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CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA

ARTIGO CIENTÍFICO

A FÉ SEM CONTEXTO:
Pretextos para distorções doutrinárias

“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo a Cristo”.
Colossenses 2:8

Vanilde Alves de Carvalho


Formada em Turismo pela UNIRONDON -2004
Mestra em Geografia Pela UFMT – 2008
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Teologia pela FAK 2014

Cuiabá-MT
Setembro – 2014
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Resumo

O presente artigo trás uma crítica analítica a respeito das distorções doutrinárias
praticadas por aqueles que confessam sua crença em Deus e têm a Jesus Cristo
como um referencial creditando à bíblica como sendo a palavra de Deus, ou um livro
que a contem. Não se pretende neste trabalho tecer uma crítica religiosa, ou, travar
uma discussão a respeito das práticas doutrinárias que diferem as religiões. O foco
deste artigo é apontar alguns versículos bíblicos que quando utilizados
isoladamente, ou desconectados do seu contexto geram pretextos para um
entendimento errado a respeito da palavra de Deus sob a ótica da bíblia, e não
sobre a da autora. Para tal, adotou-se a posição de que a Palavra de Deus é
incontestável, e a total imparcialidade religiosa. Pois, de forma alguma se deseja
agredir a fé das pessoas, em seu direito inegável dentro do livre arbítrio por Deus
estabelecido. No entanto, a autora faz questão de deixar claro ser cristã, e que sua
orientação e formação religiosa são totalmente pautadas pela Bíblia Sagrada. Pois,
esta por si, é entendida e aceita como Palavra de Deus, um testamento deixado por
Ele para seus filhos.

Palavras chaves: Bíblia. Religião. Jesus. Palavra de Deus.


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Introdução

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu
conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”. Efésios 1:17.

Em vários versículos da bíblia podemos encontrar textos que deixam claro que
existem muitas interpretações equivocadas a respeito da palavra de Deus. Daí a
escolha do tema deste trabalho que por meio de uma pesquisa bibliográfica em
alguns livros da Bíblia e da seleção de alguns versículos que contextualizam a
questão levantada, pretende-se trazer argumentos bíblicos quanto à posição
adotada por aqueles que se autodenominam cristãos ou simpatizantes do evangelho
e do cristianismo.

Textos, como o que está contido em (2 Pedro 1-3), deixa muito


clara essa realidade “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá
também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor
que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas
dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza seguirão farão de
vós negócio com palavras fingidas; sobre as quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a
sua perdição não dormita”.

Alguns temas são bastante polêmicos, e apesar de toda simplicidade e clareza


da bíblia, as distorções ocorrem devido à mistura da Palavra de Deus com as
crenças populares. Os conceitos produzidos pela tradição e especialmente pela
herança religiosa herdade dos pais, assim como afirma Pedro em sua primeira carta,
“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos
pais”. (I Pedro 1:18).

Por se tratar de um artigo e não um trabalho monográfico, não se pretende aqui


aprofundar detalhadamente em todas as referências bíblicas que denunciam as
distorções doutrinárias, nem tão pouco, será feito uma varredura nas inúmeras
bibliografias existentes a respeito do tema.

Serão abordados quatro tópicos que causam controversas entre as religiões


denominadas cristãs a respeito dos seguintes assuntos: Cristão – nominal e
posicional; O novo nascimento e a fé em Cristo para a salvação; Batismo – a
orientação bíblica e a tradição do homem; Salvos pela fé ou pelas obras?
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Todos estes temas são profundamente abordados na bíblia, e tem sido base de
debates e embates entre as denominações cristãs ao longo dos anos. Todos serão
analisados sob a luz da palavra de Deus. Pois, tudo esta contido na bíblia inclusive
às claras exortações a respeito das possíveis distorções doutrinárias do evangelho,
como podemos ver claramente na carta de Paulo às igrejas da Galácia ao dizer:

“Maravilho-me de que tão de pressa passásseis daquele que vos chamou à


graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro
evangelho além do que já está anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora
também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
anátema”. (Gálatas1:6-9).

Este texto esta contido no capítulo 1 versículos 6 ao 9. E em seguida no


mesmo capítulo nos versículos 11 e 12 Paulo reafirma sua posição “Mas faço-vos
saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os
homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação
de Jesus Cristo”.

Uma vez que o presente artigo trata de textos sem contextos criando distorções
da fé, cada citação bíblica será contextualizada para que não paire dúvidas a
respeito do cenário real de onde o referido versículo faz menção. Nos versículos
acima Paulo escrevia sua carta aos irmãos da igreja dos Gálatas, na região da
Galácia, que é hoje a atual Turquia. Paulo esta contrapondo através do Evangelho
as tradições e os costumes judaizantes da época.

Sem sombra de dúvida, a seriedade da Palavra de Deus é incontestável, bem


como as exortações e severas repreensões quanto à distorção da mesma. O
apostolo Paulo e os discípulos Pedro e João foram os que trouxeram orientações
severas quanto a isso em Apocalipse está escrito:

“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste


livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele às pragas que estão
escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua
parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” . (Apocalipse
22:18-19).
Para a realização desta pesquisa bibliográfica utilizou-se a Bíblia de Estudo
SCOFIELD, na versão Almeida Corrigida Fiel. Sugere-se que ao ler este artigo,
tenha-se em mãos uma bíblia para consulta de todas as citações e especialmente
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para a leitura dos pré-textos, do contexto e pós-texto com o objetivo de trazer ainda
mais clareza e entendimentos das questões abordadas.

