You are on page 1of 22

Universidade Federal de Alagoas – UFAL

Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I


Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima

TEORIA DO CRIME

1. Análise Jurídica do Delito


TEORIA DO CRIME
Existem diversas teorias do crime, como por
exemplo, a antropologia criminal de Lombroso, a sociologia
Criminal de Ferri, a teoria Freudiana do crime. Há também
ANÁLISE JURÍDICA DO DELITO a teoria política do delito, que diz que esse tem a função de
manter o Estado elaborando normas de garantia de
controle social.

2. Introdução

O Ordenamento Jurídico Brasileiro é um Sistema de


2. INTRODUÇÃO:
normas que dialogam entre si.
2.1. Ordenamento Jurídico como Sistema
2.2. Normas proibitivas e normas permissivas Existem normas proibitivas e permissivas no sistema
“A ordem jurídica não se esgota nas normas penal.
proibitivas, integrando-se também com preceitos
permissivos que, colocados numa certa ordem
com as normas, conformam a ordem jurídica...” (E. 3. A Denominação “Crime” ou “Delito”
Raúl Zaffaroni)
A denominação Crime ou Delito, no modelo
brasileiro, são sinônimos. A primeira palavra usada pelos
romanos para designar crime foi noxa, depois peccatum,
delictum e crimen. O art. I da LICP define crime como
3. A DENOMINAÇÃO “CRIME” OU conduta contrária à lei suscetível de pena privativa de
“DELITO” liberdade.

2.1. Noxa, peccatum, delictum e crimen Infração penal é o gênero de qual são espécies o
crime ou delito e a contravenção. Chama-se teoria do crime
{ CRIMES OU DELITOS

2.2. INFRAÇÃO PENAL: por metonímia. A teoria do crime explica o gênero: crimes,
(Dec-Lei 3.914/41, art. 1) contravenções e atos infracionais (quando menor de 18
{ CONTRAVENÇÕES
anos pratica uma conduta tipificada como infração penal).

4. O conceito de Crime

O conceito de crime pode ser: político, que vê o


4. O CONCEITO DE CRIME crime como criação artificial do Estado, corroborando o
princípio da legalidade. A violência existiria sempre, ao

4.1. POLÍTICO passo que o crime é criado; Criminológico, pautado pela


4.2. CRIMINOLÓGICO interdisciplinaridade; e por fim, o conceito jurídico, que é o
4.3. JURÍDICO
que nos interessa.
4.3.1. MATERIAL
4.3.2. FORMAL
4.3.3. ANALÍTICO O conceito jurídico pode ser dividido em três:
material (principio da ofensividade), o crime é uma ofensa
a um bem jurídico; formal, é a infração à lei penal, e
conseqüentemente, ao ordenamento jurídico; analítico,
determina a divisão do crime em partes para seu estudo
minucioso. É uma decomposição lógica.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima

5. O Conceito Analítico
5. O CONCEITO ANALÍTICO
(Hans Welzel) Adotaremos a teoria finalista da ação de Hans
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPABILIDADE
Welzel. Este pretendia eticizar o direito penal, em oposição
à escola de Kiel, nazista.
{CONDUTA (DOLOSA OU CULPOSA)
{IMPUTABILIDADE
Crime é: Fato Típico + Ilícito + Culpabilidade. Segue
{RESULTADO {EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
uma lógica: primeiro se verifica a existência de fato típico,
{NEXO CAUSAL {CONSCIÊNCIA POTENCIAL DA ILICITUDE
em seguida há a verificação da existência de ilícito. Com a
{TIPICIDADE

prova de fato típico e ilícito, temos o injusto penal. Por fim,


se observa a culpabilidade.

6. Fato típico
6. O FATO TÍPICO
O comportamento humano, ou de pessoa jurídica
• O FATO TÍPICO É CONSTITUÍDO PELO
COMPORTAMENTO HUMANO QUE PODE PROVOCAR constitui a conduta. Sem esta, não há crime, é a pedra de
UM RESULTADO E É PREVISTO NA LEI PENAL COMO
INFRAÇÃO (TIPICIDADE FECHADA). O FATO TÍPICO É
torque da teoria do crime. Bem assim é a tipicidade, que
COMPOSTO, NECESSARIAMENTE, PELA CONDUTA OU também é necessária à teoria do crime.
COMPORTAMENTO (AÇÃO OU OMISSÃO, DOLOSA OU
CULPOSA), BEM ASSIM A TIPICIDADE; PODEM,
TAMBÉM, O COMPOR, O RESULTADO OU EVENTO E O resultado não compõe necessariamente o fato
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA E O
típico, e isso fica provado com a existência dos crimes
RESULTADO (NOS CHAMADOS CRIMES MATERIAIS) .
tentados, que não tem qualquer resultado fático. O nexo de
causalidade pressupõe o resultado para existir

6.1. A Conduta
6.1. A CONDUTA
O movimento ou abstenção do movimento corporal é
CARACTERÍSTICAS:
a) COMPORTAMENTO DO SER HUMANO (PRINCÍPIO SOCIETAS o próprio conceito de conduta, e dá ensejo à classificação
DELINQUERE NON POTEST - DISCUSSÃO SOBRE A
POSSIBILIDADE LEGAL DA PRÁTICA DE CRIME POR PESSOA dos crimes em comissivo e omissivo. A conduta voluntária
JURÍDICA. VER CF, ART. 225, 3º E LEI 9.605 DE 12 DE
FEVEREIRO DE 1998); no sentido de movimentação corpórea explica porque atos
b) MOVIMENTO OU ABSTENÇÃO DE MOVIMENTO CORPORAL
C) DEVE SEMPRE DE EXTERNAR-SE, NÃO OCUPANDO-SE O cometidos por um sonâmbulo não podem ser
DIREITO PENAL DE ATIVIDADES PURAMENTE PSÍQUICAS
(PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE); criminalizados.
D) HÁ DE SER VOLUNTÁRIA (VOLUNTARIEDADE AQUI ENTENDIDA
COMO CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO CORPÓREA).
Existem duas teorias que regularias a conduta da
pessoa jurídica: uma leva em conta só o sujeito da
imputação; a outra considera também o sujeito da conduta.
6.2. FORMAS DA CONDUTA
A) AÇÃO - CONSTITUI-SE EM UM FAZER, POR INTERMÉDIO A conduta é tida como ação ou omissão. As de ação
DE UM MOVIMENTO CORPÓREO EXTERNO,
PERCEPTÍVEL. (A MAIORIA DOS NÚCLEOS DOS TIPOS são crimes comissivos, as de omissão, são crimes omissivos,
SÃO POSITIVOS, EX.: MATAR, DANIFICAR; SUBTRAIR
ETC.) CRIMES COMISSIVOS; sendo omissão a não realização de uma conduta prescrita
B) OMISSÃO - É A NÃO REALIZAÇÃO DE UM
COMPORTAMENTO EXIGIDO POR LEI. A ESSÊNCIA DA
em lei.
OMISSÃO RESIDE NA AUSÊNCIA DE ATIVIDADE, QUE
PODE SUCEDER DE UM FAZER DIFERENTE OU DA
INÉRCIA. (O CP NO ART. 13, E 2º, ADOTOU UMA A teoria física é a em que o crime é caracterizado pela
POSIÇÃO ECLÉTICA ENTRE O FÍSICO E O NORMATIVO
QUANTO A OMISSÃO). CRIMES OMISSIVOS. relação causal entre conduta e resultado. Na omissão, não
se pode estabelecer uma relação física. Surge a posição
normativa, pois a lei pode obrigar o individuo a evitar os
resultados e a omissão desse ato fica em relação de
causalidade com o resultado. Portanto, há nexo causal
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
normativo. O Código Penal adota uma teoria eclética, que
usa nexo causal físico e normativo.

6.3. CONDUTA COMISSIVA 6.2. Conduta Comis siva

6.3. Conduta Comissiva


A CONDUTA COMISSIVA PODE OU NÃO SER
FRACIONADA (DIVIDIDA) EM ATOS: É um fazer. Crimes plurissubsistentes são
caracterizados por um ou mais atos, como por exemplo, o
1. NO PRIMEIRO CASO TEMOS OS CHAMADOS
CRIMES PLURISSUBISISTENTES homicídio. Os Crimes unissubsistentes são praticados,
necessariamente, em um único ato, como por exemplo, a
2. NO SEGUNDO, OS CRIMES UNISSUBISISTENTES injúria. A maioria dos crimes é plurissubsistente.

