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I – ARTIGOS E ENSAIOS
ARTICLES AND ESSAYS

SOBRE A HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA:


UM BREVE PANORAMA
ON THE HISTORY OF BRAZILIAN HISTORIOGRAPHY:
A BRIEF OVERVIEW
Maria da GLória de oLiveira1
e rebeca Gontijo2

Resumo: Abstract:
este ensaio, propomos um balan o, mais pano- We propose in this essay to present an overview
r mico do ue e austivo, dos estudos de história rather than an in-depth analysis of the studies of
da historiografia no Brasil, de modo a destacar the history of historiography in Brazil in order
uest es e temas mais re uentes, bem como to address some of the more frequent questions
possibilidades e perspectivas de investiga o and topics related to it, as well as to focus on
ue contribu ram para a configura o dessa the possibilities and research perspectives that
subárea de pes uisa. a primeira parte da e - contributed to the configuration of this research
posi o, procuramos mapear a emerg ncia de sub-area. First, we seek to map the emergence
uma re e o historiográfica, ue se evidencia of a historiographical re ection e idenced by
com os trabalhos desenvolvidos at a d cada de the works developed up to the 1970s. We then
19 e, na segunda, destacamos alguns modelos highlight some models of historiographical re-
de pes uisa historiográfica surgidos a partir da search that emerged from the 1980s onwards
d cada de 198 , ue se constitu ram em re er n- and which have become landmark references
cias bali adoras para as pes uisas produ idas for the researches produced in the following
nas d cadas seguintes. decades.
Palavras-chave: História da historiografia his- Keywords: History of historiography; contem-
toriografia brasileira contempor nea Teoria da porary Brazilian historiography; theory of his-
História. tory.

história da historiografia brasileira renovou-se como campo de pes-


uisa ecundo, nos ltimos uin e anos.3 inculados ao tema da escrita da
1 – outora em História ocial/ niversidade Federal do Rio de Janeiro pro essora ad-
unta do epartamento de História e Rela es Internacionais / niversidade Federal Rural
do Rio de Janeiro bolsista de produtividade C P , n vel 2.
2 – outora em História/ niversidade Federal Fluminense pro essora ad unta do e-
partamento de História e Rela es Internacionais / niversidade Federal Rural do Rio de
Janeiro.
3 – importante considerar ue tal renova o vincula-se cria o de grupos e linhas de
pes uisa ue contemplam a história da historiografia, sobretudo a partir dos anos 2 ,
dentro de programas de pós-gradua o como os da FRG e a F P e, o mais antigo, da

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história, poss vel identificar um con unto de estudos ue, a despeito da


diversidade de ob etos e recortes temporais, buscam ultrapassar o e erc -
cio de cr tica da produ o historiográfica, de longa tradi o acad mica,
marcado pela análise das obras dos historiadores sob a estrita perspecti-
va da constru o progressiva e acumulativa do conhecimento cient fico,
mediante a identifica o de tend ncias e diretri es bali adoras no mbito
da disciplina. Tampouco vislumbramos nesses trabalhos a preocupa o,
cara a certas abordagens da sociologia do conhecimento, em identificar
matri es ideológicas sub acentes ao discurso histórico ou em atribuir s
determina es sociais a chave e plicativa decisiva para a sua produ o.

despeito da autonomia e especificidade de suas novas agendas


de investiga o, seria duvidoso afirmar ue, em sentido mais amplo, a
história da história se a um empreendimento absolutamente recente e,
para demonstrá-lo, n o caberia a ui tra armos uma genealogia do cam-
po.4 esde ue o saber histórico passou a ser percebido como dotado
de historicidade e condicionado pelas perspectivas espa o-temporais de
sua elabora o, a abordagem cr tica das narrativas históricas precedentes
tornou-se tare a constitutiva da prática historiográfica moderna. ssim, o
e erc cio cr tico retrospectivo dirigido ao g nero histórico, grosso modo,
pode ser identificado como preceito apregoado nos tratados de ars histo-
ricae dos humanistas, ad uirindo estatuto de princ pio metodológico da
constru o do conhecimento pela ci ncia histórica moderna.5

ob tal perspectiva temporali ada, acentuou-se o caráter tanto cumu-


lativo uanto provisório e relativo da historiografia, em torno da ual
sempre convergiram as e pectativas de uma representa o fidedigna dos

P C-Rio bem como organi a o de eventos como o eminário acional de História da


Historiografia, com encontros reali ados anualmente desde 2 8 a cria o, da ociedade
Brasileira de Teoria e História da Historiografia ( BTHH), em 2 9 e de revistas espe-
ciali adas, como a Hist ria da Historiografia, criada em 2 8.
4 – este sentido, ver: C RB , Charles- liver. Pour une histoire de
l historiographie. toria della toriografia pp. -2 1982 e B , Horst W. Para
uma nova história da historiografia. In: M RB , Jurandir (org.). A história escrita:
teoria e hist ria da historiografia o Paulo: ditora Conte to, 2 , pp. 2 - .
5 – GRAFTON, Anthony. What was history? The rt o History in arly Modern urope.
ondres: Cambridge niversity Press, 2007.

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eventos passados. ntre meados do s culo III e, notadamente, no


I , mais do ue designar uma modalidade narrativa, a história passou
a definir uma nova episteme, constituindo-se em modo de ser do ue
evidente, ou se a, de tudo o ue nos dado e peri ncia. na o emerge,
nesse momento, como categoria privilegiada por suas articula es com
uma no o de temporalidade histórica, compreendida como ualidade in-
tr nseca e imanente da própria realidade.6

o Brasil, sobretudo a partir da independ ncia, configura-se o pro-


cesso de disputa em torno do passado, evidenciado nos diversificados pro-
etos para a na o rec m-emancipada. ssim, o conte to das produ es
letradas oitocentistas oi marcado pelo debate acerca da escrita de uma
história afinada aos des gnios do stado monár uico imperial, uando
n o se havia fi ado ainda um modelo can nico para a sua elabora o. Por
conta disso, um dos desafios impostos aos pes uisadores da historiogra-
fia brasileira está, precisamente, no reconhecimento da din mica peculiar
desse conte to intelectual em ue coe istiram tradi es letradas e usos
de re erenciais, modelos e concep es teóricas diversas, de um modo n o
necessariamente e cludente ou antag nico. esse caso, a historiografia,
entendida, em sentido mais amplo, como corpus de te tos dados leitura
de uma coletividade em seu próprio es or o de elabora o da e peri n-
cia do tempo, apresenta-se como observatório privilegiado dos embates
intelectuais ue prefiguraram respostas poss veis, e n o obrigatoriamente
necessárias, para o problema da representa o do passado.

mbora ha a ind cios de uma consci ncia historiográfica ao longo


do s culo I , a história da historiografia permaneceu como parte da
história da literatura at o in cio do s culo .7 embora ha a algumas
narrativas aut nomas sobre essa história nas d cadas de 192 e 193 ,
com as obras de lcides Be erra e Henri Hauser, sabemos ue o es or o

6 – P TI, l as. La nación como problema: los historiadores y la cuestión nacional .


