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7ª SEMANA

DIREITO PENAL
RESUMO GERAL
2ª FASE

1
Sumário
PEÇAS
1. Peças ............................................................................................................................. 6
2. Como identificar peça? .............................................................................................. 7
3. Preliminares aplicáveis: .............................................................................................. 7
4. Resumos das peças dos últimos exames: ............................................................... 8

DIREITO PENAL
1. Teoria do Delito ....................................................................................................... 23
2. Iter Criminis ................................................................................................................ 27
3. Erro............................................................................................................................... 30
4. Prescrição ................................................................................................................... 33
5. Crimes contra a pessoa ............................................................................................ 37
6. Crimes o patrimônio ................................................................................................. 40
7. Teoria da pena ........................................................................................................... 48

2
MARCAÇÃO DO CÓDIGO
Nessa etapa final é preciso ter atenção e deixar o seu código mais esquematizado
o possível. Atente-se as vedações previstas no edital. Para adiantar o seu estudo
irei apresentar algumas dicas:

O que pode e o que não pode:

1. Poderá utilizar clipes e marcadores impressos


Atenção: com a alteração do último edital está proibida a utilização de
clipes de forma aleatória. É permitido o uso, tão somente, para separar os
códigos (Exemplo: código penal, código de processo penal, etc.)
2. Não pode utilizar etiquetas em branco
3. O uso de marca-texto está permitido, entretanto o meu conselho é que
modere no seu uso evitando colocar muitas cores e marcar apenas algumas
palavras, porque está vedado a marcação que configura marcação de peça,
então todo cuidado é pouco.

Como posso marcar o meu código?

Indico que utilize os índices dos códigos, pois podem facilitar e muito para
encontrar os artigos na hora da prova. Como está proibida a marcação por clipes
de forma aleatória indico que vá no índice do código penal e código de processo
penal e marque os artigos importantes com uma caneta ou lápis.

1. Marque as preliminares:

• Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade.


• Art. 109 CP – Prescrição
• Art. 564 CPP – Nulidades
• Art. 23 CP – Causas de exclusão de ilicitude.
• Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência
rejeição liminar da peça acusatória.

2. Leis Especiais que com chance de serem cobradas em sua prova:


• Lei nº 11.343/2006 - Lei de Drogas
• Lei nº 8.137/90 - Crimes Contra a Ordem Tributária
• Lei nº 9.099/95 – JECRIM
• Lei nº 7.492/86 - Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional
• Lei nº 11.340/06 - Lei Maria da Penha
• Lei nº 12.850/13 - Lei de Organização Criminosa

3
• Lei nº 8.072/90 - Lei de Crimes Hediondos
• Lei nº 7.960/89 - Prisão Temporária
• Lei nº 9.296/96 - Lei de Interceptação Telefônica
• Lei nº 3.688/41 - Contravenções Penais

3. Artigos importantes para a prova:


❖ Teoria do Erro:
▪ Erro de tipo: 20,§1º,CP
▪ Erro sobre a pessoa: 20,§3º, CP
▪ Erro na execução: 73, CP
▪ Resultado diverso do pretendido – 74,CP
❖ Contagem do prazo
o Prazo Penal: 10,CP
o Processo Penal: 798,§1º, CPP
o Sumulas – 310 e 710, STF
❖ Crime impossível – Art.17,CP ( súmula 145,STF / 302, CPP)
❖ Excludentes de ilicitude – 23,CP
❖ Reclusão e Detenção – 33, CP ( Arts. 105 a 146 e 180, LEP)
❖ Aplicação de pena – 59, CP; 61 a 65,CP;
❖ Concurso/ Crime continuado – 69 a 71,CP
❖ Suspensão da Pena – 77, CP
❖ Liberdade provisória – 282ss,CPP
❖ Prisão preventiva – 311ss,CPP
❖ Liberdade provisória – 321ss,CPP
❖ Procedimento tribunal do júri – 406ss,CPP
❖ Nulidades – 564ss,CPP
❖ Recursos em geral – 574ss,CPP

SUMULAS VINCULANTES IMPORTANTES:

5,9, 11,14, 24,26, 35,36,43,45,46

SUMULAS DO STF:

145, 146,284,286,354,355,356,393,497,608,611,693,696, 699,700,713,


714, 723

SUMULAS DO STJ:

32, 42, 98, 211, 220,273

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Dica importante:

O que faço se eu não souber a questão? Lembre-se você já é quase um advogado,


então lembre-se precisa ter resposta para tudo. Caso não saiba o que fazer?

➢ Procurar as informações no índice remissivo


➢ Ao encontrar o artigo em questão observar as remissões de outros artigos e
sumulas que tenham relação com o assunto.
➢ Após realizar essa breve pesquisa, respire fundo e escreva como soubesse do
assunto.

Como você julga uma boa resposta? Entendo que para ser bem pontuado no
exame de ordem o candidato deve responder os seguintes quesitos: Resposta ao
comando da questão + explicação do assunto + base legal pertinentes (todas as
repostas devem estar bem fundamentadas, então coloque todos os artigos que
tenham relação para não perder nenhum ponto).

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PEÇAS
1. Dicas infalíveis

Meu caro aluno, no dia da sua prova tenha em mente que a Ordem não cobra o
conhecimento pleno da matéria.

Recomendamos começar a prova pela questão prática, pois ela tem o maior peso.
Muitos ao lerem pela primeira vez a questão, já querem saber qual é a peça, o que
argumentar que está difícil, entre outras coisas.

Devemos adotar uma postura sóbria, coerente, paciente, organizada e planejada,


que consiste, em um primeiro momento, em identificar o procedimento, para depois ler o
enunciado com o procedimento e só então identificar a peça. Com essa etapa superada,
o candidato terá que analisar da forma mais correta o mérito da questão, que é, na
verdade, a maior dificuldade da prova. Inicie a escrita pela parte mecânica da peça e
somente depois partir para a pesquisa das preliminares e o mérito da questão.

Lembre-se que a parte mecânica da peça, isto é, estrutura padrão, titularidade,


nome da peça, dispositivo legal, qualificação (é realizada de forma completa na queixa
crime e na revisão criminal, nas demais peças utilizamos conforme qualificados nos autos
do processo) deve está muito clara na sua mente.

Outra dica importante é se atentar a estrutura básica da peça: Fatos + Preliminares


(quando houver) + Mérito + Pedidos. Lembre-se quando houver arguição preliminar ela
deve ser explicada melhor durante o mérito assim como todas as informações arguidas
durante o mérito/preliminares devem ser apresentadas durante o pedido, afinal do que
adianta demonstrar que entendeu bem da tese de defesa e não pedir para o seu cliente?

No mais, esteja confiante, pois você está no caminho certo!

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2. Como identificar peça?

Divida seu material em fases processuais e marque cada fase com uma cor
diferente. Identifique o momento processual de acordo com o que é narrado na peça. Se,
por exemplo, a questão disser que está havendo a instrução processual e ainda não foi
dada sentença, só poderá ser resposta à acusação ou memoriais.

Veja o seguinte esquema:

3. Preliminares aplicáveis:

Há uma lista de preliminares que é importante termos em mente no momento da


realização da prova. Quando você estiver resolvendo sua peça, sempre procure identificar
se elas estão presentes. Ainda, marque-as corretamente em seu código, para facilitar sua
vida no momento de encontra-las.

Obs.: é aconselhável que todas sejam marcadas no código com a mesma cor.

São elas:

Art. 23, CP
Art. 107, CP: Outro defeito
Art. 109, CP Art. 564, CPP Causas de
Causas extintivas que levaria à
Prescrição Nulidades exclusão de rejeição.
de Punibilidade
ilicitude

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4. Resumos das peças dos últimos exames:

APELAÇÃO (30%)

Fundamento legal Artigos 416 do Código Penal e 593 do Código de Processo Penal

Prazo 5 dias (art. 593); 5 dias por termo + 8 para razões (art. 600) + 10 dias
(art. 82 da Lei 9099/95)

Serve para Reformar sentença penal.