6.4. Divisão da Conduta Omissiva

Para os crimes omissivos próprios ou puros, basta a


6.4.DIVISÃO DA CONDUTA OMISSIVA
omissão. Já os crimes omissivos impróprios ou impuros, ou
A CONDUTA OMISSIVA PODE SER PURA OU PRÓPRIA E IMPURA
OU IMPRÓPRIA. AS FORMAS DA CONDUTA OMISSIVA DÃO comissivos por omissão, deve haver um resultado. Deve se
LUGAR A DOIS TIPOS DE CRIMES:
A) OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS – CRIMES DE MERA verificar se há uma mera relação de omissão ou de
CONDUTA NEGATIVA DO SUJEITO. EX.: CP, ARTS. 135
(OMISSÃO DE SOCORRO), 244 (ABANDONO MATERIAL) E 319 resultado.
(PREVARICAÇÃO POR OMISSÃO).
B) OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU IMPUROS, TAMBÉM
CHAMADOS COMISSIVOS POR OMISSÃO – DELITOS ONDE O
AGENTE, EM FACE DE SUA POSIÇÃO DE GARANTE, ESTÁ 7. Teorias sobre a Conduta (Teorias do Crime)
OBRIGADO A AGIR (CP, ART. 13, 2º), SEJA PORQUE A LEI OU
O CONTRATO LHE OBRIGAM, SEJA PORQUE COM SEU
COMPORTAMENTO ANTERIOR CRIOU O RISCO DA
PRODUÇÃO DO RESULTADO. SÃO CRIMES DE RESULTADO. Há quatro teorias sobre a conduta:

a) Causal: preocupam-se em dizer que a conduta


7. TEORIAS SOBRE A CONDUTA era a causa do resultado, caso contrário, o
(TEORIAS DO CRIME) indivíduo não responderia pelo ilícito.
a) CAUSAL (CONHECIDA TAMBÉM COMO CLÁSSICA) (FRANZ
VON LISZT, ERNST VON BELING E EDMUND MEZGER) - b) Finalista: além da causalidade, já que toda
CONDUTA É O MOVIMENTO CORPORAL VOLUNTÁRIO QUE
CAUSA MODIFICAÇÃO NO MUNDO EXTERIOR. conduta se dirige a um fim, o Direito Penal só
B) FINALISTA (HANS WELZEL) - CONDUTA É A VONTADE
DIRIGIDA A UM FIM: A AÇÃO HUMANA É EXERCÍCIO DE poderia regular as condutas com fim ilícito. Para
UMA ATIVIDADE FINAL.
C) TEORIA SOCIAL DA AÇÃO (HANS-HEINRICH JESCHECK E os crimes culposos, seria o fim de conduta lícita
JOHANNES WESSELS). CONDUTA É O COMPORTAMENTO
SOCIALMENTE RELEVANTE, DOMINADO PELA VONTADE.
por meios errados. A conduta é ontológica,
D) FUNCIONALISTAS (GÜNTHER JAKOBS E CLAUS ROXIN). existe independentemente da lei
CONDUTA É A AÇÃO REALIZADORA DO TIPO, POIS ESTE
CRIA A CONDUTA. A REALIZAÇÃO DO TIPO CONSTITUI c) Teoria Social da Ação: propunha excluir
UMA ETAPA DA IMPUTAÇÃO.
determinados efeitos da conduta socialmente
não aceita.
d) Funcionalista: a conduta é criada pelo tipo, que
seria a única coisa relevante para o Direito
Penal. Somente a norma é relevante, a
realização do tipo constitui uma etapa da
imputação.

O código Penal não adota nenhuma dessas teorias.


Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima

8. Teoria do Tipo
TEORIA DO TIPO
Os tipos permissivos são aqueles compostos por
normas permissivas existentes no Direito Penal, como por
CONCEITO DE TIPO.
exemplo, a legítima defesa.
TIPO NÃO SE CONFUNDE COM TIPICIDADE
Os tipos de injusto são os compostos por normas
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS:
A) TIPOS PERMISSIVOS proibitivas. No código Penal, os tipos de injusto são, em
B) TIPOS DE INJUSTO {DOLOSO
regra, tipos de injusto dolosos.
{CULPOSO

8.1. Tipos de Injusto Doloso

TIPOS DE INJUSTO São fundamentais para que se possa aferir a


tipicidade do crime (adequação). São compostos pelo tipo

{TIPO OBJETIVO objetivo e pelo tipo subjetivo (dolo).


I - TIPOS DE INJUSTO DOLOSO:
{TIPO SUBJETIVO
(DOLO) O tipo objetivo é composto por: núcleo, ou núcleos,
que contém o verbo que determina a ação tipificada. Os
II – TIPOS DE INJUSTO CULPOSO: {TIPO SUBJETIVO crimes de ação múltipla ou conteúdo variável possuem
(CULPA)
mais de um núcleo. Nesse caso, mesmo que o indivíduo
realize mais de uma conduta prescrita em norma, responde
por um único crime; elementos descritivos, que são
elementos que servem para facilitar a interpretação a fim
TIPO DE INJUSTO DOLOSO
de evitar equívocos. É meramente descrição; elementos
normativos, que servem para determinar conceitos
TIPO OBJETIVO: jurídicos. Precisa-se de lei para interpretar e são sempre
O TIPO OBJETIVO, NO INJUSTO DOLOSO, É A
DESCRIÇÃO JURÍDICA ABSTRATA, O ENUNCIADO valorativos. Quando os elementos descritivos e normativos
SOBRE A NORMA IMPERATIVA ELÍPTICA, QUE
EXPRESSA OS ELEMENTOS DO estão no tipo, não se pode desprezá-los quando se for
COMPORTAMENTO DITADO POR ELA, É, EM aplicar a pena.
SÍNTESE, A DESCRIÇÃO DO COMPORTAMENTO
PROIBIDO, QUE VAI PERMITIR AVERIGUAR A
TIPICIDADE DA CONDUTA. O tipo subjetivo doloso é o dolo. Este é composto por
elemento cognitivo (o agente sabe o que está fazendo, há a
consciência do ato), elemento volitivo (desejo de realizar o
TIPO DE INJUSTO DOLOSO tipo objetivo – o dolo do crime é o tipo objetivo doloso) e a
conduta (pôr em curso uma conduta mais ou menos
O TIPO OBJETIVO É COMPOSTO:
dominável, na perspectiva de realizar o tipo objetivo. Se a
A) PELO NÚCLEO OU NÚCLEOS
conduta for absolutamente ineficaz, não há crime – crime
B) POR ELEMENTOS
i) DESCRITIVOS E impossível).

ii) NORMATIVOS (sempre valorativos)


O dolo pode ser: direto, quando o agente pretendia
diretamente realizar o tipo objetivo; e indireto, que é
eventual quando para o agente tanto faz realizar o tipo
objetivo quanto não realizar (teoria da representação). O
indivíduo fica entre um tipo e a ausência de tipo. E é
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
alternativo quando o individuo se situa entre dois tipos
objetivos. Nesse caso, responde pelo delito mais grave, se
ele ocorrer.

Teorias sobre o dolo:


TIPO SUBJETIVO DOLOSO
É uma teoria que ligava o dolo como um vinculo nexo

DIRETO psicológico entre o individuo e o resultado, como ligava a


DOLO: conduta ao resultado no plano físico. Tenta explicar o dolo
na concepção causal (clássica). Não é usada na teoria
ALTERNATIVO finalista, o dolo hoje é usado como instituto puramente
INDIRETO:
normativo. Na teoria causal temos: fato típico + fato ilícito
EVENTUAL
+ culpabilidade (dolo e culpa). Na teoria finalista temos fato
típico/conduta (dolo e culpa) + fato ilícito + culpabilidade. O
dolo sai da culpabilidade e vem para a conduta. A teoria
TEORIAS SOBRE O DOLO normativa (psicológica) coloca o dolo tanto na culpa quanto

1. TEORIA PSICOLÓGICA na conduta; A teoria normativa pura tira totalmente o dolo


da culpabilidade para a conduta.
2. TEORIA NORMATIVA
8.2. Tipos de Injusto Culposo
3. TEORIA NORMATIVA PURA

Inexiste tipo objetivo no tipo de injusto culposo, porque a


* SERÃO MELHOR COMPREENDIDAS APÓS ESTUDO culpa é caracterizada exatamente pela (1) quebra de dever
DA CULPABILIDADE
objetivo de cuidado; (2) produção de um resultado; (3)
nexo causal entre 1 e 2; (4) previsão do resultado em lei
penal. A culpa não tem tipo objetivo, portanto, porque é
8.6. TIPO DE INJUSTO CULPOSO
impossível ao legislador prevê o sem número existente de
possíveis quebras de deveres objetivos de cuidado. A culpa
TIPO SUBJETIVO: CULPA (ou culpa stricto sensu): é exceção no direito penal, assim como o preterdolo, e o
IMPRUDÊNCIA
dolo é regra. No Brasil há uma divisão que não é mais feita
NEGLIGÊNCIA
IMPERÍCIA na Europa e que nos parece dispensável, entre as
modalidades da culpa: imprudência (quebra do dever
objetivo de cuidado caracterizado por um comportamento
ativo, caracteriza-se por ação imprevidente do agente);
negligencia (aqui o comportamento é passivo, é omissão.
Falta de cuidado); imperícia (é diferente, embora também
seja uma quebra de dever objetivo de cuidado. É
caracterizada pela ausência de aptidão para a execução de
determinado ato. O individuo deveria saber como realizar
aquela atividade, mas não sabe, e ainda assim age, e dessa
maneira, quebra um dever objetivo de cuidado. É o
incompetente.)

