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8) Execução da sentença coletiva

Quadro

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O CUMPRIMENTO COLETIVO:
I - O cumprimento coletivo da sentença coletiva
ocorre quando o direito declarado e o direito
executado têm natureza indivisível, SENDO
DIFUSO OU COLETIVO EM SENTIDO ESTRITO.
II - A REPARAÇÃO FLUIDA: as sentenças
condenatórias em ações de tutela de interesses
individuais homogêneos, se não se habilitarem,
no prazo de 1 ano – art. 100 CDC
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# MODALIDADES DE REPARAÇÃO FLUIDA:

- GENÉRICA (ART. 100)

- ESPECÍFICA (SEM PREVISÃO LEGAL NO BR)

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ART. 100. DECORRIDO O PRAZO DE UM ANO
SEM HABILITAÇÃO DE INTERESSADOS EM
NÚMERO COMPATÍVEL COM A GRAVIDADE DO
DANO, PODERÃO OS LEGITIMADOS DO ART. 82
PROMOVER A LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DA
INDENIZAÇÃO DEVIDA.
PARÁGRAFO ÚNICO. O PRODUTO DA
INDENIZAÇÃO DEVIDA REVERTERÁ PARA O
FUNDO CRIADO PELA LEI N.° 7.347, DE 24 DE
JULHO DE 1985.
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E SE APARECER UM SUPOSTO LESADO APÓS 01
ANO? HOUVE PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA?
R.
Não houve nem prescrição, nem decadência,
pois trata-se de prazo processual, não material.
Então, poderá haver a execução individual.

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MAS, E SE O LESADO JÁ PAGOU O VALOR DE
TODO O DANO?
R.
Nesse caso, a execução deve ser contra o Fundo
Coletivo, que deverá ser citado!!!

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A LEGITIMIDADE para requerer o cumprimento
são daqueles entes elencados no artigo 5º da Lei
nº 7.347/85 e 82 CDC.
LIQUIDAÇÃO – por arbitramento, em regra, mas
por artigos na REPARAÇÃO FLUIDA (art. 100)

RITO: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (475-J E


SEGUINTES CPC).

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COMPRIMENTO INDIVIDUAL:
I - NA PRÓPRIA TUTELA DE INTERESSES
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, cuja coisa julgada
tem efeitos erga omnes (artigo 103, III, CDC), ou
- NA TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E
COLETIVOS com efeitos na esfera individual, em
decorrência da extensão in utilibus da coisa
julgada (artigo 103, §3º, do CDC)

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§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o
art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347,
de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as
ações de indenização por danos pessoalmente
sofridos, propostas individualmente ou na forma
prevista neste código, mas, se procedente o
pedido, beneficiarão as vítimas e seus
sucessores, que poderão proceder à liquidação e
à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
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REGULAMENTAÇÃO LEGAL: O cumprimento


individual de sentença coletiva está disciplinado
pelos artigos 97 a 99 do Código de Defesa do
Consumidor.
+
citação

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O cumprimento da sentença coletiva ou
eventual liquidação, para apuração e satisfação
de INTERESSES INDIVIDUAIS (HOMOGÊNEOS),
far-se-á mediante a INSTAURAÇÃO DE
PROCESSO EXECUTIVO AUTÔNOMO, COM A
CITAÇÃO DO EXECUTADO, ACRESCENTANDO
ESSA HIPÓTESE AOS CASOS JÁ PREVISTOS NO
ARTIGO 475-N, PARÁGRAFO ÚNICO, CPC.

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Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005)

II – a sentença penal condenatória transitada em


julgado;
IV – a sentença arbitral;
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça;

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Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI,


o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem
de citação do devedor, no juízo cível, para
liquidação ou execução, conforme o caso.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

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LEGITIMIDADE para promover o cumprimento
individual da sentença coletiva A VÍTIMA E SEUS
SUCESSORES (artigo 97, CDC), bem como os CO-
LEGITIMADOS ELENCADOS NO ARTIGO 5º da Lei
nº 7.347/85, conforme dispõe o artigo 98 do
Código de Defesa do Consumidor (NESSE CASO,
HAVERÁ TÍPICA “REPRESENTAÇÃO
PROCESSUAL”).

