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TEORIA DO CRIME
2. Introdução
2.1. Noxa, peccatum, delictum e crimen Infração penal é o gênero de qual são espécies o
crime ou delito e a contravenção. Chama-se teoria do crime
{ CRIMES OU DELITOS
2.2. INFRAÇÃO PENAL: por metonímia. A teoria do crime explica o gênero: crimes,
(Dec-Lei 3.914/41, art. 1) contravenções e atos infracionais (quando menor de 18
{ CONTRAVENÇÕES
anos pratica uma conduta tipificada como infração penal).
4. O conceito de Crime
5. O Conceito Analítico
5. O CONCEITO ANALÍTICO
(Hans Welzel) Adotaremos a teoria finalista da ação de Hans
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPABILIDADE
Welzel. Este pretendia eticizar o direito penal, em oposição
à escola de Kiel, nazista.
{CONDUTA (DOLOSA OU CULPOSA)
{IMPUTABILIDADE
Crime é: Fato Típico + Ilícito + Culpabilidade. Segue
{RESULTADO {EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
uma lógica: primeiro se verifica a existência de fato típico,
{NEXO CAUSAL {CONSCIÊNCIA POTENCIAL DA ILICITUDE
em seguida há a verificação da existência de ilícito. Com a
{TIPICIDADE
6. Fato típico
6. O FATO TÍPICO
O comportamento humano, ou de pessoa jurídica
• O FATO TÍPICO É CONSTITUÍDO PELO
COMPORTAMENTO HUMANO QUE PODE PROVOCAR constitui a conduta. Sem esta, não há crime, é a pedra de
UM RESULTADO E É PREVISTO NA LEI PENAL COMO
INFRAÇÃO (TIPICIDADE FECHADA). O FATO TÍPICO É
torque da teoria do crime. Bem assim é a tipicidade, que
COMPOSTO, NECESSARIAMENTE, PELA CONDUTA OU também é necessária à teoria do crime.
COMPORTAMENTO (AÇÃO OU OMISSÃO, DOLOSA OU
CULPOSA), BEM ASSIM A TIPICIDADE; PODEM,
TAMBÉM, O COMPOR, O RESULTADO OU EVENTO E O resultado não compõe necessariamente o fato
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA E O
típico, e isso fica provado com a existência dos crimes
RESULTADO (NOS CHAMADOS CRIMES MATERIAIS) .
tentados, que não tem qualquer resultado fático. O nexo de
causalidade pressupõe o resultado para existir
6.1. A Conduta
6.1. A CONDUTA
O movimento ou abstenção do movimento corporal é
CARACTERÍSTICAS:
a) COMPORTAMENTO DO SER HUMANO (PRINCÍPIO SOCIETAS o próprio conceito de conduta, e dá ensejo à classificação
DELINQUERE NON POTEST - DISCUSSÃO SOBRE A
POSSIBILIDADE LEGAL DA PRÁTICA DE CRIME POR PESSOA dos crimes em comissivo e omissivo. A conduta voluntária
JURÍDICA. VER CF, ART. 225, 3º E LEI 9.605 DE 12 DE
FEVEREIRO DE 1998); no sentido de movimentação corpórea explica porque atos
b) MOVIMENTO OU ABSTENÇÃO DE MOVIMENTO CORPORAL
C) DEVE SEMPRE DE EXTERNAR-SE, NÃO OCUPANDO-SE O cometidos por um sonâmbulo não podem ser
DIREITO PENAL DE ATIVIDADES PURAMENTE PSÍQUICAS
(PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE); criminalizados.
D) HÁ DE SER VOLUNTÁRIA (VOLUNTARIEDADE AQUI ENTENDIDA
COMO CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO CORPÓREA).
Existem duas teorias que regularias a conduta da
pessoa jurídica: uma leva em conta só o sujeito da
imputação; a outra considera também o sujeito da conduta.
6.2. FORMAS DA CONDUTA
A) AÇÃO - CONSTITUI-SE EM UM FAZER, POR INTERMÉDIO A conduta é tida como ação ou omissão. As de ação
DE UM MOVIMENTO CORPÓREO EXTERNO,
PERCEPTÍVEL. (A MAIORIA DOS NÚCLEOS DOS TIPOS são crimes comissivos, as de omissão, são crimes omissivos,
SÃO POSITIVOS, EX.: MATAR, DANIFICAR; SUBTRAIR
ETC.) CRIMES COMISSIVOS; sendo omissão a não realização de uma conduta prescrita
B) OMISSÃO - É A NÃO REALIZAÇÃO DE UM
COMPORTAMENTO EXIGIDO POR LEI. A ESSÊNCIA DA
em lei.