Pode ser consciente e inconsciente. Na primeira


o individuo prevê a possibilidade de ocorrência do
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
resultado, como também acontece no caso do dolo
eventual (nesse caso, o individuo aceita a existência do
resultado, na culpa consciente, não. Tal distinção se verifica
através das provas objetivas. Caso não seja possível
distinguir, temos o in dúbio pro réu para resolver os
problemas) na culpa consciente, o individuo acredita
piamente que com suas habilidades evitará a produção de
qualquer resultado. Na segunda, o individuo nem sequer
tem ciência da possibilidade de ocorrência daquele 8.3. Preterdolo:

determinado resultado.
É um misto de dolo e culpa. Dolo e culpa em um
único tipo. Um exemplo é o caso do casal de namorados

O PRETERDOLO que descobre que a moça está grávida, e ambos vão a um


farmacêutico que os vende um remédio abortivo. A moça
toma o remédio voluntariamente, e o namorado a ajuda a
CRIMES PRETERDOLOSOS OU
completar o procedimento. O feto morre e a moça
PRETERINTENCIONAIS
também, e perante o juiz, por qual crime o rapaz responde?
Claramente houve quebra do dever objetivo de cuidado,
embora o 0072apaz não quisesse a morte da moça nem
previsse as conseqüências. Ele responde por aborto
qualificado. Art. 127: Há o Dolo para o aborto, e a culpa
para o homicídio da moça. Tem-se dolo no antecedente e
CLASSIFICAÇÃO DO TIPO SEGUNDO SUA
culpa no resultado, que agrave a pena. Há também o art.
ESTRUTURA
129: lesão corporal seguida de morte.
• TIPO BÁSICO OU FUNDAMETAL
• TIPO QUALIFICADO Temos então os crimes culposos, dolosos e os
• TIPO PRIVILEGIADO
crimes preterdolosos.
• TIPO AUTÔNOMO – têm “uma estrutura
jurídica unitária, com um conteúdo e âmbito
de aplicação próprios, com medida penal 8.4. Classificação do tipo segundo sua estrutura:
autônoma” (MUÑOZ CONDE).
O tipo pode ser: básico ou fundamental quando
ele define a conduta base e depois define outras condutas.
Quando de um tipo se define outros, temos o primeiro
como tipo básico ou fundamental. Dele decorrem os outros
8.9. FUNÇÕES DO TIPO/ EVOLUÇÃO tipos; tipo qualificado, é sempre um, tipo que agrava a a
DO CONCEITO E TEORIAS pena, são delitos que frente ao tipo fundamental, tem
qualidades que aumentam a pena; tipo privilegiado, tem
uma pena mais branda que o tipo fundamental; tipo
• Após e com o estudo da Ilicitude
autônomo é todo aquele que tem pena privativa de
liberdade própria. Tem uma estrutura jurídica unitária, com
um conteúdo e âmbito de aplicação próprios, com medida
penal autônoma. O tipo pode ser fundamental e não ser
autônomo, quando puder haver mudança na pena.

8.5. Funções do tipo:

Uma das grandes funções do tipo seria uma


função de segurança jurídica para os jurisdicionados,
porque haveria pretensão de segurança para aqueles que
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
se situam sob a lei. A existência dos tipos geraria prudência
naqueles que sem esses, os efetivariam. Serve também
como prevenção geral negativa, a partir do momento em
que se anuncia que tal conduta é criminalizada, obviamente
se espera que a pessoas se abstenham dessa conduta.
Serve, nitidamente, para colmatar a tipicidade. Só se pode
verificar a tipicidade caso se tenha o tipo. A tipicidade é a
adequação da conduta ao tipo. O tipo tem uma série de
funções.
9. Tipicidade:

9. TIPICIDADE É a incidência de uma norma incriminadora


sobre um suporte fático. Seria a adequação de um fato
TIPICIDADE é a incidência de uma norma
incriminadora sobre um suporte fático (conduta cometido à descrição se faz dele na lei penal. Essa descrição
humana - ação ou omissão). Muñoz Conde, seria o tipo objetivo. Sempre que a conduta se adéqua ao
simplificando, diz que tipicidade “é a adequação
de um fato cometido à descrição que dele se faz tipo, tem-se a tipicidade. Essa pode ser formal (é o conceito
na lei penal” ou “é a qualidade que se atribui a um
comportamento, quando é subsumível a hipótese fornecido acima) ou material. Tipicidade material é a
de fato de uma norma penal” (MUÑOZ CONDE). ofensa significante ao bem jurídico. Deve ser relevante. Daí
Pode ser:
se gera o principio da insignificância.
A) FORMAL
B) MATERIAL
10. Resultado ou evento:

10. RESULTADO OU EVENTO Existem duas teorias sobre o resultado: teoria


• CONCEITO normativa, para quem resultado seria infringência á lei
• TEORIAS: penal, PIS quando o individuo pratica a conduta, ele
1. NORMATIVA infringe a lei; e teoria naturalística ou física, para quem o
2. NATURALÍSTICA OU FÍSICA
resultado seria a transformação do mundo físico exterior
provocada pela conduta. Desse modo, nem todo crime
teria resultado.

10.1. Classificação segundo a concepção física:

Os crimes podem ser materiais, que são os


10.1 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A delitos em que o tipo objetivo exige a transformação física
CONCEPÇÃO NATURALÍSTICA do mundo exterior para sua consumação. Temos como
• CRIMES MATERIAIS exemplo, o homicídio, o furto e o aborto; formais, são
• CRIMES FORMAIS
aqueles que o tipo objetivo, embora descreva a
• CRIMES DE MERA CONDUTA
modificação física do mundo exterior, não exige que ela
• CRIMES DE DANO ocorra. Exemplos desse tipo de crimes são a ameaça, a
• CRIMES DE PERIGO:
injúria, a calúnia, e a difamação; de mera conduta, o tipo
– CONCRETO E
– ABSTRATO OU PRESUMIDO objetivo sequer descreve o resultado. Como exemplo,
temos a invasão de domicílio; de dano, é uma ofensa ao
bem jurídico que determina uma lesão; de perigo, eu
quando o bem jurídico fica a mercê da lesão, mas esta não
ocorre. Pode ser concreto, quando se tem que provar
efetivamente que o bem correu perigo, e abstrato ou
presumido, é o perigo que não necessita de demonstração
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
empírica. Esse tipo de crime com perigo presumido causa Thyren cria a teoria do Processo de eliminação
controvérsias doutrinárias. hipotética, que configura uma operação mental, na qual se
suprimiria as possíveis causas mentalmente, e caso a
retirada de uma determinada conduta do curso dos
acontecimento modificasse o resultado, significaria que tal
fato foi causa do resultado. Portando, a ação ou omissão é
causa do resultado quando sem ela o resultado não teria
ocorrido.

Classificação das causas:

Causas absolutamente independentes em relação à condita

11. NEXO CAUSAL OU DE do agente: são causas que por si só provocam o resultado.

CAUSALIDADE Pode ser preexistentes à conduta, concomitantes a ela, ou

• Conceito:é a relação entre a conduta e o supervenientes à conduta. Se A ingere veneno, e depois B


evento nos crimes materiais (de resultado atira dez vezes contra A, mas A morre por envenenamento.
naturalístico). Ficam excluídos, pois, os crimes
A conduta de B não interferiu em nada na morte de A. B
formais e de mera conduta, não se falando
também em nexo causal nos crimes omissivos responde por tentativa de homicídio apenas. As causas
próprios, nos quais o comportamento é absolutamente independentes impedem a imputação do
essencialmente normativo.
resultado ao agente.

Causas relativamente independentes da conduta do


agente: tmabém podem ser preexistentes, concomitantes,
Nexo causal ou de causalidade: ou supervenientes há uma combinação da causa relativa
com a conduta. Como por exemplo, quando A dispara seis
É a relação entre a conduta e o resultado nos vezes contra B, que é hemofílico, e acerta-o na perna.
crimes materiais (Não se precisa de nexo causal nos crimes Normalmente um indivíduo não morreria, mas como B é
formais e nos crimes de mera conduta, nem nos crimes hemofílico, morre. O homicídio é imputado a A. o problema
omissivos próprios, nos quais o nexo causal é meramente surge com as causas supervenientes. Por exemplo, A atira
normativo, ou seja, o mandamento legal). Precisa-se provar contra B, B não morre, e é levado ao hospital. Na hora da
que a conduta causou o resultado. extração do projétil, em virtude da localização difícil em
que o projétil se encontrava, há uma hemorragia, e B
Teorias da imputação:
morre. Em outro caso, B chega ao hospital, o projétil é

Dentro das teorias da imputação, temos o nexo causal. Se retirado, mas B morre num incêndio que acontece no
pode imputar um crime a alguém quando a causalidade hospital. As imputações são distintas. Se houver o

ficar democnstrada. desdobramento físico da conduta, A responde pelo


resultado, no caso, homicídio. B só foi submetido à
Causa: extração da bala, e teve hemorragia porque A atirou nele.
Caso não haja desdobramento físico da conduta, o
O artigo 13 do CP adota a teoria causal, e define
resultado não pode ser imputado. Na segunda hipótese, A
causa como a ação ou a omissão sem a qual o resulta não
não tem nada a ver com o incêndio que houve no hospital.
teria ocorrido. Portanto, a conduta é a causa do resultado.
Responde apenas pelos resultados anteriores ao incêndio,
O CP adota as teorias dos antecedentes causais (conditio
ou seja, tentativa de homicídio.
sine qua non), ou seja, tudo aquilo que contribui para o
resultado é causa dele. O dolo e a culpa limitam essa teoria, Sujeitos do crime:
pois caso contrário, diversas coisas seriam causa de um
delito (até Deus, ou a mãe do individuo, porque o pôs no No direito penal chamaremos os autores do

mundo) e as causas iriam ao infinito. crime (executores, mandatários), chama-se de sujeitos


Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
ativos, ou agentes. No inquérito policial, são indicciados, ou
imputados. Na ação penal pública, são réus. Na ação penal
privada são querelados. Na criminologia, criminosos. Quem
sofre o crime, é sujeito passivo ou vítima. Nos demais
ramos, vítima. Pode ser o ser humano, o embrião, o estado,
a família. Équem suporta o crime

Objeto do crime:

Material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do


sujeito ativo. O objeto material do homicídio é o ser
humano vivo.