Buenos ires: FC , 2 2, pp. - .
7 – R J , aldei opes de. A experiência do tempo: conceitos e narrativas na orma-
o nacional brasileira (1813-18 ). o Paulo: ditora Hucitec, 2 8.

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mais sistemático de estudo e escrita oi posto em prática por Jos Honório


Rodrigues entre os anos 1940 e 1970.8

as páginas seguintes, propomos um balan o, mais panor mico do


ue e austivo, dos estudos de história da historiografia no Brasil, de modo
a destacar as uest es e temas mais re uentes, bem como as possibilida-
des e perspectivas de investiga o ue contribu ram para a configura o
dessa subárea de pes uisa.9 a primeira parte da e posi o, procuramos
mapear a emerg ncia de uma re e o historiográfica, ue se evidencia
com os trabalhos desenvolvidos at a d cada de 19 e, na segunda, des-
tacamos alguns modelos de pes uisa historiográfica surgidos a partir da
d cada de 198 , ue se constituir o em re er ncias bali adoras para as
pes uisas produ idas nas d cadas seguintes.

A EMERGÊNCIA DE UMA REFLEXÃO HISTORIOGRÁFICA


m linhas gerais, identificam-se dois momentos espec ficos nos es-
tudos sobre historiografia brasileira no s culo : o per odo ue vai do
fim dos anos 19 at os anos 19 , uando as obras de Jos Honório
Rodrigues estabeleceram um modelo ue se tornou re er ncia obrigató-
ria nos cursos de gradua o e os anos 19 , uando outras propostas de
escrita dessa história entraram em cena.

Jos Honório Rodrigues destaca-se como o pes uisador ue mais in-


vestiu no e ame da produ o historiográfica brasileira.10 monumentali-
8– B RR , lcides. Os historiadores do Brasil no século XIX. Rio de Janeiro: fi-
cinas Gráficas do r uivo acional, 192 H R, Henri. otes et r e ions sur le
travail histori ue au Br sil. Revue Historique, Paris, t. I, un-mars193 , pp. 89-9 .
9 – utros balan os semelhantes tamb m se encontram em: G IM R , ucia Maria
Paschoal. obre a história da historiografia brasileira como campo de estudos e re e es.
In: , cia M. Bastos Pereira et. al. Estudos de historiografia brasileira. Rio de
Janeiro: ditora FG , 2 11, pp.19-3 e R J , aldei opes de. s culo I no
conte to da redemocrati a o brasileira: a escrita da história oitocentista, balan o e de-
safios. In: I IR , Maria da Glória de e R J , aldei . de. (org.) Disputas pelo
passado: história e historiadores no Império do Brasil. uro Preto/MG: du op/PPGHI ,
2 12. ( di o indle)
10 – IG I , Francisco. Jos Honório Rodrigues e a historiografia brasileira. Estudos
Históricos, n. 1, 1988, pp. - 8 G R, Ra uel. O saber e o fazer na obra de José
Honório Rodrigues. o Paulo: P, tese de doutorado em História, 19 M R ,

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dade de seu pro eto pode ser medida n o apenas pelas inten es e pl citas
de con ugar o e ame da teoria e da historiografia brasileira, mas tamb m
pela orma de divulga o de seus trabalhos para um p blico amplo, com-
posto por estudantes universitários de história e pro essores secundários,
por meio da importante cole o Brasiliana, dedicada edi o de estudos
nacionais e estrangeiros sobre o Brasil, com desta ue para pes uisas his-
tóricas. Tal empreendimento teve participa o e etiva no movimento de
redescobrimento do Brasil ocorrido ao longo dos anos 193 e 19 .

Por meio desse pro eto, Jos Honório e p s as linhas gerais para
a interpreta o da história da história do e no Brasil, listando nomes e
obras, estabelecendo uma cronologia da produ o historiográfica, tecen-
do rela es entre essa produ o e as teorias da história. Mas, al m disso,
tal empreendimento possui uma clara un o cr tica. eu alvo principal
a uela historiografia ue o autor considerava distante dos interesses
nacionais, incapa de dar conta do processo de emancipa o do pa s. m
sua opini o, essa historiografia a ser ultrapassada só tinha olhos para a
história colonial, n o sendo capa de desenvolver seu oposto: uma histó-
ria nacional. primeira, consitiria em uma escrita da história inspirada
por valores estrangeiros e compromissada com a di us o de ideologias
antinacionais. segunda, ue ainda n o estaria plenamente desenvolvida,
representaria o pensamento genuinamente brasileiro. egundo o autor, a
historiografia brasileira era um espelho de sua própria história , inega-
velmente integrada sociedade de ue era parte, por meio de um ne o
econ mico e ideológico .11

Jos Honório procurou desenvolver um e erc cio cr tico ue con-


siderava undamental: o revisionismo. ste procedimento deveria ser
aplicado tanto aos atos históricos uanto s ideias, ou melhor, s ideo-

na ui a. José Honório Rodrigues: uma sistemática teórico-metodológica a servi o da


história do Brasil. isserta o de Mestrado em História. Rio de Janeiro: P C-Rio, , 2 12
FR I , ndr de emos. A arquitetura do novo: ci ncia e história da História do Brasil
em Jos Honório Rodrigues. Tese de outorado em História. Rio de Janeiro: FRJ, 2 12.
11 – R RIG , Jos Honório. Teoria da história do Brasil: introdu o metodológica.
5ª ed. o Paulo: d. acional, 19 8, p. 32.

