Daniel Minchoni (Org.) - O Livrin Do Menor Slam Do Mundo PDF

© o livrin do menor slam do mundo
1a edição - 2014
org. daniel minchoni são paulo: edições doburro 2014
coordenação editorial / projeto gráfico: daniel minchoni

equipe menor slam do mundo: daniel minchoni, ge ladera, sinhá, guri.
andré cortez ni brisant
anna zêpa nelson ferreira
bobby baq maria
caco pontes marina vergueiro
carol peixoto nicolas behr
daniel minchoni paulo d’áuria
emerson alcalde renan inquérito
ge ladera rodolfo coelho
giovanni venturini rodrigo ciríaco
guri sinhá
jefferson santana thiago peixoto
joeliveira oliveira victor rodrigues
doburro lews barbosa whiron camargo
primeira edição. 2014 lu’z ribeiro
daniel minchoni
geraldo ladera
guri (giovanni venturini)
sinhá (organizadores)
dedicado às minimezas.
sou poeta menor, perdoai!
manuel bandeira
poeta menor, menor, menor

enorme!
josé paulo paes
giovanni venturini | guri
o guru guri.
anãoser a menor poesia em pessoa.
campeão? não. campeinho é o menor?
ninguém é mais nem menos que ninguém.
10 segundos para mostrar-se por inteiro.
mágica de prolongar o tempo. valorização
das pequenezas da vida.
guri
sinhá | a poesia
quer o sagrado das ruas
e a calma de estar em si.
longe da frieza dos mundos.
amor por tintas palavras.
o tempo cerca a palavra,
a palavra veste o tempo
e corre solta segundos.
um tiro, um grito, um pisco
é o menor slam do mundo.
sinhá
ge ladera | o mestre contador
“pode rir, ri, mas não desacredita não
é só questão de tempo”
pedro paulo soares pereira
peço para os dez segundos pararem
no tempo, nunca sou atendido.
quero replay, não sou entendido
nos momentos. quem viveu, viu,
mas a memória é sacana, prega peça,
chama e cana. só o livrin do menor
slam do mundo salva!
ge ladera
daniel minchoni | a regra
é sarau do burro e cabaret
revoltaire. escolha o título.
jovens escribas e doburro
menor slam do mundo é antes de tudo o nanoslam, 1 único
segundo pra mostrar a que veio. se não güenta, joga mário.
ou melhor, é o minimenor slam, 3 segundos. ou mais, são
10 segundos, seus, sem acompanhamentos, a mercê do deus
chronos. a merecer. e nem um pio que se vai slamiar. piu.
uooou. as notas, de 0 a 6.6 (as menores do mundo, também).
no mantra pilantra: severo, porém justo. jurados de morte.
7 pra semi. nem um pio que se vai slamiar. piu. miau. êêê
sobram 3. nem um pio que se vai slamiar. piu.
e o poetinha da noite. é o menor. é o menor. é o menor.
o detentor do cobiçado cinturinho de ímã fundido pelo mestre
ge ladera. sim, há tempo e coragem pra desafiar o poetinha
num duelo de improviso. é isso. não menos. daniel minchoni
victor rodrigues | campeinho da finalínima 2012
pensa que é o profeta da nação.
é o louco que fala sozinho.
e te insulta.
se a gente é o que come
quem não come nada some
deve ser por isso

que ninguém enxerga
toda essa gente que passa fome
as balas são de borracha
porque a intenção é apagar
palavras de revolução
lu’z ribeiro | campeinha
filha da noélia e do antonio
dos sobrinhos é tia, irmã e mãe
é mãe do eterno contínuo e da nelly.
folha, eu sou a favor das cotas raciais.

