto-circuito das barras 1 e 2, e qual será a força da barra 3? Admitimos que todas as
impedâncias sejam puramente reativas.

Circuito equivalente do sistema com o curto-circuito na barra 3.


Barra 1 Barra 3 Barra 2

L1 L2

E1 = 1,0 pu E2 = 1,0 pu

28
29
V.3- Componentes Simétricas

V.3.1- Introdução.
A resolução de redes trifásicas equilibradas (isto é, com impedâncias iguais nas três
fases) submetidas a excitações balanceadas simétricas (isto é, com tensões de fase iguais
em módulo, defasada de 120° uma das outras) é bastante facilitada pela simetria existente.
Assim, é suficiente considerar apenas uma das fases dos circuitos componentes, proceder
ao cálculo das grandezas correspondentes a esta fase, e a seguir as demais grandezas
poderão ser imediatamente obtidas bastando realizar rotações de fase convenientes.

Em se perdendo a simetria (seja por desequilíbrio na rede ou assimetria na excitação), o


cálculo já teria que envolver as três fases do sistema simultaneamente, aumentando em
muito o trabalho necessário. Em 1918, em um artigo clássico da teoria de circuitos e
sistemas, o Dr. C. L. Fortescue desenvolveu a ferramenta necessária para simplificar o
problema de cálculo de sistemas desequilibrados. O método baseia-se na decomposição de
um conjunto de grandezas trifásicas em três outros conjuntos convenientes (denominados
seqüências), de forma a se recair no problema de análise de circuitos equilibrados.

V.3.2- Teorema De Fortescue

Um conjunto de n fasores não balanceados pode ser representado por um conjunto


de n fasores de seqüência zero mais n-1 conjuntos de fasores balanceados da seguinte
forma:
Sejam:
Va , Vb , Vc , ....... , Vn => conjunto de n fasores não balanceados, que podemos representá-los por:

Va0 , Vb0 , Vc0 , ....... , Vn0 => conjunto de n fasores de seqüência zero (defasados de 0.θc em fase)
Va1 , Vb1 , Vc1 , ....... , Vn1 => conjunto de n fasores de seqüência 1 ou positiva (defasados de 1.θc)
Va2 , Vb2 , Vc2 , ....... , Vn2 => conjunto de n fasores de seqüência 2 (defasados de 2.θc)
Va3 , Vb3 , Vc3 , ....... , Vn3 => conjunto de n fasores de seqüência 3 (defasados de 3.θc)
. . . . .
. . . . .
Va(n-1), Vb(n-1), Vc(n-1), ... , Vn(n-1) => conjunto de n fasores de seqüência (n-1) ou negativa (defasados
de (n-1).θc)
Onde θc é o ângulo característico do sistema, sendo dado por 2π/n, ou seja;
29
30

θC = ,
n
Então,
Va = Va0 + Va1 + Va2 + Va3 + .... + Va(n-1)
Vb = Vb0 + Vb1 + Vb2 + Vb3 + .... + Vb(n-1)
Vc = Vc0 + Vc1 + Vc2 + Vc3 + .... + Vc(n-1)
. . . . . . .
. . . . . . .
. . . . . . .
Vn = Vn0 + Vn1 + Vn2 + Vn3 + .... + Vn(n-1)

Seqüência negativa
Seqüência positiva
Seqüência zero
balanceados
Fasores não

n fasores n2 fasores

Exemplo: Representação de um sistema tetrafásico desequilibrado em componentes


simétricos.
2π 2π π
Teremos para θC = = = rad ou 90 o
n 4 2

VA W VA1 W
VA0 VB0 VC0 VD0 VD1

VB
1.θC
VC 0.θC

Conjunto de quatro VB1


VD
fasores de seqüência zero
Conjunto de quatro VC1
fasores desbalanceados Conjunto de quatro fasores
W de seqüência 1 ou positiva
VC3 W
VA2 VC2

VD3
2.θC 3.θC VB3

VB2 VD2 VA3


Conjunto de quatro fasores
Conjunto de quatro de seqüência 3 ou negativa
fasores de seqüência 2 30
31
Escrevendo os fasores VA, VB, VC e VD em função das componentes simétricas, vem:
VA = VA0 + VA1 + VA2 + VA3
VB = VB0 + VB1 + VB2 + VB3
VC = VC0 + VC1 + VC2 + VC3
VD = VD0 + VD1 + VD2 + VD3

Nota-se que são 16 variáveis a serem determinadas. Porém, podemos escrever os fasores
VB, VC e VD em função das componentes simétricas de VA, reduzindo-se o número de
variáveis a calcular de 16 para 04, utilizando-se um operador a = 1 θC , que causa uma
rotação de θC ou seja de 90°, no sentido positivo ou anti-horário para o nosso exemplo,
como segue:

VA = VA0 + VA1 + VA2 + VA3 VA = VA0 + VA1 + VA2 + VA3


VB = VA0 + a3.VA1 + a2.VA2 + a .VA3 ou VB = VA0 + a-1.VA1 + a-2.VA2 + a-3.VA3
VC = VA0 + a2.VA1 + VA2 + a2.VA3 VC = VA0 + a-2.VA1 + VA2 + a-2.VA3
VD = VA0 + a .VA1 + a2.VA2 + a3.VA3 VD = VA0 + a-3.VA1 + a-2.VA2 + a-1.VA3

Obs.: O sinal – (negativo) gira o fasor no sentido horário.

