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PORTUGUESA
RESUMO
Introdução à fonética histórica da língua portuguesa diz respeito as chamadas leis fonéticas,
proclamadas pelos lingüistas da escola Neo-Gramática do século XIX, são mudanças regulares
que se observam na evolução de todas as línguas, motivadas pela configuração fonética das
palavras. Não sendo, como se julgava inicialmente, maciças e inobserváveis, acabam, aos poucos,
por afetar a quase totalidade do léxico de cada língua em determinada secção de tempo. São
eventos históricos, sujeitos às mesmas contingências regionais, políticas, culturais e sociais dos
outros eventos que atingem a vida de uma comunidade, o que significa que têm uma atuação
limitada a um passo da história.
1 INTRODUÇÃO
A verdade deste poema de Olavo Bilac deverá ser questionada por nosso tema desta mesa-
redonda, que trata da importância do estudo da gramática histórica, ou melhor, do estudo diacrônico
da língua portuguesa que, infelizmente, vem sendo desprezado em nossas universidades. As cargas
horárias estão reduzidas, num flagrante desinteresse pela matéria. Trata-se de uma atitude
incompreensível e radical que acarreta um despreparo de nossos graduandos em Letras. Certas
tendências ou modismos no ensino universitário trazem, como conseqüência, uma visão deformada
do fenômeno lingüístico em toda a sua extensão. Pretendemos, nesta mesa-redonda, demonstrar que
a história da língua se torna extremamente agradável, longe, portanto, de ser um assunto que traria
enfado ao estudante.
Por outro lado, não se pode apenas pensar em assuntos ou matérias que tragam prazer,
estético ou não, ao futuro professor. Deve-se, antes de tudo, pensar no conhecimento científico e
global daquele que se forma em nosso curso.
O estudo da língua, em qualquer época, deve ser visto como de uma verdadeira religião, por
isso poderíamos, com palavras do escritor Francisco de Castro, afirmar que o “esplendor da língua
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portuguesa desvia-se da caducidade universal e sobrenada aos destroços dos séculos e à subversão
das idéias e sistemas”
A gramática histórica vai estudar a diacronia sob dois aspectos: primeiro, a história externa
da língua procura revelar todas as conquistas dos romanos, que levaram à constituição, por meio de
lutas sangrentas, do chamado Império Romano, principalmente com os territórios da Hispânia
(Portugal e Espanha de hoje), da Gália (atual França), da Itália e Dácia (Romênia atual), todas
integradas na unidade imperial até o século V, depois de Cristo, durante o apogeu dos latinos;
segundo: história interna - a que se ocupa da descrição do processo evolutivo a que se submeteram
os fonemas, a forma e o significado dos vocábulos e, também, os tipos de construção sintática que
foram adotados em cada língua derivada do latim vulgar.
2 FONÉTICA
Ciência que estuda as propriedades acústicas dos sons da fala, as condições fisiológicas
necessárias para a produção dos mesmos e a forma como estes são percebidos, independentemente
das oposições paradigmáticas ou das combinações sintagmáticas que os sons possam estabelecer
nas línguas particulares, campo de estudo cuja responsabilidade já é da alçada da fonologia.
A fonética divide-se em três grandes ramos, de acordo com os estádios sucessivos que
possibilitam a transmissão de uma mensagem de um locutor para um ouvinte, num acto de
comunicação oral. Deste modo, numa primeira fase da elaboração da mensagem, irão intervir os
mecanismos de produção da fala, o seja, todas as estruturas anatómicas e as configurações
articulatórias fundamentais para a produção de sons, processo este estudado pela fonética
articulatória ou fisiológica; numa segunda fase, será necessário analisar a natureza física dos sons
produzidos pelo falante, aspecto de que se irá ocupar a fonética acústica; finalmente, numa última
fase, há que ter em conta os mecanismos de percepção do ouvinte, cujo estudo se designa
tradicionalmente como fonética perceptiva ou auditiva. Assim, segundo a linguista Maria Helena
Mira Mateus, os objectivos da fonética, enquanto disciplina linguística, passam não só pelo
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estabelecimento das “(...) propriedades acústicas, articulatórias e perceptivas (...) que ocorrem nas
línguas particulares”, mas também pelo modo como aqueles se relacionam entre si e pelo “(...)
entendimento da natureza da relação entre as representações linguísticas e as representações
sonoras” (Fonética, Fonologia e Morfologia do Português, Universidade Aberta, Lisboa, 1990,
p.24) .
