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ORGANIZADORAS

CRISTIANA ARAÚJO GONTIJO


ISIS DANYELLE DIAS CUSTÓDIO

FITOTERAPIA EM
NUTRIÇÃO CLÍNICA

UNITRI
Centro Universitário do Triângulo
2017
Fitoterapia em Nutrição Clínica
Direitos de edição reservados à UNITRI – Centro Universitário do Triângulo.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida, apropriada e estocada, por qualquer forma ou meio, sem autorização
do detentor dos seus direitos de edição.

Fitoterapia em nutrição clínica / [organizadoras] Cristiana Araújo Gontijo, Isis


Danyelle Dias Custódio. - Uberlândia, Minas Gerais: UNITRI Centro Universitário do
Triângulo, 2017.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85–60926-09-1

1. Fitoterapia. 2. Nutrição Clínica. I. Gontijo, Cristiana Araújo. II. Custódio, Isis


Danyelle Dias.
CDD 612.3
SUMÁRIO

CAPÍTULO I - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA----------------- 4


CAPÍTULO II - PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA:
Cynara scolymus, Camellia sinensis, Ilex paraguariensis, Solanum melongena
L. e Plantago ovata --------------------------------------------------------------------------------- 25
CAPÍTULO III - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
SISTÊMICA -------------------------------------------------------------------------------------------- 35
CAPÍTULO IV - FITOTERAPIA E OBESIDADE --------------------------------------------- 48
CAPÍTULO V - FITOTERAPIA E DIABETES MELLITUS -------------------------------- 61
CAPÍTULO VI - FITOTERAPIA E SISTEMA IMUNOLÓGICO: Bowdichia
virgiloides Kunth ----------------------------------------------------------------------------------- 74
CAPÍTULO VII - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DE GASTROPATIAS -------- 84
CAPÍTULO VIII - FITOTERAPIA E SISTEMA OSTEOARTICULAR ------------------ 95
CAPÍTULO IX - FITOTERAPIA E SISTEMA INTESTINAL ----------------------------- 119
CAPÍTULO X - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA RETOCOLITE
ULCERATIVA --------------------------------------------------------------------------------------- 132
CAPÍTULO XI - ADAPTÓGENOS ------------------------------------------------------------- 138
CAPÍTULO XII- FITOTERÁPICOS NO CICLO DE VIDA MATERNO-INFANTIL - 162
CAPÍTULO I - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA
Flávia Fernandes de Oliveira Rodrigues e Lúcia Endriukaite

DISLIPIDEMIA

A dislipidemia compreende um dos principais fatores de riscos para o


desenvolvimento de doenças cardiovasculares e o aparecimento da aterosclerose
(SBC, 2013). Caracteriza-se por altos níveis plasmáticos de colesterol total (CT),
lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), triglicerídeos (TG) e baixas concentrações
de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) (MILLER, 2003).
As doenças cardiovasculares são responsáveis pelas altas taxas de
mortalidade e morbidade em todo o mundo. Diante dessas consequências, o
tratamento da dislipidemia é de extrema importância para a prevenção de infarto
agudo do miocárdio, doença aterosclerótica arterial coronária, acidente vascular
cerebral e doenças coronarianas (SBC, 2007).
Dentre os tratamentos utilizados para combater a dislipidemia cita-se o uso de
medicamentos hipolipemiantes, redução do consumo de alimentos ricos em
carboidratos e gorduras, adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática de
atividade física (ALIBASIC et al., 2015; MUSUNURU, 2010). O uso de estatinas,
drogas inibidoras da HMG-COA Redutase (3-hidroxi-3methyl-glutaril-Coa redutase)
que é uma enzima que participa da via metabólica de produção de colesterol,
apresentam eficácia na redução da hipercolesterolemia e prevenção de doenças
cardiovasculares (SBC, 2013). Apesar de sua eficácia, pode causar efeitos
colaterais, como aumento das transaminases hepáticas e dor ou fraqueza muscular
(ARMITAGE et al., 2009).
A fitoterapia tem sido utilizada na medicina popular, desde a antiguidade, para
tratamentos de diversas patologias (AKINDAHUNSI; OLALEVE, 2003). Constitui
uma das alternativas que vem complementar a prescrição dietética desde que
tenham embasamento científico ou uso tradicional reconhecido. Contudo, a
utilização dos fitoterápicos deve ser prescrita por profissionais especialistas em
fitoterapia, para maior segurança (CNF, 2013).

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FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

A dislipidemia pode resultar em várias complicações como doenças


cardiovasculares, aterosclerose e acidente vascular cerebral, além de estar
associada à síndrome metabólica (SBC, 2013). A manutenção dos níveis de HDL-C,
CT e LDL-C dentro dos valores de referências auxiliam na proteção contra estas
enfermidades (SBC, 2007). A prevenção e o tratamento são importantes para evitar
complicações futuras. O uso da fitoterapia tem se destacado por ser de origem
vegetal e possuir fitoquímicos que são capazes de promover benefícios no
tratamento de patologias quando utilizados adequadamente (BRASIL, 2006; CNF,
2013).
Este capítulo apresenta quatro fitoterápicos com propriedades
hipolipemiantes, mostrando benefícios no tratamento da dislipidemia: Alho (Allium
sativum L.), Uva (Vitis vinifera L.), “Sementes pretas” (Nigella sativa L.) e Hibisco
(Hibiscus sabdariffa L.). Os efeitos hipolipemiantes mencionados apresentam
relevância significativa, baseada em evidências científicas.

ALHO (Allium sativum L.)

O alho (Allium sativum L.) da família Liliaceae é constituído por compostos de


enxofre, destacando-se a alicina, que possui atividade antioxidante e hipolipemiante,
sendo indicado como coadjuvante na proteção de doenças cardiovasculares e
aterosclerose (LAU, 2006; YIN et al., 2012). Além desses benefícios, o alho possui
também propriedades antibacteriana, antitrombótica, hipotensora e antioxidante
(LAU, 2006; MOZAFFARI et al, 2014; RIED; TRAVICA; SALI, 2016; RAHMAN;
LOWE; SMITTH, 2016). As propriedades hipolipemiantes do alho podem estar
relacionadas com redução da enzima HMG-Coa Redutase, que participa da via
metabólica de produção de colesterol (RAI; SHARMA; TIWARI, 2009).
O Allium sativum L. em cinco artigos identificados (ASHRAF et al., 2005;
SOBENIN et al., 2008; SOBENIN et al., 2010; YIN et al., 2012; EBRAHIMI et al.,
2015) apresentou redução do perfil lipídico, conforme pode ser verificado no Quadro
1.

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Quadro 1. Efeitos do Allium sativum L. no tratamento da dislipidemia.
Referência Alvo Planta medicinal Estudo Dose Tempo Resultados

Ashraf et al., Dislipidemia Allium sativum L. Humanos 300mg (contendo 12 semanas ↓ CT, ↓ LDL-C e ↑ HDL-C
2005 comprimido (n=70) 1,3% alicinas) duas
vezes ao dia

Sobetin et al., Hipercolesterolemia Allium sativum L. em Humanos 600mg/dia 12 semanas ↓ CT, ↓ LDL-C e ↑ HDL-C
2008 pó (n=42)
Sobenin et al., Hipercolesterolemia Allium sativum L. em Humanos 150mg duas vezes 12 meses ↓ CT, ↓ LDL-C (homens e mulheres).
2010 e doença cardíaca pó comprimido (Homens n=28; por dia ↓ 1,5 vezes risco cardíaco (Homens)
mulheres n=23). ↓ 1,3 vezes risco cardíaco (Mulheres)

Yin et al., 2012 Hipercolesterolemia Alicina em pó Ratos 5, 10 e 20mg/kg/dia 12 semanas ↓ CT, ↓ LDL-C e ↓ TG em todas as
(n=24) doses, principalmente na dose de
20mg/kg/dia.
Ebrahimi et al., Hipercolesterolemia Extrato seco de Ratos 200 e 400mg/kg/dia Duas e quatro ↓ LDL-C e ↑ HDL-C, principalmente na
2015 Allium sativum L. (n=40) semanas dose de 400mg/kg/dia.
LDL-C= Lipoproteína de baixa densidade; CT=Colesterol total; TG= Triglicerídeos; HDL-C= Lipoproteína de alta densidade; ↓ Redução; ↑ Aumento; mg: Miligramas; kg:
quilogramas; n=número.

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Em estudo duplo-cego randomizado de Ashraf et al. (2005), foi utilizado
comprimido de alho com dose de 300mg (contendo 1,3% de alicina) duas vezes ao
dia, durante 12 meses em pacientes com dislipidemia e portadores de Diabetes
Mellitus Tipo 2, tendo sido verificada redução significativa de CT (-28mg/dL, -12,03%
p=<0,001), LDL-C (-30mg/dL, -17,99% p=<0,001) e aumento de HDL-C (3,35mg/dL,
8,81% p=<0,05). Entretanto, houve um pequeno aumento de TG, mas não
significativo em relação ao grupo placebo. O estudo mostrou que o alho apresenta
benefícios no tratamento da dislipidemia e, além disso, teve uma boa tolerância
pelos pacientes.
Sobenin et al. (2008) em estudo duplo-cego randomizado, utilizaram
comprimidos de alho na dose de 600mg/dia, observando-se ao final de 12 semanas,
redução de 11,5% no CT (p=0,005) e 13,8% do LDL-C (p=0,009), em comparação
com o grupo placebo. O HDL-C aumentou significativamente após oito semanas,
apresentando no final aumento de 11,5% (p<0,0013) (SOBENIN et al., 2008). O alho
apresentou efeitos moderados e significativos após oito e 12 semanas de
tratamento, respectivamente, em 42 homens com hipercolesterolemia leve
(SOBENIN et al., 2008).
Em outro estudo duplo-cego randomizado de Sobenin et al. (2010), a dose de
150mg de alho em comprimido, duas vezes por dia, durante 12 meses, em 51
pacientes com doença arterial coronariana, apresentou reduções no CT e LDL-C de
32,9 mg/dL em homens (p<0,05) e de 27,3mg/dL em mulheres. Houve melhorias do
TG e HDL-C, mas não atingiu as estatísticas. O efeito do alho sobre o LDL-C foi o
principal contribuinte para as reduções do risco cardiovascular de 1,5 vezes menor
em homens (p<0,05) e cerca de 1,3 vezes menor em mulheres (SOBENIN et al.,
2010). O alho possui efeitos terapêuticos significativos e seguros em relação aos
efeitos adversos, assim pode ser utilizado como coadjuvante no tratamento da
dislipidemia e pode proporcionar prevenção secundária da aterosclerose em
pacientes portadores de doenças cardiovasculares (SOBENIN et al., 2010).
Yin et al. (2012) realizaram estudo experimental em ratos, com utilização de
doses de 5mg/kg, 10mg/kg e 20mg/kg peso/dia de alicina, uma substância presente
no alho. Houve redução do CT, LDL-C e triglicerídeos nas três doses. Não houve
relatos de alterações significativas do HDL-C em nenhuma das doses. Com a dose
de 20mg/kg peso/dia, houve maior redução de LDL-C, menor acúmulo de lipídeos

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nas células hepáticas, além de ter proporcionado maior redução de peso e menor
consumo de alimentos nos animais. A alicina possui potencial para baixar o
colesterol, prevenir doenças ateroscleróticas e sem evidencias de toxicidade.
O extrato seco de alho possui propriedades hipolipemiantes significativas
comprovadas em estudo com ratos alimentados com dieta rica em gordura, no qual
foi utilizado extrato de alho na dose de 200mg/kg/dia e 400mg/kg/dia durante duas e
quatro semanas. Houve redução das concentrações de LDL-C e aumento de HDL-C
nas duas doses, especialmente na dose de 400mg/kg/dia. (EBRAHIMI et al., 2015).
A redução do LDL-C e o aumento de HDL-C possui efeito favorável para a
prevenção de doença arterial coronariana (EBRAHIMI et al., 2015).

UVA (Vitis vinifera L.)

Vitis vinifera L. (uva) pertence à família das vitáceas, de origem europeia, é


muito cultivada para a produção de vinhos (KAMMER et al., 2004). Esta planta é rica
em polifenóis, antocianinas, catequinas e flavonoides presentes nas cascas e
sementes (KAMMER et al., 2004). As proantocianidinas, encontradas nas sementes,
são eficazes na redução da adipogênese, proteção contra radicais livres, inibição da
trombogênese, modulação da atividade de enzimas na ciclooxigenase e
lipooxigenase. (SANO et al., 2007). Vitis vinifera L. possui eficácia na proteção e
tratamento de doenças cardiovasculares (SANO et al., 2005).
Nos quatros artigos selecionados (YUBERO et al., 2013; CAO et al., 2015;
THIRUCHENDURAN et al., 2010; RAZAVI et al., 2013) sobre a utilização da Vitis
vinifera L., foram identificados resultados positivos com relação à redução do perfil
lipídico e, principalmente, contra a oxidação de radicais livres, conforme pode ser
verificado no Quadro 2.

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Quadro 2. Efeitos de Vitis vinifera L. no tratamento da dislipidemia.
Referência Alvo Planta medicinal Estudo Dose Tempo Resultados
Thiruchenduran Hipercolesterolemia Sementes de Vitis vinifera Ratos (n=24) 100mg/kg peso/dia 30 dias ↓ da oxidação de LDL-C e ↑ do
et al., 2010 L. em pó HDL-C
(proantocianidinas)
Razavi et al., Hipercolesterolemia Extrato seco de semente Humanos (n= 52) 100mg 2 vezes ao 8 semanas ↓ CT;
2013 leve de Vitis vinifera L. dia ↓ LDL-C;↓ OX-LDL-C
Yubero et al., Hipercolesterolemia Extrato seco de Vitis Humanos 700mg/dia 56 dias ↓ CT; ↓LDL-C;
2013 vinifera L. (cascas - (Homens n=29) ↓ LDL/HDL-C
polifenóis) (Mulheres n=31)
Cao et al., 2015 Placa na artéria Extrato seco de semente Humanos (n= 287) 200mg/dia 24 meses ↓ da progressão e do Índice da
carótida de Vitis vinifera L. placa da artéria carótida;
Desaparecimento de 39 placas
ateroscleróticas.
LDL-C= Lipoproteína de baixa densidade; CT=Colesterol total; OX-LDL-C= partícula de lipoproteína de baixa densidade oxidativa; HDL-C= Lipoproteína de alta
densidade; ↓ Redução; ↑ Aumento; mg: Miligramas; kg: quilogramas; n=número.

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Em um estudo de Thiruchenduran et al. (2010), o extrato de proantocianidinas
de sementes de Vitis vinifera L. na dose de 100mg/kg/peso durante 30 dias
apresentou efeito cardioprotetor em ratos com hipercolesterolemia induzida por dieta
contendo 4% de colesterol e 1% de ácido eólico. Vitis vinifera L. foi capaz de reduzir
lipídios para próximo dos níveis normais, atenuar os efeitos da oxidação de LDL-C,
aumentar HDL-C e reduzir apoptose. O estudo sugere que proantocianidinas possui
capacidade de reduzir os radicais livres e inibir a absorção de colesterol.
Razavi et al. (2013), em um ensaio clínico cruzado com 52 indivíduos com
hipercolesterolemia leve, relataram que extrato seco de sementes de uva na dose de
100mg, duas vezes ao dia, manhã e noite, durante oito semanas, reduziu CT (-
10,68±26,76mg/dL) (p=0,015); LDL-C (-9,66±23,92mg/dL) (p=0,014) e OX-LDL-C (-
5,47±12,12mg/dL) (p=0,008). O OX-LDL-C representa partículas de lipoproteína de
baixa densidade oxidativa que leva ao desenvolvimento de aterosclerose. Houve
reduções de TG e VLDL-C e aumento de HDL-C, mas não considerados
significantes. Extrato de sementes de uva possui efeito antioxidante, hipolipemiante
e cardioprotetor (RAZAVI et al., 2013).
Em ensaio clínico randomizado com 60 voluntários, Yubero et al. (2013)
identificaram que o extrato seco de Vitis vinifera L. na dose de 700mg/dia, durante
56 dias, foi benéfico na redução dos níveis sanguíneos de colesterol e LDL-C. O
colesterol inicial com média de 247,43mg/dl reduziu para 213,77 mg/dl (p=0,01);
LDL-C inicial de 166,67mg/dl reduziu para 142,17mg/dl (p=0,02); e relação de
LDL/HDL inicial de 3,84mg/dl reduziu para 3,08mg/dl (p=0,018), ressaltando o efeito
deste extrato na redução do risco de doenças cardiovasculares.
O extrato seco de sementes de Vitis vinifera L. na dose de 200mg/dia foi
eficaz na redução de 4,2% e 5,8% da progressão da placa da artéria carótida após
seis e 24 meses, respectivamente, em 287 pacientes (CAO et al., 2015). Além disso,
foi verificada redução do Índice da placa em 10,9% após seis meses e em 33,1%
após 24 meses, em relação ao grupo placebo (CAO et al., 2015). Após o tratamento
por 24 meses, o extrato seco de semente de uva foi capaz de reduzir a placa,
impedir o crescimento e causar o desaparecimento de 39 placas da artéria carótida,
umas das consequências mais avançadas da dislipidemia (CAO et al., 2015). Os
pacientes não relataram nenhum efeito adverso. O extrato seco de sementes de

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Vitis Vinifera L. possui efeitos benéficos na redução de lesão aterosclerótica e
eventos cardiovasculares (CAO et al., 2015).

SEMENTES PRETAS (Nigella sativa L.)

A Nigella sativa L., da família Ranunculaceae, é conhecida popularmente


como “sementes pretas”, muito utilizadas nas áreas do Mediterrâneo e na Índia para
o tratamento de patologias (MAHMOUD; EL-ABHAR; SAHEH, 2002). As sementes
são altamente nutritivas, fontes ricas em ácidos graxos linoleicos e oleicos e possui
composto como a timoquinona que podem conferir a atividade hipolipemiante
(NICKAVAR et al., 2003).O seu mecanismo de ação no tratamento da dislipidemia
pode estar relacionado com a redução da síntese de colesterol pelos hepatócitos,
estimulação da síntese de ácidos biliares, redução da peroxidação lipídica, aumento
dos receptores de LDL-C e menor absorção de colesterol dietético pelo intestino
(AL-NOGEEP et al., 2009).
Nigella sativa L. promoveu reduções do perfil de lipídeos em sete artigos
selecionados (TASAWAR et al., 2011; SABZAGHABAEE et al., 2012; KAATABI et
al., 2012; AHMAD; BEG, 2013; ALOBAIDI, 2014; IBRAHIM et al., 2014; MUNEERA;
MAJEED; NAVEED, 2015), conforme presente no Quadro 3.

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Quadro 3. Efeitos de Nigella sativa L. no tratamento da dislipidemia.
Referência Alvo Planta medicinal Estudo Dose Tempo Resultados

Tasawar et al., Dislipidemia e Cápsula de sementes Humanos (n=80) 500mg/dia 6 meses ↓ CT, ↓ LDL-C, ↓VLDL-C, ↓TG e ↑HDL-C
2011 doença coronariana de Nigella sativa L.
Sabzahabaee et Dislipidemia Cápsulas de sementes Humanos (n=74) 2g/dia 4 semanas ↓CT, ↓LDL-C e ↓TG.
al., 2012 de Nigella sativa L.
Kaatabi et al., Dislipidemia em Cápsulas de sementes Humanos (n=71) 1, 2 e 3g/dia 12 1g= ↑ HDL-C
2012 pacientes de Nigella sativa L. semanas 2g= ↓CT, ↓ TG, ↓LDL-C e ↑ HDL-C/LDL-c
diabéticos tipo 2 (dose mais eficaz)
3g= ↓ CT
Ahmad; Beg, Hipercolesterolemia Extrato metanólico de Ratos (n=20) 100mg/dia de extrato 30 dias 100mg/dia extrato metanólico: ↓ LDL-C, ↓
2013 óleo de Nigella sativa metanólico e 20mg/dia TG, ↓TC, ↓VLDL-C e ↑HDL-C (mais eficaz)
L. e óleo volátil de óleo volátil 20mg/dia de óleo volátil: ↓ LDL-C, ↓ TG,
↓CT, ↓VLDL-C e ↑HDL-C
Alobaidi, 2014 Dislipidemia Cápsula de pó de Humanos 500mg/dia Nigella 8 semanas ↓CT, ↓TG, ↓LDL-C e ↑HDL-C
Nigella sativa L. e (Homens n=127; sativa L., 250mg/dia
cápsula de óleo de mulheres n=131) Allium sativum L. e
Allium sativum L. 10mg/dia sinvastatina
Ibrahim et al., Mulheres com Cápsula de sementes Mulheres 1g/dia 8 semanas ↓ LDL-C, ↓TG, ↓ CT, ↑ HDL-C
2014 menopausa de Nigella sativa L. (n=30)
Muneera; Majeed; Hipercolesterolemia Sementes de Nigella Ratos (n=30) 1000mg/kg/dia 6 semanas ↓CT, ↓ LDL-C, ↓ TG e ↑ HDL-C.
Naveed, 2015 sativa L. em pó
LDL-C= Lipoproteína de baixa densidade; CT=colesterol total; TG= triglicerídeos; VLDL-C= lipoproteína de muita baixa densidade; HDL-C= lipoproteína de alta densidade;
↓ Redução; ↑ Aumento; mg: miligramas; kg: quilogramas; n=número.

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O estudo experimental com intervenção de Tasawar et al. (2011) avaliou o
efeito de cápsulas de 500mg/dia de pó de sementes de Nigella sativa L. em 80
indivíduos durante seis meses. A associação de Nigella sativa L. com estatina
apresentou melhores resultados, com reduções de 14,58% no CT, 23% no LDL-C,
15,16% no VLDL-C, 15,16% no TG e aumento de 3,18% no HDL-C (p<0,05), quando
comparado ao grupo que recebeu somente estatina, nas doses de 10 e 20 mg/dia
(TASAWAR et al., 2011). O grupo que recebeu somente estatinas obteve reduções
de 1,17% no CT; 4,13%no LDL-C; 2,12% no TG; 3,10% no VLDL-C, porém não
significativas (p>0,05); e aumento de HDL-C em 5,87% (p<0,05) (TASAWAR et al.,
2011). Este estudo ressalta benefícios superiores da associação de Nigella sativa L.
com estatinas no tratamento da dislipidemia, em comparação à utilização isolada de
estatinas (TASAWAR et al., 2011). As estatinas são drogas utilizadas no tratamento
da aterosclerose e que podem apresentar efeitos colaterais, principalmente no
fígado (LIBBY et al., 2009).
Sabzaghabaee et al. (2012) relataram em um estudo de ensaio clínico
randomizado que cápsulas de sementes de Nigella sativa L., na dose 2g/dia em 74
indivíduos, reduziram 4,78% no CT; 7,6% no LDL-C e 16,65% no TG, após quatro
semanas. Entretanto, não apresentou alterações significativas no HDL-C. Logo,
Nigella sativa L. possui efeitos terapêuticos favorável no tratamento da dislipidemia.
Kaatabi et al. (2012) em um estudo prospectivo, analisaram cápsulas de 1, 2
e 3g/dia de pó de sementes de Nigella sativa L. sobre o perfil lipídico de pacientes
com Diabetes Mellitus tipo 2, durante 12 semanas. Os pacientes que receberam a
dose de 1g/dia apresentaram aumento do HDL-C, após quatro semanas, sem
intervenção nos outros parâmetros do perfil de lipídeos. A dose de 2g/dia foi a mais
eficaz, tendo sido identificadas reduções no CT de 11,1%; TG de 22,2% e LDL-C de
16,8%, bem como aumento do HDL-C em relação ao LDL-C após 12 semanas. A
dose de 3g/dia não foi mais eficiente que a de 2g/dia, tendo resultado significativo
apenas na redução de colesterol total. O tratamento da dislipidemia é de extrema
importância, pois quando associada à Diabetes Mellitus tipo 2, contribui para o
aumento do risco de doenças cardiovasculares (KUMAR; SINGH, 2010).
Ahmad e Beg (2013) em estudo experimental mostraram que o extrato
metanólico de 100mg/dia de óleo de sementes de Nigella sativa L. reduziu TG em
50%, CT em 60%, LDL-C em 68%, VLDL-C em 49%, e aumentou HDL-C em 23%.

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Ao passo que, o óleo volátil de 20mg/dia reduziu o TG em 32%, CT em 61%, LDL-C
em 67%, VLDL-C em 32%, e aumentou HDL-C em 12%, também durante um
período de 30 dias, em ratos hipercolesterolêmicos. Em ambos os casos, ocorreu
redução da atividade da HMG-COA Redutase hepática. Os triglicerídeos foram
reduzidos para níveis próximos aos normais em ambas às frações de testes.
Ácido linoleico, timoquinona e ácido palmítico nos extratos metanólicos, e de
timoquinona, timol e carvacrol no óleo volátil, são os compostos que conferem as
atividades hipolipemiantes, antioxidantes e antiterogênicas da Nigella sativa L. para
o tratamento da dislipidemia e doenças cardiovasculares (AHMAD; BEG, 2013).
Alobaidi (2014) em um estudo prospectivo, duplo-cego durante oito semanas
com 258 pessoas, encontrou eficácia superior na correção da dislipidemia com a
combinação de cápsulas de 500mg/dia de pó de sementes de Nigella sativa L.,
sinvastatina 10mg/dia e 250mg/dia de cápsulas de óleo de alho, em comparação ao
uso isolado de sinvastatina 10mg/dia. O grupo que recebeu sinvastatina, Nigella
sativa L. e Allium sativum L. apresentou redução do CT inicial de 217 mg/dL para
176 mg/dL; LDL-C de 139,4 mg/dL para 98,3mg/dL; TG de 199mg/dL para
159mg/dL; e aumento de HDL-C de 37,8 mg/dL para 45mg/dL. O grupo que recebeu
apenas sinvastatina apresentou redução de TG inicial de 201 mg/dL para 187mg/dl;
LDL-C de 134,7mg para 119,1mg/dl; CT de 213,6mg para 198,6mg/dL (p≤ 0,01); e
aumento do HDL-C de 38,1mg/dL para 42,1mg/dL (p=0,02) (ALOBAIDI, 2014). O
sinergismo de drogas com o mesmo mecanismo de ação pode trazer eficácia
superior no tratamento da dislipidemia (VENKATARAMAN et al., 2004), podendo-se
evitar o uso de grandes doses de estatinas, visto que os efeitos colaterais podem ser
dose-dependentes (MOREYRA; WISON; KORAYM, 2005).
Sementes de Nigella sativa L. em pó também apresentaram benefícios na
dose de 1g/dia, em estudo experimental realizado por Ibrahim et al. (2014), durante
oito semanas, em mulheres com menopausa. Houve redução de 26,60% no LDL-C;
35,10% no TG; 9,52% no CT; 9,52% na glicose (p<0,05) e aumento de 8,13% no
HDL-C (p˂0,05) (IBRAHIM et al., 2014). Nigella sativa L. apresentou neste estudo,
melhorias do perfil lipídico e da glicose, que são dois parâmetros da síndrome
metabólica (IBRAHIM et al., 2014). A menopausa é uma fase fisiológica em que
ocorrem mudanças nos níveis hormonais, estando relacionada ao aumento do risco
para síndrome metabólica (SCHEIDER et al., 2006; WELLONS et al., 2012).

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Muneera; Majeed; Naveed (2015), em um estudo de ensaio randomizado em
ratos com dose de 1000mg/kg/dia de sementes de Nigella sativa L., após seis
semanas, mostraram efeitos semelhantes quando comparado com sinvastatina na
dose de 20mg/dia. O grupo que recebeu Nigella sativa L. apresentou reduções de
48,4% no CT; 70% no LDL-C; 25,3% no TG; e aumento do HDL-C em 53,57%. O
grupo que recebeu sinvastatina apresentou aumento significativo dos níveis de ALT
(Alanina transaminase), enzima relacionada à disfunção hepática. Nigella sativa L.
possui função protetora da função hepática e, portanto, pode ser uma alternativa
melhor do que a sinvastatina no tratamento da dislipidemia sem efeitos colaterais.

Hibiscus sabdariffa L.

Hibiscus sabdariffa L. da família Malvaceae, possui atividade


hipocolesterolemica pela presença de polifenóis e antocianinas que são flavonoides
que possuem efeitos benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares. Hibiscus
sabdariffa L. é muito utilizada na medicina popular como antibacteriana,
antiespasmódica, anti-hipertensiva e antifúngica, sendo cultivada no Brasil, Caribe,
Austrália, Índia, América Central, África, Filipinas e Estados Unidos (MAHADEVAN;
KAMBOJ, 2008; MAZAFFARI- KHOSRAVI; JALALI, 2009).
Os efeitos hipolipemiantes de Hibiscus sabdariffa L. no tratamento da
dislipidemia foram mencionados nos seis artigos selecionados (HIRUNPANICH et
al., 2006; LIN et al., 2007; OCHANI; MELLO, 2009; GURROLA et al., 2010; GOSAIN
et al., 2010; SABZGHABAEE et al., 2013), conforme apresentado no Quadro 4.

15
Quadro 4. Efeitos de Hibiscus sabdariffa L. no tratamento da dislipidemia.
Referência Alvo Planta medicinal Estudo Dose Tempo Resultados

Hirunpanich Hipercolesterolemia Extrato aquoso de Ratos 250mg/kg/dia, 6 semanas Dose de 250mg/kg/dia: (não apresentou alterações
et al., 2006 cálices de Hibiscus (n=42) 500mg/kg/dia e significativas no perfil de lipídeos)
sabdariffa L. 1000mg/kg/dia Dose de 500mg/kg/dia: ↓ CT, ↓ TG, ↓ LDL-C.
Dose de 1000mg/kg/dia: ↓ CT, ↓ TG, ↓ LDL-C.
Lin et al., Hipercolesterolemia Extrato seco de flores Humanos 500mg (2,5 4 semanas Uma cápsula (três vezes ao dia): ↓ CT
2007 de Hibiscus sabdariffa (n=42) antocianinas, 1,7% Duas cápsulas (três vezes ao dia): ↓CT (mais eficaz)
L. polifenóis e 1,43% Três cápsulas (três vezes ao dia): ↓ CT
de flavonóides)
Ochani; Hipercolesterolemia Extrato etanólico de Ratos 500mg/kg/dia 30 dias Extrato etanólico de cálices: ↓ CT, ↓ LDL-C, ↓ VLDL-C, ↓
Mello, 2009 cálices e Extrato (n=30) TG e ↑ HDL-C. (mais eficaz)
etanólico das folhas de Extrato etanólico das folhas: ↓ CT, ↓ LDL-C, ↓ VLDL-C, ↓
Hibiscus sabdariffa L. TG e ↑ HDL-C.
Gurrola et Síndrome Extrato seco de Humanos 100mg/dia 1 mês ↓ CT, ↓ TG e ↑ HDL-C
al., 2010 metabólica cálices de Hibiscus (n=152)
sabdariffa L.

Gosain et Hipercolesterolemia Extrato etanólico de Ratos 100, 200 e 4 semanas 100mg/kg/dia (não apresentou alterações significativas)
al., 2010 folhas de Hibiscus (n=42) 300mg/kg/dia 200mg/kg/dia: ↓ CT, ↓ TG, ↓ LDL-C e ↓ VLDL-C.
sabdariffa L. 300mg/kg/dia: ↓ CT, ↓ TG, ↓ LDL-C e ↓ VLDL-C.
Sabzghabae Dislipidemia Hibiscus sabdariffa L. Adolesce 2 g/dia 1 mês ↓ CT, ↓ LDL-C e ↓ TG
e et al., (cálices) em pó ntes
2013 (n=72)
LDL-C= Lipoproteína de baixa densidade; CT= Colesterol total; TG= Triglicerídeos; VLDL-C= lipoproteína de muita baixa densidade; HDL-C= lipoproteína de alta
densidade; ↓ Redução; ↑ Aumento; mg: Miligramas; kg: kilogramas.

16
Hirunpanich et al. (2006) avaliaram os efeitos de extratos aquosos de cálice
de Hibiscus sabdariffa L. nas doses de 250, 500 e 1000mg/kg/dia em ratos com
hipercolesterolemia, durante seis semanas. A dose de 500mg/kg/dia reduziu o CT
em 22% (p<0,001), TG em 33% e LDC-C em 22% (p<0,05); a dose de
1000mg/kg/dia reduziu CT em 26% (p<0,001), TG em 28% (p<0,05), LDL-C em 32%
(p<0,05); enquanto a dose de 250mg/dia não apresentou reduções significativas no
CT, LDL-C e TG. Os níveis de HDL-C não foram alterados em nenhuma das doses
testadas.
Lin et al. (2007) em estudo cruzado randomizado verificaram o efeito de
extrato seco de Hibiscus sabdariffa L. em 42 voluntários, durante quatro semanas.
Observou-se que o grupo que recebeu uma cápsula de 500mg três vezes ao dia,
após as principais refeições, apresentou redução de 14,4% do CT em 50% dos
voluntários; o grupo que recebeu duas cápsulas de 500mg três vezes ao dia
apresentou redução de 12% do CT em 71,4% dos voluntários; enquanto o grupo que
recebeu três cápsulas três vezes ao dia apresentou redução de 8,3% do CT em
42,9% dos voluntários. Hibiscus sabdariffa L. pode reduzir o nível de CT com
eficácia em voluntários com hipercolesterolemia.
No estudo de Ochani e Mello (2009), a dose de 500mg/kg/dia de extrato
etanólico de cálices de Hibiscus sabdariffa L. durante 30 dias, em ratos alimentados
com dieta rica em gordura, reduziu em 26,33% CT (p<0,001), 74,20% TG (p<0,001),
27,35% LDL-C (p<0,001), 74,20% VLDL-C (p<0,001) e aumentou em 36,17% HDL-C
(p<0,001). Extrato etanólico das folhas apresentou reduções de 24,85% no CT
(p<0,001), 69,80% no TG (p<0,001), 25,23% no LDL-C (p<0,001), 69,80% no VLDL-
C (p<0,001) e aumento de 32,74% no HDL-C (p<0,01). O grupo com Lovastatina na
dose de 10mg/kg/dia apresentou redução de 28,70% no CT, 48,60% no TG, 32,18%
no LDL-C, 48,60% no VLDL-C (p<0,001), sem, contudo, apresentar aumento
significativo no HDL-C. A maior atividade hipolipemiante em animais foi de extrato
etanólico de cálices seguidos do extrato etanólico de folhas. Hibiscus sabdariffa L. é
rico em antioxidantes e possui efeitos hipolipemiantes, provavelmente, devido ao
aumento da inibição da absorção intestinal de colesterol e aumento na expressão de
receptores de LDL-C.
Gurrola et al. (2010), em estudo randomizado de seguimento, observou o
efeito de extrato de cálices de Hibiscus sabdariffa L. em cápsulas, administradas no

17
jejum, sobre o perfil de lipídeos de pacientes com e sem síndrome metabólica. A
dose de 100mg/dia durante um mês reduziu CT, TG, Glicose, e aumentou HDL-C,
em pacientes com síndrome metabólica. O grupo com síndrome metabólica em uso
de Hibiscus apresentou aumento de HDL-C em 37,5% e redução de TG em 19,7%;
enquanto o grupo com Hibiscus sabdariffa em conjunto com dieta (30% de gordura,
sendo <7% de gordura saturada; 55% de carboidratos, 15% de proteína, 20-30 de
fibras e com colesterol <200mg/dia) apresentou aumento de 29,4% no HDL-C e
redução de 37,8% no TG. Hibiscus sabdariffa L., além de suas propriedades
hipotensora, possui efeitos hipolipemiantes significativos, sendo indicado no
tratamento da dislipidemia e síndrome metabólica. Além disso, os exames de uréia,
creatinina, ALT (alamina aminotransferase) e AST (aspartato aminotransferase) não
apresentaram alterações após o tratamento, mostrando segurança na sua utilização.
Gosain et al. (2010), em estudo experimental, avaliaram o extrato etanólico de
folhas de Hibiscus sabdariffa L. nas doses de 100, 200 e 300mg/kg/dia em ratos com
hipercolesterolemia, durante quatro semanas. A dose de 100mg/kg/dia não revelou
efeito significativo no tratamento da dislipidemia; a dose de 200mg/kg/dia reduziu
18,5% do CT, 15,6% do TG, 24% do LDL-C e 15,5% do VLDL-C (p<0,05); enquanto
a dose de 300mg/kg/dia reduziu 22% do CT, 20,6% do TG, 30% do LDL-C e 20,5%
do VLDL-C (p<0,05). O HDL-C não alterou significativamente em nenhuma das
doses testadas. Entre as doses de Hibiscus sabdariffa L. a dose de 300mg/kg/dia foi
a mais eficaz. No entanto, a Atorvastatina 10mg/dia foi administrada como a droga
padrão e os efeitos hipolipemiantes foram os mais altos. Hibiscus sabdariffa L.
possui constituintes químicos como antocianinas, flavonoides, pectina, quercetina e
Kaempferol, que se relacionam com efeitos hipolipemiante e antioxidante.
O estudo randomizado triplo-cego de Sabzghabaee et al. (2013) obteve
resultados positivos e significativos no perfil lipídico, durante um mês, na dose de
2g/dia de Hibiscus sabdariffa L. em pó, em 72 adolescentes com dislipidemia e
obesidade. Hibiscus sabdariffa L. proporcionou redução do CT inicial de 186,5mg/dL
para 176,11mg/dL (p=0,003), LDL-C de 111,36mg/dL para 103,36mg/dL (p<001) e
TG de 146mg/dL para 134,22mg/dL (p=0,022). Entretanto, houve um aumento do
HDL-C, mas não considerado significativo no estudo. O estudo relata que os
benefícios na redução do perfil lipídico podem estar relacionados com os polifenóis e
antioxidantes presentes no Hibiscus sabdariffa L.