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EXECUÇÃO INDIVIDUAL – LEGITIMIDADE "Tem
legitimidade o associado para ajuizar execução
individual de título judicial proveniente de ação
coletiva proposta por associação,
independentemente da comprovação de sua
filiação ou de sua autorização expressa para
representação no processo de conhecimento."
(REsp 1.347.147/RJ, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 18/12/2012)
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É LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS: art. 475-E CPC:


prova de fatos novos.

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EDcl no AREsp 362581 / RS - EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
Data do Julgamento - 07/11/2013 - A sentença de
procedência na ação coletiva tendo por causa de pedir
danos referentes a direitos individuais homogêneos, nos
moldes do disposto no artigo 95 do Código de Defesa do
Consumidor, será, em regra, genérica, de modo que
depende de superveniente liquidação, não apenas para
apuração do quantum debeatur , mas também para aferir
a titularidade do crédito, por isso denominada pela
doutrina "liquidação imprópria".
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A COMPETÊNCIA para a execução é do foro do
juízo da liquidação da sentença ou da ação de
condenação (artigo 98, §2º, I, CDC), ou,
alternativamente, a critério do exequente, no
foro do local onde estão os bens sujeitos à
expropriação ou ainda no foro do domicílio do
executado (artigo 475-P, § único, CPC): SÃO 4
OPÇÕES A CRITÉRIO DO EXEQUENTE E VISANDO
À EFETIVIDADE DO PROVIMENTO JUDICIAL E
ACESSO À JUSTIÇA.
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Julgado do TJSP – citação – STJ:
“O termo inicial de incidência dos juros de mora, em casos
de liquidação ou cumprimento individual de sentença
proferida em ação civil pública, em que se discute sobre
diferenças de correção monetária decorrentes de caderneta
de poupança, conta-se a partir da citação do depositário-
devedor para a fase de liquidação do débito declarado
genericamente na ação coletiva. Somente nesse momento,
o depositante-credor é identificado e comprovada sua
legitimação para a causa, como disciplinam os artigos 405
do Código Civil, e 219 do Código de Processo Civil.
Precedente. AgRg no AREsp 260696 / MT
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“No cumprimento de sentença de ação civil pública, na qual se
tutelaram direitos individuais homogêneos e mediante a qual se
buscou o reconhecimento do dever de a empresa de telefonia
restituir valores pagos por consumidores a título de
participação financeira em construção de rede de transmissão,
reconhecimento antecedido pela declaração de nulidade de
cláusula contratual que previa o inverso, os juros moratórios
devem fluir a partir da citação válida levada a efeito na fase de
liquidação/execução individual da sentença, mesmo marco
constitutivo da mora caso a ação de conhecimento fosse
ajuizada individualmente pelo próprio particular.”
STJ, 05/2013, REsp 1371462 / MS

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E se o interessado já tinha uma ação individual
que for a suspensa a pedido do interessado
(art. 104, CDC)?
R. Nesse caso, dispensa-se a citação, pois o
vencido não poderá alegar que desconhecia a
demanda e seus limites.
Basta que seja juntada a sentença na ação
individual outrora suspensa e pedir a intimação
do vencido/devedor – art. 475-J e ss
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ALIÁS, É POSSÍVEL ESSA CONVERSÃO DE


OFÍCIO!!! – JÁ VIMOS O JULGADO DO STJ NA
PARTE DE RELAÇÃO DE AÇÕES.

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• EXECUÇÃO INDIVIDUAL – HONORÁRIOS
DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA
• Súmula 345 - São devidos honorários
advocatícios pela Fazenda Pública nas
execuções individuais de sentença proferida
em ações coletivas, ainda que não
embargadas.

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PRESCRIÇÃO PARA EXECUÇÃO INDIVIDUAL: 5 anos
- "No âmbito do Direito Privado, é de cinco anos o
prazo prescricional para ajuizamento da execução
individual em pedido de cumprimento de sentença
proferida em Ação Civil Pública" (REsp
1273643/PR, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado sob o rito do art. 543-C
do CPC, DJe 04/04/2013).
• INÍCIO: A CONTAR DO TRÂNSITO EM JULGADO.

