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CURSO LIVRE

PSICOTERAPIA HOLÍSTICA
MÓDULO II
PERSONALIDADE
Fernando Martins
Terapeuta Holístico CRT 37.039
ofernando@globo.com

Neste segundo módulo faremos um amplo estudo sobre a


personalidade, suas nuances, características, para entrarmos na temática
principal que são suas estruturas de defesa e como compreende-las e
conseqüentemente, lidar com elas para nosso próprio crescimento como
pessoa ou para orientar nossos futuros clientes.

PERSONALIDADE
Buscar definir o que seja a personalidade é tarefa delicada por
conta da natureza da matéria. São várias teorias e muita controvérsia em
relação ao tema.
Uma corrente promove a idéia de que todos os seres humanos
nascem com capacidades potenciais iguais e que a diferença entre eles, vai
ocorrendo conforme as influencias ambientais.
Nesta corrente, o que diferenciaria Einstein, por exemplo, dos
demais seres humanos seriam as circunstâncias do meio ambiente onde ele
se desenvolveu.
Outra corrente promove a idéia de que a personalidade é formada
a partir da constituição biológica do individuo, onde a genética não definiria
tão somente os aspectos físicos constituintes do individuo como cor dos
olhos ou cabelos, mas também, determinaria seu temperamento e demais
traços de sua personalidade.
São dois extremos os quais podemos unir em equilíbrio, ou seja,
a personalidade seria o conjunto de características no interior de nosso ser,
formado a partir de nossa herança genética, de nossas vivencias únicas e
da forma que percebemos o mundo, capazes de tornar cada ser humano
único em seu modo de ser e de interagir com a sociedade em que se insere.
Voltemos então ao tema central que é a promoção do auto
conhecimento de nosso cliente ou de nós mesmos. Vemos que baseado na
definição do que seja personalidade, buscando harmonizar duas correntes,
temos como um dos pontos principais na formação desta, as forças do
contexto social em que estamos inseridos, forças estas que agem de forma
benéfica ou maléfica, a partir do nosso modo de ver e interagir com este
mesmo contexto social.
Conforme for este olhar, o indivíduo terá reações e padronizações
de comportamento que irão marcar a sua conduta diante do mundo e de si
mesmo. Por vezes, esta conduta nos leva a sofrimentos que poderiam ser
evitados, mas que no modo contínuo de nossa conduta, vão sendo
cristalizados afetando nosso psiquismo, criando um desequilíbrio energético,
nos fazendo por vezes adoecer fisicamente.
A estas condutas chamaremos de estruturas defensivas e é sobre
estas estruturas que falaremos a seguir. Nos pautaremos na conceituação
dada por Alexander Lowen, criador da terapia Bioenergética, uma técnica
terapêutica que alia princípios da Psicanálise com um trabalho a nível
somático.

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ANÁLISE ESTRUTURAL
Lowen utiliza cinco termos para identificar cinco grupos distintos
de estruturas (padrões).
OBS: Os termos utilizados por Lowen encontram semelhanças em
termos utilizados na psiquiatria e na verdade, a princípio, tem em seu
entendimento, uma base correspondente, mas devemos ter cuidado a
utilizar os termos uma vez que estes são mais conhecidos por seus
significados na psiquiatria ou psicanálise, o que pode até mesmo chocar a
leigos em nossa temática ao ouvi-los em um consultório, por exemplo.
Penso até mesmo em que o aluno poderá se chocar em um primeiro
momento ao ler os termos, seus significados e perceberem algum
enquadramento nestas características, mas digo, que tudo isto faz parte do
processo de aprendizado desta técnica que assim como as demais exigem
por conta do bom senso, e no caso específico da Psicoterapia Holística, por
artigo no nosso código de ética, que nos utilizemos dela antes de a
utilizarmos em outras pessoas.
Estes termos são referências e ao lado de cada uma serão
utilizados termos que o caracterizam como bem fez Luis Antonio Berto, que
desenvolve estudos sobre a Terapia Energética.

ESQUIZÓIDE – que chamaremos aqui de DESCONECTADO, ou


seja, que se “desliga”, distrai, “viaja”.
ORAL – que chamaremos aqui de CARENTE, ou seja, que sente
um desamparado.
PSICÓTICO – que chamaremos aqui de CONTROLADOR, ou seja,
que busca dominar.
MASOQUISTA – que chamaremos aqui de INVADIDO, ou seja,
que sofre opressão.
RÍGIDO – que manteremos aqui o termo, ou seja, que gera
tensão.

É importante saber que estes padrões de defesa podem tanto ter


sido gerados por vivencias traumáticas como pelo fato de ao longo da
história pessoal do individuo terem sido atitudes que serviram de exemplo e
que o individuo utiliza-se de forma sistemática, se cristalizando como o
procedimento padrão.
Estamos aqui falando de padrões de comportamentos que se
manifestam de forma inconsciente. Aponta-lo ao individuo e faze-lo
percebe-los de forma consciente, é o primeiro passo para lidarmos com eles
e conseqüentemente, transforma-los.
Percebe-las possibilitará ao individuo tomar atitudes diante delas,
em um processo que veremos mais adiante no curso e que chamamos de
Expansão da Consciência.

