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O Adamastor – Canto V

Simbolismo do episódio

Adamastor é um Gigante, pertence à raça monstruosa nascida de Geia (a Terra) fecundada pelo
sangue de Urano (o Céu). Antes de Os Lusíadas, Adamastor era apenas o nome de um dos Gigantes,
sem qualquer relevo particular.
Na sua epopeia, Camões aproveita o nome para a construção do episódio central da Viagem dos
Portugueses. Em primeiro lugar, o Gigante personifica o Cabo das Tormentas (depois Cabo da Boa
Esperança, após ter sido dobrado em 1486), simbolizando, assim, o terror do desconhecido, os perigos
do mar misterioso e a coragem indómita (invencível) dos marinheiros. Por outro lado, a figura do Gigante
é aproveitada para a criação de um drama de amor. Estas duas vertentes revelam-se no discurso do
Adamastor.
Na primeira parte, o Gigante apresenta-se como senhor do mar desconhecido, proferindo
ameaças e profecias: começa por reconhecer o valor dos Portugueses e tenta assustá-los para os levar a
desistir da viagem, afirmando que os segredos do mar nunca tinham sido acessíveis a nenhum mortal;
como os Portugueses se atreveram a desafiar o interdito, serão alvo, no futuro, de terríveis punições.
A segunda parte é autobiográfica: o Gigante conta como se opôs a Júpiter e conseguiu o
domínio dos mares, e como foi castigado por ter ousado amar a deusa Tétis.
O episódio do Gigante Adamastor ocupa um lugar central na obra. Em termos de estrutura
externa, situa-se no centro da epopeia: canto V (em dez), estrofes 37-60 (em cem). Em termos da
estrutura interna, insere-se na narração da Viagem, focando o momento simbolicamente mais importante
do percurso — a passagem do Cabo das Tormentas.
Este episódio significa simbolicamente a vitória do Homem sobre os elementos cósmicos
adversos, aliando o plano da realidade (os perigos do mar) com o plano do maravilhoso.

Os Lusíadas – Canto V – O Adamastor – Simbolismo do episódio Folha 1 de 1

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