You are on page 1of 99

UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E TECNOLÓGICAS


ENGENHARIA CIVIL

JANE APARECIDA BATISTA MENEZES

AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:


ESTUDO DE CASO NO SUBSETOR LESTE 2 (L-2) DO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO PRETO/SP

RIBEIRÃO PRETO
2018
JANE APARECIDA BATISTA MENEZES

AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:


ESTUDO DE CASO NO SUBSETOR LESTE 2 (L-2) DO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO PRETO/SP

Monografia apresentada à Universidade


de Ribeirão Preto UNAERP, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Me. Gustavo Almeida


Frata

RIBEIRÃO PRETO
2018
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
técnico da Biblioteca Central da UNAERP

- Universidade de Ribeirão Preto -

Menezes, Jane Aparecida Batista, 1992-


M543a Avaliação do gerenciamento dos resíduos da construção civil:
estudo de caso no subsetor leste 2 (L-2) do município de Ribeirão
Preto-SP / Jane Aparecida Batista Menezes. – Ribeirão Preto, 2018.
100 f. : il. color.

Orientador: Prof. Me. Gustavo Almeida Frata.

Monografia (graduação) - Universidade de Ribeirão Preto,


UNAERP, Engenharia Civil. Ribeirão Preto, 2018.

1. Construção civil. 2. Materiais de construção - gerenciamento.


3. Impacto ambiental. I. Título.

CDD 624
JANE APARECIDA BATISTA MENEZES

AVALIAÇÃO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL:


ESTUDO DE CASO NO SUBSETOR LESTE 2 (L-2) DO MUNICÍPIO DE
RIBEIRÃO PRETO/SP

Monografia apresentada à Universidade


de Ribeirão Preto UNAERP, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.

Data de defesa: 22/06/2018.


Resultado: _________________

Banca Examinadora

Prof. Me. Gustavo Almeida Frata


Universidade de Ribeirão Preto
Orientador

Prof. Me. José Guilherme P. de Souza


Universidade de Ribeirão Preto

Prof. Me. Alexandre da Silva Mello


Universidade de Ribeirão Preto
Dedico este trabalho a minha família, meu namorado Marlon, meus amigos de infância e da
universidade, meus professores que me transmitiram o saber e ao meu orientador Gustavo Frata
pela dedicação e ensinamentos e todos que por algum motivo passaram em minha vida ao longo
dessa caminhada e em especial ao meu irmão Gilcarlos Batista Menezes que estará sempre vivo
em meu coração.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus pela coragem e fé em seguir a caminhada e conclui-la. A minha


família que sempre foi fundamental para minhas ambições e conquistas. Minha mãe Izabel e
meu pai Gildézio pela simplicidade que nos criaram, nunca nos deixou faltar as aulas e sempre
falam que o conhecimento “o saber ninguém nunca nos toma e que temos que lutar por ele”, o
incentivo, eles sempre falam, aproveitem as oportunidades, pois nós queríamos muito poder ter
estudado, porém não tivemos essa chance e que na época deles era tudo muito difícil. A
fortaleza, onde em todos os momentos estavam sempre prontos a fazer de tudo para me ajudar
e sempre acreditaram em mim e me impulsionavam a nunca desistir. Aos meus irmãos João
Paulo e Isael, que sempre me aguentavam, porque eu era muito chata quando estava estudando
e me ajudavam no que eu precisava ao longo da caminhada. A minha irmãzinha Thaíz por ter
nascido e compartilhado muito amor e carinho e sempre me tinha como seu espelho, ela sempre
falava “Janinha quando eu crescer quero ser igual a você” e isso me dá, cada vez mais motivação
a querer ser o melhor, para que ela pudesse se orgulhar de mim. Ao meu namorado Marlon que
além de me aguentar quando eu estava muito chata estudado, me ajudou no que podia e sempre
me incentivou a continuar e sempre falava, “eu acredito em você, calma você irá conseguir você
é inteligente”, tenho certeza que sem você seria muito difícil estar aqui. Ao meu irmão tão
amável Gilcarlos e que hoje não está aqui mais entre nós, nós éramos tão úmidos meus pais nos
ensinaram a ser assim, ele torcia tanto por mim e me transmitia mesmo de longe tanta força e
amor, sempre estava sorrindo. Gil sempre falava, tenho orgulho dela e que eu iria vencer,
coragem em estar cursando Eng Civil e numa Universidade conceituada, ele sempre falava que
que ia me ver formando. Eu pude ter o prazer em dizer a ele parabéns, pelo tão batalhado título
de bacharel em Administração que ele pode receber poucos dias antes de se tornar uma
estrelinha no céu, ele não está aqui fisicamente mas sei que estaria aqui me incentivando e
torcendo por mim.

Obrigada a todos!
RESUMO

A partir da crescente preocupação sobre a geração, destinação e disposição final dos


resíduos da construção civil, preocupação esta que tange tanto as questões de
qualidade ambiental, quanto da área econômica do país, este estudo objetivou
analisar o cenário atual do gerenciamento dos resíduos da construção civil (RCC) no
subsetor leste 2 (L-2), do município de Ribeirão Preto. Foram identificadas as
principais dificuldades para o gerenciamento destes resíduos, para então discutir-se
mecanismos para minimiza-las. Com base nos dados recolhidos através de
documentos da prefeitura e entrevistas realizadas em obras domésticas deste setor
de estudo, verificou-se sobre a existência de pontos de entrega voluntária (PVE’s) de
RCC para os munícipes, e avaliou-se os mecanismos de destinação destes resíduos
das obras domiciliares dos bairros do setor de estudo. A partir da análise de resultados
foi possível identificar o real cenário das obras, no que diz respeito aos sistemas de
destinação de RCC do município de Ribeirão Preto. Identificou-se sobre tudo, a falta
de conhecimento sobre os impactos que esses resíduos podem causar se dispostos
incorretamente, bem como o desconhecimento sobre os locais corretos para a
destinação destes resíduos. Outro ponto identificado é sobre a falta de fiscalização
por órgãos públicos quanto a correta destinação e disposição dos RCC, o que traz
limitações para uma correta gestão e gerenciamento dos RCC no município. Enfim,
por meio do estudo teórico realizado, e com os questionários e entrevistas aplicados,
foi possível constatar, que o atual gerenciamento dos resíduos da construção civil no
subsetor 2 necessita de melhorias e de apoio para o atingimento de uma gestão
correta e integrada no município como um todo, garantindo salubridade ambiental.
Como melhoria de gerenciamento, apontou-se a redução da geração dos resíduos,
com uma correta gestão das etapas das obras; a divulgação e transmissão de
conhecimento sobre o assunto de resíduos sólidos para a população; a correta
segregação e destinação dos RCC e aumento do número de áreas para PEV’s,
facilitando a logística e reduzindo os custos desta destinação por parte da população.

Palavras-Chaves: Gerenciamento; Resíduos; Construção Civil; Destinação; Impacto


Ambiental.
ABSTRACT

From the growing concern about the generation, destination and disposal of
construction waste, concern that worrienment both environmental quality issues, and
of the country's economic area, this study aimed to analyze the current scenario of the
management of construction waste (CW) in the subsector East 2, in the city of Ribeirão
Preto. The main difficulties for the management of this waste were identified, to discuss
mechanisms to minimize them. Based on data collected through city hall documents
and interviews conducted in domestic works of this sector of study, it was verified on
the existence of voluntary delivery points (VDP) of CW for the residentes, and it was
evaluated the mechanisms of destination of these residues of the domiciliar works of
the districts of the study sector. Based on the analysis of results, it was possible to
identify the real scenario of the works, with regard to the CW destination systems of
the city of Ribeirão Preto. It has been identified above all, the lack of knowledge about
the impacts that these waste can cause if disposal incorrectly, as well as the lack of
knowledge about the correct locations for the disposal of theses waste. Another point
identified is the lack of inspections by public agencies regarding the correct allocation
and disposal of CW, which brings limitations to the correct administration and
management of CW in the municipality. Finally, through the theoretical study carried
out, and with the questionnaires and interviews applied, it was possible to verify that
the current management of construction waste in subsector East 2 needs improvement
and support for the achievement of a correct and integrated management in the
municipality as a whole, guaranteeing environmental health. As management
improvement, it was pointed out the reduction of waste generation, with a correct
management of the steps of the works; the dissemination and transmission of
knowledge on the subject of solid waste to the residents; the correct segregation and
destination of CW and increase the number of areas for VDP, facilitating logistics and
reducing the costs of this destination by the residents.

Keywords: Management; Waste; Construction; Destination; Environmental impact.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma do processo de gravimetria ................................................... 27


Figura 2. As cores da coleta seletiva ........................................................................ 30
Figura 3. Regiões do Brasil com o serviço de coleta seletiva ................................... 31
Figura 4. Regiões do Brasil com o serviço de coleta seletiva ................................... 32
Figura 5. Disposição final de RSU no Brasil por tipo de destinação (T/dia) ............. 37
Figura 6. Coleta de RCD nas regiões no Brasil ........................................................ 45
Figura 7. Reciclagem de resíduos da construção civil .............................................. 47
Figura 8. Fluxograma metodológico ......................................................................... 54
Figura 9. Localização da área de estudo, no município de Ribeirão Preto .............. 56
Figura 10. População e Domicílios do subsetor Leste - 2 (L-2), do município de
Ribeirão Preto/SP...................................................................................................... 57
Figura 11. População do subsetor Leste - 2 (L-2), em relação ao município de Ribeirão
Preto/SP. ................................................................................................................... 57
Figura 12. Economia do município de Ribeirão Preto .............................................. 58
Figura 13. Esgotamento sanitário de Ribeirão Preto ................................................ 58
Figura 14. Delimitação da área de estudo e localização do PEV estudado ............. 60
Figura 15. Situação do ponto de entrega voluntária jardim Procópio ....................... 61
Figura 16. Situação do ponto de entrega voluntária no jardim Branca Salles .......... 62
Figura 17. Localização das amostras coletas ........................................................... 66
Figura 18. Questão 01 - Fase da obra que gera mais resíduos ............................... 67
Figura 19. Questão 02 - Procedimento realizado com os resíduos gerados ............ 68
Figura 20. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ...................................... 69
Figura 21. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ..................................... 69
Figura 22. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ...................................... 69
Figura 23. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ...................................... 70
Figura 24. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ...................................... 70
Figura 25. Caçamba contendo resíduos da obra estudada ...................................... 70
Figura 26. Questão 03 - Conhecimento dos munícipes da existência de PEV'S ...... 72
Figura 27. Questão 04 - Quantidade de RCC gerados por obra .............................. 73
Figura 28. Questão 05 - Visão dos munícipes sobre a disposição inadequada aos
RCC .......................................................................................................................... 74
Figura 29. Questão 06 - Dificuldade para se obter o gerenciamento correto dos RCC
.................................................................................................................................. 75
Figura 30. Situação do ponto de entrega voluntaria Jardim Procópio ...................... 78
Figura 31. Telhas e tijolos descartados praticamente na calçada ............................ 78
Figura 32. Entulhos jogados diretamente no terreno ................................................ 78
Figura 33. Situação do entulho jogado no próprio terreno ........................................ 79
Figura 34. Situação de diversos resíduos descartados irregularmente .................... 79
Figura 35. Resíduos que não são classificados como RCC segregados. ................ 81
Figura 36. Local de descarte de resíduos – PEV. .................................................... 82
Figura 37. Fachada da usina de reciclagem dos RCC do Município ........................ 83
Figura 38. Processo de triagem dos resíduos .......................................................... 84
Figura 39. Processo de triagem dos RCC ................................................................ 85
Figura 40. Esteira de triagem onde saem os materiais grosseiros ........................... 85
Figura 41. Britadeira, reciclagem e trituração dos RCC ........................................... 86
Figura 42. Agregados já separados.......................................................................... 86
Figura 43. Agregados que necessitam de trituração ................................................ 87
Figura 44. Volume de rejeitos acumulados na Usina de reciclagem de RCC de
Ribeirão Preto. .......................................................................................................... 88
Figura 45. Volume de rejeitos acumulados na Usina de reciclagem de RCC de
Ribeirão Preto. .......................................................................................................... 88
Figura 46. Área limpa em que continha grande volume de rejeito disposto - Usina de
reciclagem de RCC de Ribeirão Preto. ..................................................................... 89
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ........................................ 14
1.2 HIPÓTESE ................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 15
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 15
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 16
1.5 SÍNTESE DO TRABALHO ............................................................................ 17
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ........................................................................ 18
2.1 PANORAMA DO SANEAMENTO NO BRASIL ............................................. 18
2.2 LEI N° 11.445/07 (POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO)...... 19
2.2.1 Abastecimento de Água Potável ................................................................... 21
2.2.2 Esgotamento Sanitário ................................................................................. 21
2.2.3 Drenagem e Manejo das Águas Pluviais ...................................................... 22
2.2.4 Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos .......................................... 23
2.3 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................ 24
2.3.1 Conhecendo Resíduos Sólidos .................................................................... 24
2.3.2 Geração dos Resíduos Sólidos .................................................................... 26
2.3.3 Caracterização dos Resíduos Sólidos .......................................................... 26
2.3.3.1 Características físicas: .................................................................................. 27
2.3.3.2 Características físico-químicas ..................................................................... 28
2.3.3.3 Características biológicas ............................................................................. 29
2.3.4 Coleta e Transbordo dos Resíduos Sólidos .................................................. 29
2.3.5 Formas de Tratamento de Resíduos Sólidos ................................................ 32
2.3.5.1 Reciclagem ................................................................................................... 33
2.3.5.2 Compostagem .............................................................................................. 33
2.3.5.3 Incineração ................................................................................................... 34
2.3.6 Disposição Final de Resíduos Sólidos.......................................................... 35
2.3.6.1 O lixão .......................................................................................................... 36
2.3.6.2 Aterro controlado .......................................................................................... 36
2.3.6.3 Aterro sanitário ............................................................................................. 36
2.4 LE I N° 12.305/10 (POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS) ........ 38
2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................ 40
2.6 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ......................................................... 41
2.6.1 Resolução CONAMA 307 - Resíduos da Construção Civil - Lei Federal ...... 41
2.6.2 Classificação dos Resíduos da Construção Civil (RCC) ............................... 42
2.6.3 Caracterização ............................................................................................. 44
2.6.4 Reciclagem do Resíduos da Construção Civil .............................................. 46
2.6.5 Disposição do Resíduos da Construção Civil ............................................... 47
2.7 CONHECENDO O GERENCIAMENTO ....................................................... 48
2.7.1 A Importância do Gerenciamento em Obra de Construção Civil .................. 48
2.7.2 Papel do Setor da Construção Civil em Relação ao Gerenciamento dos
Resíduos ................................................................................................................... 49
2.7.3 Importância de se ter Pontos de Entregas Voluntaria de RCC no Município 50
3 MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................. 51
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 56
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................. 56
4.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....................................................... 59
4.3 DECRETO Nº 332/08 QUE DISCIPLINA A GESTÃO SUSTENTAVEL E O
GERENCIAMENTO DOS RCC DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO .................. 63
4.4 INTRODUÇÃO A ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 65
4.4.1 Analise dos Resultados Obtidos Por Meio de Questionários ........................ 66
4.4.2 Análise e Discussão dos Resultados Obtidos por Meio de Entrevista .......... 77
4.4.3 Ponto de Vista Sobre Local de Implantação do Projeto ................................ 77
4.4.4 Segregação dos Resíduos ........................................................................... 80
4.4.5 Transportes dos Resíduos ............................................................................ 81
4.5 USINA DE RECICLAGEM DOS RCC DA PREFEITURA DE RIBEIRÃO
PRETO 83
4.6 PROPOSTAS E MEDIDAS DE MELHORIAS DIANTE DO CENÁRIO
AVALIADO ................................................................................................................. 89
5 CONCLUSÕES ............................................................................................ 91
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94
APÊNDICE ................................................................................................................ 98
13

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é um setor que está sempre acompanhando a


economia do país, grandes empreendimentos são realizados constantemente, com
diversas técnicas construtivas. Com isso, aumentou-se a preocupação a respeito da
geração de resíduos sólidos provenientes da construção civil, em decorrência do
grande volume gerado e a deposição irregular dos mesmos. Em virtude dessa
preocupação, com o que os resíduos da construção civil (RCC), podem causar ao
meio ambiente, a saúde pública e a paisagem urbana, foram criadas resoluções, leis
especificas que estabelecem um conjunto de medidas que devem ser adotadas para
se obter o gerenciamento adequado dos resíduos da construção civil.
De forma geral, o gerenciamento dos RCC possui a intenção de interligar as
necessidades impostas pelo meio ambiente, decorrentes do processo de urbanização
ás características das técnicas construtivas e dos materiais utilizados, em que define
critérios, técnicas e procedimentos realizados na indústria da construção civil de forma
a minimizar o impacto causado. Desse modo promove-se a redução, reutilização,
reciclagem, destinação e disposição final dos RCC, em que representa muito mais do
que a satisfação de necessidades básicas do meio ambiente e sim a busca pela
sustentabilidade. Para tanto, as estratégias de gerenciamento dos resíduos da
construção civil, visam compartilhar a responsabilidade da geração, tratamento e
disposição final.
Diante dos decorrentes transtornos causado pelo grande volume de resíduos
da construção civil gerados, pela falta de área para disposição final, pela deposição
inadequada em lotes baldios, vias e praças públicas, pela falta de conscientização dos
munícipes do impacto ambiental que os RCC podem causar, além da falta de
fiscalização por meio de órgãos que zelam da salubridade ambiental. A indústria da
construção civil e o município devem acompanhar e aplicar as mudanças impostas
por normas, com o propósito de cumprir seus deveres como geradores perante ao
meio ambiente, com isso viabiliza o gerenciamento integrado dos RCC.
Portanto, buscou-se reunir dados com o propósito de responder ao seguinte
problema de pesquisa: como um correto gerenciamento dos resíduos da construção
civil em um município pode refletir ou contribuir na redução do impacto ambiental
causado pela falta de gestão na área dos resíduos sólidos?
14

O objetivo de analisar o atual gerenciamento dos resíduos da construção civil


no subsetor leste 2, do município de Ribeirão Preto, consiste em identificar as
principais dificuldades encontradas para o gerenciamento em obras domesticas e
então avaliar a existência de pontos de entrega voluntaria de RCC para os munícipes
desse subsetor, além de analisar o sistema de destinação dos resíduos da construção
civil do município. Com isso é possível fazer propostas e medidas de melhorias diante
do cenário analisado, de forma a auxiliar na redução do impacto ambiental causado
pela falta de gestão verificada na área de resíduos sólidos.
Diante do cenário do município de Ribeirão Preto, em relação ao
gerenciamento inadequado dos resíduos oriundos da construção civil, surgiu a
preocupação com necessidade de redução do impacto ambiental causado. Nesse
contexto, a proposta de trabalho visa avaliação do gerenciamento dos resíduos em
obras domesticas no subsetor leste 2, pois será verificado na prática os procedimentos
e técnicas adotadas, além de apresentar conceitos, definições e medidas necessárias
para o gerenciamento integrado dos RCC, em contribuição para certificação em
pequena escala, se está sendo praticada as normas adotadas na área de resíduos
sólidos e com isso apresentar propostas de melhorias na área se estudo.
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas pesquisas
bibliográficas, observações em campos, além de estudo de caso. A pesquisa
bibliográfica, se fez uso de materiais já elaborados, tais como: livros, artigos
científicos, sites e normas técnicas, na busca de organização do conhecimento sobre
gerenciamento dos resíduos da construção civil, relacionando com abordagens já
trabalhadas por outros autores. O estudo de caso foi desenvolvido, através de visitas
em obras domiciliares com a aplicação de questionários, visitas em pontos de entrega
voluntaria de resíduos do município e realização de entrevista, a fim de analisar os
métodos utilizados para o gerenciamento dos resíduos da construção civil, por parte
dos municípios e por parte do poder público municipal.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Buscou-se reunir dados com o propósito de responder ao seguinte problema


de pesquisa: como um correto gerenciamento dos resíduos da construção civil em um
município pode refletir ou contribuir na redução do impacto ambiental causado pela
falta de gestão na área dos resíduos sólidos?
15

1.2 HIPÓTESE

A teoria é que a necessidade de redução do impacto ambiental causado pela


falta de gestão correta na área dos resíduos da construção civil, pode ser reduzida
com a análise do atual gerenciamento dos resíduos da construção civil. O estudo foi
delimitado em um subsetor do município de Ribeirão Preto, verificando na pratica se
os procedimentos e técnicas adotadas então de acordo com as normas que zelam da
salubridade ambiental. Nesse contexto, a análise no subsetor leste 2 do município de
Ribeirão Preto, contribuiu para identificação de problema no gerenciamento dos RCC,
sendo propostas mecanismos de melhorias.