Jurídico: É o bem jurídico tutelado. O objeto jurídico do


homicídio é a vida.

Teorias da imputação objetiva do resultado:

Tem diversos antecedentes históricos, como


Platão Aristóteles, Hegel, e Pufendorf.

Concepção de Claus Roxin: os critérios de imputação são


imprecisos, então deveriam ser determinados antes mesmo
do dolo e da culpa. Os critérios de imputação seriam a
diminuição do risco, a criação ou não criação de um risco
juridicamente relevante, o aumento do risco permitido, o
âmbito da proteção da norma (do tipo). Pretende retirar a
imputação do sujeito. Por exemplo, quando A ultrapassa B,
a 100 km por hora, em via pública que só permite 40 km
por hora. B era um senhor de 80 anos, que morre de um
enfarte por conta do susto. O crime não pode ser imputado
a A, pois não causou acidente de trânsito. A morte de B por
susto (enfarte) não está no âmbito de proteção das normas
de trânsito.

Gunther Jakobs: temos como critérios o risco permitido, o


principio de confiança, a proibição do regresso, e a
competência da vítima.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
12.1 O Desenvolvimento do conceito de
ilicitude pelos penalistas
Segundo Juarez Tavares o conceito de ilicitude somente começou a despontar
com as incursões de von Jhering no Direito Civil romano, possibiitando-se
a diferença entre as conseqüências um ato ilícito e de um ato culpável.
• A. Merkel – Segue com a evolução dogmática com sua contribuição a
propósito da TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO
• K. Binding – Formulação do delito como contrário a norma, mas não a lei.
• Franz von Liszt – Formatando o conceito de antijuridicidade formal, se
pôde compreender que o delito estava situado em correlação com as
normas da ordem jurídica. Deve-se a Liszt a compreensão da
antijuridicidade como elemento autônomo do delito.

12. A ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE

Ao inverso do que ocorre com outras categorias da teoria jurídica


do crime, a antijuridicidade não é um conceito específico do
Direito Penal, porém um conceito unitário, válido para todo o
ordenamento, embora, registre-se, tenha conseqüências 12.2 Ilicitude ou antijuridicidade Objetiva e
distintas em cada ramo do Direito .
Subjetiva – Ilicitude e Injusto Penal
“O Direito Penal não cria a antijuridicidade, senão seleciona, por
meio da tipicidade, uma parte dos comportamentos ilícitos, os
mais graves, cominando-os com uma pena” (Muñoz Conde) Fixação do conceito de antijuridicidade e injusto:
Enquanto a antijuridicidade é a característica que tem uma
conduta de ser contrária a ordem jurídica, o injusto penal não é
senão a própria conduta que apresenta os caracteres de ser
penalmente típica e antijurídica

Antijuridicidade Objetiva – é a desvaloração que a ordem


jurídica faz da conduta.
Antijuridicidade Subjetiva – Apregoa a antijuridicidade como
parte da conduta interna (aspectos subjetivos) do agente.

12.3. As Causas de Exclusão da


Ilicitude, chamadas de causas de
exclusão do crime ou justificantes
• Legítima Defesa
• Estado de Necessidade
• Exercício Regular de Direito
• Estrito Cumprimento de Dever Legal
• Consentimento do Ofendido
– Modernamente estrutura-se o Consentimento:
a) como causa de exclusão da tipicidade – quando se
constitui em elementar do tipo
b) como causa de exclusão da ilicitude – quando não
se constitui em elementar do tipo

12. A Ilicitude ou Antijuridicidade

A ilicitude não é um conceito exclusivo do


Direito Penal. Ou seja, ele não cria a ilicitude, que na
verdade é apenas a contrariação ao que existe no
ordenamento jurídico. O direito penal seleciona uma parte
mais grave dos ilícitos e os regulamenta (segundo os
princípios penais).

Alguns autores consideram a ilicitude com a


essência do crime (se o fato fosse típico, seria ilícito).
Defende o ratio essendi, onde a ilicitude seria a razão de
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
ser a tipicidade. Os autores que postulam pela idéia do culposo, quando o excesso for devido a convicção errônea,
ratio congnoscendi acreditam que o fato típico é apenas mas inescusável, vencível, indesculpável.
indicio de ilicitude. Além da ilicitude, tem-se fato típico e
Estado de necessidade
culpabilidade (conceito analítico) O ilícito é sempre fato
típico, mas o contrário não é verdadeiro, há excludentes de
Constitui em uma situação de perigo atual, com
ilicitude.
todos os interesses em jogo protegidos pelo direito, em
que o agente, para salvar o seu próprio interesse oi o
Para Merkel, que prega a teoria dos elementos
interesse de pessoa que lhe é cara (terceiro), não tem outro
negativos do tipo, os excludentes de ilicitude excluiriam, na
meio senão o de lesar o interesse de outras pessoas.
verdade o próprio fato típico. Binding aparece com a teoria
de que o delito cumpriria a lei penal, seria contrário apenas
Tem como requisitos: a situação de perigo; a
à norma.
atualidade desse perigo; a ameaça a direito próprio ou
alheio, de terceiro próximo; situação não causada
O injusto penal não pode ser confundido com
voluntariamente pelo sujeito; e a inexistência de dever
ilicitude, porque a ilicitude é um elemento autônomo, e o
legal de enfrentar o perigo (por exemplo, os bombeiros têm
injusto penal é a soma de fato típico com o ilícito.
o dever de salvar vitima de um incêndio, mas um cidadão
Objetiva, não depende de nada relacionado ao comum, não.
sujeito. A subjetiva utiliza elementos relacionados ao
A prática da conduta lesiva exige: inevitabilidade do
sujeito
comportamento lesivo; inexigibilidade de sacrifício do
12.3. As causas de Exclusão da Ilicitude interesse ameaçado (proporcionalidade); e conhecimento
da situação de fato justificante (elemento subjetivo, apenas
As quatro primeiras causas são expressas, a última é
para os finalistas é requerido. Entretanto, é difícil provar
considerada supralegal, pois não aparece claramente no
que se conhecia o estado de necessidade)
ordenamento jurídico. Embora o consentimento do
ofendido em geral seja considerada excludente de ilicitude, Forma do estado de necessidade
mas por vezes é causa de exclusão da própria tipicidade,
Pode ser próprio ou de terceiro; real ou putativo (é
como por exemplo, num caso de estupro, com
um erro, acha-se que há estado de necessidade, quando na
consentimento deixa de ser crime. Como exclusão da
verdade não há); agressivo ou defensivo.
ilicitude, temos, por exemplo o caso das tatuagens, que
numa análise geral, constitui o suporte fático da norma de
Há, no art. 24, uma causa especial de diminuição da
lesão corporal, mas o consentimento do sujeito
pena, em hipóteses que não são cobertas pelo estado de
descaracteriza o ilícito.
necessidade, mas ganham diminuição da pena. Embora o
sacrifício seja razoável, não é de todo exigível, por isso há
Para a escola clássica, basta apenas que haja a
atenuação da pena.
configuração da causa de exclusão, não se precisa
demonstrar requisito subjetivo, o que é necessário apenas
à teoria finalista. Precisa saber que se está em exercício
regular de direito. Legítima defesa

Excesso nas causas de exclusão É a reação necessária contra uma agressão injusta e
atual ou iminente é não provocada (art. 25).
Acontece quando a proporção do delito é superior à
ofensa, e recai em excesso, que o o excludente de ilicitude Tem como requisitos que a agressão deve ser atual
não ‘cobre’. (é a agressão que está acontecendo, que se encontra em
sua fase militante); iminente (é a que está prestes a
Pode ser: doloso, quando forem excedidos os limites
ocorrer. Não há legitima defesa contra agressão passada ou
da discriminante com vontade consciente; e pode ser
futura. O direito penal não admite a vingança privada);
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
injusta. E a reação deve: haver a necessidade dos meios b) Sujeito passivo: quem ofereceu perigo
empregados; e a moderação no uso dos mesmos (relação inicialmente e possibilitou que o outro se
de proporção entre a agressão e a relação que lhe é encontra-se em situação de legítima defesa.
oposta).
Exercício regular de direito
A legítima defesa também pode ser putativa, o que
É uma faculdade que o agente tem de agir de
seria também um erro.
determinada forma. Se alguém possui um direito, ao
Excesso e erro na Legítima Defesa: exercitá-lo não pode estar agindo contrariamente à ordem
jurídica e sim, de acordo com ela.
a) Legitima defesa subjetiva: é o excesso por
erro de tipo escusável, que exclui o dolo e Tem como requisitos: proibição do excesso, embora
a culpa, o agente encontrando-se se fale em excesso escusável; exercício dentro dos limites
inicialmente em legitima defesa, por erro dispostos juridicamente; para a teoria finalista, o requisito
quanto ao modo de reação ou gravidade subjetivo;
do perigo, plenamente justificado pelas
Como exemplo, temos: intervenções médicas, boxe,
circunstancias, supõe-se ainda achar-se em
luta livre, poder familiar, prisão em flagrante por particular.
legitima defesa.
b) Legítima defesa sucessiva: é a repulsa
Estrito cumprimento do dever legal
contra o excesso. Por exemplo, A é
agredido levemente por B, e reage Embora se pratique conduta típica, exclui-se a
excessivamente, espancando B. B, por sua ilicitude quando a tipicidade advém de ato praticado em
vez, tem o direito, de, em legítima defesa, estrito cumprimento de dever regulado pelo direito
também espancar A. objetivo.
c) Legitima defesa putativa: ocorre por erro
de tipo ou proibição, plenamente Não se refere somente a funcionário público e a seu

justificado pelas circunstâncias, supõe cargo ou função. O particular pode observar o caráter

encontrar-se em face de uma agressão estrito da justificativa quando travestido numa função

injusta que na realidade não há. publica.

