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ADRIANA FRANÇA DA CONCEIÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS, GERENCIAMENTO E


REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL

Uberlândia
2018
ADRIANA FRANÇA DA CONCEIÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS, GERENCIAMENTO E


REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras de Uberlândia-MG, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia ambiental e Sanitária.

Orientador: BRUNO GAMBAROTTO

Uberlândia
2018
ADRIANA FRANÇA DA CONCEIÇÃO

IMPACTOS AMBIENTAIS, GERENCIAMENTO E


REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras de Uberlândia-MG, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Ambiental e Sanitária.

BANCA EXAMINADORA

Mônica Diene Rodrigues de Oliveira

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

João Gabriel

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Uberlândia, 20 de Junho de 2018.


Dedico este trabalho a Deus, com sua
interminável bondade, seu amor foi meu
sustento, me proporcionando fé, coragem,
força e sabedoria para concluir essa fase
importante da minha vida, me fazendo
acreditar todos os dias em meu potencial.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela fé, força, saúde, sabedoria e esperança


depositada em meu coração, que mesmo durante as diversas aflições sempre esteve
ao meu lado e iluminou meu caminho durante o decorrer desta graduação.
Agradeço especialmente a minha querida mãe, exemplo de amor, de pessoa,
meu porto seguro, minha heroína, minha inspiração, melhor e maior professora na
escola da vida, pela sua incansável luta, incentivo, amor e dedicação.
Meu especial agradecimento aos meus amores, meus filhos, Marcos e Matheus,
Giovanna, obrigado filha por todo apoio, e Davi Miguel, meus filhos, minha vida, meu
maior incentivo para lutar pelos meus sonhos e objetivos, neles eu vejo o sentido do
amor verdadeiro e infinito.
Agradeço a minha família, meus irmãos Edson, Galeno, Cristina e Darlene, pelo
apoio, incentivo.
A todos os meus professores, pelos ensinamentos, por contribuir com meus
conhecimentos adquiridos, a Daniela pela orientação, motivação e por acreditar no
desenvolvimento deste trabalho.
Aos amigos e colegas de curso, em especial a Rayane pelo apoio, incentivo no
decorrer deste trabalho.
CONCEIÇÃO, Adriana França. IMPACTOS AMBIENTAIS, GERENCIAMENTO E
REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL. 2018. Número
total de folhas 37. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Ambiental e Sanitária) – Faculdade Pitágoras de Uberlândia, Uberlândia, 2018.

RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade abordar a problemática ambiental que
atualmente se comprova, devido aos impactos ambientais provocados pela
construção civil desde extração de matéria prima, geração de resíduos sólidos e
disposição desses resíduos em locais inadequados, abordando também a importância
do gerenciamento, reaproveitamento e reciclagem, além da legislação através de
revisões bibliográficas relacionadas ao tema, com pesquisas em artigos científicos
que aponta dados referentes aos resíduos da construção civil (RCC). A geração de
resíduos sólidos da construção civil continuamente tem chamado atenção, devido ao
exorbitante volume gerado, ocasionando impactos ambientais, contaminando o solo,
ar e a água e acidentando as características da paisagem natural. É de conhecimento
geral que a construção civil é uma grande geradora de resíduos, o ramo da construção
civil devido à falta ou má gestão desses resíduos, contribui diretamente para escassez
dos recursos naturais com a extração excessiva e o desperdício de matéria prima.
Logo assim é de suma importância ter um gerenciamento de resíduos da construção
civil e demolição (RCD), visto que, há uma enorme geração de resíduos, além de
grandes desperdícios gerados pela construção, com desenvolvimento esse volume
tende a aumentar desordenadamente, por isso é indispensável a aplicação das
normas e leis para minimizar esses impactos, dentre outros elementos que foram
abordados de maneira geral nesse estudo.

Palavras-chave: Resíduos da Construção Civil; Impacto Ambiental; Gestão de


Resíduos; Reaproveitamento; Reciclagem.
CONCEIÇÃO, Adriana França. ENVIRONMENTAL IMPACTS, MANAGEMENT AND
REUSE OF CIVIL CONSTRUCTION WASTE. 2018. Número total de folhas 37.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária)
– Faculdade Pitágoras de Uberlândia, Uberlândia, 2018.

ABSTRACT
The objective of this study is to address environmental problems that are currently
proven, due to the environmental impacts caused by the construction industry from raw
material extraction, solid waste generation and disposal of these wastes in
inappropriate locations, also addressing the importance of management, reuse and
recycling, as well as legislation through bibliographic reviews related to the subject,
with research in scientific articles that points to data related to construction waste
(RCC). Solid waste generation from civil construction has continually attracted
attention, due to the exorbitant volume generated, causing environmental impacts,
contaminating the soil, air and water and affecting the characteristics of the natural
landscape. It is well known that the construction industry is a major generator of waste,
the construction industry due to the lack or mismanagement of this waste, contributes
directly to the scarcity of natural resources with the excessive extraction and the waste
of raw material. Therefore, it is very important to have a management of construction
and demolition waste (RCD), since there is a huge generation of waste, besides large
wastes generated by the construction, with development this volume tends to increase
in a disorderly way, so it is it is indispensable to apply the norms and laws to minimize
these impacts, among other elements that were generally addressed in this study.

