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UM ESTRANHO NO NINHO?

Conheça
Conheça mais
mais sobre
sobre oo planeta
planeta
em
Em que
que vivemos
vivemos

Conheça mais sobre o


Horários diferentes movimento que deu e dá início
para lugares diferentes. ao surgimento das cordilheiras,
Você sabe por quê? vulcões e terremotos.
TEMPO UNIVERSAL TECTÔNICA DAS PLACAS
NGC 2467 and Surroundings / ESO
ESO
UMA IMAGEM DA CORDILHEIRA DOS ANDES NO CHILE. A CORDILHEIRA DO HIMALAIA FICA ENTRE A
ÍNDIA E O NEPAL.
A inclinação do eixo de rotação da Terra é de aproximada- Da superfície da Terra, 71% são ocupados por oceanos e
mente 23,5 graus, e isso é a causa das estações do ano. 29% pelos continentes. Ter água é um dos grandes dife-
A Terra fica a uma distância média do Sol de 149,6 renciais do planeta Terra. Não há vida como a conhece-
milhões de quilômetros e se move em torno dele a uma mos sem água.
velocidade de mais ou menos 30 km/s. A atmosfera da Terra é composta por nitrogênio (78%) e
A Terra não é uma esfera perfeita; ela tem formato geói- oxigênio (21%). Os outros gases perfazem apenas 1% da
de. O seu achatamento polar é causado pelo efeito centrí- atmosfera (inclusive o gás carbônico, que aqui na Terra
fugo da rotação. O diâmetro equatorial é levemente maior tem o percentual exato para causar um efeito estufa su-
que o diâmetro polar (12.757km contra 12.714km, uma ficiente para não congelarmos à noite). A temperatura na
diferença de 43km). A massa da Terra é de 6.1024kg (o 6 Terra varia apenas de –80ºC até +60ºC e seu valor médio
é seguido de 24 zeros!). é exatamente o suportável pelos seres humanos.

Digital Juice
WIKIPÉDIA

ISTOCK PHOTO

OS VULCÕES EXPELEM O MAGMA, PRODUZIDO ENTRE O MANTO E A CROSTA. A FALHA DE SAN ANDRÉAS, NA
CALIFÓRNIA, É UM DOS LOCAIS
MAIS PROPENSOS A OCORRÊNCIA
DE TERREMOTOS.
NASA

NASA / NOAA

NASA
STS - 45 Crew / NASA
NOSSO BONITO PLANETA NUNCA É VISTO DA O FURACÃO FRANCES SE APROXIMANDO DA A COSTA DO ALASCA COBERTA DE GELO. UMA VISÃO DA TERRA A PARTIR DE UM
MESMA MANEIRA DO ESPAÇO POR CAUSA FLÓRIDA EM 2003. OS FURACÕES SÃO UM SATÉLITE EM ÓRBITA.
DAS NUVENS AO REDOR DELE, QUE ESTÃO EM DOS FENÔMENOS DO CLIMA NA TERRA.
CONSTANTE MOVIMENTO.

A atmosfera da Terra pode ser considerada leve, com ventos fortes e também alterações climáticas cau-
sadas por massas de ar. O interior da Terra costuma ter sua estrutura separada em partes: o núcleo
(subdividido em interno e externo), o manto e a crosta.

NÚCLEO
O NÚCLEO INTERNO É FEITO DE FERRO SÓLIDO A MAIS DE 400ºC E É CERCADO PELO NÚCLEO
EXTERNO, FORMADO POR FERRO LÍQUIDO, RESPONSÁVEL PELO CAMPO MAGNÉTICO DA TERRA.

MANTO
CAMADA MAIS VOLUMOSA, ESTÁ EM MOVIMENTO, QUE CAUSA TENSÕES NA CROSTA.

CROSTA
CAMADA MAIS DELGADA, SUA PROFUNDIDADE VARIA DE 10 A 35KM, MAS PODE CHEGAR A
65KM NAS REGIÕES MONTANHOSAS. A CROSTA CONTINENTAL REPOUSA SOBRE O MANTO,
ASSIM COMO UM ICEBERG FLUTUA NA ÁGUA.