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• O MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
• Notas históricas
• O mandado de segurança é produto nacional,
foi concebido no Brasil, a partir do modelo
existente para a defesa da liberdade, o habeas
corpus, de origem inglesa (Carta Magna 1215)

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• Previsão Constitucional - A Constituição
brasileira que primeiro veio a prever o
mandado de segurança foi a de 1934 (artigo
113): Dos Direitos e das Garantias Individuais
• Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros
e a estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade dos direitos concernentes à
liberdade, à subsistência, à segurança
individual e à propriedade, nos termos
seguintes:
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33) Dar-se-á mandado de segurança para
defesa do direito, certo e incontestável,
ameaçado ou violado por ato manifestamente
inconstitucional ou ilegal de qualquer
autoridade. O processo será o mesmo do
habeas corpus, devendo ser sempre ouvida a
pessoa de direito público interessada. O
mandado não prejudica as ações petitórias
competentes.
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• E o MSC? A sua inserção no ordenamento jurídico
brasileiro ocorreu apenas com a Constituição de
1988 (artigo 5º, inciso LXX):
LXX – O mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por: a) partido político com representação
no Congresso Nacional; b) organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados”.
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• Natureza?

• Doutrina:
• É um remédio constitucional.
• É uma garantia constitucional.
• É um direito fundamental instrumental.
• É uma ação especial.

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Normatização - Muito embora a Constituição
Federal de 1988 tenha previsto o mandado de
segurança coletivo desde o início (1988), não
havia legislação infraconstitucional
regulamentar. Assim, utilizava-se da antiga Lei
do Mandado de Segurança individual (Lei n.
1533/51), analogicamente, como forma de
operacionalizar tão relevante ação, além das
regras do microssistema de tutela coletiva.
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• E hoje?

• Hoje, a nova Lei do Mandado de Segurança


(Lei n.12.016/09) contém alguns de seus
artigos sobre Mandado de Segurança Coletivo
(arts .21 e 22), mas a sua regulamentação não
prescinde do microssistema coletivo.

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Qual o seu objeto? Como ocorre com o
mandado de segurança individual, o coletivo
destina-se proteger direito líquido e certo,
porém, não pertencente a uma pessoa, mas a
um grupo de pessoas que ou formam uma
categoria (coletivos) ou que estão ligadas por
uma origem comum (individuais homogêneos),
diante de uma suposta ilegalidade ou abuso de
poder perpetrado por autoridade.
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Da legitimidade ativa - Segundo o artigo 5º,
inciso LXX, da Constituição Federal de 1988,
repetido no artigo 23 da Lei n. 12.016, estão
autorizados a impetrar mandado de segurança
coletivo: - partido político com representação
no Congresso Nacional; - organização sindical; -
entidade de classe e - associação

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• E a Defensoria Pública ou o Ministério
Público?
• Sim, diante do princípio da variabilidade ou da
não taxatividade do objeto processual da
tutela coletiva, bem como dos artigos 83 do
CDC, 212 do ECA e 82 do Estatuto do Idoso.

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Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero:
“Partindo-se do pressuposto de que o mandado de
segurança é apenas uma forma de procedimento,
mostra-se impossível fugir da conclusão de que a
tutela dos interesses coletivos já foi outorgada, pelo
texto constitucional e por diplomas
infraconstitucionais, a outras entidades além daquelas
enumeradas no dispositivo em exame. Ora, se essas
outras entidades já estão habilitadas à proteção desses
interesses, qual seria a racionalidade em negar-lhes
autorização para utilizar uma via processual de
proteção?”
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“Absolutamente, nenhuma. Diante disso, parece bastante
razoável sustentar a ampliação – pelo direito
infraconstitucional e também pelas normas
constitucionais– do rol de legitimados para a impetração
deste remédio constitucional, de sorte que todos os
autorizados para as ações coletivas também tenham à sua
disposição o mandado de segurança coletivo como técnica
processual para a proteção dos interesses de massa”
(SARLET, Ingo Wolfgang, MARINONI, Luiz Guilherme,
MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2012. p. 693)

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• A natureza jurídica da legitimação ativa?

