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MBA FAENE

ADMINISTRAÇÃO DE
RECURSOS DE
LONGO PRAZO

Faculdade de Negócios – FAENE


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FAENE: FACULDADE ESCOLA DE NEGÓCIOS EXCELLENCE


CURSO: MBA / ESPECIALIZAÇÃO
DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE LONGO PRAZO
CARGA HORÁRIA: 20 HORAS
DOCENTE: PROF. ECON. DANILO JOSÉ MENEZES PEREIRA
TITULAÇÃO: MASTER BUSINESS ADMINISTRATION / ESPECIALISTA

MINI-CURRÍCULO

Danilo Pereira, Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Maranhão.


Master Business Administration em Administração Estratégica pela Faculdade Laboro - São
Luís/MA. Master Business Administration em Perícia e Auditoria Econômico-Financeira pelo
IPOG (Elaborando TCC). Ex-professor do Departamento de Economia da UFMA; Ex-professor
do Curso de Direito do Instituto Florence; Professor da Escola de Governo e Gestão do
Município de São Luís/MA; Professor dos Cursos de Administração e Ciências Contábeis do
UniCEUMA; Professor dos MBA's da FAENE. Membro do Conselho Regional de Economia
– CORECON/MA. Atualmente lidera a equipe da Superintendência de Área de
Desenvolvimento e Serviços Públicos na Secretaria Municipal de Planejamento e
Desenvolvimento de São Luís. Perito e Auditor Econômico-Financeiro. Consultor em
Tecnologia da Informação para Negócios. Possui experiência na área de Gestão Financeira e
Economia nos Setores Público e Empresarial.

1 EMENTA

Fontes de financiamento de longo prazo. Planejamento financeiro de longo prazo. Estrutura de


Capital. Custo do capital. Alavancagem operacional, financeira e combinada.

2 OBJETIVOS
2.1 GERAL

Capacitar o pós-graduando para conhecimento teórico e prático das atividades do administrador


financeiro na utilização de recursos próprios ou de terceiros nos investimentos objetivando
proporcionar a maximização da riqueza dos sócios ou acionistas.

2.2 ESPECÍFICOS

 Apresentar as Fontes de Financiamento e Metodologias de Planejamento Financeiro de


Longo Prazo;
 Expor a Estrutura e o Custo do Capital Próprio e de Terceiros; e
 Destacar os Efeitos Provocados por uma Alavancagem Financeira.

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3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS CORPORATIVAS


1.1 O Papel do Administrador Financeiro
1.2 Decisões Financeiras de Curto e de Longo Prazo
1.3 Origem das Propostas de Investimento
UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO
2.1 Por que Elaborar Planos Financeiros?
2.2 Dimensões do Planejamento Financeiro
2.3 Componentes do Modelo de Planejamento Financeiro
2.4 Crescimento e Necessidade de Aportes Financeiros
UNIDADE 3 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO
3.1 Características do Financiamento de Longo Prazo
3.2 Fontes de Financiamento a Longo Prazo no Brasil
UNIDADE 4 – ESTRUTURA DE CAPITAL
4.1 Estrutura Ótima de Capital
4.2 Principais Indicadores de Estrutura de Capital (Endividamento)
UNIDADE 5 – CUSTO DO CAPITAL
5.1 Introdução ao Custo do Capital
5.2 Mensuração do Custo do Capital Próprio
5.3 Custo Total de Capital
UNIDADE 6 – ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E COMBINADA
6.1 Introdução a Alavancagem Operacional
6.2 Medição da Alavancagem Operacional
6.3 Ponto de Equilíbrio e Alavancagem Operacional
6.4 Alavancagem Financeira
6.5 Alavancagem Combinada

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 Aula Expositiva Dialogada


 Análise de Casos
 Atividades Vivenciais
 Debates Propositivos

5 RECURSOS DIDÁTICOS

As aulas serão construídas com o uso de textos impressos e recursos técnicos e tecnológicos
como o quadro branco e acessórios, projetor multimídia, notebooks pessoais dos alunos,
internet ou laboratório de informática e outros, que se fizerem necessários durante o
desenvolvimento das aulas.

6 PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS

 Avaliação Assistemática através da observação da participação e interesse dos alunos


durante as atividades em sala de aula.
 Aquisição da média em sala: Frequência, Participação e Entrega das atividades.
 Prova Regimental no Final do processo de desenvolvimento da disciplina.

7 REFERÊNCIAS
7.1 BÁSICAS

ABREU FILHO, José Carlos Franco de. [et al.]. Finanças corporativas. 11 Ed. Rio de Janeiro:
FGV, 2012.
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

7.2 COMPLEMENTAR

COMO FINANCIAR a sua empresa. Disponível em:


<https://paginas.fe.up.pt/~ee97042/Faculdade/EG/como_financiar_a_sua_empresa.htm>
Acesso em: 08 jan. 2018.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................... 6
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS CORPORATIVAS........... 7
1.1 O Papel do Administrador Financeiro .......................................... 8
1.2 Decisões Financeiras de Curto e de Longo Prazo ....................... 9
1.3 Origem das Propostas de Investimento ....................................... 9
UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO . 11
2.1 Por que Elaborar Planos Financeiros? ...................................... 11
2.2 Dimensões do Planejamento Financeiro ................................... 14
2.3 Componentes do Modelo de Planejamento Financeiro ............. 15
2.4 Crescimento e Necessidade de Aportes Financeiros ................ 21
UNIDADE 3 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO ... 23
3.1 Características do Financiamento de Longo Prazo ................... 24
3.2 Fontes de Financiamento a Longo Prazo no Brasil ................... 25
UNIDADE 4 – ESTRUTURA DE CAPITAL ............................................. 28
4.1 Estrutura Ótima de Capital ........................................................ 29
4.2 Principais Indicadores de Estrutura de Capital (Endividamento) 31
UNIDADE 5 – CUSTO DO CAPITAL ....................................................... 33
5.1 Introdução ao Custo do Capital ................................................. 33
5.2 Mensuração do Custo do Capital Próprio .................................. 33
5.3 Custo Total de Capital ............................................................... 34

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UNIDADE 6 – ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E


COMBINADA ............................................................................................. 37
6.1 Introdução a Alavancagem Operacional .................................... 37
6.2 Medição da Alavancagem Operacional ..................................... 38
6.3 Ponto de Equilíbrio e Alavancagem Operacional ....................... 39
6.4 Alavancagem Financeira ........................................................... 42
6.5 Alavancagem Combinada ......................................................... 43

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APRESENTAÇÃO

Esta apostila foi elaborada pelo Professor Danilo Pereira utilizando trechos dos
melhores livros de finanças corporativas para uso exclusivo dos pós-graduandos no programa
de MBA da Faculdade de Negócios Excellence (FAENE).

Esta apostila atenderá à ementa da disciplina Administração de Recursos de Longo


Prazo e irá apresentar ao pós-graduando o conhecimento teórico e prático das atividades do
administrador financeiro no direcionamento de recursos próprios ou de terceiros aos
financiamentos e investimentos que proporcionarão a maximização da riqueza de sócios ou
acionistas.

As unidades de aprendizagem tratarão das fontes de financiamento de longo prazo; do


planejamento financeiro de longo prazo; da estrutura de capital; do custo do capital; e da
alavancagem operacional, financeira e combinada.

Prof. Danilo José Menezes Pereira


Perito Economista

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS CORPORATIVAS

“Finanças são um processo decisório, pois não


haveria sentido no estudo de seus princípios,
conceitos e métodos se não houvesse decisões a
serem tomadas. Para que haja sentido no estudo de
finanças, três condições são necessárias: existir uma
decisão a ser tomada; essa decisão envolver dinheiro;
e haver objetivo da criação de valor”. (ABREU FILHO,
2012, p18)

A administração financeira das empresas muitas vezes é absorvida pelas atividades do


dia a dia. Assim, a administração de recursos de longo prazo é renegada a segundo plano
quando não é ignorada. Grande parcela das empresas não possuem um planejamento
organizacional, logo a seção financeira do planejamento também não é formalizada. As
empresas estão focadas em manter as suas atividades rotineiras e vão desenvolvendo-as em
conformidade com as diretrizes definidas pelo mercado em que atuam.

Para desenvolver a sua atividade, as empresas necessitam de uma variedade


quase infindável de ativos reais. Esses ativos, que são conhecidos como
ativos financeiros ou títulos, não caem do céu, o que significa que todos eles
têm de ser comprados. Para obter o dinheiro necessário, a empresa tem de
ter ativos e gerar seus fluxos de caixa. (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013,
p. 2)

O administrador financeiro é o responsável por apresentar à empresa as opções de


financiamento (Decisão de financiamento = venda de ativos financeiros) ou as opções de
investimento (Decisão de investimento = compra de ativos reais). Ambas devem ser
planejadas objetivando proporcionar o maior fluxo de caixa e a melhor remuneração do capital
investido na empresa.

Para ROSS [et al.], 2013, quando você vai iniciar o seu próprio negócio é necessário
responder três questões fundamentais:

1. Quais serão os investimentos de longo prazo que você deverá fazer? Ou seja,
que tipo de instalações, maquinário e equipamento são necessários?

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2. Onde você conseguirá o financiamento de longo prazo para pagar esse


investimento? A empresa terá outros sócios ou tomará dinheiro emprestado?

3. Como administrará suas atividades financeiras diárias, tais como cobrança dos
clientes e pagamento dos fornecedores?

Em uma grande empresa, o administrador financeiro se encarrega de responder essas


três questões. Essas com certeza não são as únicas questões ou decisões a serem tomadas,
mas estão entre as mais importantes.