Em termos de constituição, o elemento químico mais comum na Terra é o ferro,


seguido pelo silício e pelo magnésio. Correntes fluidas no núcleo exterior seriam respon-
sáveis pelo campo magnético terrestre. Da ordem de 0,4.10–4 tesla ou 0,4 gauss, o núcleo
encontra-se inclinado 12º em relação ao eixo de rotação da Terra e funciona como um imenso
ímã (por isso a agulha das bússolas sempre aponta para o mesmo lugar, o Norte). Quando partí-
culas eletricamente carregadas atingem esse campo que envolve toda a Terra, elas interagem com ele
e emitem luz, causando o fenômeno que chamamos de aurora.
PANORAMA DE 360º DO QUE SERIA VISTO DO ALTO DO MONTE EVEREST, NO HIMALAIA, A QUASE 9 KM DE ALTURA. O EVEREST É O PONTO CULMINANTE DA TERRA.
Roddy Mackenzie
IESDE
A crosta da Terra é formada por partes isoladas, de satélites artificiais em órbita. Eles têm outras
sobre as quais ficam os continentes. Dessa ma- finalidades, como as comunicações, e são muito
neira, os continentes se movem sobre o manto do úteis.
planeta e a distribuição das terras está sempre
mudando. Há 220 milhões de anos havia apenas Os satélites permitem saber
um supercontinente, denominado Pangéia, que rapidamente o que acontece em
começou então a se romper e a formar os conti- qualquer lugar do mundo, e tam-
nentes modernos que conhecemos hoje (América,
Europa, Ásia, África, Oceania e Antártida).
bém auxiliaram no desenvolvi-
mento da telefonia.
O movimento dessas placas é o responsável pelo
surgimento das cordilheiras (como é o caso dos Inicialmente os satélites foram utilizadas para a
Andes, na América do Sul e do Himalaia, na Ásia) e descoberta de jazidas minerais, atualmente permi-
também dos vulcões e terremotos. Para entender tem ao homem descobrir focos de desmatamen-
mais sobre o nosso planeta, também há uma série tos, mapear rotas, e muitas outras coisas.
PARALELOS E MERIDIANOS SÃO LINHAS
IMAGINÁRIAS SOBRE O PLANETA TERRA.

e
Juic
ital
Dig

UM PONTO P SOBRE A SUPERFÍCIE DA TERRA E SUA


LATITUDE E LONGITUDE, AMBAS SENDO MEDIDAS
ANGULARES.
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UNIVERSAE
POR UMA QUESTÃO DE CONVENIÊNCIA, OS FUSOS HORÁRIOS NO BRASIL
NÃO UTILIZAM OS LIMITES TEÓRICOS.
Istock Photo

UNIVERSAE

FUSOS HORÁRIOS SOBRE A TERRA SÃO LEVEMENTE AJUSTADOS DE ACORDO COM A CONVENIÊNCIA DE CADA PAÍS.
11
A Terra efetua
um m
no de um eixo im ovimento de rotação em tor-
aginário. O perí
mento é de 23h5 odo desse movi-
6min e não exat
A principal cons am ente 24 horas.
eqüência da rota
movimento apar ção da Terra é
ente das estrelas o
Aliás, graças a , do Sol e da Lua. A velo
esse movimento c
de três mil anos
, astrônomos já
aparente há mai
s dos os idade de ro
sabiam da rotaçã pont tação
do nosso planet
a. o é que todo os da Terr não é a m
aprox so a, m esm
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ce” no leste e “s imada s pontos dã as o que n a para to-
mente o o
eles concluíram
que a Terra gira
e põe” no oeste, Em 1
851, 24 ho uma volta s interessa
de um pê J e r a s . c o mplet
leste. Suponha
que você está an oeste para ndulo an Bernard a em
cleta e que pass dando de bici- com u na cúp Léon
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está parado. Pa m perto de um colega que por um esfera de do Panthéo cault pendu
ra seu colega, c a b o de 6 f e r r o de 2 n de rou
que você está pode parecer importa 7 8 quil Paris, feito
se movimentand vrem n t e : pod m e tros e os
dele, mas você o na
dirá exatamente direção um ente. Esse er oscilar uma c pendurada
rio: do seu pont o contrá- a vez em a rac
o de vista, é el por to pêndulo dem qualquer terística
e que está Se co das, a
se movimentand
o em sua direçã lo rotaçã onstrou e p plano li-
o sentido do m o (note que oscila carmos o o da T ro
ovimento dele é r sob
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l erra. vou, de
seu). Esse movim o posto ao lano ep e uma l o de Fo
ento do seu cole i u
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epção; os astrôn v e s d e
físicos dizem qu omos e osciland rificaremos oscilando terminado
e é uma questã o a
rencial. Na verd o de refe- mesmo sobre aqu que ele nã o longo de
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do eixo de rotaçã hão. rencia i
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r l o pên nicial; ou
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geográficos. e e sul n ndo, e o pên (latitu
o inici le dem dulo, de
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levará l; numa lat rará 24 hor remos que de 90º)
O PÊNDULO DE FOUCAULT
itude d , uma NO PANTHÉON EM PARIS.
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de 2 d e 45º, a volta vez
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ra uma le levará 1 ao pla-
UNIVERSAE

