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4. METODOLOGIA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADAD POR MINERAÇÃO –


ESTUDO DE CASO
4.1 FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Definição Levantamento
Definição
do tema dos Bibliográfico
Reconhecimento
Objetivos da Área

Levantamento de
Avaliação da Avaliação da Dados sobre as
Reabilitação da Degradação mineradoras
Área
Documentação
fotográfica

Figura 08: Fluxograma das atividades desenvolvidas para realização da avaliação ambiental da área.
Fonte: Marcondes¹

4.1.1 LEVANTAMENTO DE DADOS.


Os estudos foram realizados entre os meses de abril e setembro de 2008, e ocorreram
nas seguintes etapas:
1ª Etapa – Escolha da área de estudo seguindo as diretrizes estabelecidas pelo tema e
objetivos e visita técnica ao local, com a autorização junto ao proprietário.
2ª Etapa – Levantamento bibliográfico: foram efetuados levantamentos de bibliografias sobre
minerações de areia de forma especifica, para entendimento dos métodos de lavra, principais
impactos ambientais e medidas de controle ambiental, questões sócio-econômicas, de normas
técnicas e de legislações federais, estaduais e municipais. Também foram levantados dados
relacionados à caracterização do meio físico, biológico e sócio-econômico da região em
estudo.

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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3ª Etapa – A metodologia de avaliação de impactos ambientais, escolhida para o trabalho de


campo foi a denominada listagem de controle (checklist), isso devido sua boa aplicabilidade
para casos de diagnóstico ambiental rápido e geral, como também pela facilidade de incluir
no seu contexto as normas e exigências técnicas dos órgãos licenciadores.
4ª Etapa – Levantamento de campo: por meio de levantamentos de detalhe nas áreas de lavra,
de recuperação ambiental, na infra-estrutura existente e no entorno, principalmente ao longo
da lagoa existente na área de pós-mineração.
5ª Etapa – Análise dos resultados.

4.1.2 MEIOS UTILIZADOS


a) Fotografias, imagens de satélite e documentação cartográfica;
b) Vistorias;
c) Entrevistas;
d) Pesquisa bibliográfica.

4.1.3 CRITÉRIOS OBEDECIDOS


a) A areia como insumo básico na construção civil;
b) O crescimento da demanda por obras civis e o conseqüente aumento do consumo de
areia;
c) A interdependência entre o rio Paraíba do Sul, suas margens, a mineração de areia, a
preservação do meio ambiente e em vários trechos, a necessidade da recomposição do
meio ambiente degradado.

4.2 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO


O empreendimento em estudo, com uma área total de 14,5 ha, se desenvolve no local
denominado “Pesqueiro e Ceveiro Tata Vargas”, no Bairro Berizal, localizado na margem
esquerda do Rio Paraíba do Sul, município de Tremembé, estado de São Paulo. A área em
estudo teve como atividade, durante quatro anos, à extração de areia, sendo o
empreendimento responsável pela extração, denominado Porto Rio Verde Extração e
Comercio de Areia LTDA.
O entorno desta área é marcado pela existência de vários portos de areia, tanto na
margem esquerda como na direita do Rio Paraíba, todos operando pelo processo de Cava
Submersa, sendo esta atividade comum na região. O restante da área de várzea é ocupada por
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atividade agrícola, sendo o arroz irrigado a cultura principal, existindo também o cultivo de
hortaliças e batatas em pequena porção, além de grandes áreas ocupadas com pasto de baixa
capacidade de sustentação animal e algumas pequenas extratoras de argila.
O entrada do local encontra-se nas coordenadas 22º57’15”S e 45º33’50”O, à
aproximadamente 1,0km da mancha urbana da cidade. O acesso ao local se faz pela Estrada
SP-123 que dá acesso à cidade de Campos do Jordão.

Figura 09: Localização da cidade de Tremembé no Estado de São Paulo


Fonte: http://maps.google.com
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Figura 10: Vista aérea do empreendimento, com destaque mostrando um dos ceveiros do local.
Fonte: http://maps.google.com

Área de estudo
Mancha urbana de Tremembé

Figura 10: Vista aérea com destaque do empreendimento e da mancha urbana da cidade de
Tremembé.
Fonte: http://maps.google.com
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4.2.1 GEOMORFOLOGIA DO LOCAL


Esta área configura-se como uma planície fluvial pertencente ao Rio Paraíba do Sul.
Esta planície fluvial é constituída por argilas, areias, siltes e depósitos de material orgânico
depositados pelo meandramento do Rio Paraíba no quaternário. Esse meandramento do rio
foi responsável pela disposição de bancos de areia, estando estes recobertos por um
capeamento argiloso.