1.1 O Papel do Administrador Financeiro


O papel de administrador financeiro é exercido quando os proprietários (acionistas)
não estão envolvidos diretamente nas tomadas de decisões dos negócios, especialmente nas
decisões diárias. São atribuições do administrador financeiro representar os interesses dos
proprietários e tomar decisões em seu nome. A função do administrador financeiro é
equivalente a uma de alto executivo na empresa. (ROSS, et all., 2013, p.4)

No orçamento de capital, processo de planejamento e gerenciamento dos


investimentos de longo prazo, o administrador financeiro tenta identificar as oportunidades de
investimento que tenham bom custo-benefício. Outro papel importante do administrador
financeiro é a escolha de como serão obtidos e administrados os financiamentos de longo
prazo, isto é, a estrutura de capital da empresa. A estrutura de capital terá uma combinação
específica entre o exigível a longo prazo e o patrimônio que será utilizado para financiar as
operações. (ROSS, et all., 2013, p. 4)

Para Ross, et all. (2013, p. 4), o administrador financeiro tem duas preocupações
nessa área. Uma é quanto a empresa deve tomar emprestado? Qual a melhor combinação
entre passivo e patrimônio é melhor? A outra é identificar quais são as fontes mais baratas?
A combinação escolhida afetará o risco e o valor da empresa.

A administração do capital circulante, refere ao ativo circulante de uma empresa, como


estoques, e ao seu passivo circulante, como recursos devidos aos fornecedores, é uma
atividade diária para garantir que a empresa tenha recursos suficientes para manter suas
operações. Isso envolve atividades relacionadas às entradas e saídas de caixa da empresa.
(ROSS, et all., 2013, p. 4)

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1.2 Decisões Financeiras de Curto e de Longo Prazo


As decisões financeiras de curto prazo diferem das decisões de longo prazo, como a
compra de uma fábrica e equipamentos ou a escolha da estrutura do capital, de duas
maneiras. Primeiro, geralmente envolvem ativos e passivos de curta duração, e, segundo,
podem ser facilmente revertidas.

Todas as empresas exigem capital, ou seja, dinheiro investido em instalações,


máquinas, equipamentos, estoques, contas a receber e em todos os outros ativos necessários
para se operar um negócio. Esses ativos podem ser financiados tanto por fontes de capital de
curto prazo como de longo prazo. (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013, p. 680)

Qual é o melhor nível de financiamento de longo prazo no que tange às


necessidades financeiras acumuladas? É difícil dizer. Não existe uma análise
teórica convincente desse assunto; no entanto, será possível fazer várias
observações práticas. Em primeiro lugar, a maioria dos gestores financeiros
tenta “fazer coincidir os prazos de vencimento” dos ativos e dos passivos. Ou
seja, financia ativos fixos como instalações e máquinas com empréstimos de
longo prazo e capital próprio. Em segundo lugar, a maioria das empresas faz
um investimento permanente no capital de giro líquido (ativo circulante menos
passivo circulante). Esse investimento é financiado com fundos de longo
prazo. (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013, p. 680)

Algumas empresas detêm mais ativo circulante, isto é, possuem maior liquidez que
outras. Algumas empresas conseguem gerar caixa mais rapidamente que investir em projetos
com VPL positivo, assim elas investem grande parcela dos seus recursos em títulos de curto
prazo. A posse de recursos em caixa é necessária para fazer uso em situações imediatas e
inesperadas ou para garantir o investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos
produtos. (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013)

1.3 Origem das Propostas de Investimento


Para Assaf Neto, 2016, as propostas de investimentos podem ser classificadas
segundo a fonte geradora em: ampliação ou expansão; reposição e modernização de
ativos fixos; arrendamento ou aquisição; e outras origens.

Quando uma empresa percebe que a sua capacidade produtiva não é suficiente para
atender à demanda existente ela recorrerá a ampliação do seu capital. Nesta situação o
investimento deverá ser direcionado para a compra de máquinas, equipamentos e ampliação
das instalações ou na absorção de uma empresa concorrente. É importante destacar que a

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ampliação da atividade empresarial promoverá uma necessidade complementar de capital de


giro. (ASSAF NETO, 2016, P. 348)

Já a decisão de investimento em reposição e modernização de ativos fixos, ocorre


quando as empresas já atingiram determinado grau de crescimento e amadurecimento em
suas atividades, requerendo, substituição de máquinas e equipamentos (ativos fixos) por
outros mais modernos e eficientes. A verificação do estado físico e da capacidade operativa
dos bens produtivos deve ser periódica para evitar interrupções frequentes no processo
produtivo, no aumento do custo de produção em função de aumento na rejeição dos produtos
por avarias ou outras imperfeições detectadas nos processos de verificação da qualidade.
Todas as situações, quando detectadas tardiamente, elevam os custos de produção,
reduzindo, por conseguinte, o lucro da empresa. (ASSAF NETO, 2016, P. 349)

No processo de arrendamento ou aquisição, a empresa irá confrontar duas


possibilidades: arrendar o bem que utilizará, isto é utilizar um bem fixo sem apresentar o direito
de propriedade do mesmo, ou adquiri-lo. No processo comparativo a empresa irá confrontar
os desembolsos e os benefícios que decorrerão do tempo de uso dos ativos fixos. (ASSAF
NETO, 2016, P. 349)

Todos os outros investimentos que não possuem enquadramento nos que foram
tratados anteriormente serão incluídos na categoria outras origens. Este é o caso dos
investimentos em P&D, Serviços de Assessoria Externa, Publicidade e Propaganda. (ASSAF
NETO, 2016, P. 349)

De forma geral as origens das propostas de investimento devem ser formuladas de


forma estratégia de longo prazo objetivando assegurar a continuidade e a competitividade
da empresa no mercado. Antecipando os investimentos em novidades tecnológicas e na
participação futura no mercado. (ASSAF NETO, 2016, P. 348)

Bibliografia desta Unidade


ABREU FILHO, José Carlos Franco de. [et al.]. Finanças corporativas. 11 Ed. Rio de Janeiro:
FGV, 2012.
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LONGO PRAZO

“Diz-se que um camelo parece com um cavalo


concebido por um comitê. Se uma empresa tomasse
todas as suas decisões financeiras de maneira
desintegrada, acabaria ficando com um camelo
financeiro. É por isso que os gestores financeiros
hábeis também devem planejar para o longo prazo e
considerar as medidas financeiras que serão
necessárias para suportar o crescimento de longo
prazo da organização. Esse é o ponto em que as
finanças e a estratégia se encontram.” (BREALEY;
MYERS; ALLEN, 2013)

2.1 Por que Elaborar Planos Financeiros?


As empresas despendem recursos e tempo consideráveis no planejamento de longo
prazo. Mas o que elas obtêm com esse investimento?

a) Planejamento Contingente

O planejamento não se limita a prever. O ato de prever concentra-se nos resultados


mais prováveis, mas os planejadores se preocupam tanto com eventos improváveis como
com os prováveis. Se você imaginar antecipadamente o que pode dar errado, tem menor
probabilidade de ignorar os sinais de perigo que rondam e pode reagir com mais rapidez aos
problemas.

O planejamento financeiro deve identificar o que pode acontecer à empresa para


diferentes eventos que possam ocorrer. Em particular, ele deve oferecer diretrizes sobre quais
medidas serão adotadas se as coisas saírem muito errado ou, de modo geral, se as hipóteses
feitas hoje sobre o futuro tiverem erros graves.

As empresas desenvolveram uma série de modos de fazer perguntas condicionais, do


tipo “o que, ... e se, ...” tanto para projetos individuais como para a empresa como um todo.
Por exemplo, os gestores de modo geral lidam com as consequências de suas decisões sob

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diferentes cenários. Um cenário pode visualizar altas taxas de juros que contribuem para uma
desaceleração do crescimento econômico mundial e preços de mercadorias mais baixos. Um
cenário alternativo pode envolver uma economia doméstica em alta, um alto índice
inflacionário e uma moeda fraca. A ideia é formular respostas a surpresas inevitáveis. O que
você faria, por exemplo, se as vendas no primeiro ano acabassem sendo 10% mais baixas do
que o previsto? Um bom plano financeiro deve ajudá-lo a se adaptar à medida que há o
desenvolvimento dos eventos.

b) Considerando Opções

O plano financeiro oferece à empresa a oportunidade de desenvolver, analisar e


comparar muitos cenários diferentes de modo coerente. É possível explorar várias opções de
investimento e financiamento e avaliar seu impacto para os acionistas. Aqui entram em jogo
questões sobre as futuras linhas de negócios da empresa e os financiamentos adequados.
Opções como marketing de novos produtos ou fechamento de fábricas podem ser avaliadas.

Os planejadores precisam considerar se há opções para a empresa explorar os seus


pontos fortes existentes ao migrar para um terreno completamente novo. Com muita
frequência podem recomendar a entrada em um mercado por razões “estratégicas” – isto é,
não porque o investimento imediato tem um valor presente líquido positivo, mas porque ele
estabelece a empresa em um novo mercado e cria opções para investimentos subsequentes
possivelmente valiosos.

Por exemplo, a iniciativa custosa de fibras ópticas da Verizon oferece à empresa a


opção real para prestar serviços adicionais que podem ser extremamente valiosos no futuro,
tais como a entrega rápida de um conjunto de serviços de entretenimento caseiro. A
justificativa para esses enormes investimentos reside nessas potenciais opções de
crescimento.

c) Capacidade de Realização e a Consistência Interna

Além do objetivo geral de criação de valor, uma empresa normalmente tem muitos
objetivos específicos. Tais objetivos podem ser participação de mercado, retorno sobre o
patrimônio, alavancagem financeira e outros. Às vezes, os vínculos entre os diferentes
objetivos e os diversos aspectos dos negócios de uma empresa são difíceis de visualizar. Um
plano financeiro não apenas torna esses vínculos explícitos, mas também impõe uma
estrutura unificada para a conciliação dos objetivos e metas. O plano financeiro deve tornar

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explícitos os vínculos entre as propostas de investimento das diferentes atividades


operacionais da empresa e as opções de financiamento disponíveis.