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Como vimos no módulo anterior, na infância, as posturas


defensivas se manifestam sobre tudo no corpo. Por vezes, estas defesas são
úteis para o próprio bem estar da criança, o que não ocorre na fase adulta,
pois teremos aí uma fixação em atitudes com características infantis e que
não são adequadas nem pertinentes à fase adulta. Pois estas atitudes
agirão como limitadores do auto-desenvolvimento do individuo sobre vários
aspectos. Os desafios devem ser enfrentados e é este enfrentamento que
vai nos amadurecendo e nos fazendo tomarmos posturas que não por outro
motivo são chamados de atitudes maduras diante das situações da vida.
Deves perceber caso esteja desde já utilizando este estudo para
seu autoconhecimento ou formando um saber para futuramente lidar com
clientes, que é bem difícil o individuo não se apegar a padrões de defesa,
visto que assim como na visão infantil, ele ainda vê benefícios em continuar
as utilizando, sem se dar conta, no quanto o limita quanto pessoa e quantos
malefícios podem não só causar a si mesmo como aos outros.
Vamos agora pontuar cada padrão, apontando suas
características e a distorção de percepção em relação ao mundo que cerca
este indivíduo. É a partir destas informações que o terapeuta poderá
começar a construir uma programação de atividades que irá promover as
mudanças de comportamento no cliente ou em você mesmo.

DESCONECTADA
Temos como característica principal no comportamento deste
indivíduo o “ser desligado”. Esta postura é conseqüência de uma
insegurança em relação ao enfrentamento de uma realidade que nem
sempre se apresenta de forma agradável. A hostilidade do mundo e a falta
(que ela imagina ter) de tato no trato com esta realidade, a faz não querer
tomar consciência dos fatos da vida.

CARENTE
Temos como característica principal no comportamento deste
indivíduo uma fragilidade que parte claramente de uma postura
infantilizada. Crê piamente que sua visão de mundo é clara e que ele é uma
vitima tão hostil este mundo se apresenta. Descobrir a criança que temos
em nós faz parte inclusive do processo de amadurecimento, mas
acreditarmos sermos frágeis como uma criança e esquecermos o adulto que
nós somos pode trazer problemas e os trazem.

CONTROLADORA
Temos como característica principal no comportamento deste
indivíduo à crença de que ele é um grande guerreiro com batalhas infindas
a lutar e que a vida é assim mesmo, um grande mar de problemas (e que
quando não existe ele cria) e as pessoas a sua volta são seus escudeiros
neste empreitada. Daí o convívio com os outros ser bastante difícil, pois
nem sempre estes querem seguir “suas ordens”, “suas verdades”, o que é

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um absurdo para ele, pois ele tem o “poder total”, o “saber total”, enfim,
ele é o senhor de seu destino e também dos outros.

INVADIDA
Temo como característica principal no comportamento deste
individuo, a interiorização excessiva, uma postura de quietude, mas não de
serenidade e sim, de um sofrimento por conta de uma posição de baixa
auto-estima. Não se abrem ao mundo por medo de se tornarem vitimas
destes. Controlados, “invadidos” em sua privacidade, descobertos em suas
dificuldades.

RÍGIDA
Temos como característica principal no comportamento deste
individuo, um conservadorismo excessivo, onde qualquer mudança no modo
de vida e em suas crenças não é bem vindo. Vive num mundo de
aparências onde tudo estará sempre em ordem e bem se nada mudar. Não
existe autenticidade na sua fala e no seu pensar, mas tão somente, a busca
de manter-se sempre com o que se diz ser politicamente correto.

EXERCÍCIO DO TÓPICO
Abaixo uma situação de consultório. Leia atentamente, aponte o
padrão de comportamento predominante e faça um sucinto relatório sobre
sua observação.
Madame Z chega esbaforida ao consultório. Senta-se irrequieta
diante de você. Você prepara para iniciar a anamnese e pergunta o que a
trouxe ali.
Madame Z diz: Ando muito tensa ultimamente. Sou sozinha para
criar duas filhas e o senhor sabe como são filhas mulheres, temos que estar
sempre de olho. Uma delas é obediente, mostra que respeita a mãe. É uma
filha muito querida e respeitadora. Aconselhei-a prestar este vestibular que
vem para medicina e ela já fez até a inscrição, mas a outra não, quer
porque quer fazer veterinária. Veja se isto é possível? Já não bastasse eu
ter que manter uma casa sozinha, trabalhar fora, ser dona de casa, ainda
tenho que conviver com esta menina desobediente. Não tenho nem paz no
trabalho, pois tenho que ficar ligando de hora em hora para ela para saber o
que ela está fazendo, pois é muito triste uma mãe não pode confiar na filha.
Ela não reconhece o valor que eu tenho, toda a luta para dar do bom e do
melhor. Daí que venho percebendo uma tensão muito grande nos últimos
tempos e me recomendaram o senhor. O senhor sabe que eu tenho razão
de estar assim, certo?
R.: Tendência CONTROLADORA, pois as pessoas a sua volta são a favor ou
contra suas ideias, e como guerreira experiente conduz os caminhos dos
que estão a sua volta. Fica presa o tempo todo em controlar as pessoas e
esquece de si, vivendo numa tensão exaustiva.

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Características psicossomáticas
Segundo Lowen temos que estas defesas são manifestações
muito fortes de nosso inconsciente. Daí importantes de serem percebidas
pelo terapeuta visto que todos nós somos influenciados por estas
elaborações de nosso inconsciente e que acarretam posturas
comportamentais que fogem de nosso entendimento, muitas vezes gerando
padrões negativos de ação e reação diante de nós mesmos e dos outros.
Estes padrões criam por vezes falsas crenças, mas que absorvemos como
verdades absolutas prejudicando nossa atuação no mundo.
Observações importantes para o terapeuta
As características que serão apresentadas serão agrupadas por
cada padrão de defesa e o terapeuta deverá utiliza-las para ir pontuando as
características apresentadas pelo cliente ou por ele mesmo, caso em
processo de auto-conhecimento.
Todos nós apresentamos uma determinada combinação destas
características, sendo que, a predominância de um grupo de características
que dará a identificação do padrão aliado as características gerais
apresentadas anteriormente.
Ao avaliar cada item e sua manifestação atente que a vivencia
real do fato não é tão relevante quanto à experiência de sensação do fato.
Um exemplo para ficar claro: “alguém que não sofreu uma humilhação, mas
se sente humilhada” ou “alguém que esta presente entre pessoas
desconhecidas e que não estão lhe dando nenhuma atenção, mas que ela
sente que estão a observando ou mesmo fazendo comentários negativos
sobre sua pessoa”.
O desenvolvimento deste trabalho de percepção por parte do
terapeuta demanda vivência de consultório, daí a importância dele se auto
avaliar antes de qualquer coisa e freqüentemente, realizar auto analises de
manutenção.
O terapeuta irá trabalhar de forma a avaliar quantitativamente e
qualitativamente cada item apresentado. Como quantitativo devemos
entender o anotar direto a quantidade de itens apresentados em cada
padrão. Como qualitativo, a forma de percepção consciente do cliente.
Neste caso, volto a dizer que é um trabalho que demanda vivência e que ao
longo do tempo, vai se aprimorando, visto que muitas vezes, o cliente
deixará claro para o terapeuta existirem em seu comportamento,
determinadas características e outras não, sendo expressas através de atos
falhos.
OBS Ato falho sendo a fala ou gesto que a princípio mostra-se
fora de contexto, mas que nada mais é do que uma expressão do
inconsciente – ex. você pergunta ao cliente se ele se sente sozinho e ele diz
para você: não pai ou você pergunta se ele se sente bem fisicamente e ele
ao mesmo tempo em que diz que sim leva a mão ao abdômen.

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Feito a avaliação, o terapeuta terá material para começar o


processo de aconselhamento, estimulando o cliente a refletir sobre as
características que foram apresentadas.
Segue abaixo a tabela com várias características baseada na
pesquisa de Brennan Perceba que ao lado existe uma coluna onde você
poderá ir marcando ao longo da entrevista de avaliação, as características
manifestadas. Ou seja, as tabelas abaixo podem ser impressas e
xerocopiadas para sua utilização não só para auto-avaliação, mas também
para os futuros clientes.

DESCONECTADO

Hiperflexível ;

Rosto com aparência de máscara;


Olhos vazios, sem vivacidade;
Braços pendidos como apêndices (e não como extremidades...);
Pés revirados;
Senso de si inadequado, falta de identificação com o corpo.
Sentimento de desconexão e desintegração;
Tendência a evitar relacionamentos íntimos e afetuosos;
Rejeição materna no começo da vida (consciente ou inconsciente /
voluntária ou acidental);
Terrores noturnos na infância;
Conduta não-emocional e retraimento, crises de raiva;
Atua tentando chamar a atenção exageradamente;
Intensa vida de fantasia; Inteligência abstrata;
Acha o mundo físico perigoso e aterrador;
Corpo fraco e sensível;
Medo constante / freqüente;
Torção na postura física (normalmente com cabeça, tronco e pernas
formando ângulos entre si em situações de tensão);
Discrepância entre as duas metades do corpo (falta de integração
entre as partes superior e inferior ou esquerda e direita);
Vontade própria flutuante, sem coesão geral;
Tensões musculares crônicas situadas na base da cabeça, ombros,
pelve e articulações dos quadris;
Atitudes antagônicas (arrogância com abnegação; atitude de "virgem"

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com comportamento devasso; etc...);

CARENTE

Crescimento linear (corpo longo e esguio e falta tônus à musculatura);


Tendência à miopia;
Fraqueza;
Tendência em depender dos outros;
Sensação interna de precisar ser carregado, apoiado, cuidado;
Falta de satisfação no período da infância;
Baixa energia para o trabalho;
Nível de excitação genital reduzido;
Musculatura subdesenvolvida, mais nitidamente nos braços e pernas
(pernas dando impressão de não sustentarem devidamente o corpo);
Pés estreitos e pequenos;
Corpo evidenciando tendência a escorregar;
Incapacidade de ficar sozinho;
Alternância de humor entre depressão e elevação/sublimidade;
Tendência à depressão;
Perda, na fase inicial de vida, de uma figura calorosa e amiga Obs.:
(mãe deprimida não tem condições de estar disponível para seu filho).
Experiências de desapontamento no início da vida, não tendo obtido
contato, calor humano e apoio com pai, irmãos e irmãs;
Episódios depressivos ao final da infância e/ou início da adolescência;
Ações medidas e comparadas a outras pessoas (essa competitividade
leva ao distanciamento dos outros...)
Complexo de inferioridade e/ou sensação de não estar sendo tudo o
que pode ser, estar abaixo de sua potencialidade.
Necessidade / sensação desproporcional (exagerada) de
reconhecimento, esperando que alguém irá descobrir seu real valor e
oferecer a chance e a posição que realmente merece.

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CONTROLADORA

Parte superior do corpo dando a impressão de estar cheia de ar;


Hiperexcitação da capacidade mental.
Olhos atentos e desconfiados;
Cabeça muito erguida;
Tensões no segmento ocular e na base do crânio;
Disputa pelo domínio entre pais e filhos em sua história pregressa;
Procura fazer com que os outros sempre precisem dele;
Evita expressar que precisa dos outros;
Pai ou mãe sexualmente sedutor;
Padrão de procura de relacionamentos baseado na regra de assumir
um papel inicial de submissão, subvertendo essa relação quando o
vínculo estiver forte, emergindo dominação e/ou sadismo;
Experiências na infância de manipulação sedutora e de inconsistência
no comportamento de adultos próximos (ex.: pai que alternadamente
agrada e rejeita a filha);
Essência forte, abundância de energia, habilidade executiva, talento
para inovação e criação;
Debilita os outros com aproximações sedutoras, principalmente
pessoas ingênuas;
Não admite nem permite a ocorrência de fracasso;
Em caso de fracasso coloca-se na posição de vítima;
Tem de ser sempre o vencedor de todas as disputas;
Emprega a sexualidade no jogo pelo poder;
Prazer dentro da atividade tem importância secundária em relação ao
desempenho próprio ou à conquista;
Tendência a roncar e/ou ter insônia.

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INVADIDA

Pelve projetada para frente, com encurtamento para cima e


achatamento das nádegas (lembra a figura do cão com o rabo entre as
pernas);
Agressão reduzida;
Auto-afirmação reduzida;
Conduta provocativa;
Procura reagir violenta e explosivamente em situações sexuais;
Ações expressivas limitadas;
Tendência à ansiedade, especialmente de ser "castrado" (em atitudes,
idéias, aproximações etc);
Crescimento num lar com amor e aceitação, ao lado de repressão
severa;
Mãe dominadora e sacrificando-se, gerando o sentimento de sufocação na
criança;
Pai passivo e submisso;
Criança sentindo-se culpada em qualquer tentativa de declarar sua
liberdade ou de afirmar sua atitude, quando negativa;
Atitudes de resistência e birras esmagadas;
Sentimento de ser ludibriado;
Medo de rejeição;
Claramente invadido quando criança (pais empurravam comida boca à
dentro; exigiam beijos e abraços etc);
Bloqueios: parte superior do tórax; coxas; nádegas; virilhas; joelhos; barriga
da perna.
Sofre, mas é incapaz e alterar a situação;
Tendência à submissão e cordialidade; lamenta-se se queixa, mas permanece
submisso;
Medo de explodir;

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RÍGIDA

Tendência a se manter ereto;


Medo de ceder;
Entende que se submeter significa perder-se completamente;
Sente passividade como sendo vulnerabilidade.
Sempre alerta para situações onde possa ser usado ou enganado;
Forte ego;
Orgulhoso;
Elevado teor de controle comportamental;
Testa a realidade antes de agir;
Sentimentos fluem, mas com manifestação limitada;
Tensão nos músculos longos do corpo;
Dado a gozos ou prazeres materiais;
Ambicioso;
Competitivo;
Agressivo;
Teimoso;
Proibição da masturbação infantil;
Age com o coração, mas debaixo de restrições e sob o controle do ego;
Nos relacionamentos, realiza "manobras" visando a proximidade;
Excepcional talento executivo; grande habilidade de ação;
Lida bem com trocas à distância (manipular e exercer autoridade,
desempenhar tarefas), mas as relações holísticas são indiferentes e
frustrantes.
Ênfase no sucesso;

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APROVEITE PARA MARCAR VOCÊ AS CARACTERÍSTICAS


QUE PERCEBE EM SUA PERSONALIDADE.

VAMOS AGORA PARTIR PARA UMA ANÁLISE COM


OBJETIVOS PRÁTICOS.

CLIENTE DESCONECTADO
Pontos a serem observados:
Experiência base: REJEIÇÃO
Problema principal: TERROR DA EXISTÊNCIA
O não desejo de interagir com outras pessoas ocorre por conta de
uma hostilidade que acredita ocorrer a partir deste contato por parte do
outro.
Suas necessidades:
Sentir-se seguro no mundo, aprender a se ligar às pessoas
afetivamente, viver o momento presente.
Interagindo com o Desconectado:
Peça permissão para toca-la. Peça-a que faça movimentos físicos,
do tipo, de pé dobrar os joelhos. Sorria sempre e peça que ela sorria.
Motive-a falar o máximo possível. Faça-a compreender que esta lá
buscando ajuda. Faça-a repetir que se sente segura ali, “eu me sinto segura
aqui”. Faça-a perceber a amabilidade por parte dela e que tem
correspondência na sua. Faça-a ir se abrindo aos poucos, para falar sobre
os relacionamentos humanos, amor, carinho, amizade, namoro.

CLIENTE CARENTE
Pontos a serem observados:
Experiência base: CARÊNCIA AFETIVA
Problema principal: INSACIEDADE
Medo de nunca terem o suficiente, conseqüentemente, buscam
sem limites que os outros o satisfaça. Tornam-se verdadeiros sugadores de
energia alheia. Vivem se desapontando. Geralmente acreditam serem elas
que vivem sufocadas no seio familiar, no trabalho, nos relacionamentos,
pois acreditam estarem sempre dando mais que recebem.
Suas necessidades:
Sentir-se querido com toda a força do afeto na mesma medida
que tem afeto para dar ao próximo.
Interagindo com o Carente:
Primeiramente não deixa-lo se posicionar de forma a começar a
exigir de você, mas sim, de que ali existe uma troca. Pedir para toca-lo e
pedir para que o toque também. Falar sobre as trocas humanas e que nem

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sempre são feitas na mesma intensidade, visto que as pessoas não são
iguais, logo, a intensidade de expressar seus afetos também não.

CLIENTE CONTROLADOR
Pontos a serem observados:
Experiência base: TRAIÇÃO
Problema principal: NÃO CONFIA EM NINGUÉM
A postura de controle sobre as pessoas parte desta desconfiança
na capacidade do outro sendo ele o único sabedor de como agir, o que
todos devem fazer, etc Geralmente com experiências na infância referentes
a promessas não cumpridas. Excesso de responsabilidades neste período de
vida também são pontos a serem observados. Este excesso gera uma
insegurança de não ser capaz de satisfazer as expectativas dos pais, sendo
que uma vez suportado o fardo, ocorre um não reconhecimento (traição).
Suas necessidades:
Sentir-se seguro e confiante em relação aos outros. Para de
tentar controlar a tudo e a todos. Não buscar ter mais atribuições do que é
capaz buscando um reconhecimento. Aprender a lidar com as imperfeições
do mundo e as suas próprias.
Interagindo com o Controlador:
Busque não olha-la nos olhos e caso ela exija ou comente este
fato, diga que você precisa ouvi-la e esta sua postura o ajuda a se
concentrar. Demonstre que a sua presença ali demonstra confiar em você.
Estimule-a falar sobre confiança. Falar sobre as expectativas que espero dos
outros. Estimule a falar do seu excesso de atividades e se já não é hora de
se organizar de maneira a manter a mesma produtividade, mas sem se
desgastar tanto. Busque faze-la compreender que as pessoas são diferentes
umas das outras e que cada um tem sua maneira de se expressar e
reconhecer os esforços do outro.

CLIENTE INVADIDO
Pontos a serem observados:
Experiência base: CERSEAMENTO DE EXPRESSIVIDADE
Problema principal: O MEDO DE INVASÃO DE SUA
PRIVACIDADE
O Invadido de certo viveu na infância em um ambiente onde
pensamentos, idéias e criatividade eram controladas. Com isto, carecem de
autonomia, criando uma insegurança no que tange agir de forma própria.
Geralmente não pensam no futuro e em criar expectativas, vivendo tão
somente o presente.
Suas necessidades:
Sentir-se auto-suficiente. Ter liberdade de agir e traçar seu
destino. Ter liberdade de se expressar.

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Interagindo com o Invadido:


Estimule-o a refletir sobre o que o impede de se expressar, de
agir, de traçar projetos. Fale sempre de forma a buscar a colaboração dele
em participar ou mesmo, sugerir reflexões. Faça com ele um exercício onde
irá elaborar um projeto pessoal.

CLIENTE RIGIDO
Pontos a serem observados:
Experiência base: DIFICULDADE EM TER PRAZERES
Problema principal: FALTA DE AUTENTICIDADE
O Rígido na infância pode ter se desenvolvido em um ambiente
tenso e tido experiências desagradáveis como pais alcoólatras, infiéis, com
muitas doenças, desavenças entre eles. Brigas a noite e paz durante o dia.
Uma ilusão de perfeição. Supervalorização das aparências, como se vestir
bem. Geralmente um orgulho extremo de ser quem é acompanhado de um
vazio profundo de não saber bem o que faz na vida. Por não ser autentico,
tudo vive na superficialidade, tanto nos relacionamentos quanto nas
relações profissionais e familiares.
Suas necessidades:
Sentir-se autentico. Conhecer seus reais desejos independente do
que os outros pensam. Descobrir no fundo, quem realmente é e o que
busca na vida. Viver experiências novas e não repetir as mesmas
experiências que já conhece e as quais, se apega.
Interagindo com o Rígido:
Estimule-o a falar do seu dia a dia e o que poderia fazer para
torna-lo diferente. Fale sobre felicidade e a relação desta com realizações.
Peça a sua opinião sobre alguns assuntos e argumente contrário
estimulando um debate de idéias diferentes, onde ele irá reforçar o que
pensa, mas perceber outras formas de pensar.

