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PENSATA

FRAUDES CORPORATIVAS

Ana Paula Paulino da Costa ana.costa@prof.bsp.edu.br


Professora da Business School São Paulo – São Paulo – SP, Brasil

Thomaz Wood Jr. thomaz.wood@fgv.br


Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação
Getulio Vargas – São Paulo – SP, Brasil

INTRODUÇÃO pactos negativos sobre a comuni- financeiros, institucionais, culturais


dade. Além disso, podem abalar a e comportamentais, diversas áreas
Nos últimos anos, escândalos en- confiança de clientes, acionistas e – tais como: Finanças, Contabili-
volvendo fraudes corporativas ga- investidores em determinadas in- dade, Direito e Estudos Organiza-
nharam manchetes na mídia. Casos dústrias e instituições, com resul- cionais – passaram a pesquisá-lo,
traumáticos, tais como Enron, Glo- tados desfavoráveis para a socie- cada uma a partir de sua ótica.
bal Crossing e Bernard L. Madoff, dade. Finalmente, as fraudes têm Com isso, foi produzida uma lite-
nos Estados Unidos, e Banco San- levado a um aumento do nível de ratura heterogênea, com diferentes
tos, Boi Gordo e Daslu, no Brasil, controle sobre as operações, com perspectivas e níveis de análise.
foram analisados e debatidos. Uma consequências negativas sobre os No campo de Estudos Organi-
busca no Google, realizada em custos e, por decorrência, sobre a zacionais, os estudos produzidos
março de 2012, com o termo frau- competitividade das empresas e de sobre o tema têm procurado res-
de corporativa, retornou mais de setores inteiros. ponder a questões relacionadas a
um milhão de entradas, atestando A magnitude e importância “quando a fraude ocorre” e “por
a “popularidade” do tema. do fenômeno levaram diversos que a fraude ocorre” (e.g, HILL
Fraudes corporativas podem pesquisadores a investigá-lo, bus- e outros, 1992; SCHNATTERLY,
gerar prejuízos bilionários para cando explicações para as suas 2003). Entretanto, conforme apon-
investidores, clientes e fornece- causas e os seus condicionantes tado por Ashforth e outros (2008),
dores. Em muitos casos, levam (e.g, BAUCUS, 1994; MACLEAN, parecem faltar estudos que tratem
as empresas ao desaparecimento, 2008). Como o tema tem natureza de “como a fraude ocorre”.
ceifando empregos e gerando im- complexa, envolvendo aspectos De fato, para compreender

