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II – Segundo o próprio relatório das Nações Unidas, “os países mais felizes são aqueles
em que há um equilibro saudável na prosperidade e um alto capital social, o que leva a
uma confiança na sociedade, baixos níveis de desigualdade e confiança no governo”.
Isso significa que não basta produzir riqueza para construir uma nação feliz. Mais que
isso, é fundamental que essa riqueza seja distribuída da forma mais justa possível e que
um sentimento de solidariedade e confiança esteja presente nas relações
interinstitucionais e interpessoais. Parece relativamente simples chegar ao patamar
atingido pelos países nórdicos, mas se trata de uma equação complexa, que se resolve ao
longo do tempo, mediante o empenho do Estado, do mercado e da sociedade civil.
Torna-se imperativo uma economia dinâmica, com nível elevado de investimento em
ciência e inovação, aliado a um sentido de justiça que reforce a equidade social.
III – Mas e a posição do Brasil nesse ranking? Pois bem, nosso país ocupa o 22º lugar,
uma posição relativamente bem situada, apesar de todas as mazelas sociais que nos
tornaram um dos países mais desiguais e injustos do mundo. É verdade que esse se trata
de um ranking geral, que considera o país como um todo. Entretanto, imagine um índice
dessa natureza que tratasse de medir o índice de felicidade comparando regiões do país,
dos Estados ou mesmo os bairros e as regiões de uma mesma cidade. Não é possível
imaginar que os moradores de uma comunidade de periferia, feita refém pelo tráfico, ou
mesmo ocupada pelo exército (como é o caso do Rio de Janeiro na atualidade), sejam
tão felizes quanto aqueles que habitam condomínios de luxo nas regiões nobres da
cidade. Há diferenças profundas na renda, na expectativa de vida e na forma como esses
cidadãos acessam os serviços públicos. Do mesmo modo, as percepções sobre a
felicidade também são condicionadas pela posição que os indivíduos ocupam na
estrutura social.
IV – Nós, como nação, ainda procuramos por um caminho para a felicidade socialmente
partilhada (mesmo que alguns sequer considerem que a felicidade deva ser um bem
socialmente partilhado). Enquanto isso, nós continuamos apostando em soluções
individuais e pensando o mundo ao redor do nosso umbigo, como se tudo que está
distante de nós não nos afetasse. Isso se manifesta na forma como compreendemos as
políticas sociais, no modo como tratamos o meio ambiente e no valor que atribuímos à
vida. Nossas necessidades pessoais e imediatas estão sempre em posição privilegiada,
em detrimento dos interesses coletivos. O primeiro movimento para nos tornarmos um
país mais feliz deve residir na busca por um maior equilíbrio entre o indivíduo e a
sociedade. Precisamos de uma sociedade justa que não sufoque o indivíduo, e de um
indivíduo livre que não pense o mundo exclusivamente a partir de si.
Outras palavras: