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transcender a realidade, abrindo frestas para a imaginação criadora.
Essa magnífica capacidade humana de imaginar permite alterar o
cotidiano ou, pelo menos, encontrar espaços para compreender de outra
maneira a realidade que nos cerca.
No contexto educativo, o termo artes visuais substituiu a designação
artes plásticas para nomear a grande área da visualidade. Isso porque a
concepção ampliou-se de artes plásticas – que abrangia as belas-artes –
para artes visuais, por incorporar várias manifestações visuais como:
desenho, pintura, escultura, gravura e artes gráficas, vídeo, cinema,
televisão, grafite, animação.
Todas as maneiras visuais de expressão podem se enquadrar na
rubrica artes visuais. Dessa maneira, na sala de aula, as propostas para
o trabalho com artes visuais devem incorporar diferentes linguagens.
Historicamente, a criação artística em sala de aula privilegia o desenho
e a pintura. As formas contemporâneas que saem do papel – tais como
objetos, instalações, assemblages – também fazem parte da grande área
das visualidades e possibilitam uma maior liberdade de criação.
Porém, ampliar a área de abrangência não significa abandonar a
tradição da arte. A ampliação só terá sentido se for acompanhada de
aprofundamento nos conteúdos e, conseqüentemente, na construção
de conhecimento sobre arte.
A obra de arte é a manifestação concreta dos significados que um
determinado coletivo atribui ao viver em grupo, é a maneira de criar
sentidos para o cotidiano.
Ao criar uma determinada obra, o artista se vale da matéria
construída socialmente. Como parte da cultura, a arte é a maneira de
indicar os caminhos poéticos trilhados por aquele grupo. Criar uma
obra de arte vai além da utilização da linguagem (desenho, pintura,
escultura), vai além do domínio técnico, porque criar uma forma
demanda reflexão, conhecimento sobre o objeto. Além disso, a obra de
arte comunica idéias.
Chama-se linguagem artística o veículo que possibilita dar forma
à determinada idéia. As linguagens são constituídas de vocabulário
próprio. Assim, o desenho tem a linha como vocábulo, e o conjunto de
linhas utilizadas em direções diferentes, com intensidades variáveis, será
o vocabulário dessa linguagem. Destarte, quando uma forma é criada a
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partir de um jogo simbólico daquela linguagem, utilizando o
vocabulário próprio, são criadas imagens (ou sons, ou movimento)
passíveis de leitura, pois se constituem num conjunto de idéias
organizadas em determinada forma.
As imagens são parte do cotidiano e nossa relação com elas é
imprescindível. Lemos os cartazes das lojas, o gesto do feirante enquanto
mostra seu produto, o caminhar de um transeunte. Essas leituras
compõem nossa maneira de pensar. Assim, as imagens, o movimento,
os sons podem ser considerados formas não-verbais, passíveis de leitura,
como textos (não-verbais). Para lermos textos não-verbais (não
constituídos por letras) necessitamos de outras maneiras de interação.
Essas outras leituras mobilizam a capacidade de compreender múltiplos
significados, em relação no tempo e no espaço. É necessário saber ler a
obra para poder atribuir sentidos a ela. Na sala de aula, a criação
artística parte de linguagens. São as maneiras de transformar idéias
em formas visuais.
As reproduções deste livro têm caráter puramente didático e objetivo de estimular o estudo
das artes visuais na sala de aula.
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