OMISSÃO RESIDE NA AUSÊNCIA DE ATIVIDADE, QUE
PODE SUCEDER DE UM FAZER DIFERENTE OU DA
INÉRCIA. (O CP NO ART. 13, E 2º, ADOTOU UMA A teoria física é a em que o crime é caracterizado pela
POSIÇÃO ECLÉTICA ENTRE O FÍSICO E O NORMATIVO
QUANTO A OMISSÃO). CRIMES OMISSIVOS. relação causal entre conduta e resultado. Na omissão, não
se pode estabelecer uma relação física. Surge a posição
normativa, pois a lei pode obrigar o individuo a evitar os
resultados e a omissão desse ato fica em relação de
causalidade com o resultado. Portanto, há nexo causal
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Faculdade de Direito – FDA : Teoria Geral do Direito Penal I
Prof. Doutor Alberto Jorge C. de Barros Lima
normativo. O Código Penal adota uma teoria eclética, que
usa nexo causal físico e normativo.
8. Teoria do Tipo
TEORIA DO TIPO
Os tipos permissivos são aqueles compostos por
normas permissivas existentes no Direito Penal, como por
CONCEITO DE TIPO.
exemplo, a legítima defesa.
TIPO NÃO SE CONFUNDE COM TIPICIDADE
Os tipos de injusto são os compostos por normas
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS:
A) TIPOS PERMISSIVOS proibitivas. No código Penal, os tipos de injusto são, em
B) TIPOS DE INJUSTO {DOLOSO
regra, tipos de injusto dolosos.
{CULPOSO
determinado resultado.
É um misto de dolo e culpa. Dolo e culpa em um
único tipo. Um exemplo é o caso do casal de namorados
11. NEXO CAUSAL OU DE do agente: são causas que por si só provocam o resultado.
Dentro das teorias da imputação, temos o nexo causal. Se retirado, mas B morre num incêndio que acontece no
pode imputar um crime a alguém quando a causalidade hospital. As imputações são distintas. Se houver o
Objeto do crime:
Excesso nas causas de exclusão É a reação necessária contra uma agressão injusta e
atual ou iminente é não provocada (art. 25).
Acontece quando a proporção do delito é superior à
ofensa, e recai em excesso, que o o excludente de ilicitude Tem como requisitos que a agressão deve ser atual
não ‘cobre’. (é a agressão que está acontecendo, que se encontra em
sua fase militante); iminente (é a que está prestes a
Pode ser: doloso, quando forem excedidos os limites
ocorrer. Não há legitima defesa contra agressão passada ou
da discriminante com vontade consciente; e pode ser
futura. O direito penal não admite a vingança privada);
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injusta. E a reação deve: haver a necessidade dos meios b) Sujeito passivo: quem ofereceu perigo
empregados; e a moderação no uso dos mesmos (relação inicialmente e possibilitou que o outro se
de proporção entre a agressão e a relação que lhe é encontra-se em situação de legítima defesa.
oposta).
Exercício regular de direito
A legítima defesa também pode ser putativa, o que
É uma faculdade que o agente tem de agir de
seria também um erro.
determinada forma. Se alguém possui um direito, ao
Excesso e erro na Legítima Defesa: exercitá-lo não pode estar agindo contrariamente à ordem
jurídica e sim, de acordo com ela.
a) Legitima defesa subjetiva: é o excesso por
erro de tipo escusável, que exclui o dolo e Tem como requisitos: proibição do excesso, embora
a culpa, o agente encontrando-se se fale em excesso escusável; exercício dentro dos limites
inicialmente em legitima defesa, por erro dispostos juridicamente; para a teoria finalista, o requisito
quanto ao modo de reação ou gravidade subjetivo;
do perigo, plenamente justificado pelas
Como exemplo, temos: intervenções médicas, boxe,
circunstancias, supõe-se ainda achar-se em
luta livre, poder familiar, prisão em flagrante por particular.