A doutrina indica ser legitimidade


extraordinária (substituição processual) - José
Cretella Júnior (Do mandado de segurança
coletivo. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p.
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• A lei:

Lei 12.016/09 - Art. 22. No mandado de


segurança coletivo, a sentença fará coisa
julgada limitadamente aos membros do grupo
ou categoria substituídos pelo impetrante.

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O STJ parece ter indicado essa mesma
classificação: AgRg nos EDcl na PET no REsp
573482 / RS. AGRAVO REGIMENTAL NOS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA PETIÇÃO NO
RECURSO ESPECIAL. “Carecem os substituídos
processuais de legitimidade para renunciar o
direito a que se funda a ação, pois este direito
assiste somente ao autor impetrante do
mandado de segurança coletivo.”
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Consequência: dispensa de autorização expressa dos
associados para propor a ação. O Superior Tribunal de Justiça:
“Esta Corte de Justiça, seguindo o posicionamento adotado pelo
Supremo Tribunal Federal, firmou entendimento no sentido de
que "(...) as entidades elencadas no inciso LXX, 'b', do art. 5º da
Carta Magna, atuando na defesa de direito ou de interesses
jurídicos de seus representados - substituição processual, ao
impetrarem mandado de segurança coletivo, não necessitam de
autorização expressa deles, nem tampouco de apresentarem
relação nominativa nos autos" (REsp 220.556/DF, 5ª Turma, Rel.
Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ de 5.3.2001).

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• Supremo Tribunal Federal - Súmula n. 629: “A
impetração de mandado de segurança
coletivo por entidade de classe em favor dos
associados independe de autorização destes”.
Com isto, indiretamente, admitiu também a
existência de substituição processual
relativamente aos legitimados do mandado de
segurança coletivo.”

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• Relembrando:
• A legitimidade ativa dos partidos políticos –
STF – legitimidade ampla – “legitimados
universais”.
• Associações – segundo a doutrina também é
possível a dispensa do requisito legal da pré-
constituição.

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• Porém, o STJ ainda reluta:
• RMS 34922 / GO - RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA 2011/0138715-9 - A
associação impetrante não faz prova pré-constituída
de que está reunida há um ano com a finalidade
social pertinente à pretensão deduzida
judicialmente. Descumprimento do que dispõe o art.
21 da Lei 12.016/2009. Reconhecida a ilegitimidade
ativa para a impetração de mandado de segurança
coletivo.
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Detalhe quanto aos Sindicatos: STF: basta existência
jurídica (registro no cartório), sendo dispensável o
registro junto ao Ministério do Trabalho: “A
legitimidade de sindicato para atuar como substituto
processual no mandado de segurança coletivo
pressupõe tão somente a existência jurídica, ou seja, o
registro no cartório próprio, sendo indiferente estarem
ou não os estatutos arquivados e registrados no
Ministério do Trabalho.” (RE 370.834, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgamento em 30-8-2011, Primeira Turma,
DJE de 26-9-2011.)
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• Entidades de classe: atenção:
• STF - Súmula 630 - A ENTIDADE DE CLASSE
TEM LEGITIMAÇÃO PARA O MANDADO DE
SEGURANÇA AINDA QUANDO A PRETENSÃO
VEICULADA INTERESSE APENAS A UMA PARTE
DA RESPECTIVA CATEGORIA.

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• Os direitos que podem ser objeto do mandado de segurança
coletivo
• Artigo 21, parágrafo único, da Lei n. 12.016/09:

• I – coletivos, assim entendidos, para


efeito da Lei 12.016/09, os
transindividuais, de natureza indivisível,
de que seja titular grupo ou categoria de
pessoas ligadas entre si ou com parte
contrária por uma relação jurídica básica;
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# A NOVA LEI TRAZ CONCEITO AMPLIATIVO,


COM A ABSORÇÃO DO QUE JÁ PONTUAVA A
DOUTRINA.

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II – individuais homogêneos, assim
entendidos, para efeito da Lei
12.016/09, os decorrentes de origem
comum e (+) da atividade ou situação
específica da totalidade ou de parte
dos associados ou membros do
impetrante.
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# NESSE CASO, A IDEIA ERA AMPLIAR, MAS


ACABOU RESTRINGUNDO!