1.3 OBJETIVOS

Na sequência, são apresentados os objetivos Geral e Específicos do trabalho


realizado.

1.3.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar o atual gerenciamento


dos resíduos da construção civil no subsetor leste 2, do município de Ribeirão Preto,
interior do estado de São Paulo, de forma a auxiliar na redução do impacto ambiental
causado pela falta de gestão verificada na área de resíduos sólidos, como forma de
propor melhorias no sistema de RCC no município de Ribeirão Preto.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Identificar quais as principais dificuldades encontradas no


gerenciamento dos resíduos sólidos da construção civil (RCC) no
subsetor de estudo;
 Avaliar as dificuldades encontradas no gerenciamento de RCC com
base nos dados recolhidos e propor mecanismos para minimiza-las;
 Avaliar a existência de pontos de entrega voluntária (PVE’s) de RCC
para os munícipes do subsetor estudo;
16

 Analisar o sistema de destinação dos resíduos da construção civil


utilizada no município de Ribeirão Preto;
 Propor medidas de melhorias diante do cenário a ser avaliado, como
forma de mitigação de possíveis impactos ambientais causados pela
disposição inadequada dos RCC pelos munícipes.

1.4 JUSTIFICATIVA

Diante da necessidade de redução do impacto ambiental causado pelo setor


da construção civil, surgiu a preocupação sobre o que fazer com os resíduos sólidos
gerados. Criou-se a Resolução n° 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que visa auxiliar na gestão dos resíduos sólidos da construção civil
impondo responsabilidades e deveres para que cada município dê para esses
resíduos a destinação final adequada e ainda que implemente o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Para tanto, a análise do
atual gerenciamento dos RCC (resíduos da construção civil) do município de Ribeirão
Preto no subsetor leste 2, contribuirá para certificação em pequena escala de que está
sendo praticada as normas que rege o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos
da construção civil.
Além disto, a verificação junto ao munício da existência de pontos de entrega
voluntaria para os RCC e se já existem, a análise de como funcionam, se são
suficientes e se a localização tem distância apropriada para cada subsetor. Os PEV’s
(pontos de entregas voluntarias) tem grande importância na questão do
gerenciamento desses resíduos, pois auxilia na redução dos entulhos jogados em
vias, praças públicas e lotes baldios e possibilita a destinação adequada aos mesmos.
Essa pesquisa impulsionou-se, a fim de entender como é na pratica os
procedimentos e técnicas utilizadas para o gerenciamento dos RCC no município de
Ribeirão Preto, em obras de construção e demolição no subsetor leste 2. Com base
em conceitos, definições e leis necessárias para garantir a destinação adequada dos
mesmos, em contribuição para o seu público alvo o benefício da preservação dos
recursos naturais, a redução dos custos das obras, a saúde do cidadão, a melhoria
no sistema de drenagem urbana, com base nos princípios da lei da Política Nacional
dos resíduos sólidos e do Conama 307 dos resíduos sólidos da construção civil.
17

1.5 SÍNTESE DO TRABALHO

Este trabalho tem em sua estrutura cinco capítulos, a introdução, revisão


bibliográfica, materiais e métodos, resultados e discussões e conclusão, assim
respectivamente. Em que no capitulo 1 é apresentado uma introdução geral do estudo
realizado, a partir da formulação do problema, hipótese, objetivos e justificativa que
foram previamente traçadas. No capítulo 2, a revisão bibliográfica contém sete
subcapítulos, no primeiro subcapítulo, o panorama do saneamento no Brasil que se
trata de dados estatísticos afim de esclarecer a situação do saneamento no país. No
segundo subcapítulo descreve sobre a lei nº 11.445/07 a Política Nacional de
Saneamento Básico, que estabelece normas para implementação de serviços
indispensáveis a qualidade de vida da população. No terceiro subcapítulo relata sobre
conceitos e características de resíduos sólidos, tais como definição, geração,
caracterização, coleta e transbordo, formas de tratamento e disposição final dos
Resíduos sólidos. No quarto subcapítulo descreve sobre a lei nº 12.305/10 Política
Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece princípios e técnicas para a gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos. No quinto subcapítulo apresenta a classificação
dos resíduos sólidos segundo a lei apresentada no subcapítulo quatro. No sexto
subcapítulo é abordado assunto dedicado aos resíduos de construção civil, tais como
a resolução 307 que trata da gestão e gerenciamento, classificação segundo
resolução 307, caracterização, reciclagem e disposição dos resíduos da construção
civil. Já no sétimo subcapítulo conhecendo o gerenciamento, apresenta conceitos
sobre a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, se trata da importância do
gerenciamento em obra, do papel do setor da construção civil em relação ao
gerenciamento dos RCC e a importância de se ter pontos de entrega voluntaria no
município. No capítulo 3, apresenta os materiais e métodos, ou seja, como e com
quais recursos o trabalho foi executado, tanto teórico quanto pratico. No capítulo 4,
são apresentados os resultados e discussões, obtidos de acordo com a metodologia
traçada. Já no capitulo 5, apresenta a conclusão do trabalho, em que mostra as
principais discussões acerca do assunto e faz o fechamento das ideias e também
apresenta propostas de temas para novos estudos que visem aprofundar mais sobre
tema.
18

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Na sequência, apresenta-se a revisão da literatura específica acerca do


assunto de resíduos sólidos, abordando inicialmente o panorama geral sobre o
saneamento, as principais legislações aplicadas ao tema, apresentação das principais
formas de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, com foco nos resíduos da
construção civil (RCC).

2.1 PANORAMA DO SANEAMENTO NO BRASIL

Segundo Granziera, Granziera e Pires (2016) os serviços de saneamento


básico no Brasil têm metas a cumprir conforme lei n. 11445/2007 durante um período
de 20 anos. O abastecimento de água potável e esgotamento sanitário
respectivamente deverão cumprir 99% e, 92% dos serviços para atingir a meta, em
sequência em relação ao resíduo sólido deverá garantir toda a coleta pública urbana
e erradicar quaisquer lixões a céu aberto no pais, já os serviços de drenagem devem-
se adotar medidas compensatórias, afim de minimizar danos causados pelas
inundações.
Conforme Trata Brasil (2017) a situação do Saneamento brasileiro está em
processo evolutivo, houve aumento das prestações dos serviços de abastecimento de
água potável de 81,7% para 83,3% e para os serviços de esgotamento sanitário de
39,5% para 50,3% entre os anos de 2005 a 2015 diante de dados apresentados das
pesquisas realizadas. Para tanto o Brasil ainda está distante de atingir a
universalização do acesso, pois é grande o número de pessoas que não possuem os
serviços de saneamento básico.
De acordo com Trata Brasil (2017), apresenta-se dados estatísticos da situação
do saneamento no pais, afim de melhor detalhamento. Como já citado acima 83,3%
da população brasileira possui o serviço de abastecimento de água potável no ano de
2015, ainda em carência 35 milhões de habitantes.
No país há um problema com a relação da quantidade de água potável
disponível e a quantidade de água perdida, conforme descrito:

A cada 100 litros de água coletado e tratado, em média, apenas 63 litros são
consumidos. Ou seja 37% da agua no Brasil é perdida, seja com vazamentos,
roubos e ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no
19

consumo de água, resultado no prejuízo R$ 8 bilhões (TRATA BRASIL,


2017).

O autor deixa claro na citação acima que um dos grandes desafios do


saneamento no Brasil, é o prejuízo com a perda de agua potável. Há inúmeros
brasileiros que não possui o serviço de agua potável encanada e perde-se tanto.
Ainda para Trata Brasil (2017), nos serviços de coleta de esgoto, o cenário é
ainda pior, apenas 50,3% no ano de 2015 teve o esgotamento sanitário, com isso mais
100 milhões de habitantes em situação precária e nas 100 maiores cidades brasileiras
mesmo possuindo redes de coleta, há mais de 3,5 milhões de habitantes que
despejam o seu esgoto diretamente no meio ambiente, de maneira irregular.
Do esgoto coletado no país apenas 42,67% são tratados, sendo que nas 100
maiores cidades somente 50,26% do esgoto é tratado, com isso uma pequena parcela
de 10 cidades faz o tratamento de mais de 80% do seu esgoto coletado.
Há uma desigualdade grande nos serviços de tratamento de esgoto nas regiões
do país, na região Centro-oeste é a que mais trata seu esgoto, com um percentual de
50,22%, no Sudeste 47,39%, sul 41,43%, no Nordeste 32,11% e no Norte com o
menor percentual de 16,42% do esgoto coletado e tratado.
Com tudo, prevê-se “o custo para universalizar o acesso aos 4 serviços do
saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período
de 2014 a 2033” (Trata Brasil 2017). Portanto para o Brasil chegar na universalização
do acesso ao saneamento básico tem grande desafio.
No próximo tópico será apresentado a lei nº 11.445/07, que rege o saneamento
básico nacional. Com a finalidade de apresentar princípios básicos que devem ser
seguidos pelos municípios brasileiros.

2.2 LEI N° 11.445/07 (POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO)

Segundo Alceu de Castro (2013) a Política Nacional do Saneamento Básico é


uma lei federal que estabelece normas para implementação de serviços de
abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos,
drenagem, manejo de águas pluviais e limpeza urbana, pois, apresenta critérios e
técnicas a serem adotadas pelo município para que garanta a regulação dos mesmos
20

de modo sustentável, a fim de estabelecer aos usuários as condições mínimas de


qualidade segundo a norma.
Para Souza Júnior (2007) a Política Nacional do Saneamento Básico envolve
questões sobre a melhoria da saúde pública, redução da pobreza, a preservação do
meio ambiente, qualidade da vida humana, visto que o saneamento básico é o ponto
de partida.

A Política Nacional do Saneamento Básico permite:


[...] atender os princípios fundamentais da universalização do acesso; do
oferecimento, disponibilidade dos serviços e atividades que compõem o
saneamento básico de forma integral; do abastecimento de água,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo os resíduos sólidos
realizados de forma adequada à saúde pública e a proteção do meio
ambiente (Das Infrações Administrativas Ambientais, 2007, p. 177).

Como se pode verificar nessa citação, o Politica Nacional do Saneamento


Básico promove a universalização dos serviços a todos os municípios brasileiros.
Assim garante a regularidade dos municípios que já possuem os serviços de
saneamento básico e a obrigatoriedade para os que ainda não implantaram.
Evidentemente a aplicação deve ser utilizada para que todos tenham o acesso ao
saneamento básico, fator indispensável para manter a qualidade de vida humana.
A Política Nacional do Saneamento Básico é usada para elaboração de plano
de saneamento dos municípios. Cita-se, como exemplo: ainda há ausência ou
inadequação dos serviços de saneamento básico em alguns municípios brasileiros,
usa-se a Política Nacional do Saneamento Básico como paramento a ser seguido para
auxiliar na elaboração de projetos, afim de suprir tais necessidades.
Ainda para (Souza Júnior, 2007, p. 177), sobre a política pública de
saneamento, que descreve:

A transparência das ações na execução da política pública de saneamento


far-se-á de forma efetiva com a implantação de um sistema de informações
de forma a propiciar processos decisórios institucionalizados, o controle
social, a segurança, a qualidade e a regulação dos serviços. Nesse sentido,
o Politica Nacional do Saneamento Básico permite o fácil acesso sobre as
informações que impõe a obrigatoriedade da implementação e regularidade
dos serviços saneamento básico.

Logo, é importante compreender, que garantindo o cumprimento dos serviços


do saneamento básico estará contribuindo significativamente para a melhoria da
21

saúde pública, evitando o surgimento de doenças, assim garante a qualidade de vida


em geral da população. Nesse sentido, exemplifica-se a Política Nacional do
Saneamento Básico como sendo base que deve ser seguida pelos municípios, afim
de garantir o cumprimento do direito de saneamento básico de maneira
indiscriminada.
No próximo tópico será apresentado as quatro vertentes do saneamento
básico: abastecimento de água potável, esgotamento Sanitário, águas pluviais e
resíduos sólidos.

2.2.1 Abastecimento de Água Potável

Segundo Heller e Pádua (2006) a água é um fator indispensável para a


sobrevivência humana, porém, que em alguns lugares do planeta tem sido muito difícil
garantir o abastecimento de água para todos com qualidade e regularidade, pois, o
recurso é escasso. Em virtude de tais condições deve-se levar em consideração a
preservação dos recursos naturais para as instalações do sistema de abastecimento
de água.
Ainda para o mesmo autor que descreve:

O abastecimento de água mantém uma relação ambígua com o


ambiente, especialmente hídrico: de um lado é um usuário
primordial, dele dependendo; de outro, ao realizar este uso,
provoca impactos. Um adequado equacionamento dessa sua
dupla com o ambiente é requisito indispensável para uma correta
concepção do abastecimento de água. (Heller e Pádua, 2006, p. 51).

Conforme citado acima a água é indispensável para a sobrevivência da


população. O autor deixa claro que, para implantação adequada de um sistema de
abastecimento de água deve-se reunir os parâmetros que garanta a proteção do meio
ambiente e a distribuição de água com qualidade para todos.

2.2.2 Esgotamento Sanitário

De acordo com a Lei n° 11.445 (2007) os esgotamentos sanitários compõem-


se pelos serviços de infraestrutura e etapas como coleta, transporte, tratamento e a
22

destinação final de acordo com as normas. Atendendo todo o processo desde a


geração nas ligações prediais até a destinação final do esgoto sanitário no meio
ambiente.
Dados que permite mais clareza sobre o assunto:

Em 2000, dos 5.507 municípios, 52,2% tinham esgotamento sanitário,


portanto, 2.630 (47,8%) municípios não eram atendidos por rede coletora,
utilizando soluções alternativas (fossas sépticas e sumidouros, fosses secas,
valas abertas e lançamento em cursos d'água). Em relação aos domicílios, a
situação é mais crítica apenas 33,5% são atendidos por rede geral de esgoto,
chegando ao nível mais baixo na região Norte (2,4%), seguidos da região
nordeste (14,7%), Centro-Oeste (28,1%), Sul (22,5%) e Sudeste (53,0%).
(ROSA, FRACETO, e CARLOS, 2012, p. 51).

Conforme citado acima, o autor deixa claro que os serviços de esgotamento


sanitário no Brasil são desiguais dentre as regiões do pais. Onde 47,8% dos
municípios usam formas de esgotamento sanitários que os esgotos são lançados
diretamente no solo ou cursos d'água. “Entre os serviços de saneamento básico, o
esgotamento sanitário é o que tem menor presença nos municípios brasileiros”.
(IBGE, 2002, p. 40)

2.2.3 Drenagem e Manejo das Águas Pluviais

Para Miguez, Veról e Rezende (2015) os problemas com os serviços drenagem


urbana e manejo das águas pluviais vem se tornando cada vez mais preocupante
devido ao crescimento descontrolado de algumas cidades em países em
desenvolvimento, com isso não há o planejamento das cidades ocasionando riscos
de inundações. Durante o processo de urbanização a gestão pública deve-se juntar
com o planejamento dos sistemas de drenagem urbana que prevê o recolhimento das
águas pluviais precipitadas e dá-lhe a destinação final adequada conforme prescritas
nas normas.
Segundo (Souza Júnior, 2007, p. 177):

[...] a drenagem e manejo das águas pluviais urbanas são um conjunto de


atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de
águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de
vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas
nas áreas urbanas.
23

Conforme citado acima obteve-se, o melhor detalhamento sobre a composição


dos serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Assim, o autor deixa
claro que as atividades pertinentes aos serviços de drenagem garantem a coleta, o
tratamento até a destinação final das águas pluviais drenadas.

2.2.4 Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos

Segundo Ferreira (2016) os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos


sólidos se incluem dentro das atividades do saneamento básico, desde a coleta,
separação até a destinação final dada de acordo com cada tipo de resíduo. Os
resíduos sólidos urbanos são os domiciliares que podem ser separados para reuso,
reciclagem e até os de restos de comida que se utilizam para a compostagem e os
provenientes de limpeza urbana são os serviços de varrição, poda e capina de arvores
dentre outros serviços de limpeza pública.
Em complemento ao que o autor anterior disse, (Rikils, Barella e Senhoras,
2016, p. 27), descreve:

O gerenciamento dos RSU constitui responsabilidade da administração


municipal e envolve uma sequência de atividades que auxiliam a melhoria do
sistema de limpeza urbana, abrangendo a redução, reutilização e reciclagem
(3R); o acondicionamento; a coleta e transporte dos resíduos, a limpeza dos
logradouros; o tratamento (compostagem, reciclagem, digestão anaeróbia,
incineração, etc.) e a disposição final (aterros sanitários).

Neste contexto, o autor deixa claro que para a realização do gerenciamento


adequado dos resíduos sólidos urbanos é necessário que se empregue técnicas afim
de minimizar o impacto ambiental causado pelos mesmos. O mais preocupante,
contudo, é constatar que ainda a limpeza pública urbana se encontra em desacordo
com a normas, é necessário a colaboração da administração pública e da população
para garantir a melhoria desses serviços.
No próximo tópico será apresentado informações sobre conceitos e
características de resíduos sólidos, afim de proporcionar maior esclarecimento sobre
o tema proposto na pesquisa.
24

2.3 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Na sequência apresenta os conceitos principais sobre os resíduos sólidos.


Destacando as etapas desde a geração até disposição final.

2.3.1 Conhecendo Resíduos Sólidos

Durante o processo de urbanização, houve o crescimento populacional e veio


junto, o aumento do consumismo e consequentemente a geração descontrolada de
resíduos sólidos. Além disso, as atividades industriais e a falta de gestão adequada
dos resíduos provocam o aumento da geração dos mesmos, sem que tenham a
destinação devida, com isso entra-se no passivo ambiental onde as empresas devem
investir com o intuito de reparar os impactos ambientais não corrigidos causados pelas
atividades da mesma durante o período de produção RIBEIRO e MORELLI (2009).
Segundo (Silva, 2014, p. 11). "Os crescimentos populacionais, industriais e
consequentemente a produção de bens de consumo, concorrem para aumentar o
volume de resíduos sólidos urbanos; em decorrência do homem satisfazer as suas
necessidades cotidianas". Ainda para o mesmo autor:

[...] com o desenvolvimento tecnológico provindo da resolução industrial, o


lixo passou a ter vários significados, exigindo outras considerações a fim de
que os municípios planejassem melhores formas de manejo dos resíduos,
tornando o adequado e eficiente.

Vista disso, pode-se afirmar que o aumento da quantidade de resíduos sólidos


foi em decorrência da urbanização e o consumismo exagerado. Com isso, ao passar
do tempo começou a preocupar-se com o manejo dos resíduos devido ao grande
volume dos mesmos depostos em locais inapropriados causando danos ao meio
ambiente.
Faz-se necessário o conhecimento sobre o conceito básico de resíduos sólidos,
a fim de promover melhor compreensão sobre o assunto, sendo assim:

Resíduo solido ou simplesmente "lixo" é todo material solido ou semissólido


indesejável e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por
quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato.
Devemos destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do
lixo, pois aquilo que já não apresenta nenhuma serventia para quem o
25

descarta, para outro pode se tornar matéria-prima para um novo produto ou


processo. (Definição de lixo resíduos sólidos, 2012, p. 15).