Endereçamento:
Modelo EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da
Competência da Justiça Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE _________________ (Crimes da
Competência do Tribunal do Júri)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ______________ (Crimes da
Competência da Justiça Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL
DA COMARCA DE ___________________ (Crimes de Competência de
Juizado Especial Estadual)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________________ (Crimes de
Competência de Juizado Especial Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO
ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _____________________
(Endereçamento do Juizado Especial Criminal)
Processo número:
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o
Ministério Público/Querelante, às fls. ____, por seu advogado formalmente
constituído que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, inconformado com a respeitável sentença de _________,
conforme fls. ____, interpor tempestivamente a presente
APELAÇÃO
ou

8
CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO
com fundamento no art. 593, (indicar inciso) ______ ou art. 416 (no caso de
absolvição sumária ou impronúncia), ambos do Código de Processo Penal,
art. 82 da Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Criminais (no caso de
Apelação nos crimes de pequeno potencial ofensivo), art. 105 da Lei
8.666/93 (no caso de crimes previstos na Lei de Licitação), art. 600 (no caso
de contrarrazões de Apelação), do Código de Processo Penal ou ainda art.
82, § 2º da Lei 9.099/95 (no caso de Contrarrazões de Apelação no Juizado
Especial Criminal).
Requer que, após o recebimento destas, com as razões inclusas (na
prova elas serão feitas juntas), ouvida a parte contrária, sejam os autos
encaminhados ao Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do Juizado
Especial Criminal), onde serão processados e provido o presente recurso.
ou
Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões
inclusas (na prova elas serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao
Egrégio Tribunal (Ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal),
onde serão processados e não provido o presente recurso (Requerimento
no caso de contrarrazões).
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data
Advogado, OAB

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS (22 %)

Fundamento legal Artigos 403, §3º e 404 do Código de Processo Penal

Prazo 5 dias (art. 403, §3º, c/c art. 404, parágrafo único do CPP)

Serve para Exposição final das teses de acusação e defesa.

Endereçamento

Modelo EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________ (Regra Geral)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________ (Crimes da Competência da Justiça
Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ________ (Regra geral)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _________________ (Crimes
da Competência da Justiça Federal)
Porém, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE ____ CAPITAL DO ESTADO DE __
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___
JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE __________ (Juizado Especial Criminal
– excepcional)
Processo número:
Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento
Qualificação:
(Fazer parágrafo) Nome, já qualificado nos autos do processo às
folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve,
conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, parágrafo 3º do Código
de Processo Penal (não colocar abreviatura) apresentar (sem saltar linhas)
MEMORIAIS
Pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
(Pula-se uma linha)
1. Dos Fatos
O candidato deve externar os fatos de forma sucinta. Não
copie igual aos fatos, se a questão deu 20 linhas para os fatos
devem-se usar menos linhas, umas 10, por exemplo. Deve-se fazer
uma síntese, trazer os fatos de forma resumida. Os períodos devem
ser sempre curtos, 5 ou 6 linhas. Recomenda-se primeiro narrar os
fatos e depois arguir as preliminares no próximo ponto, tendo em
vista que é melhor primeiro mencionar os fatos para depois se
arguir eventuais defeitos decorrentes dos fatos.
2. Das Preliminares
Buscam-se falhas/defeitos que possam inviabilizar a defesa.
Não se deve entrar no mérito. Nas alegações das preliminares, basta
fazer um parágrafo apontando a preliminar, esta é uma indicação
inicial de um erro existente no processo. Ela é uma indicação de
ordem técnica, devendo mencionar o fundamento legal. Como já foi
explicado, existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na
seguinte sequência:
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade.
2º) Art. 109 CP – Prescrição
3º) Art. 564 CPP – Nulidades
4º) Art. 23 CP – Causas de exclusão de ilicitude.
5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que
levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória.
Obs.: Com já foi dito, as preliminares são apenas
mencionadas, no mérito e que se poderá aprofundar alguma tese
das preliminares, como no caso da preliminar de exclusão da
ilicitude.
3. Do Mérito

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Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo
demonstrar conhecimento. Se nas preliminares citou-se o instituto
jurídico, por exemplo, da legitima defesa, deve discorrer sobre os
requisitos da legitima defesa.

Não se deve discorrer sobre temas controversos, mas sim


falar o que todo mundo sabe. Use ideias fáceis, simples e que todos
conhecem. Lembre-se também que toda vez que se mencionar uma
preliminar, deve-se falar no mérito sobre ela em um parágrafo.

Obs.: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre


demonstrar a necessidade de absolvição do réu.
4. Dos Pedidos
- Pedido de Absolvição = Pedido Principal:

No pedido de memoriais, a regra é o de absolvição.


No caso do rito comum ordinário, sumário ou sumaríssimo
pede-se a absolvição com base no art. 386 do Código de
Processo Penal. Já nos casos do rito do tribunal do júri,
pede-se a absolvição sumária com base no art. 415 do
mesmo diploma legal.

- Pedidos Secundários:
Deve-se atentar para a possibilidade de alegação
dos pedidos secundários, lembrando que também é
necessário discuti-los no mérito. Podendo haver, por
exemplo, os seguintes pedidos subsidiários:
• Desclassificação do Crime;
• Afastamento de qualificadora;
• Reconhecimento da atenuação da pena;
• Reconhecimento de causa de diminuição de pena
no momento;
• Se o juiz entender pela condenação que seja
aplicada a pena mínima ou que seja aplicada pena
restritiva de direito.

Obs.: Como já abordamos, os pedidos secundários


no caso de rito do júri será o de impronúncia ou
desclassificação, conforme o caso concreto, além da
possibilidade do pedido de anulação da instrução probatória
em virtude de alguma preliminar arguida.

Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloque:


Nestes termos, (no canto da página)
Pede deferimento. (em outra linha sem saltar)
Após salte 2 ou três linhas, vá para o meio da página e
coloque:
Comarca, data (Centralizado)
Advogado, OAB

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Obs.: Não há a apresentação de rol de testemunhas nos memoriais
tendo em vista que elas já foram devidamente arroladas no
momento oportuno, qual seja, em resposta à acusação.

RESPOSTA DO ACUSADO OU RESPOSTA À ACUSAÇÃO(15%)

Fundamento legal Art. 396 e 396-A do Código de Processo Penal.

Prazo 10 dias.

Serve para Responder à acusação formalizada na inicial acusatória (denúncia ou


queixa-crime).

RESPOSTA À ACUSAÇÃO - DEFESA PRELIMINAR - ROUBO


EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE __________ - UF.
Modelo Autos nº: __________
Autor: Ministério Público do Estado do __________
Acusado: __________
Petição: ALEGAÇÃO PRELIMINAR - Resposta à acusação

__________, brasileiro, solteiro, autônomo, portador da Carteira de


Identidade nº __________ SSP/UF, inscrito no CPF sob o nº __________,
residente à Rua __________, nº ___, apto. ___, bairro __________, nos
autos do processo criminal em epígrafe, a que responde perante este
r. Juízo, por seu procurador infra assinado, vem à presença de V. Exa.,
apresentar suas razões e pedir absolvição, conforme a seguir passa a
expor:

DO MÉRITO
(...)
Termos em que,
Pede Deferimento.
__________, __ de __________ de ____.
p. P. __________
OAB/UF _____
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. __________, RG nº __________, CPF nº __________;
2. __________, RG nº __________, CPF nº __________.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) – 11%


12
Fundamento legal Art. 581 do Código de Processo Penal

Prazo 5 dias ou por instrumento 5 + 2 razões.

Serve para Serve para impugnar as decisões interlocutórias do art. 581 do CPP.

Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ


DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE
Modelo _______________________ (Regra Geral)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA
____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
_____________________ (Crimes da Competência da Justiça
Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE
__________________ (Crimes da Competência do Tribunal do
Júri)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA
____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA
DE _____________ (Crimes da Competência da Justiça Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO
_____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA
_______________ (Endereçamento ao Juizado Especial)
Processo número:
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do
processo que lhe move o Ministério Público/Querelante, às fls.
___________, por seu advogado formalmente constituído que
esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, inconformado com a respeitável sentença de
_____________, conforme fls. _________________, interpor
tempestivamente o presente
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
ou
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO
com fundamento no art. 581, (indicar inciso) __ ou art. 588
(Contrarrazões), do Código de Processo Penal. Em se tratando
do CTB, fundamentar no art. 294, parágrafo único da Lei
9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro. Interpondo RESE em
face do constante no Decreto-Lei 201, a fundamentação será
no art. 2º, III do Decreto-Lei 201/67.
Requer a realização do juízo de retratação, nos termos
do art. 589 do Código de Processo Penal e, em sendo mantida
a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado a
superior instância para o devido processamento e julgamento.
ou Requer que, após o recebimento destas, com as
contrarrazões inclusas (na prova elas serão feitas juntas), sejam
os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça (ou
Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal), onde

13
serão processados e não provido o presente recurso
(Requerimento acerca das contrarrazões).
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data
Advogado, OAB

QUEIXA-CRIME (7%)

Fundamento legal Art. 77 da Lei n. 9.099/95, art. 41 do CPP, art. 44 do CPP

Prazo 6 meses, a contar do conhecimento da autoria (art. 38)

Serve para Inaugurar a persecução criminal processual nos casos de crimes de


menor potencial ofensivo.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __


Modelo VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___, ESTADO DE __.