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como a fraude ocorre é preciso guida, sistematizamos os diversos alta administração de uma organi-
percebê-la como um processo. fatores relacionados à fraude, em zação, as quais se sucedem em um
Uma fraude é fruto de ações coor- diferentes níveis de análise. En- processo, visando atender interes-
denadas, que ocorrem ao longo do tão, propomos o desenvolvimento ses próprios e com a intenção de
tempo. Seu estudo deve abranger de um modelo teórico integrado. lesar terceiros”.
tanto o contexto no qual o pro- Finalmente, indicamos implica-
cesso fraudulento ocorre quanto ções para a teoria e para a prática
as formas pelas quais os agentes administrativa, e sugerimos uma
fraudadores desenvolvem e man- agenda de pesquisa para futuro
FATORES RELACIONADOS
têm tais esquemas (veja ACADE- desenvolvimento do tema. À FRAUDE CORPORATIVA
MY OF MANAGEMENT REVIEW,
2008). Além disso, o estudo das Apresentaremos, a seguir, uma
fraudes deve envolver os aspec- compilação dos componentes rela-
tos substantivos, relacionados às
CONCEITO DE FRAUDE cionados à fraude corporativa. Para
ações efetivamente realizadas, e os CORPORATIVA tal, utilizaremos uma classificação
aspectos simbólicos, relacionados em níveis de análise, adaptada
às atividades de gerenciamento da De maneira genérica, uma fraude é com base nos trabalhos de Baucus
impressão, essenciais para manter “qualquer ato ardiloso, enganoso, (1994) e Ashforth e outros (2008):
o esquema (MISANGYI, WEAVER, de má-fé, com o intuito de lesar ou (1) sociedade; (2) marco regulató-
ELMS, 2008). ludibriar outrem, ou de não cum- rio; (3) setor de atividades; (4) or-
No Brasil, os estudos sobre prir determinado dever” (HOU- ganização; e (5) indivíduo.
fraudes corporativas têm focado AISS, 2007). Jamal, Johnson e Ber-
primordialmente questões nor- ryman (1995) observam que uma
mativas contábeis (e.g, SANCHES, fraude corporativa ocorre quando Sociedade
2007), procedimentos de auditoria os agentes fraudadores identificam O primeiro componente a ser con-
(e.g, ANTUNES, 1998; OLIVEIRA, uma oportunidade, tomam suces- siderado é a sociedade, com sua
2005) e questões jurídico-criminais sivas decisões visando obter van- cultura, sua história e seus valores,
(e.g, MOURA, 2007). Apesar do tagens ilícitas e gerenciam a mise- assim como os comportamentos
considerável impacto econômico -en-scéne para ocultar tais decisões que aceita e que condena. Dife-
e simbólico das fraudes, são ainda e seus efeitos. rentes sociedades apresentam dife-
raros os estudos que focam os exe- Na literatura científica a respei- rentes graus de prática e aceitação
cutivos como agentes fraudadores to de fraudes, é possível identificar de comportamentos corruptos. A
e a fraude como um processo. aspectos comuns que possibilitam Transparência Internacional, uma
O objetivo desta pensata é con- a construção de uma definição organização social, divulga anual-
tribuir para a compreensão do fe- operacional: a motivação dos mente um ranking de percepção
nômeno das fraudes corporativas. fraudadores (BAUCUS, 1994); a de corrupção. Quanto melhor a
Para isso, nós lançamos a seguinte presença de alvos disponíveis posição no ranking, mais forte a
questão: que componentes um (MOURA, 2007); a inexistência ou a percepção compartilhada sobre a
modelo teórico capaz de explicar insuficiência de controles internos ausência de práticas desviantes ou
como as fraudes corporativas ocor- ou externos (COHEN e FELSON, corrupção. Com uma nota 3.8 (so-
rem deve conter? Nós procuramos 1979); e a desorganização social bre 10.0), o Brasil situa-se em 73º
sistematizar o conhecimento sobre ou a perda de valores sociais e lugar, entre 183 países (TRANSPA-
o tema e sugerimos a adoção de morais (BELKAOUI e PICUR, 2000; RENCE INTERNATIONAL, 2011),
um modelo teórico integrado, o SCHNATTERLY, 2003). muito distante dos países mais
qual se baseia em uma perspectiva Com base nessas elaborações “limpos” do mundo.
processual. e aspectos comuns, nós definimos Em determinados contextos
O restante do texto está orga- fraude corporativa como “uma sociais, com a ausência ou desinte-
nizado da seguinte forma: primei- série de ações e condutas ilícitas gração das normas sociais, ou ano-
ro, nós tratamos da definição do realizadas, de maneira consciente mia (DURKHEIM, 1983), cria-se um
termo fraude corporativa. Em se- e premeditada, pelos membros da ambiente propenso para a corrup-

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ção e para a realização de fraudes. tentes no sistema econômico, uma porém de eficácia limitada. De fato,
Conforme indicado pela Teoria oferta e uma demanda por fraudes. o marco regulatório não elimina as
da Pressão (MERTON, 1957), tal Em determinadas circunstâncias, fraudes corporativas, porém pode
condição pode ser acompanhada esses movimentos convergem, interferir no comportamento dos
de uma combinação de busca por produzindo uma fraude (ASHFOR- agentes fraudadores, tornando sua
sucesso e projeção social e dispo- TH e outros, 2008). Para combater ação mais difícil e, pode-se tomar
nibilidade de meios ilegítimos para tais ocorrências, porém também como hipótese, mais sofisticada.
alcançar tais objetivos. com outros objetivos, existem os
De fato, há, nos países de- marcos regulatórios, constituídos
senvolvidos e em desenvolvimen- setorialmente e responsáveis por Setor de atividades
to, uma pressão social sobre os estabelecer as regras de funciona- O terceiro componente a ser consi-
indivíduos para que estes sejam mento, os sistemas de governança derado é o setor de atividades, ou
percebidos como bem-sucedidos e o nível de transparência. as indústrias. As características do
na vida e no trabalho. De maneira Quanto mais desregulamen- setor de atividades podem facilitar
análoga, a abertura de mercados, tado o mercado, maior a proba- ou coibir a ocorrência de fraudes.
ocorrida a partir dos anos 1980, bilidade de emergirem normas Entre tais características, destacare-
aumentou a pressão sobre o de- espontâneas, que não são neces- mos a cultura, a pressão competi-
sempenho das empresas e, por sariamente explícitas nem seguidas tiva e o nível de heterogeneidade.
consequência, destas sobre seus conscientemente, mas são prati- A literatura científica sobre
profissionais (veja ZAHRA, PRIEM, cadas e assimiladas socialmente. corrupção e fraudes corporativas
RASHEED, 2005). Duran (2007) observa que, em identifica casos de indústrias nas
De modo complementar, pa- mercados não regulamentados, as quais há uma verdadeira cultura de
rece haver um esmaecimento da empresas organizam-se de modo fraude, fazendo com que a proba-
linha divisória entre comporta- a criar regras de proteção contra bilidade de ocorrência de atos ilí-
mentos éticos e comportamentos atos fraudulentos. citos seja maior (BAUCUS e NEAR,
não éticos, originado em um sis- Por outro lado, o marco re- 1991). Três vetores alimentam tal
tema educacional que deixou de gulatório nem sempre é eficaz contexto: primeiro, a percepção de
condenar com a ênfase necessária na prevenção de fraudes. A pro- que as punições para atos ilícitos
práticas não idôneas na condução mulgação da Lei Sarbanes Oxley, não são severas, em função de ca-
dos negócios (veja ADLER, 2002). aprovada em 2002, após os escân- sos ocorridos na própria indústria
De maneira significativa, uma pes- dalos de fraudes corporativas nos (ZAHRA, PRIEM, RASHEED, 2005);
quisa realizada nos Estados Unidos Estados Unidos, foi uma tentativa segundo, o processo isomórfico
revelou que são os estudantes de de aumentar o controle, ampliar (DIMAGGIO e POWELL, 1983),
MBA os mais propensos a cometer a responsabilização por práticas ou contaminação gradativa da in-
atos ilícitos (BRADSHAW, 2006). não idôneas e aplicar punições dústria por práticas fraudulentas; e
mais severas às empresas e seus terceiro, a existência de um marco
executivos (ASHFORTH e outros, regulatório incompleto, desatuali-
Marcos regulatórios 2008; BORGERTH, 2007; GORNIK- zado ou vulnerável (DABOUD e
O segundo componente a ser con- -TOMASZEWSKI e MCCARTHY, outros, 1995).
siderado é constituído pelos mar- 2005). No entanto, apesar do notá- Outro fator que pode também
cos regulatórios. Alguns autores vel aumento do nível de controle, contribuir para a ocorrência de
advogam que as fraudes podem ser é polêmico afirmar que o sistema fraudes é a pressão competitiva,
consideradas como fruto da cor- imposto é eficaz na prevenção de eventualmente combinada com a
rupção sistêmica do capitalismo, fraudes corporativas. Pode-se con- escassez ou o alto custo de recur-
em função de estarem espalhadas siderar que o marco regulatório e, sos. Tal condição pode levar os
pela economia, envolvendo orga- especialmente, as leis de combate executivos e empresários a buscar
nizações públicas e privadas, orga- a atos ilícitos e as normas de me- resultados de curto prazo, even-
nizações sociais e até mesmo insti- lhoria do sistema de governança tualmente com uso de expedien-
tuições religiosas (BADAWI, 2005). corporativa constituem modera- tes ilícitos (veja BAUCUS e NEAR,
De acordo com tal lógica, há, la- dores das fraudes corporativas, 1991).