18
CONCLUSÃO

O uso da fitoterapia apresenta-se como uma alternativa de grande


importância, com resultados benéficos no tratamento da dislipidemia. Os resultados
desta revisão mostraram que os fitoterápicos Allium sativum L., Vitis vinifera L.,
Nigella sativa L. e Hibiscus sabdariffa L. possuem efeitos hipolipemiantes e podem
ser indicados como coadjuvantes no tratamento da dislipidemia e prevenção de
doenças cardiovasculares. Apesar de serem de origem vegetais, deve-se ter cautela
quanto ao modo de usar, tempo, posologia e interações com outros medicamentos
para maior segurança na sua utilização e para evitar possíveis efeitos colaterais.

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24
CAPÍTULO II – PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA:
Cynara scolymus, Camellia sinensis, Ilex paraguariensis, Solanum melongena
L. e Plantago ovata

Camila Pereira Lemes e Lúcia Endriukaite

DISLIPIDEMIA E O USO DE PLANTAS MEDICINAIS

A inflamação é um fator importante no surgimento de diversas patologias


(WEBER; NOELS, 2011). Dessa forma, é comum a inflamação crônica estar
associada à resistência insulínica, hipertensão e dislipidemia, todas envolvidas na
síndrome metabólica (DETOPOULOU, 2010; SIRI-TARINO, 2010).
As doenças cardiovasculares tem sido uma das principais causas de
morbidade e mortalidade no mundo. A hiperlipidemia é um importante fator de risco
para estes distúrbios e está associada com o surgimento e progressão da
aterosclerose coronariana (SHAMIR; FISHER, 2000).
A dislipidemia é caracterizada por elevados níveis de colesterol total (CT),
triglicérides (TG), lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), e baixo nível da
lipoproteína de alta densidade (HDL-c) (SHAM et al., 2014).
Vários medicamentos hipolipemiantes são utilizados para diminuir os níveis
de lipídeos séricos em pacientes com suspeita de doença isquêmica cardíaca,
todavia, a administração dessas drogas tem sido limitada devido a ocorrências
adversas associadas, interações medicamentosas e à impossibilidade de utilizá-las
por longos períodos. Desse modo, o uso de plantas medicinais tem mostrado efeitos
promissores no tratamento de várias complicações, incluindo a dislipidemia
(RAFIEIAN-KOPAEI et al., 2014).
As plantas medicinais estão sendo consideradas fonte principal para a
preparação de medicamentos mais eficazes na redução de lipídeos no sangue
(RAFIEIAN-KOPAEI et al., 2014). Devido aos efeitos colaterais reduzidos, as
abordagens terapêuticas alternativas, medicinas tradicionais e fitoterápicos estão
disseminando entre a população (XIE et al., 2012).
Este capítulo apresenta um levantamento bibliográfico sobre a eficácia de
compostos fitoterápicos da Cynara scolymus, Camellia sinensis, Ilex paraguariensis,
Solanum melongena L. e Plantag oovata em relação a dislipidemias.

25
ALCACHOFRA (Cynara scolymus)

A alcachofra (Cynara scolymus) é uma planta de origem europeia, cultivada


no sul da Europa, na Ásia menor e América do Sul, popularmente conhecida por
estimular a secreção da bile e sua produção hepática, regular os níveis de açúcar no
sangue e reduzir as taxas do colesterol. Os compostos responsáveis por essas
ações são os ácidos fenólicos, lactonas sesquiterpênicas, flavonóides, fitoesteróis e
inulina. Esta planta é rica em ferro, cálcio e vitamina C, sendo preparadas em
saladas, sucos e em infusão (JUNIOR; LEMOS, 2012).
Dos 17 artigos selecionados, apenas dois são sobre o efeito da alcachofra no
perfil lipídico, sendo um realizado em humanos e o outro em ratos. Rondanelli et al.
(2013) avaliaram 92 indivíduos hipercolesterolêmicos e com sobrepeso, utilizou-se
250 mg/dia do extrato da alcachofra por um período de 8 semanas. Como resultado,
houve aumento nos níveis de HDL e redução nos níveis de colesterol total e LDL.
Küçükgergin et al. (2011), investigaram os efeitos da suplementação de 1,5 g/kg/dia
das folhas de alcachofra em 8 ratos com colesterol e triglicérides aumentados. Neste
estudo houve redução nos níveis de colesterol total, triglicérides e na relação
HDL/CT.

CHÁ VERDE (Camellia sinensis)

O chá verde é considerado a segunda bebida mais popular em todo mundo,


em primeiro lugar está a água (TINAHONES et al., 2008). Os principais tipos de chás
preparados com Camellia sinensis são o verde, o preto e o oolong, sendo que se
diferenciam devido ao processamento e à composição química. Para a elaboração
do chá verde, as folhas são colocadas no vapor, com o objetivo de inativar as
enzimas e depois secas; enquanto no preto e oolong as folhas são passadas por
processo de fermentação, que diminui as substâncias ativas (SAE-TAN et al.,2011).
O chá verde é rico em polifenóis, 70% são catequinas que são oxidadas
enzimaticamente durante o processamento das folhas, gerando uma mistura
constituída principalmente de teaflavinas, teasinensinas e tearubiginas, cuja ação
tem sido demonstrada efetiva na redução dos níveis séricos e visceral de colesterol

26
e triglicérides (KOBAYASHI et al., 2005; IKEDA et al., 2005). A ingestão do chá
verde também é benéfica contra o risco de doença cardiovascular (MIZUNO, 2006).
Neste levantamento bibliográfico são citados quatro artigos científicos sobre
Camellia sinensis. Batista et al. (2009) descreveram que o chá verde reduziu em
3,9% os níveis de colesterol total (p=0,006) e em 4,5% os níveis de LDL (p = 0,026),
com administração de 250 mg do extrato seco da planta, durante 8 semanas em 33
indivíduos com idade entre 21 e 71 anos. Outro estudo realizado em 15 ratos,
publicado por Yousaf et al. (2013), sugere que o extrato alcoólico do chá verde
possuiu papel importante na hipercolesterolemia e hiperglicemia. Já estudo realizado
por Singh et al. (2009) menciona que tanto o chá verde quanto o chá preto foram
capazes de diminuir em até 55% e 78%, respectivamente, a síntese de colesterol
através da inibição da HMG-CoAredutase (3-hidroxi-3-methyl-glutaril-CoA redutase),
enzima que participa da via metabólica responsável pela produção de colesterol, por
promover a sua inativação por AMP-quinase (AMP, adenosina monofostafo), em
ratos. Wu et al. (2012) mostraram que a administração da Camellia s., reduziu o LDL
(p=0,02) em 103 mulheres na menopausa, tanto com a administração de 400mg
quanto de 800mg de epigalocatequina-galato (EGCG), flavonoide antioxidante
natural, em um período de 2 meses.
Ainda que os estudos mostrem os benefícios do chá verde é recomendado
expor seus efeitos adversos (SAIGG; SILVA, 2009). Alguns estudos apontam que a
ingestão de chá verde pode causar alguns efeitos negativos em indivíduos com
problemas gastrointestinais e disfunção hepática, além de diminuição de apetite,
insônia, hiperatividade, aumento da pressão arterial e nervosismo devido à presença
de cafeína (LAMARÃO; FIALHO, 2009).

ERVA-MATE (Ilex paraguariensis)

Ilex paraguariensis, mais conhecida como erva-mate, é uma planta de origem


subtropical da América do Sul, inclusive o sul do Brasil, norte da Argentina, Paraguai
e Uruguai (MOSIMANN et al., 2006). O I. paraguariensis é rico em compostos
fenólicos, saponinas e possui propriedades hipolipemiantes, sendo amplamente
utilizado nas preparações do chimarrão, tererê e chá mate. Apreciado por seu sabor
amargo, estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas dos países sul-americanos

27
consomem de 1 a 2L por dia de infusão da erva-mate, sendo a principal alternativa
ao café e chá verde (MORAIS et al; 2009).
De acordo com estudo de Morais et al. (2009) contendo 102 indivíduos, 330
ml/ dia da infusão da erva-mate é capaz de melhorar o perfil lipídico em pacientes
normolipidêmicos, dislipidêmicos e, aumentar o efeito hipolipemiante em pacientes
em tratamento com estatinas.
Bravo et al. (2014) em um estudo realizado com 24 ratos, demonstraram que
a erva-mate foi capaz de diminuir os níveis de triglicérides, LDL-c e colesterol total
nos animais com alterações no colesterol, já nos normolipidêmicos não houve
alterações significativas. Lima (2013) abordou que 330 ml/dia da solução aquosa do
mate teve efeito na redução da gordura abdominal, da resistência à leptina e da
hipertrigliceridemia em 20 ratas.

BERINJELA (Solanum melongena L.)

A berinjela (Solanum melongena L.) é um fruto e tem sido muito utilizado


popularmente no Brasil como propulsor da redução de colesterol (GUIMARÃES et
al., 2000).
Jorge et al. (1998) realizaram um estudo com 10 coelhos
hipercolesterolêmicos, no qual foi administrado 10 mL/dia do suco da berinjela por
15 dias. Os resultados mostraram que houve redução significativa no peso,
colesterol total, LDL-C triglicérides e colesterol tecidual (p<0,05).
Já em outros dois estudos realizados em humanos, não houve resultados
significativos que comprovassem esse efeito hipolipemiante. Silva et al. (2004)
ofertaram 450mg de extrato seco da Solanum melongena para 41 voluntários com
dislipidemia por um período de 3 meses, não sendo observada melhora significativa
no perfil lipídico. Praça et al. (2004) avaliaram o efeito do suco de berinjela com
laranja sobre o perfil lipídico de 21 indivíduos em relação ao medicamento
lovastatina, contudo, após seis semanas de estudo, houve melhora significativa
apenas no grupo em uso do medicamento.

28
PSYLLIUM (Plantago ovata)

O psyllium como é conhecido o Plantago ovata, é uma fibra proveniente da


moagem da casca da semente da planta, muito utilizada no controle de diabetes
mellitus, constipação e dislipidemia (MONOGRAPH, 2002).
Vários estudos abordam os benefícios do psyllium no controle do perfil
lipídico. Um estudo com 34 homens diabéticos tipo 2 e com níveis de lipídios
alterados, receberam 5,1g de psyllium duas vezes ao dia por 8 semanas, resultando
em melhora dos controles glicêmico e lipídico (ANDERSON et al., 1999). Outro
estudo com a mesma dosagem foi realizado com 248 mulheres e homens com
hipercolesterolemia primária por 26 semanas, constatando a eficácia da fibra na
redução dos lipídeos séricos associada a uma dieta terapêutica (ANDERSON et al.,
2000). Sartore et al. (2009) introduziram o psyllium juntamente com uma dieta
equilibrada nos 40 participantes com diabetes tipo 2, sendo administrados 3,5g da
semente três vezes ao dia por dois meses, observando-se redução nos níveis de
triglicérides, contribuindo na prevenção de doença cardiovascular (SARTORE et al.,
2009).

CONCLUSÃO

As plantas medicinais Cynara scolymus, Camellia sinensis, Ilex


paraguariensis, Solanum melongena L. e Plantago ovata melhoram o perfil lipídico,
sendo eficazes no tratamento da dislipidemia e, consequentemente, na prevenção
das doenças cardiovasculares.
O uso de fitoterápicos tem se tornado uma alternativa eficaz no tratamento da
dislipidemia pela eficácia, pela maior aceitação por parte da população e por
apresentar menos efeitos adversos quando comparados com outros medicamentos
para o mesmo fim.

29
Tabela 1. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização de plantas medicinais na dislipidemia.
Autores Espécime Nomenclatura N. Popular Parte Forma de Posologia/ Tempo de Uso Efeito
Botânica Utilizada utilização/ Modo de usar
Modo de preparo
Rondanelli et al. (2013) Humanos Cynara scolymus Alcachofra Folhas Extrato Seco 250mg/dia 8 semanas HDL
CT
LDL
Küçükgergin et al. (2011) Ratos Cynara scolymus Alcachofra Folhas Extrato Seco 1,5g/kg/dia 2 semanas CT; Triglicérides; HDL/CT

Yousaf et al. (2013) Ratos Camellia sinensis Chá verde Folhas Extrato alcoólico - 8 semanas Colesterol; Glicemia

Wu et al. (2012) Humanos Camellia sinensis Chá verde Folhas Extrato Seco 400 mg de EGCG/ 2 meses Em ambos os grupos: LDL
800mg de ECGC

Batista et al. (2009) Humanos Camellia sinensis Chá verde Folhas Extrato Seco 250 mg/dia 8 semanas CT; LDL
Singh et al. (2009) Ratos Camellia sinensis Chá verde e chá Folhas Extrato - 8 semanas  Colesterol
preto
Bravo et al. (2014) Ratos Ilex paraguariensis Erva mate Folhas Infusão - 3 semanas CT; LDL; Triglicérides

Lima et al. (2013) Ratos Ilex paraguariensis Erva mate Folhas Solução aquosa 1 g/kg/dia) 30 dias Gordura abdominal
Resistência à leptina
Triglicérides
Morais et al. (2009) Humanos Ilex paraguariensis Erva mate Folhas Infusão 330 mL/dia 40 dias HDL; LDL
Silva et al. (2004) Humanos Solanum melongena L. Berinjela Fruto Extrato Seco 450mg/dia, 90 dias Não houve resultados
2 vezes ao dia significativos no perfil lipídico.
Praça et al. (2004) Humanos Solanum melongena L. Berinjela Fruto Suco 250ml 6 semanas Não houve resultados
significativos no perfil lipídico.
Jorge et al. (1998) Coelhos Solanum melongena L. Berinjela Fruto Suco 10mL/dia 15 dias Peso corpóreo; CT; LDL
Triglicérides
Sartore et al. (2009) Humanos Plantago ovata Psyllium Casca da Pó 3,5 g/3x ao dia 2 meses Triglicérides
semente
Anderson et al. (2000) Humanos Plantag ovata Psyllium Casca da Pó 5,1 g/2x ao dia 26 semanas CT; LDL
semente
Anderson et al. (1999) Humanos Plantago ovata Psyllium Casca da Pó 5,1 g/2x ao dia 8 semanas Glicemia
semente Perfil lipídico
Legenda: HDL- lipoproteína de alta densidade; CT-Colesterol Total; LDL- lipoproteína de baixa densidade; EGCG-epigalocatequina-3-galato.

30
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34
CAPÍTULO III - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
SISTÊMICA
Elaine de Fátima e Silva e Juliana da Silveira Gonçalves

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não


transmissível causada por diferentes fatores de risco, como excesso de peso e
obesidade, ingestão elevada de sódio e sedentarismo (BRASIL, 2016).
A HAS estágio 1 é diagnosticada quando os níveis de pressão arterial
sistólica (PAS) são ≥ 140 mmHg e/ou quando os níveis de pressão arterial diastólica
(PAD) são ≥ 90 mmHg, sendo que estes valores devem refletir pelo menos duas
medidas com intervalo de dois minutos entre elas, em pessoas com idade superior a
18 anos. Essa doença pode levar a complicações como insuficiência renal crônica,
doença arterial coronariana, dentre outras. Algumas mudanças do hábito e estilo de
vida são eficazes na redução dos riscos de mortalidade e morbidade cardiovascular
(BRASIL, 2016).
A fitoterapia vem ganhando destaque nos últimos anos como uma modalidade
de tratamento medicinal, a utilização de plantas medicinais vem sendo utilizada
como terapia alternativa no tratamento para HAS. Dentre tantas plantas medicinais,
o Alho (Allium sativum) se destaca por apresentar efeitos natriurético e diurético; a
uva (Vitis vinifera) por possuir flavonoides e polifenóis, atuando como antioxidantes
no tratamento de doenças cardiovasculares, além de haver evidências de que a
presença de compostos fenólicos em uvas e vinhos tintos podem prevenir a
aterosclerose e a Cavalinha (Equisetum arvense), por possuir atividade hipotensora
e diurética (ABE, 2007).

FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A HAS é uma doença crônica que acomete qualquer faixa etária e pode
culminar em diferentes complicações, por isso, a prevenção e tratamento devem ser

35
precoces para evitar possíveis efeitos (BRASIL, 2016).
Este capítulo cita a revisão de três plantas medicinais com propriedades anti-
hipertensivas: Allium sativum, Vitis vinifera e Equisetum arvense.

ALHO (Allium sativum)

O Alho (Allium sativum) pertence à família Liliaceae, sua parte utilizada é o


bulbo e possui importantes nutrientes e constituintes ativos, sendo composto por
óleos essenciais, carboidrato, proteínas, vitaminas, além de compostos sulfurados
que dão destaque à sua atividade biológica. Além de possuir diferentes benefícios
para a saúde por seu efeito antibacteriano, antitrombótico e antioxidante (ASHRAF
et al., 2003).
Um estudo experimental avaliou os efeitos dos extratos hidroalcóolicos de
Allium sativum (alho) e Cymbopongon citratus (capim-limão) sobre a pressão arterial
média (PAM) de ratos machos anestesiados, nas dosagens de 1mg de alho, 1mg de
Cymbopongon citratus e a associação de 1mg de alho + 1mg de Cymbopongon
citratus, em volumes injetados de 0,2mL. A dosagem de 1mg de Allium sativum
diminuiu a pressão arterial média, de 124±2 mmHg para 108±2 mmHg; a aplicação
de 1 mg de Cymbopongon citratus também reduziu a PAM de 122±2mmHg para
106±2 mmHg, enquanto a dosagem de 1 mg de Allium sativum + 1 mg de
Cymbopongon citratus reduziu a PAM de 126±3 mmHg para 113±3 mmHg; nos três
casos, após 15 segundos. A associação das plantas não apresentou efeitos
diferentes em relação aos obtidos por elas isoladamente (SINGI et al., 2005).
Santiago e colaboradores (2009) avaliaram o efeito do Allium sativum em
animais com infarto induzido. Os ratos receberam tratamento com Allium sativum
uma semana antes e duas semanas após o procedimento cirúrgico, com dose de
125mg/kg/dia por via oral. Os animais foram divididos em grupo controle que
recebeu cirurgia fictícia e grupo infartado que recebeu procedimento cirúrgico de
ligação da artéria coronariana esquerda, tratados com solução salina 0,9% (grupos
SHAM e INF, respectivamente) ou com Allium sativum (grupos SHAMT e INFT,
respectivamente). Observou-se uma diminuição da hipertrofia do ventrículo direito da
área de infarto e normalização dos níveis de pressão arterial sistólica e média, além
de redução do número de óbitos no grupo INFT em relação ao grupo INF (20%, n=2

36
vs. 45,5%, n=5). Essas análises mostraram que o alho tem um importante papel na
prevenção e controle de alterações cardíacas, diminuindo o número de mortes pós-
infarto e proporcionando melhorias cardiovasculares.
Estudo duplo-cego com duração de 24 semanas, avaliou o efeito do alho em
pacientes de ambos os sexos com idade entre 20 e 70 anos, que apresentavam
hipertensão primária (pressão arterial sistólica entre 140 a 159 mmHg e pressão
arterial diástolica entre 90 e 99 mmHg). O total de 210 recrutados foi dividido em 7
grupos, sendo que os grupos A, B, C, D e E receberam comprimidos de alho na
dose de 300mg, 600mg, 900mg, 1200mg e 1500mg, divididos durante o dia,
concomitantemente, no perído de 24 semanas. O grupo F recebeu o medicamento
Atenolol® 100 mg uma vez por dia, e o grupo G recebeu placebo pelo mesmo
período. Nesse estudo, avaliou-se os efeitos anti-hipertensivos de alho e o tempo
necessário para redução da pressão em comparação com o grupo "placebo" e o
“Atenolol®”. As aferições da pressão foram avaliadas na primeira, décima segunda e
vigéssima quarta semana, com resultados satisfatórios usando doses mais elevadas
do alho, com redução na pressão arterial diastólica, quando comparado com
placebo, nas 3 primeiras semanas. Nas semanas 12 e 24, foi observada diferença
significativa em todos os grupos comparando-se com o grupo placebo, e similar
quando comparado ao grupo de Atenolol® (ASHRAF et al., 2013).
Trabalho do tipo randomizado duplo-cego avaliou o efeito da ingestão diária
do extrato de alho envelhecido sobre a pressão arterial e outros fatores de risco
cardiovascular, como função plaquetária e marcadores inflamatórios, em hipertensos
não controlados. Este estudo foi realizado com 88 pacientes, com duração de 12
semanas, tendo sido ingerido diariamente 1,2 g de alho envelhecido com 1,2 mg de
S-alicisteína, enquanto outro grupo recebeu placebo. Os autores constataram que os
participantes tiveram uma resposta positiva ao tratamento com o uso do alho, uma
redução média de 3% ao longo do tratamento correspondendo à pressão arterial
sistêmica (PAS) ≥5mmHg ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥3mmHg. Os
pacientes estavam com uma média de PAS ≥13,8mmHg e foi reduzida
para11,5mmHg comparado com o grupo do placebo (KWAK et al., 2014).
No quadro 1, pode-se observar estudos com Allium sativum e sua eficácia no
tratamento da hipertensão, no Quadro 2 constam informações gerais sobre as
propriedades do alho.

37
Quadro 1. Efeitos do Allium sativum no tratamento da Hipertensão arterial sistêmica
Referência Espécie Planta medicinal Parte Dose Tempo Resultados
usada
SINGI et al., Ratos Allium sativum Bulbo 1 mg de alho, 1mg de 15 Redução da HAS
2005 Cymbopongon capim-limão e a associação segundos
citratus de 1mg de alho + 1mg de
capim-limão
SANTIAGO et Rato Allium sativum Bulbo 125mg/kg/dia por via oral 3 semanas Diminuição da hipertrofia do ventrículo direito,
al., 2009 da área de infarto e normalização dos níveis de
pressão arterial sistólica.
RIZWAN Humanos Allium sativum Bulbo 300mg, 600mg, 900mg, 24 Redução na pressão arterial diastólica quando
ASHRAF et al., n= 210 1200mg e 1500mg, semanas comparado com placebo em 3 semanas.
2013 divididos durante o dia, via Diminuição da PAS nas semanas 12 e 24 em
oral comparação com os grupos tratados com
placebo e atenolol.
mg= Miligramas; kg= quilogramas; n= número; PAM= Pressão arterial média; PAC= Pressão arterial central.

Quadro 2. Informações do Allium sativum


Nome Nome Parte Dose Forma de uso Indicações de uso Interações Reações
científico popular utilizada recomendada adversas
Allium Alho Bulbo 1 cálice, 2x/dia, Maceração: 0,5g (1 Hipercolesterolemia/ Não utilizar em Desconforto
sativum antes das colher de café) em 30 Expectorante e anti- hemorragia e em gastrointestinal
refeições mL (cálice) de água séptico tratamento com
anticoagulante

38
UVA (Vitis vinífera)

As uvas são ricas em compostos fenólicos classificados em flavonoides e


não-flavonoides. Do primeiro grupo fazem parte os flavonóides (catequina,
epicatequina e epigalocatequina), não-flavonóides (caempferol, quercetina e
miricetina) e antocianinas, e ao segundo grupo pertencem os ácidos fenólicos,
hidroxibenzóicos e hidroxicinâmicos (CABRITA, 2003). Além destes compostos, está
presente o resveratrol, potente antioxidante encontrado nos vinhos, capaz de reduzir
os danos em lesões de reperfusão-isquêmica no coração e também no cérebro,
observados em modelos experimentais de ratos (ZHUANG, 2003). Além disso, há
evidências de que os fenólicos encontrados em uvas e vinhos tintos podem prevenir
a aterosclerose (ABE, 2007)
Andrade (2006), em sua tese, publicou a ação do vinho tinto sobre o sistema
nervoso simpático e função endotelial em 9 participantes que apresentaram pressão
arterial alta, 10 pacientes hipercolesterolêmicos, e 7 pessoas que participaram do
grupo controle antes e após a ingestão de vinho durante 15 dias. A frequência
cardíaca, a pressão arterial sistólica e a diastólica foram aferidas, além do débito
cardíaco e resistência vascular cardíaco. Após 15 dias, observou-se um aumento
significativo na atividade simpática dos pacientes, por outro lado, a dilatação
mediada pelo fluxo nos hipercolesterolêmicos aumentou. Pode-se dizer que os
polifenóis presentes no vinho promovem a redução de ateroma causado pelo LDL-
colesterol. As pressões sistólicas e diastólicas nos hipertensos não apresentaram
mudanças relevantes, porém, houve melhoria da função endotelial nos
hipercolesterolêmicos.
Um estudo avaliou o extrato da casca de uva (GSE) na pressão arterial, perfis
lipídico, glicídico e estresse oxidativo em ratos Wistar normotensos (W) e ratos
espontaneamente hipertensos (SHR). Os animais SHR e W foram separados em
quatro grupos, tratados com GSE (200mg/kg, via oral) por 90 dias consecutivos
(SHR-GSE, W-GSE) e não tratados (SHR-C, W-C). A pressão arterial foi aferida a
partir do 60º dia de vida, em intervalos de 5 dias. Os resultados mostraram que no
45º dia de tratamento com Vittis vinifera houve normalização dos valores de pressão
arterial sistólica; a peroxidação lipídica nos SHR-GSE assemelhou-se a dos animais
normotensos; a glicemia permaneceu sem melhorias; houve diminuição na

39
peroxidação lipídica no rim dos SHR-GSE, quando comparado com seu grupo
controle (SHR-C). Concluiu-se que, possivelmente, o consumo moderado de vinho
possui efeito cardioprotetor por ter ação antioxidante e anti-hipertensiva (COSTA,
2008).
Peng e colaboradores (2005) em estudo avaliativo dos efeitos anti-
hipertensivos e cognitivos de polifenóis de uva em ratas fêmeas jovens
espontaneamente hipertensos (SHR) com depleção de estrogênio. Os grupos
ingeriram dieta livre em fitoestrógeno, NaCl-basal, NaCl–alto e extrato de semente
de uva (Vitis vinifera), por 10 semanas. A pressão arterial e frequência cardíaca
foram registradas e obtiveram-se os seguintes resultados: o grupo NaCl-basal
apresentou redução significativa da pressão arterial média, após 24 horas, em
comparação com grupo controle; o grupo com dieta NaCl-alto aumentou a pressão
arterial, porém os ratos com polifenóis de extrato de uva continuaram com a pressão
mais baixa do que os não suplementados. Após 10 semanas, observou-se a pressão
ainda reduzida nos ratos suplementados com o extrato de uva.
No quadro 3, encontra-se de forma resumida a eficácia de Vitis vinifera no
tratamento da hipertensão, já no quadro 4 constam informações gerais sobre a
planta.

40
Quadro 3. Efeitos de Vitis vinifera no tratamento da Hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Referência Espécime Planta Parte usada Dose Tempo Resultados
medicinal
ANDRADE, Humanos Vittis vinífera Uvas Cabernet 250 mL de 15 dias Não houve mudanças significativas
2006 n= 26 Sauvignon vinho das pressões sistólicas e
diastólicas
COSTA, 2008 Ratos Vitis vinifera Extrato de 200mg/kg, via 90 dias Diminuição da pressão sistólica
semente de uva oral Diminuição da peroxidação lipídica
PENG et al., Ratos Vitis vinifera Extrato de 0,5% do 10 Diminuição da pressão arterial
2005 semente de uva extrato de uva semanas
Mg= Miligramas; kg= quilogramas; n=número.

Quadro 4. Informações da Vitis vinifera


Nome Nome Parte Dose Forma de uso Indicações Interações Reações
científico popular utilizada recomendada de uso adversas
Vitis vinifera Uva Fruto 25 a 100 mg Extrato seco 3x ao dia Medicamentos ---------
padronizado anticoagulantes

41
CAVALINHA (Equisetum arvense)

De forma geral, os diuréticos são utilizados para tratamento da HAS, pois


aceleram a eliminação de líquidos do organismo juntamente com o sódio na urina
(KESTER et al., 2008). Apesar de seu uso popular, existem poucos estudos
comprovando os efeitos farmacológicos e diuréticos da cavalinha na HAS, sendo
necessários mais estudos clínicos que comprovem sua ação.
Carneiro (2012) realizou um estudo clínico duplo-cego randomizado com 36
homens sadios, de 20 a 55 anos, divididos em três grupos: extrato seco de
Equisetum arvense, hidroclorotiazida e placebo, que passaram por 3 etapas de
tratamento avaliando a ação diurética da Cavalinha. Administrou-se, por 4 dias, o
extrato seco padronizado de Equisetum arvense (900 mg/dia) contendo 0.026% de
flavonóides totais; amido para o grupo placebo; e hidroclorotiazida (25 mg/dia). O
extrato seco da Cavalinha demonstrou efeito diurético superior ao placebo e
comparável ao medicamento hidroclorotiazida, que é bastante utilizado em pacientes
hipertensos ou com edema. O balanço hídrico das 24 horas mostrou efeito diurético
da E. arvense, sendo superior ao placebo e paralelo à hidroclorotiazida.
No quadro 5, encontram-se informações sobre as propriedades da Equisetum
arvense.

HIBISCO (Hibiscus sabdariffa)

O hibisco é uma espécie vegetal da família Malvaceae, proveniente da África


Oriental, e foi introduzido no Brasil pelos escravos (PANIZZA, 1997).
De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil,
por meio da Portaria nº 519, de 1998, considera que as flores do hibisco podem ser
consumidas como chá, preparadas por meio de infusão ou decocção.
Um estudo duplo-cego, randomizado e controlado de sessenta pacientes
diabéticos com hipertensão leve, sem tomar medicamentos anti-hipertensivos ou
anti-hiperlipidêmicos, foram selecionados para comparar a eficácia anti-hipertensiva
do chá de Hibiscus sabdariffa. Os pacientes consumiam infusão de chá preto (BT) e
de Hibisco (ST) duas vezes ao dia durante 30 dias, e foram orientados a não ingerir
nenhum tipo de outro chá durante esses dias, a dieta e medicamentos deles foram

42
mantidos. A infusão preparada com 2g do chá em 240ml de água fervente sob
imersão de 20-30 min com 1 cubo de açúcar (5g). Dos 60 pacientes recrutados 53
concluíram o estudo. A pressão arterial (PA) foi medida nos dias 0, 15 e 30 do
estudo. Em curto prazo acharam a média da PA sistólica no grupo ST diminuiu de
134,4 ± 11,8 mmHg no início do estudo para 112,7 ± 5,7 mmHg, enquanto que no
grupo BT esta medida passou de 118,6 ± 14,9 para 127,3 ± 8,7 mm Hg. A
intervenção não teve efeito na média da PA diastólica (PAD) no grupo ST ou BT. A
pressão de pulso média (PP) dos pacientes no grupo ST diminuiu de 52,2 ± 12,2
para 34,5 ± 9,3 m Hg, enquanto que no grupo BT aumentou de 41,9 ± 11,7 para 47,3
± 9,6 mm Hg. O estudo deixa claro que o consumo de Hibiscus sabdariffa duas
vezes ao dia tem efeitos positivos em pacientes hipertensivos com diabetes tipo 2
(MOZAFFARI et al., 2008).
No quadro 6, encontram-se informações sobre as propriedades da Hibiscus
sabdariffa no tratamento da HAS.

43
Quadro 5. Informações da Equisetum arvense.
Nome Nome Parte Dose Forma de uso Indicações Interações Reações
científico popular utilizada recomendada de uso adversas
Equisetum Cavalinha Partes Utilizar 1 xícara Infusão: 3g (1 Edema por Não deve ser Alta dose pode
arvense aéreas chá de 2 a 4x por colher de sopa) retenção de utilizado em provocar dor de
dia em 150 mL líquidos pessoas com cabeça e
(xícara chá) de Insuficiência Renal anorexia, irritação
água gástrica.

Quadro 6. Informações da Hibiscus sabdariffa.


Nome Nome Parte Dose Forma de uso Indicações de uso Interações Reações
científico popular utilizada recomendada adversas
Hibiscus Hibisco Flores 2g 3x ao dia Infusão: 2g (1 Hipontensora, Cautela ao associar -------
sabdariffa colher sobremesa) hipolipemiante, com medicamentos
em 150 mL água, hepatoprotetora, como furosemida
3x ao dia anti-inflamatória

44
CONCLUSÃO

Conclui-se que o Allium sativum e Vitis vinifera são plantas medicinais


capazes de reduzir a pressão arterial sistêmica elevada ou serem usadas como
tratamento coadjuvante. Possuem em suas propriedades flavonoides e polifenóis
atuando como antioxidantes e garantindo eficácia, além de apresentar pouco ou
nenhum efeito colateral. O Hibiscus sabdariffa mostrou sua eficácia em todos os
estudos comparativos com outros medicamentos anti-hipertensivos em pacientes
com hipertensão leve a moderada. Sendo considerada uma planta medicinal eficaz
no tratamento da HAS.
Já o Equisetum arvense, apesar de ter sido identificado seu efeito diurético e,
portanto, benéfico no tratamento de HAS, ainda são necessários mais estudos que
comprovem sua eficácia.
Além das plantas citadas, encontram-se na literatura outras plantas que
também podem ser utilizadas no tratamento da hipertensão arterial sistêmica.

REFERÊNCIAS

ABE, L.T. et al. Compostos fenólicos e capacidade antioxidante de cultivares de


uvas Vitis labrusca L. e Vitis vinifera L. Ciências Tecnológicas de Alimentos, v.2.
p.394-400, 2007.

ANDRADE, A.C.M. Ação do vinho tinto sobre o sistema nervoso simpático e


função endotelial em pacientes hipertensos e hipercolesterolêmicos. 2006.
111p. Dissertação de doutorado. Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, São Paulo.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Portaria nº 519, de 26 de junho


de 1998. Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e
Qualidade de "Chás - Plantas Destinadas à Preparação de Infusões ou
Decocções". Diário Oficial; República Federativa do Brasil. Brasília, DF,1998.

45
ASHRAF, R. et al. Efeitos do Allium sativum (alho) sobre pressão arterial sistólica e
diastólica em pacientes com hipertensão. Journal of pharmaceutical Science.
v.26, n.5, p.859-863, 2013.

BRASIL. Sociedade Brasileira de Cardiologia. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão


Arterial. v.107. São Paulo, p.29-33, 2016.