Ofendículos ou Ofendículas Tem como requisitos: dever imposto pelo direito


objetivo a proibição do excesso; requisito subjetivo;
Significa obstáculos, impedimento. Juridicamente,
quer dizer aparatos para defender o patrimônio, ou Como exemplos, temos: força policial, morte

qualquer bem jurídico de ataque ou ameaça. Ex: cacos de praticada por soldados na guerra, prisão em flagrante (para

vidro no muro, pontas de lança no muro, cerca elétrica em as autoridades policiais)

portões, cercas, armas que disparam mediante dispositivo


predisposto, etc. trata-se de legítima defesa ou exercício
regular de direito? No entendimento do professor seria
exercício regular de um direito.

Sujeitos da legitima defesa:

a) Sujeito ativo: é quem se defende. Pode ser


própria, quando defendo bem jurídico meu, ou
de terceiro, quando defendo bem jurídico de
terceiro.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima

13. CULPABILIDADE: CONCEITOS

• TEORIA DA AUTODETERMINAÇÃO DO SER HUMANO


(perspectiva antropológica)

• CULPABILIDADE PELA CONDUTA DE VIDA

• CULPABILIDADE E OS FINS DA PENA (FUNCIONALISMO)

13.1. TEORIAS DA CULPABILIDADE

• TEORIA PSICOLÓGICA – é a relação psicológica


entre a conduta e o resultado (Positivismo
Sociológico de VON LISTZ – base determinista
que desconsidera a autodeterminação do ser
humano)
• A culpabilidade é o próprio dolo e a culpa
“stricto sensu”.
• Não explica a Culpa Inconsciente.

13.2. TEORIAS DA CULPABILIDADE

• TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA – conteúdo


heterogêneo da culpabilidade, pois era ao mesmo
tempo relação psicológica e juízo de reprovação da
conduta (FRANK,GOLDSCHMIDT, MEZGER).
• Frank – o Dolo é um capítulo da culpabilidade, ou
seja, também é relação psicológica
• Goldschmidt – o Dolo é pressuposto da Culpabilidade
• Mezger – O Dolo é desvalorado

13.3. TEORIAS DA CULPABILIDADE

• NORMATIVA PURA – conteúdo homogêneo da


culpabilidade, limitada a pura reprovabilidade
da conduta (WEBER, DOHNA, WELZEL).
• Pressupõe:
– 1. ÂMBITO DE AUTODETERMINAÇÃO
– 2. POSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO DA
ILICITUDE
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
Culpabilidade se cabe ou não a imputação de pena para o
indivíduo. Se os três requisitos estiverem
Teoria Pura da Culpabilidade:
presentes, cabe sentença absolutória
imprópria. Pode haver, também, casos em que
Lombroso e Freud são pessoas que negam a
há as capacidades intelectiva e volitiva, mas
culpabilidade, pois ela parte necessariamente de um
essas são apenas diminuídas. Nesse caso, o
mínimo de autodeterminação pelo ser humano. O ser
individuo é imputável, há a capacidade penal
humano tem disponibilidade para escolher o justo ou o
diminuída (alguns autores chamam de semi-
injusto e ao escolher o injusto, ele demonstra ter uma
imputabilidade, mas a terminologia não parece
predisposição natural para o injusto. Se o indivíduo,
correta), haveria, então redução de pena. A
quando livre, escolhe o injusto, ele deve ser punido.
verificação das patologias é feita através do CID
O primeiro requisito da culpabilidade é a (catálogo internacional de doenças),
imputabilidade. Para que se possa responsabilizar alguém reconhecido pela OMS. O último caso de
pelo injusto, ele tem que ser imputável, por isso não se inimputabilidade por esse critério é a chamada
pode responsabilizar os inimputáveis. Imputabilidade é a embriagues acidental completa. Embriaguez é
capacidade de responsabilização penal. Inimputáveis são uma intoxicação aguda, intensa, provocada
aqueles que não tem capacidade de responsabilidade pelo álcool ou por substancias de efeito
penal. análogo, como por exemplo, os entorpecentes.
A embriaguez pode ser patológica (nesse caso é
Há quatro critérios para determinação da considerada uma doença mental. Acomete os
imputabilidade: descendentes de ébrios. Se embriagam com
muita facilidade), voluntária (é aquela desejada
a) Biológico: adota esse critério no art. 27 do
pelo agente. Não isenta de pena. Prevalece
Código Penal, quando diz que menores de 18
para a embriaguez voluntária o princípio da
anos são inimputáveis. É biológica, pois toma a
actio libera in causa, que implica em
puberdade, por conta das transformações
responsabilidade. As conseqüências são
físicas e psíquicas que ocorrem nessa fase,
assumidas pelo individuo que se embriaga),
como indicador de inimputabilidade. Não
culposa (por exemplo, quando o indivíduo
significa que os menores de 18 ficam impunes
ingere pouco álcool, mas por culpa de uma
pelos atos infracionais que cometem, apenas
medicação que está tomando, se embriaga com
não são responsabilizados pelo Direito Penal,
facilidade. A embriaguez é previsível, embora
mas através de medidas sócio-educativas;
não desejada), preordenada (o indivíduo se
b) Psicológico: não é adotado pelo direito
embriaga exatamente para cometer o delito,
brasileiro. Considera apenas características
seja para ganhar coragem, seja para alegar
psicológicas, para saber se o indivíduo tem
inimputabilidade. Se ficar provada, é um
condições de ser responsabilizado;
agravante previsto no art. 61, II, “l”), e, por fim,
c) Biopsicológico: adotado pelo Código Penal no
a acidental (que pode ser completa, e
art. 26, caput e parágrafo único. Considera os
incompleta, sendo que apenas a primeira é
critérios biológicos e psicológicos,
causa de inimputabilidade. É uma embriaguez
conjuntamente. Pressupõe três requisitos:
produzida por caso fortuito ou força maior. Se
causal (a causa é sempre biológica. Por
for incompleta, é causa de redução de pena.
exemplo, esquizofrenia), temporal (o tempo do
Existem três fases da embriaguez, a primeira
crime) e conseqüencial (existência de
fase, é a fase da excitação [ou fase do macaco,
capacidade volitiva e/ou intelectiva ao tempo
nessa fase, a medicina explica que a substancia
do crime). As doenças mentais são indício de
entorpecente rompe as barreiras do superego,
inimputabilidade, mas é necessária a avaliação
cause desinibição, provoca torpor corporal], a
médica para que se verifique no caso concreto
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
segunda, a da depressão [ou fase do leão. psicológica, quando, por exemplo, em ameaça
Causa irritação, porque o álcool começa a física a familiar ou pessoa próxima com o
atingir, as glândula, o corpo já não suporta a intuito de obrigar o coagido a executar
substancia. A provocação biológica nas determinada conduta. O coator responde pelo
glândula, combinada com as disposições do crime cometido pelo coacto e por
caráter do individuo, causa irritação], a constrangimento ilegal.
terceira, a do sono [ou fase do porco, em b) Obediência hierárquica: acontece sempre,
função de uma característica do álcool, que obrigatoriamente, em relações de direito
causa relaxamento dos esfíncteres, que são público, em especial, casos nas forças armadas
músculos que comandam entrada e saída de e na policia. Não há obediência hierárquica em
líquidos corporais] basta que se atinja a relações particulares. Há a figura do superior,
segunda fase para que a embriaguez seja subordinado e vítima. A primeira coisa que é
considerada completa, o que pode ser necessária provar é a existência de vínculo de
comprovado através de exame de sangue, subordinação. Em seguida, observa-se a
verificando-se o nível da substancia presente existência de ordem não manifestamente
no sangue). A embriaguez acidental completa é ilegal, quase sempre, oral, e demandando
causa de inimputabilidade, conforme o art. 28 § cumprimento imediato. A ilegalidade da ordem
1º. Caso seja incompleta, aplica-se a redução não deve ser clara, então o subordinado não
de pena, conforme o art. 28 § 2º; pode discutir a ordem. Se a ilegalidade for
d) Antropológico: aplica-se para os povos clara, responde superior e subordinado. Se não
indígenas. Esses povos têm costumes diversos. for clara, responde apenas o superior.
Caso cometam delito, devem ser entregues à
Existem também casos supralegais de inexigibilidade
sua própria tribo, punidos conforme sua
de conduta diversa. Por exemplo, o caso de um cidadão
cultura. Isso se aplica apenas para índios que
paulista, de 80 anos de idade, que se deslocava devagar
não são aculturados, adaptados. Caso haja essa
para buscar uma pensão. Então, cinco vezes, em seqüência
adaptação, o individuo responde penalmente.
mensal, teve sua pensão roubada. Para se defender, o
Não é descrito pelo código penal, está exposto
idoso compra uma arma. Embora não a utilize, foi pego
na constituição federal quando ela afirma
com a arma, e indiciado por porte ilegal de armas. O juiz do
respeitar as culturas de outros povos,
caso ordenou a extinção do processo, alegando
sobretudo os primeiros habitantes do Brasil.
inexigibilidade de conduta diversa, embora de forma
2. exigibilidade de conduta diversa supralegal, averiguável apenas no caso concreto.

