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Pierre Félix Bourdieu (Denguin, França, 1 de agosto de 1930 — Paris, França, 23 de

janeiro de 2002) foi um sociólogo francês.


De origem campesina, filósofo de formação, foi docente na École de Sociologie du Collège
de France. Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da
dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos
da antropologia e sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do
conhecimento humano, discutindo em sua obra temas
como educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política. Também escreveu
muito sobre a sociologia da Sociologia. A sociedade cabila, na Argélia, foi o palco de suas
primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a
organização social da sociedade cabila, e em particular, como o sistema colonial interferiu
na sociedade cabila, em suas estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a
revista Actes de la recherche en sciences sociales e presidiu o CISIA (Comitê Internacional
de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado claramente contra
o liberalismo e a globalização.
O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos
fundamentais: campo, habitus e capital.
Nascido em uma família campesina, ingressou em 1951 na Faculdade de Letras, em Paris,
na Escola Normal Superior e em 1954 graduou-se em filosofia, assumindo um cargo de
professor secundário em Moulins, Allier. Após prestar o serviço militar na Argélia, assumiu
em 1958 o cargo de professor assistente na Faculdade de Letras em Argel, quando iniciou
sua pesquisa acerca da sociedade cabila. Em 1960 torna-se assistente de Raymond Aron,
na Faculdade de Letras de Paris e principia seus estudos acerca do celibato na região
de Béarn. Ainda em 1960 integrou-se ao Centro de Sociologia Europeia, do qual tornou-se
secretário geral em 1962.
Desenvolveu ao longo das décadas de 1960 a 1980 farta obra, contribuindo
significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX. Na década
de 1970estendeu sua atividade docente a destacadas instituições estrangeiras, como as
universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1982 ministrou
sua aula inaugural (Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais
tarde se associou ao Centro de Sociologia Europeia), propondo uma "sociologia da
sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo como censor e
detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste sentindo, esta aula
inaugural encontra-se com a ministrada por Barthes (A aula) e Foucault (A Ordem do
Discurso), privilegiando a discussão acerca do saber acadêmico. É consagrado
doutor honoris causadas universidades Livre de Berlim (1989), Johann-Wolfgang-
Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, depois de finalizar um curso
acerca de sua própria produção acadêmica, que servirá de fundamento ao seu último
livro, Esboço para uma autoanálise.
Na agenda teórica proposta à teoria sociológica contemporânea, alguns elementos
merecem destaque: a releitura dos clássicos, a construção de conceitos e a postura crítica
do intelectual diante de uma tomada de posicionamento político, elementos estes
amalgamados em sua discussão sociológica.
Ao compor, por exemplo a ideia de campo, Bourdieu dialoga com a ideia de esferas,
proposta por Max Weber e, ainda, com o conceito de classe social de Marx.
Bourdieu, permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como nomenclatura
o construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivista.
Esta postura consiste em admitir que existe no mundo social estruturas objetivas que
podem dirigir, ou melhor, coagir a ação e a representação dos indivíduos, dos chamados
agentes. No entanto, tais estruturas são construídas socialmente assim como os
esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.
Bourdieu tenta fugir da dicotomia subjetivismo/objetivismo dentro das ciências humanas.
Rejeita tanto trabalhar no âmbito do fisicalismo, considerando o social enquanto fatos
objetivos, como no do psicologismo, o que seria a "explicação das explicações".
O momento objetivo e subjetivo das relações sociais estão numa relação dialética. Existem
realmente as estruturas objetivas que coagem as representações e ações dos agentes,
mas estes, por sua vez, na sua cotidianidade, podem transformar ou conservar tais
estruturas, ou almejar a tanto.
A verdade da interação nunca está totalmente expressa na maneira como ela se nos
apresenta imediatamente. Uma das mais importantes questões na obra de Bourdieu se
centraliza na análise de como os agentes incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo
que a produzem, legitimam e reproduzem. Neste sentido se pode afirmar que ele dialoga
com o Estruturalismo, ao mesmo tempo que pensa em que espécie de autonomia os
agentes detêm. Bourdieu, então, se propõe a superar tanto o objetivismo estruturalista
quanto o subjetivismo interacionista (fenomenológico, semiótico).

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