4.2.2 HIDROLOGIA
A área em estudo situa-se na várzea do Rio Paraíba do Sul posicionada sobre a Bacia
Sedimentar de Taubaté.
O Rio Paraíba do Sul cruza toda a região abordada no sentido NE-SW ao sul da área
em estudo.

4.2.3 MATA NATIVA


Quanto à vegetação, é fácil notar que há poucas áreas com matas remanescentes em
toda a região do entorno devido a sua utilização como áreas agrícolas atualmente ou no
passado recente. As principais matas situam-se normalmente próximo ao leito do Paraíba do
Sul, existindo algumas manchas isoladas, caracterizando-se como vegetação secundaria,
cujos estágios de revegetação variam de inicial a médio.
O local onde se desenvolveu a atividade extrativa de areia encontrava-se ocupado por
vegetação rasteira que configura um pasto sujo de baixa sustentação animal, encontrando-se
fora da APP do rio Paraíba do Sul.

4.2.4 HISTÓRICO DA ÁREA


O empreendimento apresenta, atualmente, duas lagoas (antigas Cavas de Extração de
areia), cada uma com cerca de 1,8 mil m², onde as atividades já foram encerradas.
O proprietário, Sr. Renato Vargas desenvolveu a atividade oleira dentro do mesmo
imóvel onde houve a extração de areia. Existem fornos para queima de tijolos e terreiros para
secagem desta cerâmica, no limite Leste da propriedade. Todavia, a atividade oleira encontra-
se paralisada.
Decorrente da proximidade do núcleo urbano de Tremembé com sua propriedade, o
empreendedor encontra grande dificuldade em manter afastados os pescadores que invadem
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sua propriedade, que por ter suas atividades minerarias encerradas, fica sem vigilância,
correndo o risco de sofrer danos, também a vegetação introduzida. Com o objetivo de frear
essas invasões e propiciar renda o empreendedor instalou ali nas lagoas um “pesqueiro”
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5.RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ESTUDO DETALHADO DA ÁREA

5.1.1 A ÁREA DE INFLUÊNCIA


A área de interesse ambiental é a área onde os impactos se fazem sentir mais
diretamente, quer seja pela simples ocupação dos espaços e utilização da infra-estrutura local
e de recursos naturais, bem como a área passível de dispersão de poluentes. Para o estudo
realizado adotamos como área de influencia direta os limites da propriedade em questão.

5.1.2 ALTERAÇÕES AMBIENTAIS E MEDIDAS DE CONTROLE ADOTADAS


Segundo FARIAS et al (2007), o método checklist é indicado para avaliações
preliminares, tendo como vantagem o emprego imediato e geral para analises de impactos. E
como este estudo propõe identificar os impactos ambientais ocorridos na área pós minerada o
emprego deste método torna-se bastante eficaz.
O Quadro 1 apresenta a checklist dos impactos que ocorreram na área, advindos da
atividade de mineração a qual a área era submetida.
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Negativo

Imediato

Reversível

Local

Regional
Médio prazo

Longo prazo

Irreversível
Permanente
Temporário

Positivo
Indireto
Direto
IMPACTOS/CLASSIFICAÇÃO

Geração de impostos

X X X

X X X X

X X X

X X X X X

X X X X

X
Geração de empregos

X
Geração de matéria prima

X
Interferência no trafego

X X X X X X X X X X X X X X X

X X X X
Alteração no uso de ocupação do solo

X X X

X X X

X X X
Abertura de estradas

X X X X X X X X X X X X X
Modificação da topografia do terreno
Contaminação do lençol freático
X
X X X

X X X

X
Poluição atmosférica
X X X X X X X X X X

X X X X X X X X X X
Poluição sonora
Processo erosivo
X X X

X X X
Alteração do nível do lençol freático
Degradação da paisagem natural
Geração de resíduos sólidos
X X

X
Retirada da camada fértil do solo

X X X X
Supressão da vegetação
X X X

Alteração da fauna
X

Alteração da flora
Quadro 1: Checklist dos impactos ocorridos na área
Fonte: Marcondes¹