latitud ,4 dias
e de 3 ;
0º. 13
UNIVERSAE

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Anthony Ayiomamitis

ANALEMA SOLAR SOBRE A GRÉCIA – UM ANALEMA É


O RESULTADO DE UMA FOTOGRAFIA DO SOL DURANTE
UM ANO, SEMPRE À MESMA HORA DO DIA.
PARA O ANALEMA QUE VEMOS ACIMA,
38 FOTOGRAFIAS FORAM SUPERPOSTAS.
UNIVERSAE

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Istock Photo
É também o astro mais próximo da Terra e o único satélite A Lua fica a mais ou menos 384 mil quilômetros de distância
natural de nosso planeta. Além de embelezar nosso céu, é ela da Terra (como a órbita não é circular, essa distância varia de
que causa as marés. Uma série de outras influências é atri- 363 mil quilômetros até 406 mil quilômetros), o que em As-
buída a esse satélite, mas nenhuma delas é cientificamente tronomia é considerado uma distância pequena. Tem 3.840
comprovada. quilômetros de diâmetro e é 81 vezes menos massiva do que
O teor dos elementos encontrados na Lua e na Terra é muito a Terra. Mesmo assim, a massa da Lua é imensa se compara-
semelhante; por isso hoje os astrônomos acreditam que a da a qualquer padrão humano diário, pois ela tem mais de 70
Lua surgiu depois do impacto de um objeto do tamanho de bilhões de toneladas.
Marte com a Terra. Após a colisão, partes dos dois corpos se A gravidade na superfície da Lua é apenas 1/6 da gravidade
misturaram e permaneceram orbitando nosso planeta. Aos na superfície da Terra. Com facilidade um ser humano po-
poucos foram se reunindo num corpo. deria dar saltos bem maiores na Lua. É por isso que quando
Acredita-se que a Lua tenha um núcleo sólido não metálico e vemos as imagens das missões Apollo e dos astronautas que
inativo, seguido por um manto talvez semi-sólido e uma fina pousaram na Lua, parece que estavam em câmera lenta.
crosta.
NASA
ALDRIN,
TRIPULANTE DA APOLLO 11

A superfície da Lua é cheia de crateras, resultado da ex-


posição a várias colisões de meteoros. A Terra também foi
bombardeada por meteoros, mas a erosão costuma deixar
poucos vestígios para que notemos isso. Os mares da Lua,
que recebem esse nome porque os primeiros observadores
pensavam que fossem oceanos, não têm água nenhuma;
são apenas enormes crateras antigas que foram cobertas
com lava derretida. Os mares dividem a paisagem lunar
com planaltos.

A maior parte da superfície da Lua é re-


coberta por regolito, uma mistura de pó
fino e resíduos de rochas, resultado dos
impactos dos meteoritos na superfície.

