Professional Documents
Culture Documents
INTRODUÇÃO
Este curso de latim destina-se aos alunos que fazem Letras na universidade,
portanto é necessário um conhecimento básico da língua portuguesa, para que se
possam compreender as noções elementares da língua latina.
Para que esse conhecimento não fique indefinido, façamos um esboço do que
será necessário entender na estrutura da língua portuguesa:
1. noções de classe de palavra: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo,
conjunção, preposição, artigo, numeral e pronome.
2. noções de função sintática: sujeito, predicativo do sujeito, objeto direto,
predicativo do objeto, objeto indireto, agente da passiva, complemento
nominal, adjunto adnominal e complemento adverbial; predicado nominal e
predicado verbal.
Essas noções serão fundamentais para o entendimento das relações entre os
casos latinos e as funções das palavras em português. Esses casos do latim
correspondem às funções sintáticas das palavras na oração. Entendamos oração como
uma estrutura com sujeito e predicado, para que possamos exemplificar com modelos
mais simples cada parte de sua constituição.
Se algum aluno encontrar dificuldades em identificar essas estruturas simples de
morfologia e sintaxe, deverá providenciar uma revisão dessa matéria, antes de começar
propriamente o estudo da língua latina. Essas noções darão ao aluno a segurança de
prosseguir o curso, sem maiores problemas.
Este curso é dado em etapas que levam o aluno a refletir sobre a estrutura da
língua latina, através do seu conhecimento da língua portuguesa. Como o latim é língua-
mãe da língua portuguesa - além de ser também de outras como espanhol, francês,
italiano e romeno, para ficar só nas línguas oficiais de Estados -, é possível compreender
sua estrutura com o conhecimento médio, passado nas escolas, presente em gramáticas e
livros didáticos e exigido em todos os programas oficiais do Brasil.
Portanto, todos os alunos podem fazer o curso de latim com bom desempenho.
Não será exigido conhecimento aprofundado de nenhuma noção lingüística. O que se
verifica é exatamente o contrário: o aluno passará a compreender melhor a estrutura de
seu próprio pensamento, raciocinando melhor, lendo e escrevendo com maior
competência.
METODOLOGIA
2
semestre; no entanto, deve-se dominar o assunto de cada aula, no formato como é dado,
uma vez que o próximo assunto pressupõe o conhecimento do que foi anteriormente
dado.
O vocabulário empregado é reduzido ao essencial, para que se possa empregá-lo
nos exercícios, sem a necessidade de consulta a dicionários e glossários. Contudo, é
importante que cada aluno tenha a disposição um dicionário de latim, não para o curso
em si, mas para usá-lo para traduzir trechos de citações, em prosa ou em verso, seja de
autores clássicos como Cícero, Virgílio e Horácio, seja de autores cristãos.
OBJETIVO
AVALIAÇÃO
As provas serão aplicadas de acordo com o exercício dado como modelo e serão
feitas com consulta aos próprios apontamentos. Não será preciso decorar nada! Todas as
tabelas de nomes e verbos servirão de instrumento do exercício de tradução para o
português e versão para o latim. Sem isso, não haverá possibilidade de concluir em um
semestre o estudo essencial da estrutura da língua latina.
PARTE I
PARTE II
Caso é a variação ou flexão que as palavras apresentam no final. Cada caso está
relacionado basicamente a uma função sintática:
Nominativo, é o caso do sujeito e do predicativo do sujeito, em uma oração.
Vocativo é propriamente o vocativo.
Acusativo, é o caso do objeto direto.
Genitivo, é o caso do adjunto adnominal.
Dativo, é o caso do objeto indireto.
Ablativo, é o caso do adjunto adverbial e do agente da passiva.
4
3. aluno – genitivo/adjunto adnominal; grande – nominativo/predicativo do
sujeito.
4. professor – nominativo/ sujeito; livro – acusativo/objeto direto; aluno –
dativo/objeto indireto.
5. livro – ablativo/adjunto adverbial.
6. alunos – ablativo/agente da passiva.
PARTE III
Respostas:
1. A professora lê uma boa fábula. (Em latim, não há artigo.)
2. A aluna lê uma boa fábula. (A posição das palavras é aleatória.)
3. A professora lê boas fábulas às boas alunas. (Nominativo singular –
acusativo plural – dativo plural)
4. As boas alunas lêem boas fábulas às professoras. (Nominativo plural –
acusativo plural – dativo plural)
Para utilizar a voz passiva, é preciso lembrar que os verbos devem ser transitivos
diretos, que passam à voz passiva, o sujeito passa a agente da passiva e o objeto direto
passa a sujeito paciente. Assim, em “A professora lê a fábula”, na voz passiva será “A
fábula é lida pela professora”. O agente da passiva, em português é antecedido da
6
preposição por, contraída com o artigo (pelo, pela, pelos, pelas); em latim, a preposição
é a ou ab, se a palavra seguinte se inicia por vogal. O caso do agente da passiva é o
ablativo. Experimentemos traduzir:
5. Fabula bona legitur a magistra.
6. Bona fabula legitur a discipula.
7. Bonae fabulae leguntur a magistra discipulis bonis.
8. Fabulae leguntur a bonis discipulis magistris.
Respostas:
5. Uma boa fábula é lida pela professora. (Verbo na passiva analítica)
6. Uma boa fábula é lida pela aluna.
7. Boas fábulas são lidas pela professora às boas alunas. (O dativo/objeto
indireto permanece inalterado)
8. As fábulas são lidas pelas boas alunas às professoras.
PARTE IV
SINGULAR PLURAL
N magister magistri
V magister magistri
A magistrum magistros
G magistri magistrorum
D magistro magistris
Ab magistro magistris
7
Note-se que o substantivo se apresenta no nominativo, seguido do genitivo; o
adjetivo mantém as três formas (triforme ou de primeira classe), como em bonus, bona,
bonum (masculino, feminino e neutro).
Observemos este outro modelo de substantivo, acompanhado de adjetivo:
SINGULAR PLURAL
Note-se que nesta tabela, as terminações são idênticas às daquela, com exceção
do nominativo e vocativo singular.
Utilizando o vocabulário dado até aqui, façamos a tradução:
1. Magister legit librum discipulo.
2. Bonus magister legit librum discipulo sedulo.
3. Bonos libros magister sedulis discipulis legit.
4. Liber bonus a magistro sedulis discipulis legitur.
8
SINGULAR PLURAL
Verter ao latim:
1. O aluno lê boas palavras no livro do professor. (A preposição em é in e se
emprega com ablativo, adjunto adverbial de lugar.)
2. Boas palavras no livro do professor são lidas pelo aluno.
Respostas:
1. Discipulus legit bona uerba in libro magistri.
2. Bona uerba in libro magistri leguntur a discipulo.
Façamos uma síntese do que deve ser conhecido, para a continuação do estudo.
Substantivos de tema em –a, genitivo singular –ae e genitivo plural –arum.
Substantivos de tema em –o, genitivo singular –i e genitivo plural –orum.
Adjetivos de primeira classe: bonus, -a, -um.
Esse conhecimento básico é exigido com auxílio das tabelas e apontamentos
dados até aqui. Não se exige conhecimento ‘decorado’, mas é exigida a aplicação desse
processo, no estudo do latim, consultando dicionários e gramáticas.
