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UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

RUTE BATISTA DO NASCIMENTO CAMARGO

A ARTE E A MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA

CAMPINAS – SP
2006
UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

RUTE BATISTA DO NASCIMENTO CAMARGO

A ARTE E A MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Memorial apresentado ao Curso de Pedagogia


- Programa Especial de Formação de
Professores em Exercícios nos Municípios da
Região Metropolitana de Campinas, da
Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas, como um dos pré-
requisitos para conclusão da Licenciatura em
Pedagogia.

CAMPINAS
2006

2
© by Rute Batista do Nascimento Camargo, 2006.

Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca


da Faculdade de Educação/UNICAMP

Rute Batista do Nascimento Camargo


C14a A arte e a minha prática pedagógica : memorial de formação /
Rute Batista do Nascimento Camargo. – Campinas, SP : [s.n.], 2006.

Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Estadual


de Campinas, Faculdade de Educação, Programa Especial de Formação de
Professores em Exercício da Região Metropolitana de Campinas (PROESF).

1.Trabalho de conclusão de curso. 2. Memorial. 3. Experiência de vida.


4. Prática docente. 5. Formação de professores. I. Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

06-526-BFE

3
DEDICATÓRIA

Às maiores riquezas da minha vida - meus filhos: Mayara, Maylon e Mayne

Ao Maurício pela compreensão e assistência durante toda a minha trajetória;

À minha família, em geral, principalmente a minha querida mãe pelas suas orações a

meu favor em toda a minha caminhada e em tudo o que tenho realizado;

Às minhas colegas do curso, pela amizade e companheirismo;

Aos meus ex e atuais alunos, pelo carinho;

Aos professores que foram meus amigos, acima de tudo: Ângela Amaro, Marilac,

Priscilla, Sônia, Alexandra, Marinho, Marilda e a encantadora Rosarinho;

A todos os professores, que como Paulo Freire se permitem “sonhar”. Dedico-lhes estas
palavras:

“Renda-se, como eu me rendi.

Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.

Não se preocupem em entender.

Viver ultrapassa todo entendimento”.

Clarice
Lispector

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus sobre todas as coisas: por me dar força,


paciência e sabedoria para que esse sonho se tornasse realidade;

Aos organizadores do curso, professores, assistentes pedagógicos, orientadores e


funcionários em geral;

Às amigas do curso pela amizade e apoio;

A equipe do SAPPE, pelo apoio, carinho e assistência que tem me dado durante
esse último semestre;

Ao nosso orientador do memorial, Profº. Dr. Carlos Miranda, pela sabedoria e


capacidade em perceber o meu envolvimento tanto emocional quanto
profissional relacionado à Arte; assunto este, abordado no meu memorial,
servindo de grande estímulo para a conclusão do mesmo.

A 1ª leitora do meu Memorial: Sandra Regina V. Stephanin, pelas orientações.

5
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................0
7

1. O MEU INGRESSO NO
CURSO..............................................................................09

REFLEXÃO.....................................................................................................................1
0

2. A DISCIPLINA “TEORIA PEDAGÓGICA E PRODUÇÃO EM


ARTE”.................11

3. A HISTÓRIA DA
ARTE.............................................................................................13

3.1 OBJETIVOS GERAIS DA


ARTE.................................................................15

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE


ARTE................................................17

3.3 APRENDER A ENSINAR A


ARTE..............................................................19

3.4 POR QUE NÃO APROPRIARMOS DA ARTE, ESTA RIQUEZA, NA


ESCOLA?.........................................................................................................................2
0

4 ARTE E
MATEMÁTICA..........................................................................................21

4.1 OFICINA DE MATEMÁTICA “ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO DE


PROBLEMAS..................................................................................................................2
3

6
4.2 TRABALHANDO COM
PADRÕES..............................................................25

5 DANÇA, TEATRO, MÚSICA E


MATEMÁTICA....................................................26

5.1 O TEATRO DE FANTOCHES.......................................................................


29

CONSIDERAÇÕES
FINAIS.........................................................................................31

BIBLIOGRAFIAS.................................................................................................
........33

ANEXOS:

ANEXO I: IMAGENS DO TRABALHO REALIZADO COM OS ALUNOS


SOBRE PADRÕES.

ANEXO II: IMAGENS DE APRESENTAÇÕES DE TEATRO DE


FANTOCHES.

PROJETO DE TEATRO DE FANTOCHES REALIZADO NA OFICINA


PEDAGÓGICA DA CIDADE DE HORTOLÃNDIA EM 2005.

7
INTRODUÇÃO

“Gatinho Cheshire, começou Alice, podes me dizer que caminho tomar?

Isso depende de onde queres chegar, disse o gato”.

Carrol, Lewis – “Alice no país das Maravilhas”.

Onde queremos chegar?

Acredito que neste caso seja: na construção de um


conhecimento significativo em Arte.

Assim sendo, pretendo abordar algumas reflexões sobre


minha prática pedagógica, especificamente às relacionadas com ao
ensino de Arte.
Não me lembro de ter aprendido valores em relação ao
ensino da Arte em nenhuma formação anterior. Mesmo assim
nunca me conformei em dar aulas de Arte sem saber por que e para
que determinadas atividades eram propostas aos alunos, apenas
sabia que era bom para eles.
Quando atuava como professora, tanto na Rede Estadual de
Ensino como na Rede Municipal, às vezes, eu representava em
meu trabalho, uma pessoa chata, pois não aceitava realizar certas
coisas sem explicações, então me apoiava apenas nas minhas
próprias experiências, pois me faltava argumentos por falta de
conhecimentos teóricos necessários que norteariam a minha
prática.

8
No ano de 2003, após ingressar no curso, estando eu
trabalhando com uma segunda série do Ensino Fundamental, na
cidade de Hortolândia, comecei a refletir sobre o trabalho de Arte,
ou seja, os desenhos, recortes e pintura que faziam.
Estava insatisfeita em relação ao uso da arte que era
utilizada como estímulo para algumas atividades, para acalmar os
alunos ou quando terminavam determinada tarefa.
O pior ainda era ter que atribuir notas aos trabalhos,
fazendo uso da “comparação” com os desenhos dos colegas,
sabendo que os alunos, apesar de seus desenhos considerados por
mim como “fora do padrão”, faziam ótimas representações através
do teatro ou músicas, mas que não eram avaliados como Arte.

