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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS – ICEx

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Considerações sobre aulas de Equilíbrio Químico aplicadas


aos alunos do Ensino Médio

Belo Horizonte, dezembro de 2008


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS – Icex

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Considerações sobre aulas de Equilíbrio Químico aplicadas


aos alunos do Ensino Médio
Monografia orientada pela professora Luiza de Marilac
Pereira Dolabella e apresentada na disciplina Monografia
em Ensino de Química, como requisito parcial à obtenção
do título de Licenciado em Química.

Amantino Araújo Perdigão Júnior

Leitora Crítica: Ana Luiza de Quadros

Belo Horizonte, dezembro de 2008


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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Amantino Perdigão e Dona Irany Martins por me incentivarem

em meus estudos e acreditarem em meu potencial para vencer todos os obstáculos

acadêmicos.

À minha irmã Julia pela boa companhia nestes dois últimos anos de graduação,

ajudando-me nos momentos mais difíceis desta caminhada. À Jussara, a quem tenho um

carinho imenso. À Jane pelos excelentes conselhos, mostrou-me a importância dos

estudos para o sucesso profissional, apoiou-me e influenciou-me em minhas decisões

relativas a todos os aspectos educacionais, sem ela, creio que não estaria concluindo um

curso neste momento. Tenho muito orgulho em ser seu irmão.

À Luiza de Marilac pelos ensinamentos de química analítica, orientação, amizade e

carinho. Uma professora excelente...

À Ana Luiza de Quadros pela leitura atenciosa...

À Cristiane Guimarães, pelos exemplos de determinação, disciplina e inteligência. Uma

referência nos estudos. Levarei comigo todos os momentos bons que aconteceram entre

nós.

Aos meus amigos Bia, Meire, “Donana” e Dimitri pela amizade, companhia e

convivência...

Muito obrigado
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“O silêncio é o mais perfeito arauto da felicidade.


Eu estaria pouco feliz se pudesse dizer o quanto.”
William Shakespeare
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RESUMO

Este trabalho faz a descrição e análise das aulas ministradas aos alunos do

segundo ano do Ensino Médio, na Escola Estadual Maria Andrade Resende, Belo

Horizonte – MG, relativas ao conceito de equilíbrio químico. Essas aulas foram

realizadas durante o período de regência de classe do curso de licenciatura em química.

Aplicou-se um pré-teste no início da seqüência de aulas na qual os alunos apresentaram

praticamente as mesmas concepções encontradas em pesquisas já feitas (MACHADO e

ARAGÃO, 1996) e uma avaliação ao final desse conceito para saber se houve evolução

conceitual. Além da análise das aulas, apresentou-se os resultados em termos de

aprendizagem dos alunos. O livro texto adotado pela professora regente da turma

pesquisada, Química - Na Abordagem do Cotidiano, (PERUZZO e CANTO, 1998), foi

também um objeto de análise neste trabalho, tendo como foco a sua contribuição no

processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

Durante o desenvolvimento das aulas de equilíbrio químico, a preocupação foi

abordar o assunto de forma a envolver o estudante em seus domínios cognitivos. O

ensino foi baseado na tríade fenômeno, modelo e representação. Para isso, algumas

atividades experimentais foram desenvolvidas. Para a discussão de modelo iniciou-se

pelos conhecimentos prévios dos alunos, introduzindo nesta discussão, os

conhecimentos científicos.

Em função da restrição do tempo foram selecionados alguns aspectos gerais do

equilíbrio e a influência da pressão, da temperatura e da concentração no deslocamento

do equilíbrio químico.
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Considerando que os alunos obtiveram, na média, cerca de setenta por cento de

acertos na avaliação final, argumento que as formas de abordagem, através,

principalmente, de fenômenos, modelos e representação contribuíram para o

entendimento dos conteúdos propostos de equilíbrio.

Acredito que as discussões sobre fenômenos vistos experimentalmente em sala

contribuem para construir uma aula realmente eficaz, com abordagens que vão além das

táticas de memorização e definições de leis, sem qualquer relação com a vida cotidiana

do aluno.

A química é uma disciplina muito complexa e abstrata, mas trabalhada a partir do

cotidiano pode envolver os alunos nas aulas, convencendo-os de que esta ciência é

muito interessante e permite entender melhor o mundo em que vivemos.