BUSCAR TRAZER A CONSCIENCIA AS FACETAS INCONSCIENTES


QUE PADRONIZAM COMPORTAMENTOS QUE SÃO INADEQUADOS É EM
RESUMO, O PRINCIPAL OBJETIVO. DAÍ ESTIMULARMOS O CLIENTE TER
UMA NOVA VISÃO SOBRE SEUS PROBLEMAS, SOBRE SI MESMO, OS
OUTROS E O MUNDO QUE O CERCA, POIS ASSIM, ELE SE MOSTRARÁ POR
INTEIRO, ASSUMINDO AS RÉDEAS DE SUA VIDA E PROMOVERÁ ATRAVÉS
DESTE PROCESSO DE AUTO-CONHECIMENTO AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS
PARA UM VIVER MAIS PLENO E PRODUTIVO.

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UM QUADRO APRESENTADO DE FORMA PONTUAL COM OS ASPECTOS


DEFENSIVOS EM RELAÇÃO ÀS ESTRUTURAS.

Desconectado Carente Controlador Invadido Rígido


Terror Insaciedade Traição Perda de Falta de
Questão existencial Privacidade autenticidade
principal Negação do
seu Eu
Enfrentar a Não ter o Soltar-se e Ser Ser
Medo realidade suficiente de confiar controlado; imperfeito
alguma perda de si
coisa mesmo
Agressão direta Falta de Foi usado e Vulnerável; Negação da
Sensação carinho traído humilhação realidade
psicológica e
espiritual

Ação Abandona o Suga a vida Controla os Exige e Não atua de


defensiva corpo dos outros outros resiste ao forma
mesmo autêntica
tempo
Resultado Corpo mais Sente-se Agressão e Inoperante Incapaz de
da ação fraco incapaz traição contra conhecer a si
defensiva si mesmo mesmo
Individuar-se; Saber que o Confiar nos Ser livre Inserir-se na
Demanda entregar-se à Eu é outros; para sentir vida; sentir o
humana condição suficiente e se verdadeiro
humana expressar Eu
Incapaz de O tempo é Nunca tem O tempo é O tempo é
sentir o tempo uma tortura tempo estagnado um
Distorção linear ou de suficiente movimento
temporal viver no mecânico
presente, no
mundo físico

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Exercício do Tópico
Escolha dois padrões de defesa da personalidade baseada na
teoria de Lowen e as descreva com suas palavras.
Estas estruturas defensivas apontam para a vivência de emoções e sentimentos
inadequados e como vimos no Módulo anterior, a possibilidade de somatização existe e
conseqüentemente, o adoecimento do indivíduo.

Controlador Rígido
Ação Controla os Não atua de
defensiva outros forma
autêntica

Resultado Agressão e Incapaz de


da ação traição contra conhecer a si
defensiva si mesmo mesmo
R.:
O controlador busca sempre de alguma forma controlar as pessoas a sua
volta, mesmo por de traz de uma faceta mais “socialmente correto”; Como
resultado age de forma agressiva consigo mesmo e com outrem.
(dúvida)  quero entender melhor essa ideia “traição contra si mesmo”
O rígido vive sempre agradando os outros deixando-se de lado e sempre
agradando os outros; Como consequência nunca conseguirá se conhecer,
pois tem que preserva sua imagem – “sou o que os outros querem que eu
seja, não o que sou de fato”.

Vamos então fechar este módulo falando sobre sentimentos e


emoções.
LIBERANDO AS EMOÇÕES
Segundo Lowen temos memórias celulares que estão ligadas à
cadeia muscular que são identificados como “pontos emocionais” e que são
apresentados no desenho abaixo.

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Ao ativarmos a memória destas células, podemos liberar


sentimentos que estão concentrados nestes pontos específicos.
Estas retenções de sentimentos, que são involuntárias, são
responsáveis muitas vezes por atitudes que prejudicam os relacionamentos
com os outros e do indivíduo com ele mesmo. São elementos que também
ativam as defesas da personalidade, que estudamos anteriormente e que
também são prejudiciais ao convívio do indivíduo com o mundo e com si
mesmo.
Como desdobramento desse quadro temos as raivas,
inseguranças, medos, dentre outros sentimentos e emoções negativas, bem
como, muitas vezes o indivíduo deixa que estes problemas se amplifiquem e
venham a atingir familiares e demais pessoas de seu círculo de convívio.
Lidar com esta liberação de emoções não é simples visto que para
o corpo emocional não existe a percepção temporal, como ocorre com nosso
corpo mental, por exemplo. Em outras palavras, ao sentirmos determinados
sentimentos como raiva ou medo, nossa reação é sempre a mesma e na
mesma intensidade da primeira vez que assim reagimos. Um exemplo para
deixar bem claro: um homem com raiva acumulada e que explodiu com a

