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INDICADORES DE DESEMPENHO PARA

A GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL:


UMA PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO

Roberto Antonio Martins


Departamento de Engenharia de Produção
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Caixa Postal 676 – 13565-905 – São Carlos – SP
email: martins@power.ufscar.br

Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto


Departamento de Engenharia de Produção
Escola Politécnica – USP
Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, nº 128, 2º andar
05509-900 – Cidade Universitária – São Paulo – SP
v.5, n.3, p. 298-311, dez. 1998

Resumo

Este artigo apresenta uma proposta de sistematização para a concepção de um sistema de


indicadores de desempenho para a gestão pela qualidade total. O objetivo é auxiliar as organizações
a medirem o desempenho sob a filosofia da gestão pela qualidade total. Para tanto, é feita,
inicialmente, uma apresentação da evolução do conceito da qualidade e da forma de gestão da
qualidade. Em seguida, um referencial para a gestão da qualidade total é adotado e os níveis de
abrangência dos indicadores de desempenho são definidos. Algumas propostas de medição de
desempenho são brevemente apresentadas e algumas considerações são feitas a esse respeito.
Finalmente, a sistematização, que permite medir o desempenho da organização em relação à
satisfação dos “stakeholders” (clientes, empregados, acionistas, sociedade e fornecedores) de forma
coerente no nível dos macro e microprocessos da organização, é apresentada.

Palavras-chave: medição de desempenho, gestão pela qualidade total, sistema de indicadores de


desempenho.

1. Introdução necessidades latentes dos clientes (SHIBA et


alli, 1993). Naturalmente que a gestão da

A qualidade, enquanto conceito, evoluiu da


adequação ao padrão para a adequação às
qualidade acompanhou, também, esta evolução.
Ela deixou de estar direcionada principalmente
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de
1980s l Adequação às
necessidades latentes

Figura 1 – Mudanças nos conceitos dominantes de qualidade em empresas japonesas líderes


(SHIBA et alli, 1993:16)

para o chão da fábrica e passou a procurar delas está mal interpretada porque elas [as
envolver todos os processos da organização. empresas] não resolveram a questão das medidas
Assim, a gestão pela qualidade total tornou-se e recompensas do desempenho” (HUGE, 1990:71).
uma importante opção para as organizações Este artigo, procurando preencher esta lacu-
conquistarem vantagem competitiva sobre os na, propõe a sistematização de um sistema de
concorrentes. Uma pesquisa sobre os impactos indicadores de desempenho que é um meio pelo
de programas de gestão pela qualidade total no qual as organizações podem medir o desempe-
desempenho de empresas britânicas concluiu que nho de forma mais coerente e abrangente quando
os efeitos foram benéficos (MANN & KEHOE, da adoção da gestão pela qualidade total.
1994).
Apesar do reconhecimento da importância da 2. Evolução do Conceito da Qualidade e da
gestão pela qualidade total, muitas organizações Gestão da Qualidade
ainda medem o desempenho sem considerar as
mudanças decorridas pela adoção de tal sistema
de gestão. “... De forma a obter um maior enten-
dimento do relacionamento entre atividades da
A ntes de discutir a questão sobre a medição
do desempenho num ambiente de gestão
pela qualidade total, é importante entender como
qualidade e o desempenho dos negócios, pesqui- o conceito da qualidade e a forma de gestão da
sadores precisam desenvolver um método mais qualidade evoluíram. Conforme JURAN
sofisticado de medição dos efeitos das atividades (1993:2), “Podemos aumentar nossa perspectiva,
de qualidade” (MANN & KEHOE, 1994:42). voltando nossos olhos ao caminho percorrido até
Seria esperado que os indicadores de desem- hoje – aos primeiros processos de gerenciamento
penho, que auxiliam na gestão pela qualidade total, para a qualidade.”
tivessem também evoluído. Porém, isso não é Com base na evolução da adoção da gestão
verificado. “(...) Muitas empresas começaram pela qualidade total no Japão, quatro fases de
implementar conceitos e técnicas de melhoria da evolução do conceito de qualidade podem ser
qualidade. Contudo, a implementação da maioria identificadas. Elas estão ilustradas na Figura 1.
300 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

Foco na Empresa Foco no Mercado

Padronização
Controle Estatístico de Processos
Inspeção

Adequação ao padrão
Pesquisa de mercado
Envolvimento multifuncional

Adequação ao uso
Círculos de Controle da Qualidade
7 Passos e 7 Ferramentas da Estatística
Métodos de melhoria

Adequação ao custo
Desdobramento da Função Qualidade
7 Ferramentas da Administração da Qualidade