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De modo similar, a heteroge- comportamentos dos indivíduos, um deles apresenta características


neidade, ao tornar o negócio e a portanto pode ter papel modera- e capacidades diferentes, manifes-
gestão mais complexos, mais difí- dor em processos de fraudes. Na tando-se de maneira combinada
ceis de serem entendidos e admi- base da cultura organizacional, peculiar em cada locus organiza-
nistrados, favorece a ocorrência da estão os valores e os pressupos- cional. Vejamos um a um:
fraude (ZAHRA, PRIEM, RASHEED, tos sobre o que é certo e errado • O controle por sanção legal e
2005; PINTO, LEANA, PIL, 2008). (SCHEIN, 2009). Tais valores e os regulatória existe para coibir
Essa condição pode ter duplo efei- pressupostos norteiam as deci- fraudes. Entretanto, seu efeito
to facilitador sobre a ocorrência de sões tomadas na organização. A de dissuasão é restrito, porque
fraudes: por um lado, aumenta a cultura organizacional pode tanto a punição raramente é propor-
pressão e a dificuldade para se ob- coibir fraudes, reforçando valores cional ao porte da organização
terem resultados; e, por outro, cria relacionados a comportamentos ou aos ganhos conseguidos
oportunidades que podem ser ex- éticos (STANSBURY e BARRY, com a fraude. Assim, seu efeito
ploradas por agentes fraudadores. 2007; TREVIÑO e outros, 1999), fica sensivelmente reduzido,
quanto estimulá-las, reforçando sendo considerado, por certos
valores relacionados a comporta- autores, como fator de estímu-
Organização mentos não éticos (ASHFORTH e lo à corrupção (IVANCEVICH e
O quarto componente a ser con- ANAND, 2003). Anand, Ashforth e outros, 2003).
siderado é a organização, o locus Joshi (2004) afirmam que a Enron, • O controle por sanção social,
principal da fraude corporativa, no a WorldCom e a Parmalat lançaram ou julgamento externo, tem
qual o delito é planejado e realiza- mão de mecanismos culturais para como fontes principais a mí-
do. A literatura científica que trata envolver toda a empresa no pro- dia, as associações de classe
de fraudes corporativas com foco cesso de fraude. e as agências de classificação
na organização costuma mirar os Os sistemas de governan- de riscos. Tais agentes exercem
sistemas internos de controle (veja ça corporativa experimentaram influência sobre o comporta-
SCHNATTERLY, 2003). Tais siste- enorme desenvolvimento e dis- mento dos gestores, pois têm o
mas existem, supostamente, para seminação nas últimas décadas. poder de expor para o público
garantir o nível adequado de con- São hoje considerados como fonte externo condutas ilícitas reali-
trole das operações, gerenciar ris- importante de prevenção de frau- zadas pela organização e por
cos e assegurar a perenidade dos des cometidas pela alta gestão seus profissionais. No entanto,
negócios. Entretanto, Ashforth e (SCHNATTERLY, 2003). Os con- as organizações podem miti-
outros (2008) e Westphal e Grae- selhos de administração podem gar o efeito das ações desses
bner (2010) observam que não é atender às listas de boas práticas, agentes, investindo preventiva-
incomum que tais sistemas tenham porém não garantem a eficácia na mente em selos, certificados e
papel apenas cerimonial, fazendo prevenção de fraudes corporativas ações sociais, ou gerenciando
parte de listas de boas práticas de (ABBOTT, PARK, PARKER, 2000; eventuais crises.
gestão, porém não tendo efeito PERSONS, 2006). A estrutura e os • O controle por normas e pro-
preventivo real. Examinaremos, a processos da organização podem, cedimentos está presente em
seguir, tais sistemas, porém pro- eventualmente, ser projetados para todo tipo de organização. Tal
curaremos dar-lhes um tratamento isentar de responsabilidade a cú- sistema é especialmente impor-
mais amplo. Iniciaremos pela ques- pula administrativa nos casos de tante em grandes organizações,
tão da cultura organizacional. Em atos desviantes (PINTO, LEANA, com diversas divisões e gestão
seguida, abordaremos os sistemas PIL, 2008). descentralizada. Para a orga-
de governança. Finalmente, tra- Os sistemas de controle podem nização, o desafio é manter o
taremos dos sistemas de controle ser subdivididos em diversos tipos: nível adequado de controle e,
propriamente ditos, incluindo sis- por sansão legal e regulatória, por ao mesmo tempo, garantir cer-
temas internos e também os siste- sansão social, por normas e pro- to nível de liberdade para os
mas externos. cedimentos, por recompensa, por negócios, o que é necessário
A cultura organizacional tem monitoramento ético e por auto- para ter agilidade em merca-
papel relevante na orientação dos controle (veja LANGE, 2008). Cada dos instáveis e competitivos.

