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O PRESBITERIANISMO E A MAÇONARIA: DEBATES E RUPTURAS

Ana Paula Miranda Bonifacio*


mirandabonifacio.anapaula@gmail.com
Orientador: JÚNIOR, Luís de Castro Campos*
lcastrocampos@uol.com
Coorientador: PRADO, André Pires do*
pirespradohistoriador@bol.com

Resumo:
Abordara o Protestantismo no Brasil, sob a influencia do Presbiterianismo em solo brasileiro,desde os
primeiros missionários que aqui chegaram, evangelizando o nosso país. Assim compreenderemos o
desenvolvimento do Protestantismo no Brasil e a sua relação na sociedade, contribuindo para os estudos
da História das Religiões. Tendo por objetivo o Presbiterianismo no Brasil, focando a Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil, pois ela surge devido à cisma de 1903. Havendo assim uma divisão entre a
irmandade presbiteriana, tendo como ponto principal, a Maçonaria. Analisaremos como a Maçonaria
levou a uma igreja forte para uma divisão de idéias. Entenderemos como a Maçonaria estava presente no
interior da Igreja Presbiteriana no Brasil, provocando-se assim debates e rupturas no Presbiterianismo
Brasileiro.
Palavras-Chave: 1.Presbiterianismo, 2. Rupturas, 3 . Maçonaria, 4. Protestantismo

Resumen:

Planteada protestantismo en Brasil, bajo la influencia del presbiterianismo en suelo brasileño, ya que los
primeros misioneros que llegaron aquí, evangelizadora de nuestro país. Entonces vamos a entender el
desarrollo del protestantismo en Brasil y su relación con la sociedad, contribuyendo al estudio de la
Historia de las Religiones. En busca del presbiterianismo en Brasil, centrándose en la Iglesia Presbiteriana
Independiente del Brasil, ya que viene dada por el cisma de 1903. Así que hay una división entre la
comunión Presbiteriana, con el punto principal, la Masonería. Examinar cómo la masonería llevó a una
iglesia fuerte a una división de ideas. Comprender cómo la masonería estuvo presente en la Iglesia
Presbiteriana de Brasil, lo que provoca debates y cambios en Brasil presbiterianismo.
Palabras claves:1. Presbiterianismo, 2. Escapadas, 3. la Masonería, 4.el Protestantismo.

INTRODUÇÃO
O presente artigo se propõe a mostrar a problematização da Igreja Presbiteriana em relação à maçonaria,
levando para o desfecho de 1903, ou seja, a divisão da irmandade presbiteriana.
Compreenderemos o desenvolvimento do Protestantismo no Brasil e sua relação na sociedade,
contribuindo para o estudo da História das Religiões. O estudo das religiões tem crescido de forma
significativa na área acadêmica. Nos anos 70 do século XX, a disciplina Sociologia, privilegia ainda que,
de forma tímida a inserção do protestantismo no Brasil.
Recentemente historiadores perceberam a importância dos estudos sobre religião e a sua relação com a
cultura e sociedade contemporânea. Este artigo visa contribuir, aprofundando a temática de forma
específica no campo do Protestantismo Histórico.
O objetivo é estudar focando a igreja no caso a Igreja Presbiteriana Independente, sendo uma igreja
histórica, sendo assim, considerada pelo protestantismo.
Iremos ver que a América pertencia somente a Espanha e Portugal, dois países católicos que, todavia
ainda não haviam ocupado totalmente o território. Isto aquecia a esperança dos missionários de para lá
irem, o que veio se efetivar em 1620, quando May Flawer saiu da Inglaterra e aportou para a América do
Sul, que já tinha hospedado em seu solo outros missionários a exemplo dos metodistas que de certa forma
deixaram o terreno preparado para a implantação do trabalho presbiteriano no Brasil, com a chegada do
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missionário da Junta das Missões, conhecida por Board de Nova Yorque, da Igreja Presbiteriana dos
Estados Unidos da América, Ashbel Green Simonton, ao Rio de Janeiro, em agosto de 1859.
E veremos como foi à ação dos presbiterianos em solo brasileiro, até que em 1903, houve motivos que
levaram à cisma, no caso em Questão da Ordem Maçônica que levou a divisão da irmandade
presbiteriana.