(NOME DO QUERELANTE), (nacionalidade), (estado civil),


(profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX,
residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX,
(cidade), (estado), vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seu (a) advogado (a) que esta subscreve
(procuração com poderes especiais em anexo), oferecer
QUEIXA-CRIME
com fundamento no artigo 100, §2º do Código Penal, artigos 30, 41 e
44 do Código de Processo Penal, contra (NOME DO QUERELADO),
(nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº
XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº
XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado) {obs: se existir mais de um
querelado, deve-se fazer a identificação de todos}, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS
Narrar os fatos de forma detalhada e objetiva, sem discutir teses.

DO DIREITO
▪ Demonstrar a autoria/participação;
▪ Demonstrar a materialidade delitiva:
▪ Indicar que a conduta do(a) querelado(a) configura o crime de
ação penal privada;
▪ Mostrar o tipo penal imputado (mencionar o artigo de lei)

14
▪ Demonstrar que a conduta do(a) Querelado(a) se adequa
inequivocamente a tipificação feita;
▪ Mostrar dolo/culpa do(a) querelado(a);
▪ Demostrar eventuais agravantes, qualificadoras ou demais
causas de aumento de pena, incidência de concurso
formal/material (se houver).

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:


(para casos de competência do JECRim quando a audiência
preliminar ainda não ocorreu):
Seja designada audiência preliminar, na forma do artigo 72 da Lei
9.099/95 e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja
recebida a presente, citado (a) o(a) querelado(a) para responder aos
termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para
condenar o(a) querelado(a) como incurso nas penas do(s) artigo(s)
XXXXX, manifestação do Ministério Público (opcional), intimação e
oitiva das testemunhas abaixo arroladas.
Requer ainda a fixação de valor mínimo de indenização pelos
prejuízos sofridos pelo querelante, nos termos do artigo 387, IV, do
CPP.
Ou
(para casos de crime contra honra cuja queixa está sendo oferecida
perante uma Vara Criminal):
Seja designada audiência de conciliação, na forma do artigo 520 do
CPP, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja
recebida a presente, citado (a) o(a) querelado(a) para responder aos
termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para
condenar o(a) querelado(a) como incurso nas penas do(s) artigo(s)
XXXXX, manifestação do Ministério Público (opcional), intimação e
oitiva das testemunhas abaixo arroladas.
Requer ainda a fixação de valor mínimo de indenização pelos
prejuízos sofridos pelo querelante, nos termos do artigo 387, IV, do
CPP.
Ou
(Para casos onde já ocorreu audiência preliminar, mas não houve
conciliação no JECRim; ou para casos de crime diverso do crime
contra honra e que a Queixa-Crime foi oferecida na Vara Criminal):
O recebimento da presente Queixa-Crime, a citação do Querelado
para vir ao processo se defender das acusações que lhe são
formuladas, seja processado e ao final condenado nas penas do(s)
artigo(s) XXXXX, intimação e oitiva das testemunhas abaixo arroladas,
manifestação do Ministério Público (opcional).
Requer ainda a fixação de valor mínimo de indenização pelos
prejuízos sofridos pelo querelante, nos termos do artigo 387, IV, do
CPP.

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Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
Nome do(a) advogado(a)
OAB XXXXXX
ROL DE TESTEMUNHAS:

RELAXAMENTO DE PRISÃO (4%)

Fundamento legal Art. 5º da Constituição Federal e art. 310, I do CPP.

Prazo _

Serve para Contracautela específica de uma prisão ilegal.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA


Modelo
CRIMINAL DA COMARCA DE ___, ESTADO DE __.
(espaço de 10 linhas)

NOME COMPLETO), (nacionalidade), (estado civil), (profissão),


inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e
domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade),
(estado), por seu (a) advogado (a) que a esta subscreve, conforme
procuração anexa a este instrumento, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO
EM FLAGRANTE com fundamento no artigo 5º, LXV da Constituição
Federal, e art. 310, I, do Código de Processo Penal, pelos motivos de
fato e direito a seguir expostos:

DOS FATOS

Conforme consta do auto de prisão em flagrante, em anexo, o


requerente foi preso ilegalmente no dia XXX, em razão da suposta
prática do crime de XXXXX, ocorrido no dia XXX por volta das XXX
horas, sem que houvesse sido perseguido em circunstâncias que
fizessem presumir ser ele o autor da prática delitiva, muito menos foi

16
encontrado, logo depois da prática do crime, em seu poder quaisquer
instrumentos, armas ou objetos que o ligassem a tal prática delitiva.

O crime teria sido cometido no dia XXXX (descrever mais detalhes). O


Requerente foi detido quando se encontrava tranquilamente
(DESCREVER LOCAL ONDE FOI PRESO), XXX dias depois do delito ter
sido cometido, não foi preso durante a prática do delito, nem quando
ele tinha acabado de ser cometido.

DO DIREITO

Excelência, não há motivos para a manutenção da prisão do


Requerente.
Com efeito, a prisão em flagrante imposta não atendeu às exigências
legais. Sabe-se que referida modalidade de prisão só pode ser imposta
diante das hipóteses previstas no art. 302 do Código de Processo
Penal:

“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele autor da infração.”.
Conforme verificado no caso em apreço, não ocorreu estado de
flagrância, tendo em vista que Requerente foi detido XXX dias depois
do delito ter sido cometido, sem que houvesse qualquer perseguição.
Não houve nexo entre o momento da prisão e a prática do delito. O
Requerente não foi encontrado logo depois da prática de uma
infração penal, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
fizessem presumir ser ele o seu autor. Restando afastado o requisito
temporal.

Sendo assim, não caracterizada qualquer das hipóteses previstas no


artigo 302, do Código de Processo Penal, não pode subsistir a prisão
efetuada pela autoridade policial como sendo em flagrante delito.

É inevitável reconhecer-se a arbitrariedade da prisão que pesa contra


o Requente. O que paira contra o mesmo, até o presente momento,
é uma mera suspeita da prática de um delito, porém sem nenhuma
evidência concreta da realidade da autoria. Patente, portanto, a
ilegalidade da prisão em flagrante.

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Por fim, em caráter subsidiário e apenas por cautela, vale ressaltar
que no caso em comento não existe a possibilidade de ser decretada
a prisão preventiva do requerente, inexistindo quaisquer das
hipóteses que autorizariam a prisão preventiva, configurando-se
evidente a impossibilidade de manutenção do requerente, no
cárcere, a qualquer título.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, postula-se o relaxamento da prisão em


flagrante imposta ao requerente, diante da flagrante ilegalidade de
sua prisão, ouvido o ilustre representante do Ministério Público,
determinando-se a expedição do competente alvará de soltura em
seu favor, como medida da mais lídima justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local e data.

Nome do(a) advogado(a)


OAB XXXXXX

AGRAVO EM EXECUÇÃO (4%)

Fundamento legal Art. 197 da Lei n. 7.210/1984

Prazo 5 dias (Súmula 700 do STF: É de cinco dias o prazo para interposição
de agravo contra decisão do juiz da execução penal.

Serve para Impugnar decisões interlocutórias durante a Execução Penal.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE

Modelo EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DE _______ - ESTADO___.

(linhas)

18
_______________, já qualificado nos autos do processo-crime nº
_________ (se fornecido), às folhas ( ), por meio de seu advogado e
procurador que a este subscreve, conforme procuração em anexo, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, inconformado com a
respeitável decisão de folhas ( ), que ___________ (conteúdo da decisão)
interpor tempestivamente, com fundamento no art. 66, inciso ____ c/c
art. 197 da Lei 7210/84, recurso de
AGRAVO EM EXECUÇÃO
Pelos fatos e fundamentos jurídicos que se seguem nas razões anexas:

Isto posto, se porventura Vossa Excelência entenda que deva


manter a decisão, requer o recorrente que este recurso seja remetido
ao Tribunal competente, nos moldes do art. 589 do CPP.
Termos em que, requerendo seja ordenado o processamento
do presente recurso, com as razões anexas, pede deferimento.

Termos em que,
Pede-se deferimento.

Cidade, ___/___/___

__________________________
Advogado
OAB/___, nº___

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Agravante:: Vivaldino Santos


Agravado: Ministério Público do Estado ___

19
Origem: ____
Processo nº:______

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Doutos Julgadores

No caso em tela, onde _______________ (transcrição da decisão), é


necessária a reforma da decisão, consequentemente vem dela agravar,
esperando que ao final seja reformado pelas razões ora expostas:

I- DOS FATOS

(...)
II - DO MÉRITO

(...)
III - PEDIDO

Diante do exposto, requer seja dado provimento ao presente


recurso, para tornar sem efeito a decisão impugnada.
Termos em que
Pede deferimento.

________, ___ de ___ de ___.

_____________________________
Advogado
OAB/__, nº___.__.

20
REVISÃO CRIMINAL (4%)

Fundamento legal Artigos 621 e 622 do Código de Processo Penal.

Prazo Sem prazo (art. 622).

Serve para Reconhecimento de erros judiciários

Endereçamento:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
Modelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE__________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ____ REGIÃO (Crimes da Competência da
Justiça Federal)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
Identificação
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Nome, nacionalidade, estado civil,
profissão, portador da Cédula de Identidade número _______________,
expedida pela ________________inscrito no Cadastro de Pessoa Física do
Ministério da Fazenda sob o número ____________________, residência e
domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa a
este instrumento, vem oferecer
REVISÃO CRIMINAL
com fundamento no art. 621 (indicar inciso correspondente), do Código de
Processo Penal, não se conformando com a sentença ________________
(indicar o tipo da sentença), já transitada em julgado, conforme certidão em
anexo, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.
1. Dos Fatos.
Falar os pontos principais dos fatos que ensejam a interposição da revisão
criminal.
No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o
seguinte teor:

21
“A respeitável decisão proferida merece ser rescindida pelos motivos de
fato e direito a seguir aduzidos.”
2. Do Direito.
Fale inicialmente qual foi o equívoco cometido pelo juiz para depois
mencionar o direito aplicado ao caso concreto que será o fundamento da
Revisão Criminal.
3. Do Pedido.
Deve-se fazer o pedido pleiteando o deferimento do pedido revisional e
a reforma da decisão (indicando qual é o tipo de reforma que se quer nos
termos do art. 626 do CPP – absolvição; desclassificação; diminuição da
pena; anulação da sentença).

Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data
Advogado, OAB

22
DIREITO PENAL
Estamos nessa etapa final do estudo. Nessa semana se faz mais que
necessário uma revisão aos pontos essenciais para a sua aprovação. Dessa forma,
preparei, em conjunto com a equipe de conteúdo, um resumo direcionado no que
penso que é primordial para que um aluno de segunda fase leve para a prova a
segunda fase da OAB.

Lembrem-se, revisão nunca é demais! É na verdade a chave para o sucesso.

1. TEORIA DO DELITO

CULPABILIDADE
(26/28, CP)
•Capacidade de
ANTIJURIDICIDADE compreender o
(24/25, CP) ilícito
•Estado de •Possibilidade de
Necessidade conhecer a
•Legitimidade Defesa proibição (art.21,
•Estrito cumprimento CP)
TIPICIDADE
do dever legal •Exigibilidade de
•Ação + Resultado •Exercício Regular do fidelidade do
•Nexo Causal Direito direito (art.22, CP)
•Conditio sine qua •Consentimento do
non Ofendido
•Omissivos (dever)
•Objetiva
•Formal =
Adequação típica
•Material =
Resultado
naturalístico
•Subjetiva
•Dolo
•Direto
•Indireto
•Culpa
•Consciente
•Inconsciente

23
1.1. Conceito Analítico de Crime
Ao revisar o estudo da teoria do delito devemos lembrar tecnicamente,
segundo o conceito analítico de crime, a fórmula:

Crime = Tipicidade + Antijuricidade + Culpabilidade

Ausente um dos itens mencionados acima, não cabe mencionar que o


agente, supostamente investigado pela conduta delitiva, cometeu crime, sendo a
referida afirmação sem a devida técnica.

1.2. Tipicidade:
O estudo da tipicidade deve ser analisado desde o momento que o agente
pratica uma ação provocando um resultado, na verdade, sendo mais técnico, a
partir de uma conduta racional dirigida a uma finalidade. Excluem-se, dessa forma,
os atos reflexos, a coação física irresistível e a hipnose ou sonambulismo.

Excluindo, então, as hipóteses que não são consideradas condutas, o futuro


advogado, deve analisar o nexo de causalidade que é entendido como liame
subjetivo entre ação e o resultado, isto é, a relação daquela conduta racional
dirigida a uma finalidade com o resultado causado.

Caso reste clara a relação entre a ação e o resultado o candidato terá base
para responder que o agente seria responsável por aquela conduta, quanto a esse
assunto cabe a revisão do artigo 13 do código penal.

Agora, a partir do momento que seja entendida pera responsabilidade da


conduta citada. Deverá realizar a analise da tipicidade no seu sentido amplo, ou
melhor a sua análise no seu sentido objetivo. Quero dizer o seguinte, deve verificar
se a conduta em analise se trata de uma conduta proibida pelo nosso ordenamento
jurídico penal.

Após a verificação acima não deve abrir de relembrar da análise subjetiva,


analise esta, que leva em conduta a intenção do sujeito, mais precisamente no
artigo 18 do código penal. Nesse momento, os conceitos de dolo e culpa devem
estar bem claros na sua mente.

Dolo: É a vontade livre e consciente de realizar ou aceitar realizar


um fato descrito em um tipo incriminador.

Culpa: Ocorre quando o agente causa um resultado, objetivamente


previsível, por inobservância de deveres objetivo de cuidado. A

24
inobservância do dever de cuidado pode caracterizar uma imprudência,
negligência ou imperícia.

Consumação e Tentativa
Crime consumado Art.14, I, CP.
Crime tentado Art.14, II, CP.
Desistência Voluntária Art.15, primeira parte, do código penal.
Arrependimento eficaz Art.15, segunda parte, do código penal.
Arrependimento posterior Art.16, do código penal.
Crime impossível Art.17, do código penal.

1.3. Antijuridicidade:

a) Estado de Necessidade:
Art.24, CP – Estado de necessidade que pratica o fato

▪ Para salvar
▪ De perigo atual
▪ Que não provocou por sua vontade
▪ Nem poderia de outro modo evitar
▪ Direito próprio ou alheio
▪ Cujo Sacrifício
▪ Não era razoável de exigir
Art.25, CP – Age em legítima defesa:

▪ Usando moderadamente
▪ Dos meios necessários
▪ Repele
▪ Injusta agressão
▪ Atual ou iminente
▪ A direito seu ou de outrem

b) Estrito cumprimento do dever legal

Existem pessoas que ao cometer o que a lei manda comete fatos típicos.
EX: carcereiro que priva alguém da sua liberdade, sequestro, comete todos os
elementos só que não só a lei autoriza, a lei manda esse é o trabalho dele; oficial
que pega bens do sujeito que pega bens para penhora, ela não furta porque ele
está agindo em estrito cumprimento do dever legal.

25
Caso na hora de executar o carcereiro privar o preso da liberdade ele está
em estrito cumprimento do dever legal agora caso ele realizar uma lesão corporal
o carcereiro responderá por este ato.
Então estrito cumprimento dever legal são hipóteses que ao cumprir o seu
dever você realizar um ato típico.

c) Exercício regular do direito

Aquele que está autorizado a praticar um ato, reputado pela ordem jurídica
como o exercício de um direito, age licitamente.

Exemplo: sujeito que pula no muro da minha casa que estava com cacos de
vidro estou protegendo meu patrimônio.
1.4. Culpabilidade

Culpabilidade É o juízo de reprovação, de censura penal, que incide


sobre a conduta penalmente relevante.

Elementos da a) Imputabilidade
culpabilidade b) Potencial consciência da ilicitude
c) Exigibilidade de conduta diversa

a) inimputabilidade em razão de doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado
(art.26, caput, do Código Penal).
Causas legais de b) inimputabilidade em razão da idade do agente (art.27
exclusão de do código penal e art.228 da constituição federal)
culpabilidade c) inimputabilidade em razão da embriaguez (art.28, II,
do código penal)
d) coação moral irresistível (art.22, primeira parte, do
código penal)
e) Obediência hierárquica (art.22, segunda parte, do
código penal)

Causa supralegal de
exclusão de Inexigibilidade de conduta diversa
culpabilidade

26
2. ITER CRIMINIS

É o “caminho do crime”. É todo o processo pelo qual o agente passa quando decide
cometer um crime. A doutrina entende que 5 (cinco) são as fases do iter criminis:

Cogitação: é a parte intelectual do crime. É quando o agente pensa em qual crime


vai cometer, como vai cometê-lo, etc.