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SUMÁRIO

CAPÍTULO I -...........................................................................................................................8
I.1- Justificativa do tema ......................................................................................................8
I.2- Apresentação ................................................................................................................10
I.3- Objetivo.........................................................................................................................11
I.4- Metodologia ..................................................................................................................11
I.5- Descrição do perfil da turma e das condições de trabalho.......................................12
I.6- Conhecimento prévio dos alunos ................................................................................13
CAPÍTULO II -.......................................................................................................................14
II.1- A importância do planejamento .............................................................................14
II.2- O Plano de Aulas......................................................................................................15
II.2.1- Cronograma ........................................................................................................15
II.3- Descrição e análise das aulas...................................................................................15
II.3.1- Aula do dia 08/09: ..............................................................................................15
II.3.2- Aula do dia 15/09 ...............................................................................................19
II.3.3- Aula do dia 22/09 ...............................................................................................21
II.3.4- Aula do dia 29/09 ...............................................................................................22
II.3.5- Análise do livro didático adotado pela professora regente.................................24
CAPÍTULO III - .....................................................................................................................28
Conclusão.............................................................................................................................28
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................30
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CAPÍTULO I -

I.1- JUSTIFICATIVA DO TEMA

De acordo com os Conteúdos Básicos Comuns – CBC – da Secretária de Estado de

Educação de Minas Gerais, na sua proposta curricular de química de 2007 para o ensino

médio, o equilíbrio químico está inserido como conteúdo para o ensino de química nas

escolas do Estado de Minas Gerais na proposição de conteúdos complementares. A inserção

desse conceito na proposta certamente é ancorada por diversos estudos realizados por

profissionais das áreas de educação e ciências. É possível verificar que existe uma

preocupação por parte dos docentes e pesquisadores da área de educação no levantamento de

temas de conteúdos formativos, aplicados e interdisciplinares, conforme a citação a seguir:

“Ao que parece, o equilíbrio químico tem grande riqueza e potencial para o ensino de

química, uma vez que articula muitos outros temas, tais como: reação química, reversibilidade

das reações, cinética etc.” (MACHADO e ARAGÃO, 1996).

Segundo algumas pesquisas já divulgadas (MACHADO e ARAGÃO, 1996) o

equilíbrio é um conceito de difícil entendimento para os alunos. A questão estática da reação,

a igualdade das concentrações, a separação entre reagentes e produtos, o fato do sistema

considerado ser fechado ou aberto, as confusões entre quantidade e concentração são algumas

das dificuldades apresentadas por eles.

As formas de abordagens pela maioria dos professores e dos livros didáticos parecem

favorecer as dificuldades acima citadas. Para facilitar a compreensão dos alunos, este material

procurou explorar, de maneira contextualizada, os conceitos químicos. Contextualizar não

significa trazer para a sala de aula elementos conhecidos da realidade do aluno e ficar no

senso comum, mas iniciar o processo de ensino-aprendizagem trabalhando as idéias ou as


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representações que a realidade gerou no aluno, em relação ao conceito que se pretende

ensinar. (ARNONI, KOIDE, BORGES, 2003).

Esta visão de um processo interativo é também declarada na proposta do CBC.

“É assim que vamos ensinando química: ouvindo o que os alunos pensam sobre os

fenômenos e apresentando a forma como a química fala desses fenômenos.” (ROMANELLI,

2007, p.13).

Devido à disponibilidade de inúmeros exemplos que evidenciam o equilíbrio químico

no dia-a-dia dos alunos e em sala de aula, desenvolveu-se este material de forma a considerar

alguns aspectos importantes para construção de uma aula de qualidade.


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I.2- APRESENTAÇÃO

Este trabalho se propõe a descrever as aulas ministradas aos alunos do segundo ano do

Ensino Médio, na Escola Estadual Maria Andrade Resende, Belo Horizonte – MG, relativas

ao conceito de equilíbrio químico. Essas aulas foram realizadas durante o período de estágio e

monografia, no segundo semestre do ano de 2008 numa turma do turno noturno. A professora

Ana Flávia Drummond de Andrade era a responsável pelas aulas de química neste semestre.

Além da descrição das aulas, foram relatadas informações relevantes para elaboração

de um planejamento adequado às condições da escola e perfil da turma e os resultados em

termos de aprendizagem dos alunos. Ratificou-se a importância do plano de aulas para

estabelecer metas de aprendizagem, estratégias ou direção a ser seguida, organização do

tempo e dos espaços.

O livro texto adotado, Química - Na Abordagem do Cotidiano, de autoria de Tito

Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite Do Canto (Editora Moderna, 1998), foi também um objeto

de análise neste trabalho, tendo como foco a sua contribuição no processo de ensino-

aprendizagem dos alunos.

A elaboração do projeto foi auxiliada pela professora Maria Emília Caixeta de Castro

Lima da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Neste projeto

procurou-se discorrer sobre todas as dificuldades vividas em sala de aula, propor soluções

para melhorar o entendimento dos alunos e despertar o interesse destes pelo conceito e pela

Química.

Com esta monografia, espera-se que os relatos possam contribuir na construção de uma

aula mais dinâmica de possíveis leitores, que explorem aspectos cognitivistas, sem

memorizações mecânicas, na participação mais efetiva dos alunos e baseada na tríade


11

fenômeno, modelo e representação. A química será tratada de uma forma simples, de maneira

que as práticas partam de conhecimentos do cotidiano e caminhem para o conhecimento

científico. Procurar-se-á fazer com que os alunos incorporem estes conteúdos e passem a

gostar desta disciplina considerada tão difícil, motivo pelo qual, muitos alunos se mostram

resistentes a ela.