Depois de constatada a imputabilidade, verifica-se se 3. consciência potencial da ilicitude


ao individuo imputável, poder-se-ia, no caso concreto,
Aparece agora os chamado erro de proibição.
exigir outra conduta que não o injusto. Existe a chamada
Suponha o seguinte exemplo. A e B são habitantes da zona
inexigibilidade de conduta diversa, prevista no art. 22 do
rural de Alagoas, namoram há 10 anos, e se casam. Durante
Código Penal, que leva-nos a pergunta: quando ao
a lua-de-mel, a mulher se nega ao marido. O marido força,
imputável, é inexigível uma conduta diversa? Há dois casos
e acaba estuprando-a. Alguns autores alegam exercício
previstos legalmente:
regular de direito, embora não seja. Mas, no caso do
a) Coação moral irresistível: Aparecem três indivíduo, ignorante, desinformado, não há a possibilidade,
figuras, o coator, o coacto ou coagido, e a no caso concreto, de atingir a consciência de que comete
vítima. Coação irresistível é uma situação ao ato ilícito. Incorre no caso de erro de proibição, pois o
qual o indivíduo não pode resistir. No caso de individuo não tem a possibilidade de atingir a consciência, e
coação física, não há conduta,. Portanto, não o erro é inevitável. Nesse caso, baseado na inevitabilidade
há fato típico. No caso da coação moral, ela é do erro, não a culpabilidade.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade
de perceber, no caso concreto, que tal ação é errada. O
Erro Jurídico Penal
desconhecimento da lei é irrelevante. O requisito não se
cumpre apenas nos casos de erro de proibição inevitável.
Conceito

Erro é falsa noção da realidade consensual. Quem


está em erro, está enganado. Erro é engano.
Trabalho sobre imputação objetiva: o que é, quais os
requisitos. Para entregar dia 15/06.
Erro de Tipo

Teorias da culpabilidade
O erro de tipo, na concepção do Prof. Alberto, é
sempre essencial.
1. Teoria psicológica (Franz Von Liszt)

Entretanto se se considera apenas o nome ‘fantasia’,


É a primeira teoria da culpabilidade, que foi criada na
faz-se como a doutrina, que apresenta duas formas
época da influencia do chamado positivismo sociológico.
distintas:
Para essa teoria, culpabilidade é a relação psicológica entre
o agente e o fato por ele praticado. Então, para essa teoria,
a) Erro de tipo essencial é aquele que incide sobre
na culpabilidade, além da imputabilidade, existiriam apenas
os elementos do tipo objetivo. Ele pode ser:
o dolo e culpa, que nesse momento não se situavam na
invencível (ou escusável ou desculpável. É
conduta, que era verificada apenas pelo nexo de
aquele que não pode ser superado no caso
causalidade, situando-se os elementos subjetivos na
concreto), ou vencível (ou inescusável ou
culpabilidade.
indesculpável. É aquele que um ser humano
pode vencer nas circunstâncias do caso
2. Teoria psicológico-normativa (complexa – R.
concreto). O erro de tipo essencial, quer
Frank/Meger/Goldschmitd)
vencível ou invencível, exclui sempre o dolo,
Nessa teoria, a localização do dolo variava entre pois ele ocorre exatamente eliminando o
conduta e culpabilidade, entretanto, era consensual a idéia elemento cognitivo do dolo. Os indivíduo A, B e
de que só havia dolo quando houvesse consciência C são irmãos, em uma região em que é
potencial da ilicitude, quando atualmente, há apenas os permitida a caça, e separam-se na mata. Em
elementos intelectivo e volitivo. Via de regra, mantém o determinado momento, por um não saber
dolo tanto na culpabilidade quanto na conduta, por onde o outro está, A atira em C imaginando
requererem essa consciência da ilicitude. que C era um animal que se mexia na
folhagem, e o mata. Fica comprovado no
É complexa pois não há consenso quanto ao local
processo que A matou C. Entretanto, há erro de
onde se situaria o dolo.
tipo, pois A não sabe que está matando alguém
(C), pois pensa que é um animal. O tipo
3. Teoria Normativa Pura
objetivo está em ‘Matar Alguém’, mas A não
O dolo é natural, não é mais valorado, deixa o sabe que matava alguém. Se, no caso concreto
aspecto de valoração exclusivamente para a culpabilidade e percebe-se que houve quebra de dever
retira do dolo qualquer tipo de valoração. Por essa teoria, o objetivo de cuidado, o erro é vencível, e exclui
individuo não precisa conhecer a lei para ter culpabilidade o dolo, mas dá azo à culpa, o indivíduo
(nem dolo), a consciência potencial da ilicitude resume-se a responde pelo crime culposo, se houver
pode atingir a consciência de que o que se faz é errado. previsão legal. Se fica provado que o erro é
Essa consciência se dá na esfera paralela do profano, pois invencível, não há dolo, nem culpa. Essa é
não é conhecimento técnico. Não se precisa conhecer o art. diferença fundamental entre erro de tipo
121 para se saber que matar é errado. essencial vencível e invencível.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
b) Erro de tipo acidental é aquele que incide sobre pedra pretendendo quebrar a
dados agregados ao tipo, mas fora dele. Não vitrine da loja. Entretanto, D acerta
exclui o dolo, ele permanece integro. Pode ser: F, que estava passando no momento
 Erro sobre o objeto (‘in objecto”): e o lesiona. D responde pelo crime
Por exemplo, o indivíduo pretende mais grave, no caso, lesão corporal;
furtar ouro, e furta prata. Não incide  E erro sobre os desdobramentos
sobre o tipo, há furto da mesma causais (“Aberratio Causae”): Po
forma, pois a norma não tipifica o exemplo, G quer matar H, dispara
que deveria ser furtado. Há, tiros, erra cinco, e acerta um, que
obviamente, dolo; deixa H desmaiado. G, pensando
 Erro sobre a pessoa (“in persona”): que H está morto, e pretendendo
Por exemplo, A quer matar B, que é ocultar o ‘cadáver’, derruba-o num
seu pai e acaba matando C, um sósia lago, e H morre afogado, como fica
de B. Caso não houvesse erro, provado depois pela pericia. Nesse
haveria homicídio qualificado e seu caso, o dolo é geral, e G responde
motivo considerado torpe. Contra C, por homicídio doloso e ocultação de
não haveria agravantes. Entretanto, cadáver.
o código penal estabelece, no art. 20
Erro de Proibição (Erro sobre a ilicitude do fato)
§ 3º afirma que para efeitos de
dosimetria da pena se consideram
É o erro sobre a proibição jurídica do fato. O
apenas as características da vítima
indivíduo sabe o que faz, mas não há a consciência sequer
virtual, e não da acidental) Há erro
potencial da ilicitude (a diferença para o erro de tipo
pois acontece na representação
essencial é que nesse não se sabe o que faz, portanto,
psíquica que o individuo tem do
exclui o dolo, que por conseqüência, exclui o fato típico).
outro. Não incide sobre o tipo, pois
Exclui apenas a culpabilidade, pois não há consciência
a lei tipifica o homicídio sem
potencial da ilicitude, é o contrário desta.
especificar sobre quem deve ser
executado o delito; Pode ser:
 Erro sobre a execução (aberratio
a) Direto: o agente atua convicto de que sua
Ictus): Por exemplo, utilizando o
conduta não é proibida pela ordem
mesmo caso hipotético, A,
jurídica. Não tem condição de atingir a
pretendendo matar B, e sabendo
consciência potencial da ilicitude. Por
quem é seu alvo (não há erro sobre
exemplo, um árabe vem para o Brasil, e
a pessoa), por inabilidade com a
aqui, se encanta por três mulatas e casa
arma, ao disparar seis tiros, acerta
com as três. Não há crime de bigamia.
B, mas também C, que ia passando
b) Indireto ou permissivo: atua sobre uma
ao mesmo tempo. B morre, e C é
norma permissiva. Reporta-se a existência
lesionado. A responderia pelo crime
ou aos limites de causas de justificação. O
mais grave, com a pena aumentada
erro se dá na consciência do indivíduo. Por
de um terço a um sexto;
exemplo, um indivíduo A tem câncer
 Resultado diverso do pretendido
terminal e pede a seu irmão B que o mate,
(“Aberratio Delicti”): é similar ao
para acabar com seu sofrimento. B,
aberratio ictus, mas o erro se
acreditando piamente que há causa de
observa entre pessoa-coisa-pessoa.
justificação, mata A. O agente deve provar,
Por exemplo, D está irritado com o
em juízo, que incorreu em erro. As
E, que é dono de uma loja, atira uma
excludentes de ilicitude putativas
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
(supostas) são uma espécie de erro de preparatório. É também impunível pelo Direito
proibição indireto, mas esse erro incide Penal, pois o autor não sai do seu âmbito, ele
sobre as causas de exclusão de ilicitude, não interfere na esfera alheia. Os atos
precisamente, sobre seus limites ou sobre preparatórios lato sensu, por vezes já
seus aspectos fáticos. Para a maioria dos constituem crimes por si sós, como o porte
autores, hoje, no Brasil, as descriminantes ilegal de arma.
putativas tanto podem ser erro de tipo c) Fase de Execução: é o inicio do ataque ao bem
quanto erro de proibição indireto, depende jurídico tutelado. Pode ser através de perigo
da incidência do erro. Por exemplo, A que ou de dano. É a primeira fase punível pelo
é um fugitivo da polícia, invade a casa de B, Direito Penal. Se o agente não ultrapassa essa
e B, assustado, dispara diversos tiros fase, o crime será tentado.
contra A, e mesmo depois de A estar caído d) Fase de Consumação (meta optata): reunião
do chão, visivelmente morto, B continua de todos os elementos da definição legal do
disparando, pois acredita que tem o direito delito, última fase. É o que efetivamente o
de fazê-lo pois A invadiu sua casa. É um autor pretende, a conduta pretendida. Não se
erro de proibição indireto, pois ele incide consume com o exaurimento, que é um plus,
sobre o entendimento equívoco de uma um fim último que o agente pretende com o
causa de justificação. Em outro caso, os delito, quando ele atinge todos os objetivos
indivíduos C e D são inimigos mortais, e se pretendidos com o crime. Por exemplo, se A
encontram num beco escuro, C põe a mão quer matar seu tio B para ficar com a herança,
no bolso, para sacar um objeto qualquer. a consumação se dá com a morte, o
D, supondo que C iria sacar uma arma, exaurimento se dá quando A receber a
atira em C. No entanto, D estava herança. O exaurimento não é fase do delito.
procurando um isqueiro. Há erro sobre as Pode haver consumação e exaurimento
situações fática que constituiriam a simultaneamente.
legitima defesa. Para alguns autores, seria
Consumação
erro de tipo, para outros (inclusive o
professor), mantém-se como erro de
O crime consumado é aquele em que todos os
proibição indireto. As variantes dizem
elementos do tipo objetivo estão reunidos, acontecem, se
respeito às teorias da culpabilidade.
concretizam.

