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DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO

CURSO: DIREITO

PROFESSORA: ELEUSA SPAGNUOLO SOUZA

PARACATU – MG
2º SEMESTRE 2018
Estimado(a) Aluno(a)

O material para estudo da disciplina de Ciência Política e Teoria Geral


do Estado para o semestre em curso está contido nessa apostila seguindo a
ordem cronológica do PDD. O conteúdo dessa apostila é resultante da
pesquisa feita na bibliografia indicada nas próximas páginas.

As aulas teóricas são resumos do material contido na apostila e os


estudos em sala de aula (metodologia ativa) serão fundamentados nos artigos
que estão inseridos nesse trabalho oferecendo ao aluno uma visão mais
abrangente.

As provas serão fundamentadas no conteúdo da apostila onde os


alunos receberão uma visão básica através das aulas teóricas e
aprofundamento nas aulas de metodologia ativa que possui um momento para
leitura individual; solução de problemáticas apresentadas; estudo em grupo;
apresentação em grupo ou individual das soluções encontradas para as
problemáticas e finalmente um resumo individual do estudo elaborado que será
entregue ao professor valendo nota.

Esclareço da necessidade do aluno estudar bastante para que possa


compreender e assimilar toda matéria lecionada principalmente os conceitos
estruturais da economia política.

Aconselho ao aluno estudar a matéria antes do professor apresentar


sua visão sobre o assunto para que o discente seja participativo nas aulas e
não seja uma figura passiva diante dos acontecimentos.

Professora Eleusa Spagnuolo Souza


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE DIDÁTICA CONTEÚDO DA UNIDADE DIDÁTICA

1 Introdução à Teoria Geral 1.1 A ciência política: conceitos básicos


do Estado
1.2 Diferenciações entre Ciência Política e Teoria Geral do
Estado
2 Sociedade 2.1 A origem da sociedade: natural e contratual

2.2 A Sociedade e seus elementos característicos

2.3 O movimento Social: globalização e regionalização

2.4 As sociedades políticas: teológica, capitalista, socialista,


comunista, anarquista, despótica.

3 O Estado 3.1 Origem e Formação do Estado: familiar, patrimonial, força,


religiosa.

3.2 Tipos históricos de Estados: grego; romano; medieval;


moderno; pós-moderno.

3.2.2 Elementos essenciais do Estado pós-moderno: território,


povo, soberania.
4 Estado e Direito
4.1 Personalidade Jurídica do Estado

4.2 O Estado: noção de força e noção de ordem.

4.3 Estado e Nação

4.4 Movimentos reformistas: revolução inglesa; revolução


americana; revolução francesa.

5.1 Formas de governo: formas puras (monarquia, aristocracia,


5 Estado e Governo
democracia, república); formas impuras (tirania, oligarquia,
demagogia)

5.2 Formas de Estado: unitária, federativa; confederada.

5.3 Os sistemas de governo: monocrático; presidencialismo;


parlamentarismo.

5.4 Representações partidárias

5.5 O sufrágio universal e restrito

6 A Problemática do Estado 6.1 Relações Internacionais.


Pós-Moderno
6.2 A declaração de direitos e normas de direitos humanos

6.3 A intervenção do Estado na Sociedade


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

AZAMBUJA, Darcy. Introdução à Ciência Política. Porto Alegre: Globo, 2008.

BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 32. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2002.

BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política.
15. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

MARIOTTI, Alexandre. Teoria do Estado. Porto Alegre: Síntese, 1999.

RIBEIRO JÚNIOR, João. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 2 ed. São
Paulo: Edipro, 2001.

WEFFORT, Francisco Correia. Os Clássicos da Política. 14. ed. São Paulo: Ática,
2006, v. 1.
I INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DO ESTADO

1.1 A Ciência Política: conceito básico

Ciência política é o estudo da política, dos sistemas políticos, dos processos


políticos que tentam assegurar segurança, justiça e direitos civis. Podemos
sintetizar que ciência política é o estudo do poder.

Política é negociação para compatibilizar interesses públicos ou espaço


público, preocupando com o aspecto educacional, segurança, salário,
habitação e espaço ambiental.

Sistema político é sinônimo de sistema de governo: como o poder político é


dividido no âmbito do Estado; como se manda ou como o governo se estrutura
para mandar. São três os sistemas de governo: monocrático; presidencialista e
parlamentarista.

Processo Político: gestão ou iniciativa de administrar através da integração das


várias áreas do governo.

Poder: é o direito de deliberar, agir e mandar, exercer autoridade. Poder é a


habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de
poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político. É a
capacidade de impor algo sem alternativa para a desobediência.

Existem três formas de se abordar os objetos de estudo desta ciência:

 Política descritiva, ou empírica: nesta linha os pesquisadores optam por


análises meramente positivistas da realidade política, centrando
principalmente na coleta fieis de dados e análise objetiva dos referidos
dados.
 Teoria política: nesta abordagem, os pesquisadores partindo dos dados
empíricos tentam explicar a realidade tomando por base a teoria política.
 Política comparada: busca comparações entre diversas realidades
políticas das sociedades. Questionam-se hipóteses ou teorias feitas a
respeito de uma única realidade delimitada.

A utilidade da ciência política baseia-se na existência de uma disciplina que


consiga sistematizar os processos, movimentos e instituições políticas, isto é,
os fenômenos políticos. Ajuda através dos seus instrumentos analíticos e
teorias a uma melhor compreensão dos sistemas políticos, o que vai
proporcionar um melhor conhecimento e aperfeiçoamento dos sistemas
políticos, e que vai permitir aos cidadãos mais esclarecidos intervir na
legitimação do poder e participar de forma activa na vida política dos Estados.

1.2 Diferenciações entre Ciência Política e Teoria Geral do Estado

1.2.1 Estado: forma organizacional que manifesta o poder para governar um


povo dentro de uma área territorial delimitada, tendo soberania em suas
decisões. As funções tradicionais do Estado englobam três domínios: Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.

1.2.2 Teoria Geral do Estado: estuda os fenômenos do Estado, desde sua


origem, formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades,
compreendendo-se no seu âmbito tudo que considera existindo no Estado ou
sobre ele influindo. Busca o aperfeiçoamento do Estado que possui por objetivo
a eficácia e com justiça.

1.2.3 Ciência Política: estudo do poder que vai encarnar ou movimentar a


máquina estatal. Conforme Hannah Arendt o poder passa a existir quando as
pessoas se reúnem e agem em solidariedade, e que desaparece assim que
elas se separam. A força que as mantém unidas é à força da promessa ou do
contrato mútuo. O poder só é efetivado enquanto a palavra e o ato não se
divorciam, quando as palavras não são vazias e não são empregadas para
velar intenções, mas para revelar realidades, e os atos não são usados para
violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades. O poder passa a
existir entre os homens quando eles agem juntos, e desaparece no instante em
que eles se dispersam. Onde o poder desaparece surge a violência ou sistema
ditatorial.

2 SOCIEDADE

Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada, é uma


associação amistosa com os outros. O conceito de sociedade pressupõe uma
convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada
conscientemente.

2.1 A Origem da Sociedade: natural e contratual

Existem duas teorias sobre a origem da sociedade: teoria social e teoria


contratual.

2.1.1 Teoria Naturalista

O homem é por natureza um animal social, e que é por natureza e não por
mero acidente. O desapego da sociedade seria um estado de escolha pessoal
pela barbárie; ignorância total diante dos fatos da vida ou, no outro extremo,
pela pureza do ser, pelo desapego incondicional em um estado de quase
santidade ou divindade do ser-humano.

É consenso entre os teóricos do Naturalismo que o homem busca a


cooperação entre seus iguais com certos objetivos – que podem não ser os
mesmos em sua totalidade –, mas que confluem “na consecução dos fins de
sua existência”.

2.1.2 Teoria Contratualista


Contrapondo-se aos Naturalistas temos aqueles que consideram que a
sociedade surge a partir de um acordo mútuo, fundamentado no consenso e
ratificado visando sua junção sob os mesmos objetivos.