Preparação: o agente começa a preparar o crime futuro, pratica atos lícito ou


ilícitos com o intuito de preparar o crime principal. Por exemplo, adquire armas,
máscaras e um carro furtado que serão utilizados em um roubo.

Os atos preparatórios são puníveis? Os atos preparatórios não são puníveis


enquanto atos preparatórios, agora pode ser que determinado preparatório por si
só já configure um delito, nesse sentido já seria punível. Haverá circunstância que
estará concentrada num único ponto, por exemplo, crime de injuria dizer “você é
um bobo”, não dá para separar a execução, chamado então de crime
unisubsistente. Já nas hipóteses que é possível narrar as várias hipóteses
estaríamos diante de um crime plurisubsistente.
Execução: Consiste na execução do fato descrito no tipo penal; o agente começa
a executar a conduta. São os atos de execução da conduta criminosa. De acordo
com a quantidade de atos executórios, os crimes se subdividem em duas
categorias:

• Unissubsistentes: o crime é praticado com um único ato executório que por


si só gera a consumação do crime. São sempre crimes formais ou de mera
conduta, quando a conduta foi realizada com um único ato de execução. Ex.:
calúnia oral, corrupção passiva oral, violação de domicílio na modalidade
permanecer etc.
• Plurisubsistentes: São os crimes praticados por vários atos de execução ou os que
dependem de um resultado para a consumação. Os crimes formais e de mera
conduta podem ser plurisubsistentes quando a conduta for realizada com uma
pluralidade de atos de execução, a consumação somente ocorre quando todos os
atos forem concluídos, por exemplo, a calúnia ou a difamação por escrito, a
violação de domicílio com o arrombamento de uma janela etc.
Todos os crimes materiais são plurisubsistentes, pois, além da conduta, dependem
sempre do resultado para a consumação. Ex: homicídio, aborto, furto, roubo, lesão
corporal, etc.

Consumação: O art.14, I, CP dispõe que o crime está consumado quando nele se


reúnem todos os elementos de sua definição legal.

Nos crimes formais e de mera conduta a consumação ocorre com a finalização


da conduta. Nos crimes materiais a consumação depende da ocorrência do

27
resultado naturalístico, e não basta praticar a conduta, é necessário que o
resultado ocorra.

CRIME MATERIAL FORMAL MERA CONDUTA


Conduta Conduta é exigida para a Não tem resultado, só
consumação. Crimes de depende da conduta
consumação antecipada. para a consumação.
Resultado é exigido para Causa resultado,
a consumação. dispensado para a
consumação.

Exaurimento: Consiste no potencial máximo de consequências de uma conduta, é


o ponto final. No crime material ocorre ao mesmo tempo em que a consumação
com o resultado naturalístico. No crime formal, que tem a consumação antecipada
para o momento da conduta, o exaurimento só ocorre com o resultado. No crime
de mera conduta, como não tem resultado, o exaurimento é no término da
execução.

Crime Tentado

Art. 14, CP - Diz-se o crime: [...]

Tentativa

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

Tentativa Perfeita
• A tentativa perfeita está próxima do resultado. O sujeito
esgotou o plano delitivo, mas o crime não se consumou.

Tentativa Imperfeita
• O agente não consegue consumar o plano por motivos
alheios à sua vontade (ex.: é interrompido pela polícia)

28
Alguns crimes não podem ser tentados por uma questão lógica

Não Crimes Omissivos - na omissão o que se pune é a


admitem não ação.
tentativa Crimes unissubsistentes não podem ser tentados

Crimes culposos - não dá para tentar quebrar um


dever.
Contravenções - por escolha do Legislador penal

Crimes habituais - p. ex.: curandeirismo

Desistência do Crime

• Está entre a tentativa voluntária e a tentativa perfeita.


Desistência Voluntária • O agente desiste durante a execução da conduta, sem
que nada o tenha impedido de continuar.
(art. 15, 1ª parte, CP) • O agente não responde pela tentativa, mas sim pelos
atos até então praticados.

• Está após a tentativa perfeita e antes do resultado.


Arrependimento Eficaz • O agente executou o plano, se arrependeu e conseguiu
evitar que o crime produzisse todos os seus efeitos.
(art. 15, 2ª parte, CP) • O agente não responde pela tentativa, mas sim pelos
atos até então praticados.

• Ocorre após a consumação do crime.


Arrependimento • É a atuação voluntária do agente para reparar o dano
Posterior que causou em razão do cometimento do crime.
(art. 16, CP) • É causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena.

29
Crime Impossível

É uma forma sui generis da tentativa. O código menciona que não se pune a tentativa
quando por ineficácia absoluta do meio (o meio que você resolveu matar o sujeito é
absolutamente ineficaz) ou por absoluta impropriedade do objeto (dar um tiro no
morto).

Exemplo: Não dá para uma senhorinha ameaçar o Anderson Silva dizendo que “vou ter
uma porrada”, o meio seria totalmente ineficaz para ameaçar o Anderson Silva.

A opção política criminal nesses casos foi de punir zero porque não há bem jurídico a
ser lesionado porque o objetivo é improprio, o meio era ineficaz.

3. ERRO

Em Direito Penal, o erro pode ser entendido como uma falsa percepção da
realidade. Duas são as modalidades de erro: erro de tipo e erro de proibição.

3.1. Erro de Tipo Essencial:

No erro de tipo essencial (art. 20, caput, CP), o agente, por uma má compreensão
dos eventos que o circundam, acaba por praticar os atos previstos em um
determinado tipo penal, sem entender que está incorrendo em crime. Exemplo
clássico é o do indivíduo que subtrai coisa alheia pensando estar pegando seu
próprio bem.
Esta modalidade de erro afasta o dolo, posto que o indivíduo não pode querer ou
assumir o risco sem consciência real de sua conduta. Porém, caso o erro decorra
de falta de cuidado, o erro será evitável e o agente deverá responder pelo crime a
título de culpa, caso haja previsão legal.

30
3.2. Erro de proibição

O art. 21, CP traz a figura do erro de proibição, que se dá quando o agente comete
um crime sem saber que se trata de um ato ilícito. Neste caso, o agente tem o
intuito de realizar sua conduta, porém não sabe que é uma conduta proibida
penalmente.

O erro de proibição pode ser inevitável ou evitável. No primeiro, o agente não


tem e nem poderia ter consciência da ilicitude de seu ato – o que acarretará a
isenção da pena –; no último, por sua vez, o agente não tem ciência da ilicitude de
seus atos, mas poderia alcançá-la – nesta hipótese, estaremos diante de causa de
diminuição de pena.

O erro de proibição pode ser direto (quando o agente desconhece a proibição


legal do fato e o pratica pensando estar atuando de forma lícita); indireto (quando
o indivíduo sabe da ilicitude do fato, mas pensa estar amparado sob uma hipótese
de excludente de ilicitude – p. ex.: cônjuge que viola a correspondência de seu par,
pensando que lhe é permitida tal conduta); e mandamental (quando aquele que se
omite se equivoca quanto ao alcance do mandamento de norma proibitiva de
crimes omissivos próprios ou impróprios).

3.3. Descriminantes Putativas

O art. 20, § 1º, traz a figura das descriminantes putativas, que se dão quando o
indivíduo, acreditando estar amparado por uma das hipóteses excludentes de
ilicitude (art. 23, CP), pratica a conduta tida como crime com dolo.

As descriminantes putativas podem ocorrer por erro de tipo permissivo, em


decorrência das circunstâncias fáticas (art. 20., § 1º, CP), ou ainda, por erro de
proibição indireto (art. 21., CP), sendo que aquelas terão consequências distintas
destas últimas.

“É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,


supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”

31
ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO DESCRIMINANTES
PUTATIVAS
Art. 20, CP Art. 21, CP Art. 20, § 1º, CP
Exclui a tipicidade Incide na culpabilidade. Podem ocorrer por erro
formal. Atua no tipo Atua na potencial de tipo permissivo ou de
subjetivo, excluindo o consciência de ilicitude proibição indireto.
dolo
- Inevitável: exclui o dolo
- Inevitável: isento de - Inevitável: isenta o
e a culpa pena. Não tinha agente de pena.
consciência da ilicitude, e
- Evitável: Há culpa, nem poderia ter. - Evitável: responderá
derivada de um por culpa se houver
descuido. Não há dolo - Evitável: diminui a pena previsão de modalidade
em 1/6 a 1/3. O agente dolosa na lei.
pratica o fato sem saber
que é crime, mas poderia
saber.