No ano de 2004, na faculdade, tive aulas sobre arte na


Disciplina Teoria Pedagógica e Produção em Arte. Nesta disciplina
vivenciamos a expressão pela dança, pelo toque, desenho, enfim
pelas vias que deixamos de utilizar no nosso cotidiano. Os
conhecimentos adquiridos e a minha participação durante as aulas,
possibilitou a mim e conseqüentemente, aos meus alunos, a
maravilhosa experiência de viver e sentir a Arte.
No início do ano de 2005, realizei uma oficina de Teatro de
Fantoches na Jornada Pedagógica e Cultural com os professores
da Rede Municipal da cidade de
Hortolândia.
Neste ano de 2006, ministrei a oficina de matemática:
“Estratégias de Resolução de Problemas”, nos dias 02 e 03 de
fevereiro na Jornada Pedagógica e Cultural na cidade de
Hortolândia e decidi incluí-la no memorial, mas buscava uma
maneira de estar relacionando-as, no entanto não sabia que a Arte e
a Matemática caminhavam tão juntas.
Inicio este memorial contando um pouco sobre o meu ingresso no
curso.
Além de reflexões sobre o ensino da arte, achei interessante relatar
também sobre as relações existentes entre a Arte (a dança, o teatro
e a música) com a matemática, as contribuições: das teorias; das
disciplinas estudadas no curso, tanto para uma mudança na minha

9
prática pedagógica como na minha vida pessoal. Também sobre a
importância da busca de novos conhecimentos por parte do
professor.

1. O MEU INGRESSO NO CURSO

Para iniciar, acho interessante estar relatando sobre dois de


meus grandes
sonhos:
• Ser professora;
• Concluir um curso superior em Pedagogia.
Para a realização do primeiro, se fez necessário sair da cidade
de Junqueirópolis, interior de São Paulo, onde morava com meus pais e
onde também em 1988, terminei o magistério e vir para a cidade de
Americana, no ano de 1989. Só depois de cinco anos, após muita luta,
consegui exercer a minha profissão no Estado, ministrando aulas
ginasiais em caráter excepcional e logo mais nas séries iniciais.
Com a municipalização das escolas na cidade de Nova
Odessa, onde trabalhava, continuei na tentativa de me efetivar e em
2003 me efetivei no município de Hortolândia, São Paulo. Em
seguida realizei o segundo sonho citado, que foi o meu ingresso na
faculdade, também no ano de 2003.
Apesar dos pesadelos, pois muitas vezes nem tinha com
quem deixar os meus três filhos pequenos para ir à aula, não desisti
dos meus sonhos e hoje sei que valeu a pena! As dificuldades foram
muitas, mas toda trajetória tem girado em torno da necessidade de
superar-me a cada dia e a mudar o meu olhar, buscando um mundo
para novas conquistas.

10
REFLEXÃO

ARTE...

Arte é um fazer
Em que se utiliza uma gama
muito variada de materiais,
Como a pedra, o corpo, a
voz,
Na criação de obras
relativamente duradouras, como
as catedrais, ou breves, como os
movimentos de uma dança,

11
Dando forma à multiplicidade
de experiências e valores
humanos,
Ampliando nossa consciência
De nós mesmos, do outro e do
mundo.

(Camargo,Luís, p.11 ,1989)

1. A DISCIPLINA “TEORIA PEDAGÓGICA E PRODUÇÃO EM ARTE”

Em 2004, tivemos a oportunidade de ter a disciplina:


“Teoria Pedagógica e Produção em Arte” no nosso curso e eu
amei. A nossa Assistente pedagógica, foi a Professora Ângela
Cristina Trainotti Amaro e a professora responsável: Márcia
Strazzacappa.
A disciplina de caráter teórico-prático visa introduzir os
alunos em diferentes linguagens corporais e artísticas e suas
possibilidades de desenvolvimento em âmbito escolar.
Acredito que a professora Ângela Amaro se identificou
bastante com a disciplina e conseguiu transmitir a beleza, a paz, à
calma; enfim a importância da Arte na nossa vida e na vida de
nossos alunos. Ela não apenas nos fez ver isso como nos fez sentir
a Arte.
A exposição, a socialização, os visuais, a leitura, a aula de
massagem e suas concepções, o relaxamento, o filme, o teatro, as
12
aulas apresentadas pelos grupos e apresentação dos mais variados
artistas foram bastante significativos para mim.
A apresentação dos artistas foi realizada da seguinte
maneira: como trabalho de finalização, cada grupo fez um
levantamento em sua cidade ou região sobre os artistas e suas
respectivas artes, que foram: bandas musicais, grupos de
manifestações populares, pintores, cantores, etc e cada grupo
levaram os artistas escolhidos para uma apresentação na aula.
Nosso grupo realizou uma pesquisa sobre a vida e obra de um dos
músicos e levamos: tecladista, guitarrista e baterista. Também pude
participar cantando uma música. Estes músicos participaram da
Gincana da Água, realizada em nosso município e apresentamos o
Bate-latas, com a participação de alunos, professores e
comunidade. Fiquei responsável por ensaiar o grupo e foi um
trabalho muito interessante e produtivo, pois meu pensamento não
foi apenas em competir, e de fato, foram ótimas oportunidades de
se trabalhar valores. Participei da apresentação tocando um
instrumento musical (trombone).
Pude realizar as atividades desenvolvidas nas aulas com os
meus alunos, usando mais a música e a dramatização, inclusive o
Teatro de Fantoches que já era desenvolvido antes e no ano de
2005 realizei a oficina “Teatro de Fantoches” na Jornada
Pedagógica e Cultural de Hortolândia e em sala de aula pude
enfatizar o ensino de Artes de uma forma mais abrangente,
relacionando-a com outras áreas do conhecimento.
Trabalhei também a questão do preconceito e das
diferenças. O resultado foi surpreendente, pois os alunos tornaram-
se mais participativos, disciplinados e melhoraram os seus
rendimentos.
Foi muito importante para mim o embasamento teórico que
adquiri com o curso, podendo assim aliá-lo a minha prática
pedagógica.
Todas as disciplinas do curso contribuíram para uma grande
mudança em mim, tanto na minha vida pessoal como profissional e
em todas as áreas, inclusive em Artes. Eu aprendi a mudar o meu
olhar; a fazer uma leitura do meu trabalho.

