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1. Introdução ao tropicalismo
O ano de 1967 no Brasil foi marcado por muita efervescência sociocultural. Eram
tempos de festivais e programas musicais ao vivo transmitidos pela televisão, que contibuíram
para o surgimento de um movimento de renovação artístico musical, o consagrado
tropicalismo. Especificamente no meio musicial, surgiam nesse período as canções de
protesto contra a ditura militar, junto à performances que misturavam a herança cultural
brasileira ao universo da música pop, oriunda das culturas de massa e da influência da
“modernização americana”. Nas artes plásticas estavam as experiências de arte ambiental e
sensorial em contraposição à ideia de “arte contemplada”. Características do Manifesto
Antropófago da década de 20 foram assimiladas neste movimento, buscando incorporar mais
aspectos de nossa tradição e cultura popular brasileira como o indígena, o negro e mais
especificamente neste período, o nordestino.
A palavra tropicália foi criada pelo artista visual Hélio Oiticica para nomear uma
“experiência ambiental” em 1967. Neste mesmo ano o músico baiano Caetano Veloso nomeou
uma de suas canções como “Tropicália”, batizando não somente o movimento que
revolucionou o cenário cultural dos anos 60 no Brasil mas, também, o disco-marco deste
movimento, criado no ano seguinte, o Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Neste disco-
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manifesto reuniram-se com Caetano os músicos: Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Tom Zé,
o maestro Rogério Duprat e o grupo Os Mutantes, defendendo o encontro dos sons musicais
regionais com a música pop internacional. A proposta era promover com autenticidade, uma
diversidade de linguagens estéticas e musicais.
Os músicos tropicalistas se empenharam em unir as tradições locais às guitarras
elétricas do rock inglês e norte-americano, trazendo uma ambivalência para o movimento
caracterizado pelo tradicionalismo das culturas regionais e pelo apelo ao moderno e à cultura
pop internacional. Movimento inovador, misturou rock e bossa nova; incluiu mais samba,
mais rumba, mais bolero, mais baião; buscou bater de frente com a rigidez que permeava o
país da ditadura. Apostou no pop e no folclore, caracterizou-se pela oposição da alta cultura x
cultura de massas (contracultura), tradição x vanguarda e assegurou o contato de formas
populares com novas atitudes experimentais para o período. O tropicalismo transformou não
somente o cenário artístico musical e político, como à moral e o comportamento;
revolucionou o pensar sobre o corpo, o sexo e o vestuário. A contracultura hippie foi
assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas
escandalosamente coloridas.
O autor/historiador Bruzadelli (2008), em seu artigo Na frente do espelho: a
construção de imagens na tropicália1, aponta que:
A insurgência dos tropicalistas na cena musical se dá com as apresentações
de Gil e Caetano no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record
de São Paulo. A mídia televisiva, portanto, desde o início se apresenta como
um veículo essencial na transmissão do ideário e dos “produtos”
tropicalistas. As apresentações nos festivais eram sempre um espetáculo de
sons e também de cores (apesar de não haver, na década de 1960, programas
de TV regulares em cores, que somente na década seguinte terão um
crescimento significativo). Para apresentar Alegria, Alegria, Caetano usa
uma blusa gola rolê em laranja berrante que destoa bastante dos figurinos
“bem-comportados” dos outros participantes. Aí podemos perceber a
radicalização da vestimenta que se acentuará até culminar nas roupas de
plástico, nos colares de dentes e fios de eletricidade no pescoço. Nos
festivais, Os Mutantes sempre se apresentavam trajando as fantasias mais
variadas, como vestidos de noiva ou os famosos trajes de feiticeiros — o que
reforçava o caráter satírico e “descolado” dos três “doidões” paulistanos.
(BRUZADELLI, 2008; p.138).
1
In: Cadernos de Pesquisa do CDHIS — n. 38 — ano 21 — p. 135-146 — 1º sem. 2008.
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2. A psicodelia na MPB?
A influência da psicodelia na música inglesa teve grande influência no Brasil da
década de 60, quando o tropicalismo ganhava força. Neste período, não se fazia uma distinção
entre psicodelia e tropicalismo. Os músicos tropicalistas eram chamados de “hippies” pelo
público e pela mídia. De acordo com o autor Bento Araujo em sua obra Lindo Sonho
Delirante: 100 Discos Psicodélicos do Brasil (1968-1975), o disco Panis et Circenses dos
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3. Considerações Finais
4. Referências
ARAUJO, Bento. Lindo Sonho Delirante: 100 Discos Psicodélicos do Brasil (1968-1975).
São Paulo: Poeira Press, Poeira Zine, 2016..