Escrevendo as equações acima na forma matricial, fica:

VA  1 1 1 1  VA 0  1 1 1 1 
 V  1 a −1 1 a −1 a −3 
a −3   VA1 
−2 −2
a  a É a Matriz de Transformação
 B =  . , onde
 VC  1 a −2 1 a −2  VA 2  1 a − 2 1 a −2  de Fortescue.
      −3 
VD  1 a
−3
a −2
a −1   VA 3  1 a a −2 a −1 

E explicitando as componentes simétricas, teremos:

VA 0  1 1 1 1  VA  1 1 1 1
V   a 3 
 a 3   VB 
2
a2 1 1 a a É a Matriz Inversa de
 A1  = 1 1 a . , onde
VA 2  4 1 a 2 1 a 2   VC  4 1 a 2 1 a2  Transformação de Fortescue.
      3 
 VA3  1 a
3
a2 a  VD  1 a a2 a

V.3.3- Estudo das componentes simétricas para sistemas trifásicos (n = 3)

Sejam VA, VB e VC as três tensões desbalanceadas de um sistema elétrico trifásico,


representados a seguir: W
VA VB

VC 31
32
Que pode ser decomposto em três sistemas equilibrados de seqüências zero, positiva e

negativa, mostrados a seguir, sendo o ângulo característico, portanto θ C = rad ou 120° .
3
W W
W W
VC1
VA2

VA VB
VA1

VC VA0 VB0 VC0 VB2


VB1 VC2
Logo,
VA = VA0 + VA1 + VA2
VB = VB0 + VB1 + VB2
VC = VC0 + VC1 + VC2

Aplicando o Operador a = 1 120° e escrevendo as componentes simétricas das fases


B e C em função da fase A, tem-se:

VA = VA0 + VA1 + VA2 VB1 = a-1.VA1 ou a2.VA1


-1 -2
VB = VA0 + a .VA1 + a .VA2 , sendo VB2 = a-2.VA2 ou a . VA2
VC = VA0 + a-2.VA1 + a-1.VA2 VC1 = a-2.VA1 ou a . VA1
VC2 = a-1.VA2 ou a2.VA2
Que na forma matricial vem:

VA  1 1 1  VA 0  VA  1 1 1  VA 0 


 V  = 1 a −1 a − 2 . VA1  ou  VB  = 1 a 2 a . VA1 
 B 
 VC  1 a − 2 a −1  VA 2   VC  1 a a 2  VA 2 

1 1 1  1 1 1
Chamando de T = 1 a −1 a − 2  ou T = 1 a 2
 a  , a Matriz de Transformação de Fortescue
1 a − 2 a −1  1 a a 2 

pode-se mostrar que esta admite inversa, mostrada a seguir:

1 1 1
1
T −1
= 1 a a 2  , que nos permite calcular as componentes simétricas em função dos
3
1 a 2 a 

fasores desbalanceados conhecidos, como segue:

32
33
VA 0  1 1 1  VA  VA0 = 1/3 ( VA + VB + VC )
 V  = 1 1 a a 2 . VB  , ou
 A1  3  VA1 = 1/3 ( VA + a .VB + a2.VC )
VA 2  1 a 2 a   VC  VA2 = 1/3 ( VA + a2.VB + a .VC )

Aplicações:
1-Dada as tensões VA = 120∠0° , VB = 380∠ − 90° e VC = 380∠90° , decompô-la em
componentes simétricas.

2-Dadas as componentes simétricas I 0 = 100∠30° , I1 = 220∠0° e I 2 = 100∠60° , determine a


sequência real.

3-Um condutor de uma linha trifásica está aberto. A corrente que circula para uma carga
conectada em triângulo por meio da linha A é de 10 A. Tomando a corrente da linha A
como referência e considerando que a linha C está aberta, achar os componentes
simétricos das correntes de linha.

V.4- Estudo dos curtos-circuitos assimétricos

V.4.1- Sistemas trifásicos assimétricos.

Um sistema trifásico é chamado assimétrico por natureza, quando um ou mais de seus


componentes, excetuado as cargas, apresentam assimetria permanente. Tal assimetria pode
ser originada por:
a) Impedâncias desiguais nos enrolamentos dos geradores;
b) Falta de transposição dos condutores;
c) Indução mútua entre condutores em paralelo;
d) Ligações assimétricas de transformadores (delta aberto, Scott, etc.)
Um sistema simétrico pode ser assimétrico acidentalmente e temporariamente
quando, na operação do mesmo, a simetria é alterada devido a:
a) Cargas desequilibradas;

33
34
b) Defeitos que introduzem assimetria no sistema (por exemplo um curto-circuito
entre uma fase e terra ou entre duas fases, interrupção de uma fase, etc.)