Há também o erro provocado por terceiros, e nesse


 Os crimes materiais, de uma maneira geral, se
caso, responde pelo crime o terceiro que o provocou
consumam quando se concretiza o resultado
conforme o art. 20 § 3º.
naturalístico, se o resultado não acontecer, pode
haver tentativa. Entretanto, os crimes de roubo e
Consumação e Tentativa
furto, nesse caso, são crimes especialíssimos, se
Fases ou caminhos do crime – Iter Criminis consumam apenas no momento do
assenhoreamento do bem, em razão do elemento
a) Fase da cogitação: estado psíquico, foro
normativo constante nas normas (“para si”).
interno do agente, pensamento. É o momento
 Para os crimes formais, em regra, acontece com a
da idealização do delito. É impunível pelo
conduta delituosa, mas há exceções (no crime de
Direito Penal;
ameaça, por exemplo, a consumação se dá quando a
b) Fase da preparação ou atos preparatórios
vítima tem conhecimento do ato ameaçador. Já nos
stricto sensu: meios e instrumentos para
crimes de calúnia e difamação, a consumação se dá
execução, possibilita esta, mas não constitui a
quando terceiros tomam conhecimento da
mesma. O indivíduo não coloca nenhum bem
declaração caluniosa ou difamatória).
jurídico em perigo, o ato é estritamente
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
 Para os crimes de mera conduta, consumação com a Há trres teoria para definir o inicio do crime.
mera conduta descrita no tipo objetivo.
A teoria objetiva formal diz que quando o agente
 Para os crimes habituais faz-se necessário primeiro
começa a realizar uma parte da ação típica (a determinação
definir o que esses vêm a ser. A definição está
do inicio da execução é deita sempre em face de cada tipo
diretamente ligada à sua consumação. Como
de crime, tomando-se em conta a ação que o configura).
exemplo desses crimes, temos os art. 283 e 284 do
Tem se o tipo objetivo, quando o agente começa a realizar
Código Penal, que definem os crimes de
o que o tipo objetivo prescreve, tem-se o inicio. Essa teoria
Charlatanismo e Curandeirismo. Esses crimes só se
é extremamente falha.
consumam quando a conduta do sujeito passa a
constituir o modo de vida do agente. A conduta deve
A teoria objetiva diz que importa a distinção do inicio
se tornar habitual. Se a conduta do agente se adéqua
da execução da ação típica, e o inicio da execução do crime,
ao tipo objetivo uma única vez, não constitui
esse ultimo é tido de maneira mais ampla, abrangendo os
consumação do crime. Necessitam da reiteração da
atos que se acordo com o plano do sujeito, são
conduta de forma especial na vida do sujeito;
imediatamente anteriores ao inicio da conduta típica.
 Para os crimes omissivos puros, a consumação se dá
no momento da omissão; A teoria do começo do perigo concreto para o bem
 Para os crimes omissivos impuros, a consumação se jurídico pode ser entendida por um exemplo. A sai de casa
dá no momento do resultado; e esquece a carteira. B bate no bolso de A, e não acha nada,
 Para os crimes preterdolosos, a consumação se dá, pois A está sem carteira. Num segundo caso, A está com a
também, com o resultado; carteira no bolso esquerdo e B bate no bolso direito. Em

 Para os crimes permanentes, a consumação se ambos os casos não há furto. Mas há tentativa? Para a

prolonga no tempo, daí terem essa nomenclatura; teoria em exame, no primeiro caso, não há tentativa, pois
não houve perigo a bem jurídico nenhum, configura crime
Tentativa impossível, pois o bem jurídico não existe no caso concreto.
No segundo caso, há tentativa, pois houve perigo ao bem
Ocorre a tentativa quando cindida a fase da
jurídico.
execução o delito não venha a se consumar por
circunstancias alheias à vontade do sujeito. Na definição de O código penal italiano consagrou uma teoria que
Heleno Claudio fragoso “é a realização incompleta da parece a mais adequada, onde o inicio da execução se
conduta típica, que não se integra, em seu aspecto baseia em dois critérios: (i) a inequivocidade da conduta, a
objetivo, por circunstâncias alheias a vontade do agente” conduta é evidente, clara, manifesta, o propósito do agente
é óbvio; e (ii) a idoneidade da conduta , ou seja, a conduta
Tem três elementos: o inicio da execução da ação
deve ser potencialmente capaz de produzir o resultado
que constitui o crime; A não consumação por
pretendido pelo agente.
acontecimento alheio a vontade do agente; e o dolo.