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sua mulher, caso não libere corretamente esta raiva, irá explodir
novamente em outro momento do convívio ou mesmo com outra mulher na
mesma intensidade, pois um ciclo é gerado e a repetição ocorre de forma
automática. Daí que por vezes vemos pessoas reagindo de forma
desproporcional a situação em questão.
Liberar emoções é descarregar tensões reprimidas e antigas,
abrindo assim um caminho para um maior entendimento e percepção dos
conflitos que fazem parte da vida e que ao lidarmos com eles, devemos
faze-lo de forma equilibrada e madura.
Existem várias técnicas que podem se utilizadas e veremos
algumas delas no próximo módulo.
São indicadas para todo individuo que queira estar melhor
consigo mesmo e com o outro, sendo particularmente benéfico para todos
aqueles que lidam diretamente com várias pessoas no seu dia a dia,
principalmente com crianças e/ou adolescentes, bem como, para aqueles
que trabalham junto a doentes ou pessoas com problemas pessoais.
Em especial pessoas que estejam vivendo um período delicado,
desgastante, estressante e que produzem com facilidade desequilíbrios
emocionais e energéticos.
Alguns sentimentos podem ser mudados com maior facilidade de
forma definitiva e quase que instantaneamente após algumas poucas
sessões de psicoterapia holística. Esses sentimentos normalmente estão
ligados a percepções e/ou expectativas distorcidas da realidade.
Outros sentimentos para serem dissolvidos envolvem o
desdobramento de longos períodos, pois demandam a troca de memórias
de situações adversas por novas experiências compensatórias.
No primeiro caso, temos o grupo das "coisas" que a pessoa
idealizou ou projetou de forma distorcida a partir de suas próprias idéias e
percepções. No segundo, experiências negativas reais efetivamente vividas
e que precisam ser trocadas.
A memória independe da vontade própria, é automática e está
diretamente ligada e influenciada pela qualidade emocional presente
durante o momento de ocorrência e gravação de seus conteúdos. Dessa
forma, uma sensação constante, por exemplo, de fracasso não será passível
de ser esquecida pela pessoa. Entretanto, sua memória emocional de
fracasso poderá ser re-editada por experiências recorrentes de sucesso e
êxito, proporcionalmente tão importantes quanto a(s) experiência(s) que
geraram o sentimento anterior de fracasso e perspectiva de que tudo o que
venha a ser realizado "não levará a nada".
Nesta mesma esfera encontram-se experiências de rejeição,
medo/ insegurança, fraqueza, fome e carência dentre tantas outras, que
devem ser reeditadas positivamente com experiências bem sucedidas de
aceitação, confiança, força, satisfação etc. Isso pode levar muitos anos.
Muitas mudanças somente serão passíveis de serem efetivadas e
gravadas como definitivas em nós a partir de exercícios constantes, desde
os físicos até os exercícios de comportamento e atitudes. Por exemplo: para

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acabar com uma sensação constante de ansiedade é muitíssimo


recomendado o exercício de comer lentamente, o que exige normalmente
um esforço tremendo, a confluência de várias pequenas técnicas e muito,
muito tempo, para que a pessoa possa ter êxito nessa tarefa
aparentemente tão simples.
Depois de percebido um determinado padrão indesejável em nós,
haverá ainda um tempo posterior no qual perceberemos a sua ocorrência
novamente, sem que consigamos nos manifestar ainda da forma que já
desejamos. Esse período é crítico. E devemos conduzir o cliente a ter muita
calma e aceitação nesse momento.

LIDANDO COM OS SENTIMENTOS


Devemos ter a certeza que a consciência é a chave para a
liberdade de se poder viver e sentir todas as coisas de forma plena e
saudável. Em equilíbrio, mente e corpo sob uma clareza consciente,
promove a potencialização do que é bom e a dissolução do que é ruim.
Uma das formas de expressarmos nossos sentimentos é através
da palavra dita, que por vezes, por não ser dita ou dita de forma
inadequada, podem acarretar problemas ao indivíduo.
Façamos fechando este módulo, um estudo sobre as dificuldades
de expressão e como orientarmos o cliente em superar esta dificuldade.
O primeiro passo é orienta-lo em situações onde ele tem a
necessidade de deixar transparecer um incomodo e sentimentos negativos,
de sempre se dirigir ao outro falando de si e não do outro propriamente
dito.
Um exemplo:
Ao invés de dizer: “você é muito controlador, você me invade
demais”! Oriente-o a falar de si embora expressando o mesmo
descontentamento com a situação como, por exemplo: “eu me sinto
controlado quando você age deste modo” ou “eu me sinto invadido quando
estou perto de você”.
Ao mesmo tempo em que o indivíduo expressa seus sentimentos,
o percebe em si mesmo através das palavras.
Outros exemplos:
Ao invés de:
“Você é um safado, um cachorro”.
Utilize:
“Eu não me sinto bem quando você age de tal e tal forma. Na
realidade, eu me sinto um lixo...”

