Professional Documents
Culture Documents
Textos de Referência
Parte I
Nota: Este conjunto de textos visa apenas a orientação básica dos conteúdos
previstos para a disciplina e são o resultado da compilação, adaptação e/ ou
interpretação das fontes citadas na bibliografia (algumas não mais disponíveis no
mercado). Para efetivo aproveitamento, os alunos devem buscar as fontes
originais assim como reportagens em revistas ou jornais, CDs e DVDs de museus
e de artistas.
1
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
2
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Na escultura, as obras da estatuária clássica grega são os modelos preferidos pela harmonia
das proporções, regularidade ideal das formas e serenidade da expressão.
Na pintura, em virtude da ausência de originais da pintura clássica dos gregos, os pintores
se inspiram na estatuária clássica grega e, sobretudo, nos mestres do Renascimento
italiano, de modo especial em Rafael, pelo equilíbrio da composição, harmonia do colorido e
idealização da realidade, qualidades comuns nas suas obras e consideradas clássicas por
excelência.
Tanto na escultura como na pintura, o Neoclassicismo estabelecia também convenções em
relação aos temas a serem apresentados: recomendavam-se geralmente os da mitologia
grega e da história da Grécia e Roma antigas, idealizados e apresentados sob sentimentos
grandiloqüentes e heróicos. O tratamento dado aos temas históricos contemporâneos,
inclusive os retratos, obedecem à mesma orientação. Os temas corriqueiros do cotidiano,
despidos do prestígio do passado e pouco suscetíveis à idealização, foram praticamente
excluídos.
A ARTE ROMÂNTICA
Os historiadores situam o domínio do Romantismo nas artes européias entre 1820 e 1850.
A partir de então começará a ser substituído pelo Realismo, quando nas artes plásticas se
anunciam, entre diferentes e complexos movimentos e tendências, as manifestações
formadoras da Arte Moderna.
O Romantismo surge em oposição ao Neoclassicismo repetindo, em linhas gerais, e
guardadas as peculiaridades dos novos tempos, o mesmo fenômeno ocorrido no passado
quando o emocionalismo do Barroco se havia oposto ao intelectualismo do Renascimento. O
Romantismo, inclusive, apresenta como característica marcante uma que havia sido
também do Barroco - a predominância, na criação artística, dos valores emocionais sobre os
intelectuais.
Os românticos, literários e artísticos, insurgiam-se contra as convenções e preceitos
neoclássicos. Em lugar da imitação das obras da Antigüidade clássica, os românticos
pregavam a expressão livre e completa da personalidade do artista, expressão esta que
deveria estar isenta das limitações estabelecidas no ensino acadêmico. Para os românticos,
o artista deveria usar como fonte criadora, o sentimento e a imaginação e não copiar
modelos do passado.
Ao lado do Emocionalismo - intensidade na expressão do sentimento, figura, então, o
Individualismo - afirmação plena da personalidade do artista, como característica do
Romantismo. (O Romantismo foi rapidamente aceito porque se adequava mais ao espírito
de formação barroca da burguesia do que a estética neoclássica, em muitos aspectos, um
estilo um tanto “artificial” para a época. O forte teor individualista da estética romântica
corresponde à mentalidade individualista da própria burguesia.)
Os românticos negavam o belo ideal, eterno e universal e, portanto, impessoal que os
neoclássicos haviam adotado. Na concepção romântica o belo é relativo, particular e
transitório porque está sob constantes transformações conforme as épocas e os
temperamentos individuais. Ao lado do emocionalismo e do individualismo, as artes
românticas apresentam outras características gerais que são:
Realismo - apesar de considerarem a imaginação a rainha das faculdades e intensificarem a
expressão do sentimento, os artistas românticos procuram marcar de veracidade as suas
criações, sejam elas de reconstituição dos acontecimentos do passado ou de fixação dos
fatos contemporâneos.
3
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Contradições do Romantismo
O Romantismo tem, no entanto aspectos contraditórios. Apesar do realismo e do sentimento
de contemporaneidade, por exemplo, caracteriza-se ainda como arte eminentemente de
evasão. Os românticos se evadem, constantemente, no espaço e no tempo. Quando se
evadem no espaço, buscam os seus temas nas regiões e populações exóticas e pitorescas,
sobretudo no Oriente Próximo e no Norte da África. Desse modo, na literatura e na pintura
romântica, nasce o que depois se chamaria Orientalismo. Quando se evadem no tempo,
buscam de preferência os temas nacionais da Antigüidade medieval, em substituição aos da
Antigüidade Clássica Greco-Romana. A tendência à evasão, no espaço e no tempo, seria
decepção e protesto contra as agressivas realidades humanas e sociais da industrialização
em marcha acelerada. Em suas manifestações finais o Romantismo evidencia o mesmo
gosto barroco pelo exótico, mórbido e macabro, comportamento e indumentária
excêntricos, denotando inconformismo e protesto contra a mentalidade exclusivamente
prática da burguesia industrial.
Arquitetura Romântica
A arquitetura neoclássica, inspirada nos monumentos da Antigüidade Greco-Romana não
desapareceria completamente com o advento do Romantismo. Continuou em larga escala
por toda a Europa, chegando aos países americanos, de modo especial aos Estados Unidos,
graças à influência inglesa.
Ao lado dessa sobrevivente corrente neoclássica desenvolve-se a arquitetura que se pode
chamar romântica e que se distingue, inicialmente, por uma verdadeira restauração do
gótico e pela preferência por estilos exóticos, chineses, árabes e hindus, combinados num
ecletismo em que as preocupações de efeitos decorativos têm maior importância do que as
finalidades práticas do edifício.
4
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Escultura Romântica
Em nome do sentimento e da liberdade de expressão os escultores insurgem-se contra as
regras e convenções estabelecidas pelo Neoclassicismo ou Academismo. Os românticos não
querem mais se basear em modelos nos quais as efusões emocionais são contidas pela
disciplina intelectual ou pelas preocupações decorativas. Eles vão agora buscar no passado
modelos nos quais os valores emocionais se sobreponham aos intelectuais. Vão encontrá-los
na escultura helenística que se distingue por um realismo dramático e grande vigor da
expressão e da plástica, na escultura renascentista de Miguel Ângelo e principalmente na
escultura barroca com a qual se identificam expressiva e tecnicamente. Entre os barrocos o
preferido é Lorenzo Bernini.
Na escultura barroca estão as fontes diretas da escultura romântica. Eis porque as
características gerais da escultura romântica são substancialmente as mesmas da barroca.
As formas adquirem a mesma convulsiva movimentação. A composição desenvolve-se
geralmente no sentido de ostensiva diagonal, abandonando-se o eixo central vertical,
peculiar aos classicismos grego e renascentista. Exploram-se os efeitos do claro-escuro para
dar maior vigor aos volumes e planos e maior intensidade na expressão.
Os escultores também são animados de intenções sociais e políticas - faz-se escultura
social, imagens de protesto contra as injustiças da sociedade burguesa.
Dois gêneros assumem importância: o retrato e a escultura animal. O retrato traduz o culto
da personalidade e o individualismo burguês. O animalismo, realista e dramático, denuncia
o desejo romântico de captar algo de vital na natureza que é por eles cultuada.
Pintura Romântica
Repetindo-se mais uma vez a tendência que se vinha observando nas artes, a pintura
romântica se caracteriza pela predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.
Essa diferença entre neoclássicos e românticos é a mesma observada entre os gregos
clássicos e os gregos helenísticos ou entre os intelectualizados renascentistas e os
emocionalizados barrocos. As diversidades e oposições entre neoclássicos e românticos
abrangem a expressão, a técnica e os temas.