Esses critérios devem ser vistos conjuntamente. Se


A tentativa é norma de ampliação ou de extensão
mesmo com todos esses critérios, houver dúvida quando à
(irradia seus efeitos para todo o código e as leis
fase da conduta criminosa, deve-se fazer uso do in dúbio
extravagantes penais), e juntamente com a norma de
pro réu, e não há tentativa.
caráter incriminador possibilita a tipificação da conduta e a
sanção ao agente. O elemento subjetivo é o mesmo do Inadmissibilidade da tentativa
crime consumado (dolo). Nem todos os crimes admitem
tentativa, essa somente se dá quando há previsão legal. Não se admite tentativa nos crimes culposos; nem
nos crimes omissivos puros; nos crimes habituais, pois a
O grande problema da tentativa é que o código penal conduta se tipifica com a habitualidade; nas contravenções
brasileiro não define o que é inicio de execução. Se houver penais (crimes anões), conforme o art. 4 do Decreto-lei
dúvida entre ato preparatório e ato de execução, utiliza-se 3688/41, pois não se pune o perigo do perigo; nos crimes
o in dúbio pro réu, e não se pune. preterdolosos, pois o resultado é sempre a título de culpa;
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
nos crimes qualificas pelo resultado, pelo mesmo motivo b) Arrependimento eficaz: (conduta positiva) tem
dos preterdolosos; e nos crimes unissubsistentes, por esses lugar quando o agente, já tendo ultimado o
serem indivisíveis; processo de execução, desenvolve nova
atividade impedindo a produção do resultado.
Tentativa e pena
Se ainda assim o resultado (o arrependimento
não foi eficaz por qualquer hipótese) vem
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
ocorrer, responde o agente pelo mesmo. Se o
com a pena correspondente ao crime consumado, diminída
resultado não ocorrer, responde apenas pelos
de um a dois terços segundo o art. 14, parágrafgo
resultados já causados. Liga-se à tentativa
único.(para a tentativa dos crimes previstos na Lei de
perfeita, quando já se esgotou o potencial
Segurança Nacional, aplica-se a pena do crime consumado).
ofensivo. Não se confunde com o art. 16 do
A determinação legal de diminuição da pena causa
Código Penal, que dispõe sobre o
confusão no momento em que não fixa objetivamente a
arrependimento posterior.
redução da pena. O critério utilizado é que quanto mais
próxima a tentativa fica da consumação, maior a pena,
A natureza jurídica dessas hipóteses é que tanto o
dentro do previsto em lei. Quanto mais distante da
arrependimento eficaz como a desistência voluntaria são
consumação, menor a pena dentro do previsto em lei.
causas da exclusão de adequação típica da tentativa. Para
outros autores, no entanto, são causas pessoais de
Espécies da tentativa
exclusão da punibilidade (“ponte de ouro”)
a) Tentativa perfeita ou acabada: é aquela em que
Crime impossível
o agente esgota todo seu potencial ofensivo
para a consumação do delito, que ainda assim
Também chamado de crime falho ou tentativa
não ocorre.
inidônea existe quando há: (i) absoluta ineficácia do meio
b) Tentativa imperfeita ou inacabada: é aquela em
empregado para consecução delitiva; (ii) absoluta
que o agente não chega a exaurir a ação, ou
impropriedade do objeto material do delito. Não se pune
seja, não esgota todos os atos de execução, há
tentativa de crime impossível, pois não houve perigo ao
ainda potencial ofensivo, e não há
bem jurídico (no caso de ineficácia relativa, há tentativa,
consumação.
pois houve perigo ao bem jurídico).

Causas de inadequação típica da tentativa


A impunibilidade do crime impossível despreza a
intenção do agente, levando em conta apenas o perigo
O que dá tipicidade à tentativa é o fato de o crime
oferecido ao bem jurídico.
não se consumar por circunstâncias alheias a vontade do
agente. Há, porém, hipóteses onde não se configura a
Crime de flagrante preparado: ocorre quando o
tentativa.
individuo que vai ser sujeito passivo do crime, sabendo que
vai ser vitima do crime, chama a policia que, através de
São duas:
seus agentes, esperam a execução delitiva e supreendem o
a) Desistência voluntária: (conduta, em regra, sujeito ativo. Não dá ensejo a crime impossível.
negativa) é a abstenção voluntária da atividade
Crime de flagrante esperado ou provocado: o
delituosa do agente. Requisito objetivo –
flagrante esperado é aquele armado pelas autoridades
interrupção do comportamento. Requisito
policiais. O crime provocado é quando o agente é induzido
subjetivo – voluntariedade. Só há desistência
a provocar o crime. Quando se arma o flagrante de tal
voluntária enquanto não se esgotou o potencial
forma que é impossível a consumação do crime. Pode levar
ofensivo. Exclui a tentativa. O agente responde
a crime impossível.
apenas pelos resultados causados antes da
desistência.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
Concurso de Pessoas ou de agentes b) Teoria extensiva de autor: considera que todo
mundo que participa do crime é autor do
Concurso de pessoas significa: (1) participação
mesmo.
plúrima de pessoas no pólo ativo; (2) empreendimento
criminoso (é nesse elemento que se situa o maior problema Autoria
do concurso de agentes); (3) facilidade para obtenção do
Adota-se a teoria do domínio do fato. Para essa
resultado; (4) dificuldade para a reação das vítimas.
teoria, autor é o protagonista do delito, quem tem o
Segundo o Art. 62, I, do código penal, o concurso de controle global da ação. Autor é quem: (i) realiza o tipo
pessoas é sempre agravante de pena. objetivo; (ii) executa o fato valendo-se de outro (autor
mediato); (iii) quem realiza uma parte necessária do plano
Concurso de pessoas é a participação de mais de um
geral, desde que integre a resolução delitiva comum a
agente no crime. Tem como requisitos: (i) a pluralidade de
todos.
participantes e de condutas; (ii) relevância causal de cada
uma das condutas dos agentes; (iii) ligação (vínculo) Autores de execução, ou executores são aqueles que
subjetiva entre as vontades dos agentes (em regra), executam o tipo objetivo. Autores intelectuais são aqueles
embora não careça de pactum sceleris (acordo prévio que idealizam o crime. E autores de escritório são aqueles
quanto à conduta). que dentro de uma organização criminosa, nem são
aqueles que executam efetivamente o tipo objetivo
A teoria adotada no Brasil, acerca do concurso de
(executores), nem são aqueles que idealizam o crime
agentes se situa no código penal, em seu art. 29. É a
(autores intelectuais), mas apenas gerenciam a execução
chamada teoria monista ou unitária temperada, que afirma
do crime (determinam o meio e os executores do crime –
que em regra há a identidade da infração, observada, no
para o professor, são autores intelectuais)
entanto, a culpabilidade dos agentes (é onde se situa a
“temperança” da teoria. Os agentes podem responder por Partícipes
crimes distintos, mesmo estando em concurso, e podem
Tem-se a participação stricto sensu, que se baseia na
receber penas distintas). Tal qual a tentativa, é também
teoria da acessoriedade limitada.
uma nova de extensão.

Participe é quem: (i) é instigador ou induz ao crime


Formas de concurso
(participação moral); (ii) é cúmplice, tem participação
a) Necessário: é aquele que dá ensejo a crimes material, auxilia a realização do crime (participação
plurissubjetivos, ou seja, são aqueles em que o material);
tipo objetivo exige mais de duas pessoas para a
Os participes não realizam o tipo objetivo, não tem o
existência do crime. Como exemplos, temos os
controle global do crime, e não são protagonistas destes.
crimes de rixa e formação de quadrilha.
Apenas assessoram.
b) Facultativo ou eventual: é o concurso que
existe quando o tipo objetivo não existe mais
Os participes só respondem se houver ao menos
de um agente. É a maioria entre os tipos
tentativa do crime.
penais.
Concurso em crime culposo

É possível a co-autoria (exemplo do Cláudio


Formas de participação no Concurso de Pessoas
Brandão), mas no Brasil não é aceita a participação em
crime culposo, apenas no crime doloso.
Tem-se duas grandes teorias:

Autoria mediata
a) Teoria restritiva de autor: é a teoria adotada
pelo Brasil. Entende que existem autores e
partícipes.
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
Não é concurso de pessoas, no entanto há concurso agente, às suas qualidades, estados, parentesco, motivos
de pessoas. É um erro de terceiro. Ator mediato é aquele do crime, etc.
que se vale de um terceiro, o qual realiza a conduta, mas o
As circunstâncias de caráter pessoal (subjetivas)
terceiro age sem dolo e age justificadamente. Pode haver
quando elementares (elementos descritivos e normativos)
culpa do terceiro, se era-lhe possível perceber o erro.
do tipo se comunicam ao co-autor ou ao partícipe, desde
Autoria colateral que o co-autor saiba do aspecto subjetivo, caso contrário,
não se comunicam. As circunstâncias subjetivas acidentais
Mais de um agente age para um mesmo fim, sem
não se comunicam.
que um saiba da conduta do outro. Há a ausência de
vínculo subjetivo, portanto, não configura concurso de As circunstâncias objetivas (reais) sempre se
pessoas. comunicam, todavia é necessário que as mesmas ingressem
no conhecimento do co-autor ou partícipe.
É a única que pode levar à possibilidade de autoria
incerta. Por exemplo: os indivíduos A e B pretendem matar Nos casos de infanticídio, entretanto, não se
C, isoladamente, sem vinculo subjetivo. Ambos atiram ao considera condição pessoal, mas personalíssima. Nesse
mesmo tempo, e C morre. Quando a pericia verifica a causa caso, se o co-autor participa do crime, responde por
da morte, verifica-se que apenas um projétil causou a homicídio. Se for um partícipe, tem se um problema, dada a
morte de C, entretanto, a pericia não consegue especificar acessoriedade da contribuição do partícipe, pois o partícipe
qual projétil jamais poderia responder mais gravemente que o autor.
Nesse caso, responde também por infanticídio.
Participação de menor importância

Há, para estes, uma causa especial de diminuição da


pena.

Cooperação Dolosamente Distinta

Acontece quando há desvio subjetivo de


comportamentos dentro do concurso de agentes, e um dos
agentes se desvia da conduta inicialmente prevista pelos
demais. Nesse caso, os demais agentes respondem apenas
pelo crime inicial, porém, se a conduta desviante é
previsível, a pena desses demais agentes é aumentada pela
metade. O agente que se desviou do crime pretendido,
responde normalmente pelo crime mais grave que
cometeu. Acarreta uma causa especial de aumento da
pena.

Comunicação das circunstâncias e condições


pessoais

Circunstâncias são dados que estão ao redor do tipo


objetivo e agregados ao mesmo tem a função de aumentar
ou diminuir a pena. São dados acidentais porque não
interferem na configuração do tipo. Podem ser: objetivas
ou reais, quando dizem respeito ao fato objetivamente
considerado (qualidades e condições da vítima, tempo,
lugar, modo e meios); ou subjetivas, que se referem ao

You might also like