V.4.2- Redes de seqüência de geradores em vazio

Considere um gerador em vazio, aterrado através de um reator, representado na figura a


seguir:
Ia
a

Zga

Ea
In Zn
Eb

Ec Ib
b
c Zgc Zgb

Ic

Quando ocorre uma falta (não indicado na figura) nos terminais do gerador, as correntes
Ia, Ib e Ic circulam nas linhas. Se a falta envolve a terra, a corrente que circula pelo neutro
do gerador é designada por In. Uma ou duas correntes de linha podem ser nulas, porém as
correntes podem ser decompostas em seus componentes simétricos independentemente do
quanto estejam desequilibradas.

Rede de seqüência positiva para a fase ‘a’


a
Barra de referência
Ia1
Z1
Ea
Ea Va1
Z1
Eb
a
Ec b Ib1 Ia1
c Z1 Z1
Va1 = Ea – Ia1.Z1
Ic1 34
35
Rede de sequência negativa para a fase ‘a’
Barra de referência
a
Ia2
Z2
Va2
Z2

Ib2 a
c b
Z2 Z2 Ia2

Va2 = – Ia2.Z2
Ic2

Rede de sequência zero para a fase ‘a’


Barra de referência
Ia0 → a
Ib0 = Ia0 → Ia0
Zg0 3Zn
Ic0 = Ia0 → Z0 Va0
Zg0
Zn
Ib0 a
c b Ia0
Zg0 Zg0
Va0 = – Ia0(3Zn + Zg0)
Ic0
Va0 = – Ia0.Z0

Obs.: Qualquer que seja o tipo de falta assimétrica que ocorra nos terminais de um gerador
pode-se escrever e aplicar as seguintes equações para as redes de seqüência:

Va0= - Ia0.Z0  Va 0   0   Z 0 0 0  I a0 
Va1= Ea – Ia1.Z1 , que na forma matricial, fica =>  Va1  = E a  −  0 Z1 0  . I a1  .
Va2= - Ia2.Z2  Va 2   0   0 0 Z 2  I a 2 

V.5- Falta entre fase e terra em um gerador em vazio.

Considere o diagrama a seguir de um gerador em vazio, para uma falta fase-terra


simples na fase a, sendo o mesmo ligado em Y e neutro aterrado através de uma
reatância:

35
36
a
Ia
Zga

Ia = In Ea
Zn
Eb
Ib
Ec
c Zgc b
Zgb
Ic

Condições de falta => Va = 0 , Ib = 0 e Ic = 0

Nestas condições, as componentes simétricas das correntes são dadas por:

I a0  1 1 1  I a 
1
 I  = 1 a
 a1  3  a 2  . 0  , o que implica em Ia0 = Ia1 = Ia2 = Ia/3
I a 2  1 a 2 a   0 

Substituindo nas equações das redes de seqüência as componentes das correntes de


sequência zero e negativas em função de Ia1, vem:

 Va 0   0   Z 0 0 0   I a1 
 V  = E  −  0 Z1 0  .I a1 
 a1   a  
 Va 2   0   0 0 Z 2  I a1 

Onde, Va0 = - Ia1.Z0 ; Va1 = Ea – Ia1.Z1 ; Va2 = - Ia1.Z2

Somando membro a membro, fica:

Va0 + Va1 + Va2 = - Ia1.Z0 + Ea – Ia1.Z1 – Ia1. Z2

Ea
0 = Ea – Ia1(Z1 + Z2 + Z0) => I a1 = , onde I a = 3I a1
Z1 + Z 2 + Z 0

36
37
Exemplo1 : Um gerador de pólos salientes sem amortecedores tem os valores nominais
de placa de 20 MVA, 13,8 KV e uma reatância subtransitória de eixo direto de 0,25 pu. As
reatâncias de seqüência negativa e zero são, respectivamente, de 0,35 e 0,10 pu. O neutro
do gerador está solidamente aterrado. Determine a corrente subtransitória no gerador e as
tensões de linha em condições subtransitórias quando ocorre uma falta fase-terra simples
nos terminais do gerador, quando este está operando sem carga com tensão nominal.
Despreze as resistências.

V.6- Falta linha-linha em um gerador em vazio.