Para Thomas Hobbes, o homem vive inicialmente em 'estado de natureza. Este


estado de natureza, em Hobbes, traria situações de desordem, caso não seja
reprimido pela razão ou por instituições políticas eficientes.

Hobbes chama a atenção para o perigo da situação, considerando o homem –


em estado de natureza – uma ameaça, acarretando uma permanente guerra de
todos os homens contra todos.

Esta situação, em Hobbes, gera um cenário de total desconfiança, surgindo,


assim, a celebração do contrato social, passando o homem a agir
racionalmente.

2.2 A Sociedade e Seus Elementos Característicos

Corrente Positivista: negam a possibilidade de escolha. O homem está


submetido, inexoravelmente a uma série de leis. Existem fatores determinando
a vida em sociedade. Esses fatores podem ser de ordem filosófica, ideológica e
política. O homem tem sua vida social condicionada não havendo a
possibilidade de o povo escolher o objetivo da vida social. Na corrente
positivista não existe liberdade ou democracia. Sociedade governada por uma
minoria que impõe seus objetivos a uma maioria.

Corrente Social: o bem comum que atenda aos desejos da maioria da


população, mas que permita a cada um a consecução de seus fins particulares.
O bem comum consiste no conjunto de todas as condições de vida social que
consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da consciência humana.
Nesta ideia de integral desenvolvimento da consciência está compreendido os
valores materiais e espirituais, que cada homem julgue necessário para a
expansão de sua consciência. A sociedade deve buscar a criação de condições
que permitam a cada homem e a cada grupo social a consecução de seus
respectivos fins particulares. Quando uma sociedade está organizada de tal
modo que só promove o bem de uma parte de seus integrantes, é sinal de que
ela está mal organizada e afastada dos objetivos que justificam sua existência.

Manifestação Ordenada em Conjunto: A simples reunião de pessoas


objetivando o bem comum não é suficiente para assegurar o alcance do
objetivo almejado. Para tal, os componentes da sociedade devem manifestar-
se em conjunto, de modo ordenado. Realizar manifestações em conjunto
conforme determina a lei.

Poder legítimo consentido: Sem o consentimento do povo o governo torna-se


totalitário substituindo a vontade da maioria do povo pela dos próprios
governantes.

2.3 O Movimento Social Centrífugo e Centrípeto


2.3.1 Globalização

Surge uma rede planetária de processos industriais, tecnológicos e culturais,


entre outras características, que interpela sujeitos diferentes, em dimensões
espaciais diversas, através de informações, bens simbólicos, novas
tecnologias. Surge o conceito de desterritorialização, em que os limites entre
locais, bem como o tempo de acesso a eles se tornam mais relativos,
comprimidos ou nulificados quando usamos a internet.

2.3.2 Singularização ou Regionalização

Ocorre uma retomada das tradições locais, num processo de busca por traços
culturais capazes de marcar a diferença entre os povos e o sentimento de
pertença destes aos seus territórios de origem, bem como impulsionar uma
produção simbólica que os possibilite acumular capitais cultural, social e
econômico frente ao primeiro movimento.

2.4 As Sociedades Políticas

2.4.1 Sociedade Teológica

A história é o espetáculo da criação de Deus. O fator que mantém a unidade de


uma sociedade ou civilização não é de natureza nacional, política ou racial,
mas uma cultura comum cujo aspecto mais profundo é a religião. Toda a
história é a execução de um plano divino. O verdadeiro objetivo da humanidade
é a glorificação de Deus e a jubilosa comunhão com Ele. A religião é a
verdadeira base da nova sociedade universal, que deve ser construída sobre o
alicerce granítico da fé, e não sobre as areias da economia.

2.4.2 Sociedade Capitalista


O Estado burguês gere os negócios comuns de toda a classe burguesa. Com o
desenvolvimento da burguesia desenvolve-se o proletariado, que só podem
viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho na medida em que
aumenta o capital.
A burguesia aglomerou as populações, centralizou os meios de produção,
concentrou a propriedade em poucas mãos e centralizou a política. O
operariado foi transformado em mercadoria. Quando vende sua força de
trabalho ele é transformado em mercadoria. O operário passou a ser escravo
da classe burguesa, do Estado burguês, escravos da máquina, do
contramestre e, sobretudo, do dono da fábrica.
A sociedade capitalista é caracterizada pela concentração de capital em
poucas mãos.
2.4.3 Sociedade Socialista

É uma sociedade onde procura harmonizar a burguesia com o proletariado.


Fazer com que os operários se afastem de qualquer movimento revolucionário,
demonstrando-lhes que não será tal ou qual mudança política, mas somente
uma transformação das condições da vida material e das relações econômicas,
que poderá ser proveitosa para eles. Os burgueses são burgueses, no
interesse da classe operária.

Querem a sociedade atual, mas eliminando os elementos que a revolucionam e


a dissolvem a sociedade burguesa. Querem a burguesia sem a luta dos
proletariados.

Melhorar as condições materiais de vida para todos os membros da sociedade,


mesmo dos mais privilegiados. A sociedade socialista é atualmente
denominada de Estado do Bem Estar Social. Procura aumentar a centralização
do Estado.

2.4.4 Sociedade Comunista

Derrubada da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo


proletariado. Abolição da propriedade privada. Abolir a individualidade
burguesa, a independência burguesa, a liberdade burguesa.

Suprimi a exploração do homem pelo homem e a exploração de uma nação por


outra.

Centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos das cooperativas que


funcionariam em rede substituindo o Estado.

2.4.5 Sociedade Anarquista

Morte do direito e emerge a ética. A ética não invade o espaço do outro. O


anarquismo elimina também a moral que são os usos e costumes impostos
pela sociedade. A principal ideia que rege o anarquismo é de que o governo
formal é totalmente desnecessário, violento e nocivo, tendo em vista que toda a
população pode, voluntariamente, se organizar e sobreviver em paz e harmonia
(anarquismo político) desde que exista a ética.

O homem é um ser que por natureza é capaz de viver em paz com seus
semelhantes. A organização na sociedade anarquista não é descontrolada, ela
depende da autodisciplina e cooperação voluntária, está baseada no instinto
natural do homem; não é uma decisão hierárquica.

A liberdade é o direito absoluto de todo homem ou mulher que devem procurar


na consciência e na própria razão as sanções para seus atos, de determiná-los
apenas por sua própria vontade e de, em consequência, serem responsáveis
primeiramente perante si mesmos, depois, perante a sociedade da qual fazem
parte.

Os anarquistas acreditam no ideário libertário como um todo, não idolatrando


nem privilegiando qualquer escritor ou teórico desta vertente de estudos.
Rejeita a idéia de gurus políticos ou religiosos. Em síntese, o anarquismo é
convencionado entre os libertários como sendo a emergência de um
sentimento puro, sob o qual cada adepto deve desenvolver dentro de si mesmo
o seu próprio instrumental intelectual para legitimá-lo e, mais do que isso,
potencializá-lo.

2.4.6 Sociedade Despótica

O despotismo é uma forma de governo na qual uma única entidade governa


com poder absoluto. Pode ser uma entidade individual (autocracia), ou pode
ser um grupo (oligarquia). O despotismo constitui uma das formas mais
autoritárias de se governar um Estado ou uma nação. No Despotismo apenas
um só governa, sem leis e sem regras, arrebata tudo sob a sua vontade e seu
capricho.

Uma característica típica do despotismo é a falta de ligação entre o governante


com os governados. O despotismo procura no isolamento dos homens a mais
segura garantia de sua duração.

O despota muitas vezes atinge o poder pelas vias democráticas ou movimentos


populares, mas com o tempo busca enfraquecer as demais instituições, reger
leis de interesse próprio e adquirir autoridade absoluta.

3 O ESTADO

3.1 Origem e Formação do Estado

Numerosas e variadas teorias tentam explicar a origem do Estado, e todas elas


contradizem nas suas premissas e nas suas conclusões. O problema é dos
mais difíceis, porquanto não dispomos de elementos seguros para reconstituir
a história e os meios de vida das primeiras associações humanas, pois
dispomos apenas dos documentos dos seis mil anos de história da
humanidade, sendo que o gênero humano apareceu aproximadamente quatro
milhões de anos antes de cristo.