Desenvolvimento

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo”. 1Coríntios 3:11

O Brasil é tido com uma nação cristã, com a maior concentração de católicos
do mundo, e apesar deste título é um estado laico segundo a constituição brasileira,
ou seja, uma nação com uma posição neutra no campo da religiosidade, e em seu
laicismo, respeita todas as crenças. Até muito pouco tempo atrás éramos
conhecidos como uma nação católica apostólica romana.

No entanto, nos últimos anos, esse quadro vem mudança e o número de


pessoas que se intitulam evangélicas tem aumentado consideravelmente. Segundo
os dados do blog Olhar Cristão, a população evangélica do Brasil é de
aproximadamente 25,05% do montante de 204.578.931habitantes, ou seja,
51.210.103 de brasileiros se dizem crentes, ou melhor, evangélicos e isso
representa ¼ da nação. E é dentro deste contexto que somados aos 123,2 milhões
de fiéis do catolicismo (segundo os dados do site da revista veja), é que se pode
afirmar que o Brasil é de fato uma nação cristã.

A grande questão, no entanto, é o que é ser verdadeiramente um cristão? Uma


vez que, o fato de uma pessoa freqüentar o prédio de uma igreja, ou pertencer a
uma religião, não o torna cristão. Como se pode fazer esta afirmação? Vejamos o
fato de um jovem entrar numa padaria todas as manhãs para comprar pão, faz um
padeiro? É obvio que não. Logo ser frequentador de uma celebração religiosa
semanalmente não torna uma pessoa cristã. No entanto, para que não se paire
dúvida a respeito, é necessária uma análise bíblica a respeito do tema.
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1 - Cristão – nominal e posicional

Ser um cristão nominal ou posicional fala de sua posição em relação à Palavra


de Deus. Do entendimento a respeito daquilo que a bíblia ensina da revelação da
verdade de Deus, sua aceitação, e submissão a ela.

O cristão nominal é aquele que adota uma religião cristã e segue seus
costumes, as tradições e as doutrinas por ela ensinadas, sem se posicionar a
respeito de Cristo e sem ter a verdadeira revelação da Palavra de Deus por meio do
Espírito Santo. Na realidade o cristão nominal busca moldar a Palavra de Deus de
acordo com seus interesses, mas ele mesmo não é transformado. É um religioso
apegado aos usos e costumes, raso em sua fé, olha muito mais para homens do que
para Jesus e para a verdade de sua Palavra.

Com o intuito de enriquecer um pouco mais o entendimento


deste tópico, vale citar (Martins, 2000), “O ser humano é religioso por natureza. Em qualquer
lugar onde exista vestígios de seres humanos, ali haverá religião. Não importa a cor, a raça, o grau
de instrução, ou a época em que existiram, uma coisa é comum a todos os povos: eles são religiosos.
Há um desejo intrínseco no homem de adorar um ser superior e isso ele faz, tendo ou não
conhecimento da revelação especial de Deus”.

Isso se deve ao foto de que todo ser humano tem a sua origem em Deus, daí
sua busca incessante pelo espiritual. E é neste contexto que existem crenças
populares de que todo homem é filho de Deus, logo, é um cristão. Existem pessoas,
comunidades e religiões que acreditam que de fato todo homem nasce filho de
Deus. Acreditam ainda, na salvação universal, pois crêem que Deus é amor,
portanto, Deus não pode condenar nenhum filho seu ao inferno. Tais pessoas não
passam de cristãos nominais que conhecem um Deus fora do contexto de sua
Palavra.

O mais interessante em tudo isso, é que a bíblia não traz somente uma
definição de quem é Deus. Ela não foi escrita para conceituá-lo. A bíblia traz a
revelação de quem é Deus, e nos revela também os seus preceitos, suas verdades,
seu caráter, sua vontade, seu amor e justiça. Esse Deus de paz e amor, sem a
justiça e sem a punição do pecado, não é o Deus da bíblia. Portanto, não é o Deus
verdadeiro. Crer na cristianização universal e numa salvação coletiva sem um Deus
que exerça seu poder soberano sobre todas as coisas é uma fé totalmente
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desconectada com as verdades bíblicas, e essa fé sem contexto, não religa o


homem a Deus. Essa fé não tem poder pra converter, nem tão pouco para salvar.

O posicional como o termo sugere, é aquele que ao ser apresentado à Palavra


de Deus e ao ser confrontado pela cruz de Cristo, e por sua preciosa graça, toma
uma posição e uma decisão em relação a Jesus. E busca desenvolver a sua fé por
meio da Palavra a sã doutrina dos apóstolos, como membro do corpo de Cristo, e
não apenas um freqüentador de prédios. Ser cristão é ser um pequeno Cristo e isso
é transformador, pois, “Ele é a própria vida que desceu do céu. Jesus é Deus que se
encarnou. Ele aprendeu o que é ser humano. Para que pudéssemos compartilhar
sua divindade, Ele teve que compartilhar da nossa humanidade”. (SILVA, 2014).

O Termo cristão foi utilizado pela primeira vez em Antioquia logo após a
perseguição que sucedeu a morte de Estevão “E sucedeu que todo um ano se
reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os
discípulos, pela primeira vez chamados cristãos”. (Atos 11:26).