CABRITA, M. J.; SILVA, J.R; LAUREANO, O. Os compostos polifenólicos das uvas e


dos vinhos. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE VITIVINICULTURA, México.
Anais. Ensenada, México: Instituto superior de agronomia, Universidade técnica de
Lisboa, p.1-42, 2003.

CARNEIRO, D.M. Avaliação da atividade diurética e segurança do uso da


Equisetum arvense l. (cavalinha) em humanos saudáveis. Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, p.111, 2012.

COSTA, G.F. Efeito do extrato da casca de uva Vitis Vinífera (GSE) na pressão
arterial, no perfil lipídico e glicídico e no estresse oxidativo em ratos
espontaneamente hipertensos. Dissertação de mestrado. Departamento de
Farmacologia e psicobiologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2008.

KESTER, M. et al. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 161p.

KWAK, J.S. et al. Garlic powder intake and cardiovascular risk factors: a meta-
analysis of randomized controlled clinical trials. Cooperative Research Program for
Agriculture Science & Technology, v.8. n. 6. p. 644-54, 2014.

PANIZZA, S. Plantas que curam: cheiro de mato. 2. ed. IBRASA. São Paulo,
1997.

PENG, N. et al.; Antihypertensive and cognitive effects of grape polyphenols in


estrogen-depleted, female, spontaneously hypertensive rats. American Journal of
Physiology, v.1, n.289, p.771-5, 2005.

46
SANTIAGO, M.B. et al. Efeito da administração do Allium sativum sobre as
alterações cardiovasculares de ratos Wistar com infarto do miocárdio. Revista de
Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 30, n., p. 75-82, 2009.

SINGI, G. et al. Efeitos agudos dos extratos hidroalcoólicos do alho (Allium sativum
L.) e do capim-limão (Cymbopogon citratus) sobre a pressão arterial média de ratos
anestesiados. Brazilian Journal of Pharmacognosy.v.15 n.2.p 94-7, 2005

ZHUANG, H.; KIM, Y.S.; KOCHLER, R.C.; DORE, S. Potential mechanism by which
resveratrol, a red wine constituent, protects neurons. Annals of the New York
Academy of Sciences, v.993, p.276-88, 2003.

47
CAPÍTULO IV – FITOTERÁPICOS E OBESIDADE
Letícia Maria de Melo e Juliana da Silveira Gonçalves

FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE

A utilização de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas


por profissionais capacitados é denominada fitoterapia, porém esta prática não pode
conter substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (BRASIL, 2006),
sendo uma prática antiga utilizada no tratamento de doenças.
Desde que embasados em estudos científicos ou em uso tradicional
reconhecido, a fitoterapia pode ser utilizada pelo nutricionista com o intuito de
complementar a prescrição dietética. Além disso, para prescrição de fitoterápicos,
deve-se considerar as contraindicações, como também fornecer orientações
necessárias sobre efeitos colaterais, riscos de toxicidade e interações com outras
plantas, medicamentos e alimentos (BRASIL, 2015).
As transições demográfica, nutricional e epidemiológica contribuíram para o
aumento da incidência de obesidade e doenças cardiovasculares, caracterizando um
grande problema de saúde pública em vários países, independentemente do seu
grau de desenvolvimento (TOSCADO, 2004). Em vários países, a estatística
demonstra que, do total dos gastos em tratamento de saúde, 2% a 8% são
destinados ao tratamento da obesidade (FANDIÑO et al., 2004).
Segundo a Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome
metabólica (ABESO, 2016), a obesidade é definida como uma doença complexa e
multifatorial envolvendo fatores genéticos, ambientais, emocionais e estilo de vida.
Alteração no balanço energético pelo aumento do consumo calórico e, ou diminuição
do gasto energético, pode resultar em acúmulo de gordura corporal, caracterizando
a obesidade.
A procura por medidas alternativas para auxiliar no tratamento da obesidade
é crescente. Algumas espécies de plantas medicinais podem ser estratégicas na
redução e, ou manutenção do peso corporal, por apresentarem compostos químicos
capazes de aumentar o gasto energético e a oxidação de gorduras, chamados de
termogênicos (HURSEL; WESTERTERP-PLANTENGA, 2010).
Segundo dados de 40.859 entrevistas obtidas pelo estudo da Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

48
(VIGITEL), no período de 2006 a 2016, ocorreu aumento na prevalência de excesso
de peso no país de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016, sendo que uma parcela de
18,9% da população encontra-se obesa (BRASIL, 2017). Ressalta-se, assim, o
papel relevante do nutricionista na utilização dos recursos oferecidos pela fitoterapia
como terapia complementar ao tratamento da obesidade.
Este capítulo apresenta um levantamento bibliográfico acerca de três plantas
medicinais utilizadas como coadjuvantes no tratamento da obesidade, com ênfase
no gasto energético e termogênese: Capsicum annuum, Zingiber officinale e Citrus
aurantium.

PIMENTA (Capsicum annuum)

Pelo fato da obesidade estar relacionada com o desequilíbrio entre o


consumo e o gasto de energia, o balanço energético negativo é necessário para
estimular a perda de peso. Portanto, uma das alternativas de tratamento é estimular
o gasto de energia através da utilização de recursos naturais à base de plantas
medicinais como chás, cafeína e capsaicina (HURSEL; PLANTENGA, 2010).
Um grupo de ingredientes alimentares a ser utilizado nessa terapêutica é a
capsaicina, princípio picante da pimenta vermelha, com propriedade termogênica,
capaz de aumentar a energia e reduzir a gordura corporal (SAITO; YONESHIRO,
2013). Através do aumento da termogênese por um possível aumento da secreção
de catecolaminas a partir da medula adrenal, com ativação do sistema nervoso
central, mecanismo, provavelmente, baseado em estimulação b-adrenérgica
(HURSEL; PLANTENGA, 2010).
Apresenta como ponto negativo seu aspecto sensorial picante. Desta forma,
uma alternativa para indivíduos que não toleram o sabor picante e que desejam
fazer uso desta propriedade termogênica, é o consumo de pimentas doces
(Capsicum annum), ricas em capsiate, um análogo da capsaicina (LUDY et al., 2012;
SHINTAKU, 2012).
Alguns compostos químicos encontrados na pimenta vermelha, conhecidos
como capsinóides, estão sendo estudados por também possuírem alto poder
termogênico, sendo capazes de ativar o sistema nervoso simpático, sem
apresentarem sabor picante. Dentro dessa classe de compostos temos o capsiate,

49
dihidrocapsiate e nordihidrocapsiate, assemelhando-se estruturalmente à
capsaicina, mas diferindo na estrutura química em uma única ligação éster no centro
do composto (SHINTAKU et al., 2012; SAITO; YONESHIRO, 2013).
Em estudo realizado com ratos (grupos experimental e controle), por um
período de 14 dias, utilizando solução extraída da Capsicum annuum (pimenta doce)
à base de capsiate, foi observado que em ambos os grupos houve ganho de peso
quando o consumo de alimentos foi aumentado. Porém, no grupo experimental em
uso de solução com capsiate, o volume de gordura abdominal e ganho de peso
foram reduzidos quando comparado ao grupo placebo (FARAUT et al., 2009).
Outro estudo com ratos suplementados com capsiate, foram dispostos em
diferentes grupos: grupos controles com dieta padrão, com e sem capsiate; e grupos
obesos com dieta hiperlipídica, com e sem capsiate. Observou-se aumento da
temperatura corporal nos grupos suplementados, confirmando o efeito termogênico
deste composto, além de o grupo controle suplementado ter apresentado menor
ganho de peso (NOGUEIRA, 2013).
Hong et al. (2015) realizaram estudo com ratos e observaram que os
capsinóides são capazes de auxiliar a perda de peso, através da redução do
acúmulo de gordura nos adipócitos e da aceleração do metabolismo lipídico no
tecido adiposo e hepático.
Capsinóides encapsulados foram testados em 80 humanos em uma dosagem
de 6 mg/dia por um período de 12 semanas, com intuito de avaliar os efeitos
colaterais e a perda de peso e/ou gordura corporal. Apesar de não ter havido
diferença significativa, o estudo demonstrou uma perda de peso maior no grupo em
uso de capsinóides em comparação com o placebo, tendo sido identificados apenas
quatro eventos adversos gastrointestinais no grupo suplementado. Já a análise de
composição corporal revelou uma diferença significativa no grupo com capsinóide,
com redução de 1,1%, superior à redução de 0,2% no grupo placebo. Além disso, a
alteração no peso corporal e a mudança na gordura abdominal foram
correlacionados positivamente (SNITKER et al., 2009).
Estudo duplo-cego, administrando doses em concentrações diferentes de
capsinóides em humanos, observaram que todos os participantes apresentaram boa
tolerância às cápsulas, sem relato de efeito adverso. Porém, não foram obtidos

50
resultados significativos na taxa metabólica, na redução corporal e na temperatura
corporal (GALGANI et al., 2010).
No quadro 1 pode ser observado os estudos clínicos e experimentais
realizados com Capsicum annuum no tratamento da obesidade.

Quadro 1. Estudos sobre a utilização de Capsicum annuum na obesidade.


Nomenclatura Nomenclatura Forma de Posologia/ Modo Tempo de Efeito/ Referência
Botânica Popular utilização/ de usar uso Espécime do
Modo de estudo
preparo
Capsicum Pimenta doce Tintura 100mg/dia (63% 2 semanas Redução do FARAUT et
annuum capsiate, 30% peso e gordura al., 2009
dihidrocapsiate, 7% abdominal
nordihidrocapsiate), Ratos
por via oral
Capsicum Pimenta doce Capsinóides a 5% 12 semanas Redução do HONG et al.,
annuum acúmulo de 2015
gordura corporal
Ratos
Capsicum Pimenta doce Diluído em Capsiate 10 mg 6 semanas Redução do NOGUEIRA,
annuum agua peso corporal e 2013
filtrada aumento e da
temperatura
Ratos
Capsicum Pimenta doce Cápsulas Capsinóides em 1, 5 dias Nenhum efeito GALGANI et
annuum 3, 6 ou 12 mg. no metabolismo al., 2010
Capsinóides energético, na
(capsiate, oxidação de
dihidrocapsiate, gordura, ou
nordihidrocapsiate, temperatura
na proporção corporal
70:23:7) Humanos
Capsicum Pimenta doce Cápsulas Capsinóides (6 12 semanas Redução do SNITKER et
mg/dia, por via oral)
annuum peso corporal e al., 2009
0,3-1,0 mg gordura
capsinóides/ 1 g
abdominal
Humanos

51
GENGIBRE (Zingiber officinale)

O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta medicinal também utilizada


como tempero. Apresenta várias funções farmacológicas e, recentemente, vem
sendo estudada para tratamento complementar da obesidade, através do aumento
da termogênese corporal (MISAWA et al., 2015).
O gengibre é constituído por dois grupos distintos de compostos, os voláteis,
responsáveis pelo seu odor característico (os óleos essências que mais se
destacam são os sesquiterpênicos); e a fração não volátil, responsável pelo sabor
picante (zingerone, gingeróis, soagóis e paradóis). Os compostos presentes no
gengibre apresentam a capacidade de ativar o sistema nervoso central aumentando
a termogênese através do aumento do gasto de energia (CONCEIÇÂO, 2013).
Estudo com humanos (n=10), utilizando 2g de gengibre seco em pó diluído
em água quente, evidenciou-se efeitos termogênicos e indutores de saciedade,
apresentando efeito significativo no tratamento (MANSOUR et al., 2012).
Estudo com ratos obesos (n=42), dispostos em seis grupos submetidos a
tratamentos com concentrações diferentes com canela e gengibre por um período de
seis semanas, demonstrou que a administração de extrato aquoso de gengibre nas
concentrações de 200 e 400mg/Kg foi eficaz na redução de peso e gordura corporal,
independentemente da dose administrada (SHALABY e SAIFAN, 2014).
Nammi, Sreemantula e Roufogalis (2009), em estudo experimental, alocaram
ratos em 6 grupos com dietas especificas: padrão e gengibre, em diferentes
concentrações, em uso de rosiglitazona (fármaco da classe dos antidiabéticos).
Observaram que, após 3 a 4 semanas, o Zingiber officinale suprimiu o ganho de
peso corporal quando comparado com os animais tratados com dieta rica em
gordura e isenta de extrato. Essa diferença de peso foi maior após 6 semanas,
chegando a suprimir 27 a 34% do ganho de peso. Outro aspecto observado foi que
os ratos tratados com dieta rica em gordura tiveram ganho de peso significativo em
relação ao peso antes do experimento e também em relação a um outro grupo de
ratos que não recebeu extrato, mas recebeu dieta padrão.
Estudo realizado com extrato metanólico e acetato de etila de Zingiber
officinale identificou redução significativa de peso corporal em ratos. Os ratos foram
alocados em 4 grupos distintos (controle, controle obeso, suplementado com

52
250mg/kg de extrato metanólico de Zingiber officinale e 250mg/kg de extrato de
acetato de etila de Zingiber officinale). Após 8 semanas, o grupo controle obeso
apresentou aumento significativo do peso corporal (41,6g) em comparação com o
grupo controle (22,5g). Além disso, o tratamento utilizando extratos metanólico e
acetado de etila à base de gengibre foi capaz de reduzir significativamente o peso
(32,5g e 35,8g, respectivamente) quando comparado ao grupo controle obeso
(GOYAL; KADNUR, 2006).
Após 18 semanas de tratamento, estudo avaliando ratos com dieta rica em
gordura e suplementação de extrato etanólico de gengibre, identificou que estes
pesavam menos que os ratos suplementados somente com dieta rica em gordura.
Os ratos foram alocados em 3 grupos: dieta com baixo teor de gordura, dieta com
alto teor de gordura e dieta com alto teor de gordura HF juntamente com extrato
etanólico de gengibre. Esses dados comprovam a eficácia do gengibre no
tratamento da obesidade através da redução de peso corporal (MISAWA et al.,
2015).
No quadro 2 pode-se observar os estudos clínicos e experimentais realizados
com Zingiber officinale no tratamento da obesidade.

53
Quadro 2. Estudos sobre a utilização do Zingiber officinale na obesidade.
Nomenclatura Nomenclatura Forma de Posologia/ Modo de Tempo de Efeito/ Espécime do estudo Referência
Botânica Popular utilização/ Modo de usar uso
preparo
Zingiber Gengibre Extrato seco 2 gramas ao dia 1 dia Aumento da termogênese MANSOUR et al., 2012.
officinale indução da saciedade
Humanos
Zingiber Gengibre Extrato aquoso 200 e 400 mg/kg 6 semanas Redução do peso e gordura SHALABY; SAIFAN, 2014.
officinale corporal
Ratos
Zingiber Gengibre Extrato alcoólico 100, 200 e 400 6 semanas Supressão do ganho de peso NAMMI; SREEMANTULA;
officinale mg/kg Ratos ROUFOGALIS, 2009.

Zingiber Gengibre Extrato metanólico e 250 mg/kg 8 semanas Redução significativa do peso GOYAL; KADNUR, 2006.
officinale extrato acetato de corporal
etila Ratos
Zingiber Gengibre Extrato etanólico Proporção de 18 semanas Redução significativa do peso MISAWA et al., 2015
compostos: 4,8% de
officinale 0,3% corporal
6-gingerol e 1,3% de
6-shogaol Ratos

54
LARANJA AZEDA (Citrus aurantium)

Citrus aurantium (laranja azeda) tem sido estudado por possuir atividade
adrenérgica, afetando o nível de redução do apetite e aumentando a lipólise por
meio da termogênese. Este efeito está relacionado com a presença de compostos
ativos como a sinefrina e octapamina, sendo considerado um substituto da planta
efedra (CAVICHIOLI; ABOURIHAN; PASSONI; 2012; PEIXOTO et al., 2012).
Estudo com humanos (n= 20) utilizou 5 cápsulas à base de Citrus aurantium
(contendo 26 mg de sinefrina, 4 mg de octopamina, 3,6 mg de N-methyltyramine, e
2,9 mg de tiramina e hordenine). Analisou-se o gasto energético após o consumo do
suplemento, tendo sido observado aumento do gasto de energia quando comparado
ao grupo sem suplementação, sendo que esta diferença foi mais significativa em
homens (42kJ em mulheres e 94kJ em homens, por 300 minutos) (GOUGEON et al.,
2005).
Em estudo de revisão, não encontraram estudos com relevância positiva
sobre os benefícios do Citrus aurantium na perda de peso, sendo que as
informações de segurança obtidas foram extremamente limitadas, tendo sido
encontrado que o consumo da laranja azeda pode acarretar aumento da pressão
arterial, pulso e dos riscos de eventos adversos cardiovasculares (BENT, PADUL,
NEUHAUS; 2004).
Calapai e colaboradores (1999) realizaram um estudo com ratos
administrando Citrus aurantium em concentrações padronizadas de 4% e 6% de
sinefrina, por um período de 7 dias. Observaram que, independentemente da dose,
houve redução da ingestão de alimentos e do peso corporal em relação ao grupo
controle. Porém, os autores salientaram a necessidade de um estudo mais
aprofundado da planta devido a seus efeitos colaterais.
Estudo duplo-cego randomizado controlado com humanos (n= 20), utilizando
uma associação de compostos (Citrus aurantium, Hypericum perforatum e cafeína),
por de 6 semanas, identificou perda significativa de peso corporal (1,4 kg) em
comparação com grupos placebo e controle. Além da perda de peso, foi observada
redução significativa da gordura corporal (26,3% pré-tratamento e 23,4% após o
tratamento) (COLKER et al., 1999).

55
Outro estudo duplo-cego randomizado com humanos (n= 30), utilizando
composto à base de Citrus aurantium, padronizado em cápsulas contendo 20mg de
efedrina, 5mg de sinefrina, 200mg de cafeína e 15mg de salicina, apresentaram
resultados benéficos. Observou-se redução significativa da gordura corporal (a partir
de 24,39% na linha de base e de 20,53% após 8 semanas), no grupo experimental
em comparação com o grupo placebo (KALMAN et al., 2000).
Cuidados devem ser tomados ao administrar Citrus aurantium, visto que, em
um relato de caso, paciente de 52 anos apresentou taquicardia incessante após
consumo de dose de 500mg de extrato (6% de sinefrina, correspondendo a 30mg de
sinefrina), provavelmente, devido à atividade farmacológica adrenérgica da planta
(FIRENZUOLI; GORI; GALAPAI, 2005).
Abaixo no quadro 3 encontram-se os estudos clínicos e experimentais
realizados com Citrus aurantium no tratamento da obesidade.

56
Quadro 3. Estudos sobre a utilização do Citrus aurantium na obesidade.
Nomenclatura Nomenclatura Forma de Posologia/ Modo de Tempo de uso Efeito/ Espécime do Referência
Botânica Popular utilização/ Modo usar estudo
de preparo
Citrus aurantium Laranja azeda Cápsula 26 mg, contendo 4mg Efeito de 300 minutos Aumento do gasto de GOUGEON et al., 2005.
octopamina, 3,6mg de N- após a ingestão da energia
methiltyramine, e 2,9mg cápsula.
de tiramina e hordenine. Humanos
Citrus aurantium Laranja azeda Extrato Citrus aurantium 7 dias Reduziu a ingestão CALAPAI et al., 1999.
hidroalcóolico padronizado a 4% e 6% de alimentos e
de sinefrina, nas gordura corporal
proporções de 2,5, 5, 10 e Ratos
20mg/ kg.
Citrus aurantium, Laranja azeda, Cápsula Citrus aurantium 975mg, 6 semanas Perda de peso COLKER et al., 1999.
Cafeína e Erva de São cafeína e erva cafeína 528mg e erva de corporal e gordura
João de São Joao São João 900 mg. corporal Humanos
Citrus aurantium e Laranja azeda, Cápsula Cápsula com 20mg de 8 semanas Redução da gordura KALMAN et al., 2000.
Cafeína e cafeína efedrina, 5mg de sinefrina corporal Humanos
5mg, 200mg de cafeína, e
15mg de salicina.

57
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Novas estratégias para o tratamento da obesidade estão sendo estudadas.


Juntamente com hábitos alimentares saudáveis e atividade física, a fitoterapia em
suas diferentes formas farmacêuticas tem sido proposta como coadjuvante no
tratamento da obesidade.
A inclusão de fitoterápicos à base de pimenta, gengibre e laranja azeda tem
sido abordada, pela capacidade em aumentar o gasto de energia e a oxidação de
gorduras, porém, ainda existem poucas evidências com humanos, sendo
necessários novos estudos para maior garantia de sua segurança e eficácia. Além
destes citados, encontramos outras plantas que também sendo investigados seus
efeitos no tratamento da obesidade.

REFERÊNCIAS

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nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica,
prescrever plantas medicinais e chás medicinais, medicamentos fitoterápicos,
produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos como
drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição dietética e dá
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60
CAPÍTULO V - FITOTERAPIA E DIABETES MELLITUS
Andressa Mendes Jacó da Fonseca e Olívia Almeida

DIABETES

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que a cada ano vem aumentando a
incidência em crianças, adolescentes, adultos e idosos (SBD, 2014). O diabetes
pode ser classificado em tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM
e Diabetes Gestacional. O primeiro é classificado pela deficiência de células
pancreáticas liberando pouca ou nenhuma insulina; o segundo é quando o
organismo produz uma quantidade de insulina insuficiente para o controle das taxas
de glicemia; já o diabetes gestacional ocorre por fatores hormonais que diminuem a
ação da insulina durante a gestação (SBD, 2014).
Para o diagnóstico de diabetes, considera-se glicemia de jejum ≥126 mg/dL,
glicemia pós-prandial de 2 horas ≥ 200mg/dL e, no teste de tolerância à glicose (em
qualquer horário) ≥ 200mg/dL, em pacientes sintomáticos (poliúria, polidipsia e perda
de peso) (SBD, 2014).
Atualmente, os tratamentos mais utilizados para diabetes são
hipoglicemiantes, insulinoterapia e a terapia nutricional. Além desses, o tratamento à
base de plantas medicinais vem sendo recomendado na prevenção e controle da
doença (TABATABAEI-MALAZY; LARIJANI; ABDOLLAHI, 2015).
O uso de plantas medicinais entre os países em desenvolvimento
desempenha um papel importante nas comunidades, devido ao baixo custo e ao
fácil acesso às mesmas (SSENYANGE et al., 2015).
Deve-se ter cuidado em relação ao uso de plantas medicinais por não existir
muitos estudos relatando sua toxicidade. Cada planta tem seus princípios ativos e
agem de formas especificas no organismo, por isso, a importância do estudo da
fitoterapia para se identificar os sintomas ou a predisposição à patologia e
administrar a melhor opção ao paciente. Nesse capítulo será relatado o uso de
Allium sativum (alho), Camellia sinensis (chá verde), Punica granatum L (romã) e
Cinnamomum verum (canela) no tratamento do Diabetes Mellitus (Quadro 1).

61
Quadro 1. Levantamento de estudos clínicos e experimentais com utilização de plantas medicinais no tratamento de diabetes.

Parte da
Nome Tempo de
Referência Planta Participantes planta Posologia Efeito positivo
científico uso
usada

EIDI; EIDI; Alho Allium Ratos diabéticos e Bulbo 14 dias Extrato alcoólico 1mL Baixa da glicemia
ESMAELI, 2006 sativum normais fresco dos diabéticos

SHER et al., 2012 Alho Allium Coelhos não diabéticos Bulbo Não Extrato seco 250mg para não Baixa da glicose,
sativum e normais informa diabéticos e 250mg, 300mg e 350mg triglicerídeos e
para os animais diabéticos colesterol

SARKAKI et al., Alho Allium Ratos Bulbo 14 dias Extrato alcoólico 1 mL Baixa da glicemia
2013 sativum

ASHRAF; RKHAN; Alho Allium 60 participantes Bulbo 24 Extrato seco 300mg Baixa da glicose,
ASHRAF, 2011 sativum (homens e mulheres) semanas triglicerídeos e
usando medicação para colesterol
diabetes

SULIBURSKA et al., Chá verde Camellia Homens e mulheres Toda planta 12 Extrato seco - 379mg de extrato seco Baixa nos níveis de
2012 sinensis semanas de chá verde e 208mg de EGCG glicose

62
FUKINO et al., 2008 Chá verde Camellia 61 participantes Toda planta 16 Extrato seco. Baixa na glicose nos
sinensis (homens e mulheres) semanas dois grupos
544mg de polifenóis, 456mg de
usando medicação para
catequinas e 102mg de cafeína
diabetes
dissolvidos em água morna.
2 grupos: grupo A
Grupo A tomou nos 2 primeiros
intervenção precoce e
meses e B nos dois últimos meses.
B intervenção tardia

JOSIC et al., 2010 Chá verde Camellia Homens e mulheres Toda planta 17 dias Chá junto com a refeição (tomar no Baixa da glicemia
sinensis prazo de 1 minuto)

PARSAEYAN et al., Romã Punica Homens e mulheres Todo fruto 6 semanas 200mL de suco de romã Baixa da glicemia e
2012 granatum L diabéticos jejum

BASU et al., 2013 Romã Punica Homens e mulheres Não 4 semanas Extrato seco cápsulas POMx (2 Baixa da
granatum L diabéticos e não informa cápsulas/dia de polifenóis, 1500mg) peroxidação lipídica
diabéticos em diabéticos

WANG et al., 2015 Romã Punica Ratos Casca de 4 semanas Casca da romã 40% de polifenois, Efeitos inibitórios na
granatum L ambos com casca do feijão 40% de glicemia. Níveis de
antocianinas insulina foram
reduzidos.

63
NEKOOEIAN et al., Romã Punica Ratos Semente 68 Óleo da romã Melhorou secreção
2014 granatum L semanas de insulina sem
alterar glicemia de
jejum.

TSANG et al., 2012 Romã Punica Humanos Todo fruto 4 semanas 500ml Suco da romã Redução da insulina
granatum L e resistência a
insulina

KHAN et al., 2003 Canela Cinnamomum 60 indivíduos diabéticos Casca 8 semanas Extrato seco - G1 consumiu 1g da Reduziu glicose,
verum tipo 2 canela, G2 consumiu 3g, G3 6g triglicérides e
colesterol total

BEEJMOHUN et al., Canela Cinnamomum Humanos Casca Não Extrato seco 1g 30 min antes das Redução da glicemia
2014 verum informa refeições após a absorção da
refeição

HLEBOWICZ et al., Canela Cinnamomum 14 indivíduos saudáveis Casca Não Pó 6g juntamente com preparação Redução da glicose
2007 verum informa de pudim de arroz pós-prandial

MARKEY et al., 2011 Canela Cinnamomum 9 indivíduos saudáveis Casca 28 dias Extrato seco 3g Não mudou
verum respostas glicêmicas
Legenda: EGCG - epigalocatequina galato; POMx – marca do suplemento utilizado para o estudo.

64
ALHO (Allium sativum)

O Allium sativum, conhecido popularmente como alho, tem como seu princípio
ativo principal a alicina (CHEN et al. 2016).
Eidi, Eidi e Esmaeli (2006), realizaram um estudo com 54 ratos, sendo 30
diabéticos e 24 ratos normais, divididos em nove grupos. Após 14 dias de tratamento
com 1mL de extrato alcoólico de alho, observou-se uma redução significativa das
taxas de glicemia, tendem a trazer de glicose no soro (p<0,001) e insulina (p <0,05)
significativamente para valores normais em ratos diabéticos, enquanto ratos normais
não apresentaram alterações significativas em duração níveis de glicose e de
insulina. Os níveis de triglicérides também apresentaram redução (p<0,001) e
colesterol total (p<0,001), quando comparado com o controle ratos diabéticos.
Sher et al. (2012), em estudo com coelhos machos adultos, administraram
extrato seco de bulbo de alho. Os animais foram divididos em diabéticos e não
diabéticos, utilizando doses de 250, 300 e 350mg de alho e uma dose placebo de
250mg. O tratamento feito em três doses diferentes causou redução na glicose,
triglicérides e colesterol, porém a diminuição de todos os três parâmetros foi
significativa apenas com a dose mais elevada, ou seja, a de 350mg. Nível de glicose
no sangue (270,3 ± 0,8mg/dL) foi significativamente (p<0,05) reduzido, em
comparação com o nível do grupo controle (303,8 ± 1,8mg/dL). Os níveis de
triglicérides (44,0 ± 0,9mg/dL) e colesterol (32,8 ± 0,7mg/dL), também reduziu de
forma significativa (p<0,05) em coelhos normais, após 4 horas da administração de
extrato.
Sarkaki et al. (2013), em estudo experimental com ratos, testaram pó de alho
macerado em etanol a 80%, durante 72 horas, à temperatura ambiente, por um
período de 14 dias. O tratamento com extrato de alho reduziu a glicose no sangue
de forma clinicamente significativa (p<0,05 e p<0,01).
Ashraf, Rkhan e Ashraf (2011) em estudo clínico, avaliaram 60 pacientes com
DM 2, apresentando glicemia acima de 126mg/dL. Os pacientes foram divididos em
dois grupos, onde um recebeu 300mg de extrato de alho com 500mg de metformina,
e o segundo, placebo com a mesma dose de metformina, por 24 semanas. Glicemia
de jejum e perfil lipídico foi dosado em 0,12 e 24 semanas. Grupo tratado com alho
apresentou redução significativa da glicemia de jejum (-3,12%) comparado ao grupo

65
de recebeu placebo (0,59%). Após as 24 semanas o grupo controle também
apresentou redução em todo perfil lipídico.

CHÁ VERDE (Camellia sinensis)

A Camellia sinensis conhecida popularmente como chá verde, apresenta


comprovada eficácia na redução da glicemia, inclusive, a partir de resultados de
estudos com humanos.
Suliburska et al. (2012) realizaram estudo com 46 participantes (23 homens,
23 mulheres), com duração de 3 meses. Todos os participantes foram randomizados
para receber uma cápsula por dia contendo 379mg de extrato de chá verde e 208mg
de epigalocatequina galato (EGCG), sendo que o grupo placebo recebeu uma
cápsula que não continha o chá. Observou-se que a suplementação foi associada
com diminuição dos níveis de glicose e triglicerídeos no soro do grupo que utilizou o
chá verde tratamento causou significativa redução no TC e TG (respectivamente,
p<0.034 e p<0.042), LDL (p<0.035), glicose (p<0.043), Fe (p<0.048), e aumento
significativo nos níveis de HDL (p<0.044), Zn (p<0.037) e Mg (p<0.047)
(SULIBURSKA et al., 2012).
Em estudo de Fukino et al. (2008), 61 participantes com idades entre 32 e 73
anos, receberam a administração de um suplemento em sachê composto por uma
mistura de extrato de chá verde padronizado e de chá verde em pó. Nele continha
um total de 544mg de polifenóis, 456mg de catequinas e 102mg de cafeína,
podendo ser consumido diariamente sem dificuldade. Os participantes foram
orientados a beber 1/3 a 1/4 do conteúdo dissolvido em água quente, no final de
cada refeição ou lanche. O estudo mostrou que a suplementação durante 2 meses
melhorou a glicose entre os indivíduos com glicemia limítrofe (p = 0,03) (FUKINO et
al., 2008).
Josic et al. (2010) realizaram um estudo no qual ofereceram chá verde para o
grupo teste e, para o grupo placebo, água quente, por 17 dias. Em cada refeição o
chá e a água tinham que ser consumidos no prazo de 10 minutos. A ingestão de chá
verde juntamente com a refeição resultou numa redução de glicose no sangue. A
ingestão do suplemento de chá verde resultou em um aumento significativo
(p=0,019) de insulina em resposta à glicose no sangue. A mudança pós-prandial

66
também foi significativamente maior após a ingestão de chá verde em relação à
refeição de referência. A ingestão da refeição associada ao chá verde resultou numa
saciedade pós-prandial significativamente superior após 15 minutos (p=0,005), 45
minutos (p=0,045), 60 minutos (p=0,025) e 90 minutos (p=0,030), em comparação à
refeição de referência.

ROMÃ (Punica granatum L.)

A romã (Punica granatum) tem sido bastante utilizada na fitoterapia, sendo


que seu suco é classificado como o que possui maior capacidade antioxidante
quando comparado com as bebidas ricas em polifenóis comumente consumidos nos
Estados Unidos (BASU et al., 2013).
A terapia antioxidante é uma estratégia promissora para DM que pode
melhorar a função e estrutura das células beta e regular o nível de glicose no
sangue (WANG et al., 2015).
No estudo de Parsaeyan et al. (2012) utilizou-se todo fruto para preparação
do suco de romã, sendo administrado durante 6 semanas, 200mL para cada
participante. Os resultados demonstraram que o consumo do suco da romã durante
esse período exerceu efeitos benéficos (p<0,001) após a intervenção sobre a
redução de glicose no sangue em jejum, perfis de lipídios, lipoproteínas e atividade
da enzima Paraoxonase1 (PON1).
Basu et al. (2013), em um estudo de intervenção de 4 semanas, investigaram
os efeitos da suplementação de romã em cápsulas com polifenóis em indivíduos
diabéticos e em voluntários saudáveis. Neste estudo, verificaram que a
suplementação com 2 cápsulas/dia de polifenóis, aproximadamente 1500mg,
durante 4 semanas, não afetou o peso corporal, pressão arterial, glicose e lipídios
em indivíduos saudáveis e em pacientes com DM2, contudo, nestes últimos, reduziu
peroxidação lipídica. No entanto, aspartato aminotransferase (AST) mostrou um
aumento significativo nos controles saudáveis, enquanto que a alanina
aminotransferase (ALT) foi significativamente diminuída em DM2 pacientes em 4
semanas (p<0,05), assim também como o estresse oxidativo (p<0,05). Concluiu-se

67
que os polifenóis da romã comercialmente disponíveis foram bem tolerados sem
efeitos adversos em indivíduos saudáveis e em diabéticos.
Wang et al. (2015) associou a casca da romã (PPE) com a casca do feijão
preto (BBP). Os resultados demonstraram que PPE e BBP, usados juntos, causaram
efeitos benéficos referente à glicemia de jejum. Os resultados também indicaram
que os níveis de insulina de todos os ratos diabéticos foram reduzidos quando
comparados com os do grupo controle. Constataram que BBP e PPE tem a
capacidade de melhorar a hiperglicemia através da inibição da lesão induzida por
estresse oxidativo ao pâncreas. Demonstraram que tratamento com PPE + BBP
foram superiores aos daqueles com PPE em tratamento isolado. Os resultados
também indicam que os níveis de insulina de todos os camundongos diabéticos
foram notavelmente reduzidos. Após o tratamento com PPE, BBP ou PPE + BBP, as
quantidades de insulina foram aumentadas, no entanto, mudanças significativas em
relação ao grupo DM foram encontradas apenas no grupo PPE + BBP (p<0,01).
Nekooeian et al. (2014) realizaram estudo com grupos de 8 ratos cada, tendo
cada grupo recebido uma solução por 28 dias: água, óleo de semente de romã (200
mg/kg/dia), óleo de semente de romã (600 mg/kg/dia), óleo de soja (200 mg/kg/dia),
óleo de soja (600 mg/kg/dia). Os ratos tratados com óleo de semente de romã
mostraram níveis significativamente mais elevados de insulina no soro e da atividade
da glutationa peroxidase. Os resultados sugeriram que o óleo da romã melhorou a
secreção de insulina sem alterar glicemia de jejum. O nível de insulina no sangue
dos ratos diabéticos tratados com o óleo da semente de romã (200 mg/kg/dia) foi
significativamente maior do que a dos ratos diabéticos tratados com excipiente
(p=0,013).
Tsang et al. (2012) utilizaram modelo controlado por placebo, no qual os
voluntários foram escolhidos aleatoriamente para receber 500mL de suco de romã
contendo 1685mg/L de polifenóis ou 500mL de placebo (água colocada num
recipiente escuro mais a adição de hidratos de carbono equivalentes, para coincidir
com o conteúdo energético do suco). Todos consumiram 500 mL/dia de suco de
romã por um período de 4 semanas. Foi observada redução significativa de insulina
e resistência à insulina (p<,025) nos pacientes que tomaram o suco da romã. Além
disso, o cortisol/cortisona na urina (p=0,009) e saliva (p=0,024) foram
significativamente diminuídas.