3.4. Erros acidentais

1) Erro quanto ao objeto material: O agente pretende atingir um bem e acaba por
atingir outro. Se a coisa tiver as características necessárias para o crime, o agente
responderá pelo ilícito praticado.

2) Erro quanto à pessoa (art. 20, § 3º, CP): Pode ocorrer nos crimes cujo objeto
material seja a pessoa. O agente, visando atingir uma pessoa, acaba atingindo
outra por confusão. Neste caso, o agente responderá como se tivesse cometido o
crime contra quem visava atingir (ex: mãe de recém-nascido que, sob efeito do
estado puerperal, tenta matar o próprio filho, mas mata outra criança por engano.
Responderá a mãe por infanticídio.)

3) Erro na Execução (aberratio ictus – art. 73, CP): Trata-se de erro ou acidente no
emprego dos meios executórios. O agente, pretendendo atingir uma pessoa, por
acidente acaba atingindo pessoa diferente. O agente, neste caso, responderá
como se tivesse praticado o crime contra quem queria. Caso atinja a pessoa
pretendida e um terceiro, responderá por ambos os crimes (um crime doloso e um
culposo) em concurso formal próprio.

4) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis – art. 74, CP): Por erro ou
acidente no emprego dos meios executórios, o agente atinge bem jurídico diverso
do pretendido. O agente, neste caso, responderá culposamente pelo resultado
diverso. Se o agente atingir também o bem que pretendia, responderá por ambos
os crimes em concurso formal próprio.

32
5) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): Temos aqui duas hipóteses
possíveis: (i) o agente pratica uma conduta visando um resultado, mas obtém o
resultado pretendido por meio de uma causa diversa da esperada, mas por ele
também desencadeada. Responderá o agente pelo crime consumado,
independentemente do motivo do resultado; e

3.5. (ii) o agente pratica um ato visando um resultado e, erroneamente


acreditando tê-lo atingido, pratica outro ato, este sim produzindo o
resultado que se pretendia. Responderá o agente pelo crime
consumado, como se tivesse causado o resultado no primeiro
momento.

3.6. Síntese

Incriminador

Essencial

Permissivo

Sobre a pessoa
Erro de tipo
(art. 20, CP)
Sobre o objeto
Sobre o objeto
material

Erro
Acidental Aberratio ictus

Sobre a Execução

Direito Aberratio criminis


Erro de proibição Sobre o nexo
(art. 21, CP) causal
Indireto

4. PRESCRIÇÃO

É a perda do direito de punir em razão do curso de determinado período de tempo


sem a propositura da ação penal ou sem que se conclua a mesma (prescrição da
pretensão punitiva), ou ainda, a perda do direito de executar a pena, por não ter o
Estado conseguido dar prosseguimento ao cumprimento dentro do prazo legal
(prescrição da pretensão executória).

4.1. Prescrição da pretensão punitiva (PPP)

33
É contada a partir do máximo de pena em abstrato cominada ao crime, observados
os parâmetros do art. 109 do CP. Esses prazos são observados tanto nas penas
privativas de liberdade quanto nas restritivas de direitos.
A doutrina majoritária entende que as causas de aumento de pena devem ser
consideradas para definir a pena máxima em abstrato e, consequentemente, o
prazo prescricional, exceto nos casos de concursos de crimes, onde a extinção de
punibilidade e prescrição são analisadas separadamente para cada crime.

Conforme o art. 115, “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o


criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da
sentença, maior de 70 (setenta) anos”.

Importante lembrar ainda os dizeres do art. 110, § 1º, CP: “A prescrição, depois da
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma
hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa”.

4.2. Prescrição Retroativa

É hipótese de prescrição da pretensão punitiva, onde o prazo passa a ser contado


tomando como critério a pena concretamente aplicada, e não mais a pena
cominada em abstrato. Trata-se de hipóteses de trânsito em julgado parcial
somente para a acusação, impedindo a majoração pena e estabelecendo o cálculo
da prescrição a partir da pena em concreto.

Para esta modalidade de prescrição, regulada pelo artigo 110, § 1º, CP, a
prescrição somente retroage nos períodos entre os marcos de interrupção de
prescrição (p. ex,: entre o recebimento da denúncia e a publicação de sentença
penal recorrível).

4.3. Prescrição superveniente ou intercorrente

Ocorre entre a publicação da sentença penal condenatória e a data do julgamento


definitivo. É calculada com a pena em concreto aplicada na sentença penal quando
não houver recurso da acusação; ou ainda, com a pena em abstrato do crime
quando as duas partes recorrerem.

34
4.4. Prescrição da pretensão executória (PPE)

É a perda do direito de punir, por parte do estado, em decorrência de lapso


temporal após a obtenção do título condenatório definitivo. Calcula-se o prazo
com a pena estabelecida na sentença, e observadas as regras do art. 109, CP. Esta
modalidade de prescrição extingue a pena, mas são mantidos os demais efeitos
condenatórios, como a reincidência e as obrigações extrapenais. Aumenta-se o
prazo em 1/3 quando o condenado for reincidente.

4.5. Termo inicial da PPP

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença


final

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,


começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento
do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes,
previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a
vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido
proposta a ação penal.

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível

Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a


correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o
livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do


livramento condicional

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o


livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da
pena.

35
4.6. Causas interruptivas e suspensivas da prescrição

As causas suspensivas da prescrição são aquelas que suspendem o curso dos prazos
processuais por um período determinado e, quando findas, retoma-se a contagem
do prazo de onde havia parado. No Código Penal, estão previstas no artigo 116
do CP (muito embora a redação do artigo diga “causas impeditivas”).

Causas impeditivas da prescrição

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não


corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa
o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença


condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo.

Outras causas suspensivas de prescrição na legislação extravagante, tal como a


suspensão da prescrição durante o sursis processual do art. 80, §6º, Lei 9.099/95).

Já as causas interruptivas são eventos instantâneos e que reiniciam a contagem


do prazo prescricional. No Código Penal, essas hipóteses se encontram no art. 117

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.

4.7. Observações

1) O prazo prescricional é um tipo de prazo penal. Conta-se esta modalidade


incluindo o dia de início e excluindo o dia final (p. ex.: um crime com prazo
prescricional de 3 anos cometido no dia 20/05/2017 prescreve em 19/05/2020).

2) No concurso de crimes, calcula-se a prescrição isoladamente para cada um dos


crimes, não sendo levado em consideração o total da pena aplicável;

3) A prescrição aplica-se também aos atos infracionais cometidos por crianças e


adolescentes;

4) a pena de multa prescreve em: I – dois anos, quando for a única cominada ou
aplicada; e II – no mesmo prazo para prescrição da pena privativa de liberdade,

36
quando a multa foi alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada (v. art. 114, CP).

5. CRIMES CONTRA A PESSOA

CRIMES CONTRA A PESSOA

A vida, a intangibilidade corpórea (integridade corporal), a


honra e a liberdade do indivíduo.
O que protegem

Dispositivos legais: Art. 5º da CF e 121 do CP.

A morte extingue a personalidade jurídica. O corpo pode


ser doado ou até vendido para faculdades de medicina,
pois houve o término da vida humana biológica.

Sujeitos do delito:
a) Sujeito ativo: A morte extingue a personalidade jurídica
O corpo pode ser doado ou até vendido para faculdades
de medicina, pois houve o término da vida humana
biológica.
b) Sujeito passivo: Sujeito passivo vem identificado pelo
elementar “alguém”, que é qualquer pessoa (ser vivo
nascido de mulher).

Tipo Objetivo
- O núcleo do tipo é indicado pelo verbo “matar”, que
significa eliminar, ceifar, tirar a vida de pessoa humana.
- Se há fato típico, antijuridicidade e culpabilidade, há
crime.

Tipo Subjetivo Homicídio doloso


“Animus necandi” ou “animus occidendi”. O homicídio
admite todas as formas de dolo (direto, indireto, eventual
e alternativo)
Homicídio culposo
Homicídio Forma culposa é a figura do parágrafo 3º do artigo 121,
CP.
Homicídio privilegiado
Privilegiado = § 1º - Pena diminuída em 1/6 a 1/3.