9
1. Bonus magister bonum librum discipulo sedulo legit.
2. Magister bona librorum uerba discipulis legit.
3. Amicus certus in hora incerta cernitur.
4. Verbum incertum in momento incerto dicitur.
5. Bona exempla a magistro discipulis dantur.
6. Magister pulchras bonorum librorum sententias discipulis legit.
7. Discipulus librum pulchrarum sententiarum legit.
8. Discipuli a librorum sententiis erudiuntur.
9. Declinar
a. bonus liber b. pulchra sententia
c. pulchrum exemplum d. uerbum certum
10
Como se percebe, o vocabulário é complementar, ou seja, apenas as palavras que
não apareceram são dadas. As outras já estão nos exercícios anteriores. Não adianta
querer fazer esses exercícios, se o processo não foi seguido, desde o início, em detalhes.
As respostas seguintes devem comprovar a competência do aluno para passar para a
próxima unidade.
Respostas:
1. O bom professor lê um bom livro ao aluno aplicado.
2. O professor lê boas palavras dos livros aos alunos.
3. O amigo certo se vê na hora incerta.
4. Palavra incerta é dita em momento incerto.
5. Bons exemplos são dados pelo professor aos alunos.
6. O professor lê belas sentenças dos bons livros aos alunos.
7. O aluno lê o livro de belas sentenças.
8. Os alunos são educados pelas sentenças dos livros.
9. Declinação de substantivos e adjetivos:
a.
SINGULAR PLURAL
N Bonus liber Boni libri
V bone liber Boni libri
A Bonum librum Bonos libros
G Boni libri Bonorum librorum
D Bono libro Bonis libris
AB Bono libro Bonis libris
b.
SINGULAR PLURAL
N Pulchra sententia Pulchrae sentintiae
V Pulchra sentintia Pulchrae sentintiae
A Pulchram sentintiam Pulchras sentintias
G Pulchrae sentintiae Pulchrarum sentintiarum
D Pulchrae sentintiae Pulchris sentintiis
AB Pulchra sentintia Pulchris sentintiis
c.
SINGULAR PLURAL
N Pulchrum exemplum Pulchra exempla
V Pulchrum exemplum Pulchra exempla
A Pulchrum exemplum Pulchra exempla
G Pulchri exempli Pulchrorum exemplorum
D Pulchro exemplo Pulchris exemplis
AB Pulchro exemplo Pulchris exemplis
11
d.
SINGULAR PLURAL
N Verbum certum Verba certa
V Verbum certum Verba certa
A Verbum certum Verba certa
G Verbi certi Verborum certorum
D Verbo certo Verbis certis
AB Verbo certo Verbis certis
PARTE IV
12
SINGULAR PLURAL
N Viator Viatores
V Viator Viatores
A Viatorem Viatores
G Viatoris Viatorum
D Viatori Viatoribus
AB Viatore Viatoribus
13
2. Discipule, discipule, quod sum, et tu eris.
3. Magister, magister, quod sumus, et tu fuisti.
Verter ao latim:
1. Caminhantes, caminhantes, o que sois agora, nós também fomos; o que
sereis, somos agora.
2. Os alunos serão o que os professores são agora.
Respostas (versão):
1. Viatores, uiatores, quod estis nunc, nos et fuimus; quod eritis, sumus nunc.
2. Discipuli erunt quod magistri sunt nunc.
Todo o vocabulário visto até aqui será reaproveitado nas futuras lições, sem que
necessariamente seja dado de novo. Assim, é preciso lembrar que cada lição nova
pressupõe o conhecimento das anteriores.
Para complementar o estudo do verbo ser, eis as tabelas completas dos aspectos,
modos e tempos:
INDICATIVO SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO PRESENTE PASSADO
(Fui) (Fora) (Terei sido) (Tenha sido) (Tivesse sido)
Fui Fueram Fuero Fuerim Fuissem
Fuisti Fueras Fueris Fueris Fuisses
Fuit Fuerat Fuerit Fuerit Fuisset
Fuimus Fueramun Fuerimus Fuerimus Fuissemus
Fuistis Fueratis Fueritis Fueritis Fuissetis
Fuerunt Fuerant Fuerint Fuerint Fuissent
14
Note-se que o tempo passado do indicativo, no infectum, é o pretérito
imperfeito; no perfectum, é o pretérito mais-que-perfeito; a 3ª pessoa do plural no
indicativo presente do perfectum pode variar: fuerunt/fuere (ambas as formas
pronunciadas como paroxítonas, pois a penúltima sílaba é longa); as bases verbais que
servem de tema são mantidas em cada aspecto: es-/er-/su-/si- para o infectum, e fu-
para o perfectum.
Além dos substantivos sem uma vogal temática, como uiator, a 3ª declinação
engloba também substantivos de tema em –i, como ciuis (lê-se kiuis) “cidadão” ou
como urbs “urbe, cidade”, que, como os substantivos de tema consonantal, fazem
genitivo singular em –is. A diferença se faz pelo genitivo plural, que esses substantivos
em –i fazem em –ium, ao invés de –um.
Vejamos suas tabelas:
Respostas:
1. Vrbs ciuis; 2. Vrbs ciuium; 3. Ciuis urbis; 4. ciues urbium. Lembrando-se
sempre que a locução adjetiva em português se verte ao latim com genitivo.
SINGULAR PLURAL
N Lex Leges
V Lex Leges
A Legem Leges
G Legis Legum
D Legi Legibus
AB Lege Legibus
Respostas:
1. A professora lê o livro das leis ao aluno.
2. O cidadão lê o livro das leis ao professor.
3. O professor, como cidadão, ensina lei aos alunos.
4. Os alunos aprendem as leis da cidade.
5. O livro dos cidadãos tem leis das cidades.
6. Os cidadãos aprendem com as leis.
16
1. Todo aluno; toda aluna; toda palavra.
2. Professor feliz; professor prudente; palavra prudente.
3. Professora feliz; professora prudente; palavras prudentes.
4. Cidadão feliz; cidadão prudente; cidadão velho.
5. Cidadãos felizes; palavras velhas; professores prudentes.
6. Urbe feliz; urbe velha; urbes velhas.
Respostas:
1. Omnis discipulus; omnis discipula; omne uerbum.
2. Magister felix; magister prudens; uerbum prudens.
3. Magistra felix; magistra prudens; uerba prudentia.
4. Ciuis felix; ciuis prudens; ciuis uetus.
5. Ciues felices; uerba uetera; magistri prudentes.
6. Vrbs felix; urbs uetus; urbes ueteres.
SINGULAR PLURAL
M/F N M/F N
N Omnis Omne Omnes Omnia
A Omnem Omne Omnes Omnia
G Omnis Omnis Omnium Omnium
D Omni Omni Omnibus Omnibus
AB Omni Omni Omnibus Omnibus
SINGULAR PLURAL
M/F N M/F N
N Felix Felix Felices Felicia
A Felicem Felix Felices Felicia
G Felicis Felicis Felicium Felicium
D Felici Felici Felicibus Felicibus
AB Felici Felici Felicibus Felicibus
SINGULAR PLURAL
M/F N M/F N
N Prudens Prudens Prudentes Prudentia
A Prudentem Prudens Prudentes Prudentia
G Prudentis Prudentis Prudentium Prudentium
D Prudenti Prudenti Prudentibus Prudentibus
AB Prudenti Prudenti Prudentibus Prudentibus
17
SINGULAR PLURAL
M/F N M/F N
N Vetus Vetus Veteres Vetera
A Veterem Vetus Veteres Vetera
G Veteris Veteris Veterum Veterum
D Veteri Veteri Veteribus Veteribus
AB Veteri Veteri Veteribus Veteribus
PARTE V
18
Tema -Ɨ (Infectum)
INDICATIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO
(amo/sou amado) (amava/era amado) (amarei/serei amado)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
amo amor amabam amabar amabo amabor
amas amaris/-re amabas amabaris/-re amabis amaberis/-re
amat amatur amabat amabatur amabit amabitur
amamus amamur amabamus amabamur amabimus amabimur
amatis amamini amabatis amabamini amabitis amabimini
amant amantur amabant amabantur amabunt amabuntur
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(ame/seja amado) (amasse/fosse amado)
ativo passivo ativo passivo
amem amer amarem amarer
ames ameris/-re amares amareris/-re
amet ametur amaret amaretur
amemus amemur amaremus amaremur
ametis amemini amaretis amaremini
ament amentur amarent amarentur
19
Note-se que, no subjuntivo, não há futuro, diferente do português, que é a
única língua ocidental que o emprega. No imperativo, infinitivo e particípio só
há presente e futuro.
IMPERATIVO
PRESENTE FUTURO
ativo passivo ativo passivo
ama (ama) amare (sê amado) amato (ama) amator (sê amado)
amato (ame ele) amator (seja amado)
amamini
amate (amai) amatote (amai)
(sede amados)
amanto (amem eles) amantor (sejam amados)
INFINITIVO
FUTURO
PRESENTE
[radical do SUPINO]
ativo passivo ativo passivo
amare amari amaturum, -am, -um amatum iri
(amar) (ser amado) esse (haver de amar) (haver de ser amado)
PARTICÍPIO
PRESENTE FUTURO
Ativo passivo
ativo passivo
[radical do SUPINO] [GERUNDIVO]
amans, -antis amaturus, -a, -um amandus, -a, -um
(amante; que ama) (havendo de amar) (havendo de ser amado)
20
GERÚNDIO
(declinação do INFINITIVO)
Nominativo amare (amar)
Acusativo amandum (amar)
Genitivo amandi (de amar)
Dativo amando (para o amar)
Ablativo amando (pelo amar/amando)
21
Atenção às formas passivas do perfectum, que empregam o particípio
passado passivo com a conjugação do verbo ser. Como o particípio se apresenta
como um adjetivo de 1ª classe, há variação de pessoa, número e gênero. Assim,
‘eu fui amado’ é amatus sum, ‘eu fui amada’ é amata sum, ‘eu fui coisa
amada’ é amatum sum; tudo isso no plural: amati sumus, amatae sumus,
amata sumus.
O indicativo presente no perfectum corresponde ao que a gramática
portuguesa denomina pretérito perfeito do indicativo.
A 3ª pessoa do plural, no presente, na voz ativa, possui variante.
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(tenha amado/tenha sido amado) (tivesse amado/tivesse sido amado)
ativo passivo ativo passivo
amatus, a, um
amauerim amatus, a, um sim amauissem
essem
amatus, a, um
amaueris amatus, a, um sis amauisses
esses
amatus, a, um
amauerit amatus, a, um sit amauisset
esset
amati, ae, a
amauerimus amati, ae, a simus amauissemus
essemus
amaueritis amati, ae, a sitis amauissetis amati, ae, a essetis
amauerint amati, ae, a sint amauissent amati, ae, a essent
INFINITIVO PARTICÍPIO
ativo passivo ativo [SUPINO] passivo
amatum, am, um amatum (para
amauisse amatus, a, um
esse amar)/
(ter amado) (amado)
(ter sido amado) amatu (de amar)
Verbos de tema E são aqueles que apresentam esse tema para formar o infinitivo
em –Ɲre. Todos eles se classificam na 2ª conjugação. Eis o modelo:
22
DelƝre: ‘apagar; destruir’(lê-se ‘delêre’).
No dicionário: deleo, delere; deleui, deletum.
Note-se a vogal temática, sempre longa, em todas as formas do infectum (deleo,
delere)e do perfectum (deleui, deletum).
Tema -Ɲ (Infectum)
INDICATIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO
(destruo/sou destruído) (destruía/era destruído) (destruirei/serei destruído)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
deleo deleor delebam delebar delebo delebor
deles deleris/-re delebas delebaris/-re delebis deleberis/-re
delet deletur delebat delebatur delebit delebitur
delemus delemur delebamus delebamur delebimus delebimur
deletis delemini delebatis delebamini delebitis delebimini
delent delentur delebant delebantur delebunt delebuntur
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(destrua/seja destruído) (destruísse/fosse destruído)
ativo passivo ativo passivo
deleam delear delerem delerer
deleas delearis/-re deleres delereris/-re
deleat deleatur deleret deleretur
deleamus deleamur deleremus deleremur
deleatis deleamini deleretis deleremini
deleant deleantur delerent delerentur
23
IMPERATIVO
PRESENTE FUTURO
ativo passivo ativo passivo
dele (destrói) delere (sê destruído) deleto (destrói) deletor (sê destruído)
deleto (destrua) deletor (seja destruído)
INFINITIVO
FUTURO
PRESENTE
[radical do SUPINO]
ativo passivo ativo passivo
delere deleri (ser deleturum, am esse deletum iri (haver de
(destruir) destruído) (haver de destruir) ser destruído)
PARTICÍPIO
PRESENTE FUTURO
Ativo
passivo
ativo passivo [radical do
[GERUNDIVO]
SUPINO]
delens, -entis deleturus, a, um
delendus, a, um (havendo
(destruinte; que (havendo de
de ser destruído)
destrói) destruir)
24
GERÚNDIO
(declinação do INFINITIVO)
Nominativo delere (destruir)
Acusativo delendum (destruir)
Genitivo delendi (de destruir)
Dativo delendo (para o destruir)
Ablativo delendo (pelo destruir; destruindo)
Tema –Ɲ (Perfectum)
INDICATIVO
FUTURO
PRESENTE PASSADO
(terei destruído/terei sido
(destruí/fui destruído) (destruíra/fora destruído)
destruído)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
deletus deletus
deleui deleueram deleuero deletus ero
sum eram
deletus deletus
deleuisti deletus es deleueras deleueris
eras eris
deletus
deleuit deletus est deleuerat deleuerit deletus erit
erat
deleti deleti deleti
deleuimus deleueramus deleuerimus
sumus eramus erimus
deleti
deleuistis deleti estis deleueratis deleueritis deleti eritis
eratis
deleti deleti
deleuerunt deleti sunt deleuerant deleuerint
erant erunt
25
SUBJUNTIVO
PASSADO
PRESENTE
(tivesse destruído/tivesse sido
(tenha destruído/tenha sido destruído)
destruído)
ativo passivo ativo passivo
deletus, a, um
deleuerim deletus, a, um sim deleuissem
essem
deletus, a, um
deleueris deletus, a, um sis deleuisses
esses
deletus, a, um
deleuerit deletus, a, um sit deleuisset
esset
deleti, ae, a
deleuerimus deleti, ae, a simus deleuissemus
essemus
deleueritis deleti, ae, a sitis deleuissetis deleti, ae, a essetis
deleuerint deleti, ae, a sint deleuissent deleti, ae, a essent
INFINITIVO PARTICÍPIO
ativo passivo ativo [SUPINO] passivo
deletum (para
deletum, am, um
deleuisse destr.)/ deletus, a, um
esse
(ter destruído) deletu (de (destruído)
(ter sido destruído)
destruir)
26
INDICATIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO
(leio/sou lido) (lia/era lido) (lerei/serei lido)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
lego legor legebam legebar legam legar
legis legeris/-re legebas legebaris/-re leges legeris/-re
legit legitur legebat legebatur leget legetur
legimus legimur legebamus legebamur legemus legemur
legitis legimini legebatis legebamini legetis legemini
legunt leguntur legebant legebantur legent legentur
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(leia/seja lido) (lesse/fosse lido)
ativo passivo ativo passivo
legam legar legerem legerer
legas legaris/-re legeres legereris/-re
legat legatur legeret legeretur
legamus legamur legeremus legeremur
legatis legamini legeretis legeremini
legant legantur legerent legerentur
IMPERATIVO
PRESENTE FUTURO
ativo passivo ativo passivo
lege (lê) legere (sê lido) legito (lê) legitor (sê lido)
legito (leia) legitor (seja lido)
27
INFINITIVO
FUTURO
PRESENTE
[radical do SUPINO]
ativo passivo ativo passivo
legere legi (ser legiturum, am esse (haver lectum iri (haver de ser
(ler) lido) de ler) lido)
PARTICÍPIO
PRESENTE FUTURO
Ativo passivo
ativo passivo
[radical do SUPINO] [GERUNDIVO]
legens, -entis lecturus, a, um legendus, a, um (havendo
(lente; que lê) (havendo de ler) de ser lido)
GERÚNDIO
(declinação do INFINITIVO)
Nominativo legere (ler)
Acusativo legendum (ler)
Genitivo legendi (de ler)
Dativo legendo (para o ler)
Ablativo legendo (pelo ler; lendo)
28
Tema zero (Perfectum)
INDICATIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO
(li/fui lido) (lera/fora lido) (terei lido/terei sido lido)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
legi lectus sum legeram lectus eram legero lectus ero
legisti lectus es legeras lectus eras legeris lectus eris
legit lectus est legerat lectus erat legerit lectus erit
legimus lecti sumus legeramus lecti eramus legerimus lecti erimus
legistis lecti estis legeratis lecti eratis legeritis lecti eritis
legerunt lecti sunt legerant lecti erant legerint lecti erunt
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(tenha lido/tenha sido lido) (tivesse lido/tivesse sido lido)
ativo passivo ativo passivo
legerim lectus, a, um sim legissem lectus, a, um essem
legeris lectus, a, um sis legisses lectus, a, um esses
legerit lectus, a, um sit legisset lectus, a, um esset
legerimus lecti, ae, a simus legissemus lecti, ae, a essemus
legeritis lecti, ae, a sitis legissetis lecti, ae, a essetis
legerint lecti, ae, a sint legissent lecti, ae, a essent
INFINITIVO PARTICÍPIO
ativo passivo ativo [SUPINO] passivo
legisse lectum, am, um esse lectum (para ler)/ lectus, a, um
(ter lido) (ter sido lido) lectu (de ler) (lido)
Verbos de tema I são aqueles que apresentam esse tema para formar o infinitivo
em –Ưre. Todos eles se classificam na 4ª conjugação. Eis o modelo:
AudƯre: ‘ouvir’.
No dicionário: audio, audire; audi, auditum.
29
Tema –Ư (Infectum)
INDICATIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO
(ouço/sou ouvido) (ouvia/era ouvido) (ouvrei/serei ouvido)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
audio audior audiebam audiebar audiam audiar
audis audiris/-re audiebas audiebaris/re audies audieris/-re
audit auditur audiebat audiebatur audiet audietur
audimus audimur audiebamus audiebamur audiemus audiemur
auditis audimini audiebatis audiebamini audietis audiemini
audiunt audiuntur audiebant audiebantur audient audientur
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(ouça/seja ouvido) (ouvisse/fosse ouvido)
ativo passivo ativo passivo
audiam audiar audirem audirer
audias audiaris/-re audires audireris/-re
audiat audiatur audiret audiretur
audiamus audiamur audiremus audiremur
audiatis audiamini audiretis audiremini
audiant audiantur audirent audirentur
30
IMPERATIVO
PRESENTE FUTURO
ativo passivo ativo passivo
audi (ouve) audire (sê ouvido) audito (ouve) auditor (sê ouvido)
audito (ouça) auditor (seja ouvido)
INFINITIVO
FUTURO
PRESENTE
[radical do SUPINO]
ativo passivo ativo passivo
audire audiri (ser auditurum, am, um esse auditum iri (haver de
(ouvir) lido) (haver de ouvir) ser ouvido)
PARTICÍPIO
PRESENTE FUTURO
Ativo passivo
ativo passivo
[radical do SUPINO] [GERUNDIVO]
audiens, -entis auditurus, a, um audiendus, a, um
(ouvinte; que ouve) (havendo de ouvir) (havendo de ser ouvido)
31
GERÚNDIO
(declinação do INFINITIVO)
Nominativo audire (ouvir)
Acusativo audiendum (ouvir)
Genitivo audiendi (de ouvir)
Dativo audiendo (para o ouvir)
Ablativo audiendo (pelo ouvir; ouvindo)
Tema –Ư (Perfectum)
INDICATIVO
FUTURO
PRESENTE PASSADO
(terei ouvido/terei sido
(ouvi/fui ouvido) (ouvira/fora ouvido)
ouvido)
ativo passivo ativo passivo ativo passivo
auditus auditus
audiui audiueram audiuero auditus ero
sum eram
auditus
audiuisti auditus es audiueras audiueris auditus eris
eras
auditus
audiuit auditus est audiuerat audiuerit auditus erit
erat
auditi auditi auditi
audiuimus audiueramus audiuerimus
sumus eramus erimus
auditi
audiuistis auditi estis audiueratis audiueritis auditi eritis
eratis
audiuerunt auditi sunt audiuerant auditi erant audiuerint auditi erunt
32
SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO
(tenha ouvido/tenha sido ouvido) (tivesse ouvido/tivesse sido ouvido)
ativo passivo ativo passivo
audiuerim auditus, a, um sim audiuissem auditus, a, um essem
audiueris auditus, a, um sis audiuisses auditus, a, um esses
audiuerit auditus, a, um sit audiuisset auditus, a, um esset
audiuerimus auditi, ae, a simus audiuissemus auditi, ae, a essemus
audiueritis auditi, ae, a sitis audiuissetis auditi, ae, a essetis
audiuerint auditi, ae, a sint audiuissent auditi, ae, a essent
INFINITIVO PARTICÍPIO
ativo passivo ativo [SUPINO] passivo
audiuisse auditum, am, um esse auditum (para ouvir)/ auditus, a, um
(ter ouvido) (ter sido ouvido) auditu (de ouvir) (ouvido)
Esses dois versos foram escritos no século primeiro da nossa era por um poeta
que se caracterizou por satirizar personagens de sua época. Embora o tema desse
pequeno poema seja banal, sua forma obedece ao rígido sistema das composições
poéticas da Antigüidade clássica. Na verdade, essa composição caracteriza o que se
denomina dístico elegíaco, em que o primeiro verso tem seis medidas poéticas
(hexâmetro), e o segundo tem cinco (pentâmetro).
33
Os nomes próprios seguem as mesmas regras dos nomes comuns:
Quintus, -i (m): Quinto, nome de homem (tema –o, como discipulus).
Thais, Thaidis (f): Taís, nome de mulher (tema consonântico, como lex). Por
ser de origem grega, esse nome faz o acusativo à moda grega: Thaida, ao invés de
Thaidem. Nos outros casos mantém-se a regularidade. Eis sua declinação:
N/V – Thais; A- Thaida; G- Thaidis; D- Thaidi; Ab- Thaide.
O vocabulário restante aparece no dicionário assim:
A, ab (prepos. de ablativo – Habeo, -Ɲre; habui,
Oculus, i (m): olho.
ag. da passiva): por [per]. habitum: haver;ter.
Amo, amare; amaui, Ille, illa, illud: aquele, Quis, quae, quid (pron. subs.
amatum: amar. aquela, aquilo. interrog.): que, quem.
Duo, duae, duo: dois, duas, Luscus, a, um: caolho, Vnus, a, um: um só, uma só,
duas coisas. caolha. uma só coisa.
34
SINGULAR PLURAL
M F N M F N
N quis/qui quis/quae/qua quid/quod qui quae quae/qua
A quem quam quid/quod quos quas quae/qua
G cuius cuius cuius quorum quarum quorum
D cui cui cui quibus quibus quibus
AB quo qua quo quibus quibus quibus
35
Se a pergunta fosse ‘(diz) o quê?’, a tradução seria Quid?.
Olhando a tabela dos interrogativos, podemos empregá-los em todas as
situações, tanto no singular quanto no plural.
O importante é observar que, na pergunta, o caso, o gênero e o número
acompanham o raciocínio da afirmação.
Assim, Quam Thaida está no acusativo feminino singular, porque na afirmação
também estava.
A resposta Thaida luscam também mantém a mesma forma, porque fica
implícito o que está na afirmação (Quintus amat).
A tradução do primeiro verso:
Quinto ama Taís. Que Taís? Taís caolha.
Para testar o entendimento, façamos um exercício, com os nomes Antonius, da 2ª
declinação, tema –o, e Antonia, da 1ª declinação, tema -a.
Verter para o latim:
1. Antônio ama Antônia. Que Antônio?/Quem (ama Antônia)?
2. Antônio ama Antônia. Que Antônia?/Quem (Antônio ama)?
3. Antônio é amado por Antônia. Por que Antônia?/Por quem (Antônio é
amado)?
4. Antônia é amada por Antônio. Por que Antônio?/Por quem (Antônia é
amada)?
Respostas:
1. Antonius amat Antoniam. Qui Antonius?/ Quis?
2. Antonius amat Antoniam. Quam Antoniam?/ Quam?
3. Antonius amatur ab Antonia. A qua Antonia?/ A qua?
4. Antonia amatur ab Antonio. A quo Antonio?/ A quo?
Devemos agora traduzir a oração com habet: “Taís não tem um só olho”.
Na oração seguinte, depois da vírgula, parece não haver verbo. No entanto, como
em português, tudo está implícito: Ille (non habet) duos (oculos).
O pronome demonstrativo de 3ª pessoa ille significa ‘aquele’. Em linguagem
mais coloquial, esse pronome se identifica com a pessoa, podendo-se traduzir por ‘ele’.
Eis sua declinação:
SINGULAR PLURAL
M F N M F N
N ille illa illud illi illae illa
A illum illam illud illos illas illa
G illius illius illius illorum illarum illorum
D illi illi illi illis illis illis
AB illo illa illo illis illis illis
37
há atalhos. Os textos literários e poéticos são os mais difíceis, pois empregam engenho e
arte do escritor, em sua máxima potência. Eles são expressão de arte pura. Portanto, a
dificuldade que alguém encontre para traduzi-los é proporcional à sua apuração artística,
desejada pelo autor.
Como vimos na tradução desse dístico elegíaco, o verbo haver dá o sentido de
posse. Então, podemos dizer, em latim:
Discipulus habet librum.
A tradução será: ‘O aluno tem um livro’.
No entanto, essa forma de expressar posse é coloquial. Há outra, mais literária,
que é empregada, quando o autor deseja ser mais formal:
Discipulo est liber.
A tradução será: ‘Para o aluno existe um livro’.
Essa forma de expressão de posse é chamada dativo de posse ou dativo ético.
Vejamos as diferenças formais: discipulus, nominativo sujeito, passa para o dativo;
habet, verbo transitivo, se substitui por est, verbo intransitivo de sentido existencial;
librum, acusativo objeto direto, passa para o nominativo, como o novo sujeito.
Resumindo, a coisa possuída passa para o nominativo, o possuidor passa para o
dativo e o verbo é esse ‘ser, existir’. Essa é a forma mais comum na poesia e nos textos
literários em geral.
Para entender, vertamos ao latim, usando dativo de posse, o seguinte período:
Quinto ama Tais, que tem um só olho.
Note-se que há duas orações e dois verbos. A segunda oração é subordinada
adjetiva, pois emprega um pronome relativo (que/a qual) a um termo da primeira (Taís).
Os pronomes relativos, em latim, são semelhantes aos pronomes interrogativos e
se apresentam deste modo:
Qui, quae, quod: que, o qual, a qual. Como sempre, a primeira forma é para o
masculino, a segunda, para o feminino, e a terceira, para o neutro.
38
Vejamos sua tabela:
SINGULAR PLURAL
M F N M F N
N qui quae quod qui quae quae
A quem quam quod quos quas quae
G cuius cuius cuius quorum quarum quorum
D cui cui cui quibus quibus quibus
AB quo qua quo quibus quibus quibus
39
Como se vê, agora são quarto versos, dois dísticos elegíacos. As relações entre
as orações são praticamente as mesmas, tanto no latim como no português. Portanto, o
procedimento de tradução continuará o mesmo:
1. localizar o verbo;
2. identificar o aspecto, o modo, o tempo, a voz, a pessoa, o número;
3. localizar o sujeito desse verbo;
4. formar a oração com os termos do predicado;
5. relacionar essa oração à seguinte, na formação do período.
Possum, potes; posse; potui: poder. Vna ... una: uma ... outra.
Começando pelo verbo, memini é verbo defectivo, ou seja, não possui todas as
formas. Na verdade, todo o sistema do infectum não é usado; só se emprega o
perfectum. No entanto, em português se traduz pelo presente. Vejamos sua conjugação,
no indicativo presente (eu me lembro, tu te lembras ...):
Memini, meministi, meminit, meminimus, meministis, meminerunt.
No passado (eu me lembrava, tu te lembravas ...):
Memineram, memineras, meminerat, memineramus, memineratis,
meminerant.
No futuro (eu me lembrarei, tu te lembrarás ...):
40
Meminero, memineris, meminerit, meminerimus, memineristis,
meminerint.
No subjuntivo presente (eu me lembre, tu te lembres …):
Meminerim, memineris, meminert, meminerimus, memineristis,
meminerint.
No passado (eu me lembrasse, tu te lembrasses …):
Meminissem, meminisses, meminisset, meminissemus, meminissetis,
meminissent.
No imperativo (lembra-te, lembrai-vos):
Memento, mementote.
No infinitivo (lembrar-se):
Meminisse.
Essas são as formas possíveis desse verbo. Então, a expressão si memini se
traduz ‘se eu me lembro’, como uma oração subordinada adverbial condicional.
Quanto ao segundo verbo fuerant, trata-se do verbo ser no indicativo passado
do perfectum (pretérito mais-que-perfeito do indicativo):
Fueram, fuieras, fuerat, fueramus, fueratis, fuerant.
O nominativo sujeito referente a esse verbo é quattuor dentes. Portanto, pode-
se compor ‘quatro dentes foram/tinham sido’, sobrando tibi e Aelia, que é um vocativo
de Aelia, -ae (tema -a): nome próprio feminino, Élia.
Como o vocativo é apenas um chamamento, não fazendo parte da estrutura
lógica oracional, temos de relacionar o verbo com tibi, pronome pessoal de 2ª pessoa do
singular, no dativo. Para isso, é necessário conhecer a tabela de declinação dos
pronomes pessoais de 1ª e 2ª pessoa:
1ª Pessoa 2ª Pessoa
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
N Ego Nos Tu Vos
A Me Nos Te Vos
G Mei Nostri Tui Vestri
D Mihi Nobis Tibi Vobis
AB Me Nobis Te Vobis
41
No genitivo plural, nostrum ‘dentre nós’; uestrum ‘dentre vós’.
Relacionando então fuerant com tibi, obtém-se ‘foram para ti’, que pode ser
entendido ‘existiram para ti’, ou seja, o verbo ser associado a um dativo configura a
construção do dativo de posse. O período traduzido literalmente seria ‘Se eu me lembro,
Élia, existiam para ti quatro dentes’, que se pode dizer melhor ‘Se eu me lembro, Élia,
tu tinhas quatro dentes’, passando tibi do dativo de posse para o sujeito do verbo ter,
que tem como complemento ‘quatro dentes’, que em latim é sujeito do verbo ser.
Deve-se notar que fuerant está no perfectum, que em português se traduz foram
ou tinham existido; a tradução parece melhorar quando se emprega o infectum: existiam
para ti/tinhas. Isto se deve a que, em latim, memini só se emprega no perfectum, o que
força o emprego do mesmo aspecto na oração principal. Como empregamos, em
português, o aspecto inacabado com o verbo lembrar-se, também se mantém o mesmo
aspecto na posse.
No segundo verso, o verbo é expulit, que é 3ª pessoa do singular, indicativo
perfectum de expullƟre (notar o duplo l de todo sistema do infectum):
Expuli, expulis, expulit, expulƱmus, expulƯstis, expulerunt.
Essa conjugação se depreende pela observação da tabela dos verbos da 3ª
declinação (-Ɵre), voz ativa, no aspecto perfeito.
Antes de buscar o sujeito desse verbo, convém conhecer as declinações de dens,
dentis e de tussis, tussis:
Terceira Declinação – temas sonânticos em –i: *dentis > *dents > dens; deste
modo também mens, mentis: mente, espírito; frons, frontis: fronte; urbs, urbis: urbe,
cidade; mors, mortis: morte; sors, sortis: sorte, destino; etc.
Formas particulares: tussis, is (f): tosse; sitis, is (f): sede; etc.
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
N/V Dens Dentes Tussis Tussis
G Dentis Dentium Tussis Tussium
A Dentem Dentes/Dentis Tussim Tussis
D Denti Dentibus Tussi Tussibus
AB Dente Dentibus Tussi Tussibus
42
Como tussis é do gênero feminino, a ligação natural é una tussis, que forma o
sujeito-nominativo de expulit. Duos (acusativo, masculino, plural) deve-se referir a
dentes (masculino plural), que também pode ser dentis, conforme a tabela.
Então, podemos formar, na ordem direta:
Vna tussis expulit duos (dentis) et una (tussis expulit) duos (dentis).
Já vimos que o numeral unus, una, unum, quando vem sozinho com um
substantivo, se traduz por ‘um só, uma só, uma só coisa’; mas, quando vem seguido de
et (conjunção coordenativa ‘e’) e sua repetição (unus et unus, una et una, unum et
unum), caracteriza a coordenação disjuntiva: ‘um e outro’, ‘uma e outra’, ‘uma e outra
coisa’. Assim, pode-se traduzir:
Uma tosse expeliu dois dentes, e outra (tosse expeliu) dois (dentes).
Como se vê, trata-se de mais uma sátira ou brincadeira que o poeta faz, embora
em dísticos elegíacos, devidamente metrificados.
Para reforçar o estudo dos verbos, convém conjugar expellƟre no indicativo, em
todos os tempos e em ambos aspectos, na voz ativa e passiva. O modelo será legƟre;
deve-se atentar à variação de tema do infectum, com ‘ll’, e do perfectum,com ‘l’. As
primeiras pessoas são: expello, expellor; expellebam, expellebar; expellam, expellar;
expuli, expulsus sum; expuleram, expulsus eram; expulero, expulsus ero.
Continuando a tradução, o terceiro verso apresenta potes, 2ª pessoa do indicativo
presente, infectum, de possum, posse; potui: ‘poder’, que se constrói com o tema do
verbo esse ‘ser’ acrescentado a pot-, formando pot-sum > possum, pot-es > potes etc.;
no perfectum, pot-fui > potui, pot-fuisti > potuisti etc. Vejamos sua conjugação:
43
Infectum
INDICATIVO SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO PRESENTE PASSADO
(posso) (podia) (poderei) (possa) (pudesse)
possum poteram potero possim possem
potes poteras poteris possis posses
potest poterat poterit possit posset
possumus poteramus poterimus possimus possemus
potestis poteratis poteritis possitis possetis
possunt poterant poterunt possint possent
Perfectum
INDICATIVO SUBJUNTIVO
PRESENTE PASSADO FUTURO PRESENTE PASSADO
(pude) (pudera) (terei podido) (tenha podido) (tivesse podido)
potui potueram potuero potuerim potuissem
potuisti potueras potueris potueris potuisses
potuit potuerat potuerit potuerit potuisset
potuimus potueramus potuerimus potuerimus potuissemus
potuistis potueratis potueritis potueritis potuissetis
potuerunt potuerant potuerint potuerint potuissent
44
O adjetivo de primeira classe secura ‘segura’ também se refere a Élia, na função
de predicativo do sujeito. O substantivo diebus, ablativo plural da 5ª declinação, tem
tema –e e apresenta a seguinte declinação:
SINGULAR PLURAL
N Dies Dies
V Dies Dies
A Diem Dies
G Diei Dierum
D Diei Diebus
Ab Die Diebus
A quinta declinação apresenta um número muito reduzido de palavras,
comparando-se às três primeiras. O mesmo acontece com a quarta declinação, cujos
modelos são:
a- gradus, -us (m): passo; grau;
b- manus, -us (f): mão;
c- genu, -us (n): joelho.
SINGULAR PLURAL
NEUTR MASCULIN FEMININ NEUTR
MASCULINO FEMININO O O O O
N Gradus Manus Genu Gradus Manus Genua
V Gradus Manus Genu Gradus Manus Genua
A Gradum Manum Genu Gradus Manus Genua
G Gradus Manus Genus Graduum Manuum Genuum
D Gradui Manui Genui Gradibus Manibus Genibus
Ab Gradu Manu Genu Gradibus Manibus Genibus
45
Iam potes tussire secura totis diebus.
Com o vocabulário e o estudo das palavras relacionadas, podemos traduzir:
Já podes tossir segura todos os dias.
No quarto e último verso, há dois verbos: agat e habet. Este já conhecemos do
primeiro poema traduzido. Aquele, segundo o vacabulário, é da 3ª conjugação e segue o
modelo de legƟre. Portanto, seu modo é subjuntivo, no infectum, e sua conjugação é:
Agam, agas, agat, agamus, agatis, agant.
Resta saber qual é o sujeito de cada um. Tertia tussis está no nominativo
singular; nil e quod, como neutros, podem ser ou nominativo ou acusativo.
Quando houver tal dúvida, o melhor é traduzir na ordem latina, para depois
ordenar em português. Assim, ‘nada aí que leve terceira tosse há’.
Se relermos o poema em latim, podemos ordenar o quarto verso:
Nada há aí que uma terceira tosse leve.
De fato, parece haver coerência, pelo que se entendeu dos versos anteriores.
Pois, se duas tosses expeliram dois dentes, e outras duas mais dois, então nada haverá
que uma terceira tosse possa levar.
Como se vê, o trabalho de tradução requer consentração e raciocínio lógico. Não
basta saber o significado das palavras, é preciso pensar a melhor forma de empregar os
recursos da língua, pois essa é a marca do escritor.
Para pôr em prática tudo isso, devemos verter ao latim:
1. Duas tosses expeliram os dentes de Élia, que tinha quatro dentes.
2. Os quatro dentes foram expelidos por duas tosses.
3. Uma tosse expelirá quatro dentes.
4. Dois dentes serão expelidos por uma tosse.
5. Élia nada tem que uma terceira tosse leve.