13
3 – A HISTÓRIA DA ARTE

A professora Paula Belfort Mattos na cartilha de Arte e


Educação, relata sobre a história da Arte:
“Há milhares de anos o homem faz arte e, ao fazê-la, olha
ao seu redor: a paisagem, os animais, os outros homens.
Do seu mundo o artista tira aquilo que, para ele e sua gente,
tenha um significado ou possa transmitir uma idéia, um
sentimento. Ao abrirmos um livro de arte, que é também um livro
do tempo, pois nos mostra o trabalho do homem através de
milênios, podemos perceber que a natureza foi ganhando
importância à medida que o homem começou a viver longe dos
campos. O homem das cavernas não pintava paisagens; na arte
egípcia e na romana elas pouco aparecem. Só no Renascimento e

14
com as cidades cada vez mais afastadas da paisagem natural é que
elas surgem na pintura. Talvez a saudade tenha levado o homem a
pintar paisagens.
O que pretendo dizer com isso é que os temas e interesses,
as formas e conteúdos vão se modificando ao longo do tempo,
assim como o próprio homem.A arte nasceu com o homem e deu a
ele a consciência de uma capacidade criadora, da possibilidade de
interpretar, de imaginar.
Graças à arte, o homem elevou-se, compreendeu-se. Criar
arte não foi privilégio de um povo, de uma época, de um
meridiano, de uma cultura universal e eterna, nada contribuiu tanto
para demonstrar que o homem é um só, igual nos anseios e sonhos,
na necessidade de criar, na procura do belo e do bom. O tempo e o
talento compuseram um tesouro artístico de significado espiritual e
de importância incalculáveis. A necessidade de manifestação
artística acompanha a evolução humana desde a pré-história,
quando as primeiras manifestações estéticas ainda se relacionavam
apenas a uma necessidade de cumprir um ritual de conquistas:
fosse do animal a ser caçado, fosse da perpetuação da espécie
humana. A partir de então o homem utiliza a arte para se
manifestar expressivamente e também para registrar sua vida, em
todos os seus aspectos: um encontro, um nascimento, uma
brincadeira, uma festa, um trabalho, uma manifestação religiosa,
ou ainda, momentos de ilusões, devaneios, críticas ou sátiras.
Em geral, todas as atividades humanas foram em algum
momento elementos de representação artística, nas suas mais
diversas linguagens”.
Quando resolvi abordar no memorial sobre o ensino da
Arte, senti a necessidade de conhecer a sua história e evolução.
Diante disso pude refletir sobre as minhas próprias
produções; a compreender as produções dos meus filhos, dos meus
alunos e a valorizar a capacidade criadora de cada um.
Passei a utilizar em sala de aula, as várias linguagens de
expressão artística vivenciadas pelos alunos. Isso complementou o
meu trabalho, não somente no ensino de Arte, como também nas
demais disciplinas trabalhadas.

15
“Mirian Celeste Martins e outros (FDT), no livro A língua
do Mundo, estudado na Disciplina”Teoria Pedagógica e Produção
em Arte”, diz:

“São as linguagens da arte que nos permitem vivenciar na sala de


aula, a emoção, a sensibilidade, o pensamento, a criação seja por meio de
nossa própria produção, seja por meio das obras dos mais diversos autores e
artistas”.

3.1 OBJETIVOS GERAIS DA ARTE

Paula Belfort, explica que o aluno poderá desenvolver sua


competência estética e artística nas diversas áreas de Arte, tanto
para produzir trabalhos pessoais e grupais quanto para que possa,
progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens
artísticos, de distintos povos e culturas, produzidos ao longo da
história e na contemporaneidade. A autora menciona que o aluno
deverá ser capaz de:
• “Expressar-se e saber comunicar-se em artes,
mantendo uma atitude de busca pessoal e / ou coletiva, articulando

16
a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão
ao realizar e fluir produções artísticas;
• Interagir com materiais, instrumentos e procedimentos
variados em artes (artes visuais, dança, músicas, teatro),
experimentando-os e conhecendo-os de modo a utilizá-los nos
trabalhos pessoais;
• Edificar uma relação de autoconfiança com a produção
artística pessoal e conhecimento estético, respeitando a própria
produção e a dos colegas, no percurso de criação, que abriga uma
multiplicidade de procedimentos e soluções;
• Compreender e saber identificar a arte como fato
histórico contextualizado nas diversas culturas, conhecendo,
respeitando e podendo observar produções presentes no entorno,
assim como as demais do patrimônio cultural e do universo
cultural, identificando a existência de diferenças nos padrões
artísticos e estéticos;
• Observar as relações entre o homem e a realidade, com
interesse e curiosidade, exercitando a discussão, indagando,
argumentando e apreciando arte de modo sensível;
• Compreender e saber identificar aspectos da função e
dos resultados do trabalho do artista, reconhecendo, em sua própria
experiência de aprendiz, aspectos do processo percorrido pelo
artista;
• Buscar e saber organizar informações sobre a arte, em
contato com artistas, documentos, acervos nos espaços da escola e
fora dele (livros, revistas, jornais, ilustrações, diapositivos, vídeos,
discos, cartazes) e acervos públicos (museus, galerias, centros de
cultura, bibliotecas, fonotecas, videotecas, cinematecas),
reconhecendo e compreendendo a variedade dos produtos artísticos
e as concepções estéticas presentes na história das diferentes
culturas e etnias”.
Conhecendo os objetivos gerais da arte, percebi que deveria mudar
a minha postura nas aulas, principalmente no sentido de intervir
nas atividades dos alunos, como por exemplo, ao propor ao aluno
desenhar uma paisagem, não dizer de que modo ele fará isso ou
estipular o tom de verde que deverá usar para pintar a grama.
17
Tenho consciência de que todos têm a mesma oportunidade de
criar, a seu modo, sem ser comparados.
Trabalho atualmente, incentivando os meus alunos na reflexão das
suas próprias produções, onde discutem e avaliam seu trabalho
com interesse e curiosidade. Eles passaram a valorizar e a respeitar
as suas produções e a dos colegas.
Permito a interação dos alunos com a diversidade de recursos em
Arte, sem a mesma preocupação de antes, que era o de gerar
“bagunça e conversa” na sala de aula.
São oportunidades em que trabalho sobre organização,
responsabilidade e trocas de experiências, levando-os a
compreenderem a importância da conversa produtiva e a
respeitarem os limites da liberdade de cada um.
A necessidade de voltar a descobrir os vários movimentos de
expressão e internalizar os sentimentos; sensações e emoções; me
descobrir como ser capaz de criar e recriar; da convivência; do
conhecimento do outro; da realidade da criança, de seus interesses
e anseios; enfim, de viver a arte, possibilitou-me a compreender
como ocorre o processo de criação em cada criança.