68
CANELA (Cinnamomum verum)

Canela, uma das especiarias mais antigas conhecidas no mundo inteiro, é


obtida a partir da casca interna de diferentes espécies de árvores do gênero
Cinnamomum (BEEJMOHUN et al., 2014).
Além de ser um dos agentes aromatizantes mais amplamente utilizados na
indústria alimentar e de bebidas em todo o mundo, a canela é bem reconhecida por
suas propriedades medicinais desde a antiguidade. A medicina ayurvédica
tradicional tem usado extratos de canela para doenças como artrite, diarreia e
irregularidades menstruais (MEDAGAMA, 2015).
Khan et al. (2003) realizaram um estudo, durante 60 dias, com 30 homens e
30 mulheres com diabetes tipo 2, divididos aleatoriamente em seis grupos iguais. O
grupo 1 consumiu duas cápsulas de 500mg/dia de canela; grupo 2 consumiu seis
cápsulas de 500mg/dia de canela; e o grupo 3 consumiu 12 cápsulas de 500mg/dia
de canela. Grupos 4, 5 e 6 foram os grupos placebo, que consumiram cápsulas que
continham trigo. Foi verificado que a canela reduziu soro médio de jejum de glicose
(18-29%), triglicéridos (23-30%), colesterol LDL (7-27%), e o colesterol total (12-
26%) níveis.
Beejmohun et al. (2014) realizaram um estudo com 18 mulheres e homens
voluntários saudáveis. O produto de teste foi entregue como duas cápsulas de
500mg de extrato de canela de Ceilão hidro alcoólica (CCE) puro, enquanto para o
grupo placebo foram fornecidas duas cápsulas de 500mg cápsulas visualmente
idênticas ao CCE e contendo uma mistura de 20% de celulose microcristalina e 80%
de fosfato de cálcio. A ingestão de 1g de CCE, 30 minutos antes da refeição, reduziu
a resposta glicêmica, em comparação com o placebo 60 minutos antes da refeição.
O consumo de CCE foi associado com uma redução de 21,2% da glicose no sangue
em comparação com o placebo, reduziu a área sob a curva de glicemia entre 0 e
120 minutos de 14,8% (p=0,15) e entre 0 e 60 min de 21,2% (p<0,05) em
comparação com o placebo. Este efeito ocorreu sem estimular a secreção de
insulina. Em conclusão, as mulheres e os homens que tomaram CCE reduziram sua
glicemia após a absorção da refeição teste, sem variação de sua demanda de
insulina.

69
Hlebowicz et al. (2007) realizaram um estudo com quatorze indivíduos
saudáveis, para avaliar o efeito da canela na taxa de esvaziamento gástrico (TEG), a
resposta de glicose no sangue pós-prandial e saciedade dos indivíduos. O grupo 1
recebeu 300g de pudim de arroz; enquanto o grupo 2 recebeu 300g de pudim de
arroz com 6g de canela. A adição de canela no pudim de arroz atrasou
significativamente o esvaziamento gástrico e reduziu a resposta pós-prandial de
glicose (p<0,05).
Estudo de Markey et al. (2011) objetivou determinar o efeito de 3g de
canela no esvaziamento gástrico, bem como as respostas lipídicas, glicemia pós-
prandial, estresse oxidativo, rigidez arterial, sensações de apetite e ingestão
alimentar subsequente após uma refeição rica em gorduras. Nove indivíduos
saudáveis participaram do estudo (3 do sexo masculino, 6 do sexo feminino; idade
26,2 ± 3 anos, não fumantes) realizado por 28 dias, com suplementação de canela e
placebo. Verificou-se que a canela não alterou as respostas glicêmicas e lipídicas
pós-prandial, rigidez arterial ou apetite.

CONCLUSÃO

Verificou-se, a partir dos estudos selecionados, eficácia das plantas


medicinais citadas, pois cada uma age de modo com que a glicemia diminua em
pacientes diabéticos e não diabéticos. Apenas um estudo não mostrou nenhum
resultado significativo a partir da utilização de canela, possivelmente, devido à
pequena quantidade de voluntários. Além disso, todas as plantas citadas possuem
estudos com humanos, com doses seguras estabelecidas para seu uso.
Evidencia-se que o uso de Allium sativum (alho), Camellia sinensis (chá
verde), Punica granatum L (romã) e Cinnamomum verum (canela) contribuem para a
melhora glicêmica, sendo uma opção promissora no tratamento do diabetes.

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73
CAPÍTULO VI - FITOTERAPIA E SISTEMA IMUNOLÓGICO: Bowdichia
virgilioides Kunth

Maria Carolina Braz Oliva e Rogério da Silva Veiga

FITOTERAPIA

O conhecimento sobre uso tradicional das plantas como medicamento é um


dos fortes legados deixados por famílias brasileiras, principalmente, por se tratar de
um país com uma biodiversidade extremamente rica. Mesmo caracterizando uma
prática milenar, a fitoterapia foi ligeiramente esquecida e ofuscada com o avanço da
tecnologia e desenvolvimento de novas drogas sintéticas. Mas devido ao consumo
desenfreado desses produtos sintéticos ou isolados artificiais sejam eles alimentos
ou medicamentos, e sua consequência para o meio ambiente, despertou-se na
comunidade científica o interesse e a necessidade de resgatar o que é natural e os
benefícios que ele proporciona.
Infelizmente, parte significativa da vegetação nacional encontra-se cada vez
mais próxima da extinção devido à destruição dos ecossistemas e às práticas
inadequadas de extração e manejo (BRASIL, 1997). As pesquisas aprofundadas
sobre a medicina tradicional guiarão a população para o uso seguro e sustentável
desses recursos naturais e auxiliarão na recuperação dos danos instalados a tão
longo prazo.
Para que haja o uso seguro e um desenvolvimento sustentável é necessário
que a sociedade mude seu funcionamento de maneira global, reestruturando a
produção e o consumo com responsabilidade ecológica, eliminando práticas que
deteriorem o planeta e sensibilizando a sociedade de que é necessária uma reforma
na cultura, percepção e valores (UNESCO, 1999).

FITOTERAPIA E SISTEMA IMUNOLÓGICO

Atualmente, há uma exposição diária e exacerbada aos mais variados tipos


de contaminações. Fatores ambientais, agentes químicos, físicos e biológicos, como
intoxicação por radiação, exposição a poluentes, agrotóxicos, drogas, infecções e

74
desnutrição fragilizam a população diante de riscos cada vez mais prejudiciais à
saúde.
Um organismo fragilizado por agentes estressores, inicialmente, ativa as
glândulas adrenais (ou suprarrenais) do sistema neuroendócrino. Nessa reação a
medula adrenal libera adrenalina e noradrenalina e o córtex adrenal libera o cortisol.
Estes hormônios desencadeiam taquicardia, hipertensão arterial, excitação do
sistema nervoso central, hiperglicemia, aumento da concentração de hemácias no
sangue e, consequentemente, maior oxigenação dos tecidos, contração seguida de
atrofia dos órgãos linfoides, redução da contagem e atividade linfocitária, redução de
neutrófilos, redução no controle de migração de leucócitos, supressão do sistema
imunológico e maior propensão às doenças. Além da fase de alerta ao estresse, há
também a fase de resistência, em que o organismo tenta se adaptar e manter a
homeostase; e, por fim, a fase de exaustão em que, após utilizar-se de suas
defesas, o organismo se entrega e as doenças se instauram. Se esse momento
persistir, o indivíduo pode chegar à morte (BAUER, 2002).
Sendo assim, além da fundamental intervenção nutricional, com ação de
alimentos fontes de imunonutrientes (aminoácidos, ácidos graxos ômega 3,
vitaminas, minerais e antioxidantes), destaca-se também a Fitoterapia como
ferramenta imunomoduladora em constante ascensão. A eficácia deste vasto
conhecimento tradicional aplicada ao sistema imune gera dúvidas e interesse em
estudiosos que buscam esclarecimentos sobre seus fitoquímicos, mecanismos de
ação, interações e efeitos adversos (PINHEIRO et al., 2003).
A Fitoterapia trata-se de uma forma de tratamento cuja intervenção se dá pelo
uso de fitoterápicos, sendo este um produto adquirido de plantas medicinais,
podendo ser prescrito por profissionais habilitados em diferentes formas
farmacêuticas que não contenham substâncias ativas isoladas, com finalidade
profilática, curativa ou paliativa (BRASIL, 2009).
Este capítulo tem por objetivo avaliar o efeito de fitoterápicos à base de
Bowdichia virgilioides Kunth (B. virgilioides) sobre o sistema imunológico como forma
de prestigiar a etnofarmacologia nacional e seu uso popular, diante da necessidade
de reparação de danos causados pela exposição aos fatores ambientais agressivos
à saúde da população.

75
SUCUPIRA (Bowdichia virgilioides Kunth)

As árvores de B. virgilioides, pertencentes à família Fabaceae, podem atingir


até 20 m de altura e o tronco até 60 cm de diâmetro, na fase adulta. Possuem casca
grossa com pequenas fendas, ramosa, com folhas compostas do tipo pinadas com
folíolos pubescentes. Suas flores possuem um conjunto de pétalas de cor lilás, com
floração em outubro e dezembro. Seus frutos são legumes indeiscentes, secos, de
forma achatada, com sementes avermelhadas dispersas uniformemente, medindo
de 3 a 5 mm de comprimento. Estão presentes em vários países da América Latina,
inclusive, no Brasil, sendo encontrada nas regiões Sudeste, Centro Oeste, Norte e
Nordeste (RIZZINI, 1990; ALMEIDA et al., 1998).
Por se tratar de uma planta com ampla dispersão pelo país, adepta a terrenos
secos e pobres em nutrientes, apresentando madeira de alta densidade e boa
durabilidade, a sucupira-preta, nomenclatura popular dada à B. virgilioides, serve
como matéria-prima no setor moveleiro e na construção civil, além de ser uma boa
alternativa em programas de reflorestamento (ALBUQUERQUE et al., 2007).
Mesmo sendo requisitada para atividades importantes, a B. virgilioides
apresenta uma característica denominada de dormência tegumentar, condição em
que as sementes necessitam de tratamento especial para superar essa limitação e
facilitar a germinação durante a produção de mudas, evento que pode ocorrer
mesmo diante de condições ambientais favoráveis. A dormência pode ser
mensurada a partir da relação inversamente proporcional à sua idade. Uma
alternativa estudada para contornar a dormência tegumentar é expor as sementes
de sucupira à imersão em ácido sulfúrico por 4 a 12 minutos (ALBUQUERQUE et al.,
2007).
Em análise de prospecção fitoquímica, verificou-se a presença de metabólitos
secundários como os alcaloides encontrados na casca, taninos e flavonoides,
encontrados nas cascas do caule e cerne, em diferentes concentrações. A análise
por cromatografia líquida de alta eficiência identificou em sua composição a
presença de seis compostos fenólicos: ácido gálico, clorogênico e caféico,
quercetina, rutina e campferol (HI LEITE et al., 2014).
Destacam-se também como metabólitos secundários isolados, a piperidina,
triterpenos, derivados di-hidro-benzofuranos, isoflavonoides e óleos essenciais.

76
Identificaram-se, ainda, os principais componentes presentes nos extratos orgânicos
de folhas de B. virgilioides, dos quais cinco triterpenos foram isolados; duas séries
esqueleto lupano, sendo lupeol e lupenona; duas séries de per-hidro-fenantrenos
ciclopentanos, sendo β-sitosterol e estigmasterol; e uma série oleano, a β-amirina
(TICONA, 2006).
Destaca-se o lupeol, um triterpeno de amplo alcance e atividade biológica
comprovada, capaz de reagir com inúmeros alvos moleculares, afetando o processo
carcinogênico isoladamente ou como adjuvante de antineoplásicos, além de
apresentar propriedades antimicrobiana e importante potencial modulador do
processo inflamatório (GALLO; SARACHINE, 2009).
Estudo experimental avaliou a atividade anti-inflamatória do extrato aquoso de
B. virgilioides (EABv), em ratos, preparado conforme hábito popular, a partir da
infusão de 30 g de pó de cascas da planta secas à temperatura ambiente e
trituradas, em 500 mL de água à 100 °C. Este infuso permaneceu em repouso por 6
hs à temperatura ambiente e, em seguida, foi filtrado e liofilizado. Foram realizados
testes via oral com doses de 50, 100, 200 e 400 mg/kg e por injeção intraperitoneal
de 10 mg/kg. O tratamento com EABv demonstrou sobre a resposta imune inata in
vivo uma inibição significativa na formação de granuloma, suprimiu a ação/produção
de mediadores pró-angiogênicos e, por conseguinte, foi capaz de prevenir o
aumento do número de linfócitos. Quanto ao potencial tóxico, observou-se que
nenhum animal morreu ou sofreu alteração comportamental (ambientação,
piloereção, socialização e mobilidade). Não houve ganho de peso, alteração
hematológica ou na celularidade da medula espinhal. Em análise macroscópica,
observou-se que a mucosa estomacal e intestinal, rins, baço, pulmão e coração
mantiveram-se preservados. A administração intraperitoneal promoveu o mesmo
efeito da administração via oral do EABv, porém, em dose 20 vezes menor, sendo
absorvida mais rapidamente e proporcionando efeitos mais agudos (SILVA, 2009).
Outro estudo semelhante avaliou as propriedades antinociceptivas e anti-
inflamatórias da planta, em ratos. Foram analisadas as doses de 2, 20 e 200 mg/kg
administradas por via oral. Observou-se que o EABv possui propriedades
estimulantes e supressoras sobre o sistema imune, tendo aumentado a atividade
fagocitária de macrófagos peritoneais e o número de linfócitos no sangue periférico,
bem como estimulado a proliferação de linfócitos e produção de citocinas TNF-α

77
pelas células T. As ações imunossupressoras evidenciadas foram redução do
número de leucócitos totais no sangue periférico, da produção de anticorpos e TNF-
α pelas células B, interferência na ação da lectina Concavalina A (ConA) sobre o
aumento de linfócitos T, redução da ação do lipopolissacarídeo (LPS) sobre o
aumento de linfócitos B e aumento na produção de IL-10 pelas células B
(BRANDÃO, 2012).
Quanto à análise do efeito antimicrobiano do óleo essencial extraído das
folhas frescas de B. virgilioides, estudo avaliou o efeito em Staphylococcus aureus,
Staphylococcus epidermidis, Micrococcus luteus e Pseudomonas aeruginosa, e em
14 fungos, sendo eles: Candida albicans, Candida guilliermondii, Candida krusei,
Candida stellatoidea, Candida parapsilosis, Candida tropicalis, Trichosporon inkin,
Cryptococcus neoformans, Tricophyton rubrum, Tricophyton mentagrophytes,
Penicillium fusarium, Aspergillus flavus e Rhizophus. O óleo essencial foi testado na
concentração de 100% e em diluições de 2 a 32%, sendo que, apenas a diluição in
natura a 100% foi capaz de sensibilizar os micro-organismos. O óleo teve efeito
apenas sobre Micrococcus luteus, Candida albicans, Stellatoidea candida,
Trichophyton rubrum e Candida guilliermondii, sendo este último o mais sensível,
comprovando sua atividade antimicrobiana, ainda que fraca (ALMEIDA et al., 2006).
A atividade do extrato etanólico de B. virgilioides (EEBv) foi testada em doses
de 100, 300 e 1000 mg/kg, em ratos. No teste de edema de pata induzido por
carragenina, doses de 300 e 1000 mg/kg inibiram a inflamação, com atividade mais
acentuada aos 120 e 240min de teste. O pré-tratamento com EEBv causou inibição
significativa da permeabilidade vascular e da infiltração do corante; o EEBv inibiu
significativamente pleurisia induzida por carragenina apenas com dosagem de 1000
mg/kg; e a migração de leucócitos ocorreu em todas as doses utilizadas, porém mais
expressivamente com 1000mg/kg. Na nocicepção química induzida por ácido
acético, após injeção intraperitoneal com o extrato da planta em doses de 100, 300 e
1000 mg/kg, o número médio de contorções observadas diminuiu significativamente
(28, 48, 70%, respectivamente). O pré-tratamento com o extrato mostrou efeito
significativo na segunda fase inflamatória, com redução de 24, 45, e 50% para as
doses de 100, 300 e 1000 mg/kg, respectivamente (BARROS et al., 2010).
Outra pesquisa mostrou que doses de 200 e 400 mg/kg do extrato aquoso
(EA) da casca de B. virgilioides inibiram contorções induzidas por ácido acético em

78
ratos brancos em 28,7% e 32,2%, respectivamente, e o extrato aquoso obtido das
folhas da planta causou inibição das contorções em 28,3% e 46,4%. No tempo de
reação à formalina, o EA da casca administrado via oral mostrou-se eficiente apenas
ao inibir contra a dor inflamatória (segunda fase) em 200 e 400 mg/kg, e o EA das
folhas foram eficazes em todas as doses propostas. O EA também foi eficaz na
inibição do edema de pata induzido por carragenina em 100, 200 e 400 mg/kg, em 2,
3 e 4 horas (35,0, 29,4, e 32,2%), após administração do agente das cascas internas
e, em 3 horas (13,0, 13,5, e 13,5%), após administração do EA das folhas. O EA da
casca interna foi pouco tóxico aos camundongos com dose letal 50% (DL50)
estimado para ser maior que 5 g/kg e 3,8 g/kg para as folhas. O EA das folhas
mostrou potencial antioxidante superior ao EA das cascas (THOMAZZI et al., 2010).
Um estudo foi realizado em uma comunidade de Porto Estrela – MT, com
moradores residentes há mais de 60 anos, e que afirmaram ter conhecimento e
utilizarem a B. virgilioides através da experiência repassada por gerações como
indicação para inflamação, inchaço, depurativo do sangue, dor de barriga,
verminoses e anemia. Nesta comunidade as formas mais utilizadas da planta são
extratos da casca obtidos através de decocção ou extração em meio alcoólico
(aguardente ou vinho), administradas para todas as faixas etárias, em doses não
específicas até a ausência dos sintomas. Os entrevistados relataram desconhecer
qualquer tipo de efeito adverso (BOTINI et al., 2015).
No município de Chapada dos Guimarães – MT, foram entrevistados 40
moradores residentes há mais de 15 anos, que relataram o uso da tintura, macerado
e óleo da entrecasca e sementes de B. virgilioides para dor de dente (BORBA;
MACEDO, 2006).
Um estudo etnobotânico, realizado na microrregião do Alto Rio Grande-MG,
coletou dados juntamente aos raizeiros e curandeiros locais. Poucos desse grupo,
sendo em sua maioria homens com idade entre 56 e 72 anos, repassaram os
conhecimentos adiante, alegando falta de tempo, falta de interesse das outras partes
ou distanciamento dos familiares, mesmo assim creem na eficácia, estão cientes dos
efeitos adversos das dosagens excessivas e orgulham-se da função. Acreditam
ainda que há a necessidade de um intervalo durante o tratamento com as plantas,
denominado por eles como repouso ou restabelecimento. Em 167 espécies
identificadas, está a B. virgilioides, com uso em forma de decocção ou infusão das

79
cascas da raiz da planta indicada em casos de diabetes e como adstringente
(RODRIGUES; CARVALHO, 2001).
Na microrregião do Baixo Parnaíba Piauiense, no município de Esperantina –
PI, em uma comunidade quilombola, foi observado que apenas nove pessoas, de
178 que compõe um grupo de 33 famílias descendentes de um casal de escravos,
possuíam conhecimento sobre o uso de plantas medicinais. B. virgilioides é utilizada
entre eles em forma de garrafada ou banho com a entrecasca ou látex em casos de
inflamação, gripe, dor de cabeça (FRANCO; BARROS, 2006).
A legislação realça a necessidade de valorizar a cultura sobre plantas
medicinais. Embora haja um caminho extenso até a regulamentação dos
fitoterápicos, o uso tradicional por um período igual ou superior a 20 anos junto a
estudos etnofarmacológicos e documentações técnico-científicas, estão entre os
critérios da RDC nº14/2010, que dispõe sobre o registro de medicamentos
fitoterápicos, para comprovação de que produtos à base de plantas são seguros e
possuem atividade terapêutica (ANVISA, 2010; BRASIL, 2012).

Quadro 1. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização da planta


medicinal Bowdichia virgilioides Kunth (Sucupira) sobre o sistema imunológico.
Parte da Forma de Posologia/ Modo Tempo de uso Efeito Referência/
planta utilização/ de usar Espécime do estudo
utilizada Preparo
Cascas Extrato 200 e 400 mg/kg Pré-tratamento de 1 Antinociceptivo e SILVA, 2009.
aquoso v.o. ou 10 mg/kg hora ou 7 dias antes anti-inflamatório
i.p. do ensaio. Camundongos Swiss
Cascas Extrato 2, 20 e 200 mg/kg Pré-tratamento por 7 Antinociceptivo e BRANDÃO, 2012.
aquoso v.o. dias antes do ensaio. anti-inflamatório Camundongos Swiss
Folhas Óleo Concentração A 37°C por 24-48h. Antimicrobiano ALMEIDA et al., 2006.
frescas essencial 100% Fungos e bactérias
Cascas Extrato 100, 300 e 1000 Pré-tratamento Anti-inflamatório BARROS et al., 2010.
etanólico mg/kg Ratos albinos e
camundongos Swiss.
Cascas Extrato 200 e 400 mg/kg Pré-tratamento Antinociceptivo e THOMAZZI, 2010.
e folhas aquoso anti-inflamatório Ratos Winstar e
camundongos Swiss
v.o. – via oral; i.p. – injeção intraperitoneal.

80
CONCLUSÃO

B. virgilioides, em suas diferentes formas farmacêuticas testadas, apresenta


finalidade analgésica, anti-inflamatória, antialérgica e imunossupressora. Contudo,
não foram encontrados estudos com humanos para sustentar o uso popular desta
planta, ainda que os levantamentos etnofarmacológicos e o uso tradicional da planta
sustentam a veracidade dos resultados.
Ressalta-se a alta disponibilidade da planta e sua baixa toxicidade aguda
como fator contribuinte e incentivador para novas pesquisas e desenvolvimento de
novos produtos benéficos ao sistema imunológico.

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83
CAPÍTULO VII - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DE GASTROPATIAS

Aline Cunha Carvalho e Neire Moura de Gouveia

A DIGESTÃO

A digestão adequada é caracterizada pelo funcionamento dos órgãos que


participam desse processo, englobando liberação correta de secreções gástricas,
duodenais e pancreáticas (FRENHANI, 1999).
O estômago é o órgão responsável pela produção do suco gástrico, o qual
contém ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico é o responsável
pelo pH ácido do estômago, o qual otimiza a fragmentação dos alimentos, iniciada
na boca pela mastigação. Devido à ação do ácido clorídrico, o pepsinogênio é
transformado em pepsina, uma potente enzima responsável por digerir proteínas
(FRENHANI, 1999).
Durante quatro horas, o bolo alimentar pode permanecer no estômago, sendo
liberado aos poucos para o intestino delgado, órgão responsável pela maior parte da
digestão. O quimo sofre ação de enzimas digestivas, secreções pancreáticas e da
bile, além disso, os movimentos peristálticos auxiliam na movimentação intestinal do
mesmo. O intestino grosso é responsável, principalmente, pela absorção de água
(FRENHANI, 1999).
Outros fatores que auxiliam no processo de digestão são: administração de
princípios amargos, enzimas digestivas e atividades colagoga e colerética
adequadas (ALONSO, 1998; WHO, 1999).
Os princípios amargos, quando administrados 40 minutos antes das refeições,
intensificam a liberação de secreções salivares, gástricas e biliares, sendo
recomendados para pacientes com digestão lenta. Pessoas que apresentam
hiperacidez gástrica e úlceras crônicas não devem utilizar produtos para este fim
(ALONSO, 1998; WHO, 1999).

ESPÉCIES VEGETAIS E A DIGESTÃO

As espécies vegetais contêm enzimas digestivas que auxiliam em casos de


insuficiência de suco gástrico. As principais enzimas são papaína, originada do látex

84
dos frutos imaturos do mamão, e bromelina, oriunda dos frutos imaturos do abacaxi.
Além de possuírem atividade anti-inflamatória, auxiliam no processo digestivo dos
alimentos, favorecendo a degradação de peptídeos com velocidade semelhante à da
pepsina.
As atividades colagoga e colerética são importantes fatores que auxiliam em
uma digestão adequada. A primeira estimula a liberação e o transporte da bile do
fígado até à vesícula biliar e, assim, até atingir o intestino para auxiliar na digestão
de gorduras (TESKE; TRENTINI, 2001). A segunda realizada pelo fígado estimula a
produção da bile. As plantas que exercem essas funções conferem hepatoproteção,
porém, são contraindicadas para pacientes com colelitíase (ASCHWANDEN, 2001;
ARAUJO, 1998).

FISIOLOGIA INADEQUADA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

A fisiologia inadequada do sistema digestório pode trazer consequências


negativas para o organismo. As principais queixas são má digestão, dores
abdominais e obstipação intestinal em avaliação clínica. A alimentação inadequada,
ingestão hídrica deficiente e estresse são potentes fatores de risco para o
desenvolvimento de patologias gástricas e desequilíbrio de fatores protetores e
agressores relacionados ao sistema digestório (FRENHANI, 1999).
As doenças digestivas possuem alta prevalência na população. Dentre as
mais comuns, pode-se citar: gastrite, esofagite, doença do refluxo gastroesofágico
(DRGE), úlcera péptica, doença de Chron e dispepsia (FRENHANI, 1999). Neste
capítulo serão abordadas dispepsia, gastrite e úlcera gástrica.
O tratamento da maioria destas doenças está relacionado ao uso de
medicamentos por longo prazo e adequação alimentar. Entretanto, sabe-se que o
uso prolongado de alguns medicamentos, principalmente, inibidores de bomba de
prótons (IBP), causa efeito negativo à mucosa gástrica, podendo ser associado ao
desenvolvimento da gastrite crônica atrófica (SANTOS, 2010).
Dessa forma, o uso de produtos naturais adequados no tratamento de
patologias gástricas é uma ótima opção para melhorar os sintomas, além de evitar
efeitos colaterais comuns em relação ao tratamento tradicional, possuindo baixo
custo e fácil acesso à população.

85
DISPEPSIA

A dispepsia é uma condição clínica de dor recorrente, sendo caracterizada


por náusea, pressão epigástrica, flatulência e dor abdominal espasmódica, sendo
que a deficiência de secreção de ácido gástrico, pancreática e bile podem estar
relacionados a esses sintomas (HOLTMANN, 2003). Dentre as principais plantas
medicinais utilizados para tratamento dessa patologia podemos citar: angélica
(Angelica archangelica), alcachofra (Cynara scolymus), gengibre (Zingiber officinale),
melissa (Melissa officinalis), canela (Cinnamomum verum), hortelã (Mentha piperita),
cominho (Carum carvi), alecrim (Rosmarinus officinalis), cavalinha (Equisetum
arvense), laranja amarga (Citrus aurantium) e boldo (Peumus boldus) (THOMPSON,
2002).

GASTRITE E ÚLCERA GÁSTRICA

Diversos tipos de agressões resultantes de uso prolongado de anti-


inflamatório abuso de álcool, refluxo de bile para o estômago, estresse e
xenobióticos podem estar relacionados ao processo inflamatório, ocasionando
gastrite e úlcera gástrica (PACIFICO, 2010). A presença da bactéria H. pylori na
mucosa do estômago implica do desenvolvimento da gastrite crônica podendo
evoluir para uma úlcera gástrica. As principais plantas medicinais utilizadas para
estas duas patologias são: aroeira oral (Schinus terebinthifolius Raddi), espinheira-
santa (Maytenus ilicifolia), gengibre (Zingiber officinale), camomila (Matricaria
chamomilla), aloe vera (Aloe barbadensi), erva-doce (Pimpinella anisum) e
Guaçatonga (Casearia sylvestris).

86
Quadro 1. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização de plantas medicinais em gastropatias.
Nomenclatura Parte
Grupo de Forma de Tempo de
Referência Botânica / Nome utilizad Posologia Efeito Indicação Contra-indicações
estudo utilização uso
Popular a

Machado, 200mg/Kg Pacientes com cálculos


Tratamento de
2007; Zingiber officinale / 30 min antes e 60 biliares; HAS; em uso de
Ratos Raiz Decocção 2 horas Gastroprotetor gastrite e
Barbosa, Gengibre min após injeção anticoagulantes; gestantes
úlceras
2007 de indometacina e lactantes.

Santos, Schinus Tratamento de Indivíduos em uso de


Cicatrização,
2010; Lima, Humanos terebinthifolius Folhas Cápsulas 233,6mg/2x ao dia 4 semanas gastrite e anticoagulantes; gestantes
gastroproteção
2010 Raddi / Aroeira Oral úlceras e lactantes.
Santos, Indivíduos em uso de
Schinus Tratamento de
2012; Extrato anticoagulantes; gestantes
Ratos terebinthifolius Folhas 100mg/Kg/ dia 7,14 e 21 dias Cicatrização gastrite e
Barros Filho, hidroalcoólico e lactantes.
Raddi / Aroeira Oral úlceras
2012
Potencial Indivíduos em uso de
Temperatura
antioxidante em Temperatura de anticoagulantes; gestantes
Negri, Maytenus ilicifolia / de secagem: Gastrite e
Folhas Folhas diferentes 40ºC teve maior e lactantes.
2009 Espinheira-santa - 40,50,60,70 e úlcera
temperaturas efeito antioxidante.
80ºC
de secagem
Indivíduos em uso de
1) Ranitidina anticoagulantes; gestantes
(50mg/Kg) e lactantes.
Gastrite e
Queiroga, Maytenus ilicifolia / 2) Solução salina
Ratos Folhas Extrato seco 4 horas Antiulcerogênico úlcera
2000 Espinheira Santa 3) Maytenus
ilicifolia
(300mg)

87
Em caso de doenças
RDC17/ Cynara scolymus / Infusão 2g em 1 xícara de chá Colagogo e
- Folhas 90 dias Dispepsia hepáticas.
2000 Alcachofra 150mL 3x/dia colerético

Indivíduos em uso de
Matricaria Cólicas
RDC17/ Infusão 3g 1 xícara de chá Antiespasmódico e anticoagulantes; gestantes
- chamomilla/ Flores 90 dias intestinais e
2000 em 150mL 3x/dia anti-inflamatório e lactantes.
Camomila calmante

Cólicas Indivíduos com


Sumida hipotireoidismo.
RDC17/ Melissa officinalis / Infusão 3g 1 xícara de chá Carminativo e abdominais,
- des 90 dias
2000 Melissa em 150mL 3x/dia antiespasmódico ansiedade e
floridas
insônia

Indivíduos em uso de
Mentha
RDC17/ Folhas Infusão 1,5g 1 xícara de chá Carminativo e Cólicas e anticoagulantes; gestantes
- Piperita / Hortelã 90 dias
2000 e flores em 150mL 3x/dia expectorante flatulência e lactantes e obstrução
pimenta
biliar.
Decocção 1,5g Indivíduos em uso de
RDC17/ Pimpinela anisum / 1 xícara de chá Dispepsia e
- Frutos em 150mL 90 dias Carminativo anticoagulantes; gestantes
2000 Erva-doce 3x/dia expectorante
e lactantes.
Indivíduos em uso de
Infusão 3-5g/litro
Alonso, Cuminum Antiespasmódica e anticoagulantes; gestantes
- Fruto Óleo essencial de 4 a 5 xícaras 90 dias Antiácido
1998 Cyminum / Cominho digestivo. e lactantes.
/dia.

88
MELISSA (Melissa officinalis)

De acordo com o levantamento bibliográfico a Melissa é bastante utilizada


para tratamentos de gastropatias, porém não foram encontrados ensaios clínicos e
experimentais atestando seus benefícios.
A Melissa officinalis pode ser associada à camomila em prescrições, sendo
que ela tem efeito colerético e reguladora das secreções gástricas, auxiliando assim
o processo de digestão. Outras plantas medicinais com alegações terapêuticas para
dispepsia são a guaçatonga (Casearia sylvestris), mil folhas (Achillea millefolium),
carqueja (Baccharis trimera) e a canela (Cinamom verum).

AROEIRA ORAL (Schinus terebinthifolius)

A espécie Schinus terebinthifolius Raddi, da família Anacardiaceae, possui em


sua composição química taninos, saponinas e triterpenoides, (MATOS, 1997),
substâncias as quais são responsáveis pelo seu efeito anti-inflamatório,
antimicrobiano, anticarcinogênico, antimutagênico, antioxidante e cicatrizante
(DESMARCHILIER, 1999; FURONELES, 1993; RUIZ, 1996).
Dois artigos encontrados no levantamento bibliográfico discutiram sobre o
efeito da Schinus terebinthifolius (aroeira oral) na cicatrização de úlcera e
gastroproteção, sendo um realizado em humanos e o outro em ratos. O primeiro,
utilizou 233,6mg de extrato padronizado em cápsulas 2x/dia por quatro semanas,
sendo comparado com grupo controle que utilizou 20mg de Omeprazol 2x/dia,
ambos os grupos compostos por pacientes com diagnóstico de gastrite comprovado
mediante realização de endoscopia (SANTOS; LIMA, 2010).
O segundo estudo citado, com ratos, utilizou 100mg/Kg/dia de extrato hidro
alcoólico por 7,14 e 21 dias. Ambos os estudos constataram efeito positivo no
tratamento das gastropatias, sobre a cicatrização, inclusive, tendo sido identificado
que a aroeira oral foi tão eficiente quanto o Omeprazol (SANTOS 2012;
BARROSFILHO, 2012).

89
GENGIBRE (Zingiber officinale)

O Zingiber officinale (Gengibre) da família Zingiberaceae é um fitoterápico


muito utilizado em pesquisas. Apresenta diversas atividades terapêuticas, como
antiemético, antiepilético, termogênico, anti-inflamatório, além de atividade de
gastroproteção, aumentando o peristaltismo e o tônus do músculo intestinal
(ALONSO, 1998; TESKE, 2001).
Machado; Barbosa (2007) realizaram estudo para avaliar o potencial
cicatrizante do gengibre (Zingiber officinale) em ratos previamente tratados com
água (controle positivo), ou Ranitidina (20mg/Kg) (controle negativo), ou extrato
aquoso de gengibre. Os animais foram sacrificados após duas horas de inserção de
indometacina e o estômago foi analisado. Os resultados demonstraram efeitos
semelhantes na cicatrização entre os grupos que utilizaram Ranitidina e gengibre.
Dessa forma, o gengibre pode ser uma opção eficiente no tratamento de úlceras
gástricas (MACHADO; BARBOSA, 2007).

ESPINHEIRA–SANTA (Maytenus ilicifolia)

A Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) pertencente à família Celastraceae é


uma planta oriunda da mata atlântica brasileira, possui efeitos analgésico, anti-
inflamatório e antiulcerogênico, sendo muito eficaz no tratamento de úlcera gástrica
(INDICE TERAPEUTICO FITOTERAPICO, 2008). Os triterpenos, flavonóides,
catequinas, epicatequinas e taninos são os fitoquímicos presentes nessa planta,
sendo que a atividade antiulcerogênica é devida aos polissacarídeos,
especificamente o arabinogalactanos (JORGE, 2004).
Segundo estudo realizado por Negri (2009) que avaliou o potencial
antioxidante da espécie Maytenus ilicifolia após as diferentes temperaturas de
secagem, a folha que foi submetida a menor temperatura (40ºC) possui maior efeito
antioxidante em comparação as que foram submetidas a temperaturas maiores, de
50,60 e 70ºC (SANTOS, 2012).
Em um estudo realizado em ratos, no qual todos foram submetidos durante 30
minutos à indometacina (30mg/Kg) para estímulo ulcerogênico. Após isso, foram
administradas substâncias em 3 grupos diferentes: solução salina, Ranitidina

90
50mg/Kg e 300mg extrato de Maytenus ilicifolia. Após 4 horas, os ratos foram
sacrificados e foi realizada análise histológica do estômago, tendo sido confirmado o
potencial antiulcerogênico dessa planta medicinal, sendo os triterpenóides os
principais componentes responsáveis por esse efeito (QUEIROGA, 2000).