I.3- OBJETIVOS

Esta monografia tem como principal finalidade analisar as aulas de equilíbrio químico

ministradas durante o período de estágio, bem como os resultados apresentados pelos alunos

em termos de aprendizagem e engajamento nessas aulas. Na análise dos resultados serão

consideradas as observações realizadas sobre o perfil da turma e a infra-estrutura da escola.

I.4- METODOLOGIA

Para o desenvolvimento das aulas durante o estágio, a preocupação foi abordar o

assunto de forma a envolver o estudante em seus aspectos cognitivos. Em função da restrição

do tempo foram selecionados alguns aspectos gerais do equilíbrio e a influência da pressão,

da temperatura e da concentração no deslocamento do equilíbrio químico. Aplicou-se um pré-

teste no início da seqüência de aulas e uma avaliação ao final deste conteúdo.

Para se ter uma idéia de como esse conteúdo seria abordado, discutido e avaliado na

escola, caso a professora regente ministrasse essas aulas, analisou-se brevemente o livro

didático adotado. A participação e engajamento dos alunos foram avaliados durante a

seqüência das aulas.


12

I.5- DESCRIÇÃO DO PERFIL DA TURMA E DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

Os alunos são divididos em turmas de ciências exatas e humanas, conforme orientação

do CBC e desempenho em anos anteriores. A turma de segundo ano acompanhada era

classificada em ciências humanas.

Pela minha experiência com a turma, posso afirmar que esta era bastante heterogênea

em relação a conhecimentos prévios, interesse pela disciplina e tempo de assimilação do

conteúdo. Entretanto, apesar da heterogeneidade, os alunos eram bastante unidos, se ajudaram

na resolução de exercícios, nos trabalhos e auxiliaram uns aos outros para melhor

compreensão da matéria.

Durante o estágio de observação, realizado anteriormente à regência, foi observado

que os alunos têm dificuldade de leitura e de interpretação do texto. Tratava-se, portanto, de

uma turma com muitas dificuldades para desenvolvimento do processo de ensino-

aprendizagem.

A maioria dos alunos trabalha no período diurno, são estudantes de baixa renda e

possuem dificuldades de deslocamento para a escola.

A escola possui materiais de apoio para melhoria da qualidade das aulas como:

projetor de slides, televisão, biblioteca (disponível até 21h). Os exemplares do livro didático

são disponibilizados somente para os alunos do turno diurno. As salas possuem um pequeno

quadro e carteiras em bom estado de conservação. No entanto, a escola não dispõe de

laboratórios de química e de informática.

A instituição possui uma sala reservada aos professores. Nos intervalos eles se reúnem

para lazer, aproveitando o tempo para discussão de qualquer fato relevante presenciado em

sala de aula. Neste local são realizadas as reuniões de conselho de classe, após as provas
13

bimestrais. Na reunião, são abordados assuntos de naturezas diversas, tais como: freqüência

dos alunos, comportamento em sala de aula, comprometimento com a disciplina, avaliação e

outros temas que julguem importantes. O diretor, sempre presente às reuniões, convoca os

alunos que não apresentaram o rendimento mínimo e aqueles que estão com baixa freqüência

para esclarecimentos. Caso haja algum aluno que comprometa o bom andamento das aulas o

fato é relatado ao diretor para que ele providencie as medidas cabíveis.

I.6- CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ALUNOS

Conforme relato da professora regente da classe, os conceitos principais abordados e

relacionados ao Equilíbrio Químico foram: reações químicas, cálculos estequiométricos,

soluções, termoquímica e cinética química. A abordagem qualitativa prevaleceu sobre a

quantitativa, isso é justificado pela escola em função da classificação da turma na área de

ciências humanas.

Apesar desses assuntos já terem sido abordados em sala de aula, os alunos têm

dificuldades em entender a representação da reação química, o balanceamento, a

estequiometria, fatores que influenciam na velocidade da reação e reações que liberam ou

absorvem calor. O conhecimento matemático necessário para o entendimento da parte

quantitativa da Química é outro fator agravante. Operações básicas de matemática como

adição, multiplicação e regra de três, dificilmente são resolvidas por grande parte dos alunos.

As leis da termodinâmica são desconhecidas por eles.

Todas estas considerações foram avaliadas para construção do planejamento das aulas.
14

CAPÍTULO II -

II.1- A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

O planejamento de ensino foi encarado como uma atividade criativa de conceber e

organizar modos de intervenção em sala de aula. O ensino e seu plano foram elaborados para

potencializar a ação dos estudantes enquanto sujeitos da aprendizagem, já que o tempo e os

recursos para a execução das aulas foram limitados.

Segundo (MORIN, 1996), “o planejamento deve-se entender como “estratégia” e não

como “programa”. Sua função é a de orientar e fundamentar escolhas, mesmo que não seja

capaz de antecipar todas as decisões que serão tomadas em sala de aula”.