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Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

logias.12 interessante notar ue um dos significados do termo revisar


ver com aten o, e aminar cuidadosamente , a endo corre es. utro
significado tra er memória, relembrar, recordar . duplo vi s, cr -
tico e memorial stico, a uda a dimensionar o pro eto de Jos Honório.
esse sentido, caberia ao historiador da historiografia denunciar a ideo-
logia sub acente escrita da história e, ao mesmo tempo, estabelecer um
c none por meio da cataloga o de autores e obras consideradas mais
importantes, a partir dos uais seria poss vel estabelecer a cronologia
evolutiva da disciplina.

l m de analisar os re erenciais teóricos presentes na historiografia


brasileira, apontar seus principais nomes e obras, destrinchar seus m to-
dos e tra ar um panorama da pes uisa histórica em nosso pa s, apresen-
tando seus principais ar uivos e ontes documentais, o ue Jos Honório
parece visar a constru o de uma tradi o historiográfica em meio a
ual, talve , ele mesmo pudesse se inserir, n o apenas como historiador
entre tantos outros, mas como a uele ue organi a o legado, apontando
caminhos para uturas pes uisas. upostamente, ao construir sua vers o
da história da história, ele tamb m reservou um lugar para si, pois, nas pa-
lavras de sua esposa, eda Boechat Rodrigues, o historiador tinha cons-
ci ncia do valor de sua obra e esperava, sem mod stia, figurar no uturo
entre os grandes da História e da Historiografia brasileiras .13

modelo de história da historiografia proposto por Jos Honório


perdurou por longo tempo, tornando-se re er ncia obrigatória nos cursos
de História ao menos at a d cada de 19 , uando outros autores procu-
raram re etir sobre a história da historiografia, introdu indo novos ele-
mentos nessa história, mas sem abandonar totalmente a chave de leitura
consolidada pelo autor de Teoria da história no Brasil.

12 – R RIG , Jos Honório. Vida e história. o Paulo: Perspectiva, 198 , p. 2.


13 – R RIG apud M R , na u a. José Honório Rodrigues: uma siste-
mática teórico-metodológica a servi o da História do Brasil. Rio de Janeiro: P C/Pós-
-Gradua o em História, 2 , p. (nota 1 ). isserta o de mestrado.

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HISTORIOGRAFIA COMO HISTÓRIA DAS IDEOLOGIAS


ma demanda por renova o nos estudos sobre historiografia brasi-
leira pode ser observada no I eminário de studos Brasileiros, reali ado
no I B em 19 1. ob etivo do encontro dividido em áreas era conhe-
cer como os autores entenderam e escreveram a História do Brasil, seus
m todos e t cnicas, procedimentos operacionais, suas ontes, alhas e la-
cunas, pontos positivos a serem retomados, pontos negativos a serem re-
tificados e, sobretudo, uais os seus modelos de e plica o da história .14

l m das discuss es ocorridas no I eminário de studos Brasi-


leiros, alguns autores se destacam no cenário da d cada de 19 como
propositores de novas abordagens da historiografia como, por e emplo,
Carlos Guilherme Mota, com Ideologia da cultura brasileira, 1933-1974,
livro publicado pela primeira ve em 19 e, desde ent o, acumulando
mais de oito edi es. Recebido por Florestan Fernandes e ntonio Can-
dido como um clássico , a obra oi originalmente concebida como tese
de doutorado, de endida na P em 19 , sendo apresentada pelo autor
como um ensaio ue, em parte, era ruto de um e erc cio de memória .

e acordo com Guilherme Mota, n o se tratava de uma história da


cultura brasileira, nem de uma história intelectual tradicional, preocupada
com o arrolamento sistemático dos principais pensadores com indica o
de suas respectivas in u ncias. proposta era apresentar uma história
da consci ncia social no Brasil, por meio de uma história das ideolo-
gias , eita a partir da cr tica das interpreta es a propósito da chamada
cultura brasileira. m outras palavras, seu ob etivo era compreender os
pressupostos ideológicos ue undamentavam as interpreta es de cunho
histórico sobre a cultura brasileira.

autor considerava importante conhecer as determina es sociais


das ormas de pensamento estudadas, n o sem antes estabelecer os mar-
cos da historiografia geral do Brasil. Tais marcos est o distribu dos em
momentos decisivos , a e emplo do ue propusera ntonio Candido
14 – Anais do I Seminário de Estudos Brasileiros. o Paulo: I B/ P, 19 1, p. 8, volu-
me 1.

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Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

para a história da literatura. ssim, haveria cinco momentos decisivos na


história da historiografia brasileira: 1) o momento do redescobrimento do
Brasil entre 1933 e 193 2) o momento em ue os primeiros rutos da
universidade come aram a ser colhidos, entre 19 8 e 19 1 3) o momento
da amplia o e revis o re ormista, entre 19 e 19 ) o momento das
revis es radicais, entre 19 e 19 9 e, ), o momento dos impasses da
depend ncia, entre 19 9 e 19 .15

inda nos anos 19 , dois livros se destacam por abordar a produ o


historiográfica oitocentista na interse o com a história pol tica e a ues-
t o nacional, ambos rutos de teses de doutoramento: O fardo do homem
branco: Southey, historiador do Brasil (19 ), de Maria dila eite da
ilva ias e João Francisco Lisboa: jornalista e historiador (1977), de
Maria de ourdes M naco Janotti.

m O fardo do homem branco (19 ), Maria dila eite da ilva


ias analisa a obra History of Brazil (181 -1819), de Robert outhey,
procurando integrá-la poca e ao meio em ue oi escrita. autora visa
compreender o modo pelo ual os valores da pol tica imperialista da In-
glaterra na primeira metade do s culo I nortearam a uela ue tida
como a primeira sistemati a o das ontes sobre a história colonial bra-
sileira ue, por sua ve , undamentou a primeira interpreta o das possi-
bilidades do Brasil vir a ser uma na o independente, na poca da sepa-
ra o de Portugal. obra de outhey lida como uma vis o de con unto
sobre a história do Brasil, ue o insere no conte to da uropa moderna a
fim de e plicar a evolu o e as peculiaridades da coloni a o portuguesa
na m rica.16 Para ias, a obra de outhey , ao mesmo tempo uma

15 – M T , Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira (1933-1974). o Paulo:


ditora tica, 19 .
16 – O fardo do homem branco oi, originalmente, a tese de ias, resultado do desdo-
bramento da pes uisa iniciada em seu mestrado, rasil na historiografia rom ntica
inglesa m estudo das afinidades de is o hist rica: obert outhey e alter cott. Mais
recentemente, a tese de doutorado de Flávia arella discute a obra de outhey, reali ando
a cr tica análise de ias. n uanto ias situa outhey como precursor do Romantis-
mo ingl s, undamentalmente interessado no reviver histórico , arella procura situá-lo
em meio a um conte to discursivo marcado pela pes uisa documental e pelo es or o de
monumentali a o do passado. er: R , Flávia. Reunindo o passado: contextos

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cr tica coloni a o de e plora o comercial e uma análise do processo


de orma o do stado no interior de uma sociedade colonial , sendo ue
o ardo do homem branco seria a miss o civili adora, ue implicava
o direito de destruir civili a es e culturas atrasadas, vistas como obstá-
culos ao progresso. bserva-se, portanto, a afinidade entre a ideologia
imperialista inglesa e a dos construtores do imp rio do Brasil, por meio
da escrita da história.