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No entanto, tal condição de tas internas e valores viciosos, comportamentos desviantes. Se já


equilíbrio, difícil de atingir, caracterizados pela busca de houve um evento desviante, este
gera lacunas e imperfeições, resultados a qualquer preço provavelmente se repetirá (DA-
que podem ser aproveitadas e por uma atitude permissiva BOUD e outros, 1995).
para a realização de fraudes em relação a comportamentos A adesão cognitiva do in-
(ZAHRA, PRIEM, RASHEED, desviantes (LANGE, 2008). divíduo ao sistema fraudulento
2005; HAMDANI e KLEMENT, pode ser explicada por meio da
2008). Teoria da Associação Diferencial
• O controle por recompensa, Indivíduo (SUTHERLAND, 1940). De acordo
composto por salário, bônus, O quinto componente a ser consi- com tal teoria, o comportamento
remuneração variável, opções derado é constituído pelos indiví- delituoso pode abranger, no in-
de ações, benefícios e outros duos. Eles (e elas) são, obviamen- divíduo, uma série de processos:
componentes, tem caráter es- te, os agentes dos atos fraudulen- o aprendizado das técnicas para
tratégico para as organizações. tos. No entanto, sua racionalidade praticar a fraude, a identificação
Ele permite relacionar os resul- e seu comportamento são influen- das situações em que tais técnicas
tados alcançados pela organi- ciados pelo ambiente e pela cul- podem ser utilizadas e o desenvol-
zação aos ganhos dos profis- tura organizacional. Ambientes e vimento e a sedimentação de ideias
sionais responsáveis por gerar culturas organizacionais não éticos, para legitimar o crime. As práticas
tais resultados. Entretanto, a além de incentivarem o compor- desviantes podem ser explicadas
complexidade de sua gestão tamento corrupto, conferem-lhe pela falha no reconhecimento
e a ação de grupos internos legitimidade (BUTTERFIELD, TRE- da natureza moral das situações
de interesse, os quais buscam VIN, WEAVER, 2000). Tal condição (BUTTERFIELD, TREVIN, WEAVER,
ganhos excepcionais, podem induz os indivíduos a se subme- 2000), pela rotinização dos desvios
gerar distorções no sistema terem a práticas desviantes, ain- cognitivos (ASHFORTH e ANAND,
(DELVES, 2004). da que não obtenham vantagem 2003), pela adequação do compor-
• O controle por monitoramento pessoal com elas (ASHFORTH e tamento a ideologias racionaliza-
ético é constituído por códigos outros, 2008). das (ANAND, ASHFORTH, JOSHI,
de ética e por procedimentos e Analisando a literatura cientí- 2004) e pelo uso de roteiros cogni-
normas internas, os quais são fica existente, observamos que os tivos que tendem a excluir dimen-
projetados para incentivar os estudos sobre fraudes corporativas sões éticas (GIOIA, 1992). Esses
indivíduos a se oporem a práti- centrados no indivíduo seguem processos e práticas naturalizam
cas corruptas e a denunciarem duas trilhas. A primeira trilha foca as ações fraudulentas, tornando-
atos desviantes (GIOIA, 1992). a predisposição pessoal para o ato -as cognitivamente aceitáveis para
Porém, ao codificar e explici- fraudulento. A segunda trilha foca o indivíduo que as comete ou que
tar comportamentos desejáveis a adesão cognitiva do indivíduo ao delas participa.
e indesejáveis, o sistema de sistema fraudulento.
vigilância pode levar os pro- A predisposição do indivíduo
fissionais a ignorar situações para o ato fraudulento costuma
não previstas (LANGE, 2008), ser atribuída a diversos fatores,
MODELO TEÓRICO
limitando a capacidade dos entre os quais se destacam: a fal- INTEGRADO
indivíduos de gerenciar am- ta de integridade e de identidade
biguidades éticas, levando-as moral, a dificuldade de autocon- Até este ponto do texto, nós com-
a uma atrofia de competência trole (a qual gera forte propensão pilamos os diversos componentes
(STANSBURY e BARRY, 2007). a correr riscos), o baixo nível de que orbitam no sistema da fraude
• O autocontrole ajuda a coibir desenvolvimento cognitivo moral corporativa: a sociedade, o marco
práticas fraudulentas quando e o comportamento psicopatoló- regulatório, o setor de atividades,
as normas implícitas internas gico (ASHFORTH e outros, 2008). a organização e o indivíduo, iden-
e os valores são virtuosos. En- O histórico de um indivíduo e de tificando lacunas e características
tretanto, muitas organizações uma organização podem fornecer que podem favorecer os atos frau-
desenvolvem normas implíci- informações importantes acerca de dulentos. Nesta seção, proporemos