Adequação às
necessidades latentes

Figura 2 – A evolução dos métodos (SHIBA et alli, 1993:19)

Na primeira fase, adequação ao padrão, o nhou a evolução do conceito. A Figura 2


foco era a qualidade de conformação obtida apresenta o relacionamento entre o conceito da
basicamente por meio de inspeção. A empresa qualidade e os métodos da gestão da qualidade
considerava que o projeto do produto atendia às utilizados por empresas japonesas líderes.
necessidades dos clientes, sendo a qualidade um Os métodos de gestão da qualidade evoluíram
problema de conformação. no sentido de capacitar a organização para o
Na segunda fase, adequação ao uso, o foco mercado, procurando antecipar às necessidades
era a qualidade do projeto que assegurasse a dos clientes. É importante observar que os
satisfação das necessidades de fato dos clientes e métodos adequados a um conceito não necessa-
não aquilo que os projetistas pensavam ser. riamente excluem os métodos dos demais.
Entretanto, a adequação ao uso era obtida A evolução dos métodos da gestão da quali-
basicamente por inspeção, o que elevava o custo dade requer uma maior integração, tanto vertical
da qualidade. (diretrizes) quanto horizontal (processos e
Na terceira fase, adequação ao custo, o foco atividades) da empresa. A Figura 3 representa
era a qualidade da conformidade de acordo com essa necessidade correlacionado-a ao conceito da
as reais necessidades dos clientes. Era necessário qualidade.
obter alta qualidade combinada com baixos Uma outra forma de ver a evolução da gestão
custos. “... A necessidade de adequação ao custo da qualidade é adotar como referência as
tornou o conceito de qualidade multidimensio- empresas norte-americanas. Desse modo é
nal” (SHIBA et alli, 1993:9). possível identificar quatro eras de evolução:
Na quarta fase, adequação às necessidades inspeção, controle estatístico da qualidade,
latentes, o foco é a concepção de produtos ou garantia da qualidade e gestão estratégica da
serviços que venham satisfazer àquelas qualidade (GARVIN, 1992).
necessidades dos clientes as quais eles ainda não O Quadro 1 apresenta, de forma sintética,
têm consciência plena. quais são a ênfase, os métodos, os responsáveis
De modo a implementar o conceito da quali- pela qualidade e a orientação e abordagem das
dade, a gestão da qualidade também acompa- quatro “eras da qualidade”.
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Integração TQM Integração


Vertical Horizontal

Linha de
produtos

Adequação ao padrão

Todas as
funções

Adequação ao uso

Toda a
hierarquia

Adequação ao custo

Todos os
processos

Adequação às
necessidades latentes

Figura 3 – Integração vertical e horizontal relacionadas às sucessivas inovações na TQM


(SHIBA et alli, 1993:21)

A evolução, tanto do conceito da qualidade Assim, os investimentos em métodos e técni-


quanto da forma de gestão, não necessariamente cas de gestão da qualidade passaram a ser
excluiu a era anterior a ela. Além disso, não é erroneamente vistos como uma panacéia para
possível observar uma forte demarcação do todos os males da maioria das organizações
término de uma era e o início de outra. ocidentais. O que é um grande erro.
O foco central tem caminhado no sentido de Nesse sentido, muitos modelos teóricos e de
realçar a importância da gestão da qualidade. implementação de qualidade total surgiram –
“... A qualidade não é mais uma função isolada, FERNANDES & COSTA NETO (1996)
independente, dominada por especialistas. ... apresentam alguns modelos teóricos e práticos
[a qualidade] hoje, saiu da fábrica e entrou na de gestão pela qualidade total. Portanto, para
sala da alta gerência. ... A conseqüente mudança propor uma sistematização dos indicadores de
de perspectiva é crucial para se entender o desempenho para a gestão pela qualidade total é
pensamento moderno sobre qualidade” importante a adoção de um modelo de referên-
(GARVIN, 1992:45). cia, dentre os muitos existentes, que seja
A evolução da dinâmica da qualidade ocorreu adequado à evolução do conceito da qualidade.
da seguinte forma: ela passou de controlada para
assegurada e, num segundo momento, de 3. Adoção de um Modelo de Referência para
assegurada para ofensiva (TEBOUL, 1991). a Gestão pela Qualidade Total
Aparentemente a evolução da gestão da
qualidade apresenta praticamente as mesmas
fases nos Estados Unidos e no Japão. Contudo, o
movimento de voltar-se para o mercado e
O modelo de referência para a gestão pela
qualidade total adotado segue em boa parte
os princípios praticados por destacadas empresas
incorporar a qualidade na estratégia da empresa japonesas, norte-americanas e européias e
é iniciado na década de oitenta nos Estados expressos nos trabalhos de ISHIKAWA (1993),
Unidos e de forma reativa ao movimento japonês MERLI (1993) e GALGANO (1993). Vale
(JURAN, 1993). destacar que as proposições desses autores estão
302 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

Quadro 1 – As quatro principais eras da qualidade (adaptado de GARVIN, 1992:44)

Etapa do Movimento da Qualidade


Identificação das Controle Estatístico da Gestão Estratégica da
Inspeção Garantia da Qualidade
Características Qualidade Qualidade
Ênfase uniformidade do produto uniformidade do produto toda a cadeia de produção, as necessidades do
com menos inspeção desde o projeto até o mercado e do consumidor
mercado, e a contribuição
de todos os grupos
funcionais
Métodos instrumentos de medição instrumentos e técnicas programas e sistemas planejamento estratégico,
estatísticas estabelecimento de
objetivos e mobilização da
organização
Quem é o o departamento de os departamentos de todos os departamentos, todos na empresa, com a
responsável pela inspeção produção e engenharia embora a alta gerência só alta gerência exercendo
qualidade se envolva perifericamente forte liderança
Orientação e “inspeciona” a qualidade “controla” a qualidade “constrói” a qualidade “gerencia” a qualidade
abordagem

Quadro 2 – Exemplo genérico de meios para satisfazer as stakeholders de uma empresa

Clientes Empregados Acionistas Fornecedores Sociedade


- preço - moral - dividendos - parceria - preservação do meio
- qualidade - higiene e segurança - valorização do valor - volume de transações ambiente
- variedade de produtos do trabalho do patrimônio - preço de compra - recolhimento de
- rapidez de entrega - salários impostos
- confiabilidade no prazo - crescimento pessoal e
de entrega profissional
- inovação dos produtos

fundamentadas em boa parte nos trabalhos esforços de melhorias isolados feitos por pessoas
pioneiros de W. E. Deming e J. M. Juran. ou grupos dentro da organização. É preciso
O objetivo principal e básico de uma empresa adotar uma nova filosofia de administração
é administrar o negócio tendo como o centro de expressa pela gestão pela qualidade total
atenção os stakeholders (ISHIKAWA, 1993). Os (ISHIKAWA, 1993). Vale observar que a gestão
stakeholders são os clientes, os empregados, os pela qualidade total não é a única abordagem
acionistas, os fornecedores e a sociedade. existente para atingir o objetivo de satisfazer os
Cada um desses grupos tem interesses dife- stakeholders de uma organização.
renciados que mudam de empresa para empresa Essa nova filosofia administrativa é expressa
e com o tempo para uma mesma empresa. por um conjunto de novos princípios que variam
Entretanto, é possível responder a isso de forma de autor para autor. O mais conhecido conjunto
genérica e ilustrativa. O Quadro 2 contém um de princípios são os 14 pontos de W. E. Deming
exemplo. (DEMING, 1986). Existem outras propostas que
Os vários meios de satisfazer os stakeholders podem ser consultadas com maiores detalhes em
podem ser atingidos por meio da implementação ISHIKAWA (1993), MERLI (1993) e
da gestão pela qualidade total. Entretanto, isso GALGANO (1993).
dificilmente é atingido por intermédio de
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Garantia da qualidade/sistema de
Cultura corporativa/fator humano
Cultura corporativa/fator humano

Garantia da qualdiade/sistema de
Diretrizes,
Diretrizes, estratégias
estratégias e sistema
e sistema dede gestão
gestão

informações
informações
Organização
Organizaçãooperacional
operacional

Ferramentas BásicasBásico
da Gestão da Qualidade

Figura 4 – Modelo de gestão pela qualidade total (MERLI, 1993:53)

Um meio efetivo para a adoção dos princípios dos stakeholders. Esses processos de gestão
desta nova filosofia administrativa é incorporá- estão, respectivamente, relacionados aos macro e
los no sistema de gestão da empresa. Nesse microprocessos da organização (JURAN, 1993).
sentido, uma possibilidade é a adoção do modelo Assim sendo, os processos de gestão, da
de gestão pela qualidade total esquematizado na forma proposta, abrangem todos os níveis
Figura 4. hierárquicos da organização – estratégico, tático
Os cinco subsistemas, ilustrados na Figura 4, e operacional. Eles estabelecem os níveis de
são os elementos básicos do modelo proposto. abrangência sobre os quais a gestão pela
Os três subsistemas centrais são específicos para qualidade total é desenvolvida na organização.
a gestão pela qualidade total e os dois laterais A implementação do desdobramento das
são importantes no contexto corporativo. diretrizes gera necessariamente um conjunto de
Em termos do subsistema sistema de gestão, indicadores de desempenho para acompanhar a
existem quatro processos interagindo com implementação das diretrizes, mas não existe
sinergia entre si. São eles: gestão pelas diretri- garantia de que eles irão medir a satisfação dos
zes, gestão da rotina do trabalho do dia-a-dia, e stakeholders.
gestão por processos ou gestão interfuncional. Logo, existe um risco de que o conjunto de
Esses processos de gestão são veículos pro- indicadores de desempenho utilizado em tais
mocionais dos conceitos e princípios da situações permita o controle da implementação
qualidade total e um fator crítico na implementa- das diretrizes e não do objetivo principal da
ção da gestão pela qualidade total nas organiza- empresa.
ções (KANO, 1995). Apesar da adoção de um modelo de gestão
A gestão pelas diretrizes proporciona a inte- pela qualidade total, que tem processos de gestão
gração vertical da empresa em torno dos que abrangem toda a organização, não está
esforços necessários para implementar as garantida a medição coerente do desempenho da
diretrizes, na medida em que os principais empresa.
processos e atividades da empresa são envolvi-
dos no desdobramento e implementação das 4. Proposta de Sistematização de Indicadores
diretrizes (CONTI, 1993). de Desempenho para a Gestão pela
A gestão por processos ou interfuncional e a Qualidade Total
gestão da rotina do trabalho do dia-a-dia
integram horizontalmente as atividades e as
funções da organização em torno dos processos
de negócio, que agregam valor para a satisfação
A ntes de apresentar a proposta de sistemati-
zação de indicadores de desempenho para a
gestão pela qualidade total, é interessante,
304 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

mesmo que de forma sintética, analisar a questão Uma das propostas mais difundidas é o
da medição de desempenho e algumas proposi- Balanced Scorecard ilustrado na Figura 5. O
ções específicas para indicadores de desempenho modelo tem quatro perspectivas diferentes: a
para a gestão da qualidade. perspectiva dos clientes (tempo, qualidade,
A medição do desempenho tradicional tem desempenho e serviço, e custo), a perspectiva
como principal preocupação a medição em interna (os processos críticos para atingir
termos do uso eficiente dos recursos. Os satisfação dos clientes e produtividade), a
indicadores de desempenho mais comuns são a perspectiva da inovação (dos produtos e
produtividade, o retorno sobre os investimentos, processos) e a perspectiva financeira (lucrativi-
o custo padrão, etc. dade, crescimento e valor para os acionistas).
A problemática da medição de desempenho a Estas perspectivas estão relacionadas, respec-
partir dos sistemas contábeis tradicionais pode tivamente, às características dos produtos
ser resumida assim: “(...) Os sistemas contábeis ofertados pela empresa aos clientes; aos
atuais desenvolveram-se a partir do movimento processos de negócios críticos para a empresa; à
da administração científica no início do século inovação dos produtos e processos e ao
vinte. Eles eram instrumentos de promoção da aprendizado da organização; e, por fim, aos
eficiência nas empresas de produção em massa, lucros, ao crescimento da empresa e à geração de
particularmente aquelas que produziam produtos valor para os acionistas.
relativamente pouco padronizados com um alto Contudo, não existe uma perspectiva relacio-
conteúdo de trabalho manual. A crença nesses nada diretamente à sociedade. Já os empregados
sistemas no atual ambiente competitivo, o qual é podem ser considerados parcialmente na
caracterizado por produtos com muito menos perspectiva de inovação e aprendizado em temos
uso da mão-de-obra direta, fornecerá um quadro de educação e treinamento. Os fornecedores só
inadequado sobre a eficiência e a eficácia da serão considerados se o processo de suprimentos
manufatura” (KAPLAN, 1984:96). for considerado crítico. Além disso, não está
A constatação acima já havia sido feita por garantido que os indicadores de desempenho
uma pesquisa realizada em 1978 com empresas tenham a abrangência dos níveis estratégico,
canadenses, nas quais o uso de indicadores de tático e operacional.
desempenho tradicionais de produtividade, que Logo, o Balanced Scorecard não permite a
avaliava o gerente de fábrica de uma das plena medição da satisfação dos stakeholders e
empresas estudadas, induzia-o a dificultar a não garante a medição de desempenho abrangen-
introdução de novos produtos, que era importan- te em termos das diretrizes, dos processos e das
te para a sobrevivência da empresa atividades.
(RICHARDSON & GORDON, 1980). Passando o foco da análise para propostas
“... As mudanças na tecnologia, competição, específicas de sistematização de indicadores de
ambientes (interno e externo) estão demandando desempenho para a gestão da qualidade é
que nós mudemos o que medimos, como medi- interessante analisar, mesmo que de forma
mos e como usamos a medição. Estas mudanças sintética, outras proposições como CUPELLO,
estão forçando-nos a reexaminarmos paradigmas 1994; HARRISON & MENG, 1995; De TONI et
relativos à medição” (SINK, 1991:28). alli, 1995; e TAKASHINA & FLORES, 1996.
Face a esta situação de inadequação dos CUPELLO (1994) propõe uma visão expan-
sistemas de medição de desempenho frente às dida da medição do desempenho, na qual o
novas tecnologias, às novas formas de organiza- desempenho organizacional é resultado de
ção da produção e aos novos conceitos e quatro conjuntos de causas: foco nos clientes,
filosofia de administração, novas propostas melhoria contínua, envolvimento dos fornecedo-
foram feitas para remediar esse problema. res e empowerment dos empregados.
GESTÃO & PRODUÇÃO v.5, n.3, p. 298-311, dez. 1998 305

Perspectiva Financeira

Objetivos Indicadores

Perspectiva do Cliente Perspectiva Interna do Negócio

Objetivos Indicadores Objetivos Indicadores

Perspectiva de Inovação
e Aprendizado

Objetivos Indicadores

Figura 5 – As quatro perspectivas do Balanced Scorecard (KAPLAN & NORTON, 1992:72)

A medição do desempenho deve ser feita não avaliação e melhoria), pelos custos dos desvios
somente para planejar, induzir e controlar, mas da qualidade esperada (falhas internas e falhas
também para diagnosticar. Nesse sentido, é externas) e pelos custos intangíveis da qualidade
importante ir sofisticando a medição de desem- (empregados, clientes e melhoria).
penho conforme a empresa vai passando pelos Essa proposta procura quantificar os custos
níveis de maturidade na implementação da da qualidade de forma expandida, porém não
gestão pela qualidade total (encenando, demons- permite a quantificação direta da satisfação dos
trando, comprometida e incorporada). consumidores, dos empregados, dos fornecedo-
Porém, essa proposta não considera a satisfa- res e da sociedade. Em alguns casos, como por
ção da sociedade e define níveis de abrangência exemplo na satisfação dos consumidores, isso é
diretamente relacionados à divisão de tarefas feito de forma indireta, pois os custos da
entre os níveis estratégico (planejar), tático qualidade total são apenas uma parcela dos
(induzir) e operacional (controlar). Além disso, custos totais. Além disso, não é definido nenhum
não fica claro quem é responsável pelo diagnós- nível de abrangência.
tico. De TONI et alli (1995) apresentam um
A proposta de HARRISON & MENG (1995) modelo que procura avaliar o nível de desempe-
tem os custos da qualidade total como elemento nho da qualidade e os resultados do desempenho
principal para medir o desempenho da qualidade. da qualidade. Isso é feito em termos da
Esses custos, por sua vez, são formados pelo qualidade total ofertada, da qualidade percebida
custos da qualidade, funções de perdas pondera- e satisfação dos clientes, e dos custos da
das e parâmetros de Controle Estatístico de qualidade.
Processos para pequenos lotes. A qualidade total ofertada é medida em
Os custos da qualidade são formados pelos termos da posição na cadeia de valor que os
custos de gestão da qualidade (prevenção, departamentos se situam: entrada (qualidade dos
306 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

Indicadores de Desempenho
nível estratégico
Medição da Satisfação dos:
• Clientes
Indicadores de Desempenho • Empregados
nível tático • Acionistas
• Fornecedores
• Sociedade
Indicadores de Desempenho
nível operacional

Figura 6 – Proposta de sistematização de indicadores de desempenho


para a gestão pela qualidade total

fornecedores e desempenho na entrega), gestão pela qualidade total descrito no item 3 e a


processamento (desempenho da qualidade do abrangência dos macro e microprocessos.
projeto do produto, da engenharia de processo e É importante destacar que os indicadores de
da manufatura) e saída (desempenho da desempenho são um meio para auxiliar a gestão
qualidade de vendas e da distribuição). pela qualidade total e não um fim em si mesmos.
A sistematização proposta não mede a satis- Eles são úteis para que o sistema de gestão possa
fação dos empregados, acionistas e sociedade. controlar e identificar necessidades, e fazer
Além disso, a abrangência definida é somente melhorar o desempenho, que estão relacionado à
horizontal – medição em toda a cadeia de satisfação dos stakeholders da empresa.
valores. Não são feitas considerações a respeito Assim sendo, é necessário estabelecer primei-
dos níveis hierárquicos. ramente quais são os indicadores de desempenho
TAKASHINA & FLORES (1996) propõem que permitem medir o desempenho em relação
uma sistematização de indicadores de desempe- ao objetivo principal da empresa. O Quadro 3
nho tendo como referência o modelo de gestão apresenta um exemplo genérico, de acordo com
da qualidade do Prêmio Nacional da Qualidade os meios necessários para satisfazerem os
(PNQ). Vale observar que o modelo do PNQ já stakeholders, com alguns dos inúmeros
sofreu alterações após essa proposta ser indicadores de desempenho possíveis.
apresentada. Entretanto, não é suficiente atribuir indicado-
Os indicadores de desempenho são propostos res de desempenho para monitorar somente o
para medir o desempenho em áreas-chave do desempenho no nível corporativo. Eles apenas
negócio: clientes, mercados, produtos, proces- informam sobre como estão os resultados – a
sos, fornecedores, recursos humanos e comuni- satisfação dos stakeholders. Mas não dizem nada
dade e sociedade. Entretanto, detalhes não são a respeito do que está acontecendo para se
fornecidos sobre como os indicadores devem ser chegar aos resultados. É importante indicar
desdobrados para a organização, ou seja, qual o como está a gestão dos meios necessários –
nível de abrangência. Isso apenas é mencionado macro e microprocessos – para atingir o objetivo
como uma necessidade. principal da empresa.
De modo a suprir as deficiências expostas Então, uma vez estabelecidos os indicadores
anteriormente, uma proposta abrangente, de desempenho corporativos, o passo seguinte é
ilustrada na Figura 6, será apresentada a seguir. desdobrá-los para os macro e microprocessos da
Esta proposta tem como referência o modelo de organização. O desdobramento está representado
GESTÃO & PRODUÇÃO v.5, n.3, p. 298-311, dez. 1998 307

Quadro 3 – Exemplo de alguns indicadores de desempenho para medir o desempenho da empresa em


relação ao objetivo principal

Stakeholders Meios Indicadores de Desempenho


Clientes - preço - preço de venda do varejo em relação à média da concorrência e custo
- qualidade do produto
- variedade de produtos - nível de satisfação dos clientes; nº de chamadas de campo; nº de
- rapidez de entrega reclamações e nº de devoluções
- confiabilidade no prazo de entrega - tempo de atendimento de um pedido e tempo de ciclo de manufatura
- inovação dos produtos - nº pedidos entregues no prazo e atraso médio da entrega em dias
- participação de novos produtos no faturamento e nº de lançamentos de
novos produtos no ano
Empregados - moral - turnover; nº de sugestões aplicadas em relação às sugestões propostas
- higiene e segurança do trabalho e absenteísmo
- salários - nº de acidentes e horas-homem perdidas por acidentes de trabalho
- crescimento pessoal e profissional - salário médio em relação ao mercado
- horas gastas com treinamento e nº de pessoas treinadas no mesmo
período
Acionistas - dividendos - lucro
- valorização do valor do patrimônio - valorização da ação no período
Fornecedores - parceria - nº de pedidos recebidos; nº de itens fornecidos num período de tempo e
- volume de transações nº de devoluções
- preço de compra - porcentagem de participação do fornecedor no total gasto e valor das
transações num período
- preço médio do item em relação ao preço médio da concorrência
Sociedade - preservação do meio ambiente - nº de ocorrências ambientais e valor das multas recebidas
- recolhimento de impostos - atraso no recolhimento de impostos