23 | lu’z ribeiro
medir idas
chorou litros por ele,
com olhos ainda cerrados
esvaiu-se em gozo com outro.
acordou sentindo-se 5 quilos mais magra,
carregando uma tonelada nas costas.
o menor slam do mundo | 24
degustação
prefiro salgado a doce
exceto quando provo lágrimas
durante a madrugada.
25 | lu’z ribeiro
diz bravar
se coração é terra onde ninguém anda
desculpa
o meu é terra
onde você não anda
não mais.
renan inquérito | segundinho
é poucas palavras.
27 | renan inquérito
tempos modernos
as pessoas só se falam por email
a convivência é um anexo que não veio.
próxima parada: cardíaca!

drogaria
socorro imediato cpf na nota
a farmácia é uma biqueira com cnpj
ni brisant| terceirinho
retirante de acajutiba-ba.
faz da palavra sua pátria,
arte e coração.
31 | ni brisant
grande
é o amor que resiste ao microscópio.
perfeito
quando visto de telescópio.

o prazer é líquido,
e eu rio.
prazer,
vem com a gota,
açude-me
açude-me
açude-me.
33 | ni brisant
sorriso
é o esboço do beijo.
thiago peixoto | campeinho
é o embrionário verso
revolucionário.
37 | thiago peixoto
de hoje em diante
o desejo não manda
e o querer pouco importa
tirei meu amor da janela
amarei quem bater-me a porta.
se fosse possível viver

das coisas que dão prazer
e não dinheiro e poder,
a vida teria mais nexo,
seria poesia e sexo.
39 | thiago peixoto
a garganta inchará de nós
quando enfim minha voz
cansada de ser impotente
deixar de poesia entoar.
então, involuntariamente,
meu silêncio dirá exatamente
o que todos precisam escutar.
a evolução foi além

da invenção da colher
e no mundo que tudo tem
uma facilidade qualquer
o miojo está para o homem
como o bojo para mulher.
41 | thiago peixoto
lu’z ribeiro | segundinha
paulistana cinza, de garatujas coloridas
26 outonos contemplados
poeta ambulante, depois de luz
é flores e peixes.
“a menina dança”, canta e atua.
43 | lu’z ribeiro
mensurou seu amor por mim:
como toda areia do deserto
tentou prender-me em suas mãos
me viu esvair pelos seus dedos.
o coração bater
é indício de que o temos
fazê-lo doer
é prova de que funciona.
45 | lu’z ribeiro
meus amores sofrem de aborto espontâneo.
espontaneamente dizem:
- fim.
usar a racionalidade em plena tpm

foi minha maior prova de amor.
47 | lu’z ribeiro
maria | terceirinha
é amaria.
49 | maria
coração cheio de amor
carregado de paixão
cai no meio do céu
segura por tua mão
o segundo era da porta,

mas foi de improviso
eu não me lembro.
sou vida.
não me lembro...
se alguém gravou, gravou.
51 | maria
aquele menino era a felicidade que eu sentia todos os dias.
ni brisant | campeinho
tem cócegas, 25 dentes e 28 anos de coisas.
mas trocaria a eternidade

por uma vida inteira.
55 | ni brisant
tanto faz na cama
ou em série americana.
no cio,
quem não (sa)cia,
sai.
tem agora sua própria religião: umbigo.

seu piercing é altar.
doa versos
frente e versos.
57 | ni brisant
era véspera de sua morte,
mas ela estava viva
e botou pra lá!
uma vez perdida
toda força será encontrada.
jefferson santana | segundinho
poeta ambulante e apaixonado
59 | jefferson santana
criou desgosto pela vida
pois o gosto que ficou
foi o do amargo último beijo
sonho e realidade
pelo que sou,
eu jamais seria
o homem dos seus sonhos.
sou mais real do que você imagina!
61 | jefferson santana
uma interrogação
onde meu coração pede uma exclamação
sei não
cada ponto dessa inconclusão
em contraponto a essa emoção
ainda podem me gerar algumas reticências
whiron fanzeres | terceirinho
é breviário poético.
63 | whiron fanzeres
haicai
diante de tanto
barulho minha alma
reclamou silêncio
o menor slam do mundo | 64 fome primitiva
não me parece
necessário esbanjar
talheres de prata
taças de ouro ou
pratos de porcelana
os ricos não sabem que
quando se tem fome
talheres somem e
restam-nos
apenas as mãos.
65 | whiron fanzeres
haicai
esqueça a realidade
salvadores dalí ou daqui
são poucos.
renan inquérito | campeinho
é parada poética.
poemas 1 e 3 ver páginas 19 e 21.
saudade
palavra singular que dói no plural
emerson alcalde | segundinho
é a massa dos guilhermanos.
71 | emerson alcalde
quando for avistado o barquinho de papel na valeta
é sinal de que o resgate já partiu
e que o falcão pode dar espaço à borboleta
faz tempo que não tomo uma batida