Trata-se de um estudo do significado ideológico impl cito na inter-


preta o de outhey sobre a coloni a o do Brasil, ue considerava a
presen a dos valores do autor na historiografia brasileira. Por conta dis-
so, ias sup e ue por meio de sua obra se a poss vel estudar muitos
dos preceitos dos intelectuais e estadistas brasileiros do s culo I , algo
ue n o alme a reali ar. as palavras da autora, trata-se de um estudo
das matri es ideológicas da historiografia e da consci ncia nacional , ue
procura integrar a obra de outhey na ideologia de seu tempo e n o es-
miu ar supostas in u ncias ou acompanhar a uilo ue define como o
enrai amento dos valores europei antes na historiografia brasileira .

m João Francisco Lisboa: jornalista e historiador, Maria de our-


des Monaco Janotti partiu da constata o de ue a historiografia brasileira
vinha sendo abordada por dois tipos de estudo – as histórias da literatura
e os trabalhos com oco em obras e historiadores espec ficos –, caracteri-
ando-se por uma completa assistemati a o processual , o ue dificul-
taria uma compreens o ob etiva dessa historiografia. Tal tare a consisti-
ria, a seu ver, em: identificar suas principais linhas evolutivas locali ar os
pressupostos metodológicos ue orientaram seu estágio atual conhecer
seu p blico em di erentes pocas, bem como os homens e pensamentos
ue contribu ram para sua orma o, etc.17

discursi os e linguagens historiogr ficas na History of razil de obert outhey. Porto


legre: FRG /Pós-Gradua o em História, 2 1 .

17 – J TTI, Maria de ourdes M. João Francisco Lisboa: jornalista e historiador.


o Paulo: ditora tica, 19 .

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Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

autora constatava, ent o, ue os estudos historiográficos brasilei-


ros necessitavam de uma metodologia ue possibilitasse a compreens o
de sua evolu o e significado . m sua opini o, a realidade da cultura
nacional e ige estudos ue concebam a Historiografia brasileira como
processo de elabora o da mentalidade de um povo . validade dos
estudos de historiografia envolveria um ulgamento da obra de história
n o como trabalho individual, mas como resultado material e intelectual
de uma determinada sociedade . Por conta disso, considerava ue o estu-
do das condi es ambientais em ue viveu o historiador seria t o im-
portante uanto as cita es bibliográficas contidas em sua obra. m uma
re er ncia a Benedetto Croce, nas palavras de Janotti, devia-se aspirar a
uma história da historiografia com problemas historiográficos .18

bserva-se, na proposta da autora, ue a compreens o da historio-


grafia, como elabora o de uma determinada cultura , somente seria
poss vel desde ue se a astasse da perspectiva tradicional da história das
ideias ue buscava as reverbera es de modelos culturais e filosóficos
europeus em solo brasileiro, o ue e uivaleria procura in til entre os
historiadores brasileiros de um Ran e, um Gui ot e um Mommsen na-
cionais . m ve disso, a compreens o do significado cultural da his-
toriografia brasileira (tema ue tamb m ocupava as re e es de Carlos
Guilherme Mota) só poderia ser atingida, em suas palavras: mediante
seu en uadramento na evolu o histórica do pensamento brasileiro, na
ordem social e pol tica ue a preside e na estrutura econ mica ue atua
sobre ela . esse modo, a autora recusa buscar no Brasil as r plicas ca-
boclas dos e poentes da historiografia europeia, optando por investigar o
aut ntico significado das obras de nossos historiadores.

l m de Croce, em suas re e es sobre a historiografia, Janotti tam-


b m se inspirava no trabalho de dois autores: Jo o Cru Costa, autor de,
entre outros livros, desen ol imento da filosofia no rasil no s culo
XIX e a evolução histórica nacional, publicado em 19 e ntonio C n-
dido, com sua Formação da literatura brasileira, de 19 9. primeiro

18 – Idem, p. 1

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ornecia-lhe a ideia de ue haveria um estilo próprio de cada meio, estilo


condicionado pelas vicissitudes históricas dos povos, capa de determinar
a trans orma o dos sistemas ue a intelig ncia constrói para e plicar a
vida . segundo orneceria a no o de literatura como sistema de obras
interligadas por denominadores comuns, tais como a l ngua, os temas, as
imagens, etc. literatura seria um aspecto org nico da civili a o, ue
envolveria um con unto de produtores literários, um con unto de recepto-
res e um mecanismo transmissor. Para Janotti, a historiografia poderia ser
abordada com a mesma perspectiva proposta por C ndido para a história
da literatura, destacando-se a per eita sincronia observada entre o desen-
volvimento social e a consci ncia historiográfica. egundo a autora, a
vantagem dessa interpreta o da historiografia como sistema seria liber-
tar a mat ria de uma r gida imposi o cronológica .19

m 19 , Ra uel Gle er de endeu sua tese de doutorado, intitulada


O saber e o fazer na obra de José Honório Rodrigues. Trabalho n o oi
publicado, provavelmente obteve repercuss o restrita na uele momento,
uando as teses ainda n o eram acess veis por meio digital. Contudo,
cabe retomá-lo a ui como e emplo de estudo sobre a história da historio-
grafia, ue se ocupa do estudo do processo de evolu o do conhecimento
histórico , compreendendo-o como um setor particular, distinto da filo-
sofia da história, da teoria da história e da metodologia da história. as
palavras da autora,

a história da história a área de conhecimento ue se dedica ao estudo


da produ o histórica ou historiografia, da prática do historiador, vi-
sando permitir o conhecimento das teorias da história concretamente,
atrav s de um ar uivo – o corpus das histórias possibilitando o es-
tudo do discurso do historiador e a separa o entre o a er e o saber.20

Gle er compreendia, ent o, ue o estudo da produ o histórica po-


deria ser eito por assunto, por per odo ou por autor e ue cada uma des-
sas possibilidades mereceria tratamento di erente. o caso de sua tese, a
19 – Idem, p. 1 .
20 – GLEZER, Raquel. O saber e o fazer na obra de José Honório Rodrigues. Tese de
outorado. o Paulo: P, 19 , p. .