Antes de o termo cristão ser utilizado, o cristianismo era tido como uma seita, e
era veemente rejeitada e perseguida pelos judeus e pelos romanos, que temiam os
ensinamentos revolucionários do evangelho de Jesus, “Temos achado que este
homem é uma peste, e promotor de sedições entre os judeus, por todo o mundo; e o
principal defensor da seita dos nazarenos”. (Atos 24:5). Texto relatado no discurso
dos acusadores de Paulo perante o presidente da cidade de Cesaréia, e logo em
seguida, Paulo foi apresentado ao Rei Agripa que visitava a cidade a pedido do
presidente Félix, e o apostolo discorreu ao rei a sua autodefesa. O rei ao ouvi-lo
disse “E disse Agripa a Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça
cristão!” (Atos 26:28).

Ser cristão é ser um seguidor de Cristo, é ser seu discípulo, pensar como ele
pensa ver como ele vê adotar seu estilo de vida, crer no que ele diz no que ele faz
testemunhar seus feitos, e andar com ele por onde ele for. Ser cristão não é ter uma
religião, uma filosofia, uma ciência ou uma crença popular, ser cristão é ter a vida de
Deus dentre de si.

O cristianismo é um tipo de vida, é uma pessoa. “Biblicamente e originalmente,


o significado da palavra Cristãos no grego é ‘pequenos príncipes’- dando o sentido
de que cristão deve ser uma cópia submissa de Cristo. A designação não está
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relacionada à religião de alguém, mas sim, à identidade que essa pessoa tem com a
pessoa de Cristo”. Pr Xisto.
Portanto, o cristianismo não é uma tradição, uma religião ou uma cultura. É a
vida de Deus em nós, por meio do Cristo Jesus que é o caminho, a verdade e a vida,
e é por meio d’Ele que nos tornamos cristãos. Ou seja, somos feitos filhos de Deus.
Pois, ao contrário do que algumas denominações acreditam, e ensinam não
nascemos filhos de Deus, mas nos tornamos filhos mediante a fé em Cristo, e
mediante a confissão de fé de que Ele é o Filho de Deus, assim como está escrito
em (Efésios 1:5), Paulo afirma a posição daqueles que aceita a Jesus como seu
Senhor e Salvador “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para
si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Pra ser Cristão é preciso ser filho, nascido do Espírito e não da carne e este
será o próximo tópico a ser analisado sobre a luz da palavra. É aqui que surge o
seguinte questionamento: se não confessei a Jesus como meu Senhor, se ainda não
passei pelo novo nascimento, não sou filho, logo não sou cristão, o que sou então?
A resposta a esta importante pergunta é dada pelo próprio Senhor Jesus no
evangelho de Marcos quando ele comissionava seus discípulos a irem por todo o
mundo anunciando o evangelho, “E disse lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura”. (Marcos 16:15).

Está mais do que claro que Jesus se referia aos seres humanos, e não a
animais, a ordem dada era para que a sua mensagem fosse pregada a todas as
criaturas na face da terra. Tais criaturas mencionadas por Jesus são homens que
ainda não o receberam, não o confessaram como Filho de Deus e suficiente
salvador, passando desta forma pelo novo nascimento. Portanto, se uma pessoa
não confessou a Jesus, ela ainda não é filha de Deus e logo não é cristã
verdadeiramente, ela é uma criatura, ou seja, é um cristão nominal.

A ordem de Jesus era para que o evangelho fosse pregado a toda a criatura e
que estas fossem feitas discípulos “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho mandado ...” (Mateus 28:19-20a). Por mais
estranha que essa afirmação possa parecer, ela é verdadeira. A bíblia nos revela
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que aquele que não tem aceitar, confessar e receber a Jesus não é filho de Deus, é,
portanto, uma criatura de Deus, mas não filho.

Em nenhum versículo em toda a bíblia não encontramos Deus preocupado com


a aceitação de sua Palavra. Deus não está interessado em sua interpretação e em
seu entendimento humano. Ele está interessado em sua submissão. Por isso Ele dá
a seus filhos o Espírito Santo, pois só ele pode trazer a revelação, o entendimento, o
convencimento e aceitação da Palavra de Deus ao coração do homem.

2 - O novo nascimento e a fé em Cristo para a salvação

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos
vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas”. Colossenses 2:13

Deus fez o homem segundo sua imagem e semelhança para ter comunhão
com ele “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança” (Gênesis 1:26). Para habitar com ele, para ter intimidade e amizade,
para constituir uma família. Não porque Ele se sentia só, e queria resolver seu
problema de solidão. Tanto que Deus disse, “façamos o homem” deixando claro que
Ele não estava só. Portanto, Deus não estava entediado e carente a ponto de criar o
homem para resolver um problema de afetividade. “E formou o Senhor Deus o
homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi
feito alma vivente” (Gênesis 2:7).

A bíblia deixa clara a origem da criação do homem e nos revela que a nossa
existência é o resultado do desejo de Deus “Segundo a sua vontade, ele nos gerou
pela palavra da verdade, para que fossemos como primícias das suas criaturas”
(Tiago 1:18). Quanto a esta questão não paira dúvidas, todo cristão crê que foi Deus
que o criou “...fala o Senhor, o que estendeu o céu, e que funda a terra, e que forma
o espírito do homem dentro dele”. (Zacarias 12:1). Deus fez o homem porque
desejava ter uma grande família, filhos que expressassem a sua imagem e
semelhança, com os quais Ele se deleitaria, e teria uma profunda intimidade. Mas,
os filhos de Deus o desobedeceram, duvidaram de Deus, e traíram a confiança do
Pai, e isso trouxe conseqüências terríveis. Pois, com essa desobediência o homem
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foi separado de Deus, o pecado afastou o homem do convívio de Deus e o fez


escravo do Diabo e filhos da desobediência.