POLICIAL
é que... aqui no céu
não há bares
nem peles
apenas água mineral
73 | emerson alcalde
quando me perguntam
por que você só faz monólogos?
eu respondo:
e no mundo, alguém dialoga?
rodrigo ciríaco | segundinho
rodrigo ciríaco é pedra
com desejo de ser pó:
pó...esia
75 | rodrigo ciríaco
incêndio nas favelas
não vira crime no brasil
porque político e empreiteira

tem imunidade de pavio
são paulo é um lugar esquisito

sobre a rua: proíbem-se poetas
sob a lua: legalizam-se homicídios
77 | rodrigo ciríaco
a vida é foda
mas a vida é bela
não sofra com a vida

foda com ela
lews barbosa | terceirinho
é griot do grito.
79 | lews barbosa
no universo com versatilidade,
conversão é conversinha.
lembre-se de celebrar o cérebro

81 | lews barbosa
facebook é bão, mas o face-a-face
facilita a afeição.
thiago peixoto | campeinho
é poeta ambulante.
85 | thiago peixoto
há muito foi primavera.
ontem outono inda era.
hoje inverno impera.
amanhã estou são, verão.
pensei: pra que lhe escrever

se não merecia nem mais um verso?
e nessa folha que me permite o universo
o próximo nem chegou a nascer.
87 | thiago peixoto
com a redução
da maioridade penal,
temo que considerem bandido
todo moloque atrevido,
que, apontando um sorriso,
roube uma cara de mal.
em sonho de bandido engravatado

até horário eleitoral gratuito é cobrado.
89 | thiago peixoto
bobby baq | segundinho
#1992 #poesia #audiovisual #livros
#oanoemqueascoisasfalaram #granja
#eufindomundo
91 | bobby baq
meu ser pré-histórico
só podia mesmo
ter um coração
de pedra
lascada
isento por um ano

de ser o mesmo humano
incerto.
optei por ser
inseto.
os prédios
93 | bobby baq
precisam de poros
e as pessoas de
algo concreto.
reboco rasga,
lábio racha.
um lápis e uma borracha
pra refazer
o homem-rocha
correto.
um certo ar
de desordem
onde os cães que ladram
mordem
e os homens que domam
dormem.
95 | bobby baq
carol peixoto | terceirinha
é ambulante, poeta e palmeirense.
Com Bola, lápis e papel fez seu
primeiro voo ao mundo das letras.
97 | carol peixoto
simples cidade
aquele céu...
meio azulado,
meio azul,
ornando
com o avermelhado
amarelo do sol,
merecia,
uma poesia melhor!
distraído
procurando a felicidade
ela passou
ele não viu.
99 | carol peixoto
medo
grito agudo
ainda que mudo
paulo d’auria | campeinho
coletivo poetas do tietê
103 | paulo d’auria
gosto de champagne barato
e não gosto de poema complicado
champanhe barato se chama sidra
poesia mais simples, vida
tragédia cotidiana:
tem gente chorando de barriga cheia
tem gente calada de barriga vazia
dentre todos os vazios do mundo
o que mais me espanta não é a fome
no oco do seu estômago,
mas a falta de espanto
na cara dos homens
caco pontes | segundinho
cavalo: victor rodrigues
é poeta, artista multifuncional

e ex-extelionatário, de linhagem
maloqueirista, pai de passarinho
e primo de vedete.
107 | caco pontes
quem pode, pode
quem não i-pod
mp3
xadrez ou confissão de um peão

enquanto todos tentam
pegar o rei
eu
só quero comer a rainha
109 | caco pontes
e o punk
andava tão anti
capitalista
que invadiu o mac donald’s

e pediu guaraná
anna zêpa | terceirinha
cavalo: sinhá
auto-mini-bio não autorizada.