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Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

op o oi estudar o discurso de um historiador, distinguindo o a er e o


saber, de modo a compreender a evolu o do conhecimento histórico a
partir de seu trabalho. produ o histórica, portanto, seria tratada como
um ar uivo capa de ornecer in orma es sobre como os historiadores
pensam. u ainda, como um procedimento anal tico ue deveria e plici-
tar os atores ocultos da interpreta o histórica, considerando n o ape-
nas os pensadores individuais, mas tamb m a história das institui es,
órg os de ensino, etc.21

e modo inovador em sua poca, Gle er observava a necessidade de


um modelo de análise da historiografia próprio, capa de considerar a es-
pecificidade do trabalho histórico, visto ue seu ob etivo era saber como
a obra de história se concreti a, identificando seus n veis de elabora o,
sem perder de vista seu v nculo com um dado momento histórico.

ntre os es or os de análise da produ o historiográfica nacional,


outro autor ue se destaca nesse conte to Jos Roberto do maral apa,
com A hist ria em uest o: historiografia brasileira contempor nea, pu-
blicado em 19 . apa procurou definir a historiografia como um campo
de estudos ocupado com a história cr tica dos processos de registro da
realidade histórica , incluindo a a re e o sobre esse próprio registro.
m suas palavras, tal campo compreenderia o circuito ue vai do histo-
riador – como agente produtor – passando pelo processo de produ o do
conhecimento histórico para chegar sua transmiss o e consumo, isto ,
orma o de uma memória, uma consci ncia e uma prática ideológica por
21 – egundo Gle er, a proposta de tratar a produ o histórica como um ar uivo capa
de ornecer um acervo documental oi apresentada por Herbert Butterfield no livro Man
on his past: the study of history of historical scholarship (19 ). e acordo com a auto-
ra, para Butterfield, a história da produ o histórica n o deveria ter como oco central
o arrolamento de historiadores e obras, agrupados em escolas ou movimentos, mas o
historiador, a ser inserido na própria história. historiografia pensada em meio ao desen-
volvimento dos estudos históricos condicionados pela própria história. utra re er ncia
destacada por Gle er ante Moreira eite, cu o estudo O caráter nacional brasileiro
(19 9) prop e uma análise intuitiva do conte do a ser comparada análise uantitativa
das in orma es obtidas. ainda, os estudos desenvolvidos pela cr tica literária, sendo
ue o modelo teórico utili ado inspirado em ucien Goldmann, Sociologia do romance
(19 ), especialmente no cap tulo m todo estruturalista gen tico na história da litera-
tura .

24 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016


Sobre a hiStória da hiStoriografia braSileira: um breve panorama

parte dos agentes ue reprodu em, promovem a circula o, assimilam e


interagem nesse conhecimento .22

egundo apa, uma das limita es da história da historiografia brasi-


leira estaria no caráter repetitivo dos modelos anal ticos, em rela o aos
perfis e s obras mais significantes, e do arrolamento dos impedimentos
maior operacionalidade do historiador . m outras palavras, o autor criti-
cava certo pacto consensual em torno de dois pontos: as obras mais im-
portantes e os atores ue criaram obstáculos ao trabalho do historiador.
m seu tempo, considerava haver um movimento de ruptura dessa vis o
un voca, movimento esse observado em um momento em ue a historio-
grafia era vista como marcadamente pobre, uantitativa e ualitativamen-
te, sendo ob eto de poucos estudos. egundo apa, a amplia o dos es-
tudos sobre a história da historiografia seria indicativa de uma tomada de
consci ncia de undamental import ncia para a cr tica ideológica em sua
poca. ra, portanto, necessário desengravidar a Historiografia brasilei-
ra de sua carga ideológica e ustamente as avalia es ao n vel ideológico
ue poder o o erecer esse discernimento. ideologia seria a ob eto e
n o motor do conhecimento histórico .23

m 19 9, ilo dália propunha uma análise da historiografia bra-


sileira com base no conceito de vis o de mundo , ue permitia a er
a rela o entre a obra de um autor e sua poca.24 o analisar a obra de
Francisco dol o de arnhagen, dália identifica tr s elementos básicos
em sua História Geral do Brasil (18 -18 ): a na o, o stado e o ho-
mem branco brasileiro. ob etivo era desvendar a ideologia ue nortea-
va a elabora o da obra. este caso, o estudo da historiografia ornece-
ria subs dios para uma história das ideologias, sob uma chave de leitura
eminentemente pol tica.25 autor e seu conte to seriam compreendidos

22 – P , Jos Roberto do maral. A História em questão. Historiografia brasileira


contempor nea. Petrópolis: o es, 19 , pp.1 -1 .
23 – Idem, p. 19 .
24 – ODÁLIA, Nilo (org.). Varnhagen. História. o Paulo: tica, 19 9. Cole o Gran-
des Cientistas ociais n. 9. bserva-se em dália, novamente, a inspira o nas re e es
de ucien Goldmann.
25 – G IM R , Manoel ui algado. Historiografia e cultura histórica: notas para

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016 25


Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

como parte da constru o de uma ideologia pol tica, ou ainda, como parte
de um processo social de domina o. lguns anos mais tarde, em 199 ,
com As formas do mesmo, dália reafirma sua proposta de análise da his-
toriografia, desta ve ocali ando, al m de arnhagen, liveira ianna,
de modo a confirmar a tese anteriormente e posta: a de ue a historio-
grafia produ ida por ambos nada mais e do ue legitimar um processo
de domina o.26 Con orme argumenta Guimar es, dália contribuiu para
a consolida o de uma orma peculiar de estudo da historiografia, ue
consistia em interrogar os te tos a partir de propósitos e ternos aos mes-
mos.27

breve es or o de apresentar os modelos de história da historiogra-


fia produ idos entre os anos 19 e 19 permite tecer alguns comen-
tários acerca dos caminhos desse dom nio de estudos entre nós. Como
primeira observa o, destaca-se a presen a de Jos Honório Rodrigues
nesse campo ao longo de, ao menos, tr s d cadas, ainda ue altem es-
tudos mais sistemáticos acerca do alcance e etivo da sua recep o. Ine-
gavelmente, sua obra permaneceu, por longo tempo, como um tipo de
re er ncia nica, n o apenas devido proposta monumental de con ugar
teoria, metodologia e historiografia, mas pela divulga o no meio acad -
mico por meio de publica es de ampla circula o.