O pintor neoclássico nos dá a interpretação estática e idealista da natureza e do homem. O
pintor romântico nos dá uma interpretação dinâmica e realista da natureza e do homem.
A composição do quadro neoclássico é presidida por uma vertical central imaginária que nos
comunica sentimentos de estabilidade e equilíbrio. A composição do quadro romântico é
presidida por uma diagonal que nos sugere instabilidade e desordem emocional.
5
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
ARTE REALISTA
O Realismo é o movimento que vigora nas artes européias aproximadamente de 1850 a
1900, em seguida ao Romantismo. O Realismo é conseqüência de uma mudança na
mentalidade européia, nos meados do século XIX. Essa mudança na mentalidade é, por sua
vez, conseqüência do desenvolvimento industrial que afeta em especial os países que
estavam se industrializando com maior rapidez. Caracteriza-se pelo maior espírito científico
do homem europeu no conhecimento e interpretação da natureza.
Pelo seu espírito científico, o Realismo é uma reação ao historicismo idealista do
Neoclassicismo e à exacerbação emocional do Romantismo. Neoclassicismo e Romantismo
tornam-se tradicionalistas e conservadores porque expressam etapas da evolução histórica
e social européia que estavam sendo velozmente superadas.
No passado, sobretudo na pintura, houve vários realismos. Mas este da segunda metade do
século XIX se diferencia dos realismos do passado pela deliberada aplicação de critérios e
métodos científicos na criação artística.
Escultura Realista
Alguns escultores guardam características neoclássicas e românticas mas a dominante na
escultura realista é a busca da verdade: os temas são tratados veridicamente, sem
idealizações.
Como os pintores, os escultores preferem os temas contemporâneos, cheios de intenções
políticas. Fazem escultura social: são numerosas as estátuas de trabalhadores urbanos e
rurais com evidente intuito de dignificar a força humana produtora da riqueza, assim como
os tipos populares revestidos de significados sociais. Nas figuras de meretrizes, dançarinos,
vagabundos, mendigos ou nos flagrantes de atividades e profissões humildes, estão críticas
veladas às injustiças da sociedade burguesa industrial.
Um aspecto que deve ser acentuado na escultura realista é a popularidade do retrato: os
escultores realistas executam obras de grande valor estético onde se evidencia a
preocupação com a percepção do caráter humano.
6
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Pintura Realista
O Realismo não era uma novidade na pintura. No passado haviam ocorrido períodos
realistas com maior ou menor verismo na interpretação da natureza. Em relação às do
passado, a pintura realista do século XIX apresenta três aspectos que a originalizam:
aplicação de critérios científicos à criação da obra de arte; a contemporaneidade dos temas;
a mensagem política e social.
Pintura e Política
O pintor realista é, via de regra, politizado e faz deliberadamente de sua arte instrumento
de propaganda de idéias políticas e sociais. Torna-se moda a pintura social doutrinária e
polêmica, denunciando as injustiças dos tempos modernos, os contrastes entre a miséria
trabalhadora e a opulência burguesa ainda que ao mesmo tempo exalte as realizações e a
riqueza da burguesia com a representação também de usinas, fábricas, locomotivas, etc.
7
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
PINTURA
Relatividade da
Belo ideal, absoluto, Objetividade. Aplicação
eterno. Simplicidade. BELEZA.
ESTÉTICA de critérios científicos
Universalidade Emocionalismo.
à criação da obra de arte
Individualismo
VALOR Equilíbrio
Intelectuais Emocionais
PREDOMINANTE RAZÃO x EMOÇÃO
Interpretação
Interpretação realista e dinâmica
INTERPRETAÇÃO Mensagem político-social
idealista da realidade da natureza e do
homem
Predomínio da
Estabilidade,
diagonal
COMPOSIÇÃO equilíbrio (vertical //
(instabilidade -
central imaginária)
dinamismo)
Espontânea,
Refletida, serena,
pastosa, vigorosa
fluida (não se
TÉCNICA (rugosidade, //
percebe a passagem
granulosidades,
do pincel)
asperezas)
Mitologia greco-
Passado medieval. Aspectos da vida
TEMA romana, história da
Presente. Paisagem contemporânea
Antigüidade clássica
Fonte: CAVALCANTI, Carlos. História das Artes. Rio de Janeiro: Rio, 1978.
8
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
IMPRESSIONISMO
9
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
campo da física e da química das cores, que se faziam nos laboratórios dos cientistas.
Apesar de líricos na interpretação da realidade, os impressionistas foram artistas científicos
e, mais uma vez na história da pintura, estabeleceram perfeita conciliação entre ciência e
arte, como fizeram os renascentistas e no futuro fariam os artistas modernos, entre os
quais os surrealistas, que utilizariam a psicanálise de Freud. O cientificismo dos
impressionistas reflete a tendência para o conhecimento objetivo e exato, dominante na
cultura européia na segunda metade do século XIX, mentalidade gerada pela revolução
industrial.
PINTORES IMPRESSIONISTAS
Edouard Manet - (1833-1883) - Considerado a segunda figura do Realismo e natural
sucessor de Courbet na chefia da escola. Entretanto, seu estilo original, marcado pela
inovação técnica de construir as formas mediantes a oposição de largos planos luminosos,
eliminando os efeitos tradicionalmente obtidos com o claro-escuro, marcaria a transição
entre o realismo e o impressionismo.
Sua pintura não é portanto propriamente impressionista, mas pode ser considerado
precursor desse movimento revolucionário na medida em que propõe uma libertação da
pintura, dos padrões tradicionais artísticos.
Segundo Manet, o mundo da pintura obedece a "leis naturais" diferentes das que governam
a realidade cotidiana; desse modo, o pintor deve ser mais fiel à sua tela do que ao mundo
exterior. A obra de Manet atesta uma dedicação à pintura pura, ou seja, a convicção de que
as pinceladas e manchas de cor, e não o que elas representam constituem a primeira
realidade do pintor. Manet sempre teve o cuidado de eliminar de seus modelos o conteúdo
expressivo ou simbólico para que a atenção do observador não pudesse ser distraída da
estrutura pictural.
Ingres e na Escola de Belas Artes de Paris. Não se confinou, porém, no Academismo. Era
um espírito moderno, aberto e inquieto, sensível às inovações que vinham dos
impressionistas, das gravuras japonesas e da fotografia, que dava os primeiros passos.
Inicia-se como pintor de assuntos históricos mas, pouco tempo depois, interessa-se pela
pesquisa dos impressionistas, adota-lhes os princípios e participa de quase todas as
exposições coletivas.
Os impressionistas haviam colocado o desenho em segundo plano. Sugeriam a forma não
pela linha, que é estática, mas através de reflexos luminosos e coloridos, que são
dinâmicos. Degas procurou obter o movimento com o recurso condenado pelos
impressionistas - a linha ou o desenho mostrando-se um desenhista ágil, num grafismo
espontâneo e sintético, pleno de vitalidade e precisão intuitiva no surpreender a
instantaneidade do movimento, especialmente nos flagrantes de bailarina.
Como realista, Degas fixa o cotidiano do meio social em que vive - retratos da burguesia,
corridas de cavalos, espetáculos da ópera ao mesmo tempo em que se interessa pelas
atividades profissionais miúdas, engomadeiras, músicos, garçons, ao lado de instantes de
intimidade feminina, mulheres da classe média que se lavam, enxugam, penteiam,
observadas com ironia e sarcasmo, sutil denunciadores de seu temperamento de misógino,
rompendo com as convenções tradicionais de idealização da mulher nua.