[...] os planos, resumidos como esquemas flexíveis para atuar na prática,

proporcionam segurança ao professor; assim, abordará com mais confiança os

aspectos imediatos e imprevisíveis que lhe são apresentados na ação. O plano prévio é

o que permite, paradoxalmente, um marco para improvisação e criatividade do

docente. O plano delimita a prática, mas oferece um marco de possibilidades abertas.

(SACRISTÁN, 1998, p. 279).

De acordo com (SACRISTÁN, 1998), “um baixo nível de dedicação a uma atividade

previsora e reflexiva como é o planejar significará atividade profissional pouco autônoma ou

alto nível de dependência”.

As aulas foram planejadas considerando os referenciais acima.


15

II.2-O PLANO DE AULAS

II.2.1- Cronograma

Dia Setembro

08 PRÉ -TESTE;

EQUILÍBRIOS DO DIA A DIA E APLICAÇÃO;

REVISÃO DE SIMBOLOGIA E EQUAÇÕES,

INTRODUÇÃO À REVERSIBILIDADE;

REPRESENTAÇÃO DO ESTADO DE EQUILÍBRIO EM FORMA DE


DESENHO;

EXERCÍCIOS.

15 FATORES QUE INFLUENCIAM O EQUILÍBRIO –

DEMONSTRAÇÕES DE EXPERIMENTOS: EFEITO DO ÍON COMUM

E EFEITO DE TEMPERATURA;

22 FATORES QUE INFLUENCIAM O EQUILÍBRIO – CONCENTRAÇÃO,


PRESSÃO E CATALISADOR;

CONSTANTES DE EQUILÍBRIO E SEUS CÁLCULOS -


APRESENTAÇÃO

EXERCÍCIOS.

29 PROVA

II.3-DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS AULAS

II.3.1- Aula do dia 08/09:

Conforme o planejamento, a seqüência de aulas teve início com aplicação do pré-teste.

O pré-teste realizado exigia conhecimento de conteúdos de equilíbrio químico. Em

virtude deste fato, já era esperado que esses alunos não apresentassem um bom desempenho.

Como o pré-teste foi aplicado no dia do início das aulas de equilíbrio, não foi possível

aproveitar as informações desse teste na primeira aula. O aproveitamento do pré-teste poderia


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ser melhor se o mesmo fosse aplicado com antecedência, para haver tempo hábil de análise

das respostas.

Relato, a seguir, alguns dos resultados das questões propostas:

Perguntou-se aos alunos sobre o que eles entendiam de equilíbrio químico. Esperava-se

que o aspecto dinâmico fosse citado por eles nesta questão. Os alunos não souberam explicar

esta questão. As concepções destes sobre o conceito foram relativas ao caráter estático do

equilíbrio. Exemplos da balança, gangorra ou como equilibrar-se em cima de uma bicicleta

foram citados por alguns dos alunos.

Na questão seguinte solicitou-se aos alunos que dissessem quando uma reação química

será completa. Uma resposta esperada seria o término de um dos reagentes na reação química.

Esperava-se que os alunos diferenciassem os conceitos de reagentes e produtos de uma reação

química. Muitos responderam dizendo simplesmente que a “reação termina” ou “reação

completou”, não mencionando os termos reagente e produto nesta questão.

A terceira questão relacionou-se com a identificação da reação reversível. A pergunta

foi: Qual das equações abaixo representa uma reação reversível? Justifique sua resposta

I N2 + H2 ⇌ 2NH3

II CaCO3 → CaO + CO2↑

Esperava-se que os alunos fossem capazes de reconhecer os sinais das equações

reversíveis (⇌) e irreversíveis (→). As respostas mostraram que cerca de sessenta por cento

da turma acertaram a questão. Considerou-se que esse resultado é proveniente da obviedade

das setas.

Na quarta e última questão considerou-se a equação I do exercício anterior. Foi

solicitado aos alunos que indicassem os reagentes e os produtos para a reação direta e para a

reação inversa. A questão foi formulada com o objetivo de identificar se o conceito de reação
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direta e inversa era familiar a esses alunos. Os dados mostraram que cerca de noventa por

cento da turma não entenderam a questão ou não souberam diferenciar.

Após o pré-teste, introduziu-se o assunto com exemplos de equilíbrio no dia-a-dia. A

intenção era mostrar a presença do equilíbrio na vida do aluno e despertar o interesse pelo

tema.

Um exemplo citado referiu-se à garrafa de refrigerante. Dentro de uma garrafa de

refrigerante, ocorrem várias reações, mas um destaque foi dado para o ácido carbônico

(H2CO3) que se decompõe em H2O e CO2.

H2CO3(aq)⇌H2O(l) + CO2(g) ↑

Dentro da garrafa do refrigerante o gás carbônico é adicionado com certa pressão. Este

fator faz com que se forme o ácido carbônico. Podemos dizer que o aumento da pressão

desloca o equilíbrio no sentido da formação desse ácido.

