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As primeiras discussões acerca das possíveis causas dos markups cíclicos (Okun, 1981)
salientam que uma dada alteração no preço do produto de uma empresa afecta as vendas entre
duas margens - as vendas de um dado conjunto de clientes e o número actual de clientes - e
este facto poderá ter importantes implicações sobre o comportamento cíclico dos preços.
No entanto, Mankiw e Romer (1992) apresentam um grande número de razões possíveis para
a existência de um markup contracíclico. Uma possibilidade natural é a de que um nível de
actividade económica mais elevado reduz a importância dos custos inerentes à aquisição e
disseminação de informação e como tal torna os mercados mais competitivos; isto é, os
efeitos de mercado doente podem ser importantes para o comportamento cíclico do markup.
Uma outra possibilidade apresentada é a de que o acréscimo de lucros gerados por um nível
de actividade económica maior torna mais difícil aos oligopolistas suster a colusão e como
tal geram-se pressões no sentido descendente sobre os markups.
Dado que o markup é o rácio entre o preço e o custo marginal, o passo-chave na determinação
empírica do comportamento cíclico do rnarkup consiste na determinação do comportamento
cíclico do custo marginal
Concorrência Imperfeita
Um aspecto importante da Economia Neo-Keynesiana é o de que os desvios em relação à
concorrência perfeita podem ser cruciais para a compreensão das flutuações económicas. Na
maior parte dos mercados de bens, as empresas são "price setters" , em vez de "price takers"
Assim, normalmente, o ajustamento difícil dos preços é normalmente considerado sob a
hipótese da existência de empresas monopolisticamente competitivas, de facto, é
praticamente impossível compreender a questão de corno ajustam as empresas os preços num
mundo em que as empresas sejam price takers. Não obstante, a concorrência imperfeita tem
implicações para a macroeconomia, para além da questão do ajustamento dos preços. Assim,
o desemprego só faria sentido num mundo de rendimentos crescentes e concorrência
imperfeita. Por outro lado, importa salientar que a existência de concorrência imperfeita cria
um fosso entre custos privados e sociais, que por seu turno leva a urna "externalidade da
procuraagregada" e a um multiplicador cia procura.
Falhas de Coordenação
Se os multiplicadores keynesianos forem suficientemente foiretecsl, cada reemsLpilrteasdao
speoednecosenrtraa existência de múltiplos equilíbrios: se o nível de output óptimo cada
empresa se encontra a crescer mais do que numa proporção de um para um em relação ao
output das outras empresas, então, é possível a existência de níveis de output de equilíbrio
múltiplos. E se existem externalidades positivas para níveis de output mais elevados, os
equilíbrios ligados a níveis de output mais elevados podem ser superiores (no sentido de
Pareto) aos equilíbrios ligados a níveis de output mais baixos. Logo, podem existir flutuações
no output agregado e no bem-estar derivados não de choques extrínsecos, mas de alterações
da confiança e dos espíritos animais (animal spirits).
Segundo Mankiw e Romer (1992), talvez a fonte de falhas de coordenação mais conheci¬da
seja a externalidade dos mercados doentes (thick-market externalities): os mercados podem
funcionar melhor - e como tal pode ser mais atractivo para uma dada empresa ou indi-víduo
ser economicamente activo - quando muitas empresas são economicamente activas.
Os modelos mais simples de falhas de coordenação são estáticos. Não obstante, entende-se
que fornecem algumas interpretações da natureza das flutuações. Por exemplo, os modelos
são normalmente interpretados corno fornecendo suporte às visões segundo as quais podem
verificar-se grandes flutuações na actividade económica real sem alterações nos fundamentos
e de que pode existir um papel para a intervenção governamental coordenar um movimento
em direcção a um equilíbrio superior.
Para entendermos porque é que os preços se ajustam lentamente, temos que ter em conta que
existem externalidades no ajustamento dos preços: urna redução de preços feita por urna
empresa beneficiará as outras. Quando uma empresa baixa os seus preços, isto implica_ uma
baixa no nível médio de preços e consequentemente um aumento na quantidade de moeda
(em termos reais) de equilíbrio. Com isto, o rendimento agregado aumenta (pela deslocação
da curva LM). A expansão económica aumenta a procura de produtos de todas as empresas.
Este impacto macroeconómico do ajustamento dos preços de urna empresa sobre a procura
dirigida aos produtos de todas as outras empresas chama-se externalidade da procura
agregada.
Mais genericamente, neste caso, é simplesmente o nível de produto que gera um nível de
desemprego resultante do equilíbrio das forças que estabelecem os contratos salariais Os
quais devem ser consistentes com o tamanho do "bolo", Isto é por vezes referido na literatura
inflation rate of unemployment", em vez de ser referenciada como taxa "natural" de
desemprego
No modelo de inspiração Clássica há uma ligação directa entre alterações na oferta de moeda
e as magnitudes nominais como a despesa (neutralidade da moeda). Na "análise keynesiana",
a variação na oferta de moeda pode operar afectando a taxa de juro e consequentemente o
nível de investimento, logo a moeda não é neutra. E através de operações do sistema bancário
comercial que o dinheiro "criado" pelo banco central entra em circulação. Os bancos
comerciais operam num sistema em que parte dos seus depósitos vão para reservas e a outra
parte irá ser emprestada, "criando-se", assim, o multi-plicador do crédito (Blinder, 1987b).
Um cenário de expansão económica pode ser descrito como uma situação em que a procura
se expande. Então as empresas pedem mais dinheiro emprestado e aumentam a produção. A
procura de moeda por parte das empresas aumenta e os seus depósitos bancários aumentam
também. À medida que a moeda flui através do sistema bancário, a oferta de crédito bancário
aumenta alimentando o aumento da procura (e, por outro lado também da oferta uma vez que
as restrições a fornecer crédito serão menores). O multiplicador do crédito (pelo qual mais
crédito leva as empresas a contratar mais trabalhadores e a investir mais em capital, a produzir
mais, a aumentar os depósitos bancários, e por sua vez a aumentar o crédito) opera lado a
lado com o multiplicador keynesiano rendimento-despesa para potenciar ainda mais a
expansão da actividade económica. Dependendo da magnitude relativa da moeda criada pelo
banco central e da procura agregada, a economia pode ter que enfrentar situações de
restrições no crédito. Qual será o efeito de uma restrição no crédito? A oferta de bens desejada
pelas empresas baseia-se nos preços relativos presentes e esperados, rendimentos dos
clientes, etc. As empresas vão necessitar de investir em capital, através da obtenção de
crédito, para produzir os bens que irão vender. Essa decisão envolve riscos, incluindo o de
falência. Se a oferta de crédito se encontra racionada durante a expansão económica, as
empresas verificarão que o capital que possuem é reduzido e que não são capazes de produzir
todos os bens que desejam. Por outro lado, se uma recessão é iniciada pelo declínio na oferta
em vez de o ser na procura, haverá uma tendência para os preços aumentarem em vez de
descerem e isto fará com que a oferta real de crédito diminua.
Referências
BOURDIEU, Pierre. As Estruturas Sociais da Economia. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.