segundo comentário re ere-se perman ncia, pelo menos por tr s


d cadas, da no o de ideologia como categoria-chave dos estudos sobre
a historiografia, o ue pode ser compreendido levando em conta a e pe-
ri ncia vivida por esses intelectuais, pensadores da história, entre as d -
cadas de 19 e 19 , uando a temática da uest o nacional retornou
cena sob novo prisma, suscitando interpreta es diversas e e igindo no-
vos instrumentos teóricos. no o de ideologia permitia relacionar te to
e conte to, re uentemente a partir de uma rela o de subordina o do
primeiro ao segundo, al m de atender necessidade de e plicitar os pres-
um debate. Ágora – Revista de História e Geografia, I C, 199 , p. 2.
26 – ODÁLIA, Nilo. As formas do mesmo. Ensaios sobre o pensamento historiogr fico de
Varnhagen e Oliveira Vianna. o Paulo: P, 199 , p. 3.
27 – G IM R , Manoel ui algado. Historiografia e cultura histórica, op. cit., p.
43.

26 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016


Sobre a hiStória da hiStoriografia braSileira: um breve panorama

supostos ue orientavam as interpreta es produ idas pelos intelectuais


em di erentes tempos, promovendo, sob certos aspectos, um movimento
de autocr tica e de e plicita o de suas próprias orienta es.

terceiro comentário relaciona-se observa o da presen a de n-


tonio Candido, cu a amplitude ainda di cil de ser medida, como re-
er ncia para pensar um novo rumo para o estudo da historiografia nos
anos 19 . a d cada anterior, ao compreender a história da literatura
como uma história social, com uma proposta de m todo, Candido permi-
tia romper com a abordagem norteada pelo materialismo histórico, ue
opunha estrutura e superestrura, considerando as mani esta es culturais
(superestruturais) como re e os da primeira. autor orneceu novas
coordenadas para os estudos de história da cultura no Brasil, di undindo
e sofisticando no es como a de gera o, in u ncia e tema, ue contri-
buiriam para a abordagem da literatura como um todo org nico . Candi-
do a astou-se, assim, da perspectiva tradicional de uma história undada
na perspectiva geracional e na sucess o cronológica direta de autores e
obras. l m disso, considerou o estudo da obra em um conte to histórico
sem perder de vista a no o do te to literário en uanto dotado de carac-
teres ormais próprios.

Por fim, nos anos 19 , a emerg ncia de uma preocupa o em de-


senvolver a história da historiografia parece estar relacionada, ao menos
em parte, com uma trans orma o interna do campo dos estudos históri-
cos no Brasil. Como observou maral apa em 19 , na uele momento
era notório o crescimento do interesse dos historidores a respeito do de-
senvolvimento do próprio conhecimento ue produ iam, indicando certa
preocupa o epistemológica.

HISTORIOGRAFIA, HISTÓRIA DAS IDEIAS E HISTÓRIA DAS


INSTITUIÇÕES
partir dos anos 198 , identifica-se um con unto de pes uisadores
ue se dedicaram a pensar a historiografia a partir de re erenciais oriun-
dos da história das ideias, produ indo estudos sobre autores, obras e ins-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016 27


Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

titui es. necessário considerar ue esse conte to marcado por uma


in e o da historiografia brasileira, por e eito da e pans o das pes uisas
reali adas no mbito das pós-gradua es, criadas na d cada anterior, e
das trans orma es no plano internacional, decorrentes, em larga medida,
da renova o da história pol tica e da história intelectual, do giro lin-
gu stico e da ascens o da história cultural. Categorias como ideologia
n o necessariamente oram dei adas de lado, mas outras oram inclu das,
tornando o uadro conceitual mais comple o.

Chamamos a aten o, ainda ue brevemente, para a obra de rno


Wehling ue, desde a d cada de 19 , reali ava estudos sobre a historio-
grafia, compreendida en uanto história da história, com metodologia pró-
ima da história das ideias e da história da ci ncia. esse campo, o autor
notabili ou-se por uma s rie de estudos sobre o historicismo, reunidos no
livro A invenção da história: estudos sobre o historicismo (199 ) al m
de um alentado estudo sobre Francisco dol o de arnhagen e Capistrano
de breu, parcialmente publicado.28

m te to mais recente, o autor prop e verificar se poss vel ue a


história da historiografia uncione como laboratório de uma epistemolo-
gia histórica, cu o ob etivo seria testar a aplica o de categorias e proce-
dimentos epistemológicos a um tipo espec fico de ontes, as obras histo-
riográficas, contribuindo, assim, para o refinamento teórico da área .29

28 – WEHLING, Arno. De Varnhagen a Capistrano: historicismo e cientificismo na cons-


tru o do conhecimento histórico. Rio de Janeiro: FRJ, 1992. Tese para pro essor titular
de Metodologia da História, 2 volumes W H I G, rno. Estado, História e Memória:
arnhagen e a constru o da identidade nacional. Rio de Janeiro: ova Fronteira, 1999.
Wehling compreende ue o historicismo n o um problema estritamente historiográfico,
circunscrito ao dom nio da epistemologia da história, mas se dedica ao estudo de sua
presen a nesse campo, considerando-o ecundo para a história das ideias cient ficas e filo-
sóficas. autor elege um con unto de uest es pertinentes ao historicismo e as e amina a
partir do estudo de casos relativos a autores, tais como arnhagen e Capistrano de breu,
e institui es, como o IHGB.
29 – W H I G, rno. Historiografia e epistemologia histórica. In: M RB , Jurandir
(org.). A história escrita: teoria e história da historiografia. o Paulo: Conte to, 2 , p.
175.

