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SEMINÁRIO PRESBITERIANO BRASIL CENTRAL

2º Semestre de 2016

CURSO BÁSICO DE EXPOSIÇÃO BÍBLICA

“Expondo essas coisas aos irmãos,


serás bom ministro de Cristo Jesus,
alimentado com as palavras da fé
e da boa doutrina que tens seguido.”
I Timóteo 4:6

Rev. Hélio de Oliveira Silva, STM.

Goiânia-GO
Agosto de 2016
1

CURSO BÁSICO DE EXPOSIÇÃO BÍBLICA


REV. HÉLIO DE OLIVEIRA SILVA

INTRODUÇÃO:

O objetivo deste curso é dar-lhe uma base introdutória à exposição


bíblica, a fim de que você possa preparar uma mensagem expositiva simples,
porém, fiel ao texto da Palavra de Deus.
Que Deus ganhe o seu coração e te dê a perseverança necessária para não
só começar este estudo, mas continuar se aperfeiçoando sempre. Amém.
2

CONTEÚDO

Aula Conteúdo Página


1 EM FAVOR DE UMA TEOLOGIA BÍBLICA DA PREGAÇÃO
2 A EXPOSIÇÃO BÍBLICA E SUAS VANTAGENS
3 A ESCOLHA DO TEXTO E A PESQUISA
4 A EXEGESE E O ESTUDO INDUTIVO
5 A PROPOSIÇÃO
6 A COMPOSIÇÃO DO SERMÃO
7 A COMPOSIÇÃO DO SERMÃO (II)
8 PLANEJAMENTO DE EXPOSIÇÕES BÍBLICAS EM SÉRIE PARA A
IGREJA.
9 BIBLIOGRAFIA
10 APÊNDICE 1 – Regras Básicas de Interpretação da Bíblia
11 APÊNDICE 2 - As Classes Gramaticais
12
3

AULA 01:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro
que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tm 2.15

EM FAVOR DE UMA TEOLOGIA BÍBLICA DA PREGAÇÃO

Uma das razões porque não gostamos da idéia de ter que estudar para
preparar exposições bíblicas é o fato de não termos uma base bíblica sólida para
a pregação. Tornamo-nos tão pragmatistas quanto à igreja que achamos não
valer a pena o esforço. Estamos mais preocupados com técnicas eficazes que
abrimos mão de convicções sólidas.
Quando falamos em preparação de sermões precisamos entender que a
teologia vem antes da metodologia. A metodologia pode fazer de nós bons
oradores, mas bons pregadores são formados pelo martelo de uma sólida
teologia bíblica.1 Se não adquirirmos fortes convicções bíblicas a respeito da
pregação, não conseguiremos nos manter fiéis à exposição bíblica por muito
tempo, antes, logo nos desviaremos para uma metodologia que seja mais fácil de
se dominar.
Certa vez um pastor acostumado a proferir mensagens tópicas e
superficiais, avisou de púlpito à sua igreja que estudasse o capítulo 17 de
Jeremias. E assim o fez durante quatro domingos consecutivos. No quinto
domingo fez uma exposição bíblica empolgante e muito bem elaborada. Ao ser
perguntado porque não pregava assim com freqüência, respondeu resignado: “_
Não faço assim porque acho muito difícil”. Seu pastorado naquela igreja foi
bastante tumultuado, levando a igreja à estagnação.
Nossas convicções quanto à pregação determinam o tipo de ministério que
desenvolveremos numa igreja local. Se a pregação não goza de importância
fundamental em nossos ministérios, precisamos perguntar se é realmente a
Bíblia sagrada que alimenta as nossas convicções quanto ao ministério da
pregação da palavra. Para um mundo indisposto ou incapaz de escutar,
convicções são mais importantes que técnicas.2 A teologia é mais importante
que a metodologia. A homilética é serva da exegese bíblica.
Nosso objetivo nesse artigo é mostrar as bases bíblicas para a exposição
bíblica e responder à pergunta sobre quais devem ser as convicções que
fundamentam a nossa prática da pregação? Nosso intento parte de constatações
pessoais, sociais e pastorais.
Pessoal porque nos últimos quatorze anos temos nos esforçado para
aprender e praticar a exposição bíblica de tal forma a atrair e convencer os
ouvintes a respeito da verdade das Escrituras quanto à salvação e quanto a
obediência que agrada a Deus. Falhamos muitas vezes nesse intento. Certamente
a culpa não é do método em si, mas de nossa mediocridade pessoal e
pecaminosa.

1
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, Vida, p.97.
2
Ibid, p.97.
4
Social porque constatamos o desinteresse crescente pela pregação fiel e
submissa aos intentos de Deus contidos e revelados nas Escrituras. Nossa
geração está dopada pela televisão, é hostil a qualquer conceito de autoridade e
está cansada de tantas palavras, que invariavelmente lhe soa como discurso
vazio e hipócrita.
Pastoral porque somente a exposição clara e eficaz das Escrituras pode
dar à igreja de Cristo crescimento saudável e em profundidade. Sem a
ministração do conteúdo das Escrituras as igrejas morrem, não florescem.

Um Breve Esboço Histórico da Exposição Bíblica3

1. Os Profetas:
Deus falou por meio dos profetas e interpretou para eles o significado de
suas ações na história de Israel. Eles pregavam e escreviam as palavras de Deus
conclamando o povo ao arrependimento e o retorno à guarda da aliança. Sua
obrigação era transmitir o que Deus tinha falado.

2. Jesus e os Apóstolos.
Jesus Cristo era acima de tudo um pregador itinerante da Palavra de Deus.
Mais do que isso, ele é a própria palavra de Deus (o Verbo – Jo 1.1) revelada em
pessoa, ou seja, na sua encarnação (Hb 1.2). Nele habita corporalmente a
plenitude da divindade (Cl 1.15,19), a expressão exata do Ser de Deus (Hb 1.3).
Como pregador, era fiel à palavra de Deus já revelada e o cumprimento real de
todas as promessas messiânicas do Antigo Testamento.
Ele veio, enviado por Deus, para proclamar as boas novas do Reino (Lc
4.18,43; Mc 1.38) e testemunhar a verdade (Jo 13.13; 18.20,37). Quando
ressuscitou expôs tudo que a palavra dizia a seu respeito na Lei, Nos profetas e
nos salmos aos discípulos na estrada de Emaús (Lc 24).
Os apóstolos priorizavam o ministério da pregação (Atos 6.4). O primeiro
sermão de Pedro no dia de Pentecostes foi uma breve exposição da razão da
encarnação de Cristo e um convite ao arrependimento dos pecados. Eles tinham
sido treinados por Cristo para serem enviados a pregar (Mc 3.14) e levar o
Evangelho a todas as nações (Mt 28.18-20). As pessoas deveriam ouvir o
evangelho, mas como ouviriam se não houvesse quem o pregasse a eles? (Rm
10.14,15).

3. Os Pais da Igreja.
A Didaqué, um dos Pais Apostólicos, reproduzira instruções básicas de
como se deveriam tratar os pregadores itinerantes do evangelho e como
descobrir e disciplinar os falsos pregadores do Evangelho já no início do
segundo século. Justino Mártir, descreveu o culto cristão por volta do ano 150
ressaltando o papel central da leitura da palavra, da pregação e da ministração
dos sacramentos. As pessoas presentes ouviam a leitura e depois a “instrução”

3
John Stott. Eu Creio na Pregação. Ed. Vida, p.15-50.
5
na Palavra. Tertuliano, logo depois, explicava que o objetivo da leitura e
explicação da Palavra era nutrir a fé, animar a esperança e tornar mais firme a
confiança em Deus. Ireneu, por volta de 180, diz explicitamente que os
presbíteros de cada igreja local expunham as escrituras fielmente a fim de
preservar a fé no único Deus.
Eusébio de Cesaréia, no início do IV século, nos informa que os pregadores
itinerantes plantavam as igrejas ensinando o básico e depois eram substituídos
por outros pastores que instruíram as igrejas na doutrina, enquanto eles iriam
para mais adiante plantar novas igrejas (HE. III.37.2).
A Escola de Antioquia era totalmente comprometida com uma exposição
bíblica mais literal, contradizendo os postulados alegóricos da Escola de
Alexandria. Dali surgiu João Crisóstomo o maior expositor bíblico da igreja
antiga. Sua pregação tinha quatro características:
(1º) Era bíblica, expondo as escrituras em sequencia e relacionando os assuntos
entre si. Foi um dos primeiros pais da igreja a incentivar os membros a terem
suas próprias bíblias em casa.
(2º) Interpretação singela e direta, dando valor ao sentido original e à intenção
do escritor bíblico.
(3º) Aplicações pastorais práticas e relevantes para o seu tempo.
(4º) Destemido em suas condenações. Sua pregação provocou seu exílio por
duas vezes e a sua morte no terceiro exílio.

4. Os Reformadores.
Em função da polêmica com o catolicismo em torno da autoridade das
escrituras (Sla Scriptura) todos os reformadores eram expositores bíblicos.
Lutero afirmava: “A igreja deve a sua vida à Palavra da promessa, e é nutrida e
preservada por essa mesma Palavra” (O Cativeiro Babilônico da Igreja).4 Lutero
distinguia nove características de um bom pregador:
1ª. Ensinar sistematicamente.
2ª. Ter boa perspicácia.
3ª. Ser eloquente.
4ª. Ter uma boa voz.
5ª. Uma boa memória.
6ª. Deve saber quando chegar ao fim.
7ª. Ter certeza da sua doutrina.
8ª. Deve arriscar e envolver o corpo e o sangue, as riquezas e a honra na Palavra.
9ª. Deve se deixar zombar e escarnecer por todos.5
Calvino enfatizava que a primeira marca de uma igreja verdadeira era a
pregação fiel da Palavra (Institutas, Livro IV.1.9; 2.1). Expunha
sistematicamente os livros bíblicos do Antigo e do Novo Testamento no púlpito
da igreja de Genebra aos domingos e durante a semana. Os sermões expositivos
de John Knox na Catedral de S. Giles, em Edimburgo, eram conhecidos por

4
John Stott. Eu Creio na Pregação, Vida, p. 24.
5
Ibid, p. 25.
6
colocar o temor de Deus nos corações de seus ouvintes. Tal era o poder de suas
exposições bíblicas que o povo escocês começou a viver!

5. Os Puritanos e os Evangélicos.
A melhor designação que pode ser dada aos puritanos do século XVI e
XVII é que eram pregadores piedosos. Seu método era a exposição bíblica.
Richard Baxter se notabilizou-se por uma ênfase ministerial dupla: O
discipulado pessoal das famílias e a pregação da Palavra. Para eles, o púlpito era
para um pastor sua alegria e seu trono. Nenhum puritano, no entanto, foi mais
eficaz que Johnatan Edwards. Sua pregação era profundamente bíblica. Para ele,
o ofício pastoral da pregação deveria ser desempenhado com seriedade e
alegria.6 Nesse período, destaca-se também a pregação evangelística de George
Whiefield, um dos principais líderes do movimento evangélico metodista.

6. O Século XIX.
Charles Simeon, contemporâneo de Whitefield e Wesley, expôs as
escrituras sistematicamente, por 54 anos, do púlpito da Igreja da Satíssima
Trindade no campus da Universdade de Oxford, Inglaterra, combatendo a
soberba da sociedade inglesa desse período com a simplicidade da palavra. Ele é
modelo pastoral para todas as gerações de pastores posteriores.
Apesar do avanço do secularismo por meio das ideias de Darwin e da alta
crítica na Escola de Tubigen (Alemanha), houveram muitos expositores bíblicos
importantes nesse século: John Henry Newman (1801-1890); H. P. Liddon
(1829-1890); F. W. Robertson (1816-1853) e o príncipe dos pregadores: Charles
Haddon Spurgeon (1834-1892). Nessa época, o historiador não cristão Thomas
Carlyle apontou os pregadores como a quarta liderança mais importante na
sociedade britânica, destacando sua “coragem solitária”7 diante da comunidade.

7. O Século XX.
O otimismo e a respeitabilidade da pregação no início do século XX
foram tragicamente rivalizados pelo desespero de duas grandes guerras mundiais
no continente europeu. As duas, entremeadas pela grande Depressão de 1929.
Mas nem mesmo essas crises mundiais conseguiram abafar a pregação. Foi o
escocês James Black, o pregador usado por Deus para desafiar os novos
pregadores a levarem a sério o seu ministério. Ele desafiava aos novos pastores a
desde cedo fazerem da pregação a grande ocupação de suas vidas.8
Segundo Stott, a pregação, no mundo ocidental, entrou em refluxo nas
décadas de 1960-1980. O declínio da pregação põe em relevo o declínio da
igreja. Podemos citar como os pregadores mais influentes desse período: John R.
W. Stott, D. Martin Loyd-Jones, Billy Graham e James I. Packer.

6
Veja John Piper. A Supremacia de Deus na Pregação, Shedd Publicações. Leia o capítulo 4. Piper analisa em
detalhes a pregação expositiva de Johnatan Edwards. Nessa obra, Piper aborda 10 características da exposição
bíblica de Edwards.
7
John Stott, Eu Creio na Pregação, Vida, p.37.
8
Ibid, p.44.
7

8. Os Reavivamentos contemporâneos.
Os grandes reavivamentos da história da Igreja estão associados à
redescoberta da exposição bíblica contínua.
 Neemias 8 – eles davam explicações do que estava sendo lido;
 Crisóstomo (leitura em casa e seqüencial);
 Reforma (Lutero, Zuínglio e Calvino);
 Puritanos;
 Coréia 1906 - (1 João)
 Zulus 1966 – África do Sul (Atos).

9. A Exposição Bíblica no Brasil.


Os missionários presbiterianos que vieram para o Brasil no século XIX
foram treinados dentro da tradição da pregação expositiva. Ashbell Green
Simonton tinha sido aluno de Charles Hodge em Princeton, conhecido por ser
um reavivamentista moderado e hábil expositor bíblico. Posteriormente homens
como Erasmo Braga e Miguel Rizzo Jr foram conhecidos por sua pregação.
O grande nome da exposição bíblica no Brasil, desde a década de 1960
tem sido o Dr. Russel P. Shedd, que tem influenciado desde então gerações de
pastores de várias denominações evangélicas no Brasil, inclusive muitos
pentecostais.
Os principais pregadores da IPB em sido caracterizados por seu
compromisso com a autoridade das escrituras e a exposição bíblica sistemática
nos púlpitos de suas mais variadas igrejas, tais como: Augustus Nicodemus
Lopes, Hernandes Dias Lopes; Roberto Brasileiro; Mauro F. Meister, Valdeci
Santos, Daniel Santos. E dentre os batistas: Marcos Granconato e Franklin
Ferreira são apenas dois exemplos.
Segundo John Stott, a tradição da pregação expositiva tem três
características cruciais: Ela é longa (20 séculos completos); ela é ampla
(representantes de várias partes do mundo) e consistente, onde os desvios e
vexames são a exceção e não a regra histórica.

Uma Teologia Bíblica da Pregação

Ao falarmos em exposição bíblica, tratamos de nossas convicções, nossas


obrigações e nossas expectativas acerca das Escrituras:

1. Uma convicção a respeito de Deus.


O Deus em que cremos determina o tipo de sermão que pregamos.
a) Deus é luz (1 Jo 1.5, Jo 8.12).
Isto significa dizer que Deus é perfeito em santidade e verdade (Jo 8.12).
Também significa dizer que Deus se revela, que ele “é manifesto e não
secretivo”.9 A revelação é a iniciativa de Deus em manifestar-se ao homem. Ele
9
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.99.
8
se revela não apenas na criação, mas supremamente em Cristo, sua palavra
encarnada, e também Nas Escrituras.
O prazer de Deus está em revelar-se ao homem, e se este não o conhece é
porque, em função do pecado, afasta-se de Deus. Uma convicção básica de cada
pregador é que Deus quer fazer a sua luz raiar nas vidas dos seus ouvintes,
dissipando as trevas de seus corações (2 Co 4.4-6).
b) Deus tem agido.
Deus tomou a iniciativa para se revelar em ações. Ele se revela na sua
criação e de modo ainda maior na redenção. No Antigo Testamento Deus se
revela como o Deus que chama. Ele chama a Abraão de Ur dos Caldeus; ele
chama Israel do Egito; e ele chama a Judá do exílio babilônico. Por fim, ele
chama a sua igreja em Cristo.
c) Deus tem falado.
Deus não é como os ídolos que não falam (Sl 115.5). A fala de Deus
explica o que Ele faz. A sua revelação é proposicional, ou seja, ela se dá por
meio de palavras, organizadas em frases, que explicam todas as suas ações
redentoras na história dos homens. Logo, nós falamos como pregadores, porque
Deus falou e continua falando nas Escrituras (Am 3.8; 2 Co 4.13; Sl 116.10).

2. Uma Convicção a respeito das Escrituras.


a) A Escritura é a Palavra de Deus Escrita.
A inspiração das Escrituras não se deu por meio de um ditado mecânico,
mas engloba a mente e a boca dos homens que Deus inspirou para escrevê-la. A
Bíblia é um livro divino-humano, no sentido de que transmite-nos a revelação de
Deus em linguagem humana. A inspiração não foi um ditado, mas um processo
dinâmico que tratou os escritores bíblicos como pessoas em plena posse de suas
faculdades mentais. Isso quer dizer que a pesquisa histórica, o interesse
teológico e o estilo literário de cada escritor bíblico não foram nem incompatível
com o processo da inspiração, nem foram suprimidos por ele.10 A Escritura não
é uma mistura de verdade e erro e nem o fruto de apenas o testemunho de
pessoas inspiradas, mas ela mesma é a palavra de Deus. A revelação divina
encontra-se no registro escrito que ele fez, como interpretação autorizada da sua
verdade.
Nossa doutrina da inspiração inclui também a fé na providência de Deus,
que preservou o registro para que sua Palavra chegasse até nós. Deus não só
formou as Escrituras (Cânon) como também as preservou para nós. Pregar não é
outra coisa senão repassar ao nosso século o único testemunho autorizado que
Deus dá de si mesmo e de Cristo nas Escrituras. Nós só ousamos pregar porque
Deus já falou; se não fosse assim, a nossa pregação só teria um punhado de
especulações humanas para dizer.
Por outro lado, A Bíblia é um texto “parcialmente oculto”. O significado
de “perspicuidade” na teologia e pregação dos reformadores tinha a ver com a
clareza e simplicidade da mensagem central das Escrituras, que é o evangelho da

10
John R. W. Stott, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, ABU, p.231.
9
salvação através da fé em Cristo somente.11 As Escrituras são claras quanto às
suas doutrinas fundamentais, mas isso não quer dizer que tudo nas Escrituras são
igualmente claros. Por isso Deus concedeu “pastores e mestres” à igreja para
ensinar-lhe as Escrituras.
Em função dessa verdade bíblica, nossa pregação demonstra o valor que
damos às Escrituras como registro das palavras do Deus vivo (1 Co 2,13)! Paulo
nos lembra que somos despenseiros e arautos de Deus ao mesmo tempo (1 Co
4.1,2).

b) Deus continua falando através do que já disse nas Escrituras.


É interessante observar a argumentação de Paulo quanto cita as Escrituras
em Gálatas 4. 21,22,30. Primeiro ele diz: “não ouvis a Lei?” (ton nomon ouk
akoúete = to.n no,mon ouvk avkou,ete) e depois “Porque está escrito” (ge,graptai
ga.r = gegraptai gar) e por fim acrescenta “diz a Escritura” (le,gei h` grafh, =
legei hê grafê). Nota-se que aquilo que está escrito há séculos fala agora aos
ouvidos dos judeus e às igrejas da Galácia. A nossa convicção é que a Escritura
é a voz contemporânea de Deus. Aquilo que Deus falou no passado continua
falando no presente. Hebreus 4 é outro exemplo claro dessa verdade. O autor
cita o exemplo do Salmo 95, que por sua vez está citando o acontecimento de
Massá e Meribá no deserto. Na época do Êxodo o povo não escutou a voz de
Deus e vagou 40 anos no deserto como castigo divino. Na época do Salmo 95, o
salmista relembra aquele episódio registrado no Êxodo por Moisés como
advertência à obediência; o autor de Hebreus usa o mesmo exemplo, aplicando-o
à sua época. O mesmo é o que os pregadores devem fazer hoje.
Êxodo Salmo 95 Hebreus 4 Nós
Deserto – 1446 a.C. Monarquia - c. 900 a.C. I Século Século XXI

O próprio Senhor Jesus aplicou esse princípio na estrada de Emaús (Lc


24.27,32) No Apocalipse João afirma: “Aquele que tem ouvido OUÇA o que o
Espírito DIZ às Igrejas”. Esse princípio nos protege de dois erros contra a
doutrina da inspiração: (1) Crer que Deus falou, mas cessou de falar. (2) Crer
que Deus fala, mas à parte das Escrituras.

c) A Palavra de Deus é poderosa.


