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escreve-hq-para-se-aproximar-dos-alunos
Educação Prisional
Professor escreve HQ
para se aproximar dos
alunos
Ao lado de outros educadores, o docente, que coordena
escolas prisionais em Cuiabá, cria personagens que
engajam e motivam os jovens que cumprem pena
Beatriz Vichessi
Quando foi trabalhar com Educação prisional, há três anos, Afonso Nogueira
nunca tinha ouvido falar de classes em presídios. Ao assumir a coordenação
pedagógico da EE Nova Chance, em Cuiabá, porém, notou que a escola
incentivava práticas que privilegiam a interdisciplinaridade e o respeito à
diversidade. “Queremos que a Educação das pessoas privadas de liberdade
seja, de fato, eficiente, significativa e ressocializadora”, diz. A escola atende
entre 3,2 mil e 3,5 mil estudantes distribuídos em 48 unidades prisionais do
Mato Grosso. Ao se aproximar do universo das celas, Afonso teve uma ideia:
usar histórias em quadrinhos (HQs). “Criei um personagem com histórias que
têm a ver com o contexto de vida da turma. Assim surgiu Bereu em
Quadrinhos”, lembra ele, que elabora as tirinhas com os educadores. O termo
“bereu” foi escolhido para se aproximar da linguagem dos jovens e adultos: é
usado pelos presos para se referir a pedaços de papel que usam para se
comunicar. O cenário das HQs são sempre as grades de uma cela. E o
personagem é anônimo - só as mãos e os olhos aparecem. O processo
incentivou a empatia: os educadores passaram a observar os estudantes mais
de perto e a fazer perguntas sobre suas vidas. As informações viram insumos
para as histórias, facilitando a identificação com o personagem. A iniciativa deu
certo e aumentou a frequência e o interesse dos alunos. “Eles se veem no lugar
do Bereu, e isso faz toda a diferença para a aprendizagem. Também estão mais
participativos”, conta. Hoje, Bereu é trabalhado com 800 alunos, que também
ajudam a criar as histórias. “Eles passam a se sentir parte da construção do
material, valorizam mais e se empenham na resolução das atividades”,
comemora Afonso.
Qual é a técnica?
Divida autorias
Pergunte aos alunos sobre
suas habilidades para
contribuir com o material.
Quem gosta de desenhar, por
exemplo, pode fazer as ilustrações.
PALAVRA DO ESPECIALISTA
Por que os materiais didáticos devem dialogar com a realidade dos
alunos, segundo o coordenador e professor Claudio Bazzoni
Análise de tirinhas
Bereu em Quadrinhos
Desafios matemáticos