Suas composições são influenciadas pela gravura japonesa e pelos progressos da fotografia.
Aplica perspectivas adotando inovações nos ângulos de visão que lembram cortes
fotográficos, numa acentuada preferência pelas apresentações oblíquas.
Embora identificado e ligado aos impressionistas, não é a rigor um deles, em virtude do seu
amor à linha. Sua obra será marcada por esta contradição estilística: sentimento clássico de
linha e sentimento moderno de luz.
Paul Signac (1863-1936), aderiu ao Pontilhismo de Seurat sobre o qual escreveu um livro
"De Delacroix ao Neo-Impressionismo". Autor principalmente de marinhas, na técnica de
aquarela, em anotações ligeiras de luz e cor.
nenhum interesse externo. A pintura, para Whistler, era, sobretudo, uma ordenação de
traços, formas e cores para produzir um resultado harmonioso e simétrico. Teoricamente,
buscava uma harmonia simplesmente formal e, apesar de raramente ter posto em prática o
que pregava tanto, suas idéias soam como profecia da pintura abstrata americana de hoje.
Outros nomes do movimento impressionista: Alfred Sisley (1839-1899), inglês; Camille
Pissarro (1830-1903), nascido nas Antilhas Dinamarquesas; Fredéric Bazille (1841-1870),
francês; Berthe Morisot (1841-1895), francesa; Mary Cassat (1844-1927), americana;
todos vivendo em Paris.
A ESCULTURA NO IMPRESSIONISMO
Auguste Rodin foi o maior destaque da escultura no período impressionista. Pode-se dizer
redefiniu a escultura da mesma forma que Manet e Monet redefiniram a pintura. Ao fazer
isso porém, Rodin não seguiu o exemplo desses artistas e nem poderia - não havia meios
de reproduzir a idéia impressionista sem cor e em três dimensões.
O que Rodin conseguiu foi usar em suas obras superfícies vigorosamente enrugadas e
vincadas, que no bronze polido produzem um jogo de reflexos que estão constantemente
mudando. Esse seria, talvez, um efeito tirado das idéias impressionistas e uma maneira de
dissolver a forma tridimensional em manchas de luz e sombra. Os críticos recusaram a obra
de Rodin pelo mesmo motivo que recusaram as pinturas impressionistas - eram obras
"inacabadas", apenas "esboços" - isso porque Rodin trabalhava suas formas sem
preocupação de dar-lhes um acabamento esmerado; Rodin foi, na verdade, um dos
primeiros artistas a fazer do inacabado um princípio estético.
A revolução escultórica proclamada por Rodin só atingiu força plena no fim da década de
1870. Houve muita oposição à sua obra na época mas sua influência foi tão grande que só
em Rodin é possível pensar como pai da escultura moderna.
Citam-se ainda como destaque na escultura da época, os nomes: Adolf Von Hildebrand -
que se destacou por escrever um dos poucos livros até hoje elaborados para debater
escultura - "O Problema da Forma" (1893) e o italiano Medardo Rosso cujo trabalho propõe
uma linguagem imprecisa mas expressiva - como uma imagem captada rapidamente pelo
olhar.
PÓS-IMPRESSIONISMO
Chamam-se Pós-Impressionistas os pintores que, tanto passado por uma fase
impressionista, se sentiram insatisfeitos perante as limitações do estilo e o ultrapassaram
em diferentes direções. Não partilharam um objetivo comum; é difícil encontrar para eles
termo mais abrangente que Pós-Impressionistas. Destacam-se:
Paul Cézanne (1839-1906) - pode-se dizer que Cézanne resolveu reagir à destruição da
matéria que os impressionistas estavam praticando. Vai procurar restaurar a sensação de
estrutura, solidez, peso e forma dos objetos. Cézanne partiu do ponto oposto de que
haviam partido os impressionistas, isto é, partiu da síntese das formas em lugar da análise
das cores que prejudicava a sensação de estrutura. A preocupação em sintetizar ficou clara
em suas palavras: "... tratem a natureza pelo cilindro, a esfera e o cone", ou seja, propunha
a redução das formas da natureza aos seus elementos geométricos básicos. Esse processo
de simplificação e geometrização se baseava não na sensação visual, mas num processo
intelectual de observação. Cézanne teve grande influência sobre movimento artísticos
posteriores, principalmente o Cubismo. O interesse pela pintura de Cézanne aumenta
quando se observa que ele nos quer dar a sensação da estrutura dos objetos não com o
desenho, mas com a cor. Para ele, na pintura, o desenho e a cor são inseparáveis, com
13
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
predominância desta última. A forma, na sua concepção, resultava da cor que era para
construir e não para emocionar. Para obter o modelado ou volume não se valia do recurso
tradicional do claro-escuro, isto é , das gradações entre luz e sombra. Cézanne modelava
com a cor, modulando-a, opondo cores quentes a cores frias, como um músico modula os
sons.
Servia-se do mesmo recurso para sugerir a ilusão de distância ou de profundidade. As suas
concepções conduziram diretamente ao cubismo e, indiretamente ao Abstracionismo, uma
das mais importantes e discutidas tendências da pintura moderna.
Vincent Van Gogh (1853-1890), enquanto Cézanne tentava transformar o Impressionismo
num estilo mais severo, Van Gogh tomava caminho oposto. Foi o primeiro grande pintor
holandês desde o século XVII. Apenas se dedicou à arte depois de 1880; como faleceu dez
anos depois, sua carreira foi uma das mais breves de toda a história da pintura. Interessou-
se inicialmente pela literatura e pela religião, sendo uma pessoa profundamente insatisfeita
com os valores da sociedade industrial. No início de seu trabalho como pintor, Van Gogh
não tinha ainda descoberto a importância da cor. Posteriormente, freqüentando a galeria de
arte moderna que seu irmão Theo possuía em Paris, entrou em contato com os artistas
franceses e sua obra sofre, então, modificação eletrizante: seus quadros passam a
resplandecer de cor. Sua obra pode ser dividida em duas fases: a holandesa (1880-1886) e
a fase francesa (1886-1890). Em ambas, um traço comum - execução espontânea, segura e
concisa, porém nervosa e febril.
A fase holandesa foi visivelmente influenciada, no realismo e no claro-escuro, pelos mestres
nacionais dos séculos XVII e XVIII. Caracteriza-se pelos tons sombrios e terrosos, intensos,
pinceladas instantâneas e pastosas. Os temas preferidos são paisagens e flagrantes da vida
e das atividades das populações trabalhadoras rurais e urbanas sobre as quais pesava a
dureza da revolução industrial. Se Fixa numa visão dolorida da natureza e do homem
animado de sentimentos humanitários e de crítica social.
A fase francesa, luminosa mas também intensamente dramática caracteriza-se pela
influência do Impressionismo que o faz abandonar as tonalidades escuras e pesadas e
encher de sol e luz os seus quadros. O Impressionismo, porém sendo exclusivamente
visual, fundando-se em sensações óticas, isento de subjetivismo não poderia satisfazer-lhe
a arrebatada emotividade e a expressão de sentimentos, tão intensos, quase explosivos.
Conhecendo e aplicando a luminosidade impressionista não se limitou ao registro de
sensações luminosas e coloridas. Procurou traduzir não as sensações, mas os sentimentos,
as reações morais e afetivas que a realidade lhe despertava, conferindo valores simbólicos,
carregados de emoção, às linhas e às cores.