As crateras da Lua e dos outros corpos do Sistema Solar


são uma base do modelo de formação do nosso sistema
planetário. A partir da observação dessas crateras, ima-
ginamos que existia uma enorme quantidade de rochas
orbitando o Sol, que aos poucos se juntaram em corpos
maiores que, quando menores, foram atingidos por outros
corpos, que formaram crateras existentes até hoje em al-
guns planetas e satélites.
UNIVERSAE

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O JIPE LUNAR LEVADO PELA
APOLLO PASSEIA PELO NOSSO
SATÉLITE NATURAL.

A Lua praticamente não possui atmosfera. Se estivéssemos lá, poderíamos ver o Sol
e ao mesmo tempo as estrelas, pois o céu seria escuro.
Como lá não existe atmosfera, não há efeito estufa, o que pelas sondas Surveyor e Ranger.
causa as grandes variações de temperatura (de 105ºC até Graças às forças de maré que a Terra exerce sobre a crosta
155ºC). lunar, essa perdeu energia de rotação e ficou numa forma es-
A Lua é o único astro visitado pelo homem (todos os treze tável onde o seu período de rotação é igual ao período orbital,
astronautas que lá estiveram foram nas missões Apollo). Ela ou seja, a Lua está sempre com o mesmo lado apontado para
também foi o primeiro astro a receber sondas espaciais. A a Terra. Ao lado oposto, aquele que nunca enxergamos (com
primeira vez que isso aconteceu foi em 1959 com a sonda exceção dos astronautas que viajaram até lá), damos o nome
soviética Luna 2. Desde então as sondas já trouxeram mais de face oculta. A Lua gira a 1,2 quilômetros por segundo em
de 380 quilos de rochas lunares para a Terra, a fim de serem torno da Terra, e mesmo a essa velocidade demora 27 dias
pesquisadas. Além da Luna e da Apollo, a Lua foi visitada 7 horas e 43 minutos para dar uma volta em nosso planeta.
Durante esse movimento, a aparência da Lua muda bastante;
são as fases.
NASA

NASA
Digital Juice

ALGUMAS CRATERAS DA TYCHO É UMA CRATERA QUE PODE UMA IMAGEM DA LUA.
PAISAGEM LUNAR. SER VISTA MESMO A OLHO NU.

Período de rotação é o tempo que um corpo demora para dar uma volta sobre si mesmo. No
caso da Lua, esse período é de pouco mais de 27 dias; no caso da Terra, é de um dia. Período
orbital é o tempo que um corpo demora para realizar uma órbita completa em torno de outro;
a Lua demora pouco mais de 27 dias e a Terra demora um ano para completar uma órbita em
torno do Sol.

Faça as suas próprias crateras em casa. Coloque areia fina num recipiente com 5cm de profundidade, alise a superfície e atire
bolas de gude sobre ela (uma de cada vez). Observe as formações e compare com observações ou fotos das crateras lunares.
Tente aprimorar esse experimento, colocando uma fina camada de farinha sobre a areia e atirando as bolas de gude com
diferentes velocidades. Tente ver as montanhas que se formam na região do impacto bem como as raias do material ejetado.
Desenhe e anote as diferenças entre cada cratera.
UNIVERSAE

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As diferentes configurações são chamadas de fases da Lua, Na Lua Nova, o satélite está entre o Sol e a Terra, e o Sol
que acontecem porque o Sol ilumina metade da Lua e, de- ilumina a metade da Lua não visível da Terra. Na Lua Cheia,
pendendo da posição relativa entre Terra, Lua e Sol, nós na quando a Terra está entre a Lua e o Sol, vemos toda a me-
Terra não vemos necessariamente toda a parte iluminada tade iluminada da Lua. Entre as fases Nova e Cheia temos
da Lua. as fases Crescente e Minguante. Em ambos os casos uma
pessoa na Terra vê um meio círculo lunar iluminado. Na fase
As fases caracterizam-se pelo quanto Crescente vemos que o Sol se pôs, ou seja, no começo da
noite, e costuma-se dizer que tem a forma de um “C”. Já na
dessa parte iluminada vemos. fase Minguante somente a veremos no final da noite, antes
de o Sol nascer, no formato de um “D”. Nessas duas fases
Cada fase dura pouco mais que 7 dias e a sucessão de uma
ainda é possível ver a Lua durante o dia, quando Crescente,
fase, ou seja, o período total das fases é de 28 dias 12 horas
procure ela na parte da tarde, já na Minguante procure-a na
e 44 minutos. Cada fase se caracteriza somente pela mudan-
parte da manhã.
ça da iluminação do satélite, mudando apenas a forma como
a vemos; nada muda na Lua.