Assim é que todas as teorias são baseadas em meras hipóteses. A verdade é


que temos apenas teorias, pois, escassos são os informes que temos, por
exemplo, da formação do Estado egípcio que é um dos mais antigos da nossa
época atual, nada sabemos. Nem mesmo os livros vedantas nos esclarece com
dados objetivos a origem do Estado hindu que é datado de seis mil anos antes
de Cristo.

3.1.1 Origem Familiar


Esta teoria, de todas as existentes, é a mais antiga, apoia-se na derivação da
humanidade de um casal originário. Compreende duas correntes
principais: a) Teoria Patriarcal; e, b) Teoria Matriarcal.

Teoria Patriarcal: sustenta a teoria que o Estado deriva de um núcleo familiar,


cuja autoridade suprema pertenceria ao ascendente varão mais velho
(patriarca). O Estado seria, assim, uma ampliação da família patriarcal. Grécia
e Roma tiveram essa origem, segundo a tradição. O Estado de Israel (exemplo
típico) originou-se da família de Jacob, conforme relato bíblico.

A família patriarcal transferiu para o Estado sua própria estrutura: unidade do


poder, direito de primogenitura, inalienabilidade do domínio territorial,
autoridade centrada no topo da hierarquia. Seus argumentos, porém, se
ajustam às monarquias, especialmente às antigas monarquias centralizadas,
nas quais o monarca representava, efetivamente, a autoridade do pater.

O Estado seria a união de várias famílias. Os primitivos Estados gregos foram


grupos de clans. Estes grupos formavam as gens; um grupo de gens formava a
frataria; um grupo de fratias formava a tribo; e esta se constituía em cidade-
estado. O estado-cidade evoluiu para o Estado nacional ou plurinacional.

Teoria Matriarcal: dentre as diversas correntes teóricas da origem familiar do


estado e em oposição formal ao patriarcalismo, destaca-se a teoria matriarcal.

A primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe. Era


incerta a paternidade, teria sido a mãe a dirigente e autoridade suprema das
primitivas famílias.

3.1.2 Origem Profissional

A origem do Estado está em garantir o exercício profissional ou corporações de


ofício. O Estado surge para garantir o livre exercício profissional principalmente
nos burgos da Idade Média.

3.1.3 Origem Patrimonial

O Estado surge para proteger a propriedade privada e regulamentar as


relações de ordem patrimonial.

O Estado feudal, da Idade Média, ajustava-se perfeitamente a esta concepção,


pois, era uma organização essencialmente de ordem patrimonial. Decorre
desta teoria, de certo modo, a afirmação de que o direito de propriedade é um
direito natural, anterior ao Estado. A posse da terra e para garantir a profissão
houve a organização do Estado.

3.1.4 Origem na Força


Também chamada “da origem violenta do Estado”, afirma que a organização
política resultou do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais
fracos. O Estado surge para garantir o poder da minoria diante do povo.

O poder público surgiu com a finalidade de regulamentar a dominação dos


vencedores e a submissão dos vencidos. O Estado é inteiramente uma
organização social imposta por um grupo vencedor a um grupo vencido,
destinada a manter esse domínio internamente e proteger-se contra ataques da
maioria.

Sempre houve luta; a guerra foi, em geral, o princípio criador dos povos e o
mais forte criou o Estado para impor a dominação a todas as pessoas
individualmente.

3.1.5 Origem Religiosa

A princípio, o poder do governo em nome e sob a influência dos Deuses,


contanto assim, com uma justificação natural, aceitável pela simples crença
religiosa. O Estado fundado no direito divino, entendido como expressão
sobrenatural da vontade de Deus.

O governante forma uma estrutura de governo e quem governa é decorrente da


vontade de Deus e não devido a vontade humana.

3.2 Tipos Históricos de Estado

Os tipos históricos de Estado são os seguintes: Estado Grego; Estado


Romano; Estado Medieval, Estado Moderno, Estado Pós Moderno.

3.2.1 Estado Grego.

Caracterizado pela cidade-Estado (pólis), que era a reunião dos cidadãos no


interior de cada polis. Cada cidade possuía suas próprias leis e governo.
Autossuficiência de cada cidade. Participação direta do povo nas decisões
políticas e no exercício dos cargos públicos. Ausência de direitos individuais,
pois o cidadão somente existia incorporado ao Estado, predominava total
restrição de liberdade individual. O povo era composto somente de homens
livres, maiores de idade, nascidos na cidade que representava em média 10%
da população. Ampla participação política, porém sem a noção de direitos
individuais.

3.2.2 Estado Romano.

A cidade de Roma nasceu em 753 a.C. como cidade-Estado da união de várias


gens (grandes famílias, chefiadas pelos patriarcas, ou patres). Expandiu-se por
quase toda a Europa e parte do Oriente Médio e norte da África. Todas as
decisões políticas eram tomadas em Roma e somente cidadãos romanos
tinham direitos políticos. Os cargos importantes (magistraturas) eram exercidos
pelos patrícios (descendentes dos fundadores). O Senado era o órgão político
mais importante. Dois senadores exerciam uma espécie de poder executivo
(consulado). Os cidadãos romanos eram consultados pelo Senado e votavam
em praça pública sobre as leis e outros assuntos importantes. Havia limites ao
poder do Estado, pois o poder do pai no interior da família era absoluto.

3.2.3 Estado Medieval.

Com a queda do Império Romano as cidades foram abandonadas e o povo foi


viver no campo sob a proteção do senhor feudal.

Não havia o Estado, mas uma pluralidade de poder dos senhores feudais. Por
diversos meios os senhores feudais mais poderosos vão unificando os feudos e
formando os Estados Absolutistas.

O rei possui o poder exclusivo sobre o território; igreja, senhores feudais,


cidades e sobre o povo. O direito é unificado e são criados órgãos de
administração e um exército profissional. Os primeiros Estados Absolutistas:
Inglaterra, Portugal, Espanha, França.

Estabeleceu-se laços de fidelidade rígidos e hierarquizados entre as pessoas,


desde o servo da gleba e o senhor feudal até os reis, o imperador e o papa.
Um senhor podia ser vassalo de outro senhor ou de um rei, que por sua vez
podia ser vassalo do imperador ou do papa.

3.2.4 Estado Moderno.

Com o crescimento das cidades, surge a burguesia, uma nova classe social de
comerciantes que dá apoio à unificação do poder, o que significava paz e
segurança para os negócios. Forma-se o Estado Moderno, com suas
características de soberania e territorialidade. Durante a época moderna o
absolutismo monárquico foi substituído pela República. Podemos dizer que o
Estado Moderno surge com a Revolução Francesa 1789. A modernidade
abrange a queda das monarquias, a primeira (1790) e segunda revolução
(1890) industrial.

3.2.5 Estado Pós Moderno

Podemos dizer que o Estado Pós-Moderno surge com a primeira revolução


tecnológica em 1980 que gerou o avanço inquestionável do capitalismo. Outros
aspectos históricos que indicam o início da Pós-Modernidade: condição social
prevalente no capitalismo; queda do Muro de Berlím em 1989; o colapso da
União Soviética e a dissolução do racionalismo como sendo tentativa para
explicar tudo que ocorre na sociedade, no ser humano, no mundo e no
universo.

Insegurança e rapidez nas mudanças estruturais. Tudo desmorona com muita


facilidade. Privatização de nossas vidas ou isolamento dos indivíduos. Forma
de lazer solitária. Impessoalidade dos lugares onde fazemos nossas compras
onde as pessoas se encontram sem se conhecerem. Inibição do espaço
público, massificação das informações. Sociedade de controle impondo ao
cidadão cada vez o toque de recolher que o obriga a ver-se cada vez mais
longe de sua liberdade. Controle social que não permite ao povo passear ou
mobilizar-se em massa.

Passagem da estrutura de solidariedade coletiva para disputa e competição; o


fim da perspectiva do planejamento a longo prazo.

O sociólogo Bauman salienta que a pós-modernidade é a sociedade do


caçador. O caçador não cuida do global buscando o equilíbrio das coisas. A
única tarefa do caçador é perseguir outros caçadores, matar o suficiente para
encher seu reservatório. A maioria dos caçadores não considera que seja sua
responsabilidade garantir a oferta na floresta para outros, que haja reposição
do que foi tirado.