5.3 RECUPERAÇÃO DA ÁREA


5.3.1 RECUPERAÇÃO FÍSICA
A recuperação física consistiu na execução dos aterros no limite da área de lavra, no
acerto dos taludes, no preparo do terreno para o reflorestamento (figura 12) e na remoção dos
restos de materiais da extração presentes na área.
A conclusão da recuperação física se desenvolveu com o final da extração, com cavas
com aproximadamente 6,0 metros de profundidade, originadas pela retirada da areia, que
foram totalmente preenchidas por água e se transformaram em dois lagos. Os taludes foram
executados de forma que suas margens foram suavizadas, garantindo sua estabilização.
(figura 13)

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 12: Solo sendo preparado para receber as mudas


Fonte: Marcondes¹

Figura 13: Talude já estabilizado


Figura 13: Representação do talude já estabilizado
Fonte: Vargas²

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
² Renato Vargas, 2005
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5.3.1.1 POLUIÇÃO FÍSICA DAS ÁGUAS (PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO)


Durante o desenvolvimento da extração de areia as cavas ficaram preenchidas com a
água do lençol freático, apresentando certa quantidade de partículas em suspensão
decorrentes do processo de dragagem, estas partículas não saíram do sistema, que funcionou
em circuito hídrico superficial fechado. Sendo assim, a poluição física das águas limitou-se à
área da atividade extrativa, sendo que, ao final das atividades, estas se depositaram no fundo
das cavas, resultando em uma lagoa propicia a recepção de peixes e com um aspecto visual
agradável. (Figura 14 e 15)
Avaliação: percebeu-se através de visitas realizadas no local que os dois lagos não
possuem qualquer vestígio de particulados em suspensão, sendo, esse processo de pleito
natural.

Figura 14: Lagoa sem presença de material particulado em suspensão.


Fonte: Marcondes¹

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 15: Outra representação da lagoa sem presença de material particulado.


Fonte: Marcondes¹

5.3.1.2 MODIFICAÇÃO DA TOPOGRAFIA DO TERRENO: INSTABILIDADE DE TALUDES E PROCESSOS EROSIVOS


Esta é uma alteração que ocorreu através do processo de extração nas bordas da cava.
Porém todos os taludes resultantes após a extração foram revegetados, de forma a conter os
processos de instabilidade e erosão. (Figura 16)
Avaliação: pode-se verificar que os processos erosivos encontram-se estabilizados
pela não presença de turbidez da água. Aspecto também importante é a presença de
gramíneas nas bordas das lagoas, o que caracteriza um método de contenção muito eficaz.
Segundo a Resolução SMA 42/96 os taludes estáveis (com vegetação de gramíneas) não tem
a necessidade de obedecer à inclinação máxima de 17 graus.

5.3.1.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA: EMISSÃO DE GASES


Este impacto origina-se pela combustão do óleo diesel pelos equipamentos usados na
extração, tendo influência sobre os funcionários e sobre a fauna da área estudada. No
empreendimento em questão, foi um impacto temporário que deixou de ocorrer com o final
das atividades extrativas na área.

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Avaliação: as atividades de extração de areia se encerraram no ano de XXXX, não


havendo mais a utilização de qualquer equipamento de combustão a óleo diesel no local

Figura 16: Taludes revegetados com processos erosivos já estabilizados


Fonte: Marcondes¹

5.3.1.4 COMPROMETIMENTO DO USO DA SUPERFÍCIE E RETIRADA DA CAMADA FERTIL DO SOLO


Trata-se de uma alteração ambiental inevitável e inerente ao tipo de atividade que se
desenvolveu no local, pois envolve a substituição de uma superfície terrestre por uma
aquática, no caso das cavas e modificação das características do solo. (figura 17 e 18)
Avaliação: em relação à superfície de solo que se constituiu em dois lagos após a
extração, o impacto é irreversível, pois apresentou-se inviável o aterro integral das cavas.
Com a implantação da recuperação proposta para a área não alagada, haverá na área um
ganho ambiental com o aumento das áreas com vegetação nativa.
Pedologia

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 17: Área preparada com solo adequado para desenvolvimento das mudas
Fonte: Marcondes¹

Figura 18: Solo de empréstimo para utilização de plantio de mudas


Fonte: Marcondes¹

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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5.3.1.5 ABERTURA DE ESTRADAS E INTERFERÊNCIA NO TRAFEGO


A partir do local de extração, a areia foi transportada por uma estrada de terra que liga
o empreendimento até a rodovia SP-123, seguindo no sentido da rodovia Presidente Dutra, a
partir da qual a areia seguiu para depósitos de materiais de construção ou obras de engenharia
civil em diversos pontos das cidades da região, além da região metropolitana de São Paulo.
Avaliação: os volumes produzidos não foram muito grandes, de forma que não houve
grandes alterações no tráfego da região, que é relativamente intenso em função das atividades
já desenvolvidas na mesma. A atividade extratora de areia é intensa na várzea do rio Paraíba,
sendo comum o trânsito de caminhões transportadores deste bem mineral nas rodovias da
região, sendo esse impacto de pouco relevância.