CAMOMILA (Matricaria chamomilla)

A Matricaria chamomilla, conhecida popularmente como camomila, sendo


pertencente à família Asteraceae é bastante utilizada para tratar patologias
gastrointestinais como: gastrite, colite e hemorroidas. Possui óleos voláteis
terpenóides, principalmente bisabolol e chamazuleno que possuem fatores anti-
inflamatórios. Além disso, essa planta possui flavonoides responsáveis pelo seu
efeito antiespasmódico, e mucilagens, mais particularmente a pectina (5 a 10%).
Essas substâncias estão mais biodisponíveis quando as flores da camomila são
preparadas em infusão (SCULTZ, 2002).
Para fins de tratamento para gastrite e úlcera dois tipos de preparação de
camomila são recomendados, são elas: infusão de flores de camomila de 1 a 4
vezes ao dia, e, se na forma de extratos líquidos, 30 gotas em uma xícara de água
morna (SCULTZ, 2002).
Em um estudo realizado em ratos, os quais foram divididos em 5 grupos,
todos recebendo extrato aquoso de camomila, observou-se redução do índice
ulcerogênico compatível com a dose de camomila administrada. Além disso, houve
aumento dos níveis de glutationa após uso desse fitoterápico. A indução de úlceras
gástricas foi realizada com uma única dose de etanol a 70%. O exame histológico
confirmou que o uso de camomila para essa patologia foi altamente eficaz
(HASHEM, 2010).

COMINHO (Cuminum cyminum L.) e ERVA-DOCE (Pimpinella anisum L.)

O Cuminum cyminum, mais conhecido cominho e a Pimpinella anisum (erva-


doce) ambas pertencentes à família Apiaceae, são plantas medicinais que possuem
atividade antibacteriana, sendo que o uso do cominho pode ser comparado ao efeito
de antibiótico para infecção de H. pylori, segundo estudo realizado (NOSTRO,

91
2007). As duas plantas possuem efeito antioxidante e antifúngico (CHAUDRY,
2006). Indica-se associar o uso de erva-doce com camomila ou funcho, otimizando
assim, a digestão e aliviando a flatulência e cólicas intestinais (CHOI, 2004).

ALCACHOFRA (Cynara scolymus)

A Cynara scolymus, conhecida como alcachofra, pertencente à família


Asteraceae, possui propriedades antioxidantes, otimiza a digestão, melhora a função
da vesícula biliar e reduz o colesterol (ALONSO, 1998).
Um estudo realizado em humanos com diagnóstico de dispepsia, durante 60
dias, utilizou um produto contendo extrato de folhas de alcachofra (15% de ácido
clorogênico, 150mg/cápsula), extrato de dente-de-leão (2% de inulina), rizoma de
cúrcuma longa (95% de curcumina) e óleo essencial de alecrim. Os resultados
obtidos foram bem satisfatórios, sendo que, em 30 dias, 38% dos pacientes
apresentaram redução de 50% dos sintomas característicos, e, em 60 dias, essa
redução aumentou em mais 29%. Observou-se também redução de colesterol total e
triglicerídeo em 60 dias (SANNIA, 2010).
Em outro estudo controlado realizado com 244 pacientes com dispepsia, foi
utilizado extrato de alcachofra durante seis semanas, sendo que todos os pacientes
apresentaram melhora total dos sintomas (HOLTMANN, 2003).

HORTELÃ (Mentha piperita) e CÚRCUMA (Curcuma longa)

A Mentha piperita, nome popular hortelã da família Lamiaceae é uma planta


que pode ser utilizada no tratamento de dispepsia não ulcerosa. Estudo realizado
por Thompson e Ernest (2002), confirmou seus benefícios para esses pacientes,
sendo que, dos 17 estudos encontrados, nove utilizaram hortelã e cominho
conjuntamente. Em quase 100% dos pacientes os sintomas reduziram.
A cúrcuma (Curcuma longa) e a hortelã foram as principais plantas utilizadas
nesse estudo. A primeira estimula o aumento da produção e secreção da bile,
melhorando assim a digestão além de seu efeito antiespasmódico. Já a hortelã,
desenvolve inibição das contrações do músculo liso devido à interação direta entre
óleo de hortelã e canais de cálcio (THOMPSON; ERNEST, 2002).

92
CONCLUSÃO

Devido ao estresse e alimentação inadequada, há um número crescente de


indivíduos com doenças gástricas, para as quais o tratamento com plantas
medicinais mostrou-se bastante eficaz, devendo ser estimuladas pesquisas nessa
área.
As plantas que foram citadas no presente trabalho apresentaram, de acordo
com seus respectivos estudos, efeito gastroprotetor e eficácia no tratamento de
úlceras, dispepsia e gastrite como a espinheira santa, planta muito utilizada no
Brasil, além do gengibre, aroeira oral, camomila, alcachofra, erva-doce, cominho e
hortelã também muito utilizados para tratamento de doenças gástricas. A fitoterapia
é uma ótima opção para tratamento dessas gastropatias. Além de apresentar menor
custo, o tratamento com plantas medicinais evita possíveis complicações para o
organismo, como a gastrite atrófica, apresenta menos efeitos colaterais, bem como
melhora os sinais e sintomas relacionados à doença.

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94
CAPÍTULO VIII - FITOTERAPIA E SISTEMA OSTEOARTICULAR

Tamires Ferreira Costa e Deise Lopes Silva

AS ARTICULAÇÕES

As articulações são constituídas por superfícies que estabelecem a junção de


dois ou mais ossos e por uma série de estruturas periarticulares que garantem a
união. Nas articulações encontram-se os tecidos mais rígidos do corpo, os ossos,
tendões e cartilagens. Outros tecidos como vasos e nervos também estão presentes
nas articulações e são importantes para nutrição e funcionamento destas estruturas.
São estruturas de renovação constante mas lenta, o que faz qualquer intervenção,
uma vez lesadas, ser de tratamento longo. Importante lembrar que as articulações
são fundamentais para a nossa mobilidade e proteção adequadas. As cartilagens
articulares funcionam como amortecedores de impacto e protetores ósseos.

PRINCIPAIS SINTOMAS E DOENÇAS RELACIONADAS AO SISTEMA


OSTEOARTICULAR

INFLAMAÇÕES AGUDAS

Pelo impacto, atrito, má postura e lesões, as articulações do corpo são


bastante suscetíveis a inflamações, em diversas estruturas e em diferentes graus.
As inflamações agudas musculoesqueléticas são caracterizadas por dor, calor, rubor
e restrição de movimentos. Geralmente, são causadas por estímulo mecânico ou
metabólico, ou ainda, podem não apresentar causa definida (insidiosa). Todos os
tecidos articulares podem apresentar inflamação que terão denominações diferentes
a depender do tecido afetado: capsulite, sinovite, tendinite, tenossinovite, bursite e
fascite. Em casos mais graves pode-se optar por cirurgias, porém o mais
recomendado é o tratamento conservador através de medicação e fisioterapia.
Os processos inflamatórios são processos fisiológicos de reação dos tecidos
vivos vascularizados a uma agressão local, portanto, um processo de defesa
caracterizado por reação dos vasos sanguíneos; saída de líquidos e de elementos

95
celulares sanguíneos para o interstício; e produção de diversos mediadores
inflamatórios. No processo da inflamação crônica, a manutenção da agressão gera,
em consequência do tempo de atividade, processos de destruição tecidual. Esses
processos estarão atuantes em várias patologias articulares.

DOENÇAS ARTICULARES DEGENERATIVAS E CRÔNICAS

OSTEOARTRITE OU ARTROSE

A Osteoartrite (OA) ou artrose é uma condição crônica e multifatorial das


articulações e, eventualmente, dos elementos periarticulares, sendo complexa,
dolorosa, que evolui ao longo de décadas e que conduz à perda da função da
articulação. Caracterizada pela degradação que leva à degeneração e/ou
insuficiência da cartilagem articular, modificação do osso subcondral e inflamação da
membrana sinovial, pode causar dor articular e rigidez e redução da funcionalidade
articular (HENTOTIN et al., 2014). As causas podem ser obesidade, esforços físicos
repetitivos, consequência de traumas, doenças reumatológicas inflamatórias,
necrose óssea, injeções intra-articulares repetidas de cortisona, doenças congênitas
do esqueleto, doenças metabólicas e endócrinas, e enfermidades em que haja
comprometimento dos nervos periféricos. Leva a uma incapacidade funcional
progressiva e o seu tratamento deve ser multidisciplinar, tendendo a melhorar sua
funcionalidade mecânica e clínica (COIMBRA et al., 2004).
É vista como uma enfermidade na qual é possível modificar o seu curso
evolutivo, com relação ao tratamento sintomático imediato e também em seu
prognóstico. Ela figura entre as causas mais frequentes de dor do sistema
musculoesquelético e de incapacidade para o trabalho no Brasil e no mundo. Tem-
se uma estimativa que 40% das pessoas com idade superior a 70 anos sofra de OA
do joelho, sendo considerada uma das doenças crônicas mais prevalentes no
mundo. Pelo menos 80% dos doentes com OA tem limitação motora e 25% não
conseguem desempenhar as atividades de vida diária (LAIRES et al., 2011). Hoje, a
terapia para osteoartrite é ainda direcionada aos sintomas, uma vez que nenhuma
terapia modificadora da doença foi estabelecida (BARTELS et al., 2014).

96
GOTA – ACÚMULO DE ÁCIDO ÚRICO

É caracterizada pela deposição de ácido úrico nas articulações levando à


inflamação dolorosa grave e episódica. Esta doença metabólica é comum, tendo
maior prevalência em homens com mais de 30 anos e em mulheres com idade
superior a 50 anos. A xantina-oxidase tem um papel importante no metabolismo das
purinas em seres humanos. Sua principal função é a de catalisar a oxidação da
hipoxantina em xantina e da xantina em ácido úrico. A superprodução de ácido úrico
leva à hiperuricemia, que está ligada à gota. O emprego de inibidores da xantina
oxidase que impede a formação de ácido úrico no corpo é a abordagem terapêutica
mais importante no tratamento de hiperuricemia.

ARTRITE REUMATOIDE

É uma doença crônica inflamatória, grave, muitas vezes hereditária, que leva
à destruição das articulações. O processo, apesar de crônico, passa por fases
agudas, que ataca principalmente as grandes articulações, com muita dor na fase
aguda e com deformidades crescentes devido a alterações ósseas e articulares. O
período mais comum de aparecimento dos sintomas é no final dos 20 anos e início
dos 30 anos, mas podem surgir em qualquer idade. Mulheres são 3 vezes mais
afetadas do que os homens.
Muitas vezes, vem associada com quadros de osteoporose e osteomalácia,
devido a uma má absorção de cálcio e vitamina D em estágios avançados da
doença. Também é associada a uma maior agregação plaquetária e,
consequentemente, a um maior risco de doenças cardiovasculares. De forma geral,
o processo da Artrite Reumatoide (AR) tem início num processo de sinovite. Se este
quadro não for controlado, leva à erosão de cartilagem, erosão óssea e anquilose
das articulações afetadas (VENKATESHA et al. 2011). Os principais sintomas são
rigidez matinal, edema em 3 ou mais articulações, alterações nos pulsos e dedos de
mãos e pés, alterações radiográficas típicas, nódulos reumatoides e possível
presença de fator reumatoide.
O que a diferencia da osteoartrite é o caráter auto imune, que implica na
presença de um gatilho (antígeno), com ativação de linfócitos CD4, recrutamento de

97
macrófagos e linfócitos B, aumento na produção de citocinas TNF-α e IL-1beta e
proliferação das células no tecido sinovial (pannus), culminando com a diferenciação
dos linfócitos B em plasmócitos, com aumento na produção de IgM e anti-IgG
alteradas e a presença de IgG combinadas a antígenos, que irão formar
imunocomplexos constituindo o chamado “Fator Reumatoide”, que é o exame que
diferencia a AR da OA e está alterado em 90% dos casos. Quando o fator
reumatoide está normal e a clínica aponta para a suspeita de AR, o médico utilizará
outros testes de apoio diagnóstico. Este imunocomplexo é depositado na
articulação, libera mediadores inflamatórios, ativa o sistema complemento, a
desgranulação dos mastócitos e gera a destruição tecidual, inflamação e obstrução
dos capilares, provocando pequenas isquemias. No caso da AR, o gatilho é
endógeno, ou auto antígeno. A AR, como outras doenças autoimunes, pode
apresentar sintomas sistêmicos, extra articulares, como: uretrite, neuropatia
periférica, esclerite e episclerite nos olhos, uveites e distúrbios intestinais.

DOENCAS ARTICULARES TRATAMENTO – NUTRIÇÃO E ESTILO DE VIDA

Como descrito, os quadros articulares cursam em sua maioria com processos


inflamatórios, assim, o tratamento é muito baseado no uso de medicamentos
sintéticos com esta característica: anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e
corticoides. De forma geral, o tratamento é de longa duração e os medicamentos
sintéticos normalmente utilizados tem uma grande gama de efeitos adversos. Por
conta disso, tem sido extensa a pesquisa por opções mais seguras (HENROTIN et
al., 2014), como os complementos alimentares e fitoterápicos. Embora os tópicos de
alimentação, complementação alimentar e doenças articulares sejam bastante
interessantes, fogem ao escopo deste livro.
Importante lembrar a possível conexão, ainda não bem estabelecida, mas que
deve ser considerada, entre AR e alergias, inclusive alimentares. Cerca de 85 a 90%
dos pacientes com AR relatam piora dos sintomas com determinados alimentos. Há
relatos de alívio dos sintomas com dietas sem carne, por exemplo. Alguns estudos
descrevem os pacientes com AR como mais tensas e menos resistentes
emocionalmente. Quando elas têm mecanismos inadequados para enfrentar o
estresse, a doença progride mais rapidamente.

98
Também importante acompanhar o equilíbrio glicêmico, uma vez que as
variações glicêmicas geram produção de histamina em alguns indivíduos.
Desequilíbrios intestinais como disbiose e aumento de permeabilidade intestinal
estão, muitas vezes, presentes, e seu tratamento reduz os sintomas dos pacientes
(MATHIS, 2013). Os pacientes com AR também tendem ao excesso de ferro. Além
de uma dieta direcionada, a atividade física adequada com liberação médica e
acompanhamento de educador físico e fisioterapeuta, correção postural e
manutenção do peso, auxiliam na qualidade de vida do paciente. Vários estudos têm
sido feitos, com resultados promissores, de terapias não químicas, como diferentes
abordagens de fisioterapia, acupuntura, moxabustão, manipulações articulares,
dentre outros, que devem ser levados em consideração no contexto de um
tratamento integral e multidisciplinar do paciente com problemas articulares.

PRINICIPAIS PLANTAS NO TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES ARTICULARES

Como já mencionado, o tratamento convencional para doenças articulares e


autoimunes tem sido o uso de anti-inflamatórios químicos, entre eles os AINES, os
esteroidais e outros. No entanto, o uso destas drogas está associado a efeitos
adversos severos, incluindo sangramento gastrointestinal, complicações
cardiovasculares, febre e exantema, progressivo desenvolvimento de leucocitose,
eosinofilia, vasculite, meningite asséptica, nefrite e disfunção renal e hepática, o que
tem levado à busca por alternativas mais suaves e igualmente eficazes. A procura
por práticas e tratamentos dentro do escopo do que, no Brasil, chamamos de
Práticas Integrativas e Complementares (da qual a fitoterapia faz parte), é grande
em todas as áreas, especialmente em doenças crônicas dolorosas e debilitantes
como as articulares. Grande parte destas opções vem da pesquisa com plantas
medicinais. Apesar da busca dos pacientes e dos relatos de bons resultados, os
profissionais continuam céticos acerca do uso destas plantas, em grande parte pela
falta de estudos mais detalhados para muitas delas. É importante irmos diminuindo a
lacuna que há entre a confiança e a automedicação dos pacientes por um lado e o
ceticismo e falta de abertura dos profissionais por outro. Isso se resolve com
pesquisa e esclarecimento aos profissionais e pacientes acerca das informações
corretas sobre cada planta ou tratamento.

99
BORRAGEM (Borrago officinalis), PRÍMULA (Oenothera biennis), GROSELHA
NEGRA (Ribes nigrum)

São fontes de ácido gama-linolênico (GLA). O emprego desses óleos em


várias doenças, associado às baixas concentrações do GLA, foi extensamente
investigado e a literatura é farta. O GLA está envolvido na biossíntese de
prostaglandinas, com redução da inflamação crônica, com supressão da síntese do
TNF alfa. O óleo de prímula, além de GLA, possui também álcoois alifáticos como
tetracosanol e componentes fenólicos como o ácido ferúlico, que também tem
efeitos protetores contra os moduladores inflamatórios. Além disso, há presença de
esteróis como beta sitotesterol e campesterol que modulam oxido nítrico, TNF-alfa,
IL-1beta e tromboxano b2, levando à supressão da expressão genética de COX2.
Desta forma, o efeito anti-inflamatório do óleo de prímula é considerado superior ao
de borragem (PIESZAK et al., 2012; BASAR et al., 2013; SAMANI et al., 2014).
Da Rosa e Machado (2007) revisaram 5 estudos clínicos usando as plantas
citadas numa média de 500 mg/dia com resultados significativos em redução de dor,
rigidez articular, pausa ou redução de AINES e força de aperto em pacientes com
artrite aguda ou reumatoide. Cameron et al. (2011) revisaram 7 estudos clínicos de
plantas ricas em GLA (Prímula, Borragem e Groselha negra) e mostraram melhoras
significativas na redução de intensidade de dor. Gasemian et al. (2016) revisaram 2
estudos com uso de óleo de borragem em dosagens de 1,4 e 2,8 g, por 6 meses,
com melhora em 36% e de 64% dos pacientes, respectivamente. Também
mostraram um estudo clínico com óleo de prímula que resultou em melhoras
subjetivas, em rigidez matinal e redução do uso de AINES, mas que não mostraram
melhoras nos exames, em 12 semanas.
Ainda por conta dos mecanismos, o uso concomitante destas plantas com
anti-inflamatórios não esteroidais não é aconselhado pois o efeito da planta seria
reduzido (BASAR et al., 2013). Os óleos de plantas ricos em GLA são
contraindicados na gestação pois mostraram teratogenicidade e efeito abortivo. A
Borragem é contraindicada para hepatopatias pelo alto teor de alcaloides.

100
CHA VERDE (Camelia sinensis)

O chá da Camellia sinensis (CS) é uma bebida comum no oriente, em


especial China e Japão. Conhecido por seu grande teor de antioxidantes
polifenólicos, particularmente catequinas como epicatequina, epigalatocatequina,
epicatequina galato e epigalocatequina galato (EGCG). EGCG é a catequina
presente em maior quantidade, cerca de 13% do peso seco das folhas de chá.
EGCG pode, significativamente, suprimir a expressão de COX-2, PGE2 e IL-8 em
ação dose-dependente. A formação de cristais de cálcio, que é considerada um fator
implicado na sinovite, também é reduzida. Estudo também mostra efeito protetor do
EGCG sobre as cartilagens (LI et al., 2016). O CS tem ainda efeito antioxidante forte
por múltiplos mecanismos, incluindo redução da peroxidação lipídica, varredura de
radicais livres, sequestro de metais e inibição de várias enzimas, incluindo xantina
oxidase. O efeito do CS na xantina oxidase foi demonstrado in vitro, em animais e
humanos. Um decréscimo de ácido úrico sérico em vários estudos clínicos que, no
entanto, não foram desenhados para isso.
Jatuworapruk et al. (2014) fizeram um estudo de uma semana de controle, 2
semanas de intervenção e 1 semana de seguimento com 30 indivíduos que
mostraram melhoras não significativas nos níveis séricos e no clearence de ácido
úrico, consumindo 2, 4 ou 6g de extrato de CS, divididos em 2 tomadas, depois das
refeições, de acordo com randomização. Houveram relatos de problemas
gastrointestinais sem gravidade, em especial no grupo de 6g, outros desconfortos
como boca seca, insônia e tonteira também foram relatados, mas sem necessidade
de intervenção. O grupo que consumiu 2g teve os melhores resultados de redução
de ácido úrico, seguido dos grupos de 4 e 6 g, numa relação inversa. Estudos de
maior duração, com uma amostra maior e com pacientes hiperuricêmicos são
necessários para afirmar melhor o impacto do CS no ácido úrico e na gota.
Gabr et al. (2014) fizeram um estudo com 50 pacientes em estágios iniciais da
AR – 9 meses, com 30 pacientes com AR já estabelecida – 10 anos, e com 50
indivíduos saudáveis como grupo controle, usando 4 a 6 xícaras/dia de CS com 60 a
125mg de catequinas, por 24 semanas. Esses pacientes não utilizaram corticoides e
AINES, nem fizeram nenhum controle alimentar. O estudo concluiu que o CS
demonstrou ação protetora da articulação e efeito anti-inflamatório. Riegsecker et al.

101
(2013) mostraram melhoria no risco de complicações cardiovasculares nos pacientes
com artrite reumatoide, que é bastante elevado e que tem como mecanismo
subjacente o processo inflamatório.

CURCUMA (Curcuma longa)

Os rizomas da Curcuma longa (CL) vêm sendo milenarmente utilizados na


culinária e terapêutica no oriente. Conhecida por seu potencial antioxidante e anti-
inflamatório, tem sido indicada tradicionalmente para quadros reumáticos e
osteoartrite, dentre outros (GOEL et al., 2008). Cúrcuma tem pelo menos 53 nomes
diferentes em sânscrito, cada um referindo-se a propriedades específicas, incluindo
jawarantika, que destrói febre, mehagni, assassino de gordura, ou rabhangavasa,
que dissolve a gordura (AGGARWAL, 2010). Ao longo das últimas décadas, muitos
estudos científicos e clínicos têm-se centrado sobre o potencial da CL para o
tratamento de várias condições patológicas, inclusive quadros articulares.
Vários estudos clínicos foram feitos para comprovar os efeitos anti-
inflamatórios da curcumina, principal ativo da CL. Os resultados sugerem que a
curcumina pode ser efetiva na melhora da inflamação da artrite reumatoide e na
redução das manifestações clínicas da doença, como edema articular e rigidez
matinal em comparação com fenilbutazona (LI et al., 2016). Kuptiniratasalkul (2014)
investigou a eficácia de extratos de CL em cerca de 300 pacientes com osteoartrite
de joelho em comparação com Ibuprofeno, com resultados estatisticamente
semelhantes. A única diferença significativa foi no quesito desconforto abdominal,
que foi significativamente menor nos pacientes usando CL em comparação aos do
grupo do Ibuprofeno. Estudo foi realizado por Henrotin et al. (2014), com 22
pacientes (7 homens e 15 mulheres) apresentando dor durante anos, com idade
média de 64,3 ± 8,39 anos. Escore de gravidade radiográfica foi principalmente II
(50,0%) e III (31,8%), revelando OA moderada a grave. Entre os pacientes
recrutados, 59,1% dos doentes sofriam de dor à noite e 31,8% apresentavam
derrame no joelho, que reflete o estado inflamatório da doença (HENROTIN et al.,
2014). Apenas 20 pacientes completaram o estudo. Um paciente interrompeu o
estudo após 14 dias de tratamento, e outro após 28 dias de tratamento, ambos
devido à ocorrência de náuseas e vômitos. Uma boa observância do tratamento foi

102
registrada durante todo o estudo. Os eventos adversos observados foram menores e
relacionadas com problemas gastrointestinais (HENROTIN et al., 2014).
Os principais efeitos adversos do uso da CL são relacionados com distúrbios
gastrointestinais. Tradicionalmente, os povos orientais associam a CL com gengibre
ou pimentas para reduzir estes sintomas. A CL é contraindicada na gravidez,
amamentação e em crianças abaixo de 2 anos, assim como em pacientes com
litíase ou obstrução biliar. As doses normalmente eficazes do extrato seco é de 25 a
50 mg de curcuminóides totais. A decocção é feita com 1,5 g do rizoma ou 3
colheres de café do pó em 150mL (1 xicara de chá).

GARRA DO DIABO (Harpagophytum procumbens)

É uma planta nativa do sul de África que pode ser encontrada no deserto
Kalahari na Namíbia, no Botswana, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe e que
pertence à família Pedaliaceae (SANDERS; GRUNDMANN, 2011; SETTY; SIGAL,
2005). Planta importante na medicina tradicional do sul da África para febre,
inflamações, diabetes e diarreia, devido à sua atividade analgésica, anti-inflamatória,
estimulante do apetite e espasmolítica. Comumente conhecida como Garra do Diabo
devido à morfologia dos frutos apresentarem-se cobertos com farpas espinhosas,
agudamente curvadas (DA ROSA; MACHADO, 2007). Também chamada de
Arranha Madeira e Planta de Agarrar. Embora o nome da planta venha da aparência
dos seus frutos, as suas propriedades medicinais são derivadas da utilização do
tubérculo (SETTY; SIGAL, 2005), mais especificamente, dos tubérculos secundários,
por conterem os principais constituintes químicos. Os tubérculos primários contêm
significativamente níveis mais baixos, e as flores, caules e frutos são essencialmente
desprovidos dos compostos (STEWART; COLE, 2005).
As principais substâncias com atividade terapêutica identificadas são
glicosídios iridóides (0,5 a 3%), como harpagosideo, harpagide e procumbide;
triterpenóides como o ácido ursólico; fitoesterois, em especial o β-sitosterol; ácidos
aromáticos, como ácido cafeico, clorogênico e cinâmico; e flavonoides, como
luteolina e kampferol. O efeito terapêutico desta planta pode estar associado com a
biotransformação e formação in vivo de harpagogenina, por meio da hidrólise ácida
ou enzimática do harpagosídeo. Mecanismos também envolvidos são: inibição da

103
síntese de leucotrienos (particularmente LTB4) e prostaglandinas (em especial
Cox1, 2 e PGE2), inibição da liberação de TNF-alfa, IL-6, IL-1b e da lipoxigenase,
inibição da síntese de óxido nítrico e metaloproteinases, presença de b-sitosterol e
inibição da enzima prostaglandina sintetase, reduzindo o processo inflamatório.
Ensaios clínicos demonstraram eficácia no tratamento de artrite reumatoide,
osteoartrite, tendinite, gota, dores musculares leves e contraturas musculares
cervical, torácica e lombar. Os efeitos anti-inflamatórios parecem ser mais
consistentes com o uso crônico do que com o uso agudo. Um estudo de 8 semanas
de duração, utilizando a formulação comercial Doloteffin (60mg de
harpagosídeos/dia), envolveu amostra de 250 pacientes com osteoartrite do joelho
(n = 85), ou quadril (n = 61), ou dor lombar não específica (n = 104). Melhoras
significativas foram observadas nos doentes do grupo “dor nas costas”. Apesar das
limitações deste estudo, incluindo a falta de um grupo de controle e a variedade de
avaliações de dor terem fraca correlação entre elas, este estudo de vigilância indica
um benefício significativo de Doloteffin na dor osteoartrítica (VITETA et al., 2008).
Estudo de Sanders e Grundmann (2011), avaliou a eficácia de Harpadol®, um
extrato comercial de H. procumbens. O estudo envolveu 122 pacientes que sofriam
de OA no joelho e no quadril a quem foi administrada uma dosagem diária total de
57 mg de harpagosideo durante quatro meses. Os resultados mostraram significativa
e progressiva redução da dor, o que resultou numa diminuição significativa do uso
de AINE’s ou outro tipo de medicamento para aliviar a dor. Também foi verificado
que a utilização da planta foi bem tolerada e os pacientes apresentaram menos
efeitos adversos do que os apresentados pelos AINE’s. Também verificaram que em
28 estudos clínicos avaliados sobre a segurança e os efeitos adversos associados
com o uso de H. procumbens, 20 estudos apresentaram relatos de algum tipo de
efeito adverso. A incidência de eventos adversos para H. procumbens não foram
superiores aos do tratamento com placebo em qualquer ensaio (SANDERS;
GRUDMANN, 2011).
Warnock et al. (2007) fizeram estudo com 259 pacientes por 8 semanas
utilizando 480mg de extrato seco de H. procumbens, 2 vezes ao dia. Pacientes
mostraram melhoras significativas em escala de dor geral, rigidez articular e
funcionalidade. 23,4% dos pacientes consideraram o tratamento excelente, 30,6%
excelente, 19,4% moderado e 21,2% não observaram mudanças. Em estudos duplo-

104
cego, cruzados, controlados por inibidor seletivo da cicloxigenase-2 (Cox-2) e por
AINE, não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos tratados com
os medicamentos alopáticos e o extrato de garra do diabo.
Alguns relatórios sobre o efeito anti-inflamatório dos extratos de H.
procumbens são inconsistentes, e as diferenças tem sido amplamente atribuídas ao
processo de extração, à origem geográfica da droga em bruto e às frações dos
componentes. Devido à grande variabilidade demonstrada pela planta, o ideal é
utilizar os extratos padronizados em harpagosídeos totais (MNCWANGI et al., 2012).
Até o momento, não foram relatadas interações medicamentosas com H.
procumbens. No entanto, Sanders e Grundmann (2011) alertam para a possibilidade
de haver interação com alguns medicamentos devido à farmacologia e mecanismo
de ação de H. procumbens, em especial com anti-hipertensivos, cardiotônicos,
antidiabéticos e laxantes no sentido de potencializar os efeitos desses
medicamentos. H. procumbens pode aumentar a acidez do estômago e, portanto,
afetar medicamentos utilizados para diminuir a secreção de ácido no estômago (por
exemplo, antagonistas dos receptores H2, inibidores da bomba de prótons e
antiácidos). H. procumbens pode afetar o ritmo cardíaco e a força de contração,
portanto, é recomendado cautela para pacientes que tomam antiarrítmicos ou
digoxina. Pacientes que utilizam o medicamento varfarina devem evitar o uso
concomitante da planta, pois o efeito sinérgico pode aumentar seus efeitos e causar
hematomas na pele. Embora considerado de baixa toxicidade, existem reações
adversas possíveis, sendo as mais comumente apresentadas: sintomas
gastrointestinais leves e pouco frequentes, raros casos de enxaqueca, zumbidos,
tontura, perda do paladar e do apetite e leve efeito hipoglicemiante. As
contraindicações, diante disso, são úlceras gástricas e duodenais, obstrução das
vias biliares ou cálculos biliares/ vesiculares, gastrite e cólon irritável. Não deve ser
utilizado durante gravidez e lactação. A urina pode apresentar-se ligeiramente
escurecida durante o uso da garra-do-diabo (SANDERS; GRUDMANN, 2011;
SETTY; SIGAL, 2005; STEWART; COLE, 2005). Vlachojanis et al. (2008) revisaram
28 estudos clínicos com H. procumbens, encontrando um índice de cerca de 3% de
efeitos adversos leves, a maioria gastrintestinais. Advertem, no entanto, para a
necessidade de estudos de segurança mais longos, com mais indivíduos e em
dosagens terapêuticas maiores.

105
As posologias usuais para osteoartrite e lombalgias são de extrato com 50 a
100 mg de harpagosídeo, de preferência com cápsulas gastro resistentes. Da tintura
1:5 usa-se 0,5 a 1mL, três vezes ao dia. A infusão é feita com 1g (1 colher de chá)
em 150 mL (1 xícara de chá), usando-se 1 xícara de chá 3-4 vezes ao dia (ITF,
2008; NONTOBERTO MNCWANGI et al., 2012)

GENGIBRE (Zingiber officinalis)

Também uma planta de uso milenar em todo o oriente, o rizoma de Zingiber


officinalis (ZO), planta que pertence à família das Zingiberaceas, tem sido
extensivamente utilizado como planta medicinal e tempero. Por conta dos seus
fitoquímicos, tem contribuído tradicionalmente no tratamento de uma grande gama
de doenças como asma, diabetes, acidente vascular cerebral, constipação e outras.
Atualmente, cerca de 100 toneladas de gengibre são produzidas no mundo, sendo
que 80% é proveniente da China. O gengibre possui centenas de constituintes,
dentre eles o gingerol, que mostrou ser um potente inibidor da síntese de
prostaglandinas e leucotrienos. Atividades analgésica e anti-inflamatória foram
observadas em ensaios em ratos e camundongos utilizando-se o extrato metanólico
(OJEWOLE, 2006); atividade anti-inflamatória atribuída aos gingeróis na inibição da
expressão de COX-2 (LANTZ et al., 2007); e atividade antialérgica foi observada no
óleo essencial e extrato etanólico em cultura de células (TEWTRAKUL;
SUBHADHIRASAKUL, 2007). Assim, o gengibre vem se mostrando útil em
processos inflamatórios e reumatismos, modulando a inflamação, aliviando a dor e
edema.
Atividade anti-artrítica do ZO foi observada por Srivastava et al. em paciente
com AR, OA e desconforto muscular. Mais de ¾ dos pacientes com AR
experimentaram melhora na dor e edema, significativamente. Os pacientes com dor
muscular também reportaram melhora. Os efeitos benéficos do gengibre em reduzir
a dor associada com AR foram devidos à inibição de biossíntese de prostaglandinas
e leucotrienos. Rondanelli et al. (2016) fizeram estudo clínico com 15 indivíduos com
osteoartrite de joelho crônica, não responsivos a AINES. Eles utilizaram, por 30 dias,
25mg de extrato de gengibre e 5mg de extrato de equinacea, mostrando melhoras
significativas na dor, redução do edema e qualidade de vida. Altman e Marcussen

106
(2001) avaliaram o gengibre em um estudo duplo-cego, controlado por placebo em
261 pacientes com osteoartrite de joelho, com uso de escala visual e analógica de
dor. Foi encontrada melhora significativa no grupo tratado em relação ao grupo
placebo. Maiores estudos são necessários para avaliar sua atuação na inibição da
síntese de prostaglandinas. A atividade anti-inflamatória do gengibre foi
experimentalmente comparada ao Ibuprofeno (um anti-inflamatório sintético
usualmente prescrito para pacientes com artrite) por Haghighi e colaboradores.
Gengibre e ibuprofeno mostraram atividades anti-inflamatórias similares indicando o
gengibre como um potencial agente anti-inflamatório. Nahaim et al. (2014) revisaram
artigo onde o efeito analgésico do extrato de gengibre foi avaliado em 261 pacientes
afetados com OA do joelho. Dentre os pacientes, 247 (94.6%) declararam melhora
na dor, indicando potencial analgésico da planta.

GUGUL OU OLIBANO INDIANO (Boswelia serrata)

Espécie arbórea da região montanhosa da Índia Central, rica em gomo-


resinas que são usadas para fazer incensos, das quais também se extraem os
princípios ativos terapêuticos. As gomo-resinas são obtidas por incisões nos caules
e raízes, como outras substâncias mais conhecidas como o óleo de copaíba, o látex
que dá origem à borracha e a resina perfumada do Breu Branco. A composição
desta gomo-resina inclui: carboidratos (cerca de 20%) como arabinose, galactose,
xilose, dentre outros; resinas propriamente ditas (30 a 70%); ácidos triterpênicos
pentacíclicos, tendo como principais os ácidos boswellicos; e óleos essenciais (3 a
10%) como tuieno, p-cimeno, pineno, dipenteno, limoneno, alfaebeta-felandreno,
humuleno, beta-cariofileno, dentre outros. É usada dentro da tradição milenar do
Ayurveda como anti-inflamatório, em especial articular, pulmonar (enfisema) e
intestinal. Tem ação analgésica em especial em lombalgia, dor ciática e cervico-
braquialgia. Também é utilizado para enxaquecas e como neuroprotetor.
Os estudos mostram que inibe a síntese de leucotrienos via 5-lipoxigenase,
sem afetar 12-lipoxigenase e as atividades da ciclooxigenases e a peroxidação do
ácido araquidônico, sendo considerado, portanto, inibidor especifico da síntese de
leucotrienos, por ação direta na 5-lipoxigenase ou por bloqueio de sua translocação.
Também induz aumento na proliferação de linfócitos e fagocitose de macrófagos,

107
inibe a ativação do NFKB, diminui produção de TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-4, IL-6 e IFN-
gama, estabiliza mastócitos, inibe síntese de prostaglandinas e inibe EROS.
Estudos clínicos mostraram melhoras significativas de dor, rigidez e
funcionalidade das articulações. Kessler et al. (2014) fizeram uma revisão
sistemática e uma meta análise dos estudos com Boswellia serrata (BS) em
preparações ayurvédicas tradicionais, encontrando melhorias de dor e quadro geral
superiores ao placebo e comparáveis com condroitina. Sontake et al. (2007)
compararam a eficácia, segurança e tolerância do extrato de BS com um inibidor
seletivo de Cox2, num estudo com 66 pacientes com OA por seis meses. O extrato
de BS mostrou melhoras significativas em dor, rigidez e dificuldade de executar
tarefas diárias, após 2 meses de tratamento. O efeito continuou por um mês após
suspensão do uso do extrato. O grupo com o Valdecoxib melhorou em um mês, mas
os efeitos cessaram com a suspensão do medicamento. Sengutpa et al. (2011)
pesquisaram 70 pacientes com doses de 100 ou 250 mg de 5-Loxin, um extrato
comercial de BS. As duas doses conferiram melhoras significativas clínica e
estatisticamente em escore de dor e função física em pacientas com OA. Melhoras
nos pacientes com 250 mg começaram com apenas 7 dias de tratamento, também
houve redução de metaloproteinases no fluido sinovial. Os parâmetros de segurança
foram similares ao placebo.
A dosagem recomendada com base nos estudos clínicos na forma de extrato
seco é de 7 a 21 mg dos triterpenos pentacíclicos padronizados. A recomendação é
que esta dosagem seja dividida em 2 a 3 ingestões diárias. As principais
contraindicações e efeitos adversos encontrados na literatura são gastrite e refluxo
gastroesofágico, além de queimação retroesternal.