Por sua intensa emotividade, foi um deformador das imagens visuais, principalmente na
cor. Tudo, na sua visão, carregava-se de afetividade. Com a cor, queria comunicar
sobretudo sentimentos, não apenas sensações.
Van Gogh revelou a veemência de seus sentimentos não apenas nas deformações do
desenho e da cor. A sua dolorosa inquietação interior soube transmitir na pincelada,
intuitiva e instantânea, eletrizada e vibrante, cheia de expressão nos movimentos
ondulatórios, chamejantes, e às vezes convulsivos.
Nos fins do século XIX, entre alemães e escandinavos, surge e se irradia movimento de
reação ao Impressionismo. A reação fazia-se de modo especial contra o excessivo realismo
visual, a ausência de drama humano e de sensibilidade social dos impressionistas. O
movimento, mais tarde, dá origem ao Expressionismo. Os princípios básicos, técnicos e
expressivos desse movimento, nos quais o emocional domina o intelectual, tiveram em Van
Gogh o seu primeiro e direto inspirador. O Expressionismo e o Fauvismo, movimento
semelhante originado na França, tendo como precursor Gauguin, serão os primeiros
movimentos da pintura moderna.
14
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
15
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
sentido monumental das formas simplificadas e das largas e planas áreas de cor intensa, foi
a de ter aberto caminho ao Muralismo moderno.
O mergulho profundo de Gauguin, no universo misterioso dos instintos humanos, dará
origem imediata ao Fauvismo, a segunda grande escola da pintura moderna, que se inspira
justamente na exploração das camadas mais profundas, instintivas e vitais do ser humano.
Toulouse Lautrec (1864-1901). A insatisfação de Van Gogh e Gauguin perante os males
espirituais do mundo ocidental, foi um sentimento largamente partilhado no final do século
XIX. Uma preocupação consciente com a decadência, a corrupção e o mal, penetrou no
meio artístico e literário. Toulouse Lautrec foi um exemplo dessa preocupação. Fisicamente
disforme, foi um artista de soberbo talento que levava uma vida dissoluta pelos locais
noturnos de Paris e que morreu de alcoolismo. Sofrendo em si mesmo as conseqüências da
vida decadente, soube expressá-la com um certo tom de crítica e desagrado em suas obras
onde, inclusive, se evidencia uma preocupação em "ver" o que está por trás da cena
superficial. Assim é que muitos de seus quadros retratando a vida noturna de Paris, seus
cabarés e bordéis, trazem uma nota patética que os comprometem com a emoção e
extrapolam uma simples impressão.
Associadas aos gigantes do Pós-impressionismo houve também algumas figuras
relativamente secundárias que deram contribuições importantes. O grupo Nabis (profeta,
em hebraico) baseou-se principalmente nas idéias de Gauguin e Bernard desenvolvendo,
sobretudo, o uso de formas planas e coloridas que influenciaram o movimento Art Nouveau.
Um deles, Maurice Denis, publicou em 1890 a provocante declaração: "Recordem que um
quadro antes de ser um cavalo de batalha, uma mulher nua ou algum episódio, é
essencialmente uma superfície plana coberta de cores dispostas numa certa ordem".
Edouard Vuillard (1868-1940) e Pierre Bonnard (1867-1947), partiram desse estilo
decorativo e acrescentaram-lhe elementos do Impressionismo em pinturas de cenas
domésticas. Depois de 1900, Bonnard passou a usar cores mais intensas para quadros
cheios de incidentes óticos. Odilon Redon (1840-1916) foi o pintor mais diretamente
associado ao Simbolismo. "Tudo ganha forma", disse ele, "quando nos submetemos
docilmente às impetuosas investidas do inconsciente", enunciando com precisão um ponto
de vista que se tornou programa de muitos pintores posteriores. Seu meticuloso estudo da
natureza, da cor e das técnicas de pintura e litografia habilitou-o a apresentar suas
fantasias com grande liberdade técnica e imaginativa.
Também fora da França havia pintores lutando por libertar-se da ênfase sobre as aparências
naturais que tanto dominou a pintura do final do século XIX. O belga James Ensor (1860-
1949) afastou-se do registro sensível do mundo e orientou sua obra para a crítica deste
mundo. Ensor se caracteriza por uma intensa e obsessiva visão pessimista da condição
humana. Com desenhos grotescos procura revelar a depravação habitualmente escondida
atrás da fachada das aparências cotidianas. O norueguês Edvard Munch (1863-1944) usou
sua arte para expressar suas profundas perturbações pessoais, que fizeram com que suas
ruas tenham um eco de dor, suas paisagens estejam plenas de morte e as mulheres se
convertam em vampiros. Ensor e Munch exerceram grande influência nos movimentos da
Europa central, rotulados de Expressionismo.
ESCULTURA
Nenhuma tendência que possa ser chamada de pós-impressionista aparece na escultura até
cerca de 1900. Os escultores da geração mais nova tinham sido formados sob a influência
de Rodin e estavam prontos a seguir seus próprios caminhos, muitas vezes em sentido
oposto. Destaca-se nessa época a figura de Aristide Maillol (1861-1944); Maillol pode ser
chamado um "primitivista clássico", admirando a força e a simplicidade das primeiras
esculturas gregas. Utiliza formas sólidas e volumes claramente definidos que lembram a
16
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
ARTE DO SÉCULO XX
O século XX se caracteriza por apresentar uma série extraordinariamente rápida de
movimentos.
Os pintores tomam uma posição mais definida e passam a buscar maior liberdade para a
pintura. Para tal, afastam-se das aparências normais de forma e cor e passam a rejeitar
também a longa tradição segundo a qual os quadros deveriam basear-se em facetas do
mundo visível; algumas vezes os pintores vão até abandonar os materiais usuais da pintura
e escultura.
PINTURA MODERNA
Fauvismo
Foi o primeiro dos movimentos revolucionários a se apresentar em público no Salão de
Outono de 1905 em Paris.
Henri Matisse (1869-1954), que foi o principal nome do movimento, e um grupo de amigos,
ao participarem do Salão de Outono de 1905, em Paris, pela verdadeira ferocidade com que
empregavam as cores, em tons puros, sem misturas, matizes, ou gradações, violentos e
estridentes, foram rotulados pelo crítico Louis Vauxcelles de “fauves” (feras) e suas obras
foram descritas como “borrões ingênuos e selváticos de uma criança brincando com sua
caixa de tintas”.
Todos os artistas que participaram do Fauvismo mantiveram uma grande autonomia e,
muito cedo, depois de terem contribuído para a “explosão” de 1905, retomaram a sua
independência. Só Henri Matisse, o maior artista do movimento, manteve-se fiel ao
Fauvismo tendendo, na velhice, para uma abstração colorida cada vez mais sutil.
Para os fauvistas, a fonte da criação artística está nas camadas mais profundas e
elementares da sensibilidade humana, sem intervenção das faculdades intelectuais. O
artista deve expressar seus impulsos e sensações vitais, através de formas simplificadas e
de cores puras, numa espontaneidade e pureza iguais às dos selvagens e das crianças.
Eliminam-se as sombras que são substituídas por cores puras gerando quadros com forte
brilho. As cores fauvistas não são as da realidade. São suas equivalentes, inventadas pelo
artista. As formas, bastante sintéticas, são apenas sugeridas, não definidas realisticamente.
17
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Principais nomes: Henri Matisse (1869-1954); André Derain (1880-1954); Maurice Vlaminck
(1876-1958); Raoul Dufy (1877-1933); Albert Marquet (1875-1947) e outros.