“A arte nunca reflete a vida. A arte é a própria vida”.


Vaccarini, Bassano

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE

A autora Paula Belfort, enfatiza a importância da área de


arte, sua relação com as demais áreas e explica que na proposta
geral dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a arte
tem uma função tão importante quanto a dos outros
conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem.

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Segundo ela, a educação em arte propicia o
desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética,
que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à
experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade,
percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas, quanto
na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e
pelos colegas pela natureza e nas diferentes culturas.
Esta área também favorece o aluno ao relacionar-se de
forma criadora com as outras disciplinas do currículo. Um aluno
que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado
a construir textos e a desenvolver estratégias pessoais para resolver
um problema matemático.
Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá
compreender as relatividades dos valores que estão enraizados nos
seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo de sentido
para a valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à
riqueza e à diversidade da imaginação humana.
Diante disso, acredito que o papel do professor é resgatar a
autoconfiança de seus alunos, descobrindo suas habilidades e
desenvolver atividades no sentido de propor situações que os
levem a exercitar a imaginação para que estes possam acreditar em
si mesmos ao se destacar em outras áreas.
Recordo-me da minha professora da primeira e segunda
série do ensino fundamental, a Dona Maria, que apesar do ensino
ser bastante tradicional, desenvolveu um trabalho bastante
interessante na sala de aula com músicas acompanhadas de gestos
e com dramatizações que ela sempre me colocava para realizar e
foi isso que fez com que eu me desinibisse e pudesse expressar
algo, pois era muito tímida.
Nas aulas do curso, através dos seminários que
apresentamos, utilizamos nossas várias linguagens de expressão
artística, que me auxiliou muito no desenvolvimento do meu
trabalho em sala de aula, nas oficinas que participei como
palestrante e nas relações com as outras pessoas, de uma maneira
geral.

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O que pretendo ressaltar com isso, é que o professor precisa
estimular os seus alunos e não se acomodar, mas estar sempre em
busca de outras fontes de saber.
A autora Ana Mãe Barbosa acredita que o fato de os PCN
reconhecerem à Arte como disciplina tão importante quanto às
outras, não é o suficiente, pois acredita que, além disso, é preciso
que se preocupem em como a arte é ensinada e precisam propiciar
meios para que os professores desenvolvam a capacidade de
compreender, conceber e fruir Arte. Ainda acredita que sem a
experiência do prazer da Arte, por parte de professores e alunos,
nenhuma teoria de Arte-Educação será reconstrutora de uma
aprendizagem significativa em arte que favoreça um crescimento
individual e social do cidadão.
Infelizmente, como diz Giroux, (1997, p.48), os professores
não equacionam suas próprias concepções básicas, a respeito do
currículo e da pedagogia, apenas transmitem atitudes, normas e
crenças sem questionamentos que inconscientemente podem
acabar endossando formas de desenvolvimento cognitivo que mais
reforçam do que questionam as formas existentes de opressão
institucional.
As aulas de arte, em nossas escolas, deixa muito a desejar,
levando muitas vezes, os professores a confundirem a criatividade
com a improvisação e não se dão conta de que a arte é um
instrumento muito importante para o desenvolvimento dos alunos e
também de grande auxílio para os considerados “alunos
problemas”.
Cabe ao professor, estar refletindo, pesquisando sempre,
para poder então exercer o seu papel de mediador.

“Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a


Arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o
comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da construção
de sua própria
nação”.
(BARBOSA, Org. 2003, p.14).

20
3.3 APRENDER A ENSINAR A ARTE

A autora acredita que o incentivo à curiosidade pela


manifestação artística de diferentes culturas, por suas crenças, usos
e costumes, pode despertar no aluno o interesse por valores
diferentes dos seus, promovendo o respeito e o reconhecimento
dessas distinções. Ressalta-se assim a pertinência intrínseca de
cada grupo e de seu conjunto de valores, possibilitando ao aluno
reconhecer em si e valorizar no outro a capacidade artística de
manifestar-se na diversidade.
Tiche Vianna e Márcia Strazacappa, no texto: Teatro na
educação Reinventando Mundos de Sueli Ferreira (org), afirmam
que “se as escolas continuarem a considerar o ensino da Arte um
elemento supérfluo para a formação, não se empenharão em buscar
os recursos necessários para a reutilização desse aprendizado, nem
tampouco o profissional adequado para oferecer esse
conhecimento”.
Como, no meu caso, tenho que ministrar aulas de Educação
Artística sinto a necessidade de buscar cada dia mais,
conhecimentos sobre o assunto. Não ficar naqueles desenhos
mimeografados realizados pelos alunos para se guardar nas pastas,
sendo que eles são capazes de muitas coisas. Até porque a Arte
está presente no dia-a-dia das pessoas.