Key-words: Civil construction waste; environmental impact; Waste management;


Reuse; Recycling.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Cadeia da Construção Civil .................................................................... 15


Figura 2 – Transtorno gerado pelo resíduo de construção civil ............................... 18
Figura 3 – RCC despejados às margens de um rio ................................................. 19
Figura 4 – Geração quantitativa dos RCC ............................................................... 20
Figura 5 – Hierarquia da gestão de resíduos sólidos .............................................. 27
Figura 6 – Processo construtivo de reciclagem ....................................................... 30
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantidade total de RCD coletados nos municípios do país ................. 21


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Normas Técnicas da ABNT .............................................................28


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPE Associação Brasileira De Empresas De Limpeza Pública E Resíduos
Especiais
APP Área de Preservação Permanente
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CO2 Dióxido de Carbono
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
NBR Norma Brasileira
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNMA Política Nacional de Meio Ambiente
RCC Resíduos da Construção Civil
RCD Resíduos da Construção e Demolição
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ......... 16
3. GESTÃO E GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................. 20
4. DESPERDÍCIOS, REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM DA
CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................................................. 26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 34
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
13

1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade sabe-se que a construção civil sempre existiu para


atender às necessidades básicas do ser humano, antigamente não tinha a
preocupação com as técnicas adotadas e seus impactos ao meio ambiente. O ramo
da construção civil é uma das principais atividades para o crescimento social e
econômico no mundo. No decorrer do tempo, com o desenvolvimento industrial, o
crescimento populacional, socioeconômico vem a expansão das cidades,
consequentemente isso contribui para o aumento desordenado de resíduos sólidos
(RSU), oriundos da construção civil (RCC).
É perceptível que a construção civil gera impactos positivos, ou seja,
socioeconômico, como renda e oportunidades de empregos entre outros, em
contrapartida é um grande causador de impacto ambiental naturais. Esta indústria é
responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da
quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).
Segundo Rocha (2006), os impactos causados pelos resíduos sólidos oriundos
da indústria da construção civil, têm causado problemas graves, onde se pode
destacar, dentre outros, o esgotamento prematuro de áreas de disposição, a
degradação e contaminação da flora e fauna, e consequentemente, prejuízos aos
cofres públicos. Com o setor da construção civil em alta é notório a exorbitante
quantidade de entulhos, juntamente com a falta de locais adequados para a
destinação correta desses resíduos.
Toda intervenção antrópica é causadora de impacto ambiental,
consequentemente, causa impacto social e econômico, seja atividade grande ou não,
de certa forma vai modificar o meio ambiente. Na construção civil não é diferente,
desde de sua extração e se estende até sua disposição incorreta, essa atividade é
uma das maiores geradoras de impacto ambiental negativo, visto que, se descartado
de forma clandestina ocasionará contaminação do solo, ar e da água, poluição
ambiental e visual, comprometer a saúde pública. Haja visto que essa prática tem sido
um desafio nos dias atuais. Devido a esses problemas é necessária uma gestão de
resíduos da construção civil.
14

Indubitavelmente esses impactos é resultante de ações antrópicas, a


disposição de resíduos da construção civil (RCC) em locais clandestinos,
inadequados, como terrenos baldios, vias ,logradouros público, margens de rios,
áreas de APP(Área de Preservação Permanente), ocasionando impactos visuais,
ambientais, levando a contaminação do solo, ar e da água, visto que nesses resíduos
há presença de material orgânico, tóxico e químico, lembrando que essa disposição
incorreta, acarreta acúmulo de água e proliferação de vetores causadores de doenças,
colocando em risco a saúde pública.
Em meio a todos esses problemas ambientais gerados a partir dos resíduos
da construção civil, o presente trabalho visa situar os impactos gerados pelos entulhos
e a inexistência da Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil juntamente com sua
importância.
Este trabalho tem por objetivo geral, ressaltar de forma sintética os impactos
ambientais causados por descartes inadequados de resíduos da construção civil e
apresentar alternativas viáveis na destinação final, reaproveitamento e reciclagem dos
mesmos. Os objetivos específicos são: mencionar os impactos ambientais gerados
por descartes incorretos de resíduos oriundos da construção civil; elucidar a
importância de um plano de gerenciamento de resíduos da construção civil e medidas
viáveis para a destinação adequada dos resíduos provenientes da construção civil e
demolição; enfatizar alternativas de reaproveitamento e reciclagem destes resíduos.
O presente trabalho teve como objetivo fazer um levantamento bibliográfico,
que foi realizado com base em artigos científicos, teses, dissertações, pertinentes ao
tema, buscas em plataformas do Google Acadêmico, consultas a legislação vigente,
Lei nº 12.305/2010, resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA). Revistas, livros, entre os períodos do ano de 2000 a 1018. Foram
utilizadas as seguintes palavras-chave: Resíduos da Construção Civil; Impacto
Ambiental; Gestão de Resíduos; Reaproveitamento; Reciclagem.
15

2. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 Uso dos recursos naturais e o aumento da poluição

O impacto causado pela construção civil, começa na extração de matérias-


primas, em vista disso são as enormes áreas degradadas, convém lembrar que tais
áreas variam seu tamanho de acordo com a porção de materiais retirados e detritos
produzidos (Ambiente Brasil, 2007). Além disso, se tratando dos recursos minerais,
essa atividade tem produzido um aglomerado de efeitos ruins, chegando a ser
classificados como externalidades (Bitar, 1997), contudo o setor da mineração
consome muita energia, polui o ar e contribui para o aquecimento global (Brasil, 2007).
Acredita-se que a área da construção civil é responsável por algo entre 20 e 50% do
somatório total de recursos consumidos pela população (SJÖSTRÖM, 1992),
seguindo essa análise, logo conclui-se que construção civil é uma das principais
consumidoras de recursos naturais.

A cadeia de atividades da construção civil, que acarreta impactos ambientais


expõe-se na figura 1.

Figura 1- Cadeia da construção civil

FONTE: PUT apud SCHNEIDER (2003, p.46)

Logo assim com a produção de materiais de construção, é notório que


promove impactos negativos. Um exemplo, é fabricação de cimentos, que, por
16

conseguinte, no Brasil é responsável pelo engendro acima de 6% do montante de


CO2 originado (Brasil, 2007). É incontestável que no andamento das obras, diversos
impactos são ocasionados, pode-se mencionar os resultantes de sobras de materiais
próximos das, resultado da ação humana, físico e biótico, no ambiente da edificação
(Cardoso; Araújo, 2004). Seplan (2007), evidencia que o ar é acometido pelas
partículas que ficam suspensas durante a fabricação, mencionando também os gases
e os estrépitos emitidos por maquinários, frotas de veículos e objetos, com a
eliminação da vegetação, perfuração do terreno, cortes, aterros afetando assim o
subsolo e o solo, a elevada utilização de água, lembrando que há contaminação pelos
resíduos, excrementos humanos e petróleo empregado no funcionamento das
máquinas.
Um fator que leva a contaminação e degradação é o descarte dos resíduos
produzidos no decorrer do andamento das obras. Finalmente no que diz respeito a
esses resíduos, se forem descartados de forma incorreta, seja pela falta de
responsabilidade, seja pela inexistência de gestão que disciplinem a destinação
correta, ligada a falta de comprometimento por parte dos geradores, na manipulação
e na destinação de tais resíduos, levando em considerações esses fatos tem como
consequência os impactos ambientais que são: desgastes das áreas de preservação
permanente (APP) e mananciais, a propagação de condutores de doenças, acúmulo
de sedimentos nos córregos e rios, o bloqueio dos complexos de drenagens, isto é,
nas galerias, valas, o preenchimento de vias públicas por entulhos, comprometendo a
movimentação da população e de carros, a degeneração da paisagem urbana,
outrossim, a presença e o acúmulo de resíduos que causam ameaça à saúde por
serem perigosos (Sinduscon-SP, 2005).

2.3 Definição de RCC

Conforme a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA (2002), os resíduos de construção civil são:

os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de


construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos,
tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso,
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
17

comumente 4 chamados de entulhos de obras, caliças ou metralha


(CONAMA, 2002).

2.4 Produção de resíduos da construção civil e seus impactos

Dentre os inúmeros impactos ambientais causados pela construção civil,


pode-se salientar a demasiada produção de resíduos da construção civil (RCC). De
conhecimento geral, a massa RCC é igual ou maior que a massa de resíduos sólidos
domiciliar. PINTO (1999) salienta que nas cidades brasileiras, a geração do RCC está
entre 41 a 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos (RSU).
De acordo com Ângulo (2000), na execução da obra e ao seu termino, em
consequência disso um novo problema é criado, a dos resíduos que foram originados
no decorrer da construção. Os RCC não se limitam somente em tijolos fragmentados
ou restos de argamassa, como muitos acreditam, é um composto de diversos
materiais, é imprescindível salientar os recipientes plásticos e papéis, escórias de
vegetação, restos de ferros, pedaços de madeiras, sobras de alimentos entre outros,
levando assim a um volume excessivo de resíduos, fazendo com que fique difícil
fazer a separação (Ângulo, 2000). Em consequência disso, vê se a todo instante o
despejo de maneira incorreta em vias públicas, lotes baldios, áreas próximas de
córregos e rios, lixões e em aterros para RCC, visto que na maioria de tais aterros não
são cumpridas as normas legais, desde a triagem até a sua disposição, trazendo
assim, riscos à saúde e a natureza, ocasionando a origem de variados pontos de área
degradada espalhadas pelas cidades e sua proximidade (Ângulo, 2000).
18