Considere o diagrama a seguir de um gerador em vazio, para uma falta linha-


linha ou entre fases (b e c) sem aterramento, sendo o mesmo ligado em Y e neutro
aterrado através de uma reatância:

a
Ia
Zga

Ea
In = 0 Zn
Eb

Ec
b Ib
c Zgc Zgb
Ic

Condições de falta => Vb = Vc , Ia = 0 e Ib = - Ic

Nestas condições, as componentes simétricas das tensões são dadas por:

 Va 0  1 1 1   Va 
 V  = 1 1 a a 2  . Vb  , o que implica em Va1 = Va2 .
 a1  3 
 Va 2  1 a 2 a   Vb 

Com Ib = - Ic e Ia = 0 , as componentes simétricas de corrente são dadas por:

I a0  1 1 1   Ia 
 I  = 1 1 a a 2  . − I c  , o que resulta Ia0 = 0 e Ia2 = - Ia1
 a1  3 
I a 2  1 a 2 a   I c 

37
38
Nota: Com uma conexão entre o neutro do gerador e a terra, Z0 será finito e assim
Va0 = 0 desde que Ia0 = 0.
Substituindo nas equações das redes de seqüência as condições das componentes de
corrente e de tensão, anteriormente estabelecidas, vem:

 0   0  Z 0 0 0  0 
 V  = E  −  0 Z1 0  . I a1 
 a1   a  
 Va1   0   0 0 Z 2   − I a1 

Onde, Va0 = 0; Va1 = Ea – Ia1.Z1 ; Va1 = Ia1.Z2

Como Va1 = Va2 => Ea – Ia1.Z1 = Ia1.Z2 , que explicitando Ia1, fica:

Ea
I a1 =
Z1 + Z 2

Exemplo2 : Um gerador de pólos salientes sem amortecedores tem os valores nominais de


placa de 20 MVA, 13,8 KV e uma reatância subtransitória de eixo direto de 0,25 pu. As
reatâncias de sequência negativa e zero são, respectivamente, de 0,35 e 0,10 pu. O neutro
do gerador está solidamente aterrado. Determine a corrente subtransitória no gerador e as
tensões de linha em condições subtransitórias quando ocorre uma falta linha-linha nos
terminais do gerador, quando este está operando sem carga com tensão nominal. Despreze
as resistências.

V.7- Falta entre duas fases e terra em um gerador em vazio.

Considere o diagrama a seguir de um gerador em vazio, para uma falta entre duas fases e
terra (b e c), sendo o mesmo ligado em Y e neutro aterrado através de uma reatância:

38
39
a
Ia
Zga

Ea
In Zn
Eb

Ec Ib
b
c Zgc Zgb
Ib + Ic = In

Ic

Condições de falta => Vb = 0 ; Vc = 0 ; Ia = 0


Com Vb = 0 e Vc = 0, as componentes simétricas da tensão são dadas por :

 Va 0  1 1 1   Va 
 V  = 1 1 a a 2  . 0  , onde Va0 = Va1 = Va2 = Va/3.
 a1  3 
 Va 2  1 a 2 a   0 

Sabe-se que Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2 = 0

E I Z E I Z
E que Va0 = Va1 => I a0 = − a + a1 1 , e Va2 = Va1 => I a 2 = − a + a1 1 ,
Z0 Z0 Z2 Z2

E I Z E I Z 1
− a + a1 1 + I a1 − a + a1 1 = 0 => I a1 =
Z0 Z0 Z2 Z2  Z Z 
Z1 +  2 0 
 Z2 + Z0 

Exemplo3 : Um gerador de pólos salientes sem amortecedores tem os valores nominais de


placa de 20 MVA, 13,8 KV e uma reatância subtransitória de eixo direto de 0,25 pu. As
reatâncias de seqüência negativa e zero são, respectivamente, de 0,35 e 0,10 pu. O neutro
do gerador está solidamente aterrado. Determine a corrente subtransitória no gerador e as
tensões de linha em condições subtransitórias quando ocorre uma falta linha-linha-terra
nos terminais do gerador, quando este está operando sem carga com tensão nominal.
Despreze as resistências.

39
40
VI- Impedâncias de seqüência dos componentes do SEP
VI.1-Transformadores de dois enrolamentos.
São obtidas através dos ensaios de curto-circuito e circuito a vazio.
- Seqüência positiva e negativa:

Xdispersão

Xmagnetização ≅ 200 Xdispersão

Xmagnetização Normalmente, a Xmagnetização é


desprezível, pois circula pouca corrente.

Logo, X1 = X2 = Xdisp (Núcleo envolvido )

Xdispersão = X1 = X2

OBS.: Para núcleo envolvente


considera-se a Xmagnetização

Seqüência zero
Caso A: Permissão de fluxo de I0 => X0 = X1 = X2
Caso B: Não permissão do fluxo de I0.
No caso A, a ligação de X0 no diagrama (sistema) depende da ligação dos enrolamentos
do transformador. Vejamos como efetuar a ligação de X0 no diagrama de seqüência zero.
1º-Colocar uma chave h e uma chave V em cada enrolamento do transformador em
questão, conforme a seguir:

Xdispersão
h h

V Xmagnetização V

Ref.

40
41
2º-Se I0 puder circular entre as fases e um neutro (ou terra) fecha-se a chave h, ou seja,
se o enrolamento for,

3º-Se I0 circular dentro do enrolamento fecha-se a chave V, ou seja, se o enrolamento for


∆.