Relativamente ao estudo da percepção da fala, este tem sido desenvolvido com base em
diversas técnicas de análise que envolvem as respostas do ouvido, do nervo auditivo e do cérebro
aos sons da fala. Segundo o linguista Peter Ladefoged (1982), dois dos métodos que mais têm
contribuído para o avanço da fonética perceptiva são aqueles que se baseiam em experiências
envolvendo a speech synthesis e a manipulação do natural speech stimuli. Tais experiências têm
contribuído para a construção de um sistema informático cuja função é a produção de respostas ade
quadras a um vasto leque de dados acústicos, no decorrer das décadas de 80 e 90.
Com a chegada do século XVIII e mais tarde do XIX, os estudos sobre fonética passam
sobretudo a relacionar-se com questões sobre a maneira correta de falar, preocupação esta que
permitiu o desenvolvimento de uma das teorias mais populares da época – a teoria fonética
articulatória clássica – cujo fulcro, em certa medida, encontrou continuidade em algumas teorias
fonéticas mais recentes, como a teoria dos traço distintivos de Chomsky e Halle (1968). Outro
aspecto importante que irá marcar as investigações fonéticas a partir deste período será a
substituição da natureza qualitativa das pesquisas efetuadas até então por métodos quantitativos
mais fiáveis e o crescente contributo de outras áreas científicas, tais como a engenharia
electrotécnica, a física, a fisiologia e a psicologia para o estudo da disciplina em questão.
3 CONCLUSÃO
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Sendo um organismo vivo, a língua está sempre evoluindo, o que muitas vezes resulta num
distanciamento entre o que se usa efetivamente e o que fixam as normas. Isso não justifica, porém, o
descaso com a Gramática. Imprecisa ou não, existe uma norma culta e toda pessoa deve conhecê-la
e dominá-la, mesmo que seja para propor modificações. Quem desconhece a norma culta tem um
acesso limitado às obras literárias, artigos de jornal, discursos políticos, obras teóricas e científicas,
enfim, a todo um patrimônio cultural acumulado durante séculos pela humanidade.
6 REFERÊNCIAS
ALI, Manuel Said, 1921-23, Gramática Histórica da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Edições
Melhoramentos, 1971 (7ª edição).
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Editora, 1970 (5ª ed.).
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Delille: Gramática do Portugês Antigo. Lisboa, Gulbenkian, 1986.
LLOYD, Paul M., 1987, From Latin to Spanish. Vol. I Historical Phonology and Morphology of
the Spanish Language. Philadelphia, The American Philosophical Society.
RAMOS, Maria Ana, 1983, "Nota linguística", Elsa GONÇALVES e Maria Ana RAMOS, A Lírica
Galego-Portuguesa. Lisboa, Editorial Comunicação.
SILVA, Rosa Virgínia Mattos e, 1989, Estruturas Trecentistas. Para uma Gramática do Portugês
Arcaico. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
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- Editora da Universidade Federal da Bahia.
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Baía, Contexto - Editora da Universidade Federal da Bahia.
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the Portuguese Language. Trad. port. de Antônio Houaiss: Do Latim ao Português. Fonologia e
Morfologia Históricas da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1975 (3ª ed.).
VÄÄNÄNEN, Veikko, 1957, Introduction au Latin Vulgaire. Paris, Editions Klincksieck, 1981 (3ª
edição, revista e aumentada).
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