“A Arte é importante na escola, principalmente porque é importante


fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos,
a arte é um patrimônio cultural da humanidade e todo ser humano tem direito
ao acesso ao
saber.”
FISCHER, Ernest (1976,
p. 12)

21
3.4 PORQUE NÃO NOS APROPRIARMOS DA ARTE,
ESTA RIQUEZA, NA ESCOLA?

Nossos alunos, em geral, têm acesso a produções artísticas


dos mais variados tipos, através do computador, da TV, do rádio,
do vídeo, dos games, do cinema, dos out-doors das ruas, dos
artesanatos das feiras populares, dos jornais, das revistas e de
tantas outras fontes.
Á escola, podemos levar o desafio de um ensino provido de
significado para o aluno, de forma a desempenhar um papel
formativo – por desenvolver competências lógico-matemáticas;
funcionais, por ajudar na resolução de problemas do dia-a-dia, e
instrumental, por fazer conexões com outras áreas curriculares.
Entendendo A arte enquanto linguagem e acreditando na
aprendizagem de sua leitura e de sua produção, enquanto
pensamento, expressão e comunicação, estaremos desenvolvendo
eixos organizadores e estruturadores de subjetividades e de
aquisição de novos saberes. Mais que isto, estaremos
desenvolvendo uma política educacional capaz de reconhecer,
valorizar e respeitar diferenças e singularidades – aspecto
fundamental para a sociedade em que vivemos”.

Segundo Ana Mae Barbosa (org.): “Uma sociedade só é artisticamente


desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há
também uma alta capacidade de entendimento pelo público”.
“...Aos professores, fica o convite para este caminhar conjunto,
repensando e trocando práticas educativas a cada passo, como forma de sugerir
às novas gerações caminhos em constantes mudanças: A VIDA.”.

22
4. ARTE E MATEMÁTICA

As autoras: Vieira e Ribeiro escrevem sobre a relação da


Arte com a Matemática. Segundo elas, foi partindo do princípio de
que o conhecimento humano não é só múltiplo como também
complexo, reunindo fazeres e pensares de todos os tipos –
religioso, artísticos, científicos, míticos e cotidianos – que se
propuseram a aventurar pela história do homem e suas produções,
buscando pistas e evidências do quanto a arte e a matemática
sempre caminharam e de quanto caminham juntas até os dias de
hoje, ajudando-nos a produzir novas respostas ao mundo
imagético, globalizado e cibernético em que vivemos.
Levando em consideração a complexidade do pensamento
do ser humano, na qual a inteligência e sensibilidade atuam juntas
na tessitura de múltiplos saberes, destaca-se o encontro entre o
matemático e o artístico em inúmeras produções humanas até os
nossos dias.
Basta observarmos a utilização de números, proporções,
simetria, ilusão de óptica, geometria projetiva, perspectiva linear e
razão áurea em expressões artísticas de diferentes linguagens como
exemplos que evidenciam o uso intuitivo ou intencional de
conceitos matemáticos por artesãos e artistas, na busca do
equilíbrio e da harmonia estética, ao produzirem suas obras.
As autoras afirmam que as crianças e jovens podem ter
acesso a produções artísticas, de maneiras lúdicas, prazerosas e
críticas e identificarem concretamente o uso dessas relações
através de uma visita a um espaço Cultural ou a um Museu de
Arte.
De acordo com a autora Mirian Celeste, a obra de arte,
mesmo tendo data e procedência, transcende o tempo e transpõe
fronteira, por isso é patrimônio cultural da Humanidade. Pertence a
quem dela fruir, seja um operário egípcio dos tempos dos faraós,
seja o habitante de uma plataforma espacial do ano de 2075.

23
Os processos estéticos continuarão a atuar por meios
daqueles que se relacionarão com a obra.
“O poeta, como o artista, é aquele alguém capaz de
descobrir nas pequenas coisas da vida cotidiana, nas
“ordinariedades da vida”, como diria Manoel de Barros,
singularidades capazes de transformá-las em objetos repletos de
significados, seja através das palavras, dos gestos, do movimento,
das cores e das formas, dos sons ou de outros infinitos recursos”.
Ao realizar tal proeza, o artista cria um campo inesgotável
de relações perceptivas, racionais, críticas, afetivas e imaginárias,
que se desdobra em múltiplas leituras e em novas visibilidades
para seus leitores, conferindo ao antes “ordinário” o status de
“extraordinário”.
O homem constrói matemática observando a Arte. O
matemático é uma espécie de artista.
Arte é vocação, é emoção e ensina o homem a entender o
mundo, a gostar do mundo e a ser feliz.

24
4.1 OFICINA DE MATEMÁTICA: “Estratégias de Resolução de
Problemas”

Como já foi citado anteriormente, em 2005, realizei a


Oficina “Teatro de Fantoches”. Neste ano de 2006, resolvi
ministrar a oficina de Matemática com o Tema “Estratégias de
Resolução de Problemas”.
A escolha do tema partiu de uma necessidade que senti em
perceber uma grande dificuldade por parte dos professores em
relação à matemática e em especial, nas resoluções de problemas.
Ouvia muitos dizerem e até já presenciei o fato de que os
alunos nem se preocupavam em ler e interpretar o problema
apresentado e já faziam perguntas do tipo: “é de mais ou de
menos?” Diante disso, pensei em trabalhar alguns caminhos que
levassem a resolução desse tipo de dificuldade do processo após
conhecerem as estratégias de resolução, a fim de ajudá-los na
compreensão de como se torna compreensível o processo após
conhecerem as estratégias.
Utilizei a pesquisa sobre o assunto, lendo os livros de
Charnay, Aprendendo com resoluções de problemas. As reflexões
de Parra e Sayz na Didática da matemática. O livro de Luiz
Roberto Dante: A didática na resolução de problemas, também os
de Echeverria, Pozo, Musser, Shaughnessy, Krulik e Reys.
Há muita discussão a respeito de como auxiliar o aluno a ser
bom em resolver problemas.
Entre vários fatores que dão condições para qualquer
pessoa resolver problemas, temos que:
• Conhecer estratégias de Resolução de Problemas;
• Saber selecionar uma estratégia entre diversas e ter
consciência do porquê de sua escolha;
• Conhecer estratégias de verificação e validação.