Se as madeiras de uma floresta forem relativamente esvaziadas pela ação do


caçador, ele acha que pode se deslocar para outra floresta e reiniciar sua
atividade. Pode ocorrer aos caçadores que um dia, em um futuro distante e
indefinido, o planeta poderia esgotar suas reservas, mas isso não é a sua
preocupação imediata, isso não é uma perspectiva sobre a qual um único
caçador, ou uma "associação de caçadores", se sentiria obrigado a refletir,
muito menos a fazer qualquer coisa.

O progresso é pensado não mais a partir do contexto de ampliação da


consciência, mas em conexão com o esforço desesperado para se manter na
corrida. O truque é manter o ritmo com as ondas. Se não quiser afundar,
mantenha-se surfando, o que significa mudar o guarda-roupa, o mobiliário, o
papel de parede, o olhar, os hábitos, em suma, você mesmo, quantas vezes
puder.

A sociedade pós-moderna é ter pessoas que se fixem em roupas,


computadores, móveis ou cosméticos que estão sendo vendidos agora. Rápida
eliminação dos resíduos se tornou a característica do ser humano pós-
moderno. Sempre ter mais, sempre ter o novo, sempre eliminando o antigo que
foi acrescentando na exterioridade humana.

3.3 Elementos Essenciais do Estado Pós-Moderno.

Elementos do Estado: território, povo e soberania.

3.3.1 Soberania: poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de


seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de
convivência. Dentro desses limites o poder soberano tem a faculdade de utilizar
a coação para impor suas decisões.
3.3.2 Território: é o espaço no qual predomina a validade da ordem jurídica
estatal. O poder estatal é exercido somente dentro dos limites do território. O
território é indispensável para a existência do Estado. Não existe Estado sem
território. O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado. O
território abrange o espaço físico da terra, duzentas milhas do mar e
compreende o espaço aéreo.

O espaço aéreo nacional é a porção da atmosfera localizada sobre o território


de um Estado. O direito internacional reconhece a soberania exclusiva do
Estado sobre o espaço aéreo sobrejacente

No ano de 1966 a respeito da soberania do espaço aéreo foi aprovando o


Tratado do Espaço Exterior, pelo qual, entre outras coisas, se nega a qualquer
Estado a possibilidade de se apossar, no todo ou em parte, do espaço exterior,
inclusive da Lua ou de qualquer outro satélite ou planeta.

3.3.3 Povo: conjunto dos indivíduos que, através de um momento jurídico, se


unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo jurídico de
caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do
exercício do poder soberano.

Não podemos confundir povo com Nação e População.

Nação: expressão usada para indicar origem comum, ou comunidade de


nascimento, uma comunhão formada por laços históricos e culturais e
assentada sobre um sistema de relações de ordem Objetiva. O termo nação se
aplica a uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela, em
regra, os que nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e
costumes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito
idêntico de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os
mesmos ideais coletivos.

População: expressão numérica, demográfica, ou econômica, abrangendo o


conjunto das pessoas que vivam no território de um Estado ou mesmo que se
achem nele temporariamente.

4 ESTADO E DIREITO

4.1 A Personalidade Jurídica do Estado

A concepção do Estado como pessoa jurídica representa um extraordinário


avanço.

Primeiro viés: o Estado possui personalidade jurídica própria sendo uma ficção
do direito ou seja a personalidade jurídica é criada pela lei. É uma pessoa
jurídica criada por lei. O Estado é dotado de personalidade jurídica, mas é
igualmente um sujeito artificial.
Segundo viés: o Estado como pessoa jurídica não é mera ficção. O Estado é
de fato uma pessoa. O Estado é um organismo que existe por si e não como
simples criação conceitual. O Estado é visto como uma unidade organizada,
uma pessoa que tem vontade própria criada pelo direito.

Terceiro viés: nega terminantemente a personalidade jurídica do Estado,


dizendo que o Estado não é unidade, não é organismo, não está vivo, não é
sujeito de direito. Não existe vontade do Estado, mas vontade sobre o Estado,
sendo este apenas objeto de direito daquela vontade superior. A personalidade
do Estado é a personalidade dos governantes. O Estado é um instrumento das
pessoas que possuem o poder.

Se considerarmos o Estado sendo personalidade jurídica surge os aspectos


jurídicos no seu relacionamento com os cidadãos. Existe a possibilidade de que
os cidadãos possam fazer valer contra o Estado suas pretensões jurídicas, o
que somente é concebível numa relação entre pessoas jurídicas.

4.2 O Estado: noção de força e noção de ordem

A discussão sobre o Estado é muito abrangente e interminável, no entanto, é


de suma importância discutir sempre sobre o Estado, pois, essas análises
levam ao aprimoramento do Estado ou do ordenamento jurídico.

Existem três orientações fundamentais sobre o Estado, quais sejam: primeira


tese enfatiza um elemento concreto, ligado à noção de força; a segunda tese
realça a natureza jurídica, tomando como ponto de partida a noção de ordem; a
terceira tese apresenta a sinergia existente entre força e ordenamento jurídico.

Noção de força não exclui a preocupação com o enquadramento jurídico, mas


coloca como sendo o elemento determinante do Estado a força. O Estado é
força material irresistível. Estado é a unidade de dominação, é
institucionalização do poder. Os detentores do poder vão determinar os
aspectos jurídico.

Os conceitos que se ligam a natureza jurídica ou a ordem criada pelo sistema


jurídico prioriza o elemento jurídico em detrimento da força acentuando que
todos os demais elementos materiais que se conjugam no Estado só são
resultantes ou componentes do ordenamento jurídico. A preocupação com a
fixação de uma noção jurídica de Estado surge no século XIX, na Alemanha,
salientando que o Estado é uma corporação territorial dotada de uma
ordenação jurídica de pessoas.

Priorização da sinergia entre força e ordenamento jurídico. Devemos deixar


claro que no Estado existe um entrelaçamento do aspecto jurídico e do aspecto
do uso da força. Não podemos priorizar a força ou o jurídico, pois, ambos são
coexistentes. A relação entre direito e força, no âmbito do Estado, está
marcada, de forma indelével, pelo fenômeno da positivação do direito, que
revela o processo evolutivo por meio do qual o direito passou de uma validade
tradicional ou transcendental (instituição divina/ordem racional do universo)
para uma validade decisionista. Assim, o direito positivo é fruto de uma decisão
que se manifesta no âmbito jurídico.

4.3 Estado e Nação

Estado é formado por um grupo de pessoas com diferenças culturais que se


unem para conseguir um objetivo que a todos interessa. No Estado às pessoas
estão ligados por vínculos jurídicos. Sociedade reunião de pessoas com o
objetivo de atingirem objetivos comuns.

Nação: união de pessoas em comunidade em decorrência das pessoas


possuírem sentimentos comuns, estados psicológicos comuns e costumes
comuns. A única aspiração de seus membros é a preservação da própria
comunidade. Nada impede que os membros de uma comunidade resolvam
compor uma sociedade para atingir certo objetivo formando o Estado.
Ocorrendo isso, o Estado e a Nação possuem existências distintas.

Nação pode formar o Estado, mas o Estado não pode formar uma Nação.

Plurinacionalismo: a existência, dentro do mesmo Estado, de grupos sociais


claramente distintos por sua cultura e por seus costumes, tem influência sobre
a organização do Estado, que procura a unidade jurídica respeitando os
valores fundamentais do homem, devendo, assim, conciliar a igualdade jurídica
e a diversidade cultural.

O fato é que não existe, a não ser em casos excepcionais, coincidência entre
Estado e Nação, havendo nações cujos membros estão distribuídos entre
vários Estados, como há, em regra, entre os componentes do povo de cada
Estado, indivíduos pertencentes a diferentes grupos nacionais.

Finalmente, em face da diferenciação aqui demonstrada, verifica-se que


quando o indivíduo, por sua iniciativa ou mesmo por fato involuntário, deixa de
ser vinculado a uma ordem jurídica estatal para ligar-se a outra, ocorre, na
realidade, uma troca de cidadania, não de nacionalidade.

