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A primeira palavra que nos ocorre quando tentamos explicar a ética calvinista é
"teocêntrica". A centralidade em Deus caracteriza tudo que esta associado com a
fé reformada. A soberania de Deus marca o começo, o meio e o fim de toda a
realidade, toda a história e toda a existência. A glória de Deus como o alvo de
todas as coisas, especialmente do viver cristão, é o tema abrangente da ética
reformada. Celebrando o ilimitado poder, soberania e conhecimento de Deus, o
apóstolo Paulo cantou: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as
coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Rm 11.36).
Esta pequena palavra “para” significa que existe uma ordem de prioridade. Há
uma ordem de importância final. E a ordem é simples: Deus é absoluto e o
ministério pastoral não, os estudos não o casamento não é.
Se Deus e sua soberania são o coração da ética calvinista, a união dos crentes
com Cristo é a sua corrente sanguínea (Rm 6.1-14; 2Co 12.9; Fp 2.12-13; 4.13).
A restauração da imagem de Deus naqueles que estão unidos com Cristo é o alvo
do evangelho, o proposito da salvação e a plena expressão da vida cristã. Essa
imagem é mostrada mais perfeitamente na pessoa e obra do Deus-homem, Jesus
Cristo. Como novas criaturas em Cristo, os crentes estão sendo renovados em
conhecimento, justiça e santidade, de acordo com a imagem de seu Criador e de
seu Senhor Jesus Cristo (Cl 3.9-10; ver também, especialmente, Rm 8.29 e Ef
4.24). Seguir o padrão estabelecido por Cristo é a essência da ética calvinista.
Esse padrão envolve morrer para o pecado e viver em grata obediência para com
Deus (Rm 6.1, 4-6; 8.13; 12.1; Cl 2.20; 3.1-17). Ate que Cristo retorne em glória, a
forma do viver cristão é uma cruz (G1 6.14): os crentes morrem para o ego e
para o pecado, a medida que se negam a si mesmos e suportam perseguição e
dificuldades enviadas pela provisão divina, especialmente as provações
suportadas por amor ao evangelho.
Visto que a morte física não é o fim da existência e que este mundo não é tudo
que existe, os crentes vivem com uma visão dual, cuidando das tarefas diárias
enquanto meditam na bem-aventurança da vida futura com Cristo. Mem disso, os
crentes são encorajados a perseverar na fé em meio a aflição pela prospectiva
real das recompensas divinas para a sua obediência. Essas recompensas se
devem completamente à graça de Deus e são outorgadas em proporção ao amor
do crente por essa graça (Mt. 16. 27; Lc 17.10; Ap. 22.12).
A graça não é dada como uma alternativa ou suplemento a natureza, mas como
um meio de restaurar a natureza; a redenção não despreza a criação, mas um dia
a renovará.
Portanto, Deus chama os crentes a usarem a criação e seus dons com moderação
e liberdade. Primeiro, moderação é necessária porque o pecado produz paixões
descontroladas e desejos excessivos no coração humano, que leva ao mau uso
dos dons da criação. Os crentes também são chamados a moderação para que
nossa alegria nos dons da criação do sejamos controlados e sejamos levados ao
contentamento. Esse contentamento produz paciência na adversidade e
humildade para com Deus e o nosso próximo. Segundo, a liberdade cristã e um
bem precioso ou, nas palavras de Calvino, "um bem de primeira necessidade",
porque ignorá-la torna a consciência temerosa e vacilante. Essa liberdade
consiste de três partes: (1) liberdade de consciência, pois Cristo libertou os
crentes da maldição e da condenação da lei; (2) liberdade de filhos que
obedecem a seu Pai celestial sem temor de recriminação ou julgamento; (3)
liberdade no uso dos dons da criação, servindo o próximo com amor, em vez de
satisfazer as paixões pessoais de autossatisfação e luxúria.