Em outras palavras, o planejamento financeiro é um modo de verificar se os objetivos


e planos criados para áreas específicas das operações de uma empresa são possíveis e
internamente consistentes. Quase sempre existem objetivos conflitantes. Portanto, para gerar
um plano coerente, é preciso modificar objetivos e metas e estabelecer prioridades.

Os planos financeiros facilitam as conexões entre os planos da organização e as


necessidades de financiamento. Por exemplo, uma previsão de crescimento de 25% pode
exigir que a organização emita títulos para pagar os dispêndios necessários de capital,
enquanto uma taxa de crescimento de 5% pode possibilitar que ela financie esses dispêndios
somente pela utilização do reinvestimento de lucros.

Os planos financeiros ainda ajudam a assegurar que os objetivos da empresa sejam


mutuamente consistentes. Por exemplo, o CEO pode dizer que está objetivando uma margem
de lucro de 10% e um crescimento das vendas de 20%, mas os planejadores financeiros
precisam ponderar se esse maior crescimento nas vendas irá requerer cortes de preços, que,
consequentemente, reduzirão as margens de lucro.

Atenção! Qualquer objetivo que seja estabelecido em termos de índices contábeis


não é operacional a menos que seja convertido novamente no que ele significa para as
decisões de negócios. Por exemplo, uma margem de lucro mais elevada pode resultar de
preços mais altos, custos menores ou de uma migração para a fabricação de novos produtos
de maior margem. Por que, então, os gestores definem os objetivos dessa forma? Em parte,
esses objetivos podem representar um código para transmitir preocupações reais. Por
exemplo, uma margem de lucro-alvo pode ser um meio de dizer que, na busca por um
crescimento nas vendas, a empresa permitiu que tivesse os custos fora de controle. O perigo
é que qualquer pessoa pode esquecer o código, e as metas contábeis podem, por sua vez,
serem vistas como objetivos nelas mesmas.

Ninguém deve se surpreender quando os gerentes dos níveis intermediários focam


nos objetivos para os quais são recompensados. Por exemplo, quando a Volkswagen fixou
como uma de suas principais metas a obtenção de uma margem de lucro de 6,5% , alguns
grupos dentro da própria empresa reagiram desenvolvendo e promovendo carros caros, com
margens elevadas. Os modelos mais baratos foram desprezados pelo marketing; eles tinham
margens de lucro menores, porém volumes mais altos de vendas. Quando isso ficou aparente,
a Volkswagen anunciou que tiraria a ênfase na sua meta anterior de margem de lucros,

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para focar no retorno sobre o investimento. A organização esperava que essa medida
pudesse estimular os gestores a extrair o máximo de lucro de cada dólar de capital investido.

2.2 Dimensões do Planejamento Financeiro


Quase sempre é útil, para fins de planejamento, dividir o futuro em curto e longo prazo.
O curto prazo, na prática, em geral são os próximos 12 meses. Concentraremos nossa
atenção no planejamento financeiro de longo prazo, que, em geral, representa os
próximos dois a cinco anos. Esse período é chamado de horizonte de planejamento e é
a primeira dimensão do processo de planejamento que deve ser estabelecida.

Ao preparar um plano financeiro, todos os projetos e investimentos individuais que a


empresa empreenderá se combinam para determinar o investimento total necessário. Na
verdade, as pequenas propostas de investimento de cada unidade operacional são somadas
e tratadas como um único grande projeto. Esse processo é chamado de agregação. O nível
de agregação é a segunda dimensão que precisa ser determinada no processo de
planejamento.

Após o estabelecimento do horizonte de planejamento e do nível de agregação, um


plano financeiro exige dados de entrada na forma de conjuntos alternativos de hipóteses sobre
variáveis importantes. Por exemplo, suponhamos que uma empresa tenha duas divisões
separadas: uma para produtos ao consumidor e outra para motores de turbina a gás. O
processo de planejamento financeiro pode exigir que cada divisão prepare três planos de
negócios alternativos para os próximos três anos:

1. O pior caso. Tal plano exigiria suposições relativamente pessimistas sobre os


produtos da empresa e o estado da economia. Esse tipo de planejamento de crise enfatizaria
a capacidade de uma divisão de resistir a adversidades econômicas significativas e exigiria
detalhes relativos a corte de custos e mesmo vendas de ativos e liquidação. Por exemplo, as
vendas de SUVs foram estranguladas em 2008 por causa dos altos preços dos combustíveis.
Isso deixou as montadoras, como Ford e GM, com grandes estoques e resultou na concessão
de grandes descontos e cortes nos preços.

2. Um caso normal. Tal plano exigiria as suposições mais prováveis sobre a empresa
e a economia.

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3. O melhor caso. Cada divisão deveria desenvolver um plano baseado em hipóteses


otimistas. Ele poderia envolver novos produtos e expansão e, em seguida, detalharia os
fundos necessários para financiar a expansão.

Nesse exemplo, as atividades estão agregadas ao longo de linhas divisionais, e o


horizonte de planejamento é de três anos. Esse tipo de planejamento, que leva em conta
todos os eventos possíveis, é particularmente importante para os negócios cíclicos (empresas
com vendas que são muito afetadas pelo estado geral da economia ou pelos ciclos de
negócios).

2.3 Componentes do Modelo de Planejamento Financeiro


A maioria dos modelos de planejamento financeiro exige que o usuário especifique
algumas hipóteses sobre o futuro. Com base nessas hipóteses, o modelo gera previsões de
valores para um grande número de variáveis. Os modelos podem variar um pouco em
complexidade, mas quase todos têm os elementos que discutimos a seguir.

a) Previsão de Vendas – Resultado Operacional Esperado

Quase todos os planos financeiros exigem que lhes seja fornecida uma previsão. Nos
modelos a seguir, por exemplo, a previsão de vendas será o “guia”. Isso quer dizer que o
usuário do modelo de planejamento fornecerá esse valor e que a maioria dos outros valores
será calculada com base nele. Essa é uma organização comum para muitos tipos de negócios.
o planejamento se concentrará nas vendas futuras e nos ativos e financiamentos necessários
para dar suporte a essas vendas.

Com frequência, a previsão de vendas será informada como a taxa de crescimento


nas vendas, e não como um número de vendas explícito. Essas duas abordagens são
essencialmente iguais porque, se sabemos qual é a taxa de crescimento, podemos calcular
as vendas projetadas. Obviamente, previsões perfeitas de vendas não existem, porque elas
dependem do estado futuro e incerto da economia. Para ajudar as empresas a realizarem
suas projeções, há empresas que se especializam em macroeconomia e projeções para
setores econômicos.

Como já discutimos antes, com frequência estaremos interessados em avaliar cenários


alternativos, de modo que não é necessariamente crucial que a previsão de vendas tenha

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precisão. Nosso objetivo é examinar a inter-relação das necessidades de investimento e


financiamento em possíveis diferentes níveis de vendas, em vez de destacar aquilo que
esperamos que aconteça.

b) Demonstrações Projetadas

Um plano financeiro deverá ter uma previsão de balanço patrimonial, de demonstração


de resultados e de demonstração dos fluxos de caixa. Essas previsões são chamadas de
demonstrações projetadas. Em nosso caso, quer dizer que as demonstrações contábeis são
a forma que usamos para resumir os diferentes eventos projetados para o futuro. No mínimo,
um modelo de planejamento financeiro gerará essas demonstrações com base nas projeções
de itens centrais, como as vendas. Nos modelos de planejamento que descreveremos, as
demonstrações projetadas são os dados gerados pelo modelo de planejamento financeiro. O
usuário fornecerá um número de vendas, e o modelo gerará a demonstração de resultados e
o balanço patrimonial. Tais demonstrações também podem ser chamadas de demonstrações
ajustadas para o cenário.

c) Necessidades de Ativos

O plano descreverá os gastos de capital projetados. No mínimo, o balanço patrimonial


projetado conterá as variações do ativo imobilizado total e do capital circulante líquido. Essas
variações são, de fato, o orçamento de capital total da empresa. Os gastos de capital
propostos em diferentes áreas devem, portanto, ser conciliados com os gastos gerais de
capital contidos no plano de longo prazo.

d) Necessidades de Aportes Financeiros

O plano incluirá uma seção sobre os arranjos financeiros necessários. Essa parte do
plano deve discutir as políticas de dividendos e de endividamento. Sociedades anônimas
podem obter o aporte de caixa necessário mediante a emissão de novas ações ou mediante
a tomada de novos empréstimos. Nesse caso, o plano terá de considerar quais tipos de títulos
mobiliários precisam ser emitidos e quais métodos de emissão são os mais apropriados.
Esses são assuntos que consideraremos na Parte 6 deste livro, na qual discutiremos o
financiamento de longo prazo, a estrutura de capital e a política de dividendos.

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e) A Variável de Fechamento

Depois de ter uma previsão de vendas e uma estimativa dos gastos exigidos em ativos,
certa quantidade de financiamento novo será necessária, porque o total projetado dos ativos
excederá o total projetado do passivo e do patrimônio líquido. Em outras palavras, o balanço
patrimonial não estará mais equilibrado.

Como pode ser necessário um novo aporte financeiro para cobrir todos os gastos de
capital projetados, uma variável financeira de fechamento deve ser selecionada. A variável de
fechamento é a fonte ou as fontes escolhidas de aportes financeiros necessários para lidar
com qualquer falta (ou excedente) de financiamentos e, portanto, fechar o balanço patrimonial.

Por exemplo, uma empresa com uma ou muitas oportunidades de investimento e fluxo
de caixa limitado pode ter de levantar recursos novos. Outras empresas, com poucas
oportunidades de crescimento e grande fluxo de caixa, terão um excedente de caixa e,
portanto, poderão pagar mais dividendos. No primeiro caso, os recursos novos são a variável
de fechamento. No segundo, os dividendos constituem essa variável.

f) Premissas Econômicas

O plano deverá estabelecer explicitamente o ambiente econômico previsto durante


período de vida do plano. Entre as premissas econômicas mais importantes estão a estimativa
de taxa de juros e a alíquota tributária da empresa.

CASO - ZONA DO COMPUTADOR S/A

As demonstrações contábeis da Zona do Computador S/A do ano passado são as


seguintes:

Na ausência de afirmação em contrário, assumimos que os planejadores financeiros


da Zona do Computador pressupõem que todas as variáveis estão diretamente ligadas às
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vendas e que as relações são perfeitas. Isso significa que todos os itens aumentarão
exatamente à mesma taxa das vendas. Essa visão é obviamente simplificada, de forma que
a utilizaremos apenas para mostrar nosso ponto de vista.

Suponha que as vendas aumentem em 20%, subindo de $1.000 para $1.200. Os


planejadores também preveem um aumento de 20% nos custos, de $800 para $800 X 1,2 =
$960. A demonstração de resultados projetada seria:

A hipótese de que todas as variáveis crescerão 20% nos permite construir facilmente
o balanço patrimonial projetado:

Observe que aumentamos apenas 20% em cada item. Os números entre parênteses
são as variações em reais para os diferentes itens. Agora temos de conciliar essas duas
demonstrações projetadas. Por exemplo, como pode o lucro líquido ser igual a $240 e o
aumento do patrimônio líquido de apenas $50? A resposta é que a Zona do Computador
provavelmente terá pago a diferença de $240 - $50 = $190 em dividendos. Nesse caso, os
dividendos são a variável de fechamento.

Suponha que a Zona do Computador não pague os $190. Nesse caso, o acréscimo
aos lucros retidos é de $240. Assim, o patrimônio líquido da Zona do Computador aumentará
para $250 (o montante inicial) mais $240 (lucro líquido), ou $490, e parte da dívida deve ser
resgatada para manter o total do ativo em $600.

Com $600 de ativo total e $490 de patrimônio líquido, a dívida terá de ser de $600 -
$490 = $110. Como iniciamos com $250 de dívida, a Zona do Computador terá de resgatar
$250 - $110 = $140 dela. O balanço patrimonial projetado resultante seria assim:

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Neste caso, a dívida é a variável de fechamento utilizada para equilibrar os totais


projetados do ativo e do passivo.

Esse exemplo mostra a interação entre o crescimento das vendas e a política


financeira. A medida que as vendas aumentam, o total dos ativos também aumenta. Isso
ocorre porque a empresa precisa investir em capital circulante líquido e ativo imobilizado para
permitir níveis de vendas mais altos. Como o ativo está aumentando, o total do passivo e do
patrimônio líquido (o lado direito do balanço patrimonial) também aumentará.

Nesse nosso exemplo simples, é preciso observar que o modo como passivo e
patrimônio líquido mudam depende da política de financiamento da empresa e de sua política
de dividendos. O crescimento do ativo exige que a empresa decida como financiar esse
crescimento. Essa é uma decisão estritamente de alçada da alta administração. Observe que,
em nosso exemplo, a empresa não precisou de aportes financeiros. Em geral, esse não é o
caso, por isso exploraremos uma situação de porte financeiro ao final desta unidade.

g) As Armadilhas na Concepção dos Modelos

O modelo da Dynamic Mattress que desenvolvemos é extremamente simples para fins


de aplicação prática. Talvez você já tenha pensado em várias maneiras de aperfeiçoá-lo –
manter o registro do número de ações emitidas, por exemplo, e evidenciar lucros e dividendos
por ação. Ou pode querer fazer a distinção entre as oportunidades de endividamento e de
aplicação de curto prazo, agora consolidadas no capital de giro.

O modelo que desenvolvemos para a Dynamic Mattress é conhecido como modelo da


porcentagem das vendas. Quase todas as previsões feitas para a empresa são proporcionais
ao nível previsto das vendas. Contudo, na prática, muitas variáveis não serão proporcionais
às vendas. Por exemplo, há componentes importantes do capital de giro, como os estoques
e os saldos de caixa que, geralmente, crescem mais lentamente do que as vendas. Além
disso, os imobilizados, como as fábricas e os equipamentos, não costumam crescer em
pequenos incrementos como acontecem com as vendas. A fábrica da Dynamic Mattress pode

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muito bem-estar operando aquém da sua capacidade máxima, de modo que a empresa pode
inicialmente aumentar a produção sem quaisquer aumentos da capacidade. Contudo, se as
vendas continuarem a crescer, poderá precisar de um novo grande investimento na fábrica e
em equipamento.

Mas tenha cuidado para não introduzir uma complexidade excessiva: sempre há a
tentação de construir um modelo maior e mais detalhado. Você pode acabar com um modelo
exaustivo, pesado demais para uma utilização rotineira. O fascínio do detalhe, se ceder a ele,
desvia a atenção de decisões cruciais, tais como a política de emissões de ações e a política
de dividendos.

h) A Escolha de um Plano

Os modelos de planejamento financeiro ajudam o gestor a desenvolver previsões


consistentes de variáveis financeiras decisivas. Por exemplo, se você deseja calcular o valor
da Dynamic Mattress, é preciso fazer previsões de fluxos de caixa livres futuros. Eles são
facilmente calculados no final do período de planejamento com base no nosso modelo de
planejamento financeiro.

Todavia, um modelo como esse não nos informa se o plano é ou não ideal, nem sequer
indica quais alternativas vale a pena examinar. Por exemplo, vimos que a Dynamic Mattress
está planejando um crescimento rápido das vendas e dos lucros por ação. Mas essas são
boas notícias para os acionistas? Bem, não necessariamente; isso depende do custo de
oportunidade do capital que a Dynamic Mattress precisa investir. Caso o novo investimento
renda mais do que o custo do capital, ele terá um VPL positivo e tornará os acionistas mais
ricos. Se o investimento rende menos do que o custo do capital, deixará os acionistas em pior
situação, apesar de ela esperar um crescimento sustentado dos lucros.

O capital que a Dynamic Mattress precisa depende da sua decisão de pagar 60% dos
seus ganhos como dividendos. Entretanto, o modelo de planejamento financeiro não nos
indica se esse pagamento de dividendos faz sentido ou qual é a composição de capital próprio
e de endividamento que a empresa deve emitir. Essa decisão final cabe à administração.
Gostaríamos de lhe dizer exatamente como fazer essa escolha, mas não podemos, uma vez
que não há nenhum modelo que englobe todas as complexidades encontradas no
planejamento financeiro e na tomada de decisões.

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E, na realidade, nunca haverá. A ênfase colocada nessa afirmação baseia-se na


Terceira Lei de Brealey, Myers e Allen:

Axioma: o número de problemas não resolvidos é infinito.

Axioma: o número de problemas não resolvidos que os seres humanos conseguem


acumular em suas mentes, em qualquer momento, são 10.

Lei: portanto, em qualquer campo de conhecimento, haverá sempre dez problemas


que podem ser considerados, mas que não têm soluções formais.

A terceira lei implica que nenhum modelo pode determinar a melhor de todas as
estratégias financeiras.

2.4 Crescimento e Necessidade de Aportes Financeiros


Como a questão do crescimento será discutida em vários pontos deste capítulo,
precisamos começar com um aviso importante: crescimento, por si só, não é um objetivo
adequado para o administrador financeiro. A varejista de roupas J. Peterman Co., cujos
catálogos peculiares se tornaram famosos no seriado Seinfeld, aprendeu essa lição do modo
mais difícil. Apesar da força da marca e dos anos de crescimento explosivo de receitas, a
empresa foi forçada a solicitar recuperação judicial – vítima de um plano de expansão
exageradamente ambicioso.

A Amazon.com, a grande varejista on-line, é outro exemplo. Em determinada época, o


lema da Amazon parecia ser “crescimento a qualquer custo”. Infelizmente, o que realmente
cresceu rápido foram os prejuízos. A Amazon mudou o enfoque de negócios, sacrificando
explicitamente o crescimento na esperança de atingir lucratividade. O plano parece que
funcionou, pois, a Amazon.com teve lucros pela primeira vez no terceiro trimestre de 2003.

O objetivo apropriado é aumentar o valor de mercado do patrimônio dos acionistas.


Obviamente, se uma empresa tiver êxito nisso, então o resultado, em geral, será o
crescimento. Assim, o crescimento pode ser uma consequência desejável de decisões
acertadas, mas não é um fim em si mesmo. Discutiremos o crescimento simplesmente porque
as taxas de crescimento são muito usadas para o planejamento. Como veremos, o
crescimento é um meio conveniente de resumir diversos aspectos das políticas de
financiamento e de investimento de uma empresa. Além disso, se pensarmos nele como o

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aumento do valor de mercado do patrimônio dos acionistas, os objetivos de crescimento e de


aumento do valor de mercado das ações emitidas pela empresa serão um só.

Exercício Nº1

Bibliografia desta Unidade


BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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UNIDADE 3 – FONTES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO

“As decisões financeiras de uma empresa não são


geralmente tomadas em ambientes de total certeza
com relação a seus resultados previstos”. (ASSAF
NETO, 2016, p. 418)

Fatores, como taxas de juros e risco influenciam diretamente na escolha das fontes
de financiamentos que podem levar tanto a lucros como a prejuízos. Para suprir suas
necessidades recorrentes de financiamentos de bens, as empresas precisão escolher uma
das várias alternativas oferecidas pelo mercado financeiro.

As operações financeiras são realizadas por instituições autorizadas pelo Banco


Central do Brasil. Estão à disposição das empresas investimentos monetários e não
monetários. Os monetários representam o meio circulante disponível na economia (dinheiro
em poder do público mais os depósitos bancários à vista), já os não monetários são definidos
pelos títulos e valores mobiliários negociados no mercado (ações, debêntures, letras de
câmbio, certificados de depósitos bancários, outros). (ASSAF NETO, 2016, p.495)

Segundo Assaf Neto (2016), a classificação das instituições financeiras possui duas
categorias: as bancárias e as não bancárias. As primeiras são também conhecidas como
monetárias e são representadas pelos bancos comerciais, a outra é conhecida como não
monetária por não receberem depósitos à vista, exercendo exclusivamente atividades
financeiras, não monetárias.

