Permanecendo na Obra a Despeito das Dificuldades I
Por SATURNINO M. OLIVEIRA
OPRIMIDO pelo fanatismo.religioso, por ameaça de morte, tive de retirar-me de Pirapora, em S. Paulo, em 1912, pois Jesus diz' "Quando vos perseguirem em unia cidade fugi para outra". Em 1914 o signatário destas linhas e um colega deixaram os primeiros observadores do sábado em Rio Preto, Barretos, Jaboticabal, e Catanduva, no Estado de S. Paulo. Pelo trabalho da página, Impressa, foram encontrados em seguida os primeiros observadores do sábado em Espírito Santo do Pinhal, Socorro, Mogi das Cruzes, Bertioga, Cosmópolis, Cananeia, Itapira, etc. Mais ou menos em 1916 uma multidão enfurecida contra a verdade atacou o colportor-evangelista, Joaquim Porto, na fronteira do. Espírito Santo com Minas Gerais, na estrada, em plena escuridão da noite. Bateram-lhe tanto com cacete, que o deixaram por morto. Apos a retirada dos fanáticos, alguém levou o irmão Porto para a cidade. Algum tempo depois, estando já restabelecido, continuou a trabalhar por vários anos, sendo hoje já falecido. Pelo ano de 1913, o colportor- evangelista Francisco Queiroz chegou a Ilhéus, Sul da Bahia, o visitou a igreja baptista que havia ali. Convidado pelo presbítero a dirigir o culto de quarta-feira, o colportor falou-lhes a respeito de Daniel 2. Os membros daquela igreja disseram-lhe o seguinte,, "Ora, nosso pastor nunca nos falou a respeito da verdade de uma maneira tão perfeita como o fez o senhor; continue, pois, a falar-nos". Assim, noite após noite foram apresentadas verdades, inclusive sobre guarda do sábado. E todos ali presentes disseram que daquele momento em diante estavam resolvidos a guardar o sábado. Todos os membros da Igreja Baptista passaram para a Adventista. O pastor José A. dos Reis tombou vítima da tuberculose, moléstia contraída pelo tão grande acumulo de trabalho, não se alimentando a horas certas. Nos anos de seu abençoado trabalho muito se desenvolveram as igrejas de S. Paulo e do Rio Grande do Sul. O signatário destas linhas deu o último abraço neste fiel servo de Deus, em, Rolante, em Maio de 1935, poucos dias, antes de sua morte. Em 1942 tombou em Itabuna, Bahia, vítima da febre tifóide, nosso muito querido pastor Teófilo Berger, que era estimado por todos; seu lar abrigava todo peregrino que necessitava de hospitalidade. Tinha trinta e nove lugares de pregações em seu distrito, viajando todo o tempo a, cavalo. Faz pouco, tempo, cal do alto da carga de um caminhão, correndo na estrada no interior de Goiás (sendo este o meio mais fàcil de viajar-se aqui, Quebrei o braço, o cotovelo do outro braço, e ainda perdi muito sangue pelo nariz. Deus me livrou de ser pego pela roda traseira do caminhão, o que significaria minha morte. Em todos os tempos temos cor- rido perigo; quer no campo quer nas cidades, nos rios,,no deserto, perigos corremos, entre os salteadores, entre fanáticos, é ainda entre feras, desencarrilhamento de trens, perigos no mar e nas zonas onde predomina a, peste. Mas em tudo Isto somos mais que vencedores. Fonte: Revista Adventista. Julho de 1946. p. 12. Encontrando Dificuldades e Permanecendo na Obra II Por S. M. OLIVEIRA Em 1929, em Paraisópolis, Minas o colportor M. Trivelato, depois de já ter trabalhado por dois meses e terminado aquela cidade, passava pela praça da igreja, onde havia um leilão, quando uns 50 fanáticos o atacaram pegando-o e dizendo-lhe: "Matemo-lo!" O irmão Trivelato escapou das mãos de tantos algozes e correu rua acima, indo abrigar-se no correio, pedindo socorro. Quando a turba chegou à porta o agente do correio disse: "Ora, aqui vocês não penetrarão, nem farão mal a este moço. Digam-me, que mal ele lhes fez?" Responderam-lhe: "Ora, ele vende livros protestantes, e por isso não queremos que fique aqui na cidade." Em seguida dispersaram-se. Em 1930 encontrei-me em Entre Rios, Minas, com Mário Dias e Ozias Lucas. O vigário da cidade, que também era advogado e director do jornal, neste advertiu contra os colportores, o que nos fez, em alguns lugares, perder 50% das entregas. Achando-me em visita a dois colportores-evangelistas, em Itabira, Minas, veio a casa dos mesmos um menino dizendo que a, dona da casa pedira o despejo da residência dos ditos colportores. Enquanto este falava assim, já outro menino estava à porta, dizendo: 'Moços, a lavadeira manda dizer que não lava mais suas roupas." Fomos ter logo com as ditas pessoas, e nos responderam dizendo que fora o padre quem os advertira que era pecado ter casa alugada para protestante ou ter qual quer negócio com os mesmos. 