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Homicídio Qualificado
= § 2º - Pena de reclusão de 12 a 30 anos. Temos formas
subjetivas e objetivas ligadas aos motivos e meios de
execução.
Possibilidade de Cumulação de qualificadoras
Não se cumulam qualificadoras subjetivas. É possível, no
entanto, a cumulação de objetivas ou de uma subjetiva e
uma ou mais objetivas.

Parágrafo 4º do art. 121


Causas de aumento de pena.

Parágrafo 5º do art. 121 – Perdão judicial


No homicídio, só cabe no parágrafo 3º - só se concede
perdão judicial ao homicídio culposo. É causa extintiva da
punibilidade.
Sujeito ativo
Sujeito ativo, somente a mãe. É crime próprio,
unisubjetivo e que admite concurso de agentes.
Infanticídio Sujeito passivo
Sujeito passivo: nascente ou neonato (quem mata durante
o parto, mata o nascente).

Estado puerperal: após o parto é o fenômeno


biopsicológico, é reação hormonal que desencadeia uma
reação psicológica. Domina o pensamento da mãe e esta
perde parcialmente a capacidade de pensar.

Art. 122 do CP.


Induzimento, Sujeito ativo
Qualquer pessoa pode praticar este crime
instigação ou Sujeito passivo
auxílio a suicídio Qualquer pessoa maior de 14 anos e portadora de higidez
mental (posicionamento amplamente dominante na
doutrina e jurisprudência).
Tentativa
Tentar não justifica a ação penal, não se pune a tentativa
de instigar, auxiliar ou induzir o suicídio.
É a interrupção da gravidez com a morte do produto da
concepção. Não há necessidade de expulsar o feto do corpo
da mãe, basta a interrupção da gravidez.

Auto aborto – art. 124, 1ª parte


Aborto Aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento

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Art. 124 - 2ª parte
Aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento

Aborto sem o consentimento da gestante (art. 125)


É a forma mais grave de aborto.

Aborto com consentimento da gestante – art. 126


É o mesmo caso do art. 125. A diferença é que neste caso
há o consentimento da gestante. A partir do
consentimento, deve-se analisar se este é válido ou não.

Art. 129 do CP
Lesão corporal
Conceito de Lesão corporal
É crime de dano, ataque, enfrentamento do bem jurídico.

Objetividade jurídica
Incolumidade física e saúde, física e mental.

Sujeito ativo
Qualquer pessoa pode praticar lesão corporal. É crime
comum, unisubjetivo, admite concurso de pessoa em
todas as modalidades.

Sujeito passivo
Qualquer pessoa pode ser vítima (ser humano vivo).

Tipo objetivo
O verbo é o ofender, empregado como lesar, causar mal,
macular a integridade física. Vide tipo objetivo do art. 121
(tudo o que vimos no homicídio cabe aqui – crime livre,
instantâneo, material, etc.).

Tipo subjetivo
Admite forma: doloso, culposa e preterdolosa.

39
6. CRIMES O PATRIMÔNIO

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Classificação Doutrinária
Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre,
comissivo em regra, instantâneo ou permanente,
unissubjetivo, plurrisubsistente, não transeunte e admite
tentativa. Entendemos exequível o cometimento de furto
por omissão.

Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou


possuidor da coisa.
Furto
Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha
a posse ou propriedade da coisa.

Tipo objetivo
Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja,
qualquer objeto ou substância corpórea que tenha valor
econômico e que possa ser removida, destacada ou
deslocada de um lugar para o outro.
Tipo Subjetivo
O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo
do agente é genérico, a vontade livre e consciente de
subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma
finalidade especial, o dolo específico, o fim de assenhorar-
se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou
para outrem" (animus furandi).

Consumação
Ocorre no momento em que o agente tem a posse
tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo. Consuma-
se quando a coisa sai da esfera de disponibilidade e de
proteção da vítima e ingressa na disponibilidade do sujeito
ativo.

Tentativa
Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a
tentativa é perfeitamente admissível na hipótese de o
agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias
alheias à sua vontade. Também caracteriza a tentativa na
hipótese de ser perseguido pela polícia e preso logo após
a subtração

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Art. 156, CP.

Cassificação Doutrinária
Crime próprio, de dano, material, não transeunte,
instantâneo, comissivo ou omissão impróprio,
unissubjetivo, plurissubsistente, de forma livre e admite
tentativa.

Sujeito Ativo
É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. Trata-se de
crime próprio que se comunica em caso de concurso de
pessoas.

Sujeito Passivo
Furto de coisa Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, ou ainda um
comum terceiro quem detém legitimamente a coisa

Objeto Material:
A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide,
por exemplo, o proprietário de um apartamento que
subtrai da área comum de um prédio um relógio de
parede.

Objeto Jurídico:
Tutela-se a propriedade ou a posse legítima.

Tipo Objetivo
A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de
retirar, pegar coisa comum de quem legitimamente a
detém, isto é, a coisa que pertence não apenas ao agente,
mas também a outras pessoas.
Tipo Subjetivo
É o elemento específico do tipo, dolo específico dos
clássicos, consubstanciado na expressão para si ou para
outrem, qual seja, a finalidade de assenhoraremos da coisa
comum.

Consumação
Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção
do sujeito passivo. Passa o agente a ter posse tranquila da
coisa comum, ainda que por pouco tempo.

Tentativa

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Quando a coisa comum não sai da esfera de
disponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias à
vontade do condômino, herdeiro ou sócio.

Ação Penal
O crime é de ação pública condicionada. Somente se
procede mediante representação do ofendido. Infração de
menor potencial ofensivo sujeita as normas da Lei nº
9.099/1995.

Art. 157, CP.

Classificação Doutrinária
Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de
dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio,
plurissubsistente, complexo e admite tentativa.

Sujeito Ativo:
Qualquer pessoa.

Roubo Sujeito Passivo


Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem
tutelados vários objetos jurídicos, nada impede o
surgimento de dois ou mais ofendidos, como ocorre, por
exemplo, com aquele que sofre violência e o outro que
tem o bem subtraído durante a ação criminosa.

Objeto Material:
A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia
móvel.

Objeto Jurídico
A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a
integridade física, a saúde e a liberdade pessoal, daí ser
considerado crime complexo em que são conjugados
emprego de violência ou ameaça e a subtração
patrimonial.

Tipo Objetivo
O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é
acrescido pelo emprego de violência, grave ameaça ou
qualquer outro meio que reduza a possibilidade de
resistência da vítima.

Tentativa

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No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de
sua admissibilidade. Ocorre quando o agente após o
emprego de violência ou grave ameaça não consegue
efetivar a subtração da coisa por circunstâncias alheias à
sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que
por breve tempo.

Roubo impróprio
É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa
emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça a fim
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.

Pluralidade de causas de aumento de pena


Muito comum na prática a incidência de mais de uma
majorante no roubo. Diverge a doutrina quanto à
aplicação da pena.

Qualificadoras do roubo
Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
reclusão, de 7 a 15 anos, além de multa; se resulta morte,
a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-
se de crime considerado qualificado pelo resultado em que
as lesões graves ou morte podem advir de dolo ou culpa.

Art. 158, CP.

Classificação doutrinária
Crime comum, formal ou material, de forma livre,
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo,
doloso, de dano, complexo e admite tentativa.

Sujeito ativo:
Qualquer pessoa
Extorsão Sujeito passivo
Qualquer pessoa. É possível a existência de dois sujeitos
passivos ao mesmo tempo; o que sofre a lesão patrimonial
e o que sofre o constrangimento. A pessoa jurídica
tambem pode ser sujeito passivo do crime.

Objeto material:
A condita delitiva recai sobre a pessoa humana e a coisa
móvel ou imóvel.

Objeto jurídico

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Tutela-se não apenas a inviolabilidade do patrimônio, mas
também a vida, a liberdade pessoal e a integridade física e
psíquica da pessoa humana.

Tipo objetivo
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar,
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea
explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta,
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de
coisa móvel ou imóvel).

Tipo subjetivo
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído
pela vontade livre e consciente de constranger alguém
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o
segundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na
expressão "com intuito de".

Consumação
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou
material. Para os que o consideram formal, a consumação
ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo
ao constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a
enfeitava obtenção da vantagem econômica indevida.

Tentativa
Admite-se quer considerando o crime formal ou material.
Surge quando a vítima mesmo constrangida, mediante
violência ou grave ameaça, não realiza a condita por
circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima,
então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a
polícia.