A maioria das empresas, por receio de fazer uso do financiamento externo, utilizam o
financiamento interno por considerá-lo mais conveniente. Alguns autores ponderam que os
gestores preferem apresentar investimentos com VPL positivo que gerem aumento no preço
das ações, agradando aos investidores. Esses investidores optam pela via de menor
resistência evitando emissão de ações e possíveis questionamentos perigosos por parte dos
investidores potenciais. (ASSAF NETO, 2016; BREALEY;

As operações autorizadas pelo Sistema Financeiro Nacional possuem dois segmentos:


um com característica típica de curto e curtíssimo prazos (mercado monetário e mercado de
crédito) e o outro de médio e longo prazos, representados pelos mercados cambial e de
capitais.
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3.1 Características do Financiamento de Longo Prazo


Existem fatores que são considerados para avaliar o custo ou taxa de juros dos
financiamentos. No longo prazo é importante estabelecer: os vencimentos do
financiamentos, os montantes tomados, os custos básicos do dinheiro e o mais
importante, os riscos do tomador.

A análise do risco é proporcional a alavancagem operacional da empresa e ao


seu grau de endividamento (exigível a longo prazo), isto é, quanto maior a alavancagem
operacional e/ou maior o seu grau de endividamento, maior é o grau de risco operacional. O
credor se preocupa com a capacidade do tomador em honrar o pagamento das parcelas do
financiamento. Para determinar a taxa de juros do financiamento, faz, ainda, a avaliação
global do risco operacional e financeiro do tomador, bem como as informações sobre os
padrões e históricos de pagamentos, mas não é apenas isso.

Há necessidade de conhecer a relação do custo líquido administrativo X risco. O custo


dos juros sobre o financiamento é inverso ao montante, isto é, os custos de administração do
financiamento decrescem, quanto maior for o montante do financiamento requerido,
entretanto, o risco, a outra variável analisada faz o contrabalanceamento na relação. Os
financiamentos possuem relação proporcional ao risco do credor. Quando aumenta o valor do
financiamento diminui o grau de diversificação da carteira do credor, assim, os financiamentos
maiores resultam em maior risco.

Então, os financiamentos a longo prazo têm maiores taxas de juros do que aqueles a
curto prazo, em razão de vários fatores, dentre eles:

a) a expectativa geral das taxas futuras de inflação;

b) a preferência do credor por financiamentos de períodos mais curtos, possuidores


de maior liquidez;

c) a maior demanda por financiamento a longo prazo do que a curto prazo.

As características do financiamento a longo prazo, em um sentido mais prático, são


determinadas pelo: prazo do financiamento; inexatidão das previsões das taxas de juros
futuras; e no maior o risco do credor perder. Assim, quanto maior o prazo, maior o risco de
não recebimento associado ao financiamento. O credor habituado com o mercado utiliza
maiores taxas de juros em financiamentos a longo prazo objetivando antecipar algo não
previsto.

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3.2 Fontes de Financiamento a Longo Prazo no Brasil


As operações financeiras de captação de recursos pelas empresas podem ser por
empréstimos e financiamentos. A primeira opção refere-se a utilização de recursos de
terceiros para finalidade não especificada mediante ao pagamento de juros, já a segunda
opção é via captação de recursos de terceiros é similar ao empréstimo, entretanto, há
obrigação de ter uma finalidade específica, comprovada mediante os comprovantes da
aquisição do bem ou do serviço – servindo de garantia para a instituição credora. Os mais
usuais são os de bens imóveis e de veículos. As empresas podem se autofinanciarem?

a) Financiamento por meio de recursos próprios

Os meios de financiamento com recursos próprios utilizados pelas empresas pode ser
via retenção dos resultados líquidos e com a integralização de novas ações. Os
procedimentos para a integralização de novas ações no mercado de capitais são: Empresa
Emitente; Instituição Financeira Intermediadora; e Mercado Primário e Secundário.

Para as empresas terem êxito na subscrição e posterior integralização das novas


ações é imprescindível que seja oferecida vantagens ao mercado de capitais, condições de
atratividade econômica. São passíveis de avaliação, como exigências da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), os resultados econômico-financeiros, o posicionamento no
mercado, as características da emissão e lançamento das ações e o ambiente conjuntural.
(ASSAF NETO, 2016)

Segundo Assaf Neto (2016, p. 497), os resultados econômico-financeiros de uma


empresa são avaliados segundo as várias técnicas de análise das demonstrações financeiras
e do desempenho operacional e alavancagem financeira. Os resultados das empresas são
utilizados para uma análise prospectiva. O interesse do mercado, neste momento de
subscrição, é com relação ao comportamento futuro, isto é, as expectativas econômico-
financeiras futuras e os projetos de expansão ainda em fase de implementação, assim, será
possível avaliar o potencial e viabilidade do investimento acionário.

É feita uma análise setorial para conhecer o potencial de crescimento do mercado.


Serão analisados os consumidores, os fornecedores e os concorrentes. Serão analisadas
dentre outras informações a evolução nas vendas e a existência de controles oficiais sobre
preços e produtos. A análise final será via comparação com outras aplicações alternativas, na
expectativa da inflação e em informações que refletirão na valorização futura do investimento.

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b) Mercado Primário e Secundário

No mercado de capitais as ações passam por dois estágios distintos, um primário e o


outro secundário. No mercado primário ocorre a conexão direta da empresa com os
investidores, isto é, os recursos obtidos com a venda das ações será canalizado diretamente
para financiar os projetos de crescimento e agregação de valor ao patrimônio da empresa, já
no mercado secundário, as negociações ocorrem decorrente das expectativas de sucesso da
atividade empresarial, logo, quanto mais efetiva for a conversão dos valores captados em
crescimento e sucesso empresarial maiores serão as chances de aumento do valor de
mercado percebido pelo negociadores de ações no mercado secundário.

c) Principais Critérios de Análise das Ações

A principal análise feita por qualquer investidor é centrada na avaliação do retorno


esperado do capital aplicado, sendo proporcional ao risco envolvido. O investimento acionário,
geralmente, é intuitivo, entretanto, para obter informações mais racionais é necessário realizar
uma análise dos ativos. Os investidores utilizam-se de duas análises: uma técnica e outra
fundamentalista.

A análise técnica realiza estudos do comportamento das ações no mercado, utiliza-se


de gráficos para acompanhar a evolução e cotações das ações, oferta e demanda das ações.
A análise fundamentalista utiliza informações econômico-financeira da empresa extraídas da
análise das demonstrações financeiras, do desempenho operacional e da alavancagem
financeira.

d) Financiamento de Empresas no Brasil

Para Assaf Neto (2016, p. 505), as linhas de financiamento disponíveis no mercado


financeiro nacional possuem com caraterísticas comuns: altos encargos financeiros; baixa
oferta de crédito de longo prazo; e restrições a oferta de novas ações ou debêntures no
mercado.

Essas condições limitam os investimentos produtivos, inibem o crescimento e reduzem


a competitividade das empresas. Assim, as empresas brasileiras priorizam o financiamento
proveniente dos recursos próprios, mesmo reduzindo a capacidade de alavancagem
financeira dessas empresas.

A maioria dos financiamentos das empresas são provenientes dos bancos comerciais.
As necessidades de financiamento dos investimentos produtivos são superiores às ofertas

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existentes. Os custos dos investimentos são muitas vezes superiores aos retornos, somado à
pouca maturidade do mercado nacional que é insuficiente para promoção do equilíbrio
financeiro das empresas. O financiamento dos bancos comerciais é limitado ao curto prazo,
capital de giro em sua grande maioria. Os bancos privados têm dificuldades em oferecer
financiamentos a longo prazo. Assim, as linhas de crédito com prazos mais longos são
oferecidas por instituições financeiras oficiais, como o sistema do BNDES. A outra opção de
financiamento para as empresas brasileiras seria por meio de ofertas públicas de ações e
debêntures no mercado de capitais que ainda é pouco significativo.

As dificuldades de financiamento encontradas no mercado interno levam as empresas


nacionais à captação externa. Os investidores estrangeiros, apoiados na estabilidade
econômica e no câmbio favorável, enxergam boas oportunidades de investimento nas
empresas brasileiras.

e) Financiamentos pelo BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES é um banco de


fomento aos empreendimentos que promovem o desenvolvimento do país, promovendo a
competitividade da economia brasileira e a qualidade de vida da população. A principal linha
de financiamento oferecido pelo BNDES é de longo prazo, para investimento em capital fixo.
Os custos financeiros oferecidos são mais competitivos que os livremente praticados no
mercado.

O BNDES possui duas subsidiárias: FINAME e BNDESPAR. A primeira financia o


comércio de máquinas e equipamentos e outras promove a participação a subscrição das
empresas brasileiras no mercado de capitais brasileiro. As linhas de financiamento são
adequadas às características do tomador de recursos e da operação.

Exercício Nº2

Bibliografia desta Unidade


ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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UNIDADE 4 – ESTRUTURA DE CAPITAL


“A estrutura de capital de uma empresa refere-se à
composição de suas fontes de financiamento a longo
prazo, oriundas de capitais de terceiros (exigível) e de
capitais próprios (Patrimônio Líquido) ” (ASSAF
NETO, 2016, p.519)

Como uma empresa deve escolher seu índice dívida/capital próprio? O princípio
é escolher um modo de maximizar o valor da ação. Porém, no que diz respeito às decisões
sobre estrutura de capital, isso é essencialmente o mesmo que maximizar o valor de toda a
empresa e, por questões de conveniência, tendemos a organizar nossa discussão em termos
do valor da empresa.