E é neste ponto que muitas denominações religiosas e cristãs divergem a


respeito do novo nascimento. O maior conflito se dá quanto ao aceitar a Jesus, pois,
acreditam que só o fato de crer em Deus é o bastante, e atribuem o aceitar e o
confessar a Jesus a uma mudança religiosa, daí vem àquela frase muito comum no
meio religioso “passar a crente – virar crente”. Ignoram que o crer, o aceitar e o
confessar a Jesus fala de princípios da Palavra para a salvação, e de uma vida nova
com Deus por meio de Jesus Cristo.

Desde a queda no Éden até a vinda de Jesus o homem viveu separado de


Deus. Mas o homem por causa da sua constituição em espírito, alma e corpo,
conforme afirma a palavra de Deus “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo;
e todo o vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. (1Tessalonicenses
5:23), buscava naturalmente restabelecer a comunhão com Deus por meio de seus
próprios esforços.

E por todo o Velho Testamento vemos o Senhor instruindo a humanidade


quanto ao caminho a seguir por meio de seus profetas. Vemos o Senhor separando
um povo para chamar de Seu, para que este povo levasse sua mensagem. Vemos
esse povo desobedecendo a Senhor e adorando a outros deuses, murmurando, se
levantando contra Deus, matando os seus profetas e cometendo todos os tipos de
atrocidades.

Muitas religiões não entendem a respeito da constituição do homem, isso se dá


porque não buscaram a revelação na Palavra de Deus, baseiam-se numa fé rasa e
preconceituosa e vivem distante das verdades espirituais de Deus, a respeito de si
mesmo. Pois quando o cristão tem a revelação de que ele é espírito, tem uma alma
e habita num corpo, fica mais fácil entender a necessidade do novo nascimento.

Para deixar mais clara a importância dessa revelação de si


mesmo veja o que diz (WATCHMAN NEE, 2002), “Além do homem ter um espírito que o
capacita à comunhão com Deus, possui também uma alma, ou a consciência de si próprio. Ele tem
consciência da sua existência através da alma. Ela é a sede de sua personalidade. A mente, a sede
de nossos pensamentos, manifesta nossa capacidade intelectual. Dessa surgem a sabedoria, o
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conhecimento e o raciocínio. O espírito não é a mente, nem a vontade, nem a emoção do homem.
Suas funções são a consciência, a intuição e a comunhão. É aí, no espírito que Deus nos regenera e
nos conduz ao seu descanso. Lamentavelmente, contudo, muitos cristãos conhecem bem pouco do
seu espírito”.

Graças a Deus chega às boas novas com Jesus, o evangelho da salvação pra
revelar ao homem a sua condição pecaminosa “Como está escrito: Não há um justo
nenhum se quer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a
Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nenhum só”. (Romanos 3:10-12). Coube a Deus prover a redenção do
homem e restabelecer o que havia se perdido, como consequência do pecado,
enviando seu filho unigênito para resgate de todo aquele que n’Ele crer e o receber
como Senhor e Salvador.

É neste contexto de um mundo perdido, caído, destituído da glória de Deus


“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Romanos 3:23), é
para este mundo que Jesus disse “... Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará entrevas, mas terá a luz da vida”. (João 8:12b). Jesus disse isso aos fariseus
que eram os religiosos de sua época, combatendo os ensinamentos meramente
religiosos que não podiam aproximar o homem de Deus e disse mais:

“Porque não entendeis a minha linguagem? Porque não poderdes ouvir a


minha palavra. Vós tendes por pai o diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele ...”. (João 8:
43-44a).

E é para este mundo carente da graça é que se encaixa perfeitamente a carta


de Paulo aos Romanos, poderosa para desmascarar o homem caído sem Jesus, e o
mundo, contrapondo-os à luz da Palavra de Deus. Paulo escreveu esta carta
durante sua terceira viagem a Roma e nela está contida a mais completa exposição
da verdade a respeito do cristianismo, do evangelho e da obra redentora de Jesus,
em relação ao mundo, sem distinção de pessoas.

Paulo revela a sabedoria soberana de Deus, e sua graça com o propósito de


redimir e justificar o homem que havia se perdido lá no Éden. Paulo também afirma
que todos os cristãos são alcançados e beneficiados pela compaixão de Deus por
meio da santificação mediante a união do homem com Cristo em sua morte e
ressurreição.
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Agora que o homem foi convencido de sua condição ele precisa passar pelo
novo nascimento, para ser então, filiado a Deus novamente “Mas a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu
nome”. (João 1:12). Para passar pela maior experiência que o ser humano pode
experimentar em sua relação com Deus é necessário ter fé. O novo nascimento
antecede a fé em Cristo como sendo Filho de Deus e como suficiente salvador. A
bíblia afirma, e o próprio Senhor Jesus diz de si mesmo: “Disse lhes Jesus: Eu sou o
caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. (João 14:6).