Sabe-se pouco sobre a maçonaria, mas podemos dizer que ela é uma organização mundial que, utilizando-
se de formas simbólicas dos antigos construtores de templos, voluntariamente se uniram para o propósito
comum de se aperfeiçoarem na sociedade. Admitindo em seu seio, homens de caráter, sem consideração à
sua raça, cor ou credo, a Maçonaria se esforça para constituir uma liga internacional de homens dedicados
a viverem em paz, harmonia e afeição fraternal. Mas Rev. Eduardo Carlos Pereira, era contra a maçonaria,
sendo assim levantou argumentos; primeiro se era uma religião; segundo, caso fosse se seria compatível
ao cristianismo, porque era uma religião cujos princípios se distanciavam ou mesmo se opunham a ele.
Espero com este, ainda que resumido estudo sobre o presbiterianismo e a maçonaria, possa contribuir para
o enriquecimento cultural daqueles que gostam da pesquisa na área, e também, daqueles que vêem nos
movimentos religiosos uma contribuição para a formação de uma boa sociedade.
PROTESTANTISMO
Nos primeiros anos do século XVI, das partes da Europa mais preparadas para o protestantismo,
sobressaía a Alemanha, pois estava relativamente atrasada em relação às demais partes da
Europa,permanecendo ainda com certos traços da Idade Média, e também a crise social era agravada pela
transição entre a antiga sociedade feudal e a nova vida das cidades, caracterizadas pela economia
capitalista,cuja solução era entravada pela posse por parte da Igreja da maior parte das terras cultiváveis.
Esse clima religioso e econômico a Alemanha fez com que tanto a classe dominante como os camponeses
apoiassem Martinho Lutero.
Para entender melhor a reforma luterana e calvinista, é melhor analisarmos as correntes de pensamento
teológico.
Uma das correntes, a mais antiga e formulada a partis de S.Agostinho (354-430), bispo de Hipona, na
África do Norte. A teologia de Agostinho parecia refletir no mundo clássico, que pregava o pessimismo
do ser humano diante de poderes incontroláveis e das forças de um destino implacável, porque provinha
da idéia da soberania absoluta de Deus e da total dependência do ser humano aos desígnios,assim como
outras correntes surgiram,como podemos citar; Pedro Lombardo (m.1164) e S.Tomás de Aquino (1225 ou
1227-1274).
Martinho Lutero, monge agostiniano, ansioso pela salvação de sua alma, encontrou na carta de Paulo aos
Romanos 1.17 a inspiração para a superação de sua angustia: ¨O justo viverá por fé¨.
As teses de Lutero provocaram uma longa discussão entre ele e os teólogos defensores da Igreja até que,
por fim, pela bula Exsurge Domine, de 1520, foi pelo papa X convidado a retratar-se de suas idéias sob
pena de excomunhão. Recusou-se e queimou em praça pública. Foi então excomungado.
João Calvino partiu das mesmas premissas dos pré-reformadores que serviram de base a Lutero. Se
Lutero enfatizou a fé, Calvino fez o mesmo com a graça. A teologia de Calvino é uma teologia da graça
de Deus. Mas é só questão de ênfase porque ambas, a fé e graça, estão mutuamente entrelaçadas.
Seu sistema teológico, basicamente formulado na sua principal obra, conhecida por Institutas, bem como
a organização eclesiástica implantada por ele em Genebra, cidade em que viveu quase metade de sua vida,
deu origem ao presbiterianismo.
João Calvino nasceu na cidade de Noyon, na França a 10 de julho de 1509, sendo seu pai Geraldo
Chauvin e a sua mãe Joana Lefranc.
Em julho de 1536, Calvino foi convidado por Guilherme de Farel, reformador francês a residir em
Genebra, transformando-a em seu centro de ação. Calvino resistiu, mas, afinal, aceitou, sendo eleito
professor de Teologia e pastor.
Seus trabalhos diários principalmente como professor, pastor e escritor, as lutas constantes com
adversários tenazes e os sofrimentos com freqüentes enfermidades fizeram com que sua vida fosse
extremamente atribulada, mas também bastante produtiva.
O ano de 1564 assinalou o fim da laboriosa atividade de Calvino. As várias doenças que freqüentemente o
afligiam se acentuaram nesse ano, provocando a sua morte a 27 de maio de 1564.