Exemplo: Montar o diagrama de seqüência Zero para os transformadores a seguir:


a) b) c) d)

VI.2- Reatâncias de seqüência para máquinas síncronas


O gerador síncrono é o único componente do sistema elétrico que apresentam três
reatâncias distintas, cujos valores obedecem à inequação:
X" < X' < X S , onde, X’’ é a reatância subtransitória, X’ é a reatância transitória e

XS é a reatância síncrona ou reatância de eixo direto.


Considere a figura abaixo que representa a parte superior da envoltória das correntes de
curto-circuito:
i(t)
I”MAX b
Envoltória da corrente
Extrapolação da envoltória
da corrente transitória
Amplitude da corrente
c em regime permanente
I’MAX a d e
IMAXRP f
t

Trecho “bc” => período subtransitório;


Trecho “cd” => período transitório;
Trecho “de” => período de regime permanente.

VI.2.1- Reatância Subtransitória (X”)


É definida supondo o período subtransitório em regime permanente, tendo como
corrente o valor inicial I”MAX, onde:

41
42
E E → valor eficaz da tensão de fase a neutro nos terminais do
X" = , sendo
I" gerador, antes do curto-circuito.
I"MAX I" → valor eficaz da corrente de curto-circuito do período
I" = subtransitório em regime permanente.
2

VI.2.2- Reatância Transitória (X’)


É definida supondo o período transitório em regime permanente, tendo como corrente o
valor inicial (I’MAX ) da envoltória, caso o gerador não tenha o enrolamento amortecedor:
E
X' = , sendo I' → valor eficaz da corrente de curto-circuito do período
I'
transitório em regime permanente.
I' MAX
I' =
2
VI.2.3- Reatância Síncrona ( XS )
Defini-se esta reatância como a de regime permanente.
E
XS = , sendo I → valor eficaz da corrente de curto-circuito em regime permanente.
I
I MAX
I=
2
Notas: 1ª-A duração do período subtransitório T"d é de 0,02 a 0,05s (T"med = 0,03s ) .
2ª-A duração do período transitório T'd é de 0,5 a 1,8s (Turbogeradores) com
T'med = 1,3s , e de 0,7 a 2,5s (Geradores de pólos salientes) com T'med = 1,6s .

VI.3-Linhas de transmissão
Para as linhas de transmissão, existem técnicas para calcular as impedâncias de
seqüência.
X1 = X2; X0 ≠ X1 => X0 > X1, sendo [X0 ≅ (2 a 4 vezes)X1]

VII- Faltas Assimétricas em Sistemas Elétricos de Potência (SEP)

VII.1- Introdução
Para a dedução das equações para as componentes simétricas de correntes e tensões em
um ponto do SEP durante uma falta, designaremos por Ia, Ib e Ic as correntes que saem
do sistema originalmente equilibrado para a falta, respectivamente, das fases a, b e c.

42
43
Veja a figura:
a
Ia
b
Ib
c
Ic

As tensões de falta no local da falta serão designadas por Va, Vb e Vc. A tensão de fase
da fase A antes da ocorrência da falta, no local de falta, será chamada Vpf, que é uma
tensão de pré-falta.

Considere o diagrama unifilar de um sistema de potência equilibrado com três máquinas


síncronas:

1
T T2
P LT
3

Este sistema é suficientemente geral para que as equações deduzidas a partir dele sejam
aplicáveis a qualquer sistema equilibrado, independentemente de sua complexidade. O
ponto P no diagrama indica o local de ocorrência da falta.
Uma vez identificado o tipo de falta, devemos traçar as redes de seqüência positiva,
negativa e zero, e representar os circuitos equivalentes de Thévenin visto do ponto de falta
e a barra de referência, como segue:

Rede de seqüência positiva Equivalente de Thévenin da


rede de seqüência positiva

E1 E2 E3 Vpf
Vpf Va1

Z1

P
P Ia1
Ia1
43
44

Equivalente de Thévenin
Rede de seqüência negativa. da rede de seqüência.
negativa

Va2

Z2

P
P Ia2
Ia2

Equivalente de Thévenin
Rede de seqüência zero. da rede de seqüência zero.

Va0

Z0

P
P Ia0
Ia0

As equações matriciais para as componentes simétricas das tensões na falta, são as


mesmas escritas para o gerador em vazio, porém com Vpf no lugar de Ea, ou seja:

 Va 0   0   Z 0 0 0  I a 0 
 V  = V  −  0 Z1 0 . I a1 
 a1   p f  
 Va 2   0   0 0 Z 2   I a 2 

Como exemplo, considere os seguintes dados para o sistema elétrico anterior dado:
G1 = G2: 30 MVA, 18 kV, X” = 20% ; G3: 50 MVA, 13,8 kV, X” = 20% ;
T1: 70 MVA, 18/138 kV, X = 10%; T2: 50 MVA, 13,8/138 kV, X = 10% ;
XLT = j100 Ω.
Calcule a corrente de curto-circuito trifásica e de fase-terra no ponto P.

