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II – Paragrafação
A fim de assegurar a clareza expositiva da petição, é
recomendável que o advogado a articule, isto é, dê-lhe a forma de artigo
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VI – Da concisão e da brevidade
Outra qualidade essencial, de que não poderá carecer o
arrazoado forense, é a concisão. Último grau da arte de bem escrever,
consiste em dizer muito em pouco. Da rara estima que dela fazem os
autores de nomeada, para logo se mostra nisto de havê-la um engenho
feliz apelidado “alma do espírito”(15).
A consequência da concisão é a brevidade. O texto conciso por
força que será breve. Com dizer muito em poucas palavras, o
advogado, ou fale ou escreva, necessariamente não irá além da marca.
Ao demais, atenderá, avisado, ao venerando preceito horaciano: “Esto
brevis et placebis”(16).
Ficará ao prudente arbítrio do advogado, segundo lho reclame a
importância ou a natureza do assunto, dilatar ou contrair as lindas de
sua petição.
Os longos arrazoados jurídicos, bem que muito comuns
outrora, não se podem hoje sofrer. É que a angústia do tempo retirou
aos espíritos o ócio indispensável às extensas leituras. Além disso — e
não há supor atrevimento onde só a verdade discreteia —, escrever
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Notas
(10) Berilo Neves; apud Folco Masucci, Dicionário Humorístico, 2a. ed.,
p. 134. Igualmente faz ao propósito aquilo do discreto
Francisco Manuel de Melo: “O mais terrível artifício que inventou a
malícia é ofender com louvores” (Apólogos Dialogais, 1920, p. 82).
(11) Cf. Revista da Academia Paulista de Direito, 1973, nº 2, p. 18.
(12) Henrique Ferri, Discursos de Defesa, 5a. ed., p. 10; trad. Fernando
de Miranda.
(13) Eliézer Rosa, Novo Dicionário de Processo Civil, 1986, p. 46.
(14) Idem, A Voz da Toga, 1983.
(15) William Shakespeare, Hamlet, ato II, cena II; trad. Carlos Alberto
Nunes.
(16) Arte Poética, v. 355. Em vulgar: Sê breve e agradarás.
(17) Nova Floresta, 1726, t. IV, p. 420.
Carlos Biasotti
Desembargador aposentado do TJSP e ex-presidente da Acrimesp