Quando Deus fala, Deus age. Deus realiza seus propósitos mediante a sua
palavra (Is 58.11). Na vida de Cristo observamos que ele equilibrava
(combinava) perfeitamente ensino e prática (Mt 4.23; 9.35; At 10.38).
Na pregação o poder não está no pregador por si, mas na palavra que ele
anuncia. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação daquele que crê (Rm
1.16,17; 1 Co 1.21; 1 Ts 2.13). É a Palavra de Deus que “é viva e eficaz” (Hb
4.12). Na Bíblia existem muitas figuras de linguagem que ilustram e ressaltam
as características da Palavra de Deus: Ela é espada, martelo, fogo, lâmpada,
leite, espelho, semente, trigo, mel ouro etc. segundo a Parábola do Semeador,
11
Ibid., p.232.
10
não devemos esperar eficácia em todos os sermões, visto que há 4 tipos de solo,
haverá resultados diferentes e reações diferentes à pregação. Contudo, isso nos
ensina que os resultados pertencem ao Espírito Santo, e não aos homens. Essa é
uma constatação consoladora e uma advertência contra a manipulação da
mensagem. O Evangelho é mais que uma doutrina, uma promessa ou uma
declaração. O Evangelho é um ato e um poder, originados na pessoa de Deus! É
um ato porque através dele Deus redime e salva. É poder porque carrega a
benção e o juízo de Deus. “A pregação tem um único alvo, que Cristo venha aos
que se reuniram para escutar” (Gustaf Wingren).12

3. Uma convicção a respeito da Igreja.


A Igreja é criada por Deus mediante a sua Palavra. A igreja, como nova
criação, é tão dependente da palavra como a antiga criação é (o universo). Pela
Palavra Cristo alimenta e governa a igreja (Dt 8.3; Jo 17.17).
O principal pecado do homem é o da desobediência à Palavra de Deus (Ex
2.24; 19.3-6; 24.3). A mensagem chave de Deuteronômio é “Ouve ó Israel (Dt
4.1,30; 5.1; 6.1-3; 11.26-28; 12.28; 15.5; 28.1). No Antigo Testamento, a
Palavra veio por meio dos profetas a fim de advertir ao povo quanto à
obediência a Deus (Jr 7.23-26; 2 Cr 36.15,16). A saúde da Igreja depende da
obediência à Palavra de Deus. Não somos alvos da revelação como foram os
profetas e apóstolos do passado, mas ao expormos as Escrituras com fidelidade é
a Palavra de Deus que levamos ao povo de Deus. Uma igreja surda à Palavra é
uma igreja morta,13 visto que a principal causa do declínio espiritual da igreja é
“fome e sede de ouvir as palavras de Deus” (Am 8.11), que são causados
pela superficialidade na pregação.

4. Uma Convicção a respeito do Pastorado.


Hoje em dia existe muita incerteza quanto ao papel do pastorado na igreja.
Nossa convicção deve ser:
a) Reafirmar a doutrina do Novo Testamento de que Cristo dá superintendentes
à igreja (1 Tm 3.1).
Almejar o episcopado é uma aspiração considerada “excelente” e digna, o
que nos leva a entender que é desejo de Deus que essa função faça parte
permanente da estrutura da igreja.
No Novo Testamento, esses superintendentes são chamados de pastores.
O uso moderno do termo “ministros” é prejudicial, pois “engana por ser mais
genérico do que específico, e sempre, portanto, requer um adjetivo qualificante
para indicar que tipo de ministério está em mente”.14 “Sacerdote”, outra palavra
usada atualmente é ambígua, porque conduz ao tipo de ministério praticado no
Antigo Testamento, quando o sacerdócio era voltado principalmente para Deus
no oferecimento de “dons e sacrifícios”, enquanto que no Novo Testamento, o
ministério pastoral é voltado especialmente para a Igreja. Os líderes das igrejas
12
Citado por: John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.114.
13
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.120.
14
Ibid, p.123.
11
neotestamentárias nunca são chamados de sacerdotes, mas somente de pastores,
bispos, presbíteros, e as funções destes são sempre descritas como pastorais (At
20.28; 1 Pe 5.1,2).
b) Alimentar o rebanho é o mesmo que ensinar a Palavra (Ef 4.11).
A principal função do pastorado é alimentar as ovelhas, que é uma
metáfora para o ensino. O pastor do Novo Testamento é também um mestre da
Palavra (Ef 4.11). Essa função, segundo o Novo Testamento não é incompatível
com as declarações bíblicas de que na Nova Aliança “todos me conhecerão” e
de que o Espírito Santo é “a unção que procede do Santo” e que os crentes
devem ser habitados ricamente pela palavra de Cristo a fim de ensinarem uns
aos outros (Jr 31.34; 1 Ts 4.9; 1 Jo 2.20-27; Cl 3.16), porque o dom de pastor-
mestre também é uma concessão graciosa de Cristo à sua Igreja (Ef 4.11). O
ministério pastoral é uma provisão divina, sendo uma tolice rejeitá-lo.
O cuidado do pastor para com as ovelhas é quádruplo:15
1. Alimentar conduzindo-as a bons pastos.
2. Guiar. Porque as ovelhas facilmente se desgarram.
3. Guardar contra lobos predatórios.
4. Curar as que se feriram em acidentes.
O objetivo de cada exposição das Escrituras é alimentar, guiar, guardar e
curar as ovelhas de Cristo que nos foram confiadas por ele.
Quando Paulo instruiu a Timóteo a respeito do pastorado, também incluiu
instruções a respeito da pregação (2 Tm 1.13). As Escrituras deviam ser lidas
publicamente, ministrando-se à congregação exortação e ensino. Dentre as
exigências ao presbiterato, ensinadas a Timóteo e Tito, Paulo fez constar a
capacidade de “encorajar a outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem
a ela” e o dom de ensino (Tt 1.9; 1 Tm 3.2). A prioridade da pregação e do
ensino no ministério pastoral é uma ênfase salutar do Novo Testamento para a
manutenção da saúde do rebanho, da igreja. Nada é mais danoso para a igreja
que pregadores infiéis, visto que o ministério da pregação tem um caráter
altamente pastoral e prioritário na edificação da igreja de Cristo (At 6.4). Essa
convicção, por si só já nos levaria a uma radical reorganização e reestruturação
da nossa visão ministerial de trabalho pastoral, inclusive na concepção de
delegação de funções e tarefas na vida da igreja local, como os apóstolos
fizeram em Atos 6.
c) A função única do pastor-pregador é ser fiel à palavra.
O pregador não é nem profeta nem apóstolo, porque não trata com a
mensagem como se fosse uma revelação direta e original de Deus por
inspiração.16 A palavra que ele vai pregar já está revelada nas Escrituras e sua
obrigação é ser-lhe fiel em tudo.
Também o pregador não pode ser um falso profeta ou falso apóstolo,
porque ambos laboram no erro de dar ouvidos ao seu próprio coração e dizer que
Deus lhes falou. A Escritura tem duras palavras para ambos (Jr 23; Ez 34).

15
Confira com Ezequiel 34.
16
John R. W. Stott, O Perfil do Pregador, SETE, p.13.
12
E ainda o pregador também não é um tagarela (At 17.18). A origem dessa
palavra tem a ver com o barulho dos pássaros que comiam sementes, como a
barulhenta gralha, depois passou a ser aplicada aos que comiam das sobras dos
outros (mendigos e moleques). Daí passou a indicar o fofoqueiro ou tagarela. O
tagarela é aquele que repassa idéias como mercadorias de segunda mão,
colhendo fragmentos e detalhes das idéias dos outros. Segundo Stott diz, “seu
sermão é uma colcha de retalhos”, visto que não somente cita descuidadamente
aos outros, mas principalmente não tem a capacidade de pensar por si. Sua
opinião é a do último pregador que ouviu ou do último livro que leu!17
O pregador é um despenseiro que administra a distribuição do alimento
contido na despensa da qual o seu senhor lhe confiou a chave. O pregador é um
arauto que anuncia publicamente a mensagem das boas novas do evangelho da
graça que lhe foi confiada. O pregador é uma testemunha do testemunho do Pai,
a respeito do Filho e através do Espírito e da igreja ao mundo, ou seja, ele é um
instrumento da verdade. O pregador é pai e servo também, pois age com
interesse e autoridade, ternura e afeto pelos seus ouvintes, servindo-lhes sem
interesses próprios, mas dependendo do poder de Deus por seu intermédio.

5. Uma convicção a respeito da Pregação.


Segundo John Stott, “toda pregação genuína é pregação
expositiva”.18 Portanto, relegar a exposição bíblica a apenas mais um método
que os pregadores podem utilizar é ignorar o significado de uma genuína
pregação bíblica,19 visto que na exposição bíblica o texto é o mestre que
determina e controla tudo o que é dito. Muitos têm trocado o conceito e
“exposição” (tirar do texto o ensino e aplicá-lo) por “imposição” (colocar no
texto conceitos particulares), fazendo do sermão um cabide de idéias e usando o
texto bíblico por pretexto.
a) A exposição nos prescreve limites.
A exposição nos restringe ao texto bíblico. A primeira qualificação de um
pregador expositivo é sua convicção de ser um guardião de um depósito
recebido de Deus e encarregado de anunciá-lo com fidelidade e clareza. Sua
função é a de ser despenseiro e ministro (1 Co 4.1), duas expressões retiradas do
ambiente da escravidão. O pregador é limitado pela vontade daquele lhe
confiou o ministério da palavra e pelo qual requererá responsabilidade.
b) A exposição exige integridade.
Não podemos fazer da exegese “a espantosa arte de modificar as coisas
por meio de explicações”.20 Quando defendemos uma exegese gramático-
histórica das Escrituras queremos dizer que a sua interpretação tem de ser de
acordo com a sua origem histórica e dentro da construção gramatical em que se
encontra. Qualquer alegoria imaginativa ou espiritualização criativa constitui-se
em agressão à verdade e ao bom senso. Todo pregador deve buscar e ensinar o

17
Ibid, p.19.
18
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.133.
19
Ibid, p.133.
20
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.134.
13
“significado claro, natural e óbvio de cada texto, sem sutilezas,21 a fim de
transpor o abismo cultural entre o “lá” da história passada e o “então” do nosso
cotidiano moderno. É preciso ter integridade e coragem para vivermos de
acordo com essa regra, pois muitos têm rejeitado sistematicamente a fidelidade
simples às Escrituras sagradas.
Os escritores bíblicos eram homens honestos que pretendiam que seus
escritos fossem compreendidos claramente, pois significavam o anúncio de uma
verdade eterna e revelatória de Deus aos homens. Eles não mercadejavam a
palavra de Deus em troca de sucesso ou reconhecimento (2 Ts 2.13).
Além disso, A Escritura nos oferece uma gama enorme de subsídios para
que um texto seja interpretado por outro, princípio que os reformadores
chamavam de “analogia da fé”. O texto tem unidade e integridade, e o papel do
pregador é ressaltar o que já está ali.
c) A exposição identifica armadilhas.
Na tentativa de ser fiel ao texto bíblico, as duas armadilhas que o pregador
pode cair são:
1. Esquecimento. Perder o sentido do texto e sair pela tangente seguindo a sua
própria imaginação.
2. Deslealdade. Forçar os significados do texto para caberem em idéias
particulares do pregador.
Expor um texto não é explorá-lo à cata de idéias interessantes ou
prediletas. Isso é manipulação vergonhosa e, segundo Stott, iníqua, que equivale
ao que Paulo chama de perverter e torcer a Palavra.22 Tratar o texto como
pretexto é o maior pecado que os pregadores cometem contra as Escrituras e
contra a própria pregação, pois tem a capa da piedade como proteção e o ferrão
do pecado como resultado.
d) A exposição nos dá confiança para pregar.
A fidelidade e a integridade na exposição das Escrituras produzem
coragem no pregador. Os pregadores realmente grandiosos não passam de
servos das Escrituras.
e) A exposição exige Sensibilidade para com o mundo moderno.
Expor as Escrituras é mais que fazer exegese. O exegeta explica o texto,
mas o expositor vai além, e aplica o texto bíblico à realidade contemporânea.23
Devemos ser fiéis ao texto (exegese) e contemporâneos em sua aplicação
(exposição). A maior crítica que é feita aos pregadores conservadores é que são
bíblicos, mas, não são contemporâneos, enquanto que os liberais são
contemporâneos sem ser bíblicos. O desafio é sermos bíblicos e contemporâneos
ao mesmo tempo!
Pregar é responder a duas perguntas cruciais:
 O que o texto significou? A exegese busca o significado verdadeiro e original
do texto segundo a intenção de seu autor, que não muda.

21
Ibid, p.135.
22
John R. W. Stott, Eu Creio na Pregação, p.138.
23
John R. W. Stott, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p.235.
14
 O que o texto significa para hoje? A aplicação do texto ao nosso tempo exige
sensibilidade espiritual e pastoral para com os ouvintes. A aplicação é
baseada na exegese fiel, mas precisa ser prática, clara e contemporânea.

Duas expectativas se nos apresentam como conseqüência lógica:

1. Esperamos que se ouça a voz de Deus na pregação.


O que pregamos não é a nossa palavra e vontade, mas de Deus. A
autoridade do sermão não parte do pregador, mas das Escrituras às quais deve
estar submisso. O que o pregador pode fazer para não atrapalhar esse processo,
mas ser um canal apropriado para que Deus se comunique com os ouvintes?
a) Preparar-se com cuidado para pregar.
b) Orar sinceramente pelo sermão antes de sair de casa.
c) Orar novamente ao púlpito antes de pregar.
d) Ler e expor o texto bíblico escolhido com seriedade de propósito.
e) Terminar e orar, aguardando que aconteça um silêncio solene na presença de
Deus, que redundará na aplicação da palavra de Deus pelo próprio Deus nos
corações dos ouvintes.

2. Esperamos que o povo obedeça à vontade de Deus nas Escrituras.


A natureza da reação esperada dos ouvintes é determinada pelo conteúdo
da palavra exposta.
a) Se expomos a grandeza de Deus devemos esperar dos ouvintes humilhação
em adoração.
b) A exposição da natureza humana caída no pecado deve conduzir ao
arrependimento e confissão.
c) A obra redentiva de Cristo leva ao arrependimento e fé na graça de Deus.
d) As promessas de Deus à disposição em herdá-las ou confiar nelas.
e) Os mandamentos de Deus exigirão obediência simples em fé.
f) Falar do futuro aguardando uma resposta de esperança.
Tomados por essas reações diferentes, mas todas advindas da palavra viva
de Deus, os ouvintes retomarão suas vidas cheias do próprio Deus.

Conclusão:
Dissemos no início desse artigo que ao falarmos em exposição bíblica,
tratamos de nossas convicções, nossas obrigações e nossas expectativas acerca
das Escrituras:
1. Convicções têm a ver com a nossa fé, com aquilo em que cremos. O que
cremos e crermos acerca das Escrituras determinarão nossa postura na
pregação da palavra.
2. Obrigações têm a ver com o nosso trabalho. O trabalho pastoral visa formar
a pessoa de Cristo nos nossos ouvintes. Se os crentes não são edificados e os
incrédulos não são confrontados com as reivindicações do evangelho, então
nosso sal perdeu o sabor. Orare et labutare (oração e labor) era a convicção
dos reformadores sobre o sermão.
15
3. Expectativas têm a ver com nossas esperanças. O que esperamos que
aconteça após o sermão? Neemias 8.12 diz que o povo foi contristado pela
palavra, mas depois se alegrou grandemente “porque tinham entendido a
palavra do Senhor”.

“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por


sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura
da pregação” (1 Co 1.21). A exposição clara e fiel das Escrituras pode parecer
loucura para o nosso século, inclusive para alguns elementos dentro própria
igreja, mas isso não muda a nossa tarefa e nem tampouco os propósitos divinos
que escolheu salvar por meio da pregação do evangelho. Nessa tarefa reside a
manifestação do poder de Deus. Por que trocaríamos o melhor pelo inferior e
nos contentaríamos com o medíocre em vez buscar o melhor, uma vez que Deus
o colocou à nossa disposição? Que Deus nos faça sábios para ele e que sejamos
loucos para o mundo.

Relação da Homilética com as Demais Matérias Teológicas

O alvo da pregação é a proclamação das virtudes daquele que nos chamou


das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9). Portanto, ela visa a
edificação da igreja e o chamado à humanidade para o arrependimento e à
salvação.
A adoração é mais importante que a evangelização, pois a evangelização é
o convite aos povos para que adorem e glorifiquem ao único Deus. A
evangelização terminará na consumação, mas a adoração perdurará por toda a
eternidade. É um equívoco achar que a exposição bíblica doutrinária não
evangeliza assim como achar que a evangelização não doutrina as pessoas. Tudo
é interligado na exposição bíblica fiel.
A exegese e a hermenêutica são a base da exposição bíblica. A teologia
bíblica e sistemática são os elementos que dão equilíbrio ao conteúdo da
pregação. A exposição fiel das escrituras educa e disciplina ao homem cristão (2
Tm 3.14-16, Tt 2.10-14).
A história da Igreja é o ambiente da pregação e o elo que dá consistência
histórica à fé cristã.
A homilética é a ferramenta de trabalho pastoral mais utilizada no
ministério cristão, logo deve ser tratada com esmero e constante aprimoramento.
16

AULA 02
“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria,
aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co 1.21).

A EXPOSIÇÃO BÍBLICA E SUAS VANTAGENS

1) Os Métodos de Pregação:
São basicamente três: Textual, Tópico e Expositivo.
a) Textual:
A sua forma segue as partes de um texto pequeno. Toma-se um ou no
máximo três versos, usando suas frases literalmente como títulos principais do
sermão24.
Exemplos:
João 3.16: João 3.16:
A Realidade da Salvação. O Amor de Deus:
1) Deus nos amou: I. É sublime - tal maneira
A sublimidade do Amor de Deus. II. É sacrificial - deu seu filho
2) Cristo se entregou: III. É salvador - para que não pereça
O sacrifício de Cristo
3) O que nele crê, não perece:
A dádiva da vida eterna.

Outro exemplo: I Timóteo 4.12: Torna-te Padrão dos Fiéis.


1) Seja um exemplo “na palavra”.
2) Seja um exemplo “no procedimento”.
3) Seja um exemplo “no amor”.
4) Seja um exemplo “na fé”.
5) Seja um exemplo “na pureza”.
Este método é muito vantajoso para pregações em textos pequenos,
porque é facilmente desenvolvido e também é fácil de ser lembrado. Porém há
desvantagens: (1) Nem todas as passagens se prestam a esse tipo de tratamento
sem parecerem forçadas. (2) Corre-se o risco de interpretar o texto fora do seu
contexto e assim ignorar a intenção do autor bíblico. (3) Pode facilmente dar
lugar a artificialidades e alegorias (dizer que uma coisa significa outra).
Ex. de alegorização: Jó 28.7-11 - A Vereda da Oração (Dr. Miguel Ângelo).
1) Essa vereda - o caminho da oração
2) A ave de rapina a ignora - o diabo não pode penetrar.
3) Revolve os montes desde as suas raízes - realiza a cura total.
4) Traz à luz o que estava escondido - é fonte de revelação de Deus.

b) Tópico:
A sua forma resulta de palavras ou idéias contidas no assunto do texto. Eles
não resultam de um versículo (textual) ou de uma passagem (expositivo), mas de
um assunto ou tema (tópico), abordando-o “a partir de um dentre vários pontos

24
Stafford North, Pregação, Homem e Método, Vida Cristã, p.70.
17
de vista”25. Os argumentos não procedem da passagem em si, mas das
considerações do tópico escolhido em várias passagens bíblicas. É muito útil
para palestras e estudos doutrinários.
Exemplos:
João 3.16 - 21 Gálatas 5.25
Três Fundamentos da Vida Cristã. Vida No Espírito.
1) O amor de Deus V.16. I. Para Viver no Espírito é Preciso Ser
2) O julgamento de Deus V.18,19. Batizado com o Espírito (I Co 12.13).
3) A certeza da Vida Eterna V.18. II. Para Viver no Espírito é Preciso
Andar no Espírito (Gl 5.16).
III. Para Viver no Espírito é Preciso
Ser Cheio do Espírito (Ef 5.18).

Sua grande vantagem é oferecer grande mobilidade e valorizar a


perspicácia e a criatividade do pregador. Contudo, (1) Exige um largo
conhecimento das doutrinas bíblicas. (2) Tende a não valorizar o texto básico e
(3) pode partir para espiritualizações do texto (extrair uma lição espiritual do
texto sem dar atenção ao verdadeiro sentido da passagem) 26 devido ao excesso
de criatividade do pregador.
Exemplo de espiritualização:
Lucas 19.5 - Zaqueu, Desce Depressa: Lucas 22.54 - Pedro Seguia de Longe.
1) Desce do orgulho. 1) Longe da sua presença.
2) Desce da arrogância. 2) Longe do seu amor.
3) Desce da altivez. 3) Longe da sua proteção.

c) Expositivo (Exposição Bíblica):


É aquele que explica e aplica uma passagem seguindo a estrutura dos
parágrafos do texto bíblico de acordo com a intenção básica de seu autor.

1) DEFINIÇÃO:

Walter Liefield define a exposição bíblica assim: “É pregação que explica


a passagem (bíblica) de uma maneira que leve a Igreja a uma aplicação
verdadeira e prática da passagem”.27

2) CARACTERÍSTICAS DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA

a) Ela trata de uma só passagem básica da Escritura:


O objetivo é ensinar um só texto de cada vez, tornando-o claro, e dando
condições aos ouvintes de obedecerem com segurança à verdade. A citação de
outros textos deverá estar vinculada e subordinada ao texto escolhido para
esclarecer seu significado (reforçar o ensino).

25
Ibid, p. 83.
26
Walter Liefeld, Exposição do Novo Testamento, Do Texto ao Sermão, Ed. Vida Nova, p.17.
27
Ibid, p.13. Itálicos meus.
18

b) Ela é fiel ao texto (integridade hermenêutica):


A estrutura de seu sermão deve ser a estrutura do texto bíblico. No caso de
sermão expositivo, a passagem bíblica é o mestre, e o pregador é o servo.
A exposição bíblica leva em conta: O gênero literário (narrativa, epístola,
milagres, parábolas, profecias, etc.); propósito original do autor (o que ele quis
ensinar?); a seqüência da narrativa (verbos, palavras repetidas etc.) o significado
e a aplicação do autor.
c) Ela tem coesão:
Todas as partes do sermão (introdução, argumentação, conclusão e
aplicações) estão interligadas ao propósito e temas do texto escolhido para
expor. Cada uma conduz à outra e a completa e reforça.
d) Ela tem movimento e direção:
Ela segue o raciocínio do texto e o torna evidente aos ouvintes. Mostra as
relações no texto de causa e efeito, comparações, contrastes, repetições de
palavras e expressões diversas de emoção.
e) Ela tem aplicação:
Mostra aos ouvintes o que o texto te mostrou para facilitar a obediência. O
objetivo da aplicação é levar os ouvintes à obediência ao texto exposto. A
aplicação de um sermão expositivo procura não violar o propósito, o significado
ou a função do texto em seu contexto original28.