Diferença entre extorsão e roubo


Para os clássicos a distinção infalível é a de que no roubo
o agente toma a coisa por sim mesmo; na extorsão faz com
que lhe seja entregue. Embora a extorsão se assemelhe ao
roubo em face da pena, dos meios de execução, da
natureza e da objetividade jurídica, com ele não se
confunde.

Art. 159, CP.

Classificação doutrinaria

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Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano,
plurisubsistente, de forma livre, comissivo, não
transeunte, unissubjetivo, hediondo e admite tentativa.

Sujeito ativo
Extorsão mediante Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que
sequestro pratica qualquer conduta necessária para a obtenção do
resultado almejado durante o período consumativo do
(sequestro crime, exemplo, o vigia do cativeiro, o mensageiro, o
relâmpago) seqüestrador, o mentor do plano.

Sujeito passivo
Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes,
figuram no polo passivo o sequestrado e quem sofre a
lesão patrimônios, geralmente membro da família. A
pessoa jurídica pode ser sujeito passivo quando compelida
a pagar o valor do resgate.

Objeto material
A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada
de liberdade bem como aquele que tem diminuído o seu
patrimônio.

Objeto jurídico
Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o
patrimônio e a liberdade de locomoção do ofendido, mas
também a sua vida e a integridade física.

Tipo objetivo
A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é,
privá-la de liberdade de locomoção, arrebatá-la, com o fim
de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial.
A posição dominante da doutrina crê a vantagem
econômica deve ser indevida, pois do contrário haveria
sequestro em concurso formal com exercício arbitrário
das próprias razoes.

Tipo subjetivo
O tipo requer além do dolo genérico, definido como a
vontade livre e consciente de seqüestrar pessoa, o
elemento específico do tipo, o denominado dolo
específico, contido na expressão "com o fim de obter para
si ou para outrem", qualquer vantagem como condição ou
preço do resgate.

Consumação
Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o
sequestro independentemente da vantagem patrimonial,

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isto é, a consumação opera-se no momento em que ocorre
a privação da liberdade da vítima independentemente do
efetivo recebimento do resgate. Suprimida a liberdade de
locomoção da vítima por um período relevante, além do
intuito de obter, por esse meio, qualquer vantagem
econômica, o crime está consumado.

Na jurisprudência predominante o entendimento de que o


crime se configura mesmo quando os criminosos não
conseguem obter o resgate e ainda que não tenham tido
tempo pedi-lo.

Art. 160, CP.

Classificação doutrinária
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material
(receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada,
Extorsão indireta unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente
(receber) e admite tentativa.

Sujeito ativo
Qualquer pessoa.

Sujeito passivo
Qualquer pessoa. Em regra é o devedor que entrega o
documento ao extorcionário e que pode lhe dar causa a
um procedimento criminal. Nada impede, todavia, o
surgimento de dois sujeitos passivos: o que entrega o
documento e aquele contra quem pode ser iniciado o
processo.

Objeto material
A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a
um procedimento criminal contra o devedor, como a
confissão de um crime, a falsificação de um título de
crédito, uma duplicata fria etc.

Objeto jurídico
Tutela-se o patrimônio e a liberdade individual do
ofendido.

Tipo objetivo
A conduta consiste em exigir (obrigar, ordenar) ou receber
(aceitar) um documento que pode dar causa a
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É
abusar da situação daquele que necessita urgentemente
de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do

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delito que o documento exigido ou recebido pelo agente,
que pode ser público ou particular, se preste a instauração
de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a
instauração do procedimento criminal, basta que o
documento em poder do credor seja potencialmente apto
a iniciar o processo.

Tipo subjetivo

O tipo requer não apenas o dolo genérico, vontade livre e


consciente de exigir ou receber como garantia de dívida
determinado documento, mas também o dolo específico
constituído pela finalidade de abusar da aflitiva situação
de alguém. É o que a doutrina de denomina dolo de
aproveitamento.

Consumação

Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com


a simples exigência do documento pelo extorcionário. A
iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento
do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.

Tentativa

Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua


configuração, embora uma parcela da doutrina a admita
com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes
contra a honra, de a exigência ser reduzida por escrito,
mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de
receber, no entanto, é perfeitamente possível, podendo o
iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias à
vontade do agente.

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7. TEORIA DA PENA

Dosimetria da Pena – Critério Trifásico (CP, art. 68)

Pena-Base Pena Provisória Pena Definitiva


Circunstâncias Judiciais Atenuantes e Agravantes Minorantes e Majorantes
(Art. 59, CP) (Art. 61 a 66, CP) (Espalhadas pelo CP)

Para aplicar a pena, utiliza-se o critério trifásico previsto no art. 68, do Código Penal.
Vejamos:

Art. 68, CP - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas
de diminuição e de aumento.

1ª) Fixação da Pena-base:


A fixação da pena-base ocorre através das circunstâncias judiciais previstas no art. 59,
CP, que são oito ao todo. Os critérios previstos no referido dispositivo são limitadores da
discricionariedade judicial. Vejamos:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime.

É importante que você não esqueça duas Súmulas:

Súmula 231, STJ - A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução
da pena abaixo do mínimo legal.

Súmula 444, STJ - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.

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2ª) Fixação da Pena provisória:
Nesta fase, considerar-se-ão as circunstâncias agravantes e atenuantes (art. 61 a 67, CP),
conhecidas como circunstâncias legais. Cabe recordar, ainda, que não podem ser
consideradas duas vezes em nenhuma hipótese para não se incorrer em “bis in idem”.

3ª) Fixação da Pena definitiva:


O juiz, nesta última fase, busca a pena definitiva. Para tanto, se utiliza das causas
de aumento de pena (majorantes) e causas de diminuição de pena (minorantes).

Suspensão Condicional da Pena – “Sursis” (CP, art. 77 a 82)


A suspensão condicional da execução da pena é medida que se
destina a evitar o recolhimento à prisão do condenado,
submetendo-o à observância de certos requisitos legais e
condições. Ela é permitida se a pena não é superior a 2 anos. Desse
modo, poderá ser suspensa, por 2 a 4 anos. Nesse panorama, se
cumpridas as condições, caso não seja revogado o benefício,
considera-se extinta a punibilidade do fato.

Livramento Condicional (CP, art. 83 a 90)


O livramento condicional é um instituto da execução penal. O indivíduo alcançará tal
benefício mediante o preenchimento de dois requisitos. O de ordem subjetiva, que é
aferido através do mérito do apenado e o critério objetivo, que é temporal. Quanto ao
último, vejamos a tabela:

Tipo de Crime Primário Reincidente


Crime Comum 1/3 1/2
Crime Hediondo 2/3 2/31

1Em caso de reincidência específica em crime hediondo, o condenado não faz jus ao livramento
condicional.

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Uma questão essencial é a falta grave cometida no curso da execução da pena. Trata-se
de uma sanção administrativa aplicada na unidade carcerária. Vejamos a jurisprudência:

Súmula nº 441, STJ - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional.

Progressão de Regime
Está pautada no art. 112, da Lei nº 7.210/84 (LEP) e art. 2º, da Lei nº 8072/90 (Lei de
Crimes Hediondos). A progressão está condicionada ao preenchimento de dois requisitos:
o subjetivo que é aferido através do mérito do apenado e o critério objetivo, que é
temporal. Quanto ao último, vejamos o esqueminha:

Tipo de Crime Primário Reincidente


Crime Comum 1/6 1/6
Crime Hediondo 2/5 3/5

Penas Restritivas de Direito (CP, 43 a 48)


As modalidades de penas restritivas de direitos (PRD) estão dispostas no art. 43, do
Código Penal. As PRD’s são autônomas e substituem as privativas de liberdade. Vejamos
os requisitos:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime
for culposo.

II – o réu não for reincidente em crime doloso.


III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

ATENÇÃO: Na condenação igual ou inferior a 1 ano, a substituição pode ser


feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a 1 ano, a
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática
do mesmo crime.

Reincidência (CP, 63 e 64)


Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.

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Para efeito de reincidência não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação.

Prazos no Processo Penal


Atenção quanto a contagem de prazos no processo penal, principalmente quando
for realizar a análise da peça processual, pois a sua contagem se dá a partir da data
da intimação e não da juntada dos autos. Essa informação é muito importante para
não confundir que um recurso está intempestivo quando na verdade seu prazo
nem se iniciou, repito o prazo começa a fluir da dará da intimação.

Súmula nº 710, STF - No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e


não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.condicional.

Na hora da prova pense como advogado, aja como advogado e responda como
advogado! Estou na torcida! Contem comigo!

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