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Resumo
O presente trabalho visa orientar os profissionais sobre uma abordagem de manutenção
de linhas de transmissão EAT para equipes de manutenção industrial. O foco é na
análise dos dados coletados para alavancar as ações que resultam na melhoria da
performance e redução dos custos ao longo do tempo.
Com o crescimento do sistema interligado nacional, especialmente das linhas com
tensão 500kV, os profissionais de manutenção das empresas passaram a ter novos
desafios ao ter que manter a performance destas linhas. Na Ternium Brasil, siderúrgica
localizada no rio de Janeiro/RJ, a situação é crítica pois está localizada em um distrito
industrial com poluição severa e alta salinidade.
1
Engenheiro Eletricista Sênior de Utilidades - Ternium
2 Coordenador de Manutenção de Utilidades - Ternium
3 Engenheiro Eletricista Sênior de Utilidades Ternium
4 Técnico de Manutenção Elétrica de Utilidades - Ternium
5 Técnico de Manutenção Elétrica de Utilidades - Ternium
6 Técnico de Manutenção Elétrica de Utilidades - Ternium
7 Engenheiro Eletricista de Linha Viva - MP Trafos
1. Histórico
A linha de transmissão entrou em operação em março de 2011 e em novembro de 2012
apresentou sua primeira falha. Houve um desligamento por falta fase-terra sem nenhuma
anormalidade encontrada na inspeção. A partir de então a empresa iniciou uma série de
investigações com o intuito de mitigar os problemas decorrentes destas falhas e tentar
manter a performance desejada para uma linha de Extra Alta Tensão (EAT).
2. Introdução
Com o crescimento da rede básica do sistema interligado nacional cada vez mais
indústrias têm se conectado a esse sistema, especialmente à rede de 500kV, procurando
por uma energia de maior confiabilidade.
3. Materiais e Métodos
Após a primeira falha da linha (com apenas 20 meses de operação) iniciamos uma série
de avaliações para encontrar a causa raiz do problema. Essa falha fase-terra não teve
causa conhecida mesmo após as diversas inspeções realizadas na época.
Decidiu-se então agir tomando como referência os seguintes pilares apresentados na
figura (4):
o Troca de experiências
o Estratégias de Manutenção
a) Aterramento
O aterramento proporcionado pelos cabos contrapeso foi alvo de verificação para que
eliminássemos a possibilidade de haver sobretensões que não fossem escoadas para
terra caso o aterramento estivesse precário.
Foram realizadas medições em todas as torres e constatou-se valores de resistência de
aterramento semelhantes aos medidos durante o comissionamento.
b) Blindagem da LT
O ângulo de blindagem da LT, ângulo entre cabos para raios e cabos fase, é um
parâmetro que mostra a vulnerabilidade ou não de haver transitórios causados por
descargas atmosféricas diretas nos cabos condutores.
Essa verificação constatou uma boa proteção, ou seja, boa blindagem.
c) Distância de segurança
Cogitamos a possibilidade de haver um ponto fraco na LT, ponto com distância abaixo
do valor mínimo adequado, que, em condições de chuva e ventos intensos, pudesse
provocar um flashover pelo ar, desarmando a LT.
Foram detectados, em duas torres, pontos nos quais os cabos contornavam a torre muito
próximo às estruturas, com distância menor que a definida no projeto.
Foi realizada uma medição com drone para constatar se algum ponto da linha teve a
distância mínima negligenciada.
a) Sazonalidade
b) Inspeção noturna
c) Método de lavagem com água desmineralizada
Para avaliar de forma eficaz se a poluição era o fator fundamental nas falhas das linhas
deveria ser realizada a inspeção visual, mas somente 4 horas após o pôr do sol. Isso
veio de encontro à estratificação das falhas por horário de ocorrência.