Valor da empresa e valor das ações: um exemplo

Qual a estrutura de capital que os administradores financeiros devem escolher? É


aquela que maximiza o valor da empresa para os acionistas. Suponha que o valor de mercado
da Companhia JC seja $1.000. No momento, a empresa não tem dívida, e cada uma das suas
100 ações é vendida a $10. Suponha também que a JC passe por reestruturação e tome um
empréstimo de $500. Em seguida, ela paga esse valor aos acionistas com um dividendo extra
de $500/100 = $5 por ação.

Essa reestruturação mudará a estrutura de capital da empresa sem efeitos diretos


sobre o ativo da empresa. O efeito imediato será o aumento da dívida e a diminuição no valor
do capital próprio. No entanto, qual será o impacto final da reestruturação? A Tabela acima
ilustra três resultados possíveis, além do caso original sem dívida. Observe que no, Cenário
II, o valor da empresa está inalterado em $1.000. No Cenário I, o valor da empresa aumenta
para $1.250. Já no Cenário III, ele diminui para $750, reduzindo $250.

Como nosso objetivo é beneficiar os acionistas, examinamos, na Tabela seguinte, os


resultados líquidos para os acionistas nesses cenários. Vemos que, se o valor da empresa
permanecer igual, os acionistas terão uma perda de capital que contrabalançará exatamente

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o dividendo extra. Esse é o Cenário II. No Cenário I, o valor da empresa aumenta para $1.250,
e os acionistas têm um lucro de $250. Em outras palavras, a reestruturação tem um VPL de
$250 nesse cenário. O VPL do Cenário III é de - $250.

A principal observação a ser feita aqui é que a variação no valor da empresa é igual
ao efeito líquido sobre os acionistas. Portanto, os administradores financeiros podem tentar
encontrar a estrutura de capital que maximize o valor da empresa. Em outras palavras, a regra
do VPL se aplica às decisões sobre estrutura de capital, e a variação no valor da empresa em
geral é o VPL de uma reestruturação. Assim, a JC deve fazer um empréstimo de $500 se
esperar o Cenário I. A pergunta crucial para determinar a estrutura de capital de uma
empresa é: qual o cenário que tem probabilidade de ocorrer?

4.1 Estrutura Ótima de Capital


Apesar dos inúmeros trabalhos teóricos e práticos desenvolvidos no ambiente das
finanças corporativas, esta questão ainda não está totalmente definida. Existem duas grandes
linhas de estudo. A conhecida como convencional e a proposta por Modigliani e Miller (MM).

a) Teoria Convencional

A empresa atribui o valor mínimo para o seu custo total de capital. Assim, a empresa
estabelece o valor que minimizaria seu custo de capital (CMPC) e maximizaria a riqueza de
seus acionistas.

Na teoria convencional a empresa pode elevar o seu endividamento até um


determinado limite, onde o valor do CMPC será mínimo. A medida que o endividamento
Passivo/Patrimônio Líquido (P/PL) começa a aumentar, o custo de capital próprio (Ke) e o
custo do capital de terceiros (Ki) também se elevam em função do risco financeiro crescente
associado ao passivo da empresa.

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Assaf Neto (2016, p. 521) afirma que “Esta taxa de custo de capital é utilizada para
todas as decisões financeiras que envolvem o uso de recursos de capital, sendo interpretada
como a taxa mínima de retorno exigida de maneira a justificar economicamente a atratividade
do investimento”. Assim, o custo de capital de terceiros, por outro lado, é dependente do risco
financeiro da empresa, e não da natureza da fonte de financiamento e do investimento a ser
financiado.

Para exemplificar admitamos um projeto de investimento que permite o financiamento


com até 80% do capital de terceiros. A tabela abaixo apresenta os custos de capital próprio e
de terceiros.

Pela teoria convencional devemos verificar o menor CMPC (WACC), a estrutura de


capital ótima. Logo o menor percentual é com 40% de capital de terceiros, indicando
crescimento da riqueza agregada. Acima desse ponto ocorre uma tendência crescente do
risco, reduzindo a atratividade pelo financiamento.

b) Teoria MM

Os pesquisadores Modigliani e Miller (MM) defenderam a teoria que leva as iniciais


dos seus nomes com duas propostas e em dois cenários, um sem impostos e outro com. No
primeiro cenário levando em consideração os pressupostos: não existem impostos, as taxas
de juros são idênticas para PF e PJ e não existe custos de dificuldade financeiras.

Cenário Sem Impostos

A proposição I, para este cenário sem impostos, defende que o valor da empresa não
sofre influência da forma com ela financia a sua atividade. O valor de uma empresa é o valor
presente dos fluxos de caixa futuros esperados de seus ativos, independente da estrutura de
capital escolhida.

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Na proposição II, considerando os mesmos pressupostos, reconhece que o custos de


capital próprio cresce proporcionalmente ao endividamento presente na estrutura de capital.
Quanto maior for a participação de recursos de terceiros maiores serão os riscos financeiros
assumidos pela empresa e, por conseguinte, maiores serão as expectativas de retorno dos
acionistas.

Cenário Com Impostos

Na proposição I, na presença de impostos, o valor da empresa é calculado na hipótese


de ser financiada unicamente com recursos próprios somado ao valor presente do benefício
fiscal produzido pelo endividamento. Nessa proposição, MM incentivam o endividamento por
serem dívidas dedutíveis para o cálculo do Imposto de Renda.

Na proposição II, com impostos, MM mantêm que o retorno do capital próprio será
proporcional ao risco do endividamento, entretanto, o endividamento proporcionará uma
economia de imposto de renda.

4.2 Principais Indicadores de Estrutura de Capital (Endividamento)

a) Endividamento Total (ET)


Representa o quanto dos Ativos ainda não foram pagos. Quanto Menor Melhor.
Quanto menor este percentual maior financiamento com capital próprio.
ET = ((Passivo Circulante + Passivo não Circulante) / Ativo Total) x 100

Os parâmetros utilizam os terços com referência.


Até 33% - nível baixo de dívida
Acima 33% até 66% - nível médio de dívida
Acima de 60% - nível alto de dívida

b) Participação de Capital de Terceiros (PCT)


Representa o total das obrigações em relação ao Patrimônio Líquido. Quanto
Menor Melhor. Quanto menor este indicador menor será a participação de capital
de terceiros no Patrimônio Líquido.
PCT=((Passivo Circulante+Passivo não Circulante)/Patrimônio Líquido)x100
O mercado utiliza a proporção máxima de 1:1.

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c) Imobilização do Patrimônio Líquido (ImPL)


Evidencia o quanto dos Ativos Imobilizados foram adquiridos com recursos
próprios. Quanto Menor Melhor. Quanto menor o percentual maior é o Patrimônio
Líquido adquirido com capitais próprios. Quanto menor o imobilizado maiores
serão os recursos disponibilizados para as atividade operacionais da empresa.
ImPL = (Ativo Imobilizado / Patrimônio Líquido) x 100
Mede o quanto dos ativos foram adquiridos com recursos próprios.

d) Imobilização de Recursos Não Correntes (ImRnC)


Demonstra o quanto dos Ativos Imobilizados foram adquiridos com recursos
próprios e com dívidas de longo prazo. Quanto Menor Melhor. Geralmente é menor
que 1. Quando é maior que 1 indica que uma dívida de curto prazo foi utilizada
para a composição do Ativo Imobilizado.
ImRnC=(Ativo Imobilizado/(Patrimônio Líquido+Passivo não Circulante)x100

e) Composição do Endividamento (CE)


Identifica quanto das dívidas totais vencem no curto prazo. Quanto Menor Melhor.
Se este índice for analisado de forma isolada pode-se chegar a uma conclusão
equivocada de que as dívidas da empresa serem ruim.
CE=(Passivo Circulante/(Passivo Circulante+Passivo não Circulante)x100

Exercício Nº3

Bibliografia desta Unidade


ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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UNIDADE 5 – CUSTO DO CAPITAL

“O custo de capital de uma empresa reflete, em


essência, a remuneração mínima exigida pelos
proprietários de suas fontes de recursos (credores e
acionistas).” (ASSAF NETO, 2016, p. 461)

5.1 Introdução ao Custo do Capital


O custo de capital da empresa é definido como a taxa de retorno esperada em uma
carteira com todos os títulos da empresa. É o custo de oportunidade do capital para os
investimentos nos ativos da empresa e, portanto, a taxa de desconto correta para os projetos
de risco médio da organização. Se uma empresa não tem uma dívida significativa, o custo de
capital da empresa é a taxa de retorno esperada de suas ações.

O custo de capital da empresa não é a taxa de desconto correta se os novos projetos


tiverem mais ou menos risco do que o risco de seus negócios correntes. Em princípio, cada
projeto deveria ser avaliado pelo seu próprio custo de oportunidade do capital.

5.2 Mensuração do Custo do Capital Próprio


É importante, incialmente, compreender que o custo de capital associado a um
investimento depende do risco desse investimento. Essa é uma das lições mais importantes
das finanças corporativas.

Para ilustrar melhor esse ponto, imagine que estejamos avaliando um projeto sem
risco. Neste caso, está claro como determinar o retorno exigido: olhamos nos mercados de
capitais a taxa corrente oferecida por investimentos sem risco e depois usamos essa taxa
para descontar os fluxos de caixa do projeto. Assim, o custo de capital de um investimento
sem risco é a taxa sem risco.

Se um projeto tiver risco associado, então, assumindo que todas as outras informações
permaneçam iguais, o retorno exigido obviamente será mais alto. Em outras palavras, o custo
de capital para esse projeto, caso ele tenha risco, é maior do que a taxa sem risco, e a
taxa de desconto apropriada a excederia. Logo, os termos retorno exigido, taxa de desconto

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apropriada e custo de capital sem distinção, todos esses termos significam essencialmente
a mesma coisa.