É dever do aluno tentar fazer todo o exercício antes de verificar as respostas,
pois o entendimento desses pontos são aproveitados na próxima tradução.
1. Duae tussis expulerunt dentis Aeliae, quae habebat quattuor dentis. A oração
relativa pode-se verter também assim, no dativo de posse: ‘cui erant quattuor dentes’.
2. Quattuor dentes expulsi sunt a duabus tussibus. No perfectum, a voz passiva
se faz com o particípio passado passivo, que possui gênero e número, como os
46
adjetivos, e com o verbo ser, conjugado ou no presente ou no passado ou no futuro. O
agente da passiva se emprega no ablativo.
3. Tussis expelet quattuor dentis.
4. Duo dentes expellentur a tussi.
5. Aelia nil habet quod tertia tussis agat.
Note-se que cada processo da tradução é ressaltado pela versão. É necessário que
tudo esteja bem entendido e executado, desde a conjugação verbal, que se deve fazer
tantas vezes quantas forem necessárias, até a estruturação do poema todo, que exige
concentração e empenho em cada fase.
Na parte final deste trabalho, faremos a tradução de alguns trechos de Caio Túlio
Cícero (106 – 43 a. C.):
47
O trabalho de tradução deve seguir o mesmo procedimento.
No período composto deve-se atentar à separação das orações e à relação entre
elas. Para isso, é necessário identificar os verbos, determinando sua forma e sentido.
Em primeiro lugar aparece est, que já se conhece, formando a primeira oração
‘ótimo é o orador’. Em seguida vem dicendo, que é uma forma nominal do verbo
dicƟre, relativa ao gerúndio. Ao se observar o gerúndio pelo paradigma dos verbos da 3ª
conjugação (legƟre), verifica-se que essa forma de gerúndio é uma declinação do
infinitivo, que corresponde a um substantivo. Assim, pode-se declinar:
GERÚNDIO
Nominativo dice
re (dizer)
48
Temos a primeira parte traduzida assim: ‘Ótimo é o orador que, pelo
dizer, tanto ensina, quanto deleita, quanto comove os ânimos dos ouvintes’.
Na segunda parte, temos est, que se distribui a três orações coordenadas:
docere est debitum; delectare est honorarium e permouere est necessarium.
Então, pode-se traduzir: ‘Ensinar é um dever, deleitar é um brinde,
comover é necessário’.
Note-se que os infinitivos, como sujeitos gramaticais, deixam os
predicativos no gênero neutro.
Para exercício, devemos indicar a classe gramatical, o caso e a função
sintática de cada palavra:
1. optimus; 2. orator; 3 animos; 4. audientium; 5. debitum; 6.
honorarium; 7. necessarium; 8. qui.
Para responder é preciso declinar cada palavra; a classe gramatical é dada
na entrada lexical.
Respostas:
1. adjetivo, nominativo, predicativo do sujeito;
2. substantivo, nominativo, sujeito (de est);
3. substantivo, acusativo, objeto direto (de docet, delectat, permouet);
4. particípio presente ativo, genitivo, adjunto adnominal (de animos);
5. substantivo, nominativo, predicativo do sujeito (docere);
6. substantivo, nominativo, predicativo do sujeito (delectare);
7. adjetivo, nominativo, predicativo do sujeito (permouere);
8. pronome relativo, nominativo, sujeito (de docet, delectat,
permouet).
Verter ao latim:
1. O ânimo do orador é necessário aos ouvintes.
2. O bom livro é lido pelos bons alunos.
3. Lendo bons livros, a professora ensina e comove os alunos.
4. A fábula, que é lida pelo aluno, deleita os ânimos dos ouvintes.
5. O aluno, que lia as fábulas do livro, comovia os ânimos dos professores.
6. O aluno, que foi instruído pelos professores, leu bons livros.
É preciso conjugar todos os verbos exigidos na versão, no mesmo modo, tempo
e voz.
Respostas:
1. Animus oratoris est necessarius audientibus.
2. Bonus liber legitur a bonis discipulis.
3. Legendo bonos libros, magistra docet et permouet discipulos.
4. Fabula, quae legitur a discipulo, delectat animos audientium.
5. Discipulus, qui legebat fabulas libri, permouebat animos magistrorum.
49
6. Discipulus, qui docitus est a magistris, legit bonos libros.
Auaritia, -ae (f): avareza, cobiça, Negotium, -ii (n): ocupação, trabalho.
ganância.
Caput, capitis (n): cabeça; capítulo; o Pello, pellƟre; pepuli, pulsum: repelir;
principal. afastar.
Etiam (adv.): até mesmo. Procuratio, -onis (f): administração;
procuração.
In (preposição): em. Publicus, -a, -um: público, oficial.
Minimus, -a, -um: mínimo, -a. Suspicio, -onis (f): suspeita, suspeição.
50
SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL
N Procuratio Procurationes Suspicio Suspiciones
V Procuratio Procurationes Suspicio Suspiciones
A Procurationem Procurationes Suspicionem Suspiciones
G Procurationis Procurationum Suspicionis Suspicionum
D Procurationi Procurationibus Suspicioni Suspicionibus
AB Procuratione Procurationibus Suspicione Suspicionibus
A primeira oração não oferece dificuldade, devendo-se traduzir caput est por ‘o
principal é’. Em seguida vem uma longa expressão iniciada por in ‘em’, que indica
lugar; se ela for seguida de ablativo, a relação é de adjunto adverbial de lugar,
instrumento ou meio. De fato, procuratione é ablativo, o pronome indefinido omni
concorda em gênero (feminino), número (singular) e caso (ablativo). Como exercício,
podemos declinar a expressão omni procuratione:
SINGULAR PLURAL
N Procuratio ominis Procurationes omnes
V Procuratio omnis Procurationes omnes
A Procurationem omnem Procurationes omnes
G Procurationis ominis Procurationum omnium
D Procurationi omni Procurationibus omnibus
AB Procuratione omni Procurationibus omnibus
Capio, capƟre; cepi, captum: capturar; Opus (n. indecl.; na lococução opus esse):
tomar. ser preciso.
Existimo, -are; -aui, -atum: estimar,
Publicus, a, um: público; do povo.
considerar.
Insanus, a, um: insano, louco. Res, rei (f): coisa.
Loquor, loqui; locutus sum: falar. Seruus, -i (m): escravo, servo.
Oportet, oportƝre; oportuit: ser
Si (conjunção adversativa): se.
preciso, convir.
Oppressus, a, um: vencido. Taceo, -Ɲre; tacui, tacitum: calar, silenciar.
Opprimo, -Ɵre; oppressi, -essum:
Vero (adv.): com certeza, em verdade.
oprimir.
52
Em latim, quando se emprega o pronome pessoal, há um reforço, uma ênfase
sobre ele; em geral, não se emprega, pois o sujeito se mostra pela desinência dos verbos.
Desse modo, a expressão ego uero qui pode-se traduzir por ‘eu mesmo, na verdade,
que’ ou ‘ eu mesmo com certeza que’. É preciso identificar os verbos, suas formas e
seus respectivos sujeitos.
Como essa construção pode oferecer mais dificuldades, pode-se observar que as
conjunções se relacionam a verbos conjugados, bem como os pronomes relativos. A
primeira conjunção si está relacionada a loquor, forma verbal que só se usa na voz
passiva, ou seja, não há voz ativa, em todos os modos e tempos conjugados. Esses
verbos são ditos depoentes: forma passiva e significado ativo.