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Themudo Lessa, em sua obra, cita as seguintes palavras de Theodoro Beza: ¨Pela noite e pelo dia seguinte
imenso era o pesar e a lamentação na cidade, porquanto a Republica perdera o seu meais sábio cidadão e
a Igreja o seu Pastor fiel, e ma Academia um mestre incomparável. ¨(Lessa, Vicente Themudo, [s.d],
p.244).
O calvinismo predominou na Inglaterra, na Escócia e na Holanda, sua influencia se fez sentir também na
França, na Hungria, na Polônia e na Boemia.
Na escócia, em dezembro de 1560, através da atuação de João Knox, discípulos de Calvino, que estudou
na Academia de Genebra, a Igreja adotou a forma completa de governo presbiteriano, passando a chamar-
se Igreja Presbiteriana. Portanto foi nesse país que o presbiterianismo surgiu, não apenas como sistema,
mas como entidade distinta das demais reformadas.
Na América do Norte o protestantismo chegou com os puritanos. À medida que o protestantismo se
espalhava na América, em função das sucessivas ondas imigratórias de protestantes europeus, a sociedade
americana foi assumindo um caráter eminentemente protestante, principalmente de linha calvinista.
Muitos missionários foram enviados para o Brasil, a fim de implantar aqui também uma civilização cristã,
nos moldes do norte-americano.
O PROTESTANTISMO NO BRASIL
A primeira tentativa de introduzir o protestantismo no Brasil deu-se com a chegada de uma expedição
francesa no Rio de Janeiro, em 1555, sob o comando Vice-Almirante Nicolas Durand de Villegaignon.
Entre esses franceses, havia vários huguenotes, cuja vinda ao Brasil era reflexo dos sérios conflitos que
estavam ocorrendo em seu país, entre católicos e protestante, na segunda metade do século XVI.
Villegainon também recebeu apoio de Calvino, que enviou dois pastores, contribuindo para o
estabelecimento de uma igreja reformada na Baía da Guanabara.
No século seguinte, entre 1630 e 1654, novamente protestantes calvinista aportaram no Brasil, desta vez
eram holandeses e o local escolhido foi o Nordeste. Houve uma tentativa anterior de invasão na Bahia, em
1624, onde se supõe tenham realizado um culto no navio capitânea ao largo. Mas os holandeses sem
firmaram mesmo em Pernambuco, estendendo seu domínio pela Paraíba e outras partes do nordeste.
Os protestantes holandeses permaneceram no nordeste, sediados em Recife, durante 24 anos, sendo oito
deles sob o governo de João Mauricio de Nassau (1604-1679) que, além de consolidar o domínio,
embelezou a cidade, fortaleceu o comércio segundo os propósitos da Companhia das Índias Ocidentais.
Os holandeses preocuparam-se primordialmente com a evangelização dos índios e providenciaram, para
facilitar essa tarefa, em breve catecismo trilingüi-tupi, holandês e português-que, enviado para ser
impresso na Holanda, acabou não se sabe bem porque, por não sendo utilizado. Todavia, como registra o
historiador católico Eduardo Hoornaert:
“apesar dos acontecimentos políticos terem logo interrompido a obra missionária dos predicantes, temos
provas históricas de que, mesmo depois da expulsão dos holandeses do Brasil, certas noções calvinistas
ficaram profundamente arraigadas nas mentes dos índios. Esclareça-se que predicantes era o título dados
aos pastores holandeses”. (HOORNAERT, 1977.p.140)

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A CHEGADA DEFINITIVA DO PROTESTANTISMO
O estabelecimento definitivo dos metodistas na Brasil deu-se no ano de 1876, quando o Rev.John
J.Ranson fundou,no Rio de Janeiro, uma igreja com seis pessoas.
Após os metodistas, vieram os congregacionais, e logo após o grupo protestante a se instalar no Brasil
foram os presbiterianos.
A VEZ DOS PRESBITERIANOS
Com a chegada do missionário, Rev.Ashbel Green Simonton, ao Rio de Janeiro, em 12 de agosto de1859.
Esta data é mais um simbolismo, porque, de fato, a primeira Igreja Presbiteriana no Brasil foi em janeiro
de 1862, na capital do Império, com o arrolamento de três membros.