3) A IMPORTÂNCIA DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA:

a) Cria proximidade da revelação e da vontade de Deus.


“Quanto mais nos ativermos à Palavra revelada de Deus, menos
suscetíveis seremos ao erro”.29 Na elaboração uma exposição bíblica (sermão), é
preciso levar em conta a subjetividade do pregador, as limitações da mente
humana, os efeitos do pecado sobre os seus melhores pensamentos. Este século
tem sido marcado pelo subjetivismo que ignora até mesmo o básico na
interpretação de um texto. A exposição bíblica é uma forma saudável de
minimizar os efeitos desses elementos.

b) Ensina a Palavra no contexto que o Espírito Santo escolheu.


Pode-se fazer mau uso das Escrituras no afã de fazer uma aplicação
atualizada da Palavra. A Bíblia não é um livro mágico em que alguém abre em
qualquer página e tira a mensagem de Deus para o seu dia. Ela é um livro de
princípios, que aprendidos e assimilados orientarão o caminho do cristão no seu
dia a dia. Contudo, seus princípios foram dados por Deus dentro de contextos
próprios (históricos e literários) que não podem ser ignorados na sua
interpretação e aplicação moderna. Quando se leva em conta o contexto da
inspiração atesta-se melhor obediência ao Espírito.

28
Ibid,, p.13.
29
Walter Liefeld, Exposição do Novo Testamento, p.15.
19

c) Vai ao encontro das necessidades dos ouvintes e da Igreja.


É claro que uma mensagem expositiva pode ser exata sem ser
pastoralmente funcional, mas a Palavra de Deus é maior que o sermão, pois a
palavra de Deus tem autoridade e poder próprios (Is 55.11). A exposição fiel das
Escrituras é o meio mais seguro de suprir as carências dos ouvintes da Palavra
de Deus.

d) Fixa a atenção no texto bíblico e no seu ensino.


O propósito do pregador não é simplesmente suprir as necessidades
espirituais de seus ouvintes, mas também equipá-los para que possam
pessoalmente buscar e encontrar o genuíno alimento espiritual da Palavra. A
exposição bíblica mostrará aos ouvintes que a sua fonte de autoridade não é o
pregador, mas a própria Palavra. A Igreja crê que as Escrituras são a sua ÚNICA
regra de fé e prática. A melhor maneira de exemplificar e aplicar essa verdade é
através da exposição sistemática e programada das Escrituras.

e) Alimenta a Igreja na medida certa (porção por porção).


O povo de Deus e os visitantes aos cultos das igrejas precisam mais do
que mensagens banais e superficiais, eles estão famintos pelo verdadeiro pão. A
boa exposição da Palavra não busca impressionar os ouvintes com conhecimento
e oratória, mas busca alimentá-los com a verdade de Deus contida nas
Escrituras. O misticismo mágico que domina os púlpitos de hoje, ocultam a
Palavra dos ouvintes, pois não lhes dá o direito de pensar com o pregador, nem
tão pouco pensar como Deus pensa nas Escrituras.

f) Pode servir melhor contra o ensino errado, protegendo a Igreja de uma


interpretação imprópria da Escritura.
Um preparo pobre e superficial do pregador, sua hermenêutica falha, a
simples preguiça no estudo, sem contar a distorção deliberada a fim de alcançar
interesses particulares, acarretam em tremendo prejuízo espiritual para a Igreja
de Cristo. Muitas igrejas são sujeitas a interpretações imaginosas e inválidas das
Escrituras. A espiritualização e a alegoria voltaram a ser tão comuns, que
chegam mesmo a ser uma praga!30
Como resultado de um púlpito fraco e pobre da Palavra de Deus, milhares
de cristãos estão “espiritualizando” a Bíblia em sua leitura devocional diária no
esforço de “tirar uma benção” da passagem para o seu dia a dia. O melhor lugar
para combater esse empobrecimento da interpretação bíblica é o púlpito; e a
melhor maneira é a exposição bíblica fiel e sistemática.

4) AS VANTAGENS DA EXPOSIÇÃO BÍBLICA:

a) Ela propicia mais confiança de estar ensinando a vontade de Deus.

30
Ibid,, p.17.
20
Expor a verdade aumenta a confiança e a sensação de autoridade que
emerge da Palavra. Quem é fiel ao texto, é fiel à vontade de Deus, porque a
única certeza que realmente temos quanto ao sermão é que a Bíblia é a Palavra
de Deus!

b) Ela limita o pregador-expositor à verdade bíblica.


Minimiza-se subjetivismo do pregador quando ele está consciente de que
o sermão é um veículo para a verdadeira Palavra de Deus.

c) Ao expor sistematicamente livros inteiros (livro após livro) expõe-se


vários assuntos diferentes, e não somente os prediletos.
A exposição bíblica é a melhor forma de se anunciar “todo o desígnio de
Deus” (Atos 20.27), pois obriga os pregadores a tratarem dos assuntos da
Palavra de Deus e não somente de excentricidades pessoais e predileções.

d) A própria Bíblia trás sua aplicação (na maioria das vezes).


Não se tem dificuldade em aplicar a passagem à vida prática dos ouvintes
se a função original do texto bíblico for discernida. A forma como o autor
bíblico a aplicou é um indicativo seguro de como se deve aplicá-la hoje.

e) A estrutura do texto é a base da estrutura de sermão.


Cada texto segue padrões redatoriais e de pensamento arquitetados por
seu autor, que se devidamente descobertos servirão como a base do esboço do
sermão. A exegese não é somente uma ferramenta para se cavar o significado e
o sentido do texto, mas é a principal ferramenta da construção homilética da
exposição bíblica.

f) Pode-se tratar de assuntos delicados sem que o pregador seja


inoportuno.
Se as Escrituras são expostas em seqüência a tensão causada por esses
assuntos ficará diminuída e a autoridade da Palavra na igreja local resguardada.

g) Fornece um ótimo modelo de estudo bíblico.


A exposição bíblica mostra que a Bíblia não somente tem respostas como
também provê meios para que os ouvintes, por si mesmos, encontrem essas
respostas em seu estudo pessoal das Escrituras. Assim, a exposição se torna uma
ferramenta extremamente útil no dis
cipulado cristão. Afinal, todos aprendem melhor observando um bom modelo.
Quem não expõe a palavra enfrenta problemas sérios.31
1. Subjetividade: Dá larga margem para as suas idéias próprias.
2. A pregação se torna leite adulterado em vez de genuíno (I Pe 2.2).

31
Russel P. Shedd, Apostila de Pregação Expositiva. Curso ministrado no Seminário Betel Brasileiro, Goiânia-
GO, 7-11/12/1999, p. 1,2.
21
3. Impõe limitações à mente, pois o pregador ensina o que pensa e gosta, não
necessariamente a Palavra de Deus.
4. Os efeitos do pecado ficam evidentes na própria mensagem, provocando
ignorância da mensagem real da Palavra e introduzindo o erro na vida da
Igreja.
5. Destrói a autoridade da Bíblia, criando atitudes nos ouvintes de confiança
mais em métodos do que na Palavra de Deus.
6. Passa de largo a temas importantes das Escrituras que todos precisam
conhecer e obedecer, ainda que não sejam agradáveis aos seus ouvidos.
Além desses podemos também acrescentar:
7. Dificulta o processo de contextualização, pois ignora o contexto original da
passagem e a intenção original do autor bíblico.
8. Inibe a dimensão pastoral e missionária da Igreja, pois foge ao propósito
maior da revelação nas Escrituras, que é anunciar todo o desígnio de Deus.32

32
Hélio O. Silva, “As Vantagens da Exposição Bíblica em Série”. Em: Pregação e Interpretação, Ed. Logos,
p.24
22

AULA 03:
“Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito dá doutrina,
se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo.” JOÃO 7.17

A ESCOLHA DO TEXTO E A PESQUISA

1. A ESCOLHA DO TEXTO:
A escolha do texto é definida pela abrangência do ministério do pregador.
Alguns chegam a pregar até oito vezes por semana, outros, no entanto, apenas
duas ou três vezes. No primeiro caso, indica-se a leitura da seção sobre a
preparação de exposições bíblicas em série no final da apostila. Aos demais se
podem apontar os seguintes critérios:
a) Antecedência, não deixe para a última hora.
b) Procure seguir o planejamento pastoral da igreja.
c) Levando em conta as necessidades espirituais dos ouvintes.
d) Conformidade com a ocasião da apresentação da exposição (aniversários,
casamentos, congressos, retiros etc).
e) A extensão do texto; a extensão do sermão e os interesses dos ouvintes.
f) Tendo escolhido, não mude mais.
Alguns facilitadores podem ser excelentes guias:
a) Exposições em série.
b) Habilidades pessoais. Exponha textos que você estudou mais recentemente
e que conhece melhor.
c) O calendário anual. Datas comemorativas religiosas e seculares. Ex. Dia
Internacional da Mulher; Dia dos Namorados etc.
d) Acontecimentos em curso e temas do momento.
e) Símbolos de Fé, Hinários, Temas da denominação.
f) O Espírito Santo (Rm 8.5, 6, 11, 14-16).
As seguintes precauções, no entanto, são sábias:
 Não evite textos familiares. Negar-se a expor textos bem conhecidos é
negar às pessoas alguns dos mais ricos tesouros das Escrituras.33
 Não procure textos de significação obscura. A edificação da igreja é
mais importante que a erudição do pregador.
 Não evite certos textos propositadamente.

2. A PESQUISA:
A pesquisa se divide em quatro passos básicos:
a) FAMILIARIZAÇÃO:
a.1) O Tema:
Leia o texto todo e procure certificar-se de que há um tema
dominante no parágrafo. Tente resumir em uma palavra o assunto do texto;
depois faça a seguinte pergunta: O que este texto diz sobre este assunto? Uma

33
Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.68.
23
forma de destacar o tema é observar a repetição de palavras, frases ou idéias.
Exemplo:
Salmo 37: 1-11 Romanos 5.1-11
Que opção eu tenho à indignação? Por que a minha esperança não pode ser confundida?
v.3 Confia no Senhor v.5 Porque o amor de Deus é derramado em nossos
v.4 Agrada-te do Senhor coração pelo Espírito Santo
v. 5 Entrega o teu caminho ao Senhor v. 6 Porque Cristo morreu pelos ímpios.
v. 7 Descansa no Senhor v. 10 Porque fomos reconciliados com Deus.

a.2) Limites do Texto:


Você deve observar se o seu texto tem uma idéia completa. Um parágrafo
inteiro facilita essa sondagem. No entanto, não é necessário ser um parágrafo,
desde que o texto tenha uma idéia completa (início, desenvolvimento e fim).

a.3) O FCD (FOCO DA CONDIÇÃO DECAÍDA)


Bryan Chapell chama de FCD “a condição humana recíproca que os
crentes contemporâneos compartilham com aqueles ou aquele a quem o texto foi
escrito que requer a graça da passagem”.34
O FCD é o propósito para o qual o Espírito Santo escreveu o texto, o
objetivo redentivo do texto. Um FCD é um aspecto da condição humana
pecaminosa que requer ensino, consolo, exortação, confrontação, admoestação
ou instrução. A determinação de um FCD está intimamente ligada às perguntas
de interpretação da passagem escolhida. O principal objetivo em determinar o
FCD é exatamente dar FOCO ao sermão.
A fim de determinar o FCD é preciso responder a três questões
fundamentais: (1) O que o texto ensina? (2) Quais são os assuntos mais
importantes da passagem? (3) O que os ouvintes compartilham com os
destinatários originais da passagem?

a.4) Esboço analítico:


O esboço analítico é o esqueleto da passagem, é a estrutura de sustentação
do texto, que guarda em si o movimento das idéias do texto e sua distribuição
harmônica. O Esboço analítico deve:
 Mostrar as idéias do texto na ordem em que elas aparecem (seqüência).
 Por em relevo as principais idéias do texto naturalmente (visual).
 Demonstrar o conteúdo real do texto, sem qualquer interpretação ou adornos
homiléticos.
Este primeiro esboço ainda não é o esboço final do sermão da exposição
bíblica, mas é a sua base estrutural.
Exemplo: Salmo 100
Tema: Adoração. O que o texto fala exatamente sobre o tema da
adoração? O QUE É ADORAÇÃO?
FCD: A necessidade de equilíbrio na adoração.

34
Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.44.
24
Observações importantes: O tempo imperativo dos verbos. A repetição
da palavra “Senhor”.
SALMO 100 >>Salmo de ações de graças>>
(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios,
com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Esboço analítico:
Fase 1: Destacar as classes gramaticais (verbos principais, substantivos e
adjetivos, preposições e conjunções).
Salmo 100 <<Salmo de ações de graças>>
(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de
louvor;
rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Fase 2: Separar as frases.


Salmo 100 <<Salmo de ações de graças>>
(1) Celebrai
com júbilo
ao SENHOR,
todas as terras.
(2) Servi
ao SENHOR
com alegria,
apresentai-vos diante dele
com cântico.
(3) Sabei
que o SENHOR
é Deus;
foi ele quem nos fez,
e dele somos;
somos o seu povo
e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai
por suas portas
com ações de graças
e nos seus átrios,
com hinos de louvor;
rendei-lhe graças
25
e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque
o SENHOR
é bom,
a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.
Fase 3: Pré-esboço homilético:
I - Celebrai ao Senhor V.1 a. Com Júbilo. (como?).
b. Todas as Terras (quem?).
II - Servi ao Senhor V.2 a. Com alegria (como?).
b. Com cântico (como?).
a. Ele nos fez (Criador)
III - Sabei que o Senhor é Deus V.3 b. Dele somos (Senhor – pertencemos a Ele).
c. Somos o seu povo (Rei).
d. Rebanho do seu pastoreio (Pastor)
a. Entrar por suas portas (onde?)
IV - Rendei-lhe graças V.4 b. Com ações de graças (como?)
c. Apresentar-se diante dele (o que?).
d. Com hinos de louvor – Nos seus átrios
(como? Onde?).
e. Bendizei-lhe o nome (o que?)
Conclusão - Porque a. O Senhor é bom.
(por quê?) - (motivação/razão) b. Sua misericórdia dura para sempre.
c. Sua fidelidade - “de geração em geração
(dura).

Exemplo 2: João 14.6 (Diagrama) = Tema: Quem é Jesus?


Repondeu-lhe Jesus
I. Eu sou
a) O caminho
b) E a verdade
c) E a vida
II. Ninguém
a) Vem ao Pai

b) Senão por mim

Diagramação de II Timóteo 2.15 = Tema: O Caráter do Obreiro de Deus.


Procura
Apresentar-te
a Deus
Como obreiro
Aprovado
Que não tem do que se envergonhar
Que maneja
Bem
A palavra da verdade
26

 Exercício de homilética:
Exemplos de diagramação:

1. Filipenses 2.1-4.
1 Se há, pois,
alguma exortação em Cristo,
alguma consolação de amor,
alguma comunhão do Espírito,
se há
entranhados afetos e misericórdias,
2 completai a minha alegria,
de modo que
penseis a mesma coisa,
tenhais o mesmo amor,
sejais unidos de alma,
tendo o mesmo sentimento.
3 Nada façais
por partidarismo
ou vanglória,
mas por humildade,
considerando cada um
os outros superiores a si mesmo.
4 Não tenha cada um em vista
o que é propriamente seu,
senão também cada qual
o que é dos outros.

---------------------------------------------------------------------------------------------
2. Salmo 133.
1 <<Cântico de romagem. De Davi>>
Oh! Como
é bom
e agradável
viverem unidos os irmãos!
2 É como
o óleo precioso
sobre a cabeça,
o qual desce para a barba,
a barba de Arão,
e desce para a gola de suas vestes.
3 É como
o orvalho do Hermom,
que desce sobre os montes de Sião.
Ali,
ordena o SENHOR
a sua bênção
e a vida
27
para
sempre.

-------------------------------------------------------------------------------------------------
3. Filemon 8-20.

8 Pois bem,
ainda que eu sinta plena liberdade
em Cristo
para te ordenar o que convém,
9 prefiro, todavia,
solicitar em nome do amor,
sendo o que sou, Paulo, o velho
e, agora,
até prisioneiro de Cristo Jesus;
10 sim, solicito-te
em favor de meu filho Onésimo,
que gerei entre algemas.
11 Ele, antes,
te foi inútil;
atualmente, porém,
é útil,
a ti e a mim.
12 Eu to envio de volta em pessoa,
quero dizer,
o meu próprio coração.
13 Eu queria conservá-lo
comigo mesmo
para, em teu lugar,
me servir nas algemas
que carrego
por causa do evangelho;
14 nada, porém,
quis fazer
sem o teu consentimento,
para que a tua bondade
não venha a ser
como que por obrigação,
mas de livre vontade.
15 Pois acredito
que ele veio a ser afastado de ti
temporariamente,
a fim de que o recebas para sempre,
16 não como escravo;
antes, muito acima de escravo,
como irmão caríssimo,
especialmente de mim e, com
maior razão, de ti,
quer na carne,
quer no Senhor.
17 Se, portanto,
me consideras companheiro,
recebe-o,
como se fosse a mim mesmo.
18 E, se algum dano te fez
ou se te deve alguma coisa,
lança tudo em minha conta.
19 Eu, Paulo,
de próprio punho,
o escrevo:
Eu pagarei –
para não te alegar
que também tu me deves
até a ti mesmo.
28
20 Sim, irmão,
que eu receba de ti,
no Senhor,
este benefício.
Reanima-me o coração
em Cristo.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
4. Miquéias 7.18-20.

18 Quem, ó Deus,
é semelhante a ti,
que perdoas a iniqüidade
e te esqueces da transgressão
do restante da tua herança?
O SENHOR
não retém a sua ira para sempre,
porque tem prazer na misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós;
pisará aos pés as nossas iniqüidades
e lançará todos os nossos pecados
nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a fidelidade
e a Abraão, a misericórdia,
as quais juraste a nossos pais,
desde os dias antigos.

-------------------------------------------------------------------------------------------------
5. Salmo 150.

1 Aleluia!
Louvai a Deus
no seu santuário;
louvai-o
no firmamento,
obra do seu poder.
2 Louvai-o
pelos seus poderosos feitos;
louvai-o
consoante a sua muita grandeza.
3 Louvai-o
ao som da trombeta;
louvai-o
com saltério
e com harpa.
4 Louvai-o
com adufes
e danças;
louvai-o
com instrumentos de cordas
e com flautas.
5 Louvai-o
com címbalos sonoros;
29
louvai-o
com címbalos retumbantes.
6 Todo ser que respira
louve
ao SENHOR. Aleluia!
30

AULA 04:
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna,
e são elas mesmas que testificam de mim.” JOÃO 5.39

A Exegese e o Estudo Indutivo

b) EXEGESE:
É o Estudo mais detalhado do texto e/ou palavras do texto.
Para uma boa exegese é preciso ter conhecimentos básicos de nossa
língua. No caso da exegese bíblica, ainda será preciso conhecer as línguas
originais (hebraico e grego). Saber o que é um verbo, adjetivo ou substantivo.
Noções básicas de sujeito e predicado; quando uma frase está coordenada ou
subordinada à outra; a função das preposições e das conjunções.
Uma exegese simples poderá ser feita seguindo os seguintes passos:
1) Leia o texto em voz alta, várias vezes.
2) Observe o assunto do texto a seguir e do anterior (contexto imediato)
3) Qual a estrutura do texto? (história, milagre, parábola, epístola etc.).
4) Pesquise o significado das palavras mais difíceis de entender (dicionário).
5) Anote as características do texto (palavras repetidas, contrastes, comparações,
perguntas etc.).
6) Pesquise as circunstâncias históricas e culturais (Dicionário Bíblico).
7) Reorganize o seu esboço com o que descobriu nesse estudo.

c) O ESTUDO INDUTIVO:
Agora você vai descobrir o ensino do texto e preparar as argumentações.
Faça o cruzamento do seu esboço com o texto novamente e anote:

1. OBSERVAÇÃO:

a) As seis questões básicas:


 QUEM? – Quem são os personagens envolvidos?
“Celebrai com Júbilo ao Senhor todas as terras”
QUEM deve celebrar? “Todas as terras”.
A QUEM se deve celebrar? “ao Senhor”.
 O QUÊ? – O Que sucedeu? Que idéias são expressas? Quais os resultados?
“Celebrai com Júbilo ao Senhor”.
O QUE é celebrar? Celebrar é festejar; comemorar; celebrar é “tornar célebre
alguém ou alguma coisa”.
 ONDE? – Onde aconteceu?
“Celebrai com Júbilo ao Senhor”. ONDE celebrar? Observe que nem todas
as perguntas poderão ser feitas a todos os textos.
 QUANDO? – Qual a época? Qual o fundo histórico (veja um dicionário
bíblico ou uma introdução bíblica).
“Celebrai com Júbilo ao Senhor”. QUANDO celebrar? O tempo verbal do
imperativo enfatiza o imediato, o presente, a urgência.
31
 POR QUÊ? – Quais as razões para o que foi escrito e da forma como foi
escrito.
“Celebrai com Júbilo ao Senhor”. POR QUE celebrar? (no caso do Salmo
100 a resposta está no verso 5: “Porque o Senhor é...”
 COMO? - Como sucederam os acontecimentos? Com que eficiência? Como
os métodos produziram resultados? Como a ação foi realizada?
“Celebrai com Júbilo ao Senhor”. COMO celebrar? “com júbilo”.
Essas seis perguntas são chamadas de perguntas dialógicas, ou seja,
perguntas de diálogo, pois levam o intérprete bíblico a dialogar (conversar) com
o texto.

b) A forma ou estrutura da passagem.