5.3 Custo Total de Capital


O custo total de capital de uma empresa representa as expectativas mínimas de
remuneração das diversas fontes de financiamento (próprias e de terceiros) lastreando suas
operações. É um conceito essencial para toda decisão financeira e pode ser entendido como
o retorno médio exigido para toda a empresa. O custo de capital para uma empresa pode ser
usado como uma medida de avaliação da atratividade econômica de um investimento, de
referência para a análise de desempenho e viabilidade operacional e de definição de uma
estrutura ótima de capital.

a) Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) Líquidos do Imposto de Renda

O custo de capital é estabelecido pelas condições com que a empresa obtém seus
recursos financeiros no mercado de capitais, sendo geralmente determinado por uma média
dos custos de oportunidade do capital próprio (acionistas) e capital de terceiros (credores),
ponderados pelas respectivas proporções utilizadas de capital, e líquidos do imposto de
renda. É conhecido na literatura financeira como weighted average cost of capital (WACC)
ou custo médio ponderado de capital (CMPC). O cálculo desse custo é processado pelo
critério da média ponderada pela seguinte expressão:

𝐂𝐌𝐏𝐂 = ∑ Kj x Wj
𝑗=1

Para ilustrar o cálculo do custo médio ponderado de capital, admitamos a ilustração


abaixo:

MONTANTE PROPORÇÃO/FONTE CUSTO


Capital Ordinário $ 800.000,00 40% 25% a.a.
Capital Preferencial $ 500.000,00 25% 22% a.a.
Financiamento $ 700.000,00 35% 18% a.a
Total: $ 2.000.000,00 100% (após o IR)

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Assim os custos totais das fontes de capital da empresa podem ser calculados da
seguinte forma:

CMPC = (25% x 0,40) + (22% x 0,25) + (18% x 0,35)

CMPC = 10,0% + 5,5% + 6,3%

CMPC = 21,8%

Calculando de outra maneira temos:

FONTE DE CAPITAL REMUNERAÇÃO EXIGIDA


Capital Ordinário $ 800.000,00 x 25% = $ 200.000,00
Capital Preferencial $ 500.000,00 x 22% = $ 110.000,00
Financiamento $ 700.000,00 x 18% = $ 126.000,00
Total: $ 2.000.000,00 $ 436.000,00

Assim, a remuneração exigida será de no mínimo 21,8% do volume de recursos total


à disposição da empresa, isto é:

CMPC = $ 436.000,00 / $ 2.000.000,00 = 21,8%

Um retorno menor que o CMPC informa aos acionistas que não haverá retorno
operacional e sim uma destruição de valor, isto é, o valor de mercado da empresa será
reduzido. Quando o retorno operacional é acima da taxa de atratividade significa que há
agregação de valor econômico à empresa. A geração de resultados é superior ao mínimo
exigido pelos proprietários de capital. As decisões financeiras das empresas determinarão se
ocorrerá a maximização do valor de mercado ou reduzirá o valor da riqueza dos acionistas.

b) Imposto e Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)

Os juros pagos por uma empresa são dedutíveis para fins fiscais (isso inclui, no
caso brasileiro, o pagamento de juros sobre o capital próprio para os acionistas). Isso significa
efetivamente que o governo paga parte dos juros. Já os pagamentos aos acionistas na forma
de dividendos, não são dedutíveis. Assim, ao determinar uma taxa de desconto após
impostos, precisamos distinguir entre o custo da dívida antes e após impostos.

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UM EXEMPLO:

Para ilustrar, suponhamos que uma empresa tome emprestado $1 milhão a juros de
9%. A alíquota tributária da pessoa jurídica é de 34%. Qual é a taxa de juros após impostos
sobre esse empréstimo? Os juros totais serão de $90.000 por ano. Esse montante é dedutível
dos impostos e, assim, os juros de $90.000 reduzem o total de impostos da empresa em 0,34
x $90.000 = $30.600. Portanto, os juros após impostos são de $90.000 - $30.600 = $59.400.
A taxa de juros após impostos é $59.400/$1 milhão = 5,94%.

Observe que, em geral, a taxa de juros após impostos é simplesmente igual à taxa
antes dos impostos, multiplicada por 1 menos a alíquota tributária. Se usarmos o símbolo T C
para a alíquota tributária da pessoa jurídica, então a alíquota após impostos que podemos
usar pode ser escrita como RD x (1 - TC). Por exemplo, usando os números do parágrafo
anterior, descobrimos que a taxa de juros após impostos é 9% x (1 - 0,34) = 5,94%.

Exercício Nº4

Bibliografia desta Unidade


ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti; ARAÚJO, Adriana Maria Procópio de.
Uma proposta metodológica para o cálculo do custo de capital no Brasil. Disponível em: <
http://www.institutoassaf.com.br/downloads/artigo_rausp_custo_capital_no_brasil.pdf>
Acesso em: 10 dez. 2017.
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
BREALEY, Richard A; MYERS, Stewart C.; ALLEN, Franklin. Princípios de finanças
corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
ROSS, Stephen A. [et al.]. Fundamentos de administração financeira [recurso eletrônico].
9. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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UNIDADE 6 – ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E


COMBINADA

“A alavancagem operacional é uma medida de


sensibilidade dos resultados de uma empresa à
variações em seu volume de atividade”. (ASSAF
NETO, 2016, p. 316)

6.1 Introdução a Alavancagem Operacional


A alavancagem operacional é o grau em que um projeto ou uma empresa estão
comprometidos com os custos fixos de produção. Uma empresa com alavancagem
operacional baixa terá custos fixos baixos comparada a uma empresa com alavancagem
operacional alta. De maneira geral, os projetos com investimento relativamente alto em
instalações e equipamentos terão um grau relativamente alto de alavancagem operacional.
Tais projetos são chamados de projetos intensivos em capital.

Sempre que pensarmos em um novo empreendimento, normalmente há formas


alternativas de produzir e fornecer o produto. Por exemplo, a Companhia Trilha do Veleiro
pode comprar o equipamento necessário e produzir ela mesma todos os componentes para
seus veleiros.

Alternativamente, parte do trabalho poderia ser terceirizada. A primeira opção envolve


um maior investimento em instalações e equipamentos, maiores custos fixos e depreciação
e, como resultado, um grau mais alto de alavancagem operacional.

Assim, a alavancagem operacional tem implicações importantes na avaliação dos


projetos. Os custos fixos agem como uma alavanca no sentido de que uma pequena variação
percentual da receita operacional pode ser ampliada para uma grande variação percentual no
fluxo de caixa operacional e no VPL. Isso explica por que chamamos isso de “alavancagem”
operacional.

Quanto mais alto o grau de alavancagem operacional, maior será o perigo potencial
do risco de previsão. O motivo é que erros relativamente pequenos na previsão do volume de
vendas podem ser ampliados ou “alavancados” para erros maiores nas projeções de fluxo de
caixa. Agora que entendemos a parte conceitual vamos medir a alavancagem operacional.

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6.2 Medição da Alavancagem Operacional


A alavancagem operacional resulta da existência de custos operacionais fixos na
estrutura de resultados da empresa. Quando a empresa aumenta suas vendas, haverá menor
carga de custos e despesas fixas sobre cada unidade vendida, provocando um acréscimo em
maiores proporções no Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR).

EXEMPLO PRÁTICO:

A empresa “New Age S/A” vende seu produto por R$ 25 a unidade. Os custos variáveis
unitários totalizam R$ 10 e os custos e despesas fixas totalizam R$ 12.000. Atualmente, a
empresa tem um volume de vendas anual de 2.000 unidades e está projetando um
crescimento de 25% para o próximo ano. Qual o efeito sobre o LAJIR?

Como o LAJIR cresceu em proporção maior que o crescimento das vendas,


dizemos que ocorreu Alavancagem Operacional. Inversamente, a queda nas vendas
provocará redução no LAJIR ocorrendo prejuízo operacional, com o volume abaixo do ponto
de equilíbrio.

O grau de alavancagem operacional é a medida do impacto da alavancagem


operacional sobre os lucros operacionais da empresa e pode ser mensurado pela fórmula:

No exemplo da empresa “New Age S/A”:

Concluímos que uma variação nas receitas provocará um impacto igual a 1,667 no
LAJIR.

Por exemplo, se ao invés de um crescimento projetado de 25% a empresa planejasse


um crescimento nas vendas de 10%, o impacto sobre o LAJIR será de 16,67% (10% x 1,667).
Quando a variação percentual do LAJIR é superior à variação percentual das vendas, temos

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alavancagem operacional. Isso significa que, toda vez que GAO > 1 há alavancagem
operacional. Em algumas situações, a alavancagem operacional é chamada de Risco do
Negócio.

6.3 Ponto de Equilíbrio e Alavancagem Operacional


A análise do ponto de equilíbrio permite verificar como o lucro é afetado pelas
variações nos elementos que compõem a receita de vendas, custo e despesas. O ponto
de equilíbrio (ou break even point) pode ser definido como o ponto no qual a receita de vendas
cobre todos os custos, ou seja, a empresa não tem lucro nem prejuízo.

Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-79jyuEzao34/Uel8XJC99UI/AAAAAAAAABk/8nETiII1LO4/s400/financas+ponto+


de+equilibrio+..jpg> Acesso em: 10 jan. 2018

A Receita representa o volume total de vendas (ou faturamento da empresa). É dada


pela quantidade vendida multiplicada pelo preço unitário cobrado.

Custos fixos são aqueles que permanecem constantes em certo período de tempo
independente do volume de produção e vendas.

Custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem proporcionalmente com as


flutuações no volume de vendas.

No ponto de equilíbrio: RT = CT (Receita Total é igual ao Custo Total)

Sendo: RT = p.Q (p = preço e Q = quantidade)

CT = CF+CV (Custo Fixo mais Custo Variável)


CT = CF + CVu.Q (CVu = Custo Variável Unitário).