Dados de Ângulo (2000), explicam que o acúmulo de entulhos decorrente da


deposição destes resíduos, próximos a redes de drenagens, podem causar
obstruções dos sistemas de drenagens, e em zonas de tráfego, como podemos
observar na figura 2. Causam transtornos de pedestres e de veículos, podendo ocorrer
acidentes, modificação da paisagem urbana, poluição visual, juntamente com
resíduos domésticos e industriais irão atrair vetores de doenças (Pinto, 2005).

Figura 2 – Transtorno gerado pelo resíduo de construção civil

Fonte: Construct App (2016)


19

A disposição clandestina de resíduos da construção civil nas margens dos rios,


lagos, córregos, (figura 3), ocasionará contaminação do solo, da água e
assoreamento. Visto que em alguns resíduos podem conter presença de material
orgânico, tóxico e químico, como por exemplo: tintas e detritos de telhas de amianto,
comprometendo o meio ambiente e gerando alto risco à saúde da população (Ângulo,
2000).

Figura 3 – RCC despejados as margens de um rio

Fonte: PERS/Alagoas (2014)


20

3 GESTÃO E GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme Bidone (2001), o desperdício de resíduos evidencia um prejuízo


imensurável ao meio ambiente e para a nação. Uma análise feita com objetivo de
avaliar a prática da gestão sustentável de RCC em canteiros de obras da construção
civil na cidade do Recife verificou a importância da economia obtida com a diminuição
da quantidade de remoções dos resíduos (SILVA et al., 2008). Pinto (2005) cita dados
sobre o total de geração de resíduos mostrando uma variação de 163 a mais de 300
quilos por habitante/ano. esses dados são apavorantes e preocupam muito quando
se refere a sustentação do equilíbrio ecológico no Brasil. A quantidade de perda de
resíduos construção civil é a principal causa de geração de entulhos, Pinto (1999)
ressalta que os valores aproximados de geração de resíduos variam entre 230-760
kg/hab.ano. No entanto média destes valores é de 510 kg/hab.ano, logo assim fica
próximo aos valores internacionais.

Figura 4 - Geração quantitativa dos RCC

Fonte: GR2 gestão de resíduos

A geração de RCD pode acontecer na etapa do projeto ou no final da execução


da obra, pois distintas decisões são adotadas - quanto ao tipo de materiais a serem
empregados, formato da edificação, dentre outras (TELES, 2015). Nas cidades
brasileiras e no exemplo de sistema construtivo indicado é notório uma percentagem
maior na geração de argamassa e concreto, desigual das características da Espanha,
que tem em maior abundância a cerâmica (NAGALLI, 2014). O autor mencionado
elucida que essa diferença, seja explanada, por exemplo, pela adoção de diferentes
processos de obtenção e informações construtivas.
21

3.1 Estimativa de coleta de RCD no Brasil

A tabela 1, mostra que os municípios coletaram cerca de 45,1 milhões de


toneladas de RCD em 2016, isso significa que diminuiu de 0,08% em comparação a
2015. Este fato, se observado aos anos anteriores, determina atenção específica,
visto que a quantidade total destes resíduos é embora maior, uma vez que os
municípios, de maneira geral, recolhem somente os resíduos espalhados ou
abandonados em vias públicas.

TABELA 1. Quantidade total de RCD coletado nos municípios do país

Fonte: Pesquisa ABRELPE / IBGE

3.2 Definição de Resíduos sólidos

Em conformidade com a Norma Brasileira NBR 10004/2004, os resíduos


sólidos são definidos da seguinte forma:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de


origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em
face à melhor tecnologia disponível (ABNT,2004).

3.3 Resíduos da construção civil e demolição (RCD)

De acordo com a Resolução nº 307 CONAMA (2002), constitui diretrizes,


critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, impondo as
ações necessárias de forma a tornar mínimo os impactos ambientais.
22

Resíduos sólidos da construção e demolição (RCD), são aqueles gerados em


canteiros de obras, oriundos de construções, reformas e demolições, como os tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, etc, os (RCD) são sobras do procedimento
construtivo (BLUMENSCHEIN, 2007).
Na Resolução do CONAMA nº 307/2002, tem como critérios ao qual a
classificação e a composição constituem os RCD, e gestão destes resíduos tem
responsabilidade dos estados, municípios, e dos pequenos e grandes geradores
(SANTOS, 2015).