VII.2- Falta fase-terra em um sistema de potência


Considere a figura que representa um trecho de um SEP, onde ocorre um curto-
circuito fase-terra na fase A:
44
45

A
Ia
B
Ib
C
Ic

As relações existentes na falta são Ib = 0, Ic = 0 e Va = 0. Nota-se que estas relações são


as mesmas aplicadas para um gerador a vazio. Portanto, as soluções encontradas são
semelhantes para o gerador em vazio, exceto pela troca de Ea por Vpf, ou seja:

I Vpf
Ia1 = Ia2 = Ia0 = a , onde I a1 =
3 Z1 + Z 2 + Z 0

Estas equações ratificam que as três redes de seqüência devam ser conectadas em série
através do ponto de falta, de modo a simular uma falta fase-terra simples.

VII.3- Falta linha-linha em um sistema de potência


Considere a figura que representa um trecho de um SEP, onde ocorre um curto-circuito
fase-fase, nas fases B e C:
A
Ia

B
Ib

C
Ic

As relações existentes na falta, são Vb = Vc, Ia = 0 e Ib = - Ic. Nota-se que estas


relações são as mesmas aplicadas para um gerador a vazio. Portanto, as soluções
encontradas são semelhantes para a falta entre fases de um gerador em vazio, exceto pela
troca de Ea por Vpf, ou seja:
Vpf
Va1 = Va2, onde I a1 =
Z1 + Z 2
45
46
Estas equações ratificam que as redes de seqüência positiva e negativa devam ser
conectadas em paralelo no ponto de falta, de modo a simular uma falta fase-fase.

VII.4- Falta entre duas fases e terra em um sistema de potência


Considere a figura que representa um trecho de um SEP, onde ocorre um curto-circuito
fase-fase-terra, nas fases B e C:

A
Ia
B
Ib

C
Ic
In

As relações existentes na falta são Vb = Vc = 0 e Ia = 0. Nota-se que estas relações são as


mesmas aplicadas para um gerador a vazio. Portanto, as soluções encontradas são
semelhantes para a falta entre fases e terra em um gerador a vazio, exceto pela troca de Ea
por Vpf, ou seja:
Vpf
Va1 = Va2 = Va0, onde I a1 =
Z1 + Z 2 Z 0 / (Z 2 + Z 0 )

Estas equações ratificam que as redes de seqüência devam ser conectadas em paralelo
no ponto de falta, de modo a simular uma falta fase-fase-terra.

VIII- Comparação dos níveis de curto-circuito assimétricos em função do curto-


circuito trifásico.

Consideremos as seguintes relações:


A, B,C
1ª) Curto-circuito simétrico (Trifásico) => (I sc 3φ )

A, B,C E
I sc 3φ =
Z1

46
47
A
2ª) Curto-circuito assimétrico (Fase-Terra) => (I sc1φ − T )

A 3× E
I sc1φ − T =
Z1 + Z 2 + Z 0
B
3ª) Curto-circuito assimétrico (Dupla fase) => ( I sc 2φ )

B E
I sc 2φ = (a 2 − a )
Z1 + Z 2
B
4ª) Curto-circuito assimétrico (Dupla Fase-Terra) => (I sc 2φ − T )
B
B I sc 3φ  Z1 2  Z0
I sc 2φ − T =  − K + a − aK  ; onde K =
1+ K  Z0  Z1 + Z 0

VIII.1- Comparação entre o curto fase-terra e o trifásico


3E
A
A 3E Z1 3I sc 3φ
Fazendo Z 1 = Z 2 , vem: I sc1φ − T = = =
2Z 1 + Z 0  Z0  Z 
2 +   2+ 0
 Z 
 Z1   1
A
A 3.I sc 3φ
Onde, I sc1φ − T =
Z 
2 +  0 
 Z1 
A A
1º Caso : Para Z 1 = Z 0 => I sc1φ − T = I sc 3φ

A A
2º Caso : Para Z 0 < Z 1 => I sc1φ − T > I sc 3φ ; que é o caso mais comum devido a
presença de transformadores delta – estrela aterrado.