5.3.1.6 PRODUÇÃO DE SUCATAS E LIXO


A sucata originária da operação do empreendimento foi armazenada em pilhas
temporárias, sendo comercializada periodicamente junto a sucateiros da região, enquanto o
lixo doméstico, proveniente das instalações de apoio do porto, foram remetidos ao aterro
sanitário municipal mais próximo.
Avaliação: no local ainda é possível perceber a presença de sucatas, ainda que em
pequena escala. Ha algumas placas de sinalização ambiental contendo a frase: “Proibido
jogar Lixo”, essas placas são de grande importância para conscientização ambiental já que é
um empreendimento voltado ao lazer, recebendo um numero considerável de pessoas, porém,
há poucas lixeiras no local.

5.3.1.7 CAPACIDADE DE SUPORTE DO MEIO


A área do empreendimento situa-se em porção de várzea do rio Paraíba do Sul
classificada pela SMA como zona de mineração, correspondendo a uma ampliação de área
onde já se desenvolvem as atividades extrativas de areia.
Avaliação: segundo a resolução SMA nº. 28 de 1999, que estabeleceu os limites do
zoneamento ambiental para mineração dos municípios de Tremembé, Taubaté,
Pindamonhangaba, Caçapava e São José a área em estudo encontra-se dentro da chamada
“ZONA de MINERAÇÂO”, não havendo portanto um agravante a capacidade de suporte do
meio.
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5.3.2 RECUPERAÇÃO BIOLÓGICA DA ÁREA


Após serem concluídas as etapas da recuperação física de cada área, foram realizadas
as fases de recuperação biológica. As áreas foram recuperadas com o plantio de espécies
nativas.
O plantio nas Áreas de Preservação Permanente, e também os plantios de
enriquecimento foram realizados, tendo sido integralmente concluídos. O empreendimento
continua efetuando a manutenção das áreas plantadas, com a substituição das mudas
danificadas.
Para a manutenção das áreas plantadas e para o plantio de mudas de espécies nativas
foram realizados os seguintes procedimentos: a) marcação de covas nas áreas a serem
plantadas, b) covamento com dimensões de 0,60mx0,60mx0,60m e deposição de solo
adequado nas covas (como pode ser observado na figura 14), c) calagem nas covas, 30 dias
antes do plantio, empregando-se cerca de 100g de calcário domolitico por cova, d) adubação
de plantio nas covas através do uso de 100g de adubo com formulação (NPK) 4:14:8 +B e
Zn, salvo melhor recomendação feita através da analise do solo.
Para garantir o desenvolvimento das mudas implantadas estão sendo adotadas as
seguintes atividades: a) fazer controle das formigas cortadeiras, utilizando-se de preferência
uma forma de controle que ofereça menos riscos ao meio, b) manter o coroamento das mudas
através de capina, c) realizar a adubação de cobertura conforme o desenvolvimento das
mudas, d) irrigar a área de plantio nos períodos de estiagem, e) efetuar replantio das mudas
danificadas.
As covas são abertas com o preenchimento das covas com um solo de melhor
qualidade e quando necessário há a calagem e adubação. Após o plantio o local é mantido
roçado, cercado, limpo e coroado, garantindo assim o desenvolvimento potencial das mudas.
As mudas são de espécies “nativas regionais”, no caso, floresta Ombrófila Densa, mata Ciliar
e Ombrófila Mista.
As florestas entendidas como determinado tipo de formação vegetal tem a função de
contribuir para a manutenção das condições vitais de: conservação do solo, fertilidade natural
dos solos, qualidade dos recursos hídricos, regularização térmica, biodiversidade, etc.
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Figura 15: Cova para implantação das mudas


Fonte: Vargas²

A tabela 7 apresenta uma listagem das espécies arbóreas encontradas na propriedade e


nativas da região, com seus respectivos nomes científicos e grupo sucessional.