na Figura 6 pelas setas verticais. Desse modo, é dor de desempenho refugo e retrabalho do ma-
possível ter uma coerência entre os indicadores croprocesso Manufatura para os microprocessos.
de desempenho utilizados em todos os níveis de Mais uma vez uma conexão foi estabelecida
gerência da empresa. entre os indicadores de desempenho de um nível
A Figura 7 ilustra, por meio de um Diagrama de gerência da organização e outro. Desta forma,
de Árvore, um exemplo do desdobramento para os indicadores de desempenho passam a ter uma
o indicador de desempenho número de devolu- relação que permite saber, por exemplo, qual a
ções de produtos, que é uma das medidas de contribuição do desempenho de um micropro-
satisfação dos consumidores, para uma empresa cesso para a satisfação dos stakeholders,
da indústria de calçados. passando pelos macroprocessos. As conexões
Desse modo, uma conexão é estabelecida estabelecidas do modo proposto constituem as
entre um indicador de desempenho da corpora- “alças de feedback” necessárias para a gestão da
ção e os indicadores de desempenho dos macro- qualidade (JURAN, 1993).
processos. O processo de desdobramento precisa Esta articulação permite uma navegação
ser feito para todos os indicadores de desempe- vertical em uma dimensão do desempenho,
nho que medem a satisfação dos stakeholders. representado pelo indicador de desempenho
Após o primeiro desdobramento, é preciso corporativo. É possível saber, por exemplo, qual
repeti-lo envolvendo os indicadores de desem- o refugo da corporação, de um processo ou de
penho dos macroprocessos com os microproces- uma atividade. Isso pode facilitar a identificação
sos. A Figura 8, seguindo o mesmo exemplo, de pontos críticos que estejam afetando o
ilustra o exemplo do desdobramento do indica- desempenho da empresa.
308 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

Desenvolvimento de Novos Produtos:


- Nº de Especificações Retrabalhadas
- Nº de Especificações com Erro

Suprimentos:
- Nº de Pares de Calçados Devolvidos
Nº de Pares - Nº de Pedidos Devolvidos
de Calçados
Devolvidos/
Mês Vendas/Processamentos de Pedidos:
- Nº de Pedidos Reprocessados
- Nº de Pedidos Preenchidos com Erro

Manufatura:
- Refugo em Horas
- Retrabalho em Horas

Figura 7 – Exemplo de desdobramento de um indicador de desempenho


para o nível dos macroprocessos

Além disso, também é possível a navegação d) uma divulgação ampla para a melhoria e não
horizontal numa dimensão do desempenho para para a punição;
um mesmo macroprocesso. Para tanto, basta e) uma integração com quadros de gestão à vista
verificar no Diagrama de Árvore da Figura 8 ou com sistema de informação gerencial,
qual o microprocesso que está produzindo maior quando eles existirem.
refugo ou retrabalho. É muito importante que todos os empregados
A navegação em ambos os sentidos permite a sejam treinados a interpretarem os índices dos
estratificação da informação com vistas a indicadores de desempenho e, desse modo,
priorização e a tomada de ação para correção de saibam quais ações devem tomar dependendo
desvios ou melhorias no índice atingido pelo dos resultados atingidos. Assim, contribuir-se
indicador de desempenho no nível corporativo para que a informação não fique restrita aos
ou nos macroprocessos. círculos dos gerentes.
Vale destacar que o número de indicadores de Uma forma de evitar que isso aconteça é
desempenho gerado com os desdobramentos utilizar meios que democratizem o acesso à
para os macro e microprocessos pode ser grande, informação, como por exemplo, os quadros de
caso cuidados não sejam tomados. O excesso de gestão à vista. Eles podem disponibilizar de
informação nesse caso pode ser tão ruim quanto forma barata a informação necessária para que
a falta dela. Uma saída é controlar o número de os empregados passem a basear as suas ações em
indicadores de desempenho no nível corporativo fatos e dados, gerados pelo sistema de indicado-
por meio de questionamento sobre a real res de desempenho.
necessidade daquele tipo de informação. Todos os indicadores de desempenho da quali-
Os indicadores de desempenho da qualidade dade, em seus níveis de abrangência, precisam ter
precisam ter (TAKASHINA & FLORES, 1996): padrões de comparação. Os padrões podem ser
a) um índice associado (forma de cálculo) bem resultados de benchmarking ou metas de diretri-
explícito e, se possível, simplificado; zes da organização. Naturalmente que tolerâncias
b) uma freqüência de coleta; precisam ser determinadas para esses padrões.
c) uma designação dos responsáveis pela coleta A alta administração e a gerência não podem
dos dados; esquecer que os indicadores de desempenho
GESTÃO & PRODUÇÃO v.5, n.3, p. 298-311, dez. 1998 309

Desenvolvimento de Novos Produtos:


- Nº de Especificações Retrabalhadas
- Nº de Especificações com Erro

Suprimentos:
- Nº de Pares de Calçados Devolvidos
Nº de Pares - Nº de Pedidos Devolvidos
de Calçados Setor de Corte:
Devolvidos/
Mês Vendas/Processamentos de Pedidos: - Retrabalho em Horas
- Nº de Pedidos Reprocessados - Refugo em Horas
- Nº de Pedidos Preenchidos com Erro
Presponto:
- Retrabalho em Horas
Manufatura:
- Refugo em Horas
- Refugo em Horas
- Retrabalho em Horas
Montagem:
- Refugo em Horas
- Retrabalho em Horas
Nível dos Macroprocessos
(Processos de Negócio) Embalagem/Expedição:
- Retrabalho em Horas
- Refugo em Horas

