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ESPAÇO URBANO E RELAÇÕES DE GÊNERO:

tensões territoriais e reflexões sociais

ANA BEATRIZ PINTO | CAROLINA PACHECO


INTRODUÇÃO

▪ Urbanismo Moderno x Urbanismo Feminista:


A visão patriarcal no urbanismo gerando consequências na vivência das mulheres.

▪ Diferenças cotidianas de homens e mulheres:


O acesso aos espaços que as mulheres e LGBTQ+ têm é diferente, porque suas
experiências cotidianas também são.

▪ A necessidade de um espaço igualitário:


Sobre reconhecer o papel de todos os gêneros como participantes ativos da
construção da cidade.
UMA CRÍTICA AO URBANISMO MODERNO
A Revolução Industrial;
O Urbanismo Moderno: conceitos;
Jane Jacobs: Morte e Vida de Grandes Cidades (1961).

Problemáticas:
▪ Reforça a desigualdade entre homens e mulheres;
Contra o: racionalismo,
▪ Com o campo do planejamento urbano dominada por homens, surge a funcionalismo, separação
das funções na cidade,
indiferença às questões de gênero; zoneamento e mobilidade
urbana exaltando o sistema
▪ Separação por zonas reforça o modelo da família patriarcal;
viário.
▪ Homens, ao longo da história, tendo mais chances de possuir casa própria,

movimentar-se na cidade e exercer sua função de trabalho.


FEMINISMO E CIDADE

Feminismo
substantivo masculino

1.
doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das
mulheres na sociedade.
2.
por metonímia
movimento que milita neste sentido.
3.
por extensão
teoria que sustenta a igualdade política, social e econômica de ambos os sexos.

Fonte: Google
São nos espaços de sociabilidade que se atualizam e se expõem as definições culturais de gênero.
Rebolledo (1998)

NORMAS PRÉ ESTABELECIDAS MANEIRAS DE OCUPAR A CIDADE

Espaços abertos masculino Espaços fechados feminino


Domínio do espaços tradicionais

CASA E CIDADE:
espaços representativos do cotidiano
Estratégia – espaço cristalizado na
desigualdade

A casa é um espaço de referência por ser um abrigo, um refúgio. Contudo, esse


refúgio toma um significado diferente, dependendo do gênero. Para o homem
cis, a casa é um lugar de descanso, um lar, uma fuga do seu trabalho e da
correria da cidade. Para as mulheres e a maioria dos LGBTQ+, a casa é um
lugar de segurança, um abrigo que lhes permite sentir-se em paz e sem medo.

Perante isso, podemos afirmar que a classe trabalhadora feminina muitas vezes não vive
propriamente o espaço público, mas o atravessa para garantir a manutenção familiar.
SOBRE AS DIFICULDADES URBANAS
Os espaços públicos de cruzamento não são geralmente pensados para uma melhor vivência e permanência para as minorias

Iluminação pública insegura

Veículos como prioridade

Infraestrutura precária

Transporte público propício à assédios

Fachadas cegas

Quando se vive numa sociedade em que, para alguns, o medo, o preconceito, a falta de respeito, a falta de oportunidades iguais, a
violência, a submissão - dentre várias outras formas de opressão - estão presentes, os déficits encontrados na cultura do planejamento
urbano brasileiro se intensificam.
Mesmo predestinada de atributos importantes provenientes do espaço público, dos
interesses, atividades e fluxos compartilhados, a cidade é também “palco moderno” da
inacessibilidade às garantias básicas de sobrevivência humana de uma massa de pessoas.
Apesar do espaço urbano ser construído por uma multiplicidade quase infinita de elementos,
esse desequilíbrio de acesso está na dependência das classes sociais.
GERAÇÃO DE VIOLÊNCIA E MEDO NAS CIDADES.
VIOLÊNCIA URBANA TEM
GÊNERO!
mulheres e LGBTQ+ são os principais
alvos dessa violência

Números apontam que a realidade não se


distanciou do passado, onde os fatos dos
homicídios femininos mostram que 31,2%
desses acontecem na rua, porcentagem
comparada com os que acontecem nos
domicílios das vítimas, que alcançam os
27,1%.
Agressões contra a população LGBTQ+
estão presentes nas diversas esferas de
convívio social e constituição de
identidades dos indivíduos. Suas
ramificações se fazem notar no
universo familiar, nas ruas, nas escolas,
nos ambientes de trabalho, em
instituições públicas, e em diversas
esferas da sociedade.
ASSASSINATOS DE LGBTQ+ EM 2015
10%

16%

52%

37%

318 assassinatos
registrados
durante o ano

Gays Travestis Lésbicas Bissexuais


Fonte: Grupo Gay da Bahia, 2016
SOBRE A MOBILIDADE URBANA NO BRASIL

PERDA DO VALOR SUBJETIVO DE SENTIR E


Valorização tecnológica e funcionalidade Cidade individualista
PARTICIPAR DE FORMA CONJUNTA NA CIDADE

Segundo Magagnin e Silva (2008): há


dificuldade de implementar um sistema
que priorize o pedestre.

CIRCULAR, HABITAR, TRABALHAR E REALIZAR LAZER?


SOBRE A MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
Ainda segundo Magagnin e Silva 2008, o que mais dificulta a
implementação de um sistema mais voltada ao pedestre seria:

1. O uso excessivo do automóvel;

2. A falta de políticas públicas para melhorar e incentivar os transportes


alternativos e ativos;

3. A falta de qualidade das vias públicas e de implementação de


equipamentos às novas demandas de residências e serviços periféricos
resultantes da crescente dispersão espacial.

Hoje, vemos diversas cidades brasileiras que não conseguem


comportar a quantidade de veículos motorizados, com custos
econômicos elevados.
MOBILIDADE E INCLUSÃO DE GÊNERO

Especialmente para as
mulheres, as cidades onde exibem um
déficit na segurança pública faz com
que o fato de andar à noite seja
sinônimo de colocar a vida em risco.

O planejamento urbano
voltado para uma circulação
individualista, elitista e “fria”

Reflexo e representação de apenas


um lado da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A defesa da vivência pode caracterizar as


ações coletivas das mulheres e LGBTQ+, no
contexto de carências, injustiças e pobreza.

Referências simbólicas e físicas que recuperem a qualidade de


vida urbana.

CIDADE
Espaço de interação onde se expõem direitos e deveres,
tendo sujeitos ativos cientes de seu papel, tanto na vida
social quanto na vida pública.
Percursos
Seguros

Lugares Identidade
Movimentados +
Autonomia

REEQUILÍBRIO E HUMANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS


Cidade como uma esfera de abertura, transparência e horizontalidade.
Necessidades de todos os cidadãos, construção dos espaços igualitários.
Reconhecimento que leva ao replanejamento.

QUEBRA DE AMARRAS DE DISCRIMINAÇÃO E HIERARQUIAS IMPOSTAS.


Participação popular como principal ferramenta do Planejador Urbano.
AMABILIDADE URBANA

Qualidade urbana
dotada de uma
Ruptura dos Visar a cidade
dimensão física que
hábitos como a
surge como um
individuais reunião de
componente do legados
cristalizados espaços
das intervenções
no espaço coletivos mais
temporárias praticadas
coletivo. amáveis.
nos espaços coletivos
das cidades.

Identificação e apropriação do espaço.


Não permitir que as escalas dos espaços influenciem diretamente as interações que nele ocorrem.

Desvincular o pensamento em relação


ao crescimento da cidade puramente
Cinco Pilares para o Crescimento da
para a visão capitalista: Cidade Feminista

Carros - Indústrias - Áreas Homogêneas


1. Autonomia
Espaço 2. Vitalidade
3. Proximidade
4. Diversidade
5. Representatividade
Cotidiano

Melhora da qualidade de vida É necessário transformar a sociedade a


partir da configuração dos espaços,
contribuindo na modificação da
realidade patriarcal.
Referências Bibliográficas
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
VIEIRA, Cláudia; COSTA, Ana Alice. Fronteiras de Gênero no Urbanismo Moderno. 2014;
MAGAGNIN, Renata C.; SILVA, Antônio N. R. A Percepção Do Especialista Sobre O Tema Mobilidade Urbana. 2008.
RODRIGUES, Gustavo P. Desenhando As Vias Públicas: Reflexões Sobre O Espaço Urbano. 2011.
CYFER, Ingrid. Afinal, o que é uma mulher? Simone de Beauvoir e “a questão do sujeito” na teoria crítica feminista.
Lua Nova, São Paulo, 93: 329-341, 2014;
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. 2014;
BEAUVOIR, Simone de. A força das coisas. 1963;
SABOYA, Renato; BANKI, Gabriela; SANTANA, Julia. Uso do Solo, Visibilidade e Ocorrência de Crimes: um Estudo
de Caso em Florianópolis, Santa Catarina;
FONTES, Adriana Sansão. Amabilidade Urbana: A Qualidade do Espaço-Tempo da Intervenção Temporária;
VIEIRA, Cláudia; COSTA, Ana Alice. Fronteiras de Gênero no Urbanismo Moderno. 2014;
CHOAY, Françoise. O urbanismo: utopias e realidades, uma antologia. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
http://www.ciudadygenero.org/
http://thecityfixbrasil.com/2018/03/20/cinco-projetos-urbanos-que-transformaram-suas-cidades/
https://www.archdaily.com.br/br/892431/uma-cidade-coletiva-e-uma-cidade-
feminista?utm_medium=email&utm_source=ArchDaily%20Brasil&kth=953,377
http://www.pikaramagazine.com/2016/05/la-bicicleta-vehiculo-en-la-emancipacion-de-la-mujer-2/
http://www.punt6.org/en/vision/

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