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STF – REQUISITO ESPECIAL – homogeneidade dos
fundamentos fáticos – “comunhão de suporte fático”
(MS 14474 / DF MANDADO DE SEGURANÇA
2009/0128270-4). Em sede de mandado de segurança
coletivo é necessário que os apontados direitos
guardem certa comunhão de suporte fático, sob pena
de tornar necessário ao órgão julgador, para concluir
pela legitimidade passiva da autoridade coatora e pela
existência de direito líquido certo, que examine de
forma particularizada a situação de cada substituído,
providência inviável em sede de ação coletiva.

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• E os difusos?
• Supremo Tribunal Federal já ter se
manifestado no sentido de entender cabível o
ajuizamento de Mandado de Segurança
Coletivo para defender direitos difusos (RE
196.184/AM).

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Para Marinoni e Mitidiero, também é possível: “O
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
para tutela de direitos individuais ou para tutela de
direitos coletivos – direitos coletivos, difusos e
individuais homogêneos. Impedir a tutela de
direitos difusos mediante mandado de segurança
coletivo a partir de uma interpretação literal do
art. 21 da Lei 12.016, importa inquestionável
retrocesso na proteção do direito fundamental à
tutela adequada dos direitos.”

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A coisa julgada - é ultra parts e pro et contra- é
independentemente do resultado. Ela não é
“secundum eventum probationem” e
“secundum eventum litis”. Lei 12.016/09 –
Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a
sentença fará coisa julgada limitadamente aos
membros do grupo ou categoria substituídos
pelo impetrante.

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Corrente minoritária, mas sedutora:

Aplica-se o art. 103 do CDC – MICROSSISTEMA.

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Litispendência, o parágrafo primeiro do artigo
22: § 1o O mandado de segurança coletivo não
induz litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão
o impetrante a título individual se não requerer
a desistência de seu mandado de segurança no
prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração da segurança
coletiva. EFEITO IN UTILIBUS.
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• CUIDADO:
• O Código de Defesa do Consumido - artigo 104
- suspensão e não a desistência do processo
individual.

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• Liminar no mandado de segurança coletivo
• O parágrafo segundo do artigo 22:
• § 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só
poderá ser concedida após a audiência do
representante judicial da pessoa jurídica de direito
público, que deverá se pronunciar no prazo de 72
(setenta e duas) horas.
• Origem: artigo 2º da Lei 8437/92 - a concessão de
medidas cautelares contra atos do Poder Público.

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• Essa formalidade pode ser relativizada a
partir da urgência da tutela de urgência e de
sua efetividade.
• Doutrina: Nelson Nery Júnior e Rosa Maria
Nery.
• STJ - Resp 1.018-614/PR - ação civil pública
por atos de improbidade administrativa.
Aplicação analógica.

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• AÇÃO POPULAR

Finalidade – fundamento constitucional:

• A ação popular é um instrumento de
exercício da cidadania e representa um
processo democrático e a participação social
pelo processo (ADA).
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Doutrina -
“[...] a ação popular, em nosso entender, se
insere como o mais amplo instrumento de
controle jurisdicional dos negócios e do tráfego
do dinheiro público” (ALVIM, Arruda. Ação
popular. In: Revista de Processo, nº 32. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, p. 168)

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“A ação popular se constitui em um dos mais
importantes instrumentos de que dispõe o
cidadão, para o controle da atividade do
administrador da coisa pública. Trata-se de
remédio jurídico-processual de caráter
constitucional.” (PEREIRA, Regis Fichtner. Sobre
a ação popular e alguns dos seus aspectos
polêmicos. In: Revista de Direito Renovar, nº 01.
São Paulo: Renovar, 1995, p. 99.)
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• Histórico – precedentes remotos:

• Ações populares do Direito Romano.

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• Histórico brasileiro
• O art. 157 da Constituição do Império. “Por
suborno, peita, peculato e concussão haverá
contra eles a ação popular, que poderá ser
intentada dentro de ano e dia pelo próprio
queixoso ou por qualquer do povo, guardada
a ordem do processo estabelecido na lei”.