Nome popular Nome cientifico Grupo sucessional


Cabreuva Myroxylon peruiferuum Espécie Clímax
Jatobá Hymenaea stilbocarpa Espécie Clímax
Aroeira brava Lithraea molleoides Espécie Pioneira
Crindiuva Trema micrantha Espécie Pioneira
Embauba-branca Cecropia pachystachya Espécie Pioneira
Ingá Ingá sp Espécie secundaria inicial
Ipê Tabebuia sp Secundaria tardia
Paineira Chorisia speciosa Secundaria tardia
Tabela 7: Algumas das Espécies arbóreas utilizadas no reflorestamento
Fonte: Marcondes¹, baseado em: Neto e Silva (2006)

¹ Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008


² Renato Vargas, 2005

Avaliação: em termos de revegetação a recuperação foi seguida conforme segue as


especificações da Resolução SMA 42/96. Enfatizando-se que a utilização de espécies nativas,
calagem do solo, incorporação de matéria orgânica, adubação (fosfata e verde) e aplicação de
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fertilizantes foram, e continuam sendo, realizadas de forma satisfatória, resultando num bom
crescimento vegetativo. O trabalho de manutenção das áreas revegetadas, com reposição de
mudas mortas ou danificadas, esta bem amparada graças à implantação de um viveiro no
local, que facilita a obtenção de mudas.

5.3.2.1 DEGRADAÇÃO DA PAISAGEM E ALTERAÇÃO DA FAUNA


Essa degradação se relaciona à alteração provocada pela extração de minério do local.
Em relação à degradação da paisagem, este impacto negativo foi minimizado com o
encerramento das atividades no local explorado, visto que houve a remoção completa dos
estoques de areia, as cavas alagadas, transformaram-se em lagoas e as bordas destas foram
aterradas e revegetadas (Figura 20), e posteriormente transformadas em um tanque de
“pesque e pague”. Tanto ambientalmente como paisagisticamente, a reabilitação proposta
objetivou um melhoramento na estética local, obtendo-se ganho após a recuperação da área.
Avaliação: Com relação à degradação da Flora, foram realizados a revegetação das
áreas do entorno das cavas com auxilio do viveiro de mudas com espécies nativas da região,
viveiro este que se encontra no local em estudo o que facilita um maior acompanhamento dos
processos de revegetação e a realização da manutenção (figura xx). A localidade apresenta
uma defasagem em relação ao cercamento da área, que segundo a Resolução SMA 42/96
prevê o plantio de uma cortina vegetal com o escopo, entre outros, de diminuir o impacto
visual.

5.3.2.2 POLUIÇÃO BIOLÓGICA DAS ÁGUAS


Este impacto poderia ocorrer da disposição incorreta dos efluentes sanitários
produzidos nas dependências do empreendimento. Todavia este impacto foi evitado devido à
utilização de dependências sanitárias existentes no local.
Avaliação: o primeiro projeto de reabilitação da área previa a construção de
banheiros na APP para comodidade dos visitantes, porem foi vedado pela CETESB, o que do
ponto de vista ambiental respalda a proteção contra poluição biológica.
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Figura x: Borda estabilizada e revegetada das lagoas resultantes dos processos de mineração
Fonte: Marcondes¹

Figura 06: Viveiro localizado na área


Fonte: Marcondes¹

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 8: Desenvolvimento de mudas no viveiro.


Fonte: Marcondes¹

Figura 15: Aspecto da área de plantio no entorno da lagoa, espécies pioneiras.


Fonte: Vargas²

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
² Renato Vargas
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Figura 17: Área de plantio entre os ceveiros, espécies pioneiras.


Fonte: Vargas²

Figura 16: Outra área de plantio em torno da cava, grupo sucessional: secundarias Iniciais
Fonte: Marcondes¹

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
² Renato Vargas
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Figura 16: Outra área de plantio no torno das cavas, grupo sucessional: secundarias tardias.
Fonte: Marcondes¹

Figura 17: Área de plantio entre os ceveiros, espécies secundarias tardias.


Fonte: Marcondes¹

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
² Renato Vargas
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Figura 17: Apresentação de outra área de plantio entre os ceveiros.