Alguns dias depois do dia em que consideramos a Lua em fase Nova, podemos vê-la no hori-
zonte oeste logo após o pôr-do-Sol, como um fino C. Se repararmos bem, perceberemos que é
possível ver toda a volta da Lua, porém bem “apagada”. O que está ocorrendo é que a parte
que não está iluminada pelo Sol está sendo iluminada pela reflexão da luz solar pelas nuvens
da Terra, ou seja, nosso planeta é que está iluminando a Lua. Esse efeito foi explicado por
Leonardo da Vinci a cerca de 500 anos atrás e é conhecido como brilho da Terra (earthshine
em inglês).
AS QUATRO POSIÇÕES PRINCIPAIS A LUZ DO SOL FAZ COM QUE VEJAMOS A LUA DE MANEIRA DIFERENTE,
RECEBEM NOMES ESPECÍFICOS. DEPENDENDO DE SUA POSIÇÃO NA ÓRBITA.

FOTOS SUCESSIVAS DIA A DIA, MOSTRAM A MUDANÇA DA LUA QUE VEMOS DA TERRA. O tempo que a Lua demora para dar uma volta na Terra, o
ESSA MUDANÇA É CHAMADA LUNAÇÃO.
seu período orbital, é de pouco mais de 27 dias. Porém, o
intervalo de tempo entre duas fases iguais (quando as fases
voltam a se repetir) é de pouco mais de 29 dias. Isso porque
enquanto a Lua orbita a Terra, as duas estão orbitando o Sol
e nesse tempo é necessário que a Lua gire um pouco mais
para estar na mesma posição em relação à Terra.

Tente acompanhar as fases da Lua durante um mês inteiro.


Veja num jornal quando será a próxima fase e então passe a
acompanhá-la, mesmo que seja durante o dia. Para localizá-
la, pense no seguinte: a Lua Crescente estará no zênite (no
ponto mais alto do céu) quando o Sol estiver se pondo; a Lua
Cheia estará nascendo (horizonte leste) quando o Sol estiver
se pondo; a Minguante estará no zênite quando o Sol estiver
nascendo, ou no lado oeste do céu, durante a manhã; não
conseguimos ver a Lua Nova, a não ser alguns dias depois
do início da fase, quando ela já começa a se alterar, encami-
nhando-se para a fase crescente.
Antonio Cidadão

UNIVERSAE

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Nosso planeta não é totalmente rochoso, pois tem a atmos-
fera e os oceanos, que são fluidos, esses se deformam con-
sideravelmente, em decorrência da ação dessa força. Como
essa força depende da distância, a parte do oceano mais pró-
xima à Lua é atraída mais fortemente do que a parte central,
formando um bojo nessa direção. A força gravitacional do
Sol também faz um efeito de maré, mas sua força é menos
intensa que a da Lua. Por isso dizemos que é a Lua quem
rege as marés.
As marés altas e baixas são ampliadas quando a Lua é Cheia
ou Nova, pois nesse caso as forças gravitacionais do Sol e
da Lua somam esforços. Como o bojo acompanha a Lua, as
marés altas e baixas alternam-se num período de mais ou
menos seis horas.
Para habitantes do litoral, o efeito das marés é facilmente
percebido pela variação do nível da água, algo que pode ser
percebido em poucas horas. Os efeitos das marés variam de
lugar para lugar e ainda dependem de outras condições, por
isso a amplitude das marés não é a mesma em todos os luga-
res, podendo chegar a até dez metros de amplitude.
O nível máximo da maré é chamado de maré-alta ou preamar,
já o nível mais baixo é chamado de maré-baixa ou baixa-mar.
Quando estamos em Lua Cheia ou Crescente, período em que
a maré provocada pelo Sol e pela Lua se somam, temos as
marés de sizígias.
Esse movimento de marés faz com que a Terra diminua sua
rotação, assim como aconteceu com a Lua. A cada século a
rotação atrasa cerca de 0,002 segundos, o que causará a ro-
tação síncrona da Terra com a Lua, ou seja, a Terra mostrará
a mesma face para a Lua, assim como o nosso satélite e
vários outros do Sistema Solar já fazem. Isso também causa
um afastamento da Lua, a cada ano ela se encontra 3,8cm
mais distante de nós.
Parks Canada / Jamie Steeves