Conforme verificado, o resíduo sólido requer atenção especial quanto ao


manejo e disposição final. Trata-se de um material que pode ou não ainda ter
serventia, para tanto deve ser caracterizado assim, da lhe a destinação adequada,
seria um erro, atribuir simplesmente como material inútil. Assim, é importante lembrar
que de acordo com as características dos resíduos sólidos podem ser reciclados,
reutilizados ou destinados a algum tipo de tratamento especifico, porém será
detalhado sobre alguns meios de tratamento mais adiante no tópico dedicado ao
mesmo.
Cada vez mais, dá-se importância em torno do assunto resíduos sólidos, devido
as consequências do impacto ambiental que o mesmo tem causado. Fala-se muito
sobre gestão dos municípios para com os resíduos sólidos urbanos, no entanto
necessita-se também de mais conscientização da população, pois se gerar menos,
não jogar lixos em vias públicas e separar em casa antes de levar para o recolhimento
do caminhão de lixo, terá uma contribuição positiva no meio ambiente.
Dessa forma, a mudança de abito da população pode influenciar positivamente
na redução de resíduos gerados. Para (Paulics, Vaz e Silveira, 2002, p. 95), encontra-
se:
Outra dificuldade relaciona-se ao objetivo de redução do volume de lixo
gerado na própria fonte de produção, pois essa redução depende de uma
série de variáveis que fogem ao raio de ação de uma política pública
municipal. Como atestam pesquisas, fatores sócio-econômicos influem
diretamente no padrão de consumo (e, portanto, de produção de lixo) da
população.

Conforme citado acima o autor deixa claro que para redução de resíduos, não
depende somente da gestão dos municípios, há outros fatores que podem influenciar
nessa questão. Sob o ponto de vista que os resíduos sólidos oferecem riscos ao meio
ambiente, deve-se aplicar conceitos e métodos que possam contribuir
significativamente para redução da quantidade de resíduos gerados em função de
minimizar o impacto ambiental causado. Afinal, trata-se de um problema de grande
proporção que vem sendo discutido desde o final do século XX, essas questões são,
contudo, obviamente preocupantes a gestão pública.
26

2.3.2 Geração dos Resíduos Sólidos

Preocupa-se com o aumento da geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil devido


os danos que podem causar a qualidade de vida da população. Define-se como
geradores toda a população, pessoas físicas ou jurídicas que a partir de suas
atividades cotidianas geram resíduos, bem como pessoas comuns que compram algo
e descartam as embalagens, assim torna-se resíduos sólidos. Para tanto a política
nacional dos resíduos sólidos impõe a Responsabilidade Compartilhada, em que os
geradores são responsabilizados e tem obrigações perante as leis vigentes
MACHADO (2015).
Para melhor esclarecer, a seguir dados que mostram a relevância do assunto
tratado:
A geração de resíduos sólidos no Brasil é um dos grandes problemas
enfrentados pelo Poder Público, principalmente em nível municipal. Mais de
241 mil toneladas de resíduos são produzidas diariamente no país. Apenas
63% só domicílios contam com coleta regular de lixo. A população não
atendida algumas vezes queima seu lixo ou dispões-nos junto a habitações,
logradouros públicos, terrenos baldios, encostas e cursos de água,
contaminando o ambiente e comprometendo a saúde humana. (Paulics, et
al., 2002, p. 87).

Pode-se dizer que com a falta de coleta regular dos resíduos sólidos aumenta-
se a preocupação, pois os mesmos são normalmente dispostos diretamente no meio
ambiente. Neste contexto, fica claro que o poder público deve tomar providência
imediata. O mais preocupante, contudo, é constatar que a população parece não se
envolver muito nessas questões que é para bem próprio.

2.3.3 Caracterização dos Resíduos Sólidos

Define-se caracterizar como identificar características presentes nos resíduos


sólidos a fim de separar, classificar os mesmos conforme esses parâmetros. Segundo
Viana, Silveira, e Martinho (2015) os resíduos são separados por classes e a tipologia
pode mudar conforme os resíduos analisados.
O método mais utilizado para caracterização de resíduos sólidos é o
quarteamento. Para Santos Rikils, Senhoras, e Barella, (2016) o quarteamento tem
como finalidade a análise da quantidade especifica de cada resíduo solido composta
na amostragem recolhida.
27

De acordo com NBR 10007 (2004), o método de quarteamento consiste


primeiramente em homogeneização das amostras de resíduos sólidos brutas e
separa-se em quatro partes proporcionais e recolhe-se duas partes e o restante que
sobrou é descartado. O processo segue da mesma maneira por quantas vezes forem
necessárias até atingir o volume requerido para fazer a caracterização.
Apresenta-se a seguir um fluxograma que exemplifica o processo de
gravimetria pelo método do quarteamento.

Figura 1. Fluxograma do processo de gravimetria


Fonte: Rikils, Barella e Senhoras, 2016

Conforme a figura, percebe-se com clareza sobre o processo de quarteamente


já detalhado anteriormente. Há três aspectos principais que são considerados para
caracterização desses resíduos, são características físicas, fico-químicas e biológicas,
que serão detalhadas a seguir.

2.3.3.1 Características físicas:

As características físicas envolvem questões que abordam das categorias e


componentes dos resíduos sólidos, para (Viana, Siveira e Martinho, 2015, p. 2), dá-se
o nome de “tipologia dos resíduos em função do peso (gravimetria), densidade,
compressividade e características como a geração per capta”. A seguir serão
apresentadas essas tipologias:
28

a) Composição gravimétrica: é dada em percentual, visto que é a relação da


tipologia com o peso do resíduo em gramas ou quilos. Podendo ter variadas
tipologias, exemplos: vidros, papeis, metal, etc;

b) Densidade: varia de acordo com a composição, onde e como foram gerados


os resíduos sólidos. No Brasil por exemplo a densidade dos resíduos
domiciliares giram em torno de 0,23 ton/m³ e mede-se em relação do volume
ocupado e seu peso;
c) Compressividade: é a capacidade que o resíduo tem em ser reduzido, assim
como a densidade varia de acordo com a composição, onde e como foram
gerados os resíduos sólidos. No Brasil o valor gira em torno de 800 kg/m³;

d) Geração per capita: é calculada pela relação da quantidade de resíduos


gerados por uma população num intervalo de tempo, em kg/hab. ano ou kg/hab.
dia.

2.3.3.2 Características físico-químicas

Conforme descrito por Viana, Silveira, e Martinho, (2015) a tipologia dos


resíduos sólidos também influencia na análise das características Físico-químicas,
porém há outras “variáveis como pH, teor de umidade, relação carbono/nitrogênio
(C/N), poder calorifico, sólidos voláteis, fibras, lipídios e outros”. (Viana, Silveira, &
Martinho, Caracterização de resíduos sólidos: Uma Abordagem Metodológica e
Propositiva, 2015, p. 3).
Ainda segundo o mesmo autor, a quantidade de água que contem no resíduo
é representado em porcentagem sendo o teor de umidade, já o valor do calor do
resíduo quando queimado é chamado de calor especifico do resíduo. Os sólidos
voláteis mostram a quantidade de matéria orgânica contida nos resíduos, já a relação
de C/N é utilizada como verificação dos elementos de carbono e nitrogênio se estão
nas proporções adequadas, visando analisar a degradação dos resíduos sólidos.
29

2.3.3.3 Características biológicas

São características que visam verificar a degradabilidade ou patogenicidade do


resíduo solido, a fim de acelerar a decomposição do mesmo ou reduzir o odor causado
pela decomposição, normalmente é usado em aterros sanitários.
No tópico seguindo apresenta-se informações pertinentes a coleta e transbordo
dos resíduos sólidos.

2.3.4 Coleta e Transbordo dos Resíduos Sólidos

Conforme NBR 12980 (1993), a coleta dos resíduos sólidos trata-se do


recolhimento e transporte dos mesmos, independentemente das suas características.
Para esse recolhimento usa-se veículos e equipamentos. Para Nunes (2015), o
transbordo é aplicado quando o veículo que está realizando a coleta e tem a
necessidade de transferir o lixo para um veículo maior, ou quando o lixo coletado será
levado para uma outra região, com isso o lixo fica em uma estação de transbordo até
que o mesmo seja transferido e transportado. O transbordo também pode ser
realizado em áreas abertas desde que, sejam adequadas, em que esse lixo seja
coletado por escavadeiras para que depois seja coletado por caminhões maiores,
visto que, o transbordo torna processo de transferência mais fácil e barato, com isso
todo o lixo é levado juntamente depois.
Segundo Teixeira (2009), a coleta de resíduos sólidos é dividida em categorias
de acordo com o tipo do resíduo, tais como: coleta regular, coleta especial, coleta
particular e coleta seletiva serão detalhadas a seguir:

a) Coleta regular: constitui-se nas coletas dos resíduos sólidos de residências,


comércios e industrias, onde o volume total não deve ser maior do que o
estabelecido em legislação municipal. Deve-se também coletar todo resíduo
sólido de equipamentos públicos;

b) Coleta especial: constitui-se no recolhimento dos resíduos sólidos que não


foram coletados pelo transporte regular. Exe.: animais mortos, entulho e podas
de jardins, essa coleta pode ser também regular ou programada de acordo com
a necessidade;
30

c) Coleta particular: constitui-se no recolhimento de resíduos sólidos que são


gerados em grande quantidade, superior à que a legislação municipal permite,
ou de acordo com as características dos materiais. Exe.: industrias,
empreiteiras, supermercados, shoppings, se inclui todos os serviços de saúde;

d) Coleta seletiva: constitui-se no recolhimento de resíduos sólidos que já foram


separados por categorias, vidro, plástico, papel/papelão, alumínio e orgânicos
entre recicláveis, não recicláveis e matérias orgânicas. Esses resíduos são
separados pelo próprio gerador antes da coleta.

Para os serviços de coleta seletiva adota-se o Conama 275/2001 que se trata


de técnicas que contribuem para a redução do impacto ambiental. Adota-se códigos
de cores para cada tipo de resíduo sólido. Deve ser usado pelos gerados para que
assim, possa facilitar a identificação de coletores e transportadores.
A seguir será apresentado a figura 2 que consta a especificação de cada tipo
de resíduos e suas respectivas cores presentadas.

Figura 2. As cores da coleta seletiva


Fonte: Site Eco Log

Conforme a figura, nota-se o detalhamento de cada tipo de resíduo, conforme


sua respectiva cor. Na prática é utilizada exatamente dessa maneira, para facilitar a
separação dos resíduos sólidos.
31

Segundo (Teixeira, 2009, p. 40) “ há quatro modelos para a realização da coleta


seletiva”: porta a porta, por locais/pontos de entrega voluntária, em postos de trocas
e por catadores. Para tanto, os resíduos sólidos provenientes de usos domésticos,
comerciais e de serviços públicos, são de responsabilidade do município, dentro do
limite estabelecido, já os resíduos provenientes de serviços da saúde, construção civil,
industrias, etc. Grandes geradores ou de acordo com as características como já
mencionado anteriormente, são de responsabilidades de seus geradores.
De acorcom com, IBGE (2008) houve açanço na implementação da coleta
seletiva nas regiões Sul e Suldeste do país, com o percentual de 46,0% e 32,4%,
respectivamente. A seguir será apresentado a figura 3, que indica a quantidade de
residuos solidos urbanos coletados por categorias, nos municipios que possuem o
serviço de coleta seletiva:

Figura 3. Regiões do Brasil com o serviço de coleta seletiva


Fonte: IBGE, 2008.

Conforme ilustrado acima, percebe-se que nas regiões Sul e Sudeste é maior
o índice de resíduos sólidos coletados seletivamente. Nas demais régios o índice de
coleta é muito pequeno, deve-se as condições socioeconômicas da população. Em
comparação com os dados apresentados a seguir apresenta-se a Figura 4, em que
mostra a coleta seletiva nas regiões do Brasil em 2016.
32

Figura 4. Regiões do Brasil com o serviço de coleta seletiva


Fonte: Ciclosoft, 2016

Conforme ilustrado acima, percebe-se que nas regiões Sul e Sudeste, ainda se
mantém com maior o índice de resíduos sólidos coletados seletivamente com 81%
nessas regiões. Na região sudeste houve aumento de 408 municípios para 434, já na
região sul o número diminuiu de 454 municípios para 421, na região norte também
reduziu de 21 municípios para 14, já nas regiões centro-oeste e nordeste os números
de municípios com serviços de coleta seletiva aumentaram de 31 para 84 e de 80 para
102, respectivamente. Na região centro-oeste o aumento foi considerável, e um bom
indicativo, mas ainda necessita de mais atenção nessa área se comprada com as
regiões sul e sudeste.

2.3.5 Formas de Tratamento de Resíduos Sólidos

Segundo Machado (2015), o tratamento de resíduos sólidos trata-se da correta


utilização de tecnologias afim de que promova a transformação das características
dos resíduos sólidos. Tornando-o mais aceitável, para que possa ser utilizado como
matéria prima, produza fonte de renda, ou quanto a adequada destinação final. Já
para (Giansante e Lima, 2008, p. 174), “o tratamento de um resíduo solido tem os
seguintes propósitos: redução) de volume; redução da “complexidade”;
aproveitamento de uma parcela do resíduo; e preservação da saúde pública e do meio
ambiente. ”
Nesse sentido, o objetivo do tratamento dos resíduos sólidos além do processo
de alteração das características físicas, químicas e biológicas, bem como a
33

conservação do meio ambiente e qualidade de vida da população. A seguir aborda-se


resumidamente, sobre algumas das formas de tratamento mais usuais para os
resíduos sólidos: reciclagem, incineração e compostagem.

2.3.5.1 Reciclagem

A reciclagem é um processo que em como finalidade a redução do resíduo


solido gerado. Segundo Teixeira (2009), um dos motivos pelos quais são realizadas
as coletas seletivas dos resíduos sólidos é a reciclagem, que é um método de
tratamento. Separa-se os resíduos, afim de que possa dar uma outra destinação,
como transforma-los em outros materiais ou a reutilização dos mesmos, para tanto
dá-se motivo para segregação e coleta dos resíduos como: papel, vidro, metal,
plástico e orgânico.
No processo de reciclagem, primeiramente faz-se a triagem dos resíduos
sólidos, onde separa-se de maneira manual ou automatizada ou ainda, une-se as
duas maneiras. Deve ser feita essa separação de acordo com as características dos
resíduos, assim, facilita a escolha da melhor destinação dos mesmos, conforme
descrito por, MACHADO (2015).
A segunda fase consiste-se na reciclagem, que envolve uma série de
atividades pelas quais os materiais que seriam resíduos são submetidos. Os resíduos
sólidos passam pela separação, coleta e processamento, assim voltam ao ciclo
produtivo para serem usados como matéria prima ou se tornam novos produtos.

2.3.5.2 Compostagem

A compostagem é um processo biológico natural aeróbio (com oxigênio) ou


anaeróbio (sem oxigênio), pelos quais os resíduos sólidos orgânicos são submetidos
e transformados em composto usado como adubo. Para a compostagem usa-se
quaisquer tipos de resíduos orgânicos, desde de que se enquadre na classe II (não
perigosos, pois não produz risco algum em seu uso. Bem como descrito por, Machado
(2014) em que menciona que a finalidade do tratamento pela compostagem não é o
produto e sim a transformação que é dada a matéria orgânica dos resíduos sólidos
urbanos, que seriam normalmente dispostos em aterros.
34

Nesse sentido, percebe-se a importância do processo de compostagem em


contribuição para reduzir os resíduos sólidos orgânicos, dessa forma minimiza-se o
impacto ambiental que os mesmos poderiam causar, como por exemplo o chorume:
tem um grande potencial poluidor, é resultado da água da chuva junto processo da
decomposição das matérias orgânicas desses resíduos. “O biogás é formado,
predominantemente, por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), apresentando,
ainda, uma série de outros gases em concentrações muito pequenas, mas que lhe
dão características de mau odor e até de corrosividade”, (TEIXEIRA, 2009).

2.3.5.3 Incineração

Trata-se de um processo de combustão onde os resíduos tem-se o controle


das emissões lançadas a atmosfera. Esses gases gerados são totalmente tratados e
lançados sem algum agente nocivo ao meio ambiente. Os resíduos que são
incinerados são aqueles que não podem ser reciclados, os chamados rejeitos, que
não tem serventia alguma.
Para que esse processo seja corretamente realizado, deve-se conhecer as
características dos resíduos que serão incinerados, pois cada incinerador trabalha
com uma faixa permita para que garanta o controle dos contaminantes, que é o motivo
de discussões da utilização desse método. Nesse sentido detalha-se o processo de
incineração:
É um método de tratamento muito eficiente, já que reduz drasticamente a
massa do resíduo durante o processo, mas tem um custo muito elevado, por
conta de todo o controle necessário. Outro agravante é o fato de que requer
mão-de-obra altamente especializada e qualidade tanto para instalação,
como para operação e manutenção. Desta forma, numa relação
custo/benefício ficará provavelmente sempre em último lugar na lista de
opções, pelo menos aqui no Brasil. (Teixeira, 2009, p. 49).

Conforme citado acima o autor deixa claro que a incineração é um método que
contribui significativamente para a redução de resíduos sólidos e não causa dados ao
meio ambiente desde que utilizado corretamente. Um dos problemas que se enfrenta
em relação aos resíduos sólidos e a falta de área para disposição final dos rejeitos,
para tanto, a incineração reduz esse problema visando a preservação do meio
ambiente.
35

2.3.6 Disposição Final de Resíduos Sólidos

Segundo Carvalho (2015) a destinação dos resíduos sólidos está relacionada


ao uso e ocupação do solo dos municípios. No Brasil adota-se a política de que os
resíduos sólidos devem ser tratados e dispostos no mesmo município em que foram
gerados.
O município pode ou não aceitar os resíduos sólidos vindo de outros geradores
em defesa da preservação do seu território, previamente pode ser realizado estudo
do impacto ambiental que o mesmo causará. Caso o município aceite a transferência
dos resíduos sólidos, para tanto deve-se uma justificativa para tal ato administrativo.
Cada tipo de resíduos solido, de acordo com a fonte geradora, tem-se uma
atribuição quanto a destinação, conforme descrito:

O destino final dos resíduos sólidos domésticos é de atribuição da prefeitura


Municipal. O licenciamento ambiental de sistemas de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte é
regulamentado pela RC n. 308, de 21 de março de 2002. Entretanto, em
conformidade com a RC n. 6, de 15 de junho de 1988, que define o
licenciamento de obras e empreendimentos que geram resíduos perigosos,
como também a gestão do destino de seus resíduos, nesse sentido a RC n.
5, de 5 de agosto de 1993, o gerenciamento dos resíduos sólidos oriundos
dos portos e aeroportos, bem como os dos terminais ferroviários e rodoviários
é de responsabilidade das empresas que geram tais resíduos, devendo
gerenciá-los desde sua geração até a sua disposição final. (Das Infrações
Administrativas Ambientais, 2007, p. 185).