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a articulação de tais componentes talhando a questão dos proces- fato, o gerenciamento da im-
na direção da construção de um sos cognitivos e dos esquemas pressão parece ser um fator
modelo teórico integrado, que ex- compartilhados. Ao explorarem a crítico de sucesso para as frau-
plique, a partir de uma perspectiva dimensão simbólica, abriram um des corporativas. É a aplicação
processual, como a fraude ocorre. caminho promissor para explicar de técnicas de manipulação
Nosso ponto de partida é dado como a fraude ocorre. da imagem e dos sentidos que
pelo trabalho de Baucus (1994), Nós procuramos combinar os permite criar a ilusão de ido-
que identificou três grupos de trabalhos precedentes de Baucus neidade e solidez por longos
fatores situacionais antecedentes (1994), MacLean (2008) e Misangyi, períodos, encobrindo a exis-
à fraude: pressão, oportunidade Weaver e Elms (2008), consideran- tência de práticas ilícitas.
e predisposição para a fraude. do-os como contribuições de uma
A pressão é fruto do ambiente mesma linha evolutiva. O primeiro Dessa forma, um modelo te-
competitivo, do ambiente legal e proporciona uma compreensão das órico integrado capaz de explicar
regulatório e das características origens da fraude, enfatizando os como a fraude corporativa ocorre
organizacionais. A oportunidade fatores antecedentes. Os dois se- deve conter os seguintes elemen-
advém do ambiente competitivo, guintes facilitam a compreensão da tos: primeiro, os componentes
do ambiente legal e regulatório criação dos significados (recursos ambientais: sociedade, marco re-
e também das características or- simbólicos) para as práticas frau- gulatório e setor de atividades;
ganizacionais. A predisposição é dadoras (recursos substantivos) em segundo, a organização, locus da
resultado das características do diferentes níveis de análise. fraude, e o indivíduo, agente da
ambiente e, novamente, das carac- A partir de um ponto de vista fraude; e, terceiro, as três etapas
terísticas organizacionais. processual, podemos afirmar que mencionadas acima: a concepção,
O modelo de Baucus (1994) a fraude corporativa ocorre por a implantação e a manutenção da
trata apenas dos antecedentes da causa de certas condições antece- fraude corporativa. Ou seja, a com-
fraude, sendo capaz de responder dentes, já exploradas na literatura, preensão de como a fraude corpo-
à questão “por que a fraude ocor- e pela ação de agentes fraudado- rativa ocorre deve considerar todos
re?”. Acreditamos que, para apre- res, os quais seguem três etapas: esses elementos e componentes, a
ender a totalidade do fenômeno, partir de uma perspectiva integrada
é preciso avançar na construção • A primeira etapa é a concepção e processual.
de um modelo mais abrangente. da fraude, a qual compreende
Para isso, recorremos ao trabalho a identificação de uma opor-
de MacLean (2008), que intro- tunidade para ganhos ilícitos,
duziu uma variável moderadora, assim como a identificação dos
CONCLUSÃO
relacionada à cultura e a identi- recursos substantivos e sim-
dade organizacional. Com isso, bólicos para executar a fraude Desenvolvemos esta pensata com
ele dotou seu modelo da lógica pretendida; o objetivo de contribuir para a
do interacionismo simbólico, no • A segunda etapa é a implanta- compreensão do fenômeno das
qual o comportamento desviante ção do esquema fraudulento, fraudes corporativas e estimular
é socialmente construído e sedi- a qual inclui a mobilização de novas pesquisas a respeito do
mentado na cultura organizacional; recursos substantivos e sim- tema. Nós lançamos a seguinte
ou, de maneira mais precisa, nos bólicos, e a neutralização dos questão: que componentes um
esquemas compartilhados pelos sistemas de controle, internos modelo teórico capaz de explicar
profissionais dentro de um deter- e externos; e como as fraudes corporativas ocor-
minado ambiente organizacional. • A terceira etapa é a manuten- rem deve conter? Para respondê-
A fim de avançar no desen- ção do esquema fraudulento, a -la, nós procuramos sistematizar
volvimento, recorremos também qual compreende a administra- o conhecimento sobre o tema e
ao trabalho de Misangyi, Weaver ção do esquema fraudulento e identificamos os elementos de um
e Elms (2008). Esses autores apro- o gerenciamento da impressão, modelo teórico, o qual se baseia
fundaram a trilha de investigação voltado para o público interno em uma perspectiva processual.
aberta por MacLean (2008), de- e para o público externo. De Nesta seção final, indicaremos con-