Cubismo
(1907-1914) Designa-se pela denominação de cubismo a revolução estética e técnica
realizada de 1907 a 1914, por Pablo Picasso, Georges Braque, Juan Gris e Fernand Léger.
O cubismo teve a sua origem na exposição que, em 1908, o comerciante de origem alemã,
Daniel Henry Kahnweiler, organizou na galeria de Paris. O nome de cubismo nasceu da
expressão crítica e pejorativa de Louis Vauxcelles ao analisar as obras de Georges Braque,
num jornal de 1908. Alguns acontecimentos de época favoreceram o surgimento do
movimento: a retrospectiva da obra de Cézanne em 1906, e o descobrimento da arte negra
e primitiva em Paris.
Costuma-se dividir esse movimento em três etapas: o cubismo cezanniano (1907-1909); o
cubismo analítico (1910-1912) e o cubismo sintético (1913-1914).
- cubismo cezanniano: inspirados na obra de Cézanne (“tratem a natureza de acordo com o
cilindro, a esfera, o cone”) e influenciados pela escultura primitiva africana, os artistas
estruturam geometricamente suas obras.
- cubismo analítico: caracteriza-se por uma decomposição crescente da forma. Reúnem-se
em uma tela única diversos aspectos do mesmo objeto, de maneira tal que se apresenta
“quebrado”, “esquartejado”, desenvolvido por todas as faces. Há uma simultaneidade de
pontos de vista, oferecendo fragmentos simultâneos do objeto ou modelo, geralmente
representado pelos seus aspectos mais característicos.
As pinturas dessa etapa são geralmente monocromáticas (uma só cor trabalhada em vários
tons). Os resultados são dificilmente reconhecidos. Esse período de análise extrema trazia
certo perigo de “hermetismo” ao qual se procurou remediar mediante o emprego
generalizado dos papéis colados e outros materiais reais (areia, vidro, pano, etc.)
introduzidos na tela como excitantes perceptivos. Essa atitude está mais
caracteristicamente presente na etapa seguinte:
- cubismo sintético: os planos se simplificam, os temas se tornam mais claros. A
austeridade inicial das cores é substituída por maiores contrastes e maior variedade; as
obras perdem o caráter monocromático.
Enquanto o cubismo analítico se preocupava com um processo para destruir o objeto e
reconstruí-lo como uma composição pictórica que se situa num espaço sem profundidade, o
cubismo sintético em geral envolvia a construção de objetos (com tinta ou outros materiais)
de modo efetivo sobre a própria tela.
Acentua-se o uso do “collage” (utilização, na composição, de outros materiais). Ao
colocarem fragmentos do mundo real na superfície do mundo artificial da pintura, indicaram
uma espécie de duplicidade sobre a questão do que é fato e do que é ficção.
Principais nomes do movimento: Pablo Picasso (1881-1973); Georges Braque (1882-1963);
Juan Gris (1887-1927); Fernand Léger (1881-1955); Albert Gleizes (1875-1947), entre
outros.
18
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Futurismo
Milão, 1910 - 1º exposição. Manifesto Futurista: 20 de fevereiro de 1909, Jornal Le Figaro,
Paris.
Enquanto o cubismo se desenvolvia na França, um movimento afim nascia na Itália e logo
irrompia na cena artística parisiense. O poeta Filippo Tomaso Marinetti reunira à sua volta
um grupo de jovens para propagar e demonstrar as impetuosas alegrias do Futurismo: a
aceitação entusiástica do moderno mundo tecnológico, máquinas, produção em massa, sons
mecânicos, velocidade, a destruição de tudo que era velho.
De maneira ruidosa e até mesmo violenta, os futuristas pregavam a rejeição total ao
passado e o apoio à originalidade e à audácia. Propunham-se a aceitar a realidade dos
movimentos em oposição à longa tradição de se pintar o que estivesse imóvel. Recusaram o
figurativo realista justamente para evitar a sensação de imobilidade, não pretendiam
representar, mas expressar o movimento.
O movimento futurista buscou inspiração no cubismo (principalmente analítico) cuja
intenção de representar o objeto visto de diferentes ângulos, implicava tanto no movimento
do objeto quanto no do observador. A fim de obter imagens mais convincentes de
movimento e velocidade, voltaram-se para a máquina fotográfica, com a qual aprenderam
como o movimento pode ser indicado mediante uma repetição de objetos ou das partes
componentes do objeto ou até por meio de linhas abstratas que podiam sugerir tanto o
movimento como a reação a esse movimento por parte do meio circundante do objeto.
Substituem, portanto a imagem visual realista por imagens onde predominam linhas,
traços, retas, curvas e cores, organizados no propósito de sugerir sensações dinâmicas e
vertiginosas.
Os principais artistas futuristas foram: Umberto Boccioni (1882-1916); Giacomo Balla
(1871-1958); Carlo Carrà (1881-1966); Gino Severini (1883-1966); Joseph Stella (1879-
1946).
Obs.: O RAIONISMO, movimento de vanguarda russa (Moscou, 1913) criado por Larionov e
sua esposa Gontcharova, possui muitas afinidades com o futurismo, mas o antecipou na
passagem para a abstração.
Expressionismo
O Expressionismo é uma tendência permanente da arte. Se atendermos à significação
estrita da palavra, notaremos que “expressão” é um conceito oposto a “impressão”.
Impressão refere-se às modificações que a realidade produz na consciência; em termos
artísticos diríamos que a natureza se reflete na mente do artista. A expressão, pelo
contrário, é um movimento do sujeito para o mundo exterior, como se o artista se
projetasse no objeto (a obra de arte), imprimindo nele a massa de sua sensibilidade, dos
seus estados de alma e das suas reações afetivas.
Obviamente, toda obra de arte tem sua dose de expressão, mas se consideraria
expressionista aquela onde essa projeção emocional estivesse mais clara, onde forma,
técnica, cor, composição e tema se conjugassem de modo a exprimir o estado da alma do
artista.
Em História da Arte entende-se como Expressionismo uma tendência que toma corpo nos
princípios do século XX e na qual se incluem artistas de vários países, tendo se desenvolvido
especialmente nos países nórdicos europeus, com destaque para a Alemanha.
19
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Pode-se dizer que a origem desse movimento está no final do século XIX quando se começa
uma reação ao Impressionismo com seu aspecto puramente sensitivo, objetivando o
apurado registro das impressões visuais. Essa reação, de caráter expressionista tem como
principais representantes Van Gogh, Toulouse Lautrec, Gauguin, James Ensor, Edvard
Munch e Fernando Hodler. Inegavelmente, o “fundador” do Expressionismo será Van Gogh,
tanto pela sua vida quanto pela sua obra.
Em linhas gerais pode-se dizer que no Expressionismo valorizam-se os conteúdos e as
atitudes emocionais. Os expressionistas experimentam geralmente dolorosas interrogações
espirituais sobre o destino do homem e a inutilidade das coisas deste mundo e mostram-se
bastante sensíveis às realidades sociais da sociedade contemporânea: a exploração do
homem pelo homem, a prostituição, a infância e a velhice desamparadas, injustiças,
preconceitos, guerras, etc.
Os expressionistas são deformadores sistemáticos das imagens visuais. Em virtude das
deformações, que muitas vezes chegam ao caricatural, e à veemência explosiva do
sentimento, criam uma pintura alheia às regras tradicionais de equilíbrio na composição,
regularidade da forma, harmonia nas cores. Às sensibilidades educadas na fidelidade a
esses princípios, a pintura expressionista parece uma pintura feia, fealdade acentuada pelo
teor de amargura inseparável na interpretação da natureza e do homem.