Conforme citado acima o autor deixa claro que, para cada tipo de resíduo solido
gerado espera-se que tenha a destinação adequada. A prefeitura do município
gerencia os resíduos sólidos urbanos e os demais resíduos, obriga-se a fonte
geradora a tratar desde a geração até a disposição final.
Conforme descrito por Carvalho (2015), para que promova a disposição final
adequada dos resíduos sólidos, aplica-se processos e técnicas afim de proporcionar
a esses resíduos, condições necessárias de lançamento no solo. Com isso, após
esse processo os resíduos sólidos podem ser dispostos conforme especificado em
normas, visando a preservação do meio ambiente e saúde pública.
Para Teixeira (2009) existem três maneiras em que são dispostos os resíduos
sólidos: lixão, aterro controlado ou aterro sanitário. A seguir apresenta-se de forma
sucinta as diferenças entre as maneiras de disposição final do resíduo solido:
36

2.3.6.1 O lixão

Não é uma maneira de disposição adequada, pois, o resíduo é lançado a céu


aberto. Não se sabe a origem, não se tem o controle do que é lançado, do poder de
contaminantes que esse lixo pode causar, ainda que são lançamentos
clandestinamente. “Visto que essa destinação não possui nenhum critério sanitário de
proteção ao meio ambiente, o resultado é que todo esse lixo contamina a água, o ar,
o solo, o lençol freático, atraindo vetores de doenças” [...], (FOGOÇA, 2017). Com isso
o lixão é uma maneira de disposição de resíduos sólidos que deve ser erradicada,
para tanto minimizar o impacto ambiental causado.

2.3.6.2 Aterro controlado

Segundo (Teixeira, 2009), o aterro controlado se diferencia do lixão, pois o


mesmo recebe recobrimento com solo, se tem o controle de vetores e parcialmente
de gases lançados à atmosfera. Porém nesses aterros, o solo não é impermeabilizado
e não se tem o tratamento de chorume, com isso o mesmo é um meio termo entre
lixão e aterro sanitário, conforme descrito por FOGOÇA (2017).
O aterro controlado, bem como o lixão tem alto poder de contaminantes.
Portanto é uma maneira inadequada de disposição dos resíduos sólidos, pois põe em
risco a saúde pública e ao meio ambiente.

2.3.6.3 Aterro sanitário

Para Fogoça (2017), o aterro sanitário recebe cobertura por solo e após é
compactado, com isso auxilia no controle de vetores e de oxigênio afim de que evite
o aumento de bactérias. Em complemento (Teixeira, 2009, p. 44), descreve que o
aterro sanitário deve conter “impermeabilização de fundo, drenagem e tratamento de
chorume, drenagem e tratamento de gases, drenagem de águas pluviais,
compactação; e, cobertura diária do resíduo”. Com isso o aterro sanitário é o único
meio de disposição de resíduos sólidos no solo, que é de maneira adequada, pois
toma as devidas providencias para redução do impacto ambiental e zela pela saúde
pública.
37

Conforme Fogoça (2017), o aterro sanitário é construído para disposição dos


resíduos sólidos urbanos (RSU), mediante normas contida na ABNT, que prevê um
período de vida útil de aproximadamente 20 anos. Sendo que o mesmo requer a
necessidade de controle do tipo de resíduo que entra, acompanhamento e
manutenções, pois deve ser monitorado para garantir o cumprimento do seu
propósito. O aterro sanitário mesmo desativado continua gerando gases, de forma que
se não for tratado corretamente podem causar grandes problemas futuros, como
vazamento a céu aberto.
Para melhor esclarecer o processo que ocorre dentro do aterro sanitário,
descreve-se:
[...], ocorre um processo aneróbio de degradação da materia orgânica, no
qual são fatores intervenientes: oxigênio, hidrogênio, potencial hidrogeniônico
– Ph, alcalinidade e ácidos voláteis, potencial de óxido-redução – Eh,
temperatura, nutrientes, substâncias tóxicas, nitrogênio amoniacal, metais
alcalinos-terrosos, metais pesados, umidade, compostos especificos,
métodos de coleta e transbordo (homogeneização, trituração, segregação,
reciclagem) e métodos de operação (compactação, cobertura, altura da
célula, atividades de exploração de gases e recirculação de chorume).
Teixeira, 2009, p. 40).

Conforme citado acima, o autor deixa claro que, há vários fatores e etapas que
influenciam para se obter o funcionamento adequado do aterro sanitário. Vista que,
esses parâmetros são indispensáveis para que se garanta o cumprimento das normas
afim de preservar os recursos naturais e a saúde pública.
A seguir apresenta-se na figura 5 o panorama do Brasil referente as maneiras
de disposição final dos resíduos sólidos em comparação nos anos de 2015 e 2016.

Figura 5. Disposição final de RSU no Brasil por tipo de destinação (T/dia)


Fonte: Abrelpe, 2016
38

Nos gráficos apresentados acima verifica-se que nos anos de 2015 a 2016 não
houve muita mudança de quantidade referente as maneiras de disposição de resíduos
sólidos. Ainda de acordo com a pesquisa apenas 58,4% dos resíduos sólidos urbanos,
no ano de 2016 são destinados ao aterro sanitário. Portanto pode-se constatar que o
Brasil enfrenta um grande problema, pois os demais 41,6% são dispostos de maneiras
inadequadas ou lançados diretamente no meio ambiente. Vale destacar que 17,4 %
desses resíduos foram para lixão em 2016 em que não tem critério algum para
lançamento.
No próximo tópico descreve sobre a lei nº 12.305/10 Política Nacional de
Resíduos Sólidos, que estabelece princípios e técnicas para a gestão e
gerenciamento dos resíduos sólidos.

2.4 LE I N° 12.305/10 (POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS)

Conforme descrito por, (Aspectos Jurídicos Sobre Resíduos Sólidos Urbanos


no Brasil, 2011) a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem como objetivo
determinar, princípios e técnicas para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos,
visando a sustentabilidade. Adota-se princípios e técnicas, tais como, a não geração
dos resíduos sólidos, reutilização, redução, reciclagem, tratamento e destinação final
adequada para os rejeitos. Além disso, há processos a fim de promover consumo
consciente, pois parte dos resíduos sólidos são provenientes do consumismo
exagerado. Dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos, inclui-se a gestão
integrada e a responsabilidade compartilhada na geração dos resíduos sólidos.
Para melhor compreensão detalha-se sobre implementação da
responsabilidade compartilhada a seguir:

A PNRS prioriza e compartilha com todos, poder público das diferentes


esperas, setor econômico e seguimentos sociais como os catadores [...].
Institui um modelo participativo ímpar de implementação da responsabilidade
compartilhada no sistema de logística reversa, priorizando os acordos
setoriais e, sucessivamente, os termos de compromisso e os regulamentos.
Aposta no funcionamento da responsabilidade compartilhada e na aplicação
subsidiária da tríplice responsabilidade ambiental (responsabilidade civil
objetiva e solidaria, administrativa e penal), que incide quando as obrigações
ambientais não são respeitadas, há violação de normas (ilícito ambiental) e
resultados danosos ao meio ambiente e a terceiros. O funcionamento
adequado da responsabilidade compartilhada na logística reversa acarreta a
aplicação subsidiaria da tríplice responsabilidade ambiental, (YOSHIDA,
2012, p. 4).
39

Neste contexto, fica claro que a implementação da responsabilidade


compartilhada abrange todos os setores e tem como finalidade o cumprimento de
obrigações ambientais por cada setor. Todo gerador será responsável pela matéria
prima que usa, deve ter um serviço de logística a fim de, dá a esses resíduos a
destinação final ambientalmente correta. Não é exagero afirmar que o
descumprimento dessas responsabilidades cabe a responder medidas desde de
solidaria até penal.
Conforme verificado, a Política Nacional de Resíduos Sólidos visa a
sustentabilidade, bem como promove a inclusão social. Os catadores têm seu
sustento desse serviço e com a contribuição da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
essas pessoas poderão viver em melhores condições sociais. Trata-se inegavelmente
de uma atitude inovadora e de muita relevância para o cenário brasileiro.
Pode-se dizer que a Política nacional dos resíduos tem um grande desafio além
de garantir que sejam cumpridos os critérios e técnicas impostas as prefeituras
municipais e industrias, tem o desafio da conscientização da população, já que
também contribuem para a geração dos resíduos sólidos e a disposição inadequada.
Assim, preocupa o fato de que em alguns municípios há calçadas inteiras tomadas
por lixo que até dificulta a passagem e mesmo, logo após a limpeza da via, semanas
depois está tomada novamente, cita-se, por exemplo, algumas ruas na zona norte de
Ribeirão Preto.
É importante ressaltar que com a implantação da Política nacional dos resíduos
o cenário brasileiro vem mudando positivamente nas questões que diz respeito a
manejo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos, saneamento básico e
inclusão social.
Com isso, a vários fatores que influenciam para o avanço dessa política,
exemplifica-se um deles, os catadores de resíduos, que trabalham no processo, desde
a triagem até comercio de resíduos que podem ser reutilizados e reciclados. Segundo
Ministério do Meio Ambiente, o PNRS destaca a importância dos catadores na gestão
integrada de resíduos sólidos.
Sob o ponto de vista, de que os catadores contribuem de forma positiva para a
gestão integrada dos resíduos sólidos, percebe-se a importância de se ter incluído em
2002 a função catadores, como atividade profissional reconhecida, pois, com isso
promove a inclusão social dos mesmos. Então a Política nacional de resíduos sólidos
40

obtém em geral o cumprimento de parâmetros para sustentabilidade, melhoria da


qualidade de vida da população e crescimento da economia nacional.
No próximo tópico, apresenta-se a classificação dos resíduos sólidos segundo
a lei apresentada anteriormente.

2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Segundo Ribeiro e Morelli (2009), há várias maneiras de se classificar os


resíduos sólidos. A seguir será apresentada uma delas, a classificação do resíduo
sólido quanto a origem:

a) Resíduos sólidos urbanos: são provenientes de descartes das atividades


humanas em centros urbanos. Com isso há uma subclassificação de acordo
com a fonte geradora:
 Domiciliares: resultado de atividades domesticas diárias na residência,
como restos de alimentos, papeis, quaisquer resíduos gerados da atividade
diária;
 Comerciais: resultado de atividades de comércios, tais como supermercado,
lojas, restaurantes;
 Serviços públicos: Resultado de atividades de limpeza pública, tais como,
varrição de vias públicas, poda e capina;
 Serviços de Saúde: Resultado de descarte de hospitais, farmácias, clinicas,
quaisquer materiais provenientes de serviços de saúde humana ou animal,
tais como, curingas, algodão, luvas, curativos, etc. Esses materiais devido
suas características, devem ter um tratamento especial desde a coleta até
a destinação final.
 Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: Resíduos sépticos,
resultado principalmente de atividades de higiene pessoal e restos de
alimentos. Como nessas áreas transitam pessoas de diversas regiões há
preocupação com doenças que podem ser trazidas e hospedadas nesses
resíduos.
b) Resíduos Industriais: Resultado de diversas atividades industriais, tais como:
metalúrgicas, usinas, industrias de papeis, alimentício, etc. Os resíduos
41

provenientes de industrias são diversos e de características variadas, com isso


devem ser tratados de forma especial devido potencial poluidor, é
subclassificação em:
 Radioativos: Resultado de atividades nucleares que fazem uso de
elementos químicos como urânio, césio, tório, radônio, cobalto. Esses
resíduos “devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicas
adequados e que, de acordo com a Legislação Brasileira, o
controle/gerenciamento está sob a tutela da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) ”. Ainda para, (RIBEIRO E MORELLI, (2009, p. 21)
 Agrícolas: Resultado de atividades agrícolas e pecuária. Esses resíduos
podem conter substancias toxicas e devem ter tratamentos especial desde
a coleta até a disposição final.
 Resíduos da construção civil: Resultado de atividades de construção e
demolição, tais como, solos de escavações, entulhos, restos de obras,
sendo que alguns desses materiais quando são passiveis a reciclagem,
porém será melhor detalhado no tópico dedicado ao mesmo.

No próximo tópico, será abordado assunto dedicado aos resíduos de


construção civil, para que possa ficar ainda mais claro sobre o estudo em questão.

2.6 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Na sequência apresenta resolução sobre os resíduos da construção civil, as


principais formas de gestão e gerenciamento dos resíduos da construção civil (RCC).

2.6.1 Resolução CONAMA 307 - Resíduos da Construção Civil - Lei Federal

De acordo com ( Machado, Geradores de Resíduos Sólidos, 2015), a indústria


da construção civil é indicador significativo para o crescimento econômico e social.
Porém se o país está em crise é o seguimento que geralmente é afetado primeiro, tem
seus altos e baixos. Com isso é modelo de crescimento baseado no consumo cada
vez maior de recursos naturais, pois, toda atividade do setor gera resíduos, além de
que tem grandes empreendimentos, isso faz com que resultem no aumento da
geração de resíduos sólidos, fator preocupante para ser administrado. Com isso
42

surgiu a necessidade de um planejamento sustentável, a fim de garantir a gestão e o


gerenciamento dos resíduos sólidos da construção civil de forma integrada.
Devido a preocupante situação de como lidar com a grande demanda dos
resíduos da indústria de construção civil, foi criada a resolução 307 do CONAMA, de
5 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão
dos mesmos. A resolução tem como finalidade disciplinar a gestão e o gerenciamento
dos RCC de maneira que possibilite melhorias no meio social, econômico e ambiental.
Em 2010 foi criada a Política Nacional dos Resíduos Sólidos já detalhada
anteriormente, com isso o CONAMA se adequa a nova política, pois a resolução nº
307 de 5 de julho de 2002, continha algumas informações ultrapassadas. Para tanto
em 18 de janeiro de 2012 foi publicada a resolução 448, em que se altera os arts. 2º,
4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 da resolução nº 307, definições, prazos e institui aos
municípios a elaboração do plano de gestão integrada do RCC.
Conforme descrito na resolução do CONAMA 448 (2012), os municípios e o
Distrito federal a partir da publicação dessa resolução, foi estipulado um prazo de 12
meses para possam elaborar seus Planos Municipais de Gestão de Resíduos da
Construção Civil e até no máximo mais 6 meses para serem implementados. Contudo
ainda há municípios que não possuem a implementação de gestão de Plano Municipal
de Gestão de Resíduos da Construção Civil.
No próximo tópico, será apresentado a classificação dos resíduos da
construção civil, segundo a resolução do CONAMA 307, de 5 de julho de 2002, a fim
de melhor detalhar sobre o assunto.

2.6.2 Classificação dos Resíduos da Construção Civil (RCC)

Segundo Ribeiro e Morelli (2009), a classificação de resíduos da construção


civil, anteriormente descrita como resíduos de construção e demolição, e de acordo
com a ABNT (2004, NBR 10004), a classificação de Resíduos Sólidos, na qual O RCC
é enquadrado como inerte devido suas características, e o responsável por tratar dos
resíduos da indústria de construção civil, são os próprios geradores. Inertes são
aqueles que conforme suas características não oferecem riscos à saúde e que não
possuem composição em que se solubiliza em água para que possa prejudicar os
padrões de potabilidade.
43

Para Machado (2015), devido ao grande volume de resíduos gerados nas áreas
urbanas, se dispostos inadequadamente, podem causar transtornos a saúde pública
ao meio ambiente, a sobrecarga de serviços municipais de limpeza pública, além de
uma má aparecia para o município. Para tanto o RCC possui matéria orgânica,
produtos tóxicos e químicos em sua composição, além das diversas embalagens que
pode servir para acumulo de água, com isso pode colaborar com a proliferação de
insetos que provocam doenças.
Diante de tal relevância no que diz respeito a geração, tratamento e disposição
final dos resíduos da construção civil, conforme descrito no art. 3º da resolução do
CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, classifica-os:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,


tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles
contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros.

Neste contexto, fica claro que com essa classificação, os resíduos da


construção civil são melhores detalhados e facilita seu gerenciamento. No entanto, a
classificação dos resíduos da Classe B e C foram alterados conforme a resolução do
CONAMA 431 (2011), mudando o gesso da classe C para a B e os da Classe D,
alterados conforme a resolução do CONAMA 348/2004, a qual inclui o amianto na
classe do resíduo perigoso.
44

2.6.3 Caracterização

Segundo a resolução do CONAMA 307 (2002), a etapa de caracterização dos


resíduos da construção civil, se quantifica e identifica os resíduos, visto que o próprio
gerador deverá caracteriza-los para fazer a triagem. Com isso, essa é uma etapa
importante, pois a partir daí começam a formular as estratégias de gerenciamento e
gestão dos mesmos.
Para Karpinsk (2009), o RCC, é composto de diversos materiais com
características distintas, então não podem simplesmente dá-lhes uma característica,
com isso deve-se classifica-lo e destina-lo de maneira adequada. As características
bem como o volume e composição dos RCC gerados em uma obra, dependem do tipo
de construção, fase em que se encontra e da mão de obra, etc. Por exemplo, em obras
de demolição os resíduos em maior quantidade são os tijolos e o concreto.
A composição média dos resíduos, vai depender diretamente de padrões
específicos de onde está sendo gerado. Consequentemente o RCC proveniente de
construções convencionais está relacionada com os desperdícios ocorridos na fase
de construção. Como são carentes de informações recentes no que diz respeito às
características do RCC gerados no Brasil será apresentada informações sobre os
resíduos da construção e demolição (RCD) coletadas, a fim de melhor visualização
do cenário brasileiro. A seguir apresenta-se figura 6, que mostra a quantidade de RCD
coletada nas regiões do Brasil nos anos de 2015 e 2016.:
45

Figura 6. Coleta de RCD nas regiões no Brasil


Fonte: Abrelpe, 2016

Conforme verificado na figura acima, percebe-se que a região sudeste é a que


possui maior coleta de RCD, com 64.097 t/dia em que o índice é 0,748 kg/hab/dia em
2015 e houve redução nas coletas para 2016 com 63.981 t/dia com índice de 0,741
kg/hab/dia. Já na região sul a coleta de RCD em 2015 foram de 16.662 t/dia em que
o índice é 0,570kg/hab/dia e houve aumento em 2016 com 16.718 t/dia com índice de
46

0,568 kg/hab/dia. Nas regiões norte e centro-oeste houve redução na coleta de RCD
de 2016 em relação a 2015. Em que a região norte coletou em 2015 4.736 t/dia com
índice de 0,271 kg/hab/dia e em 2016 4.720 t/dia com índice de 0,260 kg/hab/dia, já
na região centro-oeste a coleta de RDC em 2015 foi de 13.916 t/dia com índice de
0,901 kg/hab/dia e em 2016 as coletas foram de 13.813 com índice de 0,882
kg/hab/dia. E por fim na região nordeste do pais as coletas de RCD foram de 24.310
t/dia em 2015 com índice de 0,430 kg/hab/dia e no ano de 2016 foram de 24.387 t/dia
com índice de 0,428 kg/hab/dia. Com isso, percebe-se que a quantidade de RCC
coletado é grande se somado todas as regiões dá um volume de 123.721 t/dia com
índice de 0,605 kg/hab/dia em 2015 e 123.619 t/dia em 2016 com índice de 0,600
kg/hab/dia.
Ainda para Karpinsk (2009), a indústria da construção civil tem possibilidade de
reciclar boa parte do seu resíduo gerado, porém não consegue reduzir a quantidade
de materiais, já que isso afetaria o tempo de vida útil da construção. Já os demais
setores industriais conseguem reduzir a utilização, assim diminuiu a quantidade de
resíduo gerado. Para a construção a melhor opção e reciclagem dos materiais, pois
usa-se como agregados.
No próximo tópico, será apresentado de forma sucinta sobre a reciclagem do
RCC.