UNHA DE GATO (Uncaria tomentosa/ Uncaria gaianensis)

Planta amazônica da família das Rubiaceas, é um cipó caracterizado pela


presença de espinhos curvados, sendo por isso popularmente chamada de Unha de
Gato, no Brasil, e Cat’s Claw, em Inglês. No Brasil, Unha de Gato é o nome comum
de pelo menos vinte plantas, sendo que as duas espécies citadas aqui são as que
tem estudos terapêuticos. A parte utilizada é a casca, entrecasca e, eventualmente,
folhas e raízes. De coleta geralmente extrativista, há iniciativas de cultivo. Os

108
principais ativos identificados são os alcalóides oxindolicos, pentaciclicos, taninos,
flavonoides, cianidinas, esteróis, saponinas e polifenois. Os mecanismos de ação
identificados são: inibição de cox-1 e cox2; atividade antioxidante; inibição da
expressão de óxido nítrico e TNF-α; atividade imunomoduladora; supressão do NF-
kB; inibição da produção de TNF-alfa; aumento dos linfócitos T e B; estímulo da
fagocitose; aumento da IL-1 e IL-6; atividade de reparo de DNA; efeito de indução de
apoptose e de inibição de proliferação de células tumorais humanas.
Foi demonstrado in vitro e em experimentos em animais que U. guianensis
reduz a excessiva produção de citocinas e mediadores inflamatórios em nível
genético (PISCOYA et al., 2001; SANDOVAL et al., 2002). U. tomentosa,
padronizada com alcalóides oxindólicos pentacíclicos, em experimentos in vitro e in
vivo com animais, foi apontada como um moderador para uma fraca atividade contra
a Cox-1 e Cox-2 (AGUILAR et al., 2002). A composição química da Unha de Gato
tem sido amplamente documentada. As provas científicas documentadas a partir de
estudos in vitro e experimentos em animais corroboram nos usos da Unha de Gato
nas afecções reumáticas. Porém, faltam dados clínicos e são necessários ensaios
clínicos controlados, que incluam um número adequado de pacientes e que usem as
preparações padronizadas elaboradas a partir de quimiotipos apropriados (BARNES,
2005). Considerando a popularidade da Unha de Gato na América do Sul e um
crescente interesse nos países desenvolvidos, tanto no mercado consumidor quanto
na comunidade científica, a Unha de Gato pode ser uma boa promessa no que se
refere à fitomedicamentos com atividade anti-inflamatória para a área da
reumatologia. Da Rosa e Machado (2007) revisaram estudos clínicos com Unha de
Gato e identificaram melhoras significativas no grupo tratado versus grupo placebo.
O ideal é que o extrato seja padronizado em alcaloides pentacíclicos. Uso
para artrite, bursite, amidalite, sinusite, rinite, herpes, asma, inflamações do trato
geniturinário, lúpus, síndrome da fadiga crônica, inflamação e úlceras gástricas e
intestinais, ferimentos profundos, e ação antitérmica (ALLEN-HALL et al., 2010).
Produtos eficazes devem conter não mais do que 0,02% de alcaloides oxindólicos
tetracíclicos (BARNES, 2005).
Os principais riscos, efeitos adversos e contraindicações são para pacientes
com doenças autoimunes, como esclerose múltipla e artrite reumatoide, tuberculose
e transplantados. Tem uso pouco avaliado na gravidez, lactação e em crianças

109
menores de 3 anos. Não recomendado para usuários de insulina, extratos de timo,
vacinas ou com terapia endovenosa hiperimunoglobulínica. Evitar uso com
anticoagulantes. Dados preliminares indicam efeito hipotensor, com riscos de
interações com essa classe de produtos. Possui toxicidade baixa, porém a presença
de taninos e princípios amargos pode causar dispepsia hipersecretora, podendo
resultar em moléstias gástricas (evitar com cápsulas ou comprimidos entéricos). A
posologia indicada para decocção é a 2%, durante 20 minutos, três ou mais xícaras
ao dia; para tintura (1:1): 50-100gotas, uma a três vezes ao dia; e para pó, 500 a
1000mg, via oral, três vezes ao dia.

OUTRAS PLANTAS

Diversas outras plantas com atividade anti-inflamatória são potencialmente


úteis para pacientes com problemas articulares, mas demandam maiores estudos
para comprovar sua utilidade para estes pacientes. Podemos citar:

AÇAFRÃO VERDADEIRO (Crocus sativus): O açafrão é utilizado há milênios na


medicina pérsica e indiana, para indicações variadas como desordens menstruais,
depressão, inflamações, vômito, doenças na garganta, anticâncer, melhora de
memória, hipolipemiante e para problemas articulares. Suas atividades se devem às
suas atividades anti-inflamatórias, antioxidantes e adaptogênicas. Arimitsu et al.
(2014) trataram 69 pacientes tomando 300 a 900 mg de açafrão por dia por 1 mês e
obtiveram efeito de redução de agregação plaquetária, dores articulares e melhora
da mobilidade. Extrato seco padronizado 3% safranal, 80 mg/ dia.

ALCAÇUZ (Glychirriza glabra): As raízes de Alcaçuz têm efeito anti-inflamatório,


anti-úlcera gástrica e expectorante. Estudos em animais mostraram atividade anti-
inflamatória em geral, em especial os extratos de alcaçuz torrado. Os extratos de
alcaçuz diminuíram os níveis de citocinas pró-inflamatórias no soro e expressão de
metaloproteinases nas articulações. A administração oral reduziu escore clínico da
artrite, inchaço e alterações histopatológicas. Além disso, o tratamento impediu
danos oxidativos nos tecidos de fígado e rim dos ratos. Planta com efeitos adversos
importantes funcionando como um agente hipertensivo e simulando um

110
hiperaldosteronismo primário. Dose 1 a 2g da raiz, três vezes ao dia (ou
equivalentes).

COPAÍBA (Copaifera langrsdorff): Árvore de grande porte da família das


leguminosas, encontrada nas zonas tropicais da América Latina e África. Parte
utilizada: resina extraída do tronco (óleo de copaíba). Efeito anti-inflamatório da
fração óleo essencial em animais. O principal componente dessa fração é conhecido
como cariofileno, embora outras substâncias existam no material.

ERVA BALEEIRA (Cordia verbenácea): Planta perene, encontrada em todo o


litoral brasileiro. Partes usadas: caule, sumidades floridas e folha. Outros nomes
populares: Maria-preta, Maria-milagrosa, Catinga de barão, Cambará, Caraminha,
Catinga Preta ou Pimenteira. Componentes químicos com ação anti-inflamatória:
alfa-humuleno e trans-carofileno; óleo essencial; flavonóides (artemetina); ácidos
fenólicos (ácido rosmarínico) e taninos. Indicada tradicionalmente para dor
miofascial, inflamações articulares e musculares, tendinites, anti-inflamatória,
analgésica, antiofídica, cicatrizante, úlcera gástrica, artrite reumatóide e artrose, LER
(Lesão por Esforço Repetitivo) e outros processos inflamatórios dolorosos e
infecciosos. Em uso tópico, inibe a TNF-alfa, COX-2 (mediadores da inflamação) e
reduz a expressão da i-NOS (enzima que participa do processo inflamatório). O alfa-
humuleno, presente na Erva Baleeira, atua impedindo a atividade da enzima
cicloxigenase 2 (COX-2), enzima responsável pela produção de prostaglandinas
(uma das substâncias causadoras de reações inflamatórias e seus sintomas), assim
como outros anti-inflamatórios e analgésicos já existentes no mercado, como o ácido
acetilsalicílico, porém, sem efeitos indesejáveis. Os resultados referentes ao uso
tópico demonstraram ótima eficácia no tratamento das afecções inflamatórias
músculo esqueléticas, sem graves reações adversas.

SALGUEIRO BRANCO (Salix alba): Árvore da família das Salicáceas, nativa da


Europa, Mediterrâneo e Ásia, é muito cultivada, com seus híbridos e variedades,
como ornamental, pelos galhos dos quais se fazem obras trançadas e pela madeira
de uso em mobiliário. Também chamada de chorão, sinceiro, vime e vimeiro. O
ácido acetilsalicílico, sintetizado a partir do Salix spp., é considerado o primeiro

111
exemplo de fármaco desenvolvido a partir de uma planta. A casca do salgueiro
contém vários glicosídeos fenólicos, entre eles a salicina, o metabólito mais
importante. Podem ser encontrados salicilatos, que são calculados como salicina,
flavonóides e taninos condensados. Recomendada pela IN 02/2014 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para alívio sintomático da dor lombar, da
osteoartrite moderada e dores reumáticas. O uso tradicional da casca do salgueiro é
em enfermidades acompanhadas de febre, doenças reumáticas e dor de cabeça.
Apresenta os mesmos efeitos adversos da aspirina: irritação gástrica, hemorragias e
alergias. As doses indicadas são de droga vegetal 1 a 3g/ dia em pós ou chás e
extratos secos que forneçam de 60 a 240 mg de ácidos salicílicos totais expressos
em salicina/dia. Da Rosa e Machado (2007) revisaram 4 estudos clínicos, mostrando
resultados conflitantes. Todos os estudos utilizaram extratos com 120 e 240 mg de
salicilina, sendo que três deles apresentaram resultados positivos e um não
apresentou resultados.

112
Quadro 1. Principais fitoterápicos relacionados a doenças do sistema osteoarticular.
Nomenclatura Nome Parte Modo de Preparo e Posologia Referências
Botânica Popular Utilizada

Borrago officinalis Borragem Semente Óleo: 500mg/dia; DA ROSA E MACHADO, 2007;


1,4 ou 2,8g. GASEMIA et al., 2016.
Oenothera biennis Prímula Semente Óleo: 500mg/dia. DA ROSA E MACHADO, 2007.

Ribes nigrum Groselha Fruta Óleo: 500mg/dia. DA ROSA E MACHADO, 2007.


Negra
Camelia sinensis Chá Verde Folhas Extrato seco: 2,4 ou 6g/dia. JATUWORAPRUK et al., 2014.

Curcuma longa Curcuma Rizoma - Decocção: 1,5g (3 colheres de café) em 150 mL (1 xícara de chá); WICHTL, 2003; GARCIA et al., 1999;
1 xícara de chá, 1 a 2 vezes ao dia ALONSO, 1998; OMS, 1999;
ARIMITSU et al., 2014.
- Extrato seco: 300 a 900mg/dia.
Harpagophytum Garra do Raiz - Infusão: 1g (1 colher de chá) em 150 mL (1 xícara de chá); 1 ITF, 2008;
procumbens Diabo xícara de chá, 3-4 vezes ao dia; MNCWANGI et al., 2012.
- Extrato seco: 400 a 600mg/dia.
- Tintura: 0,5 a 1mL; 3 vezes ao dia.
Zingiber officinalis Gengibre Raiz Extrato seco: 25mg/dia. RONDANELLI et al., 2016.
Boswelia serrata Gugul ou Caule e Extrato seco: 100 a 250mg/dia. SENGUTPA et al., 2011.
Olibano Raiz
Indiano
Uncaria tomentosa/ Unha de Casca - Decocção: 2% durante 20 minutos; 1 xícara de chá 3-ou mais DA ROSA E MACHADO, 2007.
Uncaria gaianensis Gato vezes ao dia;

- Tintura: (1:1) 50-100gotas; 1-3 vezes ao dia;

- Extrato seco: 500 a 1000mg, 3 vezes ao dia.


mg- miligrama; g- grama e mL- mililitro

113
CONCLUSÃO

Há vários estudos que avaliam plantas medicinais e sua eficácia nas


enfermidades articulares, desde estudos etnofarmacológicos focados no uso
tradicional dessas plantas, até ensaios clínicos, revisões e metanálises. Os níveis de
evidência, portanto, como vimos, são bastante variáveis. De forma geral, no entanto,
várias plantas medicinais vêm se afirmando como alternativas ao uso de anti-
inflamatórios químicos, com efeito similar e com menos efeitos colaterais nas
doenças articulares que cursam com inflamação. Os estudos clínicos que avaliam a
eficácia das plantas medicinais para as doenças articulares necessitam, como em
todas as áreas, evoluir em alguns aspectos: em especial um aumento do número de
pacientes pesquisados, definições de dose, efeitos de uso crônico e possibilidade de
efeitos adversos. Ainda assim, já existem plantas com acúmulo razoável de
evidência cientifica (algumas com milênios de uso tradicional) para que possam ser
usadas e prescritas com segurança, com resultados eficazes na melhoria de dor,
edema e funcionalidade. Dentre elas, se incluem o Harpagophytum procumbens, a
Curcuma longa e a Boswellia serrata.
Ainda existe, no Brasil e no mundo, um enorme arsenal possível de plantas
para este fim, falando-se apenas de plantas de característica mais anti-inflamatória.
Doenças mais complexas como a Artrite Reumatoide, podem se beneficiar ainda de
plantas imunomoduladoras e adaptógenas, que não detalhamos neste capítulo e de
um estudo mais detalhado dos caminhos imunológicos e mecanismos envolvidos
para que se obtenham novos insights dos mecanismos de ação das diferentes
plantas medicinais.
A pesquisa cada vez mais intensa de plantas medicinais é, então, um rumo
importante da ciência e da prática clínica (SANTOS; TORRES, 2012). Importante
ressaltar que a pesquisa e a utilização clínica das plantas medicinais deve ser
pautada num contexto de preservação de espécies e ecossistemas, de sistemas de
plantio e industrialização saudáveis e socialmente justos, de respeito aos povos que
detêm os conhecimentos tradicionais sobre plantas, de uso integral das plantas em
preferência a princípios ativos e de uma crescente individualização da prescrição.
Importante ressaltar aos pacientes que busquem ajuda profissional ao menor sinal
de dor com ou sem causa aparente para que os processos não se agravem, e que

114
evitem de todas as formas a automedicação sob o risco de efeitos colaterais,
intoxicações, ineficácia e atraso do tratamento.

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118
CAPÍTULO IX – FITOTERAPIA E SISTEMA INTESTINAL

Regina Helena Cappeloza Morsoletto e Vanderli Marchiori

FITOTERAPIA

A fitoterapia está embasada na utilização de plantas medicinais e


preparações farmacêuticas, tendo surgido a partir da Medicina Chinesa, na Europa,
principalmente na Alemanha. No Brasil, o legado indígena, dos negros e dos
portugueses é que contribuiu para o desenvolvimento desta terapia (ALMASSY
JUNIOR, 2005; ALVIM et al., 2006; WAGNER; WISENAUER, 2006)
A disponibilidade de produtos farmacêuticos no mercado e que são derivados
de princípios ativos vegetais, de forma direta ou indireta, movimentam, em média,
25% deste segmento. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2012, foi
movimentado US$550 milhões no mercado interno (BRASIL, 2012).
Nos Estados Unidos, ocorreu um aumento de 380% de fitoterápicos no
período entre 1990 e 1997, já que a população tem acreditado na superioridade do
uso de ervas baseada em evidências anedóticas, para-herbalismo e pseudociência
(KALLUF, 2005).
De acordo com a IMS Health, o Brasil ocupa a sexta posição entre os dez
maiores mercados farmacêuticos do mundo e a perspectiva é que, para 2016, ocupe
a quarta posição (FEBRAFAR, 2013). Sendo o país com maior diversidade genética
do mundo, o Brasil apresenta 55 mil espécies catalogadas, e tem tradição de uso de
plantas medicinais vinculadas ao conhecimento popular transmitido entre as
gerações (FONSECA, 2012). Entretanto, o número de informações sobre as plantas
medicinais tem revelado um crescimento de apenas 8%, anualmente (FONSECA,
2012).
Contudo, ressalta-se que o uso de fitoterápicos deve ser embasado em
evidências científicas para haver segurança no momento da prescrição.

119
FITOTERAPIA E SISTEMA INTESTINAL

O bom funcionamento do trato gastrointestinal caracterizado pela produção


das secreções gástricas, duodenais e pancreáticas é fundamental para que o
processo digestivo ocorra de forma eficaz (DOUGLAS, 2006).
O processo de digestão inicia-se na boca quando o alimento é misturado à
saliva e a secreção das glândulas salivares degrada o amido pela ação da ptialina
em maltose. Em seguida, através dos movimentos peristálticos, o alimento é
conduzido até o esôfago. Já no estômago, tem início o processo de quimificação,
onde a pepsina promove a hidrólise das proteínas. O bolo alimentar torna-se mais
líquido e com pH ácido, sendo, aos poucos, conduzido até o duodeno (DOUGLAS,
2006).
O intestino delgado mede, em média, sete a oito metros de comprimento e se
divide em três porções: duodeno, jejuno e íleo. A absorção dos nutrientes ocorre nas
vilosidades intestinais por mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e
íleo (DANGELO; FATTINI, 2002).
O intestino grosso, que mede aproximadamente, um metro e meio, é
responsável pela absorção de água. As glândulas da mucosa do intestino grosso
secretam muco, que lubrifica as fezes, facilitando o trânsito intestinal (KALLUF,
2005).
As doenças intestinais mais comuns são constipação, diarreia, hemorroidas e
síndrome do intestino irritável. As doenças inflamatórias intestinais como Doença de
Crohn e retocolite ulcerativa têm apresentado aumento na incidência e merecem
destaque entre as doenças intestinais, em função das especificidades do tratamento
nutricional.
Neste capítulo, serão apresentadas evidências científicas sobre a eficácia das
plantas Mentha piperita L., Matricaria chamomilla L., e Pimpinella anisum L. na
saúde do sistema intestinal.

HORTELÂ (Mentha piperita L.)

É uma planta constituída por grande quantidade de óleos essenciais, dentre


eles mentol, mentona e cineol, com aroma mentolado, balsâmico e fresco (SILVA,
2001). O mentol é um princípio ativo com ação antibacteriana, que estimula a ação
biliar, além de reduzir o tônus do esfíncter esofagiano (BALIGA et al., 2010).

120
Este é um fitoterápico indicado para doenças gastrointestinais como náuseas,
vômitos, diarreia, cólicas, verminose, flatulência, dispepsia e gastrite (BALIGA et al.,
2010).
O tratamento da Síndrome do Intestino Irritável (SII) pode envolver, entre
outras estratégias, a prescrição de óleo de hortelã. Segundo estudos de meta-
análises foi observado que o uso diário de 3 a 6 cápsulas revestidas de óleo de
hortelã com 0,2 ml a 0,4 ml melhoram os sintomas de SII (LIU et al., 1997; KLINE et
al., 2001).
Segundo Spiller et al. (2007), o uso de folhas de hortelã-pimenta tem
mostrado melhoria global dos sintomas da SII e dor abdominal.
Um estudo in vitro realizado por MIMICA (2003) envolvendo espécies Mentha
sp. demonstrou forte atividade antimicrobiana contra Escherichia coli, inclusive
contra cepas multirresistentes, além de atividade antifúngica e sequestrante de
radicais livres, reduzindo a geração do radical hidroxila quando utilizado o óleo puro.
Em estudo randomizado retrospectivo duplo-cego envolvendo pacientes
portadores de SII com sintomas digestivos, foi observado melhora dos sintomas
gastrointestinais, com uso inalatório de hortelã pimenta, durante quatro semanas
(CAPPELLO et al., 2010).
O óleo de hortelã também exerce função hepatoprotetora, decorrente de sua
atividade colerética e colagoga. O aumento da produção de bile e ácidos biliares
após administração de óleo essencial de Mentha piperita foi demonstrado em
animais de laboratório (AVATO et al., 1998). A prescrição para esta finalidade é feita
apenas pelo médico, de acordo com a Instrução Normativa n° 02 de 13 de maio de
2014.
Em situações como obstrução das vias biliares, colecistite ou qualquer
doença que caracterize dano hepático, é contraindicada a prescrição de mentol, pois
ele é excretado pela bile, o que poderia resultar em maiores complicações hepáticas
(FERRO, 2006).
Outras contraindicações são na lactação, por interferir na produção de leite;
na gravidez; e em crianças menores de um ano de idade, já que o mentol pode levar
à depressão respiratória ou espasmos laríngeos (TESKE et al., 2001).

121
Quadro 1. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização de Mentha
piperita L. (Hortelã) na saúde do sistema intestinal.
Parte da Forma de Posologia/ Tempo de Efeito Referência/
planta utilização/ Modo de uso Espécime do estudo
utilizada Preparo usar
Folhas ou Infusão: 1,5 g (3 1 xícara de Diminuição de ANVISA, 2010
sumidades col café) em 150 chá 2 – 4 flatulência e cólicas
floridas mL água (xícara vezes ao dia intestinais
de chá)
Folhas ou Infusão: 5 g em 3 xícaras chá Ação digestiva ALONSO, 1998
sumidades 100 mL água por dia
floridas
Folhas ou Infusão: 1,5 g (3 1 xícara chá A/I Diminuição de cólicas WICHTL, 2003;
sumidades col café) em 150 de 2 – 4 intestinais, flatulências MATOS, 2000
floridas mL (xíc chá) vezes ao dia
Folhas ou Infusão tintura 1 vez ao dia Não Ação carminativa e BRASIL, 2000
sumidades (1:5) – 5 a 15 determinado expectorante
floridas ml/dia ou 6 g
via oral

CAMOMILA (Matricaria chamomilla L.)

É uma das plantas mais documentadas do mundo e descrita na farmacopeia


de 26 países (SALAMON, 1992). Ela pertence à família Asteraceae, que tem origem
na Europa e em algumas regiões da Ásia, apresentando denominação bastante
diversificada, como camomila-da-alemanha, matricária, camomila-dos-alemães,
camomila-vulgar, maçanilha, camomila, camomila-romana, camomila comum,
camomila-verdadeira e camomila-legítima (PANIZZA, 1997), sendo mais conhecida
por camomila verdadeira ou camomila alemã (SHARAFZADEH; ALIZADEH, 2011;
FONSECA et al., 2007).
A camomila é utilizada como tratamento medicinal há séculos por diversas
culturas. Os primeiros registros científicos sobre sua propriedade biológica surgiram
na Grécia e Roma, com menção de filósofos como Hipócrates, Galeno e Asclepius
(SALAMON, 1992; CAN et al., 2012). Os antigos egípcios a consideravam como um

122
presente do deus Sol porque suas flores eram utilizadas em situações como febre
alta e insolação (SALAMON, 1992; CAN et al., 2012).
É uma planta consumida pelos europeus em uma grande variedade de
produtos, principalmente, na forma de chá e também comercializada na forma de
inflorescências e sachês (SHARAFZADEH; ALIZADEH, 2011).
As pesquisas sobre esta planta têm aumentado tanto na indústria
farmacêutica quanto nas indústrias cosmética e alimentícia, pois suas propriedades
anti-inflamatória e sedativa são focos de interesse para ambos os segmentos
(BRADANDT; EHLERT, 2011).
Os estudos fitoquímicos da Matricaria chamomilla iniciaram-se na década de
90 (RAAL et al. 2011) e já foram identificados mais de 120 metabólitos secundários
na inflorescência da camomila germânica, a grande maioria com propriedades
biológicas (BUONO-CORE et al., 2011).
O efeito farmacológico da M. chamomilla está relacionado ao seu óleo
essencial (MOHAMMAD et al., 2010).
A presença de quercetina (SILVA, 2003) confere à camomila propriedades
anti-inflamatórias, antiviróticas, antioxidantes e antimicrobianas (TRAMIL et al.,
1989).
Tem sido estudada a atividade antimicrobiana do óleo essencial da M.
Chamomilla, no qual foi observado efeito inibitório próximo de 100% em bactérias
gram-positivas (Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus subsp.
Aureus) e 80% em bactérias gram-negativas (Klebsiella pneumonia, Escherichia coli,
Proteus vulgaris, Salmonella typhi (ALIRESA, 2012).
O chá de camomila tem indicações populares para o uso em casos de dores
abdominais e quadros de inflamação, sendo estes efeitos relacionados à presença
de compostos secundários. No entanto, os polissacarídeos da camomila apresentam
efeitos ainda poucos explorados.
Esta planta tem indicação de uso para outros sintomas como dispepsia,
distensão abdominal e flatulência (WHO, 2009). Na Alemanha, a Comissão E
responsável pela liberação e aprovação de processos para a medicina humana e
orientação terapêutica de fitoterápicos, aprovou a utilização para espasmos
gastrointestinais e doenças inflamatórias do trato gastrointestinal (BLUMENTHAL;

123
BUSSE, 1998). É ainda indicada como antiespasmódico, anti-inflamatório tópico, e
para casos de distúrbios digestivos e insônia leve (ANVISA, 2006).
Não deve ser utilizada em crianças menores de 3 anos, gestantes e mulheres
que estejam amamentando (WHO, 2009; ANVISA, 2010).
Deve-se considerar que ocorre interação entre a camomila com
anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de sangramento (NICOLETT
et al, 2010). Com barbitúricos (fenobarbital) e outros sedativos, a camomila pode
intensificar ou prolongar a ação depressora do sistema nervoso central, além de
reduzir a absorção de ferro ingerido através pelos alimentos ou medicamentos
(ABEBE, 2002; MEDLINE PLUS, 2006).

Quadro 2. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização de Matricaria


chamomilla (Camomila) na saúde do sistema intestinal.
Parte da Forma de Posologia/ Tempo de uso Efeito Referência/
planta utilização/ Preparo Modo de Espécime do
utilizada usar estudo
Flores Infusão: 3 g (1 col Utilizar 1 A/I Diminuição de cólicas MATOS, 1998;
sopa) em 150 mL xícara chá de intestinais. PROPLAM, 2004
(xíc chá) 3 – 4 vezes Atua como calmante
ao dia suave em quadros de
ansiedade leve.
Flores Infusão de 3 g (1 1 xícara de Não Diminuição de cólicas ANVISA, 2010
colher sopa) em 150 chá, de 3 à 4 determinado abdominais
mL de água (1 xícara vezes ao dia
de chá).
Flores Infusão: 5 – 10 g/100 1 xícara de Tratamento de gases, Adaptado de
mL água chá 3 vezes cólicas intestinais e Alonso, 1998,
ao dia digestão lenta 2004

Infusão: 3 – 6 g em 1-2 vezes ao Tratamento de diarréia


infusão ou decocção dia
Flores 1 xícara de flores 1 xícaraa de Diminuição de cólicas ROSSATO, 2012
frescas, ou ½ xícara chá – 1 vez intestinais
de flores secas, para ao dia
1 litro de água

124
ERVA DOCE (Pimpinella anisum L.)

É também conhecida por anis e pertence à família Apiáceas, podendo atingir


até 1,5 metro. Suas flores são pequenas e brancas, apresentando odor penetrante
(VON HERTIWIG, 1991; RODRIGUES et al., 2003).
Os frutos, raízes e folhas secas são utilizadas para fins medicinais. O óleo
essencial é extraído dos frutos (VON HERTIWIG, 1991; RODRIGUES et al., 2003),
anisi fructus, os quais contém óleo fixo e óleo volátil, sendo o componente principal
deste último, o trans-anetol (FITELMANN et al., 2014). É importante lembrar que são
considerados óleos fixos os ésteres de ácidos graxos e álcoois de cadeia longa, ou
derivados afins (SIMOES, 2010), enquanto que os óleos voláteis são misturas
complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, sendo a volatilidade uma
característica que também os define (ROBBERS et al., 1997).
É uma planta originária da Ásia, Egito e Grécia, e cultivada na Turquia,
Rússia, América Latina e Brasil. É utilizada tanto na fitoterapia, como na
alimentação, na forma de condimento (TORRES, 2004).
Seus componentes têm ação no aparelho digestivo e respiratório, além de
estimular as funções biológicas e favorecer a secreção láctea. Também possui efeito
dilatador, aumentando a circulação cutânea (TESKE; TRENTINI, 1995; LORENZI;
MATOS, 2002).
O trans-anetol, um óleo volátil, é o componente principal da erva doce.
(FITELMANN et al., 2014).
O anetol está presente na semente de erva doce com teor de 1 a 4% e
apresenta propriedade antimicrobiana, antioxidante e antifúngica (ÖZEL, 2009).
A indicação para sintomas digestivos e secreção nas vias aéreas superiores é
feita pela Comissão E da Alemanha (FITELMANN et al., 2014).
Apresenta ainda ação antiespasmódica, inibidora de fermentação intestinal e
também carminativa (BRUNETTON, 1991).
Segundo Gulçin et al. (2003) apresenta importante atividade antioxidante
além de ação antibacteriana para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. O
mesmo autor encontrou resultados nos extratos aquosos e etanólicos da P. anisum
L. na concentração de 25% com efeito na inibição de crescimento de S. aureus.

125
Foi comprovada também a eficiência do óleo essencial da erva doce contra
cepas bacterianas de Staphylococcus aureus e Escherichia coli (AL-BAIATY et al.,
2008). Em estudo feito por Trajano (2009) foi observado a eficácia do óleo contra
Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa.
A erva doce apresenta uma discreta ação sedativa quando ingerida em forma
de chás, embora ainda não tenha sido identificada a fração química responsável por
esta atividade. A ação sedativa pode ser prolongada quando for associada ao uso
de drogas hipnóticas (BRASIL, 2008).
O óleo essencial da P. anisium L. também reduz os efeitos colaterais
causados pelo uso da morfina (SAHRAEI et al., 2002).

Quadro 3. Levantamento de estudos clínicos e experimentais sobre a utilização de Pimpinella


anisum L. (Erva doce) na saúde do sistema intestinal.
Parte da Forma de utilização/ Preparo Posologia/ Efeito Referência/
planta Modo de Espécime do
utilizada usar estudo
Frutos Decocção: 1,5 g (3 col café) em 150 1 xícara de Diminuição de cólicas WITCHL, 2004;
mL água (xícara de chá) chá 3 gastrointestinais e GARCIA et al.,
vezes ao distúrbios pépticos 1999; ALONSO,
dia 2004.
Fruto 1 col chá bem cheia grosseiramente 1 xícara de Alívio dos sintomas FITELMANN et al.,
pulverizada ou cortada em 1 xícara chá ao dia pépticos 2014
de chá água fervente. Deixar em
infusão em recipiente coberto por 10
a 15 minutos e coar
Fruto Padronização/Marcador: trans-anetol Dose Antiespasmódico e ANVISA, 2006.
com dose diária: 0-1 ano, 16 a 45 mg descrita na para distúrbios
de trans-anetol; 1-4 anos, 32-90 mg forma de dispépticos
de trans-anetol; adultos, 80-225 mg utilização
de trans-aneto.
Fruto Infusão: 0,5 a 1 g de frutos/xícara 1 xícara KALLUF, 2005.
após as
refeições

Extrato seco 100 – 300


mg/dia

126
CONCLUSÃO

A indicação de fitoterápicos no tratamento de inúmeras patologias tem sido


uma realidade praticada há séculos e os relatos científicos têm amparado, cada vez
mais, as condutas dentro da nutrição clínica.
São inúmeras as plantas com ação no sistema intestinal, destacando-se a
Mentha piperita L., aMatricaria chamomilla L. e a Pimpinella anisum L., que
apresentam ação antimicrobiana, antioxidante e indicação para sintomatologia
gastrointestinal em geral.
De forma mais particular a atividade hepatoprotetora é observada na Mentha
piperita L., sendo indicada no tratamento da Síndrome do Intestino irritável,
enquanto a atividade fúngica está relacionada à Pimpinella anisum L. e a atividade
antivirótica com a Matricaria chamomilla L.

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131
CAPÍTULO X - FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA RETOCOLITE
ULCERATIVA

Camilla Ferreira Nunes e Vanderli Marchiori

RETOCOLITE ULCERATIVA

A Retocolite Ulcerativa (RCU) é um tipo de Doença Inflamatória Intestinal (DII)


que atinge adultos e jovens na fase mais produtiva da vida, dificultando-os a exercer
o estudo, trabalho, vida sexual e próprio relacionamento social (TEIXEIRA et al.,
2001).
Na patogênese da RCU tem-se fatores genéticos, imunológicos e ambientais,
sendo as manifestações clínicas tanto gastrointestinal quanto extra-intestinais, as
quais podem ser mais graves que a própria doença e se não tratadas levar ao óbito
(TEIXEIRA et al., 2001).
Na RCU há comprometimento, principalmente, da mucosa do reto
(denominada proctite ulcerativa quando afeta a parte inferior) e cólon esquerdo
(colite distal ou limitada), podendo estender-se a outros segmentos do cólon
(pancolite), apresentando alterações qualitativas e quantitativas (HOULI; NETTO,
1984).
Os sinais e sintomas da RCU são diarreia muco-sanguinolenta, urgência
evacuatória e, manifestações extra-intestinais. Confirma-se o diagnóstico por
colonoscopia, biopsia e exame de fezes. Após a confirmação, determina-se a
extensão anatômica da doença e a severidade desta (SANDBORN et al., 2013).
O tratamento convencional das DII inclui a utilização de corticosteroides,
imunossupressores, antibióticos e agentes biológicos (fator de necrose anti-tumoral
TNF–a). O uso das drogas é acompanhado por efeitos secundários, sendo alguns
deles bastante graves (AIKATERINE et al., 2015).
O uso de anti-inflamatórios intestinais como os aminossalicilatos
(sulfasalazina) e corticosteróides (como prednisona, hidrocortisona e a budesonida)
pode levar a perturbações digestivas, dor de cabeça, pressão alta, diabetes,
osteoporose, fraturas ósseas, catarata, glaucoma e aumento da chance de

132
infecções. Os imunossupressores reduzem a inflamação por suprimirem a resposta
do sistema imunológico (AIKATERINE et al., 2015).
Quando a Retocolite Ulcerativa é classificada em leve ou moderada, o
tratamento clínico consiste em terapia com drogas de uso tópico ou oral. Quando
não se tem uma resposta inadequada, a manutenção é feita com as mesmas drogas
de uso tópico. Caso contrário, a manutenção é feita com corticoide oral
(AIKATERINE et al., 2015).
Os objetivos principais da terapia medicamentosa para pacientes com RCU
são direcionadas para induzir e, em seguida, manter a remissão dos sintomas e
inflamação da mucosa, para proporcionar melhor qualidade de vida (KE et al., 2012).