Na verdade, o paradigma que lhe correspondente é legor (sou lido), da 3ª
conjugação regular; para facilitar o entendimento, apresenta-se aqui sua conjugação
completa:
INFECTUM
INDICATIVO SUBJUNTIVO IMPERATIVO
Presente Passado Futuro Presente Passado Presente
(falo) (falava) (falarei) (fale) (falasse)
Loquor Loquebar Loquar Loquar Loquerer
Loqueris Loquebaris Loqueris Loquaris Loquereris Loquere
Loquitur Loquebatur Loquetur Loquatur Loqueretur
Loquimur Loquebamur Loquemur Loquamur Loqueremur
Loquimini Loquebamini Loquemini Loquamini Loqueremini Loquimini
Loquuntur Loquebantur Loquentur Loquantur Loquerentur
53
havendo de falar). Há ainda o gerundivo, adjetivo verbal que exprime dever:
loquendus, a, um (que deve ser falado).
No gerúndio, como declinação do infinitivo loqui, há o genitivo loquendi, o
acusativo loquendum, o dativo e ablativo loquendo.
PERFECTUM
INDICATIVO SUBJUNTIVO
Presente Passado Futuro Presente Passado
(falei) (falara) (terei falado) (tenha falado) (tivesse falado)
Locutus sum Locutus eram Locutus ero Locutus sim Locutus essem
Locutus es Locutus eras Locutus eris Locutus sis Locutus esses
Locutus est Locutus erat Locutus erit Locutus sit Locutus esset
Locuti sumus Locuti eramus Locuti erimus Locuti simus Locuti essemus
Locuti estis Locuti eratis Locuti eritis Locuti sitis Locuti essetis
Locuti sunt Locuti erant Locuti erunt Locuti sint Locuti essent
54
A pontuação ajuda a perceber a ordem sintática, pois as orações condicionais estão
separadas por vírgulas. Falta ainda determinar o verbo da oração que subordina a
primeira condicional. Na seqüência, vem outra condicional: si quod opus est, em que
fica implícito o verbo loquor, da condicional anterior, além da expressão de re publica.
Então, pode-se traduzir por ‘se (falo) o que é preciso (sobre o governo)’. Como em
português, as expressões usadas antes não se repetem, como veremos na tradução final.
Seguindo-se a isso vem outro adjetivo de 1ª classe seruus, com a mesma função
do primeiro e no mesmo caso; só aí aparece o verbo relacionado a esses adjetivos,
predicativos do sujeito, que se refere a qui: existimor, infectum, indicativo, presente,
voz passiva, da primeira conjugação, como se observa no vocabulário. Se o verbo
existimo significa ‘considero’, existimor significa ‘ sou considerado’.
Portanto, retomando-se todo o período traduzido, teremos: ‘Sou eu mesmo que,
se falo do governo o que convém, sou considerado louco, se falo o que é preciso, sou
considerado escravo ...’. Para se conservar as elipses do texto original, pode-se traduzir
assim: ‘sou eu mesmo que sou considerado louco, se falo do governo o que convém,
escravo, se o que é preciso, ...’.
Falta ainda a última condicional do período si taceo ‘se calo’, que deixa
implícita a expressão de re publica. Na seqüência, a expressão coordenada oppressus
et captus, em que há dois particípios passados passivos de opprimo e de capio,
respectivamente; ou seja, considerando-se o mesmo verbo existimor, pode-se traduzir
‘se calo, sou considerado vencido e capturado’.
É importante conjugar todos os verbos que possam causar alguma dúvida. A
tradução em si é bem simples, mas a forma final do texto requer capacidade de articular
o pensamento. A tradução final nunca é final. Um texto assim pode ter uma forma
variada de tradução, dependendo do gosto e tendência do tradutor. No entanto, deve-se
ressaltar que a correção tem preferência sobre o estilo, pois o texto é de Cícero, e não do
tradutor. Assim, retomando as partes traduzidas, teremos: ‘sou eu mesmo que sou
considerado louco, se falo do governo o que convém, escravo, se o que é preciso, si
calo, vencido e capturado’.
A respeito desse texto, façamos um exercício de versão:
1. É preciso falar sobre o governo o que convém.
55
2. Calaremos sobre o governo o que não convém a nós.
3. Falaremos sobre o governo o que convém a vós.
4. Era preciso falar o que convinha a todos.
Respostas:
1. Opus est loqui de re publica quod oportet.
2. Tacebimus de re publica quod non oportet nobis.
3. Loquemur de re publica quod oportet uobis.
4. Opus erat loqui quod oportebat omnibus.
56
1. Caput tibi est ut loquaris quod oportet omnibus.
2. Opus erat loqui ut boni discipuli legebant bonos libros.
3. Oportet ut orator loquatur quod opus est omnibus audientibus.
4. Caput est ut, legendo bonos libros, magister docet discipulos.
5. Non oportet ut discipulus legat unum librum.
6. Magister legit unum librum discipulis. Qui magister? Magister qui habet
unum librum/Magister cui est unus liber (dativo de posse).
7. Magister legebat unum librum discipulis. Quem librum? Librum fabularum.
8. Magister leget unum librum discipulis. Quibus discipulis? Discipulis qui
habent unum librum/Discipulis quibus est unum liber (dativo de posse).
9. Bonus liber lectus est a magistro omnibus discipulis. Qui bonus liber? Bonus
liber fabularum.
10. Bonus liber fabularum lectus erat a magistro discipulis. A quo magistro? A
magistro qui habebat unum librum/A magistro cui erat unus liber (dativo de
posse).
11. Boni libri fabularum lecti erunt a magistro discipulis. Quibus discipulis?
Discipulis qui habent unum librum/ Discipulis quibus est unus liber (dativo
de posse).
12. Aelia expulit quattuor dentis cum duabus tussibus. Quae Aelia? Aelia quae
habebat quattuor dentis/ Aelia cui erant quattuor dentes (dativo de posse).
Com isso se completa o primeiro ciclo do aluno de latim. Não se deve pensar
que um segundo ciclo seria muito mais difícil, pois o segundo ciclo consiste no estudo
constante, na tentativa de traduzir os textos literários. Toda a base da língua está contida
nestas páginas que permitirão ao aluno avançar no estudo do latim, com eficiência.
É claro que não se formam latinistas em um semestre letivo; nem mesmo dois,
três ou mais semestres serão suficientes para isso. Então, com uma boa base, cada aluno
poderá avançar tanto quanto a vida possa exigir dele, sem necessidade de um curso
regular que muitas vezes repete semestre a semestre a mesma teoria inicial.
Para esse aprendizado avançar, é indispensável uma boa gramática latina, além
de um bom dicionário de latim. Assim, damos umas referências:
57
Maia Junior, Juvino Alves. Latim: teoria e prática nos cursos universitários. João
Pessoa: Idéia/Editora Universitária, 2007.
Torrinha, Francisco. Dicionário latino/português. Porto: Marânus, s. d.
Faria, Ernesto. Dicionário escolar latino/português. Rio de Janeiro: MEC, s. d.
___________. Gramática da língua latina. Brasília: Fundação de Assistência ao
Estudante, s. d.
Saraiva, F. R. dos Santos. Novíssimo dicionário latino/português. Rio de Janeiro:
Garnier, s. d.
Observação: as referências sem data de edição podem nem estar disponíveis para
compra, como livros novos; no entanto elas são adquiridas em sebos, ou seja, em
livrarias de livros usados. Como a maior parte dos meus livros adquiri assim,
desconheço a data da última edição deles. De todo modo, evidencia-se a notória
escassez de livros de latim no Brasil.
58