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SALAMA, Bruno Meyerhof (org.). II. Direito e economia positivo e III. Direito e economia
normativo. In:_____. Direito e economia: textos escolhidos. 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010,
p. 17-46.
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1 Graduando do 1º período do curso de Direito do Centro Universitário Tiradentes – Maceió/AL
maximização de preferências individuais, deixa de lado fatores históricos e culturais, devendo
ser adotada uma articulação mais branda
dessa versão explicativa, para que a teoria econômica possa esclarecer a estrutura lógica do
Direito, ainda que de maneira parcial, pois ela ilumina os problemas e sugere hipóteses do ponto
de vista jurídico, mas para ser completa, necessitará ser complementada por outras áreas do
conhecimento, outras disciplinas;
– E a versão preditiva (terceira versão do argumento), acredita que, as
consequências das diversas regras jurídicas, são previstas pela Economia, que por sua vez é
aproveitada para esse fim.
No tocante a teoria Neo-institucionalista, na qual, Salama afirma existir um possível
“pano de fundo” para o Direito e Economia, surgem pelo menos três ideias principais. Sendo
elas: (a) Que a economia não possui existência independente ou dada; (b) que compreender o
Direito presume fazer uma análise evolucionista e centrada na diversidade e complexidade dos
processos de mudança e ajuste; (c) procurar compreender o mundo tal qual ele se apresenta,
preocupando-se em ir além da filosofia prática e especulativa.
Por conseguinte, para um melhor entendimento concreto, acerca do Direito e
Economia, convém destacar a importância de cinco conceitos centrais elencados pelo autor em
seu texto:
– Escassez: força as pessoas, na compra de determinada coisa, a realizarem
escolhas, pois para se ter qualquer coisa é preciso abrir mão de alguma outra coisa, uma vez
que estamos num mundo onde os recursos são escassos;
– Maximização racional: as pessoas farão escolhas capazes de atender aos seus
interesses pessoais, maximizando racionalmente o seu bem-estar, de maneira calculada, a
ponto de alcançarem maiores benefícios aos menores custos;
– Equilíbrio: trata-se de um padrão comportamental que é atingido ao passo que
todos os atores estão maximizando seus próprios interesses;
– Incentivos: ocorrem numa determinada compra, na aplicação dos preços,
levando-nos a mensurar custos e benefícios, pois procuramos minimizar custos e maximizar
benefícios, isto é, iremos consumir em menor quantidade quando os preços subirem e em
maior quantidade quando os preços caírem;
– Eficiência: refere-se à maximização de capital, ganhos financeiros e a
minimização de custos sociais, ou seja, para ser eficiente tem que maximizar os benefícios e
minimizar os custos.
Outrossim, o autor afirma que as implicações para legitimidade do Direito, são
trazidas pela pertinência entre meios jurídicos e fins normativos; que o Direito e Economia
Positiva servem para verificar a pertinência entre meios e fins normativos.
De acordo com Bruno Salama, podemos afirmar que, a dimensão
Normativa(prescritiva) estuda a forma de comunicação entre a justiça e a economia, a
maximização da riqueza, a maximização do bem-estar e, a minimização das perdas de recursos.
De modo que, o Direito e a Economia Normativa se relacionam, tendo por base, a atuação
simultânea entre justiça e eficiência, e esta, por sua vez, corresponde à ausência de desperdício,
alcançando significativos resultados com a perda mínima de recursos.
Consequentemente, o autor, ao refletir sobre esse tema, faz alguns questionamentos
que lhes servirão como ponto norteador às respostas do assunto em questão. Tais
questionamentos são: Até que ponto a justiça e a maximização da riqueza podem, de fato,
guardar alguma relação? E, até que ponto o Direito pode intervir, integrando os cálculos de
custo e benefício, como “ciência normativa”? Salama considera a questão espinhosa, apontando
que mesmo os autores identificados com o movimento de Direito e Economia, divergem no
contexto dessa relação.
Logo, em atendimento a tais indagações, são apresentadas três versões distintas
como respostas:
– À primeira versão dar-se o nome de fundacional, e esta, aponta que as instituições
jurídico-políticas – inclusive as regras jurídicas tomadas de forma individual - em função da
maximização da riqueza, devem passar por avaliação. E que o Direito deve promover a
maximização da riqueza, já que é visto como um sistema de incentivos indutor de condutas,
adotando critérios éticos que venha a distinguir regras justas de injustas. Ainda sob a
perspectiva dessa versão, a maximização de riqueza enquanto fundação ética do Direito, foi
alvo de críticas de dois grupos, sendo que o primeiro ressalta as limitações da própria análise
econômica positiva e, conclui que, se a ciência econômica não consegue prever com maior
perspicácia os comportamentos em mercados, no campo jurídico, seu desempenho haverá de
ser ainda pior. Enquanto o segundo, baseados em argumentos puramente normativos, rejeita a
confusão entre eficácia e justiça;
– Já a segunda versão denomina-se como pragmática, e esta, por sua vez, no que
tange a consecução de fins sociais, traz o Direito como um instrumento fundamental, mantendo,
dessa forma, o respeito aos valores democráticos. Rejeita-se a ideia de que o Direito esteja se
fundando em princípios permanentes, postulando que o significado das coisas seja social, que
as realizações humanas devem ser apreciadas pelas circunstâncias e avaliadas por suas
consequências. Rejeita-se todos os critérios, que de forma absoluta, possam pautar a
normatividade do Direito e da eficiência. Reconhece ainda que, mesmo que o indivíduo esteja
fortemente empenhado com a análise econômica do Direito, ainda que seja no intuito de
justificar a defesa das liberdades individuais, se estiver usando os critérios de eficiência, em
algum momento, terá que adotar uma posição voltada à filosofia política e moral, não se
detendo, unicamente, à base da eficiência;
– E por fim, Salama conclui, com a terceira e última, que é a versão regulatória,
esta trata de ver no Direito, como sendo, um meio de concretização de políticas públicas e,
portanto, uma fonte de regulação de atividades. Assim, mais adiante, vemos que o Direito e
Economia serviria na definição de atribuições aos tribunais dentro dos sistemas modernos de
políticas públicas; e na análise, de modo realista, das instituições jurídicas e burocráticas; como
também, na definição da justificativa econômica da ação pública. Sob tal perspectiva, a análise
econômica desempenha uma importante atribuição, embora limitada, no discurso jurídico. E a
eficiência não é meio de avaliar o justo jurídico.
Mediante o exposto, do ponto vista geral, percebemos que a solução de problemas
relacionados à estabilidade, coordenação e eficiência na sociedade, estão diretamente ligados
ao Direito e a Economia. Por exemplo, ocorre com o processo de integração econômica
internacional, num mundo globalizado, onde o Direito regulamenta a prestação de serviços e a
produção de bens de consumo, ao passo que a economia busca meios adequados para melhor
desempenho num ambiente competitivo. Entretanto, o Direito é hermenêutico, tem desejo pela
justiça, e busca analisar situações sob a perspectiva da legalidade, ou seja, é normativo;
enquanto a Economia é positiva, científica, analítica e, primordialmente matemática, sempre
avaliando determinadas questões, tendo em vista mensurar os custos. Assim, é possível
compreender o diferencial que se estabelece, nas duas formas de relação, entre Direito e
Economia.