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Ou no caso:
“Você está louco! Nem morto eu vou fazer essa m**** que você
está me pedindo.”
Utilize:
“eu não vou fazer o que você está me pedindo porque se eu o
fizer, EU vou me sentir muito mal comigo mesmo(a). Não vai dar, pois não
posso passar por cima de mim mesmo(a) e sei que se fizer isso, depois
ficarei com um sentimento muito ruim dentro de mim. É algo meu, não tem
nada a ver com você. Eu não ficarei bem comigo. Me sentirei muito
desconfortável Por isso não poderei fazer o que você está me pedindo.”
Obviamente estes são apenas alguns exemplos, sendo o discurso
adaptado pelo cliente. Os exemplos servirão tão somente para mostrar o
cerne da questão que é o individuo estar sempre se posicionando de alguma
forma, se questionando, refletindo sobre si mesmo, se auto-observando.
Começando a agir assim, a pessoa irá ganhando desenvoltura
com essa forma de expressão até chegar o dia e a situação na qual consiga
dizer, sem se alterar, com senso de adequação e impostação, em equilíbrio
e maturidade emocional, coisas do tipo como no diálogo abaixo.
Pára. Eu não quero que isso continue.
O outro - Por quê?...
Não sei. Só sei que não estou me sentindo bem com esta
situação.
Algo errado que eu fiz? Dá pra ser de outro jeito?
Não. Não dá pra ser de outro jeito. Não tem nada a ver com
certo ou errado. Só sei que não estou me sentindo bem e não quero que
isso continue. Não sei dizer ainda nem o que está me incomodando. Se um
dia, ou em algum momento, eu souber o que está ruim pra mim, e houver
uma oportunidade, eu posso até lhe dizer o que é. No momento, só sei que
eu não quero que isto continue. Chega.
Ou ainda:
Eu me senti roubado(a) quando você fez isso ...
Você está me chamando de ladrão?!...
Eu não estou lhe chamando de nada. O que você é, ou como você
se sente, é uma questão pessoal e íntima sua, cabe unicamente a você
descobrir e definir isso. Investir o seu tempo e sua energia nisso. Isso não
me cabe. Cabe a você. O que acontece, o que eu disse, é que EU me senti
roubado(a) quando isso aconteceu. Estou lhe expondo isso com sinceridade
e, neste momento, com tranqüilidade, pois estou me direcionando e
fazendo o necessário para que isso não volte a ocorrer em hipótese
nenhuma. Neste momento, me expressando desta forma pra você, também
espero que o nosso contato a médio e longo prazo possa ser preservado e
mantido dentro do respeito e da consideração mútuos, pois de outra forma,

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vejo possibilidades de que isso também possa ser perdido. Acredite: pode
ser difícil para você estar ouvindo isso, mas lhe asseguro, e tenho convicção
de que você pode sentir isso através do que estou manifestando agora, que
também não é fácil para eu falar essas coisas e estar aqui diante de você
podendo olhá-lo com sinceridade e autonomia. Pelo contrário: este
momento também está sendo muito difícil pra mim...
Claro que para se chegar neste nível de auto-controle, expresso
pela forma de colocar palavras com entendimento e clareza de percepção,
demanda tempo, até mesmo vários anos, dependendo da situação em
questão, especialmente quando isso envolve cenários que abrangem
pessoas muito próximas e mágoas ou padrões já perpetuados ao longo de
muitos anos.
O ideal é que a pessoa comece a treinar com pessoas e situações
novas, de preferência inéditas, e com envolvimentos mais leves. Pessoas
que nunca viu e que está encontrando uma primeira vez num contato
fortuito. Um atendente de estabelecimento comercial, uma pessoa na rua
ou qualquer situação assim, com baixo envolvimento. Posteriormente à
medida que for ganhando confiança e sucesso nesse tipo de situação, a
pessoa pode ir evoluindo e começando a se expressar melhor com os outros
de uma forma em geral, trazendo esse padrão para relacionamentos mais
próximos, até chegar a ponto de estar com as pessoas mais íntimas e
resgatar questões que lhe incomodam a muitos anos silenciosamente, com
boas possibilidades de dissolução.
Está forma de saber se colocar implica resumidamente, em não
deixar que o outro o transgrida, respeitando a si mesmo e seus direitos
próprios e naturais, mas também sem a necessidade de que para que isso
ocorra seja necessário ser agressivo ou subjugar o outro, mesmo que
subliminarmente, impondo falsa autoridade, impingindo medo etc.
O indivíduo com dificuldade de expressão emocional deve dar
uma especial atenção à questão da dissolução da defesa invadida e das
culpas que também muito provavelmente carrega dentro de si. Fazer isso
abrirá canais para que a pessoa também comece a equilibrar o valor entre
si e os outros, que antes era sempre pesado a favor dos outros em
detrimento de si própria, muito comum nos casos dos controladores onde
existe um sentimento real para o indivíduo de que “sacrifica-se pelos outros
sem o devido reconhecimento, valor e contrapartida...”
A orientação que será dada pelo terapeuta seguirá dois pontos
básicos:
Que sejam substituídos o julgamento e a crítica por uma
afirmação objetiva dos fatos.
E
A franqueza sempre é o melhor caminho para que o outro queira
cooperar.
No próximo módulo falaremos sobre práticas que visam fazer com
que o indivíduo mergulhe dentro de si e busque resgatar um equilíbrio que
um dia perdeu ou manter, o equilíbrio diante de uma vida tão corrida em
um mundo tão cheio de armadilhas.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA E UTILIZADA

Jornada da cura pessoal - Bárbara Brennan


Bioenergética - Alexander Lowen
Energética da Essência - John Pierrakos
Curar o stress, a ansiedade e a depressão sem
medicamentos nem psicanálise - Dr. David Servan
Em Sintonia - a arte da ressonância - Jasmuheen
Respiração, Angústia, Renascimento - José Ângelo Gaiarsa

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