Fazendo as devidas substituições:

p.Q = CF + CVu.Q agrupando os elementos que dependem de Q:

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p.Q - CVu.Q = CF tirando o Q em evidência:

Q (p - CVu) = CF isolando o Q:

𝐂𝐅
𝐐= Fórmula do ponto de equilíbrio (determinação
(𝐩 − 𝐂𝐕𝐮) do vol. de vendas em quantidade)

Em muitas situações é importante calcular o ponto de equilíbrio monetário. A


fórmula neste caso é:

𝐂𝐅
𝐏𝐄𝐧 = Fórmula do ponto de equilíbrio Monetário
𝟏 − (𝐂𝐕/𝐑𝐓)

EXEMPLO PRÁTICO:

Considere o Demonstrativo de Resultado da empresa “GF S/A”:

Os custos e as despesas foram analisados e assim classificados:

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O ponto de equilíbrio monetário será:

Isso significa que a empresa tem que obter um faturamento de R$ 200.000 para que
seu lucro seja zero. Qualquer venda inferior a este valor resultará em prejuízo. Em termos de
volume de vendas (em unidades) o ponto de equilíbrio será:

No DRE é possível calcular:

Preço unitário = 400.000/20.000 unidades = R$ 20

Custo Variável unitário = 280.000/20.000 unidades = R$ 14

O conceito de ponto de equilíbrio que apresentamos até aqui é eminentemente


contábil, visto que trata as receitas, custos e despesas pelo regime de competência. Ao
considerarmos apenas os custos e despesas efetivos, descontando as despesas não
desembolsáveis (como a depreciação, que não representa saída de caixa), encontramos o
Ponto de Equilíbrio Financeiro. Já o Ponto de Equilíbrio Econômico considera além dos
custos fixos, o custo de oportunidade dos recursos, exigindo um lucro mínimo que remunere
adequadamente o capital dos acionistas.

A decisão de investimento, empregando recursos próprios e de terceiros, é


determinada pela perspectiva de maior rentabilidade sobre os capitais empregados. Pode-se
completar que somente é saudável utilizar capitais dispendiosos quando a alavancagem
operacional do empreendimento for superior ao respectivo ônus.

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É relevante o conhecimento do grau de alavancagem operacional para a decisão do


gestor financeiro por permiti-lo fazer a distinção do impacto de possíveis alterações nas
vendas sobre os resultados operacionais.

6.4 Alavancagem Financeira


A alavancagem financeira resulta da existência de despesas financeiras. As despesas
financeiras não dependem diretamente do volume de vendas e produção (decorrente da
estrutura operacional), mas sim, do volume de empréstimos e financiamentos e da taxa de
juros. O LAJIR deve ser suficiente para cobrir as despesas financeiras e ainda gerar o lucro
antes do imposto de renda (LAIR).

A alavancagem financeira se refere a quanto uma empresa se apoia na dívida. Quanto


maior o financiamento por meio de dívidas que uma empresa usar em sua estrutura de capital,
maior será a alavancagem financeira que ela usa. A alavancagem financeira atribui à relação
entre capital próprio e créditos empregados em uma operação financeira. É a utilização de
ativos ou recursos com encargos financeiros fixos, para expandir os efeitos de variações do
lucro antes de juros e imposto de renda com relação ao lucro por ação.

EXEMPLO PRÁTICO:

Utilizando a empresa “New Age S/A” como exemplo. Considere que as despesas
financeiras totalizam R$ 9.000 e que o Imposto de Renda é de 15%. Qual o efeito do aumento
das vendas de 2.000 para 2.500 unidades sobre o lucro líquido?

Como o Lucro líquido cresceu em proporção maior que o crescimento do LAJIR,


dizemos que ocorreu Alavancagem Financeira.

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O grau de alavancagem financeira mede os efeitos provocados sobre o lucro líquido


pelas variações no LAJIR e pode ser calculado pela fórmula:

No exemplo da empresa “New Age S/A”:

Um GAF alto indica a existência de elevadas despesas financeiras para o LAJIR


considerado, isto implica em maior risco. Assim, risco financeiro está relacionado com a
possibilidade de o LAJIR ser insuficiente para cobrir as despesas financeiras, o que afeta
diretamente a rentabilidade e a liquidez da empresa.

6.5 Alavancagem Combinada


A alavancagem combinada, operacional e financeira, pode ser associada de diversas
formas, de modo a obter um grau de alavancagem total. A Alavancagem Total é o potencial
de custos fixos, operacionais e financeiros, utilizado para aumentar o efeito das variações nas
vendas sobre o lucro líquido, ou seja, é o efeito acumulado das alavancagens operacional e
financeira sobre o risco da empresa.

A mensuração da alavancagem total é dada pela fórmula:

Exemplo: Calculando a alavancagem total da empresa “New Age S/A”:

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Isso significa que se o volume de vendas sofrer variações, o lucro líquido da empresa
flutuará 3,33 vezes. Por exemplo, se o crescimento projetado das vendas for de 15%, o lucro
líquido crescerá aproximadamente 50% (GAT = 15% x 3,333).

Exercício Nº5

Bibliografia desta Unidade


ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2016.
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corporativas [recurso eletrônico]. 10. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
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EXERCÍCIOS

EXERCÍCIO FUNCIONAL Nº1

CASO - DYNAMIC

Os planejadores financeiros geralmente utilizam um modelo de planejamento


financeiro para ajudá-los a explorar as consequências de estratégias alternativas.
Analisaremos novamente o gestor financeiro da Dynamic para ver como ele usa um programa
de planilha de cálculo simples para elaborar o seu plano financeiro de longo prazo.

Quadro 1

O planejamento de longo prazo diz respeito ao grande cenário. Por conseguinte,


quando se constroem modelos de planejamento de longo prazo, geralmente é aceitável
aglutinar todos os ativos e passivos de curto prazo em um único dado com o título de “capital
de giro líquido”.

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O quadro acima substitui os últimos balanços da Dynamic com versões condensadas


que indicam somente o capital de giro líquido em vez de ativos ou passivos de curto prazo
individualizados. Suponha que a análise do setor, feita pela Dynamic, prevê um crescimento
anual de 20% nas vendas e nos lucros da empresa durante os próximos cinco anos. Será que
a empresa pode, realmente, esperar financiar esse crescimento por meio de retenção de
lucros e de empréstimos, ou deve planejar em função de uma emissão de ações? Os
programas de planilhas de cálculos são as ferramentas ideais para resolver problemas desse
tipo. Vamos investigar.

As relações básicas entre fontes e aplicações nos informam que:

Capital externo necessário = investimento no capital de giro líquido + investimento em


imobilizado + dividendos − fluxos de caixa operacionais

Assim, há três passos para determinar o capital adicional que a Dynamic vai precisar
e das implicações no seu índice de endividamento:

Passo 1 Determine o lucro líquido mais a depreciação do próximo ano, pressupondo


o aumento planejado de 20% nas receitas. A primeira coluna do Quadro 2 mostra esse dado
para a Dynamic no último ano de medição (2009), e é extraído do Quadro 1. As outras colunas
mostram os valores projetados para os cinco anos subsequentes.

Passo 2 Determine os investimentos adicionais no capital de giro líquido e no


imobilizado que serão necessários para sustentar o aumento da atividade e qual parte do lucro
líquido será paga sob a forma de dividendos. O total dessas despesas lhe oferece o total da
aplicação do capital. Se este último valor exceder o fluxo de caixa gerado pelas operações, a

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Dynamic precisará levantar fundos adicionais de longo prazo. A primeira coluna do Quadro 3
mostra que, em 2009, a Dynamic necessitava levantar $30 milhões de novo capital. As outras
colunas projetam suas necessidades de fundos para os cinco anos subsequentes. Por
exemplo, pode-se ver que a Dynamic precisará emitir $144,5 milhões de obrigações em 2010
se expandir à taxa planejada e não vender mais ações.

Passo 3 Por fim, construa um balanço proforma, do tipo projetado, que incorpore os
ativos adicionais e os novos níveis da dívida e do capital próprio. Por exemplo, a primeira
coluna do Quadro 4 mostra o último balanço condensado para a Dynamic Mattress. As
colunas remanescentes mostram que o capital próprio da empresa aumenta com os lucros
adicionais retidos (lucro líquido menos dividendos), enquanto a dívida de longo prazo aumenta
constantemente até $691 milhões. Durante o período de cinco anos, prevê-se que a Dynamic
contraia um empréstimo adicional de $601 milhões e, até o ano de 2014, o seu índice de
endividamento terá subido de 20% para 54%. Os pagamentos dos juros ainda serão
confortavelmente cobertos pelos ganhos, e a maioria dos gestores financeiros pode
simplesmente suportar esse montante de dívida. No entanto, a empresa não poderia continuar
a tomar emprestado nessa taxa depois dos cinco anos, e o índice de endividamento poderia
estar próximo do limite imposto pelos bancos e credores da organização.

Quadro 2

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Quadro 3

Quadro 4

EXERCÍCIO FUNCIONAL Nº2

O dono da empresa em que você vai prestar consultoria solicitou ao gestor financeiro
uma lista de linhas de financiamento para expansão das atividades. Com base nesta
informação, pesquise na internet e faça um parecer destacando quais linhas de financiamento
do mercado são mais apropriadas ao objetivo do empresário.

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EXERCÍCIO FUNCIONAL Nº3

Vamos utilizar os dados fictícios da CIA Maranhão dos exercícios 2016 e 2017 para
avaliar a estrutura de capital apresentada.

CIA Maranhão 2017 2016


Passivo Circulante 316.664 280.073
Passivo não Circulante 83.415 118.735
Patrimônio Líquido 784.000 710.811
Ativo Imobilizado 256.486 238.637
Ativo Total 1.184.079 1.109619

EXERCÍCIO FUNCIONAL Nº4

EXERCÍCIO FUNCIONAL Nº5

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