2.6.4 Reciclagem do Resíduos da Construção Civil

De acordo com Machado (2014) há diversas soluções tecnológicas para a


reciclagem de RCC, no entanto depende das características do mesmo. Nesse tópico
será tratado apenas de tecnologias para tratamento de resíduos da classe A já
apresentados anteriormente conforme o Conama 307/2002.
O processo reciclagem é uma forma de minimizar o impacto ambiental causado
pelo RCC, além de proporcionar a economia com gastos, pois o resíduo que ia para
aterros, após reciclado poderá ser como agregado.
Nesse sentido segundo (Karpinsk, 2009, p. 39-40), que descreve:

Muitas ações vêm sendo implementadas nas várias etapas dos


empreendimentos da construção, como nos canteiros de obras, para os quais
já existem algumas políticas de coleta segregada dos resíduos gerados,
visando à sua reciclagem ou reuso.
47

Conforme verificado, os geradores já têm utilizado técnicas, a fim de promover


a reciclagem nos canteiros de obras. Com isso o processo de reciclagem pode ser
realizado na fonte geradora ou em usina de reciclagem. Na figura 7, apresenta-se o
um processo simplificado de reciclagem dos RCC.

Figura 7. Reciclagem de resíduos da construção civil


Fonte: Portal Resíduos Sólidos, 2014

De acordo com Machado (2014), depois que é feita a coleta seletiva desses
resíduos, é feito a triagem dentro da usina de modo que elimine quaisquer outros
resíduos e deixe somente os da classe A, após os mesmos passam pela etapa de
trituração. Na próxima etapa para pelo processo de granulação, que consiste na
separação dos novos materiais. Em uma nova etapa esses materiais podem ser
utilizados como matéria prima para fabricar outros produtos, tais como, tijolos, bloco
de cimento, etc.
O próximo tópico é dedicado a sucinta descrição sobre disposição final do RCC,
pois os resíduos que não se reciclam, ou seja, os rejeitos, deve ser feita a disposição
adequada.

2.6.5 Disposição do Resíduos da Construção Civil

Segundo Lima e Lima (2009), dá-se a destinação adequada dos RCC conforme
a classificação dos mesmos. O da classe A são levados para locais de triagem,
transbordo, reciclagem ou aterros destinados ao RCC. No entanto os resíduos classe
B tem as opções de serem comercializados, encaminhado a cooperativas ou
destinado a coleta seletiva, em que se comercializa, recicla, ou podem ser utilizados
48

como combustível para fornos e caldeiras. Já os resíduos da classe C e D, os que não


possuem soluções de reciclagem e os perigosos respectivamente, requer maior
envolvimento dos fornecedores na questão da destinação dos mesmos, para que eles
também sejam responsáveis e não somente os geradores.
Mesmo diante de tal informação, é muito comum a deposição irregular desses
resíduos, já que são provenientes de obras pequenas em regiões urbanas mais
carentes, em que as obras são feitas pelos próprios moradores e os mesmos não
possuem recursos para pagar as coletoras. Além de tudo nessas regiões possuem
muitas as áreas livres KARPINSK (2009).
Conforme ABNT (2004), no que diz respeito aos resíduos da classe A, no ano
de 2004, a ABNT elaborou norma técnica NBR 15.113, que visa implementação e
operação de áreas de triagem, reciclagem e aterros para os RCCs e inertes, em que
a Resolução nº 307 é usada como base. Essa norma estabelece critérios a serem
seguidos, para a elaboração de projetos para construção de aterros de resíduos
classe A, segundo a norma técnica NBR 15.113 que estabelece alguns critérios
devem ser seguidos para a correta implantação. Para que com isso, possibilite a
armazenagem e confinamento desses resíduos para que não cause danos ao meio
ambiente e a saúde pública.
No tópico a seguir, será abordado conceitos sobre o gerenciamento, se trata
da importância do gerenciamento em obra de construção civil e do papel do setor da
construção civil em relação ao gerenciamento dos resíduos.

2.7 CONHECENDO O GERENCIAMENTO

Na sequência apresenta informações sobre o gerenciamento de resíduos da


construção civil, de modo que possa esclarecer melhor conceitos e medidas que
podem ser tomadas para atingir o gerenciamento adequado.

2.7.1 A Importância do Gerenciamento em Obra de Construção Civil

Segundo Nagalli (2014), a indústria da construção civil, vem sendo grande


geradora de resíduos. Cujas atividades desenvolvidas pelo setor construtivo no Brasil,
são manuais em canteiros de obras, esses resíduos como já mencionado
49

anteriormente, possuem potencial para degradação do meio ambiente e causa


transtorno logístico e prejuízo financeiro.
Para melhor esclarecimento sobre assunto, distingue-se gestão de
gerenciamento de RCC, ainda conforme descrito por Nagalli (2014), a gestão é tratada
por políticas, leis e regulamentos, que visa direcionar, zelar do setor em questão. No
entanto o gerenciamento é composto pelas atividades operacionais, ou seja, ações
por empreendedores e construtores com o intuito de ter o controle dentro de suas
obras.
Nesse sentido, percebe-se a importância do gerenciamento em uma obra, pois
tudo começa nessa fase, para tanto se tem o gerenciamento correto dentro da obra,
estará contribuindo para a melhor gestão do setor. Os geradores são responsáveis
pela geração, tratamento até a disposição final dos RCC.
Segundo Karpinsk, 2009 dentro de um empreendimento e qualquer atividade
geradora do RCC o mesmo deve conter plano de gerenciamento para esses resíduos.
Em que deve se ter locais para armazenar o entulho e o transporte dentro do mesmo
local em que foi gerado. “Devem ainda apresentar as etapas de caracterização,
triagem, acondicionamento, transporte e destinação” (Os Resíduos da Industria da
Construção Civil, 2009, p. 116).
O processo de triagem compõe de várias operações mecânicas, para fazer a
separação e acondicionamento para análise das características, levando em
consideração compostos químicos e estado de degradação dos mesmos. Com isso
os resíduos são posteriormente enviados para a reciclagem. Esse processo descrito
faz parte do gerenciamento de resíduos da construção civil, e o mesmo contribuirá
para a minimização do impacto ambiente que poderia ser causado pelo RCC.

2.7.2 Papel do Setor da Construção Civil em Relação ao Gerenciamento dos


Resíduos

Conforme descrito por Leite, Neves e Gomes (2008), se implantados


corretamente os projetos de gerenciamento dos RCC nos canteiros de obras, terá
efeitos significativos, tais como: mão de obra qualificada e organizada, devido as
horas dedicadas aos treinamentos, equipe com conscientização ambiental, redução
do custo da obra em aspectos gerais como não desperdício e devido ao planejamento
das etapas e valorização da empresa por todos, devido ao cumprimento das
50

obrigações para com o meio ambiente e órgãos fiscalizadores. Nesse contexto fica
claro que o setor da construção civil tem papel de estrema importância em relação do
gerenciamento dos resíduos, gera inúmeros benefícios, não só para o meio ambiente
ou saúde pública e sim para a própria empresa geradora dos resíduos.

2.7.3 Importância de se ter Pontos de Entregas Voluntaria de RCC no Município

Os pontos de entregas voluntarias (PEV's), são áreas destinadas ao descarte


voluntario de poucos volumes de resíduos sólidos específicos. Em que a finalidade é
o recebimento de materiais recicláveis. Para Haddad (2016), O PEV pode receber os
RCC em pequena quantidade, afim de disponibilizar reciclagem a esses resíduos
evitando que sejam descartados incorretamente. A importância dos PEV's é que
proporciona facilidade na coleta dos resíduos de forma separada e estão localizados
em pontos estratégicos de como que seja de fácil acesso para descarte.
Como bem nos assegura Karpinsk (2009), pode-se dizer que a localização dos
PEV deve ser bem definida depois de diagnósticos feitos do município, de modo que
a área possua características que facilitem o acesso para a entrega dos resíduos e
coleta pelos caminhões do município. Neste contexto, fica claro que a definição da
área para implantação dos PEVs é de grande importância.
Conforme explicado acima, é interessante, aliás, mencionar que devido a
implantação desses PEV's em pontos estratégicos, uma grande quantidade de
resíduos é diariamente descartada e coletada corretamente e levados para usinas de
reciclagem. Mas há alguns fatores que se contradizem, a questão de que em algumas
usinas de reciclagem, são realizadas o processo de triagem, reciclagem e
armazenamento dos materiais gerados, porém os rejeitos nem sempre são tratados
corretamente, com isso não soluciona o problema de descarte irregular e sim transfere
o problema para outra área.
Fica evidente, diante desse cenário que os PEV's se tornaram de maneira geral
uma forma de coleta de resíduos mais usada atualmente, certamente deve ser pelos
resultados já atingidos. Os munícipes levam voluntariamente os resíduos que podem
ser reciclados, concentrando-os em uma só área, assim promovendo a facilidade para
coleta e processo de triagem, já que os mesmos são descartados separadamente
51

3 MATERIAS E MÉTODOS

Como bem nos assegura Rampazzo (2005), pode-se dizer que a pesquisa é a
busca por solução de algum problema independente da área de estudo, em que na
sua construção utiliza-se métodos científicos. Neste contexto, fica claro que se obtém
novos conhecimentos. O mais preocupante, contudo, é constatar que no seu
desenvolvimento tem vários processos, em que pode ser demorado e complexo para
atingir o resultado final.
Segundo (MARCONI e LAKATOS, 2003, P. 160) "Estuda um problema relativo
ao conhecimento científico ou à sua aplicabilidade”. Essa pesquisa tem como natureza
básica, devido a finalidade de ampliação do conhecimento cientifico na área em
questão.
Conforme verificado por Ciribelli, M. C. (2003), a pesquisa exploratória utiliza-
se de fontes bibliográficas. Nesse contexto, fica claro que a pesquisa se baseia em
estudos já realizados e que podem contribuir para aprofundar em um novo estudo. Já,
a pesquisa descritiva, baseia-se em fatos que se utiliza de coleta de dados,
questionários, entrevistas, observações em campo, sem que haja interferência nos
mesmos.
A pesquisa em questão é classificada como exploratória e descritiva, pois
baseia-se em livros, artigos, sites, em concomitância com fatos observados,
questionários e entrevistas. Com isso o estudo em questão, é complementado.
MARCONI e LAKATOS (2003), descreve que a abordagem qualitativa se trata
das interpretações que o investigador faz sobre os fatos, de modo que é conceituado
em forma de resumo. Não é exagero afirmar que se é dada devida importância a essa
forma de abordagem, em consequência da quantidade de informações em muitas das
vezes há necessidade de abordagem quantitativa, onde os dados recolhidos são
interpretados através de gráficos.
Conforme citado acima, a pesquisa trata-se de uma abordagem de carácter
qualitativo e quantitativo, pois é realizada através de questionários com questões
fechadas, observações em campo e entrevista. O método de análise utilizado é o
hipotético-dedutivo devido partir de um problema e ter uma hipótese em questão.
Pode-se dizer que o levantamento realizado através de um estudo de caso
baseia-se em questionários, observações, entrevistas de uma ou mais pessoas ou de
um ou mais casos, desde de que seja um caso real e atual. Neste contexto, para
52

Creswell, (2014) fica claro que é um estudo importante que pode contribuir para
detalhar algo de interesse em comum. O mais preocupante, contudo, é constatar que
o estudo de caso qualitativo e quantitativo bem realizado, requer um conhecimento
mais minucioso, onde o pesquisador utiliza de diversas formas de coleta de dados.
Para o estudo em questão foram utilizados questionários, entrevista e
observações de fatos atuais, com isso o mesmo se caracteriza como um estudo de
caso qualitativo e quantitativo. Através dos dados obtidos, foi possível reunir
informações comuns, a partir das respostas dos entrevistados, possibilitando a
visualização do real cenário acerca da disposição dos RCC no setor de estudo (região
do município onde fez-se os levantamentos de informação), conforme apresenta-se
adiante.
Os questionários, a entrevista e a observação em campo foram os instrumentos
utilizados para a coleta de dados. Estes questionários, foram de aplicação direta, onde
pode-se observar se realmente as respostas condiziam com a realidade no local, a
partir da observação do entrevistador. Outro instrumento de coleta de dados, foi a
revisão de literatura baseada em livros, artigos e sites, que contribuiu como base para
a construção do conhecimento inicial.
Conforme Marconi e Lakatos (2003, p. 159): Os principais tipos de documentos
são:

a) Fontes Primárias - dados históricos, bibliográficos e estatísticos;


informações,
Pesquisas e material cartográfico; arquivos oficiais e particulares; registros
em geral; documentação pessoal (diários, memórias, autobiografias);
correspondência pública ou privada etc.
b) Fontes Secundárias - imprensa em geral e obras literárias.

Para esta pesquisa foram utilizadas fontes de dados secundários, ou seja,


informações já existentes, dados que partiram de livros, sites, artigos. Em simultâneo
foram utilizadas fontes de dados primários, que foram coletados através de
questionários, entrevista e observações em campo. Portanto as fontes de dados
consultadas para esse estudo são de dados primários e secundários.
Para a realização deste estudo, inicialmente foi traçado as questões que seriam
abordadas em forma de tópicos, de forma a facilitar a identificação do real cenário
sobre os RCC, ao menos no setor de estudo. Em conseguinte foi realizado a pesquisa
53

bibliográfica em livros, sites, artigos, normas e legislação, em que foi necessária para
a realização da revisão bibliográfica, afim de proporcionar uma compreensão mais
detalhada sobre o assunto abordado. Para tanto, o estudo de caso foi indispensável
para que se pudesse visualizar na prática se realmente os procedimentos e técnicas
adotadas para o gerenciamento dos RCC estão em conformidade com as normas
vigentes.
O estudo de caso foi realizado através de questionários de forma direta aos
munícipes, onde abordava questões sobre a separação, coleta e destinação dos
resíduos. Além disso, foi feita observação diretamente em campo em um dos locais
onde foi criado o projeto, caracterizado como caçambas sociais pelo departamento de
limpeza urbana do município, em que os munícipes podem dispor uma pequena
quantidade de resíduos separadamente e realizada visita na usina de reciclagem dos
RCC da prefeitura de Ribeirão Preto.
No desenvolvimento deste estudo foram utilizadas como principais fontes de
coleta, tais como sites portal dos resíduos sólidos e trata brasil, normas da ABNT,
resoluções, livros da biblioteca da UNAERP e do Google livros. As seleções foram
feitas de acordo com conteúdo abordado em cada um atendendo a necessidade para
realização deste estudo. Dentre os conteúdos utilizados se destaca que as datas das
publicações ficam entre 1993 com normas da ABNT NBR 12980 a 2017 com
informações adquiridas dos sites trata brasil e portal resíduos sólidos, sendo que o
idioma dos artigos em português do Brasil.
Para obtenção de dados reais e atuais sobre tema, foi realizado estudo de caso
de maneira direta com observações sobre o sistema de destinação e disposição dos
RCC, em observação e questionários aos munícipes de Ribeirão Preto, em pequenas
obras de construção e reforma, localizadas no subsetor leste 2, englobando os bairros
Jardim Paulistano, Paulista, Macedo e Parque Bandeirantes. O questionário aplicado
a essa parcela do município é composto por 6 questões fechadas em multiplica
escolha, em que abordava questões sobre a separação, coleta e destinação dos RCC.
Esse estudo foi realizado em contribuição futura, para um estudo mais amplo.
Levando-se em consideração esses aspectos estudados, os questionários e
observações em campos foram elaboradas de modo a atingir os objetivos geral e
específicos. As observações em campos, ou seja, as visitas nos locais destinado a
entrega voluntaria de resíduos, a entrevista realizada com moradora do Jardim
Procópio e conversa com moradores ao redor desses locais, e a visita realizada na
54

usina de reciclagem dos RCC da prefeitura de Ribeirão Preto, tudo isso contribuiu na
análise do atual gerenciamento de resíduos da construção civil no município de
Ribeirão Preto. Os questionários aplicados aos munícipes do subsetor L2, foram
pensados de modo que pudesse avaliar o gerenciamento dos RCC em pequenas
obras de construção e reformas. Consequentemente, identificar e avaliar as possíveis
dificuldades encontradas para o gerenciamento adequado e apontar o processo
utilizado dentro desses empreendimentos. Com isso, propor medidas de melhorias de
modo que possa minimizar os possíveis impactos ambientais causados pela
disposição inadequada dos RCC pelos munícipes.
Foi elaborado um fluxograma para detalhar com mais clareza as etapas
realizadas deste estudo. Na figura 8, apresenta as etapas realizadas na metodologia
para coleta e análises dos dados.

Figura 8. Fluxograma metodológico


Fonte: Autora, 2018
55

Conforme fluxograma apresentando acima destaca-se, que as etapas foram


traçadas de modo a facilitar no processo de coleta de dados. A partir dos resultados
obtidos, foram identificados e analisadas questões de modo que pudesse atingir os
objetivos do estudo.
Na sequência, são apresentados os resultados e discussões, de acordo com a
metodologia traçada.
56

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na sequência, são apresentados a caracterização e delimitação da área de


estudo, de modo que facilite compreensão dos dados apresentados. Os dados que
se apresenta a seguir, foram coletados e analisados, a fim de mostrar o real cenário
do setor de estudo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O objeto de estudo está localizado na região sudeste do país no interior do


estado de São Paulo, no município de Ribeirão Preto. O estudo foi realizado no
subsetor Leste - 2 (L-2), conforme apresentado na Figura 9.

Figura 9. Localização da área de estudo, no município de Ribeirão Preto


Fonte: Google Earth

De acordo com censo IBGE 2010, Ribeirão Preto é composta por uma
população de 604.682 habitantes com área de 65,916 km² em que o subsetor - 2 (L-
2), possui população de 22.463 habitantes e 10.470 domicílios, de acordo com Figura
10, com densidade demográfica de 5.488,23 habitante/km², composta por 3,7% da
população total do município de acordo com Figura 11.
57

Figura 10. População e Domicílios do subsetor Leste - 2 (L-2), do município de


Ribeirão Preto/SP.
Fonte: IBGE, 2010

Figura 11. População do subsetor Leste - 2 (L-2), em relação ao município de


Ribeirão Preto/SP.
Fonte: IBGE, 2010

A economia de Ribeirão Preto é baseada na prestação de serviços, tais como,


escolas, faculdades e instituições financeiras, além do comercio que é um grande
setor do município.
Em 2010 de acordo com IBGE, o PIB per capita foi de R$ 41.736,07, se
comparado a outros municípios do estado sua posição foi 8º de 645º e em relação ao
ao país 29º de 5570º e 1º lugar da microrregião em relação a 16º. O índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), conforme IBGE, 2010 foi de 0,80 é
considerado como um índice alto em relação ao município. Na Figura 12, detalha
melhor essas informações:
58

Figura 12. Economia do município de Ribeirão Preto


Fonte: IBGE, 2010

Já na área de saneamento do município entende-se que 98,4% dos domicílios


possuem o esgotamento sanitário adequado. Esse índice é um bom indicativo, porém
o ideal seria que todos os domínios possuíssem esse esgotamento adequado. Na
Figura 13, detalha com maiores grandezas essas informações.

Figura 13. Esgotamento sanitário de Ribeirão Preto


Fonte: IBGE, 2010
59

Nos dias mais atuais, Ribeirão Preto contém taxa de 682.302 habitantes, de
acordo com estimativa IBGE 2017 e conta com 34 municípios em que forma a região
metropolitana, aprovada em 2016. Com o crescimento da região, grandes mudanças
no setor público e muitos empreendimentos, a atenção está voltada a mais nova
metrópole. Com isso cresce a preocupação em relação aos RCC, que aumenta
gradativamente, em consequência, a poluição da paisagem urbana e a degradação
ao meio ambiente.
A área dentro do município de Ribeirão Preto escolhida para a realização do
estudo, foi a região do subsetor leste 2, é uma região determinada como Zona Mista,
cuja ocupação se deve às atividades de habitação, comércio e serviços.