1 vigário então mandou espalhar no ruas da cidade uni -boletim com seguinte: "Itabirenses, qualquer que tirou a encomenda do livro Nossa Época e a revista Atalaia não receba, porque é protestante Neste lugar a perda foi maior ainda do que em Entre Rios, pois perdeu-se quase tudo. Em certo lugar em um Estado do norte do Brasil, um colportor depois de tomar multas encomendas, andando a pé, longe da cidade, por ocasião da entrega, ajudou um. rapaz, a fim de levar i livros. Quando, já longe, entraram. na mata, o tal ajustado investiu no colportor, para roubar-lhe o dinheiro. Enquanto lutavam vieram dois homens atravessando a mata. Então o colportor pediu socorro, que estava lutando com um ladrão. Com a ajuda desses dois homens, o colportor conseguiu levar o ladrão para a cidade, entregando-o à, delegacia. Também em certo povoado, perto de Patos, Minas, um colportor foi entregar cinco encomendas e Patriarcas, recebendo pelos mesmos Cr$ 300,00, e voltando logo para Patos. Quando estava a almoçar no momento, entraram dois homens armados de revólveres [ para tomar vingança haviam para Cr$ 100,00 por uma corrida rápida de automóvel a Patos] e disseram ao colportor que escolhem imediatamente o que, preferia se era entregar o dinheiro que havia recebido pelos livros, tomando de novo os livros devolvidos, ou que houvesse uma desgraça. Então o colportor, para evitar ser morto, pediu um prazo de tempo pois o dinheiro todo havia posto no banco. Foi então ao mesmo narrou o incidente, então devolveram-lhe os Cr$ 300,00, que intrigou aos homens, recebendo os livros de volta. Sim: -Quem nos separará amor de Cristo? A tribulação, a angústia, ou a perseguição, a fome, ou a nudez, ou o perigo ou a espada?" Rom. 8:35. Fonte: Revista Adventista. Agosto de 1946. p.12. Encontrando Dificuldades e Permanecendo na Obra III Por SATURNINO M. OLIVEIRA O ano de 1935, encontrando-se o signatário em Rio Preto, Minas, em companhia de dois colportores-evangelistas, escreveu o vigário da cidade um boletim, advertindo o povo a que nao comprasse os livros e que se alguém por descuido tivesse adquirido alguns, os lançassem no fogo. Além de espalhar tal boletim telefonou a cada fazenda em que havia telefone, causando-nos terriveis dificuldades nas entregas. Estando eu ajudando a dois colportores em Valença, Estado do Rio, pela hora do almoço apareceu no hotel um soldado, dizendo que o delegado nos intimava a comparecer na delegacia. Havendo nós subido a escada até presença do capitão que era delegado especial, disse-lhe: -Pronto, Sr. Capitão, V. S. nos intimou a vir até aqui, o que há? Respondeu-nos ele: -Bem, mandei chamá-los porque me vieram ar parte de que os senhores estão vendendo livros e recebendo o dinheiro cio povo adiantadamente, faz algum tempo, um vigarista de S.Paulo, dizendo-se representante de um jornal, recebeu mais de Cr$ 2.000,00 adiantados e foi-se embora, perdendo o povo todo este dinheiro, sem nunca ver o tal jornal. Respondi-lhe: -Capitão, Isto é calúnia, pois eu nunca recebi dinheiro algum adiantado por livros, em qualquer tempo de minha ida. Só recebo dinheiro no acto a entrega do livro. Vou fazer-lhe ma proposta. Agora mesmo é que começamos o trabalho, tomando ma encomenda do tabelião e outra do colector federal. Mande alguém conosco à presença destes dois homens e, se os mesmos provarem que nos entregaram dinheiro adiantado, pode chamar a um estes soldados e nos mandar cortar o pescoço a sabre. O senhor faz bem em investigar o caso, pois potestade é ministro de Deus, como diz S, Paulo. O capitão respondeu: -Os senhores podem Ir e continuar seu trabalho. Estando eu ajudando os estudantes na capital da Bahia, certo escriturário da recebedoria do Estado, a quem havia pouco mais de um mês entregara o 'livro em combinação com o Atalaia, encontrando-se comigo no lugar mais movimentado da cidade, destratou-me em público, reclamando a demora da chegada da revista, e me chamou de vigarista, dizendo, também que se a revista não chegasse me levar a à policia. Mostrei-lhe minha carteira profissional, dizendo-lhe. -"O senhor não fala com um vigarista, mas sim com um profissional registrado no Ministério do Trabalho". Assim o homem retirou-se. No dia seguinte fui informado de que o Atalaia chegara às mãos deste reclamante. Jesus disse: "Se 'a Mim me perseguiram também vos perseguirão a vós. Fonte: Revista Adventista. Setembro de 1946. p 24.