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Guerras Napoleônicas2
“[...] as Guerras Napoleônicas foram uma ‘guerra de transição’, a última guerra do ‘velho
mundo’ e a primeira guerra do ‘novo mundo’”. p. 189
Influência no pensamento político contemporâneo. p. 189
Guerra e política. Clausewitz: a guerra “não apenas como ‘um ato político’, mas sim como
‘um verdadeiro instrumento da política’”. p. 190
Três revoluções para três classes. A Revolução Francesa foi o conjunto de três revoluções
de três classes sociais diferentes: 1) revolução aristocrática, por mais poder local; 2)
revolução burguesa, focada na propriedade privada; 3) revolução popular, urbana (miséria
e trabalho) e rural (posse e servidão). p. 192
Três eras e seis períodos políticos da Revolução: era das constituições (1789-1792)
(Assembleia Nacional Constituinte): burguês-aristocrático; tipicamente liberal; foco nos
direitos civis, nas liberdades individuais, na reforma do Antigo Regime, na defesa da
propriedade privada; Constituição de 1791; era das antecipações (1792-1794) (Convenção):
burguês-popular; protagonismo dos jacobinos; busca pelos direitos políticos e sociais;
guerra civil; Terror; era das consolidações (1794-1815) (Diretório 1795-1799; Consulado
1799-1804; Império 1804-1815): derrota dos jacobinos e consolidação dos interesses
burgueses; protagonismo do Exército como mantenedor da paz interna; guerras externas de
expansão territorial; ascensão de Napoleão Bonaparte. pp. 192-194
Relações Revolução x Europa. Três etapas: 1) até 1792 (guerra com a Áustria), movimentos
revolucionários espalham-se pela Europa; 2) de 1792 até 1799 (golpe de Napoleão no 18
Brumário (Novembro)), a França rompe com soberanos europeus; disputas entre o novo e
o Antigo Regime; 3) até 1815, protagonismo de Napoleão, pela guerra e administração das
conquistas; os ideais libertadores tornam-se ideais de conquista e expansão territorial;
tentativa de superar a obra de Carlos Magno; quebra do equilíbrio de poder estabelecido em
1648 (tratados de Münster e Osnabrück, no fim da Guerra dos Trinta Anos). pp. 194-195
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2 Marco Mondaini
Expansão territorial. Deve haver alguma inspiração de Napoleão no absolutismo
monárquico, que preconizava a expansão fronteira como forma de manter o inimigo afastado
do reino. Não pregando, a princípio, a expansão territorial, a Revolução, após a vitoriosa
batalha de 1792, defende a criação de “repúblicas irmãs”, que lutassem juntas pela
liberdade. Exitosas tentativas de anexação e ocupação são levadas a cabo, surgindo com
eminência a figura de Napoleão na campanha da Itália, entre 1796 e 1797.
Interregno de paz. Visando pacificar o ambiente interno, há uma pausa na conquista
territorial, estabelecendo vitórias contra os inimigos externos (russos, austríacos e
napolitanos) e firmando acordos de paz (ingleses). Mas Napoleão manteve uma política
externa agressiva, anexando politicamente territórios das repúblicas irmãs e investindo nas
questões dos Estados fronteiriços e numa política colonial e comercial. Concentrando mais
poderes no Executivo, torna-se Consul Vitalício, em 1802, e, mais tarde, Imperador. Ambição
pessoal e questões de Estado levaram a França, agora Imperial, a uma nova escalada de
guerras. pp. 198-199
O GRANDE EXÉRCITO
New Model Army. O exército de novo tipo inglês foi um precursor de um exército democrático
que viria a se constituir o exército francês durante a Revolução. Era um exército de
voluntários, que se politizava, no qual o alto comando não mais pertencia, por direito, à elite
política e econômica, mas que privilegiava o mérito pessoal. p. 200
Grande Armée. O Grande Exército francês tornou-se grande por inovar e promover uma
junção entre o novo e o anterior modelo de exército. Inovando, a partir de uma lei que tornava
obrigatório o serviço militar (1798), recrutou toda uma nação de “massas mobilizadas e
motivadas”. A essa inovação juntou (1793) o antigo exército, pouco numérico, profissional e
de técnica apurada, mesclando “capacidade técnica e disposição ideológica”. Três
elementos decisivos: técnica, entusiasmo e número. Outros dois elementos importantes:
jovialidade do exército (mobilidade, flexibilidade, coragem e combate) e estratégia de guerra
(sempre no ataque com rápidas velocidades de deslocamento). pp. 201-203
Ao fim, “a França deixa progressivamente de ser a República da Liberdade para transformar-
se no Império da Opressão [...] a Guerra da Revolução Francesa torna-se a Guerra do
Estado francês”. p. 204
A guerra com a França em 1803 significava para a Inglaterra uma questão geopolítica e
econômica, pois via-se ameaçada em seu domínio marítimo, que poderia influir em suas
pretensões coloniais e comerciais ultramarinas. Para a França, marca o início de um longo
período de guerras, até 1815. p. 204
No final de 1804 Napoleão é coroado imperador da França. p. 204
Império napoleônico. Rumo ao domínio europeu, Napoleão queria demonstrar força sobre a
“poderosa” Marinha britânica. Junto à Espanha, sofre uma humilhante derrota na Batalha
de Trafalgar, em 1805, acabando de vez com as pretensões marítimas de Napoleão. Sob
o ataque da Terceira Coalização3, Napoleão alcança sua “maior vitória” de todas, derrotando
105mil homens com apenas 75mil franceses na Batalha de Austerlitz4, na Áustria.
Consequência desta vitória foi a criação da Confederação Reno, um “cinturão territorial de
proteção” contra os russos. A Prússia finalmente entra em conflitos com os franceses, sob
a Quarta Coalização liderada pelos ingleses, tendo seus exércitos destruídos em outubro de
1806. Uma nova batalha em 1807, contra russos e prussianos, leva a um armistício (Paz de
Tilsit) entre o império francês e o russo. Contra a Inglaterra desenvolve-se uma “batalha
econômica”, empreendido pelo Bloqueio Continental: tentava-se isolar a Inglaterra de
qualquer comércio com as nações europeias. Não aderindo ao bloqueio, Portugal é invadida
por Napoleão em novembro de 1807, forçando a família real portuguesa a se refugiar na
AS HERANÇAS DA GUERRA