111 | anna zêpa
um dia que chega
é um dia que vai
aprenda a dizer
bye-bye
não dá
pra ser
sem dor
na terra de um beijo só
estou só
com dó
dos que repiram
puro pó
na terra de um beijo só
onde todo mundo
toma café
me sinto tão só
e vivo a dar rolé
nessa terra
de um beijo
só
113 | anna zêpa

paulo d’auria | campeinho
coletivo encontro de utopias
desinvento tempo pra libertar o vento na face
desinvento calendário
e o tempo fica do jeito que ele nasce:
folha sem destinatário
narciso enamorado
apaixonou-se por seu reflexo
na poça de suor
do umbigo dela
nos sonhos, a única lógica possível
é a lógica do impossível,
minha armadura de revolucionário
é um pijama tecido
de nuvens
criança sem casa,

eu calculo,
deve ser igual borboleta
tentando criar asa
sem casulo
nelson ferreira |segundinho
ele partiu, partiu,
e nunca mais voltou.
123 | nelson
sentido
sem tê-lo
olvidaria
a vida.
nos versos e anversos

de um processo
impera a hipocrisia
125 | nelson
teu olhar é forte
deixa-me feliz
qualquer dia de sorte
você diz:
eu te amo.
apocalíptico o fim
paralíticos os meios
nada melhor do que
começar de novo...
127 | nelson
ge ladera |terceirinho
molhou algumas mãos para
conseguir seu espaço no livrin.
anda se conservando, mas sempre
disposto a virar o disco.
129 | ge ladera
amor, não adianta
escapei daquela transa
mas não de ser fudido
questões sem mérito

não fraudar o saldo
não saudar o crédito
131 |ge ladera
hoje fartura
amanhã na seca forte
lição de economia
não é questão de sorte
pai da menina flora.
escreve para ter no que acreditar.
ni encontra-se perdido.
135 | ni brisant
se tivesse direito a um pedido,
pediria tudo que tenho
direito.
a poesia não me levou aonde eu queria,

mas fez do meu coração um lugar habitável.
faço dos livros minha metrópole
e colônia em palavras.
137 | ni brisant
nem toda cicatriz é marca de luta
nem todo mundo que pede socorro ajuda.
se for preciso, lapide-se
mas jamais dissolva-se.
poucos gostam de farelo.
ela queria romance;

ele, verso.
livraram-se!
se você fosse minha,
seria feliz,
não poeta.
palavra!
139 | ni brisant
paulo d’auria |segundinho
projeto poesia na faixa
quem se esconde
não se expande,
a poeira é leve
mas cega um gigante,
e o vento - nada mais que ar em movimento -
é a febre deste levante.
como tão pequenas capsulas de sangue

e outros materiais gelatinosos
- meus olhos -
podem conter alma
e oceanos sem fim?
as palavras não dizem nada
mas o poeta insiste e segue:
poesia é andar com os cegos,
é falar com os mudos,
ouvir com os surdos.
arrumando as lembranças
encontrou esse retrato da criança com fome.
- como jogar fora apenas a fome? -
andré cortez |terceirinho
em ordem cronológica:
são paulo, 1980,
poeta, ator, diplomata.
em ordem de preferência:
poesia, teatro, são paulo,
diplomacia, 1980.
147 | andré cortez
dura dita
(highcai para o shopping cidade jardim)
brasil:
miami-o
ou deixe-o.
carpe diem
todo
para sempre
é tempo a esmo
e amargura
tudo
para sempre
ou dá no mesmo
quando dura.
149 | andré cortez
arca de noé
(highcai para a velha rua augusta)
galinha, piranha, jararaca,
pinto, aranha, perereca,
cachorro, garanhão, leão de chácara.
joeliveira oliveira |terceirinho
tem os maiores menores
faca de dois gumes mata como um lobisomem na encruzilhada da
ganancia insana na cor da mortalha pela dor nefasta em tudo que
basta que não se faz desgraça pelo vinho na taça. feio é o turvo fim da
corrente fraca que esmaga o sim na peleja ardente de chegar na guela
o gösto carmim feito na constelação das esferas finitas no tempo
de não se chegar ao fim. corpo templo do mim mesmo quero meu
querubim no astral do manto que encobre o santo do amor sem fim.
deusa do apocalipse levai a vida do agora e sempre em sua carruagem
alada ao sopro ardente nas atrelas do porvir. gosto do mais variado
traz no seu regaço o travo do melaço quando o favo amargo do mel
esperado transforma o bagaço no prato feito e farto de comer o bofe
a tripa o bucho e o fato consumado.
o menor slam do mundo | 152 morador de rua: - - . no coração uma dor, no sentimento
um desequilíbrio emocional, na cabeça uma esquizofrenia
emocional. e esses múltiplos arquétipos utópicos pretéritos,
bucólicos poéticos, será a conceituação do colóquio do
bem do mal para cristonizar os gametas que virão a este
planeta com o setro da salvação das liberdades ocultas
nas dimensões dos mistérios. e esses dúbios conceitos
ecológicos preceitos, será o nobre alferes nas citações dos
pergaminhos traduzidos pelos valores etnológicos dos
poderes em todos os óbvios. pois é, se carma é sentença
sem justiça, o planeta terra é o banco dos réus, ah lembrei,
é que eu estou com fome.
153 | joeliveira oliveira
lá nos confins das peripécias onde o eco paladino entoa os
mantra das odisseias e o faro no feno farto proseia com
gestos finos os antros das panaceias, e lá na plenitude das
alvoradas onde os sonhos se embalam em versos e o parto
partindo a sina golpeia a dor de um gesto.
não manda flores
nem liga no dia seguinte.
é romântico não praticante.
157 | ni brisant
a menos que tenha nascido com asas,
você vai precisar correr
se quiser sair do chão.
- até peões
reinam nas horas vagas.
ambição de toda alegria