Na Alemanha, existem dois grupos a se destacar: o “Die Brücke” (A Ponte): fundado em
Dresden, em 1905, por um grupo de jovens artistas. Não propuseram uma teoria ou estilo
específico. A sua primeira exposição data de 1906. A sua última manifestação conjunta foi
em 1913 e o grupo dissolve-se com a Primeira Guerra Mundial.
Desejavam uma comunicação intensa e particular. Representam um ressurgimento da
angústia e pessimismo nórdicos, intensificados pela situação perturbada da sociedade alemã
da época. As cores são veementes, as pinceladas são freqüentemente bruscas e o traço
revela afinidades com a arte primitiva, além de uma acentuada distorção da figura.
Dedicaram grande atenção às artes gráficas. Destacam-se: Ernst L. Kirchner (1880-1938);
Karl Schmidt (1884-1976); Erick Heckel (1883-1970); Emile H. Nolde (1867-1955); Max
Pechstein (1881-1955).
“Der Blaue Reiter” (O Cavaleiro Azul): surge em Munique, em 1911, de características muito
diferentes. Enquanto que nos artistas do Die Brücke era dominante uma afirmação do
temperamento germânico, nos que constituíam o Blaue Reiter prevalecia uma atitude
internacionalista, procurando se abrir totalmente ao mundo. São inquietos e demonstram
preocupações formais mais modernas. Tal como Die Brücke, Der Blaue Reiter não propôs
qualquer dogma ou estilo específico, mas, ao passo que o grupo de Dresden consistia num
punhado de jovens alemães que protestavam, tanto social como artisticamente, contra o
mundo que os rodeava, o grupo de Munique, internacional em suas filiações e membros,
procurava apenas idiomas artísticos que fossem novos e mais ricamente expressivos. Era
um Expressionismo mais meditativo e construtivo, uma tentativa para se deslocar a arte do
mundo do fato concreto para o mundo do espírito, reconhecendo a cor como a sua mais
poderosa arma. Desse grupo surgiram as primeiras manifestações de rompimento total com
a realidade objetiva.
Principais nomes: Wassily Kandinsky (russo) (1877-1962); Franz Marc (alemão) (1880-
1916); Auguste Macke (alemão) (1887-1914); Paul Klee (suíço) (1979-1940). (obs.:
atribui-se a Kandinsky as primeiras pesquisas e realizações abstratas na pintura moderna).
Embora não diretamente vinculados aos grupos alemães destacam-se no Expressionismo:
Max Beckmann (alemão) (1884-1950); Georges E. Grosz (alemão) (1893-1959); Oscar
Kokoschka (austríaco) (1886-1960).
20
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Dadaísmo
Durante os anos de guerra existiam aqueles para os quais a própria guerra e as misérias da
época eram uma confirmação da falência da civilização ocidental e que se encarregam de
divulgar essa falência, zombando da cultura de que o Ocidente se orgulhara. Esses homens
encontravam-se espalhados por toda a Europa e também, mais raramente, nos Estados
Unidos. Na Suíça, um oásis de neutralidade na Europa da guerra, reuniu-se um grupo
internacional que propagou suas idéias e em 1916, um punhado de emigrados encontrou-se
em Zurique e resolveu fundar um movimento literário e artístico capaz de expressar a
decepção que experimentavam com os valores racionais da cultura - filosofia, religião,
moral, ciência, arte.
Influenciados pelos estudos psicológicos e psicanalíticos de Freud, os dadaístas basearam a
sua teoria da criação artística no puro automatismo psíquico - toda arte deveria ser criada
sem qualquer intervenção da lógica ou da razão. Além do irracionalismo freudiano, os
dadaístas se distinguiram também pela crítica satírica e implacável niilismo destruidor e
anárquico da sociedade capitalista, responsável pela guerra. Os princípios fundamentais do
dadaísmo - o automatismo psíquico e a exploração do subconsciente - serviriam aos
franceses para a criação do Surrealismo.
Na versão mais corrente para a denominação do movimento, o poeta Tristan Tzara, um dos
chefes do movimento, abriu ao acaso um dicionário Larousse, fechou os olhos e deixou o
dedo cair sobre a página. O dedo caiu sobre a palavra “dada”, designação francesa infantil
de cheval (cavalo). Quando lhe perguntavam o que significava Dada, respondia: - “Nada!
Alguma coisa pode ter significação diante do horror da guerra?”
Alguns nomes: Jean ou Hans Arp (1886-1996, alemão); Francis Picabia (1879-1953,
francês); Kurt Schwitters (1887-1948, holandês); Man Ray (1890-1973); Marcel Duchamp
(1887-1968, francês).
21
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
O Abstracionismo Geométrico
O Suprematismo
No início da década de 1910, o mundo artístico moscovita, tanto quanto o político, estava
em plena efervescência revolucionária. Durante alguns anos Moscou manteve-se
assiduamente informada do que ia acontecendo na Europa Ocidental e mantinha-se ligada
às idéias vanguardistas através dos centros artísticos alemães, principalmente Munique.
Da vanguarda artística moscovita destaca-se a figura de Kasimir Malevich (1878-1935) que
tomou uma atitude artística quase lendária. Em 1913, expôs uma tela que representava
simplesmente um quadrado negro sobre um fundo branco. Sua intenção era libertar a arte
do peso morto da objetividade e concentrar as atenções nas propriedades óticas e afetivas
de figuras geométricas e cores. Malevich logo seguiu adiante com conjuntos mais complexos
de forma e cor, gerando um movimento a que se deu o nome de SUPREMATISMO -
supremacia da sensação pura nas artes visuais. O manifesto do movimento só foi redigido
em 1915.
Depois da Revolução Russa de 1917, Malevich e outros artistas de vanguarda receberam
posições de poder na arte e educação russas mas, em 1920, a rejeição por Lênin e seu
governo, de qualquer corrente artística cujo estilo não servisse claramente à propaganda
política do novo regime, pôs um ponto final na arte progressista da Rússia fazendo com que
muitos artistas imigrassem para a Europa Ocidental e para a América.
Construtivismo
É um movimento mais ligado à escultura mas que também teve expressões pictóricas. No
Construtivismo, a forma não tem finalidades descritivas mas confere sugestões expressivas
de espaço e tempo. As formas são geométricas e espaciais, não são estáticas mas sim
dinâmicas e refletem o mundo moderno da ciência, da máquina e da tecnologia. O
Construtivismo surgiu influenciado pela ciência e pela máquina. Nega-se o quadro de
cavalete e parte-se para a construção de objetos ou “contra-relevos” realizados em metal,
plástico, madeira ou vidro, ficando numa zona intermediária entre pintura e escultura.
Neoplasticismo ou De Stijl
Dentro do movimento abstrato, a tendência para o geométrico começa a destacar-se. Uma
vontade de submeter tudo à ordem geométrica afastando qualquer propósito objetivo
apodera-se da maioria das experiências plásticas e cria um ramo artístico, seguido
posteriormente por muitos. A maioria destes movimentos, vai buscar os seus traços ao
cubismo, para os levar às últimas conseqüências, até alcançar um grau de abstração
baseado na composição, nos ritmos verticais e horizontais e na cor. O holandês Piet
Mondrian, depois de uma passagem formativa pela pintura acadêmica, pelo Fauvismo e pelo
Cubismo, decide “desenvolver a abstração até ao seu objetivo final, a expressão da
realidade pura”. As suas telas de árvores e paisagens vão-se reduzindo progressivamente a
figuras de contornos simples e vigorosos, até conseguir, a partir de 1917, um tipo de
criação pictórica limitada às formas mais simples (superfícies planas, quadradas ou
retangulares), cobertas por cores puras (vermelho, azul, amarelo, branco, cinzento e
preto), dentro de uma rígida estrutura retilínea, que faz desaparecer qualquer tom
expressionista ou vestígio manual, “uma nova estética, baseada na relação de linhas e cores
puras, porque só as relações puras de elementos construtivos podem realizar a pura
beleza”.