Diz respeito à forma como o autor desenvolve o seu conteúdo.
 O autor faz 3 afirmações pessoais e as explica (Rm 9.1; 10.1; 11.1).
 O autor relaciona 6 figuras para ilustrar um princípio (II Tm 2.3
[soldado], 5 [atleta], 6 [lavrador], 15 [obreiro], 20 [utensílios], 24
[servo]).
 O autor apresenta três razões para justificar sua afirmação (Rm
5.5,6,10 = porque...).
O estilo do texto pode ser uma poesia (Sl 16); narrativa (Josué);
argumentação lógica (I Co 15); discurso (Mt 5-7); conselho (Pv 3); parábola
(Lc 15); profecia (Sf 1).
Para captar o tipo de estrutura observe:
a) O movimento de causa e efeito (I Ts 1).
b) O movimento do particular para o geral (I Ts 2); ou do geral para o
particular (I Ts 5).
c) As citações do Antigo Testamento no Novo Testamento (Rm 10).
d) O uso de ilustrações no texto (Gl 4).
Tome nota de:
 Relatos (I Ts 1). Descrições de como os fatos se deram.
 Exortações ou admoestações (Gl 2.1-14). Palavras de estímulo e
correção.
 Ensino – O Sermão da Montanha (Mt 5-7); a justificação pela fé
somente (Romanos 3.21-5.11); a ressurreição (I Co 15).
 Parábolas – Focalizar a idéia-eixo da história contada, não se
prendendo a detalhes imaginativos sem fim (Lc 15).
 Narrativas – grande parte da Bíblia é composta de textos narrativos.
 Outras formas – Conselho em Provérbios; oráculos nos profetas;
poesia nos salmos (paralelismos; Sinônimo; quiasma; gradações etc).

c) As palavras chaves.
Em alguns textos a palavra chave salta aos olhos. Amor (I Co 13); Fé (Hb
11); Espírito (Rm 8); provação e sofrimento (I Pedro); piedade (I Timóteo).
32
Mas nem todos os textos são assim. Por exemplo, às vezes a tradução
esconde a palavra chave (Sl 37.1,7,8 – indignação, irritação e impaciência). Nem
sempre a palavra que mais se repete é a palavra chave. Em Romanos 3 somos
apresentados a um grupo de palavras importantíssimas para a compreensão de
toda a doutrina da justificação no Novo Testamento (propiciação, justificados,
redenção, justiça e tolerância). O uso de um dicionário bíblico é muito útil nessa
fase da observação.
A princípio esse caminho se mostra difícil e complicado, e é mesmo,
porém, com o tempo adquirimos mais prática. Não precisamos de pressa,
somente de perseverança.

d) Comparações e Contrastes.
As comparações mostram como as coisas se parecem e os contrastes
mostram em que são diferentes. Para observar comparações observe se há no
texto as expressões: “assim como... assim também”, “como”, semelhantemente
etc. registre todas as formas em que as comparações são feitas no texto. Paulo
faz duas comparações entre o seu ministério e o papel dos pais numa família (I
Ts 2.7,11); duas comparações sobre o retorno de Cristo em 5.1-3 (será como a
vinda de um ladrão e como as dores de parto da mulher grávida).
Os contrastes nos são dados geralmente pelas palavras: mas, porém,
contudo, no entanto, entretanto, não, nem. Quando lemos uma narrativa ou
declaração nas Escrituras, devemos considerar as coisas que são parecidas em
certos aspectos, mas diferentes em outros35. Em I Tessalonicenses há diversos
contrastes. A pregação de Paulo visava agradar a Deus e não a homens (2.4);
não devemos dormir, pelo contrário vigiar (5.6).
O livro de Hebreus freqüentemente usa comparações e contrastes
(Hebreus 7: Cristo e Melquisedeque).

e) O uso de referências ao Antigo Testamento.


As únicas Escrituras que as pessoas tinham nos primeiros tempos da
Igreja era o Antigo Testamento. A vinda de Cristo foi o cumprimento das
profecias e promessas do Antigo Testamento. Por essa razão, os escritores do
Novo Testamento citam constantemente o Antigo Testamento a fim de mostrar
de Jesus é o Messias. Em Gálatas e Romanos, Paulo faz uso de citações do
Antigo Testamento para rebater o ensino dos judaizantes (Gl 3 e 4, Rm 9).

f) A progressão de uma cadeia de idéias ou de pensamentos.


Cadeias de pensamento associam idéias semelhantes. Sublinhe em sua
Bíblia frases que expressem idéias semelhantes ou marque com lápis de cor
diferentes. Você terá uma visualização gráfica das principais idéias e
pensamentos do autor. Dê um título para cada cadeia encontrada. Então

35
Walter A. Henrichsen, Métodos de Estudo Bíblico, Mundo Cristão, p.70.
33
pergunte: Como essas idéias se ajuntam para formar o tema ou assunto da
passagem? Veja um exemplo em I Tessalonicenses 2:
v.2: ...tivemos ousada confiança em Deus.
v.3: ...fomos aprovados por Deus.
v. 5: ...nunca usamos de linguagem de bajulação.
v.6: ... jamais andamos buscando glória de homens.
v.7: ... nos tornamos dóceis entre vós.
v.8: ... estávamos prontos a oferecer-vos... não só o evangelho... mas,
igualmente, a nossa própria vida
v.10: Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e
irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros que credes.
v.11,12: ...a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos...
Observe que Paulo está falando do caráter dos ministros cristãos e seu
ministério.
Em II Timóteo 1 podemos ver outro exemplo dessa progressão no
pensamento do autor:
v.8: “Não te envergonhes...”
v.12; “Não me envergonho...”
v.16: “Onesíforo... nunca se envergonhou...”
Esse tipo de progressão pode ser visto também em unidades maiores de texto
com referencia a doutrinas mais complexas, como a da imputação em Romanos
3 a 8:
 3.21-31: A imputação da justiça de Cristo ao pecador.
 4: A imputação ilustrada na vida de Abraão.
 5.12-21: A imputação do pecado de Adão à humanidade.
 6-8: Projeções da imputação na vida do crente.

g) Alerta para as proporções.


Observar as proporções nos ajuda a manter equilíbrio nas ênfases no
estudo bíblico. Observe elementos tais como; A importância do assunto; as
pessoas envolvidas; o fator tempo; a matéria discutida no texto. Veja como isso
funciona observando o fator tempo em Atos dos Apóstolos:

Capítulos 1 2 3-8 9-12 13,14 15 16.1- 18.23- 21.17-


18.22 21.16 28.31
Lapso de 50 dias 1 dia 2 anos 9 anos 1 ano Poucos 2 anos 4 anos 5 anos
tempo e meio dias e meio

Em I Tessalonicenses Paulo menciona a segunda vinda em cada capítulo e


depois trata mais extensamente do assunto nos capítulos finais (1.10; 2.19; 3.13;
4.13-18; 5.1-11).

h) As repetições.
34
Observe repetição de palavras; frases e expressões na passagem em
estudo. Faça um gráfico das repetições. Isso nos ajuda a fazer as perguntas
certas ao texto. Veja um exemplo em I Tessalonicenses 3:
Palavra ou frase Número de repetições Versículos usados
Fé 5 2, 5, 6, 7, 10.
Tribulação 2 3, 7

Ao observarmos repetições, devemos atentar também para omissões.


Devemos perguntar qual a razão da omissão. Exemplo: A palavra “Deus” não
aparece em Ester. “Amor” não aparece em Atos.

i) O uso dos verbos.


Os verbos nos mostram a ação e o movimento da passagem; o que está
sendo feito ou o que está acontecendo. Faça uma lista em separado e observe:
 Qual a ação do verbo? Passada, presente ou futura?
 A maioria dos verbos está na voz ativa, passiva ou reflexiva?
 O modo é indicativo (narrativa), imperativo (mandamento) ou subjuntivo
(dúvida ou desejo)? Observe o uso dos imperativos no Salmo 100!
 Algum verbo se repete?
Em Hebreus 11 os verbos estão na voz ativa e no modo indicativo,
demonstrando que pela fé, participamos ativamente no propósito de Deus para
nossas vidas. Em Efésios 1.3-14 os verbos estão na voz passiva, indicando que a
nossa salvação é obra inteiramente de Deus (monergismo), e que ela aconteceu
fora de nós (na cruz) sendo aplicada dentro de nós pelo Espírito Santo.
Exercício: Anote a mudança nos tempos verbais no Salmo 85. Passado –
Presente – Futuro.
Passado = Versos
__________________________________________________.
Presente = Versos
__________________________________________________.
Futuro = Versos
___________________________________________________.

j) As ilustrações.
Na Bíblia, muitos ensinos são transmitidos por meio de figuras: Jesus
chamava os discípulos de ramos de uma videira (Jo 15); pescadores de homens
(Mt 10); lavradores (Jo 4); ovelhas (Jo 10).

Exercício:
 Somente em Tiago 3 há nove figuras ilustrativas quanto ao uso da língua:
(1)__________; (2)__________; (3)__________; (4)__________;
(5)__________; (6)__________; (7)__________; (8)__________;
(9)__________.
35
 Em II Tm 2 aparecem 6 figuras do obreiro cristão:
(1)____________; (2)____________; (3)____________; (4)____________;
(5)____________; (6)______________.

 Efésios 6.13-17 descreve a armadura do cristão:


(1)____________________; (2)____________________;
(3)_________________;
(4)____________________; (5)____________________;
(6)_________________.

No Salmo 100.3, o povo de Deus é chamado de “rebanho do seu


pastoreio”. Pergunte: Como essa figura esclarece o ensino da passagem? Se não
houver ilustrações ou figuras na passagem estudada, veja se elas aparecem em
outra passagem (paralela) que trate do mesmo assunto.

k) As Explicações.
“Explicação é algo usado para ilustrar, esclarecer, iluminar, descrever, ou
demonstrar”36 um princípio. O tamanho de uma explicação pode variar muito,
desde parte de um versículo, até capítulos inteiros. Siga a lógica de raciocínio do
autor bíblico:
 Qual o seu objetivo? De que modo ele quer atingir esse objetivo?
Como ele apresenta o assunto?
Muitas vezes uma afirmação suscita uma pergunta num versículo, que é
respondida no próximo verso ou no próximo parágrafo. Observe as ligações
entre um parágrafo e outro. Paulo faz uma conclusão em Rm 3.28 e daí (4.1-8)
ilustra sua conclusão com dois exemplos do Antigo Testamento: Abraão e Davi.

l) Palavras e conjunções copulativas.


Preste atenção no uso da expressão “se” (Ex 19.5). Promessas não se
concretizam, porque suas condições não são cumpridas pelos crentes.
 Portanto = introduz um sumário das idéias ou os resultados de alguma ação
(I Co 15.58).
 Porque, pois, então = muitas vezes introduzem uma razão, explicação ou
resultado (Sl 100.5, I Ts 1.5, 9).
 Mas, porém, todavia, contudo = fazem saber que a seguir vem um contraste
(I Ts 5.4; 3.6; Fp 4.13,14).
 Para que, a fim de que = expressões usadas para expor um propósito ou alvo
(I Ts 3.13).

2. INTERPRETAÇÃO.
São três perguntas básicas:
a) Propósito:

36
Walter Henrichsen, Métodos de Estudo Bíblico, p.76.
36
Por que o autor bíblico levanta e trata desse assunto? Às vezes é fácil
descobrir o propósito, pois o autor no-lo dá explicitamente. Esse é o caso do
Evangelho de João. Por exemplo, (Jo 20.30,31) ou Tito (Tt 1.5). Outros livros,
porém, poderão exigir uma leitura mais atenta e pormenorizada para encontrar.
O propósito de Romanos é triplo: esclarecer sua doutrina da salvação pela fé
somente; trocar experiências pastorais com os cristãos de Roma e estabelecer
uma base de apoio para a sua missão evangelizadora à Espanha.

b) Pensamento-Chave:
É o tema ou a idéia principal do livro bíblico. É o resumo do ensinamento
do livro ou texto estudado em uma única sentença ou frase. “O propósito do
tema é enunciar a principal verdade ou o princípio espiritual tão clara e
sucintamente quanto possível”37. Cada passagem bíblica tem apenas um tema
básico e dominante. Ele poderá ser dito de formas diferentes, mas na sua
essência sempre será o mesmo. Exemplos:
Hebreus 11 Viver pela fé.
Romanos 5.1-11 A justificação pela fé.
João 8 Jesus é a luz do mundo.
Salmo 23 O Senhor é o meu pastor.
Filemon Como praticar uma comunhão eficiente.

c) Fluxo:
Como o escritor atingiu o ponto em que está? Como chegou e determinou
o seu tema? O fluxo é o movimento da argumentação, narrativa ou ensino.
Podemos sondar, num estudo sobre oração, por exemplo, como Lucas mostra a
vida de oração de Jesus em seu evangelho; e depois seus desdobramentos na
vida dos discípulos em Atos e nas Epístolas. Paulo trata da eleição de presbíteros
em I Timóteo e Tito, visto que é seu propósito treinar Timóteo e Tito na
implantação de novas igrejas e formação de sua nova liderança.
Fluxo de pensamento em II Timóteo:

O Comportamento do Obreiro Cristão


Capítulo 1 Não se envergonhar do Evangelho (v.8).
Capítulo 2 Sofrer pelo Evangelho (v.3).
Capítulo 3 Permanecer no Evangelho (v. 14).
Capítulo 4 Pregar o Evangelho (v. 2).

3. CORRELAÇÃO.

Correlação é relacionar o que está sendo estudado, com outras porções das
Escrituras dentro do propósito do próprio texto em estudo. Desde que cremos na
origem divina e única das Escrituras, o exercício de correlacionar os ensinos e
doutrinas das Escrituras visa estabelecer a sua coerência interna e por em relevo
a sua capacidade de interpretar a si mesma.

37
Walter Henrichsen, Métodos de Estudo Bíblico, p.82.
37
Os meios básicos pelos quais aplicamos a correlação à exposição bíblica
são: Referencias bíblicas e paráfrases.
a) Referências.
Correlacionamos referencias quando comparamos uma palavra, um
versículo, uma idéia, um acontecimento ou uma história com outra porção das
Escrituras. Uma passagem ajudará a esclarecer a outra.
 Referências de palavras.
Comparamos palavras importantes dentro do texto estudado, buscando no
restante da Escritura o seu uso e aplicação em outros contextos, mas
principalmente em contextos semelhantes. Exemplo: Melquisedeque é citado em
Hebreus 5.6; mas também aparece no capítulo 7. Então averiguamos que fora do
livro de Hebreus, aparece em Gn 14.18 e no Sl 110.4. Podemos fazer pesquisas
semelhantes com as palavras “piedade”, partindo de I Timóteo ou a palavra “fé”,
começando por Hebreus 11, ou ainda “justificação” no pensamento de Paulo em
Romanos 3-8.
Pesquise as expressões celebrai, júbilo e cântico nos Salmos reais (95-
100).
Cantemos ao Senhor com júbilo (95.1); Um cântico novo (96.1,
98.1); com harpa e voz de canto... (98.5,6); celebremos o rochedo da
nossa salvação (95.1); regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas
(97.1); celebrai com júbilo ao Senhor todos os confins da terra (98.4a);
celebrem eles (os povos) o seu nome (99.3) e celebrai com júbilo ao
Senhor, todas as terras (100.1).
 Referências paralelas.
Trata-se de versículos ou pensamentos virtualmente idênticos. “Muitas
vezes a terminologia e o contexto são ligeiramente diversos, dando-lhe nova
compreensão do assunto que está estudando”.38 As editoras bíblicas,
freqüentemente nos dão várias passagens paralelas anotadas no rodapé das
páginas. São exemplos de passagens paralelas: Mateus 6.9-15 com Lucas 11-2-
4”. Em Mateus 6.9 Jesus fala: ‘Vós orareis assim...”, mas em Lucas 11.2, diz:
“Quando orardes, dizei...” As diferenças e as semelhanças são ricas fontes de
material para conclusões sobre o ensino de Jesus sobre a oração. Um outro
exemplo pode ser conferido na abordagem da Parábola do Semeador em Mateus
13.3-23; Marcos 4.3-20 e Lucas 8.4-15.
 Referências correspondentes.
São citações do Antigo Testamento no Novo Testamento. Lucas 4.18 cita
Isaías 61.1,2. É fácil notar que Jesus parou na metade do texto de Isaías nessa
citação; isso porque o cumprimento daquela profecia não foi completo, mas
apenas uma parte se cumpriu na primeira vinda de Cristo, o restante se cumprirá
na segunda vinda. Em Romanos, Paulo cita várias passagens do AT a fim de
comprovar a sua doutrina da justificação pela fé e não pelas obras da Lei. Esse

38
Walter Henrichsen, Métodos de Estudo Bíblico, p.85.
38
método também é muito útil no estudo das epístolas acompanhado pelas
referencias históricas a elas em Atos.
 Referências de idéias.
Visa captar o pensamento do autor no versículo ou parágrafo em estudo e
compará-lo com um pensamento semelhante em outro texto da Bíblia. João fala
de novo nascimento em João 3.1-8. Paulo fala de adoção em Romanos 8.15 e
Gálatas 4.1-7. Já Pedro escolhe o termo regeneração em I Pe 1.23. Termos
diferentes com sentidos idênticos. Outro fato interessante é que em João 3.1-8, o
apóstolo fala que nascemos do Espírito, enquanto que Pedro fala que nascemos
pela palavra. Porque a diferença? Porque não se pode conhecer o Deus vivo sem
as Escrituras, ambos são inseparáveis (Mt 22.29).
 Referencias de contraste.
Exemplos contrastantes nos ajudam a manter equilíbrio em nossa
interpretação das Escrituras. Podemos tirar ensinamentos proveitosos
comparando, por exemplo, a atitude de Jesus frente à tentação e a atitude de
Adão.
Fazer correlação é uma forma salutar de praticarmos o “livre exame” das
Escrituras como defendiam os reformadores do século XVI. Alguns elementos
são de grande ajuda:
 Uma boa concordância bíblica (Bible Works, Concordância Russel Schelp
etc).
 As anotações do rodapé de muitas Bíblias.
 Livros específicos sobre o assunto (enciclopédias cristãs).
 O conhecimento pessoal das Escrituras (Js 1.8; Sl 1.2; Jo 7.17)

b) Paráfrase pessoal.
Redigir o conteúdo do trecho que você está estudando em linguagem
contemporânea. Fazemos isso através de um dicionário de língua portuguesa e
paráfrases já publicadas.
Romanos 12.10 – ARA39 Romanos 12.10 – BLH40 Romanos 12.10 – BV41
“Amai-vos cordialmente uns aos “Amem uns aos outros com “Amem-se uns aos outros com
outros com amor fraternal, carinho de irmãos em Cristo, e afeição fraternal e tenham prazer
preferindo-vos em honra uns aos façam tudo para honrarem uns aos em honrar uns aos outros
outros”. outros”.

c) Outras Versões das Escrituras.


Também é muito útil comparar o texto com outras versões da Bíblia.

39
Bíblia Almeida Revista e Atualizada – SBB.
40
A Bíblia na Linguagem de Hoje, SBB.
41
Bíblia Viva, Mundo Cristão.
39
Romanos 12.10 – ARA42 Romanos 12.10 – BJ43 Romanos 12.10 – ARC44
“Amai-vos cordialmente uns aos “Com amor fraterno, tendo carinho “Amai-vos cordialmente uns aos
outros com amor fraternal, uns para com os outros, cada um outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos considerando o outro como mais preferindo-vos em honra uns aos
outros”. digno de estima”. outros”.
Salmo 100.4 – ARA Salmo 100.4 – BLH Salmo 100.4 – ARC
Entrai por suas portas Entrem pelos portões do templo Entrai pelas portas dele
com ações de graças Com agradecimentos, com louvor
e nos seus átrios, Sim, entrem nos seus pátios e em seus átrios,
com hinos de louvor; Com louvor! com hinos;
rendei-lhe graças Louvem a Deus louvai-o
e bendizei-lhe o nome. E sejam agradecidos a ele! e bendizei o seu nome.

O que é contexto?
São todos os elementos que estão envolvidos com o texto (ao lado do
texto) que contribuem para o seu entendimento. Subdivide-se em Histórico e
Literário.
Pesquise o contexto histórico antes que o literário.45 Seja sempre seletivo
e objetivo na coleta do material pesquisado.
O contexto histórico se subdivide em geral e específico.
a) Geral:
1. Informações sobre o livro.
2. O autor bíblico. Quem escreveu?
3. Ocasião e data. O que o levou a escrever e quando?
4. O propósito do autor ao escrever o livro.
5. Informações sobre os destinatários (localização, situação etc).
b) Específico:
1. O significado e papel de pessoas, lugares e eventos mencionados na
passagem.
2. O meio sócio-cultural do autor e seus leitores.
3. Os costumes e práticas do autor e personagens presentes na narrativa.
4. O pensamento do autor e dos leitores.
Essa pesquisa deve ser seletiva, sendo considerado somente o que for
essencialmente necessário para o entendimento do parágrafo escolhido para a
exposição bíblica.

42
Bíblia Almeida Revista e Atualizada – SBB.
43
A Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulinas..
44
Bíblia Revista e Corrigida, SBB.
45
Joer C. Batista. “Exegese Para Sermão”. Em: Interpretação e Pregação, Ed. Logos, p. 64.
40

A pesquisa do contexto literário deve responder uma pergunta importante:


“Por que isto foi escrito exatamente nesse local?”46 Há três passos a seguir:
1. Qual a natureza literária do texto? Poema, carta, profecia, sabedoria,
narrativa.
2. Qual é o contexto remoto? O livro como um todo; as obras do mesmo
autor.
3. Qual o contexto imediato? Qual a relação do texto escolhido com o
texto imediatamente anterior e posterior? É uma conclusão? Uma explicação?
Uma comparação? Uma ilustração?
A fim de descobrirmos o contexto da passagem precisamos ler o texto de
vários ângulos.47
1. Leitura sintética. Buscar o tema principal, o desenvolvimento do tema e
subsídios para um esboço.
2. Leitura biográfica. Tudo o que lança luz sobre o autor e os destinatários
importantes mencionados no livro bíblico (Dicionários Bíblicos).
3. Leitura histórica. Buscar a situação histórica, social, geográfica e cultural
do escritor e seus leitores originais (Dicionários bíblicos e literatura
específica de introdução bíblica).
4. Leitura teológica. Buscar ensinamentos doutrinários e pressuposições que
levam o autor a argumentar tal como faz na passagem bíblica.
5. Leitura retórica. Notar e alistar as figuras de linguagem.