4.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Em grandes empreendimentos obrigatoriamente se deve fazer a separação e


destinação adequada dos RCC, considerando que eles são cobrados por isso, e ainda
sim nem sempre o cumprem, pois no decreto nº 332 que disciplina o sistema de gestão
sustentável e gerenciamento integrado dos resíduos da construção civil do município
de Ribeirão Preto, descreve que os grandes geradores deverão desenvolver e
implementar o projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil em seus
empreendimentos, e aqueles que dependem de alvará para execução poderá não ser
expedido e até não conseguir o habite-se. Já para os pequenos geradores (obras
domésticas), com área até 300 m², são isentos desse projeto, e ainda para as obras
com área superior a 70 m² e inferior a 300 m² deverão antes de começar a obra tanto
de construção, reforma quanto demolição, preencher um requerimento que contém
informações sobre a gestão dos RCD e sobre as responsabilidades que terão como
gerador.
O foco do estudo foram obras domesticas, ou seja, pequenas obras de
construções e reformas, localizadas no subsetor leste 2, como já especificado e se
delimita nos bairros jardim Paulistano, Bandeirantes, Paulista e Macedo, conforme
indicada na Figura 14. A escolha da área de estudo se deu devido a facilidade de
acesso a logística de coleta de dados, além de que é o sétimo dos dez maiores bairros
do município e é basicamente residencial.
O estudo foi desenvolvido de modo que pudesse verificar, como os munícipes
tratam da questão de gerenciamento dos resíduos sólidos de suas construções e a
60

visão que eles têm numa perspectiva de preservação do meio ambiente. Verificou-se
também no município a existência de pontos de entregas voluntarias e o modo como
é feito esse processo, através da entrevista com uma moradora do bairro do setor de
estudo, próximo a um dos seis pontos de entregas para detalhar o processo. Este
estudo foi realizado de modo que posteriormente possa extrapolar como base para
novos estudos no município Ribeirão Preto e em outras cidades com condições
semelhantes. A seguir apresenta a localização dos seis PEV’S existentes no
município, podendo perceber a relação da distância da área de estudo o subsetor 2
até esses pontos e ainda mais, a relação da área de Ribeirão Preto a quantidade de
PEV´S existentes.

Figura 14. Delimitação da área de estudo e localização do PEV estudado


Fonte: Google Earth, 2018

O estudo foi desenvolvido de modo que pudesse verificar, como os munícipes


de Ribeirão Preto, tomando como base o subsetor estudado, tratam da questão de
gerenciamento dos resíduos sólidos em suas construções e a visão que eles têm
numa perspectiva de preservação do meio ambiente. Verificou-se também no
município a existência de pontos de entregas voluntarias e o modo como é feito esse
processo, através da entrevista com uma moradora do bairro do setor de estudo, que
reside próxima a um dos seis pontos de entregas (PEV’s), para obter informações e a
visão dos munícipes.
61

Buscou-se neste estudo, realizá-lo de modo que posteriormente possa


subsidiar novos estudos no município Ribeirão Preto e a outras cidades.
Assim, a realização deste estudo teve como objeto, algumas obras da região
leste 2. Foram realizadas observações in loco das obras existentes e feito abordagem
direta.
Foram observadas 15 obras, tanto construções quanto reformas, 10 destas
obras participaram da pesquisa elaborada e responderam o questionário.
Além disso da pesquisa nas obras, foram realizadas observações e abordagens
com moradores em 2 (dois) dos 6 (seis) pontos de entregas voluntarias (PEV’s), para
a ajudar no entendimento sobre o real cenário, mais especificamente nos Pontos da
Av. Octávio Golfeto com a Rua Américo Batista, no Jardim Procópio e no Ponto da
Av. Patriarca com a Pedreira de Freitas, no Jardim Branca Salles, conforme indicado
nas Figuras 15 e 16. No ponto de entrega voluntaria do Jardim Procópio, foi realizada
entrevista com uma moradora, que se dispôs a responder algumas perguntas
predefinidas, de forma espontânea, de modo a se esclarecer o funcionamento do
gerenciamento dos resíduos nesse ponto, na visão do morador.

Figura 15. Situação do ponto de entrega voluntária jardim Procópio


Fonte: Autora, 2018
62

Figura 16. Situação do ponto de entrega voluntária no jardim Branca Salles


Fonte: Autora, 2018

Na aplicação do questionário, diante da abordagem direta, fez-se observação


para avaliar a existência de obras de construção ou reforma, realizando a observação
do local para verificar se estava de acordo com a proposta para o estudo (com geração
de RCC). Na abordagem das pessoas com o intuito de entrevista-los, muitas das
pessoas ficaram receosas, porém como foi explicado que se tratava de uma pesquisa
acadêmica, a maioria contribuiu. A pesquisa foi feita direta com o trabalhador da obra,
pedreiro ou ajudante.
O proprietário do imóvel na maioria das vezes não se encontrava. Foi tratado
como relevante e confiável as respostas colhidas, considerando que o funcionário
tinha o perfil ideal para responder o questionário, pois ele mesmo que fazia ou não o
gerenciamento dos resíduos.
No total, foram 10 pesquisas que se tornaram resultados do objeto da pesquisa.
Além destas pesquisas, inclui-se a entrevista da moradora do Jardim Procópio, que
foi abordada e participou dos questionamentos em que se esclareceu algumas
dúvidas sobre o processo de gerenciamento dos resíduos no ponto de entrega
voluntaria. Ressalta-se a importância da visão da entrevistada, diante do receio dos
questionamentos feitos também à operários e responsável dos PEV’s.
No próximo tópico, serão apresentados de maneira resumida alguns dos temas
abordados no decreto municipal n° 332/08, em que se trata da disciplina a gestão
sustentável dos RCC e volumosos e o gerenciamento integrados dos resíduos da
construção.
63

4.3 DECRETO Nº 332/08 QUE DISCIPLINA A GESTÃO SUSTENTAVEL E O


GERENCIAMENTO DOS RCC DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO

O decreto nº 332 de 09 de outubro de 2008 disciplina o sistema para a gestão


sustentável de RCC e volumosos e o plano integrado de gerenciamento de RCC do
município de Ribeirão Preto. O decreto também considera questões de leis já
existentes, como Lei da Política Estadual dos Resíduos Sólidos e o disposto na
Resolução CONAMA nº 307/02, que dispõe sobre a gestão dos RCC.
Esse decreto tem por finalidade reunir informações de como que facilite a
destinação e disposição correta dos RCC e resíduos volumosos e o cumprimento
pelos agentes envolvidos, sendo, portanto, de grande importância ao município, pois
foi elaborado conforme condições ali existentes e é um parâmetro a ser seguido pelos
geradores, transportadores e quaisquer envolvidos nesse ciclo desde a geração até a
disposição final do RCC.
O sistema de gestão sustentável dos RCC e Volumosos é composto pelo
Programa Municipal de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil e dos
Resíduos Volumosos e pelos Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil. O programa de gerenciamento dos RCC do município de Ribeirão Preto foi
implementado com o objetivo de impor responsabilidade a pequenos geradores, ou
seja, pessoas físicas ou jurídicas que geram no máximo 2m³ por descarte ou por
evento. Já os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil são
elaborados pelos geradores, de modo que adote procedimentos e técnicas, em que
prevê, desde a geração até a destinação final adequada dos resíduos. O projeto de
gerenciamento deve ser elaborado por todos os geradores, excetuando os pequenos
geradores, em que a obra de construção for igual ou inferior a 300m² ou até 100 m²
em que forem de demolição.
Segundo o Decreto 332/08 das especificações sobre a gestão sustentável dos
RCC, apresenta como objetivo principal aos geradores, a não geração dos resíduos.
Entretanto se não for possível, que seja feito procedimentos a fim de reduzir os
desperdícios (o índice de perdas dos materiais), ou faça a reutilização dos mesmos,
ou seja, o uso desses materiais para outras finalidades, de modo que não se altere
suas características. Caso realmente seja necessário o descarte, podem ser adotadas
técnicas de reciclagem para os RCC que pertencerem a classe A (os resíduos
64

reutilizáveis ou recicláveis como agregados), e para os demais resíduos, que seja


realizada a destinação final adequada, de acordo com sua classificação.
O sistema de gestão sustentável de RCC e resíduos volumosos são definidas
como um conjunto de ações a serem adotadas, conforme decreto, com isso faz-se
necessário o conhecimento das mesmas, a fim de promover melhor compreensão
sobre o assunto, sendo assim:

I - rede de pontos de entrega para pequenos volumes de resíduos da


construção civil e resíduos volumosos, implantada em bacias de captação de
resíduos, denominados Recitulhos; II - serviço disque coleta para pequenos
volumes direcionado a pequenos transportadores privados de resíduos da
construção civil e resíduos volumosos; III - rede de áreas para recepção de
grandes volumes (áreas de transbordo e triagem, áreas de reciclagem e
aterros de resíduos da construção civil); IV - ações voltadas para a informa-
ção, orientação e educação ambiental dos geradores, transportadores de
resíduos, munícipes, instituições sociais multiplicadoras, definidas em
programas específicos e permanentes; V - ações para o controle e fiscaliza-
ção definidas em programa específico; VI - ação de gestão integrada a ser
desenvolvida pela Comissão de Saneamento dos Resíduos da Construção
Civil inserida no NUSAN - Núcleo de Saneamento e Recursos Hídricos,
conforme Lei Complementar nº 2257/08, instituída pela Portaria 0828
publicada no Diário Oficial do Município em 07.05.08. (Decreto nº 332, 2008,
p. 3)

Conforme citado acima, deixa-se claro que há diversas ações a serem


adotadas, desde a geração até a destinação final dos RCC com a finalidade de atingir
a gestão sustentável. Com isso os geradores são responsabilizados pelo não
cumprimento dessas ações.
Os projetos de gerenciamento de RCC deverão ser estabelecidos e executados
por grandes geradores. Os empreendimentos que necessitam de aprovação para
nova edificação, reforma ou demolição em que não cumprirem as especificações,
pode não receber o alvará e até mesmo o ‘habi-se’.
A seguir apresenta-se requisitos mínimos em que deve conter um projeto de
gerenciamento de RCC, conforme decreto 322:

I - Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os


resíduos; II - Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador
na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa
finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 9º, deste
regulamento; III - Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento
dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em
todos os casos em que seja possível, a condição de reutilização e de
reciclagem; IV - Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as
etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o
transporte de resíduos; V - Destinação: deverá ser feita de acordo com o
65

disposto conforme os artigos constantes no Capítulo VII deste regulamento;


Decreto nº 332, 2008, p. 4)

Conforme citado, foram apresentadas as etapas que são indispensáveis para


apresentação do projeto de gerenciamento dos RCC. Os geradores têm um papel
importante quanto ao cumprimento desses requisitos, já que grande parte dos
processos devem realizados na fonte geradora.
Os geradores deverão especificar em seus projetos de gerenciamento de RCC,
os procedimentos que serão adotados aos resíduos de demais classes geradas. Todo
projeto é submetido a análise pela Secretaria Municipal de meio Ambiente, só serão
isentos da apresentação desse projeto, os que considerados pequenos geradores.

4.4 INTRODUÇÃO A ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa foi realizada por meio de questionário aplicados diretamente aos


funcionários das obras domesticas, já identificadas e localizadas no subsetor leste 2.
Os questionários foram aplicados durante os meses de março e abril de 2018, tendo
um total de 10 respostas. O questionário foi a principal ferramenta que serviu como
base para desenvolvimento do estudo, em que na sua elaboração objetivou abordar
sobre questões relativas a geração, separação e destino dos RCC e como é a visão
dessas pessoas em frente as questões ambientais. Além das observações feitas no
subsetor, que averiguou como são tratados os RCC, através das visitas realizadas em
dois dos seis pontos de entregas voluntarias de resíduos existentes no município,
além da entrevista com uma moradora que reside próxima a um destes PEV’s.
O questionário foi composto por seis questões fechadas e entrevista contendo
sete questões abertas de modo que pudesse coletar informações pertinentes ao
estudo.
Pode-se observar que os perfis dos entrevistados, que eram homens
trabalhadores das obras, tais como pedreiro e ajudante, quase sempre não obtinham
conhecimento algum sobre tema abordado. Já na entrevista, realizada com moradora
do bairro Jardim Procópio, em que tinha um dos seis pontos de entrega voluntaria, é
uma estudante de engenharia civil, e que demonstrou conhecimento sobre tema
abordado.
66

Na Figura 17, apresenta-se a localização geral das obras visitas e da pesquisa


realizada.

Figura 17. Localização das amostras coletas


Fonte: Google Earth, 2018

4.4.1 Analise dos Resultados Obtidos Por Meio de Questionários

Na sequência, são apresentados os resultados obtidos a partir do questionário


realizado.
A Primeira questão, busca informações com os entrevistados a respeito de qual
seria a etapa da obra que gera a maior quantidade de resíduos:

1) Qual a fase do processo dessa construção que gera/gerou mais resíduos?

As alternativas de respostas em que os entrevistados poderiam escolher, são:

A. Inicial (demolição, movimentos de terra, obras de drenagem, fundação, etc.


B. Fase intermediaria (vedação, estrutura, cobertura, instalações, etc.)
C. Fase final (revestimentos, esquadrias, acabamentos, etc.)
67

O gráfico apresentado na sequência, ilustra o percentual das respostas dos


entrevistados.

10
Quantidade de respostas

80%
8

20%
2

0%
0
Inicial Intermediária Final
Fase
Figura 18. Questão 01 - Fase da obra que gera mais resíduos
Fonte: Autora, 2018

De acordo com gráfico da Figura 18, a etapa do processo construtivo ou


reforma, que gera mais resíduos foi a fase inicial, ou seja 80% das respostas,
correspondente a alternativa A, que engloba: demolição, movimentos de terra, obras
de drenagem e fundação. Nos casos em questão a demolição de paredes para
reforma e movimentação de terra são os maiores volumes gerados, conforme dito
pelos entrevistados. Em sequência, a fase que mais gera resíduos é a fase final, com
20% das respostas, e engloba: revestimentos, esquadrias e acabamentos, pois nessa
etapa há muito desperdício de materiais. Já a fase intermediaria não obtiveram
respostas.
A segunda questão diz respeito dos procedimentos que são adotados para com
os RCC gerados dentro das obras domesticas. De modo que possa identificar a
destinação que esses resíduos recebem.

2) O que é feito com os resíduos gerados?

A. Separação de acordo a tipologia (madeira, telhas, restos de concreto, papel,


tinta, etc.) E contrata serviço de caçamba para recolher
B. Joga em qualquer local: nas ruas, em lotes baldios e praças
C. Contrata serviços de caçambas e joga todo o entulho na mesma caçamba
68

D. Entrega em pontos voluntários oferecidos pela prefeitura do município

10

8
70%
Números de respostas

4
30%

2
0%
0%
0
A B C D

Figura 19. Questão 02 - Procedimento realizado com os resíduos gerados


Fonte: Autora, 2018

De acordo com gráfico da Figura 19, as respostas obtidas foram que na maioria,
ou seja 70% dos resíduos não são separados, se contrata serviços de caçambas e é
tudo jogado na mesma sem critério algum, como que se contrata o serviço, acredita-
se que os resíduos terão uma destinação adequada. Entretanto 30% dos
entrevistados responderam que fazem a separação de acordo a tipologia, pois não há
grandes dificuldades na segregação se realizada por etapas. Já a alternativa B, não
foi seleciona, acredita-se que poucos entrevistados seriam fies as respostas se
realmente jogassem os RCC em uns locais quaisquer. Em sequência a alternativa D,
acredita-se que seja por falta de divulgação dos PEV’s.
Com base nos dados apresentados percebe-se a importância da informação
da conscientização dos munícipes, para que possa auxiliar o gerenciamento dos
resíduos. Não é só em grandes empreendimentos que se deve ter a preocupação,
pois pequenos geradores também tem sua contribuição. Muitos dos entrevistados
falaram que contratam serviço de caçambas, já para não se preocupar com a
destinação dos RCC. Porém mesmo que em escala menor, aos munícipes tem uma
parcela de contribuição na disposição inadequada dos RCC, pois a não separação
pode influenciar para a disposição inadequadamente, em consequência a colaboração
com surgimento de agentes nocivos tanto a saúde pública quanto ao meio ambiente.
69

Nas Figuras de 20 a 25, detalha-se melhor a situação de como são realizadas


as disposições dos RCC nas caçambas para recolhimento das obras visitadas.

Figura 20. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018

Figura 21. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018

Figura 22. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018
70

Figura 23. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018

Figura 24. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018

Figura 25. Caçamba contendo resíduos da obra estudada


Fonte: Autora, 2018
71

Conforme dados apresentados acima, percebe-se casos em que não foram


realizadas a segregação necessária antes de dispor esses resíduos nas caçambas
para coleta e a importância desse processo. Considerando também que as caçambas
por estarem em vias públicas, muitas pessoas descartam ali quaisquer resíduos,
portanto, verifica-se também a falta de informação sobre ‘resíduos sólidos’ por parte
dos munícipes. Uma observação importante é que, conforme verificado nas empresas
que prestam serviço para coleta das caçambas com resíduos da construção civil, só
é exigido a separação de gesso, em que a caçamba com os demais entulhos é
cobrada em torno de R$180,00 reais por 3 m³ de descarte e a caçamba contendo
gesso misturado com os demais entulhos, é cobrado em torno de R$250,00 reais, por
3 m³ de descarte. Talvez se houvesse a mesma política de preços com valores
diferentes para outros resíduos, por parte das empresas que fazem a coleta e
descarte, poderia estimular a segregação dos demais resíduos.
A terceira questão trata de uma verificação junto aos munícipes para entender
se eles têm conhecimento sobre os pontos de entregas voluntarias de resíduos que o
município possui.

3) Há pontos de entregas voluntarias (PEV’s) em que recebe os resíduos da


construção civil no município, você sabia?

A. Sim, já usei o serviço


B. Sim, já ouvi falar, mas não sei como funciona, onde são os PEV’s
C. Sim, porém nunca usei e é muito distante fica difícil levar os resíduos
D. Não, mas se soubesse usaria
72

10%

Sim, já usei

40% 20% Sim, mas não sei como


funciona
Sim, mas nunca usei

Não, mas se soubesse usaria

30%

Figura 26. Questão 03 - Conhecimento dos munícipes da existência de PEV'S


Fonte: Autora, 2018

De acordo com gráfico da Figura 26, a maioria dos entrevistados responderam


alternativa C, em que 30% dos mesmos tem conhecimento sobre os PEV’S
caracterizado como projeto Caçambas sociais, porém eles consideram inviável devido
à distância e a logística de entrega desses resíduos. Dos entrevistados 10% já usaram
o serviço, 20% já ouviram falar da existência desses pontos, porém não sabe como
funciona ou a quantidade de resíduos que pode levar e ainda a localização dos
mesmos. No entanto 40% responderam que não sabia da existência dos PEV’S no
munício.
Com base nos dados apresentados percebe-se que não há divulgação ou não
está sendo feita de modo que todos munícipes tenham conhecimento sobre a
existência dos PEV’s.
A quarta questão busca saber a quantidade de RCC que foram gerados na
obra em questão, de construção ou reforma.