Depois da sua primeira estadia em Paris, regressa à Holanda, onde se associa a Theo van
Doesburg (1883-1931) e Bart A. van der Leck (1876-1958) e funda uma revista, base do
22
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Max Ernst (1891-1976, alemão); Francis Picabia e Hans Arp (estes dois últimos com
atuação mais significativa no Dadaísmo).
Expressionismo Abstrato
O Expressionismo Abstrato constituiu a primeira grande escola de pintura americana e sua
primeira grande contribuição ao cenário da arte mundial. Embora motivada pela chegada de
artistas estrangeiros aos Estados Unidos, e tendo como ponto de partida a convergência de
duas grandes escolas européias (o Surrealismo e o Expressionismo Abstrato europeu) essa
escola americana adquiriu características e formas expressivas próprias que influenciariam
artistas de todo o mundo.
O que difere a pintura européia da americana nesse período é o teor de expressividade e de
aprofundamento emocional. A pintura européia havia atingido um alto grau de
respeitabilidade e se deixara dominar pela elegância e bom gosto técnicos, enquanto a
pintura americana penetrava fundo na exploração do potencial expressivo das formas
abstratas. Se, para um artista europeu, como Kandinsky, os quadros são representações de
uma condição emocional já sentida pelo artista em algum momento de sua vida, para um
artista americano como Jackson Pollock (1912-1956) os quadros são apresentações da
emoção que o artista sentia ao fazê-los. Enquanto o primeiro nos conta sobre uma emoção
que sentiu, o segundo sente a emoção na nossa frente, através de seu quadro.
O Expressionismo Abstrato desse período pode variar segundo o teor de agressividade mas
em todo caso, procura demonstrar que a pintura é, essencialmente, a arte de deixar marcas
irresistíveis e convincentes numa superfície e de que o modo de tornar essas marcas
convincentes é produzi-las partindo de uma compulsão interior que se manifesta através de
uma ação física significativa. O crítico americano Harold Rosemberg denominou esse gênero
de ACTION PAINTING (Pintura de ação) que teve um grande número de adeptos na década
de 50.
No Abstracionismo: as formas e cores não possuem relação direta com as formas e cores
da realidade visual.
O Abstracionismo pode ser:
Informal: as formas e cores são criadas impulsivamente com absoluto predomínio do
sentimento.
• Lírico (feições luminosas, tonalidades delicadas e suaves).
• Expressionista (feições dramáticas, tonalidades intensas e violentas).
• Grafismo: preferência pelas linhas e elementos gráficos. Inspiração na caligrafia
japonesa e chinesa.
• Tachismo: pinceladas largas manchas (“tache”) de cor, uso mínimo de elementos
gráficos.
Geométrico: as formas e as cores estão submetidas à disciplina geométrica. Geralmente
não expressam estados emocionais e sim valores intelectuais.
A Pop Art
Por volta de 1950, um certo número de artistas redescobriu o que os leigos continuavam a
achar natural: que um quadro não é “essencialmente uma superfície plana coberta de
cores” mas também uma imagem à espera de ser reconhecida. Esses artistas retornam
24
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
então aos fatos do mundo visível lançando-se sobre aqueles produtos da arte comercial
(fotografias, anúncios, ilustrações de revistas, histórias em quadrinhos, etc.) que era o que
vinha alimentando a necessidade que o público tinha de imagens que pudessem ser
facilmente lidas. As suas fontes de inspiração abrangem desde os cartazes de publicidade,
automóveis e sinais de tráfego aos produtos industriais em geral, eletrodomésticos, e
comestíveis enlatados, produzidos e consumidos em massa.
Esses artistas constituíram o movimento conhecido como Art Pop que se baseou nos
produtos de comunicação de massa. A Art Pop começou, na realidade, em Londres, nos
meados da década de 50 e desde o início suas imagens foram extensamente baseadas nos
meios de comunicação americanos, que vinham inundando a Inglaterra desde o fim da
Segunda Guerra Mundial. Não é de surpreender, portanto, que a nova arte tivesse uma
atração especial para os Estados Unidos, nem que fosse aí que ela atingiria o seu pleno
desenvolvimento nos dez anos seguintes, se tornando o segundo estilo nacional americano.
A Arte pop, como expressão da grande cidade, tomou como tema o folclore urbano:
publicidade, meios de comunicação de massa, mitos (políticos, cantores, atrizes), a cultura
da cidade e da estrada, celebrando a realidade do dia-a-dia, o cotidiano e o vulgarismo da
realidade de consumo. Contra os “especialistas do bonito” a Art Pop procura revelar a
elegância do ordinário e do banal. Contra a introspecção e o subjetivismo da arte abstrata
anterior, busca o lado de fora. Anti-sensitiva é, para alguns críticos, impessoal e anônima
(“the new cool art”), mas como expressão do vulgarismo americano, adquire um sentido
crítico, “hot”.
Porque utiliza não apenas colagens, mas também montagens, com objetos os mais díspares
e inesperados, juntamente com elementos fotográficos, pictóricos, escultóricos,
arquitetônicos, ao lado das novas tintas sintéticas industriais, a nova escola recebeu ainda
as denominações de combine painting (pintura combinada) ou art d’assemblage (arte de
agregação ou conjugação).
25
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
ESCULTURA MODERNA
Como a arquitetura, a escultura moderna sofreu também completas transformações, sob o
impacto das conquistas científicas e dos progressos da técnica. Características principais da
Escultura Moderna:
Os novos materiais
Entre as características mais gerais, para todas as tendências, está a diversidade dos
materiais de que se utiliza o escultor moderno. Antigamente, durante séculos, para não
dizer milênios, os materiais tradicionais na escultura, foram o barro, a madeira, a pedra, o
mármore, o bronze. No século XX porém, ao lado dos materiais tradicionais, quase todos
proporcionados pela natureza, surgiram novos materiais, produzidos pela indústria,
bastando aludir aos diferentes e inumeráveis plásticos. Da mesma forma os chamados
escultores “ferro-velho”, que utilizam peças de motores ou de engrenagens, para efeitos
geralmente carregados de dramaticidade, constituem numerosa e fascinante linhagem de
criadores plásticos.
A Abstração
Outra inovação na escultura moderna, como também ocorrera na pintura, foi a aceitação
das formas abstratas, inspiradas ora na natureza, ora na mecanização da vida neste século.
Na escultura alimenta-se de tudo e de nada. Mais ainda: adota todas as posições, obedece a
todos os tropismos, conforme a sua energia e o seu humor. Flutua, abate-se, alastra,
“captura”, “empacota”, acumula ou esmaga, empilha-se ou encaixa-se. Desdenhando
26
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
pedestais, pode fazer-se “tout terrain” para se arrastar pelo chão ou subir pelas paredes, ou
rivalizar com a siderurgia. Rompe ainda mais com a arte dos colecionadores e com circuitos
especulativos, tornando-se inamovível (“earth art”, escavações, escultura-paisagem),
apropriando-se de objetos desprezíveis ou de refugo (“art pauvre”), participando no
happening e na arte efêmera. Anexa a ciência e a tecnologia.