Nível dos Microprocessos


(Atividades)

Figura 8 – Exemplo de desdobramento de um indicador de desempenho


para o nível dos microprocessos

apresentam uma determinada variabilidade, que problemas futuros ou atinjam desempenho nunca
pode ser fruto de causas comuns e especiais da antes imaginado.
empresa. Caso contrário, os gerentes podem Devido à articulação gerada pelos desdobra-
exercer supercontrole de forma a aumentar a mentos entre os indicadores de desempenho dos
variabilidade ou não identificarem as causas vários níveis de abrangência adotado, uma ação
especiais a serem eliminadas (HUGE, 1990). de melhoria reativa ou proativa, feita com base
Os indicadores de desempenho podem ser na informação contida nos indicadores, tem
utilizados pelos membros de uma organização grande chance de ser realizada para contribuir
para o controle e a melhoria, que pode ser tanto com o objetivo principal da organização.
reativa quanto proativa. A primeira forma e mais
comum de melhoria é a reativa. 5. Conclusões
Os indicadores de desempenho sinalizam em
que se deve agir para restaurar uma causa espe-
cial crônica ou atingir um desempenho nunca
antes atingido. Esse tipo de atividade pressupõe
A evolução da gestão da qualidade atrelada à
evolução do conceito da qualidade tem
tornado esta nova filosofia de gestão uma
a existência da atividade de controle antes, que é importante alternativa de vantagem competitiva
um uso natural dos indicadores de desempenho. para organizações que atuam num contexto cada
A segunda forma de uso é para a melhoria vez mais competitivo.
proativa. Ela consiste em utilizar os indicadores Contudo, as propostas de sistematização de
de desempenho como parte da informação indicadores de desempenho para a gestão pela
necessária para propor ações que previnam qualidade total não têm permitido às empresas a
310 Martins, Costa Neto – Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total

medição abrangente e coerente do desempenho Um aspecto importante a ser destacado é que


em relação ao seu objetivo principal. a sistematização de indicadores de desempenho
A sistematização apresentada buscou, a partir apresentada permite flexibilidade suficiente para
de um modelo de gestão pela qualidade total e que novos indicadores de desempenho em caso
uma abrangência determinada pelo sistema de de necessidade sejam acrescentados ou retirados.
gestão com base na gestão pelas diretrizes, Isso pode ser feito desde que os novos indicado-
gestão por processos e gestão da rotina do res sejam relacionados aos meios necessários
trabalho do dia-a-dia, constituir um sistema de que contribuem para a satisfação dos stakehol-
indicadores de desempenho, que preenche a ders.
lacuna detectada nas propostas analisadas. Portanto, a partir de uma sistematização mais
Apesar da adoção de tais processos de gestão, abrangente, é possível conceber um sistema de
descritos acima, permitir ter um conjunto de indicadores de desempenho para a gestão pela
indicadores de desempenho, ela não permite a qualidade total que permite levar a medição da
medição do desempenho articulada nos macro e satisfação dos stakeholders no âmbito dos macro
microprocessos em termos dos indicadores e microprocessos.
relativos à satisfação dos stakeholders. Naturalmente que a sistematização proposta
Assim sendo, o sistema de indicadores de precisar ser melhor detalhada em termos da
desempenho foi constituído de forma a propor- escolha dos indicadores de desempenho. Isso
cionar desdobramento dos indicadores corpora- não foi feito, pois depende dos meios que cada
tivos e “alças de feedback” foram constituídas de empresa escolhe na estratégia de negócios para
forma abrangente e coerente com o objetivo satisfazer os stakeholders.
principal da organização.

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PERFORMANCE MEASURES FOR TOTAL QUALITY MANAGEMENT: A


COMPREHENSIVE APPROACH
Abstract

This paper presents a comprehensive approach to performance measures for total quality
management. The aim is to help organizations to measure their performance in total quality
management philosophy. First, the evolution of both quality concept and quality management is
presented. Then, a total quality management reference model is adopted and attainment levels of
performance indicators are defined. Some proposals of other authors are briefly presented and
discussed. The result is a performance indicator system that measures the stakeholders’ satisfaction at
the macro and microprocess levels of any organization in a coherent and comprehensive way.

Key words: quality performance measurement, total quality management, quality measures.

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