Fonte: Marcondes¹

5.4 DESTINAÇÃO FINAL DA ÁREA: REABILITAÇÃO, UM NOVO USO PARA O SOLO.


A área, após o encerramento das atividades extrativas foi transformada num Pesqueiro
com as cavas formando dois lagos, circundados por uma mata composta por espécies nativas,
constituindo-se assim num abrigo para a avifauna regional e inserção de novas espécies
aquáticas a região.
A antiga área do pátio de manobras, que hoje serve como estacionamento, assim
como todo o restante do empreendimento (uma lanchonete, e dependência sanitárias)
encontram-se fora da APP do rio Paraíba do Sul, sendo que este pátio esta sendo revegetado
como área compensatória. (figura 11)

1
Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 11: Antigo pátio de manobras que agora serve como estacionamento.
Fonte: Marcondes¹

Avaliação: O entorno das duas cavas remanescentes foi alvo de reflorestamento com
espécies nativas, resultando num saldo positivo para a área, uma vez que houve um aumento
do volume de área verde e do número de espécies vegetais, tornando a biota local mais rica
(figura 19). A reabilitação das cavas, inserindo novas espécies aquáticas é de importância
ambiental, principalmente porque essas espécies podem servir como indicadores ambientais
das propriedades da água.

5.4 CARACTERIZAÇÃO DO NOVO EMPREENDIMENTO


O empreendimento atual conta com acomodações para os pescadores construídos com
madeira de dimensões fixas em torno da lagoa, denominadas ceveiros.
Essas estruturas projetadas com 20m² construídas em madeira, (figura 20) localizam-
se dentro da área de preservação permanente da cava (25m consideradas a partir da margem
das cavas) sobre as áreas de inundação (oscilação da lamina d’água das cavas), que
alcançaram um afixa de em média 5m de largura, podendo atingir até 10 metros ou um pouco
mais no período chuvoso. (figura 10)

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Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
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Figura 10: Demonstração do projeto de reabilitação


Fonte: Marcondes¹

A figura 10 demonstra de forma representativa o projeto de reabilitação da área. Os


ceveiros encontram-se dentro dos limites da Área de Preservação Permanente, porém situam-
se dentro da chamada “área alagada” (área onde em certos períodos do ano encontra-se
submersa pela água da lagoa). Para os locatários chegarem até os ceveiros foi necessário a
construção de “corredores” cercados, de 0,6m. O cercamento foi feito com arame e madeira
numa altura de 1,0m, ocorrendo também o cercamento dos ceveiros para impedir a entrada de
pessoas na área de preservação.
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Figura 19: espécies nativas plantadas no entorno dos ceveiros e em destaque um detalhe do
cercamento em madeira e arame
Fonte: Marcondes¹

Figura 20: Foto de um dos ceveiros construídos na área


Fonte: Marcondes

1
Ana Maria de Jesus Marcondes, 2008
Os ceveiros não apresentam, portanto nenhum impedimento para as mudas que se
encontram as margens das lagoas, podendo varias sua forma e dimensões, desde que
permaneçam sobre a “faixa inundável” contígua a lamina d’água das lagoas.
106

As figuras 22 e 23 demonstram as variações do corpo liquido em função dois períodos


de maior aporte pluviométrico na região em umas das fotos o ceveiro aparece acima da
lamina d’água e em outra, a mesma estrutura teve seu piso completamente alagado quando o
nível d’água elevou-se.

Figura 22: Apresentação do ceveiro piloto em tempos de seca


Fonte: Vargas²

Figura 23: Apresentação do mesmo ceveiro piloto em tempos de cheia


Fonte: Vargas²

² Renato Vargas
5.4.1 EMBASAMENTO LEGAL
O projeto dos ceveiros foi embasado na Legislação nacional e Estadual, na qual
podemos citar:
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a) Resolução SMA 42 de 1996: “Nas margens das cavas e nas áreas não consideradas pela
legislação vigentes como de preservação permanente, dependendo da intenção de uso futuro
do solo, poderão ser utilizados plantios homogêneos de espécies exóticas e nativas ou
alternativas, mediante a aprovação do projeto pela SMA e desde que cumpram a função da
proteção do solo e recursos hídricos”.
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6. CONCLUSÃO
A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma
decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações,
sendo fundamental para o desenvolvimento de uma saciedade equânime, desde que seja
operada com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do
desenvolvimento sustentável.
A peculiaridade da questão do encerramento de uma lavra decorre do processo de
mudança de uso da área, sendo fundamental observar as imposições legais que deveriam
deste fato, relativas ao fechamento da lavra propriamente dita, necessidade de licenciamento
da nova forma de uso e a responsabilidade do minerador pelo cumprimento da obrigação e
executar o plano de recuperação ambiental aprovado pelo órgão ambiental competente.
Portanto, o minerador tem a obrigação de implantar o plano de recuperação ambiental
para a área degradada pela atividade de mineração, aprovado pelo órgão ambiental
competente, que poderá contemplar o uso futuro da área, após o seu encerramento.

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