4) Você consegue mensurar a quantidade resíduos da construção civil


gerados nessa obra? Se sim, equivale a quantos (as)

A. Em caçambas
B. Em carriolas
C. Caminhões
D. Outros. Descrever
E. Não consigo mensurar
73

Caçambas
14 Caminhões
12
12
10 11
Quantidade

10
8

6
6 6
4 5 5
4
2 3 3
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Obra

Figura 27. Questão 04 - Quantidade de RCC gerados por obra


Fonte: Autora, 2018

De acordo com gráfico da Figura 27, a quantidade de resíduos geradas nas


obras em questão, varia entre 01 e 12 caçambas, as mesmas continham capacidade
de 3 m³. A obra 03, além de 12 caçambas obteve mais 5 caminhões que foram
retirados referente à volume movimentação de terra, a obra em questão foi feita
demolição devido ser uma casa antiga. Dentre os resíduos gerados, a maioria
provinha de classe A restos de construção e demolição, também tinha restos de
madeira, cerâmica e telhas. Além desses resíduos contabilizados, são gerados
também resíduos como latas de tinhas, argamassa e solventes, que alguns dos
entrevistados disseram que separavam para catadores que usam para outros fins.
Com base nos dados apresentados percebe-se que mesmo em pequenas
obras deve-se preocupar com os RCC, pois em uma obra há diversas classes de
resíduos e a quantidade gerada é considerável. Muitos dos entrevistados não têm
conhecimento necessário ou não se preocupam com a questão atribuída ao
gerenciamento dos resíduos. Como exemplo, foi observado o descarte de tintas,
solventes etc., resíduos estes de classificação ‘perigosa’, que se dispostos
inadequadamente podem ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
A quinta questão trata de uma análise acerca da visão dos munícipes sobre os
riscos que os RCC podem causa se não é dada a destinação adequada.
74

5) Você sabe o risco que esses resíduos podem causar ao meio ambiente e
saúde pública, se dispostos inadequadamente?

A. Sim, por isso que faço a destinação adequada


B. Sim, porém fica difícil entregar nos pontos de entregas voluntarias (PEV’s), por
isso jogo em qualquer lugar que seja mais próximo da obra
C. Sim, porém não me preocupo, pois eu contrato serviço e acredito que eles dão
destinação adequada
D. Não, mas gostaria de ter mais informações para me esclarecer

10

80%
Quantidade de respostas

20%
2

0% 0%
0
Sim, por isso que faço a Sim, mas jogo em Sim, mas sempre contrato Não, mas gostaria de
destinação correta qualquer local proximo serviços de caçambas esclarecimento

Figura 28. Questão 05 - Visão dos munícipes sobre a disposição inadequada aos
RCC
Fonte: Autora, 2018.

De acordo com gráfico da Figura 28, a maioria dos entrevistados, ou seja, 80%
responderam que sabem os riscos que os RCC podem causar, porém não se
preocupam, pois em grande parte das obras em que fazem, contratam os serviços de
caçambas para coletar. Com isso acreditam que sua responsabilidade acabou ali, sem
se preocupar com a destinação final desses resíduos. Já os 20% restantes
responderam que sabem os riscos e por esse motivo, fazem a disposição adequada.
Percebe-se, conforme as respostas obtidas, que mesmo as pessoas que diz
possuir conhecimento sobre os riscos que os RCC podem causar, não fazem
corretamente ou não foram sinceras quanto as respostas. Pois, as mesmas podem
75

não saber o grau da intensidade dos riscos ou acreditam que essas pequenas
contribuições podem não ser tão prejudiciais se comparadas aos grandes
empreendimentos.
A sexta questão busca identificar e analisar as dificuldades encontradas para
se obter o gerenciamento adequado dos RCC.

6) Qual é a maior dificuldade encontrada quanto a separação, recolhimento


e disposição dos resíduos da construção civil?

A. Na separação, usa-se um tempo que poderia ser usado nas demais fases da
construção
B. O custo para recolhimento de pouco volume não compensa, é mais fácil jogar
em qualquer lugar
C. Os locais para a entrega voluntária são muito distantes, além disso muitas das
vezes não tenho transporte para levar
D. Não há dificuldades
10

8
Quantidade de respostas

60%
6

4
30%

2
10%

0%
0
Na separação, Devido custo para Os PEV's são Não há dificuldades
devido desperdicio recolhimento distantes e nem
do tempo sempre há transporte
Figura 29. Questão 06 - Dificuldade para se obter o gerenciamento correto
dos RCC
Fonte: Autora, 2018.

De acordo com gráfico da Figura 29, a maioria dos entrevistados, ou seja, 60%
responderam que para a separação dos RCC ‘perde-se’ um tempo que poderia ser
76

usado nas demais fases da construção. Em que se perde muito tempo de trabalho e
que acaba perdendo em dinheiro dependendo do contrato firmado com o proprietário.
Com isso, optam por contratar caçambas pois acreditam que certamente darão a
destinação adequada para cada resíduo. Desses entrevistados, alguns justificaram
que é complicado separar, pois dependo da obra, pouca gente é demandada para o
trabalho, com isso torna-se difícil reservar um tempo para segregação dos RCC.
Outros justificaram que não é possível, devido a obra ser pequena, alegando que a
geração dos RCC é pequena, não havendo necessidade de fazer a correta separação,
o que também demandaria mais caçambas para esta segregação, o que não
compensaria financeiramente conforme 10% das respostas.
E 30% dos entrevistados responderam que não há dificuldade quanto a
separação e destinação adequada dos RCC, pois é separado por etapas e com isso
torna mais fácil. Além de que contratam serviço de caçambas e custo sai mais em
conta por caçamba se separado.
A alternativa C não foi selecionada por nenhum entrevistado. Acredita-se que
a falta de conhecimento sobre a existência de PEV’s e da preservação ambiental pode
justificar a escolha das respostas.
Percebe-se, conforme as respostas obtidas, que tem inúmeros fatores levam
as pessoas a não contribuir para se ter gerenciamento adequado.
Pode-se observar de acordo os dados apresentados, que o gerenciamento dos
RCC no subsetor leste 2, não está seguindo conforme as normas prescritas no plano
de gerenciamento de RCC do município. Pois, 70% dos entrevistados responderam
que os resíduos não são separados, somente contratam serviços de caçambas e é
tudo jogado na mesma caçamba sem critério algum, como mostra no exemplo da
Figura 24, em que mostra caçamba que contem até produtos classificados como
perigosos jogados na mesma caçamba junto com os demais resíduos. Em
conseguinte, 80% responderam que tem conhecimento sobre os riscos que os RCC
podem causar se tiverem destinação inadequada, porém não se preocupam pois já
contratam serviços para coleta acreditando que a contratação do serviço de caçamba
para a retirada desses resíduos, as suas responsabilidades acabaram ali e não há
mais com que se preocupar.
Em que 60% justificaram jogar todos os resíduos juntos, com a justificativa
destas tarefas ocasionarem atrasos nas demais etapas da obra. Apenas 20% dos
entrevistados responderam que conhecem os riscos que os RCC podem causar e que
77

por esse motivo fazem a segregação para que cada resíduo tenha sua destinação
adequada.
Vale destacar, que com a análise realizada, foi percebido que na maioria dos
casos os procedimentos e técnicas adotadas pelos munícipes não estão sendo
executadas conforme as normas vigentes. Com isso as observações in loco foram de
grande importância ao estudo, onde verificou-se que alguns entrevistados ou por falta
de conhecimento, medo ou simplesmente por vergonha de falar a verdade,
responderam ao questionário alternativas que não condizia com sua realidade.
Percebe-se assim que é importante a criação de uma política voltada para estes
‘pequenos gerados’, que, conforme observado, geram ao final uma quantidade
considerável de RCC, que deve receber adequada destinação.

4.4.2 Análise e Discussão dos Resultados Obtidos por Meio de Entrevista

Na sequência, são apresentados os resultados obtidos através da entrevista


realizada com uma moradora do bairro Jardim Procópio. Na entrevista foram feitas
perguntas pré-definidas, traçadas de modo que pudesse perceber a real situação
daquele PEV em comparação com projeto proposto e implantado pela Coordenadoria
de Limpeza Urbana do município.

4.4.3 Ponto de Vista Sobre Local de Implantação do Projeto

A seguir, apresenta-se a questão que foi feita a entrevistada afim de entender


o impacto que esse PEV provocou naquela região depois de sua implantação:
“Quando foi implantado o projeto caçambas sociais houve mudanças no
bairro, benéfica ou não? ”
Conforme entrevistada, houve grandes mudanças no bairro, principalmente na
área que foi destinada a implantação do projeto do PEV. Pois antes do projeto as
pessoas jogavam lixos naquela área, porém em menos volume. Hoje com a
regulamentação, as pessoas jogam grande quantidade não só dentro das caçambas,
mas também no próprio terreno e das diversas variedades de resíduos, desde
entulhos até moveis velhos, como ilustra a situação nas Figuras 30 até 34.
78

Figura 30. Situação do ponto de entrega voluntaria Jardim Procópio


Fonte: Autora, 2018

Figura 31. Telhas e tijolos descartados praticamente na calçada


Fonte: Autora, 2018

Figura 32. Entulhos jogados diretamente no terreno


Fonte: Autora, 2018
79

Figura 33. Situação do entulho jogado no próprio terreno


Fonte: Autora, 2018

Figura 34. Situação de diversos resíduos descartados irregularmente


Fonte: Autora, 2018

Conforme ilustrado, percebe-se que o projeto caçambas sociais necessita de


adaptação a real situação. Pois, mesmo que os resíduos estão em um ponto
concentrado para coleta, os mesmos poluem a paisagem urbana e podem atrair
animais que provocam doenças, já que a área em que foi destinada a esse PEV é
uma área urbanizada e inclusive tem residências e estabelecimentos comerciais ao
lado.
Na sequência, busca entender qual a visão da entrevistada sobre o projeto
caçambas sociais:
“O que você acha do projeto caçambas sociais? ”
Segundo a entrevistada, o projeto realmente era necessário, pois tinha muito
descarte irregular naquela área e em muitas outras áreas no município. E com a
implantação desse PEV, o número de descarte irregular diminui e facilita na coleta,
porém necessita de melhorias e adaptar à realidade ali existente.
80

4.4.4 Segregação dos Resíduos

A seguir, apresenta-se a questão que foi feita a entrevistada, buscando verificar


se as pessoas descartam os resíduos nas respectivas caçambas identificadas por
tipologia:
“Há identificação nas caçambas para cada tipo de resíduos, as pessoas
jogam nas respectivas? ”
De acordo com a entrevistada, a população joga os resíduos sem critério algum
nas caçambas. Além de que jogam no próprio terreno e também próximo do portão
de uma casa vizinha a esse terreno, conforme já mostrado nas figuras anteriores
desse subcapitulo. A prática se opõe com as notas ditas no site da prefeitura, em que
hoje a população descarta corretamente um grande volume de resíduos
separadamente nas caçambas devido o projeto.
Com certeza a proposta do projeto é uma maneira mais adequada e prática
para manter a cidade limpa, com a retirada dessa grande quantidade de entulho dos
lotes, vias e praças públicas, pode obtém-se isso. Porém necessita também de
informação aos munícipes sobre a importância da separação em cada caçamba e
fiscalização na área para certificar que estão descartando corretamente esses
resíduos, já que há fiscal, porém não faz o trabalho correto, talvez por medo da reação
das pessoas, segundo morador da região.
Na sequência, a questão busca saber a movimentação de resíduos nesse
ponto, com a intenção de verificar se o PEV possui capacidade necessária para os
resíduos que recebe:
“Esse PEV recebe muitos resíduos? ”
Conforme entrevistada, diariamente a população traz grande quantidade de
resíduos, dos mais diversos. Com isso, o PEV recebe até aqueles resíduos no qual
não é sua finalidade, conforme ilustrada na Figura 35. Além do mais, nos finais de
semana a quantidade de entulho dobra ou até triplica.
81

Figura 35. Resíduos que não são classificados como RCC segregados.
Fonte: Autora, 2018

Conforme apresentado acima foram descartados pneus e até televisão, são


produtos que jamais podem ser descartados diretamente no meio ambiente. O lixo
eletrônico possui metais pesados e altamente contaminante e os pneus além de
contaminante, pode contribuir para a proliferação de vetores que transmitem doenças.

4.4.5 Transportes dos Resíduos

A seguir, apresenta-se a questão que foi feita a entrevistada, buscando verificar


a maneira com que a população leva seus resíduos até os PEV’s e possíveis
problemas encontrados nessa área:
“Como as pessoas levam os resíduos até o PEV? ”
De acordo com a entrevistada, os resíduos chegam no ponto, dos diversos
transportes, tais como: Carros, caminhões, motos, carriolas, carroças e até de
bicicletas, já que o projeto caçambas sociais prevê somente a coleta e destinação e o
descarte é responsabilidade dos munícipes.
Na Figura 36 mostra um descarte sendo feito no exato momento da realização
da visita, em que na imagem não permite ver detalhes sobre descarte, porém nesse
momento, em um domingo, as caçambas estavam lotadas que não havia espaço para
colocar mais nada dentro, assim os entulhos foram jogados diretamente no lote.
As caçambas são coletadas por caminhões contratados para prestação de
serviço e são levadas para a usina de reciclagem de resíduos da construção civil da
82

Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto no bairro Adelino Simioni. Com isso os resíduos
são levados e dado tratamento, no próximo subcapitulo detalha melhor esse processo.

Figura 36. Local de descarte de resíduos – PEV.


Fonte: Autora, 2018

Na sequência, a questão busca verificar a frequência em que é feita a coleta


nesse PEV, e se confere com projeto proposto.
“Com que frequência são coletados os resíduos? ”
A entrevistada menciona que os resíduos são recolhidos em torno de duas a
três vezes por semana, em que caminhões coletam e levam as caçambas cheias e
limpam a área. Normalmente os resíduos são coletados no início da semana, pois nos
fins de semana o número de descartes supera a semana inteira. Em contrapartida se
comparada com a proposta do projeto caçambas sociais, em que diz que que
diariamente são retiradas de quatro a cinco caçambas por dia, assim entra em
contradição com a real situação.
Em seguida, apresenta a questão feita a entrevistada que busca identificar
possíveis problemas decorrentes a respeito do descarte e coleta de resíduos naquela
área:
“O que você acha que o maior problema na questão de coleta dos
resíduos? ”
O maior problema é a não regularidade na coleta das caçambas, pois se o
recolhimento fosse realizado diariamente, como foi feita a proposta do projeto, não ia
ter acumulo de resíduos. Além da falta de conscientização dos munícipes, pois muitos
83

acham que aquela área é destinada a descartar todo tipo de resíduos, comparando o
local a um lixão.
Na sequência, são apresentados os resultados obtidos através da visita
realizada na usina de reciclagem de RCC da prefeitura do município, afim de analisar
o sistema de destinação dos resíduos utilizada pelo município.

4.5 USINA DE RECICLAGEM DOS RCC DA PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO

A usina de reciclagem dos RCC da prefeitura de Ribeirão Preto fica localizada


no bairro Adelino Simioni, no subsetor norte 10 (N-10), com área de 13 mil metros
quadrados, na Figura 37 mostra a fachada da usina. Todo entulho recolhido no
município é levado a usina de reciclagem, para que sejam tratados e recebam a
destinação correta. Além de que, os munícipes podem levar até 2 m³ de RCC
diretamente na usina.

Figura 37. Fachada da usina de reciclagem dos RCC do Município


Fonte: Google Street View

Como já mencionado, as caçambas retiradas dos PVE’s são recolhidas


semanalmente e levadas a usina de reciclagem de RCC. Segundo o funcionário que
cuida da fiscalização de entrada dos resíduos na usina, disse que normalmente as
caçambas são recolhidas dos PEV’s no início da semana e levados a usina, o qual
confirma o que a entrevistada disse. Semanalmente é levado um grande volume de
84

entulho para a usina, em que é realizado processo de reciclagem para o


reaproveitamento.
A seguir será apresentado resumidamente os processos que são adotados pela
usina de reciclagem desde a chegada até a destinação final desses resíduos. A base
para coleta de dados foi a observação em campo e informações passadas pelos
funcionários, que tiveram grande empenho em ajudar.
Todo entulho chega na usina através de caminhões, que foram contratados
pela prefeitura para fazer esse transporte. A caçamba é retirada do caminhão para
começar o processo de triagem.
Primeiro, manualmente são separados os resíduos volumosos, tais como:
madeiras, papeis, plásticos, todos aqueles que não serão passados pelo processo de
triagem automatizada. Os resíduos são coletados pela máquina conforme ilustrado na
Figura 38, em que são colocados na grelha vibratória (uma espécie de peneira), em
que a grelha tem o papel de selecionar de acordo com a granulometria, finos e
grosseiros.

Figura 38. Processo de triagem dos resíduos


Fonte: Autora, 2018

Os materiais de granulometria fina e pó, são separados e formando montes de


terra. Já os de granulometria grosseiras são separados e alimentam a esteira de
triagem, em que os trabalhadores selecionam materiais que ainda ficaram misturados,
85

fazendo a separação, e os demais passam pela esteira e saem na etapa final de


triagem como ilustrado na Figuras 39 e 40.

Figura 39. Processo de triagem dos RCC


Fonte: Autora, 2018

Figura 40. Esteira de triagem onde saem os materiais grosseiros


Fonte: Autora, 2018

Após os materiais serem triados, os grosseiros ainda passam por mais uma
etapa, em que a máquina britadeira, equipamento mostrado na Figura 41, faz a
trituração dos mesmos e são separados em grandes montes como mostra na Figura
42.
86

Figura 41. Britadeira, reciclagem e trituração dos RCC


Fonte: Autora, 2018

Figura 42. Agregados já separados


Fonte: Autora, 2018

Já os materiais mostrados na Figura 43, são os que já foram triados e


separados, porém ainda não foram triturados, pois a máquina britadeira teve uma
peça furtada, que segundo funcionário esse episódio acontece com frequência.
87

Figura 43. Agregados que necessitam de trituração


Fonte: Autora, 2018

Os materiais depois de passar pelo processo de reciclagem são reutilizados em


vias públicas não pavimentadas no município, podem ser usados como agregados, e
como camadas de base para construções. Segundo o funcionário, materiais
produzidos ali, já foram levados para outros municípios afim de serem reutilizados na
pavimentação das vias e para algumas empresas que precisaram de materiais para
compactação do solo. Não há restrição para a coleta dos materiais reciclados, apenas
necessitam de transporte próprio.
Nessa usina de reciclagem os materiais, não voltam ao ciclo produtivo de novos
materiais, tais como: blocos, argamassa, cerâmicas, etc. Os resíduos finos são triados
e reaproveitado e os grossos são triturados utilizados em vias e compactação para
quem precisar. No final de todo o processo de reciclagem sobram os rejeitos, ou seja,
tudo aquilo em que não há mais soluções de reaproveitamento ou reciclagem, onde
já se esgotaram as possibilidades. Com isso o tratamento necessário, é a disposição
em aterro sanitário ou incineração onde os rejeitos são tratados de maneira correta
para os mesmos não possam contribuir com a degradação ambiental.
Na usina de reciclagem da prefeitura de Ribeirão Preto conforme observado há
um enorme volume de rejeitos ali dispostos. Segundo o funcionário, quando começou
o processo de reciclagem nessa área, tudo o que não era passível de tratamento foi
acumulado ali mesmo, com isso gerando grande volume, conforme ilustra nas Figuras
44 e 45.
88

Figura 44. Volume de rejeitos acumulados na Usina de reciclagem de RCC de


Ribeirão Preto.
Fonte: Autora, 2018

Figura 45. Volume de rejeitos acumulados na Usina de reciclagem de RCC de


Ribeirão Preto.
Fonte: Autora, 2018

Alguns rejeitos são levados para aterro sanitário, mas a grande maioria se
mantem ali mesmo, porém essa área é destinada ao transbordo e triagem, os resíduos
só poderiam ficar até receber a destinação adequada. Segundo o funcionário, 2 anos
atrás a quantidade de rejeito era ainda maior. A Figura 46, mostra uma área limpa e
89

vazia, que no passado era uma montanha de rejeito que ali eram dispostos, conforme
relatado pelo funcionário da Usina de reciclagem de RCC de Ribeirão Preto.

Figura 46. Área limpa em que continha grande volume de rejeito disposto - Usina de
reciclagem de RCC de Ribeirão Preto.
Fonte: Autora, 2018

Vale destacar, que com a análise realizada da situação apresentada da usina


de reciclagem de RCC da prefeitura de Ribeirão Preto, percebe-se que conforme
normas vigentes, há necessidade de adequação para que possa atingir o objetivo de
uma usina de reciclagem. Já que não basta tirar os resíduos e recicla-los se os rejeitos
não são tratados com tal importância, pois mesmo mantendo a cidade limpa ali a
grandes riscos de problemas ambientais devido ao terreno não estar adequadamente
preparado para este acúmulo, podendo haver contaminação do solo e das águas.