Parks Canada / Jamie Steeves


FUNDY NATIONAL PARK, NO CANADÁ,
E AS MARÉS ALTA E BAIXA.

Se você mora perto do mar ou se vai passar as férias na


praia, busque por uma tábua de marés (pode encontrar em DE ACORDO COM A POSIÇÃO DA TERRA A MARÉ É ALTA OU BAIXA. COMO
A TERRA GIRA EM TORNO DO SEU EIXO, EM 24 HORAS, NESSE PERÍODO
loja de artigos para pesca ou no site da Marinha do Brasil) OCORREM DUAS MARÉS ALTAS E DUAS MARÉS BAIXAS.

e acompanhe o movimento dela, comparando com a posição


UNIVERSAE

da Lua.
29
PARTE 02 DE 02
ALISSANDRO
ANTONIO COLETTI
CONSTRÓI TELESCÓPIOS HÁ
DEZ ANOS. AOS 14,
SUA CURIOSIDADE O LEVOU A
PESQUISAR COMO CONSTRUIR
ESSES APARELHOS E
DETERMINOU O QUE ELE
QUERIA FAZER.
é desviar a luz em 90°, à qual se tem
quem faz, necessariamente. Todo acesso pela ocular.
telescópio precisa receber uma nova
E QUANTOS TELESCÓPIOS VOCÊ JÁ camada refletora, a aluminização, a Outro telescópio refletor é o casse-
VENDEU ATÉ HOJE? cada quatro anos. Esse é um serviço grainiano. Nele, o espelho principal
especializado feito dentro de uma é côncavo e tem um furo no centro.
Centenas de instrumentos, entre kits A luz do céu reflete nesse espelho e
câmara de alto vácuo, onde o alu-
de espelhos e telescópios completos. é interceptada por outro pequeno
mínio é fundido em baixa pressão e
A MAIORIA PARA AMADORES? vira uma nuvem, que gruda no vidro, espelho convexo, que por sua vez
formando o espelho. reflete a luz para o centro do primeiro
Eu posso contar nos dedos os telescó- espelho, passando pelo furo. A ocular
pios que vendi para instituições pro- QUANTOS TIPOS DE TELESCÓPIOS é colocada atrás do espelho principal
fissionais; uma delas é a Universidade EXISTEM? E QUAL É A DIFERENÇA e as observações são feitas através do
Federal do Rio Grande do Sul. Lá ENTRE ELES? furo.
estão três telescópios que eu construí,
Existem basicamente três tipos de O telescópio refrator, como o próprio
um deles está no Campus e outro no
telescópios: o refletor, o refrator e o nome já diz, trabalha com refração da
centro de observação junto ao Plane-
catadióptrico. O telescópio refletor luz através de lentes. O principal ele-
tário. Lá eles divulgam a Astronomia.
mais comum é o newtoniano, forma- mento do telescópio refrator é a lente
Também existem telescópios que eu
do por um espelho côncavo colocado objetiva. Esse é o instrumento mais
construí em escolas de Ensino Médio.
no fundo de um tubo. Esse espelho difundido entre iniciantes de Astrono-
Ainda não tive a sorte de vender para
reflete os raios vindos do espaço mia o que chamamos de luneta.
uma instituição profissional.
para um ponto chamado focal, que é
OS TELESCÓPIOS PRECISAM DE interceptado por um O terceiro tipo de telescópio, o
MANUTENÇÃO? QUEM FAZ ESSE pequeno espelho catadióptrico, é um teles-
TRABALHO? plano incli- cópio composto, uma
nado a 45°, combinação dos dois
Sim. Eles necessitam de
cuja função
manutenção, mas
não sou eu
UNIVERSAE