é tornar-se felicidade
um dia.
- a vida tirou-lhe até os dentes
mas ela não abriu mão
de sorrir.
159 | ni brisant
se você vive para ter pessoas aos seus pés,
jamais terá alguém ao seu lado.
- sem saber que é o fim.
usou reticências.
anna zêpa |segundinha
atriz da peça “ninguém no plural”
joão era
161 | anna zêpa

mais dor que nome
e pessoa
se nome fosse,
não era
joão
se pessoa fosse,
não dormia
no chão
o nome
sujou
o nome
antes fosse lama,

mas foi grana
163 | anna zêpa
o dia lembra
que existe vida
a noite lembra
que existe sonho
queria uma vida

só de noite
bobby baq | terceirinho
odeia cortar as unhas,
não consegue escolher uma cor predileta
e se perde em linha reta.
165 | bobby baq
não incomoda nada
sentar-me no topo
da alta madrugada.
perto do cometa
onde nada me acomete.
sentindo pulsar vida
em todo meu corpo
celeste.
não vou evitar

aproximação
na próxima esquina.
que meu coração
esbarre, desencaixe
e te caia por cima.
167 | bobby baq
de noite
é certo:
minha cama
seu deserto.
patricia chmielewski | campeinha
japa tratante
171 | patricia chmielewski
traumatismo craniano:
se jogou de cabeça
mas o amor
era raso demais.
gosto
não se discute,
se prova.
173 | patricia chmielewski
ciúme:
a pior forma
de dizer
eu te amo.
marina vergueiro |segundinha
parida mulher na av. paulista,
pela dor, sangrou-se poeta;
pelo canudo, jornalista.
da morte, é analfabeta.
da vida, é finalista.
175 | marina vergueiro
minha vida: combustível.
minha mente: comburente.
minha condição: combustão.
meu conflito: imprescindível.
minha angustia: calmante.
minha ida: escuridão.
amor natimorto
que eu carrego incrustado em mim,
tão simples seria fazer um aborto
e expelir este parasita, enfim!
nas veias dele corre o hiv e você nem vê.
o sangue dela jorra hiv e ninguém vê.
que diferença isso faz pra você?
caranguejúnior bráz | terceirinho
da praia e manguezais,
do asfalto e concreto
canceriano e cervejeiro.
poeta do tietê.
179 | caranguejúnior bráz
minha casa, minha vida:
ela queria comprar, um apartamento na planta
mas ele prefere, uma casa na árvore
a espera por aquele grande amor