4.6 PROPOSTAS E MEDIDAS DE MELHORIAS DIANTE DO CENÁRIO AVALIADO

Na sequência, apresenta-se algumas proposta e medidas que podem contribuir


para um melhor gerenciamento acerca dos RCC, diante do cenário apresentado tanto
no subsetor leste estudado, como nas visitas aos PEV’s e na Usina de reciclagem de
RCC de Ribeirão Preto.
90

1 – Aumento do número de PEV’s.


Deve ser proposto outros PEV’s, de forma a ‘desafogar’ os pontos já existentes.
Os PVE’s devem ser dispostos conforme aglomeração populacional, com regras de
entrega de resíduos e funcionário capacitado para as atividades.
Junto à Coordenadoria de Limpeza do município é necessário que seja feito
análise da viabilidade da ampliação dos PEV’S e propostas de melhorias a logística
de coleta desses RCC.
2 – Logística e transporte dos RCC
As coletas devem ser realizadas conforme previsto na proposta do projeto, de
4 a 5 vezes ao dia. Os bairros mais distantes dos PEv’s, como o subsetor leste 2,
poderiam dispor de um sistema de transporte para as obras domésticas, administrado
pela prefeitura e que possa ser ‘atrativo economicamente’ para os munícipes, com
cadastro e agendamento prévio, seguindo os critérios de coleta segregada dos RCC,
o que facilitaria e incentivaria o descarte adequado desses resíduos.
3 – Fiscalização
Deve haver equipe habilitada para fiscalização continuada de obras, descartes
irregulares, e do trabalho nos PEV’s, como forma de mitigação de possíveis impactos
ambientais causados pela disposição inadequada dos RCC.
4 – Educação ambiental e divulgação
Ampliar a divulgação sobre existência dos PEV’s, juntamente com palestras e
semanas de conscientização nas escolas e comunidades. Deve ser apresentado a
importância da segregação dos RCC, bem como os impactos que podem ser
causados pela faltada do correto gerenciamento destes resíduos.
91

5 CONCLUSÕES

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como é


realizado o gerenciamento dos resíduos da construção civil no município de Ribeirão
Preto, especificamente em obras domesticas de construções e reformas no subsetor
leste 2 (L-2) e em pontos de entregas voluntarias de RCC do município em geral.
O trabalho permitiu identificar e avaliar qualitativamente a visão dos munícipes
quanto ao gerenciamento dos RCC, sobre as principais dificuldades encontradas
durante o gerenciamento e sobre o tratamento que é dado pelo município aos RCC.
As avaliações do gerenciamento dos RCC realizadas, demostraram de acordo
com os resultados obtidos que os procedimentos e técnicas adotados nas obras do
subsetor leste 2, nos PEV's, na usina de reciclagem e quanto na fiscalização por parte
de órgãos públicos, necessitam de melhorias. Diante das observações em campo,
questionários e entrevistas aplicadas, ficou evidente que os objetivos em busca de
conhecer o gerenciamento de RCC do município e propor meios de mitigação diante
do atual cenário, foram alcançados.
Nos questionários, foi identificado os possíveis problemas encontrados para se
obter o gerenciamento correto dos RCC, o conhecimento sobre a existência
de PEV's no município, bem como, a visão dos munícipes em torno de uma
perspectiva ambiental sobre os danos que esses resíduos podem causar, se dispostos
incorretamente. Já na entrevista, permitiu identificar e analisar como é o
funcionamento do PEV existente no bairro jardim Procópio.
Uma questão que pôde ser observada é que, devido à menor caçamba
disponibilizadas pelas empresas de transporte de destinação de resíduos ser de 3m³,
torna-se inviável financeiramente a aquisição de mais caçambas para a correta
segregação dos RCC, o que demandaria a locação de mais caçambas ao mesmo
tempo em uma única obra doméstica, aumento os custos de destinação destes
resíduos.
Observou-se também a falta de conhecimento necessário ou a não
preocupação com as questões atribuídas ao gerenciamento dos resíduos. Como
exemplo, foi observado o descarte de tintas, solventes etc., resíduos estes
de classificação ‘perigosa’, que se dispostos inadequadamente podem ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.
92

Chamou a atenção que 80% dos entrevistados dizem saber dos riscos que os
RCC podem causar se destinados de forma inadequada, porém não se preocupam,
pois em grande parte das obras em que fazem, contratam os serviços de caçambas
para coletar. Com isso acreditam que sua responsabilidade acabou ali, sem se
preocupar com a destinação final desses resíduos. Isto demonstra a falta de
conhecimento sobre as políticas de gestão de resíduos sólidos, que também trata
sobre a ‘responsabilidade compartilhada’, na qual tanto os fabricantes, como os
consumidores e os titulares pelos serviços públicos (no caso a prefeitura municipal),
onde cada qual possui sua parcela de responsabilidade pelos resíduos sólidos
gerados.
Verifica-se também sobre perspectiva dos trabalhadores das obras que têm a
visão que com a separação dos RCC ‘perde-se’ um tempo que poderia ser usado nas
demais fases da construção. Outra alegação é sobre a dificuldade nesta segregação
dos RCC, conforme relatado: “pois dependo da obra, pouca gente é demandada para
o trabalho, com isso torna-se difícil reservar um tempo para segregação dos RCC”.
Outros justificaram que não é possível, devido a obra ser pequena, alegando que a
geração dos RCC é pequena, não havendo necessidade de fazer a correta separação,
o que também demandaria mais caçambas para esta segregação, o que não
compensaria financeiramente. Verifica-se assim a necessidade de treinamento destes
profissionais, abordando sobretudo a importância, não somente da gestão das obras
como um todo, mas também sobre a preservação ambiental e os impactos que
podem ser causados.
Observou-se também que há algum conhecimento sobre a existência dos
PEV’S no município, caracterizado como projeto Caçambas sociais, porém foi
considerado pela maioria como ‘inviável’ devido à distância e a logística de entrega
desses resíduos. Desta forma, verifica-se a necessidade de criação de novas
unidades de PEV’s, bem como a criação de uma logística adequada para os RCC.
Verifica-se também a necessidade de um acompanhamento e fiscalização
das PEV’s já existentes, com treinamento dos funcionários e melhor organização dos
trabalhos.
Nesse sentido, pôde-se observar que há políticas de gestão adequadas para
os resíduos sólidos, em particular para os RCC, entretanto, o gerenciamento tem sido
negligenciado e deve sofrer melhorias no município como um todo.
93

Dada à importância do tema abordado, torna se necessário o desenvolvimento


de novos estudos, que visem aprofundar, de modo mais
amplo, sobre o gerenciamento dos RCC do município de Ribeirão Preto, para
que se possa caracterizar e classificar os resíduos gerados em obras domesticas, de
forma a permitir o desenvolvimento de uma logística de destinação adequada, bem
como a criação de novos PEV’s para favorecer esta destinação correta por parte dos
munícipes
94

REFERÊNCIAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004 - Resíduos Sólidos -


Classificação, Rio de Janeiro, 2004.

______.NBR 10005 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de


resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

______.NBR 10006 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de


resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

______.NBR 10007 – Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

______.NBR 12980 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos


urbanos. Rio de Janeiro, 1993.

AS PRINCIPAIS consequências do descarte de pneus no meio ambiente. Redação


Pensamento Verde, 2018. Disponivel em: <
http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/as-principais-consequencias-
do-descarte-de-pneus-no-meio-ambiente/>. Acesso em: 25 março 2018.

CARVALHO, P. M. T. D. Residuos Solidos. In: ______ Responsabilidade civil e


poluição por resíduos sólidos. Petropolis: KBR, 2015. p. Não paginado.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 307.


Dispõe sobre gestão dos resíduos de construção civil. Brasilia, 2002.

______. Resolução nº 348. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de


2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Brasília, 2004.

______. Resolução431. Altera o art. 3o da Resolução no 307, de 5 de julho de


2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, estabelecendo nova
classificação para o gesso. Brasília, 2004.

COSTA, S. L. D. Aspectos Jurídicos Sobre Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil. In:


______ Gestão integrada de resíduos sólidos urbanos: aspectos jurídicos e
ambientais. Aracaju: Evocati, 2011. p. 44-55.

COUTO, F. Definição de lixo resíduos sólidos. In: ______ Cidade Sustentável: Lixo
Lucrativo. Iguarapava: Sociedade Editorial Ndjira, 2012. p. 18-19.

DECRETO nº 332. Disciplina o sistema para a gestão sustentável de residuos da


construção civil e residuos volumosos do municipio de Ribeirão Preto e o plano
integrado de gerenciamento de resíduos de construção civil. Ribeirão Preto,
2008.

FERREIRA, A. F. Análise da gestão dos resíduos sólidos urbanos no Brasil sob


uma perspectiva. Timburi: Cia do eBook, 2016.
95

FOGOÇA, J. R. V. Diferença entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário. Mundo


Educação, 2017. Disponivel em:
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/diferenca-entre-lixao-aterro-
controlado-aterro-sanitario.htm>. Acesso em: 01 junho 2017.

GRANZIERA, M. L. M.; GRANZIERA, B.; PIRES, L. Q. Meio Ambiente e Saneamento


Básico. In: ALVES, A. C.; FERNANDES, A. M.; MATULJA, A. Direito Ambiental e
Sustentabiliddae. Tamboré: Manola, 2016. Cap. 15.

HELLER, L.; PÁDUA, V. L. D. Abastecimento de água e saúde. In: ______


Abastecimento de água para consumo humano. Belo Horizonte: UFMG, 2006. p.
46-61.

IBGE. Pesquisa nacional de saneamento básico 2000. IBGE. Departamento de


População e Indicadores Sociais, Rio de Janeiro/RJ, 2002. Disponivel em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/pt/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=245>. Acesso
em: 11 maio 2017.

IBGE Mapeia os serviços de saneamento básico no país. IBGE - Instituto Brasileiro


de Geografia e estatística, 2005. Disponivel em:
<https://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27032002pnsb.shtm>. Acesso
em: 22 maio 2017.

IBGE Panorama Ribeirão Preto. IBGE . Departamento de População e Indicadores


Sociais, 2010. Disponivel em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/ribeirao-
preto/panorama>. Acesso em: 22 abril 2018.

IBGE Sinopse por Setores o. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística,


2010. Disponivel em: < https://censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/?nivel=st>.
Acesso em: 22 abril 2018.

INSTITUTO Trata Brasil. Situação Saneamento no Brasil, 2017. Disponivel em:


<http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 21 maio 2017.
KARPINSK, L. A. Os Residuos da Industria da Construção Civil. In: ______ Gestão
diferenciada de resíduos da construção civil: uma abordagem ambiental. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2009. p. 15-43.

LEITE, A. G.; NEVES, R. M. D.; GOMES, M. C. N. Gerenciamento dos Resíduos


Sólidos de Construção e Demolição nas Construtoras de Belém. Geração de valor
no ambiente constrído: inovação e sustentabilidade, Fortaleza, 7 outubro 2008. 1-
10.

LIMA, G. R. D. Modelos e mecanismos de regulação independente. In: ALCEU DE


CASTRO, G. J.; MELO, A. J. M.; MONTEIRO, M. A. P. Regulação do Saneamento
Básico. Barueri: Monole, 2013. Cap. 1, p. 02-03.

LIMA, R. S.; LIMA, R. R. R. Guia para Elaboração de Projeto de Gerenciamento de


Resíduos da Construção Civil. Curitiba: CREA-PR, 2009.
96

MACHADO, G. B. Central de Triagem. Portal Resíduos Sólidos, 2013. Disponivel


em: <http://www.portalresiduossolidos.com/central-de-triagem/>. Acesso em: 23 maio
2017.

MACHADO, G. B. Compostagem de resíduos sólidos orgânicos urbanos. Portal


Resíduos Sólidos, 2014. Disponivel em:
<http://www.portalresiduossolidos.com/compostagem-de-residuos-solidos-organicos-
urbanos/#more-3772>. Acesso em: 23 maio 2017.

MACHADO, G. B. Reciclagem de Resíduos Sólidos da Construção Civil. Portal


Resíduos Sólidos, 2014. Disponivel em: <
https://portalresiduossolidos.com/reciclagem-de-residuos-solidos-da-construcao-civil/
>. Acesso em: 04 junho 2017.

MACHADO, G. B. Definição de Resíduos da Construção Civil no Brasil. Portal


Resíduos Sólidos, 2015. Disponivel em:
<http://www.portalresiduossolidos.com/definicao-de-residuos-da-construcao-civil-no-
brasil/>. Acesso em: 3 junho 2017.

MACHADO, G. B. Geradores de Resíduos Sólidos. Portal de Residuos Sólidos,


2015. Disponivel em: <http://www.portalresiduossolidos.com/geradores-de-residuos-
solidos/>. Acesso em: 17 maio 2017.

MARCONI.M, L. E. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas,


2003.

MIGUEZ, M. G.; VERÓL, A. P.; REZENDE, O. M. In: ______ Drenagem Urbana: Do


Projeto Tradicional á Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p. 175-177.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Catadores de Materiais Recicláveis. Ministério


do Meio Ambiente. Disponivel em: <http://www.mma.gov.br/cidades-
sustentaveis/residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis>. Acesso em: 03
junho 2017.

NAGALLI,. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo:


Copyright, 2014.

NBR 10004. Resíduos Sólidos - Classificação, Rio de Janeiro, 5 maio 2004a. 71p.
NUNES, R.. Transbordo de resíduos sólidos. Revista Pensar Engenharia, Belo
Horizonte , v. 3, p. 1-18, janeiro 2015.

PAULICS, V.; VAZ, J. C.; SILVEIRA, A. L. Modelo de Gestão de Resíduos Sólidos de


Belo Horizonte. In: ______ Iniciativas municipais para o desenvolvimento
sustentável. Teresina: Copyright Pólis, 2002. Cap. 18, p. 92-95.

PANORAMA dos Resíduos Sólidos no Brasil. Abrelpe, 2016. Disponivel em: <
http://www.abrelpe.org.br >. Acesso em: 31 maio 2018.

POMPÊO, M. L. M.; CARLOS, V. M. O abastecimento de água e o esgotamento


sanitário: propostas para minimizar os problemas no Brasil. In: ROSA, A. H.;
97

FRACETO, L. F.; CARLOS, V. M. Meio Ambiente e Sustentabilidade. Porto Alegre:


Bookman Campanhia, 2012. Cap. 2, p. 47-51.

RADIOGRAFANDO a Coleta Seletiva. Cempre, 2016. Disponivel em:


<http://cempre.org.br/ciclosoft/id/8>. Acesso em: 21 maio 2018.

RECOLHIMENTO de entulho. Prefeitura de Ribeirão Preto. Disponivel em: <


http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/limpezarp/i25entulhos.php>. Acesso em: 21 maio
2018
RIBEIRO, D. V.; MORELLI, M. R. O Homem e a Geração de Resíduos. In: ______
Resíduos Sólidos Problema ou Oportunidade? Rio de Janeiro: Interciência, 2009.
Cap. 2, p. 8-28.

RIKILS, V. S. S.; BARELLA, L. A.; SENHORAS, E. M. Marcos Teóricos e Normativas


Sobre Resíduos Sólidos. In: ______ Resíduos Sólidos no Sul do Estado de
Raraima. Boa Vista: UFRR, 2016. p. 21-27.
SILVA, C. D. O. Resíduos Sólidos. In: ______ Resíduos Sólidos Uma Problemática
do nosso dia. União dos Palmares: Copyringht, 2014. Cap. 1, p. 11-15.

SITUAÇÃO Saneamento no Brasil. Trata Brasil Saneamento é Saúde, 2017.


Disponivel em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil>. Acesso em: 21
maio 2017.

SOUZA JÚNIOR, J. R. D. Das Infrações Administrativas Ambientais. In: ______


Sistema nacional de proteção ambiental: polícia administrativa ambiental. Belo
Horizonte: Del Rey, 2007. Cap. 5, p. 158-185.

TEIXEIRA, E. N. Modelo Integrado de Gestão de Resíduo Sólido. In: SANTOS, A. D.


D.; PIRES, A. M. M.; COSCIONE, A. R. Gestão Pública de Residuo Sólido Urbano:
Compostagem e Interface Agro-Florestal. Botucatu: Fundação de Estudos e
Pesquisas Agrículas e Florestais, 2009. p. 25-49.

VIANA, E.; SILVEIRA, A. I.; MARTINHO, G. Caracterização de resíduos sólidos.


Consolação: Copyright, 2015.

VIANA, E.; SILVEIRA, A. I.; MARTINHO, G. Caracterização de resíduos sólidos:


Uma Abordagem Metodológica e Propositiva. Consolação: Copyright, 2015.

YOSHIDA, C. Competência e as diretrizes da PNRS: conflitos e critérios de


harmonização entre as demais legislações e normas. In: JARDIM, A.; YOSHIDA, C.;
FILHO, J. V. M. Política Nacional, Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Barueri: Manole, 2012.
98

APÊNDICE

Questionário aos Munícipes Sobre a Separação, Coleta e Destinação dos


Resíduos da Construção Civil

1) Qual a fase do processo dessa construção que gera/gerou mais resíduos?


a) ( ) Inicial (demolição, movimentos de terra, obras de drenagem, fundação, etc.)
b) ( ) Fase intermediaria (vedação, estrutura, cobertura, instalações, etc.)
c) ( ) Fase final (revestimentos, esquadrias, acabamentos, etc.)

2) O que é feito com os resíduos gerados?


a. ( ) Separação de acordo a tipologia (madeira, telhas, restos de concreto, papel,
tinta, etc.) E contrata serviço de caçamba para recolher
b) ( ) Joga em qualquer local: nas ruas, em lotes baldios e praças
c) ( ) Contrata serviços de caçambas e joga todo o entulho na mesma caçamba
d) ( ) Entrega em pontos voluntários oferecidos pela prefeitura do município

3) Há pontos de entregas voluntarias em que recebe os resíduos da


construção civil no município, você sabia?
a) ( ) Sim, já usei o serviço
b) ( ) Sim, já ouvi falar, mas não sei como funciona, onde são os PEV’s
c) ( ) Sim, porém nunca usei e é muito distante fica difícil levar os resíduos
d) ( ) Não, mas se soubesse usaria

4) Você consegue mensurar a quantidade resíduos da construção civil


gerados ao final dessa obra? Se sim, equivale a quantos (as)
a) Em caçambas ________
b) Em carriolas _________
c) Caminhões___________
d) Outros. Descrever_______________________________________
e) Não consigo mensurar
99

5) Você sabe o risco que esses resíduos podem causar ao meio ambiente e
saúde pública, se dispostos inadequadamente?
a) ( ) Sim, por isso que faço a destinação adequada
b) ( ) Sim, porém fica difícil entregar nos pontos de entregas voluntarias (PEV’s),
por isso jogo em qualquer lugar que seja mais próximo da obra
c) ( ) Sim, porém não me preocupo, pois eu contrato serviço e acredito que eles
dão destinação adequada
d) ( ) Não, mas gostaria de ter mais informações para me esclarecer

6) Qual é a maior dificuldade encontrada quanto a separação, recolhimento


e disposição dos resíduos da construção civil?
a) ( ) Na separação, usa-se um tempo que poderia ser usado nas demais fases
da construção
b) ( ) O custo para recolhimento de pouco volume não compensa, é mais fácil
jogar em qualquer lugar
c) ( ) Os locais para a entrega voluntária são muito distantes, além disso muitas
das vezes não tenho transporte para levar
d) Não há dificuldades

You might also like