FITOTERAPIA NO TRATAMENTO DA RETOCOLITE ULCERATIVA

Nos últimos anos, os medicamentos à base de plantas têm sido usados no


tratamento da RCU e, tem demonstrado resposta eficaz na prática clínica. A
Fitoterapia refere-se à utilização de plantas e extratos de plantas para o tratamento
de enfermidades. Plantas são aproveitadas nas porções de suas folhas, caules e
frutos para alimentação, para produção de medicamentos ou no aproveitamento do
aroma e sabor (KE et al., 2012).
O medicamento fitoterápico é obtido empregando-se, exclusivamente,
matérias-primas de ativos vegetais, caracterizados pelo conhecimento da eficácia e
dos riscos de seu uso, sendo cada vez mais utilizados por pacientes com DII
(AIKATERINE et al., 2015).
Ke et al. (2012) constataram que o tratamento da RCU por terapia
complementar medicamentosa (TCM) integrada foi superior ao das drogas
ocidentais simples (prednisona), sendo seguro e eficaz na manutenção da remissão
da RCU (KE et al., 2012).
Os fitoterápicos como Aloe vera (Babosa), Boswellia serrata, o Triticum
aestivum (trigo do pão), Paniculata andrographis e Curcuma longa, foram relatados
em um artigo de revisão no tratamento da Retocolite Ulcerativa (AIKATERINE et al.,
2015).
No presente capítulo, dar-se-à ênfase nos benefícios da Curcuma longa para
tratamento de manutenção da RCU, com o objetivo de apresentar aos nutricionistas

133
especialistas em Fitoterapia e a outros profissionais da área da saúde, evidências
científicas da segurança e eficácia deste fitoterápico.

AÇAFRÃO, AÇAFRÃO DA TERRA (Curcuma longa)

A Curcuma longa foi definida por Jurenka (2009) como um tempero indiano
derivado dos rizomas, usado para tratamento de condições inflamatórias.
A Curcuma longa (Açafrão, açafrão da terra), tem como substância
biologicamente ativa a curcumina, que tem capacidade antioxidante, anti-
inflamatória, anti-carcinogênica, hipocolesterolêmica, antibacteriana, cicatrizante de
feridas, anti-espasmótica, anticoagulante, anti-tumoral e hepatoprotetora
(AIKATERINE et al., 2015).
A curcumina é definida como um polifenol, que tem sido amplamente utilizado
na medicina uma vez que não é tóxico e apresenta uma variedade de propriedades
terapêuticas (DONATELLA et al., 2015; AIKATERINE et al., 2015). Essa substância
inibe muitas vias de citoquinas, incluindo interleucina 6 (IL-6), apresentando perfil
favorável e seguro do seu efeito anti-inflamatório e anti-oxidante (AIKATERINE et al.,
2015).
Estudos em animais demonstraram que a curcumina é rapidamente
metabolizada, conjugada no fígado e excretada nas fezes, tendo biodisponibilidade
sistêmica limitada (JURENKA, 2009).
A utilidade da curcumina foi avaliada em 89 pacientes com RCU em repouso,
obtendo-se como resultado a melhora significativa tanto do índice de atividade
clínica, quanto do índice endoscópico (AIKATERINE et al., 2015). As taxas de
recorrência foram significativamente menores no grupo curcumina em comparação
com o placebo, o que pressupõe que essa medicação parece ser promissora e
segura para manter a remissão em pacientes com RCU (AIKATERINE et al., 2015).
Ao analisar os estudos apresentados, foi verificado que a Curcuma longa, por
ser um agente antibacteriano natural, age na cicatrização das feridas e atua na
remodelagem do local lesado, através de seu composto bioativo, a curcumina, que
combate a inflamação a nível molecular (TEIXEIRA et al., 2001).Assim, melhora a
inflamação e, consequentemente, torna possível a absorção de água, reduzindo

134
episódios diarreicos repetitivos, além de não apresentar efeitos colaterais como os
causados pelas drogas sintéticas (AIKATERINE et al., 2015).
Diante disso, pode-se verificar a importância da fitoterapia no tratamento dos
pacientes com RCU, a fim de reduzir os efeitos colaterais e outros efeitos nocivos
causados por tratamentos medicamentosos convencionais. Contudo, mais estudos
com humanos devem ser realizados a fim de garantir a eficácia e segurança de
utilização desta planta medicinal.
As propriedades funcionais da Curcuma longa, estão listadas no Quadro 1.

CONCLUSÃO

Os efeitos anti-inflamatórios da Curcuma longa e seus benefícios no


tratamento da retocolite ulcerativa têm sido demonstrados nos estudos científicos,
destacando-se a fitoterapia na melhoria da qualidade de vida dos portadores dessa
doença.
Faz-se necessário o aprofundamento dos estudos em busca de maiores
resultados quanto à eficácia deste fitoterápico, para que o trabalho médico e
nutricional seja realizado com maior embasamento de seus benefícios e segurança.

135
Quadro 1. Propriedades funcionais da Curcuma longa.
Autores Wichtl (2003); Garcia et al., (1999); Alonso (1998); Aikaterine et al., (2015) Jurenka (2009)
OMS (1999)
Nomenclatura Botânica Curcuma longa Curcuma longa Curcuma longa
Nomenclatura Popular Curcuma, Açafrão, Açafrão da Terra Curcuma, Açafrão Curcuma, Açafrão
Parte Utilizada Rizomas Rizomas Rizomas
Forma de Utilização Decocção: 1,5g de curcumina (3 colheres café) em 1g de curcumina com sulfasalazina ou mesalamina. 50mg/kg de peso corporal.
150mL de água (1 xícara de café).
Posologia\ Modo de Usar Utilizar 1 xícara de chá, 1 a 2x ao dia. Cápsulas de 1g por dia, durante 6 meses. Doses de 50mg-kg de curcumina, 10 dias
antes da indução da colite com ácido
sulfônico.
Via Oral Oral Oral
Uso Adulto e Infantil sem patologia específica Pacientes com RCU em fase de repouso Estudo realizado em ratos com colite
(manutenção) induzida experimentalmente.
Alegações Anti-espasmótico para dispepsia (distúrbios digestivos) Antioxidante, anti-inflamatório, anti-carcinogênico, Anti-oxidante, anti-bacteriano e anti-
Anti-inflamatório hipocolesterolêmico, antibacteriano, cicatrizante, anti- inflamatório.
espamótico, anti-coagulante, anti-tumoral e
hepatoprotetor.
Contra-indicações Não deve ser utilizado por portadores de obstrução de Não utilizar doses superiores a 8000mg/dia e não
dutos biliares ou úlcera gastroduodenal; e nem com utilizar por período superior a 3 meses por poder -
anticoagulantes. Em caso de cálculos biliares, utilizar causar pequenos efeitos gastrointestinais como
somente sob avaliação médica. náuseas e diarreia.
Informações Adicionais Taxas de recorrência em pacientes com RCU em Melhora significativa da diarreia e
estado de manutenção foram significativamente arquitetura do cólon; redução da
- menores nos pacientes que receberam curcumina infiltração de neutrófilos e peroxidação
comparados ao placebo. lipídica, além de redução e melhoria dos
sintomas de inflamação. Apresenta
biodisponibilidade sistêmica limitada.

136
REFERÊNCIAS

AIKATERINE, T. et al. Herbal and plant therapy in patients with inflammatory bowel
disease. Journal List- Ann Gastroenterol, s.l., v.28, n.2, p. 210-20, apr./jun. 2015.

DONATELLA, P. et al. Biological and therapheutic activities, and anticancer


properties of curcumim. Journal List – Exp Ther Med, s.l., v.10, n.5, p.1615-23, nov.
2015. Published online, 2015 Sep 17.

HOULI, J.; NETTO, G.M. Retocolite Ulcerativa Inespecífica. Rev. Bras. Colo-Proct,
s.l., v. 4, n. 4, p. 191 – 205,1984.

JURENKA, J.S. Anti-inflammatory Properties of Curcumin, a Major Constituent of


Curcuma longa: A Review of Preclinical and Clinical Research, Alternative Medicine
Review, s.l., v. 14, n. 2, 2009.

KE, F. et al. Herbal medicine in the treatment of ulcerative colitis. Sauditas J


Gstroenterol, s.l., v.18, n.1, 2012.

SANDBORN, J.W.; TARGAN, R. S. et al. Andrographis paniculata Extract (HMPL –


004) for Active Ulcerative Colitis. Am J Gastroenterol. Jan. 2013.

TEIXEIRA, G.J.T.; SILVA, J.H.; TEIXEIRA, M.G.; ALMEIDA, M.G.; CALACHE, J.E.;
HABR-GAMA, A. - Manifestações extra-intestinais após tratamento cirúrgico da
retocolite ulcerativa. - Rev. Bras. Coloproct, s.l., v. 21, n. 1, p. 9-18, 2001.

Tabela de drogas vegetais. Coordenação de GARCIA, et al. Desenvolvido pela


ANVISA. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/anexo/anexo_res0010_09_0
3_2010.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2016.

137
CAPÍTULO XI – ADAPTÓGENOS

Adriana Junqueira Espíndola Botelho e Deise Lopes Silva

CONTROLE DO ESTRESSE POR MEIO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS


ADAPTÓGENAS

FUNÇÃO E FISIOLOGIA DO ESTRESSE

Seres humanos são dotados por um mecanismo de equilíbrio altamente


especializado que busca a homeostase. Este é frequentemente desafiado por efeitos
adversos externos e internos do organismo, conhecidos como estressores que
ameaçam a homeostase (CHROUSOS, 2009). A partir de respostas complexas do
organismo, a homeostase pode ser reestabelecida (CHROUSOS, 2009). Os antigos
filósofos naturais gregos como Pitágoras e Alkmaeon, usaram pela primeira vez os
termos “harmonia” e “isonomia” para se referir à homeostase, sendo um princípio
geral de equilíbrio ou de equilíbrio da vida (CHROUSOS, 2009). O termo moderno
“homeostase” foi criado pelo fisiologista americano Walter Cannon, no início do
século 20 (CHROUSOS, 2009).
O estresse pode ser definido como a resposta do organismo aos estressores
externos, internos ou psicológicos que afetam o estado de harmonia através de
variadas respostas fisiológicas, em busca de homeostase (CHROUSOS, 2009). A
resposta orgânica ao estresse ocorre a partir de uma cascata de reações que
envolve diretamente o eixo Hipotálamo-Hipófise -Adrenal (HHA) e o sistema nervoso
simpático (SNS), sempre que o cérebro detecta uma ruptura na homeostase
(GUILLIAMS; EDWARDS, 2010). As diferentes respostas entre indivíduos são
explicadas por fatores genéticos, ambientais e de desenvolvimento fisiológico
(GUILLIAMS; EDWARDS, 2010). Doenças relacionadas ao estresse se instalam
quando há um desarranjo na resposta ao estresse, seja por regulação excessiva,
prolongada ou inadequada (GUILLIAMS; EDWARDS, 2010). A mecânica do
estresse, suas fases, efeitos e tratamentos têm sido estudados no intuito de ampliar
seu entendimento e obter maiores conhecimentos para reduzir a formação de
diversos danos patológicos, doenças agudas e crônicas, descontrole
comportamental e envelhecimento precoce.

138
O estresse é um fator de risco para inúmeras doenças e é um importante
preditor de saúde em geral. É um termo extremamente amplo que serve para definir
uma grande variedade de fenômenos a que os humanos estão expostos através de
suas vidas. As facetas do estresse são praticamente infinitas, no entanto, grandes
categorias incluem a atividade física excessiva, aborrecimentos emocionais, pressão
psicológica constante, crise existencial e os efeitos residuais de traumas emocionais.
O estresse se tornou uma das questões de saúde mais sérias do século 20.
Estresse e suas comorbidades resultantes são responsáveis por uma grande
proporção de disfunções no mundo inteiro. Foi consistentemente demonstrado que
indivíduos experimentando estresse têm funcionamento físico e mental reduzidos,
maior número de dias perdidos de trabalho, dificuldades de concentração no
trabalho e aumento no uso de serviços de saúde.
A disfunção causada pelo estresse é tão grande quanto as disfunções
causadas por acidentes de trabalho e outras condições comuns como hipertensão,
diabetes e artrite. A OMS estima que doenças mentais, incluindo desordens
relacionadas ao estresse, serão a segunda maior causa de disfunção no ano 2020.
Desde a caracterização da Síndrome de Adaptação Generalizada por Hans Selye, a
questão do estresse passou a ser vista como um fator de risco tanto na etiologia
quanto na progressão de uma grande variedade de doenças. Normalmente a
resposta ao estresse é ativada em base aguda e o corpo é capaz de retornar a
homeostase parasimpatética. O estresse torna-se patológico, no entanto, quando
crônico ou quando o corpo adquire uma tendência inerente à ativação do sistema
nervoso simpático (SEELY & SINGH, 2006).
O estresse é estudado dentro do relativamente novo campo da
psiconeuroimunologia. Sabemos que os sistemas imune e nervoso estão em
constante comunicação e estão conectados num equilíbrio sutil que pode ser
distorcido pelo impacto do estresse.
A reposta ao estresse pode ser dividida em três etapas:
1) Alarme: Resposta imediata do organismo ao estresse que se caracteriza
pela estimulação do sistema simpático e do eixo HHA;
2) Resistência: Estado em que o indivíduo consegue responder
adequadamente ao estressor, sem grandes prejuízos para o funcionamento de seu
organismo;

139
3) Exaustão: Quando a duração e ou a intensidade do estresse é muito
grande, não sendo mais possível responder de modo adequado ao estressor, e o
organismo fica sujeito a danos que incluem descontrole hormonal e redução
acentuada do funcionamento do sistema imunológico, entre outros (FULVIO, 2006).
O hipotálamo secreta CRH que então estimula a hipófise a secretar ACTH. A partir
disso, o ACTH circulante estimula a suprarrenal a secretar epinefrina, norepinefrina
e em última instância, cortisol na corrente sanguínea. É importante notar que muitas
citocinas inflamatórias entram na sinalização do estresse em diferentes pontos
fisiológicos e têm papel crítico no grande quadro do estresse (SEELY & SINGH,
2006). Epinefrina e a norepinefrina, hormônios responsáveis pela chamada reação
de “luta ou fuga”, são secretados quando estimulados por neurônios noradrenérgicos
no cérebro, sempre que o hipotálamo é estimulado por um estressor. Também o
hormônio cortisol, produzido no córtex da adrenal, é lançado na corrente sanguínea
sempre que for estimulado pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), pela hipófise
posterior no sistema nervoso central, em situações de estresse. Em situações
saudáveis, os níveis de cortisol são auto regulatórios, reduzindo o estímulo de
ACTH, evitando catabolismo e imunossupressão pela limitação do excesso de
contato do hormônio com os diversos tecidos e células que têm seus receptores
específicos a ele. O desequilíbrio do eixo HHA, geralmente, advém da presença
constante de estressores que desregulam o sistema de homeostase. A disfunção do
eixo HHA, com a liberação desordenada de cortisol, acarreta consequências
metabólicas, clínicas e comportamentais (GUILLIAMS; EDWARDS, 2010).
Quando a atividade do eixo HHA permanece aumentada, num estado
denominado Hipercortisolismo, este pode desencadear: Transtorno obsessivo-
compulsivo, estresse crônico, transtorno do pânico, depressão melancólica, anorexia
nervosa, Síndrome de Cushing, alcoolismo, diabetes mellitus, obesidade central na
síndrome metabólica, transtornos metabólicos na gravidez, transtorno de estresse
pós-traumático em crianças e hipertireoidismo (CHROUSOS; GOLD, 1992).
Na redução da atividade do eixo HHA ou Hipocortisolismo, podem ser
desencadeados: Insuficiência da adrenal, síndrome da fadiga crônica, síndrome da
tensão pré-menstrual, fibromialgia, artrite reumatoide, depressão atípica/ sazonal,
depressão no climatério, hipotireoidismo, asma, eczema, transtorno de estresse pós-
traumático em adultos (CHROUSOS, 1992). Também pode ocorrer após o

140
tratamento da síndrome de Cushing, após o término da terapia de glicocorticóides,
após o estresse crônico, no período pós-parto e com a retirada da nicotina
(CHROUSOS, 1992). É comum também uma redução do eixo HHA nos pacientes
com síndrome astênica ou de fadiga crônica com sintomas de fraqueza
generalizada, redução de capacidade de trabalho, baixa memória, irritabilidade, dor
de cabeça, insônia e apetite reduzido. Estes sintomas são frequentemente
observados depois de trabalhos intensivos, que requerem altos níveis de função
mental (PANOSSIAN; WIKMAN, 2010).

PLANTAS ADAPTÓGENAS

As terapias farmacológicas usadas atualmente para os quadros de estresse


são principalmente focadas no tratamento da depressão e as manifestações agudas
e crônicas das desordens por ansiedade. O benefício potencial do uso de plantas
medicinais no estresse advém da utilização de plantas conhecidas como
adaptógenas, que previnem as doenças induzidas por estresse. Plantas medicinais
adaptógenas são aquelas que interferem na resistência do organismo aos
estressores externos ou internos, capacitando-o para recuperação da homeostase,
aumentando a resistência ao estresse (PANOSSIAN et al., 2009a, PANOSSIAN,
2009b), ajustando por inibição ou ativação dos níveis de cortisol, mantendo o corpo
estável e, portanto, saudável (DOMENE, 2013). Os adaptógenos têm a capacidade
de reduzir os efeitos da fase de Alarme e dificultar a entrada na fase de Exaustão
(FULVIO, 2006). Este mecanismo pode ser explicado pela ação dos adaptógenos,
não apenas no eixo HHA, mas promovendo um forte estímulo para produção de
corticosterona que promove a estabilização do cortisol. (PANOSSIAN;
GABRIELIOAN; WAGNER, 1999; PANOSSIAN; WIKMAN; WAGNER, 1999). A
intenção terapêutica, portanto, é promover uma resposta fisiológica ótima tanto para
estresses internos quando externos. Essencialmente os adaptógenos dão suporte à
habilidade do corpo de se adaptar idealmente ao seu meio. Estas plantas são vistas
como tendo efeito modular, provendo tanto efeito estimulante quando sedativo
dependendo das necessidades do indivíduo num momento particular (SEELY &
SINGH, 2006).

141
Diversas culturas do mundo falam deste tipo de planta, usando nomes
diferentes: a medicina Chinesa chama de tônicos, a Indiana de rasayanas. O nome
mais comum é o de tônico, geralmente visto como uma substância que é usada por
indivíduos mais velhos, pelos convalescentes, para lidar com períodos de estresse
físico e mental e ou simplesmente para manter boa saúde. Em outro contexto, a
palavra tônico pode se referir a partes isoladas do corpo, como tônico cardíaco,
tônico capilar, e desta forma não entram na esfera de ação do adaptógeno típico,
que tem ações que impactam o corpo como um todo.
A moderna pesquisa, que cunhou o termo “adaptógeno” se iniciou durante a
Segunda Guerra Mundial, quando pesquisadores russos começaram a procurar
plantas com compostos orgânicos que tivessem capacidade de deixar o organismo
mais resistente. Anos depois, estes pesquisadores reconheceram oficialmente
plantas que aumentavam a resistência física, melhoravam a recuperação, regulavam
funções hemostáticas, bem como equilibravam mecanismos fisiológicos
(PANOSSIAN et al., 2009a). Nos anos 70 surgiu o conceito de actoprotetores que
são preparações que aumentam a performance mental e aumentam a estabilidade
corporal contra cargas físicas sem aumentar o consumo de oxigênio. São
considerados uma subclasse dos adaptógenos.
Diversos estudos, com plantas de todo o mundo, vêm demonstrando que
algumas plantas, são capazes de gerenciar o sistema de estresse, pelo aumento da
capacidade de resistência, modulando as reações hormonais, exercendo um efeito
de equilíbrio em diversos sistemas como imunológico, cardiorrespiratório e nervoso-
central. As evidências mais convincentes são da eficácia dos adaptógenos em
estudos mostrando efeitos neuroprotetores, efeitos nas funções cognitivas, na
performance mental, em fadiga e depressão, para retomar ou melhorar performance
esportiva, regular apetite, resolver quadro de insônia, melhorar humor e resistência
contra infecções (PANOSSIAN; WIKMAN, 2010). A utilização de adaptógenos
propicia resultados relevantes no controle do estresse, contudo, devem ser utilizados
apenas se prescritos por profissionais de saúde especialistas em fitoterapia, para
maior segurança e eficácia.
Alguns requisitos foram postulados para classificar uma planta medicinal
como um adaptógeno:
- Devem reduzir o dano induzido pelo estresse, apresentando, assim, os efeitos de

142
proteção do estresse, tais como antifadiga, atividades anti-infecciosas,
antidepressivas e de restauração (BREKHMAN; DARDYMOV, 1969);
- Devem apresentar efeitos estimulantes, tanto após administração única e múltipla,
levando a aumento da capacidade de trabalho e desempenho mental contra um
fundo de fadiga e estresse (BREKHMAN; DARDYMOV, 1969); O efeito estimulante
dos Adaptógenos deve ser diferente de estimulantes e anabolizantes convencionais
que esgotam os recursos energéticos do organismo originando efeitos secundários
negativos, tais como síndrome de abstinência de drogas (BREKHMAN;
DARDYMOV, 1969); Para não gerar confusão de conceitos, como dissemos, os
orientais usam o conceito de tônico, em contraponto ao de estimulante.
- Devem ser seguros e não devem perturbar as funções do corpo em seus níveis
normais, mas sim exercer uma influência normalizadora sobre um estado patológico,
independente da natureza desse estado (BREKHMAN; DARDYMOV, 1969).
Importante neste momento diferenciar entre a atividade dos adaptógenos e
psicoestimulantes (como cafeína e outras xantinas). Os adaptógenos são agentes
de ações não exaustivas. Não há aumento de consumo de oxigênio ou produção de
calor, diferindo de agentes nootrópicos. Ainda assim melhoram não só a capacidade
mental como física (OLIYNIK & OH, 2014).

PRINCIPAIS PLANTAS ADAPTÓGENAS

GINSENG CHINÊS OU COREANO (Panax ginseng)

O Panax ginseg (PG), da família Araliaceae, raiz utilizada há milhares de anos


na Medicina Tradicional Chinesa e em outros países asiáticos como planta superior,
com reputação por curar vários males, restabelecer a homeostase e aumentar a
energia vital (CHOI, 2008). PG é consumido em grande escala na Ásia por seus
variados efeitos de proteção ao organismo como: anti-estresse, antienvelhecimento,
antioxidante, potencializador da cognição, neuroprotetor, cardioprotetor e
antidiabético (KIM, 2015). Seu consumo cresce a cada dia pela população ocidental
que vem reconhecendo suas qualidades (CHOI, 2008). É a planta medicinal mais
estudada no mundo e é reconhecida por conter ginsenosídeos (compostos

143
triterpênicos), e as chamadas gintoninas que foram descritas e estudadas mais
recentemente (CHOI, 2008; DONG-SOON & SEHUNG-YEOL, 2013).
Estudo clínico duplo-cego randomizado avaliou os efeitos antifadiga do PG
em 90 pacientes, entre 20 e 65 anos (21 homens e 69 mulheres) que relatavam
fadiga crônica há mais de 6 meses (KIM et al., 2013). Durante 4 semanas os
pacientes tomaram duas cápsulas, duas vezes ao dia, manhã e noite. Foram
divididos em três grupos aleatoriamente. O primeiro tomou 1g de extrato seco de PG
ao dia, o segundo grupo tomou 2g, enquanto o terceiro era o grupo placebo. Os
pacientes foram avaliados por escalas para quantificar o grau de fadiga e sua
gravidade, antes do início do estudo, na segunda e quarta semanas (KIM et al.,
2013). Houve melhoria nos sintomas da fadiga crônica no grupo de 2g de PG
(p<0,05) em relação ao grupo 1g e ao placebo. Raros efeitos colaterais foram
percebidos, apenas poucos casos de dores de cabeça e prurido, provável efeito
alérgico, sendo recuperados imediatamente após retirados do estudo, se igualando
ao grupo placebo. Não houveram relatos de sintomas graves durante o estudo (KIM
et al., 2013).
Outro estudo duplo-cego, controlado por placebo, em que 30 participantes
jovens saudáveis realizaram uma bateria de testes, 10 minutos antes da
administração de PG G115 e 60 minutos após, e outra bateria de testes com tarefas
diferentes. Foram divididos em três grupos, o primeiro com 200mg, o segundo com
400mg e o terceiro grupo placebo. Também foram submetidos à uma avaliação
visual para medição da fadiga mental (REAY et al., 2005). Foram realizados exames
de sangue para observar os teores de glicose, um dia antes, durante e após o
consumo de PG. Os dois grupos de 200 e 400mg apresentaram reduções nos níveis
de glicose (p<0,005 em todos os casos). O grupo que consumiu 200mg/dia, obteve
melhores resultados para efeitos comportamentais (p<0,05). Os autores sugeriram
que PG pode reduzir o estresse com melhoria do desempenho mental e que
glicorreguladores agudos poderiam ter influenciado positivamente o efeito de PG
(REAY et al., 2005).
Kim et al. (2011) investigaram a atividade antioxidante do PG em voluntários
saudáveis. Num estudo duplo cego, randomizado e controlado com 82 participantes
que foram considerados saudáveis por parâmetros objetivos e subjetivos, foram
divididos em 3 grupos, o controle e os que receberam 1 ou 2 g de extrato de PG por

144
4 semanas. Foram avaliados níveis de espécies reativas de oxigênio,
malondialdeido (MDA), capacidade antioxidante total, atividades de catalase,
superóxido dismutase, glutationa redutase e peroxidase e glutationa total antes e
depois do estudo. A administração do PG levou a queda significativa dos níveis de
ERO’S e MDA. Os conteúdos de glutationa e atividade de glutationa redutase
melhoraram no grupo com 2 g de PG. Não houve alterações significativas nos outros
parâmetros.
Mehdi et al (2012) investigaram os efeitos do PG em exercícios de resistência
em capacidade aeróbia, composição corporal, lipídeos totais e estado de humor em
30 homens sedentários com idade média de 41 anos escolhidos voluntariamente e
divididos randomicamente no grupo experimental e controle. Eles fizeram atividade
física a 70% da sua frequência cardíaca máxima em 3 dias por semana por 8
semanas. O grupo experimental recebeu 200mg por dia de PG. Os resultados foram
melhoras na capacidade aeróbia quando comparado com o grupo placebo. Houve
melhoras na composição corporal mas sem diferenças significativas entre os grupos.
Os valores de lipídeos totais também não mostraram alterações significativas. A
avaliação de humor melhorou no grupo do PG.
Oliynik & Oh (2014) revisaram 33 estudos em humanos sobre a capacidade
actoprotetora do PG, a maioria com resultados significativos em redução de fadiga,
recuperação pós exercício, acuidade visual e auditiva, entre outros. Os resultados
tendem a ser melhores em estudos acima de 4 semanas e em pacientes mais
velhos. Os estudos agudos de forma geral não mostram bons efeitos. Revisaram
também 24 estudos clínicos sobre ação neurocognitiva mostrando também efeitos
no geral positivos em diversos aspectos e testes. Os autores concluem que os
efeitos mentais são mais claramente positivos que os físicos, necessitando que haja
mais pesquisas neste segundo campo para melhor estabelecer os potenciais e
limites da atuação do ginseng. É necessário ponderar também sobre o fato de que
em vários estudos com PG, melhores resultados apareceram nos casos em que já
existia um déficit instalado ou desarranjo do organismo, como em idosos ou pessoas
enfermas (FÚLVIO, 2006).
Apesar dos adaptógenos serem considerados plantas com baixo índice de
efeitos colaterais eles não são inofensivos, especialmente quando há erro de
prescrição, superdosagem ou excessivo tempo de uso. O PG é considerado pelos

145
chineses o mais estimulante dos adaptógenos, assim há relatos de
superestimulação, irritabilidade, tensão psicológica e de pescoço, insônia, aumento
de pressão arterial, palpitações e dores de cabeça. Não é recomendado a mulheres
grávidas ou em fase de amamentação. Podem também acontecer sintomas como
náusea, diarreia, erupção na pele, euforia/ansiedade, edema, alterações hormonais,
dor abdominal, vômitos, flatulência, confusão mental e nervosismo. Efeitos bem
menos frequentes e associados a abuso: episódio maníaco, alergia (IgE mediada),
hipotensão, ginecomastia, sangramento vaginal, hepatotoxicidade (quando
associado a outros medicamentos).
Também é necessário pensar sobre possíveis interações com medicamentos
sintéticos. Com uma grande gama de componentes químicos as interações com
drogas sintéticas são inevitáveis. Por ser bastante estudado, já foram reconhecidas
várias interações. Tem efeitos agonistas com: contraceptivos orais, anti-
hipertensivos, cafeína, varfarina, anticoagulantes orais, AINES, hipoglicemiantes,
vacinas e gingko biloba. Ampliando seus efeitos e podendo causar efeitos colaterais
por excesso de efeito. É importante ressaltar que PG é antagônico aos analgésicos
opióides.

As dosagens de PG geralmente recomendadas são:


• Decocção tomada pela manhã e no meio da tarde: raiz seca, 0,5 a 2g por
xícara.
• Tintura (5:1) de 20 a 40 gotas, 3x ao dia.
• Cápsulas: 5 mg a 30 mg de ginsenosídeos totais [rb1, rg1]. 125 a 750 mg,
usando extrato seco padronizado com 4% ginsenosídeos.
• Doses acima de 6g ao dia podem ter efeitos tóxicos.
• Recomenda-se um período de intervalo de 2 semanas a cada 2-3 semanas
de utilização.

RAIZ DE OURO (Rhodiola rosea L.)

Rhodiola rosea L., (RR) família Crassulaceae, conhecida popularmente


como “raiz de ouro”, é uma planta medicinal que cresce em fendas de rochas,
proveniente de regiões árticas da Europa oriental, América do Norte e Ásia em

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especial a região de Altai, na Rússia (PANOSSIAN; WIKMAN, 2010). Nesta região
encontram-se 24 espécies diferentes do gênero Rhodiola, destas, apenas 8 contêm
compostos fenólicos. Usada há séculos pelos russos e asiáticos e reconhecida por
ter ações medicinais diversificadas (PANOSSIAN; WIKMAN, 2010). Existem dados
históricos de 1775, onde é descrita na primeira Farmacopeia Sueca. Em 1783, foi
descrita por melhorar o intelecto, fortificar nervos e como tônico para enfermidades
(PANOSSIAN; WIKMAN, 2010).
Na Medicina Tradicional Chinesa e Ayurvédica, a RR também é
reconhecida e tem sido usada para reduzir depressão, aumentar resistência física,
combater estresse fisiológico, astenia e propiciar longevidade (PERFUMI, 2007).
Tem sido considerada um adaptógeno pela comunidade científica por sua
capacidade de aumentar a resistência do organismo a fatores estressores
(PERFUMI, 2007).
Seus compostos fitoquímicos principais são flavonóides, antioxidantes,
taninos, compostos fenólicos específicos deste gênero e espécie, como as rosavinas
(rosavina, rosina e rosarina) e em salidroside, derivados de feniletano, que estão
presentes em todas as plantas do gênero Rhodiola, bem como uma variedade de
outras espécies fora deste gênero. De acordo com a Farmacopeia Soviética (1989) a
padronização da RR é feita em rosavinas e salidroside (BROWN et al., 2002).
Salidroside é um componente antioxidante de alta potência, com atividades
protetoras do fígado e sistema nervoso (LU et al., 2012). Também se mostrou
eficiente anti-inflamatório, anticâncer, antiviral, anti-hipóxia e anti-fadiga (KELLY,
2001). O Salidroside gera respostas imunes humorais com propriedade
imunoestimuladora e antienvelhecimento (LU et al., 2012).
O potencial antioxidante de três plantas adaptógenas, RR, Eleutherococcus
senticosus e Emblica officinalis, foi avaliado em estudo no qual verificou-se que RR,
superava as outras duas com um potencial maior de redução de quelantes ferrosos,
promovendo redução de peróxido de hidrogênio e proteção de proteínas. Também
apresentou maior teor de polifenóis com propriedade de impedir complicações
provenientes de estresse oxidativo (CHEN et al., 2008).
Em estudo randomizado duplo-cego, 60 pacientes com síndrome de
Burnout (síndrome da fadiga por estresse no trabalho), foram avaliados em 28
dias. Destes, 30 pacientes receberam doses diárias de extrato de RR em

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dosagem de 576mg, e os demais receberam placebo. Os participantes que
receberam extrato apresentaram aumento do desempenho mental (p<0.01),
principalmente a capacidade de se concentrar, e redução das taxas de cortisol ao
despertar (OLSSON et al., 2009).
Outro estudo realizado com 161 cadetes, na faixa etária entre 19 a 21
anos, sem diferenças significativas em quaisquer parâmetros, foram submetidos a
duas dosagens diferentes de extrato de RR. Foram administradas 2 ou 3 cápsulas
de 185mg/dia, totalizando 370 e 555mg/dia, em período de estresse e fadiga,
sendo avaliados por um índice de fadiga com testes de função cognitiva e
avaliações do bem-estar (SHEVTSOV et al., 2003). Ambas as dosagens refletiram
um pronunciado efeito anti-fadiga (13 a 15%) (p<0,001) em relação ao grupo
controle, com pequena diferença observada entre elas, porém uma resposta
levemente favorável para a menor dosagem nos testes psicométricos (SHEVTSOV
et al., 2003).
Darbinyan et al. (2000), através de estudo duplo-cego, avaliaram o efeito
da dosagem de 170mg de RR, em extrato seco padronizado contendo 4,5% de
rosavina, em 56 médicos saudáveis dos sexos masculino e feminino (24-35 anos)
com plantão noturno, durante 14 dias, para avaliar os aspectos de desempenho
mental e fadiga. Foram realizados testes para avaliar a memória a curto prazo,
cálculos, capacidade de concentração e percepção visual e auditiva, através de um
Índice de fadiga. Os testes foram divididos em três etapas: a primeira com 170mg e
outro grupo recebendo o placebo; a segunda etapa, com período de intervalo sem
a RR e a terceira com 170mg e o outro grupo recebendo o placebo. Na primeira
semana foi observada uma significativa melhora dos resultados avaliados, porém,
na terceira semana, não foram percebidas melhorias, tendo havido declínio de
performances mentais. Os autores justificaram essa falta de efeito pela mudança
de horários na administração da dosagem (DARBINYAN et al., 2000).
Spassov et al. (2000) realizaram um estudo randomizado com a
administração de 50mg de extrato ou placebo por duas vezes ao dia, em 40
estudantes de medicina, do sexo masculino, em período de exames exaustivos por
20 dias. O objetivo do estudo foi avaliar a aptidão física, bem-estar e capacidade
mental. Os estudantes que receberam o extrato de RR padronizado, tiveram
resultados significativamente melhores em relação ao placebo. O resultado para

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aptidão física, testes psicomotores e de desempenho mental com bem-estar geral,
apresentou significância maior (p<0,01). Também relataram redução na fadiga
mental, melhora no padrão de sono, com redução da necessidade de sono, maior
estabilidade de humor e motivação maior para estudar. Concluiu-se que os
resultados foram significativos em relação ao placebo, mas que talvez a dosagem
tenha sido abaixo do ideal em relação aos estudos com animais.
Panossian e Wikman (2010) revisaram 30 publicações sobre a eficácia
clínica de várias preparações de RR, mostrando que houve melhoras significativas
nos sintomas de fadiga e aumento de atenção depois de 4 semanas de uso. Foi
sugerido que o efeito inibitório que a RR tem sobre o nível basal de cortisol salivar
resulta em uma melhora da função cognitiva. Isso está alinhado com outros estudos
que demonstram que um ótimo nível de corticosteroides é necessário para uma boa
função cognitiva. Isso mostrou que mudanças significativas, para cima ou para
baixo, dos níveis circulantes de corticosteroides são associadas com disfunção
cognitiva. Além disso, estudos com voluntários saudáveis com doses únicas ou
continuadas de RR demonstraram um efeito anti-fadiga e uma melhora de funções
cognitivas durante a fadiga e em situações estressantes. Assim os autores
concluíram que o extrato de RR exerce efeito anti-fadiga em pacientes saudáveis e
em pacientes já com síndrome de fadiga crônica. Aumenta, portanto, a performance
mental e a habilidade de se concentrar dos pacientes. Os autores destacam que a
utilização profilática do extrato de RR deve ser feita pelas manhãs apenas ou
manhãs e tardes por pelo menos alguns dias antes do período intensivo de trabalho
mental. A revisão de Ishaque et al. (2012) mostrou resultados contraditórios e
principalmente falhas metodológicas em muitos dos estudos com RR. Importante
seguir estudando com metodologias mais apuradas.
Quando o extrato seco padronizado da raiz da RR contém 3,6% de rosavina e
1,6% de salidroside, a dosagem indicada é de 100-170mg/dia. Quando a
padronização for extrato seco em 1% de rosavina, a dosagem segura está entre
360-600mg/dia. Para um efeito de adaptógeno, estas dosagens devem ser
administradas com alguns dias de antecedência até que se percebam seus efeitos
no organismo. O período de administração pode variar de um dia até 4 meses,
dando um intervalo de abstinência no uso crônico para retornar à administração
(KELLY, 2001).

