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MERGULHO
NOÇÕES BÁSICAS
SISTEMA CIRCULATÓRIO
É composto pelo sangue; pelos vasos, por onde o sangue circula, e pelo cora-
ção que, como duas bombas em paralelo, o faz circular.
O sangue leva oxi-
gênio e alimento
até as células que
formam os tecidos.
Ali oxigênio e ali-
mento são metabo-
lizados para produ-
zirem calor e ener-
gia.
Além de energia, o
metabolismo pro-
duz gás carbônico
e outros restos, que
são retirados dos
tecidos pelo san-
gue para serem eli-
minados.
SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sangue, que era arterial, vermelho vivo, rico de O2 e pobre de CO2, vai se
tornando venoso, vermelho escuro, pobre de O2 e rico de CO2.
Como foi dito, os capilares se unem
em vênulas que formam veias, que
se juntam a outras até o sangue
voltar ao coração, em seu lado di-
reito.
Outra contração empurra o sangue
na direção dos pulmões. Neles os
vasos ramificam outra vez até se
tornarem capilares, que vão permitir
novas trocas gasosas entre o san-
gue e o ar dos pulmões.
Os capilares se unem em vasos de
maior calibre e o sangue, livre do
CO2 e novamente rico de O2, volta
para o coração para iniciar novo ci-
clo.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Uma pessoa mediana, em repouso, respira cerca de ½ litro por volta de 15 ve-
zes/min enquanto seu coração bate aproximadamente 70 vezes/min.
Se do repouso passar para uma atividade física mais intensa, vai precisar gas-
tar mais energia, consumirá mais oxigênio e produzirá mais gás carbônico.
Quando o sangue transporta mais CO2, se torna mais ácido. Isso é percebido
por sensores em nosso organismo, que estimulam o cérebro o qual, por sua
vez, aumenta o rítmo cardíaco e a frequência e amplitude da respiração.
As trocas gasosas se dão mais rapidamente e em maior volume, o processo
metabólico é intensificado e o organismo se torna capaz de mais trabalho.
A respiração é quase sempre um gesto involuntário que, eventualmente, pode
se tornar voluntário. Com uma ordem mental, pode-se decidir expirar, inspirar
ou parar de respirar.
Se iniciamos uma apnéia, pouco depois, o gás carbônico que vai se acumulan-
do no sangue a cada passagem pelos tecidos, vai criando uma sensação de
falta de ar, progressivamente mais intensa que, em geral, em pouco tempo nos
obriga a interromper a apnéa e respirar.
APAGAMENTOS
Caso a concentração de
O2 caia abaixo de 10% o
apneista tem uma sínco-
pe (desmaio), eventual-
mente sem aviso prévio.
O apagamento, a maior
causa de acidentes fa-
tais em mergulho, é potencializado pela profundidade.
A PpO2 alta facilita a permanência no fundo, durante a subida vai caindo e, po-
de ficar tão baixa nos últimos 10 metros que O2 passa do sangue para os alvé-
olos, faltando para o cerebro que, para se preservar, desliga tudo.
O mergulhador costuma soltar o ar dos pulmões, fica pesado e vai caindo para
o fundo. Se não for resgatado, pouco depois tenta respirar, aspira água, se afo-
ga. Afogamento vai ser a causa mortis declarada.
Este acidente, que ameaça mais os mergulhadores de alta perfomance, só po-
de ser combatido por um companheiro próximo, que possa ser chamado para
dar cobertura, como preparação para um mergulho mais radical.
BAROTRAUMAS
Evita-se a EAG não retendo nunca a respiração com o pulmão cheio. Quando
mergulhados a respiração deve ser ampla e contínua. Inspira-se profundamen-
te e, assim que termina a inspiração, inicia-se a expiração, que também deve
ser profunda e completa.
O volume ventilado deve ser aproximadamente o mesmo a cada ciclo respira-
tório. O volume respiatório por minuto – que deve ser adequado ao esforço
desprendido – será controlado pela duração de cada ciclo, pela sua freqüência.
Então, nada de apnéias com o pulmão cheio, além de não economizar ar do
cilindro, como alguns pensam, podem causar um perigoso acúmulo do CO2 e,
estando no raso, uma subida inadvertida, pode levar à EAG.
Em último caso se, por falta de ar, for necessário realizar uma subida de emer-
gência, as vias aéreas superiores podem ser mantidas abertas, evitando um
barotrauma pulmonar, emitindo continuamente um som. O exesso de ar em
expansão escapará naturalmente sem que seja necessário dosar quantidades.
Ocorrendo o acidente, como primeiro socorro dar à vítima oxigênio na maior
concentração possível e, se ela estiver consciente, dar-lhe líquido não alcoólico
e procurar o apoio de uma câmera hiperbárica para eventual recompressão
BAROTRAUMA DA ORELHA MÉDIA
Os fisiologistas dividem a orelha em externa, média e interna.
A orelha externa é formada pelo pavilhão e canal auditivos e é separada da
orelha média pelo tímpano, uma fina membrana que vibra com as ondas sono-
ras.
A orelha média é uma cavidade cheia de ar, onde estão alojados três ossinhos
que transmitem as vibrações so-
noras para a orelha interna.
A orelha interna, com seu estra-
nho feitio, é cheia de fluido. Dela
sai o nervo auditivo e nela está
localizado o orgão do equilíbrio.
A pressão do ar dentro da orelha
média é mantida em equilíbrio
com a pressão exterior através da
tuba auditiva.
Parte da tuba corre por dentro do
osso, é rígida e se mantém aberta,
parte corre na mucosa que reves-
te garganta e nariz e normalmente
permanece colapsada.
BAROTRAUMA DO orelha MÉDIO
Não devem ser usados tampões nas orelhas como aqueles utilizados por na-
dadores. Com a tuba auditiva fechada o tímpano não seria forçado, mas a dife-
rença de pressão entre a cavidade da orelha média e o resto do organismo do
mergulhador continuaria e causaria dor.
Caso a tuba abrisse involuntariamente, o tímpano seria forçado para fora, pro-
vocando um barotrauma reverso. Um problema semelhante pode ser causado
por um capuz de neoprene muito justo que não deixe entrar água no canal au-
ditivo
BAROTRAUMA DENTAL
Uma obturação mal feita que permita a continuação da cárie ou que tenha dei-
xado um espaço vazio, pode doer na descida ou, mais grave, pode permitir que
o ar se infiltre vagarosamente ao longo do mergulho, para doer ou até, em ca-
os radicais, rachar o dente durante a subida.
BAROTRAUMA dos SEIOS da FACE
OXIGÊNIO
O oxigênio pode irritar os pulmões quando respirado puro durante horas
ou se tornar tóxico para o sistema nervoso central quando respirado nu-
ma pressão parcial acima de 1,6 ATM durante algum tempo.
Devido a isto, os escafandros de circuito fechado a oxigênio, utilizados
por mergulhadores de combate, só são seguros até os 6 m de fundo e
os mergulhadores comerciais, em seus mergulhos de mais de 300 m,
se valem de misturas artificiais, em geral heliox, com baixíssimas por-
centagens de oxigênio.
A toxicidade do oxigênio impõe um primeiro limite de 66 m de profundi-
dade máxima para o mergulho seguro respirando ar comprimido.
NITROGÊNIO / NARCOSE
GÁS SULFÍDRICO
Este gás é produzido por bactérias anaeróbicas quando decompõem
matéria orgânica e também possui muita afinidade com a hemoglobina.
Se numa caverna ou no interior dos restos de um naufrágio for encon-
trado um espaço com ar, não o respire até se certificar de sua pureza.
FIM
Arduino Colasanti