46
Joer C. Batista. “Exegese Para Sermão”. Em: Interpretação e Pregação, Ed. Logos, p. 67.
47
Veja o excelente livro de Merril C. Tenney, Gálatas, Escritura da Liberdade Cristã, Vida Nova, 3ª ed., 1983.
41
6. Leitura tópica. Buscar os assuntos principais do livro (éticos, práticos ou
doutrinários) e observar se estão presentes no texto escolhido para a
exposição.
7. Leitura analítica. Buscar inter-relacionamentos entre as frases e as palavras.
8. Leitura pastoral. Buscar o interesse original do autor e em que pontos
tocam os ouvintes atuais.
9. Leitura devocional. Buscar o alimento espiritual com atenção à voz de Deus
nas palavras por Ele inspiradas na passagem escolhida.
No caso do Salmo 100, a pesquisa mostrará que ele faz parte do Livro IV
do livro dos Salmos. Está entre os salmos reais: De 95 a 100, que exaltam a
Deus como Rei da terra e do seu povo.
 Ele é o grande rei acima de todos os deuses (Sl 95.3).
 Glória e majestade estão diante dele, que reina e julga as nações (Sl 96.6, 10).
 O seu reinado é a alegria da terra, mas especialmente dos justos (Sl 97.1,12).
 Devemos celebrar com júbilo ao Senhor porque ele vem julgar a terra com
justiça e eqüidade. Ele é o altíssimo sobre toda a terra (Sl 98).
 Ele reina, tremam os povos, porque ele é o rei poderoso que ama a justiça e a
executa com eqüidade (Sl 99.1, 4).
 Devemos servi-lo com alegria, porque, além de ser justo, é bom,
misericordioso e fiel às suas promessas (Sl 100).
É importante entender, por exemplo, como foi instituída a monarquia
judaica e os detalhes da aliança divina com Davi.

4. A APLICAÇÃO:
Faça a seguinte pergunta: Uma vez que o ensino do texto é este, o que
Deus espera que façamos? Então leia o texto outra vez e procure descobrir se há
exemplos de pessoas a seguir, se há ordens a obedecer; se há erros a evitar; se há
pecados a confessar e a abandonar; se há promessas a reivindicar; ou
descobertas a respeito de Deus a conhecer, etc.
Ao montar sua aplicação ou aplicações, procure fazer da seguinte forma:
 Seja seletivo. Pode haver várias aplicações. Escolha algumas das que se
adequarem mais às necessidades da Igreja (dos ouvintes). Procure numerá-las
de acordo com o número de divisões do texto (uma ou duas para cada).
 Seja específico. Ex. “Preciso pedir perdão”. É vago. “Preciso pedir perdão à
minha esposa por ter gritado com ela”; “Preciso pedir perdão ao meu filho
por não ter-lhe levado ao passeio como prometi”; “preciso pedir perdão a
Deus, pois sabia desse ensino e o ignorei” etc.
 Seja pessoal. Troque o “nós e eles” por “você e eu”.
Faça uma aplicação por escrito, conferindo-a com o texto para ver se ela
realmente expressa seu ensinamento de forma clara.
Uma boa aplicação leva em conta também o tipo de auditório que ouve a
exposição bíblica. O puritano William Perkins identificou sete tipos de ouvintes
que comumente estão presentes na igreja para ouvir um sermão: Quatro deles
“são incrédulos (O ignorante e indócil; o ignorante, porém educável; aqueles que
têm o conhecimento, mas não se humilharam; e aqueles que já se humilharam,
42
mas ainda não foram trazidos à liberdade em Cristo) e três já foram salvos
(aqueles que acreditam; aqueles que caíram; e os “mistos” – por exemplo, pais,
jovens e crianças na graça”.48

 Exercício 1:
Lendo Romanos 5.1-11 responda com as frases do texto: (a) Por que a esperança não
confunde e (b) Quem éramos quando Cristo morreu por nós?
a) _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

b) _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

 Exercício 2
No texto a seguir defina:
(13) Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto
dele. (14) Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar (15)
e a exercer a autoridade de expelir demônios. (16) Eis os doze que designou:
Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro; (17) Tiago, filho de Zebedeu, e João,
seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer: filhos do trovão;
(18) André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão,
o Zelote, (19) e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.

a) Tema geral (palavra): ____________________________________________________.


b) Tema específico (frase curta): _______________________________________________.
c) Um FCD: _______________________________________________________________.
d) Nº de divisões naturais com as respectivas frases ou palavras
chaves:_________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
e) Tempo, modo e significado da ação do verbo sublinhado:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

 Exercício2:
Leia o texto de III JOÃO 5-8 e
(1) Faça 5 observações relevantes
(2) Interpretação da frase: “Por causa do Nome foi que saíram”
(3) faça 3 correlações com outros textos bíblicos e
(4) Faça 3 aplicações.

48
Citado por Joel Beeke. Amado Timóteo, Ed. Fiel, p. 216.
43
(5)
Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo
quando são estrangeiros, (6) os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem
farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; (7) pois por causa do Nome
foi que saíram, nada recebendo dos gentios. (8) Portanto, devemos acolher esses irmãos, para
nos tornarmos cooperadores da verdade.
44

AULA 05:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensino, para a repreensão, para correção,
para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.” II Tm 3.16,17

A PROPOSIÇÃO

d) A PROPOSIÇÃO
É a afirmação do assunto que você vai expor e defender. Ela é a
abreviação do sermão em uma frase. Deve aparecer no começo do sermão,
inclusa em sua introdução. Deve ser uma DECLARAÇÃO forte, sugestiva e que
desafia à atenção.
* Características:
- Ela é teológica/doutrinária (Declara um princípio divino/bíblico)
- Ela é didática (fácil de entender e decorar)
- Ela é específica (aponta direto o assunto sem rodeios).
- Ela é breve (formada com poucas palavras).
- Ela é temática (resume o texto/sermão em uma só afirmação).

* Como Montar a Proposição:


a) Ela tem uma afirmação doutrinária/teológica (AT):
Você deve agora, transformar o tema descoberto no esboço em uma
afirmação doutrinária completa, mas que resuma o conteúdo do texto que vai
expor. Na PREGAÇÃO, esta afirmação será uma declaração que intitula e
resume todo o seu sermão e que mostra claramente à Igreja sobre o que pretende
falar.

b) Ela tem uma sentença de transição (ST):


É uma frase desafiante, que estabelece a ligação (ponte) entre a declaração
do tema (afirmação doutrinária/teológica - AT) na introdução e a argumentação
(divisões principais do sermão).

c) Ela tem uma Palavra-Chave (PC):


É uma palavra dentro da sentença de transição (ST) que servirá de elo
para a enunciação das divisões (argumentação). Geralmente deve estar no plural,
pois os sermões geralmente têm duas a mais divisões (expositivos).

Exemplo: Mateus 4.1-11


Tema: Satanás Tenta ao Homem Piedoso (Que Obedece a Deus)
(AT): Satanás sempre irá tentar com astúcia ao homem piedoso, como fez com
Jesus Cristo.
(ST): Este texto nos mostra três tipos (PC) de tentação com os quais tentará nos
derrubar.
I. O primeiro TIPO é (I) Tratar a fome espiritual como alimento material
(V.3,4):
45
II. O segundo TIPO é (II) Testar a capacidade de Deus com proezas
sensacionais (V.5-7):
III. O terceiro TIPO é (III) Trocar o domínio de Deus por poder político
(V. 8-10):

Exemplo: Filemon 4-7


Tema: A Prática de Uma Comunhão Eficiente.
(AT): Paulo convida Filemon a vencer a desilusão com os irmãos e exercer uma
comunhão eficiente para com ele e Onésimo.
(ST): Este texto nos ensina três princípios (PC) para praticarmos uma comunhão
eficiente:
O 1º princípio é (I) Comunhão Eficiente Começa Com Oração (v.4,5)
O 2º princípio é (II) Comunhão Eficiente Deve ser o objetivo da oração
(v.6).
O 3º princípio é (III) Comunhão Eficiente produz conforto espiritual (v.7).

Exemplo: Levítico 9
Tema: Adoração: Os Ritos da Graça.
(AT) Nosso intento, é demonstrar que os ritos da graça (PC) foram dados para
nos conduzir na prática de uma adoração verdadeira e genuína. (ST) Isso por
três razões:
I. OS RITOS DA GRAÇA NOS ENSINAM O CAMINHO DA
SANTIFICAÇÃO V. 1-7.
a) Três sacrifícios seriam oferecidos. (1) Um bezerro para oferta pelo pecado.
(2) Um carneiro para holocausto. (3) Um boi e um carneiro para oferta
pacífica.
b) Porquanto hoje o Senhor vos aparecerá.
c) Obediência aos mandamentos.
II. OS RITOS DA GRAÇA NOS CAPACITAM A TRILHAR O CAMINHO
DA VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE V. 8-21.
a) O significado de cada sacrifício. (1) Purificação. (2) Consagração. (3)
Benção/Dedicação.
b) A ênfase na obediência ao rito prescrito: “Depois” e “então”.
III. OS RITOS DA GRAÇA NOS LEVAM A EXPERIMENTAR A
PRESENÇA DE DEUS ENTRE NÓS V. 22-24.
a) Arão abençoa o povo pela primeira vez.
b) A glória do Senhor apareceu a todo o povo.
c) O fogo do Senhor consumiu as ofertas.
d) Todo o povo jubilou e prostrou-se sobre o rosto. (alegria e reverência).
Conclusão.
O que vamos fazer aqui quando e enquanto cultuarmos a Deus?
1. Vamos obedecer. Pois o obedecer é melhor que o sacrificar (I Sm 15).
2. Vamos colocar nossas esperanças no fogo que Deus vai acender.
3. Vamos viver da graça de Deus e confiar nas realizações da graça em nossas
vidas.
46

AULA 06:
“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados
para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.” I Pe 3.15.

A COMPOSIÇÃO DO SERMÃO

A composição do sermão também se divide em quatro passos:

1) As Divisões Principais (Argumentação):


São as afirmações do texto que comprovam o ensino proposto no seu
tema. É esta argumentação que deverá levar os ouvintes ao entendimento e à
obediência ao ensino do texto. Lembre-se que a estrutura básica do texto é quem
fornece a estrutura da argumentação.49
a) Os argumentos devem ser distintos entre si. Não se repetem.
b) Ordem, movimento e progresso. Tem direção.
c) Acumulação. Eles se movem para frente ganhando mais força.
d) Abrangência. Seus subtítulos ligam as partes da verdade explorada.
e) Naturalidade. Seguem naturalmente as estrutura proposta pelo autor
bíblico, sem acréscimos, decréscimos ou imposições artificiais.
f) Limitadas. Um sermão não deve ter muitas divisões. O modelo de três
pontos é o preferido devido a sua lógica interna. Todavia, se houver a
necessidade de muitos argumentos, pense na possibilidade de se fazer
dois ou mais exposições nesse parágrafo da Palavra.
g) Proporção. Devem evidenciar a mesma proporção utilizada pelo autor
bíblico nas escrituras, ou seguir um padrão homilético equilibrado
gastando o mesmo tempo em cada argumento.
h) Atratividade. Construa o argumento de modo a chamar a atenção para
a verdade!
Agora é o momento de dar forma homilética aos argumentos principais do
texto. Faça as seguintes perguntas:
1) Quais as afirmações do texto comprovam o tema?
2) O que especificamente o texto ensina sobre este tema?
Exemplo: Salmo 100.
Tema: O que é adorar a Deus?
Proposição: (AT): Deus espera que saibamos o que é adorá-lo a fim de
experimentarmos e mantermos uma comunhão mais intima com Ele.
(ST): Este Salmo, de forma muito poética, declara-nos em 4 afirmações o que é
adorar a Deus:
Cada verso fornece um argumento principal.
I. Adorar é Celebrar ao Senhor. v.1
II. Adorar é Servir ao Senhor. v.2
III. Adorar é Saber que o Senhor é Deus. v.3
IV. Adorar é Render Graças ao Senhor. v.4

49
Stuart Olyott, Pregação, Pura e Simples, Ed. Fiel, p.73-76.
47

Os argumentos auxiliares são dados pelas frases secundárias, caso


contrário estaremos fazendo um sermão tópico e não expositivo:
Um critério útil para direcionar a montagem gráfica da argumentação é
seguir o padrão: EXPLICAR-ILUSTRAR-APLICAR. No Salmo 100, por
exemplo. O primeiro argumento é:

I. Adorar é celebrar com júbilo ao Senhor v.1


a) O que fazer? Celebrar.
1º) explique o sentido da palavra “celebrar”.
2º) Mostre o significado do verbo no imperativo.
3º) Faça a ligação (correlação) com o contexto dos salmos reais.
4º) ilustre, se necessário.
5º) faça uma aplicação.

b) Como celebrar? Com júbilo.


1º) Explique o sentido de júbilo.
2º) Compare com o sentido de outras palavras que têm o sentido de alegria.
3º) ilustre. I Crônicas 29.
4º) Aplique. Como eles jubilaram? Como devemos jubilar?

c) A quem celebrar? Ao Senhor.


1º) Explique o sentido e o uso do título “SENHOR” aplicado a Deus. A
expressão é o Tetragrama? (Jeová).
2º) Ilustre com a postura de personagens bíblicos diante de Deus como
“SENHOR”.
3º) Aplique: Exorte à submissão e à dependência.

d) Quem deve celebrar? Todas as terras.


1º) Explique o sentido missionário da expressão “todas as terras”. Faça
correlações.
2º) Ilustre ou cite textos missionários apropriados.
3º) Aplique: qual a relação entre adoração e missões na Bíblia?
Observe que cada subtópico esclarece o argumento principal e o
complementa. Muito mais poderia ser dito sobre adoração, mas a exposição se
limita ao que o parágrafo bíblico propõe. Lembre-se de fazer isso com equilíbrio
e praticidade a fim de não ficar repetitivo ou redundante. Veja o exemplo do
sermão pronto abaixo a fim de entender o que é dito aqui. Terminado esse ponto,
passe para o seguinte usando uma frase de transição.
Lembre-se, porém, que o argumento poderá ficar muito bonito, mas
mesmo assim não expressar com plena fidelidade o ensino do texto, por isso,
confronte-o constantemente com o texto, mudando-o se necessário.

Na pregação, fidelidade é mais importante


que beleza estética, ou o tempo de duração do sermão.
48

2) As Ilustrações:
As Ilustrações são exemplificações práticas da verdade ensinada no
sermão (exposição bíblica). São como as janelas de uma casa; fazem a luz
entrar, tornando-a clara. Seu objetivo é associar o ensino à prática, mostrar como
ele se aplica no dia a dia das pessoas. Como usá-las?
a) Use ilustrações que se encaixam e reforçam o ensino do texto, e não
piadinhas sem razão de ser. Se usar de humorismo, faça-o de forma a
reforçar o ensino do texto. “A coisa mais importante em uma ilustração é
que esteja em subordinação à mensagem”.50
b) As ilustrações devem ser claras de forma que seja impossível não
compreender o princípio bíblico que ilustram.
c) Breves. Ilustrações longas desviam a atenção dos ouvintes da Palavra de
Deus para elas mesmas.
d) Não use muitas ilustrações, pois, poderão tirar a objetividade de sua
exposição, confundindo em vez de esclarecendo o entendimento. Seja
equilibrado. Exemplo: No interior de Goiás, um pastor usou mais de 30
ilustrações em um só sermão. Um crente em vez de prestar atenção no
ensino contou todas elas.
e) Evite ilustrações com exageros. Você ensina a verdade, e não fantasia ou
fábulas (II Pd 1.16). Elas devem ser exatas naquilo que afirmam.51
f) Variedade. Pesquise e aprenda a utilizar formas diferentes de ilustrações.

De onde tirá-las?
a) Da própria Bíblia - Muitas verdades são exemplificadas pelos próprios
personagens bíblicos.
b) Dos jornais, revistas, livros que lê; fatos da vida da Igreja (com cautela);
experiências pessoais etc.
c) Livros de biografias cristãs (missionários e líderes da igreja do passado).
d) Manuais de ilustrações.

 Exercício:
Leia o texto de III JOÃO 5-8 e:
(1) Determine um tema e seu FCD para a exposição do texto.
(2) Faça um esboço homilético simples do texto, contendo os argumentos
principais e os subtópicos extraídos do texto.
(3) Escreva uma Proposição para o sermão.
(4) Escreva uma conclusão com 3 aplicações.
(5) Escreva uma frase final impactante para o sermão.
(5)
Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo
quando são estrangeiros, (6) os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem
farás encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; (7) pois por causa do Nome

50
Stuart Olyott, Pregação, Pura e Simples, Ed. Fiel, p. 93.
51
Stuart Olyott, Pregação, Pura e Simples, Ed. Fiel, p.98.
49
foi que saíram, nada recebendo dos gentios. (8) Portanto, devemos acolher esses irmãos, para
nos tornarmos cooperadores da verdade.
50

AULA 07
“Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.”
Mateus 22.29

A COMPOSIÇÃO DO SERMÃO (II)

3) A Conclusão e a Introdução:
São as menores partes da exposição. O objetivo da Introdução é ganhar a
atenção, e o da conclusão é reforçar o ensino (resumindo ou recapitulando),
desafiando os ouvintes à obediência.

* A Conclusão:
Faça as seguintes perguntas ao seu texto:
a) Qual ação o texto espera de mim e dos ouvintes da exposição bíblica?
b) O que devemos fazer para que este ensino aconteça na prática?
c) Quais as aplicações práticas que posso sugerir aos ouvintes?
A conclusão deve ser clara, breve, pessoal, desafiadora, persuasiva e
prática.52 Dizer simplesmente no final da exposição: “_ Que Deus abençoe essa
mensagem” _ significa dizer: “Não tenho a mínima idéia de como vou terminar
esta pregação”.53

2. Objetivos das Conclusões


Uma das razões por que a conclusão é muito importante é a probabilidade
de que os ouvintes se lembrem mais da conclusão do que qualquer outra parte da
mensagem. A conclusão é a meta da exposição bíblica, tornando tudo o que foi
dito antes tanto claro quanto constrangedor. Isso não quer dizer que a conclusão
deva ser uma afirmação bombástica ou a expressão da eloqüência do pregador,
mas a expressão da profundidade e do pensamento eficaz, que revela a
sinceridade e a tranqüilidade do pregador. Nas palavras de G. Campbell
Morgan: “A conclusão precisa concluir, incluir e impedir”,54 ou seja, encerrar a
mensagem, incluir o que previamente foi dito e impedir que haja a possibilidade
de se perder as implicações e as conseqüências da mensagem.
São componentes das conclusões:
a) Recapitulação. Não precisa ser grande, mas uma sentença concisa é mais do
que suficiente.
b) Exortação. O pregador cita pensamento anterior, e emoções do momento,
exortando aos ouvintes a procederem de acordo com o impulso da exposição
bíblica. A conclusão não deve tão somente concluir, mas fundamentalmente,
MOTIVAR, mobilizar a vontade dos ouvintes a que se conformem aos
imperativos de Deus explicitados na exposição do texto das Escrituras.
c) Elevação. A exposição bíblica deve ficar clara na conclusão como algo
significante, vital e comovente. Se a mensagem não comove nem o próprio
52
Veja o tópico – APLICAÇÃO da aula 05.
53
Howard Hendricks, Ensinando Para Transformar Vidas, Betânia, p.83.
54
G. Campbell Morgan, citado por Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.266.
51
pregador, certamente não comoverá aos demais. O máximo que ela fará será
demonstrar a sua fragilidade. A mensagem deve terminar como um impulso
que vai direto à vontade, sendo um apelo ao coração.
d) Terminação. Ao terminar, termine; mesmo que a conclusão não sirva a
outros ideais homiléticos, será válida, se fechar a exposição bíblica de forma
decisiva.

Tipos de Conclusões.
Dois tipos predominam:
a) Estilo imponente. O pregador salienta na escolha das palavras empregadas
que a exposição chegou ao seu clímax; resumindo, exortando e terminando a
mensagem focalizando a importância da mensagem. Sua vantagem é sua
abordagem direta.
b) Relato de interesse humano. Esse tipo tem a vantagem de envolver os
ouvintes como poucos outros métodos conseguem fazê-lo. Seus perigos são a
manipulação das emoções dos ouvintes e digressões do tema central do texto
bíblico. “As conclusões não devem produzir emoções nem evitá-las”.55

Precauções (Sugestões) Quanto às Conclusões.


a) Poesias e citações. A menos que expressem exatamente o objetivo do
pregador, não devem ser freqüentemente escolhidos como conclusão da
mensagem, pois transferem a outro a palavra final e podem causar
rapidamente a perda do interesse pelos ouvintes.
b) Notas importantes. Isso quer dizer, concluir positivamente a mensagem. A
exposição deve sempre apontar um raio de esperança e uma luz no fim do
túnel. “O pregador que abandona uma congregação abatida, desesperada e
pessimista com relação ao seu pecado ou situação fracassou ao pregar... Todo
sermão desencorajador é um sermão perverso... Um homem desalentado não
é uma vantagem, mas um risco”.56
c) Anticlímax. Chapell afirma que as conclusões funcionam melhor se houver
apenas uma por mensagem.57 Porém, isso só acontece se as aplicações da
conclusão se estenderem por um tempo maior do que deveriam ter.
d) Perguntas retóricas. As perguntas retóricas transferem aos ouvintes a
consideração das questões levantadas pela mensagem e durante a
apresentação da mesma, bem como tendem a tornar o assunto tão geral, que
esvaziam a mensagem de seu poder persuasivo. As conclusões devem
explicitar o raciocínio do pregador e sua perspicácia em apontar caminhos de
aplicação do texto da mensagem. As conclusões e as aplicações revelam a
capacidade pastoral do pregador em conduzir o rebanho tanto quanto em
alimentá-lo adequadamente.