Hiper-Realismo
Não tem uma visão deformada e apaixonada da realidade, mas propõe-se descrevê-la a
frio, numa “cool art”, que corresponde a uma nova mentalidade cuja análise tem
interessado sociólogos e psicólogos. Os artistas fazem a pintura a partir da fotografia.
Retomam os temas acadêmicos: o retrato, a paisagem, o nu, a natureza-morta e o interior
que são reproduzidos com exatidão, e geralmente a partir de uma foto. A escultura hiper-
realista lembra figuras do museu de cera só que utilizando toda a espécie de materiais
sintéticos.
Surgimento: Estados Unidos (NY e Califórnia). 1º manifestação pública: exposição “A
Imagem Fotográfica”, Museu Guggenheim, 1966 seguida de outra “Realism Now” Vassar
College Art Gallery de NY, 1968. Bienal de Paris de 1972.
Principais nomes: Chuck Close (n.1940), Richard Estes (n.1936), Thomas Blackwell
(n.1938), Don Eddy (n.1944), na pintura; John de Andrea (n.1941), Duane Hanson
(n.1925), na escultura.
Inter-Média
Exploração simultânea de vários meios artísticos, objetivando abolir as fronteiras que
separam e isolam cada um dos gêneros artísticos. Não deixa de ser um resgate das
propostas dadaístas de integrar a arte e a vida numa mesma ação criadora e contestadora,
abolindo as fronteiras entre a poesia, a música, as artes plásticas, a arquitetura e o teatro.
Como exemplo temos a “poesia visual” largamente desenvolvida a partir dos anos 50 no
mundo inteiro, inclusive no Brasil (“poesia concreta”: Décio Pignatari, Augusto de Campos e
Haroldo de Campos). As composições de “poesia visual” são apresentadas de modo que a
disposição das letras, das palavras ou das imagens crie diversos efeitos visuais. É uma arte
baseada em elementos fonéticos, visuais ou tipográficos, que pode adotar símbolos de
diferentes códigos de comunicação, valorizando-os de um modo essencialmente ótico. (A
proposta de uma integração entre as artes vem desde o Dadaísmo). A partir da Arte Pop, já
encontramos os “ambientes” ou “assemblages” (anos 60), cujo desenvolvimento nas
décadas seguintes levariam às INSTALAÇÕES. Não se deve esquecer ainda que também a
escultura moderna trabalhava no sentido da integração entre as artes, propondo obras,
onde o envolvimento do espaço, a utilização da pintura, e a participação do público
contribuíam para a queda das fronteiras.
(INSTALAÇÃO: objetos, pessoas ou mesmo animais “instalados”, muitas vezes de forma
cênica, num local fixo. Pode reunir simultaneamente vários suportes diferentes como
pintura, escultura, vídeo, cinema, desenho, etc.)
27
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Minimal - Art
Nascida em meados dos anos 60, igualmente nos Estados Unidos, situa-se no polo oposto
aos happenings pois, enquanto o artista do happening atua a “quente” e se entrega
totalmente à sua paixão de comunicar, o artista da minimal art calcula a obra a frio,
solitariamente. Procura levar a arte ao extremo da simplicidade, procura criar uma
impressão unitária com um objeto unitário ou uma série de objetos unitários idênticos -
formas simples que criam fortes sensações.
Buscam os seus materiais à indústria e ordena-os segundo estruturas simples, geométricas,
em regra dispostas simetricamente, em séries, quase sempre de grandes dimensões.
A minimal art é uma arte de idéias - a obra de arte é subsequente à idéia. Desse modo,
muitos artistas evitam ostensivamente o contato com a obra em formação, algumas vezes
renunciando até ao próprio contato visual - todo o seu trabalho pode consistir apenas em
dar normas e diretrizes para a realização industrial da obra.
Arte Povera
O termo italiano “povera” (pobre) designa uma forma de arte que, rompendo com os
processos industriais, volta-se para os elementos da natureza (terra, água, fogo, vegetais)
ou seus derivados (sacos, cordas, papéis, couro). O artista explora as propriedades físicas e
plásticas desses materiais sem representar ou descrever a natureza.
As proposições da ARTE POBRE coincidem com os objetivos da contra-cultura com seu
crescente despojamento material em uma sociedade consumista, baseada no desperdício,
no trabalho e no lazer mecânicos. É uma arte que adota os materiais mais nus, pobres e
insignificantes, afastando-se do sofisticado mundo artístico dos chamados valores estéticos.
O termo foi cunhado pelo crítico italiano Germano Celant que, em 1969, publica o livro “Art
Povera”, reunindo fotografias ou documentos de trabalhos realizados por artistas norte-
americanos e europeus e no qual admite outras denominações como “Process Art” (“as
obras concernem mais ao processo do que ao produto”). A consagração da Arte Pobre se dá
com a exposição do Museu Lírico de Turim, realizada em junho de 70.
28
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Arte Conceitual
Desde 1966, uma tal variedade de artistas e produtos vem sendo categorizada como “arte
conceitual”, que o significado da expressão já se tornou irremediavelmente difuso.
Originalmente, a arte conceitual era um empreendimento com dois sentidos: ocupado em
(a) um exame teórico do conceito “arte”, e (b) conceitos apresentados como arte.
As obras de arte não existem como objetos, mas como conceitos - uma idéia que se
transmite através de diferentes meios ou “media” (fotografia, cinema, telefone, gravador)
que não são apresentados como imagens, mas apenas utilizados como meio de comunicar a
idéia. O artista não luta mais com a matéria, mas propõe idéias para fazer obras. O
anteprojeto apresentado como forma final não indica somente ao artista, mas também ao
observador, uma nova atitude. O artista dá uma indicação e o observador se vê
impulsionado a refletir e imaginar, exigindo uma participação mental do espectador, e
tornando-se completamente independente das faculdades artesanais do artista.
29
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.
Escola de Design – UEMG
História e Análise Crítica da Arte e do Design II – HACAD II
Textos de referência
Sintetizar as múltiplas experiências da arte conceitual é tarefa por demais ingrata, não só
pela sua grande variedade (muitos representantes da Arte Mínima, da Arte Pobre, do
Happening, da Poesia Visual, foram atraídos por um ou vários aspectos do Conceitualismo),
mas também pela falta de uma perspectiva temporal mínima sempre necessária para
analisar qualquer criação artística nova.
A Arte Conceitual se ocupa da problemática da linguagem da arte e da sua respectiva
comunicação, sendo, portanto, um prolongamento das investigações semiológicas e
semióticas (métodos de aplicar as normas de análise provenientes da lingüística estrutural
aos fatos sociais e, dentre eles, ao fato artístico).
Toda essa nova investigação abre caminhos que deverão conduzir, sem dúvida alguma, ao
enriquecimento da sensibilidade humana, último objetivo da arte.
Referências Bibliográficas:
CAVALCANTI, Carlos. História das Artes. Rio de Janeiro: Rio, 1978. 357 p., v.1
CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996
JANSON, H. W.; JANSON A.F. História da Arte. 2 ed. São Paulo:Martins Fontes, 1996. 477 p.
LYNTON, Norbert. A Arte Moderna. s.l., Britannica do Brasil, 1979. 176 p. (O Mundo da Arte,
10)
PIJOAN, Jean. História da Arte. (rev. e aum.) São Paulo: Salvat, 1978. vs.9,10 320 p.
30
Textos de referência elaborados pela professora Giselle Hissa Safar. Revisado em 2008 pela professora Vânia Myrrha.