28 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016


Sobre a hiStória da hiStoriografia braSileira: um breve panorama

a d cada final do s culo , entre os estudos ue evidenciaram


a articula o ecunda entre historiografia, história pol tica e história das
institui es, a tese de ucia Maria Paschoal Guimar es, Debaixo da ime-
diata proteção de Sua Majestade Imperial: o Instituto Histórico e Geo-
gr fico rasileiro ( ), de endida em 199 , na niversidade de
o Paulo, sob orienta o de anci eon o, n o apenas contribuiu para a
amplia o da escassa bibliografia espec fica ent o dispon vel sobre a ue-
la agremia o, como assinalou uma importante in e o de análise dentro
dos estudos com oco nos lugares de produ o do conhecimento histórico
no Brasil do itocentos. Com base no mapeamento do perfil sociopol tico
dos undadores, alinhados ao pro eto de consolida o do stado Imperial,
e em detalhado levantamento do material publicado na Revista Trimen-
sal do IHGB, ucia Guimar es introdu iu a hipótese do descompasso
entre os discursos pro eridos acerca da história e sua prática e etiva den-
tro da institui o, preponderantemente marcada pelo trabalho de fi a o
de uma memória nacional .30 , entre as evid ncias incontornáveis da
preocupa o dos sócios do Instituto com o combate ao es uecimento, a
presen a significativa de biografias e necrológios estampados nas pá-
ginas do periódico da instituti o, servia para demarcar a centralidade do
problema da memória no processo de institucionali a o da historiografia
brasileira no s culo I .31

HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA, CULTURA HISTÓRICA E


MEMÓRIA DISCIPLINAR
partir do final dos anos 198 e ao longo da primeira d cada do
s culo I, observa-se o interesse por problemas relacionados escrita e
narrativa históricas, s práticas e lugares institucionais de investiga o
30 – G IM R , ucia Maria Paschoal. ebai o da imediata prote o de ua Ma-
estade Imperial: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1838-1889). Revista do
IHGB, a. 1 , n. 388, ul.-set. 199 , p. .
31 – tema da memória permanecerá onipresente na pes uisa posterior da autora, apre-
sentada como tese de concurso para pro essor titular da niversidade do stado do Rio de
Janeiro/ RJ, na ual estende o recorte temporal da história do IHGB da ueda do Imp -
rio at o governo argas. G IM R , ucia Maria Paschoal. Da Escola Palatina ao
ilogeu: nstituto Hist rico e eogr fico rasileiro ( ). Rio de Janeiro: Museu
da Rep blica, 2 .

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016 29


Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

em estudos ue, de modo geral, mant m os re erenciais da história pol -


tica e da uest o nacional , mas tamb m despontam com outras preocu-
pa es, por ve es relacionadas cultura histórica, e peri ncia do tempo
e recep o das obras historiográficas, assim como aos problemas de teo-
ria da história ou da história dos conceitos. livro de Ricardo Ben a uen
de ra o, Guerra e Paz: Casa-Grande & Senzala e a obra de Gilberto
Freyre nos anos 30 (199 ) e emplar nesse sentido. Cabe lembrar ue,
o artigo do autor, Ronda noturna: narrativa, cr tica e verdade em Capis-
trano de breu , oi publicado em 1988, no primeiro n mero da revista
Estudos Históricos, como parte do dossi Caminhos da historiografia .

este mesmo dossi , Manoel ui algado Guimar es despontava


com uma perspectiva de análise ue se revelou pro cua para os estudos
da historiografia nas suas articula es com a teoria da história e a história
pol tica. artigo a o e civili a o nos trópicos: o Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro e o pro eto de uma história nacional correspon-
dia s ntese de sua tese de doutorado, A escrita da história no século XIX.
Historiografia e na o no rasil ( ), defendida no ano anterior,
na niversidade ivre de Berlim, sob a orienta o de Hagen chul e.32
a uele momento, Manoel algado situava a sua proposta de pes uisa na
converg ncia entre dois temas caros s ci ncias sociais, a historiogra a e
a uest o nacional e, nesse mbito, reconhecia uma lacuna: com e ce o
dos trabalhos de Jos Honório Rodrigues, havia poucos estudos sobre os
primórdios da escrita da história no Brasil e constitui o do pro eto
pol tico de na o no s culo I .33 recorte temporal da pes uisa estava
nos marcos de origem da historiografia cient fica sistemática entre nós,
a unda o do IHGB, em 1838, e a publica o do segundo volume da
História Geral do Brasil, de Francisco dol o de arnhagen, em 18 .

e anos após a publica o de a o e civili a o nos trópicos ,


Manoel algado apresenta a uelas ue seriam as suas re e es concei-

32 – tese oi tradu ida por Paulo nauss e Ina de Mendon a, e publicada no Brasil
postumamente: G IM R , Manoel . algado. Historiografia e na o no Bra-
sil:1838-18 . Rio de Janeiro: d RJ, 2 11.
33 – Idem, p. 2.

30 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016


Sobre a hiStória da hiStoriografia braSileira: um breve panorama

tuais mais sistemáticas acerca da historiografia, em dois artigos publica-


dos no final da d cada de 199 e in cio dos anos 2 , nos uais apontava
caminhos poss veis para uma delimita o renovada das especificidades
dos estudos historiográficos.

scrito no final do mil nio, Repensando os dom nios de Clio: as


ang stias e ansiedades de uma disciplina assinala, em seu próprio t tu-
lo, o diagnóstico geral de um per odo de crise no mbito disciplinar,
mas ue tamb m se apresentava como oportunidade para os historiadores
repensarem o próprio campo e o e erc cio de seu o cio. o final dos
anos de 199 , uais seriam os caminhos poss veis para a renova o da
historiografia como subárea de pes uisa para al m da sua un o au iliar,
dilu da entre as práticas do o cio e limitada elabora o de catálogos
de autores e obras 34

o artigo publicado no ano 2 , sos da história: re etindo so-


bre identidade e sentido , a re er ncia ao conte to das celebra es dos
anos da chegada dos portugueses ao Brasil servia como mote para
o apro undamento da análise das rela es entre história e memória nos
processos de abrica o simbólica dos la os de identidade coletivos, tema
apenas esbo ado no te to anterior.35

ue merece ser destacado no con unto de interroga es ent o pro-


postas a afirma o da historicidade da própria disciplina e dos entrela-
amentos entre os pro etos de escrita da história e a produ o da memória
social e, sobretudo, os usos e sentidos pol ticos do conhecimento abrica-
do pelos historiadores. ue Manoel algado identificava como a tare a
de uebrar o espelho era imprescind vel para a desnaturali a o de certa
imagem da história-ci ncia ue, tal como no mito narc sico, permanecera
sedu ida e sub ugada pela memória de seu triun o disciplinar e pot ncia
institucional.

34 – G IM R , Manoel ui algado. Repensando os dom nios de Clio: as ang stias


e ansiedades de uma disciplina. Revista Catarinense de História, n. , 1998, pp. 1 -11.
35 – G IM R , Manoel ui algado. sos da história: re etindo sobre identidade e
sentido. História em Revista. Pelotas/R , v. , 2 , pp. 21-3 .