55
Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, ECC, p.270.
56
Ibid, p.270/71..
57
Ibid, p.271.
52
e) Envoltório. Retornar à introdução, com a finalidade de envolver a mensagem
num todo único e coerente. Isso comunica destreza, meditação e preparação
conscienciosa da mensagem.
f) Preparação profissional. Mais do que apelos veementes as conclusões
precisam ser palavras poderosas que induzem à ação responsiva ao conteúdo
da mensagem. Por isso, a última frase a ser dita no fim da exposição bíblica
precisa dispensar atenção especial. Deve ser uma frase vigorosa, que ecoa de
um ponto anterior da mensagem, ou de uma expressão do próprio texto
bíblico ou mesmo uma frase simples, cunhada para penetrar fundo na alma
dos ouvintes. Ela deve ser clara e distinta, feita para ficar na memória.
Assim, é preciso gastar tempo pensando sobre ela. Chapell, lembra que
não faz sentido gastar o menor tempo da preparação da exposição naquele
aspecto da pregação que detém o maior poder espiritual!58
g) Finalmente. Discute-se se deva ou não anunciar a conclusão. Contudo, o
importante é frisar que se a conclusão foi anunciada, então ela deve concluir
e a exposição chegar ao fim.

* A Introdução:
É o meio pelo qual ganhamos o direito de sermos ouvidos. Ela deve ser
chamativa a ponto de levar o ouvinte a querer saber do texto bíblico as respostas
ao tema que propomos expor. Pergunte a si mesmo:
a) Como posso propor esse assunto de forma a despertar interesse?
b) Quais os cinco acontecimentos recentes que estão na mente dos ouvintes e
que relacionam com o assunto do texto?
c) Quais as necessidades dos ouvintes que o texto toca?
d) Com qual exemplo bíblico ou histórico poderia introduzir o texto?
e) Que frases curtas que eu usar “fisgarão” a atenção dos ouvintes?
Procure escrever tanto a conclusão como a introdução inteiras, pois são
elas que lançarão o texto à vida prática das pessoas. Na introdução, você trás os
ouvintes para dentro do texto; na conclusão, você coloca o texto em seus
corações, para levá-los consigo para a vida cotidiana, que começa logo após o
culto.

Objetivos das Introduções


a) Despertar interesse pela mensagem. Esperar interesse automático pela
exposição é um milagre que não se deve esperar. “na introdução, você precisa
adentrar o mundo das pessoas e persuadi-las a acompanhá-lo ao mundo da
verdade bíblica, e especificamente, da verdade que é o peso do sermão”. 59 Uma
introdução mal preparada desfigura toda a mensagem.
A introdução precisa tocar, ainda que em diferentes níveis, no senso da
imaginação, admiração, apreciação pelo passado e no temor do futuro, dos
insultos e de compaixão dos ouvintes. Segundo, Bryan Chapell, o que torna uma

58
Ibid, p.273.
59
Bill Hogan, citado por Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.248.
53
introdução interessante “são os aspectos indicativos de que a mensagem causará
impacto na vida dos ouvintes”.60.
b) Apresentar o tema da mensagem. A função da introdução não é atrair a
atenção apenas, mas é atrair a atenção para o tema do texto da exposição
bíblica.
c) Demonstrar interesse pelos ouvintes. A introdução responde á pergunta:
“Por que deveria lhe escutar sobre o que você vai falar?” Isso é importante
porque a exposição da palavra deverá tocar suas vidas e não somente as suas
mentes.
d) Preparar para a proposição. A introdução deve ser construída de tal forma
que conduza á proposição do tema da exposição. Os elos da corrente
precisam ser relacionados. No fim das contas a introdução deverá ter a
seguinte dinâmica:
 Provocar interesse.
 Apresentar o tema.
 Torná-lo pessoal. Indicar os motivos da exposição; o foco das necessidades
dos ouvintes e tornar cada ouvinte necessitado de ouvir a mensagem.
 Vincular à Escritura.
 Fixar a proposição.
Se a introdução for inconsistente o corpo da exposição ficará prejudicado.
Por uma questão de equilíbrio, proporção e coerência interna da exposição
homilética, todos os termos-chave da proposição devem resplandecer na
introdução antes de aparecerem na própria proposição.61

2. Tipos de Introduções.
a) Relato de interesse humano. Uma breve história da experiência de uma
pessoa com quem os ouvintes são compelidos a identificar-se.
b) Simples declaração. Declara simplesmente o intento do pregador com a
exposição.
c) Declaração assustadora. Pretende sacudir os ouvintes a fim de que prestem
atenção. Esse tipo de método não pode ser utilizado toda semana, pois perde
o impacto desejado.
d) Pergunta provocativa. Seu objetivo é provocar reflexão.
e) Outras opções. Citações; estatísticas; relatos bíblicos ou casuais; poesias etc.
f) Principais ofensores. Recapitulações históricas e literárias, pois se
confundem com a contextualização e quebram o interesse inicial.

3. Precauções em Relação às Introduções.


a) Distinguir a introdução da Escritura.
b) Aprimorar a introdução do sermão.
 Seja breve. A demora pode demonstrar incertezas quanto ao tema e
direção que deve tomar a exposição.

60
Ibid, p.250.
61
Ibid. p.254.
54
 Mantenha-se no foco.
 Seja autêntico.
 Seja específico. As melhores introduções começam com o específico em
vez de oferecer o óbvio.
 Seja profissional. As introduções precisam ser bem preparadas e
planejadas. Por isso devem ser escritas.

4) Frases de Transição:
As transições são frases que visam costurar os componentes do esboço da
exposição Bíblica estabelecendo harmonia e progressão entre as partes.

1. Objetivos das Transições


As transições têm uma função quádrupla:
a) Estabelecem a relação entre as partes da exposição; da introdução com o
corpo da exposição, e da argumentação com a conclusão. Essa ligação é mais
que o estabelecimento de conexões lógicas, pois cria também relações
psicológicas, emocionais e estéticas, harmonizando o ritmo da exposição
bíblica.
b) Sinalizam o progresso e a direção da exposição aos ouvintes.
c) Associar os tópicos atuais com a discussão anterior, articulando a boa
comunicação da mensagem, evitando que o sermão seja a mera apresentação
de blocos separados e desconexos.
d) Uma vez que os ouvintes não podem ver o esboço da exposição, as transições
mostram aos ouvintes quais pensamentos são importantes, quais os
secundários, e como se relacionam entre si.

2. Tipos de Transições
a) Declarações entrelaçadas. Caracterizada por frases do tipo: “Não só..., mas
também”, que retorna a comentários precedentes, apontam para a discussão
que se inicia e juntam os dois.
Exemplos:
 “Se isto é verdade, então estas são as implicações...”
 Nossa compreensão não estará completa se não considerarmos também...”
 Outras expressões que estabelecem ligação: Entretanto, portanto,
consequentemente, não obstante.
b) Perguntas dialógicas. São diferentes das perguntas retóricas, que deixam as
respostas para os próprios ouvintes responderem. As perguntas dialógicas
estimulam a discussão posterior. Se o pregador está atento às perguntas que
vão surgindo na mente dos ouvintes, e faz essas perguntas em voz alta ao
texto no decorrer da exposição, está usando um instrumento retórico
eficiente. Cumular a exposição de perguntas que levam os ouvintes para
dentro do debate com o texto e o autor bíblico, estimula o interesse na
mensagem. Porém, é preciso estar ciente de que, se as perguntas não forem
adequadas e as respostas não forem claras, o suposto diálogo se tornará árido
e aumentará a desconfiança na capacidade hermenêutica do pregador.
55
c) Enumerar(1,2,3...) e listar (a, b, c...). Embora esse método seja considerado
pouco criativo, orienta os ouvintes quanto aos estágios da exposição e seu
progresso. Deve-se portanto, evitar listar além dos pontos efetivamente
principais, não descendo aos detalhes dos pontos secundários. Chapell chama
essa atitude de “insensibilidade retórica”.62 Evite dizer: “Em terceiro lugar”,
se não tiver dito antes do ponto anterior: “Em segundo lugar”.
d) Pintura de quadro. Uma ilustração isolada também pode agir como uma
transição com imagens ou relações dentro da história, com os pontos da
exposição, indicando como as seções do esboço se ligam.
e) A transição da introdução e as subdivisões dos assuntos. A área de transição
mais importante dentro da exposição é a que aparece entre a introdução e o
início da argumentação, pois função é sinalizar o que vai ser tratado na
exposição como um todo. Nesse caso específico, vale o que foi dito sobre a
construção da proposição nas seções anteriores.
Cada subdivisão deve ser precedida por uma pequena frase de transição
que liga os pontos e pontua o progresso e a direção da exposição bíblica.

5) A Finalização do Esboço:

O que você leva para a frente? Tudo escrito, algumas anotações sugestivas
para a lembrança; nada? Depende dos dons e a capacidade de memória que Deus
te deu associados ao propósito do sermão preparado; e também da ocasião e
oportunidades propostos. Deus te orientará a desenvolver o seu próprio estilo de
pregação, o qual com a prática, associada à observação de outros pregadores, te
farão amadurecer.
Lembre-se, porém, que seu estilo deve ser submisso ao texto bíblico e ser-
lhe fiel (I Co 4.1).
Você poderá escrevê-lo à mão, digitá-lo ou datilografá-lo; poderá usar
folhas de cadernos pequenos ou grandes. Isso não diminuirá sua autoridade. O
que diminui a autoridade é a infidelidade à Palavra de Deus e ao Senhor que te
dá o privilégio de ensinar a Sua Palavra.
O esboço da exposição bíblica, no entanto, precisa ter uma forma que te
ajude ao máximo a repassar o que aprendeu no estudo.

Conclusão
As técnicas nunca devem ser aplicadas mecanicamente, mas debaixo de
um certo grau de criatividade e inovação. Contudo, “nunca faça qualquer coisa
sempre”, pense e planeje o que vai falar.
Por outro lado, Chapell aconselha a lembrarmo-nos de que nenhuma soma
de habilidades homiléticas substituirão a operação do Espírito Santo. O que dá
verdadeiro êxito à exposição bíblica não se ela tem uma introdução exuberante
com uma conclusão eficaz, ornada de suaves transições, mas se ela comunica
verdades que transformam. Os sermões só funcionam quando o Espírito Santo

62
Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.277.
56
trabalha além da perícia humana aplicando a palavra de Deus ao coração dos
ouvintes segundo a vontade e o desígnio de Deus (Is 55). Se nos esquecermos
que somos servos e arrogantemente quisermos fazer aparecer nossos nomes por
detrás do sucesso de nossos sermões, estaremos forçando a bondade daquele que
nos permite o privilégio da pregação. “Servimos melhor quando não só
dependemos do Espírito Santo para capacitar nossas palavras, mas também
quando as empregamos com a finalidade de honrá-lo”.63

Eis um modelo gráfico da forma de um esboço:

TEXTO:

TEMA:

INTRODUÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO

AFIRMAÇÃO TEOLÓGICA - AT
+
SENTENÇA DE TRANSIÇÃO

DIVISÕES OU ARGUMENTAÇÃO
I - 1º Argumento
a) Subdivisão
b) Subdivisão
II - 2º Argumento
a)
b)
c)
III - 3º Argumento

APLICAÇÕES



APELO CONCLUSÃO

FRASE FINAL

63
Brian Chapell, Pregação Cristocêntrica, p.280.
57
Obs: A aplicação e/ou apelo estão inclusos na conclusão como propostas
oferecidas aos ouvintes desafiando-os à prática e/ou decisões.

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Esboço de Exposição Bíblica Pronta

Texto - Salmo 100.


Tema - “Adoração: O Que é Adorar No Culto”.
INTRODUÇÃO:
Ilustração: Um culto multilíngüe comemorativo nos EUA, no final da década de 1980.
 As críticas quanto á adoração manifestam:
1) Um Conflito de gerações.
2) A ignorância das Doutrinas Bíblicas.
3) A falta de uma espiritualidade cristã autêntica.
4) A busca da atratividade.
Contexto:
O Salmo 100 faz parte do Livro IV do livro dos Salmos. Faz parte dos salmos reais: De 95 – 100, que
exaltam a Deus como Rei da terra e do seu povo.
PROPOSIÇÃO:
(ST) Este salmo nos ensina pelo menos quatro princípios básicos e claros da adoração cristã,
respondendo-nos a pergunta: (AT) O que é (PC) adorar no culto?
I – ADORAR É CELEBRAR AO SENHOR V.1
O que é celebrar?
a) Com júbilo.
Ilustração: O filme “O Nome da Rosa”
b) Todas as terras.
II – ADORAR É SERVIR AO SENHOR V.2:
O que é servir?
a) Com alegria.
b) Com cântico.
Ilustração: A Reforma do século XVI reintroduziu na liturgia da Igreja o canto congregacional.
III – ADORAR É SABER QUE O SENHOR É DEUS. V.3
a) Ele é Deus.
1) Pessoal - tem personalidade própria
2) Espiritual - transcendente.
3) Santo - não habita com o pecado.
b) Ele nos fez.
c) Pertencemos a Ele.
1º) Somos o seu povo.
2º) Somos o seu rebanho.
IV – ADORAR É BENDIZER O NOME DO SENHOR V.4
“Bendizer” significa... Como elogiamos a Deus?
a) Com ações de graça.
b) Hinos de louvor.
 Falta de senso crítico.
 Ênfase no “Show”.
 Ou na solenidade “Escocesa”.
c) Render graças e bendizer o nome.
CONCLUSÃO: Qual a conclusão a que o salmo nos leva?
1º) Adoramos porque o Senhor é bom.
2º) Adoramos porque a sua misericórdia dura para sempre.
3º) Adoramos porque Ele é fiel.
APLICAÇÕES:
58
1) O centro do culto é Deus.
2) A expressão firme da alegria no canto é diretamente proporcional à intimidade que temos com Deus.

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Exposição Bíblica Pronta

Texto - Salmo 100.


Tema - Adoração: O Que é Adorar No Culto.
Autor e data: Rev. Hélio O. Silva = Uruaçu-GO = 13/10/1991.
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INTRODUÇÃO:
Ilustração: Um pastor brasileiro contou-nos certa vez uma experiência que viveu em um
culto multilíngue comemorativo nos EUA, no final da década de 1980.
 A entrada das delegações das Igrejas do 1º Mundo foi marcada por muita formalidade e
solenidade ao som de um sonoro órgão de tubos.
 As delegações das igrejas do 3º mundo, diferentemente, foram marcadas por
informalidade e alegria, ao som de rufantes tambores africanos.
Nesse culto, as duas coisas, formalidade e informalidade, uniram-se para
formar a beleza da adoração cristã naquele evento.
Nenhuma das delegações fez nada de errado, pois suas práticas de culto encontravam
apoio nas Escrituras.
Uma pergunta que precisamos levantar sinceramente é a seguinte: Quais os motivos
que nos levam a adorar na realidade? Constatamos que existem muitas dificuldades na forma
como entendemos o culto cristão e suas implicações para a nossa vida cotidiana.
 As críticas geralmente levantadas entre nós manifestam:
1º) Um Conflito de gerações.
Jovens e adultos querendo que a sua forma de cultuar tenha hegemonia, evidenciando no
corpo de Cristo uma tremenda falta de comunhão. Será que há lugar para as crianças
adorarem também no culto público? Alguém se pergunta: Para quem é o culto?
2º) A ignorância das Doutrinas Bíblicas.
O que a Bíblia diz e ensina muitas vezes é trocado pelo “eu penso e eu acho...”. Muitos já
compraram o seu achômetro e o antenaram com as últimas novidades da moda musical e
litúrgica evangélica.
3º) A falta de uma espiritualidade cristã autêntica.
 Piedade.
 Intimidade com Deus.
 Temor.
4º) Uma outra questão melindrosa, mas não menos importante, é a busca da
atratividade, que visa fazer do culto uma experiência mais que agradável, mas
simplesmente fantástica, do crente com Deus; correndo-se o perigoso risco de
transformar o culto em SHOW. Um show é mostrar o que somos capazes de fazer. A
atenção se move de Deus para os homens. Será que Deus é realmente cultuado? Ou será
que os cristãos cultuam-se a si mesmos quando procedem assim?
Paulo sustenta em Efésios 2.18, que a liberdade para adorar a Deus vem da inclusão do
pecador perdoado no corpo de Cristo, fora do qual sua experiência de adoração é incompleta.
Não insuficiente, mas verdadeiramente incompleta. Adoração é o mover grato e reconhecido
do pecador em direção ao Deus que o fez viver quando devia morrer. A adoração nos leva na
direção de Deus e não o contrário.
59
Adoração autêntica, segundo a Bíblia, nasce da experiência da Justificação do
pecador, pela obra maravilhosa de Cristo na Cruz. Ela vem da obediência simples aos
imperativos de Deus na Bíblia.

Contexto:
Alguns desses imperativos divinos são encontrados nesse salmo. O Salmo 100 faz
parte do Livro IV do livro dos Salmos. Está entre os salmos reais: De 95 a 100, que exaltam a
Deus como Rei da terra e do seu povo.
 Ele é o grande rei acima de todos os deuses (Sl 95.3).
 Glória e majestade estão diante dele, que reina e julga as nações (Sl 96.6, 10).
 O seu reinado é a alegria da terra, mas especialmente dos justos (Sl 97.1,12).
 Devemos celebrar com júbilo ao Senhor porque ele vem julgar a terra com justiça e
eqüidade. Ele é o altíssimo sobre toda a terra (Sl 98).
 Ele reina, tremam os povos, porque ele é o rei poderoso que ama a justiça e a executa com
eqüidade (Sl 99.1, 4).
 Devemos servi-lo com alegria, porque, além de ser justo, é bom, misericordioso e fiel ás
suas promessas (Sl 100).

Proposição:
Este salmo nos ensina pelo menos quatro princípios básicos e claros da adoração
cristã, respondendo-nos a pergunta: O que é adorar a Deus no culto?

A primeira verdade ensinada no texto é:


I - ADORAR É CELEBRAR AO SENHOR V.1

a) O que é celebrar?
Celebrar é comemorar com explosões de louvor a pessoa e a obra de Deus. É um grito
de homenagem para o único rei verdadeiro. O Salmo 95.1 nos convoca a demonstrarmos toda
alegria que a confiança em Deus produz em nossos corações. Devemos celebrar com júbilo ao
Senhor porque ele é o rei vitorioso que vem julgar a terra com justiça e eqüidade (Sl 98.4-9).

Portanto, como devemos adorar?


b) Com júbilo.
A expressão “júbilo” aponta para uma alegria intensa. O alvo dessa alegria é o próprio
Deus! Notem que a celebração é voltada para Deus, que é o Senhor. A celebração só tem
razão de ser em função de quem Deus é e faz. Ele é o SENHOR e ele governa com justiça.
Deus é a fonte da nossa alegria. Ele não é um Deus triste
Ilustração: O filme “O Nome da Rosa” gira em torno de um tema intrigante. A proibição do
riso vinha do entendimento que Deus é sério e compenetrado, e que por isso rejeita o riso na
sua presença. O foco do filme é bem exemplificado no debate entre o Frei William e o Frei
Jorge sobre a utilidade do riso para a fé. Cremos que não há conflito entre fé e razão, mas que
as duas atuam nas suas esferas complementarmente, pois se não fosse assim, não haveria
razão de estar escrito nas Escrituras palavras como as de Neemias 8.10: “A alegria do Senhor
é a vossa força”.
O mundo faz festas para ver se encontra alegria. A igreja faz festas porque Deus é a
sua alegria!

Quem deve celebrar a Deus?


c) Todas as terras.
Essa expressão significa todas as nações do mundo. Essa é, portanto, uma expressão
missionária, pois o nome de Deus precisa ser adorado por todas as nações, e em todas as
nações.
60
O Salmo 67.1,2 nos lembra que quando Deus abençoa o seu povo, este povo o faz
conhecido entre os povos.

A segunda verdade ensinada no texto é:


II - ADORAR É SERVIR AO SENHOR V.2:

a) O que é servir?
Servir é o exercício de funções obrigatórias, e não remuneradas. Servir é para
escravos (Deus é Senhor). Quando Cristo morreu por nós na cruz, Ele estava PAGANDO o
preço da nossa salvação! Paulo argumenta em II Co 5.14-17, que uma vez que pertencemos a
Ele, devemos viver para ele. O mesmo Ele o faz em Romanos 6.
Logo, culto não é opção, é obrigação e necessidade de todo aquele que foi REMIDO
por Deus em Cristo.
1º) Obrigação.
Porque o Salmo 29.1,2 fala que devemos “Tributar a glória devida” a Deus. Adoração
e louvor são devidos a Deus. São coisas que não podemos deixar parar depois. Adorar não é
fazer um “favorzinho” para Deus se der tempo, mas é o cumprimento de nossas obrigações
como seus servos que somos.
2º) Necessidade.
Porque o Salmo 42.2, afirma que nossa alma tem sede de Deus, do Deus vivo das
Escrituras.

b) Com alegria.
Assim como a celebração, o serviço também deve refletir a nossa alegria. A pergunta
lógica e necessária de ser feita é a seguinte: Como é possível servirmos como escravos e ainda
assim sermos alegres? É só lembrar que o nosso Senhor não é mau, mas bondoso,
misericordioso e fiel (v.5). Quando conhecemos a bondade de Deus temos prazer em serví-lo.

c) Com cântico.
O Cântico é uma das principais expressões de alegria na Bíblia. A palavra hebraica
demonstra firmeza na voz. (quando o cântico não é firme é porque não há alegria em Deus).
Vozes tristes não têm firmeza quando cantam.
A servidão do Senhor é melhor que a servidão do mundo, pois é uma servidão
libertadora e que cura.
Ilustração: A Reforma do século XVI reintroduziu na liturgia da Igreja o canto
congregacional. Redescobriu-se a alegria de todos cantarem juntos a Deus mais uma vez.
Outra verdade relacionada ao cântico na adoração é o que está no Salmo 98.4-6.
Devemos celebrar com júbilo, e o nosso júbilo faz uso de muitos tipos diferentes de
instrumentos musicais. Harpa, trombetas, buzinas. O objetivo do uso desses instrumentos é
exultar perante o Senhor, que é rei, e celebrar a sua justiça, que fez notória a sua salvação
perante os povos (Sl 98.2). Não usar deses instrumentos, por escolha própria, pode implicar
em desobediência a Deus, e não em obediência a ele, pois o seu uso como parte da celebração
também é imperativo, pois os dois textos dizem: CELEBRAI!