31
tipos já citados, ou seja, é composto
por lentes e espelhos. Dois modelos Está extremamente carente. No Sul
básicos de sistemas catadióptricos do Brasil eu sou o único que fabrica.
são os Maksutovs e Schmidts. Das va- No interior do estado de São Paulo
riações e combinações entre diversos mas existem variações. Alguns ven-
existem mais duas pessoas e em Belo dem a R$700,00 e outros vendem a
sistemas refletores e catadióptricos Horizonte, mais uma pessoa. No
surgem modelos como Schmidt- R$7.000,00 um equipamento do mes-
total, acho que são sete pessoas. É um mo diâmetro. O que diferencia um
Newtoniano, Schmidt-Cassegrain, absurdo.
Maksutov-Newtoniano, Maksutov- do outro são os quesitos qualidade
Cassegrain, e assim por diante. Pre- VOCÊ RECEBE MUITAS ENCOMEN- óptica, mecânica e marca.
cisaríamos de algumas páginas para DAS? O TELESCÓPIO QUE VOCÊ PRO-
especificar tipo, aplicação e descrição Ninguém aqui no Brasil consegue DUZ TEM ALGUMA CARACTERÍS-
de cada combinação. “vencer” todas as encomendas. TICA DIFERENTE? VOCÊ JÁ CRIOU
VOCÊ JÁ TRABALHOU NA MONTA- ALGO NOVO?
VOCÊ SÓ CONSTRÓI TELESCÓPIOS
GEM DE ALGUM TELESCÓPIO EM POR ENCOMENDA? Na verdade é difícil criar algo novo,
OBSERVATÓRIO? mas eu criei duas coisas. As pessoas
Sim. E o curioso é que não há como
Trabalhei no Observatório do Estado pintavam os tubos dos telescópios
aumentar a produção, justamente
do Paraná. Lá existe um telescópio com tinta e isso não é eficiente,
pelo fato de este ser um trabalho ma-
para a divulgação e o estudo de Astro- porque o PVC é um substrato ruim
nual, meticuloso e artesanal.
nomia. Eu trabalhei nesse observató- para pintura, que acaba se soltando.
rio justamente na época da inaugura- ENTÃO HÁ MERCADO DE TRABA- Por acaso eu descobri que a espuma
ção dele, em 1992. A minha função LHO PARA QUEM QUISER de EVA preta de 2mm tem altíssimo
era a manutenção do telescópio, mas ENTRAR NESSE RAMO? poder de absorção de luz. Essa espu-
foi uma grande satisfação participar ma tem eficiência muito maior dentro
Com certeza!
da colocação do equipamento para do tubo do
funcionar. QUANTO CUSTA UM TELESCÓPIO? teles-