legitima defesa.
b) Legítima defesa sucessiva: é a repulsa
Estrito cumprimento do dever legal
contra o excesso. Por exemplo, A é
agredido levemente por B, e reage Embora se pratique conduta típica, exclui-se a
excessivamente, espancando B. B, por sua ilicitude quando a tipicidade advém de ato praticado em
vez, tem o direito, de, em legítima defesa, estrito cumprimento de dever regulado pelo direito
também espancar A. objetivo.
c) Legitima defesa putativa: ocorre por erro
de tipo ou proibição, plenamente Não se refere somente a funcionário público e a seu
justificado pelas circunstâncias, supõe cargo ou função. O particular pode observar o caráter
encontrar-se em face de uma agressão estrito da justificativa quando travestido numa função
qualquer bem jurídico de ataque ou ameaça. Ex: cacos de praticada por soldados na guerra, prisão em flagrante (para
Teorias da culpabilidade
O erro de tipo, na concepção do Prof. Alberto, é
sempre essencial.
1. Teoria psicológica (Franz Von Liszt)
Para os crimes permanentes, a consumação se ambos os casos não há furto. Mas há tentativa? Para a
prolonga no tempo, daí terem essa nomenclatura; teoria em exame, no primeiro caso, não há tentativa, pois
não houve perigo a bem jurídico nenhum, configura crime
Tentativa impossível, pois o bem jurídico não existe no caso concreto.
No segundo caso, há tentativa, pois houve perigo ao bem
Ocorre a tentativa quando cindida a fase da
jurídico.
execução o delito não venha a se consumar por
circunstancias alheias à vontade do sujeito. Na definição de O código penal italiano consagrou uma teoria que
Heleno Claudio fragoso “é a realização incompleta da parece a mais adequada, onde o inicio da execução se
conduta típica, que não se integra, em seu aspecto baseia em dois critérios: (i) a inequivocidade da conduta, a
objetivo, por circunstâncias alheias a vontade do agente” conduta é evidente, clara, manifesta, o propósito do agente
é óbvio; e (ii) a idoneidade da conduta , ou seja, a conduta
Tem três elementos: o inicio da execução da ação
deve ser potencialmente capaz de produzir o resultado
que constitui o crime; A não consumação por
pretendido pelo agente.
acontecimento alheio a vontade do agente; e o dolo.
Autoria mediata
a) Teoria restritiva de autor: é a teoria adotada
pelo Brasil. Entende que existem autores e
partícipes.
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Não é concurso de pessoas, no entanto há concurso agente, às suas qualidades, estados, parentesco, motivos
de pessoas. É um erro de terceiro. Ator mediato é aquele do crime, etc.
que se vale de um terceiro, o qual realiza a conduta, mas o
As circunstâncias de caráter pessoal (subjetivas)
terceiro age sem dolo e age justificadamente. Pode haver
quando elementares (elementos descritivos e normativos)
culpa do terceiro, se era-lhe possível perceber o erro.
do tipo se comunicam ao co-autor ou ao partícipe, desde
Autoria colateral que o co-autor saiba do aspecto subjetivo, caso contrário,
não se comunicam. As circunstâncias subjetivas acidentais
Mais de um agente age para um mesmo fim, sem
não se comunicam.
que um saiba da conduta do outro. Há a ausência de
vínculo subjetivo, portanto, não configura concurso de As circunstâncias objetivas (reais) sempre se
pessoas. comunicam, todavia é necessário que as mesmas ingressem
no conhecimento do co-autor ou partícipe.
É a única que pode levar à possibilidade de autoria
incerta. Por exemplo: os indivíduos A e B pretendem matar Nos casos de infanticídio, entretanto, não se
C, isoladamente, sem vinculo subjetivo. Ambos atiram ao considera condição pessoal, mas personalíssima. Nesse
mesmo tempo, e C morre. Quando a pericia verifica a causa caso, se o co-autor participa do crime, responde por
da morte, verifica-se que apenas um projétil causou a homicídio. Se for um partícipe, tem se um problema, dada a
morte de C, entretanto, a pericia não consegue especificar acessoriedade da contribuição do partícipe, pois o partícipe
qual projétil jamais poderia responder mais gravemente que o autor.
Nesse caso, responde também por infanticídio.
Participação de menor importância