25
Verificação – O aluno estima o resultado do cálculo antes da
resolução, como mecanismo de controle dos resultados obtidos.
Validação -o aluno verifica vários caminhos de resolução e conclui
que o seu resultado realmente está correto.
Foi especificamente sobre estes aspectos que discutimos na
Oficina.
Ao final do trabalho, o grupo de professores participantes
compreendeu a importância de construir os conceitos matemáticos
a partir de um contexto de Resolução de problemas.
Esse trabalho contribuiu para estabelecer a conexão entre a
Matemática e Arte. Ao realizar as atividades de Arte (música,
teatro, pintura, etc.), utilizamos o problema como ponto de partida.
Isso acontece quando questionamos, problematizamos e exigimos
do aluno uma tomada de decisão.
A riqueza do trabalho com resolução de problemas está
mais nas discussões sobre o que foi realizado e compreendido
pelos alunos, no seu raciocínio, nas suas estratégias, nas possíveis
variações que o problema proporciona, no trabalho em grupo, do
que na resposta final.
O ensino-aprendizagem da resolução de problemas é
fundamental para o desenvolvimento de um raciocínio organizado,
capaz de preparar o aluno para lidar com situações novas,
incentivar a sua criatividade motivá-lo a uma autonomia intelectual
necessária para a aprendizagem de qualquer conteúdo, utilizar em
um contexto específico ou mais geral o conhecimento matemático
adquirido na escola, entre outras coisas.
Para que de fato isso ocorra, os enunciados dos problemas
deverão ser textos de fácil compreensão, com vocabulário e
simbologia acessível, apresentados em situações diversificadas e
com significado adequados para a idade dos alunos.
Além disso, para que o aluno se sinta confiante e disposto a
resolver problemas é necessário, desde o primeiro contato com
eles, que haja um estímulo quanto aos procedimentos de resolução;
os problemas sejam desafiadores e não rotineiros; sejam
apresentadas e discutidas diversas estratégias de resolução e haja
mais qualidade do que quantidade (não trabalhar, por exemplo,

26
listas de problemas em que a análise tem pouca importância ou
aquelas em que todos os problemas sejam resolvidos mediante a
mesma operação que está sendo estudada pelo aluno no momento).
È necessário que o professor planeja suas atividades
considerando que a situação –problema seja envolvente, a ponto de
que o “querer resolver” seja maior que o ter que resolver. Que o
“saber pensar” predomine sobre o saber fazer.

4.6 - TRABALHANDO COM PADRÕES

Trabalho atualmente com uma terceira série na EMEF


Residencial São Sebastião, em Hortolândia, onde as aulas de
Matemática se tornaram mais agradáveis. Relaciono-as o máximo
possível com a arte e os resultados são surpreendentes.
Constantemente observamos padrões, pois vivemos
cercados dos mais diversos padrões. Podemos vê-los nas calçadas,
na costura de uma roupa e nas asas de uma borboleta. Um padrão
surge quando as formas e os números são colocados numa
seqüência que se repete. Olhando ao nosso redor conseguimos
identificar vários padrões diferentes. Usando os padrões para nos
ajudar a compreender o mundo. A matemática está centrada em
padrões. Desenvolvendo as atividades com padrões estaremos
ajudando os alunos a: ordenar coisas em grupos, combinar coisas
semelhantes e descobrir como as coisas se encaixam.
Entre várias atividades sobre padrões e que ainda pretendo
ainda realizar, trabalhamos com as “Manchas Gêmeas”, que são
belas formas feitas com gotas de tinta no papel. Este trabalho,
além do desenvolvimento da criatividade teve como objetivo:
• Descobrir a simetria do reflexo;
• Aprender sobre lateralidade.
Também trabalhamos com Mosaico, que são formas
coloridas que se encaixam formando padrões. Esta atividade ajuda
a criar padrões e a descobrir como certos padrões se encaixam ou
formam um trançado.
Os alunos usaram e abusaram da sua criatividade,
acrescentando sempre cores diferentes às suas obras.

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As atividades desenvolvidas foram interessantes e
estimularam os alunos a compreenderem as noções matemáticas de
uma forma divertida. Seus trabalhos foram expostos e foi muito
gratificante observar o entusiasmo e apreciação dos alunos pelas
suas próprias produções e as dos colegas.
(Ver imagens no anexo I)

5. - DANÇA, TEATRO, MÚSICA E MATEMÁTICA

No nosso curso, realizamos vários seminários utilizando a


dança, o teatro e a música como formas de expressão. Um exemplo
foi à apresentação realizada pelo nosso grupo sobre o tema:
Expressão Corporal (Educação Física), na Disciplina “Temas
Transversais”, onde utilizamos o filme: Dança Comigo? com a
participação especial dos atores; Richard Gere, Jennifer Lopez e
Susan Sarandon.
O filme serviu de referência ao nosso trabalho que foi o de
levar as colegas a refletir sobre o uso da dança como expressão
corporal e também como um meio utilizado para obtermos
liberdade de expressão. Além da dança de salão, utilizamos outros
tipos de danças para que fizessem uma comparação entre elas.
Mostramos que a dança é constituída pela transformação do
mundo das ações corporais e artísticas e que responde às diferentes
necessidades de expressão do ser humano. Ela vem da necessidade
do indivíduo de comunicar algo.
O filme: Dança Comigo? mostra pessoas conhecendo
outras pessoas e a si mesmas e com isso, melhorando as próprias
vidas. Todos os personagens têm um segredo que expressam
secretamente ou querem expressar. Eles não podem mais se
expressar com palavras e começam a dançar.
A dança de salão é uma forma estilizada de dança em par. É
cheia de regras, com detalhes mínimos e tudo muito preciso.
Há danças que são realizadas apenas através da imitação ou
improvisação.