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Constituição de 1934 - inc. 38 do Art. 113: “Dos
Direitos e das Garantias Individuais. Art. 113: A
Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade dos direitos
concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear
a declaração de nulidade ou anulação dos atos lesivos
do patrimônio da União, dos Estados ou dos
Municípios”.

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Constituição de 1937 – nenhuma previsão -


regime totalitário de Vargas.

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Constituição de 1946 – ampliação do objeto


sujeito à tutela cidadã: não só diante de atos da
União, Estados e Municípios, como também, dos
entes de administração indireta: sociedades de
economia mista e as autarquias.

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“CAPÍTULO II – Dos Direitos e das Garantias Individuais.
Art 141: A Constituição assegura aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos
direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
• § 38 – Qualquer cidadão será parte legítima para
pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de
atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados,
dos Municípios, das entidades autárquicas e das
sociedades de economia mista.”
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Constituição de 1967 manteve o instrumento da
ação popular, mas não indica as entidades:
“CAPÍTULO IV – Dos Direitos e Garantias
Individuais.
• Art 150: [...] § 31 – Qualquer cidadão será
parte legítima para propor ação popular que
vise a anular atos lesivos ao patrimônio de
entidades públicas.”
Mas a Lei nº 4.715/65 já havia previsto os
órgãos.
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Constituição de 1969 (Emenda nº 01) manteve,


no seu Art. 153, § 31, a ação popular nos
mesmos termos daquela”,[26] não trazendo,
portanto avanço algum no tocante ao instituto e
ainda mantendo a mesma redação da
Constituição de 1967.

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Constituição de 1988 (Art. 5º, inc. LXXIII) amplia
os interesses. Inc. LXXIII, do Art. 5º:
“Art. 5º: [...] LXXIII – qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.”
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Inovações: proteção do meio ambiente e da moralidade
administrativa!! Luiz M. Gomes Júnior: “No ordenamento
jurídico pátrio, consolidou-se o entendimento de que a
ação popular é o instrumento adequado para atacar ato
ilegal e lesivo aos cofres públicos, bem quando houver
violação ao princípio constitucional da moralidade
administrativa, sendo esta última hipótese uma previsão
inovadora em termos de direito positivado” (GOMES
JÚNIOR, Luiz Manoel. Ação popular. Rio de Janeiro:
Forense, 2001)

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Lei nº 4.717 de 19 de junho de 1965 - Art. 1º: “Art. 1º: Qualquer
cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União,
do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades
autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, Art.
141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de
serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para
cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da
receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União,
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos
cofres públicos”.
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• LEGITIMIDADE ATIVA/PROVA/COMPETÊNCIA:
• ART. 1.
• § 3º A prova da cidadania, para ingresso em
juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda.

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• STJ - REsp 1242800 / MS
3. A Constituição da República vigente, em seu art. 5º, inc. LXXIII,
inserindo no âmbito de uma democracia de cunho
representativo eminentemente indireto um instituto próprio de
democracias representativas diretas, prevê que "qualquer
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência" (destaque acrescentado).

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• 4. Note-se que a legitimidade ativa é deferida
a cidadão. A afirmativa é importante porque,
ao contrário do que pretende o recorrente, a
legitimidade ativa não é do eleitor, mas do
cidadão.
• 5. O que ocorre é que a Lei n. 4717/65, por
seu art. 1º, § 3º, define que a cidadania será
provada por título de eleitor.

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6. Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não
é condição de legitimidade ativa, mas apenas e
tão-só meio de prova documental da cidadania,
daí porque pouco importa qual o domicílio
eleitoral do autor da ação popular.

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Instrução: O parágrafo 4º do artigo 1º da Lei n.
4.717/1965 (Lei da Ação Popular) dispõe que,
"para instruir a inicial, o cidadão poderá
requerer às entidades, a que se refere este
artigo, as certidões e informações que julgar
necessárias, bastando para isso indicar a
finalidade das mesmas”.

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Porém o STJ exige fundamentação - Assim, o pedido
de informações às entidades e aos órgãos públicos para
a defesa de direitos deve ser acompanhado de alguns
esclarecimentos a respeito de sua finalidade, não
bastando para tanto a simples alegação de que tais
informações serão utilizadas para a instrução de ação
popular, ou que há suspeita de exorbitância em
eventuais valores cotados em procedimento licitatório,
como no caso. Precedentes: RMS 20.412/PR

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• Atos lesivos:
• São:
• - nulos, ou
• - anuláveis.