3.4 Classificação dos Resíduos sólidos da construção civil (RCC)

Os RCC chegam a representar 61% dos RSUs, em massa (Pinto e González,


2005). A partir da Resolução Conama no 307/2002, o gerador tornou-se responsável
pela segregação dos RCC, com quatro classes distintas, necessitando encaminhá-los
para a reciclagem ou uma disposição final. A resolução também afirma a proibição do
despacho de tais resíduos a aterros sanitários e a aplicação do princípio da prevenção
de resíduos.
De acordo com a Lei 12.305/2010 Art. 13° Inciso h em concordância a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, o resíduo da construção civil tem a seguinte
classificação com relação a origem: “Resíduos da construção civil: os gerados nas
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos
os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis”. De acordo
com a Resolução n° 307/2002 da Conama com as correções e alterações pela
Resolução n° 431/2011, Resolução n° 348/2004 e Resolução n° 469/2015, são
classificados os resíduos da construção civil da consequente forma:

I -Classe A -são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais


como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e
de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de
edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de
revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou
demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio - fios
etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B -são os resíduos
recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão,
metais, vidros, madeiras e outros; lll - Classe C - são os resíduos para os
quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente
viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação, tais como os
produtos oriundos do gesso; IV - Classe D -são resíduos perigosos oriundos
do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou
23

aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições,


reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros,
bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou
outros produtos nocivos à saúde (BRASIL, 2002,Artigo 3º).

3.5 Classificação de RCD

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são


classificados os resíduos da construção civil na classe II b – Inertes, que são definidos
como:

quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa,


submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou
deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização, não
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões
de aspecto, cor, turbidez e sabor. Como exemplo destes materiais, podem-
se citar rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são
decompostos prontamente. (NBR 10.004, ABNT, 2004).

3.6 Legislações

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que é conduzida pela Lei


12.305/2010 e o Decreto 7.404 de 23/12/2010, que regulamenta a Lei 12.305/2010, é
a Lei de Resíduos Sólidos, no qual está conexa com a geração de RCD (NAGALLI,
2014).
O PNRS tem como principal objetivo a diminuição dos resíduos, no qual indica
métodos sustentáveis e medidas que estimulem a reciclagem e a reutilização dos
resíduos, que são rejeitados inadequadamente. (PASCHOALIN FILHO; DIAS;
CORTES, 2014). Os planos previstos pela PNRS são (SANTOS, 2015):

1 - Plano Nacional de Resíduos Sólidos: tem como a responsabilidade da


União e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente; 2 - Plano Estadual de
Resíduos Sólidos: é de responsabilidade de cada Estado; 3 - Plano Municipal
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos: tem como a responsabilidade dos
municípios;

Analisando a Constituição Federal observando os princípios de Direito


Ambiental podemos constatar vários deles destacados na legislação, que são
relevantes para a gestão de resíduos, um exemplo é Princípio do poluidor pagador,
que está exposto no inciso 3º do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que são:
24

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

O princípio da precaução e prevenção, tem como objetivo a redução ou


supressão de hábitos que danifica os recursos naturais, contudo não fundamenta a
falta de atenção com os RCC.

3.6.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

Conforme a Lei 12.305 (BRASIL, 2010) que estabeleceu a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS), o encargo pela gestão dos RCD estende-se aos Municípios
e Distrito Federal. Logo assim, deverá ser criado um Plano Integrado de
Gerenciamento dos Resíduos, que incorpore um programa municipal de
gerenciamento dos RCD e planos de gerenciamento destes resíduos por seus
causadores – Resolução nº 448 (CONAMA, 2012).
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos embasada na Lei nº 12.305/2010, artigo
1º estabelece:

Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo


sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder
público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (CONAMA, 2012).

Lei essa que passou cerca de quase 20 anos em tramitação no Congresso


Nacional para poder enfim ser confirmada, a referida Lei abrange 57 artigos no qual
se trata de assuntos ambientais, Lei 12.305 Brasil (2010)
Segundo Resolução nº 448 CONAMA (2012), a elaboração de um plano
municipal de gestão integrada de resíduos sólidos deve conter:

A situação dos resíduos sólidos gerados, contendo a origem, o volume, a


caracterização e as formas de destinação e disposição final; identificação das
áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada; possíveis
soluções compartilhadas com outro município; identificação dos geradores
sujeitos ao plano de gerenciamento específico; procedimentos operacionais
e especificações a serem adotadas nos serviços públicos do manejo de
25

resíduos sólidos; indicadores de desempenho operacional do manejo sólidos;


regras para o transporte e de outras etapas do gerenciamento dos resíduos
sólidos; programas e ações de capacitação técnica, voltados para sua
implementação e operacionalização; programas e ações de educação
ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a
reciclagem de resíduos sólidos; metas de redução, reutilização, coleta
seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de
rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada
Resolução nº 448 (CONAMA, 2012).