A terceira verdade é:
III - ADORAR É SABER QUE O SENHOR É DEUS. V.3

a) Ele é Deus.
“Saber” significa ter a consciência de que adoramos a um Deus que conhecemos e
podemos continuar a conhecer. Nós o conhecemos pelos seus atributos pessoais comunicáveis
(Amor, bondade, verdade etc). Nós o conhecemos por sua revelação pessoal na encarnação e
vida de Jesus Cristo.
61
Adoramos a um Deus que é:
1) Pessoal - tem personalidade própria
2) Espiritual - transcendente.
3) Santo - não habita com o pecado.
b) Ele nos fez.
Nós adoramos ao nosso criador. Atos 17.26,28 nos ensina que fomos criados à
imagem e semelhança de Deus. Deus nos criou para o adorarmos e nos alegrarmos nele para
sempre (Pergunta nº1 do Breve Catecismo de Westminster). Portanto, nosso culto deve estar
cheio de gratidão.

c) Pertencemos a Ele.
1º) Somos o seu povo.
Deus livrou a Israel do Egito para ser o seu povo. “Vós sereis o meu povo e Eu serei o
vosso Deus” é a frase que estabeleceu a aliança, o pacto com Deus. A Igreja é o povo de
Deus, livre do pecado para viver proclamando a sua maravilhosa graça e luz (1 Pe 2.9,10).
2º) Somos o seu rebanho.
Sua relação conosco é a do pastor com as suas ovelhas. Deus cuida de nós, por isso o
adoramos em amor. Ele nos ouve e nos acode (Sl 40.1-6). Ele nos guia e protege (Sl 23).
Em João 10, o Senhor Jesus nos ensina que as ovelhas conhecem a voz do bom pastor
e o seguem. Ele deu a sua vida por nós, suas ovelhas.

A quarta e última verdade é:


IV - ADORAR É BENDIZER O SEU NOME V.4

a) O que é bendizer?
“Bendizer” significa elogiar, glorificar, dar louvor. (reconhecer o seu valor próprio).
Como elogiamos a Deus?

b) Com ações de graça.


Nosso culto de adoração deve ser cheio de gratidão. Efésios 5.4 mostra que a gratidão
é uma das marcas da santidade. Gratidão produz alegria e não tristeza. Nossos lábios devem
ser cheios de palavras que transmitam graça ou gratidão (Ef. 4.29). Nossos cânticos devem ser
repletos de gratidão, tanto nas suas próprias letras como na atitude com que os cantamos para
Deus.

c) Com Hinos de louvor.


O salmista fala de hinos que engrandeçam o nome de Deus.
Creio que o grande problema da música na Igreja tem a ver com o fato de que nossos
compositores têm feito canções que vendem e que falam aos corações dos homens, mas não
falam nada de Deus ou para Deus. Vejam só as letras: “A minha fé é assim”; “o crente que ora
tem poder...” Ou em estilos parecidos. Onde estão os salmos de louvor?
 Falta de senso crítico. Os critérios que as equipes de louvor usam na escolha da música
nem sempre são baseados na verdade da Palavra, mas no carismatismo do cantor; no
balanço da melodia; ou na capacidade de expressar um jargão da época. Numa época é
“Deus é 10” e na outra é “Eu quero é Deus”.
 Ênfase no “Show” ou na solenidade “Escocesa”. Precisamos buscar músicas que nos
levem à presença de Deus e não que o desagradem (músicas que não passam de
estereótipos de uma época). Show ou conservadorismo podem desagradar a Deus se o que
se busca é um estilo que nos agrade e não a Deus. Temos de reconhecer que muitas vezes
queremos impor sobre Deus os nossos gostos musicais sem perguntar o que ele acha. Você
62
já leu Amós 5.21-23. O v.21 diz que tanto as festas quanto as assembléias solenes de Israel
o desagradavam. Por que? Porque não havia justiça na vida dos adoradores! (v.24).

d) Render graças e bendizer o nome.


Apresentar a nossa gratidão de forma cúltica é como uma rendição, aceitar a vitória de
Deus nas nossas vidas. No final, sabemos que Deus venceu por isso nós vencemos e
venceremos no futuro.
Por que bendizer. O Salmo 96.1-5 diz que é porque o seu nome é excelso, ou seja, está
acima de tudo. O Senhor é grande, mas os deuses não passam de ídolos!

CONCLUSÃO (v. 5):


Qual a conclusão a que chegamos?
Quais são as razões que nos levam a cultuar a Deus com louvor? O verso 5 nos
responde prontamente a essa pergunta:
1º) Adoramos porque o Senhor é bom.
Ele tem nos abençoado (Ef. 1.3). Deus gosta de nos presentear como um pai que ama
os seus filhos (Lc 11).
2º) Adoramos porque a sua misericórdia dura para sempre.
Deus é misericordioso. Ele tem perdoado os nossos pecados constantemente e
eternamente. Pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). Deus
nos livrou definitivamente do inferno e do Lago de Fogo! Aleluia!
3º) Adoramos porque Ele é fiel.
Deus é leal para conosco. Cumpre todas as suas promessas. Por isso precisamos
aprender a sermos fiéis a Ele também.

APLICAÇÃO:

1) O centro do culto é Deus. O centro da alegria no culto também é, quando buscamos


alegria em nós mesmos, tornamo-nos vazios da alegria de Deus, que é a única verdadeira.

2) A expressão firme da alegria no canto é diretamente proporcional à intimidade que


temos com Deus.
A vergonha da voz, o medo de errar e a timidez podem ser vencidos pelo desejo de
adorar com todo o coração. Sem contar que sempre podemos aprender a melhorar a nossa voz,
acompanhando a quem tem um timbre de voz melhor que o nosso, ou nos matriculando em
aulas de canto. Isso é algo bom, se o nosso desejo for “tanger com arte e com júbilo” ao
Senhor (Sl 33.3).

Frase final:
O segredo da adoração que agrada a Deus é a obediência que encontra a sua alegria
nas ações de Deus a nosso favor. Elas mudaram e continuam mudando o rumo de nossas
vidas.
63

AULA 08:
“Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” II TM 4. 2-4

PLANEJAMENTO DE EXPOSIÇÕES BÍBLICAS


EM SÉRIE PARA A IGREJA.

1. Planejar Esquemas diferentes Para situações diferentes. Por exemplo:


Um programa de exposição sistemática das Escrituras para pelo menos
uma das reuniões da semana. Outra reunião para preleções doutrinárias
(Teologia Sistemática) e uma série especial e diferenciada mais curta de
exposições bíblicas para o domingo à noite.

2. Fazer uso do calendário eclesiástico anual (Páscoa, Pentecostes, Natal e


fim de ano), incluindo as datas históricas da denominação (aniversário da
igreja, fundação da igreja local, conferência missionária etc).

3. Explorar o Planejamento pastoral da Igreja Local.


a) Considerar a freqüência aos cultos como padrão de sua pregação (o
culto de Ceia, as datas comemorativas etc).
b) Um planejamento pastoral que seja didático e administrativo. O alvo
principal é levar o povo de Deus a obedecer à Palavra de Deus.

4. Equilibrar O Antigo Testamento com o Novo Testamento. Quando há


dois cultos por domingo. Se pregar no Antigo Testamento de manhã,
pregar no Novo Testamento à noite. Exemplo: Anunciando Todo o
Desígnio e Encontros com Deus no Antigo Testamento e Encontros com
Deus no Novo Testamento.

5. Equilibrar Teologia Bíblica com Teologia Sistemática.

6. Imitar Bons Expositores Contemporâneos: John Stott, Russel Shedd,


Augustus Nicodemus, Mauro Meister etc.

Exemplos práticos:
I. SÉRIES QUE SEGUEM O PADRÃO DO PRÓPRIO LIVRO BÍBLICO

Aprender a pensar em parágrafos para a exposição bíblica é muito


importante. A própria estrutura gramatical e semântica do texto serve de base
para a formulação de exposições bíblicas em série. Por exemplo: Efésios.
Na segunda parte da epístola aos Efésios, Paulo aplicará todo o ensino a
respeito da igreja apresentado nos capítulos 1 a 3. Fica claro que os
relacionamentos dos cristãos receberam um impacto transformador:
 Com os irmãos (4.1-16), com o mundo (4.17-5.21),
 Com o cônjuge (5.22-33),
64
 Com os filhos (6.1-4),
 Com patrões e empregados (6.5-9)
 E com o mundo espiritual (6.10-20).
Cada parágrafo pode ser preparado para a exposição em série.
Tomando por base somente os versos 10-20 do capítulo 6, pode-se
preparar uma série de exposições sobre a batalha espiritual:
(1) A Batalha Espiritual (6.10-12).
(2) A Armadura de Deus (6.13-18).
(3) Oração Para Vencer na Luta Espiritual (6.18-20).
Os versos que tratam da armadura de Deus podem ser trabalhados de
forma ainda mais abrangente subdividindo em duas ou três exposições bíblicas;
agrupando os elementos da armadura de dois em dois ou três em três:
(1) O Cinto da Verdade e a Couraça da Justiça v.14.
(2) As Sandálias do Evangelho e o Escudo da Fé v. 15,16.
(3) O Capacete da Salvação e a Espada do Espírito v.17.

Uma série de exposições bíblicas sobre a espiritualidade cristã em


Gálatas 5 e 6 não tomaria mais que dois meses no culto dominical, vacinando
os ouvintes contra o excesso de misticismo que reina nas igrejas, além de
mostrar a simplicidade da espiritualidade cristã.
1. 5.13-15 = Liberdade Cristã e Espiritualidade.
2. 5.16-6.10 = O Espírito Santo e Espiritualidade Cristã: Sete Afirmações da
Conduta Cristã.
3. 5.16-18,24 = Espiritualidade Cristã: Uma Batalha Contra a Carne.
4. 5.19-21 = Obstáculos à Espiritualidade: As Obras da Carne.
5. 5.22,23 = A Natureza do Fruto do Espírito (Exposição introdutória).
6. 5.22,23 = O Fruto do Espírito: Sinal de Maturidade Espiritual (2ª exposição).
7. 5.24-26 = A Regra do Espírito: O Caminho Cristão da Vitória.
8. 5.25-6.10 = A Regra do Espírito: Uma Nova Espiritualidade.

Uma exposição de Apocalipse no culto do meio de semana pode ser


organizada simultaneamente com exposições pastorais das sete cartas às igrejas
da Ásia Menor no culto de domingo à noite. Seguindo a estrutura do
“paralelismo progressivo” segundo é apresentado no livro Mais Que
Vencedores, de Willian Hendriksen,64 cada bloco pode ser preparado para uma
exposição mais abrangente, ou cada capítulo exposto dentro do padrão triplo do
paralelismo.
A exposição das cartas no domingo certamente despertará o interesse pela
presença no culto do meio de semana. Organizando uma série de 9 exposições
para o domingo, 2 no capítulo 1 e uma para cada carta, é possível percorrer todo
o livro em no máximo 5 meses. Ao terminar a exposição das cartas, o conteúdo
da exposição do restante do livro já estaria bem mais avançado.

64
W4illian Hendriksen, Mais Que Vencedores, Editora Cultura Cristã, 1ª ed., 1987.
65
DOMINGO QUARTA*
1 1.1-8 = Apocalipse: Revelação da Soberania de 10 e 11 Introdução ao Paralelismo Progressivo em
Jesus Cristo Apocalipse
2 1.9-20 = Apocalipse: O Cuidado de Jesus Cristo 12 a 15 Ap 4-7 = Os Sete Selos
Por Suas Igrejas
3 2.1-7 = Éfeso: De Volta ao Primeiro Amor 16 a 18 Ap 8-11 = As Sete trombetas
5 2.8-11 = Esmirna: A Riqueza da Fé 19 a 21 Ap 12-14 = Cristo X O Dragão
6 2.18-29 = Tiatira: Disciplina Para Proteger o 22 e 23 Ap 15 e 16 = As Sete Taças
Testemunho
7 3.1-6 = Sardes: Uma Igreja Sem Luz! 24 a 26 Ap 17-19 = A Queda do Dragão
8 3.7-13 = Filadélfia: Pequena, Mas Fiel. 27 a 29 Ap 20-22 =
O Triunfo Final de Cristo e Sua Igreja
9 3.14-22 = Laodicéia: É Preciso Recuperar o Zelo

Um Modelo aplicado a I Coríntios:

Texto Tema Proposto


1 1.1-3 Os Motivos da Epístola: Santificados Para Viver em Santidade
2 1.4-9 A Atuação da Graça
3 1.10-17 Enfrentando o Problema do Partidarismo
4 1.18-31 A palavra da Cruz: O Paradoxo da Salvação
5 2.1-5 A Natureza da Proclamação do Evangelho
6 2.6-16 O Evangelho: Uma Sabedoria Superior
7 3.1-11 Princípios de Crescimento Sadio Para a Igreja
8 3.10-17 Elementos de Um Serviço Cristão Responsável
9 3.18-4.21 A Humildade Como Requisito Básico da Pregação do Evangelho
1 5 Disciplina e Exclusão
11 6.1-11 O Litígio Entre Irmãos
12 6.12-20 A Santidade do Corpo
13 7 Instruções Sobre A Sexualidade Cristã.
14 8 Liberdade Limitada Pelo Amor
15 9 Exemplo de Conduta Que Glorifica o Evangelho
16 10.1-13 Quando a Liberdade se Torna Uma Nova Escravidão
17 10.14-22 O Real Significado da Idolatria
18 10.23-11.1 Edificando Uma Consciência Tranqüila Fortalecendo a Comunhão
19 11.2-16 O Uso do Véu: Modéstia e Submissão no Culto
20 11.17-22 A Celebração da Ceia: O Melhor Transformado em Pior
21 11.23-32 A Ceia do Senhor: Sacramento da Santidade e da Comunhão
22 12.1-11 A Centralidade do Espírito Santo na Manifestação dos Dons
23 12.8,9 Os Dons Espirituais I (Sabedoria, Conhecimento e Fé)
24 12.9 Dons de Curar
25 12.10,11 Os dons Espirituais II (Operação de Milagres, Profecia, Discernimento de
Espíritos, Línguas e Interpretação das Línguas).
26 12.12-27 Unidade e Diversidade na Igreja
27 12.28-31 A Aplicação da diversidade Quanto Aos Dons na Vida da Igreja
28 13 O Amor é o Caminho Superior das Experiências Espirituais
29 14.1 Definindo a Profecia
30 14.2-12 Dando Prioridade ao Que Edifica mais
31 14.13-19 A Dificuldade das Línguas no Culto
32 14.26-35 Tudo No Seu Devido Lugar – Línguas, Profecia e Revelação
33 14.36-40 A Superioridade das Escrituras Sobre as Manifestações Espirituais
34 15.1-19 As Provas da Ressurreição
35 15.20-34 A Ressurreição e o Reino de Deus
36 15.35-49 A Natureza do Corpo Ressurreto
37 15.50-58 A Transformação dos Vivos e a Vitória Final Sobre a Morte
66
38 16 Conclusão: Pessoas e Projetos (A Obra Continua).

II. SEGUINDO UM CRITÉRIO TEMÁTICO.

1. A Unidade da igreja,
(1) João 17 = Para Que Todos sejam Um.
(2) Efésios 4.1-6 = Preservando A Unidade do Espírito.
(3) Efésios 4.7-16 = Chegando À Unidade do Espírito.
(4) Filipenses 2.1-4 = Aprendendo a Ser Um.

2. Preparar a Igreja para uma Conferência Missionária ou educar uma


congregação recém formada a ter compromisso missionário:
(1) João 17 = Como o Pai me Enviou, Eu Também Vos Envio.
(2) Atos 1.8 = A Dinâmica Missionária do Espírito Santo.
(3) Atos 13.1-4 = Igreja Local e Missões.
(4) Filipenses 4.10-20 = Igreja Local e Sustento dos Missionários.

3. Eleições:
(1) Êxodo 18.21 = O Caráter dos Homens Públicos.
(2) Juízes 9.1-21 = Os Políticos e Suas Campanhas
(3) 2 Crônicas 1 = O Cristão e seu Envolvimento Político.
(4) Romanos 13.1-7 = Obediência À Autoridades Civis. Ou ainda uma quinta
exposição de 2 Reis 5: A Relação Igreja-Estado no Episódio Naamã/Eliseu.

4. Reuniões de Oração: Uma exposição devocional sobre o Pai Nosso


1. A Pessoa do Pai (6.9).
2. A vontade do Pai (6.10).
3. A Provisão do Pai (6.11).
4. O Perdão do Pai (6.12).
5. A Proteção do Pai (6.13).
6. Nossa Obediência ao Pai (6.14,15).

Uma palavra final


1. Embora a série aborde progressivamente um dado assunto, cada
exposição em particular precisa ser completa em si mesma. Dê a devida
atenção ao contexto.

2. Toda série de exposições precisa ser elaborada debaixo de um critério


pastoral, que visa falar às necessidades imediatas dos ouvintes, mas que
também visa educá-los para compromissos com Deus a curto, a médio e a
longo prazo.

3. Cada exposição bíblica deve exortar, consolar e edificar os ouvintes (1 Co


14.3).
67
4. Seja flexível, mas não seja relaxado!
Em algumas ocasiões poderá ser necessário fazer uma pausa na série
expositiva para atender a uma necessidade urgente.
Em uma igreja local o pastor estava expondo o evangelho de Marcos
quando um acidente grave causou a morte de uma filha de um presbítero da
igreja na madrugada do domingo. O pastor expôs Apocalipse 4 no culto fúnebre
no domingo pela manhã e substituiu Marcos por uma exposição sobre a morte
de Lázaro em João 11. Foi uma experiência decidamente consoladora para a
família e para a igreja e uma sábia decisão do pastor. No domingo seguinte
retomou a seqüência da exposição de Marcos.

CONCLUSÃO:

1. O expositor bíblico não pode ser escravo do seu tempo, mas manter sua
mente cativa às Escrituras. Sua tarefa não é agradar a modismos teológicos e
ideologias, mas, como fiel despenseiro e arauto, anunciar a vontade de Deus
à pessoas.

2. O expositor bíblico trabalha de forma organizada, assim como o texto


bíblico é organizado por Deus. Desorganização leva a desorganização, mas o
oposto também é verdadeiro. Se o líder cristão tem o texto bíblico como
critério de conduta e pregação, a igreja aprenderá a fazer o mesmo.

3. O expositor bíblico deve estar consciente da importância e das vantagens


da exposição bíblica, e assim deve se dispor a pagar o preço de ser um bom
exemplo para os demais pregadores; não pela arrogância e soberba, mas pela
submissão e dependência ao que Deus lhe falou nas Escrituras.

4. O expositor bíblico tem como sua característica principal, não a


criatividade, mas a fidelidade à Palavra. Expor as Escrituras não é um
espetáculo, muito menos um drama, mas a exposição simples e cristalina do
Cristo crucificado e ressurreto, até ser ele gerado no coração dos ouvintes da
pregação cristã no culto (Gl 3.1 e 4.19).
Quem assim procede, será bom ministro de Cristo, é a promessa de Deus!
68

AULA 09:
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres.. II Tm 4.16

RECOMENDAÇÕES PASTORAIS

Entregar um sermão ou fazer uma exposição bíblica não é falar à frente da


Igreja ou de pessoas somente. Envolve também a sua consagração pessoal,
postura, tom de voz e gestual. Portanto, aceite essas recomendações:
1ª) Não negligencie a oração e a comunhão com Deus. Sem elas, a semente será
lançada, porém, não haverá chuva para fertilizá-la.
2ª) Tome uma postura discreta, que possibilite chamar a atenção mais ao que
você fala do que para você mesmo. Paulo diz que o exercício físico é pouco
proveitoso, mas a piedade é muito proveitosa (I Timóteo).
3ª) Demonstre respeito. Pelo texto e pelos ouvintes. A forma como manuseia a
Bíblia diante de outros; as palavras que usa no linguajar demonstram isso.
4ª) Não se justifique quanto à sua mensagem (“_eu não estudei direito; vocês
sabem que eu não sei nada; eu não tive tempo” etc.) Fale com convicção o que
você aprendeu. Você está falando a verdade de Deus que precisa ser ouvida e
obedecida, a não ser que não creia no que aprendeu do texto!
5ª) Procure aprender a fazer bom uso de sua voz, variando o tom e a velocidade
de acordo como ritmo do próprio texto e da emoção que Ele (o texto) produz em
você (isso é obra do Espírito Santo). Um mesmo tom de voz causa desinteresse.
6ª) Gesticule, porém, faça-o de forma a auxiliá-lo na exposição e te dar maior
liberdade de expressão do conteúdo do texto. Seja natural e não um
exibicionista. Procure sempre o equilíbrio.
7ª) Seja organizado. Assim as pessoas perceberão que o estudo da Bíblia é algo
que realmente vale a pena, e você demonstrará respeito para com as coisas de
Deus.
8ª) Confie na direção de Deus. Você não está falando de coisas puramente
humanas, mas das verdades eternas de Deus, o seu PAI celestial, seu Salvador
amado, seu Supremo Pastor.
9ª) Seja fiel, o resto está nas mãos de Deus.
10ª) Guarde na lembrança: I Tm 4.6-16 e I Co 3.4-9. Medite nesses textos, e
trabalhe com diligência.
69

AULA 10
Homilética Para Professores de Crianças

Não existe muita diferença entre preparar uma lição bíblica e fazer uma
exposição Bíblica (ou sermão).
 Ambos trabalham com o texto bíblico.
 Ambos devem ser fiéis ao que está escrito na Bíblia.
A diferença básica é o auditório (crianças), a linguagem (simples) e o
tempo (menor). O maior erro dos professores de crianças é sua total dependência
da história pronta do autor utilizado. Algumas dicas são úteis sempre:
1. Confira com a Bíblia tudo que o autor da história bíblica escreveu.
2. Procure contar a história pela Bíblia e não o contrário.
3. Conte a história seguindo um esboço homilético do texto bíblico da lição.
Ops: Esboço homilético? O que é isso?! Vamos ver um pouco sobre isso:

Preparando um esboço homilético:


O esboço homilético é o esqueleto da passagem bíblica, é a estrutura de
sustentação da história bíblica, que guarda em si o movimento das idéias do
texto e sua distribuição harmônica. Esse esboço deve:
 Mostrar as idéias do texto na ordem em que elas aparecem (seqüência).
 Por em relevo as principais idéias do texto naturalmente (visual).
 Demonstrar o conteúdo real do texto, sem qualquer interpretação ou adornos.
Exemplo: Salmo 100. Tema: Adoração. O que o texto fala exatamente
sobre o tema da adoração? O QUE É ADORAÇÃO?