Quando abrimos a garrafa de refrigerante, ocorre uma diminuição da pressão no interior

do sistema (garrafa de refrigerante), ocorrendo um deslocamento do equilíbrio para o lado

inverso, ou seja, formação dos produtos. Isto é mostrado pelo princípio de Le Chatelier.

O princípio de Le Chatelier diz: "Quando um sistema está em equilíbrio e sofre alguma

perturbação, seja ela por variação de pressão, de concentração de algum dos reagentes ou dos

produtos, ou pela variação da temperatura, o sistema tenderá a retornar o estado de equilíbrio,

a partir da diminuição do efeito provocado pela perturbação."

Nesse exemplo a perturbação foi devida ao efeito da pressão.

Outro exemplo discutido em sala de aula e freqüentemente presente nos livros didáticos

envolve óxidos de nitrogênio conforme a equação dada a seguir:

2NO2(g) ⇌ N2O4(g) ∆H < 0

vermelho-tijolo incolor
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O fator que causa a perturbação nesse sistema é a temperatura.

Nesses dois exemplos de reações químicas, foram revisados os procedimentos para

efetuar o balanceamento das equações, os conceitos de reação direta e inversa, a notação e os

conceitos de reagente e produto das reações.

Alguns aspectos essenciais para a compreensão do equilíbrio foram discutidos, tais

como: a igualdade das velocidades das reações de formação de produtos e de reconstituição

de reagentes, a reversibilidade das reações, a coexistência de reagentes e produtos em um

mesmo recipiente, o dinamismo que envolve a reorganização constante das espécies reagentes

e produtos da reação.

Logo após, foi solicitado a um aluno que representasse no quadro, em forma de

desenho, o estado dinâmico desta reação.

H2(g) + I2(g) ⇌ 2HI(g)

O aluno desenhou a reação de forma semelhante ao representado abaixo.

O resultado já era esperado, corroborado pela pesquisa de (MACHADO E ARAGÃO,

1996), os alunos têm dificuldade em diferenciar o fenômeno de sua representação.

A representação macroscópica de um fenômeno microscópico, a questão dos choques

entre as moléculas foram aspectos mais complexos para compreensão dos alunos. Em virtude

da dificuldade em lidar com energia livre, entropia, foi proposta uma abordagem em caráter

cinético do equilíbrio.
19

Como o tema era de difícil entendimento, o desenho e os exemplos de aplicação do

cotidiano ajudaram a “prender” a atenção dos alunos. Ao final dessa aula foi feita a correção

do modelo desenhado e resolução de exercícios do livro adotado.

II.3.2- Aula do dia 15/09

Iniciou-se essa aula com a demonstração do experimento do efeito do íon comum,

equilíbrio de ionização da amônia1. Este experimento teve como objetivo introduzir a

influência da concentração na perturbação do sistema.

Neste experimento, o equilíbrio de ionização da amônia (contida em uma solução

amoniacal para limpeza) é deslocado pela introdução de íon amônio, na forma de bicarbonato

de amônio.

NH3(aq) + H2O(l) ⇌ NH4+(aq) + OH–(aq)

Material e reagentes

• Solução amoniacal para limpeza

• Bicarbonato de amônio (sal amoníaco)

• Béquer de 250 mL

• Uma colher (tamanho de café)

• Um conta-gotas de 3 mL

• Fenolftaleína

Procedimento

Adicionou-se 10 gotas da solução amoniacal a cerca de 200 mL de água contida em um béquer. A

seguir, adicionaram-se algumas gotas da solução fenolftaleína e observou-se a coloração. Adicionou-se uma

pitada de bicarbonato de amônio (sal amoníaco), agitou-se e observou-se a mudança de cor.

1
Fonte: FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D. H.; ROCHA, R. C. Algumas experiências simples envolvendo o princípio de Le
Chatelier. Química Nova na escola, n. 5, 1997.
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Comentários

Antes da adição do bicarbonato de amônio a solução estava rosa, devido à presença do íon OH-, após

adição do íon comum (amônio) houve diminuição da concentração de OH-, o que foi indicado pela passagem da

cor da solução rosa para incolor.

Resultados

A mudança de coloração foi fascinante para os alunos. Fizeram muitas perguntas sobre

o princípio de Le Chatelier e ficaram interessados pelo experimento. O princípio de Le

Chatelier ainda se mostrou confuso para os alunos neste momento, mas o objetivo da

introdução desse conteúdo foi alcançado.

O segundo experimento demonstrado foi o efeito da temperatura no equilíbrio de

ionização da amônia2. O objetivo foi recuperar os conceitos fundamentais da termoquímica e

discutir o efeito da temperatura no deslocamento do equilíbrio.

