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CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS E LETRAS


COORDENAÇÃO DO CURSO DE HISTORIA
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Flávio Jordão Gomes de Carvalho

O CÂNCER EM TERESINA: medo, morte e estigma na década de 1990.

TERESINA-PI, DEZEMBRO DE 2015.


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Flávio Jordão Gomes de Carvalho

O CÂNCER EM TERESINA: medo, morte e estigma na década de 1990.

Projeto de pesquisa apresentado na Disciplina


Métodos e Técnicas de Pesquisa em História
do Curso de Licenciatura Plena em História da
UESPI, Campus Poeta Torquato Neto.

Professoras: Ms. Clarice Helena Santiago


Lira e Dra. Cristiana Costa da Rocha

TERESINA, DEZEMBRO DE 2015.


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SUMARIO
1. Introdução .............................................................................................. 04
2. Justificativa ............................................................................................ 05
3. Objetivos ................................................................................................ 09
3.1. Geral
3.2. Específicos
4. Referencial Teorico................................................................................. 10
5. Metodologia e Fontes ............................................................................. 14
6. Cronograma ........................................................................................... 16
7. Bibliografia ............................................................................................. 17
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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem por objetivo analisar o câncer na cidade de Teresina
no ano de 1990. Os principais aspectos a serem analisados diz respeito ao medo
gerado pela doença, evidenciado pelo silencio em relação a doença, por parte da
população. Pois mesmo que a o conhecimento e o tratamento da doença tenham sido
ampliados, segundo Aquino, Montenegro e Santos (2008, pag. 76), “Apesar do avanço
tecnológico da medicina, o seu diagnóstico ainda é encarado, muitas vezes, como
sentença de morte”.
Há também que se perceber o câncer como estigma, representado pelo medo
dos indivíduos de que a doença pudesse causar algum tipo de deficiência, e que ele
também pudesse ser contagioso. Mas outro aspecto a ser analisado é a relação entre
câncer e morte, que estão intimamente relacionados. Pois ao se constatar o medo de
determinada doença, percebe-se também que por trás desse medo, há o medo da
morte.
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JUSTIFICATIVA
O interesse de pesquisar sobre as emoções surgiu a partir de leituras feitas
sobre a ideia de Burocracia a partir da definição por Max Weber. Através da obra “um
toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber (QUINTANEIRO, 2002) ”, na qual é
dedicado um capitulo as principais ideias de Weber, as emoções surgiram como um
possível tema de pesquisa.
Segundo Quintaneiro:

“A burocracia enquanto tipo ideal pode organizar a dominação racional-legal


por meio de uma incomparável superioridade técnica que garante precisão,
velocidade, clareza, unidade, especialização de funções, redução do atrito,
dos custos de material e pessoal, etc. ela deve também eliminar dos
negócios ‘o amor, o ódio e todos os elementos sensíveis puramente
pessoais’, todos os elementos irracionais que fogem ao cálculo” (2002, pag.
132).