SALMO 100 >>Salmo de ações de graças>>


(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios,
com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Fase 1: Destacar as classes gramaticais (verbos principais, substantivos e adjetivos,


preposições e conjunções).

Salmo 100 <<Salmo de ações de graças>>


(1) Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.
(2) Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
(3) Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos;
somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.
(4) Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de
louvor;
rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.
(5) Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre,
70
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Fase 2: Separar as frases principais das subordinadas.


Use as perguntas dialógicas: Quem? O que? Como? Quando? Por Quê? Onde?

Salmo 100 <<Salmo de ações de graças>>


(6) Celebrai (o que fazer?)
com júbilo (como celebrar?)
ao SENHOR, (a quem celebrar?)
todas as terras. (quem deve celebrar?)
(7) Servi
ao SENHOR
com alegria,
apresentai-vos diante dele
com cântico.
(8) Sabei
que o SENHOR é Deus;
foi ele quem nos fez,
e dele somos;
somos o seu povo
e rebanho do seu pastoreio.
(9) Entrai
por suas portas
com ações de graças
e nos seus átrios,
com hinos de louvor;
rendei-lhe graças
e bendizei-lhe o nome.
(10) Porque
o SENHOR
é bom,
a sua misericórdia dura para sempre,
e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Fase 3: Pré-esboço homilético:

FRASES PRINCIPAIS FRASES SUBORDINADAS


I - Celebrai ao Senhor V.1 a. Com Júbilo. (como?).
b. Todas as Terras (quem?).
II - Servi ao Senhor V.2 a. Com alegria (como?).
b. Com cântico (como?).
a. Ele nos fez (Criador)
III - Sabei que o Senhor é Deus V.3 b. Dele somos (Senhor – pertencemos a Ele).
c. Somos o seu povo (Rei).
d. Rebanho do seu pastoreio (Pastor)
a. Entrar por suas portas (onde?)
IV - Rendei-lhe graças V.4 b. Com ações de graças (como?)
c. Apresentar-se diante dele (o que?).
d. Com hinos de louvor – Nos seus átrios
(como? Onde?).
e. Bendizei-lhe o nome (o que?)
Conclusão - Porque (uma explicação) d. O Senhor é bom.
71
(por quê?) - (motivação/razão) e. Sua misericórdia dura para sempre.
f. Sua fidelidade - “dura de geração em
geração”.

Esboço Homilético
Texto - Salmo 100. Tema - “O Que é Adorar a Deus?”.

I – ADORAR É CELEBRAR AO SENHOR V.1


a) O que é celebrar?
b) Com júbilo.
c) Todas as terras.

II – ADORAR É SERVIR AO SENHOR V.2:


a) O que é servir?
b) Com alegria.
c) Com cântico.

III – ADORAR É SABER QUE O SENHOR É DEUS. V.3


b) Ele é Deus.
4) Pessoal - tem personalidade própria
5) Espiritual - transcendente.
6) Santo - não habita com o pecado.
d) Ele nos fez.
e) Pertencemos a Ele.
1º) Somos o seu povo.
2º) Somos o seu rebanho.

IV – ADORAR É BENDIZER O NOME DO SENHOR V.4


c) Com ações de graça.
d) Hinos de louvor.
e) Render graças e bendizer o nome.
CONCLUSÃO: Qual a conclusão a que o salmo nos leva?
1º) Adoramos porque o Senhor é bom.
2º) Adoramos porque a sua misericórdia dura para sempre.
3º) Adoramos porque Ele é fiel.

APLICAÇÕES:
4) O centro do culto é Deus.
5) A expressão firme da alegria no canto é diretamente proporcional à intimidade que temos
com Deus.

Como as histórias bíblicas geralmente ocupam mais que um parágrafo, precisamos


dividir os blocos de pensamento
Ao contarmos a história da anunciação (Lucas 1.26-38), geralmente as editoras
publicam apenas um esboço que sintetiza a história, mas que não afirma nenhuma lição.
Podemos fazer mais do simplesmente ensinar:
(1) O anjo Gabriel visitou Maria - v.26-30.
(2) O anjo Gabriel anunciou o nascimento de Cristo - v. 28-35.
3) Maria atendeu ao que o anjo disse - v.36-38.
72

Podemos trabalhar afirmativamente o texto assim:


(1) O nascimento de Cristo foi uma obra de Deus - v.26-30
 O anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus (v.26).
 Maria recebeu o favor de Deus (v.28).
 Maria não precisava ter medo (v.30)
(2) Maria será a mãe de Jesus, o Salvador (v.31-35)
 Ele será grande.
 Será chamado Filho do altíssimo.
 O Senhor lhe dará o trono de Davi.
 Ele reinará para sempre.
(3) O nascimento de Cristo será um grande milagre de Deus (v.36-38)
 É um milagre do Espírito Santo.
 Deus não conhece impossíveis.
Conclusão: Maria obedeceu a Deus (v.38).

Cada ponto pode ser ensinado enquanto se conta a história sem mudar o estilo de ser
uma história.
Cada ponto pode ser a afirmação do ensino para a criança salva (ECS). O ensino para
a criança não salva (ECNS) é o “plano de salvação” que pode facilmente ser apresentado na
mensagem acima.
1. Por que Deus enviou Gabriel?
Porque ele nos ama.
3. Por que era importante que Jesus fosse tudo isso?
Porque ele veio para morrer pelos nossos pecados.
3. Como eu posso receber a Cristo?
Obedecendo a palavra de Deus como Maria fez.

O importante a fazer é sempre montar a lição Bíblica partindo do ensinamento


principal do texto e não simplesmente contar uma historinha para as crianças. Crianças
precisam ser doutrinadas tanto quanto os adultos. A diferença é que as doutrinas precisam ser
ensinadas com uma linguagem mais simples a fim de que elas entendam. Linguagem simples
não é gíria, mas é usar palavras mais fáceis de entender. As histórias bíblicas sempre são
ilustrações e aplicações das doutrinas bíblicas, sempre quando a personagem faz o que Deus
manda ou quando o desobedece.
Portanto, tudo o que aprendemos no estudo bíblico semanal pode e deve ser aplicado
na forma como estudamos as histórias bíblicas para ensinar às crianças.

Conclusão:
1º) Nunca prepare sua lição bíblica sem antes ler com atenção o texto Bíblica.
2º) Corrija sua lição pelo que está escrito na Bíblia.
3º) Tenha em casa um bom livro de Teologia Sistemática.
4º) Aprenda homilética expositiva.
a) Prega a Palavra – Karl Lackler – Vida Nova.
b) Pregação Pura e Simples – Stuart Olyot – FIEL.
c) Pregação Cristocêntrica – Brian Chappell – ECC.
73
BIBLIOGRAFIA

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Reformata vol. IV, nº 1, Janeiro-Junho, São Paulo, 1999.
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BLACKWOOD, A. W., A Preparação de Sermões, 3ª ed., ASTE/JUERP, São Paulo, 1984.
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DEL PINO, Carlos, e outros. Interpretação e Pregação, Logos, Goiânia, 2005.
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HENRICHSEN, Walter A.. Métodos de Estudo Bíblico, 3ª ed., Ed. Mundo Cristão, São
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LAWSON, Steven J., A Arte Expositiva de João Calvino, Ed. Fiel, São José dos Campos,
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LLOYD-JONES, D. Martyn. Pregação e Pregadores, 2ª ed., Ed. Fiel, São Paulo, 1986.
MARINHO, Robson Moura, A Arte de Pregar: A Comunicação na Homilética, Ed. Vida
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MEISTER, Mauro F., “Pregação no Velho Testamento: É Mesmo Necessária?”. Em:
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NORTH, Stafford. Pregação: Homem & Método. Ed. Vida Cristã, 1971 (edição inglesa).
OLYOTT, Stuart, Pregação Pura e Simples, Ed. Fiel, São José dos Campos, 2008.
PIPER, John, Supremacia de Deus na Pregação, Shedd Publicações, São Paulo, 2003.
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REIFLER, Hans Ulrich, Pregação ao Alcance de Todos, Ed. Vida Nova, 1993.
SEAN, Manual Para Pregadores Iniciantes: Uma Introdução ao Estudo da Homilética,
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SHEDD, Russel P.. Palavra Viva, Extraindo e Expondo a Mensagem, Vida Nova, São Paulo,
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STOTT, John R. W.. O Perfil do Pregador, SETE/SEPAL, Recife/São Paulo,1991.
__________, Eu Creio na Pregação, Ed. Vida, São Paulo, 2001.
__________, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, ABU, 2ª ed., São Paulo, 1998.
__________, “Biblical Preaching is Expository Preaching. In: Kantzer, Kenneth S. (ed.),
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WIERSBE, Warren W. A Crise de Integridade, Ed. Vida, 1991.
BIBLIA EM AÇÃO, Pregando com os Mestres, CDROM, Vida Nova, São Paulo, 2000.
74

APÊNDICE 1
“Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo.” I Tm 1.8

REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA65


01. Parta da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade.
02. A Bíblia interpreta a si mesma. Um texto é explicado por outro.
03. A fé salvadora e o Espírito Santo são-nos necessários para compreendermos
e interpretarmos as Escrituras.
04. Interprete a experiência pessoal à luz da Bíblia, e não a Bíblia à luz da
experiência pessoal.
05. Os exemplos bíblicos só têm autoridade quando amparados por uma ordem.
06. O propósito básico da Bíblia é mudar nossas vidas, não aumentar o nosso
conhecimento.
07. Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar
pessoalmente a Palavra de Deus.
08. A história da Igreja é importante, mas não decisiva na interpretação das
Escrituras. (A igreja não determina o que a Bíblia ensina; a Bíblia determina o
que a Igreja ensina).
09. As promessas de Deus na Bíblia toda estão disponíveis ao Espírito Santo a
favor dos crentes de todas as épocas.
10. A Escritura deve ser interpretada em seu sentido natural, de acordo com a
intenção original do autor bíblico.
11. Interprete o texto em harmonia com seu contexto. “Texto fora de seu
contexto é pretexto para uma heresia”.
12. A Bíblia foi escrita em contexto histórico próprio, portanto só pode ser
compreendida plenamente à luz da história bíblica.
13. Você precisa compreender a Bíblia gramaticalmente, antes de compreendê-
la teologicamente (doutrinariamente).
14. Eu só posso considerar uma doutrina como sendo bíblica, quando ela
resumir ou incluir tudo o que a Escritura diz sobre ela.

65
Walter A. Henrichsen, Princípios de Interpretação da Bíblia, Mundo Cristão.
75

APÊNDICE 2

As Classes Gramaticais

1. Substantivo – gato, professor, Maria.


É a palavra que dá nome a pessoas, animais, lugares, objetos ou seres em geral.
 Comum – arroz, casa, parque.
 Próprio – José, Goiânia, Lago de Genesaré.
 Concreto – pedra, cavalo.
 Abstrato – amor, bondade, compaixão.
Formação:
 Primitivo e derivado.
 Simples e composto.
Flexão:
 Gênero.
o Masculino.
o Feminino.
o Epiceno.
o Comum de dois.
o Sobrecomum.
 Número.
o Singular.
o Plural.
 Grau.
o Aumentativo.
o Diminutivo.
Locução substantiva.

Artigo – o, a, os, as, um etc.


É a palavra que acompanha e caracteriza o substantivo.
 Classificação.
 Definido – o, a, os, as.
 Indefinido – um, uma, uns, umas.
Gênero
 Masculino.
 Feminino.
Número.
 Singular.
 Plural.

Adjetivo – lindo, velho, bondoso.


É a palavra que dá qualidade ao substantivo.
 Formação.
o Primitivo e derivado.
o Simples e composto.
 Gênero – masculino e feminino.
 Número – singular e plural.
 Grau .
o Comparativo.
 De igualdade.
 De superioridade.
 Analítico.
 Sintético.
 De inferioridade.
o Superlativo.
 Relativo.
 De superioridade.
 De inferioridade.
 Absoluto.
 Analítico.
 Sintético.
76
 Locução adjetiva.

Numeral – um (1 e/ou I), segundo.


É a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
 Algarismos
o Romanos (I,V,X).
o Arábicos (1,2,3).
 Numerais.
o Cardinais – um, dois, três.
o Ordinais – primeiro, segundo, terceiro.
o Multiplicativo – dobro, triplo.
o Fracionários – meio, quarto, onze avos.
 Gênero – masculino e feminino.
 Número – singular e plural.

Pronome - eu, meu, aquele.


É a palavra que substitui ou acompanha o substantivo indicando as pessoas do discurso.
 Pessoal
o Reto – eu, tu, ele, ela.
o Obliquo – me, mim, comigo; te, ti, nos, vos, lhe, se, si etc.
 Reflexivo.
 Não reflexivo.
o De tratamento – você, o senhor, vossa senhoria...
 Possessivo - meu, minha, teu, nosso, seu...
 Demonstrativo – este, aquele, isso, mesmo, próprio, o, as...
 Indefinido – alguém, ninguém, algum, todo, tudo qualquer, quaisquer...
 Interrogativo – quem, que, qual, quais, quanto...
 Relativo – que, quem, onde, o qual, cujo, quanto, quanta...
Flexão:
 Gênero – masculino e feminino.
 Número – singular e plural.
 Pessoa – primeira, segunda e terceira.
Locução pronominal. Ex. todo aquele que...

Verbo – estar, vender, partir, por.


É a palavra que indica ação, estado ou fenômeno da natureza.
Classificação:
 Regular – radical inalterado.
 Irregular – alterações no radical.
 Anômalo – radicais diferentes.
 Defectivo – não se conjuga em todas as formas.
o Impessoal.
o Pessoal.
o Unipessoal.
o Abundantes.
o Auxiliar.
Conjugação: 1ª, 2ª e 3ª.
Variação:
 Pessoa – eu, tu, ele, nós, vós, eles.
 Número – singular e plural.
 Tempo
o Pretérito.
 Imperfeito – andava, devia, partia.
 Perfeito – andei, devi, parti.
 Mais que perfeito – andara, devera, partira.
o Presente ando, devo, parto.
o Futuro.
 Do presente – andarei, deverei, partirei.
 Do pretérito – andaria, deveria, partiria.
 Modo.
o Indicativo – afirmação.
o Subjuntivo – incerteza.
 Presente – ande, deva, parta.
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 Pretérito – andasse, devesse, partisse.
 Futuro – (quando) andar, dever, partir.
o Imperativo – mandamento.
 Afirmativo – ama.
 Negativo – não ames.
o Formas nominais.
 Infinitivo – cantar, comer, partir.
 Pessoal – quando tem sujeito.
 Impessoal – quando não tem sujeito.
 Gerúndio – cantando, comendo, partindo.
 Particípio – cantado, comido, partido.
 Voz.
o Passiva – fomos batizados.
o Analítica – ser/estar mais particípio.
o Sintética – com pronome “se” apassivador.
o Ativa – eu batizo.
o Reflexiva – eu me batizo/ batizo a mim mesmo.
Locução verbal. Ex. Estávamos lendo.

Advérbio – muito, ontem, não.


É a palavra que modifica o sentido do verbo, do adjetivo ou do próprio advérbio.
 De tempo – ontem, hoje, amanhã, antes, logo, depois, agora, cedo, tarde, outrora...
 De lugar – aqui, ali, lá, acolá, longe, perto, distante, além, atrás, fora...
 De intensidade – muito, pouco, bastante, mais, menos, demais...
 De afirmação – sim, certamente, realmente, deveras...
 De negação – não.
 De dúvida – talvez, quiçá, provavelmente, acaso...
 De modo – bem, mal, devagar, depressa e as palavras com o sufixo –mente (calmamente, delicadamente,
educadamente, raramente, brevemente...).
 Advérbios interrogativos:
 De lugar – onde?
 De tempo – quando?
 De modo – como?
 De causa – por que? (inicial).
Grau:
 Comparativo.
o De igualdade – tão... quanto.
o De superioridade – mais... que.
o De inferioridade – menos...que.
 Superlativo absoluto.
o Analítico – muito educadamente.
o Sintético – educadissimamente.
 Diminutivo - -inho, -inha, -zinho...

Preposição – de, para, com, em, a.


É a apalavra que une dois termos entre si.
 Essenciais – a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob,sobre, trás.
 Acidentais – como, conforme, consoante, durante,fora, mediante, segundo.
 Locução prepositiva – abaixo de, acima de, além de, embaixo de, em cima de, longe de, de acordo com...
 Crase – fusão da preposição a com outro a.
Usa-se em:
o Locuções adverbiais.
o Locuções prepositivas
o Locuções conjuntivas
o Pronomes demonstrativos
Não se usa:
o Diante de verbo.
o Diante de substantivo masculino.
o Diante de artigo indefinido.
o Diante de pronome pessoal.
o Diante de pronomes indefinidos, interrogativos e dos demonstrativos esta e essa.
o Diante da palavra casa.
o Diante da palavra terra (antônimo de bordo).
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o Diante de substantivos próprios que não admitem o artigo.
o Em locuções de mesma palavra – passo a passo.
Ela é facultativa:
o Diante de pronomes possessivos femininos.
o Diante de substantivos próprios femininos.

Conjunção – e, se, mas, por, porque.


É a palavra que une duas ou mais orações.
 Coordenativas.
o Aditivas – e, nem, também, mas também...
o Adversativas – mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto...
o Alternativas – ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja...
o Conclusivas – logo, pois, portanto, por conseguinte, por conseqüência, por isso...
o Explicativas – isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, porquanto...
 Subordinativas.
o Condicionais – se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que...
o Causais – porque, já que, visto que, que, pois, porquanto...
o Comparativas – como, assim como, tal qual, tal como, mais... que, ...
o Conformativas – segundo, conforme, consoante, como...
o Concessivas – embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que...
o Integrantes – que, se...
o Finais – para que, a fim de que, que...
o Consecutivas – tal... que, tão... que, tamanho... que, de sorte que, de forma que...
o Proporcionais – à proporção que, à medida que, quanto mais... tanto mais...
o Temporais – quando, enquanto, logo que, depois que...

Interjeição – Ah! Ó! Chi!


É a palavra que comunica emoção.
 Alegria – ah! Oh! Oba! Eh!
 Animação – coragem! Avante! Eia!
 Admiração – puxa! Ih! Oh! Nossa!
 Aplauso – bravo! Viva! Bis!
 Desejo – tomara! Oxalá!
 Dor – ai! Ui!
 Silêncio – psiu! Silêncio!
 Suspensão – alto! Basta!
 Palavras denotativas
o De designação – eis.
o De realce – é que, lá, ainda, só, mas,
o De situação – mas, então.
79

APÊNDICE 3

CUIDANDO DA VOZ...
66
Por Dra Evelina Alasmar Sales - Goiânia - GO
evelinafono@hotmail.com

Esses conselhos são para todos os que fazem uso constante da voz - os
"profissionais da voz".

1. Beba muita água durante o dia, durante os cursos, atendimentos etc - O foco é a
hidratação.
2. Fale objetivamente no telefone ou no celular.
3. Repouse a voz sempre que possível - fique em silêncio.
4. Coma maçã abusadamente - maçã é o antibiótico natural da voz.
5. Fale baixo, pausado. Nunca grite ou use ataques vocais.
6. Tome laranjada ou limonada (ou esprema limão na comida).
7. Coma pouco antes das palestras - pelo menos com 2 horas de antecedência.
8. Evite doces - Especialmente as "balinhas" antes de falar.
9. Não tussa. Cuidado com pigarro para limpar a garganta, o famoso: "hamham" -
pode ser fatal para a voz - tome água.
10. Evite falar quando estiver gripado, rouco ou com sinusites.
11. Cante com moderação. Não cante alto ou gritando.
12. Faça gargarejo com água, pitada de sal, bicarbonato ou limão, três vezes ao dia
e especialmente antes e depois de palestrar.
13. Cuidado com receitas caseiras, pastilhas para garganta, remédio por conta
própria.
14. Evite o AR CONDICIONADO.
15. Fale devagar, com calma e pausadamente.
16. Evite a todo custo líquido gelado.
17. Consulte periodicamente um fonoaudiólogo para orientações.
18. Lembre-se que o mal uso da voz hoje pode conduzir a um "não uso" amanhã.

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Recebido por e-mail em 16/09/2009 de Roberto Amorim, rnavesamorim@gmail.com.

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