Instalamos um sistema CFTV com o objetivo detectar os pontos das falhas. Esse sistema
foi fundamental para a confirmação das hipóteses levantadas inicialmente. Através dele
foi possível registrar:
• Descarga por poluição na torre 18 ocasionando trip da LT pela função 87L.
b) Manutenção corretiva
A poluição afetava a linha de tal forma que nossa capacidade de substituir os isoladores
não era suficiente para evitar as falhas. A frequência de substituição foi diminuída como
forma de compensação.
Ao mesmo tempo começou o estudo para utilizar outra técnica, a lavagem com água
desmineralizada.
c) Manutenção preditiva
5 Resultados
Os resultados foram acontecendo aos mesmo tempo que novas falhas e novas análises
surgiam para alavancar a minimização dos problemas. A equipe de manutenção
coletava o maior número de dados possível como forma de tentar entender o modo de
falha e chegar à causa raiz.
Após algumas falhas sem causa conhecida, já estávamos executando uma campanha
de troca de alguns isoladores sujos e também substituindo isoladores por modelos
antipoluição. Ao mesmo tempo à análise de dados das falhas continuava.
Conforme mostra a figura (5) os eventos são sazonais já que a sujeira se acumula no
período seco do ano onde não há chuva suficiente que beneficie a autolavagem do
isolador. O período crítico, então, é o fim do período seco onde a densidade de sujeira é
alta e uma pequena umidade do ar é suficiente para ocasionar uma descarga disruptiva
(flashover) pela superfície dos isoladores.
4,5
4
4
3,5
3
2,5 8:00h - 16:00h
2 16:00h - 24:00h
1,5 24:00h - 07:00h
1 1 1 1 1 1
1
0,5
0
2012 2013 2014 2015 2016 2018
Na figura (6) pode-se observa que todas as falhas ocorreram entre 23h e 07h. Verifou-
se que sujeira seca não atinge condutividade suficiente para originar a corrente de fuga
que ocasionará a falha da linha, isso só ocorre nos períodos de maior umidade, o que
veio de encontro ao que ocorria em nossa linha.
Ficou claro então que o modo de falha era típico de uma linha de alta tensão em ambiente
de poluição severa.
O plano de manutenção inicial contemplava uma inspeção terrestre por ano de onde
surgiam as ações corretivas/preventivas para manter a disponibilidade da linha. Como a
primeira falha ocorreu sem nenhuma evidência detectada, percebeu-se que era
necessário contratar uma empresa de Linha Viva que pudesse acessar a torre e
inspecionar com mais detalhes.
o Lavagem de isoladores
Para obter mais agilidade e reduzir os custos altos de troca de isoladores decidimos
desenvolver a lavagem de isoladores na empresa. Encontramos dificuldade na
contratação de equipe especializada nessa atividade. As concessionárias utilizam equipe
própria que não realizam serviços externos.
Ao implantar a lavagem de isoladores com água desmineralizada no lugar da
substituição de cadeias o custo diminuiu pela metade.
o Substituição de isoladores
Distância específica
de escoamento
o Inspeção
o Distância
Após a primeira falha e inspeção da linha, a distância inadequada foi logo levantada
como hipótese de causa raiz, mas não havia nenhuma evidência. As ferragens próximas
aos pontos críticos não apresentavam nenhuma marca que indicasse falta fase-terra. Os
dados estão apresentados na figura (11).
Para tratar o desvio da distância inadequada especificamos o isolador tipo Line Post,
figura (13B), associado com um isolador de suspensão, figura (13A), para evitar esforços
laterais que pudessem causar trincas.
6. Conclusão
Aprimorar o que já vem sendo feito começa com a criação de certas condições
favoráveis: o entendimento de todos sobre o método de manutenção utilizado, sobre o
risco real de falha da anomalia encontrada na LT, das perdas vinculadas a uma falha,
etc. Tudo isso contribui para o bom entendimento e a identificação das oportunidades
de melhoria.
Referências Bibliográficas