Sabemos que uma nação é formada por um grupo de indivíduos que apresenta
características históricas, culturais, idioma, costumes, valores sociais, entre
outros elementos em comum, formando, assim, uma identidade cultural. Tendo
em vista todas essas semelhanças, surge a necessidade da formação de um
Estado-Nação próprio, onde será exercido o poder sobre um território
delimitado e reconhecido pela comunidade internacional. Entretanto, várias
nações não têm um território autônomo, vivendo, portanto, em áreas onde o
poder é exercido por outros grupos. Entre as principais estão:

Curdos: essa é maior nação sem Estado do mundo. A população de origem


curda soma mais de 26 milhões de pessoas, que estão distribuídas nos
territórios da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Os curdos
reivindicam a criação de um Estado próprio (entre o norte do Iraque, oeste da
Turquia e noroeste do Irã), denominado Curdistão.

Palestinos: os Palestinos ocupam uma área do Oriente Médio. Essa nação,


formada por mais de 7 milhões de pessoas, reivindica a criação do Estado
Palestino, além da reincorporação de terras ocupadas por Israel. Os constantes
conflitos envolvendo árabes e israelenses provocaram grandes fluxos
migratórios de palestinos para o Líbano, Síria, Egito e Jordânia, fato que
enfraqueceu a luta pela formação do Estado Palestino. No entanto, a OLP
(Organização para Libertação da Palestina) continua lutando pela autonomia
política e territorial dessa grande nação.

Tibetanos: formada por aproximadamente 6 milhões de pessoas, a nação


tibetana, de tradição budista, solicita a criação de um Estado próprio em uma
região dominada pelos chineses. A China oprime de forma violenta os
movimentos separatistas no Tibete, além de estimular a emigração de chineses
para essa região com o intuito de enfraquecer a cultura local.

Bascos: com mais de 2,3 milhões de pessoas, a nação basca está presente na
porção norte da Espanha e no sul da França. Esse grupo ocupa essa região há
mais de seis mil anos, possuindo língua e cultura própria. O grupo ETA (Pátria
Basca e Liberdade) realizou vários atentados terroristas como forma de
pressão ao governo espanhol para reconhecer a autonomia do País Basco.

Chechenos: majoritariamente mulçumanos, os 1,2 milhão de chechenos vivem


nas montanhas do Cáucaso, que é território da Federação Russa. Com a
desintegração da União das Republicas Socialistas Soviéticas, a Chechênia
declarou independência em 1991, entretanto, não foi reconhecida pelos russos,
que oprimiram a população local de forma violenta, realizando massacres,
estupros e torturas.

Caxemires: habitada por 5 milhões de pessoas (4 milhões de muçulmanos e 1


milhão de hinduístas), essa região é dominada pela Índia, Paquistão e China. A
maioria dos habitantes (muçulmanos) solicita que o território seja anexado ao
Paquistão, no entanto, os hinduístas são totalmente contrários a tal fato.

4.4 Os Movimentos Reformistas

Tivemos três grandes movimentos reformistas na Europa durante o século


XVIII, que determinaram as diretrizes na organização do Estado nos séculos
XIX e XX: revolução inglesa; revolução americana; revolução francesa.

Revolução Inglesa (1689): dois pontos básicos podem ser apontados: a


intenção de estabelecer limites ao poder absoluto do monarca e a influência do
protestantismo, ambos contribuindo para a afirmação dos direitos naturais dos
indivíduos, nascidos livres e iguais, justificando-se, portanto, o governo da
maioria, que deveria exercer o poder legislativo assegurando a liberdade dos
cidadãos. A publicação da Declaração Inglesa de Direitos, de 1688, que
proclamava os direitos e as liberdades dos súditos além de se afirmar a
supremacia do Parlamento que possui representação popular.
Revolução Americana 1776: as ações militares entre ingleses e os colonos
americanos começam em março de 1775. No decorrer do conflito os
representantes das colônias reuniram-se no Congresso de Filadélfia (1775)
redigiram a Declaração da Independência dos Estados Unidos promulgada em
4 de julho de 1776. Procede-se também à constituição de um exército, cujo
comando é confiado ao fazendeiro George Washington. Na Declaração da
Independência dos Estados Unidos proclama: "Consideramos verdades
evidentes por si mesmas que todos os homens são criados iguais, que são
dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a Vida, a
Liberdade e a procura da Felicidade; que para proteger tais direitos são
instituídos os governos entre os Homens, emanando seus justos poderes dos
consentimentos dos governados. Que sempre que uma forma de governo se
torna destrutiva, é Direito do Povo alterá-la ou aboli-la e instituir um novo
governo, fundamentado em princípios e organizando seus poderes da forma
que lhe parecer mais capaz de proporcionar segurança e Felicidade".

Revolução Francesa: opondo ao absolutismo monárquico ocorreu a Revolução


Francesa em 1789. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de
1789 declara: os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.
Direitos naturais: liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à
opressão. Nenhuma limitação pode ser imposta ao indivíduo, a não ser por
meio da lei, que é a expressão da vontade geral.

Diante dessas três revoluções os Estados que foram criados na Europa e nas
Américas seguiram os seguintes princípios fundamentados nas revoluções que
salientamos.

Supremacia da vontade popular: colocou o problema da participação popular


no governo, suscitando controvérsias e dando margem às mais variadas
experiências, tanto no tocante a representatividade, quanto à extensão do
direito de sufrágio e aos sistemas eleitorais e partidários.

Preservação da liberdade: o poder de fazer tudo o que não incomodasse o


próximo e como o poder de dispor de sua pessoa e de seus bens, sem
qualquer interferência do Estado.

Igualdade de direitos: proibição de distinções no gozo de direitos, sobretudo


por motivos econômicos ou de discriminação entre classes sociais.

As transformações do Estado, durante o século XIX e primeira metade do


século XX, seriam determinadas pela busca de realização dos preceitos da
supremacia da vontade popular, da preservação da liberdade e da igualdade de
direitos.

5 ESTADO E GOVERNO
5.1 Formas de Governo

A forma de governo é o estudo para saber quem manda em um território ou em


uma população. As formas de governo são subdivididas em dois grupos, o de
"formas puras" e o de "formas desviadas ou impuras":

Formas puras de governo estão comprometidas com o bem geral do povo.

 Monarquia é o governo de um só, o poder está nas mãos de uma


pessoa, do monarca.
 Aristocracia quando o governo está nas mãos de poucos, quem governa
é a minoria.

 Democracia governo do povo. Democracia e República não são palavras


sinônimas. Isso é importante sabermos, pois, o nosso país adota uma
destas formas de governo, a república, apesar de a imprensa sempre
nos chamar de democracia. Democracia vem do grego (demo + kratos)
que significa “governo do povo”. Na democracia exige que as decisões
dos problemas sejam tomadas por voto direto e as decisões sejam
apoiadas na maioria. A democracia funciona muito bem para populações
pequenas, pois, sempre que surge um problema, basta convocar todos
os cidadãos para votar e rapidamente uma decisão será tomada. A
população sendo numerosa ocorre à democracia quando se utiliza os
plebiscitos e referendos onde cada cidadão possui o direito a um voto
direto.

 República vem do latim (res+publica) que significa “coisa do povo”. Na


república o povo escolhe os seus representantes que passam a
representar o povo (são coisas do povo). Os representantes do povo
tomam as decisões em nome do povo, assim o povo não toma as
decisões diretamente, mas sim escolhe representantes para tomar as
decisões. Os deputados/senadores eleitos na república devem dedicar-
se em tempo integral a estudar os problemas, fazer propostas de leis,
discutir os pontos de vista e tomar decisões bem informadas, pois, estão
representantes do povo.

Formas impuras de governo quando o sistema visa o bem de um grupo.

 Tirania é o governo de um só para o seu interesse ou de um grupo


familiar ou que apoia o governo.
 Oligarquia é o governo de poucos visando o interesse de um grupo.

 Demagogia ou politéia é o governo exercido pela maioria para oprimir a


minoria.