VIII.2- Comparação entre o curto dupla fase e o trifásico


B
E I sc 3φ
Fazendo Z 1 = Z 2 , vem:
B
I sc 2φ (
= a −a .2
2Z 1
)
= 3∠ − 90°.
2
,

B
B I sc 3φ B B
Onde, I sc 2φ = − j0,866. => I sc 2φ < I sc 3φ
1
47
48
VIII.3- Comparação entre o curto dupla fase-terra e o trifásico
Fazendo Z 1 = Z 2 e considerando os diagramas de seqüências a seguir, tem-se:

1
I sc 2φ − T

2 0
E I sc 2φ − T I sc 2φ − T
V

Z1 Z2 Z0

Do qual podemos escrever as seguintes equações:

1  Z .Z  K
V = I sc 2φ − T ×  1 0  => V = I sc 3φ .Z1
 Z1 + Z 0  1+ K

2 V 2 K
I sc 2φ − T = − => I sc 2φ − T = − I sc 3φ
Z1 1+ K

0 V 0 K Z
I sc 2φ − T = − => I sc 2 φ − T = − I sc 3φ 1
Z0 1+ K Z0

1 I sc 3φ
I sc 2φ − T =
1+ K

B 0 1 2
Sabendo que I sc 2φ − T = I sc 2φ − T + a 2 I sc 2φ − T + aI sc 2φ − T , e substituindo cada componente de
seqüência da corrente, anteriormente explicitadas em função da corrente de curto-circuito
trifásica, temos:

B
B I sc 3φ  Z1  Z0
I sc 2φ − T = − K + a 2 − aK  ; onde K =
1+ K  Z0  Z1 + Z 0

48
49
B
1º Caso : Para Z 1 = Z 0 => I sc 2φ − T = I sc 3φ

B
2º Caso : Para Z 0 → 0 => I sc 2φ − T = 3 I sc 3φ

Conclusão: Quanto menor a impedância de seqüência zero, maior a tendência de o defeito


Dupla Fase-Terra drenar a maior corrente, e ser o defeito mais severo no caso.

IX- CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO ATRAVÉS DA MATRIZ DE IMPEDÂNCIA - Z BUS

IX.1- Obtenção da Matriz Z BUS

A matriz Z BUS contém as impedâncias no ponto de cada nó com relação a um nó de


referência escolhido arbitrariamente. A impedância no ponto de um nó é a impedância
equivalente entre ele e a referência. A matriz Z BUS contém também a impedância de
transferência entre cada barra do sistema e cada outra barra, com relação ao nó de
referência. As impedâncias de transferência são determinadas calculando-se as tensões que
existiriam em cada uma das outras barras do sistema, com relação a referência, quando
uma barra em particular recebe uma injeção de corrente de uma unidade ( 1,0 pu ). Só
existirá Z BUS se o sistema estiver ligado para a terra.

Considere o sistema caracterizado pela seguinte equação:

VBUS = Z BUS . I BUS


( Nx1) ( NxN ) ( Nx1)

ou

 V1   Z11 Z12 . . Z1N   I1 


V  Z Z 22 . . Z2N   I2 
 2   21  
 .   . . . . .  . 
 =  
 .   . . . . .  . 
 .   . . . . .  . 
    
 VN   Z N1 Z N2 . . Z NN   I N 
49
50
Supondo conhecido VBUS e I BUS , temos:
o o

VBUS o = Z BUS . I BUS o

Suponhamos, agora, uma variação de corrente na barra “q”, representada por ∆I q , ou;

Logo;
 0  VBUS o + ∆VBUS = Z BUS ( I BUS o + ∆I BUS )
 . 
  VBUS o + ∆VBUS = Z BUS I BUS o + Z BUS ∆I BUS
∆I BUS =  ∆I q  VBUS o − Z BUS I BUS o + ∆VBUS = Z BUS ∆I BUS
 
 .  0 + ∆VBUS = Z BUS ∆I BUS
 0 
∴∆VBUS = Z BUS ∆I BUS ⇒ Estudo só as var iações.

Escalarmente vem:

 ∆V1   Z11 Z12 . Z1q . Z1N   0   ∆V1 = Z1q .∆I q


 ∆V   Z Z 22 . Z 2q . Z2 N   0   ∆V = Z .∆I
 2   21    2 2q q

 .   . . . . . .  .   .
  = Z   ⇒
 ∆ V q   q1 Zq 2 . Z qq . Z qN   ∆I q   ∆Vq = Z qq .∆I q
 .   . . . . . .  .   .
     
 N   Z N1
∆ V ZN2 . Z Nq . Z NN   0   ∆VN = Z Nq .∆I q

Os elementos da matriz traduzem o conceito de impedância de transferência.

∆Vi = Z ij .∆I j ; i = 1,2,...N


∆Vi Expressa a variação de tensão entre a barra i e a barra de
Z ij = ⇒
∆I j referência (terra), por unidade de corrente na barra j.

Exemplo:
Dada a configuração abaixo, determinar ZBUS.