A equação que expressa o equilíbrio existente em uma solução aquosa de amônia, a

temperatura ambiente, é:

NH3(aq) + H2O(l) ⇌ NH4+(aq) + OH–(aq) (∆H < 0)

Para verificar as alterações decorrentes da variação da temperatura foi proposto o

seguinte experimento:

Material e reagentes

• Béquer de 250 mL

• Um conta-gotas de 3 mL

• Recipiente com mistura gelo/água

• Solução amoniacal para limpeza

• Solução alcoólica de fenolftaleína

2
Fonte: FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D. H.; ROCHA, R. C. Algumas experiências simples envolvendo o princípio de Le
Chatelier. Química Nova na escola, n. 5, 1997.
21

Procedimento

Adicionou-se 10 gotas da solução amoniacal a cerca de 200 mL de água contida em um béquer. A

seguir, adicionaram-se algumas gotas da solução alcoólica de fenolftaleína e observou a cor rosa indicativa de

meio básico. Transferiu-se um pouco dessa solução para um tubo de ensaio. Aqueceu-se o tubo. Observou-se o

ocorrido. Logo após, o tubo de ensaio foi inserido no banho de gelo.

Comentários

A reação de ionização da amônia é um processo exotérmico. Portanto, o aquecimento da solução faz com

que o equilíbrio se desloque no sentido dos reagentes, o que levou ao desaparecimento da coloração rosa, pois a

concentração de OH– diminuiu. Ao se colocar o tubo aquecido no banho de gelo, aos poucos a coloração rosa

reaparece, mostrando que o equilíbrio é deslocado no sentido dos produtos (aumentando, portanto, a

concentração de OH–).

Resultado

Para completa compreensão deste tópico foi necessária uma breve revisão sobre

termoquímica. Foi desenhado no quadro o gráfico de energia versus caminho da reação para

relembrar esse conceito.

Outros exemplos, semelhantes à reação de ionização da amônia, foram discutidos no

quadro a fim de dirimir as dúvidas dos alunos com relação aos efeitos da concentração e

temperatura no deslocamento do equilíbrio.

II.3.3- Aula do dia 22/09

Esta aula foi iniciada com o objetivo de descrever o efeito da pressão no deslocamento

do equilíbrio. O exemplo abordado foi a reação entre o óxido de nitrogênio (II) e o oxigênio:

2NO(g) + O2(g) ⇌ 2NO2(g).

Como a pressão é proporcional à quantidade de matéria e como, para o sistema

considerado, a quantidade de matéria do produto é menor que a dos reagentes, seguiu-se com

o principio de Le Chatelier. O aumento da pressão deslocaria a reação para o sentido de


22

formação do NO2. Este exemplo é semelhante ao discutido anteriormente na garrafa de

refrigerante. Ressaltou-se que os sólidos e líquidos são ignorados nesse tipo de análise.

Comentou-se a influência da pressão parcial (concentração) no deslocamento do

equilíbrio. Percebeu-se uma confusão dos alunos entre pressão parcial e pressão total no

sistema, esse fato pode ser explicado pela dificuldade em separar a representação do

fenômeno.

Os modelos das situações propostas foram copiados do livro adotado e reproduzidas no

quadro ajudaram na visualização e compreensão do efeito da pressão pelos alunos.

O conteúdo abordado até esta aula referiu-se aos efeitos de concentração, temperatura e

pressão no deslocamento do equilíbrio. Introduziu-se o catalisador como outro fator a

interferir no equilíbrio da reação. Apresentou-se no quadro um gráfico de energia versus

caminho da reação. Perguntou-se aos alunos qual o efeito do catalisador sobre o deslocamento

do equilíbrio. Os alunos responderam que o catalisador “não desloca o equilíbrio”, “este atua

somente na energia de ativação da reação”, “o catalisador não reage” evidenciando

conhecimento sobre o efeito do catalisador na reação. O catalisador permite à reação atingir

de modo mais rápido o equilíbrio, sem interferir em seu deslocamento.

Em virtude da escassez de tempo, discutiu-se brevemente a fórmula geral para o cálculo

da constante de equilíbrio em função da concentração. Penso que se abordado o aspecto

quantitativo do equilíbrio químico seriam necessárias mais do que as seis aulas sugeridas pelo

CBC de 2007.

Em seguida, foram propostos exercícios do livro adotado para fixação dos conteúdos

abordados.

II.3.4- Aula do dia 29/09

Nesta aula realizou-se uma pequena avaliação. Seguem as questões elaboradas:


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Primeira questão pediu-se aos alunos que citassem uma reação química reversível que

ocorre em seu dia-a-dia e os fatores que influenciam o deslocamento do equilíbrio. O objetivo

foi avaliar a notação de equilíbrio em uma equação e a compreensão do conteúdo relativo aos

efeitos da temperatura, concentração e pressão no deslocamento do equilíbrio.

O número de acertos foi razoável, ficando em torno de setenta e cinco por cento nessa

questão.