.
5.2 Formas de Estado

A forma de Estado está associada a organização do território. Caracteriza a


forma de Estado em forma unitária, forma federativa e forma confederada.

Forma unitária: o poder central é exercido sobre todo o território sem as


limitações impostas por outra fonte do poder. Como se pode notar, é a
unicidade do poder, seja na estrutura, seja no exercício do mando, o que bem
caracteriza esse tipo de Estado. O governo de todo o território é centralizado.
Exemplo: Reino Unido, Irlanda e China.

Forma Federativa: o território é divido em Estados Membros ou províncias


autônomas, possuindo duas fontes paralelas de Direito Público, uma Nacional
e outra Provincial, o fato de se exercer harmônica e simultaneamente sobre o
mesmo território e sobre as mesmas pessoas a ação pública de dois governos
distintos (federal e estadual) é o que justamente caracteriza o Estado Federal.
Exemplos: Brasil, Estados Unidos, México, Argentina.

Forma Confederada: se forma mediante um Pacto entre Estados e não


mediante uma Constituição, é uma União de Estados Soberanos que não
perdem esse atributo. Na forma confederada existe uma assembleia
constituída por representantes dos Estados que a compõem, não se apresenta
como um poder subordinante, pois, as decisões de tal órgão somente é válida
quando ratificada pelos Estados Confederados. Cada Estado permanece com
sua própria soberania.

5.3 O Sistema de Governo (como se manda)

O sistema de governo é como o poder político é dividido e exercido no âmbito


do Estado, ou em outras palavras como se manda ou como o governo se
estrutura para mandar, para que ele se manifeste como poder. São três os
sistemas de governo: monocrático; presidencialista e parlamentarista.

Monocrática: as funções executivas, legislativas e judiciária estão sob a tutela


de um chefe supremo (religioso, militar, ou de um partido político).

Presidencialismo:

1) Ocorre a separação dos poderes (legislativo; judiciário; executivo).


2) E existe uma interdependência funcional entre os órgãos, inclusive, o
presidente pode vetar legislação emanada do parlamento ou enviar
mensagens a este com manifestação de vontades.
3) O parlamento pode demitir o presidente em situações de
impeachment, mas o presidente não pode dissolver o Congresso.
4) Os ministros do Supremo Tribunal Federal são nomeados pelo
presidente.
5) O presidente escolhe os chefes dos grandes departamentos ou
ministérios.
6) Ocorre coalisões partidária
7) Reserva à presidência um papel crítico e central, no equilíbrio, gestão
e estabilização da coalizão.

Parlamentarismo: o rei ou o presidente é o chefe do Estado (território, povo,


soberania) e o primeiro ministro é o chefe do governo (poder administrativo do
Estado). A fonte de legitiidade do governo está no parlamento, eleito pelo povo.
A população elege seus representantes (deputados), e os partido majoritários
constituem o governo.

5.4 A Representação Partidária

Partido político é um grupo organizado de pessoas que formam legalmente


uma entidade, constituídos com base em formas voluntárias de participação,
em uma associação orientada para influenciar ou ocupar o poder político em
um determinado país politicamente organizado. Os partidos políticos estão
ligados a uma ideologia ou representam uma ideologia. No sentido moderno da
palavra, pode ser definido como uma "união voluntária de cidadãos com
afinidades ideológicas visando a disputa do poder político.

5.4.1 Organização Interna dos Partidos

Partidos de quadros: quando, mais preocupados com a qualidade de seus


membros do que com a quantidade deles, preferindo atrair as figuras mais
notáveis, capazes de influir positivamente no prestígio do partido, ou os
indivíduos mais abastados, dispostos a oferecer contribuição econômico-
financeira substancial à agremiação partidária.

Partidos de massas: buscam o maior número possível de adeptos, sem


qualquer espécie de discriminação. O partido político de massa procura servir
de instrumento para que indivíduos de condição econômica inferior possam
aspirar às posições de governo.

Partido “omnibus” é aquele partido que possui o propósito explícito de reunir


seguidores de diversas doutrinas e ideologias para atingirem objetivo comum a
eles todos (omnibus significa para todos, em latim). Exemplo: Partido
Democrata e Partido Republicano nos Estados Unidos e o PMDB no Brasil ou o
Partido Democrata italiano.

5.4.2 Organização Externa dos Partidos

Sistemas de partido único: caracterizados pela existência de um só partido no


Estado.

Sistemas bipartidários: que se caracterizam pela existência de dois grandes


partidos que se alternam no governo do Estado. Os sistemas bipartidários
típicos são o da Inglaterra e o dos Estados Unidos da América, onde se tem
verificado a alternância, no comando do Estado.
Sistemas pluripartidários: existência de vários partidos igualmente dotados da
possibilidade de predominar sobre os demais.

5.4.3 Âmbito de Atuação dos Partidos


.

Partidos de vocação universal: quando pretendem atuar além das fronteiras


dos Estados.

Partidos nacionais: quando têm adeptos em número considerável em todo o


território do Estado. O que importa é que a soma de seus eleitores e a sua
presença em todos os pontos do Estado confiram-lhe expressão nacional.

Partidos regionais: aqueles cujo âmbito de atuação se limita a determinada


região do Estado, satisfazendo-se os seus líderes e adeptos com a conquista
do poder político nessa região.

Partidos locais: são os de âmbito municipal, que orientam sua atuação


exclusivamente por interesses locais, em função dos quais almejam a obtenção
do poder político municipal.

5.4.4 Representação Profissional

A ideia da representação profissional tem sua fonte mais remota nos


movimentos a favor da ascensão política do proletariado, desencadeados na
primeira metade do século XIX e intensificados com o desenvolvimento da
Revolução Industrial e o agravamento das injustiças sociais que ela
determinou.

Sindicalismo Revolucionário: não aceita que o Estado seja o representante da


classe operária, e por isso prega sua destruição, sendo substituído pela
ditadura do proletariado. Os sindicalistas revolucionários não propõem a
reforma do Estado, eles querem destruí-lo porque desejam realizar unicamente
a ditadura do proletariado eliminando a burguesia.
Sindicalismo Reformista: aceita a convivência com o Estado e acredita na
melhoria progressiva das condições dos trabalhadores. Os membros dos
sindicatos teriam forte influência no governo.

Entre as críticas feitas à ideia da representação profissional cuidar dos


interesses dos trabalhadores, encontram-se as seguintes:

a) Não é possível estabelecer-se a nítida separação entre o que é ou não de


interesse profissional.

b) O número de profissões é muito grande e extremamente variável, surgindo


novas profissões a cada dia que passa.

c) Há muitos interesses econômicos que não podem ser qualificados como


interesses profissionais, surgindo aqui à dificuldade se saber quem cuidaria dos
assuntos a eles relacionados.
d) A amplitude dos assuntos que ficariam a cargo dos grupos profissionais
exigiria que os representantes fossem indivíduos com visão global e não
restrita como é o caso dos operários.

Por todas essas impossibilidades práticas, a ideia da representação


profissional não prosperou, não obstante haver produzido resultados bastante
positivos.

5.4.5 Representação Corporativa

A base do governo seria formada pelas cooperativas. Segundo os


corporativistas, a coletividade se reparte em diferentes cooperativas que
exercem funções sociais bem determinadas. Cada cooperativa escolheria os
seus membros para formar o Estado.

5.4.6 Representação Comunitária

Cada comunidade no município elege os seus representantes e um dos


representantes da comunidade formaria a Assembleia Comunal Municipal. A
Assembleia Comunal Municipal seria a representação de todas as
comunidades do município. Dos membros da Assembleia Comunal Municipal
um seria escolhido para participar da Assembleia Comunal Estatal. Alguns
membros da Assembleia Comunal Estatal seriam escolhidos para comporem a
Assembleia Comunal da Federação. Os membros da Assembleia Comunal
Federal escolhem os membros para o executivo, legislativo e judiciário. Todos
os componentes do executivo, legislativo e judiciário seriam pessoas
concursadas. O povo escolhe apenas os representantes das comunidades.

5.5 Sufrágio

Sufrágio é o direito de votar. Existem duas posições básicas: o sufrágio


universal e sufrágio restrito.

