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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DOUTORES JUÍZES FEDERAIS DA COLENDA SEGUNDA tURMA

RECURSAL DO ESTADO DO PARANÁ

Autos eletrônicos sob n.

Ação Previdenciária

NOME, já devidamente qualificado nos autos supra, por sua procuradora ora signatária,
devidamente inscrita na OAB/PR sob n.º XX.XXX, com ENDEREÇO DO ESCRIÓRIO, onde recebe
intimações, notificações e citações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, requerer a
execução definitiva da parcela incontroversa referente as parcelas vencidas do benefício
previdenciário concedido ao segurado na via judicial, bem como, a manutenção do benefício
concedido ao autor na via administrativa, tendo em vista que este possui RMI mais vantajosa ao
autor (conforme indicado pelo INSS em petição de evento n. 59).

Veja que o pedido de execução das parcelas vencidas do benefício previdenciário


concedido na via judicial, bem como, a manutenção do benefício concedido ao autor na via
administrativa, tem esteio no entendimento firmado pelo STF no Recurso Extraordinário 722.379
Rio Grande Do Sul, do qual se extraiu o trecho que segue abaixo colacionado:
Ademais, tendo em vista que o recurso apresentado pelo réu trata exclusivamente dos
consectários legais que deverão ser pagos ao segurado, é importante frisar que o mesmo tem
direito a execução definitiva da parcela incontroversa, ou seja, não se trata de pedido para
execução provisória.

Ao contrário, tem-se no presente caso execução definitiva de parte da sentença que se


encontra amparada pela coisa julgada e não pode ser objeto de reforma, mormente tendo em vista
que o recurso da parte ré se cinge apenas à forma de cálculo das parcelas atrasadas.

A respeito, prelecionam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart:

"Não há motivo para alguém se assustar ao constatar que o


processo, retoricamente proclamado como um instrumento
jurisdicional que não pode prejudicar o autor que tem razão, acaba
sempre trazendo-lhe prejuízo. Lamentavelmente, o processo
tornou-se, com o passar do tempo, um lugar propício para o réu
beneficiar-se economicamente às custas do autor, o que fez surgir
os fenômenos do abuso do direito de defesa e do abuso do direito
de recorrer. [...]

Como está claro, diante da evidência de que o tempo do processo sempre prejudica o
autor que tem razão, não há outra alternativa, quando se deseja colocar o processo à luz da
isonomia, do que pensar em técnicas que permitam uma distribuição igualitária do tempo do
processo entre os litigantes [...]

Perceba-se, ademais, que o recurso, na hipótese de sentença de procedência, serve


unicamente para o réu tentar demonstrar o desacerto da tarefa do juiz. Assim, por lógica, é o réu,
e não o autor, aquele que deve suportar o tempo do recurso interposto contra a sentença de
procedência. Se o recurso interessa apenas ao réu, não é possível que o autor - que já teve seu
direito declarado - continue sofrendo os males do tempo do processo."(Execução. Curso de
processo civil, volume 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 342-343.)

A jurisprudência também labora no mesmo sentido do posicionamento doutrinário.


Nesses termos, são as seguintes ementas do E. Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO.


VALORES INCONTROVERSOS. PRECATÓRIO. É pacífico nesta Corte o
entendimento no sentido da possibilidade da expedição de
precatório relativamente à parcela incontroversa na execução
contra a Fazenda Pública. (TRF4, AG 2009.04.00.042179-3, Turma
Suplementar, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E.
08/03/2010)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITOS DO


RECURSO. PARCELA INCONTROVERSA. PROSSEGUIMENTO DO
FEITO. 1. A parte incontroversa do montante da execução deve ser
considerada como correspondente à sentença transitada em
julgado, por isso comportando a expedição de precatório mesmo
após a nova redação, dada pela EC n.º 30/00 ao §1º do art. 100 da
Constituição. (TRF4, AG 0002990-58.2013.404.0000, Sexta Turma,
Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 02/08/2013)

No mesmo diapasão, é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, incluso:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. SENTENÇA
PARCIALMENTE RECORRIDA. EXECUÇÃO POSSIBILIDADE. 1. A
execução contra a Fazenda Pública é juridicamente possível quando
se pretende a expedição de precatório, relativo à parte
incontroversa do débito. Precedentes. 2. "Sobre parte
incontroversa entende-se aquela transitada em julgado ou aquela
sobre a qual pairam os efeitos da coisa julgada material, porquanto
imutável e irrecorrível, nos termos do artigo 467 do CPC." (REsp
1114934/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe 29/03/2011). 3. Agravo regimental a que se
nega provimento. (AgRg no REsp 830.823/RS, Rel. Ministra
ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA
DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe
12/04/2013)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EXECUÇÃO
MOVIDA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EMBARGOS PARCIAIS.
EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO SOBRE A PARCELA INCONTROVERSA.
POSSIBILIDADE. ART. 739, § 2º DO CPC. JURISPRUDÊNCIA
REITERADA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. Em exame
embargos de divergência apresentados com o objetivo de impugnar
acórdão segundo o qual é possível a expedição de precatório
referente à parte incontroversa da dívida, ainda que a executada
seja a Fazenda Pública. 2. A consolidada jurisprudência deste
Superior Tribunal de Justiça expressa o entendimento de que,
segundo o estabelecido no art. 739, § 2º, do CPC, é possível a
expedição de precatório sobre a parcela incontroversa da dívida
(posto que não embargada), mesmo na hipótese de a União
(Fazenda Pública) ocupar o pólo passivo na ação de execução.
Precedentes. 3. Embargos de divergência rejeitados. (EREsp
721.791/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão
Ministro JOSÉ DELGADO, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2005,
DJ 23/04/2007, p. 227)

Ressalta-se, ainda, que a 2ª Turma Recursal do Paraná recentemente respaldou esse


exato entendimento no recurso de medida cautelar 5018475-91.2015.4.04.7000. Com efeito,
o despacho proferido pelo juiz relator refutou os argumentos do réu de que a determinação
configuraria caso de execução provisória, bem como de que o pagamento demandaria o trânsito
em julgado da decisão, nos seguintes termos:

“no caso dos autos, não se trata de execução provisória, uma vez
que houve o trânsito em julgado da sentença quanto a ser devido o
valor principal. O INSS recorreu apenas quanto aos critérios de
correção monetária. Portanto, o que se determinou na sentença foi
a execução definitiva de parte incontroversa. Comportando a
sentença divisão em capítulos (principal e acessórios, por exemplo),
o seu trânsito em julgado pode se dar, para cada capítulo
autônomo, em momentos distintos, como ocorre no caso dos
autos.”
Imperioso destacar, por fim, que não se aplica a necessidade de caução, não apenas por
se estar diante de execução definitiva, mas principalmente por se tratar de benefício de natureza
alimentar e estando evidenciada a necessidade.

Portanto, perfeitamente cabível a execução na forma como ora requerida - ou seja, de


imediato e sem caução

Desta feita, tendo em vista que o INSS não aceitou a proposta de acordo apresentada em
evento n. 57, a parte autora requer a execução definitiva da parcela incontroversa referente as
parcelas vencidas do benefício concedido ao segurado na via judicial, bem como, a manutenção do
benefício previdenciário concedido ao autor na via administrativa, tendo em vista que este possui
RMI mais vantajosa ao autor (conforme indicado pelo INSS em petição de evento n. 59).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curitiba/PR, data do protocolo.

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