Segunda questão: Dada a equação da reação A+B ⇌ C+D, represente em um gráfico a

velocidade das reações com o tempo de reação nos sentidos direto e inverso. Indique o

momento em que a reação entrou em equilíbrio. O objetivo foi relacionar o conhecimento de

cinética com o equilíbrio.

Essa questão, possivelmente estava acima do potencial da maioria dos alunos e estes

tiveram grande dificuldade em representá-lo, apenas alguns conseguiram resolver. Esta

questão deveria ser inserida se houvesse uma revisão de cinética química.

Terceira questão: O monóxido de carbono (CO), gás asfixiante proveniente da queima

incompleta de combustível em automóveis, reage com oxigênio para formar dióxido de

carbono (CO2) de acordo com a reação:

2CO(g) + O2(g) ⇌ 2CO2(g) ∆H= -34,0 Kcal

O que ocorre com a concentração de CO2(g) no equilíbrio

a. Se um catalisador é adicionado ao sistema?

b. Se a concentração (pressão parcial) de oxigênio é diminuída?

c. Se a temperatura do sistema é aumentada?

Procurou-se resgatar os efeitos de deslocamento do equilíbrio e a influência do

catalisador. Cerca de oitenta por cento dos alunos acertaram a letra a. Esse resultado poderia

ter sido melhor caso todos os alunos estivessem presentes na sala de aula do dia 22/09. Na
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letra b, como foi mencionado nas aulas apenas acréscimos de reagentes ou produtos, alguns

alunos não conseguiram resolver. Isso é uma evidência de que a aprendizagem não foi

completa, necessitando que este assunto seja retomado em outra oportunidade. Na letra c

cerca de setenta e cinco por cento acertaram.

Quarta questão: Sobre o sistema em equilíbrio, em recipiente fechado,

H2(g) + I2(g) ⇌ 2HI(g)

assinale a alternativa que descreve o efeito provocado por uma diminuição na pressão:

a. Desloca a reação para a formação de HI

b. Desloca a reação para a diminuição de HI

c. Não altera o estado de equilíbrio

d. Aumenta a quantidade de I2 e H2

e. nenhuma das alternativas anteriores é correta.

Esperava-se que os alunos notassem que pressão total no sistema não interferia no

deslocamento do equilíbrio nessa reação, devido ao mesmo número de moles totais nos

reagentes e produtos. Essa questão apresentou aproximadamente setenta e cinco por cento de

acertos pelos alunos.

O resultado da avaliação poderia ter sido melhor caso os alunos faltassem menos às

aulas e dedicassem mais tempo para os estudos. Como a abordagem usada privilegiou a

discussão de modelos e os experimentos, os alunos reclamaram de não possuir conteúdos

suficiente no caderno para estudar. Essa reclamação evidencia que esses alunos costumam

memorizar conteúdos para a prova.

II.3.5- Análise do livro didático adotado pela professora regente.


25

Devido ao fato da maioria dos professores utilizar livros didáticos no ensino de química,

alguns aspectos gerais do livro adotado: “Química - Na Abordagem do Cotidiano”, serão aqui

apresentados.

O autor inicia a abordagem do equilíbrio utilizando, em forma de figuras, vários

exemplos de produtos que utilizamos no dia-a-dia, que possuem amônia em sua composição.

Na página seguinte, o livro descreve o objetivo deste capítulo, usando a amônia como

exemplo e uma figura de uma fábrica de amônia.

A definição, classificação e exemplificação de equilíbrio químico estão em três páginas

do livro. Uma situação de equilíbrio foi definida com ajuda de uma experiência envolvendo a

reação:

2NO2(g) ⇌ N2O4(g)

Desenhos, setas e palavras coloridas estão presentes nessas páginas e podem auxiliar na

compreensão dos conteúdos. Exemplo de um material do cotidiano também ilustra uma

dessas páginas. Cores de fundo ajudam a enfatizar as frases mais importantes.

Para discutir a parte quantitativa, ou seja, constante de equilíbrio em função das

concentrações e das pressões parciais foram utilizadas sete páginas. Foi possível notar que

existem palavras grafadas em tamanhos muito pequenos e gráficos ao lado do texto, que

talvez não sejam atrativas ao estudante.

Em uma página o autor descreve o item “decidindo se o sistema está ou não em

equilíbrio”. Existem três desenhos na lateral do texto que, provavelmente, não atraem a

atenção dos alunos.

O item seguinte, o “deslocamento do equilíbrio” foi tratado em nove páginas. Neste

tópico foi usado um número excessivo de cores. Foram utilizados apenas dois exemplos

contextuais de deslocamento de equilíbrio.


26

O exemplo de um processo industrial para produção de amônia, “o processo de Haber-

Bosch”, foi citado em uma página do último item do capítulo. O autor apresentou também um

gráfico de rendimento da produção de amônia de forma centralizada.

