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Teoria da transcendência dos motivos determinante – Efeitos irradiantes

ou transbordantes (Ratio Decidendi – versus – Obiter Dictum)

Para que se entenda a transcendência dos motivos determinantes, efeitos


irradiantes ou transbordantes do motivo determinante têm que observa em primeiro
o que é “ratio decidendi” e “obiter dictum”.

Ratio Decidendi (razão da decisão) é a fundamentação essencial que levou


determinado resultado em uma ação, ou seja, os motivos determinantes da decisão.
Adotadas pelos nortes americanos de holding. Onde se aceita a teoria dos efeitos
irradiantes, efeitos estes, que passaria a ser adotados em outros julgamentos.

Sendo assim, a transcendência dos motivos determinantes da decisão é o


efeito irradiante ou transbordante da ratio decidendi, para fora do processo,
vinculando outras decisões.

Obiter dictum (coisa dita de passagem) são comentários que não influenciam
na decisão, comentários laterais dispensáveis o qual não se erradia para fora do
processo.

Importante ressaltar, nesse tópico, que o Supremo Tribunal Federal vinha


atribuindo efeito vinculante não somente ao dispositivo da sentença, mas, também,
aos fundamentos determinantes da decisão. É o que se denominava transcendência
dos motivos determinantes, ou efeitos irradiantes ou transbordantes dos motivos
determinantes.

Teoria da inconstitucionalidade por “arrastamento” ou “atração”, ou


“inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados”, ou
inconstitucionalidade consequencial, ou inconstitucionalidade consequente ou
derivada, ou “inconstitucionalidade por reverberação normativa”

Esta teoria esta ligada aos limites objetivos da coisa julgada e a produção dos
efeitos “erga omenes” (em face de todos). Que diz que se em determinado processo
de controle de constitucionalidade concentrado for julgado inconstitucional, a norma
principal dependera daquela norma que foi julgada anteriormente, visando a
instrumentalidade existente entre elas. Também será contaminado os vícios de
inconstitucionalidade consequente por arrastamento ou tração. Pedro Lenza diz que:

Poder-se-ia pensar, neste ponto, que a consequência prática da coisa


julgada material, que se projeta para fora do processo, impediria não só que
a mesma pretensão fosse julgada novamente, como também, sob essa
interessante perspectiva, que a norma consequente e dependente ficasse
vinculada tanto ao dispositivo da sentença (principal) quanto à “ratio
decidendi”, invocando, aqui, a “teoria dos motivos determinantes”. (Lenza,
2018, pg.409).

Esta seria uma parte importante para controle de constitucionalidade em face


de todos, principalmente em relação aos limites objetivos da coisa julgada. Em
comparação a teoria clássica.

Esta técnica de declaração de inconstitucionalidade vem sendo adotada na


jurisprudência do STF, a qual se pode aplicar tanto em processo distinto como em
um mesmo processo. Pois na própria decisão a corte define quais as normas serão
atingidas que no dispositivo por arrastamento reconhece a invalidade das quais
estejam contaminadas, mesmo se não houver pedido expresso na petição inicial.

A declaração de inconstitucionalidade por arrastamento de uma norma faz


com que as normas que estão conectadas com aquela declarada inconstitucional
percam sua validade, pois esta estará “contaminada”. E por essa técnica a
declaração se da no próprio julgamento da ADI.

Por exemplo, ADI 2.995/PE, Rel. Min. Celso de Mello, j. 13.12.2006). 1

No entanto Pedro Lenza diz:

Por força do art. 10, CPC/2015, como o juiz não pode decidir, em grau
algum de jurisdição e, portanto, no STF, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de

1
“Por entender caracterizada a ofensa ao art. 22, XX, da CF, que confere à União a competência privativa para
legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado
em ação direta ajuizada pelo ProcuradorGeral da República, para declarar a inconstitucionalidade da Lei
12.343/2003 e, por arrastamento, do Decreto 24.446/2002, ambos do Estado de Pernambuco, que dispõem
sobre o serviço de loterias no âmbito da referida unidade federativa” (Inf. 452/STF).
ofício, entendemos que deverá ser aberto prazo para que as partes se
pronunciem sobre a perspectiva de nulificação de norma em razão da
técnica do “arrastamento” (como o Código não distingue entre processo
subjetivo e objetivo, o tema terá de ser enfrentado pelo Plenário do STF —
pendente). (Lenza, 2018, pg.410).

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