A partir dessa leitura, surgiram alguns questionamentos: as emoções podem


ser deixadas em segundo plano? A burocracia poderia ser influenciada pelas
emoções? E se constatada essa influência, ela poderia se estender a toda a
sociedade? Esses questionamentos permitiram uma melhor reflexão a respeito das
emoções. Já definida a “História das emoções” como campo de pesquisa, surgiu a
necessidade de delimitar uma emoção especifica para a pesquisa, e foi a partir da
disciplina “História Medieval”, do segundo período do curso de História, e também de
um seminário sobre a obra “O pecado e o medo: a culpabilização no Ocidente (séculos
XIII-XVIII) (DELUMEAU, 2003) ”, o medo surgiu como possível emoção a ser
pesquisada. Em sua obra, Jean Delumeau traz um questionamento, que o motivou a
pesquisar sobre o medo, e que também me motivou da mesma forma. Seu
questionamento é: “Por que esse silêncio prolongado sobre o papel do medo na
história? ”. Esse questionamento diz respeito ao grande vazio historiográfico que
havia sobre o medo, que foi o que o motivou.
Da mesma forma, esse questionamento também foi o que me motivou a
pesquisar sobre o medo, pois mesmo que já existem muitas pesquisas sobre o mesmo
na historiografia nacional e mundial, percebeu-se através de um levantamento
bibliográfico feito na historiografia piauiense, que a mesma carece de pesquisas que
venham a contemplar o medo. E foi a partir dessa constatação, que me senti motivado,
não a preencher essa lacuna, mas a estabelecer uma pequena luz sobre ela, para que
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futuras pesquisas venham a se beneficiar com essa pequena luz, de forma que as
pesquisas no campo das emoções sejam ampliadas.
Mas o medo sendo algo abstrato, é necessário vincula-lo a algo que possa
gera-lo. E foi a partir do estudo sobre a Idade Média, e mais especificamente sobre
uma epidemia, a “grande peste”, que assolou a Europa entre 1347 a 1350, que as
doenças surgiram como um fator que pode gerar esse medo.
Após as delimitações apresentadas anteriormente, surgiu outra delimitação a
ser feita, que diz respeito a doença que poderia ser causadora desse medo. Após se
pensar a respeito das principais doenças que assolaram e ainda assolam a
humanidade, chegou-se ao câncer. O câncer é uma doença que já é mencionada em
estudos da escola hipocrática grega, no século IV a.c., sendo definido nesse momento
como um tipo de “tumor” (que era como o desequilíbrio dos fluidos do organismo), que
se alastrava para diversas partes do corpo, levando o paciente a morte. Essa definição
só muda no século XVIII, quando a doença passa a ser entendida como uma doença
de caráter local, afetando uma parte especifica do corpo, que ocorreu com o
desenvolvimento da anatomia patológica e dos conhecimentos sobre células.
Mesmo com o maior conhecimento da doença, não haviam formas eficazes
de tratamento, gerando assim um grande medo nos indivíduos, que poderiam apenas
esperar pela morte. Mas essa situação começa a mudar, a partir do século XIX,
quando houve avanços na cirurgia, com o maior cuidado com a limpeza dos ambientes
cirúrgicos e com a descoberta dos raios X, que permitiram um grande avanço no
diagnóstico e para a criação de possíveis tratamentos para a doença. Em relação ao
Brasil, segundo Teixeira:

“As últimas décadas do século XIX marcam um período de grandes


transformações na medicina brasileira. Num contexto de crise sanitária e
modernização material vivido em nossas principais capitais, teve início um
processo de mudanças surgido no campo do ensino médico e,
posteriormente, radicalizado com o surgimento de novos paradigmas
científicos que transformariam as antigas artes de curar em ciências da
saúde” (2007, pag. 25).

Essas transformações que ocorreram na medicina brasileira, tinham como


base as transformações que haviam ocorrido na Europa, e que tinham por objetivo,
no Brasil, acabar com a formação medica mais generalista, permitindo uma formação
mais especifica. É nesse momento de modernização e de desenvolvimento maior da
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eficácia da medicina, surgiu uma maior preocupação com o câncer, nas sociedades
médicas do Rio de Janeiro e São Paulo.
E após essas delimitações, prosseguiu-se com a escolha do recorte espacial
e temporal. A cidade de Teresina foi definida como o recorte espacial da pesquisa. E
foi a partir da leitura da obra “De doença desconhecida a problema de saúde pública:
o INCA e o controle do câncer no Brasil (TEIXEIRA, 2007) ”, que começou-se a pensar
o recorte temporal. O recorte temporal selecionado foi o ano de 1990, pois na pesquisa
pretende-se utilizar fontes orais, o que impossibilita um recorte temporal anterior,
devido à dificuldade de encontrar indivíduos ainda vivos. advindos dessas iniciativas
citadas anteriormente, pode-se pensar que o medo do câncer poderia ter diminuído,
já que a doença passa a ser mais conhecida. Mas segundo Teixeira:

“O câncer encerra em sua história um estranho paradoxo relacionado ao fato


de que, à medida que a medicina foi alargando os conhecimentos e
desenvolvendo tecnologias cada vez mais poderosas contra seus nefastos
efeitos, o pavor das populações em relação a ele também se ampliou” (2007,
pag. 13).