De acordo com a legislação, os empreendimentos de construção civil devem


formar um plano próprio de gerenciamento de resíduos sólidos, com uma análise dos
resíduos sólidos gerados, que contenha a origem, o volume e a diferenciação dos
resíduos, incluindo os passivos ambientais que se relaciona a eles, conservando
atuais e disponíveis ao órgão municipal, informações completas da prática do plano
(BRASIL, 2010). Visto que para a consolidação dessas metas, a PNRS estabeleceu
tempo determinado para os municípios, que deveriam organizar seus Planos
Municipais de Gestão até janeiro/2013, e serem inseridos até julho do mesmo ano, de
maneira independente ou conjunta com outros municípios, desde que seguissem o
art.14 da Lei 12.305 (BRASIL, 2010).

3.6.2 Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)

A Lei nº 6938/1981, da ênfase para os RCC, visto que, a Lei supracitada tem
por objetivo a melhoria, preservação, e recuperação da qualidade ambiental favorável
à vida.
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: à compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do
meio ambiente e do equilíbrio ecológico; à definição de áreas prioritárias de
ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,
atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios; ao estabelecimento de critérios e padrões de
qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos
ambientais; ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; à difusão de
tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico; à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas
à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; - à imposição, ao
poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos, (Lei nº 6938/1981).
26

4 DESPERDÍCIOS, APROVEITAMENTO E RECICLAGEM DOS RESÍDUOS


DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O gerenciamento dos resíduos precedentes da construção e demolição não


deveria ser de ação corretiva, e sim uma ação educativa, possibilitando condições
para que as empresas envolvidas na cadeia produtiva possam desempenhar suas
responsabilidades sem produzir impactos negativos (SCHNEIDER, 2000). No que
tange aos resíduos gerados de canteiros de obras, a gestão responsável requer uma
compreensão do processo de construção de habitações e as dificuldades em ajustar
as formas de acomodação dos resíduos (BLUMENSCHEIN, 2007).
A não geração de resíduos deve ser o objetivo prioritário dos geradores e em
caráter secundário, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. A
destinação dos resíduos da construção civil também é prevista nesta resolução e é
definida de acordo com esta mesma divisão de classes dos resíduos, (CONAMA,
2002).

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados,


ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo
dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; II - Classe
B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura; III - Classe C: deverão ser armazenados,
transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas
específicas; IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados,
reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas
específicas. (CONAMA - RESOLUÇÃO Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002).

A PNRS situa no seu Art. 9o, uma categoria para a gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos, a qual se observa a consequente ordem prioritária: não geração,
redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e destinação final
ecologicamente apropriada dos rejeitos, conforme (BRASIL, 2010).
Indubitavelmente, analisando que os RCC foram classificação quão à origem,
como um dos onze conjuntos especificados pela PNRS, logo assim essa hierarquia
certamente se emprega aos resíduos desta classe, como mostra na Figura 5, para
gestão dos resíduos, conforme estabelecido nos objetivos da PNRS, de acordo
(BRASIL, 2010).
27

Figura 5- Hierarquia da Gestão de Resíduos Sólidos

Fonte: Brasil (2012)

O engendro de RCC no Brasil é contínuo e crescente e, está absolutamente


ligada ao altivo desperdício de materiais na concretização dos empreendimentos
(NETO e SHALCH, 2010). O desperdício estipulado com os RCC por metro quadrado,
causa perda de cerca de 150 kg de maciço por metro quadrado erguido (PUCCI,
2006).
28

4.1 Normas Técnicas da ABNT aplicadas ao RCD

Segundo a ABNT/2004, são aplicadas 5 normas referentes aos RCD, como


podemos observar no quadro 1.

Quadro 1. Normas Técnicas da ABNT


Normas Técnicas da ABNT sobre RCD
NBR Diretrizes para projeto, implantação e operação de áreas de
15112:2004 triagem e transbordo
NBR
Diretrizes para projeto, implantação e operação de aterros
15113:2004
NBR Diretrizes para projeto, implantação e operação de áreas de
15114:2004 reciclagem
NBR Procedimentos para execução de camadas de pavimentação
15115:2004 utilizando agregados reciclados de resíduos da construção
NBR Requisitos para utilização em pavimentos e preparo de
15116:2004 concreto sem função estrutural com agregados reciclados de
resíduos da construção
Fonte: Adaptado de WIENS; HAMADA, 2006.

A NBR 15112:2004 tem como diretiva a área proposta para o resíduo da


construção ou volumosos e a armazenagem temporária (ABNT, 2004).
A NBR 15113:2004 determina as áreas onde são agregadas a acomodação
dos resíduos da construção civil (classe A), que possibilita o uso posterior dos
materiais e/ou futura ocupação da área, de acordo com princípios de engenharia
existindo uma redução no volume gerado, impedindo a poluição e agravos ao bem-
estar e saúde da população e ao meio ambiente (ABNT, 2004).
A NBR 15114:2004 situa como critérios no qual coloca procedimentos para os
planos, implantação e operação de áreas de reciclagem de RCC (classe A) e constitui
os critérios para as condições mínimas (ABNT, 2004):

1-O impacto ambiental causado pela da área de reciclagem deve ser


minimizado; 2-A área de instalação deve haver a aceitação da população; 3-
A área deve estar de acordo a legislação para o uso do solo e com a
legislação ambiental;
29

A NBR 15115:2004 tem como parâmetros no cumprimento de camadas de


apoio do subleito, sub-base e base de pavimentações como camada de recobrimento
primário, com o uso de adjuntos reciclados de RCC (ABNT, 2004).
Na NBR 15116:2004 situa condições na utilização de agregados reciclados
NAS obras de pavimento viário e que não apresente o uso estrutural (ABNT, 2004).