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tribuições do estudo para a teoria e corporados como boas práticas de de grandes escândalos, o interes-
para a prática, e sugeriremos uma gestão. Naturalmente, a adoção de se acadêmico parece ter aumen-
agenda para futuras pesquisas. modernos sistemas de governança, tado (veja ACADEMY OF MANA-
códigos de ética e procedimentos GEMENT REVIEW, 2008). Há, nas
de auditoria e compliance devem instituições de ensino e pesquisa
Contribuição para a teoria em ser bem-vindos. No entanto, não se de gestão dos nossos dias, uma
Estudos Organizacionais pode tomá-los pelo valor de face. sólida preocupação com questões
Acreditamos que este trabalho traz É preciso investigar profundamen- envolvendo ética, sustentabilida-
duas contribuições para a teoria. te para certificar-se de que foram de dos negócios e responsabili-
Em primeiro lugar, chama a aten- bem-projetados e estão cumprindo dade social corporativa. O tema
ção para um fenômeno importante seu papel. É preciso, também, que fraudes corporativas relaciona-se
e de grande impacto, que poderá os órgãos de normatização, regula- diretamente a essa preocupação.
ser de interesse de outros pesqui- ção e fiscalização aprimorem seus Por outro lado, parece-nos que a
sadores em Estudos Organizacio- sistemas, indo além da verificação compreensão do fenômeno ainda
nais. Conforme comentamos, os de informações fornecidas pelas não é suficiente.
estudos científicos sobre fraudes empresas. Indicamos, portanto, algumas
corporativas no Brasil são ainda Em terceiro lugar, ele ressalta possibilidades de desenvolvimen-
poucos, sendo parte deles realiza- o uso de recursos simbólicos no to. Primeiro, a realização de es-
da em outros campos do conheci- desenvolvimento de esquemas tudos de caso os quais permitam
mento, tais como Direito, Finanças fraudulentos e para a manutenção realizar análises mais profundas
e Contabilidade. das fraudes corporativas. De fato, sobre como as diversas variáveis
Em segundo lugar, este traba- a dimensão simbólica parece ser interagem para gerar os esquemas
lho avança o conhecimento sobre essencial nesses processos. Sem a fraudulentos. Segundo, a realiza-
fraudes corporativas, com base indução de certos traços culturais e ção de estudos mais detalhados
em desenvolvimentos de traba- o gerenciamento da imagem exter- sobre o uso de recursos simbó-
lhos anteriores, proporcionando na, muitas fraudes provavelmente licos na manutenção de fraudes,
uma compreensão sobre como as não se materializariam. tanto internamente à organização
fraudes ocorrem. Acreditamos que Acreditamos que essas con- – manipulação de traços culturais
o modelo teórico integrado, aqui tribuições podem ser úteis para – quanto externamente à organi-
proposto, poderá facilitar a análise dois públicos distintos: executivos zação – manipulação da imagem.
de casos reais. interessados em reforçar os sis- Terceiro, a realização de análises
temas corporativos de controle e sobre a efetividade de mecanismos
gestores de instituições regulado- de prevenção, tais como os siste-
Contribuição para a prática ras que visem disseminar práticas mas de governança corporativa,
administrativa mais robustas de monitoramento os sistemas internos de controle e
Quanto à prática administrativa, de setores de atividade. Pensamos as iniciativas de intervenção cultu-
pensamos que este trabalho traz que a adoção de uma perspectiva ral, voltadas para a disseminação
três implicações. Em primeiro lu- integrada poderá ajudar a prevenir de valores virtuosos e condutas
gar, ele chama a atenção para as processos fraudulentos e a detectar éticas. E, quarto, a realização de
múltiplas variáveis envolvidas em precocemente sua implementação. investigações sobre as falhas de
um processo de fraude corporativa, sistemas de prevenção e moni-
em diferentes níveis de análise, re- toramento externo, que possam
velando tratar-se de um fenômeno Agenda para futuras orientar executivos de empresas
complexo. Com isso, o trabalho in- pesquisas e gestores de órgãos reguladores
dica que a prevenção ou detecção Conforme pudemos perceber em a aperfeiçoá-los.
de fraudes não admite soluções nossa pesquisa, os trabalhos cien- Registramos, finalmente, que
simples. tíficos sobre fraudes corporativas acreditamos que estudos sobre
Em segundo lugar, ele revela os e temas afins já contam ao me- fraudes corporativas podem ser
limites dos sistemas de prevenção nos duas décadas. Nos últimos úteis não somente para iluminar
e controle, os quais têm sido in- anos, em função da ocorrência o fenômeno em si, mas também

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Ana Paula Paulino da Costa Thomaz Wood Jr.

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