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A dança adquire funções que são baseadas em motivações
como a expressão, o espetáculo e o lazer e outras possibilidades
como a étnica e a terapêutica.
Seja qual for a música, o ser humano sempre inventará uma
dança para acompanhá-la.
Para a criança, a arte pode constituir o equilíbrio entre o
intelecto e as emoções, como um ponto de apoio, embora
inconsciente, uma forma de expressão quando as palavras tornam-
se inadequadas ou insuficientes.
As autoras: Vieira e Ribeiro também relacionam a dança, o
teatro e a música com a matemática.
Como estava relatando sobre a matemática, achei
interessante estar conhecendo e descrevendo sobre essas relações.
Elas escrevem que a dança e o teatro, enquanto linguagens
são tradicionalmente reconhecidas por suas dimensões espaciais,
temporais e cinéticas, em algumas das muitas relações existentes
com a linguagem matemática.
Enfatizando a dinamicidade e o cênico na história do
movimento expressivo, buscamos exemplificar, pelo uso dos
elementos fundamentais destas linguagens, o quanto existe de
espacial, de harmonia de formas, de simetria e de assimetria de
movimentos, de utilização de proporções e de muitos outros
conceitos matemáticos em suas produções, sejam estas coreógrafas
ou dramáticas.
Em uma aula de dança ou de teatro, crianças e jovens
podem, através de jogos simbólicos, da vivência de diversos
personagens ou do uso do corpo como uma verdadeira orquestra de
movimentos expressivos, que evolui em sons, tempos, ritmos e
marcações no espaço, vivenciar de forma fluida e intensa, a
proporcionar-lhes a auto descoberta, mas também de conferir-lhes
a beleza da expressão e da comunicação pelos gestos, sons e
movimentos.
Quanto à música, as autoras descrevem que as relações
entre a música e a Matemática na história do homem, se
apresentam em diferentes espaços e tempos.

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Na sua definição mais simples, “Música” é “ritmo” e
“som”. Ou seja, é uma combinação de sons executados em uma
determinada cadência. A importância da matemática na música se
revela desde a concepção mais fundamental do que é “som
musical” e do que é “ritmo”.
Os sons com os quais podemos criar nossas músicas
constituem o que chamamos de “escala musical”. Eles são
definidos a partir de relações matemáticas muito precisas, e,
quando combinados de determinadas maneiras podem produzir
resultados agradáveis aos nossos ouvidos. Essas relações
matemáticas, junto com as características intrínsecas das vibrações
sonoras, são a base para a “harmonia” na superposição dos sons
musicais.
Por outro lado, a maneira como encadeamos os sons em
nossas músicas também segue regras com fundamentos
matemáticos.
Todos os tipos de “ritmos” que podemos conceber
musicalmente obedecem a algum tipo de divisão fracionária, cuja
característica sempre está vinculada a um determinado gênero
artístico ou a um tipo de cultura. Conhecer essas influências
matemáticas é, antes de tudo, conhecer a essência da própria
Música. Numa aula de Musica, pode se criar oportunidades para
tais descobertas, de forma lúdica e prazerosa, seja pela
experimentação do som, pelo manuseio de instrumentos ou pelo
uso da própria voz, em ritmos diversos.
No ano de 2004, desenvolvi também com uma terceira
série da EMEF. Residencial São Sebastião, em Hortolândia, uma
coreografia com a música “Cio da Terra”, de Milton Nascimento.
Foi comovente.
No início do curso, na Disciplina: Multiculturalismo e
Diversidade Cultural, ouvimos a música “Começo, meio e fim”
(Tavito, Ney Azambuja e Paulo Sérgio Valle) e refletimos sobre
ela; inclusive a utilizei na oficina realizada neste ano com os
professores e também com os alunos na apresentação realizada no
Dia das mães, que se fez acompanhar de uma linda coreografia.

30
É uma música linda e que nos convida a preparar o
coração para um recomeço.
Hoje, faço o possível para oferecer aos meus alunos o
contato com vários estilos de música e a partir delas ampliar seus
conhecimentos em diversas áreas.
Neste último semestre, a dança e a música exerceram
sobre mim, funções terapêuticas, nas aulas de Educação Física,
com a assistente pedagógica: Marilda. Percebi a importância da
Educação Física em nossas vidas, a refletir sobre a cultura corporal
e as suas contribuições para a mudança escolar.
Também ensaiamos, nesta mesma disciplina, uma
apresentação sobre as várias ginásticas realizadas no decorrer das
aulas e que exibiremos numa ginástica geral que contará com a
participação de todas as turmas do curso.

“... acreditamos que“música” representa tanto uma dimensão sensível


fundamental do ser humano quanto um importante patamar, onde não meramente
se assenta, mas sobre o qual se desenvolve uma legítima cultura.”
(Kater, 1990, p.94)

5.1. - O TEATRO DE FANTOCHES

Sempre gostei de trabalhar com Teatro de Fantoches,


tanto com alunos como com outras crianças.
No curso aprendi a importância da teoria e da pesquisa na
nossa prática pedagógica. Pude assim aliar a teoria relacionada ao
Teatro de Fantoches à minha prática e realizei um projeto que
desenvolvi no início de 2005, em uma oficina com os professores
da Rede Municipal de Ensino da cidade de Hortolândia onde
trabalho e atualmente resido.
O tema foi: “Teatro de Fantoches – Potencial de
expressão & apoio Pedagógico”.