A partir da ideia apresentada anteriormente, percebe-se que mesmo após o


aumento do conhecimento em relação ao câncer e do desenvolvimento de iniciativas
para o controle do mesmo, esse medo causado por ele pode não ter diminuído, mas
ter se ampliado, pois passa-se a ter uma noção maior dos seus efeitos, e a doença
passa a ser vista como mais grave do que se pensava anteriormente.
Depois das delimitações apresentadas anteriormente, surgiu a necessidade
de relacionar esse medo das doenças, e mais especificamente do câncer, a outro
medo, que está intimamente ligado a ele, que é o medo da morte. Pois os indivíduos
têm medo de adoecer, por medo de que a doença acabe os levando a morte. Segundo
Santos (2003), “Em um sentido estrito do termo, o medo é concebido como uma
emoção-choque devido à percepção de perigo presente e urgente que ameaça a
preservação daquele indivíduo”. Ou seja, o indivíduo sente medo das doenças, pois
as mesmas representam uma ameaça ao se bem-estar físico, que pode acabar tanto
debilitando-o, quanto causar sua morte.
Após essa vinculação entre o medo das doenças e o medo da morte,
percebeu-se que se faz necessário não dissociar esses dois medos, que possuem
uma estreita relação. Esse fato, assim como os citados anteriormente, a partir do
estudo sobre a Idade Média, na qual havia o medo das doenças, a exemplo da “peste
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negra”, que era causado pelo medo da morte, e consequentemente, o medo de ter a
alma condenada a padecer no inferno. Mas apenas os dois primeiros medos é que
serão contemplados na pesquisa.
Após as leituras das referências bibliográficas, surgiram questionamentos,
que servirão como base para a pesquisa: como se manifestava esse medo? As
iniciativas governamentais em 1990 para o combate do câncer, proporcionaram uma
diminuição do medo gerado por essa doença?
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OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS


Analisar como se manifestava o medo do câncer na sociedade teresinense no
ano de 1990.

Específicos
Analisar a relação entre câncer e morte no imaginário da sociedade da época.
Discutir as políticas públicas referentes ao combate do câncer, no período em estudo.
Problematizar o câncer como estigma.
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REFERENCIAL TEÓRICO

A partir da criação da Escola dos Annales em 1929, a historiografia tem


passado por grandes transformações, que incluem desde transformações em relação
a abordagens e métodos, a transformações nos próprios objetos de pesquisas, que
tem se ampliado e também na adição de novas fontes. Todas essas transformações
serviram para dar uma maior força a historiografia, permitindo uma expansão dos seus
horizontes, sendo sintetizadas principalmente pelas problematizações feitas aos
antigos modelos de explicação histórica, e a adição de novas fontes, que permitissem
ao historiador uma melhor analise da sociedade. As principais transformações dizem
respeito, segundo Cardoso e Vainfas:

“Uma ênfase menor do que no passado nas fontes escritas (embora elas
continuem sendo as mais usadas, no conjunto, pelos historiadores, sem
excluir os dos Annales), favorecendo a ampliação do uso da história oral,
dos vestígios arqueológicos, da iconografia etc” (1997).

Outra grande transformação diz respeito a ampliação dos objetos de


pesquisas, que surgiu devido a necessidade dos historiados de estenderem suas
analises a novos aspectos da sociedade, que antes eram “marginalizados”. Um
exemplo bem claro é a história das mentalidades, que na década de 70, na França,
tentou se consolidar como campo especifico do conhecimento histórico, mas que
acabou por receber várias críticas. Mas esse desgaste da história das mentalidades,
advindo das críticas feitas a ela, não fez com os historiadores deixassem de lado os
estudos sobre o mental, que na verdade tem se ampliado.
As pesquisas sobre as maneiras de pensar e sentir aumentaram
consideravelmente, mas com novos nomes, devido ao desgaste da história das
mentalidades. Mas mesmo sendo muito criticada, a história das proporcionou uma
grande inovação na historiografia, por contemplar novas temáticas de pesquisa,
dando ênfase nas formas de pensar e sentir do homem. Mas mesmo com o seu
desgaste, as temáticas que outrora eram contempladas por esse campo, passam a
ser apropriados por outros campos do conhecimento histórico.
Outra grande transformação ocorrida, foi consolidação da História Social
como campo do conhecimento histórico. As primeiras referências a esse novo campo
da Historia remontam ao surgimento da Escola dos Annales. Uma das principais
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características da História Social é a interdisciplinaridade que a mesma estabelece