Então, como se dá de fato o novo nascimento que pode tornar o homem filho
de Deus? Nada melhor do Jesus para responder esta pergunta, pois, esta mesma
indagação foi feita a Jesus por Nicodemos. No entanto antes de relatar o diálogo
entre Jesus e Nicodemos vale dizer quem era este homem. Nicodemos era um
príncipe dos Judeus, de uma família fariseia, portanto, conhecedor da lei, homem
culto e instruído nos costumes e tradições do seu povo. O mesmo que ocorre hoje
em relação a muitos cristãos tanto os nominais quanto posicionais: são
conhecedores da palavra dizem que creem em Deus e em Jesus, mas questionam
as verdades do evangelho por causa do apego à religião e aos costumes e tradição
de seus pais.

Vejamos, então, como Jesus respondeu a Nicodemos: “Jesus


respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode,
porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”. (João 3:3-6).

Jesus deixa claro que o novo nascimento é uma experiência espiritual. Quando
ele menciona a frase ‘nascer da água’ faz menção ao batismo das águas, o batismo
do arrependimento que simboliza a morte para o mundo e para pecado e o novo
nascimento para Deus.

E ao dizer ‘e do Espírito’ Jesus se refere ao nascimento espiritual mediante a fé


n’Ele como Filho do Deus Altíssimo “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna”. (João 3:16).
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Em seguida João afirma a respeito de Jesus “Aquele que crê no Filho tem a
vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de sobre ele
permanece”. (João 3:36). O que salta aos olhos neste versículo é a frase ‘a ira de
Deus sobre ele permanece’. Essa frase reafirma o que fora dito antes “Quem crê
nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus”. (João 3:18). Neste versículo vale destacar a frase
‘mas quem não crê já está condenado’. Tanto no primeiro versículo que fala da ira
de Deus, quanto no segundo que fala da condenação aos que não creem, temos
duas situações semelhantes; a ira de Deus esta com o incrédulo, porque é dito que
ela permanece e de igual forma a condenação.

Os dois versículos deixam bem claros que a fé em Cristo é que conduz o


homem ao novo nascimento, e que este é a única forma de ser feito filho de Deus e
condições imprescindível para a salvação. “O espírito é o que vivifica a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida”. (João 6:63).

Paulo inspirado pelo Espírito Santo traz uma contribuição valiosa ao tema do
novo nascimento, pois, segundo a Palavra de Deus, no novo nascimento a pessoa é
vivificada pelo Espírito de Deus e isso ocorre no espírito do homem que havia se
separado de Deus desde a desobediência ocorrida no Éden:

“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de


Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele – Porque todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o
espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de
filhos pelo qual clamamos: Aba Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus”. (Romanos 8:9,14,15 e 16).

Caso todas estas verdades bíblicas estejam gerando em você uma reflexão a
respeito de sua posição em relação a Jesus; leia com atenção o próximo versículo e
se desejar de todo o seu coração faça sua oração confessando a Jesus como seu
Senhor e Salvado. Pois “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus,
e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto
que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação”. (Romanos 10:9-10).
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3 - Batismo – a orientação bíblica e a tradição do homem

“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de


Deus, que o ressuscitou dentre os mortos”. Colossenses 2:12

O batismo é outro tema que causa distorções da Palavra de Deus e


interpretações equivocadas. A bíblia menciona a existência de três tipos de batismo,
sendo o batismo das águas que é o batismo do arrependimento aquele praticado por
João Batista. O batismo do Espírito Santo que é para a capacitação para a obra de
Deus e o batismo com o fogo que é para a transformação do caráter.

As religiões denominadas cristãs todas elas sem exceção crêem que o batismo
é bíblico e é um dos sacramentos instituídos por Deus. No entanto, elas divergem no
entendimento e no cumprimento desta ordenança divina. A maioria das religiões
cristãs evangélicas pratica o batismo de acordo com a orientação bíblica, ou seja,
aquele praticado por João Batista, o já mencionado batismo do arrependimento. Mas
nem todas as religiões evangélicas crêem no batismo do Espírito Santo e do fogo.
Isso se dá, devido à má interpretação da Palavra de Deus e a falta de revelação da
mesma.

Na religião Católica Romana, por exemplo, é praticado um batismo que não


tem base bíblica. Pois, em nenhuma parte da bíblia se encontra a orientação para o
batismo de crianças. As crianças eram apresentadas a Deus, Jesus que é o
referencial foi apresentado quando criança “E, cumprindo-se os dias da purificação,
segundo a lei de Moisés, o levarão a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor”
(Lucas 2:22). Como podemos ver nesta passagem, Jesus quando criança foi
apresentado a Deus, e só foi batizado quando adulto: “Então veio Jesus da Galiléia
ter com João, junto ao Jordão, para ser batizado por ele” “E, sendo batizado, logo
saiu da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo
como pomba e vindo sobre ele”. (Mateus 3: 13 e 16).

A bíblia deixa claro qual é o modelo de batismo deixado por Deus para que
seus filhos pratiquem, no entanto, por causa da mistura do evangelho com as
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tradições humanas surgem sacramentos que não são bíblicos, mas são praticados
por muitos como um ato de profunda fé e devoção a Deus.

Jesus após a sua ressurreição, durante os 40 dias que ficou com os discípulos
antes de sua ascensão aos céus disse a respeito do batismo “Porque, na verdade,
João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias” (Atos 1:5). E não demorou muito para que essa promessa se
cumprisse, pois, logo e seguida a sua ascensão no capítulo 2 de Atos o batismo do
Espírito Santo ocorreu tal qual Jesus havia dito:

“E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e


impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas
repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do
Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem”. (Atos 2:2-4).