Em 1863, iniciou-se um trabalho na capital paulista, através do missionário Blackford, que chegou à
região em outubro de 1865, foi organizada a segunda Igreja Presbiteriana no Brasil, em São Paulo, com
18 pessoas. Em dezembro, a igreja já possuía 35 membros.
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O presbiteriano lança-se para o interior paulista. E,em 13 de novembro de 1865,em Brotas, no sertão
paulista foi organizada a terceira Igreja Presbiteriana no Brasil, pelo missionário Blackford, com 11
pessoas. Um ano depois, já se contava com 60 membros. Foi organizado, a 16 de dezembro de 1865, em
São Paulo o primeiro presbitério composto pelas igrejas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Brotas.
A expansão do Presbiterianismo, em seu período inicial, deu-se principalmente, entre a camada livre e
pobre da população rural. Nos meios urbanos, condições não eram propicias ao protestantismo,
principalmente em decorrência da Igreja Católica.
As primeiras comunidades protestantes eram grupos pequenos. Segundo Antonio Mendonça, a formação
de comunidades pequenas;
“deveu-se ao fato que o protestantismo, além de inserir em interstícios do campo religioso católico,
apresentou-se como uma religião ética em cognoscitivamente religiosa, tornando bastante difícil a
admissão de adeptos, dados aos conhecimentos religiosos exigidos e as renuncias de sua ética”.
(MENDONÇA,1984,p.2560)
O presbiterianismo brasileiro, nesses anos iniciais, teve como elemento integrador um período evangélico,
intitulada Imprensa Evangélica, instalada a cinco de novembro de 1864, tendo como seu fundador o Rev.
Simonton. Segundo Boanerges Ribeiro, “a Imprensa Evangélica foi o grande integrador da jovem
denominação religiosa”. (RIBEIRO, 1981, p. 100). Apesar de ser um jornal especialmente dedicado a
assuntos religiosos, era bem recebido nos círculos liberais. Esse período teve a duração de 28 anos;
encerrando suas atividades em dois de julho de 1892. Durante o período de implantação da doutrina
protestante no Brasil, ocorreram aposições em quase toda parte, principalmente por parte do clero
católico.
Até aqui o presbiterianismo brasileiro se manteve unido. No entanto, divergências começaram a surgir,
provocando uma violenta crise e conseqüente divisão, em 1903 com a presença da maçonaria, havendo
assim, debates e rupturas, fazendo emergir a Igreja Presbiteriana Independente.
BREVE HISTÓRICO SOBRE A MAÇONARIA
A origem da Maçonaria teve início nas religiões místicas do oriente A iniciação dos egípcios, conhecida
pelo nome de Mistérios De Ísis e de Osíris, remonta, segundo Vassal, a 2.900 A.C. Sua doutrina tinha por
fim, de um lado, o culto egípcio ou metempsicose; de outro lado, os acontecimentos humanos em
alegorias.
A verdade é que a crença tem, em geral, muito pouca influência na conduta; na religião, quanto ao
indivíduo; na política, quanto ao partido. Em geral, o Maometano, no Oriente, é de longe mais honesto,
confiável e honrado do que o Cristão.
A palavra “maçon” vem do inglês freemanson, que significa pedreiro-livre. Isso porque, entre os
operários da construção civil na Inglaterra do século XIII, havia os roughmansons (pedreiros-brutos) e os
freemansons, responsáveis pelo trabalho mais elaborado, mais refinado, ou seja, mais qualificado.
Maçonaria, por sua vez, significa aquilo que é feito pelos pedreiros, portanto, construção, obra ou
arquitetura.
Foram os próprios “pedreiros-livres”, que, para preservar e valorizar seus segredos de natureza técnica,
como garantir a sustentação de um arco ou um vão livre, criaram corporações de ofício - surgia ali o
embrião da fraternidade.
Os pedreiros chegaram a criar uma palavra secreta, a chamada maçons Word, que era uma espécie de
passe para conseguir emprego ou auxílio durante a viagem, e que tinha o papel vital numa época em que
muitos eram analfabetos. Além disso, desenvolveram formas de reconhecimento, como apertos de mão e
saudações, para se identificarem mais facilmente. O tempo passou e, aos poucos, a fraternidade foi
permitindo que não-pedreiros aderissem ao grupo, tornando-se mais especulativa do que operativa. No
entanto, as analogias com objetivos da profissão de pedreiro não se perderem: elas permeiam até hoje a
simbologia e os rituais da Ordem. A Maçonaria tal qual se conhece atualmente no século XVIII.