com outras áreas do conhecimento, como as Ciências Sociais. Desde a sua
consolidação, esse campo da História tem ampliado suas temáticas de pesquisas, de
abordagens e também de fontes, devindo principalmente ao seu diálogo com outras
áreas do conhecimento.
Um dos primeiros historiadores a ser destacado, que produziu pesquisas
sobre o campo das emoções, é Jean Delumeau, com sua obra “o pecado e o medo:
a culpabilizaçao no Ocidente (séculos XIII-XVIII) (Delumeau, 2003). Um primeiro
aspecto a ser destacado sobre as ideias desse autor, é a respeito do caráter universal
da experiência do medo, pois segundo ele, todos os indivíduos são suscetíveis a
sentirem medo, sendo que as formas que essa emoção recebe, dependem das
circunstancias históricas e culturais. “Refinados que somos por um longo passado
cultural, não somos hoje mais frágeis diante dos perigos e mais permeáveis ao medo
do que nossos ancestrais? ” (DELUMEAU, 2003, pag. 18).
Além da história, outra área do conhecimento que tem se debruçado sobre o
campo das emoções é a ciências sócias, representada pela antropologia das
emoções. A antropologia das emoções surge como interesse de pesquisa no Brasil a
partir dos anos 1990, e também é nesse ano que se inicia a luta pela consolidação
desse campo.
Um aspecto a ser considerado, ao se pesquisar as emoções, é a concepção
de que “[...] cada pessoa possui uma dimensão interna e privada, que se distingue de
sua apresentação pública” (Resende e coelho. 2010, pag. 99). As emoções estão
localizadas dentro dessa dimensão interna, e essa ideia acaba por contrapor as
esferas privada e pública. A esfera privada, diz respeito ao sentimento sentido, e a
esfera pública diz respeito ao sentimento expresso. “Cria-se, portanto, uma tensão
entre sentir e expressar os sentimentos[...]” (Resende e coelho. 2010, pag. 99). Pois
o que é sentido pelo indivíduo é verdadeiro, e a apresentação pública dos sentimentos
pode ser algo falso. Também segundo Vincent – Buffault (1988): assim, a
sensibilidade mais verdadeira torna-se a mais intima e, portanto, frequentemente a
mais oculta. A intimidade é profundidade, a exteriorização representa superficialidade,
encenação ou carapaça”.
Esse processo de desvalorização das emoções na esfera pública, foi iniciado
a partir do processo civilizador, advindo junto com a modernidade, quando novos
padrões de comportamento começaram a ser instituídos. A partir desse momento, não
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só as ações dos indivíduos passam a ser controladas, mas também as emoções. Os


indivíduos não podem mais expressar emoções agressivas publicamente, como a
raiva, ou ações advindas dessa emoção. Pois os indivíduos podem ser punidos. Nesse
momento surge também um controle por parte do indivíduo, de suas ações. Pois
demonstrar publicamente determinadas emoções, ou ações advindas dessas
emoções pode ser motivo de vergonha.
Também para a antropologia das emoções, a expressão dos sentimentos,
sejam eles verdadeiros ou falsos, varia de sociedade para sociedade. Pois “assim,
reconhece-se a existência de regras de expressão que afetam a manifestação dos
sentimentos não apenas de acordo com os contextos sociais, como também entre
sociedades diferentes”. (Resende e coelho. 2010, pag. 24).
Na Idade Média, o medo das doenças e da morte eram algo bem presente. A
principal causadora desses dois medos foi a “peste negra” (1347 e 1350), que acabou
matando cerca de um terço da população europeia. Ao se estabelecer a passagem
da Idade Média para a Idade Moderna, houve várias rupturas, mas também houve
permanências. Uma dessas permanecias é o medo das doenças e da morte. Esse
medo assolou os as sociedades medievais, mas também as sociedades que vieram
depois delas. Na sociedade europeia medieval, o principal causador das epidemias
era a precariedade sanitária da época. Da mesma forma que as epidemias ocorreram
na Europa medieval causaram um grande medo, também houve epidemias no Brasil
império e também pós republica, que causaram um grande medo na sociedade. Essas
epidemias causaram um grande medo na sociedade, e acabaram por causar várias
transformações, que atingiram até a mentalidade dos indivíduos e também a cultura.
No Brasil império, tinha-se o costume de enterrar os mortos dentro das igrejas.
Segundo Reis, “a igreja, então, era o lugar no Brasil amplamente concebido como
ideal para o enterramento dos mortos”. Mas esse costume vai começar a mudar,
quando começam a chegar ao brasil, depois da independência, as ideias higienistas
europeias. Será após a fundação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em
1830, que começam a ser criticados os enterramentos em igrejas, que segundo os
médicos, era prejudicial à saúde.
Mas os enterramentos nas igrejas, cercados de símbolos, ainda iriam
perdurar, até 1855-6, quando houve uma epidemia de cólera sobre vasta área do
império. Devido a precariedade sanitária, a peste ira se sobressair. É nesse momento
que há um grande medo, tanto da doença quanto da morte, gerado por essa epidemia,
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e que acabara por mudar tanto a mentalidade quanto os costumes da época. Pois
segundo Reis, em relação aos mortos, “entre as primeiras providencias figurava a
expulsão destes da cidade dos vivos, das igrejas e cemitérios intramuros”. A partir
disso, percebe-se que mesmo que o enterro dentro da cidade e mais especificamente
dentro das igrejas, seja algo enraizado na cultura e na mentalidade da época, não
perdurou diante do medo das doenças e da morte. E isso evidencia a grande influência
do medo no social e no cultural.
Mas além das transformações ocorridas no campo historiográfico no que diz
respeito a novas fontes e métodos, também novas temáticas de pesquisas foram
agregadas a esse campo. Segundo Silva:

“Contudo, pensar a saúde e a doença no campo historiográfico é romper


com as barreiras da história oficial de natureza política e diplomática para
voltar-se a uma Nova História criada por historiadores da Escola dos
Annales na França no início do século XX. Foi com base nesta nova forma
de conceber a história que o cotidiano, as relações sociais, sentimentos,
criatividade imaginativa e a literatura da saúde ganhavam espaço na
pesquisa do historiador, que agora passa a trabalhar com a subjetividade e
a diversidade cultural em sua narrativa histórica. (2013, pag. 12).

O ano de 1940 contempla o alvorecer de iniciativas de combate ao câncer.


Segundo Teixeira (2007, pag. 73): “Nesse contexto, a demanda pela ampliação das
iniciativas de combate ao câncer para o âmbito nacional postulada por dirigentes da
saúde pública, desde meados dos anos 1930, tomaria um novo rumo”. O objetivo era
criar uma instituição de abrangência nacional, para o combate do câncer, mas o
governo estava relutante quanto a isso. Mas em 1941 ocorreu uma reforma da saúde,
que acabou por reorganizar o Departamento Nacional de Saúde e instituiu 13 serviços
nacionais, para o controle de doenças especificas, tratadas como prioridade. Um
desses serviços era o Serviço Nacional de Câncer, que permitiu uma ampliação nas
ações de combate à doença. Mas foi a partir da constituição de 1988 que a estrutura
sanitária brasileira mudou, quando o INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA)
passa a ser tratado como um agente essencial na política nacional e combate ao
câncer.
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METODOLOGIA E FONTES

O levantamento das fontes, foi iniciada pela visita ao Arquivo Público do Piauí,
localizado na cidade de Teresina. As primeiras fontes a serem observadas foram os
jornais. Inicialmente, pretendia-se utilizar os principais jornais existentes no arquivo.
Mas percebeu-se, que devido ao recorte selecionado, tornou-se inviável o uso de
determinados jornais. O principal é o jornal “O Dia”, que devido ao ano de sua
fundação, 1º de fevereiro de 1951, torna-se inviável de ser utilizado na pesquisa.
Para a pesquisa, também serão utilizadas fontes documentais on-line. Essas
fontes podem ser acessadas no site da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição
criada em 1900. Ela é a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde
da América Latina. Após algumas visitas ao site da instituição, percebeu-se a
grandeza do acervo documental da instituição. Os documentos existentes são desde
textuais, a iconográficos, cartográfico, sonoro e filmográfico, que abrangem desde o
ano de 1803 até os dias atuais. Mas até a elaboração do presente trabalho, não foi
obtido o acesso a documentação presente nesse acervo documental.
Após a verificação dos tipos de fontes utilizadas pelos autores do
levantamento bibliográfico, percebeu-se que uma das principais fontes para o
historiador que tem por objetivo pesquisar o campo das emoções, são as fontes de
caráter pessoal (diários íntimos, memorias e correspondências). Após um prévio
levantamento documental, percebeu-se que esses tipos de fontes são inexistentes no
Arquivo Público do Piauí.
Para além das fontes escritas, outro tipo de fonte a ser utilizada será a fonte
oral. Para Pinsky (2005): “a história oral é hoje um caminho interessante para se
conhecer e registrar múltiplas possibilidades que se manifestam e dão sentido a
formas de vida e escolhas de diferentes grupos sociais, em todas as camadas da
sociedade”. A fonte oral pode contribuir de forma significativa para a pesquisa
histórica, principalmente em pesquisas sobre as emoções, por oferecer um contato
direto com os indivíduos que passaram por determinado fato histórico, oferecendo
suas memorias ao pesquisador. Segundo Matos e Senna:

Como procedimento metodológico, a história oral busca registrar – e,


portanto, perpetuar – impressões, vivências, lembranças daqueles
indivíduos que se dispõem a compartilhar sua memória com a
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coletividade e dessa forma permitir um conhecimento do vivido muito


mais rico, dinâmico e colorido de situações que, de outra forma, não
conheceríamos (2011, pag. 97).

As entrevistas referentes a essa pesquisa, comtemplará desde pessoas que


foram acometidas pelo câncer, há pessoas que nunca formam acometidas por essa
doença, mas que conheceram pessoas doentes. Através desses relatos pessoais,
poderá se perceber o medo que a doença causa nos indivíduos, mas não apenas em
indivíduos que já sofreram da doença, mas também o medo que outros indivíduos
tiveram de acabar por ser acometidos por essa doença, e consequentemente o medo
da morte, advindo do câncer.
A pesquisa será desenvolvida através do diálogo e do confronto entre a fonte
escrita e a fonte oral, que permitirão perceber um panorama do medo do câncer e do
medo da morte causada pelo câncer, entre 1930 e 1940 na cidade de Teresina.
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CRONOGRAMA

MAIO/2016

AGO/ 2016
NOV/ 2015

NOV/ 2016
OUT/ 2015

OUT/ 2016
MAR/2016
DEZ/ 2015

DEZ/ 2016
AGO/2015

FEV/ 2016
JAN/ 2016

JUN/ 2016
SET/ 2015

SET/ 2016
JUL/ 2016
ABR/2016
ATIVIDADES

Levantamento
bibliográfico e X X X X X X X X
documental
Leitura da
bibliografia e X X X X X X X X X X X X X
análise das fontes
Produção do pré-
projeto de X X X
pesquisa
Produção do
projeto de X
pesquisa
Entrega do
projeto de X
pesquisa
Entrevistas
temáticas para as X X X X X
fontes orais
Pesquisa de
campo nos X X X X X X X X X X X X
arquivos
Redação da
X X X X X X X X X X
monografia
Revisão e
entrega oficial do X X X
trabalho
Apresentação do
trabalho X
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BIBLIOGRAFIA

AQUINO, Thiago Antonio Avellar de; SANTOS, Roberta Montenegro dos; SILVA,
Shirley de Souza. O paciente com câncer: cognições e emoções a partir do
diagnóstico. REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2008, Volume 4, Número 2.

Pag. 73 a 88.

CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS Ronaldo (orgs.). Domínios da história:


ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

DELUMEAU, Jean. O PECADO E O MEDO: a culpabilizaçao no Ocidente (séculos


XIII-XVIII). BAURU, SP: EDUSC, 2003.

MATOS, Júlia Silveira; SENNA, Adriana Kivanski de. História oral como fonte:
problemas e métodos. Historiæ, Rio Grande, 2 (1): 95-108, 2011.

PINSKY, C. B. VERENA, A. Fontes orais: Histórias dentro da história in Fontes


históricas / Carla Bassanezi Pinsky, (org.). Vários autores, São Paulo: Contexto,
2005.

QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber / Tania


Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira Barbosa, Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira. –
2º Ed. amp. – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. Pag. 97 a 135.

REZENDE, Claudia Barcellos; COELHO, Maria Claudia. Antropologia das emoções.


Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. 136p.

REIS, João José. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista in História da vida


privada no Brasil império / coordenador-geral da coleção: Fernando A. Novais:
organizador do volume Luiz Felipe de Alencastro – São Paulo: Companhia das Letras,
1997.

SANTOS, Luciana Oliveira dos. O Medo Contemporâneo: Abordando suas


Diferentes Dimensões. PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2003, 23 (2), 48-55.
18

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TEIXEIRA, Luiz Antonio (Coord.) De Doença desconhecida a problema de saúde


pública: o INCA e o controle do Câncer no Brasil / Luiz Antonio Teixeira; Cristina M.
O. Fonseca.- Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2007.

VINCENT-BUFFAULT, Anne. História das lágrimas. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


1988.

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