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I – ARTIGOS E ENSAIOS
ARTICLES AND ESSAYS
Resumo: Abstract:
este ensaio, propomos um balan o, mais pano- We propose in this essay to present an overview
r mico do ue e austivo, dos estudos de história rather than an in-depth analysis of the studies of
da historiografia no Brasil, de modo a destacar the history of historiography in Brazil in order
uest es e temas mais re uentes, bem como to address some of the more frequent questions
possibilidades e perspectivas de investiga o and topics related to it, as well as to focus on
ue contribu ram para a configura o dessa the possibilities and research perspectives that
subárea de pes uisa. a primeira parte da e - contributed to the configuration of this research
posi o, procuramos mapear a emerg ncia de sub-area. First, we seek to map the emergence
uma re e o historiográfica, ue se evidencia of a historiographical re ection e idenced by
com os trabalhos desenvolvidos at a d cada de the works developed up to the 1970s. We then
19 e, na segunda, destacamos alguns modelos highlight some models of historiographical re-
de pes uisa historiográfica surgidos a partir da search that emerged from the 1980s onwards
d cada de 198 , ue se constitu ram em re er n- and which have become landmark references
cias bali adoras para as pes uisas produ idas for the researches produced in the following
nas d cadas seguintes. decades.
Palavras-chave: História da historiografia his- Keywords: History of historiography; contem-
toriografia brasileira contempor nea Teoria da porary Brazilian historiography; theory of his-
História. tory.
dade de seu pro eto pode ser medida n o apenas pelas inten es e pl citas
de con ugar o e ame da teoria e da historiografia brasileira, mas tamb m
pela orma de divulga o de seus trabalhos para um p blico amplo, com-
posto por estudantes universitários de história e pro essores secundários,
por meio da importante cole o Brasiliana, dedicada edi o de estudos
nacionais e estrangeiros sobre o Brasil, com desta ue para pes uisas his-
tóricas. Tal empreendimento teve participa o e etiva no movimento de
redescobrimento do Brasil ocorrido ao longo dos anos 193 e 19 .
Por meio desse pro eto, Jos Honório e p s as linhas gerais para
a interpreta o da história da história do e no Brasil, listando nomes e
obras, estabelecendo uma cronologia da produ o historiográfica, tecen-
do rela es entre essa produ o e as teorias da história. Mas, al m disso,
tal empreendimento possui uma clara un o cr tica. eu alvo principal
a uela historiografia ue o autor considerava distante dos interesses
nacionais, incapa de dar conta do processo de emancipa o do pa s. m
sua opini o, essa historiografia a ser ultrapassada só tinha olhos para a
história colonial, n o sendo capa de desenvolver seu oposto: uma histó-
ria nacional. primeira, consitiria em uma escrita da história inspirada
por valores estrangeiros e compromissada com a di us o de ideologias
antinacionais. segunda, ue ainda n o estaria plenamente desenvolvida,
representaria o pensamento genuinamente brasileiro. egundo o autor, a
historiografia brasileira era um espelho de sua própria história , inega-
velmente integrada sociedade de ue era parte, por meio de um ne o
econ mico e ideológico .11
18 – Idem, p. 1
como parte da constru o de uma ideologia pol tica, ou ainda, como parte
de um processo social de domina o. lguns anos mais tarde, em 199 ,
com As formas do mesmo, dália reafirma sua proposta de análise da his-
toriografia, desta ve ocali ando, al m de arnhagen, liveira ianna,
de modo a confirmar a tese anteriormente e posta: a de ue a historio-
grafia produ ida por ambos nada mais e do ue legitimar um processo
de domina o.26 Con orme argumenta Guimar es, dália contribuiu para
a consolida o de uma orma peculiar de estudo da historiografia, ue
consistia em interrogar os te tos a partir de propósitos e ternos aos mes-
mos.27
32 – tese oi tradu ida por Paulo nauss e Ina de Mendon a, e publicada no Brasil
postumamente: G IM R , Manoel . algado. Historiografia e na o no Bra-
sil:1838-18 . Rio de Janeiro: d RJ, 2 11.
33 – Idem, p. 2.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fran ois Hartog identificou na emerg ncia de uma consci ncia his-
toriográfica, desde o final dos anos 198 , o en meno mais amplo de crise
do regime moderno de historidade, caracteri ada pelo presentismo ( um
presente onipresente ), ue se a acompanhar pela e peri ncia de um
uturo imprevis vel e de um passado visitado e revisitado de orma
incesssante e compulsiva .37 o mbito da produ o acad mica, tais mu-
ta es talve nos permitam re etir sobre as rela es ue as pes uisas
atuais de história da historiografia mant m com o ue podemos identi-
ficar como uma tradi o de estudos historiográficos, sobretudo a uela
ue, no passado recente (entre os anos de 19 -8 ), consolidou certos
modelos de análise.38 Como oi destacado acima, em grande parte desses
estudos precursores , havia a e pl cita preocupa o de retirar a histo-
riografia brasileira de um nicho originalmente ocupado nas histórias da
literatura nacional, para situá-la entre os ob etos privilegiados de análise
dos historiadores, tomando-a como documento para a identifica o das
linhas de evolu o da história da disciplina.
37 – H RT G, Fran ois. Pre ácio. In: O século XIX e a história: o caso Fustel de Cou-
langes. Rio de Janeiro: ditora FRJ, 2 3, p. 2.
38 – m balan o anal tico cuidadoso dos trabalhos mais recentes na área, incluindo pes-
uisas reali adas desde o in cio dos anos 2 , ainda está por ser eito. este sentido, des-
tacamos o mapeamento inicial dessa produ o em: R J , s culo I no conte to
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