4.2 Reciclagem e reaproveitamento de Resíduos da Construção civil

A forma mais correta de minimizar os impactos ambientais e reduzindo valores


na obra – visto que, ainda não podemos suprimir os conglomerados de resíduos –
certamente é a reciclagem e o reuso dos resíduos, indubitavelmente são os originários
da construção e demolição, que configuram mais de 50% da massa dos resíduos
sólidos urbanos. (PINTO,1999)
A ideia de reciclagem está ligada ao ciclo de uso de um material ou elemento
que tendo ficado envelhecido uma vez, possa se tornar novo, adiando a vida útil do
maciço, concluindo desta forma, o ciclo “novo-velho-novo”. O novo uso desse material
ou componente sugere uma série de intervenções, de modo geral de recolha,
desmonte e processo de tratamento, voltando ao procedimento de produção. Conceito
este que se fundamenta na gerência ambiental, social econômica de recursos
naturais, situando à direção do período de vida dos materiais. (BLUMENSCHEIN,
2007)
A atividade da construção civil é um amplo reciclador de resíduos de outras
fábricas e de sua própria atividade. Na primeira fonte geradora de resíduo a
reciclagem quer dizer diminuição de custos e ainda novas ocasiões de negócios.
(ALVES; QUELHAS, 2004)
A reciclagem se baseia em fundamentos de sustentabilidade, sugerindo a
redução do uso da natureza (energia e matéria-prima principal), também na
conservação da matéria-prima no procedimento de fabricação o máximo andamento
admissível. Reduzindo, assim a necessidade de que matérias-primas primárias sejam
removidas insignificantemente, conforme mostra a figura 6 a seguir.
30

Figura 6- Processo construtivo de reciclagem

Fonte: Blumenschein, 2007, p.12

Contudo o reuso dos resíduos e materiais pode ser considerado tanto na etapa
de construção quanto na etapa de demolição. Na atualidade, a reutilização torna-se
primordial, haja vista a carência de matéria-prima cada vez maior no mundo.
A reutilização de maciços, elementos e artefatos está contida ao projeto e aos
parâmetros reguladores na adotada de decisão a respeito dos sistemas de construção
e tecnológicos. Em busca de mais racionalização, em fase de projeto procura-se
distinguir materiais e equipamentos com mais durabilidade e com máximo número
admissível de usos.
31

Bem quando for insubstituível o procedimento de demolição, quer seja pelo fim
da vida útil total do domicílio, quer seja por motivos de força maior, um exemplo é,
quando acontece um incêndio ou algum fenômeno, carece de recorrer ao desmonte,
conservando as partes ilesas e/ou afastadas para futuros reuso, em novas habitações
ou em reciclagem. lembrando que esta prática será alcançada com maior facilidade,
quanto maior for a racionalização acentuada na etapa de projeto (uso de elementos
estandardizados e pré-fabricados). (BLUMENSCHEIN, 2007)
Se faz necessário o aproveitamento dos resíduos da construção civil, não
somente pela vontade de economizar, trata-se de uma maneira basal para a
preservação da nossa natureza. (JÚNIOR, 2005).

4.2 Reutilização

De acordo com Corrêa (2009), a reutilização embasa-se no reaproveitamento


dos elementos, sem que eles sofram algum tipo de alteração. Além disso, antes do
produto ser rejeitado, ele poderá ser reutilizado em vários outros empregos, desde
que o responsável pela obra seja criativo (CORRÊA, 2009). Segundo Corrêa (2009),
os materiais originários da demolição, e os que são conhecidos como entulhos de
obras, podem ser reaproveitados. O procedimento de reutilização é fácil, desde que
os restos sejam destacados conforme a sua classe, tipo e dimensão. Logo assim, é
necessário que o pessoal envolvido no procedimento seja preparado e responsável.

4.2.1 Reutilização de Resíduos de demolição

Para Previato (2012), ao começar o procedimento de demolição de um


estabelecimento, é imprescindível que seja organizado um projeto, para não
acontecer cortes, quebras indevidas e contaminar os materiais. Dessa maneira, o
especialista encarregado pela demolição deve ser cauteloso e disposto a reintegrar,
nas próximas edificações, a máxima abundância aceitável de materiais e/ou
aparelhamentos que tiver na edificação que serão demolidos.