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A toxicidade pelo consumo de RR é considerada baixa, como todos os
adaptógenos. Em estudo com ratos, foram feitos testes para detectar a dosagem
letal, chegando a 3.360mg/kg. Em humanos (média de 70kg), comparativamente, a
dosagem letal seria de 235.000mg, sendo que, usualmente as prescrições utilizadas
são de no máximo 600mg/dia (BOROVSKAYA et al., 1988). RR apresenta baixos
índices de efeitos colaterais, sendo muito bem tolerada na maioria dos casos
(BROWN et al., 2002). Mas como dissemos no caso do PG, os efeitos colaterais,
embora raros, não são impossíveis e incluem: ansiedade, boca seca,
superestimulação, irritabilidade, dor de cabeça, palpitações, insônia, ataques de
pânico.
Não há estudos de interação tão importantes e abundantes como no caso do
P. Ginseng, mas há que se atentar para as possibilidades de interação em especial
com estimulantes do sistema nervoso central. Deve-se evitar em pacientes com
Transtorno Bipolar, pois a RR, por sua ação antidepressiva, pode deixar este
paciente em permanente excitação quando estiver na fase de euforia. Pacientes
ansiosos devem iniciar com uma dosagem menor e ir aumentando gradualmente,
para não ocorrer um estado excitatório. Em casos de pacientes com estado de
excitação constante, o uso é contraindicado (BROWN et al., 2002). A administração
de RR durante a gravidez e período de lactação não é ainda indicada por falta de
evidências (KELLY, 2001). A administração deve ser pelas manhãs, evitando
interferência na qualidade do sono e com estômago vazio, onde há melhor
absorção, com antecedência de 30 minutos da refeição (BROWN et al., 2002). O
efeito pode ser percebido de meia hora após à administração até 6 horas depois
(PANOSSIAN; WAGNER, 2005).

ASHWAGANDHA (Withania somnifera)

É um pequeno arbusto perene que pertence à família das Solanaceae. Ela


cresce nas regiões de clima subtropical da Índia, Paquistão, Marrocos, Congo, Egito,
Palestina, África do Sul, Jordânia e Afeganistão. É a planta mais valorizada da
medicina Ayurvédica (indiana) e tem sido usada tradicionalmente para tratar
diversas doenças há milênios, sendo considerada o “ginseng indiano”. A Withania
somnifera (WS) é definida no Ayurveda como uma Rasayana (plantas que levam ao

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rejuvenescimento) e é utilizada tradicionalmente para promover saúde física e
mental, rejuvenescer o corpo em estados debilitados e aumentar a longevidade. Há
indicações em especial para o Sistema nervoso central, particularmente epilepsia,
estresse e quadros neurodegenerativos como Parkinson e Alzheimer, isquemia
cerebral, discinesia e mesmo no manejo de adição por drogas. WS tem sido usada
para aumentar energia, juventude, vigor, resistência, força e aumento dos fluidos
corporais como sêmen, sangue, linfa e aumento de células musculares. Além disso
tem sido extensivamente usada para reduzir sintomas de estresse e ansiedade.
Estudos in vitro, em animais e clínicos têm demonstrado atividade em vários tipos de
doenças, incluindo câncer, infecções, e como agente anticonvulsivante, antioxidante,
neuroprotetor e imunomodulador.
Tradicionalmente na Índia a WS é comercializada como pó e consumida com
água, leite, ghee (manteiga clarificada) ou mel. Diversos estudos in vitro, em animais
e em humanos têm sido feitos com a planta. Foram identificados vários fitoquímicos
como alcaloides, lactonas e moléculas específicas chamadas withaferina,
withanolides entre outros. Até o momento 12 alcaloides e 35 withanolideos foram
identificados e estudados. Os componentes mais ativos são a withaferina A e o
withanolideo D. As folhas e raízes têm maior concentração de princípios ativos.
Também várias glicoproteínas foram identificadas, por fazem parte dos efeitos
terapêuticos da planta. (DAR et al., 2016; LULKARNI et al., 2008)
WS tem sido extensivamente indicada para aliviar sintomas de estresse nos
pacientes, os mecanismos de ação envolvidos reconhecidos até o momento são os
efeitos antioxidantes e GABAérgicos. Como outras plantas medicinais, a
diversificação de extratos demonstra diferentes atividades pela multiplicidade de
concentração de ativos. Mais estudos sobre a diferença de composição dos extratos
são importantes para uma melhor prescrição. Focando no estresse, estudos
demonstraram atividade antidepressiva e ansiolítica em animais com atividade
semelhante a medicamentos como Imipramina e Lorazepan. WS também demostrou
reverter estresse moderado causado por choque, reduzindo a peroxidação lipídica,
aumentando o status antioxidante e reduzindo a produção de espécies reativas de
oxigênio e de cortisol. Atua de forma semelhante ao GABA no sistema nervoso,
resultando nos seus efeitos ansiolíticos (DAR et al., 2016).

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Chengappa et al. (2013) estudaram os efeitos de melhoria de cognição em 53
pacientes com distúrbio bipolar, com resultados positivos nos testes executados. Foi
um estudo duplo cego, randomizado e placebo controlado de 8 semanas com
dosagem de 500mg WS por dia.
Auddy et al. (2008) investigaram os efeitos do extrato padronizado de WS em
pacientes cronicamente estressados. Os pacientes foram divididos em grupos de
125 e 250 mg de WS por dia ou placebo. Os níveis de estresse foram medidos nos
dias 0, 30 e 60 usando a Escala de Hamilton modificada e foram avaliados
parâmetros clínicos nos dias 0 e 60. Dos 130 indivíduos, 98 completaram o estudo.
O grupo de 125 mg mostrou melhoras significativas com relação ao placebo em
escore de estresse, cortisol sérico, PCR, batimentos cardíacos e pressão arterial e
aumentaram DHEAS e hemoglobina. O grupo de 250 mg teve melhoras ainda mais
significativas nestes parâmetros e melhores respostas comparadas ao placebo em
glicemia de jejum e lipídeos séricos.
Chandrasekhar et al. (2012) fizeram um estudo prospectivo, duplo cego,
randomizado e placebo controlado com 64 indivíduos com uma história de estresse
crônico, após exames clínicos e laboratoriais. Cada grupo tomava duas cápsulas por
dia. No grupo tratamento as cápsulas continham 300mg de extrato concentrado de
WS. Nos dias 15, 30 e 60 foi feito um acompanhamento por telefone para garantir o
seguimento com anotações dos efeitos colaterais. No dia 60 os testes foram refeitos.
O grupo de tratamento mostrou redução significativa nos escores de estresse e
redução do cortisol. Os efeitos adversos foram moderados e comparáveis nos dois
grupos.

OUTRAS PLANTAS ADAPTÓGENAS

Dezenas de outras plantas parecem mostrar atividade adaptógena,


comprovada ou não. Podemos citar algumas como: Schisandra chinensis Bail,
Panax quinquefolius (Ginseng americano), Panax notoginseng, Tribulus terrestris,
Lepidium meyenii (Maca), Curcuma longa, Cordyceps sinensis, Ocimum
gratissimum, Aegle marmelos L., entre outras. Destaque deve ser feito para o
Ginseng Siberiano (Eleutherococcus Senticosus) que também tem uso tradicional
bem extenso, mas bem menos estudado que as plantas citadas acima.

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ADAPTÓGENOS BRASILEIROS

Embora os estudos sejam extremamente escassos e incipientes, não


quisemos encerrar este capítulo sem chamar a atenção para as potencialidades dos
possíveis adaptógenos brasileiros. Nas fitoterapias tradicionais é sempre dito que
plantas que crescem mais próximas as condições ambientais em que o indivíduo
vive são mais adequadas. Sendo isso comprovado ou não, é fato que, diante do fato
do Brasil ser o país com a maior biodiversidade reconhecida mundialmente, não
aproveitarmos essa riqueza e ficarmos investindo na importação e indicação de
plantas de outros países e biomas. É no mínimo um desperdício.
As plantas brasileiras com possíveis atividades adaptógenas pertencem a
diversas famílias e diferentes biomas do Brasil. As principais representantes são das
famílias Fabaceae e Anacardiaceae; no entanto, não há predominância de espécies.
Além disso, elas variam grandemente na parte utilizada, quando a maioria dos
adaptógenos descritos na literatura têm a raiz como sua parte medicinal. Esta
observação é um possível indicativo da grande biodiversidade do Brasil com seus
diferentes biomas e climas. A maioria das plantas adaptógenas cresce em lugares
de inverno rigoroso, perde suas folhas e possivelmente concentra seus ativos nas
raízes. Ao contrário, as espécies brasileiras mencionadas nesta pesquisa pertencem
a diversas famílias que não sofrem invernos rigorosos, e provavelmente tem seus
constituintes distribuídos em diferentes partes. As plantas são geralmente
preparadas em água, possivelmente devido à facilidade de preparação, mas isso
pode refletir na característica química mais polar das substâncias envolvidas na
atividade alegada.
Mendes e Carlini (2007) fizeram uma pesquisa onde mostraram que na
fitoterapia popular brasileira, como na chinesa e indiana, mais sistematizadas,
existem plantas caracterizadas como tônicas, fortificantes, afrodisíacas,
regeneradoras, restaurativas e anti-estresse, entre outros termos que são usos e
indicações similares dos adaptógenos estudados mundialmente. Em geral estas
plantas são usadas inespecificamente, em situações de estresse ou fadiga, na
recuperação de estados debilitantes, ou simplesmente para manter boa saúde. As

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plantas selecionadas pelos pesquisadores para uma discussão de possíveis
mecanismos de ação foram:

GUARANÁ (Paullinia cupana)

Nativo da região amazônica, o Guaraná, Paullinia cupana, (PC) era usado


pelos indígenas, antes da chegada dos portugueses, como tônico e estimulante. As
avaliações in vitro da capacidade antioxidante das sementes de guaraná mostraram
ação poderosa, possivelmente como resultado de uma grande concentração de
taninos. A administração da PC a ratos, aguda e cronicamente, reverteu
parcialmente modelos de amnesia e a adição do extrato na água de beber,
prolongou o tempo de natação dos animais. Em um estudo clínico com jovens,
Kennedy et al. (2004), observaram um aumento na sua performance cognitiva e nos
parâmetros de atenção, memória de trabalho e acurácia depois do tratamento com
guaraná, ginseng ou uma combinação das duas plantas. Um estudo posterior
mostrou que um multivitamínico contendo guaraná reduziu a fadiga mental em
voluntários após testes de esforço mental (Kennedy et al., 2008). Embora incluído
em alguns estudos preliminares sobre adaptógenos, acreditamos que os efeitos da
PC sejam mais de estimulante.

MUIRAPUAMA OU MARAPUAMA (Ptychopetalum olacoides)

Outra planta Brasileira que tem sido estudada, com resultados que
corroboram com o seu uso como um adaptógeno. É usada no norte do Brasil como
um tônico para os nervos e para aumentar a performance física e sexual. Estudos
com extratos padronizados das raízes mostraram atividade antioxidante,
neuroprotetora, atividade anti-estresse e reversão do estado de amnesia induzida.
(DA SILVA et al., 2004; SIQUEIRA et al., 2004; 2007; PIATO et al., 2010).

CATUABA (Anemopaegma arvense e Trichilia catigua)

Com menor número de estudos, mas a mesma popularidade da Marapuama,


algumas espécies no Brasil em diferentes regiões são chamadas de “Catuaba”. Há,

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portanto, uma grande confusão na identificação de quais espécies são realmente
usadas pela população para fins terapêuticos e quais disponíveis no mercado
(DUCKE, 1966; LORENZI & MATOS, 2002). Nos estados de Minas Gerais e Centro
Oeste do Brasil, garrafadas são feitas com casca e raízes das espécies
Anemopaegma arvense (sinonímia A. mirandum), ao passo que em outras regiões
as cascas de Trichilia catigua são usadas. Alguns estudos sugerem possível efeito
analgésico e antidepressivo na Trichilia catigua mediados por mecanismos
dopaminérgicos (CAMPOS et al., 2005; VIANA et al., 2009), enquanto são raros
estudos com Anemopaegma arvense na literatura. Outras espécies também são
chamadas de “Catuaba”, Erythroxylum vacciniifolium e Tetragastris catuaba.

NÓ-DE-CACHORRO (Heteropterys aphrodisiaca)

Como no caso da Catuaba, as raízes de nó-de-cachorro são muitas vezes


preparadas como garrafadas, e empregadas contra debilidade física e estimulante
sexual. Os tratamentos crônicos com ratos idosos com extrato hidro alcoólico de
Heteropterys aphrodisiaca reverteu disfunção de memória (GALVÃO et al., 2002).
Estudos posteriores mostraram que o tempo de tratamento e dose poderiam ser
reduzidos e sugeriram o envolvimento do Sistema dopaminérgico entre os
mecanismos de ação (GALVÃO, 2003; GALVÃO et al., 2004/2005).

DAMIANA (Turnera diffusa / Turnera aphrodisiaca)

É um arbusto que pode ser largamente encontrado nas Américas. No Brasil, é


mais facilmente encontrado no Nordeste. A Turnera difusa (TD) é usada como
afrodisíaca e contra neurastenia, e há uma história de seu uso que data da antiga
civilização Maia. De fato, as maiores produção e comercialização de TD ocorrem no
México, onde a planta é incluída na Farmacopeia oficial. Estudos com roedores dão
suporte ao efeito afrodisíaco (ARLETTI et al., 1999; ESTRADA-REYES et al., 2009)
e também apresentam evidências da sua ação ansiolítica (KUMAR & SHARMA,
2005). De outra forma, estudo recente não detectou efeito positivo em roedores em
testes de memória e estresse usando extratos hidro alcoólicos de TD (BEZERRA et
al., 2011).

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PARA TUDO/ GINSENG BRASILEIRO/ SUMA (Pfaffia glomerata/ Pfaffia
paniculatta/ P. iresinoides)

Efeitos da Pfaffia glomerata (PG) também foram avaliados pelos seus efeitos
adaptógenos. Ratos idosos mostraram melhoras no aprendizado e memória após
tratamento com extrato de PG (MARQUES et al., 2004). Outro estudo mostrou efeito
protetor contra ulcerogênese com efeito tendo sido atribuído ao aumento de óxido
nítrico (FREITAS et al., 2004). Voluntários idosos se submeteram a testes cognitivos
e cárdio-pulmonares após uso de PG e mostraram melhoras em testes cognitivos e
sem efeitos tóxicos (MARQUES, 1998; MARQUES et al., 2002). Entretanto, não
houve melhora nos parâmetros do teste de esforço. Mesmo que a maioria dos
estudos seja com P. Glomerata, outas espécies são comumente utilizadas pela
população, sendo a P. Paniculatta e a P. Iresinoides as mais comuns.

CONCLUSÃO

O conceito de adaptógenos ainda é muito controverso devido à grande gama


de efeitos e atividades mostradas pelas plantas, que são de famílias e espécies
também muito diversas e à dificuldade de estabelecer quais são os mecanismos
básicos que definem a atividade de um adaptógeno. Além disso, nosso modelo
biomédico, tem usualmente postulado que dada droga é útil para uma doença,
agindo em receptores ou alvos específicos para esta patologia. Os adaptógenos
desafiam este paradigma, e vemos que ele vai lentamente se ampliando, para levar
em consideração o tratamento do indivíduo integral, não por partes ou sintomas.
Então é importante que se evolua nas metodologias de estudo destas plantas,
que têm atividades mais amplas para além dos modelos farmacológicos e testes
tradicionais em animais e humanos. Esse é um desafio que se impõe para o
desenvolvimento do tema, uma vez que aspectos como resistência física, cognição e
efeito anti-estresse não são tão facilmente avaliados em humanos.
À parte disso, o primeiro contato de pacientes e profissionais com este tipo de
planta beira ao deslumbramento pela ampla gama de possibilidades que
apresentam. Por isso é preciso reforçar, para uns e para outros, que não há
panaceia ou receita mágica. Apesar do reforço ao sistema orgânico que estas

156
plantas dão, em especial quando falamos de estresse e fadiga, é importante que as
alterações necessárias no estilo de vida sejam feitas: boa alimentação, repouso
adequado, atividade física sem excessos, organização dos horários de trabalho,
tempo para atividades de lazer entre outros ajustes.
Como o conceito de adaptógeno emerge basicamente do conceito de
“Tônicos” das medicinas tradicionais, é preciso resgatar também um pouco do
cuidado com que estas tradições prescrevem estas plantas. Primeiro pela
dificuldade de acesso a elas num primeiro momento, e também pela necessidade de
individualização bastante apurada da prescrição, baseada numa avaliação integral
do indivíduo e não apenas na tentativa de eliminação de sintomas como cansaço,
fadiga e baixa energia. Como plantas que atuam no ajuste corporal como um todo, é
importante que o paciente que as recebe seja avaliado como um todo. Assim,
quando um curador tradicional chinês ou indiano ou mesmo indígena diz que tais
plantas são usualmente seguras e com baixos efeitos colaterais, estão considerando
que a indicação foi feita com base nesta visão mais ampla do paciente, aonde os
riscos de erro ficam bem menores.
Falando de fadiga e falta de energia, é importante ir atrás das causas destes
sintomas, que nem sempre estão relacionadas à regulação do eixo do estresse.
Podem estar relacionadas a deficiências nutricionais importantes como de Ferro,
Vitamina B12 e Iodo, deficiências hormonais e até doenças mais graves como
leucemias, entre outras. Tratar toda fadiga como automaticamente um resultado de
estresse e prescrever um adaptógeno sem maiores investigações pode mascarar
estes outros fatores que precisam ser avaliados criteriosamente.
Os resultados não expressivos ou inconclusivos do uso de adaptógenos para
performance física nos leva a lembrar que eles são indicados para dar suporte à
atividade normal do corpo, não para levar a níveis de atividade que seu corpo não
suportaria e que levaria a níveis ainda maiores de estresse. Embora o início da
pesquisa dos adaptógenos tenha sido voltada para o desenvolvimento de super-
humanos, hoje fica bem claro que o papel deles é nos ajudar a nos manter no
melhor que nós podemos, cada um com suas limitações individuais e nos ajudar na
recuperação de períodos de atividade física, mental ou emocional mais intensos.
Como em qualquer outra prescrição, para adaptógenos, mais do que nunca,
menos é mais. Não é recomendado iniciar o tratamento pelas doses máximas,

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devendo se evitar a mistura de adaptógenos entre si, também deve haver cautela na
junção de adaptógenos com estimulantes, a não ser em situações muito específicas
e bem estudadas. Como são plantas que interferem em todo o metabolismo, as
prescrições devem ser para tempos curtos, reavaliadas e com intervalos de uso. Não
se pretende uma muleta para o corpo, mas um agente que o ajude a sair de um
estado deficiente para a volta ao normal e que o paciente consiga com suas outras
intervenções se manter em estado de equilíbrio. Se for necessário usar adaptógenos
por longo tempo, fazer, além dos intervalos, revezamento entre eles.
No conceito oriental, os tônicos ou adaptógenos são usados no sentido de
quebrar círculos viciosos em pacientes deficientes. Depois disso eles devem poder
se manter sem eles. Desta forma, podemos concluir que o uso de plantas
adaptógenas pode beneficiar pessoas com estresse ou fadiga crônica, com poucos
efeitos colaterais, quando bem indicados e utilizados. Futuros estudos poderão
colaborar no conhecimento de diferentes dosagens para diferentes estressores e,
ainda, de adaptógenos específicos para cada situação.

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161
CAPÍTULO XII – FITOTERÁPICOS NO CICLO DE VIDA MATERNO-INFANTIL
Érika Cardoso Abud Parreira e Alba Valéria Pucci de Sousa

FITOTERÁPICOS NO CICLO DE VIDA MATERNO-INFANTIL

O uso de medicamentos alopáticos na gestação constitui uma questão


importante devido ao prejuízo que pode acarretar tanto à saúde e ao
desenvolvimento do feto, quanto à saúde da mãe (MONTELES; PINHEIRO, 2007). A
esse aspecto, o uso de plantas medicinais, nas mais diversas formas, é parte do
cotidiano de grande parte da população brasileira (MONTELES; PINHEIRO, 2007).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 85% das pessoas no
mundo utilizam plantas medicinais como tratamento paliativo ou curativo e 80% das
pessoas dos países em desenvolvimento dependem da medicina tradicional e/ou
complementar para suas necessidades básicas de saúde (BRASIL, 2006).
No Brasil, a indústria farmacêutica possui incentivo do governo para que a
população administre o uso de medicamentos industrializados (BADKE et al., 2011).
Porém, existem pessoas que utilizam práticas auxiliares para cuidar da saúde, como
o uso de plantas medicinais para prevenir, aliviar ou mesmo curar doenças (BADKE
et al., 2011).
A utilização de plantas medicinais se dá pelo conhecimento empírico passado
de geração em geração, colaborando para seu uso indiscriminado, devido à crendice
de ser “natural”, ou seja, sem efeito colateral (MENGUE, 2001; PEREIRA; BERTONI,
2008; LEITE, 2009). Porém, o pai da medicina, Hipócrates, afirmava que “Todo
medicamento pode ser um veneno, todo veneno pode ser um medicamento. Tudo
depende da dose” (NASCIMENTO, 2013).
Este capítulo trata-se de uma revisão bibliográfica do uso das plantas
medicinais mais utilizadas desde a fase de gestação, nascimento, até a 1ª infância,
não tendo sido identificados estudos randomizados abordando este tema.
Segundo os artigos analisados, as plantas gengibre, funcho, camomila, erva
doce, alfavaca, sabugueiro e poejo são as mais utilizadas pela população brasileira
e a discussão será embasada na composição química das plantas medicinais, no
modo de preparo, na indicação e contra-indicação.

162
Todas as plantas citadas neste capítulo podem ser prescritas pelo
nutricionista, segundo a lista estabelecida na Instrução Normativa nº 2, de 2014, da
ANVISA (ANVISA, 2014), além das descritas no Parecer CRN 3 (29/07/2010) e das
drogas vegetais listadas na RDC n°10 de 2010 (ANVISA, 2010). Porém, é
necessário ter especialização na área fitoterápica para realizar a prescrição, cuja
regulamentação se dá pela Resolução CFN N° 525/2013.

USO FITOTERÁPICO NA GESTAÇÃO

As gestantes ficam apreensivas sobre a toxicidade potencial de


medicamentos convencionais, sendo comum utilizarem plantas medicinais como
camomila, erva-doce, canela e gengibre, para melhorar algum desconforto como os
primeiros sintomas da gestação náuseas, vomitos e mal-estar (DUGOUA, 2010;
HALL, 2011). De fato, há evidênciasde efeitos negativos associadosà utilização de
alguns medicamentos à base de plantas, além da limitação de dados de segurança
quantoà suautilizaçãodurante a gravidez (ERNEST, 2002; DANTE et. al, 2013).
Náuseas e vômitos são queixas comuns durante as primeiras semanas de
gestação, afetando cerca de 80-90% das grávidas em graus variados, sendo
comumente referidos no período da manhã, embora possam ocorrer a qualquer hora
do dia ou da noite (BADELL, 2006; EBRAHIMI et al., 2010). Estes sinais,
geralmente, aparecem nas 4aa 9a semanas de gestação, atingindo pico nas7ª a 12ª
semanas, e cedendo a partir da 16ª semana (BADELL, 2006; EBRAHIMI et al.,
2010).
Hiperemese gravídica (HG) é caracterizada por vômitos graves e persistentes
durante a gravidez, o que pode levar à desidratação, desequilíbrio eletrolítico,
insuficiência hepática, possíveis danos ao feto e, em casos extremos, à morte da
mãe (MARTIN, 2002; MATHAI, 2000; EBRAHIMI et al., 2010). As gestantes com HG,
geralmente, precisam ser hospitalizadas (EBRAHIM et al., 2010), ocorrendo em
cerca de 2% dos casos (BADELL, 2006; EBRAHIMI et al., 2010).
O tratamento farmacológico é complicado devido ao fato de que, durante a
gestação, ocorrem muitas alterações fisiológicas, incluindo diminuição da mobilidade
gastrointestinal, aumento do volume do plasma e da filtração glomerular (VITOLO,
2003). Todos esses fatores influenciam a distribuição, absorção e excreção de

163
drogas, além de muitas poderem atravessar a placenta por difusão simples e afetar
diretamente o feto (VITOLO, 2003). Portanto, nem todos os medicamentos são
seguros durante a gravidez.
Tratamento não farmacológico, ou seja, com plantas medicinais, inclui o chá
de gengibre e mudanças no estilo de vida, como hábitos alimentares saudáveis e
atividade física regular (EBRAHIMI, 2010).
O gengibre (Zingiber officinale) é amplamente utilizado, em casos de
náuseas, vômitos e enjoo matinal associados à gravidez, à doença de movimento e
à indigestão (Quadro 1) (LADAS, 2006). Contudo, doses elevadas de gengibre sob a
forma de pó ou tinturas podem aumentar o risco de sangramento através da
diminuição de agregação plaquetária, além de poder aumentar a produção de ácido
no estômago, especialmente se for tomado com outras ervas ou medicamentos, com
o mesmo efeito (CASSILETH; DENG, 2004; AL-ACHI, 2015).
Segundo Ferro (2006), a grande maioria das plantas carece de estudos que
garantam a segurança da utilização durante o período da gestação, especialmente
no primeiro trimestre. Para enjoos matinais e hiperemese gravídica, não se utiliza
somente o gengibre, mas também hortelã (Mentha spp), umeboshi ou bolotas de
ameixa (Prunus spp), e dente-de-leão (Taraxacum officinale Weber) (FERRO, 2006).
Para prevenção de pré-eclâmpsia, utiliza-se a borragem (Borago officanilis L.),
linhaça (Linumusitatissimum L.) e prímula (Oenotherabiennis L.) (FERRO, 2006).
Para depressão pós-parto, utiliza-se alcaçuz (Glycyrrhiza glabra), hipérico
(Hypericumperforatum L.), ginseng coreano (Panaxginseng C.A. Meyer), vitex (Vitex
agnus-castus), e ashwagandha (WithaniasomniferaDun) (FERRO, 2006).

USO DE FITOTERÁPICO EM CRIANÇAS: RECÉM-NASCIDOS À 1ª INFÂNCIA

Segundo Brunner; Suddarth (2012) a saúde da criança pode ser influenciada


positivamente ou negativamente, através dos hábitos saudáveis da mãe, durante a
gestação, ou seja, a promoção à saúde da criança deve começar antes mesmo do
seu nascimento.
As práticas de cuidado com o recém-nascido são transmitidas entre as
gerações, particularmente entre as mulheres, de mãe para filha, com o objetivo de

164
contribuir para se manter os costumes e tradições além de, acreditar ser benéfico ao
recém-nascido (SILVA; FRANCO, 2006).
Famílias com condições socioeconômicas desfavoráveis, frequentemente,
são induzidas a utilizar alternativas populares, na busca de soluções para a doença
(SILVA et al., 2006). Embora existam muitas práticas alternativas nos cuidados de
saúde, o uso de planta medicinal é um recurso tradicional nas famílias de baixo
custo, já que a maioria dos usuários as cultiva em seus próprios quintais (SILVA et
al., 2006).
Medeiros; Cabral (2002), durante estágio em uma comunidade rural,
observaram que as pessoas utilizavam, constantemente, ervas medicinais em
crianças, com indicações familiares e conhecimento popular. Porém, aparentemente,
essa terapia não provocava nenhum efeito colateral, talvez por consumirem na
forma de chá, no qual a concentração do princípio ativo é baixa (MEDEIROS;
CABRAL, 2002).
As cólicas do bebê são frequentes nos primeiros 10 dias após o nascimento e
até os 3 a 4 meses de idade, podendo se estender até os 6 meses, ocorrendo,
normalmente, ao final da tarde e/ou início da noite (VITOLO, 2003). As cólicas são
contrações da parede do intestino, causando dores espasmódicas no abdômen
(VITOLO, 2003). Um indício de que o bebê está com dores é a presença de gases
(VITOLO, 2003). Para evitar estas cólicas, as mães oferecem o chá para o recém-
nascido, sendo que o tratamento com estas plantas tem como fundamento seu efeito
relaxante da musculatura intestinal (VITTOLO, 2003).
Os chás caseiros quase sempre são oferecidos às crianças desde os
primeiros tempos de vida, com a intenção de amenizar ou resolver situações de
desconforto ou doença, principalmente, cólicas ou doenças respiratórias (SILVA,
1996).As plantas mais utilizadas pela população para cólicas são funcho
(Foeniculumvulgare), camomila (Matricaria recutita) e erva-doce (Pimpinelaanisum)
(SILVA, 1996); e para tratamentos respiratórios, alfavaca (Ocimumbasilicum L.),
sabugueiro (Sambucusnigra L.) e poejo (Menthapulegium). No entanto, a utilização
de infusões deve ser evitada antes dos 6 meses de idade, pois pode interferir com o
aleitamento materno e substituir uma refeição de leite (ALEXANDROVICH, 2003).
O uso da infusão de funcho ou a combinação de funcho, camomila e erva-
doce (Quadro 1) apresenta evidência provável de efeito benéfico nas cólicas dos

165
recém-nascidos. O funcho é utilizado como laxativo e no tratamento de desordens
digestivas leves por ter atividade estimulatória sobre a motilidade sendo que, em
altas concentrações, tem efeito antiespamódico (MARQUES, 2011).
A camomila é muito utilizada para desordens gastrintestinais como flatulência,
diarreia nervosa, espasmos, colite, gastrite e hemorróidas (MARQUES, 2011).
Acredita-se que as propriedades terapêuticas da camomila se devem a dois
principais grupos de princípios ativos: Óleos voláteis terpenóides e flavonóides
(MARQUES, 2011).
A erva-doce é conhecida por sua ação carminativa e expectorante e é
utilizada para redução da produção de gases, especialmente, em pacientes
pediátricos, ainda podendo ser utilizada com ação antiespamódica e antisséptica em
doses altas (MARQUES, 2011).
As doenças respiratórias são problemas de saúde pública e atingem as
crianças, sendo que, o pré-escolar tem, em média, de seis a oito infecções
respiratórias por ano (FISS et al., 2003). A tosse é um sinal que demanda grande
procura de serviços médicos e pode ser determinada por várias causas (FISS et al.,
2003). Grande parte da população se trata de tosse com utilização de plantas
medicinais, devido ao conhecimento de cura e também ao baixo custo (FISS et al.,
2003). As plantas comumente utilizadas neste tratamento são alfavaca
(Ocimumbasilicum L.), sabugueiro (Sambucusnigra L.) e poejo (Menthapulegium).
A alfavaca (Ocimumbasilicum L.) é uma das plantas de uso mais antigo,
podendo ser utilizadas suas flores e folhas frescas, sementes e óleos essenciais
(FERRO, 2006). Possui propriedades terapêuticas como analgésica, antiemética,
antifebril e expectorante, podendo ser indicada no tratamento de amigdalite,
bronquite, catarro, doença das vias respiratórias, dor de garganta, resfriado, tosse e
tuberculose pulmonar (FERRO, 2006). Pode-se consumir na culinária em saladas e
chás (FERRO, 2006) (Quadro 1).
O sabugueiro (Sambucusnigra L.) possui na sua composição flavonóides,
taninos, glicosídeos, óleos essenciais, sendo rico em vitamina C e ácidos múcicos,
atuando no organismo humano como anti-inflamatório (FERRO, 2006). Sua função
de planta medicinal é no combate à tosse, espirro, catarro, dores dos molares, de
cabeça e de ouvidos, nevralgias e inflamação da garganta e laringe (FERRO, 2006).
As partes do sabugueiro a serem utilizadas para fins medicinais são as bagas,

166
flores, folhas e casca do tronco, sendo que contra resfriado, febre e congestão
utiliza-se a flor, e contra tosse, o fruto (FERRO, 2006). É muitas vezes apresentada
sob a forma de chá de ervas ou xarope (Quadro 1).
O poejo (Menthapulegium) é uma planta medicinal com efeito digestivo,
expectorante, antimicrobiano e antiespasmódico (FERRO, 2006). Seu uso interno
ocorre através de infusões e tintura e, seu uso externo, através de folhas secas e pó
(FERRO, 2006) (Quadro 1).

CONCLUSÃO

As plantas medicinais, quando utilizadas corretamente, podem ser


consideradas como medicamentos, mas seu uso inadequado pode ser
extremamente maléfico.
A carência de conhecimento da população em relação à toxicidade das
plantas pode acarretar sérias consequências, principalmente no período gestacional,
podendo promover o estímulo da contração uterina e consequente aborto ou parto
prematuro. Enquanto recém-nascidos e crianças podem ser acometidos por
hepatotoxicidade.
Ressalta-se que o uso de plantas como medicamentos deve-se fundamentar
em experiências comprobatórias desde que, demonstrados que os riscos são
irrelevantes aos benefícios propostos.

167
Quadro 1. Levantamento das plantas medicinais recomendadas e mais utilizadas para uso materno-infantil no Brasil.
Nomenclatura Nomenclatura Parte Forma de utilização/ Posologia/ Tempo Efeito Referência
Botânica Popular utilizada Preparo Modo de usar de uso
Zingiber Gengibre Rizoma Decocção: 1 a 5g (1 a 2 1 xícara chá Até 3 ------------------- OMS, 1999; Wichtl, 2003;
officinale colheres de café) em de 2x à 4x dia meses Mills e Bone, 2004;
150 mL (1 xícara chá) Barbosa et al., 2009.
Foeniculum Funcho Infusão: 5-7g em 100mL 1 xícara de Até 3 ------------------- Marques, 2011
vulgare café 2x dia meses
Matricaria Camomila Flores Infusão: 3g (1 colher de 1 xícara de Até 3 Podem ocorrer reações alérgicas. Em Matos, 1998; Proplam,
recutita sopa) em 150 mL de café 3 a 4 x meses caso de superdose, pode ocorrer 2004; Wichtl, 2003; Mills
água (1 xícara chá) dia náuseas, excitação nervosa e insônia e Bone, 2004; Alonso,
2004; Cardoso, 2009.
Pimpinela Erva doce Frutos Decocção: 1,5g (3 1 xícara de Até 3 ----------------- Wichtl, 2003; Garcia et
anisum colheres de café) em café 3x ao dia meses al., 1999; Alonso, 2004.
150mL (1 xícara chá)
Ocimum Alfavaca Folhas 10g de folhas em ½ litro 1 xícara de Até 3 Em menores de 6 anos pode causar Ferro, 2006
basilicum de água fervente. café 3x ao dia. meses úlceras gastroduodenais e gastrites,
Deixar 6 horas em síndrome do colon irritável e
repouso, coar hepatopatias crônicas.
Sambucus Sabugueiro Flor Infusão: 3g (1colher de 1 xícara de Até 3 O uso de quantidades maiores que o Newall et al., 1996;
nigra sopa) em 150 mL (1 café 2x a 3x meses recomendado pode promover Alonso, 2004
xícara chá) dia hipocalemia
Mentha Poejo Partes Infusão: 1g (1 colher de 1 xícara de Até 3 Administração em dose e tempo acima Garcia et al., 1999;
pulegium aéreas sobremesa) em 150 mL café de 2x a meses do recomendado pode promover danos Gruenwald et al., 2000;
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