foi em vão...
caiu entre o trem e a plataforma.
181 | caranguejúnior bráz
o paulistano adão, desembarcou na estação paraíso
e foi a pé
encontrar eva, no jardins.
anna zêpa | campeinha
autora do livro “primeiro corte”
185 | anna zêpa
ninguém vem
ao mundo
sem antes morar
no melhor lugar
do mundo:
barriga de mãe
escuto você
vejo contradição
se te incomoda
é não
se me incomoda
não é
nada não
187 | anna zêpa
amor evapora?
se sim,
quero o meu
ao sol.
bobby baq |segundinho
é de peixes com ascendente
em aquário e acha isso
despropositadamente engraçado.
189 | bobby baq
nós
mundo afora
pele adentro
aprendemos todo dia
a romper um ligamento
lá vem o solitário
carregando a sua ilha
de areia acumulada
em sua bota andarilha
191 | bobby baq
me mudei para o presente
o ambiente mais seguro
morto já está o passado
e logo mais morre o
futuro
marina vergueiro | terceirinha
ainda na infância
apresentou sintomas de poesia.
não foi vacinada
e controla a patologia
com pílulas de introspecção e boemia.
se eu moro no centro e você na quebrada,
só muda o cep, mais nada. todo mundo
é vermelho por dentro e trabalha até ter
falta de tempo.
não me atice!
não me atice, nobre senhor!
sou mulher e sou primata.
não me presenteie expectativas
para depois sair pela culatra.
preciso de compreensão
quando adulta e também criança,
pois nem sempre sou razão.
e pros meu crimes de paixão,
aceite fiança
em moeda de arrependimento e perdão.
rodolfo coelho |terceirinho
vive na ilha de páscoa
197 | rodolfo coelho
noturno I
galos cantam
a 2ª feira enfim
chega
e
não dormi ainda.
como será meu dia?
inferno sartriano
e a situação se repete
se repete se repete
se repete se repete se repete
199 | rodolfo coelho
é inevitável
vou pegar esta
mulher de jeito
como fogo no capim
bobby baq | campeinho
sente muito por ser de poucas palavras.
203 | bobby baq
soubesse de início
que o invertido é mais bonito
começava do avesso
e nem ficava arrependido
uma coisa é certeira

parte do que parte
permanece uma vida inteira
205 | bobby baq
até minha superfície
se derrete
por vontade de penetrar
a sua profundidade
a vontade que persiste

apreciar de perto
o que ainda não existe
207 | bobby baq
nicolas behr |segundinho
poeta
209 | nicolas behr
eu queria
falar de amor
ela falar de loucura
nem uma coisa

nem outra
literatura
tua boca
me deve
um beijo
eu quero
é me afogar
nesse pântano
de cuspe
a boca ri,
marota
a boca,
safada
o amor
ah! o amor
que porra
de amor!
amor
o cacete
amor
o caralho
foda-se o
amor
211 | nicolas behr

o amor
se trai
o amor
é vagabundo
não existe pureza

no amor
pureza
só no sexo
213 | nicolas behr
anna zêpa | terceirinha
autora do livro “primeiro corte”
215 |anna zêpa
poema 3 ver página 105.
sol na janela
cansado ele dorme
nos braços da cama
quem disse
que a saudade
não tem cor?
tô roxa.
217 |anna zêpa
o livrin sagrado do menor slam do mundo
foi composto em tipologia chaparral pro regular corpo 10,
em papel pólen 90g/m2 para o selo doburro.

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coordenação editorial / projeto gráfico: daniel minchoni

poeta menor, menor, menor

deve ser por isso

folha, eu sou a favor das cotas raciais.

próxima parada: cardíaca!

quando visto de telescópio.

se fosse possível viver

a evolução foi além

usar a racionalidade em plena tpm

o segundo era da porta,

mas trocaria a eternidade

tem agora sua própria religião: umbigo.

faz tempo que não tomo uma batida

porque político e empreiteira

são paulo é um lugar esquisito

não sofra com a vida

lembre-se de celebrar o cérebro

pensei: pra que lhe escrever

em sonho de bandido engravatado

isento por um ano

é poeta, artista multifuncional

xadrez ou confissão de um peão

que invadiu o mac donald’s

auto-mini-bio não autorizada.

113 | anna zêpa

criança sem casa,

nos versos e anversos

questões sem mérito

a poesia não me levou aonde eu queria,

ela queria romance;

como tão pequenas capsulas de sangue

ambição de toda alegria

161 | anna zêpa

antes fosse lama,

queria uma vida

não vou evitar

a espera por aquele grande amor

uma coisa é certeira

a vontade que persiste

ela falar de loucura

nem uma coisa

211 | nicolas behr

não existe pureza

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