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016 31


Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

possibilidade de se delimitar algo como uma história da histo-


riografia sempre esteve diretamente vinculada ao trabalho de memória
e de constru o de uma narrativa de identidade da disciplina, ue envol-
veu tamb m o silenciamento de tradi es como a dos anti uários, bem
como a compreens o dos chamados te tos undadores como ormas
de disputas pelo passado e da própria normati a o de uma história
disciplinar no Brasil oitocentista. Por conseguinte, a renova o dos es-
tudos de história da historiografia, tal como o entendia Manoel algado,
pressupunha uma vigil ncia ao mesmo tempo epistemológica e tica, ue
decorria do reconhecimento dessas disputas e interdi es em torno dos
modos poss veis de representa o do passado, materiali ados em uma
memória disciplinar.

este sentido, na proposta de ultrapassar a con ec o de catálogos e


balan os bibliográficos ue, tradicionalmente, se con undiram com os es-
tudos de historiografia, se era imprescind vel a demarca o dos seus ob-
etos, a ormula o de problemas e de pautas renovadas de investiga o,
igualmente se a ia necessário o trabalho de edi o cr tica e comentada
de te tos como orma de se constituir um corpus de ontes poss veis de
pes uisa. ssa preocupa o estava na base de um dos importantes pro e-
tos de Manoel algado, ue se concreti ou postumamente com a publi-
ca o do i ro de fontes de historiografia brasileira, composto por dis-
cursos, disserta es e memórias, originalmente publicados na revista do
IHGB, ao longo do s culo I , transcritos em sua ortografia e pontua o
originais e acrescidos de elucidativas notas do seu organi ador.36

Já assinalada no artigo de 1998, a abordagem cr tica dos mitos de


unda o da ci ncia histórica e de sua subse uente hegemonia, desde o
s culo I , entre as demais ci ncias sociais, consistiria no primeiro pas-

36 – G IM R , Manoel ui algado. i ro de fontes de historiografia brasileira


Rio de Janeiro: d RJ, 2 1 . Recentemente, dois pro etos de edi o comentada de on-
tes para estudos de historiografia, afinados a essa proposta, oram publicados: R ,
Flávia I IR , Maria da Glória de e G TIJ , Rebeca (orgs.). História e historia-
dores no Brasil: da m rica Portuguesa ao Imp rio do Brasil: c. 1 3 -18 . Porto legre:
IP CR , 2 1 e IC I, Fernando (org.) História e historiadores no Brasil: do
fim do Imp rio ao alvorecer da Rep blica: c. 18 -19 . Porto legre: IP CR , 2 1 .

32 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016


Sobre a hiStória da hiStoriografia braSileira: um breve panorama

so para dessacrali ar certa memória constru da em torno da disciplina. o


entanto, o ue se ormula de modo mais consistente nos te tos de re e o
teórica de Manoel algado a constata o de ue tal tare a implicava
necessariamente a amplia o do escopo re e ivo para al m do mbito
das uest es endógenas ao campo disciplinar, ou se a, uma história da
história n o poderia dei ar de ser pensada tamb m como uma cr tica da
cultura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fran ois Hartog identificou na emerg ncia de uma consci ncia his-
toriográfica, desde o final dos anos 198 , o en meno mais amplo de crise
do regime moderno de historidade, caracteri ada pelo presentismo ( um
presente onipresente ), ue se a acompanhar pela e peri ncia de um
uturo imprevis vel e de um passado visitado e revisitado de orma
incesssante e compulsiva .37 o mbito da produ o acad mica, tais mu-
ta es talve nos permitam re etir sobre as rela es ue as pes uisas
atuais de história da historiografia mant m com o ue podemos identi-
ficar como uma tradi o de estudos historiográficos, sobretudo a uela
ue, no passado recente (entre os anos de 19 -8 ), consolidou certos
modelos de análise.38 Como oi destacado acima, em grande parte desses
estudos precursores , havia a e pl cita preocupa o de retirar a histo-
riografia brasileira de um nicho originalmente ocupado nas histórias da
literatura nacional, para situá-la entre os ob etos privilegiados de análise
dos historiadores, tomando-a como documento para a identifica o das
linhas de evolu o da história da disciplina.

ma tare a recomendável para a ueles ue ho e pretendem pes uisar


no campo da história da historiografia talve este a ustamente em uma
leitura cuidadosa desse repertório de trabalhos acumulados ue, a despei-

37 – H RT G, Fran ois. Pre ácio. In: O século XIX e a história: o caso Fustel de Cou-
langes. Rio de Janeiro: ditora FRJ, 2 3, p. 2.
38 – m balan o anal tico cuidadoso dos trabalhos mais recentes na área, incluindo pes-
uisas reali adas desde o in cio dos anos 2 , ainda está por ser eito. este sentido, des-
tacamos o mapeamento inicial dessa produ o em: R J , s culo I no conte to
da redemocrati a o brasileira, op. cit..

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 177 (472):13-38, jul./set. 2016 33


Maria da GLória de oLiveira e rebeca Gontijo

to de suas especificidades, constitu ram modelos de história intelectual,


em sua grande parte, tributários da história das ideias e das ideologias,
cu as limita es nos saltam aos olhos na atualidade, lidos a dist ncia, mas
tamb m podem servir para ancorarmos sobre bases mais firmes a renova-
o das agendas e das abordagens de pes uisa. Com e eito, os trabalhos
de história da historiografia ue comp em algo pró imo a um c none
desse campo de estudos talve mere am ser mais bem avaliados, consi-
derando o ue, na perspectiva hermen utica de Hans-Georg Gadamer, se
entende por hori onte móvel da tradi o, rente a ual talve ganhásse-
mos mais com uma postura de reconhecimento e abertura e n o apenas de
recusa e estranhamento. isso abriria a possibilidade de revisitar traba-
lhos ue despontaram há d cadas atrás, como os de Jos Honório, Carlos
Guilherme Motta, Maria dila da ilva ias, Maria de ourdes Janotti,
ilo dália e outros historiadores da historiografia do Brasil, adotando
o procedimento usual no trato com as ontes, o ue implicaria interrogar
esses estudos por suas determina es espec ficas, mediante o es or o de
compreens o de seus di erentes hori ontes de uest es para, com isso,
livrá-los de e pectativas in undadas de ue eles nos o ere am interpreta-
es com pra o de validade atuali ado.

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