Portas, esquadrias, telhas e outros materiais podem ser aproveitados no


próprio canteiro de obras. Muitas casas antigas possuem madeiras de
excepcional qualidade, como peroba, ipê, e outras, sendo essas escassas no
mercado e muito valiosas. Essas madeiras podem ser utilizadas na própria
cobertura do novo empreendimento, na fabricação de deck, revestimento de
32

fachada e fabricação de móveis. Existem empresas que compram casas


antigas, desmancham e mandam suas madeiras até mesmo para fora do país
(PREVIATO, 2012).

4.2.2 Resíduos de Obras

Conforme Previato (2112), a maior parte dos resíduos que são gerados na
execução das obras podem ser aproveitados, na maioria das vezes, na própria obra
ou comercializados a terceiros. Veja a seguir alguns dos principais materiais que
podem ser reutilizados.

Madeiras; aços de um título quaternário para o texto dar apenas um espaço;


entulhos; embalagens de papel; concretos; revestimentos cerâmicos; reutilização do
entulho na pavimentação (PREVIATO, 2012).

4.2.3 Reciclagem

Segundo Corrêa (2009), são inúmeras as benfeitorias ao fazer a reciclagem


dos destroços provocados pela construção civil, ambientalmente, economicamente e
social. Tal reciclagem incide na reintrodução das escórias no procedimento de
produção, envolve consumido de energia, provocando um novo produto análogo o de
origem.
Conseguinte vejam alguns materiais que os restos costumam ser reiterados
nos canteiros de obras, recomendando aceitáveis maneiras de reciclagem
(PREVIATO, 2012).

Reciclagem de entulho; madeiras; isopor; revestimentos cerâmicos; aço,


papelão e plástico; gesso. (PREVIATO, 2012).

4.2.4 A Reciclagem e seus benefícios ao meio Ambiente

Ao fazer a reciclagem os produtos originários da construção civil, o


empreendimento colabora com a diminuição da extração da matéria-prima e impactos
33

ambientais por meio da não contaminação do terreno, além disso, pelo fato desses
maciços não serem disseminados em qualquer lugar, sem o tratamento adequado,
provocando poluição visual e sendo abrigos e lugares de propagação para animais
venenosos. Outra benfeitoria é na diminuição do preço da obra, pela a inclusão deste
produto no ciclo de produção (PREVIATO, 2012).
A diminuição da extração de recursos na natureza é primordial para a renovar
o ciclo de geração da matéria-prima e, por conseguinte menor consumido energético
no procedimento. Fazendo a reciclagem dos (RCC), menor vai ser a disposição dos
entulhos em lugares inadequados, atenuando o consumo públicos com a coleta,
transporte e diminuição na emissão de gás carbônico (PREVIATO, 2012).
34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Indubitavelmente é notório que qualquer atividade ocasiona impacto, na


construção civil não é diferente, visto que, desde a extração exorbitante, gera impacto,
degrada e destrói a vegetação, na extração contamina o solo, a água,
consequentemente impacta na fauna e flora. No processo de fabricação polui o ar,
consome energia, água. No transcorrer das obras, causa impacto ambiental, seja ela
simples ou não, acaba afetando a qualidade de vida dos residentes locais, lembrando
que é gerando grandes volumes de resíduos.
No que tange à legislação ambiental, que tem por princípio, resguardar o meio
ambiente e a população de todo e quaisquer impactos, e apesar de existir,
frequentemente ela não é acatada por distintos motivos, abandonando o cumprimento
de sua função, e assim deixando o meio ambiente a mercê da ambição econômica.
É perceptível que existem soluções técnicas apropriadas para tornar mínimo
os impactos que uma obra de construção civil ocasiona. Como a simples organização
de um canteiro de obras, não desperdiçar materiais, e qualificar a mão de obra. Usar
metodologias inovadoras desenvolvidas, também podem ajudar na diminuição desses
impactos, podemos mencionar, a utilização de materiais ocasionados do
reaproveitamento dos resíduos da construção, materiais devidamente certificados e
ecologicamente adequados.
A importância da destinação adequada dos resíduos da construção civil, vem
sendo mais reconhecida nos dias atuais, haja visto, que o seu desenvolvimento
metodológico vem apresentando, um avanço bastante expressivo. Dentre as
alternativas de tratamento e disposição final dos resíduos industriais disponíveis, a
inclusão desses resíduos em maciços de construção oferecer como uma solução de
procedimento viável e de amplo potencial de desenvolvimento, possibilitando,
também, na redução nos preços dos produtos adquiridos.
Contudo, essa alternativa, para a disposição final dos resíduos industriais
chega, ainda, a colaborar com a sustentabilidade do país, por meio da diminuição do
uso de recursos naturais não-renováveis e do consumo de energia, aumentando a
vida útil dos aterros sanitários, contribui para a geração de novos empregos e redução
dos impactos ambientais, proporcionando mais qualidade de vida para as pessoas e
para o planeta.
35

REFERÊNCIAS

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