5.5.1 Sufrágio Universal

Sufrágio Universal: todos devem votar sem nenhuma distinção ou privilégio. A


conquista do sufrágio universal foi um dos objetivos da Revolução Francesa e
constou dos programas de todos os movimentos políticos do século XIX, que
se desencadearam em busca da democratização do Estado. Atualmente é
fórmula consagrada nas Constituições a afirmação de que o voto é universal.

Necessário ter-se em conta que a expressão universal não tem, na realidade, o


alcance que o termo sugere. Na verdade, quando se buscou, na França do
século XVIII, a afirmação do sufrágio universal, o que se pretendia era abrir
caminho para a participação política dos que, não sendo nobres, não tinham
qualquer posição assegurada por direito de nascimento.

5.5.2 Sufrágio Restrito


Sufrágio restrito: apenas determinados grupos podem votar. Exemplo: podem
voltar apenas os mais ricos, os instruídos, os homens. Não podem votar os
deficientes físicos, os negros, os militares, as mulheres, os índios, os presos.

Sufrágio pecuniário: o requisito é a riqueza, o voto está vinculado a certos


tributos que devem ser pagos ao Estado.

Sufrágio educacional: exige determinado nível de instrução, selecionando os


mais "capacitados" intelectualmente partindo do pressuposto de que os
"incapacitados" causariam a ingerência política, por não terem discernimento e
capacitação reflexiva necessária.

Sufrágio racial: importa a origem genética da pessoa.

6 A PROBLEMÁTICA DO ESTADO PÓS-MODERNO

6.1 As Relações Internacionais

6.1.1 A Globalização e a Interdependência Econômica


A globalização é integração econômica, social, cultural, política em nível
internacional.
É responsável pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos
países no final do século XX e início do século XXI, a conexão das economias
e culturas do mundo cresceu muito rapidamente.
A globalização favorece o processo desagregador das atividades estatais em
favor de diferentes atores que operam em um contexto global.
As empresas transnacionais representam o principal agente do processo de
globalização. Devido ao seu poder econômico e político, esse ator possui
capacidade para modificar negativamente os contextos onde estão localizadas
suas subsidiárias.
Observamos que as empresas transnacionais são responsáveis pela
degradação ambiental por desconsiderar os limites da natureza.

Observamos que na globalização política todos os países estão relacionados


de tal forma que se algo acontece com um ator, em determinada ocasião e
local, todos os demais atores também serão afetados de alguma forma.

Por um lado, para os liberais, um alto grau de interdependência resulta em


maior cooperação entre os Estados; por isso, para eles, interdependência
constitui-se em uma força de estabilidade no sistema internacional. Por outro
lado, os adeptos da economia planificada argumentam que os Estados
procuram controlar ou diminuir a dependência elevada; portanto, para essa
linha de pensamento interdependência resulta em conflito e instabilidade.

6.1.2 Empresas Multinacionais e Transnacionais


Empresas Multinacionais, também conhecidas como transnacionais, são
empresas que suas matrizes estão no país sede e possuem atuação em
diversos outros países. São grandes empresas que instalam filiais em outros
países em busca de mercado consumidor; energia; matéria-prima e mão-de-
obra barata.

Estas empresas costumam produzir produtos para comercializar nos países em


que atuam ou até mesmo para enviar produtos para serem vendidos no país de
origem ou outros países. Dentro do contexto atual da globalização, é muito
comum as empresas multinacionais produzirem cada parte de um produto em
países diferentes, com o objetivo de reduzir custos de produção.

A entrada de empresas multinacionais num país é algo positivo, pois gera


empregos e desenvolvimento. Porém, grande parte do lucro obtido por estas
empresas são enviados para a matriz. No Brasil, a entrada de empresas
multinacionais começou a ganhar importância durante o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961). Neste governo instalaram fábricas no Brasil as
seguintes empresas: Ford, Volkswagen, Willys, GM e outras de grande porte.

6,1,3 A Transformação do Trabalho e do Mercado de Trabalho

A partir da do final do século XX a sociedade começa a viver um processo de


transformação, devido a novos modelos, impulsionado por uma nova
característica dos padrões e mecanismos da tecnologia que começou a se
organizar em torno da tecnologia da informação.

A tecnologia de informação gerou a sociedade pós-moderna onde o processo


atual de tecnológico expande-se rapidamente devido a sua grande capacidade
de adaptação de transmissão das informações, há uma maior rapidez nos
processos comunicacionais que envolvem as sociedades. Vivemos em um
mundo que se tornou digital.

Trabalho e mercado na sociedade pós-moderna:

 Globalização mínima do mercado de trabalho e apenas para


profissionais altamente qualificados.
 O desenvolvimento da tecnologia da informação faz da atualização
constante do trabalhador uma premissa para sua permanência no
mercado de trabalho, pois substitui o trabalho humano repetitivo e
programado.
 Há uma maior flexibilidade no emprego no atual cenário informacional,
flexibilidade em termos de jornada de trabalho, crescimento do trabalho
autônomo, mobilidade geográfica, situação profissional, segurança
contratual e desempenho de tarefas.
 Ocorre o desaparecimento das formas mais tradicionais de emprego,
como: o emprego de horário integral, projetos profissionais bem
delineados e um padrão de carreira ao longo da vida, que estarão
extintos de forma lenta, mas inexoravelmente.
 Queda dos salários reais; aumento da desigualdade, a instabilidade no
emprego; subemprego "informalização" e desvalorização da mão-de-
obra urbana recém-incorporada nos países em desenvolvimento; e
crescente marginalização da força de trabalho rural nas economias
subdesenvolvidas e estagnadas.
 Estas tendências apontam evidentemente para uma maior desigualdade
social entre ricos e pobres, aumentando as contradições na sociedade, e
sufocando as camadas médias da sociedade.
 Surgimento de uma nova estrutura social, com profissões
administrativas e especializadas.
 Decadência do emprego rural, e a decadência do emprego industrial. O
emprego rural será eliminado gradualmente; o emprego industrial
continuará a declinar (porém mais lentamente).
 Os serviços relacionados a produção liderarão o crescimento de
emprego em termos percentuais e por fim, os empregos do setor
varejista representarão a maior parte das atividades não qualificadas.

6.1.4 A Integração Econômica


O conceito de integração econômica aplica a fenómenos de cooperação e
unificação entre dois ou mais países, embora genericamente corresponda a
ocorrência desse tipo de fenômenos entre espaços econômicos diferentes,
eventualmente dentro do mesmo Estado.
Assim, podemos falar em integração econômica nacional que é dentro das
fronteiras do mesmo país; integração econômica internacional que implica a
participação de um número restrito de países e integração econômica mundial
que engloba um número elevado de países em escala mundial.

A integração econômica internacional, aplicável a um número restrito de países


possui como elementos essenciais a integração de mercados através do
desmantelamento de barreiras à circulação de bens, serviços e a criação de
formas de cooperação entre os participantes relativamente a política
econômica.

A integração econômica pode traduzir em:

 Zona de comércio livre, caracterizado pela livre circulação dos bens


produzidos internamente e pela possibilidade de cada um dos
intervenientes poder definir a sua política diante de outros países que
não participam da zona de comércio livre.

 União aduaneira é uma área de livre comércio com uma tarifa de


importação e exportação comum. Entre um grupo de países ou
territórios que instituem uma união aduaneira, há a livre circulação de
bens (área de livre comércio) e uma tarifa aduaneira comum a todos os
membros, válida para importações e exportações provenientes de fora
da área. Os países ou territórios que a adotam costumam ter por
objetivo aumentar a sua eficiência econômica e estabelecer laços
políticos e culturais mais estreitos entre si. A união aduaneira é formada
por meio de um acordo comercial. Essa política é adotada pelo
MERCOSUL.
 União monetária que corresponde a um mercado comum com taxas de
câmbio fixas entre os aderentes e convertibilidade total das moedas,
eventualmente com a criação de uma moeda única.
 União Política e Econômica corresponde ao estágio mais avançado de
integração econômica, pois, além da zona de comercio livre; união
aduaneira e união monetária as nações adotam a mesma política
econômica, além de uma moeda única. Exemplo: União Europeia.