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Foi uma experiência espetacular, onde participaram cerca
de duzentos professores, em três dias, no período da manhã e tarde.
A socialização, participação e até mesmo o processo de ensino-
aprendizagem foi enriquecedor. Mais tarde, a pedido, adaptei o
Projeto direcionado à Educação Infantil.
Esta adaptação me auxiliou na ampliação das
experiências a serem trabalhadas com os meus alunos. O
interessante foi que aqueles considerados “alunos problemas”
tornaram-se mais participativos e criativos. Falavam através dos
bonecos, muitas vezes aquilo que não falariam para nós.
Apesar de constatada a importância do projeto e das
solicitações feitas pelos professores na oficina, através de
avaliações escritas e orais, o projeto não foi concretizado a fim de
beneficiar as outras escolas do município, uma vez que a adaptação
do projeto me foi pedida com essa função.
Hoje sei que o sistema legitima os caminhos, as regras e
faz uso de poder político para mostrar apenas a aparência do bem
sucedido, visando seus próprios interesses, ao invés da
preocupação que deveriam ter com a formação do aluno.
Aprendi, no curso que apesar de haver um currículo a
seguir, é sempre possível transformar a prática pedagógica, de
acordo com as nossas opções filosóficas. Então desenvolvo o
trabalho na minha sala de aula, com os meus alunos e também na
escola.
Também não poderia deixar de citar Paulo Freire pela sua
contribuição para a minha prática pedagógica e ele afirma que
apesar de sermos condicionados, “movemo-nos com um mínimo
de liberdade de que dispomos na moldura cultural para ampliá-la”
(FREIRE, 1993, p.94).
Diante disso, acredito que o professor deve se apropriar
desse “mínimo” e desenvolver o seu trabalho, sempre ampliando o
olhar e refletindo sobre a prática pedagógica.
No livro “O ensino das Artes – Construindo Caminhos, de
Sueli Ferreira (org)”, que estudamos na disciplina “Teoria
Pedagógica e Produção em Arte” está escrito que: “a escola que
oferece uma vivência teatral aos alunos, proporciona, acima de

32
tudo, um aprendizado humano, em que o indivíduo, pela prática da
representação, expõe-se e confronta seu mundo com o mundo em
que o rodeia” e que “pela arte de representar o outro, podemos
refletir sobre quem somos e sobre o papel que representamos
hoje nesse mundo”.
Segundo Vygotsky, as características individuais (modo de
agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentos, visão de mundo,
etc, dependem da interação do ser humano com o meio físico
social.
(Ver imagens e Projetos: Teatro de Fantoches no a
anexo II)

CONSIDERAÇOES FINAIS

As aulas de Arte mobilizam os alunos de dentro para fora,


motivando assim a criatividade. Cabe ao professor assumir uma
posição crítica em relação à ação educativa que irá desenvolver.
Neste curso, aprendi muito, sobre novas concepções,
principalmente a necessidade de o professor estar sempre em busca

33
de conhecimentos, acreditando na capacidade das crianças em
aprender.
Passei a ser mais atuante e participativa no processo ensino-
aprendizagem, trabalhando no sentido de levar aos alunos,
propostas que os provoquem, estimulando-os a pensar e a utilizar
seus recursos para encontrar soluções.
È bem difícil, quando pensamos sobre como está o ensino
da Arte em nossa escola. Cabe a nós, professores, fazermos à
diferença.
O filme “O sorriso de Monalisa”, retrata a história de uma
professora de História da Arte que insistiu em ser contratada em
uma escola considerada a mais conservadora do país. Ela aprendeu
muito com suas alunas e ensinou muito mais. As alunas falam no
final do filme que a professora, quebrando as barreiras ensinou-as
a enxergar o mundo através dos seus próprios olhos.
Achei muito interessante quando a professora diz no
decorrer do filme, que não há livros dizendo como pensar. Ela
ensina as alunas a olhar além da imagem, da tinta e as levam a
abrir as mentes para uma nova concepção numa escola repleta de
regras e individualismo.
No ano seguinte, a professora foi convidada para continuar,
pois sua classe foi a que teve maior número de matrículas, mas ela
rejeitou devido às exigências que deveriam ser atendidas. Ela
preferiu mudar de escola ao invés de mudar sua concepção.
A mensagem é que nós professores possamos realizar o
nosso trabalho com atividades artísticas que permitam a liberdade
e a autonomia dos alunos e pensar também no prazer que estes
terão em executá-las.
Diante dos conhecimentos adquiridos no curso, concluo que
o professor, a partir de um suporte teórico, mobiliza a reflexão,
revendo, confirmando ou ampliando a sua prática, resultando uma
nova ação. Acredito que em qualquer aula que o professor atua, ele
deve possuir conhecimentos específicos e didáticos, que são
indispensáveis para provocar transformações na qualidade da
aprendizagem dos alunos, para que estes construam conhecimentos
e desenvolvam capacidades de modo a adquirir ferramentas para

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elaborar formas de pensar, analisar e criticar informações, fatos e
situações; a relacionar-se com outras pessoas, julgar e atuar com
autonomia nos âmbitos político, econômico e social de seu
contexto de vida.
Esses conhecimentos ajudam a provocar transformações na
qualidade de ensino, a tornarmos professores competentes,
autônomos e conduzem-nos a um processo de ensino que
pressuponha a concepção de uma aprendizagem significativa.
O curso me fez refletir sobre a minha prática, a
compreender como se processa a construção de conhecimentos nos
alunos, me levando a analisar as formas de intervenção no
processo ensino-aprendizagem.
Fiquei muito feliz pela oportunidade de realizar este curso,
que nos ofereceu uma educação de qualidade, valorizando o nosso
trabalho e acima de tudo, vencendo os preconceitos, a fim de
favorecer a classe trabalhadora.
O curso superou as minhas expectativas, provocando uma
grande mudança, sendo muito importante para minha vida pessoal
e na minha prática pedagógica.
A escrita deste memorial: o meu texto, as minhas idéias,
recordações e meus sentimentos, faz parte de uma aprendizagem
que nunca se acaba. Apesar da grande ansiedade, tornou-se
prazerosa, construtiva e libertadora porque gerou autoconfiança.
As atividades e conhecimentos adquiridos nas aulas dedo
curso possibilitou a mim e conseqüentemente, a meus alunos, a
maravilhosa experiência de viver, sentir e...
...Respirar Arte.

BIBLIOGRAFIA

35
BARBOSA, Ana Mãe (org), 2003, p.14. Inquietações e Mudanças
no Ensino da Arte.

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Acessado em

04/01/2006.

37

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