E foi após este batismo que Pedro se tornou um poderoso instrumento nas
mãos do Senhor, e por meio dele muitos foram salvos através do evangelho e pela
fé em Cristo Jesus, e foram batizados com o batismo das águas: o batismo do
arrependimento “E disse lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom
do Espírito Santo”. (Atos 2:38), e no versículo 41 “De sorte que foram batizados os que
de bem grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”.
Pedro estava revestido do poder de Deus que lhe fora derramado por meio do
batismo do Espírito Santo, capacitando-o para cumprir aquilo que Jesus havia
determinado tanto em Mateus, como em Marcos.

O apostolo Paulo foi um homem que experimentou o batismo do fogo, pois,


após a sua experiência a caminho de Damasco sua vida jamais foi à mesma. Seu
caráter foi totalmente transformado pelo fogo que consumia a sua alma refletindo em
seu corpo a ponto de deixá-lo cego quando Jesus se revelou a ele.

O batismo do fogo é operado pelo próprio Senhor Jesus, para pessoas


específicas, e para um chamamento específico. A visão de Cristo glorificado é um
fago consumidor que arde e afeta ao homem por inteiro: corpo, alma e espírito. E
Saulo, de perseguidor da igreja, tornou-se o maior dos apóstolos. O apóstolo dos
gentios, eleito pelo próprio Jesus e capacitado por ele. O corpo de Paulo foi afetado
ao ficar cego, a alma foi tratada, pois, ele era um judeu extremista e radical quanto
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aos costumes judaicos e passou a ser o apóstolo de Jesus e seu espírito foi
totalmente regenerado ao tornar-se o maior evangelista do seu tempo.

Em (Atos 9:17-18), vemos que Paulo também passou pelo batismo das águas,
portanto, a ordem deles se alternam:

“E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão


Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a
ver e sejas cheio do Espírito Santo. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e
recuperou a vista; e levantando-se foi batizado”.

Os batismos do fogo e do Espírito Santo podem ocorrer antes mesmo do


batismo das águas. Pois, Deus sonda o espírito do homem e conhece as intenções
do coração, que neste caso fala da alma humana.

Quando uma pessoa entende que seus atos ferem os princípios de Deus e se
arrepende verdadeiramente e confessa ao Senhor Jesus, está iniciado o processo
do novo nascimento, como já vimos antes. Então, o batismo das águas é a
manifestação do que esta acontecendo no mundo espiritual, e é um testemunho
diante da igreja e dos anjos de que a pessoa de fato creu no Senhor Jesus, e
obedece aos seus mandamentos.

Sendo assim, o batismo do Espírito Santo pode ocorrer antes mesmo do


batismo das águas, mas não antes do nascimento espiritual. Pode ocorrer que, uma
pessoa que aceitou a Jesus de todo o seu coração, por algum motivo não tenha
ainda descido às águas para o testemunho, mas já creu e confessou. Esta pessoa
poderá receber o batismo do Espírito Santo, ainda que não tenha descido às águas,
não que isso seja uma justificativa para negligenciar uma das ordenanças de Jesus
“crer e for batizado”.

O batismo das águas é tão importante para Deus que Jesus foi batizado por
João Batista. Jesus passou pelo batismo das águas, não porque precisava se
arrepender de algum pecado cometido, mas para que se cumprissem as escrituras e
para nos deixar um modelo a ser seguido “Porque eu vos dei o exemplo, para que
como eu fiz, façais vós também”. (João 13:15).

No caso do batismo com o fogo a pessoa não precisa necessariamente ser


cristã, pois, esse é o tratar exclusivo de Jesus, assim como João Batista afirmou “E
eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem
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após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. (Mateus 3:11).

“E quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também
sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor quando disse: João
certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. (Atos
11:15 e16). Neste texto vemos Pedro mencionando o que Jesus disse a respeito do
batismo do Espírito Santo “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós
sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. (Atos 1:5). E
logo em seguida, um pouco mais adiante, “E todo foram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concediam que
falassem”. (Atos 2:4).

O batismo segundo a orientação bíblica é o verdadeiro batismo que foi


praticado e ensinado pelos profetas, discípulos, apóstolos e pelo próprio Senhor
Jesus, e é o que todo o cristão precisa praticar como um ato de fé e de obediência à
Palavra de Deus.

4 - Salvos pela fé ou pelas obras?

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de voz, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que
andássemos nelas”. Efésios 2:8-10.

“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus
Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em
Cristo e não pelas obras da lei; porquanto, pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada”. Gálatas 2:16.

Estes versículos, sem sombra de dúvida desmantela toda crença na salvação


pelas obras. Em Efésios Paulo estava falando aos irmãos da igreja local a respeito
do método de salvação estabelecido por Deus, já em Gálatas o apostolo exortava os
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irmãos das igrejas na Galácia quanto à séria distorção doutrinária a respeito da


salvação somente pela fé.

Este é sem sombra de dúvida um dos grandes embates existentes dentro do


cristianismo, pois, muitas denominações ensinam que a salvação é pelas obras, que
as pessoas precisam praticar boas obras para alcançar a salvação.

Mas, os versículos acima afirmam que é pela fé, somente pela fé em Jesus
Cristo. No entanto, alguns versículos quando utilizados isoladamente dão base para
crer que a salvação é pela obras. Todos estes versículos são mal interpretados e
analisados fora do seu contexto.