COMO ESTÁ A FABRI- Um telescópio de 15 centímetros de


CAÇÃO DE TELESCÓ- diâmetro, custa R$ 1.250,00 numa
PIOS NO BRASIL? montagem dobsoniana. É por esse
preço que eu comercializo,
democrática e acessível de todas as
ciências. Afinal, bastam nossos olhos,
cópio, porque reflete pouquíssima procedimento crítico, pois pode cau- alguma informação básica e um céu
luz, evitando reflexões indesejadas. sar deformações no espelho. Alguns para nos fascinarmos com fenômenos
Essa espuma também funciona como construtores usam cola de silicone ou que estão bem ali, um pouco acima
isolante térmico, o que é importante, pinças simples para fixar o espelho de nossas cabeças.
porque determinadas posições de ob- na célula, no que eu, particularmente, A maioria de nós dá um “tchau” ou
servação fazem que nosso corpo fique não confio. Então, inventei um siste- “até logo”, mas no mundo da Astro-
muito próximo ao tubo e emita calor ma de pinças complexo, que fixa o es- nomia amadora temos o hábito de
que, irradiado para o tubo, entorta o pelho por pontos laterais e superiores nos despedir dizendo “Céu limpo!”
espelho. Embora isso ocorra numa e mantém a figura óptica inalterada e
dimensão imperceptível a olho nu, é o espelho firme. QUAL MENSAGEM VOCÊ
extremamente significante para a qua- DEIXA PARA OS JOVENS QUE
lidade da observação pelo telescópio, MUITO OBRIGADO QUEIRAM SEGUIR CARREIRA NA
que é muito sensível ao calor. A mi- PELA ENTREVISTA. ASTRONOMIA?
nha outra invenção aconteceu quan- Também agradeço pela oportunidade Desejo que os jovens de todas as ida-
do eu buscava solucionar o problema Estou muito feliz por levar infor- des e de todas as classes que tenham
de fixação do espelho principal do mação a tantas pessoas. Espero ter um mínimo de curiosidade sobre
telescópio em sua unidade mecânica conseguido despertar a curiosidade Astronomia, se sintam estimulados
(célula) pela Astronomia e pelos instrumentos para a prática desta que é a mais
ópticos. Meu principal objetivo, como democrática das ciências, pois bastam
astrônomo amador, é fazer com que seus olhos, um livro e o céu para dar
as pessoas entendam que a Astro- os primeiros passos numa atividade
nomia, apesar de parecer tão que lhe proporcionará muito conheci-
complexa e abrangente é, sem mento, entretenimento e dinamismo.
sombra de dúvida, a mais
É uma atividade que reúne e
estimula pessoas de interesse
comum a formar uma sociedade
mais equilibrada e cidadãos mais
conscientes, pois ao ver quão
grande é o Cosmos notamos quão
pequenos e frágeis somos no nosso
planeta. O resultado dessa con-
clusão é um cidadão que presta
mais atenção nas coisas simples
e corriqueiras em nossa volta,
obrigando-nos a cuidar melhor
do nosso ambiente. Esta é mais
uma característica da Astronomia
amadora, a transdisciplinaridade.
Muito obrigado.
REFERÊNCIAS UTILIZADAS
Ciências Naturais: aprendendo com o cotidiano, de Eduardo Leite do Canto. Ed. Moderna/2004.
Dez Novas Competências para Ensinar, de Philippe Perrenoud. Ed. Artmed/2000.

REFERÊNCIAS PESQUISADAS
Astronomia, de Amâncio Friaça, Elisabete Dal Pino e Vera Jatengo Pereira. Ed. EDUSP/2002.
Astronomia e Astrofísica, de Kepler de Oliveira e Maria de Fatima Saraiva. Ed. Livraria da Física/2004.
A Astronomia na Época dos Descobrimentos, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. Ed. Lacerda/2000.
Conceitos de Astronomia, de Roberto Boczko. Ed. Edgard Blucher/1998.
Dicionário Enciclopédico Astronômico e Astronomia, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. Ed. Lexikon/2001.
Fique Por Dentro da Astronomia, de Robin Kerrod. Ed. Cosac Naify/2001.
Fundamentos de Astronomia, de Romildo Povoa de Faria. Ed. Papirus/2003.
Guia de Astronomia, de Ian Ridpath. Ed. Jorge Zahar/2007.
Guia Prático de Astronomia, de Jean Lacroux e Denis Berthier. Ed. Gradiva/1994.
História da Conquista e Astronáutica: do sonho à realidade, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. Ed. Bertrand Brasil.
Manual do Astronomo Amador, de Jean Nicolini. Ed. Papirus/2004.
O Meu Primeiro Livro de Astronomia, de Jamie Jobb. Ed. Gradiva/1993.
Pequeno Guia do Céu, de Bernard Pellequer. Ed. Martins Fontes/1991.
Perdeu-se metade do Universo, de Jean-Pierre Petit. Ed. Intituto Piaget/1999.
Rumo as Estrelas, de Alberto Delergue. Ed. Jorge Zahar/1999.
Uma História da Astronomia, de Jean-Pierre Verdet. Ed. Jorge Zahar/1991.
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