6.1.5 Os Organismos Internacionais

Organismos ou organizações internacionais, também chamados de instituições


multilaterais, são entidades criadas pelas principais nações do mundo com o
objetivo de trabalhar em comum para o pleno desenvolvimento das diferentes
áreas da atividade humana: política, economia, saúde, segurança..

Essas organizações podem ser definidas como uma sociedade entre Estados.
Constituídas por meio de tratados ou acordos, têm a finalidade de incentivar a
permanente cooperação entre seus membros, a fim de atingir seus objetivos
comuns. Atuam segundo quatro orientações estratégicas:

Algumas das mais relevantes organizações internacionais:

ONU: Organização das Nações Unidas: tem como principal objetivo manter a
paz e a segurança internacionais. Proíbe o uso unilateral da força,
prevendo, contudo, sua utilização - individual ou coletiva - para defender
o interesse comum dos seus países-membros. Seu principal objetivo é
manter a segurança internacional e pode intervir nos conflitos não só
para restaurar a paz, mas também para prevenir possíveis
enfrentamentos. Também incentiva as relações amistosas entre seus
membros e a cooperação internacional.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para educação, ciência e cultura.


Possui por objetivo contribuir para a paz através da educação, da
ciência e da cultura. Visa eliminar o analfabetismo e melhorar o ensino
básico, além de promover publicações de livros e revistas, e realizar
debates científicos. Desde 1960, atua também na preservação e
restauração de espaços de valor cultural e histórico.

OMS - Organização Mundial da Saúde: é uma agência especializada em


saúde, subordinada à ONU. Sua sede é em Genebra, na Suíça. Tem
como objetivo principal o alcance do maior grau possível de saúde por
todos os povos. Para tanto, elabora estudos sobre combate de
epidemias, além de normas internacionais para produtos alimentícios e
farmacêuticos. Também coordena questões sanitárias internacionais e
tenta conseguir avanços nas áreas de nutrição, higiene, habitação,
saneamento básico.
.
OEA - Organização dos Estados Americanos: sede em Washington (EUA),
seus membros são as 35 nações independentes do continente
americano. Seu objetivo é o de fortalecer a cooperação, garantir a paz e
a segurança na América e promover a democracia.

OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte: foi criada em 1949, sendo


caracterizado como sendo aliança militar das potências ocidentais em
oposição aos países do bloco socialista. Formada inicialmente por EUA,
Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália,
Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido, a OTAN recebeu a
adesão da Grécia e da Turquia (1952), da Alemanha (1955) e da
Espanha (1982).

OIT - Organização Internacional do Trabalho: possui uma rede de escritórios


em todos os continentes. Busca congregar seus membros em torno dos
seguintes objetivos comuns: pleno emprego, proteção no ambiente de
trabalho, remuneração digna, formação profissional, aumento do nível
de vida, possibilidade de negociação coletiva de contratos de trabalho.

FMI - Fundo Monetário Internacional: criado para promover a estabilidade


monetária e financeira no mundo, oferece empréstimos a juros baixos
para países em dificuldades financeiras. Em troca, exige desses países
que se comprometam na perseguição de metas macroeconômicas,
como equilíbrio fiscal, reforma tributária, desregulamentação,
privatização e concentração de gastos públicos em educação, saúde e
infraestrutura.

BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, conhecido


por Banco Mundial: possui por objetivo de conceder empréstimos aos
países membros, oferece financiamento e assistência técnica aos países
menos avançados, a fim de promover seu crescimento econômico. É
formado por 185 países-membros e iniciou suas atividades auxiliando na
reconstrução da Europa e da Ásia após a Segunda Guerra Mundial.

OMC - Organização Mundial do Comércio: trata das regras do comércio entre


as nações. Seus membros negociam e formulam acordos que, depois,
são ratificados pelos parlamentos de cada um dos países-membros.
Tem como objetivo desenvolver a produção e o comércio de bens e
serviços entre países-membros, além de aumentar o nível de qualidade
de vida nesses mesmos países.

6.2 A Declaração de Direitos e Normas de Direitos Humanos

Aspectos Individuais

 Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.


 Toda pessoa tem direito à vida, a liberdade e a segurança pessoal.
 Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro
das fronteiras de cada Estado.
 Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e
a este regressar.
 Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de
gozar asilo em outros países.
 Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e
a sua família saúde e bem estar.
 Toda pessoa tem direito a alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis.
 Todas as pessoas têm direito à segurança em caso de desemprego,
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência fora de seu controle.
 Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais.
 Toda pessoa tem direito a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e
deveres.
 Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser
presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada..

Liberdade de Pensamento

 Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e


religião.
 Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão. Toda
pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

Homens e Mulheres

 Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,


nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar
uma família.
 O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento
dos nubentes.

Igualdade dos Seres Humanos


 Todos são iguais perante a lei.

Aspectos de Proibição
 Nenhuma pessoa será mantida em escravidão ou servidão.
 Ninguém será submetido a tortura.
 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Direito a Propriedade
 Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
 Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
6.3 A Intervenção do Estado na Sociedade

O Estado Social de Direito é o resultado de uma evolução que pode ser


estudadas a partir do Estado Absoluto quando somente o Estado, representado
pelo rei, que detinha em suas mãos todos os poderes.

O fortalecimento do poder real e o advento do Estado Absoluto foram


consequências do aparecimento de uma nova classe social, a burguesia.

No Estado Absoluto, a intervenção estatal na economia era enorme, o


protecionismo da economia nacional, através de taxação de produtos
importados, era muito forte; tendo como objetivo a defesa dos interesses
nacionais. A produção e o comércio eram monopólio exclusivos do Estado ou
da Burguesia.

Isso explica porque já no século XVIII o poder público era visto como inimigo da
liberdade individual, e qualquer restrição ao individual em favor do coletivo era
tido como ilegítima. Ao mesmo tempo, a Burguesia enriquecida, que já
dispunha de poder econômico, preconizava a intervenção mínima do Estado na
vida social, considerando a liberdade contratual um direito natural do indivíduo.

O Estado Liberal, com um mínimo de interferência na vida social, trouxe, de


início, alguns benefícios: a) progresso econômico acentuado; indivíduo foi
despertado para a importância da liberdade humana; poder legal em lugar do
poder pessoal.

No entanto, sobre pretexto da valorização do indivíduo e proteção da liberdade,


o que se assegurou foi uma situação de privilégio para os que eram
economicamente fortes.

A consequência disso foi a derivação da formação do proletariado, com


grandes aglomerações urbanas.

Tal situação estimulou, já no século XIX, os movimentos socialistas e durante a


I Guerra Mundial a situação dos operários se agravou no mundo todo. Na
Rússia criaram-se condições para formação do primeiro Estado Socialista.

Logo depois da Guerra, aprova-se na Alemanha a Constituição dando ênfase a


questão operária e seguidos por outros Estados e nos Estados Unidos,
tradicionais e intransigentes defensores da livre empresa criou-se a
implantação do Estado intervencionista.

Desde então, como assinala alguns estudiosos, o Estado Polícia, foi substituído
pelo Estado Serviço, que emprega seu poder supremo e coercitivo para
suavizar, por uma intervenção decidida, algumas das consequências, da
desigualdade econômica. O advento da II Guerra Mundial passa a estimular
ainda mais a atitude intervencionista do Estado. A necessidade de controlar os
recursos sociais e obter o máximo de proveito, para fazer face às emergências
da Guerra, leva a ação estatal a intervir a todos os campos da vida social.
Muito recentemente, em decorrência de um intenso esforço competitivo entre
os grandes Estados, desenvolveu um novo processo intervencionista que muda
radicalmente os termos do problema: o Estado passou a ser um grande
financiador e um dos principais consumidores, associando-se com muita
frequência aos maiores empreendimentos privados. A consequência disso tudo
é que já se pode considerar um novo intervencionismo do Estado na vida
social: desapareceram os limites entre o público e o privado, e o Estado passou
a condição de financiador, sócio e consumidor.

Referências:

Artigo de Maria Dalva Dias Conceição. Disponível em: http://www.ambito-


juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10816&revista_caderno=11

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