Um bom exemplo é o versículo (Mateus 3:10), “E também agora esta posto o


machado à raiz das arvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é
cortada e lançada no fogo” Esta frase foi dita por João Batista quando pregava no
deserto, e neste contexto a palavra faz menção ao reino dos céus e não à salvação.
Pois a bíblia é coerente e jamais se contradiz. Se Paulo e Pedro inspirados pelo
Espírito Santo afirmam que a salvação é somente pela fé e não vem das obras, de
forma alguma o mesmo Espírito falaria algo contrário por meio de João Batista. No
mesmo capítulo no verso 2 João Batista diz “... arrependei-vos porque é chegado o
reino dos céus”.

O reino dos céus e o reino de Deus fala a respeito do milênio e da eternidade


com Deus, e é outro tema muito polêmico e que gera muitos equívocos ao relacionar
a perda do reino com a perda da salvação, e a exclusão do reino com a retirada do
nome do livro da vida. No entanto, por não ser o tema deste trabalho não serão
analisados, mas fica aqui a intenção de um estudo detalhado quanto aos termos:
reino dos céus e reino de Deus.

Em muitas denominações o evangelho do reino não é pregado. A visão dos


vencedores não é ensinada, e tão pouco desenvolvida pelos cristãos. Essa é mais
uma triste distorção doutrinária, uma vez que o reino dos céus é conquistado pelo
mérito e pelas obras, pela colaboração e participação na obra de Deus, pois,
primeiro Jesus disse “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mateus
16:18).
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Nesta passagem Jesus deixa claro que a obra dele é a edificação de sua
igreja, e logo em seguida Ele dá a ordem do ‘Ide’, que constitui a grande comissão
do evangelismo e da edificação da obra de Cristo na terra, a sua igreja, que é a
preparação para a manifestação do seu reino.

As obras que todo o cristão deve fazer são aquelas ordenadas por Deus e não
somente as obras de caridade, obras piedosas e religiosas. Não que estas não
devam ser praticadas, pois, a caridade e piedade são orientadas na bíblia, no
entanto, não são atribuídas a estas o poder de salvar.

Outro versículo polemizado por causa de falhas em sua interpretação é o texto


contigo no segundo capítulo do livro de Tiago. As obras a que o discípulo se refere
são as determinadas por Deus como está contido no versículo de Paulo aos Efésios,
“criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que
andássemos nelas” e não as minhas obras, mas, as d’Ele, as que Ele designou que
eu ande e faça. Neste contexto veja o que ele diz Tiago “Meus irmãos, que aproveita
se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo”.
(Tiago 2:14).

Tiago fala a respeito da prova das boas obras, aquelas ordenadas por Deus,
para que andássemos nelas. A primeira boa obra na qual devemos andar é a obra
redentora e salvadora do Senhor Jesus lá na cruz, se eu não crer nesta obra
redentora e não andar nela a minha fé não poderá me salvar.

E isso é tão verdade que se andarmos pela interpretação distorcida deste


versículo a cruz de Cristo será anulada, bem como a fé n’Ele como salvador. No
mundo existem muitas pessoas que não são cristãs, mas praticam a caridade e não
medem esforços para fazer o bem ao próximo. Daí crer-se que com estas ações
alcança-se a salvação, como se fosse possível alcançar a salvação por merecimento
e por esforço próprio.

Para deixar esta questão ainda mais clara vale repetir aqui o
versículo acima mencionado, dando destaques as frases que deixam claras os
argumentos de Paulo perante a igreja em Éfeso: “Porque pela graça sois salvos, por meio
da fé; e isto não vem de voz, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas”. (Efésios 2:8-10).
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Vejamos, pela graça somos salvos, não vem de nós, não vem das nossas
obras, e fomos feitos para as boas obras, as quais Deus preparou para que
andássemos nelas. Então, está claro que Tiago de forma alguma diria o contrário,
pois, isso implicaria na anulação da cruz de Cristo e de sua obra redentora.

Para cooperar com o tema vale acrescentar o que diz o Pr Aluízio A. Silva em
uma de suas obras mais reveladoras a respeito da graça de Deus, onde ele explica
como é difícil para o homem crer e aceitar a graça de Deus, pois, todos os homens
incorrem no erro de tentar agradar a Deus por meio das obras, seja para merecer o
favor d’Ele, ou para ser justificado diante de Deus:

“Você faz bem em querer agradar a Deus. Mas nada do que você fizer
mudará o amor d’Ele por você. Você não precisa correr e se esforçar para conseguir o favor de Deus.
Deus já está sorrindo para você. É a graça de Deus que qualifica você. Graça é uma coisa louca
mesmo, é para quem não merece. A definição de graça ‘favor imerecido’, é Deus dando e fazendo
tudo para quem não merece nada”. (SILVA, 2014).

Tiago vai mais além nesta questão e afirma que nós fazemos as boas obras,
sejam as estabelecidas por Deus, as quais se relacionam com a obra da edificação
da igreja, sejam as boas obras de caridade “Assim também a fé, se não tiver obras, é
morta em si mesmo. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé
sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. (Tiago 2:17-18).
Para o verdadeiro cristão algo deve estar muito bem definido, fui salvo pela fé em
Cristo e para as obras de Deus.

O próprio Senhor Jesus disse “Errais, não conhecendo as escrituras, nem o


poder de Deus”. (Mateus 22:29b). Pedro em Jerusalém se levanta contra os
costumes judaizantes de tentar colocar os cristãos gentios debaixo da lei e levá-los
às práticas da lei. “Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus
Cristo, como eles também”. (Atos 15:11).