A Maçonaria é uma Ordem Universal formada de homens de todas as raças, credos e nacionalidades,
acolhidos por suas qualidades morais e intelectuais e reunidos com a finalidade de construírem uma
Sociedade Humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança com amor a Deus, à Pátria, à Família e ao
Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade e sob a tríade:
liberdade, igualdade e fraternidade, dentro dos princípios da Ordem, da Razão e da Justiça, o mundo
alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.
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A maçonaria não é uma religião no sentido de ser uma seita, mas é um culto que une homens de bons
costumes. Ela não promove nenhum dogma que deve ser aceito taticamente por todos, mas inculca nos
homens a prática da virtude, não oferecendo panacéias para a redenção de pecados. Seu credo religioso
consiste apenas em dois de fé: a existência de Deus e a Imortalidade da Alma que tem com corolário a
Irmandade dos Homens sob a Paternidade de Deus.
Ela não é uma sociedade secreta. O objetivo e propósito da Maçonaria, suas leis, histórias e filosofia tem
sido divulgados em livros que estão a venda em qualquer livraria. Os únicos segredos que a Maçonaria
conserva é as cerimônias na admissão de seus membros e os meios usados pelos maçons para se
conhecerem.
A Ordem Maçônica entrara com grande força nos escalões mais elevados da sociedade brasileira desde o
início do Império, nela se incluindo os próprios imperadores. A primeira manifestação do seu poder na
esfera eclesiástica já se dera anos antes, nos anos setenta do século XIX, com o conflito entre o Imperador
D.Pedro II e os bispos católicos D. Vital, de Pernambuco, e de D. Macedo Costa, do Pará.
DEBATES E RUPTURAS
A grande controvérsia que irrompeu no seio da jovem Igreja Presbiteriana Brasileira, dois anos antes de
findar o século XIX, trazia á tona duas questões básicas sobre a Maçonaria: primeiro se era uma religião;
e segundo, caso fosse, se seria compatível ao cristianismo.
No interior da Igreja Presbiteriana, contava com muitos maçons entre pastores nacionais e missionários,
os presbíteros e membros em geral.
Em 10 de dezembro de1898, o médico evangélico Nicolau Soares do Couto Esher, publicou um artigo em
O Estandarte, “A Maçonaria e o Crente” usando o pseudônimo de “Lauresto”, provocando uma grande
polêmica no seio da Igreja. Vários ministros e presbíteros, bem como membros da Igreja, estavam filiados
à Ordem. Por isso, foram dirigidos muitos ataques contra ele.
A questão maçônica, levada ao Sínodo por dois concílios inferiores, foi liquidada. O Sínodo, recusando-se
a discutir a questão que lhe fora submetida, limitou-se a votar favoravelmente ao seguinte parecer,
formulado por uma comissão:
“É permitido a um membro de a igreja ser maçom se a sua própria consciência não o proíbe. O Sínodo se
a sua própria consciência não o proíbe. O Sínodo reconhece a opinião a respeito, mas julga prejudicial à
causa do Evangelho qualquer propaganda pró ou contra a maçonaria”. (O ESTANDARTE, 1901, p.24).
Em janeiro de 1902 surgiu o programa de reformas elaborado em reuniões, por um grupo de seis pessoas,
dentre as quais, o Rev. Eduardo Carlos Pereira, a Plataforma. Os defensores da Plataforma fariam, através
de O Estandarte, uma campanha no sentido de conseguir adesões no meio presbiteriano. E, no Sínodo de
1903, esse programa seria defendido, a fim de que viesse a tornar-se realidade.