1 j1 2
j1

j1 j1

50
3
51
a) Injetando uma fonte de corrente de 1,0 pu na barra 1, temos:

∆V1 1 2
j1 I2-1=0
j1 I1=1,0
∆V2
I3-2=0
1,0 pu I3-1=0
j1 j1

1,0 pu 3
∆V3

∆I1 = 1,0 pu
∆V1 = Z11.∆I1 = j1.1 = j1 => Z11 = j1 pu
∆V2 = Z21.∆I1 = j1.0 + j1.1 = j1 => Z21 = j1 pu
∆V3 = Z31.∆I1 = j1.0 + j1.1 = j1 => Z31 = j1 pu

b) Injetando uma fonte de corrente de 1,0 pu na barra 2, temos:

1 j1 I2-1= 2/3 2 ∆V2


j1 I1=1,0

I3-2= 1/3
∆V1 1,0 pu
I3-1= 1/3
j1 j1

3
∆V3
∆I 2 = 1,0 pu
∆V1 = Z12.∆I2 = j1.1 = j1 => Z12 = j1 pu
∆V2 = Z22.∆I2 = j1.2/3 + j1.1 = j5/3 => Z22 = j5/3 pu
∆V3 = Z32.∆I2 = j1.1/3 + j1.1 = j4/3 => Z32 = j4/3 pu

c) Injetando uma fonte de corrente de 1,0 pu na barra 3, temos:

1 j1 I2-1= 1/3 2 ∆V2


j1 I1=1,0

I3-2= 1/3
∆V1
I3-1= 2/3
j1 j1

3
∆V3 1,0 pu

51
52
∆I 3 = 1,0 pu
∆V1 = Z13.∆I3 = j1.1 = j1 => Z13 = j1 pu
∆V2 = Z23.∆I3 = j1.1/3 + j1.1 = j4/3 => Z23 = j4/3 pu
∆V3 = Z33.∆I3 = j1.2/3 + j1.1 = j5/3 => Z33 = j5/3 pu

Portanto,

1 1 1 
Z BUS  
= j1 5 / 3 4 / 3
1 4 / 3 5 / 3

IX.2- Cálculo de curto-circuito utilizando Z BUS

Considere um curto-circuito em uma barra genérica “q” do sistema representado pela


corrente – Iq entrando no sistema. Esta corrente provoca variação de tensão em todas as
outras barras.

 ∆V1   Z11 Z12 . Z1q . Z1N   0 


 ∆V   Z Z 22 . Z 2q . Z2N   0 
 2   21  
 .   . . . . . .  . 
  = Z Zq 2 . Z qq

. Z qN   − I q 
 ∆ V q   q1
 .   . . . . . .  . 
    
 N   Z N1
∆ V ZN2 . Z Nq . Z NN   0 

Temos então que:


∆Vi = ViPÓS − ViANTES
Onde, i = 1, 2, 3, ..... , N, sendo i ≠ q
∆Vq = 0 − VqANTES

Supondo que antes do curto Vi = VNOMINAL = 1 pu, vém:

 V1PÓS − 1  Z11 Z12 . Z1q . Z1N   0 


 PÓS   Z Z 22 . Z 2q . Z2 N   0 
 V2 − 1  21  
 .   . . . . . .  .  1
 =   ∴ − 1 = Z qq (− I q ) ⇒ I q =
 0 − 1   Z q1 Zq2 . Z qq . Z qN   − I q  Z qq
 .   . . . . . .  . 
 PÓS    
 VN − 1  Z N1 ZN2 . Z Nq . Z NN   0 

52
53
Temos ainda que:
1
∴ VKPÓS = 1 − Z Kq .I q = 1 − Z Kq .
 V1PÓS − 1 = − Z1q .I q Z qq
 PÓS
 V2 − 1 = − Z 2 q .I q
 Z qq − Z Kq
 . Logo: VK
PÓS
=
 Z qq
.
 PÓS
 VK − 1 = − Z Kq .I q

Seja a configuração a seguir:


l m
zlm
VlPÓS ilm VmPÓS ; zlm é o z da linha e não o da matriz ZBUS

Z qq − Z lq Z qq − Z mq

VlPÓS − VmPÓS Z qq Z qq Z mq − Z lq Z mq − Z lq
i lm = = = ∴ i lm =
z lm z lm z lm .Z qq z lm .Z qq

Exemplos:
1º-Considerando a matriz impedância nodal abaixo, pede-se:

1 2 3 4

 0,355 0,245 0,300 0,300


0,245 0,355 0,400 0,400
Z BUS = j 
0,300 0,400 0,450 0,450
 
0,300 0,400 0,450 0,600

Determinar:
a)A corrente de curto-circuito trifásica na barra 3;
b)A corrente de curto-circuito fase-fase na barra 1;
c)Para um curto-circuito trifásico na barra 4, a corrente na linha 1 – 2 (sabe-se que a linha
1 – 2 apresenta impedância de j1 pu);
d) Para um curto-circuito trifásico na barra 4, a corrente na linha 1 – 3 (sabe-se que a linha
1 – 3 apresenta impedância de j1 pu);
e)Para um curto-circuito trifásico na barra 1, a tensão nas barras 3 e 4.
53
54
2º-Considerando o circuito de sequência zero abaixo, obter a matriz Z 0,BUS .
Os dados estão em pu. Trabalhe o resultado com quatro casas decimais.

J 0,050 J 0,025

J 0,050 J 0,025

1 J 0,20 2

J 0,20 J 0,20

54

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