O que dizer do versículo a seguir “E acontecerá que todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo”. (Atos 2:21). Em nenhum momento se fala de obras
para ser salvo, e sim do poder da fé em Cristo Jesus. Quando praticamos as obras
estamos fazendo a vontade da nossa alma que é expressa por meio do corpo, e de
acordo com (WATCHMAN NEE 2002):

“A característica básica das obras da alma é a independência, ou


autodependência. Embora a alma não seja corrupta como o corpo, também é hostil ao Espírito Santo.
A carne coloca o ego no centro de tudo, e a vontade própria, acima da de Deus. Ela pode servir ao
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Senhor, mas sempre segundo os seus conceitos, não conforme os pensamentos de Deus. Ela faz
aquilo que é bom aos próprios olhos. O ego é o princípio que está por trás de cada ação”.

E para encerar o tema (SILVA, 2013), diz “A igreja evangélica hoje


padece do mesmo problema dos Gálatas. Crê que a salvação vem por meio da fé em Cristo, mas
tenta se aperfeiçoar pelas obras, misturando a lei e a graça (ou seja, a fé e as obras), começando no
espírito e terminando na carne. A graça não é um ensinamento ou uma doutrina. A graça é o próprio
Senhor Jesus. Muitos crentes vivem debaixo de culpa e condenação porque nunca foram ensinados
claramente sobre a verdade do evangelho”.

Todas as religiões do mundo falam dos esforços do homem de alcançarem a


Deus, e o cristianismo pelo evangelho fala da graça de Deus alcançando o homem
“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo”. (João 1:17).

Considerações finais

“Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com seus lábios, mas o
seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que
são preceitos dos homens”.

Mateus 15: 8-9.

Os tópicos abordados neste trabalho apenas pincelam um quadro que retrata


um cenário muito mais complexo, a respeito das distorções doutrinárias, que
permeiam as denominações cristãs em todo mundo.

As controversas são muito mais profundas do que os tópicos que foram


desenvolvidos, e causam divisões no Corpo de Cristo, ou seja, na Igreja. E isso
consequentemente enfraquece a fé de muitos, e cria os descrentes frustrados com a
fé, decepcionados com os homens, e afastados de Deus.

A maioria das pessoas que se encontram na posição de desviados da fé, e


desmembrados do corpo, são pessoas que foram enlaçados pelas falsas doutrinas,
criadas por homens inspirados muitas vezes por concepções erradas da Palavra de
Deus. Tais doutrinas não se sustentam por muito tempo e trazem enormes prejuízos
ao verdadeiro evangelho.
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“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10-
17). Essa sem dúvida é única maneira de evitar os trágicos equívocos a respeito da
sã doutrina e trazer a revelação sobre temas que causam nebulosas tormentas
quanto aos preceitos imutáveis de Deus.

A santidade e o ser santo é outro tema que sem nenhuma sombra de dúvida
causa muitos desentendimentos e dá direcionamentos opostos entre os cristãos
evangélicos e os católicos. A divindade de Maria é também matéria de fé dos
cristãos romanos. A oração aos santos católicos e tantos outros temas polêmicos
apenas entre a doutrina praticada pela igreja romana e as evangélicas.

Se fossemos levantar todas as controversas causadas pela fé sem contexto


seria necessários anos de pesquisas em todas as bibliografias que promovem as
mais diversas formas de fé doutrinária que em sua essência tem muito pouco do
verdadeiro evangelho.

Na realidade é dentro do universo tido como cristãos evangélicos, é que se


podem encontrar inúmeras variações na fé, e nestas, o perigo da crença em algo
fora das orientações bíblicas, quanto a isso o apostolo Paulo diz:

“Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a


salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é
revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé”. (Romanos
1:16-17).

Paulo escreveu esta afirmação em sua carta aos romanos, e quando ele diz
que o evangelho é poder de Deus para salvar tanto a ‘judeus’ quanto a ‘gregos’, ele
dizia que, o evangelho está para todos os povos, de todos os credos e em todos os
tempos.

Como estudante do curso de Bacharelado em Teologia desejo que esse breve


estudo tenha contribuído com seu entendimento e crescimento espiritual e
principalmente contribuído para o que foi dito por Jesus “Mas importa que primeiro o
evangelho seja pregado entre todas as nações”. (Marcos 13:10).

Que Deus te abençoe por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
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Referências bibliográficas

SILVA, Aluízio A., Gálatas – Libertados da lei cativos pela graça. Goiânia:AMS
Publicações, 2013.

SILVA, Aluízio A., 21 Dias fora da lei – Desfrutando da abundante graça.


Goiânia:AMS Publicações, 2014.

NEE, Watchman. O homem spiritual; tradução de Délcio de Oliveira Meireles;


revisão de Josafá Nascimento: Belo Horizonte: Betânia, 2002.

MARTINS, Jaziel Guerreiro. Seitas: Heresias do nosso tempo: Edição Ampliada –


Curitiba: A.D. Santos Editora, 2000.

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de estudo SCOFIELD. The Scofield Reference
Bible, copyright por Oxford University Press, Inc.

2014http://olharcristao.blogspot.com.br/2014/02/evangelicos-sao-25-da-
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2014http://www.dicionarioinformal.com.br/crist%C3%A3o/ - em 02.09.2014.

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