Os debates se prolongaram do dia 30 para o dia 31. O Rev. Eduardo Carlos Pereira, recordando os
argumentos que pregara antes pela imprensa, mostrou os três principais pontos antagônicos entre a
Maçonaria e a doutrina cristã:
1. O Supremo Arquiteto do Universo não era Deus Trino
2. As orações maçônicas sem a mediação de Cristo, e;
3. A teoria da regeneração da humanidade pela moral maçônica.
Às 8 da noite de 31 de julho, a minoria encaminhou a sua proposta conciliadora, agora sobre o ponto
crucial da maçonaria, pedindo que, “os ministros e presbíteros maçons que abandonem a Maçonaria por
amor a paz da Igreja escandalizada e que o Sínodo reconheça o nosso direito de externar nosso
pensamento sobre o assunto”. (Annaes... p.671).
Encerrados os debates, chegou o momento da votação nominal: ou a Moção Gammon ou a proposta da
minoria. O resultado foi de 52 votos a favor da Moção Gammon e 17 contra.
Em meio à grande emoção, Eduardo Carlos Pereira deixou a tribuna e encaminhou-se para a saída seguida
de outros membros da minoria. Havia lágrimas em muitos rostos.
Registrou Boanerges Ribeiro, como sempre bem documentado, cenas insólitas de tumulto. Ouviam-se
vozes dizendo “perdemos tudo, menos a honra, pela coroa real do Salvador,...” (A Igreja
Presbiteriana,p.454).
Não foi uma separação calculada, movida por razões claramente definidas, articuladas. Vimos que nos
momentos finais,quando decisões deveriam ser tomadas sobre bases sólidas,por convicções claras, as
razões ficaram obscurecidas pela paixão em torno de um único ponto da Plataforma: a Maçonaria.
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SURGE UMA NOVA IGREJA PRESBITERIANA

O grupo derrotado no Sínodo saiu por volta das onze da noite daquele 31de julho, em direção a Primeira
Igreja, então na Rua 24 de maio, era a igreja de Eduardo Carlos Pereira. Ficaram ali reunidos em meio a
orações, cânticos e breves discursos.
No dia seguinte, primeiro de agosto, os dissidentes reuniram-se de novo na primeira Igreja com o fim de
se organizarem. Com tristeza, mas com coragem, pois que deixaram o seio da Igreja “sem bornal e sem
bordão”, como disse Rev. Eduardo Carlos Pereira, em algum lugar, constituíram-se em Presbitério, o
Presbitério Independente, sendo aclamado como moderador o Rev. Caetano Nogueira Júnior e servindo
como secretário temporário o Rev. Vicente Themudo Lessa.
Através de proposta, deu-se à nova organização religiosa o nome de Igreja Presbiteriana Independente,
composta de todas as igrejas que aderiram ao movimento e se colocarem sob jurisdição eclesiástica do
novo Presbitério.
Após a organização, a nova Igreja traçou os seus planos de trabalho e passou a executá-los sem qualquer
interferência ou contribuição estrangeira, usando recursos exclusivamente brasileiros, através de seus
fiéis.
Cinco meses após a separação, na segunda reunião do Presbitério Independente em janeiro de 1904, em
Campinas os relatórios apresentavam o número de 2500 membros.
E assim, surgiu a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, em 31 de julho, completara 107 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Presbiterianismo tem suas raízes num movimento reformador do século XVI, extraindo principalmente
do Calvinismo seu sistema doutrinário e sua organização eclesiástica.
No Brasil, as primeiras manifestações Calvinistas datam da vinda das missões francesas (século XVI) e
holandeses (século XVII) sem encontrar campo favorável a sua permanência.
O estabelecimento do presbiterianismo no Brasil ocorreu no século XIX com a chegada de missionários
norte-americanos, implantando suas bases, a princípio, na região sudeste. De lá, o Presbiterianismo,
espalhou-se pelo país.
Após a sua estruturação no Brasil, o presbiterianismo sofreu um cisma, resultado de 15 aos de lutas
eclesiásticas internas, mas o ponto principal da divisão foi a Maçonaria.
A Maçonaria levantou fortes argumentos entre os representantes antimaçons. Mas em vã foi a luta pela
retirada da presença Maçônica no interior da Igreja.
Sendo em vão, em 31 de julho de 1903,esse cisma, fez emergir a Igreja Presbiteriana Independente do
Brasil.
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Fonte: http://www.webartigos.com/articles/43821/1/O-presbiterianismo-no-brasil-e-a-maconaria-debates-
e-rupturas/pagina1.html#ixzz17CBvSJqz

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