Dezesseis páginas com testes e questões de vestibulares foram distribuídas entre o

conteúdo equilíbrio. Verificou-se a diminuição no tamanho da fonte das palavras, podendo

desestimular a resolução dos exercícios pelos alunos.

Em virtude da proposta desse livro, o autor poderia ter inserido mais exemplos do

cotidiano nesse capítulo. Desenhos e gráficos centralizados poderiam despertar mais atenção

dos alunos em suas leituras.

Milagres e Justi (2001) relataram os modelos de ensino de equilíbrio químico daquele

livro adotado. Segue um resumo das principais considerações desses autores.

Segundo Justi (1997), citadas por Milagres e Justi (2001) “Um modelo de ensino

representa uma maneira diferente de apresentar um modelo consensual e não simplesmente

uma simplificação do mesmo”. Tais modelos são normalmente apresentados em forma de

objetos concretos, desenhos, analogias e simulações diversas.

Após leitura dos capítulos referentes ao equilíbrio químico foram identificados 21

modelos de ensino no livro, conforme tabela1.

Tipos de modelo de ensino Freqüência


Analogia -
Desenho microscópico -
Desenho macroscópico 9
Desenho macroscópico e representacional 9
Esquema representacional 1
Gráfico e desenho macroscópico 1
Gráfico e esquema 1
Tabela 1: Freqüência dos modelos de ensino em relação ao seu tipo.
27

De acordo com os dados da tabela 1 o livro didático possui predominantemente

desenhos de sistemas macroscópicos. Importante ressaltar que nenhum desenho destacou a

dinamicidade dos sistemas químicos.

O livro apresenta um exemplo típico de esquema que visa à memorização de

deslocamento de equilíbrio. Nele são representadas apenas setas para direita e para esquerda

de acordo com a forma como o sistema reage a uma alteração do estado de equilíbrio.

A presença da cor nas ilustrações voltadas para a demonstração do progresso da reação

é um fator que merece consideração no livro. Associações de desenhos com gráficos são

importantes também para associação do fenômeno pelos alunos.

Figura 1: Modelo de ensino encontrado na página 292 do livro.

A partir dessa análise, é relevante destacar a importância do professor ao trabalhar com

qualquer material instrucional ou elaborar seus próprios modelos de ensino. Os modelos têm

grande potencial para a evolução das idéias prévias dos alunos e podem contribuir para a

aprendizagem de conceitos químicos de forma coerente.


28

CAPÍTULO III -

CONCLUSÃO

Esta monografia relatou as aulas de equilíbrio químico e seus resultados aplicados aos

alunos do ensino médio em uma escola pública.

Durante a regência das aulas sobre equilíbrio químico constatou-se que existem muitas

dificuldades para que este conceito seja de fato compreendido pelos alunos, mas tenho a

certeza de que só através de experiências, exemplos atrativos e discussão de modelos este

quadro poderá sofrer alteração.

A fim de melhorar a compreensão desse conceito, o professor deve analisar

criteriosamente alguns fatores que influenciam no desenvolvimento das aulas. Um desses

fatores são os conhecimentos prévios dos alunos. Sabendo dos conteúdos já abordados, com

certeza, facilitará o processo de ensino-aprendizagem desse assunto. Devemos também

destacar a importância do perfil da turma e condições da escola para elaboração de um plano

de aulas compatível com a turma.

Outro fator que deve ser contemplado para discussão do tema é a escolha do livro

didático. A análise do livro, Química na abordagem do cotidiano, apresentou pontos

negativos, como a falta de dinamismo nos sistemas químicos e esquemas que visam

memorização, e também, pontos positivos, como associações de desenhos coloridos com

gráficos. Para essa escolha cabe ao professor analisar cuidadosamente cada material a fim de

proporcionar ao aluno uma leitura agradável e de qualidade.

O pré-teste e a avaliação final podem dar uma idéia da evolução conceitual dos alunos

naquele espaço de tempo. Para o pré-teste e a avaliação utilizados para este trabalho foram

cometidos alguns equívocos derivados da falta de experiência da prática pedagógica. Nesse


29

sentido retomo a discussão sobre a importância de um planejamento bem feito, já descrito no

item “A importância do planejamento”.

Considerando que os alunos obtiveram, na média, cerca de setenta por cento de acertos

na avaliação final, creio que as formas de abordagem, através, principalmente, de modelos,

demonstrações práticas e gráficos contribuíram para o entendimento dos conteúdos propostos

de equilíbrio.

Acredito que as discussões sobre modelos e experimentos em sala contribuem para

construir uma aula realmente eficaz, com abordagens que vão além das táticas de

memorização e definições de leis sem qualquer relação com a vida cotidiana do aluno.

A química é uma disciplina muito complexa e abstrata, mas trabalhada a partir do

cotidiano pode envolver os alunos nas aulas, convencendo-os de que esta ciência é muito

interessante e permite entender melhor o mundo em que vivemos.


30

BIBLIOGRAFIA

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breve reflexão. Química nova na escola, n. 25, 2007.
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