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Nulos I - A LESIVIDADE PRESUMIDA, MAS GENÉRICA
(DEPENDE DE ESPECIFICAÇÃO) - Art. 2º São nulos os
atos lesivos ao patrimônio das entidades
mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
• a) incompetência;
• b) vício de forma;
• c) ilegalidade do objeto;
• d) inexistência dos motivos;
• e) desvio de finalidade.
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• Nulos II- A LESIVIDADE É PRESUMIDA E JÁ
ESPECÍFICA - Art. 4º São também nulos os
seguintes atos ou contratos, praticados ou
celebrados por quaisquer das pessoas ou
entidades referidas no art. 1º - I - A admissão
ao serviço público remunerado, com
desobediência, quanto às condições de
habilitação, das normas legais,
regulamentares ou constantes de instruções
gerais. (...) 81

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Anuláveis - LESIVIDADE RELATIVA - COM
PREJUÍZO A SER PROVADO - Art. 3º Os atos
lesivos ao patrimônio das pessoas de direito
público ou privado, ou das entidades
mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se
compreendam nas especificações do artigo
anterior, serão anuláveis, segundo as
prescrições legais, enquanto compatíveis com a
natureza deles.

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• NATUREZA DA SENTENÇA:
• DESCONSTITUTIVA – ART. 1. Qualquer cidadão
será parte legítima para pleitear a anulação ou
a declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio (...)

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CONDENATÓRIA - ART. 11. A sentença que,
julgando procedente a ação popular, decretar a
invalidade do ato impugnado, condenará ao
pagamento de perdas e danos os responsáveis
pela sua prática e os beneficiários dele,
ressalvada a ação regressiva contra os
funcionários causadores de dano, quando
incorrerem em culpa.

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PRESCRIÇÃO? - Art. 21. A ação prevista nesta lei
prescreve em 5 (cinco) anos.
ATENÇÃO – DANOS AO PATRIMÔNIO PÚBLICO É
IMPRESCRITÍVEL: ART. 37, § 5º - A lei
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas
as respectivas ações de ressarcimento.

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Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve


em 5 (cinco) anos.
(A PRETENSÃO CONDENATÓRIA)
#
PRETENSÃO DECLARATÓRIA: decadência.

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STJ - AgRg no REsp 1378776 / SC - Em respeito à
segurança jurídica e aos direitos adquiridos
eventualmente decorrentes do ato nulo, contudo,
a Lei 4.717/65 dispõe, em seu art. 21, que a ação
prescreve em 5 anos. O prazo, contudo, é de
decadência - por visar a Ação Popular à
desconstituição de um ato e, posteriormente, à
condenação dos responsáveis ou beneficiários -
contado a partir da ciência do ato qualificado
como lesivo, que geralmente se aperfeiçoa com a
regular publicação.
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• REEXAME NECESSÁRIO:
• Art. 19. A sentença que concluir pela carência
ou pela improcedência da ação está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo
efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal; da que julgar a ação procedente
caberá apelação, com efeito suspensivo.
• APLICABILIDADE NO MICROSSISTEMA.

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DESISTÊNCIA INFUNDADA E MICROSSISTEMA –
STJ Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der
motiva à absolvição da instância, serão
publicados editais nos prazos e condições
previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado
a qualquer cidadão, bem como ao representante
do Ministério Público (E À DP), dentro do prazo
de 90 (noventa) dias da última publicação feita,
promover o prosseguimento da ação.
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MICROSSISTEMA - REsp 1177453 / RS - De acordo
com a leitura sistemática e teleológica das Leis de Ação
Popular e Ação Civil Pública, fica evidente que o
reconhecimento da ilegitimidade ativa para o feito jamais
poderia conduzir à pura e simples extinção do processo
sem resolução de mérito. Isto porque, segundo os arts. 9º
da Lei n. 4.717/65 e 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/85, compete
ao magistrado condutor do feito, em caso de desistência
infundada, abrir oportunidade para que outros
interessados assumam o pólo ativo da demanda.

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